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UM ESTUDO NUMÉRICO DO DECAIMENTO EM JOGO DE FPSO Gustavo Omar Guarniz Avalos Rio de Janeiro Maio de 2012 Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador: Juan Bautista Villa Wanderley

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UM ESTUDO NUMÉRICO DO DECAIMENTO EM JOGO DE FPSO

Gustavo Omar Guarniz Avalos

Rio de Janeiro

Maio de 2012

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Oceânica, COPPE, da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre

em Engenharia Oceânica.

Orientador: Juan Bautista Villa Wanderley

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UM ESTUDO NUMÉRICO DO DECAIMENTO EM JOGO DE FPSO

Gustavo Omar Guarniz Avalos

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA.

Examinada por:

RIO DE JANEIRO, RJ-BRASIL

MAIO DE 2012

_____________________________________

Prof. Juan Bautista Villa Wanderley, Ph.D.

_______________________________________

Prof. Antonio Carlos Fernandes, Ph.D.

_______________________________________

Dr. Mauro Costa de Oliveira, D.Sc.

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iii

Avalos, Gustavo Omar Guarniz

Um Estudo Numérico do Decaimento em Jogo de

FPSO/Gustavo Omar Guarniz Avalos. -Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPE, 2012.

XIII, 80 p.:il; 29,7.

Orientador: Juan Bautista Villa Wanderley

Dissertação(mestrado)-UFRJ/COPPE/Programa de

Engenharia Oceânica,2012.

Referencias Bibliográficas: p.54-57.

1. Decaimento em Jogo. 2. Mecânica dos Fluidos

Computacional. 3. TVD. I. Wanderley, Juan Baustista Villa.

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. COPPE, Programa

de Engenharia Oceânica. III. Título.

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iv

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe, por me ensinar com seu exemplo que a idade não é um limite

para aprender e sonhar, e apesar de sua falta física, me acompanhou sempre no dia a dia

com suas lições de mãe inesquecíveis nesta etapa da minha vida.

Agradeço a meu pai, por todos seus conselhos que me ensinou para a superação das

dificuldades na minha vida profissional e sua compreensão da minha ausência a seu

lado ao longo desse tempo.

Agradeço a meus irmãos e a suas famílias por suas palavras de alento e apoio

incondicional na oportunidade de crescimento da minha vida profissional durante todo

este tempo.

Agradeço ao meu orientador, professor Juan Wanderley, pela sua confiança e paciência

ao longo do meu mestrado, e suas sugestões e apoio para o desenvolvimento do presente

trabalho.

E finalmente, agradeço a todos os meus amigos que contribuíram de forma direta e

indireta no desenvolvimento e apresentação do meu trabalho.

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vi

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc)

UM ESTUDO NUMÉRICO DO DECAIMENTO EM JOGO DE FPSO

Gustavo Omar Guarniz Avalos

Maio/2012

Orientador: Juan Bautista Villa Wanderley

Programa: Engenharia Ocêanica

Um estudo numérico do amortecimento em jogo de FPSO (unidade flutuante

para a produção, armazenamento e descarga de petróleo) é apresentado neste trabalho.

Simula-se o decaimento em jogo de uma seção média de FPSO através da solução

numérica das equações de Navier-Stokes em 2-D. O código computacional foi

desenvolvido usando-se o método dos volumes finitos e o esquema TVD upwind de

Roe-Sweby.

Sabe-se que os efeitos viscosos são predominantes no amortecimento em jogo de navios

de forma retangular com bolina. Neste caso, fortes vórtices são gerados ao redor da

bolina. Conclusões importantes foram obtidas em relação ao comportamento dos

vórtices ao redor da região da bolina. Observou-se a existência de uma trilha de vórtices

semelhante à trilha de vórtices de Kármán na esteira de um cilindro.

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vii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc)

A NUMERICAL STUDY OF ROLL DECAY OF FPSO

Gustavo Omar Guarniz Avalos

May/2012

Advisor: Juan Bautista Villa Wanderley

Department: Ocean Engineering

A numerical study of roll damping of FPSO (Floating Production Storage and

Offloading) is presented in this work. A roll decay test of a middle section of FPSO is

simulated by means of the numerical solution of the Navier-Stokes equations in 2D. The

computational code was developed using the finite volume method and the upwind

TVD scheme of Roe-Sweby.

It is known that the roll damping for rectangular hulls with bilge keels is dominated by

viscous effects. In this case, strong vortices are formed around the bilge keel. Interesting

results about the behavior of vortices around the bilge keels were obtained. It was

observed that there is a vortex street similar to the Kármán vortex street in the wake of a

cylinder.

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viii

ÍNDICE

Capítulo 1-Introdução ........................................................................................................1

1.1 Generalidades ..................................................................................................... 1

1.2 Antecedentes ...................................................................................................... 1

1.3 Objetivo ............................................................................................................. 6

1.4 Delineamento da dissertação ............................................................................. 7

Capítulo 2-Formulação Matemática ..................................................................................8

2.1 Equações de Navier Stokes Incompressíveis ..................................................... 8

2.2 Método do Volume de Fluido .......................................................................... 12

2.3 Equações do Movimento ................................................................................. 14

Capítulo 3-Formulação Numérica ...................................................................................17

3.1 Malha Computacional ...................................................................................... 17

3.2 Deformação da Malha Computacional ............................................................ 18

3.3 Quantidades Geométricas dos Elementos da Malha Computacional .............. 20

3.3.1 Cálculo do Volume ................................................................................... 20

3.3.2 Cálculo do Vetor Área .............................................................................. 20

3.4 Esquema Numérico .......................................................................................... 21

3.5 Discretização do Fluxo Inviscido .................................................................... 22

3.6 Discretização do Fluxo Viscoso ...................................................................... 25

3.7 Condições Iniciais e de Contorno .................................................................... 25

3.7.1 Condições Iniciais .................................................................................... 25

3.7.2 Condições de Contorno ............................................................................ 26

Capítulo 4-Resultados Numéricos do Escoamento ao redor de um Cilindro ..................28

4.1 Malha computacional ....................................................................................... 28

4.2 Coeficientes de Arrasto e Sustentação do Cilindro ......................................... 29

4.3 Resultados obtidos para Número de Reynolds 40 ........................................... 31

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Capítulo 5-Resultados Numéricos para o Decaimento em Jogo de FPSO ......................34

5.1 Caso I: Simulação Numérica do Ensaio Experimental de Pinheiro (2003). .... 34

5.2 Caso II: Simulação Numérica do Ensaio Experimental de Oliveira (2011) .... 39

Capítulo 6-Conclusões e Trabalhos Futuros....................................................................52

6.1 Geral ................................................................................................................. 52

6.2 Conclusões ....................................................................................................... 52

6.3 Trabalhos Futuros ............................................................................................ 53

Referência Bibliográfica ..................................................................................................54

APÉNDICE I ...................................................................................................................58

APÉNDICE II ..................................................................................................................61

APÊNDICE III ................................................................................................................67

APÊNDICE IV ................................................................................................................71

APÊNDICE V .................................................................................................................75

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x

Lista de Símbolos

Velocidade do som

Boca da seção do navio

Fração volumétrica

Coeficiente de força na direção x

Coeficiente de força de pressão na direção x

Coeficiente de força viscosa na direção x

Coeficiente de força na direção y

Coeficiente de força de pressão na direção y

Coeficiente de força viscosa na direção y

Coeficiente de sustentação do cilindro

Coeficiente de arrasto do cilindro

Momento de Inércia adimensional da seção do navio

Coeficiente de pressão do cilindro

Coeficiente de momento do navio em relação ao centro de gravidade

Coeficiente de momento de pressão do navio em relação ao centro de gravidade

Coeficiente de momento viscoso do navio em relação ao centro de gravidade

Massa adimensional da seção do navio

Diâmetro do cilindro

Vetor de fluxo inviscido na direção x

Vetor de fluxo viscoso na direção x

Vetor de fluxo inviscido na direção y

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xi

Força de pressão

Força na direção x

Força de pressão na direção x

Força viscosa na direção x

Força na direção y

Força de pressão na direção y

Força viscosa na direção y

Vetor de fluxo viscoso na direção y, ou, força viscosa

Número de Froude

Aceleração da gravidade

Momento de inércia da seção do navio

Comprimento da seção do navio

Número de Mach

Momento em relação ao centro de gravidade do navio

Momento de pressão em relação ao centro de gravidade do navio

Momento viscoso em relação ao centro de gravidade do navio

Massa da seção do navio

Vetor normal à superfície

Pressão dinâmica do fluido

Pressão do escoamento livre

Vetor definido pelos vetores de fluxo

Vetor definido pelos vetores de fluxo inviscidos

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xii

Vetor definido pelos vetores de fluxo viscosos

Vetor de variáveis conservadas

Número de Reynolds

Superfície do elemento da malha computacional

Calado do navio

Tempo

Velocidade do fluido na direção x

Velocidade de referência

Velocidade do fluido na direção y

Volume do elemento da malha computacional

Velocidade local da superfície do elemento da malha computacional

Coordenada cartesiana horizontal

Abscissa do centro de gravidade do navio

Coordenada cartesiana vertical

Ordenada do centro de gravidade do navio

Ordenada de um ponto da superfície molhada do navio

Variação de quantidade

Operador de divergência

Ângulo de adernamento do navio

Viscosidade dinâmica

Massa específica do fluido eficaz

Massa específica da água

Massa específica do ar

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xiii

Coeficiente de compressibilidade isotérmica

Tensor de tensões viscosas

Limitador de fluxo

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Capítulo 1

Introdução

1.1 Generalidades

A utilização de navios convertidos em FPSOs (Floating Production Storage and

Offloading) tem sido muito aplicada na área de exploração de petróleo pelas vantagens

que oferece, entre elas, a grande capacidade de carga e a redução de custo e tempo de

construção de uma estrutura já existente. Entretanto, sua desvantagem desde o início de

sua aplicação ao longo do tempo é o excesso de balanço transversal.

