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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM
BIOCIÊNCIA ANIMAL
CARLA APARECIDA SILVA LIMA
IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE BEZERROS COM ONFALITES, DETERMINAÇÃO DO PERFIL DE RESISTÊNCIA À ANTIMICROBIANOS E
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ÓLEO DE COPAÍBA NO TRATAMENTO DE ONFALITES
Cuiabá 2018
CARLA APARECIDA SILVA LIMA
IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE BEZERROS COM ONFALITES, DETERMINAÇÃO DO PERFIL DE RESISTÊNCIA À ANTIMICROBIANOS E
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ÓLEO DE COPAÍBA NO TRATAMENTO DE ONFALITES
Dissertação apresentada à Universidade Cuiabá- UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Biociência Animal. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Diniz dos Santos
Cuiabá 2018
FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Nº Cutter Lima, Carla Aparecida Silva.
Identificação de bactérias isoladas de bezerros com onfalites, determinação do perfil de resistência à antimicrobianos e avaliação da eficácia do óleo de copaíba no tratamento de onfalites/ Carla Aparecida Silva Lima. – Cuiabá, 2018.
48f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Biociência Animal,
Universidade de Cuiabá, ano de publicação. ―Orientador: Prof. Dr. Marcelo Diniz dos Santos.‖
1. Bezerros neonatos. 2. Onfalites. 3. Óleo de Copaíba.
CDD ou CDU
CARLA APARECIDA SILVA LIMA
IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE BEZERROS COM ONFALITES, DETERMINAÇÃO DO PERFIL DE RESISTÊNCIA À ANTIMICROBIANOS E
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO ÓLEO DE COPAÍBA NO TRATAMENTO DE ONFALITES
Dissertação apresentada à Universidade de Cuiabá - UNIC, Mestrado em Biociência Animal, área e concentração em Saúde Animal como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
BANCA EXAMINADORA
___________________________________ Prof. Dr. Marcelo Diniz dos Santos
UNIC
__________________________________ Dr. Ricardo César Tavares Carvalho
UNIC
__________________________________ Dra. Ivana Maria Póvoa Violante
UNIC
Conceito Final: ______________________
Cuiabá, 30 de Maio de 2018.
Dedico primeiramente a Deus, pois sem Ele nada seria e à minha família que tanto me apoiou na elaboração deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me permitiu a inteligência, por me dar força e coragem nos momentos
de desânimo.
Aos meus pais Dioclecio Alves de Lima e Marines Silva Lima pelo incentivo dado e
aos demais membros da minha família e amigos, que estiveram ao meu lado
durante todo este tempo.
Ao meu esposo Antônio Pereira de Siqueira Junior pelo incentivo e atenção dada
numa demonstração de amor e carinho, por entender minha ausência e cuidar do
nosso filho Matheus nos momentos de estudos.
Ao meu orientador professor Dr. Marcelo Diniz dos Santos por ter aceitado este
desafio e pela simpatia e presteza no auxílio das atividades e discussões sobre o
andamento e normatização desta dissertação.
A professora Drª Ivana Maria Póvoa Violante pela atenção, incentivo e troca de
informações em todos os momentos solicitados.
Ao Médico Veterinário professor Dr Fabio Bernardo Schein que nunca poupou ajuda
e auxílio, quando eu necessitei.
As alunas de iniciação científica Caroline e Bruna e a todos os técnicos dos
laboratórios da Universidade de Cuiabá – UNIC: Eufrazia, Carolline e Thaise que me
auxiliaram nos experimentos.
As Médicas Veterinárias Prof Msc Lívia Saab Muraro, Jessica Velasco e Rubi e o
Médico Veterinário Vitor Hugo pelo apoio dado à pesquisa.
Ao farmacêutico e professor Msc Guilherme Botelho por me auxiliar nos
experimentos.
Ao Laboratório Exame - Diagnostico e Análises Clínicas em especial a farmacêutica
Laura Moraes pelo apoio nas análises.
Aos alunos de graduação em Medicina Veterinária da UNIC Reginaldo e Adriano
pelo apoio dado à pesquisa.
À Fazenda Bom Futuro – Agrícola por terem cedido os animais para o
desenvolvimento do experimento.
Agradeço à Universidade de Cuiabá – UNIC pelo financiamento do Projeto.
―O mestre não é aquele que sempre ensina, mas quem de repente aprende.‖ Guimarães Rosa
RESUMO
As onfalopatias são processos inflamatórios e infecciosos que acometem o cordão umbilical dos animais neonatos, resultante da falta de higiene, tratamento do umbigo ou pelo comprometimento imunitário do neonato, causando diversos problemas de saúde e até morte do animal. Atualmente vem crescendo o interesse da comunidade científica no uso de plantas medicinais, buscando assim a descoberta de novos fármacos que possam produzir efeitos semelhantes ou até mais efetivos se comparados aos fármacos convencionais. A Copaifera spp. (copaíba) é uma planta que apresenta ação anti-inflamatória, anti-infecciosa e cicatrizante. Sendo assim, os objetivos deste estudo foram identificar as bactérias presentes em bezerros com onfalites, avaliar a atividade antimicrobiana do óleo de copaíba in vivo e in vitro e o perfil de resistência a antimicrobianos convencionais frente a estes microrganismos (in vitro) e a avaliação da eficácia do óleo de copaíba como anti-inflamatório e cicatrizante (in vivo). Foram utilizados 20 bezerros neonatos diagnosticados com onfalites distribuídos aleatoriamente em 4 grupos: grupo controle; grupo tratado com antibiótico, grupo tratado com pomada base contendo óleo de copaíba 10% e grupo tratado com o óleo de copaíba puro (100%). Todos os bezerros com onfalites foram acompanhados por meio de exame clínico, exames de sangue para determinação de proteínas de fase aguda e avaliação de possíveis lesões hepáticas nestes animais, coleta de secreção umbilical para isolamento, identificação e avaliação dos microrganismos frente ao óleo de copaíba, através da concentração Inibitória Mínima (CIM) e sua sensibilidade frente às seguintes drogas: Ampicilina, Ceftiofur, Enrofloxacina, Florfenicol, Gentamicina, Sulfonamidas e Tetraciclina pelo método de difusão com discos. A análise das variáveis estudadas foi interpretada por meio de análise de variância e as médias comparadas pelo Teste de Tukey. Foram isoladas 12 espécies diferentes de bactérias: Streptococcus uberis; Streptococcus bovis; Escherichia coli; Staphylococcus caseolyticus; Proteus mirabilis; Streptococcus equinus; Enterobacter aerogenes; Erwinia rhapontici; Nocardia asteroidis; Erwinia tracheiphilia; Tatumella ptyseos e Yersinia aldovae. Concluiu-se que o óleo de copaíba possui ação cicatrizante e anti-inflamatória, sendo possível observar redução do edema e lesão (in vivo), e atividade antimicrobiana (in vitro) frente aos microrganismos Yersinia aldovae e Streptococcus equinus, Tatumella ptyseos, Erwinia rhapontici, Proteus mirabilis e Staphylococcus caseolyticus isolados de bezerros neonatos com onfalites. A gentamicina foi o antibiótico testado mais eficiente frente aos agentes isolados de bezerros neonatos com onfalites.
Palavras-chave. Antibiograma. Antimicrobiano. Neonatos. Onfalopatias. Plantas Medicinais. Resistencia Bacteriana.
ABSTRACT
The omphalopathies are inflammatory and infectious processes that affect the umbilical cord of the newborns, resulting from the lack of environmental hygiene, treatment of the navel or the immune compromise of the neonate, causing diverse health problems and even death of the animal. Nowadays, the interest of the scientific community in the use of medicinal plants has increased, thus seeking the discovery of new drugs that can produce similar or even more effective effects when compared to conventional drugs. Copaifera spp. (copaíba) is a plant with anti-inflammatory, anti-infectious and healing action. Therefore, the main objective of this study was to evaluate the activity of copaiba oil in the treatment of onfalites in neonatal calves (in vivo) and its antimicrobial action in vitro. Twenty newborn calves diagnosed with onfalitis were randomly distributed in 4 groups: untreated group; group treated conventionally with antibiotic, group treated with ointment containing 10% copaiba oil and group treated with pure copaiba oil (100%). All calves with onfalites were followed up by clinical examination, blood samples were collected for the determination of acute phase proteins and evaluation of possible hepatic lesions in these animals and collection of umbilical secretion for the identification and evaluation of the microorganisms against copaiba oil, through the Minimum Inhibitory Concentration (MIC) and its sensitivity to the following drugs: Ampicillin, Ceftiofur, Enrofloxacin, Florfenicol, Gentamicin, Sulfonamides and Tetracycline by the disc diffusion method. The analysis of the studied variables was interpreted through analysis of variance and the means compared by the Tukey Test at 5% of probability. Twelve different species of bacteria were isolated: Streptococcus uberis; Streptococcus bovis; Escherichia coli; Staphylococcus caseolyticus; Proteus mirabilis; Streptococcus equinus; Enterobacter aerogenes; Erwinia rhapontici; Nocardia asteroidis; Erwinia tracheiphilia; Tatumella ptyseos and Yersinia aldovae. It was concluded that copaiba oil has healing and anti-inflammatory action, and it is possible to observe edema and injury reduction (in vivo), and antimicrobial activity (in vitro) against Yersinia aldovae, Streptococcus equinus, Tatumella ptyseos, Erwinia rhapontici, Proteus mirabilis and Staphylococcus caseolyticus isolated from neonatal calves with onfalites. Gentamicin was the most efficient antibiotic tested against agents isolated from neonatal calves with omphalitis. Key words. Antibiogram. Antimicrobial. Bacterial resistance. Medicinal plants. Neonates. Omphalopathies.
LISTA DE TABELAS
ARTIGO 1 – Identificação de bactérias isoladas em onfalites de
bezerros neonatos e perfil de susceptibilidade a antimicrobianos
Tabela 1 - Microrganismos identificados na secreção umbilical
coletada de bezerros com onfalite ..........................................................
34
ARTIGO 2 – Avaliação do óleo de Copaifera spp (copaíba) no tratamento de onfalites em bezerros neonatos
Tabela 1 – Concentração Inibitória Mínima - CIM (μg/mL) do óleo de
Copaífera spp. e enrofloxacino frente a bactérias isolados dos
bezerros com onfalite..............................................................................
49
Tabela 2 - Valores médios e desvios-padrão (x ± s) de parâmetros
hematológicos ........................................................................................
51
Tabela 3 - Valores médios e desvios-padrão (x ± s) das
concentrações de fibrinogênio plasmático, proteínas totais plasmáticas
e globulinas dos bezerros........................................................................
52
Tabela 4 - Média e desvio padrão (x ± s) das enzimas hepáticas dos
bezerros ..................................................................................................
53
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 1: Imagem ilustrativa da estrutura anatômica do umbigo
bovino...................................................................................................
