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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA CINTHIA CRISTINA FONSECA COELHO ESTUDO DO PROCESSO DE ROSQUEAMENTO INTERNO POR CONFORMAÇÃO E USINAGEM USANDO DIFERENTES TIPOS DE CABEÇOTES ROSQUEADORES E SISTEMAS DE LUBRIRREFRIGERAÇÃO São João del-Rei, Dezembro de 2017

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA … 2017... · sistema de MQL produziu os menores valores de torque Mz independentemente do tipo de processo. Por outro lado, o uso de emulsão

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

CINTHIA CRISTINA FONSECA COELHO

ESTUDO DO PROCESSO DE ROSQUEAMENTO INTERNO POR

CONFORMAÇÃO E USINAGEM USANDO DIFERENTES TIPOS DE

CABEÇOTES ROSQUEADORES E SISTEMAS DE LUBRIRREFRIGERAÇÃO

São João del-Rei, Dezembro de 2017

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

CINTHIA CRISTINA FONSECA COELHO

ESTUDO DO PROCESSO DE ROSQUEAMENTO INTERNO POR

CONFORMAÇÃO E USINAGEM USANDO DIFERENTES TIPOS DE

CABEÇOTES ROSQUEADORES E SISTEMAS DE LUBRIRREFRIGERAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado da Universidade Federal de São

João del-Rei como requisito para a obtenção

do título de Mestre em Engenharia Mecânica.

Área de Concentração: Materiais e

Processos de Fabricação.

Orientador: Prof. Dr. Lincoln Cardoso

Brandão.

São João del-Rei, Dezembro de 2017

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ESTUDO DO PROCESSO DE ROSQUEAMENTO INTERNO POR

CONFORMAÇÃO E USINAGEM USANDO DIFERENTES TIPOS DE

CABEÇOTES ROSQUEADORES E SISTEMAS DE LUBRIRREFRIGERAÇÃO

Autor: Cinthia Cristina Fonseca Coelho

Orientador: Prof. Dr. Lincoln Cardoso Brandão

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

São João del-Rei, 07 de dezembro de 2017

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AGRADECIMENTOS

aos meus familiares, pelo apoio constante e incondicional;

ao meu orientador Prof.° Dr. Lincoln C. Brandão, pela relação de confiança e companheirismo

durante todo o tempo;

ao meu marido Juarez Neto e minha filha Isadora, pelo carinho e força nos momentos difíceis;

aos meus grandes amigos e profissionais da empresa Magneti Marelli;

aos professores Dr. Frederico Ozanan e Dr. Sandro Silva pela presença na banca examinadora e

críticas construtivas elaboradas;

aos alunos do curso de Engenharia Mecânica da UFSJ pela ajuda durante os experimentos;

meus mais sinceros agradecimentos.

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Sumário Lista de Figuras 7

Lista de Tabelas 9

RESUMO 10

ABSTRACT 11

INTRODUÇÃO 12

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16

1.1 Rosqueamento externo 20

1.2 Rosqueamento interno 27

1.3 Sistemas de Fixação 36

1.3.1 Cabeçote com compensação axial 37

1.3.2 Cabeçote Softsyncro 40

1.3.3 Cabeçote auto reversor 41

1.4 Sistemas de Lubrirrefrigeração 43

1.5 Planejamento experimental 46

2 MATERIAIS E MÉTODOS 49

2.1 Ferramentas 49

2.2 Material 50

2.3 Centro de Usinagem 51

2.4 Equipamentos 52

2.5 Cabeçotes rosqueadores 53

2.6 Planejamento estatístico e experimental 53

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS 56

3.1 Torque obtido nos testes experimentais 56

3.2 Força axial obtida nos testes experimentais 57

3.3 Análise estatística dos resultados experimentais 59

3.4 Discussão dos resultados experimentais 67

4 CONCLUSÕES 78

5 REFERÊNCIAS 79

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Lista de Figuras

Figura 1. Geometria do perfil de rosca de acordo com a NBR ISO 724 (ABNT, 2004) .... 18

Figura 2. Detalhes geométricos dos perfis de rosca (SANDVIK, 2010). ............................ 19

Figura 3. Detalhe geométrico do ângulo de hélice () (SANDVIK, 2010) ........................ 19

Figura 4. Torneamento externo de roscas (Adaptado de Sandvik, 2010) ........................... 20

Figura 5. Detalhe do processo de rosqueamento externo com cossinetes ........................... 22

Figura 6. Detalhe do processo de rosqueamento externo por turbilhonamento (Adaptado de

Sandvik, 2010) ..................................................................................................................... 22

Figura 7. Detalhe do processo de roscamento externo com fresas de rosca (Adaptado de

Kennametal, 2017)............................................................................................................... 23

Figura 8. Processo de laminação de rosca; a) cabeçote com dois rolos laminadores (Fette,

2017) e b) pentes laminadores (Wiesenfeld, 2015) ............................................................. 24

Figura 9. Rosqueamento interno com macho de corte (Kisos, 2017).................................. 28

Figura 10. Rosqueamento interno com macho laminador (Emuge-Franken, 2010) ........... 29

Figura 11. Fresamento interno de roscas (Emuge-Franken, 2010)...................................... 29

Figura 12. Etapas do processo de fresamento de roscas (CARLA ARAUJO et al., 2006) . 30

Figura 13. Detalhe dos perfis de rosca com machos laminadores; a) Rosca produzida sem

cabeçote de compensação axial e b) Rosca produzida com cabeçote de compensação axial

Oliveira (2016) .................................................................................................................... 37

Figura 14. Cabeçote com sistema de compensação axial (Sanches Blanes, 2017) ............. 39

Figura 15. Cabeçote com sistema de compensação axial e radial (Sanches Blanes, 2017) 40

Figura 16. Cabeçote com sistema SofSyncro (Emuge Franken, 2010) ............................... 40

Figura 17. Cabeçote com sistema auto reversível (Sanches Blanes, 2017) ......................... 41

Figura 18. Macho de corte empregado nos testes experimentais (Emuge Franken, 2010) . 49

Figura 19. Macho laminador empregado nos testes experimentais (Emuge Franken, 2010)

............................................................................................................................................. 50

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Figura 20. Detalhe do corpo de prova usado nos experimentos (Fonte: autoria própria) ... 51

Figura 21. Centro de usinagem usado nos experimentos (Fonte: Autoria própria) ............. 52

Figura 22. Modelo do Dinamômetro usado nos experimentos (Kistler, 2017) ................... 52

Figura 23. Detalhe do sistema de fixação nos testes experimentais .................................... 54

Figura 24. Gráfico comparativo dos Momentos Mz para velocidade de 27 m/min (Fonte:

Autoria própria) ................................................................................................................... 57

Figura 25. Gráfico comparativo das Forças Axiais Fz para velocidade de 27 m/min (Fonte:

Autoria própria) ................................................................................................................... 59

Figura 26. Gráfico de efeitos principais para o torque (Fonte: autoria própria) .................. 62

Figura 27. Gráfico de efeitos principais para a força de avanço (Fonte: autoria própria) ... 62

Figura 28. Gráfico de efeitos principais para o tempo (Fonte: autoria própria) .................. 63

Figura 29. Gráfico de Interação de dois fatores para o torque; a)Lubrificação*Cabeçote;

b)Lubrificação*Processo; c)Lubrificação*Velocidade e d)Cabeçote*Processo) ................ 65

Figura 30. Gráfico de Interação de dois fatores para a força axial; a)lubrificação*Cabeçote

e b)Cabeçote*Processo) (Fonte: Autoria própria) ............................................................... 65

Figura 31. Gráfico de Interação de dois fatores para o tempo; a)Lubrificação*Cabeçote e

b)Cabeçote*Velocidade) (Fonte: Autoria própria) .............................................................. 66

Figura 32. Gráfico de Interação de três fatores para força axial

(Lubrificação*Cabeçote*Processo) (Fonte: Autoria própria) ............................................. 67

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Tipos de Planejamentos, caracterização, aplicação, estrutura e informações

obtidas .................................................................................................................................. 47

Tabela 2. Propriedades químicas da liga Al 7075-T651 ..................................................... 50

Tabela 3. Parâmetros de entrada estudados e seus respectivos níveis ................................. 54

Tabela 4. Esquema dos blocos utilizados para cada experimento. ...................................... 55

Tabela 5. Análise de variância para os valores de torque Mz [N.m], força axial Fz [N] e

tempo [s] (Fonte: Autoria própria) ...................................................................................... 60

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Coelho, C. C. F. Estudo do processo de rosqueamento interno por conformação e usinagem

usando diferentes tipos de cabeçotes rosqueadores e sistemas de lubrirrefrigeração.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São João del-Rei, São João del-Rei,

2017.

RESUMO

O rosqueamento está presente em todos os processos de fabricação industriais modernos.

Roscas internas ou externas são manufaturadas para permitir uma perfeita e precisa

montagem de componentes mecânicos. Da fabricação de parafusos comerciais empregados

em fixações, passando por fusos para transmissão de movimentos, parafusos micrométricos

de instrumentos de medição até os parafusos empregados em implantes dentários e ósseos.

O perfil roscado está sempre presente na vida moderna. Considerando os processos de

fabricação de roscas internas e externas, pode-se definir que existem basicamente os

processos de laminação de roscas e de usinagem de roscas. Os processos de rosqueamento

internos têm suas particularidades para a geração do perfil de rosca e necessitam de estudos

frequentes devido ao surgimento constante de novos materiais. Considerando a dinâmica

do processo de rosqueamento interno, os cabeçotes rosqueadores e os sistemas de

lubrirrefrigeração tem grande importância na qualidade e tempo de produção de roscas.

Este trabalho foi desenvolvido com o foco no processo de rosqueamento interno de roscas

M10 com passo de 1,5 mm na liga de Alumínio 7075-T6 empregando três cabeçotes

rosqueadores diferentes e dois sistemas de lubrirrefrigeração. O torque e a força de avanço

nos processos de corte e laminação foram comparados empregando-se um dinamômetro

Kistler modelo 9272. Os resultados mostram que o rosqueamento com aplicação do

sistema de MQL produziu os menores valores de torque Mz independentemente do tipo de

processo. Por outro lado, o uso de emulsão gerou os menores valores de força axial Fz. O

comportamento dos esforços de rosqueamento, torque Mz e força axial Fz, foram inversos

para os cabeçotes de rosqueamento empregados, entretanto, o cabeçote de Emuge foi o que

apresentou um comportamento intermediário com valores médios. O processo de

rosqueamento por laminação apresentou os maiores esforços de torque Mz e força axial Fz

quando comparado com o rosqueamento por usinagem. A variação da velocidade de corte

e/ou laminação interferiu no torque Mz e na força axial Fz, nos dois processos de

rosqueamento, e produziu os maiores valores tanto para o torque Mz como para a força

axial Fz quando foram empregados os menores valores de velocidade.

Palavras-chave: Usinagem de Roscas, Conformação de Roscas, Torque, Força axial.

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Coelho, C. C. F. Study of tapping process by forming and machining using different

threading heads and cooling/lubrication sistems. Thesis (Master Degree) – Federal

University of São João del-Rei, São João del-Rei, 2017.

ABSTRACT

Threading is present in all modern industrial manufacturing processes. Internal or external

threads are manufactured to allow a perfect and precise assembly of mechanical

components. From the manufacture of commercial screws used in fastening, through

spindles for transmission of movements, micrometric screws of measuring instruments to

the screws used in dental and bone implants the threaded profile is always present in

modern life. Considering the manufacturing processes of internal and external threads, it

can be defined that there are basically the forming and machining processes. The tapping

processes have their peculiarities for thread profile generation and require frequent studies

due to the constant appearance of new materials. Considering the dynamics of the tapping

process, the threading heads and the cooling/lubrication systems have great importance in

the quality and time of thread production. This work was developed with the focus on the

tapping process of M10 threads with 1.5 mm pitch in the 7075-T6 Aluminum alloy using

three different threading heads and two cooling/lubrication systems. The torque and thrust

force in forming and machining tapping were compared using a Kistler dynamometer

model 9272. The results showed that tapping process with application of the MQL system

produced the smallest Mz torque values independently of the type of tapping process. On

the other hand, the use of emulsion generates the lowest Fz thrust force values. The

behaviour of Mz torque and Fz thrust force were inverse for the threading heads used,

however, the Emuge threading head was the one that presented an intermediate behavior

with average values. The forming tapping process showed the greatest Mz torque and Fz

thrust force values when compared to cutting tapping. The variation of cutting and/or

forming speed interfered on the Mz torque and Fz thrust force for both threading processes

and produced the highest values Mz torque and Fz thrust force when the lowest speed

values were applied.

Keywords: Machning tapping, Forming Tapping, Torque, Thurst Force,

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INTRODUÇÃO

Desde a revolução industrial os processos de manufatura vêm sendo constantemente

otimizados com o objetivo de redução de tempos, custos, melhoria de ferramentas,

concepção de máquinas e dispositivos mais robustos e precisos, entre outros. Todos estes

esforços, por parte de pesquisadores, engenheiros e operários de chão de fábrica, têm como

foco a melhoria da qualidade dos produtos. Todos os processos de manufatura atuais como,

por exemplo, torneamento, fresamento, furação, brocheamento, rosqueamento, retificação,

entre outros, são estudados em cada detalhe para que se possa aumentar produtividade com

redução de custos e tempos.

Dentre os processos de manufatura, o rosqueamento é um dos processos mais

amplamente empregados na indústria moderna. Pode-se considerar, basicamente, que a

maior parte dos componentes industriais apresentam regiões roscadas com o objetivo de

fixação de dois ou mais componentes ou a movimentação linear de peças com precisão. De

um simples instrumento de medição como o micrômetro até os modernos fusos de esferas

recirculantes, o uso de regiões roscadas está fortemente presente no cotidiano industrial.

Deve-se considerar que roscas são peças relativamente simples que são formadas por

sulcos em peças ou regiões mecânicas geralmente com formato circular, em alto ou baixo

relevo, sendo estas peças denominadas parafusos, quando esses sulcos são formados na

superfície externa e porcas quando os sulcos são formados na superfície interna de um

furo. Desde a sua concepção como produto industrial, roscas têm sido aplicadas nas mais

diversas opções na vida moderna dos homens e mulheres.

O processo de rosqueamento é um dos processos mais simples e rápido de ser

realizado, sendo um dos processos de manufatura que mais agrega valor no componente

industrial. Na linha de produção industrial os perfis de rosca internos, por exemplo, são os

últimos a serem realizados, pois na sequencia os componentes industriais já são

direcionados para as linhas de montagem de outros componentes. Isto demonstra que

sempre deve haver uma grande preocupação com a qualidade, resistência e tolerâncias dos

perfis de roscas que estão sendo produzidos.

Considerando o processo de produção de roscas, Badami; Hege; Patterson (2003)

afirmam que para o processo de rosqueamento existem apenas duas técnicas de produção

que são a usinagem e laminação dos perfis de rosca. Entretanto, a configuração e

ferramental de cada processo são completamente diferentes. Na prática o processo de

rosqueamento por usinagem, como o próprio nome já diz, provoca o corte e gera a

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remoção do material da região do perfil de rosca transformando este volume removido. Por

outro lado, no processo de laminação de roscas, existe uma movimentação do volume de

material na região de trabalho que gera a formação de um filete de rosca sem remoção de

cavaco.

Estas questões sobre a formação de cavaco são tópicos importantes de serem

discutidos nas pesquisas sobre manufatura, pois o cavaco tem a função de retirar a maior

parte do calor gerado no processo de usinagem (SHAW, 2010). Porém, no caso do

processo de rosqueamento o mesmo fica retido dentro do furo até a total remoção do

macho de corte. Além disso, boa parte do cavaco gerado no processo de rosqueamento

ainda fica retida dentro do furo sendo retirada em oper ações posteriores de limpeza.

Como processo alternativo temos o rosqueamento por laminação que não gera

cavacos e elimina esta etapa posterior de limpeza que provoca aumento de tempos de

produção. Entretanto, segundo Frometin et al. (2005) e Carvalho et al. (2012) o processo

de laminação de roscas apresenta alguns pequenos defeitos como, por exemplo, perfis de

rosca incompletos, principalmente na região da crista da rosca, que tem tornado a sua

aceitação nas linhas de produção mais resistente.

Pode-se considerar que o conhecimento sobre ambos os processos por rosqueamento

ainda são limitados. Não existem estudos exatos que comparam, por exemplo, a

resistências das roscas com base nestes pequenos defeitos citados anteriormente. Além

disso, todos os materiais podem ser roscados com machos de corte e serem produzidas

roscas com boa qualidade . Por outro lado, o processo de laminação de rosca apresenta um

fator limitante que é a ductilidade dos materiais. Praticamente, torna-se impossível a

fabricação de roscas em materiais endurecidos.

Conforme comentado anteriormente, o processo de rosqueamento é extremamente

rápido, primeiro pelo fato das regiões roscadas serem fabricadas em furos com

comprimentos de no mínimo 1,5 vez o diâmetro do furo. Para uma rosca M10 tem-se, por

exemplo, um comprimento padronizado mínimo 15 mm, mas com um limitante de

comprimento em função de geometria da peça que se deseja fabricar. Por outro lado, o

avanço da ferramenta, que é proporcional ao passo é alto comparado a outros processos,

provoca um deslocamento extremamente rápido para a ferramenta.

Todos estes fatores influenciam diretamente nos tempos de produção de roscas

internas ou externas, sejam produzidas por rosqueamento por usinagem ou por

rosqueamento por laminação. Outros fatores que devem ser levados em conta é o sistema

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de lubrirrefrigeração que tem influência direta na qualidade do perfil de rosca. Segundo

Ribeiro Filho et al. (2017) os sistemas de MQL apresentam grande eficiência considerando

a economia de óleo e a lubrificação da região de corte ou laminação de perfis roscados.

Entretanto, existe uma grande dificuldade de aplicar corretamente o fluido por MQL na

região de rosqueamento devido ao fato desde estar na forma de pequenas gotículas.

Basicamente, considerando-se o uso de sistemas de lubrirrefrigeração o que se deseja

no processo de rosqueamento é aumentar a lubricidade na região de interface

material/ferramenta, pois a temperatura do processo de rosqueamento é muito alta

considerando o fluxo de calor inserido no processo, a dimensão da seção usinada é muito

pequena e o tempo de fabricação das roscas é relativamente alto (BRANDÃO, COELHO;

LAURO; 2011), este aumento de lubricidade diminui o atrito e pode interferir diretamente

nos esforços de fabricação no processo de rosqueamento.

Além dos sistemas de lubrirrefrigeração, os cabeçotes rosqueadores são dispositivos

essenciais para a fabricação de roscas. Estes dispositivos são projetos para compensarem

os esforços de torque, quando estes atingem o limite máximo do cabeçote com o objetivo

de evitar a quebra das ferramentas. Outra compensação necessária é a axial que permite

manter o sincronismo do avanço com a rotação da ferramenta, evitando que o perfil de

rosca se deforme durante o processo.

Atualmente, existem diversos modelos e tamanhos de cabeçotes rosqueadores, mas a

correta aplicação destes dispositivos segue padrões definidos pelos fabricantes. Entretanto,

considerando as disponibilidades de materiais na indústria metal/mecânicas e a evolução

das ferramentas, os estudos com foco na definição de qual sistema de lubrificação,

cabeçote rosqueador e valor de velocidade de corte e/ou laminação é mito amplo gerando

uma matriz de opção com diversas respostas.