A ação do meio ambiente, principalmente a ação das ondas de través, responsáveis pelo

excesso de balanço transversal, faz com que as operações próprias de FPSO não sejam

realizadas eficientemente, além dos efeitos críticos de fadiga do casco, risers, linhas de

amarração e o desconforto da tripulação pelo excesso de balanço em jogo.

1.2 Antecedentes

O problema de balanço transversal de FPSO tem sido objeto de muitos estudos. Sabe-se

que os efeitos viscosos são predominantes no amortecimento de casco retangulares,

DOWNIE(1988). Por isso, uma alternativa bem sucedida e muito antiga para o controle

de balanço é a utilização da bolina, localizada ao redor do bojo. A bolina exerce uma

oposição ao movimento do balanço transversal produzindo desse modo uma dissipação

de energia através da geração de vórtices que reduz assim o efeito do balanço.

Atualmente, tem-se conhecimento claro que a teoria potencial reproduz bem todos os

graus de liberdade do navio, exceto o comportamento do balanço transversal, pelo fato

de não levar em consideração os efeitos viscosos no amortecimento quando eles são

predominantes. Por exemplo, no caso do estudo de bolinas estendidas para reduzir o

balanço transversal, proposto por FERNANDES et al (1997) e realizados por

PINHEIRO(2003) e OLIVEIRA(2011). Uma alternativa para calcular o amortecimento

do balanço transversal do navio, muito utilizada pelas empresas, é abordar o problema

usando o método semi-empírico adotado por HIMENO(1981) ou realizar ensaios de

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decaimento em tanque de prova e apresentar os resultados segundo a modelagem

quadrática, que é passível de uma linearização equivalente. Estas metodologias são bem

sucedidas para navios equipados com bolinas típicas, mas não conseguem reproduzir

com sucesso o amortecimento em grandes ângulos e bolinas de maior comprimento.

Devido a estas limitações, novas propostas de abordagem ao problema foram realizadas,

FERNANDES et al. (2000), FERNANDES et al. (2009) e OLIVEIRA(2011).

Uma técnica muito útil para visualizar e entender o comportamento do escoamento ao

redor da bolina é o PIV (Particle Image Velocimetry). Um interessante debate usando

esta técnica pode ser encontrado em ALOISIO et al (2006) e OLIVEIRA(2011). A

Figura 1.1 mostra uma visualização da formação de vórtices ao redor da bolina de um

modelo de FPSO.

A simulação numérica é outro modo de abordar este problema. Com a intenção de

mostrar a evolução nesta área, é apresentado um breve resumo das contribuições mais

relevantes realizadas por diversos pesquisadores. Todas elas são dirigidas à simulação

de decaimento e oscilação forçada em jogo.

YEUNG (2002) desenvolveu um método chamado FSRVM (Free-Surface Random-

Vortex Method) baseado numa mistura de elementos de contorno com geração de

vorticidade e difusão. A formulação teórica permite formas de corpos diferentes como

Figura 1.1- Visualização de vórtices formados ao redor da bolina de um

FPSO; Extraído de (a) ALOISIO et al (2006) e (b) OLIVEIRA(2011).

(a) (b)

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3

um FPSO com bolina. Sua limitação principal é que só pode modelar fenômenos em

duas dimensões. Na Fig.1.2, mostra-se os resultados do campo de vorticidade de FPSO

e a curva de decaimento em jogo obtido por YEUNG (2002).

KINNAS (2005) desenvolveu um código numérico para estudar os efeitos da bolina

(comprimento e orientação) de FPSO em jogo. O método é baseado no método de

volumes finitos. O método resolve as equações de Navier-Stokes, a pressão é

determinada usando o método SIMPLE, e considera-se o movimento da malha, A Fig.

1.3 mostra a malha computacional para o estudo duma bolina na posição 20º e a

influência do comprimento da bolina na massa adicional de FPSO obtido por KINNAS

(2005).

Figura 1.2- (a) Campo de vorticidade de FPSO, (b) Curva de decaimento em

jogo. Extraído de YEUNG (2002)

Fig. 1.3- (a) malha computacional para uma bolina na posição 20º, (b) efeito do

comprimento da bolina na massa adicional de FPSO, Extraído de KINNAS (2005).

(a) (b)

(a) (b)

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WANDERLEY et al. (2007) estudou o amortecimento de FPSO com bolina através da

solução numérica das equações de Navier-Stokes levemente compressíveis usando o

método dos volumes finitos, e um esquema centrado com dissipação artificial não linear

para garantir a estabilidade numérica. O domínio físico foi discretizado por uma malha

não estruturada, A Fig. 1.4 apresenta os resultados obtidos por WANDERLEY et al

(2007) para a série temporal do deslocamento e o campo de pressão e linhas de corrente.

VAN’T VEER et al.(2011) estudou numericamente o escoamento ao redor de FPSO

com bolina da Petrobras. A simulação numérica foi obtida usando-se o código

computacional StarCCM+. As equações de Navier-Stokes promediadas de Reynolds

incompressíveis não permanentes (URANS) são resolvidas numericamente utilizando-

se o método dos volumes finitos com a interpolação de Rhie-Chow. Um esquema de

segunda ordem é usado para avaliar os termos convectivos. A superfície livre é

simulada usando o método VOF. A equação da continuidade e as equações de

quantidade de movimento são acopladas através do algoritmo de SIMPLE. A Fig. 1.5

mostra parte do trabalho de VAN’T VEER et al.(2011): A Fig. 1.5 (a), mostra a malha

computacional de FPSO e a Fig. 1.5(b) mostra os resultados do decremento da curva de

decaimento em jogo para um decaimento livre e um decaimento com pré-oscilações.

Figura 1.4- (a) Decaimento em jogo, extraído de resultados numéricos RAMIRO

(2006); (b) Campo de Pressão ao redor de FPSO, extraído de WANDERLEY et

al.(2007).

(a) (b)

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Embora o objetivo deste trabalho não seja direcionado às simulações numéricas de

corpos em ondas irregulares, vale a pena destacar os seguintes trabalhos, Y. XING et al

(2001) e XINYING ZHU(2006), ver Fig. 1.6.

(a) (b)

Figura 1.5- (a) Parte da malha computacional 3D com bolina e riser balcony, (b) Curva de

decremento de decaimento em jogo, extraído de VAN’T VEER et al.(2011).

(a)

(b)

Figura 1.6- (a) Simulação de um cilindro retangular em ondas, extraído de Y.

XING et al (2001) (b) tanque numérico e resultados do momento produzidos por

ondas numa seção de forma V, extraído de XINYING ZHU(2006).

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Como se pode observar nas pesquisas acima, as ferramentas numéricas existentes hoje

em dia têm aumentado muito, oferecendo cada uma delas suas vantagens e limitações.

O esforço por reproduzir este fenômeno numericamente é de grande interesse da

indústria. Por isso, uma nova forma de abordar numericamente este problema é uma

contribuição a mais que se soma a este grande esforço.

Este trabalho é uma continuação do trabalho de RAMIRO (2006). Portanto, o esforço

principal deste estudo é desenvolver um código computacional que reproduza o

decaimento em jogo de FPSO, baseado no método dos volumes finitos. O código

mantém as características principais do trabalho de RAMIRO (2006), ou seja, resolve as

equações de Navier-Stokes incompressíveis e utiliza uma malha não estruturada. A

superfície livre é considerada completamente plana, mas é definida utilizando o método

VOF. Utilizou-se o esquema TVD upwind de Roe-Sweby em vez de um esquema

centrado com termo de dissipação artificial não linear.

Primeiramente, para validar o código computacional, simulou-se o escoamento ao redor

de um cilindro fixo. Os resultados obtidos foram comparados com resultados numéricos

e experimentais obtidos da literatura. Esta etapa ajudou muito no progresso do código.

Finalmente, o código foi validado para o estudo do decaimento em jogo de FPSO. Os

resultados numéricos obtidos foram comparados com resultados experimentais de

PINHEIRO(2003) e OLIVEIRA(2011).

1.3 Objetivo

O objetivo do presente trabalho é estudar o decaimento livre em jogo de FPSO com

bolina, investigar o efeito do comprimento da bolina sobre a curva de amortecimento e

estudar o comportamento dos vórtices emitidos pela bolina através da visualização do

escoamento. Para este fim, implementou-se um código numérico baseado no método

dos volumes finitos utilizando o esquema TVD upwind de Roe - Sweby.

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1.4 Delineamento da dissertação

A organização da dissertação é mostrada a seguir:

Capítulo 2- são mostradas as equações governantes do fluido e sua implementação no

método dos volumes finitos. Ao final do capítulo são mostradas as equações de

movimento do corpo e sua solução ao longo do tempo.

Capítulo 3- apresenta a implementação numérica do método dos volumes finitos e

desenvolve as definições e condições necessárias para a discretização do domínio físico.

Capítulo 4- são mostrados os resultados numéricos para o escoamento ao redor do

cilindro fixo e as comparações necessárias com dados experimentais e numéricos para a

validação do código desenvolvido.

Capítulo 5- são mostrados os resultados numéricos para a simulação do decaimento em

jogo de FPSO e as comparações com dados experimentais.

Capítulo 6- são apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.

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Capítulo 2

Formulação Matemática

Neste capítulo, iremos mostrar as equações governantes para abordarmos o escoamento

incompressível considerado no estudo do decaimento em jogo de FPSO e o método

usado para tratar o problema da superfície livre. Ao final deste capítulo, são

apresentadas as equações do movimento do corpo e suas soluções ao longo do tempo.

2.1 Equações de Navier Stokes Incompressíveis

Para resolvermos as equações de Navier-Stokes incompressíveis, existem vários

métodos na literatura. No presente estudo, utiliza-se o método para escoamento

levemente compressível apresentado por WANDERLEY(2001), mas antes mostram-se

as características principais dos outros métodos usados para a solução das equações de

Navier-Stokes incompressíveis.

O método da compressibilidade artificial desenvolvido por CHORIN (1967) foi uma das

primeiras tentativas para resolver as equações de Navier-Stokes incompressíveis. A

equação da continuidade é modificada para introduzir um termo de compressibilidade

artificial que some quando a solução permanente é alcançada. Com a adição deste termo

na equação da continuidade, as equações de Navier-Sotkes representam um sistema de

equações parabólicas que podem ser resolvidas através de um método de marcha no

tempo. Este método é aplicado somente para problemas de escoamentos permanentes.

