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Instituto Politécnico de Castelo Branco Escola Superior de Gestão Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo António José da Costa Jóia Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico de Castelo Branco para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão de Empresas, realizada sob a orientação científica do Doutor Pedro Manuel Rodrigues de Carvalho, Professor Adjunto da Unidade Técnico-Científica de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Castelo Branco Novembro 2011

Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no ... · requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão de Empresas, ... Empresa Intermunicipal de Turismo

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Instituto Politécnico de Castelo Branco Escola Superior de Gestão

Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

António José da Costa Jóia Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico de Castelo Branco para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão de Empresas, realizada sob a orientação científica do Doutor Pedro Manuel Rodrigues de Carvalho, Professor Adjunto da Unidade Técnico-Científica de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Castelo Branco

Novembro 2011

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DECLARAÇÃO

Nome António José da Costa Jóia____________________ ____________

E-mail: [email protected] Telefone: +351 965 204 227_

Cartão do Cidadão: _10849085 8ZZ3_

Título do trabalho

Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark Naturtejo_

Orientador(es):

Professor Doutor Pedro Manuel Rodrigues de Carvalho _

Ano de conclusão: __2011__

Designação do Mestrado:

Mestrado em Gestão de Empresas

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTE TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Instituto Politécnico de Castelo Branco, ___/___/_ _____ Assinatura: _______________________________________ _________

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A esse Grande Homem, o meu Pai, que eternamente iluminará a estrada da minha vida.

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Agradecimentos

Um especial reconhecimento e agradecimento pessoal são merecidos aos inúmeros

intervenientes, quer em nome individual quer colectivo, que de formas diversas contribuíram e

cooperaram para a realização do presente Estudo.

Um agradecimento às autarquias que compõem o Geopark Naturtejo, que através da

participação de autarcas e técnicos, em distintas fases do Estudo contribuíram para os resultados

atingidos. Nesse âmbito não poderia descurar uma palavra de apreço e reconhecimento ao Sr.

Joaquim Morão, ao Sr. Eng.º Álvaro Rocha, à Eng. Maria Gabriela Tsukamoto, à Sr.ª Maria do

Carmo Sequeira, ao Sr. José Marques e ao Eng. João Paulo Catarino, assim como ao Dr. Francisco

Alveirinho, ao Sr. António Galante, à Dr.ª Inês Cardoso, à Dr.ª Inês Martins por toda a informação

e entusiasmo que me proporcionaram, e sem os quais não seria possível garantir uma informação

tão real e actual.

Aos dirigentes e técnicos das Associações de Desenvolvimento do Território, em

particular, à ADRACES, ao Geopark Naturtejo, nas pessoas do Prof. Doutor António Realinho e

Sr. Eng. Armindo Jacinto pelo acompanhamento e informação prestada.

A todos os produtores, trabalhadores agrícolas e suas famílias, que me receberam de

braços abertos nas suas propriedades, inclusive que me auxiliaram com a riqueza da informação

prestada nas inúmeras entrevistas que realizei, são caso disso, o Eng. Paulo Rato, o Eng. Pedro

Robalo, Eng. João Cabral, Sr. José Pereira, Eng. Miguel Valente, Sr. Miguel Valente (Mitó), Eng.

Luís Coutinho, Sr. Paulo Silva, Sr.ª Rita Santa Cruz, Sr.ª Ângela Beirão, entre outros.

Aos inúmeros artesãos que me abriram as portas de seus ateliês, para conhecer a magia

da criação de uma peça de artesanato, o meu enorme elogio à arte e ensinamentos que

proporcionam. Reconhecimento ao valor que brota das mãos do Sr. José Relvas (um dos únicos

artesãos do Adufe), ao Sr. Fernando Creado, pela sua paciência e dedicação ao ensinar-me como

se faz um tropeço.

Um obrigado a todos os professores envolvidos especialmente ao Prof. Doutor Pedro

Carvalho, pela persistência e orientação dada, em momentos tão difíceis e de agitação pessoal,

foi preciso ter “força nas rédeas”. Igualmente um sincero agradecimento à Prof.ª Ana Cruz e ao

Prof. António Franco, pelo tempo, apoio e dedicação prestados.

Mas não me esquecendo das palavras sábias e passagem de saberes ancestrais que me

foram cedidos pelo Prof. António Catana, o meu reconhecimento.

Uma palavra de apreço à Directora da ESGIN, Prof.ª Ana Rita Baptista Garcia e à Sub-

directora, Prof.ª Doutora Sara Isidoro Frade de Brito Filipe, pela compreensão e encorajamento

neste período em que não dediquei a normal atenção à nossa ESGIN.

Para finalizar a todos os amigos íntimos e pessoais que me ajudaram e acompanharam

“horas a fio” nesta fase da minha vida, horas de luta, trabalho duro e afinco, na pessoa de João

Filipe Cabral e Joana Rego, Eng.º Gonçalo Dias, Dr. Hélio Lameiras, Dr. Luís Farinha, Dr. André

Moura Belo, Dr. Tiago Silva, ao Prof. Miguel Ruivo, aos “Ricardos” da empresa Código 912, ao

Sérgio Justo, ao Dr. José Bernardino e finalmente ao Prof. Doutor João Ruivo.

Um especial agradecimento como prova de reconhecimento da sua paciência, amizade,

força de vontade e espírito de entreajuda, à minha namorada Dr.ª Edna Nabais.

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Palavras chave

Potencial Endógeno, Estratégias de Valorização de Produtos Regionais, Produtos Agro-

alimentares Tradicionais, Território Geopark Naturtejo.

Resumo

A elaboração de um estudo contemporâneo sobre a aplicação real de técnicas e acções

empreendedoras vocacionadas para a promoção e comercialização de Produtos Locais

Tradicionais de Qualidade e Tipicidade (PLTQT), desenvolvendo assim o potencial endógeno do

território do Geopark Naturtejo, é uma tarefa bastante difícil e abrangente, isto devido à

complexidade da actividade agrícola existente, à diversidade produtiva num território tão

pequeno e ainda a um conjunto de tradições e costumes, quer no lado da produção quer no

consumo, que representam uma herança importante e digna de se conservar.

Numa altura em que os PLTQT têm tendência a reforçar a sua posição no mercado e

conquistam cada vez mais o gosto dos consumidores, surgindo como alternativa a uma produção

em massa, intensiva, com base em processos tecnológicos muito desenvolvidos, que

representando aparentemente uma ameaça é neste estudo entendida e encarada como

oportunidade de negócio, com a criação do projecto “Amo - Produto Local”.

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Keywords

Development of endogenous potential, Promoting Strategies, Traditional Agro-food

Products, Geopark Naturtejo Territory.

Abstract

The development of a contemporary study on the actual application of techniques and

activities aimed at promoting entrepreneurial and marketing of traditional local products of

quality and typicality (PLTQT), thereby developing the indigenous potential of the territory of

the Geopark Naturtejo, is a very difficult and embracing task, due to the complexity of existing

agricultural activity, productive diversity in such a small area and also to a set of traditions and

customs, whether on the side of production or consumption, which represent an important and

worthy legacy to preserve.

At a time when the PLTQT tend to strengthen its market position and gain more consumer

tastes, emerging as an alternative to mass production, intensive, based on highly developed

technological processes, which apparently represents a threat is understood and seen in this

study as a business opportunity with the creation of the "Amo - Local Product".

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Lista de abreviaturas / siglas

� ACICB – Associação Comercial e Industrial de Castelo Branco

� ACIP – Associação de Comércio e Industria de Panificação, Pastelaria e

Similares

� ADL - Associação de Desenvolvimento Local

� ADPIS – Associação de Desenvolvimento do Pinhal Interior Sul

� ADRACES – Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro-Sul

� APABI – Associação dos Produtores de Azeite da Beira Interior

� APPACDM – Associação Portuguesa dos Pais e Amigos do Cidadão com

Deficiência Mental

� BIS – Beira Interior Sul

� CAE – Código de Actividade Económica

� CCE – Comissão das Comunidades Europeias

� CE – Comunidade Europeia

� CMIDN – Câmara Municipal de Idanha-a-Nova

� CRM – Costumer Relationship Management

� DGA – Direcção Geral do Ambiente

� DOP – Denominação de Origem Protegida

� EIM – Empresa Intermunicipal de Turismo

� EL – Entidades Locais

� ESA – Escola Superior Agrária

� ESG – Escola Superior de Gestão

� ETG – Especialidade Tradicional Garantida

� FMI – Fundo Monetário Internacional

� FMN – Fundo de Maneio Necessário

� FSE – Fornecimentos e Serviços Externos

� GAL – Grupo de Acção Local

� GNMM – Geopark Naturtejo Meseta Meridional

� ha -Hectares

� HACCP – Hazard Analysis and Critical Control Point

� I&D – Investigação e Desenvolvimento

� IBA – Important Bird Area

� IDE – Investimento Directo Estrangeiro

� IGP – Indicação Geográfica Protegida

� INE – Instituto Nacional de Estatística

� INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial

� IPCB – Instituto Politécnico de Castelo Branco

� MBA – Modo de Produção Artesanal

� MPB – Modo de Produção Biológico

� MPRODI – Modo de Produção Integrada

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� MVIP – Monumentos Vivos de Interesse Público

� NTI – Novas Tecnologias da Informação

� NERCAB - Associação Empresarial da Região de Castelo Branco

� NUT – Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas

� OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

� PAC – Política Agrícola Comum

� PAR – Produção Artesanal Reconhecida

� PI – Produção/Protecção Integrada

� PIB – Produto Interno Bruto

� PIS – Pinhal Interior Sul

� PLTQT – Produtos Locais/Tradicionais de Qualidade e Tipicidade

� PME – Pequena e Média Empresa

� PNTI – Parque Natural do Tejo Internacional

� PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural

� REG – Rede Europeia de Geoparques

� REG – Rede Europeia de Geoparques

� RGG – Rede Global de Geoparques

� SAU – Superfície Agrícola Utilizada

� SPV – Sociedade Ponto Verde

� TIR – Taxa Interna de Rentabilidade

� UE – União Europeia

� UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

� VAL – Valor Actual Líquido

� ZEC – Zonas Especiais de Conservação

� ZEE – Zona Económica Exclusiva

� ZEP – Zonas de Protecção Especial

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Índice geral Agradecimentos ................................................................................................... iii

Palavras chave...................................................................................................... v

Resumo .............................................................................................................. v

Keywords ........................................................................................................... vi

Abstract ............................................................................................................ vi

Lista de abreviaturas / siglas .................................................................................. vii

Capítulo 1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 11

1.1. Enquadramento do Problema ...................................................................... 11

1.2. Objectivos ............................................................................................. 13

1.2.1. Gerais ............................................................................................ 13

1.2.2. Pessoais ......................................................................................... 14

1.2.3. Específicos ...................................................................................... 14

1.3. Organização da dissertação ........................................................................ 16

1.4. Metodologia Utilizada ............................................................................... 16

1.5. ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS ..................................................................... 18

1.5.1. Identificação e selecção dos produtos do território .................................... 18

1.5.2. Realização das entrevistas individuais e reuniões de trabalho ........................ 18

1.5.3. Elaboração das fichas técnicas dos PLTQT ................................................ 19

1.5.4. Criação de projecto de empreendedorismo (negócio) .................................. 19

1.6. Definição dos termos utilizados ................................................................... 19

Capítulo 2. CONCEITOS, DEFINIÇÕES E SELECÇÃO DOS PRODUTOS LOCAIS/TRADICIONAIS DE

QUALIDADE E TIPICIDADE ....................................................................................... 24

2.1. Identificação dos Produtos e seus Produtores .................................................. 24

2.2. Definição e Caracterização de PLTQT ............................................................ 44

2.2.1. Afinal o que é um PLTQT? .................................................................... 44

2.2.2. Principais características dos PLTQT ....................................................... 46

2.3. Tipicidade, Tradição e Arte ........................................................................ 48

2.3.1. Produtos Típicos (Tipicidade) ............................................................... 48

2.3.2. Produtos Tradicionais ......................................................................... 50

2.3.3. Produtos Artesanais ........................................................................... 51

2.4. Produtos de Qualidade .............................................................................. 51

2.5. Produto Local ......................................................................................... 53

2.6. Diferenciação ......................................................................................... 53

2.7. Consumo e oferta de PLTQT ....................................................................... 54

2.8. Selecção de PLTQT .................................................................................. 55

2.9. Normas e Legislação ................................................................................. 55

2.10. Os PLTQT e o Território (locais de interesse) ................................................... 61

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2.10.1. Os PLTQT e os distritos industriais ......................................................... 62