17
Figura 2: Árvore de Copaifera spp...................................................... 23
Figura 3: Extração do óleo de Copaíba.............................................. 24
ARTIGO 1 – Identificação de bactérias isoladas em onfalites de bezerros
neonatos e perfil de susceptibilidade a antimicrobianos
Figura 1 – Perfil de resistência dos microrganismos isolados de
bezerros neonatos com onfalite .........................................................
36
ARTIGO 2 – Avaliação do óleo de Copaifera spp (copaíba) no
tratamento de onfalites em bezerros neonatos
Figura 1: Identificação dos animais com brincos................................ 43
Figura 2: Pomada contendo óleo de copaíba 10%............................. 44
Figura 3: Esquema da placa utilizada na diluição do óleo de
Copaifera spp.......................................................................................
46
Figura 4: Animal (6) que recebeu tratamento com pomada contendo
óleo de copaíba 10%...........................................................................
54
Figura 5: Animal (12) que recebeu tratamento com óleo puro........... 55
Figura 6: Animal (11) que recebeu tratamento convencional com
Enrofloxacino.......................................................................................
55
LISTA DE ABREVIATURAS
ALP Fosfatase alcalina
AST Aspartato aminotransferase
ATCC American Type Culture Collection
BHI Brain Heart Infusion
CLSI/NCCLS Clinical and Laboratory Standards Institute
CIM Concentração Inibitória Mínima
DMSO Dimetilsulfóxido
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
FA Fosfatase Alcalina
g Grama
GGT Gamaglutamiltransferase
GC Grupo controle
IM Intramuscular
Kg Quilograma
Mg Miligrama
mL Mililitro
SAEG Sistema de Análise Estatística e Genética
UFC Unidade de formação de colônias
μg Micrograma
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................. 17
2.1 INFECÇÕES UMBILICAIS EM NEONATOS ..................................... 17
2.2 IMUNIDADE PASSIVA COLOSTRAL EM BOVINOS ........................ 19
2.3 AVALIAÇÃO LABORATORIAL .......................................................... 20
2.4 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ONFALITES ............................ 21
2.5 USO DE PLANTAS MEDICINAIS....................................................... 22
2.6 COPAIFERA SPP. ............................................................................. 22
REFERÊNCIAS .................................................................................. 25
3. OBJETIVOS ....................................................................................... 28
3.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................. 28
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................ 28
4 ARTIGO 1
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DAS BACTÉRIAS
PRESENTES EM ONFALITES DE BEZERROS NEONATOS E
SUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS...................................
29
RESUMO............................................................................................. 29
ABSTRACT ........................................................................................ 30
INTRODUÇÃO ................................................................................... 31
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................... 32
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................... 33
CONCLUSÕES .................................................................................. 36
REFERÊNCIAS .................................................................................. 37
5 ARTIGO 2
AVALIAÇÃO DO ÓLEO DE Copaifera spp (COPAÍBA) NO
TRATAMENTO DE ONFALITES EM BEZERROS NEONATOS........
39
RESUMO ............................................................................................ 39
ABSTRACT ........................................................................................ 40
INTRODUÇÃO ................................................................................... 41
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................... 43
RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 48
CONCLUSÕES.................................................................................... 56
REFERÊNCIAS .................................................................................. 57
6 CONCLUSÕES GERAIS .................................................................... 60
15
1 INTRODUÇÃO
O estado de Mato Grosso tem como base econômica o seu potencial
agropecuário e atualmente possui o maior rebanho bovino do país com 30.230
milhões de cabeças (INDEA, 2017).
A mortalidade de bezerros representa importante causa de prejuízos
econômicos, principalmente na produção leiteira. O maior índice de mortalidade de
bovinos ocorre na fase de cria, devido a maior vulnerabilidade dos bezerros,
principalmente no primeiro mês de vida (FARIA et al., 2013; RADOSTITS et al.,
2002; SEINO, 2014).
As afecções umbilicais são consideradas as principais doenças do período
neonatal em bezerros leiteiros e de corte, com incidência de 28 a 42%, gerando
grandes perdas econômicas, pois diminuem o ganho de peso, geram custos com
medicamentos e assistência Médica Veterinária, retardam o crescimento e
promovem depreciação da carcaça dos bezerros, podendo levar à morte do animal
(FARIA et al., 2013; REIS et al., 2009; SEINO, 2014). Estudos apontam que estas
onfalopatias são responsáveis por aproximadamente 10% de mortalidade em
bezerros nos primeiros meses de vida, resultantes da falta de higiene, de cuidados
gerais e de tratamento do umbigo no momento do nascimento e na primeira semana
de vida (SEINO, 2014).
Atualmente há grande interesse da comunidade científica no uso de plantas
medicinais, resultando em diversos estudos relacionados aos seus compostos ativos
(G DELH et al., 2013). O uso de plantas na terapia é conduzido pelo potencial que
as mesmas possuem em produzir efeitos semelhantes ou até mais efetivos quando
comparados aos fármacos convencionais, além de serem bem aceitas,
especialmente em países em desenvolvimento (NETO et al., 2014; SRIVASTAVA et
al., 2005).
O Brasil é detentor da maior biodiversidade do mundo e possui uma fonte
riquíssima de matéria-prima para a produção de medicamentos, contudo, apenas
1% do mercado fitoterápico no país é voltado para o setor veterinário, observando
carência de pesquisas nesta área. Há interesse da indústria veterinária em inovar o
setor, oferecendo produtos que sejam mais eficazes e que apresentem menores
efeitos colaterais, como forma de proporcionar bem-estar e qualidade de vida para
16
os animais e que estejam associados a um baixo custo de produção (ARAÚJO et al.,
2013).
Copaifera spp., popularmente conhecido como ''copaíba'' é uma grande
árvore predominante nas regiões Centro-Oeste e Norte, principalmente nos estados
de Mato Grosso, Amazonas e Pará (PIERI et al., 2009). Seu óleo-resina, obtido
através de pequenos cortes na casca do caule da planta, é um remédio popular
utilizado na sua forma natural como um agente anti-inflamatório, anti-infeccioso e
cicatrizante para o tratamento de várias afecções, tais como dores de garganta,
infecções urinárias, pulmonares, úlceras e feridas, podendo ser administrado por via
oral ou por aplicação tópica (BASILE et al., 1988; PAIVA et al., 2004; PIERI et al.,
2009). Segundo Mendonça e Onofre (2009) apud Ferreira (1999); Leite (2001) o óleo
de copaíba vem sendo utilizado há séculos por povos indígenas na cura do umbigo
dos recém-nascidos para evitar as afecções tetânicas e auxiliar no processo de
cicatrização.
Apesar da constante busca na Medicina Veterinária por terapias alternativas
e efetivas, até o momento não foram encontradas publicações disponíveis na
literatura sobre o uso do óleo de copaíba no tratamento de onfalites em bezerros
neonatos. Assim, o objetivo deste estudo foi isolar e identificar as bactérias
presentes em bezerros com onfalites, avaliar a atividade antimicrobiana do óleo de
copaíba in vivo e in vitro e o perfil de resistência a antimicrobianos convencionais
frente a estes microrganismos (in vitro) e a eficácia do óleo de copaíba como anti-
inflamatório e cicatrizante (in vivo).
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 INFECÇÕES UMBILICAIS EM NEONATOS
Os animais neonatos apresentam deficiências imunológicas, uma vez que
quase não possuem imunidade humoral e a imunidade celular não está
suficientemente determinada (LeBLANC et al., 1992). Assim, deve-se ter muito
cuidado com os recém-nascidos, pois eles são susceptíveis a várias doenças e
muitas vezes a demora na identificação das mesmas, pode ocasionar sérios riscos à
saúde do animal (LeBLANC et al., 1992; RADOSTITS et al., 2002).
O cordão umbilical (Figura 1) durante a vida fetal é a via de comunicação
entre o feto e a mãe levando sangue materno rico em nutrientes e oxigênio, e
eliminando os catabólitos do feto. Após o nascimento perde totalmente sua função, e
em poucos dias as veias e as artérias utilizadas na comunicação materno-fetal
fecham-se e os músculos dessa região unem-se, constituindo uma massa muscular
(FARIA et al., 2013). Até a cicatrização total, o umbigo é uma porta de entrada para
vários agentes causadores de diversas enfermidades, e caso o umbigo não seja
adequadamente curado, pode infeccionar e provocar onfalite, onfaloflebite,
onfaloarterite ou infecção do úraco impedindo a cicatrização e facilitando a
ascendência de microrganismos (FARIA et al., 2013; FENGER, 2000; RADOSTITS
et al., 2002).
Figura 1: Imagem ilustrativa da estrutura anatômica do umbigo bovino
Fonte: http://www.rehagro.com.br/uploads/imagens/estrutura_anatomica_do_umbigo.jpg
18
A onfalite, onfaloflebite, onfaloarterite ou infecção do úraco acarretam
inflamação e muitas vezes acompanhadas de infecção e são resultantes da falta de
higiene, de cuidados gerais e de tratamento do umbigo no momento do nascimento
e nos dias seguintes (RADOSTITS et al., 2002).
A onfalite é comum em bezerros com dois a cinco dias de idade, onde ocorre
inflamação das partes externas do umbigo que aumenta de volume, torna-se
doloroso à palpação e pode estar obstruído ou drenar material purulento através de
fístula. O bezerro pode apresentar toxemia aguda com sinais clínicos característicos,
como: depressão, baixa ingestão de alimento e quadro febril (RADOSTITS et al.,
2002).
Já onfaloflebite é o processo inflamatório que acomete o cordão umbilical dos
animais neonatos, podendo surgir grandes abscessos ao longo do trajeto da veia
umbilical que se disseminam para o fígado (abscessos hepáticos). O umbigo
costuma estar dilatado, contém secreção purulenta e em alguns casos não
apresenta aumento de volume externo (apenas observado com palpação profunda
do abdome). Os principais sinais clínicos são: bezerros inativos, inapetentes, não se
desenvolvem e pouco febril. É necessário laparotomia exploratória e extirpação do
abscesso (FENGER, 2000; RADOSTITS et al., 2002).
A onfaloarterite é a inflamação das artérias umbilicais, causa abscessos ao
longo do trajeto das artérias umbilicais, desde o umbigo até as artérias ilíacas
externas. Os sinais clínicos são semelhantes aos da onfaloflebite, porém há
ausência de resposta à terapia com antibióticos e geralmente o animal necessita de
intervenção cirúrgica (RADOSTITS et al., 2002).
Na infecção do úraco, uraquite, o umbigo do animal apresenta-se
intumescido e drenando secreção purulenta, com possibilidade de disseminação
para bexiga, ocasionando cistite (RADOSTITS et al., 2002).
Os patógenos mais comuns nas onfalopatias são a Escherichia coli,
Streptococcus zooepidemicus, Clostridium spp., Proteus spp., Staphylococcus spp e
Actinomyces pyogenes (FARIA et al., 2013; RADOSTITS et al., 2002).
Todas essas infecções geralmente progridem para áreas além do umbigo e
como consequências as onfalopatias geram complicações secundárias com
prejuízos econômicos, alto custo com medicamentos e assistência veterinária, além
do retardo no crescimento, depreciação da carcaça e até mesmo óbitos dos animais,
19
dependendo da patogenicidade do microrganismo ou do estado imunitário do
neonato (ASSIS-BRASIL et al., 2013; FARIA et al., 2013; RADOSTITS et al., 2002).