Outros métodos para resolvermos as equações de Navier-Stokes incompressíveis são os

métodos de aproximação de correção da pressão. As equações de quantidade de

movimento são resolvidas sequencialmente para as componentes das velocidades

usando a melhor aproximação para a distribuição da pressão. Tal procedimento não

produz um campo de velocidade que satisfaça a equação da continuidade a menos que a

correção da distribuição da pressão seja aplicada. Se existe uma fonte de massa, a

pressão é melhorada num passo separado de tal modo a eliminar as fontes de massa e

assim satisfazer a equação da continuidade. Se a pressão muda, a solução das equações

de quantidade de movimento muda também. Os métodos de aproximação de correção

da pressão têm sido amplamente utilizados para resolver as equações de Navier-Stokes.

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Os métodos diferem principalmente nos algoritmos usados para resolver as equações de

quantidades de movimento e para resolver a pressão. Alguns dos métodos de

aproximação de correção da pressão mais usados são: o método de MAC de HARLOW

e WELCH (1965), os métodos de SIMPLE e SIMPLER desenvolvido por CARETTO et

al. (1972) e PATANKAR (1980), o método da projeção de CHORIN (1968) e o método

de PISO desenvolvido por ISSA (1986).

Outra escolha para resolvermos as equações de Navier-Stokes é o método para

escoamento levemente compressível apresentado por WANDERLEY (2001), o método

apresenta uma equação para o campo de pressão que possui um termo de derivada

temporal da pressão facilitando a implementação de um método de marcho no tempo. O

método consiste em definir uma equação para o campo de pressão apropriada para

escoamentos de baixa compressibilidade dos fluidos. Esta equação e as equações da

quantidade de movimento incompressíveis formam um sistema de equações que

representa os escoamentos levemente compressíveis.

A Equação do campo de pressão é obtida combinando-se a equação da continuidade

compressível, Eq.(2.1), e a definição de compressibilidade isotérmica Eq.(2.2),

ANDERSON (1990).

(2.1)

)

(2.2)

Integrando a Eq.(2.1), assumindo que as variações da pressão do escoamento são

pequenas de modo que o coeficiente de compressibilidade isotérmica possa ser

considerado constante, e considerando somente escoamentos isotérmicos, onde a massa

específica é função somente da pressão, resulta a Eq.(2.3).

(2.3)

De acordo com WANDERLEY (2001), uma expansão em serie de Taylor da massa

específica, Eq.(2.3), em função da pressão e em torno de é obtida e mostrada na

Eq.(2.4).

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10

(2.4)

Levando em consideração que o coeficiente de compressibilidade isotérmica é muito

pequeno para água, pode-se desprezar da expansão anterior os termos de segunda

ordem. A aproximação da massa específica é mostrada na Eq.(2.5).

(2.5)

Substituindo a Eq.(2.5) na Eq.(2.1), resulta a Eq.(2.6).

(2.6)

Como o objetivo é obter os coeficientes de sustentação, arrasto, momento e pressão, o

valor adotado para a pressão do escoamento livre pode ser arbitrado. Portanto um valor

conveniente para a pressão do escoamento é , pois simplifica a Eq.(2.6). A

equação do campo pressão é mostrada na Eq.(2.7).

(2.7)

Como se mencionou acima, esta equação junto com as equações da quantidade de

movimento incompressíveis formam um sistema de equações que representam os

escoamentos levemente compressíveis. O sistema de equações na forma adimensional é

obtido utilizando-se as seguintes grandezas e números adimensionais Eq.(2.8).

(2.8)

onde é o comprimento característico do corpo, é a velocidade do som, é a

velocidade do escoamento livre e, e são a massa específica e a viscosidade

dinâmica do fluido, respectivamente. O sistema de equações na forma adimensional e

conservativa em duas dimensões é apresentado abaixo.

(2.9)

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11

(2.10)

(2.11)

O mesmo sistema de equações na forma vetorial é mostrado na Eq.(2.12). Com a

intenção de simplificar a escrita das equações, o símbolo de asterisco será eliminado

para representar as grandezas adimensionais.

=0 (2.12)

onde é o vetor de variáveis conservadas , são os vetores de fluxo inviscidos e

são os vetores de fluxo viscosos.

{ } {

} {

}

{

}

{

}

(2.13)

Para aplicar o método dos volumes finitos mais à frente, a Eq.(2.12) é transformada na

forma integral. Portanto, define-se o vetor dado pela Eq.(2.14). A Eq.(2.12) pode ser

reescrita da forma da Eq.(2.15).

(2.14)

(2.15)

Integrando a Eq.(2.15) no volume de controle , de acordo com a Eq.(2.16), e aplicando

o teorema de Gauss ao lado direito da Eq.(2.16), resulta a Eq.(2.17).

∫ ( )

(2.16)

∫ ( )

(2.17)

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12

Precisa-se de uma formulação que considere a deformação dos volumes finitos,

portanto, utilizamos o teorema de Leibniz que considera na derivada de uma integral a

variação dos limites de integração. Este teorema é aplicado na integral de volume do

vetor de variáveis conservadas, Eq.(2.18).

(2.18)

Os limites de integração são considerados na integral de superfície, onde o vetor

representa a velocidade local da superfície do volume de controle. Substituindo a

Eq.(2.17) na Eq.(2.18), resulta a Eq.(2.19).

∫ ( )

(2.19)

ou

∫ ( )

(2.20)

O vetor de variáveis conservadas médio em cada volume finito é definido conforme Eq.

(2.21).

(2.21)

Substituindo a Eq.(2.21) na Eq.(2.20), obtemos a formulação integral em termos do

vetor médio de variáveis conservadas, como mostra a Eq.(2.22).

∫ ( )

(2.22)

onde

(2.23)

2.2 Método do Volume de Fluido

O método do volume de fluido (VOF) foi desenvolvido por HIRT e NICHOLS (1981)

e é usado para simular a superfície livre. Pode-se dizer que o método VOF define os

fluidos de ar e água como um único fluido eficaz, mas com propriedades diferentes. A

superfície livre é identificada como uma região onde existe uma súbita mudança das

propriedades do fluido eficaz ou através da mudança da variável da fração volumétrica

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13

“c” definida em cada elemento da malha. A fração volumétrica representa o volume de

água contido no elemento, por isso, seu valor varia entre zero e um. O valor zero indica

que o elemento contém somente ar e o valor um indica que o elemento contém somente

água. Valores entre zero e um significam que nesse elemento esta contida parte da

superfície livre. Para calcularmos a fração volumétrica ao longo do tempo, uma equação

de transporte é usada, ver Eq.(2.24).

(2.24)

A Eq.(2.24) deve ser resolvida juntamente com as equações governantes do escoamento

do fluido, por isso, a Eq.(2.13) é modificada, conforme mostra a Eq.(2.25).

{

} {

} {

}

{

}

{

}

(2.25)

A massa específica do fluido eficaz na forma adimensional, mostrada na Eq.(2.25), é

definida pela Eq.(2.26).

(2.26)

onde a é a massa específica do ar e w é massa específica da água.

Neste estudo, a superfície livre ao redor de FPSO é considerada plana, portanto, o

amortecimento pelo efeito de irradiação de onda não é considerado. Para ter certeza que

a superfície livre não influencia no amortecimento, o maior ângulo de inclinação do

decaimento em jogo de FPSO simulado numericamente é 12º.

Para definir a superfície livre plana mencionada acima, o domínio físico é definido em

duas regiões fixas (ar e água) usando a variável c definida acima. Somente perto da

interface destas duas regiões a variável c muda de zero a um.

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14

2.3 Equações do Movimento

As equações do movimento da seção de FPSO em jogo, deriva e afundamento são

mostradas nas Eq.(2.27) e as condições iniciais são mostradas nas Eq.(2.28). A seção do

FPSO e as forças atuantes são representadas na Fig. 2.1. Logo após a solução numérica

das equações governantes do escoamento, o momento M e as forças Fx e Fy são obtidos

através da integração da pressão e tensão viscosa ao redor da superfície submersa do

corpo, ver Eqs. (2.36) e (2.37).

(2.27)

(2.28)

Na forma adimensional

(

)

(2.29)

onde

(2.30)

(2.31)

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15

(2.32)

(2.33)

(2.34)

√ (2.35)

(2.36)

(2.37)

As características do modelo experimental, boca B, comprimento L, velocidade e

outros, são mostrados nas Seções 5.1 e 5.2. Para garantir que o escoamento seja

levemente compressível, o número de Mach M é fixado com o valor de 0,2. O subscrito

s da variável ys, Eqs.(2.36) e (2.37), significa que a variável y está localizada abaixo da

superfície livre.

As equações do movimento são resolvidas usando o método de Lax-Wendroff de

segunda ordem para obter a posição do corpo e o método explícito de Euler para obter

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16

as velocidades do corpo, os métodos são mostrados nas Eq.(2.38) e Eq.(2.39),

respectivamente.

(2.38)

(2.39)

Figura 2.1 -Forças atuantes no FPSO

CG

mg

k

r

ds

x

y

θ

Fx

Fy

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17

Capítulo 3

Formulação Numérica

Para capturar o campo de vorticidade ao redor da bolina de FPSO e reproduzir a

superfície livre, precisa-se de um refinamento da malha adequado nestas regiões. A

geração da malha e sua deformação ao longo do tempo são descritas neste capítulo.

Também, apresenta-se, uma descrição detalhada da implementação numérica do método

de volumes finitos usando o esquema TVD upwind de ROE (1984) e SWEBY (1984).

3.1 Malha Computacional

A malha computacional gerada é baseada no método de Delauney. A geração e

características principais da malha são mostradas no apêndice I. A malha contém

elementos ao redor do domínio físico e no interior do corpo, chamados elementos

imagens. O objetivo deles é simplificar a implementação das condições de contorno, ver

Figs.3.1 e 3.2.