2.10.2. Os PLTQT e as regiões desfavorecidas ..................................................... 63

2.10.3. Os PLTQT e os sectores específicos ........................................................ 63

2.10.4. Valorização autóctone de produtos genéricos ........................................... 64

Capítulo 3. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO DO GEOPARK NATURTEJO ......................... 65

3.1. Perfil do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional ............................................ 65

3.1.1. Âmbito Administrativo ........................................................................ 66

3.1.2. Vantagens e benefícios de integrar o Geopark Naturtejo .............................. 70

3.1.3. Âmbito Geográfico e Ambiental ............................................................ 71

3.2. Geopark Naturtejo em números ................................................................... 86

3.3. Actividades Económicas ............................................................................ 89

3.3.1. Agricultura/ Pecuária ......................................................................... 90

3.3.2. Actividade Agro-industrial ................................................................... 90

3.4. População e Território .............................................................................. 92

3.5. Acessibilidades ....................................................................................... 92

3.6. Análise SWOT ......................................................................................... 94

3.7. Rotas ................................................................................................... 98

3.7.1. Rota dos PLTQT ............................................................................... 100

3.8. Outros Locais de Interesse ........................................................................ 102

3.9. Geoquinta ............................................................................................ 103

Capítulo 4. PROMOÇÃO/VALORIZAÇÃO/COMÉRCIO DE PLTQT ...................................... 105

4.1. Apresentação de estratégias ...................................................................... 105

4.1.1. Estratégias para a promoção, divulgação e comércio de PLTQT ..................... 107

4.1.2. Estratégias articuladas com outras actividades ......................................... 112

4.2. Selecção de Canais de Distribuição .............................................................. 116

4.3. Interacção com novas tecnologias da informação ............................................ 117

4.4. Promoção: Marketing, Design e Packaging ..................................................... 121

4.5. Comércio ............................................................................................. 124

4.6. Projectos de empreendedorismo sucesso....................................................... 128

4.6.1. Internacional Exemplos ...................................................................... 128

4.6.2. Nacional Exemplos ........................................................................... 129

Capítulo 5. APRESENTAÇÃO DO PROJECTO: AMO -PRODUTO LOCAL ............................... 132

5.1. Criação da Empresa ................................................................................ 132

5.2. Caracterização da empresa ....................................................................... 133

5.3. Missão, Visão, Valores .............................................................................. 144

5.4. Lógica evolutiva da empresa ...................................................................... 145

5.5. Modelo de negócio .................................................................................. 147

5.6. Estudo do meio envolvente ....................................................................... 151

5.7. Marca .................................................................................................. 161

5.8. Os Produtos .......................................................................................... 162

5.9. Analise SWOT ........................................................................................ 163

5.10. Plano Financeiro .................................................................................... 164

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5.11. Balanço e Demonstração de Resultados Previsionais ......................................... 174

5.12. Análise de Indicadores ............................................................................. 176

5.13. Avaliação do projecto .............................................................................. 180

5.14. Plano Marketing ..................................................................................... 180

5.14.1. Marketing Mix ................................................................................. 181

5.15. Projecto Design Sustentável ...................................................................... 184

5.16. Plano Estratégico ................................................................................... 184

5.17. Website ............................................................................................... 187

5.18. Candidatura PRODER ............................................................................... 188

Capítulo 6. CONCLUSÕES E PROPOSTAS ................................................................. 190

6.1. Caracterização do Estudo ......................................................................... 190

6.2. Principais contribuições ........................................................................... 192

6.3. Propostas (trabalho futuro) ....................................................................... 194

REFERENCIAS ..................................................................................................... 195

ANEXOS ........................................................................................................... 201

Índice de figuras

Figura 1 – Mapa da Ruralidade ................................................................................. 12

Figura 2- Mapa das Zonas desfavorecidas ................................................................... 12

Figura 3 – Cronograma das actividades desenvolvidas .................................................... 18

Figura 4 – Imagens relacionadas com azeite ................................................................ 26

Figura 5- Imagens relacionadas com o mel .................................................................. 28

Figura 6 – Imagens relacionadas com mel ................................................................... 29

Figura 7 – Imagens relacionadas com doçaria regional .................................................... 30

Figura 8 – Imagens da Produção Vitivinícola “Alvelus” .................................................... 35

Figura 9 – Compotas “Doces Saberes” ........................................................................ 36

Figura 10 - Imagens relacionadas com a aguardente de medronho ..................................... 37

Figura 11 – Imagens da Destilaria – Silvapa .................................................................. 37

Figura 12 - Imagens relacionadas com licores .............................................................. 38

Figura 13 – Imagens relacionadas com queijo .............................................................. 41

Figura 14 – Imagens relacionadas com enchido ............................................................. 43

Figura 15 – Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares DOP ...................................... 56

Figura 16 - Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares IGP ....................................... 57

Figura 17 - Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares ETG....................................... 57

Figura 18 - Antiga Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares provenientes de Agricultura

Biológica (substituída) .......................................................................................... 58

Figura 19 – Nova Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares provenientes de Agricultura

Biológica ........................................................................................................... 58

Figura 20 - Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares Produção/Protecção Integrada ..... 59

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Figura 21 - Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares de produção artesanal ................ 60

Figura 22 – Logótipo do Geopark Naturtejo ................................................................. 65

Figura 23 – Logótipo da Rede Europeia de Geoparques ................................................... 66

Figura 24- Mapa com a localização da Rede Europeia de Geoparques ................................. 67

Figura 25 - Logótipo da Rede Global de Geoparques ...................................................... 67

Figura 26- Mapa com a localização da Rede Global de Geoparques .................................... 68

Figura 27 – Inserção do Geopark Naturtejo no contexto Nacional ...................................... 71

Figura 28 – Imagens relacionadas com Geomonumentos ................................................. 72

Figura 29 – Mapa da localização dos Geomonumentos .................................................... 73

Figura 30 – Mapa da área do Parque Nacional do Tejo Internacional................................... 74

Figura 31 – Mapa das Aldeias Históricas ...................................................................... 75

Figura 32 – Imagens relacionadas com Aldeias do Xisto ................................................... 76

Figura 33 – Mapa das Aldeias do Xisto ........................................................................ 76

Figura 34 – Mapa de localização das Árvores Monumentais .............................................. 78

Figura 35 – Imagens relacionadas com Religião ............................................................ 79

Figura 36 – Imagens relacionadas com Feiras Regionais .................................................. 81

Figura 37 – Imagens de Praias Fluviais do Geopark Naturtejo ........................................... 84

Figura 38 – Mapa das praias fluviais .......................................................................... 84

Figura 39 – Mapa das águas com interesse patrimonial ................................................... 85

Figura 40 – Gráfico das variáveis estudadas - PLTQT ..................................................... 87

Figura 41 – Gráfico das variáveis estudadas – Geopark Naturtejo ....................................... 89

Figura 42 - Rede Viária Geopark Naturtejo ................................................................. 93

Figura 43 – Como chegar ao Geopark Naturtejo ............................................................ 93

Figura 44 – Rota dos PLTQT ................................................................................... 100

Figura 45 – Ambiente Envolvente da Rota dos PLTQT .................................................... 100

Figura 46 – Outras actividades no “Monte do Amo” ...................................................... 104

Figura 47 – Conceito Geoquinta .............................................................................. 104

Figura 48 – Esquema de valorização da fileira dos PLTQT ............................................... 111

Figura 49 – Aspectos característicos do TER vs PLTQT – exemplo da “Casa da Avó” ............... 112

Figura 50 - Aspectos característicos do TER vs PLTQT – exemplo da “Casa do Forno” ............. 113

Figura 51 - Aspectos característicos do TER vs PLTQT – exemplo do “Vilar dos Condes” .......... 113

Figura 52 – Cabazes “Vivabox” ............................................................................... 128

Figura 53 – Produtos L’Artigiano della ’Nduja ............................................................. 129

Figura 54 – Cabazes “Boa-Boca” ............................................................................. 130

Figura 55 – PTGTL ............................................................................................... 130

Figura 56 – Fotos Herdade do Escrivão ...................................................................... 131

Figura 57 – Layout Amo – Produto Local .................................................................... 134

Figura 58 - Esquema de criação da empresa ............................................................... 136

Figura 59 - Gráfico da constituição legal da empresa .................................................... 137

Figura 60 – Organograma da Amo – Produto Local ........................................................ 143

Figura 61 – Missão, Visão e Valores da Amo – Produto Local ............................................ 144

Figura 62 – Valores Organizacionais da Amo - Produto Local ........................................... 145

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Figura 63 – Objectivos Estratégicos da Amo – Produto Local ............................................ 146

Figura 64 – Metas a atingir .................................................................................... 147

Figura 65 – Modelo de negócio ................................................................................ 147

Figura 66 – Matriz Produto/Mercado......................................................................... 148

Figura 67 – Matriz Produtos/Mercados ...................................................................... 149

Figura 68 – Actividades primárias e actividades de suporte ............................................. 150

Figura 69 – Aspecto gráfico da Cadeia de Valor ........................................................... 151

Figura 70 – Análise das 5 forças competitivas de Porter ................................................. 157

Figura 71 – Partes Interessadas no negócio - Stakeholders .............................................. 159

Figura 72 – Parcerias e soluções estratégicas .............................................................. 160

Figura 73 – Marca da Amo – produto Local ................................................................. 161

Figura 74 – Produtos Amo-Produto Local ................................................................... 162

Figura 75 – Selo de garantia- Geoproduto .................................................................. 163

Figura 76 – Analise SWOT ...................................................................................... 163

Figura 77 – Quadro resumo das Vendas ..................................................................... 166

Figura 78 – Compra de viatura através de Leasing ........................................................ 169

Figura 79 – Quadro explicativo do Investimento .......................................................... 170

Figura 80 – Gráfico da Liquidez Geral ....................................................................... 177

Figura 81 – Gráfico da Liquidez Reduzida .................................................................. 177

Figura 82 – Gráfico da Autonomia Financeira .............................................................. 178

Figura 83 – Gráfico da Solvabilidade ........................................................................ 179

Figura 84 – Gráfico da Rendibilidade ........................................................................ 179

Figura 85 – Flyer Amo – Produto Local ...................................................................... 182

Figura 86 – Imagem do veículo de distribuição própria .................................................. 184

Figura 87 – Plano Estratégico ................................................................................. 186

Figura 88 - Estratégia de penetração no mercado ........................................................ 186

Figura 89 – Esquema Gráfico do Website ................................................................... 188

Figura 90 – Quadro do nível de apoio........................................................................ 189

Índice de tabelas

Tabela 1 – Listagem dos produtores de azeite .............................................................. 25

Tabela 2 – Lista dos Produtores de Mel ...................................................................... 28

Tabela 3- Tabela dos Produtores de Doçaria Regional .................................................... 31

Tabela 4 – Lista dos Produtores de Pão (bica de azeite, pão caseiro, broa) .......................... 33

Tabela 5 - Lista dos Produtores de Compotas .............................................................. 35

Tabela 6 - Lista dos Produtores de Licores .................................................................. 39

Tabela 7 – Tabela dos Produtores de Queijo ................................................................ 40

Tabela 8- Tabela dos Produtores de Enchido ............................................................... 43

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Tabela 9 – Cronologia das fases da criação e integração do Geopark Naturtejo nas REG e RGG da

Unesco ............................................................................................................. 69

Tabela 10 – Quadro resumo do corpo executivo do Geopark Naturtejo ................................ 70

Tabela 11 – Denominação e Localização dos Geomonumentos no Geopark Naturtejo .............. 73

Tabela 12 – Calendário de Festas e Romarias no Geopark Naturtejo ................................... 80

Tabela 13 – Quadro das Feiras Regionais e Temáticas .................................................... 81

Tabela 14 – Tabela de tipo de artesanato e artesãos ..................................................... 82

Tabela 15 – Análise SWOT aos aspectos demográficos .................................................... 94

Tabela 16 - Análise SWOT aos aspectos do território e da área rural .................................. 95

Tabela 17 - Análise SWOT às Actividades Económicas e à Empregabilidade .......................... 95