2.2 IMUNIDADE PASSIVA COLOSTRAL EM BOVINOS
Diferentemente de outros mamíferos, placenta nos bovinos interpõe uma
barreira entre o sistema imune da mãe e feto, impossibilitando a passagem das
imunoglobulinas (Ig) durante o período gestacional, desta forma, a imunidade
passiva é conferida ao neonato nas primeiras horas de vida pela ingestão do
colostro (GARCIA et al., 2012; GOMES et al., 2017; RADOSTITS et al., 2002;
ROCHA et al. 2015).
A ingestão do colostro nas primeiras 8 horas de vida dos neonatos ruminantes
são fundamentais para a sobrevivência e a saúde dos animais, pois assegura a
imunidade e reduzem morbidade e mortalidade da maioria das doenças infecciosas,
incluindo septicemia, diarreia, doença respiratória e onfalite (BESSER; GAY, 1994;
GOMES et al., 2017; RADOSTITS et al., 2002; RENGIFO et al., 2010), além de
ocasionar alterações importantes no perfil bioquímico de bezerros jovens que deve
ser considerada na avaliação hematológica dos animais (ROCHA et al., 2015),
podendo interferir nos resultados hematológicos especialmente no volume globular
(VG), leucometria global (LG), proteínas plasmáticas totais (PPT), que geralmente
são influenciados pela absorção do colostro, onde as falhas de manejo podem
resultar em hemoconcentração (valores elevados de PPT e LG), baixos valores de
VG, fibrinogênio (FB), concentração de hemoglobina (Hb) e hematimetria (He)
(RENGIFO et al., 2010).
Aquisição de anticorpos maternos por bezerros recém-nascidos pode ser
afetada pelo tempo entre nascimento e primeira mamada, qualidade da mamada e
pela concentração das imunoglobulinas absorvidas e a influência do colostro se
estende até a fase adulta do animal (ROCHA, 2015). A absorção de anticorpos é
maior nas primeiras horas de vida, começando a reduzir após 36 horas do
nascimento onde os neonatos começam a responder ativamente aos desafios
ambientais e produzirem seus anticorpos (PAULETTI et al., 2003).
20
2.3 AVALIAÇÃO LABORATORIAL
A avaliação clínica dos neonatos é fundamental para diagnósticos,
prognósticos e tratamento de doenças, porém, muitas vezes, além do exame físico,
conhecimento da fisiologia dos órgãos ou sistemas acometidos, patologia das
enfermidades, é necessário exame auxiliar para confirmar ou elucidar diagnósticos
(BENESI et al., 2012).
Avaliação laboratorial dos teores de proteínas do plasma e soro sanguíneo é
parte integrante dos exames hematológicos e bioquímicos em animais e costuma
fornecer informações importantes que podem ser úteis para limitar a lista de
doenças que devem ser investigadas e em alguns casos, indicar doenças
específicas como onfalite (THRALL et al., 2006).
Albumina e globulinas são os dois principais tipos de proteínas do plasma,
onde a albumina é sintetizada no fígado e metabolizada nos tecidos é uma
importante proteína transportadora de ácidos graxos livres, ácidos biliares,
bilirrubina, cálcio, hormônios e medicamentos. Já as globulinas são classificadas em
alfa, beta e gamaglobulina e abrangem diversos tipos de moléculas de anticorpos,
outras proteínas que atuam no sistema imune, fatores de coagulação, enzimas e
proteínas transportadoras de lipídeos, vitaminas, hormônios, hemoglobina
extracelular e íons metálicos (THRALL et al., 2006).
Fibrinogênio (globulina) é uma importante proteína plasmática que participa
do processo de coagulação sanguínea e na resposta inflamatória. É encontrado em
exsudatos que se polimeriza nos tecidos extravasculares, formando fibrina que
juntamente com seus produtos, desempenham outras ações como quimiotaxia e a
formação de coágulos de sangue. A fibrina também forma uma estrutura para
migração de fibroblastos e células endoteliais durante os primeiros estágios da
cicatrização de feridas (THRALL et al., 2006; ZACHARY; McGAVIN, 2013).
Fosfatase alcalina (ALP) é uma enzima de indução sintetizada no fígado, nos
osteoblastos, nos epitélios intestinal e renal e na placenta. Em casos de doença
hepatobiliar gera aumento da atividade sérica de ALP (THRALL et al., 2006).
Gamaglutamiltransferase (GGT) é sintetizada por quase todos os tecidos
corporais, com maior concentração no pâncreas e rins, contudo a maior parte da
GGT sérica é oriunda do fígado. É considerada uma enzima de indução e em casos
21
de lesões hepáticas gera aumento imediato da atividade sérica de GGT (THRALL et
al., 2006).
Nas onfalopatias podem ocorrer danos hepáticos sendo observados através
do aumento da dosagem das enzimas ALP e GGT, pois em bezerros recém-
nascidos, este órgão está ligado diretamente ao umbigo do animal (SEINO, 2014;
THRALL et al., 2006).
2.4 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ONFALITES
Um bom manejo sanitário, higiene durante o nascimento, ingestão do colostro
são grandes aliados para evitar as infecções e miíases umbilicais (REIS, 2017).
Com o objetivo de prevenir as onfalopatias, deve-se realizar a desinfecção do
umbigo dos recém-nascidos com agentes dessecantes e desinfetantes como
solução de iodo a 10% ou álcool iodado, desidratando o coto umbilical e fechando-o
para entrada de microrganismos (FARIA, 2014; GOMES et al., 2017; RADOSTITS et
al., 2002; REIS, 2017). A aplicação de clorexidina também é eficiente na prevenção,
reduzindo o número de microrganismos (RADOSTITS et al., 2002).
Já o tratamento das infecções umbilicais é realizado com antissépticos e
antimicrobianos, tais como Ampicilina, Ceftiofur, Enrofloxacina, Florfenicol,
Gentamicina, Sulfonamidas e Tetraciclina, em alguns casos pode ser necessário
realizar cirurgia, para extirpação completa das estruturas acometidas (FARIA, 2014;
GOMES et al., 2017; RADOSTITS et al., 2002). O cuidado e tratamento precoce com
antimicrobianos evitam o desenvolvimento de abscessos, necessidade de cirurgia e
aumenta às chances de cura (REIS, 2017).
Dentre os antibióticos citados, o enrofloxacino atualmente tem sido bastante
usado na prática veterinária é um quimioterápico antibacteriano, derivado do ácido
quinoloncarboxílico pertencente à classe das fluorquinolonas, sua ação é
caracterizada pela inibição da DNA girase, enzima fundamental na replicação do
DNA bacteriano, provocando transtornos funcionais e resultando na destruição da
bactéria, possui espectro de ação à agentes Gram positivos e Gram negativos,
sendo muito recomendada para o tratamento de infecções causadas por diversos
patógenos em diferentes espécies animais, bem como no homem (FORESTI, 2015;
LANGONI et al., 2000, REIS, 2017).
22
2.5 USO DE PLANTAS MEDICINAIS
A utilização de plantas medicinais é uma prática antiga, onde o homem
buscava na natureza recursos para melhorar sua condição de vida. Esta prática é
empregada até hoje, tanto na medicina popular quanto no desenvolvimento de
fármacos, produzidos pela indústria farmacêutica para o tratamento de diversas
doenças (GARCIA; YAMAGUCHI, 2012; MONTES, 2009). De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial,
principalmente nos países em desenvolvimento, utilizam as plantas como principal
recurso terapêutico devido à falta de acesso aos medicamentos sintéticos
(MASSON, 2011), muitas vezes este é o único recurso terapêutico existente para
diversas comunidades e grupos étnicos, principalmente em regiões mais pobres
(MONTES, 2009).
Observa-se no interesse pelo uso de plantas medicinais para o tratamento de
animais de produção, esporte ou de companhia (ARAÚJO, 2013), onde os
consumidores têm procurado produtos obtidos de forma ecologicamente correta,
diminuindo assim o impacto ambiental, minimizando a produção de resíduos nos
alimentos e intoxicações de animais e pessoas, além de reduzir os custos e
resistência a antibióticos (OLIVEIRA, 2009).
O Brasil, conhecido mundialmente por possuir a maior reserva florestal
diversificada do planeta, é considerado um viveiro de plantas medicinais, utilizadas
no tratamento e cura de diversos sintomas e doenças (MASSON, 2011). Entre as
inúmeras espécies vegetais de interesse medicinal, estão as plantas: Ilex
paraguariensis (mate), Myroxylon balsamum (bálsamo de Tolu), Paullinia cupana
(guaraná), Psidium guajava (guava), Spilanthes acmella (jambu), Tabebuia sp.
(lapacho), Uncaria tomentosa (unha-de-gato) e Copaifera sp.(copaíba) (BRASIL,
2012; MASSON, 2011).
2.6 COPAIFERA spp.
As copaibeiras (Figura 2) são árvores de grande porte da família das
Leguminosae-Caesalpinoideae, do gênero Copaífera spp. (Copaíba), de crescimento
lento, alcançando de 25 a 40 metros de altura, podendo viver até 400 anos, com
mais de 72 espécies é comum nas regiões norte, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil,
com mais mais de 20 espécies: Copaifera officinalis, Copaifera reticulata Ducke,
23
Copaifera multijuga Hayne; Copaifera confertiflora, Copaifera langsdorffii; Copaifera
cariacea e Copaifera cearensis Huber ex Ducke são as mais encontradas no país
(GARCIA e YAMAGUCHI, 2012; GIESBRECHT, 2011; MASSON, 2011; NOGUEIRA,
2012; PIERI et al., 2009; SILVA, 2012). São conhecidas popularmente como
copaíba, copaibeira, pau-de-óleo, copaúva, copai, copaibarana e óleo de copaíba ou
bálsamo (PIERI et al., 2009).
Figura 2: Árvore de Copaifera spp
Fonte: http://www.oleobeneficios.com.br
O óleo-resina de copaíba é um exsudato vegetal constituído por ácidos
resinosos e rico em diterpenos e sesquiterpenos, obtido por meio de pequenos
cortes na casca do caule da planta (Figura 3) (PIERI et al., 2009). Considerado um
remédio popular utilizado na sua forma natural como agente anti-inflamatório, anti-
infeccioso e cicatrizante para o tratamento de várias afecções, tais como dores de
garganta, infecções urinárias e pulmonares, úlceras e feridas, podendo ser
24
administrado por via oral ou por aplicação tópica (BASILE et al., 1988; PAIVA et al.,
2004; VEIGA et al., 2007).
Entre as propriedades medicinais do óleo de copaíba destacam-se a atividade
anti-inflamatória, antimicrobiana e cicatrizante; atividade citoprotetora sobre a
mucosa gástrica, atividade antitumoral, atividade antinociceptiva periférica e central,
ação diurética, laxante, antitetânica e antisséptica do aparelho urinário (GARCIA;
YAMAGUCHI, 2012).