Figura 3.1- Malha computacional ao redor de FPSO

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18

x

y

0.49 0.5 0.51

-0.28

-0.275

-0.27

-0.265

A fim de resolver a camada limite com precisão, os elementos ao redor do corpo são

gerados utilizando-se o método de “Advancing-Front” que produz uma distribuição

mais uniforme dos elementos. Esses elementos gerados podem ser observados como

duas linhas de elementos ao redor do corpo, ver Fig.3.2.

3.2 Deformação da Malha Computacional

Neste estudo, o contorno do corpo é parte da malha, ou seja, a malha acompanha o

movimento do corpo, por este motivo, é necessário deformar a malha. Para

conseguirmos esse objetivo, pode-se utilizar uma função que ajude a deformar a malha

suavemente. A função é definida para cada ponto da malha e seu valor varia entre zero e

um. Quando o ponto está localizado mais perto da superfície do corpo, o valor da

função é próximo de um, e quando está mais afastado dele, seu valor é próximo de zero.

O valor da função de um determinado ponto multiplicado pelo deslocamento do centro

de gravidade do corpo, após um instante de tempo t, fornece o deslocamento desse

ponto.

Os elementos próximos do corpo dentro de uma região definida pelo raio r1,ver Fig.3.3,

não são deformados, ou seja, o deslocamento destes pontos dentro desta região e igual

ao deslocamento do centro de gravidade do corpo. Portanto, o valor da função para

Figura 3.2- Detalhe da malha ao redor da bolina

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19

esses pontos é igual a um. Fora desta região, a função começa a diminuir. Isto é feito

para garantir que a deformação da malha não influencia o desenvolvimento da camada

limite. A função mencionada acima é mostrada na Eq.(3.1) e na Fig.3.3.

{

(3.1)

r1 r2

1

F

r

CG

r1

r2

Figura 3.3-Função para deformação da malha

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20

3.3 Quantidades Geométricas dos Elementos da Malha Computacional

3.3.1 Cálculo do Volume

Para o cálculo do volume , definem-se os vetores e e os nós 1, 2 e 3,

conforme mostra a Fig.3.4. O volume do elemento triangular é dado pela Eq.(3.2).

| | (3.2)

onde

( )

( )

(3.3)

Substituindo as Eq.(3.3) na Eq.(3.2) resulta a Eq.(3.4).

|( ) ( ) ( ) | (3.4)

3.3.2 Cálculo do Vetor Área

Para aplicar o método dos volumes finitos é preciso conhecer o vetor área perpendicular

a cada face dos elementos da malha computacional. A Eq.(3.5) mostra o vetor área e

suas componentes nas direções e do elemento na face . Segundo os nós do

elemento i, ver Fig.I.3 do apêndice I, as componentes do vetor área de cada face são

mostradas na Tabela 3.1.

(3.5)

Figura 3.4-Definição dos vetores e para o cálculo de Volume

2

1 3

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21

Tabela 3. 1 Componentes do Vetor Área

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

3.4 Esquema Numérico

A Eq.(3.6) mostra a forma discretizada da Eq.(2.22) para o elemento i da Fig.I.3 do

apêndice I. Para aproximar a integral da Eq.(2.22), considerou-se que as propriedades

do escoamento são constantes nas faces dos elementos da malha computacional.

∫ ( ) ∑[( ) ]

(3.6)

Desta forma, obtivemos o esquema numérico conservativo e explícito mostrado na

Eq.(3.7).

{[( ) ]

[( ) ]

[( ) ]

}

(3.7)

O vetor definido na Eq.(2.14) é reescrito na Eq.(3.8) com o objetivo de separar a parte

inviscida e viscosa.

(3.8)

onde os vetores que contêm a parte inviscida e viscosa são respectivamente

(3.9)

Substituindo a Eq.(3.8) na Eq.(3.7), resulta a Eq.(3.10).

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22

∑ [[( ) ]

( )

]

(3.10)

A discretização dos fluxos inviscido e viscoso são tratados nas seções seguintes. O

passo do tempo dimensional é definido pela Eq.(3.11).

(3.11)

onde é o número de Courant Friedrichs Lewy, é a velocidade do som e é a

dimensão mínima na malha. O passo de tempo na forma adimensional é apresentado na

Eq.(3.12).

(3.12)

onde

√ (3.13)

A variável representa o volume do menor elemento de toda a malha, calculado

pela Eq.(3.4).

3.5 Discretização do Fluxo Inviscido

O esquema TVD upwind de ROE (1984) e SWEBY (1984) e o limitador de fluxo de

VAN LEER (1984) foram utilizados para discretização do fluxo inviscido em cada face

dos elementos da malha computacional, veja a Eq.(3.14). Maiores detalhes sobre o

esquema TVD de ROE (1984) e SWEBY (1984) podem ser encontrados no apêndice II.

[( ) ]

[ ]

[ ]

( ) ( )

(3.14)

As variáveis e são as componentes do vetor área , ver Eq.(3.5). O subscrito

representa o elemento vizinho do elemento com respeito a face f, ver apêndice I. As

variáveis e são as componentes da velocidade da face f ,ver Eq.(3.15).

(3.15)

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23

onde

representa o ponto médio da face f do elemento i em um instante de

tempo n. A matriz é obtida em cada face dos elementos da malha computacional

pela Eq.(3.16).

(3.16)

A matriz é a matriz diagonal com os seguintes termos

| |

| |

| | (3.17)

E a matriz é definida pela Eq.(3.18).

(3.18)

onde são os autovetores e autovalores da matriz Jacobiana de fluxo na direção

perpendicular à face do elemento , ver Eq.(3.19).

[( ) ]

[

]

(3.19)

As variáveis , e são as propriedades do escoamento na face do elemento

As aproximações destas variáveis e a variável são mostradas na Eq.(3.20). A massa

específica na fase é calculada substituindo-se a variável pela variável na

Eq.(2.26).

( ) ( )

(3.20)

Na Eq.(3.17), é a distância entre os centróides dos elementos e , ver Fig.3.5. No

caso unidimensional, as variáveis representam as velocidades de propagação de cada

equação de onda achadas na transformação das equações governantes do espaço físico

ao espaço de onda, ver apêndice II, Neste caso, o conceito é o mesmo só que agora

representam as velocidades de propagação na direção normal à face do elemento.

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24

A variável é o limitador de fluxo que é obtido para cada equação no espaço de onda

em função do parâmetro . O limitador de fluxo de VAN LEER (1979) aplicado neste

estudo é definido na Eq.(3.21).

{

(3.21)

A definição do parâmetro é mostrada na Eq.(3.22).

{

(3.22)

O vetor representa o vetor unitário entre os centróides dos elementos e , ver

Fig.3.5. A variável é a diferença entre as variáveis características dos

elementos e para a k-ésima equação de onda, ela é achada pela Eq.(3.23).

(3.23)

onde os elementos do vetor são .

i

j .

. .

.

.

.

s

t

p

m

Figura 3.5 – Localização dos elementos e .

f

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25

Com a definição de e mencionada acima, o cálculo dos vetores e são

mostrados na Eq.(3.24).

(3.24)

Os elementos e são indicados na Fig.3.5.

3.6 Discretização do Fluxo Viscoso

Para manter uma discretização espacial consistente, o fluxo viscoso é discretizado na

face do mesmo jeito que o esquema do fluxo inviscido, ou seja, pela média dos fluxos

computados nos centróides dos elementos e , ver Eq.(3.25).

( )

[ ]

[ ] (3.25)

Segundo a Eq.(2.29), as derivadas das componentes de velocidade e no centróide

do elemento são necessárias para a obtenção do vetor de fluxo viscoso. O cálculo destas

derivadas é feito conforme as Eqs. (3.26).

|

|

|

|

(3.26)

As variáveis e são achadas segundo a Eq.(3.20), Eq.(3.5) e Eq.(3.4).

3.7 Condições Iniciais e de Contorno

3.7.1 Condições Iniciais

Para a simulação do decaimento livre em jogo de FPSO, as condições iniciais para um

mar inicialmente sem ondas e sem correnteza são mostradas abaixo.

(3.27)

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A condição para a fração volumétrica c é mostrada na Eq.(3.28), esta condição é

mantida ao longo do tempo para garantir uma superfície livre plana.

(3.28)

3.7.2 Condições de Contorno

No domínio físico, Fig.3.1, as condições de contorno são as seguintes:

Condições de contorno na fronteira esquerda e direita do domínio.

(3.29)

Condições de contorno na fronteira superior e inferior do domínio.

(3.30)

Para estabelecer estas condições de contorno na fronteira, são utilizados os elementos

imagens, veja a Fig.3.6. Para impor a primeira condição da Eq.(3.30), por exemplo, é

necessário somente satisfazer a Eq. (3.31).

Figura 3.6 – Elementos ao redor da fronteira

Elemento

Imagem

Elemento do

domínio físico

Fronteira

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27

(3.31)

onde o subíndice I representa o elemento imagem e o subíndice D representa o

elemento dentro do domínio físico localizado em frente ao elemento imagem

mencionado, ver Fig.3.6. Da mesma maneira, são definidas as demais condições

mencionadas acima.

As condições de não escorregamento são aplicadas no contorno do corpo, ver Eq.(3.32).

(3.32)

onde e são as velocidades no contorno do corpo, que são calculadas pela

Eq.(3.15).

Lembrando que as velocidades nas faces dos elementos são calculadas pela Eq.(3.20),

as condições de contorno no corpo são mostradas na Eq.(3.33).

(3.33)

A terceira e quarta condição de contorno sobre a superfície do corpo são mostradas na

Eq.(3.34).

(3.34)

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28

Capítulo 4

Resultados Numéricos do Escoamento ao

redor de um Cilindro

A metodologia implementada foi primeiramente validada para o escoamento ao redor de

um cilindro fixo. Durante o processo de validação, simplificações das equações e

condições foram necessárias, conforme é mostrado no apêndice III.

Os resultados obtidos neste estudo inicial são comparados com os dados experimentais

e numéricos de outros autores.