Tabela 18 - Análise SWOT às Actividades Agrícolas ........................................................ 96

Tabela 19 - Análise SWOT aos Aspectos Sociais e Cidadania ............................................. 97

Tabela 20 - Análise SWOT às Actividades Turísticas ....................................................... 97

Tabela 21 – Produtos Agro-alimentares e pecuários qualificados no Geopark Naturtejo .......... 108

Tabela 22 – Estratégias apontadas para a valorização a nível da Fileira dos PLTQT ................ 109

Tabela 23 – Pontos importantes na construção de um website de PLTQT ............................ 120

Tabela 24 – Alguns serviços online e sua funcionalidade nos PLTQT .................................. 120

Tabela 25 – Factores que influenciam o desenvolvimento das embalagens .......................... 123

Tabela 26 – Os Locais de Venda dos PLTQT e aspectos característicos ............................... 127

Tabela 27 – Elementos identificativos da empresa ....................................................... 134

Tabela 28 – Custos de Legalização da Empresa ........................................................... 135

Tabela 29 – Análise PEST (factores externos) da Amo – Produto Local ................................ 156

Tabela 30- Factores Críticos de Sucesso (FCS) ............................................................ 158

Tabela 31 – Aspectos característicos da marca Amo – Produto Local ................................. 161

Tabela 32 – Quadro do CMVMC ............................................................................... 164

Tabela 33 – Volume de Negócios ............................................................................. 165

Tabela 34 – Resumo do quadro de pagamento a fornecedores ......................................... 167

Tabela 35 – Fornecimentos e Serviços Externos – FSE .................................................... 167

Tabela 36 – Plano Global do Investimento ................................................................. 168

Tabela 37 – Fundo de Maneio ................................................................................. 171

Tabela 38 – Mapa do Financiamento ........................................................................ 172

Tabela 39 – Mapa de Pessoal .................................................................................. 173

Tabela 40 – Dias de Trabalho ................................................................................. 173

Tabela 41 – Mapa de Cash Flows Operacionais ............................................................ 174

Tabela 42 – Balanço Previsional .............................................................................. 175

Tabela 43 – Demonstração de Resultados Previsional .................................................... 176

Tabela 44 - Quadro dos Principais Indicadores ............................................................ 176

Tabela 45 - Avaliação do Projecto/Empresa ............................................................... 180

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

11

Capítulo 1. INTRODUÇÃO No capítulo introdutório descreve-se o enquadramento do problema, identificando-se o

objectivo principal e os objectivos específicos, a metodologia que está na base deste estudo, bem

como a apresentação da estrutura do documento e identificação de alguns termos utilizados,

imprescindíveis para a compreensão do mesmo.

1.1. Enquadramento do Problema

Na base da problemática deste trabalho, que envolve o estudo do declínio dos espaços

rurais, estão várias causas, apontadas por diversos autores (Albert, P. et Muñoz, A., Bernat H.,

Tibério L., Cristóvão, A. et Abreu, S., Realinho, A., Amaro, R., Cavaco, C., Simões, A.) como

principais, e que contribuem exponencialmente para a acentuada assimetria e desequilíbrio entre

o espaço Rural (agricultura) e o Urbano (serviços/comércio):

• Por um lado a perda da capacidade competitiva das actividades tradicionais

(turismo, comércio, restauração, agricultura);

• Efeitos nefastos do modelo produtivista de desenvolvimento agrícola (PAC) e das

consecutivas reestruturações deste sector;

• Discrepâncias no sector agrícola entre as áreas rurais desfavorecidas e as

agriculturas praticadas em condições agro-ecológicas mais favoráveis;

• Por outro lado, o reduzido apelo e fraca familiaridade com novas técnicas de

informação e comunicação electrónicas (Internet);

• A inexistência de políticas de desenvolvimento regional eficazes e acessíveis à

maioria dos cidadãos, que por essa razão não incentivam o Empreendedorismo e

consequentemente a actividade económica e a fixação de população nestas zonas;

• A subida do preço dos alimentos, a poluição provocada pelo transporte de

alimentos, a elevada dependência nacional das importações;

• A dualização entre agricultura competitiva e agricultura não competitiva

(financiada), provocada em parte pela liberalização dos mercados.

Nesse contexto, torna-se importante aferir o peso do espaço rural no território Nacional,

portanto através do método da Organisation for Economic Co-operation and Development (OCDE),

que classifica as NUTS III em Predominantemente Urbanas (menos de 15% da pop. reside em

freguesias com densidade demográfica <150 hab/km2), em Significativamente Rurais

(=Intermédias) (entre 15 e 50% da população reside em freguesias com densidade demográfica

<150 hab/km2) e Predominantemente Rurais (mais de 50% da pop. reside em freguesias com

densidade demográfica <150 hab/km2). Será oportuno também evidenciar as zonas

desfavorecidas, que serão praticamente concomitantes com as áreas rurais.

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12

Figura 1 – Mapa da Ruralidade Figura 2- Mapa das Zonas desfavorecidas

Fonte: INE, O País em Números, 2008

Face ao exposto, as causas enumeradas colocaram na ordem do dia a necessidade de apoiar

a agricultura e os seus produtores, através do apoio directo aos produtos locais tradicionais de

qualidade e tipicidade (doravante designado por PLTQT).

Assim, e como referem Tibério, Cristóvão e Abreu, hoje em dia este género de produtos está

no centro das atenções, uma vez que segundo os autores, são instrumentos entendidos como

“potenciadores de desenvolvimento agrícola e rural”, considerados também como “elemento

fundamental no ordenamento do terreno”, na “preservação da paisagem”, na “conservação da

natureza” e “povoamento dos territórios rurais mais desfavorecidos”. (Tibério, L., Cristóvão, A.,

et Abreu, S., n.d., p.7)

São os mesmos autores, que apelidam este fenómeno como “redescoberta dos produtos

tradicionais” e que apontam como principais causas desse acontecimento, por um lado, o facto de

ter sido inserida esta temática na política europeia, mais precisamente nas áreas de

desenvolvimento rural e de qualidade alimentar, e por outro a crescente desconfiança dos

consumidores relativamente à sua segurança e qualidade alimentar. (Tibério, L., Cristóvão, A., et

Abreu, S., n.d., p.7)

Em Portugal, segundo Adriano Freire, uma das estratégias assumidas, para acompanhar

estas tendências, é a via institucional, onde se contempla a certificação dos produtos (DOP, IGP,

ETG; MPB; MPRODI; MPA), mas que por si só não é suficiente em muitos casos para acrescentar

mais-valia aos produtos em questão. (Freire, A., 2001, p.36)

Mas é de reconhecimento geral, e reafirmado por Brito Carvalho, que a certificação dos

produtos funciona como um instrumento importantíssimo, por um lado para criar economias de

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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escala, e por outro lado enriquecer e diversificar o cabaz de produtos de qualidade ainda não

certificados e não reconhecidos como tal. (Carvalho, B.,1995, p.13)

Assim o processo de certificação pode ser considerado, segundo Ribeiro, M. et Martins, C.,

numa perspectiva holística, como uma mais-valia para os produtos em si, para a segurança

alimentar dos seus consumidores e um estímulo aos produtores comercializarem produtos para um

público cada vez mais fidelizado e exigente. (Ribeiro, M., Martins, C., 1996, p. 315)

Neste Estudo é assumida uma certa relativização da importância dada à certificação dos

produtos (DOP, IGP, ETG) como excepcional instrumento de valorização, pois existem outras

formas para o efectuar, nomeadamente actuando ao nível da fileira do produto, refira-se como

exemplo a dinamização da produção e transformação de PLTQL, a organização da sua oferta, a

promoção da aproximação destes produtos e seus produtores ao mercado, melhorar a comunicação

e a promoção, apostar na imagem, no design e marketing, nas novas tecnologias e não menos

importante, estabelecer um compromisso organizativo.

Nesse sentido, tendo consciência das especificidades do território, ao elevado número de

produtos, à reduzida capacidade de produção e a sua dispersão geográfica, surge uma ideia de

negócio, apresentada neste estudo referente à promoção, valorização e comércio de produtos

locais tradicionais de qualidade e tipicidade (PLTQT), tendo por base as fragilidades

anteriormente apontadas, e numa tentativa de as colmatar e reduzir, acabam por ser

transformadas em oportunidades.

A promoção destes produtos é assumida neste Estudo, na vertente de negócio

empreendedor, como uma alternativa válida e lógica, visto apoiar-se sobre os escassos e únicos

elementos em que as zonas rurais poderão ser competitivas na actualidade: o território em si, a

qualidade e a diferenciação.

Assim, este Estudo, com o projecto de negócio que lhe está implícito, ambiciona contribuir

para o atenuar das fragilidades e ameaças apontadas e fomentar as potencialidades e

oportunidades que podem advir da valorização dos recursos naturais, estabelecendo-se como um

factor de desenvolvimento social e económico das populações, da melhoria da qualidade de vida,

da fixação de população e aumento do índice emprego.

1.2. Objectivos

1.2.1. Gerais

No âmbito dos objectivos gerais, encontra-se no cerne da questão deste estudo, um

conjunto de acções propostas para a valorização do meio rural, ou seja, através de uma aposta

estratégica, afirmar e solidificar o Território do Geopark Naturtejo como destino privilegiado de

lazer e cultura da população metropolitana de Castelo Branco, Covilhã, Guarda, Penamacor,

Lisboa, Évora, Beja, Portalegre, bem como de Espanha, Cáceres, Badajoz, Cória, Moraleja, entre

outras.

Nesse sentido existe a necessidade, segundo alguns autores (Cristóvão, A. e Tibério, L.,

Caldentey, P. e Gómez, C.) e alguns dos entrevistados, de afigurar e concretizar projectos de

investimento ligados à valorização dos produtos regionais e do seu potencial endógeno, tais como:

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14

• Casas de Produtos Regionais do Geopark Naturtejo;

• Produtos Tradicionais do Geopark Naturtejo – Entreposto comercial;

• Diversificação e Promoção do Cabaz Regional de Produtos Locais/Tradicionais de

Qualidade;

• Implantação das Rotas dos PLTQT;

• Melhoria e reforço da sinalética alusiva aos produtos e seus produtores;

• Continuação e incremento dos eventos temáticos dos PLTQT;

• Utilização de novas tecnologias (internet, blogues, redes sociais, etc.) para a

divulgação dos PLTQT;

• Promover e actuar na interligação dos PLTQT com o turismo, restauração e hotelaria,

património (arquitectónico e natural);

• Incentivar o associativismo entre produtores, distribuidores, comerciantes de PLTQT.

Estes projectos e outras acções estão implícitos e fazem parte dos objectivos em várias

estratégias de desenvolvimento rural para o território em causa, são exemplo prático dessa

vontade as linhas estratégicas orientadoras de Associações de Desenvolvimento Local (ADL) como

por exemplo a ADRACES (GAL do território estudado), do próprio Geopark Naturtejo, de vários

agrupamentos de produtores e outras Entidades Locais (EL).

Nessa perspectiva, o presente estudo é norteado pelas orientações referidas e pelo intuito

de contribuir para o desenvolvimento do meio rural e local, fundamentado no reconhecimento e

aproveitamento do potencial endógeno do território (Geopark Naturtejo), através da valorização,

promoção e comércio dos Produtos Locais/Tradicionais de Qualidade e Tipicidade (PLTQT) dos

vários concelhos.

1.2.2. Pessoais

Como resultados pessoais, pretende-se que o presente estudo permita, por um lado, a

mudança de atitude individual e a propensão em aceitar desafios, por outro contribuindo para a

formação contínua e desenvolvimento pessoal e intelectual (grau de mestre), bem como

desenvolver acções de cidadão interventivo (cidadania) e finalmente que se estimulem

capacidades e atitudes empreendedoras (projecto de negócio), capazes de modificar social e

economicamente um determinado local.

1.2.3. Específicos

Em termos de objectivos específicos, este Estudo teve como principal atenção:

• Levantamento dos produtos tradicionais;

• Selecção de um conjunto de produtos considerados Produtos Locais/Tradicionais

de Qualidade e Tipicidade (PLTQT), que naturalmente apresentam potencialidades

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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económicas e aos quais se possam aplicar processos de valorização, promoção e

comércio;

• Caracterização e estudo das fileiras das micro e pequenas produções de PLTQT;

• Esclarecimento das mais-valias que os PLTQT representam para os seus

consumidores, assim como os processos de certificação, garantia da qualidade,

licenciamento que lhes estão implícitos;

• Identificação de potencialidades e estrangulamentos ao processo de promoção e

valorização desses mesmos PLTQT;

• Discussão e definição de estratégias de promoção, valorização e comércio de

PLTQT;

• Evidenciação de opiniões, argumentos e conclusões oriundos de entrevistas e

contactos exploratórios no terreno, realizados a informantes-chave ligados às

actividades produção de PLTQT e ao desenvolvimento local.