Figura 3: Extração do óleo de Copaíba
Fonte: https://www.google.com.br/url
O costume sertanejo de aplicá-lo no corte do umbigo dos recém-nascidos
para evitar as afecções tetânicas, veio dos índios que além de usar para esse fim,
onde aplicavam no umbigo de recém-nascidos para curar o ―mal-de-umbigo‖,
também a utilizavam na cicatrização de ferimentos cutâneos, após observarem que
animais feridos, esfregavam-se no tronco das copaibeiras para cicatrizarem seus
ferimentos (GIESBRECHT, 2011; SILVA, 2012).
25
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28
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Isolar e identificar as bactérias presentes em bezerros com onfalites, avaliar o
perfil de resistência a antimicrobianos convencionais e avaliar a eficácia do óleo de
copaíba.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Isolar e identificar as bactérias presentes nos bezerros neonatos com
onfalites.
Avaliar a resistência e sensibilidade das bactérias presentes nos bezerros
neonatos com onfalites frente a diversos antibióticos utilizados no tratamento
de onfalites.
Avaliar a atividade antimicrobiana in vitro do óleo de copaíba frente aos
patógenos isolados.
Avaliar a atividade anti-inflamatória e cicatrizante in vivo do óleo de copaíba
nos bezerros neonatos com onfalites.
Determinar e avaliar as proteínas de fase aguda que caracterizam os
processos inflamatórios: Proteína sérica total, albumina e fibrinogênio nos
bezerros neonatos.
Avaliar a ocorrência de lesão hepática por meio da dosagem das enzimas
Fosfatase Alcalina e Gamaglutamiltransferase em bezerros neonatos.
29
4 ARTIGO 1
IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS ISOLADAS EM ONFALITES DE BEZERROS
NEONATOS E PERFIL DE SUCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS
Identification of bacteria isolated on omphalitis of neonatal calves and antimicrobial susceptibility profile
RESUMO
LIMA, C.A.S. Identificação de bactérias isoladas em onfalites de bezerros neonatos e perfil de suceptibilidade a antimicrobianos. 2018. Dissertação (Mestrado em Biocência Animal) – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018.
As onfalites são processos inflamatórios e infecciosos que acometem o cordão umbilical dos animais neonatos. Uso indiscriminado de antibióticos tem gerando falhas de tratamento, aumento do custo da terapia e prolongamento do tempo de recuperação, além do aumento da morbilidade e mortalidade de animais com onfalites. Neste contexto, este estudo teve como objetivo identificar e avaliar o perfil de resistência das bactérias isoladas de 20 bezerros neonatos com onfalites frente a 7 antibióticos: Ampicilina, Ceftiofur, Enrofloxacina, Florfenicol, Gentamicina, Sulfonamidas e Tetraciclina, comumente utilizados no campo. Amostra da secreção umbilical de cada animal foi coletada utilizando swab estéril inserido no orifício umbilical e acondicionado em tubos contendo meio BHI devidamente identificados. A sensibilidade antimicrobiana foi realizada pelo método de difusão em placas com discos. Foram isoladas 13 espécies diferentes de bactérias: Streptococcus uberis; Streptococcus bovis; Escherichia coli; Staphylococcus caseolyticus; Proteus mirabilis; Streptococcus equinus; Enterobacter aerogenes; Erwinia rhapontici; Nocardia asteroidis;Yersinia pestis; Erwinia tracheiphilia; Tatumella ptyseos e Yersinia aldovae. Dentre os antibióticos avaliados, a gentamicina foi o mais eficiente frente aos agentes isolados de bezerros neonatos com onfalites. Palavras-chave. Antibiograma. Onfalopatias. Resistência Bacteriana.
30
ABSTRACT
LIMA, C.A.S
Identification of bacteria isolated on omphalitis of neonatal calves and antimicrobial susceptibility profile. 2018. Dissertation (Master Animal Bioscience) - University of Cuiabá, Cuiabá, 2018.
The omphalitis are inflammatory and infectious processes that affect the umbilical cord of the newborns. Indiscriminate use of antibiotics has led to treatment failures, increased cost of therapy and prolonged recovery time, as well as increased morbidity and mortality of animals with omphalitis. In this context, this study aimed to identify and evaluate the resistance profile of bacteria isolated from 20 calves with neonatal omphalitis and 7 antibiotics: Ampicillin, Ceftiofur, Enrofloxacin, Florfenicol, Gentamicin, Sulfonamides and Tetracycline, commonly used in the field. Sample of the umbilical secretion of each animal was collected using sterile swab inserted into the umbilical bore and packed into tubes containing appropriately identified BHI medium. Antimicrobial susceptibility was determined by disc diffusion method. Thirteen different species of bacteria were isolated: Streptococcus uberis; Streptococcus bovis; Escherichia coli; Staphylococcus caseolyticus; Proteus mirabilis; Streptococcus equinus; Enterobacter aerogenes; Erwinia rhapontici; Nocardia asteroidis; Yersinia pestis; Erwinia tracheiphilia; Tatumella ptyseos and Yersinia aldovae. Among the antibiotics evaluated, gentamicin was the most efficient against isolated agents of neonatal calves with omphalitis. Key words. Antibiograma. Bacterial resistance. Omphalopathies.
31
INTRODUÇÃO
O cordão umbilical, durante a vida fetal, é a via de comunicação entre o feto e
a mãe levando sangue materno, rico em nutrientes e oxigênio e eliminando os
catabólitos do feto. Após o nascimento perde totalmente sua função, e em poucos
dias as veias e as artérias umbilicais utilizadas na comunicação materno-fetal
fecham-se e os músculos dessa região unem-se, constituindo uma massa muscular
(FARIA, 2014; RADOSTITS et al., 2002; SEINO, 2014).
Os animais neonatos apresentam deficiências imunológicas, uma vez que
quase não possuem imunidade humoral e a imunidade celular não está
suficientemente determinada (GUERRA et al., 2017; LeBLANC et al., 1992), pois a
placenta nos bovinos, diferentemente de outros mamíferos, interpõem uma barreira
entre o sistema imune da mãe e feto, impossibilitando a passagem das
imunoglobulinas (Ig) durante o período gestacional, desta forma, a imunidade
passiva é conferida ao neonato nas primeiras horas de vida pela ingestão do
colostro (GOMES et al., 2017; ROCHA et al., 2015) e essa transferência materna da
imunidade é fundamental para os animais, fornecendo ao neonato bovino
anticorpos, células do sistema imunológico e diversos elementos essenciais à sua
sobrevivência (GUERRA et al., 2017).
Após o nascimento, o umbigo pode ser porta de entrada para vários agentes
causadores de diversas enfermidades, podendo infeccionar e provocar onfalite,
impedindo a cicatrização e facilitando a ascendência de microrganismos (FARIA,
2014). O maior índice de mortalidade de bovinos ocorre na fase de cria, devido a
maior vulnerabilidade dos bezerros, principalmente no primeiro mês de vida,
representando importante causa de prejuízos econômicos (ASSIS-BRASIL et al.,
2013; FARIA et al., 2013; RADOSTITS et al., 2002; SEINO, 2014).
As onfalopatias são processos inflamatórios e infecciosos que acomete o
cordão umbilical dos animais neonatos e dependendo do local acometido é
classificada como onfalite, onfaloflebite, onfaloarterite ou infecção do úraco
(RADOSTITS et al., 2002). Os agentes patogênicos mais comuns são a Escherichia
coli, Streptococcus zooepidemicus, Clostridium spp., Proteus spp., Staphylococcus
spp e Actinomyces pyogenes (FENGER, 2000; RADOSTITS et al., 2002).
A Onfalite é comum em bezerros com dois a cinco dias de idade, onde ocorre
inflamação das partes externas do umbigo que aumenta de volume, torna-se
32
doloroso à palpação, obstruído ou drenando material purulento através de fístula e o
bezerro pode apresentar toxemia aguda com sinais clínicos característicos, como:
depressão, não mama normalmente e apresenta-se febril (RADOSTITS et al., 2002).
A resistência aos antimicrobianos é um dos grandes problemas de saúde
pública, causado pela evolução das bactérias, mutação espontânea e recombinação
de genes em consequência ao uso desenfreado de antibiótico sem orientação e
acompanhamento, gerando falhas de tratamento, aumento do custo da terapia e
prolongamento do tempo de recuperação, além do aumento da morbidade e
mortalidade (CRUZ et al., 2012; LOUREIRO et al., 2016).
Considerando que onfalopatias podem acarretar mortalidade em bezerros e
que o uso irracional de antibióticos tem gerado resistência, este estudo teve como
objetivo isolar, identificar bactérias patogênicas presentes em bezerros neonatos
com onfalite e determinar o perfil de resistência frente aos antimicrobianos:
ampicilina, ceftiofur, enrofloxacina, florfenicol, gentamicina, sulfonamidas e
tetraciclina.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Fazenda Agropecuária Bom Futuro/Agrícola,
localizada no município de Cuiabá–MT e nos laboratórios da Universidade de
Cuiabá. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética no Uso de Animais -
CEUA/UNIC, com protocolo número 013/2016.
As amostras foram coletadas de 20 bezerros neonatos de ambos os sexos,
Tricross (Nelore x Aberdeen angus x Braford), com idade média de 30 dias,
diagnosticados clinicamente com onfalites.
Os bezerros foram identificados com brinco na orelha, pesados e contidos
para realizar a tricotomia dos pelos do umbigo, as escaras quando presentes foram
removidas e parte da secreção foi drenada para eliminar possíveis contaminantes
ambientais. Em seguida, uma amostra da secreção umbilical de cada animal foi
coletada utilizando swab estéril inserido no orifício umbilical e acondicionado em
tubos devidamente identificado com o número do bezerro, contendo meio Brain
Heart Infusion (BHI, BD®).
Todas as amostras coletadas foram acondicionadas em caixa isotérmica a
4ºC imediatamente e encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia da
33
Universidade de Cuiabá - UNIC para realização do isolamento, identificação dos
microrganismos e antibiograma.
O isolamento primário dos microrganismos foi realizado em ágar sangue e
ágar MacConkey. Para a identificação bacteriana, as colônias isoladas foram
avaliadas quanto à morfologia (tamanho, cor, brilho, forma e presença de hemólise),
em seguida as células bacterianas foram avaliadas quanto às suas características
morfotintorias (coloração, forma e arranjo) utilizando o método de Gram como
técnica de coloração padrão. A identificação das espécies foi realizada através da
prova bioquímica, observando as transformações químicas que ocorrem num
determinado substrato, açúcares e aminoácidos, pela ação das enzimas de um dado
microrganismo, conforme Holt et al. (1994); Quinn (1994).