4.1 Malha computacional

A malha computacional utilizada para discretizar o domínio físico do escoamento ao

redor do cilindro é mostrada na Fig.4.2. O método utilizado para a geração da malha é o

mesmo que foi explicitado anteriormente.

x

y

0.3 0.4 0.5 0.6

0.2

0.3

0.4

Figura 4.1 Detalhe da Malha perto ao Cilindro

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29

Existem mais linhas de elementos ao redor do cilindro gerados através do método de

“Advancing-Front” do que aqueles gerados ao redor do FPSO, veja Fig.4.1 e Fig.3.2.

Isso se deve ao fato do cilindro ter uma geometria mais simples do que FPSO, ou seja,

uma superfície sem cantos.

4.2 Coeficientes de Arrasto e Sustentação do Cilindro

Os escoamentos para os números de Reynolds 40, 100 e 200 são obtidos para a análise

comparativa. As curvas de coeficientes de arrasto e sustentação do cilindro ao longo do

tempo são mostradas na Fig.4.3, e seus valores são comparados na tabela 4.1 e 4.2.

x

y

-60 -40 -20 0 20 40 60

-40

-20

0

20

40

Figura 4.2 Malha Computacional ao redor do cilindro

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Figura 4.3-Série temporal dos coeficientes de arrasto e sustentação

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31

Tabela 4.1- Comparação dos coeficientes de arrasto e sustentação

Referência Re CD CL Observação

Noberg, 2003 100 - 0.32 Experimental

200 - 0.53

Herfjord, 1995 100 1.36 0.34 FEM

200 1.35 0.70

Rengel &Shapier, 1999 100 1.36 0.32 FVM

200 1.35 0.67 (180x160)

Wanderley et al, 2008 100 1.30 0.25 FDM

200 1.27 0.51 (200X100)

Presente Estudo 100 1.31 0.25 FVM

200 1.29 0.58 75010 elementos

4.3 Resultados obtidos para Número de Reynolds 40

Para o escoamento de Re = 40 são mostrados os seguintes resultados: a distribuição de

pressão ao redor do cilindro, ver Fig. 4.4; as dimensões características dos vórtices

detrás do cilindro, ver tabela 4.1 e Fig. 4.5; e a curva da distribuição da pressão na

superfície no cilindro, ver Fig.4.6. Podemos observar uma boa concordância entre os

resultados numéricos obtidos no presente trabalho e os outros resultados numéricos e

experimentais obtidos da literatura.

Figura 4.4-Distribuçaõ de pressão ao redor do cilindro e linhas de corrente para Re=40.

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32

Referência Cd L/D a/D b/D θs Observação

Tritton(1959) 1.57 - - - - Experimental

Constanceau e Bouard(1977) - 2.13 0.76 0.59 53.5 Experimental

Rengel and Shapier(1999) 1.61 2.23 0.72 0.58 54.06 FVM

Wanderley et al. (2008) 1.56 2.23 0.72 0.58 53.8 FDM

Presente estudo 1.55 2.13 0.67 0.58 52.3 FVM

Tabela 4.2-Dimensões características dos vórtices detrás do cilindro

Figura 4.6-Distribuição de pressão na superfície do cilindro para RD=40

Figura 4.5- Dimensões características dos vórtices detrás do cilindro

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33

Varias malhas computacionais com diferentes refinamentos foram testadas para

verificar a influência da malha computacional sobre os resultados numéricos, veja a

tabela 4.4. A evolução do estudo do escoamento ao redor do cilindro é mostrada na

tabela 4.3.

Tabela 4.3- Evolução do estudo do escoamento ao redor do cilindro

Tentativa Aproximação das Malha Resultados

propriedades na fase Re CD CL

40 1.53 -

1 média* 1 100 1.20 0.16

200 1.15 0.39

40 1.54 -

2 média* 2 100 1.20 0.16

200 1.16 0.38

40 1.76 -

3 média* 3 100 1.35 0.20

200 1.26 0.44

40 1.55 -

4 interpolação** 3 100 1.31 0.25

200 1.29 0.58

* ver Eq.(3.20).

** ver Eq.(III.10) no apêndice III.

Tabela 4.4- Malhas testadas para o escoamento ao redor do cilindro

Malha Método Quantidade elementos

1 Delauney 32585

2 Delauney 74052

3 Delauney e Advancing -Front 75010

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34

Capítulo 5

Resultados Numéricos para o

Decaimento em Jogo de FPSO

Os resultados numéricos apresentados neste capítulo tentam reproduzir os dados do

decaimento em jogo de FPSO obtidos experimentalmente por PINHEIRO (2003) e

OLIVEIRA (2011). Alem disso, os resultados numéricos mostram a evolução e o

comportamento dos vórtices gerados ao redor das bolinas.

Os ensaios experimentais realizados por PINHEIRO (2003) e OLIVEIRA (2011) foram

realizados utilizando uma seção média de FPSO construída em escala 1/75.

Características mais detalhadas de cada modelo são mostradas nas seguintes seções.

5.1 Caso I: Simulação Numérica do Ensaio Experimental de Pinheiro (2003).

Na tabela 5.1, são apresentados os dados do modelo e as condições do ensaio

experimental realizado por PINHEIRO (2003). Estes dados são utilizados para obtermos

os parâmetros adimensionais das equações mencionadas no capítulo 2. Outro parâmetro

usado na adimensionalização das equações é a velocidade de referência uref. Seu valor

tem influencia no período de oscilação do FPSO. O valor desta velocidade é

aproximadamente o dobro da relação entre a boca e o período natural de oscilação em

jogo do modelo. O valor da velocidade de referência nesta simulação numérica é de 0,8.

As curvas de decaimento em jogo obtidas no presente estudo e em PINHEIRO (2003)

são plotadas na Fig.5.1. Cabe ressaltar a boa concordância em amplitude e fase do

resultado numérico e experimental no primeiro período de oscilação, onde existe uma

maior descontinuidade da pressão ao redor da bolina, ver Fig.5.2. Posteriormente, o

resultado numérico sofre uma queda da amplitude e uma pequena defasagem em relação

aos dados experimentais. Mas, essas características são recuperadas no final do último

período de oscilação. Uma razão que justifica a diferença entre os resultados numérico e

experimental é o fato de não ter sido levado em conta o bojo do modelo na simulação

numérica, ver Fig. 3.2. Este ponto será discutido em maior detalhe na seção seguinte.

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35

Características do Modelo Magnitude

Boca (B) 0.730m

Calado (T) 0.187m

Comprimento (L) 0.93m

Centro de gravidade (KG) 0.196m

Raio de giração (Rxx) 0.285m

Massa por comprimento (m/L) 136.51Kg/m

Momento de Inércia de massa por comprimento (I/L) 11.09Kg m

Período natural de Oscilação em jogo (Tn) 2.04s

Comprimento da bolina (b) 0.012m

Ângulo inicial do ensaio (θ0) 10º

Tabela 5.1-Dados do ensaio Experimental de Pinheiro

Figura 5.1-Curva de decaimento em jogo

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36

Segundo os resultados obtidos nesta seção, pode-se definir de forma geral o

comportamento dos vórtices gerados ao redor da bolina. Na primeira oscilação do

FPSO, um par de vórtices é gerado em cada bolina, eles representam os vórtices de

maior intensidade, ver Fig.5.3 (a) e (b). Na segunda oscilação, o terceiro vórtice gerado

em cada bolina interage destrutivamente com o vórtice anterior, ver Fig.5.3 (c) e (d).

Logo o terceiro vórtice é expulso para o fundo do casco, no caso da bolina direita ver

Fig. 5.3 (e). Posteriormente, os vórtices gerados nas bolinas têm uma dinâmica mais

ordenada com uma interação fraca e similar à trilha de vórtices de Kármán na esteira de

um cilindro circular. No caso da bolina, os vórtices são emitidos num ângulo de 45° em

relação à posição média da bolina, ver Fig.5.3(f). O Comportamento dos vórtices

descrito neste primeiro resultado confirma o que foi observado experimentalmente por

OLIVEIRA (2011). Maiores detalhes da dinâmica dos vórtices ao redor da bolina do

FPSO podem ser encontrados no Apêndice II.

Uma contribuição a mais deste primeiro resultado é o mecanismo de geração dos

vórtices com maior detalhe. Na Fig. 5.4 observam-se os vórtices gerados numa bolina

ao inicio das oscilações.

Figura 5.2-Campo de Pressão ao redor da bolina

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Figura 5.3-Comportamento dos vórtices gerados ao redor da bolina

(b)

(d)

(e)

(a)

(f)

(c)

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O primeiro vórtice da bolina, ver Fig. 5.4(a), foi gerado pela coalescência da emissão

contínua da vorticidade positiva da camada limite no fundo do casco ao longo da

primeira meia oscilação. No instante que o casco começa subir, este primeiro vórtice é

expulso e afastado do casco para logo começar a geração do segundo vórtice, ver

Fig.5.4 (b). Sob o mesmo mecanismo de geração, o segundo vórtice é gerado, mas pela

contribuição da vorticidade negativa gerada na camada limite da lateral direita do casco,

ver Fig. 5.4 (c). Quando o casco começa descer de novo, o segundo vórtice é expulso,

começando logo a geração do terceiro vórtice, ver Fig. 5.4(d). Cabe ressaltar que os dois

primeiros vórtices gerados são expulsos para o fundo do casco. A geração dos vórtices

descrita acima é contemplada ao longo do tempo, mas, com uma diminuição da

magnitude dos vórtices.

Figura 5.4- Mecanismo da geração dos vórtices com bolina

(a) (b)

(c) (d)

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Uma última observação sobre os resultados obtidos é a presença de vorticidade abaixo

do casco do casco até o final do decaimento, gerada pelos vórtices que foram expulsos

para o fundo do casco, a intensidade dessa vorticidade diminui ao longo do tempo. Na

Fig. 5.3 (f) pode-se observar essa vorticidade de cor vermelha e azul, mas com

intensidade muita fraca.

5.2 Caso II: Simulação Numérica do Ensaio Experimental de Oliveira (2011)

As características do modelo e as condições do ensaio experimental de OLIVEIRA

(2011) são apresentadas na Tabela 5.2. Os comprimentos das bolinas ensaiadas são

mostrados na tabela 5.3. Um ensaio experimental considerando somente o bojo também

foi realizado. Cabe mencionar que as denominações usadas para cada bolina mostra o

comprimento correspondente no protótipo, por exemplo, a bolina b180 tem um

comprimento no protótipo de 1.80m, que corresponde a um comprimento de bolina do

modelo de 0.024m, numa escala de 1/75.

