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FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA FMVZ - UNESP DE BOTUCATU 14 PROGRAMA DE TUTORIA ACADÊMICA DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FMVZ A FORMAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA E EM ZOOTECNIA E O DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL DURANTE O CURSO DE GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE TUTORIA ACADÊMICA DOS CURSOS DE … · ... sido instituídos em universidades e empresas, em que o conhecimento ... dos saberes profissionais à sua ... conhecimentos

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FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA FMVZ

- UNESP DE BOTUCATU

14

PROGRAMA DE TUTORIA

ACADÊMICA DOS CURSOS

DE GRADUAÇÃO DA FMVZ A FORMAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA E EM

ZOOTECNIA E O DESENVOLVIMENTO PESSOAL E

PROFISSIONAL DURANTE O CURSO DE

GRADUAÇÃO

Conteúdo PROGRAMA DE TUTORIA .............................................................................................................. 3

Por que um programa de tutoria .......................................................................................... 4

CONCEITOS ................................................................................................................................ 6

CONCEITO E HISTÓRIA ........................................................................................................... 6

A universidade e o estudante universitário .......................................................................... 6

Tutoria ................................................................................................................................... 8

Tutor ...................................................................................................................................... 8

Os tutores da FMVZ ............................................................................................................... 9

Treinamento ........................................................................................................................ 10

Desligamento ...................................................................................................................... 10

Tutorando ou Tutorado ....................................................................................................... 10

PROGRAMA DE TUTORES ........................................................................................................ 11

Objetivos e estruturas ......................................................................................................... 11

Planejamento ...................................................................................................................... 13

Divulgação ........................................................................................................................... 13

Implantação ......................................................................................................................... 13

Os Tutorados da FMVZ ........................................................................................................ 14

Haverá necessidade de se instituir um horário para que os tutores se encontrem com os

tutorados. ................................................................................................................................ 14

COTIDIANO .............................................................................................................................. 14

Encontros e Cuidados Éticos ............................................................................................... 14

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 14

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 15

PROGRAMA DE TUTORIA

Tutor: estaca ou vara que se enterra no solo para amparar uma planta de caule frágil,

flexível ou volúvel. (Houaiss, 2001)

Nos últimos anos, a educação de jovens tem estado na berlinda no que se refere às

condições de estudo e preparação para a futura vida profissional. A modernidade trouxe novos

contextos sobre a educação, em todos os níveis de ensino. Especificamente na Educação

Superior, o questionamento segue sob a crítica de um ensino, por vezes ortodoxo, que a

coloca em desvantagem diante do mundo globalizado e, estanque da sociedade do

conhecimento,tem requerido profissionais com visão humanista, inovadora, crítica, reflexiva;

com consciência ética além de competências e habilidades para agir na complexidade em que

se encontra a sociedade (Christensen e Eyring, 2014; Mosé, 2013; Giddens,2012; Delors, 2005;

Burbules e Torres, 2004; Morin, 2000).

Localmente, os Projetos Políticos Pedagógicos dos Cursos de Graduação de Medicina

Veterinária1 e Zootecnica2 da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ da Unesp

de Botucatu, mencionam e aplicam em suas atividades fins as orientações das Diretrizes

Curriculares do MEC sobre o egresso/profissional desejado para o mundo do trabalho. Desta

forma, a proposta de um programa de tutoria vem ao encontro de institucionalizar um

trabalho que prevê a orientação de um tutor ao tutorado, de forma a estabelecer um processo

de comunicação entre o docente e o discente com vistas a estreitar os laços pessoais e

profissionais no ambiente acadêmico.