Dessa forma, estudos que vista a otimização dos processos de rosqueamento ainda

são modestos e precisam ser ampliados com pesquisas que sejam completas e que

englobem todos estes parâmetros de processo e suas influencias sobre os esforços de

fabricação das roscas. Portanto, o foco deste trabalho está direcionado para um estudo com

diferentes cabeçotes rosqueadores, dois sistemas de lubrirrefrigeração e com dados de

processo que estão inseridos dentro da faixa de velocidades de corte e/ou laminação

recomendada pelo fabricante.

Assim, este trabalho está dividido em seis capítulos incluindo as referências que são

explicados de forma resumidamente abaixo.

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Introdução: este capítulo visa contextualizar o tema em questão que é o processo de

rosqueamento e sua importância para o setor produtivo

Revisão Bibliográfica: neste capítulo são apresentados os principais tipos de

processos de rosqueamento com suas variantes do processo de usinagem e laminação, os

diferentes tipos de cabeçotes e o uso de sistemas de resfriamento;

Metodologia: nesta etapa são apresentados todos os equipamentos empregados nos

testes experimentais, como cabeçotes, ferramentas, centro de usinagem, e as estratégias de

condução dos experimentos;

Analise dos resultados: neste capítulo são apresentados os gráficos de tabelas

demonstrando o comportamento de cada teste realizado durante os processos de

rosqueamento por usinagem e por laminação.

Conclusões: neste capítulo estão apresentadas as principais conclusões obtidas neste

trabalho;

Referencias: neste capítulo são apresentadas as principais referências utilizadas para

contextualizar todo o trabalho.

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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Roscas são sulcos em peças mecânicas geralmente com formato circular, em alto ou

baixo relevo, sendo estas peças denominadas parafusos, quando esses sulcos são formados

na superfície externa e porcas quando os sulcos são formados na superfície interna de um

furo. Embora a data exata da invenção das roscas mecânicas ainda permaneça indefinida,

atribui-se ao filósofo e matemático pitagórico Arquitas de Tarento a invenção das roscas

mecânicas (ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA DO BRASIL, 1992).

Desde a sua concepção como produto industrial, roscas têm sido aplicadas nas mais

diversas opções na vida moderna dos homens e mulheres. Da mais simples fixação de um

quadro em uma parede por um sistema parafuso/bucha até os mais complicados

componentes mecânicos como motores de combustão, peças de navios e aviões até

componentes de máquinas, as roscas estão presentes no cotidiano e chegam a passar

despercebidas devido a sua natureza simples, ou podem gerar grandes preocupações devido

a sua responsabilidade de fixação.

Pode-se afirmar que existem quatro características básicas que devem ser

consideradas no projeto de uma rosca, sendo essas características; o material que é feito a

rosca, o tamanho do perfil de rosca considerando seu comprimento e seu diâmetro, o

número de filetes que serão fabricados em um determinado comprimento podendo serem

medidos em milímetro ou polegada e finalmente a espessura do filete ou sulco,

denominadas tecnicamente de roscas finas ou roscas grossas.

Cada uma dessas aplicações de rosca tem um direcionamento especial que a torna

mais ou menos importante ou mais ou menos difícil de ser fabricada. Da fabricação de

roscas externas em liga de titânio conforme estudado por Teixeira (2017) empregando

processos de laminação para aplicações especiais. Ou sendo estudada em ferro fundido

conforme Pereira (2010) para aplicação nos tradicionais blocos de motores de automóveis,

as roscas e regiões roscadas tem sempre sido estudadas melhoradas e pensadas de forma

que, possam ser manufaturadas mais rápido com mínimos erros e máxima qualidade.

Segundo a NBR ISO 724 (ABNT, 2004) os filetes das roscas apresentam perfis

específicos com geometrias bem definidas, sendo que que esses perfis devem apresentar

uma uniformidade, e são eles que denominam o tipo de rosca e definem sua aplicação.

Existem basicamente os seguintes perfis das roscas padronizados:

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Rosca triangular: são normalmente empregadas em parafusos e porcas de fixação

na união de componentes mecânicos. O exemplo mais simples e mais comum exemplo

seria a fixação da roda do carro;

Rosca trapezoidal: são fabricadas para serem empregadas em parafusos que

transmitem movimento em máquinas e equipamentos específicos. Pode-se citar neste caso

com exemplo prático o fuso de tornos mecânicos;

Rosca redonda: são roscas de aplicação específicas e usadas em parafusos de

grandes diâmetros sujeitos a grandes esforços de fixação. O exemplo mais clássico e de

aplicação mais comum são os equipamentos ferroviários;

Rosca quadrada: o desenvolvimento deste tipo rosca é para a aplicação em

parafusos que são submetidos a grandes esforços de tração e/ou impacto. Pode-se citar

neste caso os parafusos de prensas mecânicas e morsas de bancada;

Rosca dente de Serra: os parafusos que empregam este tipo de rosca são

desenvolvidos para exercerem esforço apenas em um sentido. O exemplo mais clássico são

os macacos de catraca.

Considerando a aplicação de roscas, os dois tipos mais utilizados são o sistema

métrico e o sistema em polegada que denominam esses tipos de roscas. Segundo a NBR

ISO 724 (ABNT, 2004), os perfis de rosca métrica apresentam um ângulo de 60 graus e o

perfil de rosca em polegada apresentam um ângulo de 55 graus. Estes perfis são os mesmos

quando se consideram os perfis de rosca fina, porém para roscas finas o passo da rosca

métrica é menor e no caso das roscas em polegada o número de fios em um comprimento

de uma polegada é maior.

Com base ainda na geometria dos filetes, as roscas podem ser divididas em roscas

esquerda e direita que variam conforme o sentido da inclinação da hélice do perfil das

roscas. A aplicação do tipo de rosca direita ou esquerda dependerá principalmente da

fixação do elemento mecânico que se pretende unir, pois roscas esquerdas são empregadas

em sistemas rotativos, onde mantendo-se o sentido do giro do equipamento, normalmente

com rotação no sentido horário, a montagem ficará sempre fixada com o mesmo torque de

aperto, sem riscos de soltura das partes móveis durante o funcionamento.

Como exemplo prático da aplicação de roscas esquerdas estão as porcas de apertos

de rebolos abrasivos nos eixos de moto esmeril, sendo que de um lado de fixação do rebolo

a rosca é direita e do outro lado a rosca é esquerda. Este tipo de montagem se faz

necessário para melhorar a confiança da fixação do rebolo ao eixo, pois o aperto deste

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sempre será no sentido contrário do giro do eixo, permitindo assim uma fixação maior sem

probabilidade da soltura do rebolo quando submetido ao trabalho de retificação de peças.

A Figura 1 mostra o perfil básico de uma rosca com uma montagem entre rosca

externa (parafuso) e interna (porca ou furo roscado) conforme a NBR ISO 724 (ABNT,

2004). Observa-se o formato triangular, que pode ser considerado para uma rosca métrica

(60º) ou para uma rosca em polegadas (55º). Na parte superior da rosca externa (parafuso)

nota-se uma pequena região reta e no fundo do filete da rosca interna (porca) uma região

arredondada que tem a função de garantir o movimento das partes durante o rosqueamento

sem interferência.

Figura 1. Geometria do perfil de rosca de acordo com a NBR ISO 724 (ABNT, 2004)

Considerando-se o perfil isolado de uma rosca podemos ainda avaliar que o mesmo

tem três regiões distintas a saber; raiz/inferior que é a superfície inferior que une dois

flancos adjacentes da rosca (Região 1), flanco/lateral que é a lateral da superfície da rosca

que conecta a crista e a raiz (Região 2) e a crista/superior que é a superfície superior que

une os dois lados ou flancos (Região 3). Esta três regiões estão representadas na Figura 2

(SANDVIK, 2010).

Pode-se observar a responsabilidade que existe na fabricação de um perfil de rosca,

que aparentemente parece simples, mas é enorme. Nota-se que existe a necessidade da

construção de concordância entre dois arcos, crista e base da rosca, com duas linhas

inclinadas que formam o perfil padrão de rosca que pode ser métrico ou polegada

conforme citado anteriormente. Além disso, toda esta geometria ainda tem uma inclinação

baseada no ângulo de hélice da rosca. E para finalizar existe ainda a necessidade da

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calibração de montagem colocando os diâmetros internos e externos dentro de tolerâncias

rígidas que permitam a montagem de peças internas e externas.

P = passo em mm para roscas métricas ou fios por

polegada (f.p.p.) para roscas whitworth;

= ângulo do perfil 60º para roscas métricas e 55º para

roscas whitworth;

= ângulo de hélice da rosca;

d / D = diâmetro principal, externo/interno;

d1 / D1 = diâmetro secundário, externo/interno;

d2 / D2 = diâmetro do passo, externo/interno;

Figura 2. Detalhes geométricos dos perfis de rosca (SANDVIK, 2010).

O ângulo de hélice de uma rosca () é a inclinação do perfil da rosca do parafuso

sendo baseado nos diâmetros do passo da rosca diâmetro interno (d2), diâmetro externo

(D2), e o passo (P). Pode-se considerar de forma prática que esta medida pode ser

representada por um triângulo sendo desenrolado de uma peça cilíndrica. Nota-se que o

mesmo passo em diâmetros diferentes propicia um ângulo de hélice diferente (diâmetros

Da, Db e Dc).

Figura 3. Detalhe geométrico do ângulo de hélice () (SANDVIK, 2010)

A produção de roscas pode ser realizada com ferramentas de corte ou ferramentas de

conformação. Roscas usinadas são aquelas onde ocorre o corte do perfil (filete) da rosca

gerando cavacos ao final do processo. Por outro lado, roscas laminadas são aquelas onde

não existe corte do perfil, mas a deformação do filete de rosca sem a geração de cavacos. O

processo de fabricação de roscas é denominado rosqueamento e independente do processo

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remover ou deformar o perfil de rosca a ferramenta de fabricação sempre deverá ter o

perfil idêntico ao perfil de rosca que se deseja produzir.

1.1 Rosqueamento externo

O processo de torneamento de roscas é o método mais comum de produzir roscas

externas. Normalmente, o processo de torneamento é empregado para a fabricação de

roscas com maior qualidade e acabamento, sendo empregado na maioria das vezes na

produção de peças maiores e mais precisas. A Figura 4 mostra o processo torneamento de

roscas onde nota-se que a ferramenta desloca-se no sentido axial com avanço idêntico ao

passo de rosca com a rotação simultânea da peça, proporcionando assim a remoção e a

geração de cavacos.

Na Figura 4 nota-se o uso de insertos intercambiáveis que proporcionam mais

produtividade e melhor qualidade nos perfis de rosca produzidos. Além disso, existem

insertos com um ou mais gumes cortantes que aumentam simultaneamente a produção de

roscas com a resistência do inserto como pode ser observado no detalhe da Figura 4.

Insertos com múltiplas arestas são empregados na maioria das vezes no torneamento de

rosca com o objetivo de distribuir os esforços no gume cortante da ferramenta.

Este tipo de processo rosqueamento com múltiplas arestas normalmente é empregado

para roscas API usadas nos componentes mecânicos da área de petróleo, na fabricação de

pontas roscadas de tubos e na usinagem interna de luvas. Além de proporcionarem a

distribuição dos esforços durante a fabricação de roscas, permitem que a produção de

roscas seja mais rápida e eficiente, pois considerando o comprimento das roscas usinadas,

conicidade do perfil de roscas e as velocidades empregadas tem-se uma melhoria

significativa nos tempos de produção e na qualidade dos perfis de rosca.

Figura 4. Torneamento externo de roscas (Adaptado de Sandvik, 2010)

Região Roscada

1 - Suporte para roscas (diâmetro 1 a 8 mm);

2 - Suporte para roscas maiores

Rotação

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Existe outros processos de fabricação de roscas externas com o uso de ferramentas

especiais denominadas cossinetes, turbilhonamento e fresas de roscas. O processo de

rosqueamento externo com cossinetes pode-se ser observado na Figura 5. Cossinetes são

ferramentas de gumes múltiplos com duas regiões distintas, a primeira região tem uma

conicidade para permitir o alinhamento e a remoção inicial do filete de rosca de forma

gradual. Este tipo de geometria permite também uma distribuição dos esforços de

usinagem durante a fabricação das roscas.

A segunda região é cilíndrica e tem como objetivo calibrar o diâmetro da rosca que

se deseja produzir. Os vários gumes cortantes que a ferramenta possui são fabricados com

o mesmo perfil do filete de rosca, sendo os últimos filetes com geometria idêntica ao perfil

final desejado. Da mesma forma que acontece no torneamento de roscas, o processo de

rosqueamento com cossinetes necessita de uma rotação da haste que se deseja fabricar a

rosca ou do cabeçote onde está fixo o cossinete, este movimento conjugado com o avanço

da ferramenta idêntico ao passo da rosca proporciona a geração final do filete de rosca.

Normalmente, cossinetes são ferramentas fabricadas em aço rápido (HSS - High-

Speed Steel) e apresentam baixa produtividade, considerando o torneamento de roscas, por

exemplo, sendo na maioria das vezes um processo manual sem muita automatização. Seu

uso se restringe a operações manuais de fabricação de roscas em etapas de manutenção ou

recuperação de partes mecânicas. As velocidades de corte são normalmente baixas e o

processo precisa de um sincronismo de rotação e avanço da ferramenta que pode ser

influenciado diretamente pelo operador. Geralmente, após a passagem da parte cônica

consegue-se um bom alinhamento na parte cilíndrica e partir deste etapa os erros de

sincronismo tendem a serem minimizados.

Rosqueamento de uma haste cilíndrica

Cossinete

Cabeçote de

fixação

Avanço

Rotação

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Figura 5. Detalhe do processo de rosqueamento externo com cossinetes

O processo de rosqueamento por turbilhonamento é similar ao processo de

rosqueamento com cossinetes, considerando a dinâmica do processo, e pode-se avaliar que

este processo de geração de roscas é uma evolução do processo de rosqueamento com

cossinetes conforme pode ser observado na Figura 6. O mecanismo de remoção de material

para a fabricação do filete de rosca é idêntico, porém apresenta uma variação onde as

ferramentas que são independentes, sendo montadas separadamente, e, cada uma

ferramenta tem um gume cortante com a geometria específica do perfil da rosca,

produzindo a rosca de forma gradual assim como acontece na região cônica na operação de

rosqueamento com cossinetes manuais.

Figura 6. Detalhe do processo de rosqueamento externo por turbilhonamento (Adaptado de

Sandvik, 2010)

Na Figura 6 observa-se que o diâmetro DC deve ser idêntico ao diâmetro interno do

perfil de rosca que deseja-se produzir. Uma grande vantagem deste tipo de sistema e

possibilidade de regulagem dos diâmetros da rosca, principalmente o diâmetro interno, ao

contrário do uso dos cossinetes manuais que não permitem este tipo de regulagem. Da

mesma forma que acontece com o rosqueamento com cossinetes, ao final da passagem da

haste na parte interna do cabeçote, a rosca é calibrada dentro do diâmetro especificado. A

outra grande vantagem do uso de cabeçotes de turbilhonamento é elevada produção quando

Haste Cilíndrica a ser

rosqueada

Avanço

Rotação

Pentes de rosca

Cabeçote fixador

das ferramentas de

rosqueamento

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comparado com o torneamento de roscas e principalmente quando comparado com o uso

de cossinetes.

A possibilidade do uso de altas velocidades de corte devido as ferramentas serem

insertos de metal duro, proporcionam não apenas grande produção, mas também um bom

acabamento dos perfis de rosca. Além disso, o fato das ferramentas serem insertos

intercambiáveis ajustáveis proporciona uma regulagem com ajuste fino dos diâmetros da

rosca e uma troca individual caso alguma ferramenta se quebre durante o processo e assim

não existe a necessidade da troca completa da ferramenta de usinagem.

A Figura 7 mostra o processo de fresamento de roscas com ferramentas de múltiplos

gumes cortantes. O processo de fresamento de roscas apresenta um movimento de rotação

da ferramenta em torno do seu eixo e um movimento de rotação em torno da peça que se

deseja roscar com um movimento ascendente simultâneo da ferramenta com o mesmo

valor do passo da rosca.

Figura 7. Detalhe do processo de roscamento externo com fresas de rosca (Adaptado de

Kennametal, 2017)

Dessa forma, a ferramenta produz o perfil de rosca em um único passe sem a

necessidade de várias etapas para a produção da rosca. Assim como ocorre no processo de

turbillhonamento, o processo de fresamento de rosca é muito flexível, pois apresenta a

possibilidade de calibração da rosca quando o perfil de rosca está acima das dimensões

especificadas além de trabalhar com ferramentas intercambiáveis que são facilmente

ajustadas no suporte porta-ferramenta.

Existem também as fresas de rosca maciças fabricadas em metal duro (WC – Carbeto

de Tungstênio) que não são intercambiáveis, mas são empregadas para roscas com

diâmetros menores. Uma grande vantagem do uso de fresas de rosquear é a possibilidade

Haste Cilíndrica a ser rosqueada

Av

anço Rotação da

ferramenta

Tipos de Fresa de rosca

Passo da rosca

Ângulo de Hélice

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do uso da mesma ferramenta, considerando um passo padrão, ser empregada para fazer

vários diâmetros de rosca, bastando apenas que a ferramenta tenha o diâmetro da região

dos gumes menor que o diâmetro inicial do furo, possibilitando sua inserção com

facilidade. A limitação deste tipo de ferramenta está relacionada com o comprimento de

região roscada delimitando o comprimento de rosca que se deseja fabricar.

Este tipo de processo ainda vem sendo exaustivamente estudado devido ao pouco

domínio e aplicação deste no setor produtivos. Araujo et al., (2006) tem estudado toda a

dinâmica do processo de fresamento de roscas e demonstrado que existe vários fatores de

influência no processo. Além disso, este tipo de processo tem um tempo de produção mais

baixo que os demais processos exatamente pela sua dinâmica que necessita de três

movimentos simultâneos a serem controlados e por isto necessita de máquinas mais

modernas e operadores mais eficientes para garantira a qualidade do perfil roscado.

O processo de rosqueamento externo ainda pode ser realizado pelo processo de

laminação de roscas. Este tipo de processo usa o princípio de deformação com

movimentação do material para fabricar o filete de rosca. Neste processo são empregados

cabeçotes laminadores conforme pode ser observado na Figura 8a e pentes laminadores

conforme pode ser observado na Figura 8b. A grande aplicação desse tipo de processo está

na produção de parafusos que são comumente encontrados no mercado devido ao grande

volume de produção que este processo apresenta.

(a)

(b)

Figura 8. Processo de laminação de rosca; a) cabeçote com dois rolos laminadores (Fette,

2017) e b) pentes laminadores (Wiesenfeld, 2015)

Haste

cilíndrica

Rolos

laminadores

Cabeçote laminador

Parafuso

Placas laminadoras

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Considerando os processos anteriores, pode-se afirmar que os estudos em processo

de rosqueamento externo têm sido desenvolvidos nos últimos anos no processo produção

de roscas com múltiplos gumes cortantes, principalmente em roscas de padrão API muito

empregadas em tubos para a extração de petróleo. Khoshdarregi e Altintas, ( 2015)

focaram seu estudo na formação de cavacos durante o processo de rosqueamento com o

objetivo de validar o modelo usado para prever a formação do cavaco e os esforços de

corte. De acordo com os autores o modelo usado apresenta boa precisão para prever o

projeto de ferramentas de rosca e também possibilita um ótimo planejamento do processo

de produção de roscas. A qualidade de um perfil de roscas está fortemente ligada ao

projeto da ferramenta que se deseja utilizar. Pentes de rosca ou ferramentas monocortantes

são consideradas ferramentas de forma e precisam de um desenvolvimento de projeto

específico que atenda as necessidades de precisão e qualidade do perfil.