Características do Modelo Magnitude

Boca (B) 0.725 m

Calado (T) 0.196m

Comprimento(L) 0.90m

Centro de gravidade (KG) 0.175m

Raio de giração (Rxx) 0.264m

Massa por comprimento (m/L) 169.76 Kg/m

Momento de Inércia de massa por comprimento (ICG /L) 13.269 Kg m

Período natural de Oscilação em jogo (Tn) 1.74 s

Ângulo inicial do ensaio (θ0) 12º

Raio de bojo 0.030 m

Tabela 5.2-Dados do ensaio Experimental de Oliveira

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40

Bolina Magnitude

(m)

b075 0.010

b120 0.016

b180 0.024

Para reproduzir numericamente os ensaios experimentais de OLIVEIRA (2011), a

velocidade de referência uref toma o valor de 0,64. Na simulação numérica foram

reproduzidos os ensaios realizados por OLIVEIRA (2011) sem bolina e com bolina.

Além disso, seguindo a mesma linha dos ensaios, foram realizados dois ensaios

numéricos adicionais de decaimento com bolina para aprofundarmos o estudo da

influência do comprimento da bolina no amortecimento. As dimensões das bolinas dos

dois ensaios adicionais são mostradas na tabela 5.4.

Bolina Magnitude

(m)

b160 0.0213

b225 0.030

Antes de mostrar os resultados obtidos para as diferentes bolinas, discutimos os

resultados numéricos sem bolina. Neste caso, foram obtidas duas curvas de decaimento

em jogo. A primeira curva foi obtida levando-se em consideração a geometria exata do

modelo, ou seja, considerando-se o bojo do modelo. Infelizmente, não foi possível

reproduzir toda a curva experimental, por motivos de instabilidade do código numérico.

Uma possível explicação para a instabilidade numérica são as amplitudes do movimento

que são maiores neste caso, pois são pouco amortecidas e duram mais ao longo do

tempo, produzindo perturbações maiores no fluido e afetando fortemente as condições

do escoamento na fronteira do domínio físico. Isto significa que o tamanho do domínio

físico usado para a simulação não é suficientemente grande para que as perturbações

não atinjam a fronteira do domínio físico. Por falta de um maior tempo ao final do

Tabela 5.4-Comprimento das bolinas

Tabela 5.3-Comprimento das bolinas

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41

estudo não se pôde resolver o problema. Apesar disso, o resultado numérico obtido

mostra uma tendência aceitável em relação ao resultado experimental, ver Fig.5.5 (a).

Na segunda curva, não se considerou o bojo do modelo na simulação numérica, que foi

substituído por um canto vivo, ver Fig.5.5 (b). Neste caso, foi possível reproduzir toda a

curva experimental. Portanto, pode-se observar claramente que só pelo fato de ter um

canto vivo em vez do bojo, o amortecimento é muito maior.

(b)

Figura 5.5- Curvas de decaimento em jogo sem bolina: (a) simulação

numérica com bojo, (b) simulação numérica com canto vivo.

(a)

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42

A Fig.5.6 mostra os primeiros vórtices gerados no início do decaimento em jogo com

canto vivo, o instante de tempo de cada figura é a mesma mostrada na Fig.5.4. Dá para

perceber que o mecanismo de geração dos vórtices com canto vivo é o mesmo com

bolina.

A pesar de que o mecanismo de geração dos vórtices com bolina é com canto vivo são

iguais, o comportamento dos vórtices gerados ao final do decaimento são diferentes. Na

Fig. 5.7, para o caso com canto vivo, pode-se observar que os vórtices não são expulsos

nem afastados na direção de 45º como aconteceu com a bolina ao final do decaimento,

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.6- Mecanismo da geração dos vórtices com canto vivo

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43

ver Fig. 5.3 (f). No caso com canto vivo, os vórtices são expulsos e afastados para a

lateral e para o fundo do casco, mas sempre perto do canto vivo.

O mecanismo de geração dos vórtices no caso com bojo é mostrado na Fig.5.8, os

instantes de tempo analisados são os mesmos que se mostram na Fig. 5.4. Analisando

cuidadosamente, pode-se observar que o primeiro vórtice gerado, mostrado na Fig.5.8

(a), é formado pela contribuição da vorticidade positiva da camada limite da lateral

direita do casco e não do fundo do casco, como acontece para o casco com bolina. A

mesma lógica acontece com o segundo vórtice emitido, ou seja, o segundo vórtice é

gerado pela vorticidade negativa da camada limite do fundo do casco e não da lateral

direita do casco. Outra diferença interessante entre os dois casos é o fato de que a

geração do vórtice, para o casco com bojo, acontece somente quando o movimento de

balanço no sentido horário pára e inicia-se o movimento no sentido anti-horário, ver

Fig.5.8(a) e (b). Para o casco com bolina, a geração do vórtice ocorre durante todo o

movimento de balanço no sentido horário e pára quando o balanço muda para o sentido

anti-horário, ver Fig.5.4 (a) e (b). Por este motivo, o vórtice gerado pela bolina é maior

do que com bojo.

Figura 5.7-Comportamento dos vórtices gerados ao redor do canto vivo

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44

Os resultados numéricos da curva do decaimento em jogo obtidos para o FPSO com

bolina são mostrados na Fig.5.9. Estes resultados foram obtidos sem considerar o bojo

na simulação numérica, pois o gerador de malha usado não conseguiu reproduzir a

geometria considerando o bojo e a bolina. Um trabalho futuro será resolver este

problema.

Figura 5.8- Mecanismo da geração dos vórtices com bojo

(a) (b)

(c) (d)

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Figura 5.9- Curvas de decaimento em jogo

(b)

(d) (e)

(c)

(a)

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46

Tendo em vista o acima exposto, os resultados numéricos obtidos com bolina possuem

um efeito amortecedor adicional pelo fato de ter o canto vivo, ou seja, o canto vivo faz

com que a bolina fique mais afastada do centro de rotação do corpo oferecendo uma

maior oposição ao movimento. Esse comportamento é observado fortemente no

resultado obtido para a bolina b075, ver Fig.5.9(a). No caso dos resultados das bolinas

b120 e b180, ver Fig.5.9 (b) e (c), existe uma diferença na evolução do período e uma

boa concordância de amplitude entre os resultados experimentais e numéricos. Uma

possível explicação para a melhor concordância entre as amplitudes de decaimento

obtidas numericamente e experimentalmente para as bolinas b120 e b180 é que o

acréscimo da distância das bolinas ao centro de rotação causado pelo canto vivo não

influencia tanto como acontece para a bolina b075. Para entendermos melhor o descrito

acima, o canto vivo produz um afastamento da bolina b075 de 124.24% em relação ao

seu tamanho e um afastamento das bolinas b120 e b180 de 77.67% e 51.78%,

respectivamente. Em relação à diferença da evolução do período, característica que é

muito visível nas bolinas de maior comprimento, pode ser justificada pelo fato das

bolinas maiores produzirem na prática ondas de gravidade estacionárias na superfície

livre que podem alterar a massa adicional. O modelo numérico apresentado no presente

trabalho não considera a formação de ondas, pois a superfície livre é plana. A diferença

de massa adicional entre os resultados experimentais e numéricos para as bolinas mais

longas pode causar a diferença de período observada entre os dois resultados.

Em relação à Fig. 5.9(c), o ensaio numérico não pôde reproduzir o comportamento da

perda de amplitude súbita obtida no ensaio experimental. O motivo principal foram as

ondas irradiadas na superfície livre observadas nos ensaios experimentais para a bolina

mais longa e não consideradas no modelo numérico.

O comportamento do campo de pressão ao redor da bolina é mostrado no apêndice V.

Para melhor percepção da evolução do comportamento do campo de pressão, analisa-se

o campo de pressão considerando somente o bojo, o canto vivo e as bolinas b075 e

b225. O campo de pressão é somente analisado para os três extremos na primeira

oscilação. Observa-se que a variação da pressão acontece só no fundo do casco e ao

redor da bolina. No campo de pressão para o primeiro extremo, ver Fig.V.1-4, houve

um incremento da região de pressão desde o caso sem bolina até o caso com a bolina

maior. No entanto, o incremento não foi muito diferenciado. O que vale a pena ressaltar

é a variação da localização da região de maior pressão. Esta região, que no inicio foi

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mais focalizada no fundo do casco, caso com bojo, desloca-se para o extremo da bolina.

Isso significa que o braço de ação da força que se opõem ao movimento aumentou,

oferecendo assim uma maior oposição ao movimento. Esse comportamento se repete no

campo de pressão dos outros extremos, ver Fig.V.5-8 e Fig.V.9-12. O campo de pressão

no segundo extremo para os casos de canto vivo e as bolinas, ver Fig.V.6-8, pode-se

observar um ponto de baixa pressão. Este representa o centro do vórtice que está sendo

gerado nesse momento. Para o caso com bojo, não existe esse ponto de baixa pressão

porque o mecanismo de geração do vórtice é diferente, ver Fig.V.5. O campo de pressão

para o terceiro extremo, caso com bojo, ver Fig.V.9, oferece uma maior região de

pressão no fundo do casco em relação aos outros casos, ver Fig.V.10-12. Isso se deve

pela presença de vórtices gerados pelo canto vivo e pelas bolinas nessa região, ou seja,

os vórtices mudam o campo de pressão no fundo do casco.

Para percebermos a variação da magnitude dos vórtices gerados em relação ao

comprimento da bolina, a Fig.5.10 mostra os vórtices gerados para as bolinas b075,

b160 e b225. A figura mostra o primeiro vórtice gerado numa das bolinas no momento

exato em que ele é expulso. Pode ser visualizado que existe um incremento proporcional

da magnitude do vórtice com o comprimento da bolina. Deve-se lembrar que o vórtice é

gerado durante cada meia oscilação, isto significa que a magnitude do vórtice depende

também da amplitude com que inicia-se cada meia oscilação.