As profissões que são oferecidas na FMVZ, medicina veterinária e zootecnia, são de

suma importância para a humanidade e são contempladas nos relatórios dos segmentos

mundiais responsáveis pela saúde e alimentação. Segundo Leonardo Nápoli, em artigo do

Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná 3 , representantes da OPAS –

Organização Pan-Americana de Saúde, FAO – Organização das Nações Unidas para

Alimentação e Agricultura e da OMS – Organização Mundial da Saúde, ressaltam a

importância do médico veterinário para a saúde pública mundial, declarando que “60% dos

patógenos humanos são zoonóticos; 75% das enfermidades humanas emergentes são de origem animal e 80% dos

patógenos que podem ser usados em bioterrorismo são de origem animal”; além de sua importância nesta

área há juntamente o profissional Zootécnico, ambos de suma importância no

desenvolvimento de ações para alcançar as Metas de Desenvolvimento do Milênio,

produzindo alimentos de origem animal com qualidade, prevenindo e controlando doenças.

É, portanto, como nunca antes, previsto que a formação destes estudantes seja

acompanhada por docentes com saberes profissionais e experienciais destas áreas para que

haja comunicação entre as circunstâncias sociais, políticas, econômicas, culturais e o ensino, a

1http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces105_02.pdf 2http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2004/pces337_04.pdf 3http://www.crmv-pr.org.br/?p=imprensa/artigo_detalhes&id=81

pesquisa e a extensão realizadas na universidade. Este acompanhamento poderá ser

efetivado num programa de tutoria.

É importante ressaltar que programas de tutoria têm sido instituídos em

universidades e empresas, em que o conhecimento é o fator principal do desempenho e

existência, cujo objetivo é refletir e buscar soluções sobre os problemas que acometem a

sociedade globalizada.

Outro fator, que vem necessitando a instituição da tutoria decorre das mudanças

sociais que se transformam de forma contínua, devido à aceleração e o advento da

tecnologia, e que diluem as relações humanas, tornando-as “líquidas” 4, termo utilizado pelo

sociólogo Zygmunth Bauman, onde nada mais é feito para durar. Segundo ele, precisamos de

“conhecimento prático, concreto e imediatamente aplicável. [...] E, para ser ‘prático’, o

ensino de qualidade precisa provocar e propagar a abertura, não a oclusão mental”.

Assim, torna-se salutar que o corpo docente, responsável pela formação profissional

dos referidos cursos, reflitam sobre a emergência e urgência de trabalhar coletivamente

sobre como depreendem as atuais informações técnico-científicas mundiais e que possam ser

inseridas em suas práticas docentes de forma a orientar seus discentes, durante a graduação,

para que obtenham saltos qualitativos no desenvolvimento de suas carreiras, desde o âmbito

pessoal quanto o profissional.

Por que um programa de tutoria

Os docentes, muitas vezes, reconhecem que o estudante está vivendo um choque de

gerações, a importância do programa de tutoria seria a forma da Universidade demandar uma

atenção especial na formação do “ser” humano, caso contrário ficará alienada a toda essa

efervescência das novas gerações, se preocupando exclusivamente com a formação

profissional tecnicista.

O processo de formação do estudante na universidade exige cuidado, diante das

incertezas advindas da modernidade, ano após ano o número de estudantes tem aumentado

com dúvidas sobre a escolha profissional. Vivem momentos críticos e geradores de estresse

(Bellodi e Martin, 2006) que os levam a, muitas vezes, fazer escolhas sem uma reflexão

adequada da atividade que exercerá. Além do mais, o número cada vez maior de estudantes

nas turmas, o distanciamento da relação estudante-professor, intensidade de atividades que

são exigidas no ambiente acadêmico têm levado a impessoalidade e o anonimato de todos os

partícipes deste processo.

Os estudantes perfazem este caminho muitas vezes de forma solitária e idealizam uma

escolha profissional que poderá ser confrontada com a realidade encontrada no mundo do

trabalho. E é o encontro entre a formação e o devir5 que se constitui a importância da união

dos saberes profissionais à sua futura inserção na vida adulta.

Estes desenhos do ambiente acadêmico se interrelacionam e fragilizam a integração de

todos que estão dentro da universidade, desta maneira o suporte formal é interessante para o

4 http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS 5 Série de mudanças concretas pelas quais passa um ser.

bem-estar dos estudantes, ao garantir um direito de se apropriar de seu progresso social,

científico e tecnológico (MEC, DCN, 2004) preparando estes futuros profissionais para atuarem

de forma crítica, criativa e responsável por meio de uma visão ética e humanística.