A susceptibilidade antimicrobiana foi realizada em meio Muller Hinton, pelo
método de difusão em placas com discos de antimicrobianos (BAUER; KIRBY;
SHERRIS, 1966; CLSI/NCCLS, 2017; ISENBERG, 1992; KONEMAN et al., 2010;
VANDEPITTE et al., 1994). Os antibióticos testados foram Ampicilina, Ceftiofur,
Enrofloxacina, Florfenicol, Gentamicina, Sulfonamidas e Tetraciclina.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A identificação microbiana das amostras analisadas permitiu o agrupamento
dos microrganismos isolados em 12 espécies diferentes conforme discriminadas na
Tabela 1. Alguns animais apresentaram infecções mistas (mais de uma bactéria
isolada), sendo isolados em 12 amostras mais de um tipo bacteriano. Justificando o
total de 33 bactérias isoladas em 20 amostras analisadas. Segundo Radostits et al.
(2002) as onfalopatias infecciosas geralmente apresentam uma flora polibacteriana e
quase sempre microrganismo Gram-negativos estão envolvidos. Dados de Reis
(2017) e Rengifo et al. (2006) descrevem isolamentos de um único microrganismo e
de infecções mistas, com três ou mais agentes isolados em seu estudo.
Quanto à classificação segundo a coloração de Gram das bactérias isoladas,
58,3% (7/12) bactérias eram Gram-negativas e 41,7% (5/12) eram bactérias Gram-
positivas. Resultados semelhantes ao de Reis (2017), onde 65,51% dos
microrganismos isolados de secreções de umbigos de bezerros eram Gram-
negativas.
34
Tabela 1 - Microrganismos identificados na secreção umbilical coletada de bezerros com onfalite
Animal Microrganismos f %
6; 7; 8; 13; 16 e 18 Streptococcus uberis 6 18,18
1; 6; 10; 16 e 17 Streptococcus bovis 5 15,15
8; 9; 11; 12 e 14 Escherichia coli 5 15,15
4; 7; 18 e 20 Staphylococcus caseolyticus 4 12,12
4; 5; 13 e 15 Proteus mirabilis 4 12,12
10 e 18 Streptococcus equinus 2 6,06
19 e 20 Enterobacter aerogenes 2 6,06
2 Erwinia rhapontici 1 3,03
2 Nocardia asteroidis 1 3,03
3 Erwinia tracheiphilia 1 3,03
9 Tatumella ptyseos 1 3,03
11 Yersinia aldovae 1 3,03
TOTAL 33 100
f = frequência
Os microrganismos encontrados nesta pesquisa pertencem a microbiota
destes animais ou estão presentes no solo, água e vegetais, e desta forma, reforça a
necessidade de realizar a cura do umbigo de recém-nascidos e a importância da
ingestão do colostro para evitar que estes microrganismos causem onfalites, de
acordo com Reis (2017) os achados microbiológicos podem ser influenciados pelas
condições ambientais e de manejo, transferência de imunidade passiva colostral,
animais isolados ou em confinamentos, entre outros.
Foi observado que as bactérias do gênero Streptococcus spp. (39,5%),
Escherichia spp. (15,2%), Staphylococcus spp. (12,1%) e Proteus spp. (12,1%)
foram de maior frequência, destas Streptococcus uberis, Streptococcus bovis,
Escherichia coli, Staphylococcus caseolyticus e Proteus mirabilis foram às espécies
mais comuns. Desta forma, os microrganismos isolados de bezerros neonatos deste
estudo são correspondentes aos gêneros microbianos mais descritos pela literatura
como agentes causadores de onfalites. Conforme relatado por Fenger (2000);
Radostits et al. (2002) que a Escherichia coli, Streptococcus zooepidemicus, Proteus
spp. e Staphylococcus spp., são microrganismos associados as onfalites, além do
Clostridium spp. e Actinomyces pyogenes que não foram isolados no presente
estudo.
35
Em um estudo sobre etiologia de infecções do umbigo, Rengifo et al. (2006)
relataram que a E. coli foi o microrganismo de maior frequência, assim como Bacillus
spp, Enterobacter spp., Micrococcus spp., Staphylococcus spp., Estafilococos
coagulase-negativos (ECN), Serratia marcescens, Citrobacter freundii, Klebsiella
pneumoniae e leveduras, todos estes não foram isolados na pesquisa.
Reis (2017) em seu estudo de correlação dos agentes microbianos isolados a
partir da secreção do umbigo e de amostras de sangue de bezerros com onfalite,
identificou que as bactérias do gênero Escherichia spp., Streptococcus spp.,
Klebsiella spp. e Proteus spp. foram os mais frequentes isolados, sendo E. coli e
Streptococcus uberis as espécies mais comuns associadas a onfalite, condizente
com os resultados do presente estudo.
A identificação destes microrganismos evidencia a carência de adoção de
boas práticas de higiene e cura do umbigo dos bezerros após o nascimento, além da
não permanência dos animais com suas mães e correta ingestão do colostro
(SEINO, 2014).
O antibiograma demonstrou resistência dos agentes isolados frente aos
diferentes antimicrobianos testados, observando que a maioria dos microrganismos
apresentou resistência a sulfanamidas (72,73%), ampicilina (60,61%), Ceftiofur
(27,27%) e tetraciclina (15,15%) (Figura 1). Resultados semelhantes foram
encontrados por REIS (2017), onde 100% e 33% dos microrganismos isolados de
amostras de sangue bezerros apresentaram resistência ao ceftiofur e tetraciclinas,
respectivamente, e microrganismos isolados em amostras de umbigos de bezerros
também se mostraram resistentes a ampicilina e tetraciclina, e sensíveis ao ceftiofur,
exceto a sulfanamida que não foi testado por este autor.
Verificou-se que a Gentamicina foi mais eficiente entre os antibióticos
testados (Figura 1), pois 100% dos microrganismos isolados foram sensíveis à
mesma, além do Florfenicol e Enrofloxacino, possivelmente por serem utilizados
raramente no campo. Resultados obtidos por Reis (2017) também demonstrou 100%
de sensibilidade deste antimicrobiano frente a microrganismos isolados de amostras
de sangue de bezerros e 95,24% quanto testado frente a microrganismos isolados
de em amostras de secreção de umbigo, reforçando os resultados encontrados.
Esse elevado grau de resistência se deve ao uso constante e muitas vezes
indevido na rotina da clínica veterinária, gerando aumento da resistência bacteriana
aos mesmos (REIS, 2017).
36
Figura 1 – Perfil de resistência dos microrganismos isolados de bezerros neonatos com onfalite
Os resultados do presente estudo reforçam que o uso de antibióticos gera
resistência que podem trazer sérios riscos à saúde da população, visto que reduz as
opções de fármacos efetivos para o tratamento de infecções e elevam as taxas de
morbidade e mortalidade, tanto de animais quanto em seres humanos (COSTA;
SILVA JUNIOR, 2017). Desta forma ressalta-se a importância da realização de
testes de cultura e antibiograma para auxiliar na escolha do tratamento correto
(ZIMERMANN e ARAÚJO, 2017).
CONCLUSÕES
As bactérias do gênero Streptococcus spp., Staphylococcus spp, Escherichia
coli, e Proteus mirabilis foram os microrganismos predominantes em bezerros
neonatos com onfalite.
A utilização indiscriminada e indevida de antibióticos acarreta resistência em
bactérias presentes em bezerros neonatos com onfalites, que podem comprometer a
saúde animal e humana.
Gentamicina, Florfenicol e Enrofloxacino foram os antibióticos testados mais
eficientes em ação antimicrobiana frente aos agentes isolados de bezerros neonatos
com onfalite.
010203040506070
80
90
100
19 8
2 1 22
5
13 25
31 32 33 11
28
Resistente Intermediário Sensível
37
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38
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39
5 ARTIGO 2
AVALIAÇÃO DO ÓLEO DE Copaifera spp (COPAÍBA) NO TRATAMENTO DE ONFALITES EM BEZERROS NEONATOS
EVALUATION OF Copaifera spp (COPAÍBA) OIL IN THE TREATMENT OF
OMPHALITIS IN NEONATE CALVES
RESUMO
LIMA, C.A.S. Avaliação do óleo de Copaifera spp (copaíba) no tratamento de onfalites em bezerros neonatos. 2018. Dissertação (Mestrado em Biociência Animal) – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018.
As onfalopatias são processos inflamatórios e infecciosos que acometem o cordão umbilical dos animais neonatos, resultante da falta de higiene ambiental, de tratamento inadequado do umbigo ou pelo comprometimento imunitário do neonato, causando diversos problemas de saúde e até morte do animal. Atualmente vem crescendo o interesse da comunidade científica no uso de plantas medicinais, buscando assim a descoberta de novos fármacos que possam produzir efeitos semelhantes ou até mais efetivos se comparados aos fármacos convencionais. A Copaifera spp. (copaíba) é uma planta da flora brasileira bastante utilizada por apresentar ação anti-inflamatória, anti-infecciosa e cicatrizante. Este estudo teve como objetivos avaliar a atividade do óleo de copaíba no tratamento de onfalites em bezerros neonatos (in vivo) e sua ação antimicrobiana in vitro. Foram utilizados 20 bezerros neonatos diagnosticados com onfalites, distribuídos aleatoriamente em quatro grupos: grupo sem tratamento; grupo tratado com antibiótico, grupo tratado com pomada base contendo óleo de copaíba 10% e grupo tratado com o óleo de copaíba puro (100%). Todos os bezerros com onfalites foram acompanhados por meio de exame clínico, além de coleta de amostras de sangue para determinação de proteínas de fase aguda e avaliação de possíveis lesões hepáticas nestes animais. A análise das variáveis estudadas foi interpretada por meio de análise de variância e as médias comparadas pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. Concluiu-se que o óleo de copaíba possui ação cicatrizante e anti-inflamatória (in vivo) e antimicrobiana (in vitro) frente aos microrganismos Yersinia aldovae, Streptococcus equinus, Tatumella ptyseos, Erwinia rhapontici, Proteus mirabilis e Staphylococcus caseolyticus isolados de bezerros neonatos com onfalite. Palavras-chave. Compostos ativos. Efeito antimicrobiano. Onfalopatias. Planta medicinal.
40
ABSTRACT
LIMA, C.A.S. Evaluation of Copaifera spp (copaíba) oil in the treatment of omphalitis in neonatal calves. 2018. Dissertation (Master Animal Bioscience) - University of Cuiabá, Cuiabá, 2018.
The omphalopathies are inflammatory and infectious processes that affect the umbilical cord of the newborns, resulting from the lack of environmental hygiene, inadequate treatment of the navel or the immune compromise of the neonate, causing several health problems and even death of the animal. Nowadays, the interest of the scientific community in the use of medicinal plants has increased, thus seeking the discovery of new drugs that can produce similar or even more effective effects when compared to conventional drugs. Copaifera spp. (copaíba) is a plant of the Brazilian flora widely used for presenting anti-inflammatory, anti-infectious and healing action. The objective of this study was to evaluate the activity of copaíba oil in the treatment of omphalitis in neonatal calves (in vivo) and its antimicrobial action in vitro, using 20 neonatal calves diagnosed with omphalitis, distributed in four groups: untreated group, antibiotic treated group, ointment treated group containing 10% copaiba oil; and group treated with pure copaiba oil (100%).. All calves with omphalitis were followed up by clinical examination, blood samples were collected for the determination of acute phase proteins and evaluation of possible hepatic lesions in these animals. The analysis of the studied variables was interpreted through analysis of variance and the means compared by the Tukey test at 5% of probability. It was concluded that copaiba oil has healing and anti-inflammatory action (in vivo) and antimicrobial (in vitro) against the microorganisms Yersinia aldovae, Streptococcus equinus, Tatumella ptyseos, Erwinia rhapontici, Proteus mirabilis and Staphylococcus caseolyticus isolated from neonatal calves with omphalitis. Key words. Active compounds. Antimicrobial effect. Medicinal plant. Omphalopathies.