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A análise do amortecimento do decaimento em jogo, ver Fig.5.11, foi baseada usando o

coeficiente de amortecimento (zeta) de origem linear mostrado na Eq.5.1.

√ (5.1)

Fig. 5.10- Magnitude do primeiro vórtice gerado e expulso para as

bolinas: (a) b075, (b) b160 e (c) b225.

(a) (b)

(c)

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49

onde representa o decremento logarítmico entre duas oscilações sucessivas.

Fig. 5.11- Curvas de amortecimento para o ensaio de decaimento em jogo.

(d)

(b) (a)

(c)

(e)

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50

Observa-se que os ensaios reproduzidos numericamente apresentam um maior

amortecimento em amplitudes maiores em relação ao experimental. Para amplitudes

menores, os resultados numéricos e experimentais mantêm uma faixa de amortecimento

similar. No entanto, o amortecimento experimental nesta região apresenta maior

variação com o aumento do comprimento da bolina. Cabe ressaltar que os resultados

numéricos apresentam uma variação do amortecimento mais suave, apesar do

coeficiente de amortecimento ser sensível e dependente do decremento logarítmico da

amplitude.

Fig. 5.12- Evolução do amortecimento no agrupamento de ensaios; (a) resultado numérico,

(b) ampliação do resultado numérico Fig.5.12(a) retângulo inferior, (c) resultado

experimental de OLIVEIRA (2011).

(a) (b)

(c)

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Para uma análise da evolução do amortecimento segundo a bolina, a Fig. 5.12 mostra as

curvas de amortecimento numérico e experimental. Observa-se que o comportamento

das curvas de amortecimento numérico e experimental é igual, contudo, as curvas

experimentais ficam mais afastadas entre si. O resultado numérico para amplitudes

menores mostra que as curvas do amortecimento convergem para uma região definida.

Experimentalmente não se pode confirmar a veracidade desse comportamento, pois

segundo palavras textuais em OLIVEIRA (2011): “é impossível medir o coeficiente

linear do amortecimento com precisão para pequenos ângulos”. Vale ressaltar

novamente que a variação do amortecimento é mais suave no caso numérico, ver Fig.

5.12 (b). Além disso, o comportamento das curvas do amortecimento segundo o

comprimento da bolina é mantido quase até o final do decaimento, exceto para o caso da

bolina b180, ver Fig. 5.12 (b). O retângulo superior do resultado numérico, ver Fig.5.12

(a), confirma segundo OLIVEIRA (2011) a ocorrência da saturação do amortecimento

causada pela iteração destrutiva entre os vórtices iniciais. Todas as curvas de

amortecimento dos resultados numéricos apresentam uma mudança abrupta do

amortecimento antes de chegar à região de convergência discutida acima, ver Fig.12 (a)

e (b). O ponto onde acontece essa mudança abrupta do amortecimento observada na

curva do ensaio de decaimento em jogo indica onde a amplitude começa a diminuir

quase linearmente. Por isso, o amortecimento tem também um comportamento mais

linear após esse ponto, ver Fig.12 (b).

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52

Capítulo 6

Conclusões e Trabalhos Futuros

6.1 Geral

O código numérico desenvolvido neste trabalho baseado no método dos volumes finitos

usando o esquema TVD upwind de ROE(1984) e SWEBY(1984) foi implemetado para

a simulação do escoamento ao redor de uma seção de FPSO com bolina. O código

computacional foi validado para o escoamento ao redor de um cilindro e de uma seção

de FPSO com bolina. Os resultados obtidos têm boa concordância qualitativa e

quantitativa em relação a outros ensaios numéricos e experimentais, validando o código

numérico para o estudo do decaimento livre em jogo de um FPSO com bolina em duas

dimensões.

6.2 Conclusões

Resultados numéricos de interesse prático foram obtidos para o FPSO mostrando a

influência do comprimento da bolina no coeficiente de amortecimento. A seguir serão

apresentadas as conclusões mais relevantes deste trabalho.

O fato de ter um canto vivo em vez de um bojo no fundo do casco produz um

amortecimento considerável no movimento de balanço transversal.

O mecanismo de geração dos vórtices, para o caso com bojo e bolina são

totalmente diferentes. A bolina produz uma de emissão contínua de um

filamento de vorticidade ao longo de cada meia oscilação. Essa emissão de

vorticidade coalesce gerando o vórtice. No caso com bojo, a emissão da

vorticidade e a geração do vórtice acontecem somente no fim de cada meia

oscilação. Por este motivo, os vórtices gerados através da bolina são muito

maiores em relação ao casco com bojo.

A simulação numérica de FPSO confirma a existência da trilha de vórtices

Fernandes &Oliveira, ou seja, a emissão ordenada de vórtices na direção de 45°

da posição média da bolina, semelhante aos vórtices de Kármán na esteira do

escoamento ao redor do cilindro.

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53

O comprimento da bolina não só influencia o amortecimento, mas também a

massa adicional.

A bolina produz um deslocamento e um incremento da distribuição do campo de

pressão no fundo do casco em relação ao casco com bojo. Um comprimento

maior da bolina faz com que a região de alta pressão seja focalizada entre o

fundo do casco e o comprimento da bolina, produzindo um incremento no braço

de ação da força que se opõem ao movimento, oferecendo uma maior oposição

ao movimento.

A magnitude dos vórtices é dependente do comprimento da bolina e da

amplitude com que inicia-se cada meia oscilação.

Os resultados numéricos confirmam o aumento do amortecimento com o

comprimento da bolina, e a ocorrência da saturação do amortecimento causada

pela iteração destrutiva entre os vórtices iniciais descrita por OLIVEIRA (2011).

Mostra-se que a variação do amortecimento é mais suave para os resultados

numéricos. Para amplitudes menores, as curvas do amortecimento convergem

para uma região definida.

6.3 Trabalhos Futuros

Utilizando o código computacional desenvolvido para o estudo do decaimento em jogo

de FPSO, os seguintes trabalhos futuros são possíveis.

Refazer o estudo feito neste trabalho, mas considerando na geometria do FPSO o

bojo e observar sua influência no amortecimento.

Implementar no código numérico uma superfície livre deformável para realizar o

estudo do comportamento do balanço do navio para ângulos maiores.

Realizar um estudo de novas alternativas de bolina e sua influência no

amortecimento.

Implementar um gerador de onda numérico para o estudo do comportamento do

FPSO em ondas.

Desenvolver um código numérico em 3D baseado nas ferramentas

computacionais utilizadas no presente estudo.

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APÉNDICE I

GERAÇÃO DA MALHA

A malha utilizada no presente estudo foi desenvolvida por RAMIRO (2006) e

MILIANTE (2006). A discretização do espaço físico é feita pelo método de

triangularização de Delaunay. Em duas dimensões, três pontos definem uma

circunferência, portanto o elemento triangular é válido se não houver outro ponto dentro

da circunferência definida pelos vértices do elemento triangular. A Fig.I.1 mostra a

geração incorreta e correta de um elemento triangular.

Os pontos da malha são gerados aleatoriamente e quando esses pontos são aceitos, eles

recebem um número de identificação, conforme mostra a Fig.I.2.

Da mesma forma, a medida que os elementos vão sendo gerados, eles também recebem

um número de identificação, que é mostrado na Fig.I.2 entre colchetes. Para que uma

malha não estruturada possa ser utilizada para a solução de um escoamento, é necessário

o armazenamento de informações de conectividade dos pontos que formam cada

elemento da malha computacional e os elementos vizinhos a ele.

Figura I.1-Geração de um elemento triangular (a) Incorreta. (b) Correta.

1

2

3

1

2

3

4

(a) (b)

4

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59

As coordenadas e de cada ponto da malha são armazenadas em duas variáveis

indexadas e , onde é o índice identificador dos pontos da malha

computacional. Os pontos que são os nós que formam um determinado elemento são

armazenados em três variáveis indexadas e , onde é o índice

identificador de cada elemento. As variáveis indexadas são sempre localizadas ao redor

do elemento no sentido anti-horário, ver Fig.I.3. Os elementos vizinhos do elemento

com respeito a cada face são armazenadas em três variáveis indexadas

e . Eles são enumerados segundo os vértices do elemento

triangular oposto a eles, portanto, eles também mantêm um sentido anti-horário,

conforme mostra a Fig. I.3 Para simplificar a escrita no capítulo 3, o elemento vizinho

da face do elemento é representado pela letra

[2]

[5]

[9]

[12]

[8]

[11]

[16]

[25]

[19] [21]

[3]

[30]

[13]

}]

[7]

}]

[8]

}]

[4]

}]

[35]

}]

3 6

10

17

7

1

22

Figura I.2-Malha não Estruturada

2

3

1

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60

Para melhor entendimento sobre a tabela de conectividade, a Eq. (I.1) mostra a

informação que deve ser armazenada para o elemento da Fig.I.2, assumindo que

as variáveis são enumeradas segundo a numeração dos círculos.

(I.1)

O refinamento da malha ao redor do corpo se consegue através de um parâmetro que

controla a distância mínima de um ponto qualquer da malha ao corpo. Desta forma, a

quantidade de pontos na malha aumenta da fronteira externa do domínio físico ao corpo.

Apôs o refinamento, os pontos sofrem uma suavização em suas posições para melhorar

os aspecto dos triângulos.

Figura I.3-Esquema de Conectividade de uma Malha não Estruturada

i

fp3(i)

fp1(i)

fp2(i)

nei1(i)

nei3(i)

nei2(i)

x

y

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61

APÉNDICE II

ESQUEMA TVD UPWIND DE ROE-SWEBY

Em métodos numéricos, ao redor da vizinhança de gradientes altos, os esquemas

lineares de precisão alta produzem resultados com oscilações espúrias, mas usando

métodos monotônicos as oscilações espúrias não são geradas. Contudo, os métodos

monotônicos são no máximo de primeira ordem de precisão. Para resolver este impasse

a solução é construir métodos não-lineares. Esquemas baseados na redução de variação

total (TVD) formam parte desta classe de métodos.