CONCEITOS

CONCEITO E HISTÓRIA

O conceito tutor é um termo de origem latina que significa ‘protetor’, aquele a quem

por via legal se encarregava a criação e a educação de um indivíduo. Ressaltando-se que,

proteção deriva de sua relação com o verbo tueor, que tem o sentido de ‘ver’, bem como do

verbo composto intuere que é ‘ver de dentro’. Assim, tutor pode ser aquele que vê dentro do

outro as potencialidades a serem desenvolvidas no indivíduo; neste caso, na relação

pedagógica/profissional das profissões que são formadas por esta instituição de ensino.

Emprega-se a palavra tutor para todo aquele que, sendo profissional da área, é mais

experiente e, portanto pode orientar e compartilhar com os mais jovens suas experiências e

conhecimentos no sentido de dar-lhe orientação e aconselhamento das melhores formas de

superar suas deficiências pedagógicas, pessoais e no desenvolvimento de competências e

habilidades necessárias da profissão.

Em algumas instituições e ou organizações o termo Tutoria também é conhecida como

Mentoring, tendo o Mentor e o Mentee (aprendiz), termos em inglês utilizado lembrando a

obra Odisséia de Homero. Odisseu (Ulisses) encarrega Mentor, sábio e fiel amigo, para ser o

responsável pela educação de Telêmaco, seu filho.

Mentor ofereceu orientação, inspiração e coragem para que Telêmaco obtivesse

sucesso em sua jornada e em seu objetivo: ir ao encontro de seu pai. Sendo este o objetivo e

sentido de um programa de tutoria, aproximar o mundo do jovem ao mundo dos adultos, no

desenvolvimento e amadurecimento do caráter perante os desafios contemporâneos.

Tutorar ou “mentorear” é, portanto, a ação de facilitar, organizar e orientar o

descobrimento e o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo, ensinando o mentee ou

o tutorado a conquistar sua independência, autonomia e a construção de sua identidade e

personalidade por meio de regras, valores6 e principalmente de colaboração mútua, pois

nenhuma das partes tem poder sobre a outra. O tutorado deve ter abertura para falar de si,

suas dificuldades e suas potencialidades e juntos buscar desenvolver novas maneiras de criar

ideias e conhecimentos que auxilie o seu desenvolvimento profissional durante o curso de

graduação dentro da universidade. Segundo Bellodi e Martins (2005, pag. 33), “durante o tempo

em que permaneçam juntos, espera-se que os dois desenvolvam um vínculo especial – de compromisso

mútuo, respeito, confiança e identificação – que facilite a transição para a vida adulta”.

A universidade e o estudante universitário

Segundo Snyders (1995) a liberdade do estudante é cerceada pela família e, lembra

que enquanto este estuda no ensino médio, têm horários e tarefas definidos. Entretanto,

6 Programa de Formação de Valores - O Programa de Formação de Valores (PFV) é constituído por um conjunto de ações humanistas, a ser aplicado em todas as fases acadêmicas de nossos futuros profissionais. Sua operacionalização se dará por intermédio de todos os envolvidos, direta e indiretamente, com o processo educacional universitário. http://www.fmvz.unesp.br/#!/programa-de-formacao-de-valores/

quando o mesmo adentra a universidade, o mundo tal como ele conhece, muda de forma

tangencial, sem que perceba, sua rotina é mudada por novas experiências sociais e

responsabilidades que por vezes se distanciam do ambiente acadêmico, apesar de serem

experiências sociais universitárias. Esta liberdade de escolha, por vezes distancia o estudante

de seus compromissos disciplinares acarretando em perdas acadêmicas.