41
INTRODUÇÃO
O estado de Mato Grosso tem como base econômica o seu potencial
agropecuário e atualmente possui o maior rebanho bovino do país com 30.230
milhões de cabeças (INDEA, 2017).
A mortalidade de bezerros representa importante causa de prejuízos
econômicos, principalmente na produção leiteira. O maior índice de mortalidade de
bovinos ocorre na fase de cria, devido a maior vulnerabilidade dos bezerros,
principalmente no primeiro mês de vida (FARIA et al., 2013; RADOSTITS et al.,
2002; SEINO, 2014).
As afecções umbilicais são consideradas as principais doenças do período
neonatal em bezerros leiteiros e de corte, com incidência de 28 a 42,2%, gerando
grandes perdas econômicas, pois diminuem o ganho de peso, geram custos com
medicamentos e assistência Médica Veterinária, retardam o crescimento e
promovem depreciação da carcaça dos bezerros, podendo levar à morte do animal
(FARIA et al., 2013; REIS et al., 2009; SEINO, 2014). Estudos apontam que estas
onfalopatias são responsáveis por aproximadamente 10% de mortalidade em
bezerros nos primeiros meses de vida, resultantes da falta de higiene ambiental, de
cuidados gerais e de tratamento do umbigo no momento do nascimento e nos dias
seguintes (SEINO, 2014).
Atualmente há grande interesse da comunidade científica no uso de plantas
medicinais, resultando em diversos estudos relacionados aos seus compostos ativos
(GADELHA et al., 2013). O uso de plantas na terapia é conduzido pelo potencial que
as mesmas possuem em produzir efeitos semelhantes ou até mais efetivos quando
comparados aos fármacos convencionais, além de serem bem aceitas,
especialmente em países em desenvolvimento (NETO et al., 2014; SRIVASTAVA et
al., 2005).
O Brasil é detentor da maior biodiversidade do mundo e possui uma fonte
riquíssima de matéria-prima para a produção de medicamentos. Contudo apenas 1%
do mercado fitoterápico no país é voltado para o setor veterinário, observando-se
carência de pesquisas nesta área. Há interesse da indústria veterinária em inovar o
setor, oferecendo produtos que sejam mais eficazes e que apresentem menores
efeitos colaterais, como forma de proporcionar bem-estar e qualidade de vida para
42
os animais e que estejam associados a um baixo custo de produção (ARAÚJO et al.,
2013; OLIVEIRA et al., 2009).
A Copaifera spp., popularmente conhecido como ''copaíba'' é uma grande
árvore predominante nas regiões Centro-Oeste e Norte, principalmente nos estados
de Mato Grosso, Amazonas e Pará (PIERI et al., 2009). Seu óleo-resina, obtido
através de pequenos cortes na casca do caule da planta, é um remédio popular
utilizado na sua forma natural como um agente anti-inflamatório, anti-infeccioso e
cicatrizante para o tratamento de várias afecções, tais como dores de garganta,
infecções urinárias, pulmonares, úlceras e feridas, podendo ser administrado por via
oral ou por aplicação tópica (BASILE et al., 1988; MONTES et al., 2009; NOGUEIRA
et al., 2012; PAIVA et al., 2004; PIERI et al., 2009). Segundo Mendonça e Onofre
(2009) apud Ferreira (1999); Leite (2001) o óleo de copaíba é usado há séculos por
povos indígenas na cura do umbigo dos recém-nascidos para evitar as afecções
tetânicas e auxiliar no processo de cicatrização.
Apesar da constante busca na medicina veterinária por terapias alternativas e
efetivas, até o momento não foram encontradas publicações disponíveis na literatura
sobre o uso do óleo de copaíba no tratamento de onfalites em bezerros neonatos.
Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade do óleo de copaíba no
tratamento de onfalites em bezerros neonatos (in vivo) e sua ação antimicrobiana in
vitro.
43
MATERIAL E MÉTODOS
Grupos de animais experimentais
O estudo foi realizado na Fazenda Agropecuária Bom Futuro/Agrícola,
localizada no município de Cuiabá–MT e no Hospital Veterinário da Universidade de
Cuiabá. Esta pesquisa foi aprovada pela Comitê de Ética no Uso de Animais -
CEUA/UNIC, com protocolo número 013/2016.
Foram utilizados no presente estudo 20 bezerros neonatos diagnosticados
com onfalites, de ambos os sexos, Tricross (Nelore x Aberdeen angus x Braford),
com idade média de 30 dias e peso médio 45kg, identificados com brinco, conforme
demonstrado na Figura 1, e distribuídos aleatoriamente em quatro grupos
experimentais de 5 animais cada.
Figura 1: Identificação dos animais com brincos
Fonte: Arquivo pessoal
Grupo 1 (G1) ou grupo controle: bezerros neonatos com sinais clínicos de
onfalite que não receberam tratamento.
Grupo 2 (G2): bezerros neonatos com sinais clínicos de onfalite que
receberam tratamento tópico com pomada base contendo óleo de copaíba 10%, em
uma aplicação diária por 7 dias consecutivos.
44
Grupo 3 (G3): bezerros neonatos com sinais clínicos de onfalite que
receberam tratamento tópico com o óleo de copaíba puro (100%), em uma aplicação
diária por 7 dias consecutivos.
Grupo 4 (G4): bezerros neonatos com sinais clínicos de onfalite que
receberam tratamento convencional com antibiótico comumente utilizado na
propriedade, à base de enrofloxacino (2,5 mg/kg), com aplicação via intramuscular a
cada 48 horas (Dia 0 e 2), perfazendo duas aplicações.
Formulação da pomada contendo óleo de copaíba
O óleo-resina de Copaifera spp. utilizado foi obtido da marca Distriol®,
contendo 500 mL de óleo in natura para uso tópico. O óleo de copaíba foi testado in
vivo nas concentrações de 100% e de 10% veiculado em uma base de pomada
contendo 80% de vaselina e 20% de glicerina (Figura 2). Esta formulação foi
desenvolvida com base no estudo realizado por Masson (2011) que testou esta
preparação em úlceras cutâneas em orelha de coelho, com aplicações tópicas
diárias, por 21 dias, resultando em atividade antimicrobiana in vitro e in vivo, além de
significativa atividade cicatrizante do óleo de copaíba.
Figura 2: Pomada contendo óleo de copaíba 10%
Fonte: Arquivo pessoal
45
Coleta, isolamento e identificação das bactérias que causam onfalites
Antes de iniciar os tratamentos, foi coletada uma amostra da secreção
umbilical de cada animal diagnosticado com onfalite (Grupos 1, 2, 3 e 4), utilizando
swab estéril inserido no orifício umbilical e acondicionado em tubos devidamente
identificado com o número do bezerro, contendo meio BHI (Brain Heart Infusion -
BD®). Todas as amostras coletadas foram acondicionadas em caixa isotérmica a
4ºC imediatamente após a coleta e encaminhadas ao laboratório para realização do
cultivo e identificação dos microrganismos envolvidos no processo infeccioso.
O isolamento e identificação dos microrganismos foram realizados conforme
Bergey’s Manual of Determinate Bacteriology (HOLT et al., 1994; QUINN, 1994).
Avaliação da atividade antimicrobiana in vitro do óleo de copaíba
Para avaliação da atividade antimicrobiana do óleo de Copaifera spp. in vitro,
foi utilizada a técnica Concentração Inibitória Mínima (CIM) preconizada pelo manual
Clinical and Laboratory Standards Institute - CLSI/NCCLS (2017) - Methods for
Dilution Antimicrobial Susceptibility Tests for Bacteria That Grow Aerobically com o
objetivo de definir a menor concentração de óleo capaz de inibir o crescimento
bacteriano.
Após o isolamento e identificação dos microrganismos, foi preparado o
inóculo a uma concentração de 3 x 102 UFC/mL, a partir de uma suspensão a 0,5
McFarland (ou 108 UFC/ml). Cada cepa foi inoculada em 9 mL de solução fisiológica
de modo a se obter uma concentração de 1,5 x 108 UFC/mL (0,5 MacFarland), que
foi diluído para 3 x 102 UFC/mL, conforme descrito na CLSI/NCCLS (2017).
Para a diluição do tratamento foi utilizado uma solução da substância teste
diluída a 20.000 µg/mL em dimetilsulfóxido (DMSO) e como padrão, enrofloxacino
(Chemitril®) 10 µL de enrofloxacino diluído em caldo Mueller-Hinton. A partir desta
solução foram preparadas as diluições seriadas da substância teste para o ensaio,
conforme demonstrado na Figura 3 (CLSI/NCCLS, 2017; OSTROSKY et al., 2008).
46
Figura 3: Esquema da placa utilizada na diluição do óleo de Copaifera spp.
Coluna 1: meio + amostra; colunas 2 a 9 diluições do óleo de copaíba; na coluna 10 o enrofloxacino; na coluna 11 foi utilizado o controle de crescimento (CC) e na coluna 12 o controle de esterilidade (CE).
Todos os ensaios foram realizados em triplicata, com determinação do
controle de crescimento (CC) contendo meio de cultura e inóculo e controle
esterilidade (CE) com apenas meio de cultura e solução fisiológica.
As placas foram incubadas a 36±1 ºC durante o período preconizado para
cada cepa bacteriana (24h – 72h). Passado este período, aplicou-se 30 µL
resazurina sódica 0,01% em cada poço e aguardou-se uma hora para realizar a
leitura em espectrofotômetro em comprimento de onda 450nm (ARAUJO; LONGO,
2016; CLSI/NCCLS, 2017).