• Discussão de possíveis canais de distribuição segundo as diferentes circunstâncias;

• Criação de um negócio pessoal de PLTQT;

• Elaboração da ficha técnica1 dos PLTQT com vista a num futuro próximo serem

constituídos os cadernos de especificações para um possível processo de

certificação.

Existe a preocupação óbvia, em clarificar o conceito de tipicidade, através da apresentação

dos vários elementos que o constituem ou se relacionam com ele, bem como identificar as forças e

fraquezas ao seu desenvolvimento.

Torna-se simultaneamente necessário efectuar um esclarecimento e uma compilação em

torno de um único termo, a respeito da pluralidade de designações para identificar e apelidar este

tipo de produtos, tal como a de “tradicionais”, “típicos”, “específicos”, “artesanais”, “caseiros”,

“de qualidade”, “de qualidade específica”, “de qualidade superior”, “de valor acrescentado”, “de

produtos da terra”, entre outras.

Evidencia-se assim uma dificuldade de caracterização e de avaliação dos produtos em

questão, que o presente estudo tentará colmatar, utilizando para esse efeito o conceito de PLTQT

quando assim for possível.

Permanecem igualmente algumas questões específicas e pertinentes, como o facto de

entender qual o nível de reconhecimento pretendido para este género de produtos, bem como

pode distribuir-se pela produção e pelo consumo, em que medida são necessários sinais externos

(símbolos, marcas, selos, design, etc.) e reconhecimento oficial (DOP,IGP, DOC, etc.), qual será o

grau de tecnologia dos processos que pode admitir-se, que aspectos da qualidade ou do território

podem ser considerados como entraves e inclusive tornarem-se obstáculos a este processo de

valorização dos PLTQT.

Por outro lado, pretende-se elaborar uma análise aos diferentes tipos de relação entre os

PLTQT e o seu território como forma de valorização e promoção mútua.

1 Texto informativo com as principais características dos produtos em questão.

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16

1.3. Organização da dissertação

A presente dissertação além da introdução está organizada em mais cinco capítulos:

Capítulo 2. Conceitos e Definições e Selecção dos PLTQT – Neste capítulo é realizado

primeiramente um levantamento exaustivo dos potenciais Produtos Locais/Tradicionais de

Qualidade e Tipicidade, para de seguida apresentar uma selecção com base nos conceitos que

serão explicados e contextualizados: típico, tradicional, diferenciado, artesanal, de valor

acrescentado e de extrema qualidade. Posteriormente será realizada uma compilação dos

inúmeros termos utilizados, em torno deste tipo de produtos (anteriormente referidos), num único

conceito, o de PLTQT.

Capítulo 3: Caracterização do Território – Neste capítulo é apresentado o território do

Geopark Naturtejo, tendo em especial interesse o geoturismo, as actividades, a população, a

geografia, acessibilidades, rotas, cultura, e identificar locais de extremo interesse na base desta

temática.

Capítulo 4: Promoção/Valorização e Comércio de PLTQT – Neste capítulo descreve-se as

inúmeras estratégias de valorização, apresentam-se possíveis canais de distribuição para auxiliar

os já existentes, observa-se o incremento resultante da utilização de novas tecnologias, avaliam-

se acções de promoção, marketing, design e packaging.

Capítulo 5: Apresentação do Projecto Amo - Produto Local – Neste capítulo é apresentado

nas suas várias vertentes (plano de negócios) o projecto de empreendedorismo nesta área, assim é

identificada a empresa bem como o seu processo de criação, a marca, expostos o plano financeiro,

o plano de marketing, o plano de design sustentável (packaging) e plano estratégico, para

finalmente apresentar uma possível candidatura a um fundo estruturante: candidatura a PRODER

(Programa de Desenvolvimento Regional) medida 3.1.2.

Capítulo 6. Conclusões e Propostas – Neste capítulo são apresentadas algumas reflexões

sobre o trabalho realizado, destacando as principais inovações e contribuições bem como algumas

propostas de trabalho futuro.

1.4. Metodologia Utilizada

Para cumprir os objectivos propostos a metodologia aplicada recorreu a várias técnicas e

instrumentos de recolha de informação: pesquisa bibliográfica e documental, reuniões de grupo,

entrevistas semi-estruturadas a vários informantes chave do território; observação de processos

produtivos (azeite, queijo, mel, bolos secos, pão, etc.).

Recorrendo-se principalmente a metodologia de natureza qualitativa, realizaram-se

entrevistas semi-estruturadas, com base num guião (Anexo I – Guião para entrevista aos

informantes-chave) a uma amostra de 140 informantes chave2, nomeadamente a autarcas,

técnicos de câmaras municipais, responsáveis de associações de desenvolvimento local (ADL),

técnicos de zonas agrárias e de cooperativas, técnicos de postos de turismo, pessoas de

2 Tendo sido obtida uma taxa de resposta e aceitação de 100%, que evidencia claramente a adequabilidade deste tipo de investigação neste estudo em concreto.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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reconhecido mérito nas áreas em análise, produtores (100 entrevistados) (Anexo II-A – Lista dos

produtores entrevistados), proprietários de lojas de PLTQT (lojas gourmet, da especialidade,

etc.), empresários, designers e gráficos, responsáveis de distribuição, entre outros (Anexo II-B –

Lista dos informante-chave entrevistados).

Este instrumento de recolha teve obrigatoriamente de ser dividido (“sub-guiões”) na

tentativa de adaptar o rol de questões a cada tipo de entrevistado, tendo então sido preparado o

guião da entrevista aos produtores, o dos autarcas e técnicos de câmara, o dos proprietários de

pontos de comércio (lojas gourmet) de PLTQT e empresários, o dos designers e gráficos.

A título de exemplo, no referido guião de entrevista aos autarcas e técnicos de Câmaras

Municipais, aborda-se o tema das potencialidades agro-pecuárias do território, bem como das

razões da evolução dessas mesmas actividades, das novas potencialidades associadas à procura

turística no campo agro-alimentar, das medidas a implementar para a valorização dos PLTQT,

entre outros.

O resultado imediato deste levantamento foi por um lado, uma lista ampla (lista comprida)

de produtos agrícolas/pecuários, agro-alimentares (Anexo III – Lista dos produtos identificados),

por outro lado um rol de propostas e possíveis estratégias de promoção, divulgação, acções

marketing, packaging, canais de distribuição e custos associados.

Efectuou-se simultaneamente uma pesquisa bibliográfica e documental (artigos,

documentos, estudos, regulamentos e normas) para a realização do enquadramento teórico e

normativo sobre qualificação e certificação dos produtos, e por fim a definição dos conceitos

principais do estudo: PLTQT, Local, Tradicional, Artesanal, Qualidade, Tipicidade, Diferenciação.

Terminada esta fase inicial da investigação, passou-se para uma segunda fase onde foi

realizada uma triagem (lista curta) aos produtos tradicionais inicialmente identificados, ou seja,

seleccionaram-se um conjunto mais reduzido (10 produtos) que apresentavam maior interesse

económico, maior capacidade de corresponder aos requisitos pretendidos (tipicidade, tradição,

qualidade, diferenciação) e que apresentavam óptimas potencialidades para a sua promoção,

valorização e comércio. Esta selecção foi suportada em parte, como já referido, pelas entrevistas

semi-estruturadas e realizadas especialmente a produtores e a técnicos de várias entidades, e por

outro lado, recorrendo a informações provenientes de uma ficha criada para cada produto (Anexo

IV – Ficha Técnica dos PLTQT).

Esta selecção final foi possível devido às várias reuniões de trabalho, às sugestões apontadas

e conclusões daí extraídas.

Por fim, e na derradeira fase desta investigação elaborou-se um desdobrável com

informações acerca dos produtos seleccionados, redigiu-se a presente dissertação para publicação

do Estudo e elaborou-se uma apresentação (Anexo V – Apresentação PowerPoint do Projecto Amo –

Produto Local) para divulgação e disseminação dos resultados em Sessão Pública.

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Figura 3 – Cronograma das actividades desenvolvidas

Fonte: elaboração própria

1.5. ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

Neste capítulo apresenta-se de forma sintetizada as várias acções, procedimentos e técnicas

de investigação e de trabalho utilizados ao longo do Estudo, e que foram marcados essencialmente

por 4 momentos.

1.5.1. Identificação e selecção dos produtos do território

Para que tenha sido possível efectuar o levantamento exaustivo de todos os produtos

regionais (catálogo extenso), nomeadamente das áreas seleccionadas (agricultura/pastorícia,

agro-transformados), houve o recurso a um trabalho de carácter exploratório no terreno, onde se

encaixa a necessária sistematização da informação proveniente das várias fontes documentais, e

que estão referidas na Bibliografia.

Este levantamento corresponde a um inventário vasto, que inclui produtos que são típicos,

tradicionais, locais, de qualidade extrema, certificados e muitos outros que não.

Deste levantamento, ainda que de forma muito rudimentar, resultou informação importante

e a ser utilizada em momento posterior, nomeadamente várias listas de produtores, para cada

actividade.

1.5.2. Realização das entrevistas individuais e reuniões de trabalho

Neste ponto convém referir que as entrevistas foram realizadas junto de vários

informadores-chave, destaca-se assim a participação de representantes institucionais, como por

exemplo autarcas, técnicos de Câmaras Municipais, responsáveis de Associações de

Desenvolvimento Rural, técnicos de postos de turismo, técnicos de Zonas Agrárias e pessoas de

reconhecido mérito nas áreas temáticas em análise.

Estas entrevistas foram efectuadas tendo por base um guião que foi adaptado a cada

situação e a cada grupo de entrevistados, e no final foi preparado um relatório escrito, que

apresenta a informação de cada entrevista realizada de forma organizada e sistematizada.

Anos 2012

Meses

Tarefas a Desenvolver

1-Pesquisa Bibliográfica sobre o Tema x x x

2-Concretizar a Investigação/Projecto Aplicado

/Plano de Estágio x x x x x x

3- Desenho da Metodologia de

Investigação/Trabalho x x x

4-Análise da Informação x x x x

5-Tratamento da Informação e Conclusões x x x

6- Redação da Dissertação/Trabalho de

Projecto/Relatório de Estágio x x

7- Entrega da Dissertação/Trabalho de

Projecto/Relatório de Estágio x

Dez JanJul

2011

Fev Mar Abr Mai Jun Ago Set Out Nov

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19

1.5.3. Elaboração das fichas técnicas dos PLTQT

Na base da elaboração da respectiva ficha de produto para cada PLTQT seleccionado, esteve

a preocupação em organizar e sintetizar a informação recolhida de cada um dos 10 produtos

identificados, com o principal objectivo de elucidar facilmente o consumidor, e num momento

posterior, com recurso a folhetos, desdobráveis, entre outros meios promover a sua apresentação

e divulgação (Anexo IV – Ficha Técnica dos PLTQT). De certa forma, reúne-se material para iniciar

uma possível proposta de caderno de especificações, documento que poderia num futuro próximo

levar ao arranque de algum dos necessários processos de certificação para muitos dos PLTQT

estudados.

1.5.4. Criação de projecto de empreendedorismo (negócio)

O “Amo – produto local” surgiu com o intuito de divulgar, promover e comercializar

Produtos Locais Tradicionais de Qualidade e Tipicidade (PLTQT), junto de um público mais

exigente, requintado e interessado na alimentação saudável, com especiais preocupações no que

se refere à sua origem, ao processo de fabrico e ao conhecimento directo do produtor.

Pretende-se explorar novos segmentos de mercado, como o Gourmet, o Biológico e o da

“Tradição&Saudade”, bem como abrir novos canais de distribuição para os produtos seleccionados,

como a gastronomia e restauração local, o turismo e hotelaria, em geral as várias entidades

associadas e parceiras desta, que se pretende que seja uma, rede de cooperação.