Por outro lado, os autores Chen et al. (2013) comentam que o processo de

rosqueamento é um dos mais críticos, devido ao fato da formação de cavacos influenciar

de forma significativa no processo, além dos esforços de corte que podem comprometer a

integridade das ferramenta de corte. Neste estudo os autores focaram no raio de ponta das

ferramentas de rosqueamento com o objetivo de minimizar rebarbas esforços de corte e

melhorar a qualidade superficial das roscas. Cavacos em rosqueamento interno são formas

geométricas indesejáveis e que podem comprometer a qualidade do processo. Geralmente,

cavacos são responsáveis pela falta de qualidade do perfil de rosca e pela quebra de

ferramentas quando da realização de rosqueamento internos como no caso de luvas de

conexão de peças metálicas.

Os estudos anteriores foram focados no processo tradicional de rosqueamento por

torneamento. Entretanto, o processo de fresamento de roscas tem aberto novos campos de

pesquisa e também tem sido desenvolvido. Segundo Araujo et al. (2006) que desenvolveu

um estudo teórico baseado em modelagem matemática para predição de roscas fabricadas

pelo processo de fresamento de roscas, a cinemática do fresamento de roscas é complexa e

não permite uma definição direta dos parâmetros de corte de forma precisa. Apesar do

modelo ser definido de forma genérica, o modelo se apresentou bem preciso na usinagem

da liga de alumínio 6061 e possibilitou simular o fresamento de roscas aumentando a

qualidade das roscas produzidas.

Araujo et al. (2015) estudaram o fresamento de roscas cônico no Inconel 718. O foco

principal do estudo foi nos esforços de corte na rugosidade dos perfis roscados.

Considerando a dificuldade em usinar este tipo de material os autores concluem que o

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processo de fresamento de roscas é uma ótima opção para a produção de perfis roscados.

Inconel é um material de alto valor agregado e de grande aplicação na indústria aeronáutica

que demanda de matérias que possam preencher todos os vários requisitos, como por

exemplo, a resistência à corrosão e o amolecimento causados por condições muito

agressivas em altas temperaturas associadas a esse tipo de aplicação, principalmente nas

turbinas destas aeronaves.

Em relação ao rosqueamento externo por laminação, autores como Maciel et al.

(2015) estudaram o rosqueamento por conformação da liga de Titânio Ti-6Al-4V. O estudo

foi focado na qualidade superficial das roscas e na taxa de preenchimento com variação do

diâmetro inicial da haste. Segundo os autores, a variação do diâmetro inicial é fundamental

para manter o perfil das roscas dentro da normalização e evitar o efeito da recuperação

elástica do material.

Entretanto, Teixeira (2017) estudou o rosqueamento externo por laminação na liga de

Alumínio 7075, o estudo foi também baseado na variação do diâmetro inicial das hastes e

em diferentes sistemas de refrigeração. Segundo o autor a qualidade das roscas piora com o

uso da emulsão e MQL e a variação do diâmetro para um valor máximo não é garantia de

preenchimento total do perfil de rosca.

Observa-se que existem diversos processos para a produção de roscas externas na

atualidade, entretanto, poucos são estudados com foco na melhoria do produto. Apesar de

serem processos relativamente antigos os estudos ainda são modestos. Os processos de

rosqueamento com o uso de cossinetes apresenta uma baixa produtividade, por isto não

tem estudos mais recentes desenvolvidos, considerando que sua otimização por exemplo,

não irá agregar valor significativo ao produto.

Por outro lado, pode-se considerar que o processo de turbillhonamento é

relativamente moderno, considerando como comentado anteriormente, que o mesmo é uma

evolução do rosqueamento com cossinetes, e considerando a baixa aplicação em processos

de produção de roscas externas, o processo de turbillhonamento não apresenta estudos

técnicos/científicos significativos com vistas a melhoria de tempos e métodos do processo

ou focado na qualidade do produto.

Segundo Zambuzi (2015) os estudos sobre o processo de turbillhonamento são

focados na indústria de implantes ortopédicos devido a mensal de uma considerável quantidade de

parafusos ortopédicos. Segundo o autor o tempo da rosca foi reduzido em aproximadamente

80% com a implantação do cabeçote turbilhonador e em relação ao tempo de usinagem por

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peça os resultados foram similares aos encontrados por Feres (2010) com redução de

aproximadamente 67% do tempo.

1.2 Rosqueamento interno

Os processos de rosqueamento interno tem a mesma importância na indústria

moderna que os processos de rosqueamento externo. Grande parte dos processos de

rosqueamento interno é produzido com ferramentas denominadas machos. Este processo

pode ser basicamente subdivido em rosqueamento interno por usinagem, rosqueamento

interno por laminação e fresamento interno de roscas. Na Figura 9 pode-se observar o

processo de rosqueamento com macho de corte onde ocorre a remoção de cavacos.

Os machos de corte são ferramentas multicortantes com uma pequena conicidade na

ponta da ferramenta que lhe permite uma entrada gradual no furo que se deseja rosquear.

Esta conicidade conjugada com o passo da ferramenta que é sempre igual ao passo da

rosca, proporciona um tamanho diferente para cada aresta de corte, produzindo múltiplos

gumes cortantes. O macho de corte apresenta ainda, canais laterais paralelos ou com um

pequeno ângulo de hélice que permite simultaneamente a passagem do óleo

refrigerante/lubrificante e o acúmulo dos cavacos nos canais por um pequeno tempo

durante a atuação da ferramenta no processo de geração do filete de rosca.

Conforme pode ser notado na Figura 9 machos de corte com canais retos são

empregados em furos passantes para direcionarem os cavacos à frente removendo-os na

mesma direção de movimento da ferramenta, observa-se que em alguns casos ainda existe

um pequeno chanfro para forçar ainda os cavacos removidos a se deslocarem para a frente.

Por outro lado, os machos com canais helicoidais promovem a remoção dos cavacos para

trás no sentido contrário do deslocamento da ferramenta. Normalmente, os machos com

canais helicoidais são empregados no rosqueamento de furos cegos, pois existem uma

necessidade de remoção dos cavacos da região de corte e a única forma que se consegue

este efeito é com os cavacos no formato helicoidal.

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Figura 9. Rosqueamento interno com macho de corte (Kisos, 2017)

Outro processo de rosqueamento bem prático, mas ainda pouco usado na indústria, é

o rosqueamento com machos laminadores. Ao contrário do processo de rosqueamento com

machos de corte onde ocorre a remoção de cavacos, no processo de rosqueamento com

machos laminadores o material se desloca da parte inferior para a parte superior gerando a

formação da crista do filete. Ao contrário do processo de rosqueamento com machos de

corte, onde podem ser fabricadas roscas em qualquer material, inclusive materiais

endurecidos, no processo de laminação de rosca, a gama de materiais se reduz aos

materiais dúcteis.

No processo de rosqueamento por laminação é necessário que o material tenha

excelente ductilidade para permitir a movimentação do material de uma região para outra

dentro do furo permitindo a geração do perfil de rosca. Conforme pode ser observado na

Figura 10, o perfil de rosca é formado gradualmente devido a conicidade que o macho

laminador apresenta similar ao macho de corte. Entretanto, o perfil de rosca quando se usa

o macho laminador sempre terá uma pequena falha na crista, pois na maioria das vezes não

ocorre um preenchimento completo do filete de rosca.

Este fato ocorre devido ao cálculo inicial para a previsão do diâmetro interno do furo,

onde devido a fatores de segurança trabalha-se sempre com um furo um pouco maior para

garantir a fabricação do filete de rosca sem o travamento da ferramenta dentro do furo, que

poderia ocasionar a quebra da ferramenta. A grande vantagem que o processo de

rosqueamento por laminação apresenta é a não formação de cavacos e o acúmulo deste

dentro do furo roscado, evitando-se, portanto, etapas de retrabalho com objetivo de

limpeza do furo. Além disso, alguns autores afirmam que o processo gera filetes mais

resistentes devido ao encruamento do material conforme pode ser notado na Figura 10.

Avan

ço

Furo Passante Furo Cego

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Figura 10. Rosqueamento interno com macho laminador (Emuge-Franken, 2010)

O processo de fresamento de roscas, como o próprio nome já diz, utiliza uma fresa

com múltiplas arestas com formato do perfil de rosca que se deseja produzir. Estas

ferramentas podem ser maciças ou com insertos intercambiáveis, sendo as ferramentas

maciças empregadas para furos menores e as ferramentas com inserto para furos maiores.

É possível também o fresamento de roscas com fresas com uma única aresta de corte,

entretanto este processo é menos produtivo que o processo com múltiplas arestas,

conforme pode ser observado na Figura 11.

Figura 11. Fresamento interno de roscas (Emuge-Franken, 2010)

No processo de fresamento de roscas, a fresa tem o diâmetro menor que o furo que

deverá ser rosqueado e normalmente se desloca dentro do furo de baixo para cima com um

movimento de rotação em torno do seu próprio eixo e ao mesmo tempo um movimento de

translação dentro do furo. Estes movimentos devem ser sincronizados para permitir a

perfeita formação do filete de rosca, evitando erros na geração dos filetes. A Figura 12

Cabeçote

Rosqueador

Perfil Final

Produção do

perfil roscado

Peç

a

Mac

ho

Furo a ser rosqueado

Av

anço

Rotação da

ferramenta

Tipos de Fresa de rosca

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mostra as etapas do processo de fresamento de roscas, onde nota-se que todas as etapas

devem ser programadas de forma precisa para a perfeita usinagem do filete de rosca.

Figura 12. Etapas do processo de fresamento de roscas (CARLA ARAUJO et al., 2006)

A grande vantagem do processo de fresamento de roscas é que uma única ferramenta

pode produzir vários diâmetros de rosca, desde que os mesmos sejam do mesmo passo,

existem inúmeros diâmetros de rosca com inúmeros valores de passo, dessa forma, uma

única fresa de rosca tem uma flexibilidade que permite produzir mais de um único modelo

de furo roscado padrão (ARAUJO; SILVEIRA, 2004).

Os processos de rosqueamento interno são estudados com o objetivo de

conhecimento e domínio de vários problemas que ocorre durante a geração do filete de

rosca. Geralmente, os processos de rosqueamento interno são mais estudados que o

rosqueamento externo devido à dificuldade de se trabalhar com uma ferramenta que ocupa

todo o espaço da região manufaturada, ou seja, o furo roscado. Pelo fato do rosqueamento

interno ter um espaço limitado para alojar temporariamente o cavaco, limitar em alguns

aspectos a utilização de fluidos de corte e ser uma ferramenta que produz um perfil de

rosca em única operação, diversos estudos têm sido conduzidos para melhorar a qualidade

de roscas, aumentar a vida de ferramentas de corte e no desenvolvimento de novas

coberturas e ferramentas para serem usadas na concepção de ferramentas mais eficientes.

Considerando os processos de rosqueamento interno, e baseado nas buscas realizadas

nos portais de periódicos, anais de congressos e revistas técnicas da área, pode-se

considerar que o processo mais estudado e que apresenta um maior volume de informações

é o rosqueamento com machos de corte, seguido pelo processo de laminação de roscas e

por último o processo de fresamento de roscas (GANEV, 2013). Este fato ocorre devido ao

grande uso dos machos de corte que vem sendo utilizados, desenvolvidos e melhorados

Posicionamento

no centro do furo

Ponto inicial

Deslocamento

vertical para baixo

Movimento de

penetração

Movimento

helicoidal

da ferramenta

Deslocamento da

Ferramenta para

a posição

Retorno ao ponto

de posicionamento

inicial

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desde a revolução industrial. Basicamente, roscas internas são produzidas para atenderem

as necessidades de mercado desde a concepção do parafuso.

Os estudos em rosqueamento interno com machos de corte são diversos e abrangem

vários de tipos de informação. Estudos têm sido conduzidos, por exemplo, nas coberturas

empregadas nos machos de corte. Piska; Sliwkova (2015) estudaram os revestimentos de

TiN (espessura de 2,0 µm) e TiN+DLC (espessura de 1,0 µm) no rosqueamento

empregando machos de corte e machos laminadores e comparando com machos sem

revestimentos. Segundo os autores, ambas ferramentas apresentaram grau de tolerância

igual a IT-09 e uma produção de 1000 roscas para os machos laminadores e 600 roscas

para os machos de corte.

Neste estudo os autores puderam avaliar a eficiência da utilização de machos de corte

com variação de coberturas. Os machos de corte utilizados nos experimentos foram

fabricados de aço rápido micro ligado, que é uma forma de produção deste aço pelo

processo de sinterização (HSSE). O rendimento deste tipo de ferramenta teve um aumento

na vida significativo com a aplicação de coberturas de TiN e TiN+DLC sendo que a

cobertura de TiN+DLC apesar de apresentar uma espessura menor de 1,0 µm teve uma

maior resistência ao desgaste durante o processo de rosqueamento.

O desgaste de machos de corte também foi estudado por Meola e Reis (1990)

estudaram os sinais de vibração no processo rosqueamento com vistas a obtenção e um

monitoramento on-line do desgaste. De acordo com os autores, usando as bandas do

espectro de potência das vibrações foi possível obter uma relação linear entre o sintoma

vibratório e o critério de desgaste de ferramenta. Os dados obtidos se mostraram muito

produtivos para a manutenção do estudo considerando que, segundo os autores, o

monitoramento indireto do processo de rosqueamento é sempre muito complexo.

O grande gargalo no setor produtivo é a quebra de machos de corte dentro dos furos.

O rosqueamento é, geralmente, a última operação de fabricação e tem o status de grande

agregação de valor no produto devido ao somatório dos custos das etapas anteriores.

Quando ocorre uma quebra de machos dentro do furo, existem apenas duas opções que são

o retrabalho da peça e para isto necessita-se que esta seja retirada da linha de produção ou

seu descarte. Assim, trabalhos como o desenvolvido por Meola e Reis (1990) são muito

importantes para o setor produtivo, pois podem prever e evitar quebras de ferramentas

dentro dos furos roscados evitando a parada de linhas de produção.

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Zhang; Yang; Wang (2003) também estudaram o processos de rosqueamento com

machos de corte relacionando com sinais de vibração da ferramenta. Segundo os autores o

torque pode ser previsto considerando-se um valor amplitude ótimo. Além disso, as formas

de onda têm forte influência na redução do torque sendo que as ondas quadradas têm um

melhor efeito que as onda senoidais. O estudo focado no torque é altamente eficiente e

significativo, pois exatamente no esforço de torque tem-se o monitoramento do processo

dos fatos que exatamente podem acontecer com a ferramenta. Normalmente, o aumento do

esforço de torque influenciado pelo desgaste da ferramenta provoca a quebra da ferramenta

dentro do furo. Assim, o conhecimento deste parâmetro é de grande importância para o

setor produtivo.

O ferro fundido é um material amplamente utilizado na fabricação de blocos de

motores e esses blocos apresentam diversos furos roscados com objetivo de fixação de

componentes mecânicos como bomba de óleo, cabeçote, proteção de correias entre outros.

Com base nisso, Mota et al. (2009) estudaram o rosqueamento no ferro fundido vermicular

com vistas a definir o desgaste que ocorre durante o processo. Segundo os autores, o

desgaste de cratera e de flanco foi predominante em todas as ferramentas de corte com

lascamentos em alguns filetes da ferramenta, inclusive com destacamento da cobertura das

ferramentas. Segundo os autores o desgaste provocou um aumento significativo do torque

durante o processo o que pode levar em alguns a quebra da ferramenta.

Pereira (2010) também estudou o rosqueamento de dois tipos de ferro fundido

cinzento e um tipo de ferro fundido vermicular com diferentes velocidades de corte.

Segundo o autor, nos resultados obtidos, o torque diminuiu com o aumento da velocidade

de corte os gráficos demonstram que entre as velocidades de 5 a 20 m/min ocorreu o

surgimento de aresta postiça de corte. Além disso, o autor observou que quanto maior a

excentricidade da ferramenta maior o valor de torque e que quando o comprimento da

rosca é de 1,7 vezes o diâmetro o valor do torque aumenta com o aumento do comprimento

de rosca.

No processo de rosqueamento empregando laminação de roscas os estudos são mais

recentes que no processo com rosqueamento com machos de corte. Isto ocorre devido ao

fato do processo de rosqueamento com machos de corte ser mais difundido devido aos

longos anos de aplicação deste tipo de ferramenta no setor de manufatura. Entretanto,

autores como Stéphan; Mathurin; Guillot (2011) tem focado o estudo no processo de

laminação de roscas internas com vistas a definir os melhores parâmetros de corte sem

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aumento do torque. Isto porque o torque é o principal esforço que deve ser considerado no

rosqueamento, pois trata-se de uma resposta ligada diretamente à quebra da ferramenta.

O processo de rosqueamento por laminação não apresenta canais para alojamento de

cavacos pelo simples fato de não gerar cavacos durante a construção do perfil de rosca.

Dessa forma, este processo apresenta uma ferramenta com um núcleo mais resistente que o

núcleo dos machos de corte. Entretanto, o processo de laminação de roscas gera esforços

maiores principalmente o torque e a força axial. Portanto, devido à elevação do torque no

processo de laminação existe uma possibilidade de quebra da ferramenta não na região dos

filetes de rosca, mas na haste da ferramenta que terá o mesmo diâmetro do núcleo da rosca.

Diversos autores têm desenvolvido estudos no processo de rosqueamento por

laminação. Os tradicionais esforços como torque e força axial tem sido sempre

acompanhado pelos pesquisadores com o objetivo de melhorias do projeto das ferramentas

de rosqueamento. Carvalho et al., (2012) também estudaram a variação do torque no

processo de rosqueamento por laminação. Os autores usaram a liga de Magnésio AM60

como corpo de prova e variaram o diâmetro inicial do furo com o objetivo de obter o

máximo preenchimento do perfil do filete de rosca. O trabalho demonstrou que é possível

obter um perfil de rosca próximo do ideal para roscas internas laminadas para materiais

mais dúcteis. Entretanto, a ductilidade do material tem forte influência na taxa de

preenchimento da rosca.

A grande desvantagem que o processo de rosqueamento por laminação tem em

relação ao processo de usinagem de roscas é fato que considerando as dimensões padrões

do processo como, por exemplo, o furo inicial que sempre é maior que o furo inicial do

rosqueamento por usinagem, existirão sempre pequenos defeitos da crista da rosca, pois o

material é movimentado de baixo para cima com vistas a construir o filete de rosca. Assim,

basicamente pode-se observar que estudos que vista a melhoria deste tipo de defeito ainda

precisam ser desenvolvidos para outros materiais de engenharia, na mesma linha da

proposta de Carvalho et al., (2012).

Autores como Fromentin et al. (2010) e Shashidhara; Jayaram (2010) tem focado os

estudos nos sistemas de refrigeração/lubrificação em processos de rosqueamento de roscas

por laminação. O processo de laminação interno de roscas apresenta um grande gap

relacionado com o atrito da ferramenta dentro do furo. Considerando os diâmetros da

ferramenta (macho laminador) e do furo, existe pouco espaço durante o movimento de

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rotação e avanço da ferramenta o que exige o uso de uma grande quantidade de óleo

lubrificante para minimizar os efeitos do atrito.