Analise bioquímica e hematológica
Foram coletadas amostras de sangue de todos os animais do estudo
(tratados e não tratados) no dia zero (D0), antes do início dos tratamentos e nos dias
4, 7 e 11 subsequentes (D4, D7 e D11) para determinação do proteinograma sérico
e avaliação das enzimas hepáticas e evolução do processo infeccioso. Essas
amostras de sangue foram colhidas assepticamente por punção na veia jugular
externa, utilizando-se sistema vacutainer, em tubos de vidro siliconizados de 10 mL,
sem anticoagulantes e mantidas à temperatura ambiente para facilitar a retração do
coágulo. A seguir centrifugadas, a 1.000g, durante 15 minutos. Os soros sanguíneos
obtidos para determinação da Proteína Sérica Total e albumina foram mantidos e
conservados em freezer a menos 20° C até a realização das provas de acordo com
a metodologia descrita na literatura (JAIN, 1993; LAEMMLI, 1970; SIMPLÍCIO et al.,
Enrofloxacino
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A Meio+amostra 1000µg/mL 500µg/mL 250µg/mL 125µg/mL 62,5µg/mL 31,25µg/mL 15,625µg/mL 7,8125µg/mL 10 µg/mLControle
pos i tivo
Controle
esteri l idade
B Meio+amostra 1000µg/mL 500µg/mL 250µg/mL 125µg/mL 62,5µg/mL 31,25µg/mL 15,625µg/mL 7,8125µg/mL 5µg/mLControle
pos i tivo
Controle
esteri l idade
C Meio+amostra 1000µg/mL 500µg/mL 250µg/mL 125µg/mL 62,5µg/mL 31,25µg/mL 15,625µg/mL 7,8125µg/mL 2,5µg/mLControle
pos i tivo
Controle
esteri l idade
D 1,25µg/mLControle
pos i tivo
Controle
esteri l idade
E 0,625µg/mLControle
pos i tivo
Controle
esteri l idade
F 0,3125µg/mLControle
pos i tivo
Controle
esteri l idade
G 0,15625µg/mLControle
pos i tivo
Controle
esteri l idade
H 0,078125µg/mLControle
pos i tivo
Controle
esteri l idade
Óleo de Copaifera
47
2013). Já para as análises hematológicas (hemograma e fibrinogênio) foram
adotados os mesmos procedimentos e analisadas imediatamente após a coleta,
utilizando tubos de colheita contendo anticoagulante EDTA (ácido
etilenodiaminotetracético).
Avaliação da atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e cicatrizante in vivo
do óleo de copaíba
Todos os bezerros foram acompanhados por meio de exame clínico para
observação das características da região umbilical, quanto ao tempo de involução,
melhora do processo inflamatório e de cicatrização do umbigo nos dias 4, 7 e 11.
Análise Estatística
A análise das variáveis estudadas foi interpretada por meio de análise de
variância no programa Sistema de Análise Estatística e Genética - SAEG
(Universidade Federal de Viçosa, 1997) e as médias comparadas pelo Teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
48
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Formulação contendo Óleo de Copaíba
A pomada contendo óleo de copaíba apresentou boa adesão à lesão e não
houve sinal de irritação ou intolerância ao produto, resultado este que também foi
observado por Masson (2011).
Coleta, isolamento e identificação de bactérias causadoras de onfalite
Dos 20 animais diagnosticados com onfalite foi observado crescimento
microbiano em 100% das amostras, sendo possível isolar 12 espécies
microrganismos: 18,2% de Streptococcus uberis (6/20); 15,2% de Streptococcus
bovis (5/20); 15,2% de Escherichia coli (5/20); 12,1% de Staphylococcus
caseolyticus (4/20); 12,1% de Proteus mirabilis (4/20); 6,1% de Streptococcus
equinus (2/20); 6,1% de Enterobacter aerogenes (2/20); 3% de Erwinia rhapontici
(1/20); 3% de Nocardia asteroidis (1/20); 3 % de Erwinia tracheiphilia (1/20); 3% de
Tatumella ptyseos (1/20) e 3% de Yersinia aldovae (1/20).
Foram encontradas infecções mistas, com 2 a 3 agentes isolados,
corroborando com o descrito na literatura no que se refere a uma microbiota
bacteriana mista presente nos casos de onfalite. Radostits et al. (2002) apontaram
que as onfalopatias infecciosas geralmente apresentam uma flora polibacteriana e
quase sempre microrganismos Gram-negativos estão envolvidos. Resultados
semelhantes também foram descritos por Reis (2017) e Rengifo et al. (2006) que
obtiveram isolamentos de um único microrganismo (Estafilococos coagulase
negativos e E. coli), bem como infecções mistas com três ou mais agentes isolados.
Quanto à classificação segundo a coloração de Gram das bactérias isoladas,
58,3% (7/12) bactérias são Gram-negativas e 41,7% (5/12) bactérias Gram-positivas,
resultados estes, semelhantes ao encontrado por Reis (2017), onde 65,51% das
bactérias isoladas de secreções de umbigo eram Gram-negativas.
49
Avaliação da atividade antimicrobiana in vitro do óleo de copaíba
O óleo de copaíba apresentou atividade antimicrobiana, sendo capaz de inibir
o crescimento Yersinia aldovae e Streptococcus equinus nas concentrações de 50 e
25%, respectivamente. Tatumella ptyseos, Erwinia rhapontici, Proteus mirabilis e
Staphylococcus caseolyticus foram sensíveis à ação do óleo, apresentado CIM
abaixo de 125 μg/mL, conforme concentrações representadas na Tabela 1. Ziech et
al. (2010), demonstraram que o óleo-resina de C. reticulata exerce atividade
antimicrobiana in vitro e in vivo frente a cepas formadoras de placa dental em cães
(Streptococcus salivarius - CDC 262, Streptococcus pyogenes -ATCC 19615 e
Enterococcus faecalis - ATCC 19433). Masson et al. (2013) comprovaram ação
antimicrobiana do óleo-resina da C. langsdorffi quando testado contra
microrganismos Staphylococcus aureus (ATCC 6538), Streptococcus pyogenes
(ATCC 19615) e Enterococcus faecalis (ATCC 10541).
Tabela 1 – Concentração Inibitória Mínima - CIM (μg/mL) do óleo de Copaífera spp. e enrofloxacino frente a bactérias isolados dos bezerros com onfalite Microrganismos
[ ] óleo de Copaífera
(μg/mL) [ ] Enrofloxacino
(μg/mL)
Yersinia aldovae 1000 0,079
Streptococcus equinus 250 0,079
Tatumella ptyseos 125 0,079
Erwinia rhapontici 62,5 0,079
Proteus mirabilis 31,25 0,079
Staphylococcus caseolyticus 31,25 0,079
Enterobacter aerogenes Inativo 0,079
Erwinia tracheiphilia Inativo 0,079
Escherichia coli Inativo 0,079
Nocardia asteroidis Inativo 0,079
Streptococcus uberis Inativo 0,079
Streptococcus bovis Inativo 0,079
[ ] - Concentração
Em relação Enterobacter aerogenes, Erwinia tracheiphilia e Escherichia coli, o
óleo de copaíba foi inativo, por se tratar de bactérias Gram-negativas cuja estrutura
de parede favorece uma maior resistência justificando assim os resultados
encontrados (KONEMAN et al., 2008).
50
Nocardia asteroidis, Streptococcus bovis e Streptococcus uberis também
apresentaram resistência ao óleo de copaíba. Piere et al. (2012) que testou o óleo
para bactérias do biofilme dental de cães, também encontrou Streptococcus ssp.
resistentes. Não foram encontrados na literatura estudos da ação do óleo frente à
Nocardia asteroidis.
Em estudos com óleos de Copaifera spp. frente a bactérias isoladas de leite
de vacas com mastite realizados por Faria et al. (2017) mostrou que a atividade
antimicrobiana do óleo essencial foi inativa para E. coli, resultado semelhante ao
observado neste estudo. Já Mendonça; Onofre (2008) mostraram que o óleo de
copaíba apresentou inibição para E. coli (ATCC 25922). Os resultados diferentes
entre os trabalhos encontrados e o presente estudo podem estar relacionados à
composição diferente dos óleos, pois foram utilizadas diferentes espécies do gênero
Copaifera, além de ser isolados clínicos.
Todos os microrganismos testados apresentaram CIM de 0,079 μg/mL para o
enrofloxacino. Resultados semelhantes à Smaniotto et al. (2016) onde o
enrofloxacino apresentou elevado grau de sensibilidade em relação a diversos
microrganismos isolados de amostras de leite, diarreia, raspados de pele e swabs de
ouvido de bovinos. Langoni et al. (2000) que avaliaram enrofloxacino (Baytril®) no
tratamento da mastite bovina estafilocócica mostrou que 72% das amostras foram
sensíveis à enrofloxacina, reforçando os resultados do presente estudo.
Analise bioquímica hematológica
Os resultados com valores médios e desvios-padrão do eritrograma e
leucograma estão dispostos na Tabela 2. Observou-se que todos os animais do
estudo apresentaram total de eritrócitos, concentração de hemoglobina e
hematócrito, mantendo valores no intervalo de referência considerado normal para a
espécie bovina, de acordo com os valores de referência para eritrograma
preconizados por Benesi et al. (2012) e Radostitis et al. (2002), podendo afirmar que
estes animais não apresentavam anemias antes e durante o tratamento.
51
Tabela 2 - Valores médios e desvios-padrão (x ± s) de parâmetros hematológicos
Eritrócitos
Valor de Referência: 5 -10 x10
6/mm
3
D0 (x10
6/mm
3)
D7 (x10
6/mm
3)
G1 6,8 ± 0,99 7,1 ± 0,96 NS
G2 7,6 ± 1,65 8,5 ± 1,16 NS
G3 7,5 ± 0,74 6,9 ± 0,55 NS
G4 8,2 ± 1,86 8,9 ± 1,75 NS
Hemoglobina (g/dL)
Valor de Referência: 8 – 15 g/dL D0 D7
G1 10,0 ± 1,17 10,7 ± 0,64 NS
G2 9,8 ± 1,36 10,8 ± 0,51 NS
G3 9,6 ± 1,01 9,2 ± 0,42 NS
G4 10 ± 1,88 10,9 ± 1,27 NS
Hematócrito
Valor de Referência: 24 – 46% D0 D7
G1 31,02 ± 3,66 32,54± 2,33 NS
G2 31,56 ± 4,62 34 82 ± 1,91 NS
G3 30,22 ± 3,31 29,1 ± 2,16 NS
G4 31,8 ± 6,46 34,74 ± 4,33 NS
Leucócitos
Valor de Referência: 4.000 – 12.000/mm
3
D0 D7
G1 9940 ± 3152,5 9900 ± 3089,5 NS
G2 9860 ± 1934,7 9120 ± 1649,9 NS
G3 11120 ± 4557 9240 ± 2833,4 NS
G4 11300 ± 2017,5 10640 ± 2833 NS
Neutrófilos segmentados
Valor de Referência: 600 – 5400 x 103/mm
3
D0 D7
G1 4713 ± 1051,5 5175 ± 2500,6 NS
G2 5497 ± 2689,0 5167 ± 1492,9 NS
G3 6471 ± 5654,9 4770 ± 2246,1 NS
G4 5724 ± 1425,1 4933 ± 1764,5 NS
Linfócitos
Valor de Referência: 1800 - 9000 x 103/mm
3
D0 D7
G1 5054,8 ± 1559,8 4457,2 ± 1148,2 NS
G2 4085,4 ± 1060,8 3807,6 ± 843,5 NS
G3 4263 ± 1976,5 4694,4 ± 1878,8 NS
G4 5316 ± 1752,1 5607,2 ± 1992,9 NS
NS
Não significativo (P>0,05) Legenda: G1: Sem tratamento; G2: Grupo tratado com óleo de copaíba a 10%; G3: Grupo tratado com óleo de copaíba 100% e G4: Grupo tratado com enrofloxacino. D0: antes de iniciar tratamento. D7: 7 dias após o início do tratamento.