Existem relatos discentes que dizem serem sedutores os convites para festas, porque

são acolhidos e reconhecidos pelos seus pares, o que pode ser considerado antinômica7 do

que se deseja do estudante universitário durante o seu curso de graduação. Entretanto,

também existem relatos de “repúblicas” de alunos que auxiliam os estudantes novos a

estudarem e superarem suas dificuldades com notas nas respectivas disciplinas e a indicar as

melhores oportunidades que a escola oferece para formação profissional. São estudantes do

mesmo curso que por vezes orientam os novos estudantes, podendo ser reconhecidos na

função de tutores do tipo peermentoring (tutoria sem relação hierárquica) ou tutor júnior,

apesar de não terem a experiência necessária para acompanhar o desenvolvimento

profissional.

Ambas as situações coexistem dentro da universidade, sendo necessário saber qual

das estruturas os estudantes podem tirar o melhor proveito para sua formação profissional.

Para Snyders (1995, p. 69) “o ofício de estudante é um dos mais espinhosos porque nele progredir é

obrigatório – e nos domínios mais complexos. Dele só se podem tirar alegria os que ousam o difícil, os

que gostam de desbravar o difícil, os que têm, de certo modo, necessidade de conquistas difíceis”.

Entretanto, os tempos são outros e, segundo Bauman (2010), a educação está

permeada de valores consumistas onde o conhecimento é consumido e descartado.

Lembrando o diálogo entre o coelho e Alice, personagens centrais do livro Alice no País das

Maravilhas, de Lewis Carrol, que diz “é preciso correr muito para ficar no mesmo lugar. Se você quer

chegar a outro lugar, corra duas vezes mais!”. Fazendo uma analogia ao nosso cotidiano, o que

antes, na educação se realizava, era a capacidade de acumular, manter e guardar. Atualmente

é a de dispensar, devido à aceleração e a multiplicação de informações, especificamente neste

ambiente de ensino, técnico-científicas, os estudantes “são como bexigas que se enchem quando

estudam para ser esvaziada nas provas de diversas disciplinas”, essa é a definição de como se

sentem os alunos.

Esta situação gera ansiedades nos estudantes universitários, que não sabem como

gerir as próprias vidas diante do atual contexto social, no qual se vive as superficialidades,

inclusive, das inúmeras informações em que fica difícil se elaborar o conhecimento, tal a

complexidade.

A universidade, dentro deste contexto, mesmo sendo questionada, é ainda a

responsável pela formação de profissionais para o mundo do trabalho. Desta forma, tem sido

necessário pensar novas formas de acompanhamento no desenvolvimento e formação

profissional dos que nela estão inseridos.

7 Adj. Contraditório, oposto.

Respondendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Câmara dos

Deputados, 2014), no que se refere à Educação Superior, no inciso II tem por finalidade

“formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores

profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na

sua formação contínua.”

Tutoria

A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ e seus representantes

propõem um programa de tutoria, Tutoria - FMVZ no qual os professores-tutores, como

profissionais experientes, possam orientar os tutorados-estudantes durante a sua graduação

com vistas ao desenvolvimento pessoal e profissional.

Nesta perspectiva, denota-se que será mais que um simples processo formal, pois

deverá ser também um processo de ensino e de aprendizagem, onde ambas as partes se

nutrirão. A correspondência de expectativas e responsabilidades permeará as atividades em

que o tutor, pela experiência servirá de exemplo, auxiliando o estudante a aprender a

resiliência8 diante dos percalços da vida acadêmica; de outro, permitir ao estudante poder

comunicar os anseios e dúvidas de suas escolhas, para juntos nortearem caminhos para o

desenvolvimento pessoal e profissional do mesmo.

A Tutoria FMVZ inicialmente será formal e sistematizada para o primeiro ano dos

Cursos, pois facilitará a divisão entre tutores e tutorados por sorteio, ou seja, de uma forma

aleatória.

Para que haja coerência entre os tutores será necessário propiciar uma formação, pois

o tutor não pode e nem deve ser visto como um mero conselheiro para crises “existenciais” ou

alguém para ajudar só quando o aluno estiver com problemas.