Embora seja necessário minimizar o atrito durante o processo de rosqueamento, pois

o mesmo está relacionado diretamente com o desgaste da ferramenta, por outro lado o

atrito tem uma parcela de funcionalidade, pois é responsável pela geração de calor que

colabora com a deformação do material. Dessa forma, torna-se necessário um balanço

térmico durante o processo de rosqueamento que permita gerar calor para melhorar o

escoamento do material deformado, melhorando assim a qualidade das roscas e por outro

lado deve-se prever a influência do atrito no tempo de vida das ferramentas.

Estudos com foco em MQL são interessantes foi não apenas tem uma vertente com foco

ambiental, devido a redução do volume de óleo empregado durante o processo de

fabricação, mas também podem proporcionar a melhoria do acabamento da superfície das

roscas. Os óleos normalmente são empregados com foco na redução do atrito, pois tem

baixa capacidade de retirar calor do processo. Pode-se comentar o uso da emulsão em

sistemas de usinagem, onde a função do óleo, mesmo em pequenas quantidades é lubrificar

e a função da água é refrigerar o processo.

Em relação ao processo de fresamento de roscas, esse processo tem sido menos

empregado no setor produtivo industrial. Os estudos científicos em relação ao processo de

fresamento de roscas ainda são modestos e focados na dinâmica do processo (ARAUJO et

al., 2006). A dinâmica do processo com vistas a otimização de perfis de roscas e tempo de

produção são importantes, pois o processo ainda apresenta, assim como o rosqueamento

por laminação, diversas lacunas a serem preenchidas.

Conforme comentado anteriormente o desenvolvimento do processo de fresamento

de roscas é interessante por um lado, considerando a flexibilidade que o processo

apresenta. Entretanto, por outro lado a velocidade atual empregada no processo de

fresamento de roscas é muito mais alta que os tradicionais processos de rosqueamento, seja

por usinagem de roscas ou por laminação de roscas. Dessa forma, ainda não foi possível

comparar, por exemplo, o tempo de fabricação de uma rosca manufaturada pelos

tradicionais processos usando machos de corte e/ou machos laminadores e o processo de

fresamento de roscas. Sabe-se por exemplo, que o fresamento de roscas pode absorver uma

fatia de diâmetros de roscas maiores devido a flexibilidade que a ferramenta tem, porém,

nenhum estudo foi realizado com vistas a comparar economicamente este efeito

comparando dois tipos de processos distintos.

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Maquinas CNC modernas precisam ter disponíveis rotinas de programação

específicas para garantir precisão no processo de fresamento de roscas. Won; Nestler;

Wegener (2012) desenvolveram uma nova tecnologia para definir o perfil de rosca no

processo de fresamento de roscas. Segundo os autores, a metodologia proposta pode ser

integrada a sistemas CAD/CAM permitindo inclusive a simulação do processo de

rosqueamento dos componentes prevendo os erros de forma virtual. Além disso, os autores

afirmam que o ambiente virtual de programação permite a geração de perfis de rosca mais

complexos como, por exemplo, as roscas empregadas em implantes dentários.

Considerando o exposto acima, percebe-se que ainda existem várias lacunas a serem

preenchidas nas informações relacionadas nos processos de rosqueamento internos. Pode-

se afirmar que o processo de corte de roscas já possui um conhecimento profundo na

dinâmica do processo e atualmente o foco está na vida de ferramentas relacionado ao

desgaste e aos métodos de aplicação de fluidos lubrirrefrigerantes com vistas a um menor

impacto ambiental. Dessa forma novos estudos devem ser desenvolvidos com o objetivo de

melhorar os revestimentos empregados nas ferramentas com vistas a produzir um maior

número de furos roscados e desenvolver sistemas de lubrirrefrigeração para minimizar os

impactos ambientais causados pelo homem.

Para o processo de laminação de roscas, estudos focados em novas coberturas

também precisam ser desenvolvidos, pode-se considerar que a dinâmica do processo ainda

é parcialmente conhecida, mas o mecanismo de deformação do material ainda precisa de

uma teoria mais específica. Além disso, o foco no preenchimento do perfil de rosca irá

melhorar a qualidade dos produtos e permitir uma maior aplicação do processo no mercado

industrial. Em relação ao fresamento de roscas, um número maior de lacunas permite que

diversos estudos ainda sejam desenvolvidos, mas pode-se citar principalmente estudos com

foco na variação da dureza dos materiais.

O fresamento de roscas permite a fabricação de roscas em qualquer material

metálico, endurecido ou não, fato este que não pode ser considerado para os demais

processos de rosqueamento, principalmente laminação de roscas pois este tipo de processo

tem sua faixa de aplicação somente para materiais dúcteis. Assim, considera-se que existe

uma necessidade de otimização dos processos de rosqueamento por usinagem e que os

processos de laminação de roscas e fresamento de roscas precisam ainda serem

profundamente estudados para atingirem a faixa de conhecimento do processo de usinagem

de roscas.

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1.3 Sistemas de Fixação

A usinagem de roscas deve ser sempre sincronizada, para isto a máquina-ferramenta

onde irá ser fabricada a rosca deve apresentar um sincronismo dos movimentos de rotação

do fuso principal e do eixo de avanço. Atualmente, os centros de usinagem fabricados por

praticamente todas as empresas do setor de máquinas-ferramentas são equipadas com esse

recurso, que se tornou padrão para estes equipamentos. Entretanto, devido aos valores

extremamente pequenos em alguns perfis de rosca, como por exemplo, roscas com passo

de 0,8 milímetros, podem ocorrer problemas de sincronismo entre a etapa de fabricação

das roscas e o retorno da ferramenta devido a inércia das máquinas. Para a solução deste

tipo de problemas são empregados cabeçotes rosqueadores para melhorar a qualidade das

roscas produzidas.

Portanto, os processos de rosqueamento interno são realizados com cabeçotes

específicos que permitem o perfeito sincronismo da rotação do cabeçote com um avanço

proporcional ao passo da rosca. Apesar dos modernos equipamentos CNC apresentarem

boa precisão, no caso dos processos de rosqueamento interno, uma pequena alteração da

velocidade de avanço em função da variação da velocidade angular da ferramenta poderá

comprometer o perfil da rosca. Cabeçotes de rosqueamento são responsáveis pela

montagem da ferramenta, no caso o macho laminador ou macho de corte, com o eixo do

cabeçote principal da máquina.

Estes cabeçotes tem a capacidade de corrigir estas pequenas variações da velocidade

angular durante o processo de rosqueamento com uma flutuação do seu eixo no sentido

axial. Oliveira (2016), que estudou o processo de rosqueamento com machos laminadores

na liga de alumínio 7075, demonstrou em seu estudo os erros de perfis de rosca quando

não são empregados cabeçotes com algum tipo de compensação axial ou flutuação do eixo,

neste estudo um grupo de ferramentas foi montada diretamente no eixo árvore da máquina.

Os resultados do trabalho mostram que ocorreu um erro grosseiro no perfil da rosca

Figura 14a), quando comparado com o perfil de rosca fabricada com o cabeçote de

compensação axial Figura 14b). Salienta-se que nas duas figuras a todos os parâmetros

testados foram idênticos, variando-se apenas o tipo de fixação do macho laminador. Na

Figura 14b) observa-se que o perfil formou-se de forma perfeita para uma rosca laminada,

gerando apenas a falha no topo da crista que é comum para este tipo de rosca, conforme

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comentado anteriormente, mas o perfil de 60º está perfeitamente alinhado com a linha de

centro do perfil.

Por outro lado, o perfil formado na Figura 14a) mostra um perfil de rosca com

inclinações dispersas e com predominância para cima. Esta inclinação demonstra que pode

ter havido uma falta de sincronismo em algum ponto do processo de produção da rosca que

provocou um desalinhamento em todos os perfis. Esta falta de sincronismo pode acontecer

tanto na descida do macho durante a fabricação da rosca, como no retorno da ferramenta.

Deve-se considera inclusive que esta falta de sincronismo pode ter ocorrido na parada da

ferramenta no final do furo roscado.

Figura 13. Detalhe dos perfis de rosca com machos laminadores; a) Rosca produzida sem

cabeçote de compensação axial e b) Rosca produzida com cabeçote de compensação axial

Oliveira (2016)

Nos próximos tópicos serão abordados os cabeçotes e seus sistemas de compensação

mais empregados na área de rosqueamento, explicando o funcionamento, as vantagens e

desvantagens de cada sistema. Geralmente, estes cabeçotes são fabricados com os sistemas

de conexão em máquinas ferramentas mais comuns no mercado, como por exemplo, cone

morse, cone BT-40, cone HSK entre outros.

1.3.1 Cabeçote com compensação axial

A Figura 14 mostra um cabeçote típico empregado na fabricação de roscas. Este tipo

de cabeçote apresenta apenas a compensação axial com uma flutuação no eixo Z nos dois

sentidos. Normalmente, este tipo de cabeçote apresenta um movimento de compensação

axial mais sensível que ocorre devido ao deslizamento de buchas lineares com esferas

localizadas dentro do corpo do cabeçote.

Rosca sem cabeçote de

compensação axial

(a)

Rosca com cabeçote de

compensação axial

(b)

Pas

so

Pas

so

Perfil conformadoPerfil conformado

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Além disso, este tipo de cabeçote possui um dispositivo específico para que a pressão

de corte inicial ocorra de forma incremental, quando do início do ciclo de trabalho de

roscas, quando a pressão é elevada o mesmo dispositivo funciona como um sistema da

catraca que evita a quebra da ferramenta.

Segundo Sandvik (2010) este tipo de cabeçote proporciona um aumento significativo

da vida do macho devido ao processo controlado do rosqueamento, pois permite uma

melhora do acabamento superficial quando comparado com o sistema rígido, oferece uma

elevada segurança no processo com a redução do risco de quebra do macho, pode ser

empregado com pinças padrão do mercado, mas preferencialmente que as mesmas tenha o

quadrado na parte posterior para travamento da ferramenta e gera forças de avanço

reduzidas nos flancos do macho.

A Figura 14 mostra um cabeçote rosqueador com o sistema de fixação na máquina

BT-40, porém estes tipos de cabeçote atendem a qualquer tipo de máquina necessitando

apenas comprar o sistema de fixação padronizado de acordo com a máquina-ferramenta.

Este tipo de cabeçote tem um mecanismo de embreagem de segurança, que é projetado

para a gama de diâmetros de rosqueamento. Cada faixa de diâmetros tem um tipo de

cabeçote que apresenta um projeto de embreagem específica. O objetivo desta embreagem

de segurança é desacoplar quando o torque presente é ultrapassado.

Assim, após este desacoplamento o esforço de torque é cortado no cabeçote e,

portanto, a embreagem não sofre praticamente nenhum desgaste. Em seguida o mecanismo

é alternado sob rotação completa do eixo e a reversão do eixo acopla novamente a

embreagem. Este tipo de mecanismo flutuante garante uma boa qualidade nos filetes de

rosca dentro de tolerâncias precisas. Além disso, em caso de desalinhamento o sistema

protege o rosqueamento contra a pressão lateral. Ele retorna para o centro automaticamente

após cada operação de rosqueamento. O flutuador paralelo radial é 1,0 milímetros e 1,50

milímetros respectivamente (Sanches Blanes, 2017).

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Figura 14. Cabeçote com sistema de compensação axial (Sanches Blanes, 2017)

A Figura 15 mostra um típico cabeçote com compensação axial e radial. Este tipo de

cabeçote possui um movimento de compensação axial por pressão e/ou tração durante o

processo de rosqueamento. Este movimento tem como objetivo compensar as diferenças

entre o avanço da máquina, devido à variação da velocidade de avanço da máquina que é

proporcional ao passo da rosca e o movimento de compensação radial que está relacionado

com a velocidade angular da ferramenta.

Este efeito possibilita uma flutuação sensível da ferramenta que se traduz em um

fenômeno de auto centragem compensando os possíveis desalinhamentos entre o fuso da

máquina e o eixo da peça a ser rosqueada. Estes cabeçotes são utilizados em operações de

rosqueamento com machos de corte ou machos laminadores, em linhas transfer, furadeiras

múltiplas, máquinas especiais dedicadas ao processo de rosqueamento e cabeçotes multi-

fusos acoplados em máquinas CNC (Sanches Blanes, 2017).

A compensação radial funciona similar ao cabeçote com compensação apenas axial,

ou seja, quando a pressão é elevada no processo de corte ou deformação da rosca, um

dispositivo de buchas deslizantes funciona acoplado a um sistema de catraca e evita a

quebra da ferramenta, pois o torque elevado é o principal fenômeno responsável pela

quebra de ferramentas no processo de rosqueamento.

Cabeçote com compensação axial

Cone BT-40

Corpo do

cabeçote

Encaixe da pinça

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Figura 15. Cabeçote com sistema de compensação axial e radial (Sanches Blanes, 2017)

1.3.2 Cabeçote Softsyncro

O sistema Softsyncro da empresa Emuge-Franken é um cabeçote com compensação

axial que trabalha com o mesmo princípio dos cabeçotes citados anteriormente. A

diferença básica deste tipo de cabeçote é que a compensação axial atua somente quando

ocorre uma pré-tensão ao exceder a força da guia que é construtivamente pré-fixada por

atrito de rolamento de esferas de transmissão do par nas suas pistas de rolamento.

Assim uma compensação axial mínima e uma transmissão da força axial por

impulsos elastoméricos pré-tensionados ocorre sincronizando novamente o giro da

ferramenta com o deslocamento axial. Estes impulsos elastoméricos evitam uma oscilação

da aresta de corte da ferramenta pelas suas características amortecedoras (Emuge Franken,

2010). Nos cabeçotes de compensação axiais tradicionais não se considera a separação da

transmissão da força axial podendo gerar um erro axial no começo da usinagem da rosca e

a consequência é um forte e rápido aumento da força axial.

Figura 16. Cabeçote com sistema SofSyncro (Emuge Franken, 2010)

Cabeçote com compensação axial e radial

Cone morse

Corpo do

cabeçote

Encaixe da pinça

pinça

Esferas

Elastômeros

Corpo do

cabeçote

Macho

Porca de

fixação

Cabeçote Softsyncro

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1.3.3 Cabeçote auto reversor

O sistema de rosqueamento com cabeçote auto reversor trabalha empregando uma

dinâmica contrária dos outros cabeçotes citados anteriormente. Este tipo de cabeçote pode

ser observado na Figura 17. Os cabeçotes rosqueadores com compensação axial ou radial

realizam o processo de rosqueamento no sentido horário, necessitando de uma rápida

parada no final do furo e invertendo o sentido de rotação para a retirada do macho de

dentro do furo. Este tipo de cabeçote tem um tempo de parada mínimo, mas que sempre é

considerado no processo produtivo no chão de fábrica.

Figura 17. Cabeçote com sistema auto reversível (Sanches Blanes, 2017)

Os cabeçotes rosqueadores auto reversores trabalham com uma dinâmica diferente.

Eles invertem o sentido de rotação do macho no retorno da ferramenta, sem a necessidade

de uma parada súbita e mantendo a rotação do cabeçote no sentido horário. Este

movimento é conseguido através de um mecanismo que utiliza uma embreagem de

segurança, que é adequado dentro da gama de processos de rosqueamento (Sanches Blanes,

2017).

A embreagem de segurança tem a finalidade de desacoplar o movimento do cabeçote

da máquina da ferramenta quando o torque presente é ultrapassado, ou seja, no final do

furo. Após esse desacoplamento não há torque no cabeçote e, portanto, a embreagem não

sofre praticamente nenhum desgaste. Em seguida o mecanismo é invertido sob rotação

completa do eixo, e a reversão do eixo re-acopla a embreagem fazendo com que a

Cabeçote Rosqueador auto reversíveis

Cone HSK

Corpo do

cabeçote

Macho de

corte

Sistema de

travamento

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ferramenta acoplada gire no sentido oposto, mas o sentido de giro do cabeçote da máquina

é mantido no sentido horário (Sanches Blanes, 2017).

Os cabeçotes rosqueadores auto reversores ainda apresentam um mecanismo

flutuante que garante a qualidade dos filetes de rosca dentro das tolerâncias. Em caso de

desalinhamento do centro do fuso com centro da peça a ser rosqueada, o sistema protege o

rosqueamento contra a pressão lateral. Assim, é possível o retorno da ferramenta para o

centro automaticamente após cada operação de rosqueamento (Sanches Blanes, 2017).

Além disso, a compensação axial trabalha através de uma gaiola de esferas e mesmo

com torques extremos, a livre circulação axial evita danos aos filetes de rosca. Assim,

quando a taxa de alimentação (avanço) e passo do cabeçote não coincidem, o sistema

corrige e compensa este erro durante a geração dos filetes de rosca, mesmo em operações

de rosqueamento onde são empregados perfis de rosca maiores (Sanches Blanes, 2017).

Considerando o abordado em processos de rosqueamento e cabeçotes de

rosqueamento, pode-se observar que existem vários estudos com foco principalmente no

torque, no tempo de vida de ferramentas e nas coberturas das ferramentas. Por outro lado,

não existe um estudo com foco em uma comparação das opções de cabeçotes rosqueadores

encontrados no mercado considerando, por exemplo, o tempo de fabricação de roscas e o

perfil final dos filetes, inclusive para diferentes processos de fabricação como usinagem e

laminação de roscas.

Deve-se considerar que diferentes cabeçotes produzem respostas diferentes, como

por exemplo, torque e força axial, para os vários processos de rosqueamento. Um tipo de

cabeçote pode apresentar um bom desempenho no processo de rosqueamento por

usinagem, mas não ser eficiente no rosqueamento por laminação. Além disso, tempos

exatos de produção de roscas considerando as três fases básicas de um processo de

rosqueamento como usinagem da rosca, parada de máquina e retorno da ferramenta não

foram ainda estudados minuciosamente com vistas a otimização deste tipo de processo.

Portanto, considerando as informações científicas disponíveis atualmente, nota-se

que existe uma lacuna interessante a ser preenchida, abrindo um leque de várias opções

para futuros trabalhos a serem desenvolvidos e permitindo o aumento do conhecimento

destes processos, rosqueamento por usinagem de roscas, rosqueamento por laminação de

roscas e fresamento de roscas, com vistas a melhoria da qualidade dos filetes de rosca e a

otimização de tempo e métodos com foco no aumento da produtividade das ferramentas e

que seja proporcional ao número de furos roscado produzidos.

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1.4 Sistemas de Lubrirrefrigeração

Desde quando foi empregado pela primeira vez por F. W. Taylor em 1890 como

sistema de resfriamento, a água tem tido papel determinante na melhoria dos processos de

usinagem. Sabe-se desde os primórdios da revolução industrial, que a refrigeração dos

sistemas de usinagem gera grandes melhorias de qualidade e aumento de vida útil das

ferramentas de corte. Desta forma, o uso de sistemas de refrigeração baseado em misturas a

base de água e óleo passou a fazer parte do cotidiano das empresas tornando essencial e

presente em todos os setores da manufatura.

Segundo Baumeister (1978) os chamados fluidos de corte são compostos químicos

formados por líquidos e gases que são aplicados na região entre as ferramentas de corte e o

material que está sendo usinado com o objetivo de facilitar a operação de usinagem. Estes

tipos de fluidos são frequentemente chamados de lubrificantes ou refrigerantes, pois uma

das suas principais funções nos processos de usinagem é reduzir o atrito entre a ferramenta

e a região da peça que está sendo fabricada e diminuir a temperatura na região de corte.

Dessa forma, em muitas situações são chamados de fluidos lubrirefrigerantes.