Aliando toda a experiência, a investigação e pesquisa, estratégia, imagem e dinamismo de

uma jovem empresa, a Amo - Produto Local, Lda., conseguiu reunir e embalar com charme e

diferenciação, um conjunto de PLTQT em torno de uma elegante “caixa presente” (cabaz), criada

com apelo ao eco-design e packaging inovador, representando exclusivamente uma determinada

região, que seja rica e apreciada, reconhecida pelos seus inúmeros atributos, tradições,

gastronomia, geologia, turismo, entre outros tantos factores.

Através da marca “Amo – produto local”, são comercializados e distribuídos para os nossos

clientes uma exclusiva e seleccionada gama de PLTQT, que lhe são comodamente entregues na sua

casa, escritório, reunião, festa de aniversário, coffee break, porto de honra, pic-nic, isto é, onde

ele pretender e na situação que entender.

Em torno e paralelamente ao projecto “Amo – Produto Local” desenvolveu-se um evento

pontual e sazonal, que se apelidou de “Rota dos PLTQT”, que pretende dar a conhecer aos seus

participantes, através de uma visita guiada e monitorizada, as várias quintas e herdades, unidades

de produção, locais de venda, explicando e visualizando em alguns casos os processos de fabrico,

permitindo conhecer e contactar os produtores em “carne e osso”, facilitando uma sessão de

provas e degustação no próprio local, e permitindo a aquisição dos respectivos PLTQT.

1.6. Definição dos termos utilizados

Neste subcapítulo identificam-se e definem-se alguns dos termos usados no decurso deste

Estudo e que se tornam imprescindíveis para uma melhor compreensão do mesmo. Assim inclui-se

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20

um pequeno glossário dos termos relativos aos PLTQT e aos conceitos comerciais, sociais e

culturais que lhes estão associados em cada canal de escoamento.

Convém alertar para o facto de o significado atribuído a estes termos estar reduzido e

relacionado unicamente com o objectivo específico deste estudo, podendo deste modo ser

atribuído outro significado a estes termos, quando aplicados em outras circunstâncias.

Geoparque - segundo a Rede Europeia de Geoparques (REG), é um território com limites

territoriais bem delimitados e definidos, abrangendo obrigatoriamente uma área suficientemente

alargada que permita o seu desenvolvimento sustentável. Sendo que nesta área terá de coexistir

uma considerável mostra de património geológico com particular importância, raridade ou

relevância cénica/estética. Estes sítios que reportam a memória da Terra fazem parte de um

conceito integrado de protecção de todo o património cultural, paisagístico e ambiental, sendo

várias actividades promovidas com esse objectivo, nomeadamente conservação do legado

geológico, educação ao público em geral, promover a investigação científica. A classificação de

um determinado território como Geoparque representa uma valorização do património geológico a

nível internacional.

Packaging – representa a ciência, arte ou tecnologia de embalar (acondicionar) e proteger

produtos que se destinam à distribuição, armazenamento, venda e consumo. Esta actividade está

directamente relacionada com design, avaliação e produção de embalagens, bem como de rótulos

e outras formas de incorporar informação nos produtos embalados.

Rotulagem – em termos empresariais, esta técnica consiste na inscrição de menções,

indicações, imagens e marcas de fabrico ou comerciais, sobre a embalagem, sobre o rótulo, ou

inclusive na etiqueta apensa à embalagem.

Permacultura – é a utilização de uma forma sistémica de pensar e conceber princípios

ecológicos que podem ser usados para projectar, criar, gerir e melhorar todos os esforços

realizados por indivíduos, famílias e comunidades no sentido de um futuro sustentável. A

Permacultura tem a sua génese numa cultura permanente do ambiente. Estabelecer em nossa

rotina diária, hábitos e costumes de vida simples e ecológicos - um estilo de cultura e de vida em

integração directa e equilibrada com o meio ambiente, envolvendo-se quotidianamente em

actividades de auto-produção dos aspectos básicos de nossas vidas referentes a abrigo, alimento,

transporte, saúde, bem-estar, educação e energias sustentáveis.

Pode se dizer que os três pilares da Permacultura são: Cuidado com a Terra, Cuidado com as

Pessoas e Repartir os excedentes

PLTQT- esta sigla, significa, como já foi anteriormente referido, Produto Local Tradicional

de Qualidade e Tipicidade, que engloba em si uma série de termos utilizados para designar o que

alguns intervenientes chamam de produtos regionais, outros de produtos tradicionais, outros de

produtos da terra, de valor acrescentado, artesanais, entre outros. Nasceu assim um termo (sigla)

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

21

que pretende através das suas particularidades específicas e conceitos intrínsecos, unificar e

agregar em torno de si a pluralidade de designações usadas.

Agricultura Biológica - Simplificando, a agricultura biológica é um sistema agrícola que

procura fornecer ao consumidor, alimentos frescos, saborosos, autênticos e ao mesmo tempo

respeitar os ciclos de vida naturais. Para alcançar este objectivo, a agricultura biológica baseia-se

numa série de objectivos e princípios, assim como em práticas comuns desenvolvidas para

minimizar o impacto humano sobre o ambiente e assegurar que o sistema agrícola funciona da

forma mais natural possível. As práticas tipicamente usadas em agricultura biológica incluem:

� Rotação de culturas, como um pré-requisito para o uso eficiente dos recursos locais;

� Limites muito restritos ao uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos, de

antibióticos, aditivos alimentares e auxiliares tecnológicos, e outro tipo de

produtos;

� Proibição absoluta do uso de organismos geneticamente modificados;

� Aproveitamento dos recursos naturais, tais como o uso do estrume animal como

fertilizante, ou alimentar os animais com produtos da própria exploração;

� Escolha de espécies vegetais e animais resistentes a doenças e adaptadas às

condições locais;

� Criação de animais em liberdade e ao ar livre, fornecendo-lhes alimentos produzidos

segundo o modo de produção biológico;

� Utilização de práticas de produção animal apropriadas a cada espécie;

Geoturismo – pode ser definido como um novo segmento de turismo em áreas naturais,

realizado por pessoas que têm o interesse em conhecer mais os aspectos geológicos e

geomorfológicos de um determinado local, sendo esta a principal motivação da viagem. No

entanto, a sua definição ainda é controversa e as suas principais características pouco conhecidas.

Assim, o conceito de geoturismo é delineado como sendo uma actividade que possibilita aos

turistas adquirir conhecimentos para compreender as singularidades de uma região, servindo como

plataforma de difusão dos conhecimentos geocentíficos e valorizando o ambiente como um todo.

Esta forma de turismo, procura também minorar o impacto ambiental e/ou social e

contribui para o desenvolvimento económico da comunidade local, implantando-se o conceito de

turismo sustentável e consequentemente, o conceito de desenvolvimento sustentável.

Novas Tecnologias da Informação (NTI’S) – compreendem o conjunto das tecnologias e

métodos para comunicar surgidas no contexto da “Revolução Informacional”, "Revolução

Telemática" ou “Terceira Revolução Industrial”, desenvolvidas gradativamente desde a segunda

metade da década de 1970 e, principalmente, nos anos 1990.

Na maioria dos casos caracterizam-se por facilitar, uniformizar e tornar menos palpável

(fisicamente manipulável) o conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da

comunicação em redes (mediada ou não por computadores) para a captação, transmissão e

distribuição das informações (texto, imagem estática, vídeo e som).

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António José da Costa Jóia

22

Considera-se que o advento destas novas tecnologias (e a forma como foram utilizadas por

governos, empresas, indivíduos e sectores sociais) possibilitou o surgimento da "sociedade da

informação". Alguns estudiosos já falam de sociedade do conhecimento para destacar o valor do

capital humano na sociedade estruturada em redes telemáticas.

São consideradas NTI’s, entre outras, os computadores pessoais, as câmaras de vídeo e de

fotografias para computador ou webcams, a gravação doméstica de CD’s e DVD’s, os diversos

suportes para guardar e transportar dados como os discos rígidos, cartões de memória, pendrives,

zipdrives, etc.

Também são consideradas NTI’S as comunicações móveis (telemóveis ou telefones

celulares), a TV por assinatura, TV cabo, TV por antena parabólica, o correio electrónico (e-mail),

as listas de discussão (mailing lists), a internet, entre muitos outros exemplos.

Micro, Pequenas e Médias empresas - As micro, pequenas e médias empresas são definidas

em função dos efectivos de que dispõem, do seu volume de negócios ou do seu balanço total

anual.

Uma média empresa é definida como uma empresa que emprega menos de 250 pessoas e

cujo volume de negócios não excede 50 milhões de euros ou cujo balanço total anual não excede

43 milhões de euros.

Uma pequena empresa é definida como uma empresa que emprega menos de 50 pessoas e

cujo volume de negócios ou balanço total anual não excede 10 milhões de euros.

Uma microempresa é definida como uma empresa que emprega menos de 10 pessoas e cujo

volume de negócios ou balanço total anual não excede 2 milhões de euros.

PRODER- O PRODER é um instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento

rural do continente, para o período de 2007-2013, aprovado pela Comissão Europeia através da

Decisão C (2007) 6159, em 4 de Dezembro. Co-financiado pelo FEADER – Fundo Europeu Agrícola de

Desenvolvimento Rural em cerca de 3,5 mil milhões de euros, envolve uma despesa pública de

mais de 4,4 mil milhões de euros. O Programa de Desenvolvimento Rural incide na área territorial

correspondente a Portugal Continental.

Contempla de forma extensiva a valorização da vertente do desenvolvimento rural e a

perspectiva da competitividade das produções do Complexo Agro-Florestal.

A estratégia nacional para o desenvolvimento rural escolhida em função das orientações

estratégicas comunitárias, visa a concretização dos seguintes objectivos:

� Aumentar a competitividade dos sectores agrícola e florestal;

� Promover a sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais;

� Revitalizar económica e socialmente as zonas rurais.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

23

A estes objectivos estratégicos acrescem ainda objectivos de carácter transversal, como

sejam, o reforço da coesão territorial e social e a promoção da eficácia da intervenção dos

agentes públicos, privados e associativos na gestão sectorial e territorial.

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António José da Costa Jóia

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Capítulo 2. CONCEITOS, DEFINIÇÕES E SELECÇÃO DOS

PRODUTOS LOCAIS/TRADICIONAIS DE QUALIDADE E

TIPICIDADE

Este capítulo apresenta, numa fase inicial, a identificação de uma lista alargada de

produtos agro-alimentares e respectivos produtores da região do Geopark Naturtejo, que foi

realizada tendo por base o simples facto de o produtor se dedicar a este tipo de produto e

pertencer à referida zona geográfica.

Segue-se a explicação dos conceitos e definições fundamentais para a compreensão da

temática explorada, destacando-se o conceito de PLTQT, que será suportado pelas noções de

“local”, “típico”, “tradicional”, “artesanal”, “diferenciado”, de “valor acrescentado” e também

de “qualidade”, consideradas como essenciais e imprescindíveis a uma selecção criteriosa e

precisa, dos produtos agro-alimentares classificados e identificados com os requisitos necessários

de PLTQT, permitindo assim organizar um cabaz, representativo de um determinado local, com

características especificas e próprias.

Apresentam-se os resultados de uma triagem realizada a um conjunto alargado de produtos

e produtores apresentados inicialmente e seleccionados neste momento com base no conceito, e

respectivos critérios de PLTQT.

Por fim, define-se DOP, IGP, ETG, MPB, MPRODI e MPA, descrevem-se os requisitos exigidos

e estabelecidos para os respectivos processos de certificação, bem como o suporte normativo e

legal para licenciamentos, rotulagem, embalagem entre outros associados a este processo. Este

ponto assume certa relevância visto a certificação institucional ser um dos pressupostos e uma das

estratégias apontadas para a possível valorização dos PLTQT.