Tutor

O papel a ser desempenhado pelo tutor é complexo, diante do atual contexto social

em que estamos inseridos, entretanto de suma importância para orientar os estudantes a

realizarem seus sonhos pessoais e profissionais.

O tutor deve ter claro que assumirá diversos papéis, como por exemplo, o de

professor, conselheiro e modelo para inspirar o estudante no desenvolvimento de suas

atividades. É necessário lembrar, que a tutoria não deve ser confundida com o papel de

psicoterapeuta, de consultor ou de treinador.

A relação de orientação entre o estudante e o tutor deverá ser permeada, segundo

Darling (in BELLODI, 2005), por três papéis:

Papel inspirador (atração): atrair o estudante pela admiração de seguir os seus

passos profissionais;

8 Capacidade de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. A resiliência se trata de uma tomada de decisão quando alguém depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Pode-se considerar a resiliência como uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades.

Papel investidor (ação): demonstrar tempo, energia e comportamento para

agir em benefício do jovem;

Papel suportivo (afeto): respeitar e encorajar o estudante aos desafios

propostos.

O tutor deverá auxiliar o estudante a ampliar os conhecimentos, desenvolver suas

habilidades e capacidades, enfrentar os desafios, compreender o percurso acadêmico e

profissional, ser ético, ensinar a questionar e ultrapassar os obstáculos que surgirem durante o

percurso de sua graduação.

Desta forma, ressaltamos que:

Um bom mentor é um bom ouvinte, procura ouvir exatamente o que o

aluno está tentando dizer sem primeiro interpretar ou julgar, presta atenção

ao subtexto e às entonações das palavras dos alunos, suas atitudes e sua

linguagem corporal (BELLODI, 2005).

O tutor deverá desenvolver habilidades para que possa dar devolutiva aos estudantes-

tutorados sobre os seus questionamentos e um feedback ao programa, entendendo que o

tutor é como um investidor na formação profissional, e tais esforços devem ser reconhecidos

de forma bilateral.

É o tutor, com seus saberes que auxiliará este processo de formação de identidade do

estudante para que o mesmo alcance a sua autonomia; é um tipo de aliança ou elo entre o

tutor e o tutorado, onde ambos trabalharão na busca da alegria existente da profissão

escolhida.

O acompanhamento deverá ser mensal, preferencialmente por meio de reuniões para

que o tutor e o tutorado criem uma aliança pessoal e profissional, de forma a auxiliar o

estudante a adquirir habilidades para entender a mecânica e a organização universitária,

aprenda a avaliar as próprias escolhas, consiga se adaptar em diferentes situações e

principalmente, seja independente e responsável no seu agir. Por sua vez, o tutor aprenderá a

reconhecer os anseios e dúvidas que permeiam o cotidiano assim como a realidade das novas

gerações de profissionais que adentram na Universidade.

Os tutores da FMVZ

Para ser tutor é necessário ter pré-disposição e ser proativo tendo as seguintes

características:

Ser docente médico veterinário ou zootecnista que atue como profissional com

comportamento técnico, humano e ético para promover a construção da identidade

pessoal e profissional do tutorado;

Ser presente no processo educacional;

Próximo e empático;

Disponibilidade de tempo;

Disposição para participar dos treinamentos e ser supervisionado

A adesão ao programa Tutoria – FMVZ ocorrerá por meio de solicitação formal do

interessado, inicialmente, junto aos Conselhos de Curso de Graduação.

Treinamento

Será necessário ter na estrutura de um programa de tutoria treinamento e supervisão

contínua aos tutores, auxiliando os tutores na orientação de seus grupos de tutoria, bem como

possibilitar instrumentos que o habilitem a desenvolver melhor o seu papel. Caso contrário, se

a unidade proponente não der este respaldo poderá vir a ter perda de qualidade na atividade

da tutoria.