O fluido mais comumente empregado nos processos de fabricação é a emulsão

devido a capacidade emulsificante que seus componentes apresentam para manter

lubrificada toda a região de corte. As emulsões podem se apresentar leitosas ou

transparentes e isto ocorre devido ao tamanho das suas gotículas que para emulsão leitosa

este tamanho varia de 2 a 4 μm e para emulsão translúcida este tamanho varia de 0,5 a 1,5

μm. Estes tipos de óleos ainda podem conter aditivos que são elementos antioxidantes e os

agentes EP. Os agentes EP são aditivos que reagem quimicamente com a superfície

metálica e formam uma película que reduz o atrito. Alguns tipos de agentes EP são a

matéria graxa, o enxofre, o cloro e o fósforo (INLUB, 2017).

Do torneamento, passando pela furação, pelo brochamento, alargamento e o

rosqueamento a aplicação dos fluidos emulsionáveis é vasta com uma grande opção de

fluidos com diferentes composições químicas. Em todos estes processos existe uma

garantia de lubrificação por parte do óleo de corte e de refrigeração por parte da água usada

na mistura. Entretanto, existe um grande desperdício considerando a eficiência do uso

deste sistema em processos de usinagem.

Diversos autores têm desenvolvido estudos com foco na melhoria da qualidade

baseados nos parâmetros de rugosidade tradicionais. Segundo Feldshtein; Józwik; Legutko

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(2016) o uso de emulsões com sistemas alternativos tem a capacidade de aumentar a

eficiência de refrigeração e melhorar significativamente o cabeamento de peças torneadas.

Os autores usaram ar comprimido em conjunto com emulsão a 6% e reduziram de 9 a 15%

do valor de rugosidade. Isto demonstra que se aumentando a capacidade de resfriamento da

água empregada na emulsão, com sistemas alternativos, existe um aumento significativo da

qualidade dos produtos usinados.

Lawal; Choudhury; Nukman (2014) encontraram aumento de 51,1% de redução dos

esforços de corte no torneamento quando alteradas as condições dos fluidos de corte.

Segundo os autores, se dosagem dos tradicionais fluidos de corte emulsionáveis for bem

balanceada existe uma forte melhoria dos esforços de corte. Neste trabalho a melhoria dos

esforços de usinagem colabora com a minimização do desgaste da ferramenta e com a

possibilidade de quebra prematura.

Por outro lado, Feldshtein e Wojciechowski (2017) que estudaram o efeito dos

fluidos de corte em processos de torneamento demonstram que a presença de fósforo e

cobre na composição química dos óleos emulsionáveis pode minimizar de forma

significativa a evolução do desgaste das ferramentas. No torneamento existe um controle

mais facilitado por parte do posicionamento dos bicos injetores de óleo na região de corte

que facilita a aplicação do sistema de lubrirrefrigeração. Entretanto, para outros sistemas

produtivos como a furação o alargamento e o rosqueamento este controle é mais

dificultado.

Nos estudos de furação, autores como Dias; Souza; Lucas (2015) o processo de

furação foi estudado com óleos com estruturas modificadas, observou-se que as

formulações desenvolvidas a partir de ésteres gordurosos de amido podem competir

tecnicamente com o fluido de perfuração padrão e o desempenho desses materiais está

associado ao grau de modificação química do polissacarídeo. Isto mostra que apenas a

alteração de composição química dos óleos de corte pode torna-los mais eficientes.

Considerando a necessidade de remoção de calor, ou seja, resfriamento da região de corte

Lauro et al. (2013) estudaram o fluxo de calor no processo de furação com diferentes

sistemas de resfriamento. Os autores, que monitoraram a temperatura com termopares e

usaram o método de elementos finitos para determinar os valores de fluxo de calor,

demonstram que a emulsão tem uma boa capacidade de resfriamento do processo podendo

a temperatura em valores próximos aos sistemas de emulsão.

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Dessa forma, considerando os aspectos ambientais o uso de sistemas de MQL –

mínima quantidade de lubrificação, tem sido exaustivamente testado nas últimas décadas.

A vertente de menos poluição do meio ambiente com a redução do uso de fluidos

agressivos e com aplicação de técnicas alternativas tem alterado a agenda das pesquisas em

fluidos lubrirefrigerantes. A grande dificuldade que se tem no chão de fábrica em relação a

completa utilização de sistemas de MQL está focada no enclausuramento das máquinas,

pois a névoa formada pelos sistemas de MQL e comprovadamente prejudicial à saúde dos

operadores e a perfeita aplicação da névoa de fluido em furos profundos que só é perfeita

quando são empregadas ferramentas com lubrificação interna.

Para os processos de rosqueamento, a aplicação de lubrirrefrigeração com MQL pode

ser considerada mais eficiente, pois o fluxo de calor gerado no processo é muito baixo e as

gotículas de óleo apresentam mais eficiência na redução do atrito (BRANDÃO e

COELHO, 2009). Isto ocorre devido ao fato que a região de corte em processos de

rosqueamento é muito pequena e o calor gerado é mínimo com baixas temperaturas na

interface ferramenta/peça.

Ribeiro Filho et al. (2017) estudaram a aplicação de MQL no processo de

rosqueamento na liga de Alumínio A306. As informações encontradas neste trabalho estão

de acordo com as obtidas nesta dissertação, pois os óleos testados tiveram influência em

diminuir os valores de torque, porém por outro lado, os valores de força de avanço foram

também elevados.

Dessa forma, pode-se afirmar que os sistemas de MQL apresentam-se mais eficientes

no processo de rosqueamento quando comparados com o processo de torneamento. Isto se

deve ao tipo de processo e sua remoção de material, geometria da ferramenta e tamanho da

seção de corte. Em alguns processos de torneamento, mesmo em condições de acabamento,

existe uma elevação da temperatura, como no caso do torneamento dos aços endurecidos

onde as temperaturas podem atingir entre 500 a 800 (CHEN et al., 2017; LI et al. 2016).

Assim, percebe-se que para os processos onde a ferramenta atua de forma mais restrita

como no caso da furação, alargamento e rosqueamento o MQL é mais eficiente, pois atua

exclusivamente como um minimizador do coeficiente de atrito.

Além disso, considerando as características da necessidade do uso de fluidos de corte

em processos de usinagem o uso dos sistemas de MQL mostra-se o mais adaptado para a

aplicação no processo de rosqueamento por usinagem o que torna este processo

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ambientalmente correto neste aspecto, devido ao menor impacto no consumo e

contaminação por óleo no meio ambiente.

Para o processo de rosqueamento por laminação, o uso de sistemas de MQL torna-o

ainda mais ambientalmente correto devido ao fato deste não produzir a geração de cavacos

e, portanto, além do baixo consumo de óleo de corte citado anteriormente existe a não

geração de refugos na forma de cavacos que podem comprometer o ambiente em alguns

casos, e em outras situações, podem levar a refusão de sucata que gerariam gastos de

energia desnecessários.

1.5 Planejamento experimental

Planejamento experimental é uma técnica utilizada para realizar experimentos de

forma que se consiga controlar as variáveis de um processo ou sistema que se deseja

avaliar e/ou controlar e obter respostas precisas quando ocorre a variação destes

parâmetros. Assim, empregando-se esta técnica pode-se definir quais dados, a quantidade e

quais condições devem ser coletados as informações durante um determinado experimento.

Segundo Montgomery (1997) o objetivo básico de se realizar um planejamento de

experimentos é satisfazer dois grandes objetivos que são definir a maior precisão estatística

possível na resposta e o menor custo para a realização destes experimentos. Portanto, uma

técnica de extrema importância para a indústria e para a área científica, pois para as duas

situações o seu emprego permite encontrar resultados mais confiáveis proporcionando a

economia de dinheiro e tempo.

Paralelamente, a aplicação da técnica de planejamento de experimentos no

desenvolvimento de novos produtos também é muito importante. Isto porque para que

ocorra uma maior qualidade dos resultados dos testes experimentais pode-se conseguir

finalizar um projeto com desempenho superior, considerando principalmente suas

características funcionais de trabalho e a sua robustez. Entretanto, esta ferramenta não

substitui o conhecimento técnico/científico do especialista sobre o assunto e não pode ser

considerada como uma análise fria de dados qualitativos e/ou quantitativos, pois o domínio

e conhecimento do problema que se deseja estudar é de fundamental importância.

Deve-se ter em mente que, em estatística, que é um ramo da matemática que trata da

coleta, da análise, da interpretação e da apresentação de massas de dados numéricos, o

planejamento de experimentos corresponde a uma área de estudos que desenvolve técnicas

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47

de planejamento e análise de experimentos. Atualmente, existem inúmeras técnicas, com

vários níveis de sofisticação e aplicações específicas, pois deve-se sempre inicialmente,

estudar qual a melhor técnica e análise dos dados. Pode-se considerar que as técnicas mais

conhecidas e de aplicação mais frequentes na área científica são; Tratamento em pares,

Tratamento em blocos, Quadrado Latino, Quadrado Greco-Latino, Quadrado Hiper-Greco-

Latino, Experimentos Fatoriais (BUSSAB; MORETTIN, 2002).

Nos planejamentos de experimentos ainda existem algumas terminologias para o

bom entendimento da metodologia empregada, sendo os principais conceitos

(WERKEMA; AGUIAR, 1996):

Fatores ou Tratamentos: são as variáveis que se pode controlar ou variáveis de

entrada que se deseja alterar para avaliar sua influência sobre as respostas;

Níveis: correspondem às faixas de valores das variáveis de controle que se desejam

utilizar durante os experimentos. Estes níveis normalmente devem ser conhecidos

previamente ou serem informados de acordo comas suas características técnicas;

Variável resposta: corresponde ao parâmetro de saída que se deseja avaliar,

corresponde ao resultado de uma variação que se realizou nas variáveis de entrada;

Aleatorização: é a prática de realizar a escolha dos pontos experimentais, que estão

dentro da faixa dos niveis por meio de um processo aleatório. Esta prática garante

as condições de independência dos dados coletados e evita erros sistemáticos;

Blocos: são agrupamentos de dados para eliminar fontes de variabilidade que não

são de interesse do estudo e do analista dos dados;

O uso do planejamento de experimentos tem sido usado cotidianamente na academia

para realizar testes experimentais, pois pode-se em alguns casos reduzir o número de

experimentos e os custos de projetos de pesquisa. A Tabela 1 mostra uma definição sucinta

de cada tipo de planejamento, a sua recomendação e aplicação e as informações que se

pode obter.

Tabela 1. Tipos de Planejamentos, caracterização, aplicação, estrutura e informações

obtidas

Classificação Aplicação Estrutura Informações obtidas

Totalmente aleatorizado com

um único fator

Apropriado quando apenas um fator

experimental está sendo estudado

O efeito do fator é estudado por meio da alocação ao acaso das unidades

experimentais aos tratamentos (níveis do

fator).

Os ensaios devem ser realizados

aleatoriamente.

1 - Estimativa e

comparações dos efeitos dos

tratamentos

2 - Estimativas da variância

Fatorial Usado quando vários fatores devem ser estudados em dois ou mais níveis

Em cada repetição completa do experimento todas as combinações possíveis dos níveis

1 - Estimativas e comparações dos efeitos dos

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48

e as interações entre os fatores podem

ser importantes

dos fatores (tratamentos) são estudadas.

A alocação das unidades experimentais aos

tratamentos e a ordem de realização dos ensaios são feitas de modo aleatório.

fatores

2 - Estimativa dos possíveis

efeitos de interações 3 - Estimativa da variância

Fatorial 2k em blocos

Apropriado quando o número de ensaios necessários para o

planejamento em k fatores em 2 níveis

é muito grande para que sejam realizados sob condições homogêneas

O conjunto completo de tratamentos é divido

em subconjuntos de modo que as interações

de ordem mais alta são confundidas com os blocos.

São tomadas observações em todos os

blocos. Os blocos surgem geralmente como

consequência de restrições de tempo,

homogeneidade de materiais, etc.

Fornece as mesmas

estimativas do planejamento fatorial, exceto algumas

interações de ordem mais

alta que não podem ser estimadas porque estão

confundidas com os blocos.

Fatorial 2k

fracionário

Empregado quando existem muitos

fatores (k muito grande) e não é

possível coletar observações em todos os tratamentos

Vários fatores são estudados em dois níveis,

mas somente um subconjunto do fatorial completo é executado.

A formação dos blocos algumas vezes é

possível.

1 - Estimativas e

comparações dos efeitos de

vários fatores 2 - Estimativa de certos

efeitos de interação (alguns

efeitos podem não ser estimáveis)

3 - Certos planejamentos

fatoriais fracionários (quando k é pequeno) não

fornecem informações

suficientes para estimar a variância

Blocos aleatorizados

Apropriado quando o efeito de um

fator está sendo estudado e é necessário controlar a variabilidade

provocada por fatores perturbadores

conhecidos. Estes fatores perturbadores (material, tempo,

pessoas, etc.) são divididos em blocos

ou grupos homogêneos

São tomadas observações correspondentes a

todos os tratamentos (níveis do fator) em cada bloco.

Usualmente os blocos são considerados em

relação a um único fator perturbador.

1 - Estimativas e

comparações dos efeitos dos

tratamentos livres dos efeitos do bloco

2 - Estimativas dos efeitos

do bloco 3 - Estimativa da variância

Blocos Incompletos Balanceados

Empregado quando todos os

tratamentos não podem ser

acomodados em um bloco

Os tratamentos testados em cada bloco são

selecionados de forma balanceada: dois

tratamentos quaisquer aparecem juntos em

um mesmo bloco o mesmo número de vezes que qualquer outro par de tratamentos

1 - Idêntico ao planejamento

em blocos aleatorizados.

2 - Os efeitos de todos os

tratamentos são estimados com igual precisão

Blocos Incompletos Parcialmente

Balanceados

Usado quando um planejamento em

blocos incompletos balanceados

necessita de um número de blocos excessivamente grandes

Alguns pares de tratamentos aparecem juntos

n1 vezes, outros pares aparecem juntos n2

vezes, ..., e os pares restantes aparecem juntos m vezes.

Idêntico ao planejamento em

blocos aleatorizados, mas os efeitos dos tratamentos são

estimados com diferentes

precisões

Quadrados Latinos

Apropriado quando um fator de interesse está sendo estudado e os

resultados podem ser afetados por

duas outras variáveis experimentais ou por duas fontes de

heterogeneidade. É suposta a ausência de interações

O quadrado latino é um arranjo para permitir dois grupos de restrições de bloco.

Os tratamentos são distribuídos em

correspondência à s colunas e linhas de um quadrado.

Cada tratamento aparece uma vez em cada

linha e uma vez em cada coluna. O número de tratamentos dever ser igual ao

número de linhas e colunas do quadrado. Os blocos são formados em relação a duas

variáveis perturbadoras, as quais

correspondem à s colunas e linhas do quadrado.

Estimativas e comparações

dos efeitos dos tratamentos

livres dos efeitos das duas variáveis bloco.

Estimativas e comparações

dos efeitos das duas

variáveis de bloco

Estimativa da variância

Quadrados de

Youden

Similares aos quadrados latinos, mas

o número de linhas, colunas e tratamentos não precisam ser iguais

Cada tratamento ocorre uma vez em cada

linha. O número de tratamentos deve ser

igual ao número de colunas. Os blocos são formados em relação a duas variáveis

perturbadoras

Idêntico ao planejamento em

quadrados latinos

Hierárquico

Experimentos com vários fatores em que os níveis de um fator (B) são

similares, mas não idênticos para

diferentes níveis de outro fator (A). Ou seja, o j-ésimo nível de B quando

A está no nível 1 é deferente do j-

ésimo nível de B quando A está no

nível 2 e assim por diante

Os níveis do fator B estão aninhados abaixo dos níveis do fator A

1 - Estimativas e

comparações dos efeitos dos fatores

2 - Estimativa da variância

Superfície de resposta

O objetivo consiste em fornecer

mapas empíricos ou gráficos de

contorno. Estes mapas ilustram a

Os níveis dos fatores são vistos como pontos

no espaço de fatores (muitas vezes

multidimensional) no qual a resposta será

1 - Mapas que ilustram a

natureza e a forma da

superfície de resposta

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forma pela qual os fatores, que podem

ser controlados pelo pesquisador,

influenciam a variável resposta

registrada

Fonte: (WERKEMA; AGUIAR, 1996; MONTGOMERY, 1997; MYERS,

MONTGOMERY; ANDERSON-COOK, 2016)

Dessa forma, observa-se que existem inúmeros planejamentos que podem ser

desenvolvidos para um perfeito planejamento de experimentos. O pesquisador deve ter em

mente o tipo de resposta que deseja obter, como irá variar os parametros de entrada,

quantas repetições e quantas réplicas serão realizadas, o formato dos gráficos gerado pelo

software estatísitco entre outras observações.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo são apresentados todos os equipamentos, ferramentas e materiais

empregados na realização dos testes experimentais. Além disso, é descrito qual foi a

estratégia empregada nos testes experimentais assim como o modelo estatístico utilizado.

2.1 Ferramentas

As ferramentas empregadas nos testes experimentais foram machos de corte e

machos laminadores da empresa Emuge-Franken sendo os modelos Rekort 1 com

cobertura de TIN (Nitreto de Titânio) conforme DIN 371 (2016) para os testes de

rosqueamento com machos de corte, conforme observado na Figura 18. Para as roscas

laminadas foi usado o modelo Innoform 1 com cobertura de TIN (Nitreto de Titânio)

conforme DIN 2174 (2008), observado na Figura 19.

Figura 18. Macho de corte empregado nos testes experimentais (Emuge Franken, 2010)

10 x P

1,5 a 2

Profundidade máxima

para furo cego

39 mm

100 mm

= 8 mm

Diâmetro d1 = 10 mm; Passo P = 1,5 mm

Tipo de chanfro

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Figura 19. Macho laminador empregado nos testes experimentais (Emuge Franken, 2010)

Todas as ferramentas, machos de corte e machos laminadores tinham a geometria

para fabricar roscas M10 com passo 1,5 mm e ambas eram fabricadas de aço rápido

especial (HSSE) com uma cobertura de TiN (Nitreto de Titânio) com espessura de 2

micrômetros. A rosca M10 com passo 1,5 mm é uma rosca padrão muito empregada em

motores de automóveis e demais componentes automobilísticos (CARVALHO, 2011).

2.2 Material

O material usado nos experimentos foi o alumínio 7075-T651 muito empregado nas

indústrias metal/mecânica, principalmente no setor aeroespacial. O alumínio 7075-T651

pode ser considerado como um referencial para a fabricação de moldes produtos plásticos,

atendendo desde componentes para a indústria automobilística até elementos para

computadores, pet, robótica, matrizaria, automação, brinquedos, entre outros. O alumínio

7075-T651 possui o seu peso específico de 2,85g/cm3 e um liga de AlZn, tratável

termicamente, alta resistência mecânica, boa resistência à corrosão e boa conformação. A

Tabela 2 mostra a composição química da liga de alumínio 7075-T651.

Tabela 2. Propriedades químicas da liga Al 7075-T651

Elemento Cr Cu Fe Mn Ni Si Ti Zn Zn+Ti Outros Al

Min. 0,18 1,2 - - - - - 5,1 - 0,05 Bal.