Para construir esquemas TVD de alta precisão, usa-se um limitador de fluxo . A

função deste parâmetro é limitar o efeito dos gradientes altos na vizinhança de choques

e descontinuidades da solução, ou seja, em regiões suaves o limitador de fluxo constrói

um esquema de precisão maior ou igual à segunda ordem e em regiões descontinuas um

esquema de primeira ordem monotônico, detalhe maiores podem ser encontrados em

TORO (1999).

II.1 Aplicação do Esquema TVD upwind em equação escalar

Um resumo da metodologia para a solução numérica de uma onda quadrada usando o

esquema TVD upwind é apresentado nesta seção. Mostra-se na Eq.(II.1) a equação de

convecção linear .

(II.1)

onde é a quantidade escalar que se propaga com velocidade .

Para resolver a Eq.(II.1) ao longo do tempo utiliza-se o esquema conservativo explícito

mostrado na Eq.(II.2).

[ ] (II.2)

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62

O fluxo TVD de alta ordem é definido na Eq.(II.3), este é definido em termos de um

fluxo de alta ordem , um fluxo de baixa ordem

, ver Eq.II.4, e o limitador

de fluxo discutido acima, ver Eq.(II.5). Neste caso, o limitador de fluxo utilizado é o

Ultrabee, que é função do parâmetro , ver Eq.(II.6).

[

] (II.3)

| |

| |

(II.4)

{

| |

| |

| |

| |

| |

| |

(II.5)

onde

(II.6)

{

(II.7)

O resultado numérico para certo tempo t é mostrado na Fig.(II.1).

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63

Figura II.1–

Resultado numérico da solução da equação de convecção linear para uma onda

quadrada usando o Esquema de TVD upwind Roe &Sweby e o limitador de

fluxo Ultrabee, extraído de COMPUTATIONAL FLUID ( 2009).

II.2 Aplicação do Esquema TVD Upwind de Roe-Sweby no sistema de equações de

conservação

O esquema de Roe-Sweby aplicado a sistemas de equações de conservação é na

realidade o esquema TVD upwind que utiliza o método upwind de primeira ordem de

Godunov e o método de Lax-Wendroff de segunda ordem. No caso de sistemas de

equações de conservação, devemos transformar as equações do espaço físico ao espaço

de onda e aplicar o esquema de Roe-Sweby, onde os autovalores da matriz Jacobiana de

fluxo do sistema original são as velocidades de propagação das ondas. Desenvolvido o

esquema de Roe-Sweby no espaço de onda, transforma-se ao espaço físico. Para

entendermos melhor, o método é explicitado considerando as equações de Euler

compressíveis unidimensionais mostradas abaixo.

(II.8)

onde

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64

{

} {

} (II.9)

Aplica-se o esquema conservativo Eq.(II.2) à Eq.(II.8).

[

] (II.10)

Para achar o vetor de fluxo-TVD , a Eq.(II.8) deve ser transformada ao espaço de

onda. Para isso, a Eq.(II.8) é reescrita na forma da Eq.(II.11).

(II.11)

onde A é a matriz jacobiana de fluxo definida pela Eq.(II.12), e representam os

seus autovetores e autovalores, respectivamente. Na matriz, a variável é a razão dos

calores específicos, é a velocidade do som e a velocidade do escoamento.

[

]

(II.12)

Define-se a matriz T cujas colunas são os autovetores associados à matriz Jacobiana de

fluxo A. Pre-multiplicando o sistema de equações diferencias Eq.(II.11) por T-1

,

obtemos o sistema desacoplado no espaço de ondas mostrado abaixo.

(II.13)

ou seja

(II.14)

onde

(II.15)

ou ainda

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65

(II.16)

Agora temos três equações escalares de conservação desacopladas iguais àquela que foi

estudada na seção II.1, veja Eq.(II.1). Aplica-se o esquema conservativo, ver Eq.(II.2), a

cada equação k do sistema desacoplado.

[

] (II.17)

onde

(II.18)

O fluxo TVD é mostrado abaixo.

[

] (II.19)

onde

| |

| |

(II.20)

Substituindo a Eq.(II.20) na Eq.(II.19) obtemos

[| | (

| |

| |)]

(II.21)

Substituindo a Eq.(II.18) na Eq.(II.21), podemos reescrever a Eq.(II.21) na forma

matricial, ver Eq.(II.22).

(II.22)

onde a matriz é uma matriz diagonal com os seguintes elementos:

| | (

| |

| |) (II.23)

Pre-multiplicando a equação matricial Eq.(II.22) pela matriz T, resulta o seguinte:

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66

(II.24)

ou seja

(II.25)

O vetor de fluxo das equações de Euler é uma função homogênea de grau um do vetor

de variáveis conservadas, portanto, podemos obter o vetor de fluxo-TVD como

(II.26)

onde

(II.27)

A matriz mostrada na Eq.(II.26) é calculada na face i+1/2, portanto, a matriz T é

obtida na face i+1/2 assim como os elementos da matriz , ver Eq.(II.23). Por isso, a

matriz jacobiana de Fluxo A, ver Eq.(II.12), na face i+1/2, é avaliada pela média

aritmética dos valores das propriedades dos elementos i e i+1.

O limitador de fluxo usado neste caso é o limitador de Vanleer, veja Eq.(II.28), e

deve ser obtido para cada equação k no espaço de onda em função do parâmetro r, ver

Eq.(II.29).

{

(II.28)

{

(II.29)

Para acharmos as diferenças escalares das variáveis entre os elementos i+1 e i para

cada k-ésima equação de onda na Eq.(II.29),aplica-se a Eq.(II.30).

(II.30)

Calcula-se da mesma forma as demais diferenças das variáveis da Eq.(II.29).

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67

APÊNDICE III

MODIFICAÇÕES DA METODOLOGIA

USADA PARA O ESCOAMENTO AO REDOR

DO CILINDRO

III.1 Equações levemente compressíveis

No caso do escoamento ao redor do cilindro, não consideramos a superfície livre. Para

este caso, os vetores de fluxo inviscido são definidos pela Eq.(III.1).

{

} {

} (III.1)

O vetor de variáveis conservadas e os vetores de fluxo viscosos, e são

definidos pela Eq.(2.13).

A posição do cilindro dentro do escoamento é fixa. Isso significa que a malha não se

deforma e o volume de cada elemento não muda ao longo do tempo. Por essa razão, o

símbolo da derivada temporal da Eq.(2.17) pode passar para fora do sinal de integração.

Neste caso, a equação que governa o método dos volumes finitos é mostrada na

Eq.(III.2).

(III.2)

onde é definido pela Eq.(2.21) e V o volume do elemento finito.

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68

III.2 Esquema Numérico

O esquema numérico mostrado na Eq.(3.9) é substituída pela Eq.(III.3).

∑ [( )

( )

]

(III.3)

III.3 Discretização do Fluxo Inviscido

A formulação da discretização do fluxo inviscido da Eq.(3.13) é reduzida à Eq.(III.4)

devido que os termos da deformação da malha já não são considerados.

( )

[ ]

[ ]

( )

(III.4)

Agora a matriz jacobiana de fluxo e definida pela Eq.(III.5).

( )

[

] (III.5)

onde a variável é definida pela Eq.(III.6)

(III.6)

Numa primeira etapa do estudo com o cilindro, as propriedades do fluido nas faces do

elemento foram calculadas pela Eq.(3.19), mas, os resultados não foram satisfatórios,

para obter melhores resultados se realizou uma nova aproximação. Primeiro se acha as

propriedades nas fases do elemento segundo a Eq.(3.19) reescrita na Eq.(III.7).

(III.7)

Calcula-se as derivadas das propriedades no centróide do elemento de acordo com as

Eq.(III.8).

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69

|

|

|

|

|

|

(III.8)

Logo, as propriedades nas faces com respeito ao elemento i são calculadas pela

Eq.(III.9)

| ( )

|

( )

| ( )

|

( )

| ( )

|

( )

(III.9)

onde o ponto é o ponto médio da f do elemento i , e o ponto representa

o centróide do elemento i.

Lembrando que uma mesma face f é compartilhada por dois elementos, acham-se do

mesmo jeito as propriedades nesta face, mas agora com respeito ao elemento vizinho j

do elemento i. Finalmente, a aproximação das novas propriedades na face f é calculada

pela Eq.(III.10).

(III.10)

III.4 Discretização do Fluxo Viscoso

O Fluxo viscoso segue discretizado pela Eq.(3.24). As derivadas das propriedades no

centróide são aproximadas pela Eq.(3.25), mas, usando como propriedades nas faces as

propriedades achadas na Eq.(III.10).

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70

III.5 Condições iniciais e de contorno

As condições iniciais do escoamento ao redor do cilindro são dadas pela Eq. (III.11)

(III.11)

onde M é o número de Mach com valor igual a 0.2.

As condições de contorno na fronteira esquerda, superior e inferior do domínio físico,

Fig.(4.2), são iguais as condições iniciais do escoamento, Eq.(III.11). As condições de

contorno na fronteira direita são mostradas na Eq.(III.12).

(III.12)

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71

APÊNDICE IV

DINÂMICA DOS VÓRTICES GERADOS AO

REDOR DA BOLINA DE FPSO NA

SIMULAÇÃO DO ENSAIO DE PINHEIRO

O comportamento dos vórtices gerados no início das primeiras oscilações do FPSO é

ploteado na Fig.IV.1 até a Fig.IV.13 . O comportamento final dos vórtices é mostrado

na Fig.IV.14 até a Fig.IV.16.

Figura.IV.1 Figura.IV.2

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72

Figura.IV.3

Figura.IV.4

Figura.IV.5

Figura.IV.6

Figura.IV.7

Figura.IV.8

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73

Figura.IV.9

Figura.IV.10

Figura.IV.11

Figura.IV.12

Figura.IV.13

Figura.IV.14

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74

Figura.IV.15

Figura.IV.16

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75

APÊNDICE V

CAMPO DE PRESSÃO AO REDOR DE FPSO

Figura.V.1

Figura.V.2

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76

Figura.V.3

Figura.V.4

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77

Figura.V.5

Figura.V.6

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78

Figura.V.7

Figura.V.8

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79

Figura.V.10

Figura.V.9

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80

Figura.V.11

Figura.V.12