O treinamento visa acompanhar o desenvolvimento do tutor em seu papel e de suas

funções de forma objetiva, possibilitar a compreensão das motivações pessoais que o levaram

a ser tutor bem como das limitações e potencialidades no desenvolvimento da tutoria. Outro

aspecto de um treinamento contínuo diz respeito aos limites do acompanhamento dos

tutorados diante de problemas pessoais.

É preciso ter consciência de que o treinamento deve ter momentos nos quais se

definam claramente os objetivos e seja determinado os espaços reflexivos necessários de

retroalimentação ao programa de tutoria.

Desligamento

Da mesma forma que a adesão, o desligamento deverá ser protocolado junto ao

respectivo Conselho de Curso com as respectivas justificativas.

Tutorando ou Tutorado

Os jovens estudantes recebem críticas sobre os seus comportamentos. Normalmente

este descrédito sempre é realizado de geração para geração, sendo que os adultos muitas

vezes ficam entre a idealização e o menosprezo da juventude.

No que se refere aos tutorados, é desejado que eles possuam ou criem características

proativas; não ter medo de se comunicar com o tutor e de expor o que pensa, bem como ter

humildade para reconhecer aquilo que ainda não entende ou que não sabe. É preciso que o

tutorado acredite e respeite o seu tutor, para que juntos trabalhem o seu desenvolvimento

profissional e pessoal, aprendendo se posicionar intelectualmente e emocionalmente diante

dos desafios e circunstâncias de aprendizagem em sua caminhada universitária.

Segundo Bellodi et al. (2005), dentre algumas características dos tutorados encontram-

se os muito independentes, que não aceitam ajuda e não ouvem o tutor; os hipersensíveis,

que levarão para o nível pessoal as orientações do tutor; os desmotivados, que não querem se

esforçar; os desorganizados, que não respeitam agendas; e os emocionalmente dependentes

ou negativistas, que se queixam de tudo e de todos.

Neste encontro entre tutores e tutorados, as relações interpessoais serão

imprescindíveis, pois este é um tipo de aprendizagem humana difícil. O encontro do mundo

dos jovens com o mundo dos adultos é um desafio constante diante da complexidade atual

que é a vida acadêmica para todos os partícipes deste processo.

Da mesma forma que o tutor deve talhar o seu perfil para desempenhar este papel, o

tutorado também deverá ter sua responsabilidade nesta relação. Literalmente reescrevemos a

citação de Montenegro (in Bellodi, 2005) ao relatar o comportamento de predisposição que o

tutorado deve ter para participar do programa de tutoria. Segundo, Swanson (2001) no seu

Mentorship Manual for Medical Students da VCU School of Medicine College of Virginia

Campus, o estudante deve ser orientado para que:

Seja entusiástico, curioso e ambicioso quando estiver discutindo seus interesses e

aprendendo com o seu mentor.

Chegue a todos os encontros na hora. Se não é possível chegar na hora marcada para o

encontro, deixe o seu mentor saber tão logo quanto possível.

Respeite o tempo e o espaço de seu mentor, seja flexível com encontros.

Pergunte ao seu tutor de que modo ele prefere que você o contate: e-mail, telefone,

celular e outros programas midiáticos.

Mantenha o seu tutor informado de seus progressos. Você pode facilmente enviar e-

mails a seu tutor para que ele acompanhe o que está acontecendo em sua vida.

Considere as informações que seu tutor lhe passa.

Seja paciente – sua relação será construída ao longo do tempo.

Seja receptivo às sugestões e ao feedback de seu mentor.

Use sua experiência com seu tutor para fazer conexões com outras pessoas com as

quais seu mentor trabalha.

Compartilhe com seu tutor os seus objetivos para a relação de mentoring.

Deixe seu tutor saber que tipo de coisa você gostaria de discutir, ver ou fazer.

Compartilhe informações sobre seu contexto pessoal e etc.

Logicamente, que este comportamento também poderá ser adquirido pelo tutorado

ao participar do programa de tutoria. Em qualquer modelo de tutoria, seja formal ou informal,

o tutorado será co-responsável na relação de tutoria, sendo necessário favorecer um ambiente

de aprendizagem e responsável demonstrando o seu empenho em seu desenvolvimento

pessoal e profissional.