Max. 0,28 2,0 0,50 0,30 0,05 0,40 0,20 6,1 0,25

10 x P

2 a 3Profundidade máxima

Furo cego e passante

39 mm

100 mm

= 8 mm

Diâmetro d1 = 10 mm; Passo P = 1,5 mm

Tipo de chanfro

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As dimensões do corpo de prova eram 122 mm de comprimento, 22 mm de altura e

18 mm de largura. Os testes experimentais foram realizados em furos cegos roscados que

tinham a profundidade de 15 mm, considerando-se a média de 1,5 vezes o diâmetro da

ferramenta e 10 vezes o comprimento do passo de rosca. Os diâmetros iniciais de furação

foram realizados de acordo com o fornecedor das ferramentas, sendo o diâmetro de 8,5 mm

para as ferramentas de usinagem e 9,3 mm para as ferramentas de laminação. Estes

diâmetros iniciais são padronizados de acordo com a norma NBR ISO 724 (2004). Figura

20 mostra o detalhe construtivo dos corpos de prova.

Os ressaltos laterais no corpo de prova foram usados para manter o corpo de prova

fixo no dispositivo que foi desenvolvido para realizar a transição da fixação do corpo de

prova no dinamômetro. Além disso, este dispositivo de fixação evitava que durante a

retração da ferramenta, o corpo de prova fosse puxado pelo macho e também funcionavam

como trilhos para movimentação com precisão dentro do dispositivo de fixação. Cada furo

roscado foi realizado com uma distância fixa de 13 mm entre centros, gerando uma parede

mínima de 1,5 milímetros entre cada furo roscado.

Figura 20. Detalhe do corpo de prova usado nos experimentos (Fonte: autoria própria)

2.3 Centro de Usinagem

Os testes experimentais foram realizados em um centro de usinagem da marca ROMI

modelo Discovery 560 com dimensões de 560 x 440 x 350 mm (X, Y e Z). O avanço

rápido do equipamento é de 30 m/min com 10.000 RPM e 12,5 kW de potência no eixo

arvore. O comando CNC usado é Siemens 840. O centro de usinagem está alocado no

22

mm

15

mm

Corpo de prova

Dinamômetro

Dispositivo de

Fixação dos corpos

de prova

M10

15 m

m

20 m

m

22 m

m

Corte transversal

do corpo de prova

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Laboratório de processos de Fabricação do Departamento de Engenharia Mecânica da

Universidade Federal de São João del-Rei.

Figura 21. Centro de usinagem usado nos experimentos (Fonte: Autoria própria)

2.4 Equipamentos

Os dados de força axial Fz (N) e Torque Mz (N.m) monitorados durante os

experimentos foram realizados utilizando-se um dinamômetro marca Kistler modelo 9272,

mostrado na Figura 22, com uma taxa de aquisição de 500 Hz acoplado a um computador

Intel Pentium Dual Core E2200 – 2.2GHz. A taxa de aquisição utilizada permitiu uma

amostragem de dados muito acima do valor recomendado por Shaw (2004) que é de 4,5

vezes a frequência de rotação do equipamento.

Figura 22. Modelo do Dinamômetro usado nos experimentos (Kistler, 2017)

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2.5 Cabeçotes rosqueadores

Foram usados três cabeçotes de rosqueamento nos testes experimentais. Os modelos

empregados foram os seguintes:

1. Cabeçote com sistema de compensação axial fabricado pela empresa Sanches

Blanes modelo MRCC/BT, com compensação axial nos dois sentidos, conforme pode ser

observado na Figura 14;

2. Cabeçote com sistema de compensação axial fabricado pela empresa Emuge-

Franken modelo Sofsyncro, com compensação axial apenas sentido de fabricação da rosca,

conforme pode ser observado na Figura 16;

3. Cabeçote rosqueador auto reversível fabricado pela empresa Sanches Blanes

modelo TAPMATIC - RCT/BT-HSK-A, conforme pode ser observado Figura 17.

O motivo para o uso destes três tipos de cabeçotes foi a comparação dos esforços de

torque Mz e força axial Fz e tempo que estes sistemas realizam as roscas. Além disso,

existem estudos, em grande parte, sobre os processos de usinagem de roscas necessitando

de uma comparação da aplicação destes cabeçotes com dois processos distintos de

fabricação de roscas que são a usinagem e laminação.

2.6 Planejamento estatístico e experimental

A Figura 23 mostra o detalhe da fixação dos corpos de prova com uma vista auxiliar

mostrando um corte transversal do corpo de prova e as dimensões básicas. Este tipo de

fixação permitiu que o corpo de prova fosse deslocado no sentido lateral, proporcionando

um maior aproveitamento do corpo de prova e possibilitando que todos os testes fossem

realizados exatamente no centro do dinamômetro. Cada corpo de prova possibilitou a

realização de 9 experimentos.

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Figura 23. Detalhe do sistema de fixação nos testes experimentais

Os parâmetros de usinagem e laminação das roscas seguiram a recomendação do

fabricante das ferramentas. As duas ferramentas eram roscas M10 com passo normal de 1,5

milímetros. O limite máximo e mínimo para as velocidades de corte e laminação foram os

mesmos para os dois processos para que fosse possível uma comparação entre processos,

pois a previsão era a comparação dos esforços de torque e força axial. Na Tabela 3 são

exibidos os parâmetros de entrada com seus respectivos níveis.

Para uma completa análise estatística foi desenvolvido um planejamento em blocos

aleatorizados, que é empregado quando o efeito de um fator está sendo estudado e é

necessário controlar a variabilidade provocada por fatores perturbadores conhecidos. Estes

fatores perturbadores para estes experimentos foram tipo de macho, tipo de cabeçote e tipo

de sistema homogêneos totalizando 108 experimentos totais.

Tabela 3. Parâmetros de entrada estudados e seus respectivos níveis

Parâmetros de entrada Níveis dos parâmetros de entrada

-1 0 1

Velocidade de corte e/ou laminação [m/min] 15 27 40

Tipo de cabeçote rosqueador (modelo) Autoreversor Emuge Sanches

Parâmetros de entrada Níveis dos parâmetros de entrada

-1 +1

Sistema de lubrificação MQL Emulsão

Tipo de Processo de rosqueamento Usinagem Conformação

Para cada tipo de cabeçote foi realizado um conjunto de experimentos seguindo a

mesma rotina apresentada na Tabela 4. O motivo para este tipo de planejamento foi que

Corpo de prova

Dinamômetro

Dispositivo de

Fixação dos corpos

de prova

M10

15 m

m

20 m

m

22 m

m

Corte transversal

do corpo de prova

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ficaria inviável a troca constante de cabeçotes e ferramentas para realizar um planejamento

completamente aleatorizado considerando os tempos demandaria na fixação e zeramento

das ferramentas e troca de cabeçotes rosqueadores. Assim, foi possível a realização dos

experimentos de forma mais rápida e a aleatorização aconteceu entre as três velocidades de

corte e/ou laminação e os dois tipos de emulsão que já se encontravam montados e

preparados no centro de usinagem.

Tabela 4. Esquema dos blocos utilizados para cada experimento.

Cabeçote Ferramenta Lubrificação Velocidade

Autorosqueador

Macho de corte

Emulsão

Vc1 (repetida 3 vezes)

Vc2 (repetida 3 vezes)

Vc3 (repetida 3 vezes)

MQL

Vc1 (repetida 3 vezes)

Vc2 (repetida 3 vezes)

Vc3 (repetida 3 vezes)

Macho laminador

Emulsão

Vl1 (repetida 3 vezes)

Vl2 (repetida 3 vezes)

Vl3 (repetida 3 vezes)

MQL

Vl1 (repetida 3 vezes)

Vl2 (repetida 3 vezes)

Vl3 (repetida 3 vezes)

Emuge ... ... ...

Sanches Blanes ... ... ...

Como resposta foram avaliados o torque Mz em [N.m], a força axial Fz em [N] e o

tempo [segundos]. Os dois sistemas de resfriamento foram o sistema de MQL – mínima

quantidade de lubrificação com vazão de 30 ml/h e pressão de 5 bar e o sistema de

Emulsão com aproximadamente uma concentração de 6% de óleo de corte e vazão de 20

l/h.

Os experimentos foram realizados aleatoriamente de forma que todos os parâmetros

de entrada foram testados entre si, porém a única adaptação foi que os testes com os

cabeçotes rosqueadores foram realizados em bloco, ou seja, os testes foram feitos com um

cabeçote rosqueador de cada vez e com um macho de laminação de rosca incialmente e

depois trocando para o macho de corte, os demais parâmetros foram aleatorizados dentro

de cada bloco. Foi necessário a realização deste tipo de variação considerando a

necessidade que houve uma necessidade de troca constante entre os cabeçotes e da troca

dos tipos de ferramentas de rosqueamento.

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3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 Torque obtido nos testes experimentais

A Figura 24 mostra o comportamento do momento Mz durante as quatro condições

de rosqueamento. Estes testes foram realizados com o cabeçote com compensação em

apenas no sentido de fabricação da rosca (cabeçote da empresa Emuge) e para a condição

com a velocidade intermediária, de corte e laminação, de 27 m/min. Observa-se que o

comportamento de todas as curvas de torque Mz foram similares com um aumento do

esforço sem grandes oscilações devido ao fato do sistema de fixação empregado nos

experimentos possuía apenas compensação no sentido axial. O tempo médio para esta

velocidade varia muito pouco com um valor de aproximadamente de 1,55 segundos.

Nota-se no gráfico todas as regiões padronizadas durante a realização de uma rosca

laminada ou usinada. A inclinação no começo dos gráficos ocorreu devido ao fato que a

parte cônica da ferramenta que entra de forma gradativa na peça com o movimento

simultâneo de rotação e avanço axial da ferramenta. Após a entrada da parte cônica do

macho, tanto para o processo de usinagem como para os processos de laminação, nota-se

que os gráficos se mantiveram aproximadamente constantes até que ocorresse a reversão e

o retorno da ferramenta. Nos gráficos da Figura 24 foi registrada a parte de manufatura da

rosca, o momento de parada e o retorno da ferramenta.

Pode-se observar na Figura 24 que o maior valor de torque foi obtido com o macho

de laminação de rosca, onde ocorreu o processo de conformação dos filetes de rosca, e

quando foi empregado o sistema de lubrificação com MQL. Entretanto, nota-se que para o

processo de laminação de rosca com emulsão ocorreu apenas uma pequena variação. Por

outro lado, o menor valor de torque foi obtido no rosqueamento por usinagem com o

sistema de fluido, sendo que o processo de usinagem com MQL também ficou na mesma

faixa. Nota-se que em todos os testes, o valor do torque com o processo de laminação de

rosca sempre foi maior que o valor de usinagem, o que já era esperado com as

informações apresentadas por diversos autores (CARVALHO et al., 2011; FROMENTIN

et al., 2005; FROMENTIN et al., 2010)

Observa-se que o uso do sistema de MQL teve pouco efeito nos processos de

conformação e usinagem, quando comparado com o sistema de lubrificação por emulsão,

por reduzir os valores de torque. Nota-se para o processo de usinagem que os dois

sistemas mantiveram os valores de torque na mesma faixa. Para efeitos de comparação,

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todos os gráficos da Figura 24 são para a velocidade de 27 m/min, sendo esta velocidade

de corte e/ou laminação, o ponto intermediário das velocidades empregadas nos testes

experimentais. Para as velocidades de corte e/ou laminação de 15 e 40 m/min o

comportamento do torque Mz foi similar com variações nos pontos de máximo e mínimo

das curvas. Estas variações e as influencias destas nas respostas de torque (N.m), força

axial (N) e tempo (s) são apresentadas e discutidas nas seções posteriores deste trabalho.

Figura 24. Gráfico comparativo dos Momentos Mz para velocidade de 27 m/min (Fonte:

Autoria própria)

3.2 Força axial obtida nos testes experimentais

A Figura 25 mostra o comportamento da Força Axial Fz para as quatro condições

testadas, considerando o processo de laminação de rosca e usinagem de rosca. Neste

gráfico também foi considerado o cabeçote com compensação em apenas no sentido de

fabricação da rosca ( cabeçote da Emuge). Assim como aconteceu nos gráficos da Figura

24, as quatro curvas registradas na Figura 25 também representam os esforços para a

velocidade intermediária de 27 m/min e as curvas foram registradas com o comportamento

total do processo de rosqueamento incluído a parada do processo e o retorno da ferramenta.

Assim, da mesma forma que aconteceu com o gráfico de torque, pode-se definir

inicialmente que o maior valor de força axial Fz foi para o rosqueamento por laminação

quando foi empregado os sistemas de lubrificação por MQL e o menor valor para a força

axial ocorreu quando foi empregado o sistema de lubrificação com emulsão no

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8

Conformação - MQL Usinagem - MQL

Conformação - Emulsão Usinagem - Emulsão

Tempo [s]

Torq

ue

[N.m

]

Retorno da ferramentaRegião cônica Região cilíndrica

Região de parada e

Reversão da ferramenta

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58

rosqueamento por usinagem, da mesma forma que ocorreu nos esforços de torque

representados na Figura 24.

Assim, como aconteceu para o esforço de torque, considerando as velocidades de

corte e/ou laminação de 15 e 40 m/min o comportamento da força axial Fz foi similar com

variações apenas nos pontos de máximo e mínimo das curvas. A contrário do que

aconteceu com o esforço de torque, os gráficos de força axial não apresentaram uma região

cilíndrica, mas, uma região de rampa, porém, com menor inclinação que a região que

representa a parte cônica dos machos de corte e de laminação.

Este fato pode ser explicado considerando que para o esforço axial mesmo após a

fabricação da rosca, que basicamente acontece na região cônica do macho, o esforço de

corte ainda continua acontecendo devido ao esforço de laminação e/ou usinagem que é

uma decomposição dos vetores radiais e axiais do processo devido ao movimento

helicoidal que o macho necessita fazer para fabricar o filete de rosca.

Dessa forma, pode-se considerar que existe um grande valor de atrito no

deslocamento do macho de corte e/ou laminador no sentido de fabricação dos filetes de

rosca. Este fato, relacionado ao atrito, pode ser comprovado no retorno da ferramenta, onde

nota-se que existe um esforço maior no sentido contrário (negativo) para as ferramentas de

laminação, independente do sistema de lubrificação empregado, do que para as ferramentas

de usinagem.

Isto pode ser também definido baseado na recuperação elástica do material, que

tende a aumentar o atrito entre a ferramenta e o material, pois na condição das roscas

usinadas, deve-se considerar que houve, praticamente, remoção completa do material e no

caso da laminação de roscas houve uma deformação na região do filete que provocou um

rearranjo do material laminado dentro do furo e que pode ter provocado um aumento do

atrito no retorno da ferramenta de corte.

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59

Figura 25. Gráfico comparativo das Forças Axiais Fz para velocidade de 27 m/min (Fonte:

Autoria própria)

3.3 Análise estatística dos resultados experimentais

Abaixo são demonstrados os resultados obtidos com os três cabeçotes empregados

neste trabalho, a saber; cabeçote com compensação axial nos dois sentidos (A), cabeçote

com compensação axial apenas no sentido de fabricação da rosca (B) e cabeçote auto

reversível (C). Além disso, na Tabela 5, é apresentado também a influência do tipo de

sistema de lubrificação, onde foram empregados a emulsão e o sistema de Mínima

Quantidade de Lubrificação (MQL) e a variação da velocidade de corte nos processos de

rosqueamento por usinagem e por laminação.

Portanto, a Tabela 5 mostra os resultados da análise de variância onde pode-se

considerar o P-valor que corresponde a uma nível de significância de 95%. Assim, quando

os valores estão abaixo de 5% (0,05) pode-se afirmar que existe uma influência deste

parâmetro de entrada na resposta. Dessa forma, as três respostas, torque Mz (N.m), força

axial Fz (N) e Tempo (s), foram avaliadas na Tabela 5. Os valores de ajustes na Tabela 5

demonstram que os dados R2, R2(ajust) e R2(pred) apresentam valores para o torque e

para a força axial. Entretanto, para o tempo, o valor do ajuste para o torque ficou abaixo de

40%.

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

Conformação - MQL Usinagem - MQL

Conformação - emulsão Usinagem - emulsão

Fo

rça

axia

l [N

]

Retorno da ferramentaRegião

cônica

Região cilíndrica

Região de parada e

Reversão da ferramenta

Tempo[s]

0 0.2 0.4 0.6 08 1.0 1.2 1.4 1.6

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60

Tabela 5. Análise de variância para os valores de torque Mz [N.m], força axial Fz [N] e

tempo [s] (Fonte: Autoria própria)

Parâmetros de entrada

Torque [N.m] Força axial [N] Tempo [s]

F

valor

P

valor

F

valor

P

valor

F

valor

P

valor

Lubrificação 60,77 0,000 36,22 0,000 1,65 0,203

Cabeçote 3,95 0,024 232,15 0,000 879,63 0,000

Processo 19,75 0,000 107,05 0,000 0,07 0,794

Velocidade 3,32 0,042 4,47 0,015 2075,84 0,000

Interação de dois fatores

Lubrificação*Cabeçote 14,72 0,000 18,15 0,000 3,83 0,026

Lubrificação*Processo 21,58 0,000 0,15 0,699 0,01 0,909

Lubrificação*Velocidade 3,29 0,043 1,37 0,261 2,25 0,110

Cabeçote*Processo 14,64 0,000 154,92 0,000 2,61 0,081

Cabeçote*Velocidade 0,55 0,696 1,53 0,203 219,67 0,000

Processo*Velocidade 1,46 0,239 2,78 0,069 0,25 0,782

Interação de três fatores

Lubrificação*Cabeçote*Processo 0,75 0,478 36,52 0,000 0,04 0,964

Lubrificação*Cabeçote*Velocidade 1,84 0,130 1,55 0,199 1,42 0,238

Lubrificação*Processo*Velocidade 0,97 0,383 1,75 0,182 0,04 0,959

Cabeçote*Processo*Velocidade 0,55 0,701 0,64 0,637 1,06 0,383

Interação de quatro fatores

Lubrificação*Cabeçote*Processo*Velocidade 0,63 0,643 1,85 0,130 0,01 1,000

Resumo para o torque [%]

R2

74,42

R2(ajust)

60,69

R2(pred)

39,10

Resumo para a força axial [%] 93,97 90,63 84,40

Resumo para o tempo [%] 99,98 98,45 97,58

O valor de R2 representa a proporção da variabilidade na variável resposta que se

deseja explicar a variação, no caso o torque a força axial e o tempo, pela variável

explanatória que foram a lubrificação, o cabeçote, o processo e a velocidade. Isto significa

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61

que 74,42% para o torque, 93,97% para a força axial e 99,98% para o tempo que são as

variáveis dependentes, são os valores percentuais que variam de 0 a 1 e que o modelo

consegue explicar para os valores observados em cada experimento. Pode-se afirmar que

quanto maior o R², mais explicativo é o modelo e logo melhor ele se ajusta à amostra.

Por outro lado, R2 ajustado é usado quando se deseja comparar modelos que têm

diferentes números de preditores no caso os parâmetros de entrada testados. Portanto, o

valor de R2 ajustado sempre aumenta quando são adicionados novos preditores, ou

parâmetros de entrada ao modelo, mesmo que a inclusão destes termos não promova uma

melhoria ao modelo. Portanto, pode-se notar que não ocorreu este aumento, pois os valores

de R2 ajustado foram menores que R

2 e todos os parâmetros testados (preditores) foram

numericamente os mesmos para todas as respostas.

Finalmente, o valor do R2 predito tem a função de determinar o quão bem seu

modelo prediz as respostas quando novas observações forem testadas. Ou seja, se forem

testados, por exemplo, outros valores de velocidade de corte e/ou laminação, diferentes dos

originais e dentro da faixa testada, a resposta encontrada sempre estará dentro dos valores

preditos. Portanto, modelos que têm valores de R2 predito mais elevado têm melhor

capacidade preditiva das respostas. Entretanto, um R2 predito que é substancialmente

menor que o R2 pode indicar que o modelo está com excesso de ajuste como aconteceu

com valor de 39,10% para o torque.