2.1. Identificação dos Produtos e seus Produtores

Os produtos que se apelidam de tradicionais, regionais, entre outras denominações, estão e

sempre estiveram presentes no mercado e na vida (social, cultural, económica) das populações,

embora com uma menor expressividade em termos quantitativos, visto que desde tempos

longínquos os seus produtores se dedicaram à sua produção mas apenas para auto consumo e os

seus consumidores locais para os seus hábitos alimentares do dia-a-dia. (Tibério, L., Cristóvão, A.,

et Abreu, S., 1996, p.91)

Na actualidade, segundo os mesmos autores, os produtos referidos ganham importância ao

nível de mercado, e tanto produtores como distribuidores apresentam tendências idênticas,

nomeadamente de aumentar as suas produções, diversificar as suas ofertas e melhorar a sua forma

de apresentação. (Tibério, L., Cristóvão, A., et Abreu, S.,1996, p.92)

Nesta investigação, relativamente esta parte, pretendia-se um levantamento exaustivo dos

produtos agro-alimentares locais, seus produtores e intermediários, mas que devido a limitações

de tempo e do excessivo número de casos existentes não permitiu abranger a sua totalidade, mas

ainda assim possibilitou a elaboração de um extenso documento escrito (roteiro de PLTQT) que

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

25

contempla a entrevista a aproximadamente 100 produtores e alguns revendedores, fonte dos

exemplos seleccionados e apresentados na forma de listagem, meramente representativa desse

roteiro, e de certa forma elucidativa da realidade estudada.

Azeite/Azeitonas

Como produto de excelência deste território, devido à sua qualidade comprovada por uma

DOP - Azeites da Beira Baixa, existiu a preocupação de inquirir um número considerável de

produtores de azeite e azeitonas, na perspectiva de englobar nesta análise produtores que dessem

uma imagem da variedade de qualidades existentes, bem como as diversas formas de produção.

Tabela 1 – Listagem dos produtores de azeite

Fonte: elaboração própria

Em relação aos produtores de azeite inquiridos a sua média de idades é de 55 anos,

existindo no conjunto contemplado, um intervalo de idades que varia dos 27 até aos 78 anos.

Neste grupo estão representados, a nível de produtores de azeite, os concelhos de Castelo Branco

(Malpica, Sarzedas e Sobral do Campo), Idanha-a-Nova (Proença-a-Velha, Ladoeiro), Vila Velha de

Ródão e Proença-a-Nova (Catraia Cimeira).

Nenhum dos produtores de azeite inquiridos possui ou utiliza a internet para promover e

divulgar os seus produtos, através de um website, mas em alguns casos, nomeadamente da

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de ProduçãoCADOMATE - Cooperativa de

Olivicultores de Malpica do

Tejo

Azeite de

Malpica Malpica do Tejo

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra Grande Produtor Não foi referido

Produção e Comércio de

Azeite - Sr.ª Madalena Cabaço

Azeite de

Malpica Malpica do Tejo

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra

Micro-Produtor

(particular)

Aproximadamente 300 litros

(70% autoconsumo)

MONTICOP - Cooperativa de

Olivicultores (Sr. João Galvão) MONTICOP Monforte da Beira

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra Médio Produtor 100 mil litros por ano

Lagar Particular - Sr. António

Abílio

Azeite de

Monforte da

Beira Monforte da Beira

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra Médio Produtor 70 mil litros por ano

Lagar Veríssimo Irmão, Lda.

(Sr. João Veríssimo)

Azeite

Veríssimo Sobral do Campo

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal

Azeite Virgem Extra - 80%

Azeitona galega Grande Produtor

Possui uma quota de 25% de

volume de produção em todo o

Distrito de Castelo Branco e

recebe em média 4 milhoes de

kg de azeitona durante um ano

Azeite - Herdade d' Estacal (Sr.

Pinto Azevedo)

Herdade

d'Estacal

Casal de Água de

Verão (Castelo

Branco)

O processo obedece a todas as exigências

do processo de Produção em Modo

Integrado (PMI), desde o momento da

apnaha da azeitona até à produção e

embalamento do próprio azeite

Azeite de Produção Integrada, de

azeitonas galegas Médio Produtor

Produz num ano normal, 20 mil

litros de azeite

Azeite - RODOLIVE (Sr. João

Domingues) RODOLIVE Vila Velha de Ródão

O processo actual de produção é em sistema

contínuo, mas será tranformado brevemente

para um sistema de duas fases Azeite Virgem Extra Grande Produtor

Processa 1000 toneladas de

azeitona, e produz cerca de 130

mil litros de azeite, quantidades

anuais

Azeite - Tapada da Tojeira (Sr.

Luís Coutinho) Tojeira Vila Velha de Ródão

Sistema de produção totalmente em

processo de Produçao Biológica

Produz azeite biológico, azeitonas

de conserva e pasta de azeitona

biológica (desde 2000, sendo a 1ª

em Portugal) Pequeno Produtor

Produz entre 5 a 10 mil litros de

azeite por ano

Cooperativa Agricola de Montes

da Senhora, CRL.

Azeite Montes

da Senhora

Montes da Senhora

(Proença-a-Nova)

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra Médio Produtor

Produz em situações

consideradas normais, 35 mil

litros anuais

Azeite - Catraia Cimeira (Sr.

José Rodrigues) Sem marca

Catraia Cimeira

(Proença-a-Nova)

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra Médio Produtor

Produz entre 40 e 60 mil litros

num ano

Azeite de Proença-a-Velha (Sr.

João Cabral)

Azeite Monte

do Amo

Proença-a-Velha

(Idanha-a-Nova)

Sistema de produção totalmente em

processo de Produçao Biológica

Produz azeite biológico virgem

extra (galega, cordovil e bical), é

simultaneamente produtor de

carne em processo biológico

(ovino e bovino) Pequeno Produtor 400 litros anuais

Lagar da Zebreira (Sr. João

Galante) Sem marca

Zebreira (Idanha-a-

Nova)

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra Grande Produtor

Não foi referido, mas chega a

trabalhar ao ritmo de G28

toneladas de azeitona por hora

Cooperativa Agricola dos

Olivicultores do Ladoeiro (Sr.ª

Joana Rossa)

Várias Marcas

("Azeites das

Freguesias",

"Origens")

Ladoeiro (Idanha-a-

Nova)

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra Grande Produtor

740 toneladas de azeitona num

ano

Azeite de São Miguel d'Acha-SF

Azeite (Sr. Sé SF Azeite S. Miguel d'Acha

Recurso a maquinaria, sendo por isso

considerado pouco artesanal Azeite Virgem Extra Pequeno Produtor 600 litros anuais

Lagar de Proença-a-Velha

Azeite Proença-

a-Velha

Proença-a-Velha

(Idanha-a-Nova)

Sistema de produção totalmente em

processo de Produçao Biológica

Produz azeite biológico virgem

extra Pequeno Produtor 1000 litros anuais

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Herdade da Tojeira, do Azeite do Monte d’Estacal e do Azeite de Ródão, que aparecem os seus

produtos em muitos outros websites, através dos seus revendedores.

De forma idêntica, a maioria dos inquiridos não realiza qualquer tipo de acção publicitária,

ficando muitas vezes esse tipo de iniciativa a cargo dos revendedores e embaladores, que inclusive

se preocupam com questões de marketing, de packaging, de posicionamento de mercado e de

preços.

Neste leque de produtores, apenas dois, nomeadamente o Azeite Monte do Amo (Sr. João

Filipe Cabral) e o Azeite Herdade da Tojeira (Sr. Luís Coutinho), são provenientes de produção

biológica, encontrando-se ambos devidamente certificados para esse efeito, possuindo igualmente

rótulos, marca e outro tipo de material publicitário, como lonas e desdobráveis informativos. De

referir, nesta perspectiva, o Azeite Monte d’ Estacal (Sr. Pinto Azevedo) que é proveniente de

Modo de Produção Integrada (MPRODI), olival onde são efectuados periodicamente estudos e

análises (azeite/azeitonas, solos), por entidades certificadoras e por instituições de ensino

superior (ESA-IPCB). Neste caso, o processo de produção obedece a todas as exigências do

processo de produção em modo integrado, desde a apanha da azeitona até à produção e

embalamento do azeite.

Figura 4 – Imagens relacionadas com azeite

Fonte: elaboração própria

A maior parte dos produtores dedica-se à produção de Azeite Virgem Extra, em alguns casos

DOP- Beira Baixa, predominantemente da variedade galega, mas existe casos em que se mistura

com a variedade bical e cordovil.

Na sua generalidade todos os produtores entrevistados, responderam já existir no seio da

família uma ligação a esta actividade, uns por seus bisavôs, outros pelos avós, e outros por seus

pais, sendo por transmissão de conhecimentos intergeracional que hoje têm a sua experiência e

conhecimento na área. Sendo em alguns casos, como por exemplo no caso do Azeite da Tojeira

que já se produz desde o ano de 1900.

Na totalidade dos casos, o modo de produção já assenta nos moldes modernos dos lagares

industriais, com instalações certificadas (HACCP), com processos modernos de extracção, em

alguns casos de produção continua como acontece na cooperativa de Produtores de Azeite de Vila

Velha de Ródão - RODOLIV, que sendo um médio/grande produtor tem uma produção anual de 130

mil litros deste precioso produto. De salientar igualmente a quota de mercado apresentada pelo

Lagar Veríssimo (Sobral do Campo), em desdobrável informativo e publicitário, sendo este

responsável por 27% da produção da região da Beira Baixa, mas que não tem o seu produto DOP,

pois recebe matéria-prima (azeitonas) de várias zonas geográficas do pais.

É a nível de mercado, canais de distribuição e locais de venda que a amostra de produtores

de azeite estudada, se mostra menos homogénea, assim:

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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� Em dois casos (RODOLIV e Lagar Veríssimo), o maior interesse é a venda a granel,

para revendedores, embaladores, sendo este azeite vendido sem marca, a um baixo

preço, e sem qualquer valor acrescentado, representando em ambos os casos, uma

média de 70% da sua produção. Tem por isso canais de distribuição organizados,

bem como meios de transporte próprios assegurando em muitas encomendas a sua

distribuição, vendem em ambos os casos para todo o mercado nacional e os seus

mercados já se encontram alargados a países como a França e Espanha;

� Existem casos (Azeite Monte do Amo) que mesmo não existindo qualquer canal de

distribuição e local de venda, o azeite é vendido através de um círculo restrito de

amigos, algumas vezes juntando produtor e cliente pessoalmente. Neste caso, já

existe um cliente pontual no Canadá;

� Existe uma quantidade considerável de azeite que é enviado para o estrangeiro,

quer de forma organizada (exportação) como acontece em casos já referidos e no

caso do Azeite da Herdade da Tojeira que tem conseguido vender para a França e

para a Alemanha, e por outro lado de forma espontânea e pela mão de turistas e

emigrantes, que alcança mercados como o Luxemburgo, Angola, Itália, Suíça,

Bélgica, entre outros;

� No que se refere ao poder associativo, foi frequentemente citado neste grupo de

produtores estarem associados na Associação de Produtores de Azeite da Beira

Baixa- APABI, que conta na sua globalidade com cerca de centena e meia de

associados, tendo como objectivo principal a protecção e orientação destes

produtores.

� Na esmagadora maioria dos produtores de azeite inquiridos, apreciam o projecto

“Amo - Produto Local”, afirmando pretender integrar os seus produtos neste novo

canal de promoção, divulgação e comércio. Permitindo inclusive a visita de turistas

e visitantes aos seus locais de produção, facilitando a realização de sessões de prova

e explicação de todo o processo produtivo.

Mel

Sendo este um produto de características únicas desta região, devido em parte às condições

edafoclimáticas próprias deste território, com uma variedade considerável de flora, como arbustos

e flores, que em alguns casos são classificadas de raras e de espécies protegidas.

O mel, tem imensas propriedades, proteínas e vitaminas únicas e exclusivas, sendo

recomendado para fins medicinais, de beleza, e de uma alimentação equilibrada.

Existe uma quantidade substancial de produtores de mel no território do Geopark Naturtejo,

alguns inscritos como tal e por isso certificados, licenciados e com uma vertente profissional do

negócio, e muitos outros que não primam por tal organização, fazendo ainda uma produção um

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tanto desorganizada e definida como “paralela”, a toda economia, aos requisitos obrigatórios e

normas exigidas.

Nesse sentido foi inquirido, através de entrevista pessoal, um grupo de produtores de mel,

que englobou produtores dos Concelhos de Castelo Branco, Oleiros, Idanha-a-Nova e Proença-a-

Nova, que se inserem nos moldes anteriormente descritos, e que constam da seguinte tabela.

Tabela 2 – Lista dos Produtores de Mel

Fonte: elaboração própria

Na sua generalidade, temos a predominância de pequenos e médios produtores, não

existindo um único produtor com capacidade acima das 4 toneladas, sendo de referir essa mesma

quota de produção para o Mel João Vitório (Sobral do Campo) e quantia aproximada para o Mel do

Quim (Ladoeiro).