PROGRAMA DE TUTORES

Objetivos e estruturas

Por meio de encontros regulares o objetivo do programa é favorecer:

Aproximação entre os docentes e discentes;

Desenvolvimento de relação interpessoal;

Auxiliar o processo de formação pessoal e profissional dos estudantes;

Acompanhamento do desenvolvimento do estudante durante o seu percurso

acadêmico;

Promover maior interação e cooperação entre os recém chegados e os veteranos.

É importante destacar que no ano de implantação do programa Tutoria – FMVZ só

poderão participar estudantes ingressantes.

Atribuições dos Tutores:

o Participar de treinamento específico de 1 crédito para ser inserido no

programa.

o Coordenar um grupo de 5 alunos, preparados e responsáveis pelos encontros

grupais e ou individuais, se necessário.

o Ser reconhecido institucionalmente pelo empenho em acompanhar os

estudantes durante a graduação - pontuação na planilha. Ser docente do curso

ou profissional da área com vinculo empregatício junto à FMVZ.

o Disponibilizar 3 horas mensais para encontro com os tutorados.

Atribuições dos Tutorados:

o Os alunos dos primeiros anos dos Cursos deverão, obrigatoriamente, se

inscrever no programa Tutoria - FMVZ.

o A partir do 2º ano do Curso, será facultado ao aluno, continuar no programa

de tutoria ou declinar do mesmo.

o Ao permanecer no programa Tutoria - FMVZ poderá trocar de grupo,

lembrando que o novo grupo será escolhido por sorteio.

o Ter um tutor, participando da atividade de um grupo heterogêneo em relação

ao ano acadêmico.

o Frequentar os encontros com tutor, sendo permitidas duas ausências

consecutivas justificadas.

o A inscrição e permanência no programa Tutoria - FMVZ permitirá ao aluno

contabilizar créditos como atividade complementar no seu respectivo curso.

Cada ano de frequência computaria em dois créditos.

Atribuições da Equipe Técnica:

O Programa de Tutoria - FMVZ, a exemplo de outras unidades terá uma equipe

estruturada e vinculada ao Conselho de Curso. A equipe de Coordenação do

Programa de Tutoria – FMVZ terá a seguinte composição:

Coordenação técnica geral – responsável pelos

encontros e responsável pela comunicação entre

todos os envolvidos.

Vice Coordenador - responsável em encaminhar os

casos que necessitem respaldo aos tutores e

tutorados.

Um profissional responsável por um sistema de

comunicação e acompanhamento de todos os

envolvidos, indicado pela Diretoria da FMVZ.

Coordenadores dos Conselhos de Curso.

Dois representantes dos Tutores, sendo um de cada

curso de graduação, escolhidos por eleição.

Dois representantes dos Tutorados, sendo um cada

curso de graduação, escolhidos por eleição.

Planejamento

A proposta de tutoria deve ser um anseio de toda a comunidade acadêmica, sendo

fundamental para que se possam alcançar os seus objetivos. Salienta-se que é preciso que

todos os envolvidos neste processo devam ter tempo disponível para a atividade e para o

processo de reflexão, a fim de que se possa identificar as forças, fragilidades, oportunidades e

melhorias a cada curso.

Alguns programas de tutoria tiveram problemas decorrentes, principalmente de três

pontos em especial (Freeman, 1998; in Bellodi e Martins, 2006):

Considerar a atividade de mentoring como uma tarefa óbvia e sem necessidade de

reflexão e preparação.

Não contar com o número suficiente de tutores (mentores) interessados.

Não preparar adequadamente, nem dar suporte aos tutores (mentores) para a tarefa.

É bom lembrar que o Programa de Tutoria e os tutores não devem ser mais uma

atividade estressora para o estudante/tutorado, pois:

“Viver é muito perigoso. Querer o bem, com demais força, mas de incerto jeito, já é

querer o mal por principiar.”