Com base nas informações apresentadas na Tabela 5, a Figura 26 apresenta o

gráfico dos efeitos principais onde pode-se observar para o torque que todos os parâmetros

de entrada tiveram influência sobre esta resposta. Considerando o P-valor avalia-se apenas

os valores abaixo de 0,05 ou seja 5%. Isto significa que existe uma probabilidade de 95%

que alterando estes valores as respostas sofrem influência destas variações. Para a resposta

força axial nota-se que, assim como o torque todos os parâmetros de entrada tiveram

influência nesta resposta. Porém, para a resposta tempo nota-se que apenas o tipo de

cabeçote empregado e a velocidade tiveram influência.

Na Figura 26 observa-se que que a variação do parâmetro de entrada lubrificação

gerou uma redução de 36,52% no torque quando o sistema foi alterado de emulsão para

MQL. Para o tipo de cabeçote empregado temos inicialmente um aumento do torque

1,59% do cabeçote autoreversor para o cabeçote da Emuge e em seguida um aumento de

11,27% do cabeçote Emuge para o cabeçote Sanches Blanes.

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62

Figura 26. Gráfico de efeitos principais para o torque (Fonte: autoria própria)

Para o tipo de processo nota-se uma redução no torque de 19,31% quando se muda

do processo de conformação de rosca para o processo de usinagem de rosca. Finalmente,

pode-se observar na Figura 27 uma redução de 13,34% no torque quando se aumentou a

velocidade de corte e/ou deformação de 15 para 40 m/min. Os maiores valores de torque

ficaram na faixa de 12,73 N.m quando foi usado o sistema de emulsão na lubrirrefrigeração

do processo e o menor valor de torque foi de 9,33 N.m quando foi empregado o sistema de

MQL.

Na Figura 27 nota-se que, assim como ocorreu para o torque, a força axial sofreu

influência de todos os parâmetro de entrada. Nota-se no primeiro gráfico que ao contrário

do torque a força axial teve um aumento de 32,52% quando foi mudado o sistema de

lubrificação de emulsão para MQL. Para a variação do tipo de cabeçote nota-se os maiores

valores de força axial com uma variação total de 298,53%.

Figura 27. Gráfico de efeitos principais para a força de avanço (Fonte: autoria própria)

36,5

2%

11,2

7 %

13,3

4 %

19,3

1 %

1,5

9 %

298,5

3%

63,3

4 %

32,5

2%

12,2

3 % 4

,90 %

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63

Figura 27 observarmos que o tipo de processo teve um decréscimo de 63,34%

quando se muda do processo de laminação para o processo de usinagem de roscas e uma

variação de 12,23% quando se altera a velocidade de corte e/ou deformação de 15 para 27

m/min e em seguida uma redução de 4,9% quando se altera a velocidade de corte e/ou

deformação de 27 para 40 m/min. Pode-se notar ainda que somente o tipo de processo de

rosqueamento e a velocidade de corte e/ou laminação tiveram comportamento similares

para o torque e para a força axial com comportamento decrescente, para os outros

parâmetros de entrada o comportamento do torque e da força axial foram opostos. O maior

valor de força axial foi de 542,94 N e o menor de 136,23 N ambos para a variação do tipo

de cabeçote.

Na Figura 28 temos apenas os parâmetros cabeçote e velocidade influentes na

resposta tempo, com base nas informações da Tabela 5. Nota-se que o comportamento da

variação do cabeçote, inicialmente, apresentou uma redução de 109,08% do sistema

autoreversor para o sistema da Emuge. Por outro lado, quando foi variado o sistema da

Sanches ocorreu um aumento de 81,83% no tempo. Nota-se que o menor valor de tempo

foi quando foi empregado o sistema da Emuge gerando um tempo de 0,8735 segundos.

Para a variação da velocidade ocorreu uma variação de 57,53% quando a variação foi de

15 para 27 m/min e uma variação de 105,07% quando a velocidade variou de 27 para 40

m/min. O maior valor de tempo foi de 2,205 segundos e o menor valor de tempo foi de

0,686 segundos.

Figura 28. Gráfico de efeitos principais para o tempo (Fonte: autoria própria)

57

,53

%

10

5,0

7 %

81

,83

%

10

9,0

8 %

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64

Na Figura 29 são apresentados os gráficos de interação para a resposta torque. As

interações acontecem quando dois parâmetros são alterados simultaneamente e se

comportam de forma diferente, ou seja, por exemplo, quando se varia o parâmetro de

entrada “A” e a resposta tende a aumentar e ao mesmo tempo se varia o parâmetro de

entrada “B” e a mesma resposta tende a diminuir conclui-se que estes parâmetros de

entrada têm interação entre si. Com base nisto, pode-se observar na Figura 29(a) que

quando se muda do cabeçote autoreversor para o cabeçote da Emuge empregando o

sistema de emulsão existe praticamente um comportamento linear no esforço de torque

para o sistema de MQL e um pequeno aumento para o sistema de emulsão, porém quando

se altera para o cabeçote da Sanches empregando emulsão e o sistema de MQL ocorreu

uma inversão no valor do torque. Nota-se que o sistema de emulsão provocou uma

diminuição no valor do torque e o sistema de MQL provocou um aumento do valor.

Da mesma forma, para o comportamento do torque na interação entre a lubrificação e

tipo de processo, considerando os sistemas de lubrificação empregados, observa-se na

Figura 29(b) que existe uma tendência a um comportamento quase linear para o torque

quando se varia o tipo de processo de rosqueamento e mantem-se a lubrificação por

emulsão, mas quando o sistema de lubrificação é alterado para MQL, existe uma queda

considerável no valor do torque para o processo de usinagem de roscas. Para a interação

entre a lubrificação e a velocidade, conforme apresentado na Figura 29(c), nota-se que o

uso do sistema de MQL manteve o torque com um comportamento quase linear, com uma

pequena oscilação na faixa de 9 N.m ao contrário do sistema de emulsão que em conjunto

com o aumento da velocidade gerou uma queda no valor do torque.

(a)

Torq

ue

(val

ore

s m

édio

s) [

N]

Torq

ue

(val

ore

s m

édio

s) [

N]

Torq

ue

(val

ore

s m

édio

s) [

N]

Torq

ue

(val

ore

s m

édio

s) [

N]

(b)

(c) (d)

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65

Figura 29. Gráfico de Interação de dois fatores para o torque; a)Lubrificação*Cabeçote;

b)Lubrificação*Processo; c)Lubrificação*Velocidade e d)Cabeçote*Processo)

Na Figura 29(d) observa-se a interação entre o tipo de cabeçote e velocidade de corte

e/ou laminação. Nota-se que existe um comportamento quase paralelo para os cabeçotes

autoreversor e da Emuge, por outro lado o cabeçote da Sanches promoveu uma queda

significativa no torque quando se alterou do processo de laminação de roscas para o

processo de usinagem.

A Figura 30(a) exibe a interação entre os sistemas de lubrificação e o tipo de

cabeçote empregado para a variação da força axial. Nota-se que os dois gráficos têm

comportamento distintos e bem similares com a queda da força axial, a interação ocorre

com base na variação intermediária com o uso do cabeçote de Emuge que tende a variar

mais que os demais cabeçotes empregados nos testes de rosqueamento. Figura 30(b) nota-

se que existe uma tendência na diminuição da força axial quando se emprega os cabeçotes

autoreversor e da Emuge, senda esta queda bem maior para o cabeçote autoreversor e ao

contrário para o cabeçote da empresa Sanches nota-se um aumento da força axial.

Figura 30. Gráfico de Interação de dois fatores para a força axial; a)lubrificação*Cabeçote

e b)Cabeçote*Processo) (Fonte: Autoria própria)

Na Figura 31(a) é apresentada a interação entre a lubrificação e o tipo de cabeçote

empregado para o tempo de fabricação das roscas. Nota-se que existe uma tendência a

diminuição do tempo quando se emprega o cabeçote da Emuge para os dois tipos de

lubrificação empregados. O comportamento dos dois sistemas de lubrirrefrigeração é

similar, porém ambos apresentam uma queda no tempo de fabricação das roscas quando se

Fo

rça

axia

l [N

]

Fo

rça

axia

l [N

]

(a) (b)

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66

varia do sistema autoreversor para o sistema da Emuge e voltam a ter um aumento quando

se muda para o sistema de Sanches.

Da mesma forma, na Figura 31(b) o tempo tem uma forte possibilidade de cair

quando se emprega isoladamente cada uma dos três tipos de cabeçote empregados e

aumenta-se simultaneamente a velocidade de corte e/ou laminação. Apesar do aumento da

velocidade de corte ou laminação ser proporcional para todos os cabeçotes empregados,

nota-se que para o sistema autoreversor ocorreu uma queda mais significativa no tempo ao

contrário do sistema da Emuge que teve uma queda menor, sendo que o mesmo apresentou

para as velocidades de corte e/ou laminação valores menores que os demais cabeçotes.

Figura 31. Gráfico de Interação de dois fatores para o tempo; a)Lubrificação*Cabeçote e

b)Cabeçote*Velocidade) (Fonte: Autoria própria)

Na Figura 32 é apresentada a interação entre a lubrificação, o tipo de cabeçote e o

processo de fabricação das roscas ou seja a interação de três fatores simultâneos. Na Figura

32(a) observa-se que com a variação do tipo de cabeçote existe uma tendência de queda

para a força axial para os dois tipos de sistema de resfriamento. O cabeçote autoreversor

apresentou os maiores valores de força axial para ambos os processos assim como o

cabeçote da empresa Sanches apresentou os menos valores de força axial

independentemente do tipo de sistema de lubrificação. Por outro lado a maior varrição foi

do sistema da Emuge que, como pode ser observado na Figura 32(a) trabalha gera menores

valores de força de avanço durante a fabricação de roscas.

Na Figura 32(b) temos um comportamento quase paralelo para os dois sistemas de

lubrirrefrigeração empregados, pois observa-se que ambos promoveram a queda da força

axial para os dois tipos de processos de rosqueamento. Sendo o processo de rosqueamento

Tem

po

[s]

Tem

po

[s]

(a) (b)

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67

por usinagem o que demandou menor valor de força axial. Na Figura 32(c) é exibido o

comportamento da força axial com a variação simultânea do tipo de processo de

rosqueamento e da variação do tipo de cabeçote de rosqueamento. Nota-se que o cabeçote

autoreversor gerou a menor queda na força axial e o cabeçote da Sanches apresentou os

menores valores de força axial independente do processo de rosqueamento.

Por outro lado, o cabeçote da Emuge apresento um aumento da força axial quando se

variou do processo de laminação de roscas para o processo de usinagem de roscas.

Entretanto, estes dois cabeçotes apresentaram uma faixa de valores de força axial menor

que o cabeçote autoreversor.

Figura 32. Gráfico de Interação de três fatores para força axial

(Lubrificação*Cabeçote*Processo) (Fonte: Autoria própria)

3.4 Discussão dos resultados experimentais

De acordo com os dados da Figura 26 pode-se observar que o sistema de MQL

apresentou menor valor de torque no processo de rosqueamento. Para emulsão obteve-se os

maiores valores médios de torque que foram 12,74 N e para MQL foram registrados os

menores valores médios de 9,33 N. Isto demonstra que o sistema de MQL tem maior

capacidade de lubrificar a região de corte ou de deformação que o uso de emulsão. Os

fluidos emulsionáveis tem em média 6% de óleo na mistura para atuarem nos aspectos

lubrificantes, pois a água tem responsabilidade de atuar como refrigerante. Com base nisto,

pode-se considerar que o sistema de MQL com aplicação de 30 ml/h na forma de gotículas

apresentou melhor eficiência no aspecto de lubricidade.

(a) (b)

(c)

(a) (b)

(c)

Fo

rça

axia

l (v

alo

res

méd

ios)

[N

]

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68

Estes resultados estão de acordo com os dados obtidos por diversos autores. Ribeiro

Filho et al. (2017) estudaram o uso de diferentes fluidos no rosqueamento da liga de

alumínio A306 com aplicação de MQL na influência da formação de rebarbas e na

variação dos esforços de corte. De acordo com o autor, sistemas de MQL tem uma

eficiência melhor para lubrificação, diminuindo não apenas o torque no rosqueamento por

laminação como também a formação de rebarbas na saída do furo. Maciel (2013) também

estudou o processo de laminação de roscas externas na liga de Titânio Ti-6Al-4V. Apesar

do autor não ter monitorado os esforços de corte, neste trabalho pode-se comparar a

qualidade da superfície das roscas, sendo que com o uso do sistema de MQL obteve-se as

melhores qualidades de perfis de rosca.

Bhowmick; Lukitsch; Alpas (2010) estudaram o rosqueamento da liga de alumínio

silício com lubrificação empregando sistemas de MQL. Segundo o autor o uso do sistema

de MQL com vazão de 80 ml/h e velocidades de corte na faixa de 10 a 50 m/min

proporcionou uma redução na formação de aresta postiça e gerou baixos valores de torque.

De acordo com os autores a presença de enxofre aditivos com base em fósforo nos fluidos

de MQL ajuda a prevenir a adesão do alumínio na formação da aresta postiça de corte.

Além disso, a temperatura foi monitorada e segundo os autores o sistema de MQL

proporcionou uma redução significativa na diminuição da temperatura baseado na redução

do atrito. O trabalho desenvolvido por Brandão (2009) também demonstrou que o sistema

de MQL tem boa efetividade na redução dos esforços de corte e temperatura no

rosqueamento de aços endurecidos. Segundo os autores o sistema de MQL quando bem

regulado tem uma boa capacidade de reduzir a temperatura nos processos de

rosqueamento.

Patel; Patel; Patel (2012) demonstraram que o rosqueamento da liga de Alumínio-

Silício com aplicação do sistema de MQL é altamente produtiva e eficiente, aumentando a

vida dos machos de corte significativamente. Apesar dos estudos que comprovam a

eficiência na redução da temperatura em processos de usinagem com a aplicação de MQL,

Taylor et al. (2012) estudaram a eficiência de 9 fluidos empregados em sistemas de MQL.

Toda as características destes fluidos foram testadas e comparadas. De acordo com os

autores, todos os fluidos tiveram uma eficiência muito baixa na remoção do calor da zona

de corte, mas por outro lado todos apresentaram considerável molhabilidade e lubricidade.

Além disso, os autores demonstram que de acordo com os resultados de usinagem, a baixa

viscosidade do fluido, alta concentração de névoa, diâmetro médio das gotículas de névoa

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69

e molhabilidade foram os melhores fatores a serem assimilados com a usinabilidade dos

materiais.

Pereira et al. (2016) também estudaram o potencial do sistema de MQL no

rosqueamento de ferros fundidos. De acordo com os autores, a aplicação de óleo com

frequência de 1 pulso por segundo e vazão de 30 ml/h foi suficiente para minimização do

torque, força axial e desgaste das ferramentas. Todos estes estudos demonstram resultados

bem próximos aos encontrados neste trabalho. Isto significa que o sistema de MQL tem

forte tendência a diminuição do atrito grande potencial para ser aplicado em processos de

rosqueamento por usinagem e laminação. Ainda são necessários novos estudos para avaliar

o potencial do sistema de MQL na redução de temperatura e remoção de calor da região de

corte e/ou deformação, pois assim estarão disponíveis informações mais completas e

definido o perfil exato do fluido de corte a ser empregado em processos de rosqueamento.

Na Figura 26 observa-se que considerando o tipo de cabeçote empregado nos testes

experimentais, o sistema autoreversor foi o que apresentou menores valores de torque

ficando na média em 10,51 N, por outro lado o sistema da Sanches apresentou os maiores

valores de torque na faixa de 11,89 N. A variação total foi mínima com 12,86% entre os

extremos. Dessa forma, nota-se que considerando o esforço de torque devido aos sistemas

terem apenas compensação axial, os valores de torque ficaram muito próximos.

Basicamente, a variação de entre o sistema autoreversor e da Emuge foi mínima e pode-se

considerar que ambos estão na mesma faixa de torque. Entretanto, para o sistema da

Sanches o valor foi um pouco maior.

Portanto, pode-se considerar que existe também uma interação muito forte entre o

cabeçote e o sistema de lubrificação empregado como pode ser observado na Figura 29(a).

Basicamente, o torque foi constante entre o sistema autoreversor e o cabeçote da Emuge

quando foi empregado o sistema de MQL, por outro lado quando se mudou para o sistema

da Sanches ocorreu um aumento significativo no esforço de torque. Para o sistema de

lubrificação com emulsão ocorreu exatamente o contrário com um pequeno aumento do

valor torque quando se alterou do sistema autoreversor para o cabeçote Emuge e uma

redução maior do valor do torque quando foi alterado do cabeçote Emuge para o cabeçote

da Sanches. Entretanto, o cabeçote da Sanches manteve o torque no mesmo patamar para

os dois sistemas de lubrirrefrigeração empregados.

Na Figura 29(d) nota-se a interação entre o cabeçote e o tipo de processo. Os valores

de torque para os sistemas autoreversor e da Emuge foram bem baixos com uma pequena

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diminuição para o processo de rosqueamento por corte. Isto demonstra que estes cabeçotes,

mesmo tendo apenas compensação axial, conseguem manter o esforço de corte em níveis

bem baixos sem comprometer o processo ou a quebra da ferramenta. Por outro lado, o

sistema da Sanches gerou o menor valor do torque no processo de corte mas produziu o

maior valor de torque no processo de laminação de rosca. Isto demonstra que o sistema

empregado pela Sanches está bem adaptado apenas para processos de rosqueamento por

usinagem.

Assim como ocorreu com a força axial o processo de rosqueamento por laminação

apresentou valores de torque mais altos que o processo de usinagem de roscas. A faixa de

valores de torque oscilou entre 11,99 N.m (conformação) a 10,05 N.m (usinagem). Este

fato está relacionado com o esforço radial que a ferramenta tem que fazer no processo de

laminação gerando um efeito aração e possibilitando a deformação do material que se

deforma para os lados e permite a geração do filete de rosca através da movimentação

estrutural do material.

Pereira (2014) comparou os dois processos de rosqueamento, usinagem e laminação

de roscas, em uma liga de alumínio e quatro tipos de aços, sendo dois aços endurecidos.

Em todos os resultados obtidos o torque do processo por laminação foi maior que o torque

por usinagem, sendo esta variação de 50% para o aço SAE 1045, 200% para o aço AISI

4140, 133% para o alumínio 6351, 175% para o aço N2711M e 178% para o aço VP Atlas.

Os valores de torque para a liga de alumínio testada foram de 7 N.m para a laminação de

rosca e 3 N.m para a usinagem de rosca. Uma vez que a liga testada neste experimento tem

uma dureza maior que o alumínio 6351, pode-se considerar que os valores encontrados

estão proporcionalmente semelhantes, pois para este trabalho a faixa de torque ficou entre

12 e 10 N.m.

De acordo com os resultados obtidos nota-se que pelo fato de ambos os machos

apresentarem regiões cônicas o comportamento do torque apresenta um crescimento rápido

na região cônica e depois demonstra uma estabilização. Isto ocorre devido ao fato do

material ser removido gradualmente e ficando apenas o atrito na parte cilíndrica da

ferramenta. No caso do processo de rosqueamento por laminação não existe remoção de

material e todos os lóbulos da ferramenta continuam atuando até o final da fabricação do

furo.