Figura 5- Imagens relacionadas com o mel

Fonte: elaboração própria

Também não existe um único produtor que exerça a actividade no sentido profissional,

sendo em muitos dos casos encarada como hobbie, como é no caso do produtor “Mel Rosmaninho”

(Sr. Ricardo Alexandre – Apicultor nº 4914- RA) que realiza esta tarefa para ocupação dos seus

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de Produção

Actividade Apícola

(Sr. Francisco

Constâncio) Mel de Malpica Malpica do Tejo

Centrifugação mecânica, facas e garfos

desoperculadores electricos, pouco artesanal Mel de multiflores com Rosmaninho Pequeno Produtor 1 tonelada por ano

Vil Vaz Apicultura

(Sr. Miguel Vaz) Mel Gil Vaz Louriçal do Campo

Todo o proceso é artesanal, com exclusão da

centrifugadora para extrair o mel, tem um

local próprio para esse efeito, a "Casa do Mel" Mel de multiflores com Rosmaninho Pequeno Produtor 1 tonelada por ano

Sociedade Apícola

(Sr. Tiago Antunes) Naturmel Sarzedas

Todo o proceso é artesanal, com exclusão da

centrifugadora para extrair o mel, tem a

unidade de produção em Lisboa e as colmeias

moveis em Sarzedas

Produz e comercializa uma enorme gama de

produtos, tais como, mel, mel com favos,

favos de mel com canela, mel com nozes, mel

com amêndoas, com avelãs, broas de mel

caseiras, filhoses com mel, aguardente de mel,

sabonetes, cremes de beleza, hidratantes de

pele, produtos para a tosse e Propolis Grande Produtor 5 toneladas anualmente

Mel das Sarzedas

(Sr. Ricardo Alexandre)

Mel de

Rosmaninho

Sarzedas - Vilares de

Cima

Todo o processo é artesanal, mas utiliza uma

centrifugadora mecânica para a sua extracção

e desoperculador eléctrico, sendo também

usadas as colmeias móveis, sendo de resto

tudo elaborado manualmente, inclusive o

próprio embalamento Produz unicamente mel de Rosmaninho

Pequeno /Médio

Produtor

Produz num ano

considerado normal, 2

toneladas

Mel da Malhada do Cervo

(Sr. Amável Martins) Mel do Produtor Malhada do Servo

Ainda hoje utiliza cortiços e simultaneamente

colmeias, sendo o processo de extracção

conseguido por centrifugação Mel de multiflores com Rosmaninho

Pequeno /Médio

Produtor 2 toneladas anuais

Mel de S. Pedro do

Esteval

(Sr. Luís Carlos Marques) Sem Marca S. Pedro do Esteval

Todo o processo é artesanal, mas utiliza uma

centrifugadora mecânica para a sua extracção

e desoperculador eléctrico, sendo também

usadas as colmeias móveis Mel de multiflores com Rosmaninho Pequeno 800 kg ao ano

Mel da Maljoga

(Sr. António Mata) Mel Beirão Maljoga

Todo o processo é artesanal, mas utiliza uma

centrifugadora mecânica para a sua extracção

e desoperculador eléctrico, sendo também

usadas as colmeias móveis Mel de multiflores com Rosmaninho Pequeno 500 kg ao ano

Mel do Ladoeiro

(Sr. Joaquim Dias) Mel do Quim Ladoeiro

Tem um proecesso de fabrico pouco artesanal,

tem colmeias moveis, realiza extracçãopor

centrifugação, sendo o enchimento,

embalamento e rotulagem realizado

manualmente Produz unicamente mel de Rosmaninho Médio Produtor 3 toneladas anualmente

Mel de Cortiço

(Sr. João Vitório) Mel João Vitório Sobral do Campo

Ao nível do processo de fabrico é totalmente

realizado sem qualquer recurso a maquinaria,

ou motor , ou electricidade, mesmo que em

alguns produtos seja utilizada centrifugadora

manual

Possui uma gama de produtos que vai do mel,

aos rebuçados de mel, sabonetes e cremes de

beleza, utensílios (colheres de mel), possui

igualmente um tipo de mel mais artesanal, que

resulta da produção de mel dos cortiços

Médio/Grande

Produtor 4 toneladas anualmente

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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tempos livres da sua reforma, ou encarada como actividade secundária como no caso do Mel do

Quim, em que o seu produtor (Sr. Joaquim Dias) tem como actividade principal a serralharia.

No grupo de produtores de mel a idade média aumenta em relação aos seus congéneres do

azeite, pois esta situa-se nos 60 anos, e o intervalo de idade vai desde os 80 aos 37 anos de idade

do produtor mais jovem.

E um facto curioso é que só este produtor começou recentemente, tendo os restantes na sua

maioria actividades que tem mais de uma década de existência, sendo o Sr. Ricardo Alexandre do

“Mel de Rosmaninho” o que produz há mais tempo, “já lá vão mais de 45 anos”, afirma.

Praticamente a generalidade dos produtores inquiridos aprendeu ou herdou este “bichinho”

da apicultura pela mão de seus antepassados, como no caso do Mel Gil Vaz, que ainda hoje

conserva os ensinamentos e as mesmas técnicas utilizadas pelo seu pai, conferindo no seu produto

saberes de uma geração.

No leque de entrevistados não existe um único produtor de mel biológico, mas existe o caso

do Mel João Vitório, que possui um mel, que ainda é produzido de forma totalmente tradicional e

artesanal, com cortiços e processo de extracção completamente manual, produto que conserva

certas partículas de pólen e cera dos favos, que são de produção natural, das próprias abelhas.

Figura 6 – Imagens relacionadas com mel

Fonte: elaboração própria

Também no que se refere ao processo de extracção, a maioria utiliza colmeias amovíveis

em substituição dos antigos cortiços, e recorre à centrifugação (manual e mecânica) para a

extracção deste néctar, sendo na opinião do produtor Sr. Joaquim Dias “um processo muito mais

higiénico do que o anteriormente utilizado, sem qualquer desperdício e muito mais rápido”.

Existe um factor comum a todos, que se refere ao facto de todas as produções terem

baixado significativamente nos últimos anos, facto mais visível no presente ano (2011) sendo de

apontar para o sucedido a recente vaga de Espanhóis que colocam colmeias no nosso pais, e

também algumas doenças associadas, como a “varrose” e “despovoamento”.

Existem produtores neste grupo de inquiridos que apenas produzem mel e de uma única

variedade, como é o caso dos produtores Sr. Miguel Vaz (“Mitó”) e do Sr. Joaquim Dias (“Quim”),

que produzem unicamente na variedade multiflora com rosmaninho, havendo por outro lado

produtores com uma gama alargada de produtos, tais como, cremes de beleza, velas de mel,

aguardente de mel, água de mel, e produtos medicinais, como xarope para a tosse, rebuçados,

“própolis” (cicatrizante de feridas à base de mel).

Na generalidade dos casos o mercado destes conjunto de produtores de mel limita-se ao

nível regional, em pequenas e médias superfícies, como supermercados, mercearias, padarias e

lojas de PLTQT, mas através de alguma persistência de um ou outro produtor lá vão abraçando o

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António José da Costa Jóia

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mercado nacional, como no caso do Mel Gil Vaz que chega até Lisboa e Mafra com o apoio de

familiares e amigos, sendo que apenas pela mão de turistas e emigrantes o grupo de produtores

consegue que algum do mel chegue a países como a França, Suíça, Alemanha, onde é deveras

apreciado.

Foi na Associação de Apicultores do Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI) –

“Meltagus”, que a maior parte dos produtores inquiridos diz estar associada, sendo que esta possui

no momento actual 130 associados, dos quais se consegue uma produção anual da ordem das

centenas de toneladas, e que tem como objectivos promover e apoiar todos os apicultores

inscritos, informações cedidas gentilmente pelo presidente da mesma, Sr. Nelson Antunes.

Doçaria Regional (Bolos Secos)

A doçaria regional é bastante rica e variada, sendo identificados como mais tradicionais no

território do Geopark Naturtejo, um conjunto variado de bolos secos, de bolos à fatia, de bolos

fritos, de doces de colher e ainda de doces conventuais, perfeitamente identificados em

subcapítulo posterior.

São inúmeras as receitas ancestrais que foram passando de avós para mães que as

entregaram e continuam a entregar às suas filhas, transmitindo assim o genuíno e original processo

de fabrico, com os ingredientes certos e nas quantidades perfeitas.

Figura 7 – Imagens relacionadas com doçaria regional

Fonte: elaboração própria

Existe um elevado número de doceiras regionais, com características únicas e mãos de

verdadeiras artesãs, mas que não tendo qualquer processo de certificação e licenciamento

preferem permanecer no anonimato, mas que representam uma boa parte deste levantamento de

produtores de PLTQT. Dos produtores certificados que se localizam neste território foi elaborada a

seguinte tabela.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Tabela 3- Tabela dos Produtores de Doçaria Regional

Fonte: elaboração própria

No que respeita ao início de actividade e as suas fontes de impulso, alguns dos inquiridos diz

tratar-se de uma herança de seus familiares, sendo que noutros casos começou com os próprios

por várias razões, ora por terapia ocupacional como no caso do Bolos Recanto Raio de Sol, ou por

curiosidade e já existir experiência e conhecimentos na área, é o caso da Sr. Ângela Pires da

Padaria Ângela, que outrora foi gerente de padaria.

Na generalidade o grupo mostra-se homogéneo em relação a nunca ter frequentado

qualquer formação nesta área, excluindo-se o caso da doceira Sr. Amélia Lopes que antes de

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de Produção

Padaria da Ângela Padaria da Ângela

Monforte da Beira

- Quinta da Horta

Grande

Tudo feito à mão, o simples

utilizar da batedeira

eléctrica, transforma a

massa mole

Pão, bicas de azeite, bolos

tradicionais (biscoitos,

borrachões, esquecidos, bolos

dos santos)

Pequeno

Produtor e de

cariz familiar Não respondeu

Panificação de José

Francisco Matias e Filho,

Lda.

Pastelaria de S.

Vicente da Beira

S. Vicente da

Beira

Recurso a alguma

maquinaria, pouco artesanal

Produz pão, bolos secos (bolos

de leite, biscoitos, esquecidos,

borrachão) e pão de azeite (pão

da Páscoa) Grande Produtor Não respondeu

Doçaria Regional

Padeirinha do

Pinhal Oleiros

Tudo feito à mão, o simples

utilizar de meios mecânicos,

altera consistência da massa

Bolos secos, bolos de fatia, bolos

miniatura

Pequeno

Produtor e de

cariz familiar

Não tem uma ideia certa das

quantidades produzidas

Bolos Tradicionais - Catraia

Cimeira

NR Catraia

Cimeira Catraia Cimeira

O processo de fabrico é

bastante artesanal

Produz bolos tradicionais

(rochas, broas de mel, argolas,

esquecidos, biscoitos, beijinhos,

gemas, bolo fito, bolos de leite)

Pequeno/Médio

Produtor

Tem uma produção na ordem

dos 300 Kg diários

Padaria - Sobreira Formosa Padaria Vitória Sobreira Formosa

O processo de fabrico já se

apresenta algo

industrializado, utiliza

amassadeira, maquina de

corte, entre outras

Produz pão (mistura, saloio,

broa), bolo fito, biscoitos, broas

de mel, broas da casa, pão-de-ló,

tortas

Pequeno

Produtor

Produz cerca de 50 kg

diários de bolos e 100 kg de

pão

Bolos Tradicionais - Idanha-

a-Nova Bolos da Lisete Idanha-a-Nova

O processo é totalmente

artesanal, é tudo amassado à

mão com técnicas e saberes

antigos, e produzidos em

forno de lenha

Produz borrachões, bolos de

leite, biscoitos, broas de mel,

bicas de massa farinheira

Pequeno

Produtor 100 kg semanais

Doces e Licores Recanto

Raio de Sol

Recanto Raio de

Sol Alcains/Oledo

Os produtos são na sua

totalidade produzidos sem

recurso a qualquer

maquinaria, inclusive o

próprio amassar

Filhoses, bolos de côco, bolos

tradicionais secos (broas de mel,

broas de leite e de canela), bolos

de forma (bolo de laranja e

chocolate, bolo de Outono, bolo

de Verão) e também licores,

sendo este um dos produtos com

maior aceitação (licores, chás,

arranjos florais)

Pequeno

Produtor

Trabalha por encomenda,

mas chega a produzir 150 kg

semanais

Bolos Tradicionais de Vila

Velha de Ródão Bolaria Rodense

Vila Velha de

Ródão

Processo produtivo

praticamente todo

mecanizado, como por

exemplo a amassadeira,

fornos a gás, etc.