Guimarães Rosa – Grande Sertão Veredas (in: Bellodi e Martins, 2006)

Divulgação

O Programa de Tutoria para o seu sucesso deverá criar uma marca, um símbolo que

represente seus objetivos de forma a ser um convite que envolva o desejo de participação dos

estudantes.

Implantação

Proposta inicial:

2014 Primeiro Semestre

Proposta de Tutoria para o Curso de Medicina Veterinária foi apresentada à Congregação, que aprovou quanto ao mérito, embora seja necessário fazer adequação e de inclusão do Curso de Zootecnia. A adequação poderá ser realizada durante o Fórum de Tutoria.

Segundo Semestre

Fórum – A Tutoria e os Estudantes, com a palestrante Patrícia Bellodi, responsável pelo programa de Tutoria da FMUSP.

Projeto de Programa de Tutoria a partir do evento supracitado.

Proposta apresentada aos Conselhos de Cursos, à Comissão de Permanente de Ensino e Departamentos de Ensino.

Encaminhamento à Congregação para aprovação.

Processo de divulgação do programa de Tutoria - FMVZ.

Recrutamento de tutores e consulta aos alunos (opinião e elaboração de material)

Elaboração de Manual para o Tutor e composição do grupo de supervisores.

Estrutura de calendário e formação dos tutores e grupos de tutorados para 2015.

Os Tutorados da FMVZ

Será importante a participação dos estudantes durante o processo de implantação do

programa de tutoria, uma vez que, sendo estes os principais beneficiados, devem ter opiniões

e ideias, além de temáticas, horários que serão importantes na abordagem e adesão futura ao

programa de tutoria.

A Tutoria será obrigatória no primeiro ano, caso os alunos queiram permanecer mais

anos eles se tornarão tutores júnior, participando dos encontros com assiduidade, e inscrição.

Haverá necessidade de se instituir um horário para que os tutores se encontrem com

os tutorados.

COTIDIANO

Encontros e Cuidados Éticos

Os encontros entre tutores e tutorados devem ser registrados num portfólio,

instrumento que combina o processo de ensino e aprendizagem dinâmico ao mesmo tempo

em que auxilia o processo de reflexão para o desenvolvimento da atividade, neste caso

específico a tutoria. Neste tipo de registro, assuntos pessoais e particulares dos tutorados

jamais são escritos, o mesmo tem validade para as impressões pessoais dos tutores em relação

ao tutorados; o portfólio é uma forma de registro que possibilita uma avaliação tanto objetiva

quanto subjetiva, uma vez que pode ser usada para melhorar o desenvolvimento da atividade

de tutoria e o aperfeiçoamento do programa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A TUTORIA– FMVZ tem como objetivo auxiliar a formação pessoal e profissional do

estudante visto os contextos sociais advindos da modernidade. Este programa pretende

estimular a aproximação dos estudantes aos cursos que estão inseridos bem como integrar os

mesmos à realidade profissional escolhida.

BIBLIOGRAFIA BAUMAN, Z; MAY T. Capitalismo Parasitário: e outros temas contemporâneos. Trad. Eliana

Aguiar. Rio de Janeiro, RJ: Editora Jorge Zahar, 2010.

BELLODI, P. L.; MARTINS, M. A. Tutoria: mentoring na formação médica. São Paulo: Casa do

Psicólogo®, 2005. Coleção temas em psicologia e educação médica.

BURBULES, N.; TORRES, C. A. et al. Globalização e Educação: Perspectivas críticas. Trad.

Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2004. Porto Alegre: Bookman, 2014.

DELORS, J. A educação para o século XXI: questões e perspectivas. Trad. Fátima Murad. Porto

Alegre: Artmed, 2005.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da

Silva. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000.

MOSÉ, V. A escola e os desafios contemporâneos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.

SNYDERS, G. Feliz na Universidade: estudo a partir de algumas biografias. Trad. Antonio de

Pádua Danesi. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.