Desta forma, os dados obtidos para os dois processos demonstram torques maiores

no processo de laminação de roscas que, geralmente, ocorre em temperatura abaixo da

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temperatura de recristalização do metal ou da liga, pois o rosqueamento por laminação

sempre é realizado na temperatura ambiente e ainda com a ajuda de sistemas de

resfriamento. Assim, pode-se afirmar que no processo de laminação de roscas sempre

haverá mudanças das propriedades do material levando ao seu encruamento. Dessa forma,

com o surgimento do encruamento pela interação dos campos de deformação das

discordâncias na micro-estrutura dos materiais, que são constantemente aumentadas pela

deformação do macho laminador sobre a região deformada torna-se necessário um

aumento constante da força tangencial, proporcional a velocidade, para o macho seguir

deformando o material dentro do furo. Portanto, este efeito sempre será maior na região

cônica da ferramenta e menor na região cilíndrica.

Na Figura 26(d) nota-se uma queda do torque com o aumento da velocidade de corte.

O maior valor de torque foi de 11,72 N.m para a velocidade de 15 m/min e 10,34 N.m para

a velocidade de 40 m/min. Este fato tem sido observado em diversas pesquisas da área de

rosqueamento e pode ser explicado pelo fato do aumento da temperatura acontecer

proporcional ao aumento da velocidade. Brandão; Coelho; Malavolta desenvolveram um

estudo no processo de rosqueamento por usinagem em aços endurecidos com o

monitoramento da temperatura através de termopares. Os dados corroboram com os

encontrados neste trabalho, onde o aumento da velocidade registrou menores valores de

torque e maiores valores de temperatura.

Carvalho et al., (2012) também variou a velocidade de laminação na rosca da liga

AM-60 e observou que ocorreu uma queda do torque com o aumento da velocidade. Nota-

se que independente do processo por usinagem ou por laminação o torque tende a cair. A

explicação deste fato está justificada no aumento da temperatura na interface do material

com a ferramenta. O aquecimento desta região provoca uma diminuição da resistência

específica do material que tende a aceitar melhor o cisalhamento com menor esforço de

corte. O mesmo fato ocorre para a força axial que será explicado posteriormente.

Assim, pode-se definir que em usinagem basicamente toda a energia consumida é

convertida em energia térmica. Aproximadamente 1 a 3% desta energia fica retida no

sistema na forma de energia elástica. Para os processos de usinagem, o calor é gerado nas

zonas de cisalhamento e conduzido para a peça, para o cavaco e para a ferramenta. Dessa

forma, o aquecimento da peça durante a usinagem pode, na maioria dos casos, ser

considerado benéfico pois reduz a tensão de cisalhamento do material. A maior parte do

calor gerado é dissipado pelo cavaco, mais ou menos entre 80%, uma pequena

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porcentagem é dissipada pela peça, entre 8 a 12% e uma outra para o a ferramenta entre 12

a 8%.

De acordo com as respostas encontradas, a força axial foi influenciada isoladamente

pelos parâmetros lubrificação, cabeçote, processo e velocidade. Separadamente, pode-se

analisar que no caso da lubrificação houve um aumento da força axial com a mudança de

emulsão para MQL, isto pode estar relacionado com dois fatores, em primeiro lugar existe

uma dúvida se a eficiência do sistema de MQL foi completa e realmente lubrificou toda a

região de rosqueamento, atuando de fato na redução do atrito durante o processo, isto

devido ao comprimento do furo e pelo fato do sistema de MQL ter sido de aplicação

externa no processo.

Cao e Sutherland (2002) demonstraram que o uso de fluidos de corte em abundância

quando comparado com o rosqueamento seco aumenta a eficiência do processo de forma

significativa. A redução dos esforços de corte principalmente da força axial pode chegar a

150 N. Os autores rosquearam o aço SAE 1018 e desenvolveram um modelamento teórico

para prever os esforços de torque e força axial no processo, os erros encontrados variaram

até 46% dependendo das condições de velocidade e tipo de ferramenta. Nos testes

experimentais pode ser notado a eficiência na redução destes esforços quando foi usado o

fluido de corte.

Em segundo plano deve-se considerar o uso de velocidades de corte e/ou laminação

mais altas que podem ter comprometido o tempo de lubrificação da região rosqueada, pois

com menores tempos para se fabricar uma rosca, tem-se uma menor taxa de deposição de

volume de lubrificante por segundo, principalmente para o MQL que aplica micro gotas de

óleo de corte. Este fato pode também ter comprometido a lubrificação da região quando foi

empregado o sistema de MQL. Por outro lado, como o sistema de emulsão tem 6% de óleo,

mas foi empregado na forma de jorro, ou seja, em abundância, sua eficiência pode ser sido

muito superior no preenchimento da região rosqueada.

Além disso, velocidades mais altas promovem aumento da temperatura no processo

de rosqueamento o que pode comprometer a eficiência tanto de sistemas que usam fluido

em abundância como sistemas que usam sistemas de MQL. Brandão e Coelho (2009)

estudaram o rosqueamento com machos de corte do aço endurecido AISI H13 com

diferentes sistemas de lubrirrefrigeração e mostraram que existe um aumento significativo

da temperatura com o aumento da velocidade de corte. A temperatura foi monitorada com

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o uso de termopares inseridos nos corpos de prova e obteve-se a geração de calor no

processo e também a taxa de resfriamento dos sistemas empregados.

Dependendo do fluxo de calor presente no processo de rosqueamento, material

rosqueado e parâmetros de processo, a eficiência do processo pode sofrer ou não influência

do sistema de resfriamento. Para velocidades maiores, a taxa de calor aumenta de forma

exponencial e pode comprometer o resultado do processo como qualidade do perfil de

rosca, dimensões da rosca e formação de rebarbas para o caso de furos passantes

(BRANDAO; COELHO; MALAVOLTA, 2010).

Nos estudos do rosqueamento da liga de alumínio A306 com ferramentas

laminadoras e de corte, Ribeiro Filho et al. (2017) estudaram a formação de rebarbas na

saída e na entrada de furos passantes. De acordo com os resultados observou-se que

independente do sistema empregado a variação de rebarbas não foi influenciada pelo

sistema de resfriamento. Os dois sistemas tiveram a mesma eficiência e foram formadas

rebarbas do mesmo tamanho. Isto demonstra que durante o processo de rosqueamento o

mecanismo de corte ou conformação sofre pouca alteração, principalmente considerando a

capacidade de lubrificação da região de trabalho, no caso perfil da ferramenta com o

material usinado ou laminado.

Para a variação da força axial em relação ao tipo de sistema de fixação, nota-se que o

sistema autoreversor promoveu os maiores valores de força de avanço, com valores médios

de 542,94 N. O sistema da Sanches gerou os menores valores de força axial na faixa de

137,24 N. Nota-se que devido o sistema autoreversor ter uma compensação axial menor

que os demais sistemas os esforços de fabricação foram maiores, pois o mesmo trabalha se

assemelhando a um sistema rígido. Estes dados são similares aos encontrados por Carvalho

et al., (2012) que rosquearam ao liga de Magnésio AM60 e encontraram elevados valores

de força axial com o rosqueamento montado em um sistema rígido. Apesar do material ser

extremanente dúctil os valores de força axial foram muito altos na faixa de 900 a 1100 N

para uma faixa de velocidades de laminação entre 60 e 100 m/min. O processo estudado

também foi a laminação de rosca e de acordo com os resultados obtidos a força axial tende

a aumentar com a diminuição do diâmetro que possibilitou um melhor preenchimento do

perfil de rosca e também com o aumento da velocidade de laminação.

O sistema da Sanches possui compensação axial nos dois sentidos, ou seja, durante a

fabricação da rosca e no retorno da ferramenta. Este tipo de sistema oscila mais que os

demais permitindo um maior amortecimento durante o processo e gerando forças

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resultantes menores. Devido ao movimento helicoidal da ferramemte dentro do furo, existe

um vetor no sentido axial, ou seja exatamente na linda de centro do furo, e um vetor no

sentido tangencial da rosca, assim o resultado da força axial é uma componente formado

por este dois vetores e que, no caso da compensação nos dois sentidos gera uma

decomposição de forças que gera uma redução de forças na resultante final. O valor médio

para a força axial com o cabeçote da empresa Sanches foi de 136,24 N.

Considerando a variação da força axial em função do tipo de processo de

rosqueamento nota-se que o processo de laminação de rosca produziu um valor de força

axial na faixa de 412 N e para o processo de usinagem de rosca este valor foi de 252,24 N.

Nota-se que de acordo com a Figura 27 o processo de rosqueamento por laminação foi

maior que o processo de rosqueamento por usinagem para em todas as faixas de

velocidades empregadas. Este fato pode ser explicado com a diferença física entre os dois

processos.

No processo de laminação de roscas a construção do filete de rosca basea-se na

deformação do material gerando sua movimentação dentro do furo de uma região para

outra. Normalmente, esta movimentação ocorre da parte inferior do furo, base da rosca,

para o exterior do furo, crista da rosca. Esta movimentação, ocorre exclusivamente devido

ao formato cônico do macho laminador na sua primeira seção que promove a geração das

cristas de rosca e em seguida a parte cilíndrica calibra o diâmetro da rosca. Portanto, a

energia necessária para promover este rearranjo estrutural é muito mais alta que o processo

de usinagem de rosca.

Em contrapartida o processo de usinagem de roscas ocorre um remoção de material

que fica acumulada dentro do furo por um tempo até a retirada total da ferramenta. O

processo de rosqueamento por usiangem depende apenas da resistência específica de corte

do material que corresponde ao efeito contrário ao material ser cisalhado pela ferramenta.

Esta resistência em função da secção de corte gera os esforços de corte. Dessa forma,

assim como no macho laminador, o macho de corte tem uma região cônica que promove a

remoção de material de forma gradual e progressiva sem comprometer o processo. O

esforço necessário para esta remoção é muito menor que o esforço de laminação que

necessita de mais energia para promover modificações microestruturais no material.

Os esforços de rosqueamento por laminação sempre são maiores que os esforços de

corte independente da dimensão do processo. Ribeiro Filho et al. (2016) estudaram o

processo de micro rosqueamento na liga de titânio Ti-6Al-4V com machos de corte e

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laminadores. Este trabalho foram fabricadas roscas M3 com passo de 0,5 milímetros e os

resultados demonstraram que os esforços para a fabricação das roscas laminadas foram

muito pequenos mas proporcionalmente superiores aos esforços para a fabricação das

roscas usinadas.

Nos estudos de Pereira (2014) que comparou o rosqueamento de diferentes materiais

e monitorou a força de avanço, pode-se concluir que para o processo de laminação de rosca

na liga de alumínio 6351, foram encontrados valores de força de avanço de 600 N e para o

processo de rosqueamento com machos de corte foram encontrados valores médios da

ordem de 250 N. Este valores demonstram que, assim como aconteceu nos resultados deste

trabalho, o processo de rosqueamento por laminação sempre irá produzir forças de avanço

na laminação superiores as forças de avanço no rosqueamento por usinagem.

Considerando a análise da influencia da velocidade de corte e/ou laminação na

variação da força axaial nota-se que ocorreu um redução da força com a elevação da

velocidade. Isto pode ser explicado com base no aumento da temperatura dos processos de

usinagem. Segundo Shaw (2004) nos processos de usinagem ocorre um aumento da

temperatura proporcional ao aumento da velocidade. Este fato tem sido comprovado por

diversos autores como Trent (2000) que afirmam, por exemplo, que a quantidade e a taxa

de deformação são elevadas a medida que se aumenta a velocidade de corte. Assim, altas

taxas de deformação no mateiral ocorrem sem promover o seu encruamento devido ao

amolecimento adiabático do material causado pelo aumento da temperatura.

Portanto, segundo Trent (2000) a temperatura na zona de fluxo de cavaco e na região

de contato da ferramenta são dependentes da quantidade de trabalho necessária para

realizar o cisalhamento do material e da quantidade de material que passa pela zona de

fluxo. Brandao; Coelho; Lauro (2011) estudaram o fluxo de calor no processo de

rosqueamento de aços endurecidos. Os autores monitoraram a temperatura com termopares

inseridos nos corpos de prova e os resultados obtidos pelos autores demonstram que a

temperatura no processo de rosqueamento aumenta proporcionalmente com o aumento da

velocidade de corte.

A influência da temperatura no processo de laminação de rosca também foi

proporcional com o aumento da velocidade e inversamente proporcional para a força de

laminação. Os estudos de rosqueamento promovidos por Carvalho et al., (2011) que

estudaram a laminação de roscas internas na liga de magnésio AM60, Maciel et al., (2015)

que estudaram a laminação de roscas externas na liga de titânio Ti-6Al-4V, Ribeiro Filho

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et al. (2016) que também estudaram o processo de micro rosqueamento intreno na liga de

titânio Ti-6Al-4V demosntram o mesmo fato, ou seja sempre ocorre uma diminuição da

força axial com o aumento da velocidade de laminação.

Pode-se considerar que normalmente no rosqueamento por laminação existe uma

encruamento do material que é um fenômeno que modifica a estrutura cristalina dos metais

mais ducteis. Assim, ocorre uma deformação plástica que é realizada abaixo da

temperatura de recristalização destes materiais e poderá, ou não, causar o endurecimento

do material e consequentemente o aumento de resistência do metal. Entretanto, com o

aumento da velocidade de laminação ocorre um aumento da taxa de fricção entre os

materias no tempo e consequentemente pode ocorrer um redução da resistência do material

que fica mais suscetível as deformações.

Os resultados encontrados neste trabalho sobre a variação do tempo demonstram que,

isoladamente, e como efeito principal o tipo de cabeçote e a velocidade de corte e/ou de

laminação influem no tempo de fabricação da rosca. A relação do tempo com velocidade é

direta, ou seja, esperava-se que com o aumento da velocidade de corte e/ou laminação o

tempo realmente diminuísse, uma vez que apenas a velocidade foi variada e que o passo da

rosca foi mantido constante. Assim, a velocidade de avanço que, fisicamente é produto da

rotação pelo avanço, e no caso este é o passo da rosca, tem um aumento proporcional ao da

velocidade e corte e/ou laminação percorrendo o comprimento do perfil roscado mais

rapidamente.

Considerando que todos os comprimentos dos furos roscados foram mantidos

constante e que as distâncias de posicionamento do macho antes da realização do processo

de rosqueamento e do ponto de parada após o processo de rosqueamento também foram

fixadas durante os experimentos nota-se que o mesmo espaço para fabricação da rosca foi

mantido constante, logo o tempo foi proporcionalmente menor para maiores velocidades.

Conforme a Figura 31(b) nota-se que dos três cabeçotes empregados os sistema

autoreversor foi o que mais demorou a fabricar as roscas, sendo este tempo de 2,99

segundos para a velocidade mais baixa de 15 m/min enquanto o cabeçote da Emuge para a

mesma velocidade chegou a 1,21 segundos. Isto pode ser explicado devido ao conjunto de

peças presentes no sistema de embreagem do cabeçote autoreversor que necessita de uma

parada, para proporcionar o desengate das engrenagens que estão em um sentido de giro,

para que o mesmo possa inverter a rotação e proporcionar o retorno da ferramenta. Nota-se

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que este mecanismo provoca uma perda de tempo significativa quando comparado com os

demais cabeçotes empregados.

O cabeçote da Emuge gerou tempos de fabricação de roscas de 1,12 a 0,609

segundos, sendo este tempo mínimo bem próximo para os demais sistemas. O sistema de

esferas e buchas de nylon do cabeçote Emuge se mostrou mais eficiente, pois conforme

comentado anteriormente, a diferença básica deste tipo de cabeçote é que a compensação

axial atua somente quando ocorre uma pré-tensão ao exceder a força da guia que é

construtivamente pré-fixada por atrito de rolamento de esferas de transmissão do par nas

suas pistas de rolamento. Isto demonstra que este efeito contribui significativamente para a

redução do atrito e consequentemente para a perda de tempo durante o processo tornando-o

mais eficiente que os demais e que nos casos testados provavelmente não ocorreram

tensões que levaram o cabeçote a atuar e consequentemente perder tempo durante a

fabricação das roscas.

Além disso, como o sistema da Emuge tem compensação somente durante a

fabricação das roscas, ou seja, durante a carga maior do processo, ao retornar o mesmo não

apresenta flutuações de compensação que diminuem a perda de tempo total durante o

processo de fabricação de roscas. O sistema da Sanches também tem seu sistema de

compensação axial, porém, como este sistema flutua durante a fabricação da rosca e no

retorno da ferramenta os resultados demonstram que este tempo foi significativo para este

tipo de cabeçote apresentar um tempo maior de fabricação total que o sistema da Emuge.

Finalmente, deve-se considerar que o cabeçote da Emuge trabalha melhor com os

dois tipos de sistema de lubrificação testados, emulsão e MQL, pois de acordo com a

Figura 31(a) o tempo mínimo foi de 0,866 segundos. Isto demonstra que, mesmo no uso da

emulsão empregada que tinha 6% de óleo e no uso do MQL com 30 ml/hora, ou seja,

baixíssima concentração de óleo responsável pela minimização do atrito durante o

processo, o sistema da Emuge foi o mais eficiente na fabricação de roscas em tempos

menores.

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4 CONCLUSÕES

De acordo com os dados obtidos nos testes experimentais, as seguintes conclusões

podem ser tiradas na comparação dos processos de rosqueamento por usinagem e

laminação usando sistema de MQL e emulsão, empregando-se diferentes cabeçotes

rosqueadores com variação da velocidade de corte e/ou laminação

Considerando o esforço de torque, o melhor conjunto de parâmetros para produzir

os menores valores de torque é utilizando o sistema de resfriamento com MQL e o

cabeçote autoreversor, o processo de usinagem de roscas e empregando os valores de

velocidades de corte e/ou deformação mais altas;

Considerando o esforço axial ou força de avanço, o melhor conjunto de parâmetros

para minimizar as forças de avanço é utilizando a emulsão, o cabeçote da empresa

Sanches, o processo de usinagem de roscas e com os maiores valores de velocidade de

corte e/ou laminação;

Considerando o tempo para fabricação de roscas, o melhor conjunto de parâmetros

é utilizando o sistema da Emuge com altos valores de velocidade de corte e/ou laminação;

Separando-se os processos de rosqueamento por usinagem e laminação, pois cada

um dos processos tem características especificas e muito peculiares, pode-se notar que o

aumento de velocidade é unânime, pois pode-se produzir roscas em menor tempo, com

menor torque e força de avanço;

Por outro lado, existe uma dupla opção, para ambos os processos, considerando os

principais esforços de rosqueamento:

Para fabricar os dois tipos de roscas, usinada ou laminada, a melhor estratégia para

evitar a quebra da ferramenta por excesso de torque é utilizando o sistema de resfriamento

com MQL e o cabeçote autoreversor;

Para evitar a deformação do filete nos dois tipos de roscas, usinada ou laminada,

devido ao aumento da força de avanço que pode provocar uma falha de sincronismo entre

os movimentos de avanço rotação da ferramenta, a melhor opção é com o uso do sistema

de emulsão e o cabeçote de empresa Sanches;

Dessa forma, para definir uma única estratégia de rosqueamento e não comprometer

simultaneamente os esforços de fabricação nos dois processos a melhor opção é o uso do

MQL devido os aspectos ambientais que agridem menos o meio ambiente e o emprego do

cabeçote de empresa Emuge, pois o mesmo ficou mais próximo da linha media para os

dois esforços. Além disso, este também foi o melhor cabeçote para a redução do tempo de

fabricação das roscas.

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