52
Em relação ao leucograma (contagem de leucócitos, neutrófilos segmentados
e linfócitos), antes e no final do tratamento (Tabela 2), pode-se observar um
comportamento de pequenas variações, sem demonstração de diferenças
significativas (P>0,05) entre os grupos. De acordo com a literatura, os ruminantes
com inflamação aguda, conseguem recompor seus valores hematológicos
rapidamente (3-5 dias), justificando a normalidade dos resultados apesar do
processo inflamatório presente (JAIN, 1993).
A análise da concentração do fibrinogênio plasmático (Tabela 3) não
demonstrou diferença (P>0,05) entre os animais do grupo sadio, tratados e não
tratados. Resultados semelhantes foram encontrados por Simplício et al. (2013)
onde o fibrinogênio não foi sensível em seu estudo com bezerros com onfaloflebite,
já em animais adultos, vacas com mastite, apresentaram importante elevação do
fibrinogênio, essa diferença na resposta está relacionada a imunidade adquirida,
visto que em neonatos encontra-se em formação (JAIN, 1993; RADOSTITS et al.,
2002).
Tabela 3 - Valores médios e desvios-padrão (x ± s) das concentrações de Fibrinogênio plasmático, proteínas totais plasmáticas e globulinas dos bezerros
FIBRINOGENIO
Valor de Referência: 300 - 700 mg/dL
D0 D7
G1 520 ± 109,55 560 ± 328,64 NS
G2 560 ± 260,76 640 ± 167,33 NS
G3 320 ± 178,89 700 ± 387,30 NS
G4 440 ± 260,77 720 ± 228,04 NS
PROTEÍNAS TOTAIS
Valor de Referência: 7,0 - 8,5 g/dL
D0 D7
G1 7,32 ± 0,65 7,46 ± 0,86 NS
G2 6,76 ± 0,33 6,60 ± 0,55 NS
G3 6,60 ± 0,83 6,26 ± 1,02 NS
G4 6,84 ± 0,57 6,86 ± 0,93 NS
GLOBULINAS
Valor de Referência: 2,5 - 4,1 g/dL
D0 D7
G1 5,16 ± 0,73 5,14 ± 0,55 NS
G2 4,60 ± 0,45 3,90 ± 0,58 NS
G3 4,56 ± 0,96 3,94 ± 1,46 NS
G4 5,12 ± 0,84 4,18 ± 0,80 NS
NS
Não significativo (P>0,05) Legenda: G1: Sem tratamento; G2: Grupo tratado com óleo de copaíba a 10%; G3: Grupo tratado com óleo de copaíba 100% e G4: Grupo tratado com enrofloxacino. D0: antes de iniciar tratamento. D7: 7 dias após o início do tratamento.
53
Observou-se que a concentração sérica de proteína total e globulinas dos
bovinos doentes não diferiu significativamente (P>0,05). Esses resultados podem
estar relacionados ao fato dos animais serem neonatos e ainda a resposta de defesa
atuante ser via imunidade passiva. Além de outros fatores que possam ter interferido
como local que esses animais estavam, barreira (pele dos animais), altura da
pastagem, entre outros.
Tabela 4 - Média e desvio padrão (x ± s) das enzimas hepáticas dos bezerros
AST
Valor de Referência: 48 – 100 UI/L
D0 D7
G1 73,26 ± 22,55 59,68 ± 18,36 NS
G2 52,34 ± 12,28 60,72 ± 21,44 NS
G3 55,46 ± 17,22 41,86 ± 12,84 NS
G4 62,82 ± 22,53 61,76 ± 18,65 NS
FA
Valor de Referência: 0 - 488 UI/L D0 D7
G1 331,60 ± 155,86 556,80 ± 236,26 NS
G2 431,12 ± 298,15 561,80 ± 189,46 NS
G3 648,00 ± 489,17 382,80 ± 151,62 NS
G4 729,20 ± 236,12 541,60 ± 228,65 NS
GGT
Valor de Referência: 20 – 48 UI/L D0 D7
G1 188,54 ± 141,22 100,52 ± 61,96 NS
G2 277,44 ± 272,70 54,68 ± 24,47 NS
G3 317,64 ± 272,25 90,32 ± 63,87 NS
G4 255,42 ± 290,50 64,86 ± 34,10 NS
ALBUMINA
Valor de Referência: 2,7 – 4,3 g/dL
D0 D7
G1 2,16 ± 0,20 2,32 ± 0,62 NS
G2 2,16 ± 0,38 2,7 ± 0,50 NS
G3 2,04 ± 0,20 2,32 ± 0,48 NS
G4 1,72 ± 0,60 2,68 ± 0,44 NS
NS
Não significativo (P>0,05) Legenda: G1: Sem tratamento; G2: Grupo tratado com óleo de copaíba a 10%; G3: Grupo tratado com óleo de copaíba 100% e G4: Grupo tratado com enrofloxacino. D0: antes de iniciar tratamento. D7: 7 dias após o início do tratamento. AST: Aspartato aminotransferase; FA: Fosfatase Alcalina; GGT: gamaglutamiltransferase.
54
Estudos apontam que hemograma, fibrinogênio, albumina, globulinas e
proteínas totais são influenciados pela ingestão e absorção do colostro, justificando
os resultados dentro dos níveis de referência, mesmo em animais não tratados,
sendo a idade um importante fator a ser considerado (POLÓ, 2013; SIMPLÍCIO et
al., 2013; THRALL et al., 2006).
Analisando as dosagens das enzimas FA e GGT (Tabela 4), foi possível
verificar o comprometimento hepático nos animais de todos os grupos, corroborando
com a literatura que afirma que as afecções do cordão umbilical estão entre os
maiores causadores de danos hepáticos, visto que o fígado está ligado diretamente
no umbigo de recém-nascidos (SEINO, 2014).
Avaliação da atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e cicatrizante in vivo
do óleo de copaíba
Após avaliação macroscópica da lesão antes e após tratamento, foi possível
visualizar redução do edema e retração das bordas da lesão nos grupos G2 e G3,
grupo tratado com pomada contendo óleo de copaíba a 10% e grupo composto com
animais tratado com óleo de copaíba puro (100%), conforme ilustrado nas Figuras 4
e 5. Estes resultados corroboram com os encontrados por Masson (2011) que testou
o óleo resina de copaíba em úlcera cutânea na região dorsal de ratos e em orelha de
coelhos, no qual o óleo de copaíba a 10% promoveu melhor cicatrização,
estimulando a contração e fibroplasia, acelerou a reepitelização e estimulou a
colagênese.
Figura 4: Animal (6) que recebeu tratamento com pomada contendo óleo de copaíba 10%
Fonte: Arquivo pessoal D0: Início tratamento D11: 11 dias após o início do tratamento
55
Figura 5: Animal (12) que recebeu tratamento com óleo puro
Fonte: Arquivo pessoal D0: inicio tratamento D11: 11 dias após o início do tratamento
Em relação aos resultados do G3, grupo tratado com óleo de copaíba 100%,
fora discordante de Masson (2011) onde esta forma de aplicação se mostrou irritante
ocasionando grave agressão tecidual na úlcera cutânea em orelha de coelhos, não
ocorrendo no umbigo dos bezerros no presente estudo.
Todos os animais do grupo que receberam tratamento com o antibiótico
enrofloxacino (G4) apresentaram melhora clínica, conforme demonstrado na Figura
6, porém ainda apresentavam secreção purulenta no dia 11, sendo necessário
refazer corretamente o tratamento. Isso pode ter ocorrido em função da posologia
utilizada, visto que os funcionários desta fazenda utilizam a padronização de
2,5mg/kg a cada 48 horas para tratamento dos animais, independente da patologia e
posologia indicada para os casos de onfalites é de 2,5mg/kg a cada 24 horas
(CHEMITRIL®, 2016).
Figura 6: Animal (11) que recebeu tratamento convencional com Enrofloxacino
Fonte: Arquivo pessoal D0: inicio tratamento D11: 11 dias após o início do tratamento
56
Embora fosse visualizado melhora clínica em todos os animais de ambos os
grupos, estes animais não estavam curados, necessitando de tratamento em
conjunto com antibióticos após o término dos experimentos (D11).
CONCLUSÕES
De acordo com os achados macroscópico, a aplicação tópica de óleo de
copaíba 100% e pomada a 10% no umbigo de bezerros com onfalites beneficiou o
processo de cicatrização, reduzindo o volume e as bordas da lesão, além de reduzir
secreção purulenta, possivelmente ação cicatrizante e anti-inflamatória, sugerindo
estudos histológicos para sua comprovação.
O óleo de copaíba apresentou atividade antimicrobiana in vitro frente aos
microrganismos Yersinia aldovae, Streptococcus equinus, Tatumella ptyseos,
Erwinia rhapontici, Proteus mirabilis e Staphylococcus caseolyticus isolados de
bezerros neonatos com onfalite.
Sugere que novos estudos sejam realizados buscando forma farmacêutica de
fácil aplicação, visando um novo medicamento fitoterápico para a medicina
veterinária, tendo em vista ação apresentado pelo óleo de Copaifera spp.
Através dos exames hematológicos, foi possível verificar o comprometimento
hepático nos animais de todos os grupos antes e após realizar o tratamento.
57
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CONCLUSÕES GERAIS
As bactérias do gênero Streptococcus spp., Staphylococcus spp, Escherichia
coli, e Proteus mirabilis foram os microrganismos predominantes em bezerros
neonatos com onfalite.
A utilização indiscriminada e indevida de antibióticos acarreta resistência em
bactérias presentes em bezerros neonatos com onfalites, que podem comprometer a
saúde animal e humana.
Gentamicina, Florfenicol e Enrofloxacino foram os antibióticos testados mais
eficientes em ação antimicrobiana frente aos agentes isolados de bezerros neonatos
com onfalite.
De acordo com os achados macroscópico, a aplicação tópica de óleo de
copaíba 100% e pomada a 10% no umbigo de bezerros com onfalites beneficiou o
processo de cicatrização, reduzindo o volume e as bordas da lesão, além de reduzir
secreção purulenta, possivelmente ação cicatrizante e anti-inflamatória sugerindo
estudos histológicos para sua comprovação.
O óleo de copaíba apresentou atividade antimicrobiana in vitro frente aos
microrganismos Yersinia aldovae, Streptococcus equinus, Tatumella ptyseos,
Erwinia rhapontici, Proteus mirabilis e Staphylococcus caseolyticus isolados de
bezerros neonatos com onfalite.
Sugere que novos estudos sejam realizados buscando forma farmacêutica de
fácil aplicação, visando um novo medicamento fitoterápico para a Medicina
Veterinária, tendo em vista ação apresentada pelo óleo de Copaifera spp.
Através dos exames hematológicos, foi possível verificar o comprometimento
hepático nos animais de todos os grupos antes e após realizar o tratamento.