Produção de bolos secos

tradicionais(broa de mel,

borrachões, cavacas, filhoses,

biscoitos de limão, esquecidos)

Pequeno

Produtor

Cerca de 250 kg semanais

deste tipo de bolos

Bolos de Nisa

Padaria

Tradicional –

Padaria Francisco

Galucho e Sr.ª

Emília Nisa

O processo de fabrico é

todo auxiliado por

maquinaria, antigamente é

que era tudo amassado à

mão, hoje em dia seria

impossível, para as

quantidades produzidas.

Produz os bolos de azeite (bicas)

e os bolos de canela, bolos finto,

esquecidos e bolema batida.

Pequeno/médio

Produtor

Produz 100 kg por dia, e

trabalham neste local 5

funcionários

Bolos Tradicionais -

Cebolais de Cima Bolos DAYANA Cebolais de Cima

Processo produtivo

praticamente todo

mecanizado, como por

exemplo a amassadeira,

fornos a gás, etc.

Produz broas de mel, os

esquecidos, as broas de leite, as

bicas de azeite, as filhoses

Pequeno/médio

Produtor

Tem uma capacidade de

produção de 500 kg de bolos

tradicionais por dia

Bolos tradicionais de

Castelo Branco

Sabores

Albicastrenses Castelo Branco

Recurso a alguma

maquinaria, pouco artesanal

Produz bolos secos, mas também

aposta nos bomos convencionais

(aniversário, casamento, etc.)

Pequeno/médio

Produtor

Tem uma capacidade de

produção de 300 kg de bolos

tradicionais por dia e uma

maior capacidade para os

restantes bolos

Bolos Tradicionais de

Lardosa Doçaria da Aldeia Lardosa

O processo de fabrico 100%

artesanal, inclusive

fabricados em forno de

lenha

Produz bolos de leite, broas de

mel, biscoito, esquecidos,

borrachões, bolo de pascoa,

bicas de azeite, pão quente,

bolo de chocolate, quadrados de

laranja e tartes diversas

Pequeno/médio

Produtor

Várias quantidades de vários

produtos, no seu total cerca

de 300 kg de massa num dia

Doçaria Regional de Aldeia

de St.ª Margarida Bolos da Aldeia

Aldeia de Santa

Margarida

Todo o processo de fabrico

é completamente artesanal e

utilizado forno a lenha

Produz "Pica de azeite”,

esquecidos, borrachões, bolos de

leite, biscoitos de limão, bolo

doce ou folar da pascoa, filhoses,

sendo este um dos produtos com

mais aceitação

Pequeno

Produtor

Só por encomenda, cerca de

100 kg semanais

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António José da Costa Jóia

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iniciar os “Bolos Recanto Raio de Sol”, frequentou um curso de artes decorativas, em que com a

ajuda de uma professora se lançou neste desafio.

Nesta reduzida amostra encontram-se produtores de doçaria regional com o processo de

produção totalmente mecanizado (amassadeiras, fornos a gás, máquinas de corte, entre outros)

como no caso da Bolaria Rodense (Sr. Arlindo Tavares) e a Bolos Tradicionais – Catraia Cimeira,

mas que mesmo assim garante a qualidade de sempre, enquanto outros há que não utilizam uma

única maquina no seu processo de fabrico, onde é utilizado o forno a lenha, onde é tudo amassado

à mão, conferindo ao produto uma qualidade tradicional, é o caso da “Padaria da Ângela”, a

“Padeirinha do Pinhal”, os “Bolos da Lisete”, os “Bolos Recanto Raio de Sol”.

Na sua esmagadora maioria, os inquiridos são considerados pequenos produtores e muitos de

carácter familiar, existindo um caso que nem se dedica à comercialização, sendo apenas em dois

casos utilizadas a classificação de médio produtor (Bolos Tradicionais da Catraia Cimeira) e de

grande produtor (Pastelaria de S. Vicente da Beira), mas que em nenhum dos casos conseguem

indicar em termos quantitativos os seus volumes de produção.

Outro aspecto que merece algum realce é que do conjunto de entrevistados os pequenos

produtores, que representam a maioria, só vendem a nível regional e muito dependentes do seu

único local de venda (loja na própria unidade de produção), sendo que os dois casos que fogem à

regra e são já considerados de médio e grande produtor tem mercado a nível nacional (Lisboa,

Alcobaça, Coimbra), satisfazendo algumas vezes a procura de grandes superfícies, nestes dois

casos também se realiza esporadicamente e sem carácter pontual, o envio de produtos para o

estrangeiro.

Não existe qualquer espírito associativo neste leque de produtores de doçaria regional, uma

vez que só no caso da Bolaria Rodense existe a afiliação a algumas associações é o caso da

Associação Comercial e Industrial de Castelo Branco – ACICB e na Associação de Comércio e da

Industria de Panificação, Pastelaria e Similares - ACIP (Coimbra), e também na CODIPOR (rótulos e

códigos de barras) e na Associação Ponto Verde.

Convém ressalvar um facto curioso, que se prende com a ausência de sinalética e indicações

em praticamente todos os produtores e seus locais de produção, sendo de louvar o exemplo da

Padaria da Ângela que utiliza um letreiro bastante natural, feito à mão, simples e por isso deveras

original, indicando o nome da propriedade, neste caso “Horta Grande”.

Outro facto interessante, que reflecte em parte a falta de divulgação e promoção que este

tipo de PLTQT sofre é a inexistência de produtores neste grupo que possua ou utilize qualquer

ferramenta da internet na sua actividade.

A idade média deste grupo de produtores situa-se nos 61 anos, e a produtora mais nova tem

42, sendo esse conjunto constituído por mais mulheres que homens.

Não existe nenhuma associação referida, o que comprova a falta de associativismo e de

força conjunta que se poderia obter da entreajuda e projectos conjuntos destas doceiras.

Pão (bica azeite, pão caseiro, broa)

O pão, é a base de alimentação das populações do território do Geopark Naturtejo,

constituindo por excelência um alimento de primeira necessidade, é produzido ainda hoje numa

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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quantidade quase infinita de locais, pequenas aldeias, vilas e lugarejos, bastando “existir um

forno para que o pão coza”.

Existe porem já alguma “fama”, associados a alguns tipos de pão, seja pela sua composição,

processo de fabrico ou apenas pelo sabor e aroma, é o caso de Penha Garcia, Monsanto, Alcafozes

e Idanha-a-Velha, sendo em todos os casos um pão tipo caseiro, saloio, de farinha de trigo, ou

centeio, em alguns casos também a broa de milho.

As tradicionais “Bicas de Azeite” tem o seu maior segredo no próprio amassar, dizem os

manuais (conforme a revista ADUFE nº 15, pag.68) que deverá conter quarenta por cento do seu

peso em água, cinquenta e oito por cento em farinha e apenas um por cento em sal, que resulta

igual a receita do pão, com a singularidade de ser adicionado o azeite em proporções que as

experientes mãos não precisam de medir. Tem um formato espalmado e picadas em toda a sua

superfície, e vão variando de forma e tamanho de lugar para lugar, existindo o costume no

território do Geopark Naturtejo, de fazer as “bicas doces”, sobretudo na época pascal, sendo

idênticas mas pulverizadas com açúcar e canela, ambas as variedades devem ser confeccionadas

em forno de lenha, para assim preservarem o seu genuíno sabor.

Tabela 4 – Lista dos Produtores de Pão (bica de azeite, pão caseiro, broa)

Fonte: elaboração própria

Vinho Devido à pouca expressividade que esta fileira apresenta na região, apenas foi realizado o

levantamento de dois produtores, neste caso o vinho “Súbito”, considerado o único geovinho do

Mundo, e o Vinho “Alvelus”.

No caso do vinho “Súbito” é propriedade da Sociedade Agrícola Viniregra, constituída por

três sócios (João Nunes, Luís Nunes e Nuno Nunes), que se encontra localizada em S. Miguel de

Acha (Idanha-a-Nova).

Como características edafoclimáticas desta exploração, pode indicar-se os seus solos são

graníticos arenosos, possui uma elevada exposição solar, situa-se a 400 m de altitude, e possui

duas barragens e 8 hectares de vinha.

O produto final, o vinho “Súbito”, é elaborado a partir de uma selecção criteriosa das

melhores castas e combina na sua constituição uvas da casta Touriga Nacional, Trincadeira,

Aragonês e Syrah.

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de Produção

Padaria Manuel Cavalheiro

Padaria Manuel

Cavalheiro

Monforte da

Beira Recurso a maquinaria, pouco artesanal

Produz pão saloio, pão fino (pão

de Castelo Branco), bica de

azeite, bolo de azeite Pequeno Produtor Não respondeu

Panificação de José Francisco

Matias e Filho, Lda.

Pastelaria de S.

Vicente da Beira

S. Vicente da

Beira Recurso a alguma maquinaria, pouco artesanal

Produz pão, bolos secos (bolos de

leite, biscoitos, esquecidos,

borrachão) e pão de azeite (pão

da Páscoa) Grande Produtor Não respondeu

Padaria Martins Padaria Martins

Sarzedas -

Cabeço Infante

O processo de fabrico é praticamente todo

artesanal, apenas usa a amassadeira e um forno a

lenha Produz pão e bicas de azeite Pequeno Produtor 100 kg de pão diariamente

Padaria-Sobreira Formosa Padaria Sobreirense

Sobreira

Formosa

O processo de fabrico já se apresenta algo

industrializado, uma vez que já funciona com

amassadeira, máquina de corte, entre outras

Produz pão (mistura e de trigo),

bolo fito, filhoses, broas de mel,

broa de milho Pequeno Produtor

Em média 70 kg de pão

diariamente e 30 kg de outras

produções

Padaria - Sobreira Formosa Padaria Vitória

Sobreira

Formosa

O processo de fabrico já se apresenta algo

industrializado, utiliza amassadeira, maquina de

corte, entre outras

Produz pão (mistura, saloio, broa),

bolo fito, biscoitos, broas de mel,

broas da casa, pão-de-ló, tortas Pequeno Produtor

Produz cerca de 50 kg diários

de bolos e 100 kg de pão

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António José da Costa Jóia

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Esta vinha é bastante jovem, foi plantada em 2003, saindo a primeira colheita em 2008,

que só saiu para o mercado em 2011, sendo que já existe produção de 2009 e 2010, em pleno

processo de maturação.

Pode considerar-se que se trata de um médio produtor, que no ano de 2011 engarrafou

cerca de 15 mil garrafas.

Tem o seu mercado a nível nacional, conseguido através de uma estratégia de penetração

no mercado apoiada em publicidade e em revistas da especialidade, a participação em certames e

feiras temáticas, bem como o patrocínio de algumas provas desportivas, como é o caso do Todo-o-

Terreno (Baja – Idanha-a-Nova 2011).

Mas também já alcançou os mercados internacionais, inclusive com a inclusão de mercados

como a Índia, Japão, Dubai, Rep. Checa, Polónia, Inglaterra, Rússia. Em parte devido às parcerias

estratégicas estabelecidas nomeadamente com o Geopark Naturtejo.

Num futuro próximo, pensa-se na construção de um website com a colaboração de empresas

especializadas, com o objectivo de potenciar a divulgação e comercialização. Assim como atingir

uma certificação de qualidade que passe pela produção integrada, ou biológica.

No caso do vinho “Alvelus” trata-se de uma produção vitivinícola que possui marca

registada propriedade do “Sr. Quim”, (como gosta de ser tratado) “Alvelus”, com rótulos,

certificação, licenciamento, estratégia e secção de engarrafamento e rotulagem, pois como o

próprio proprietário define, “somos produtores engarrafadores”. E teve o seu início em 2007,

bastante recente. Como foi referenciado várias vezes ao longo da entrevista realizada, trata-se de

engarrafar o vinho das nossas próprias uvas, é das suas castas que se obtém esta colheita.

Numa óptica de mercado, ainda não possui um completamente definido e estabelecido, a

publicidade por enquanto ainda é realizada, com base no “passa a palavra”, “vende-se neste

momento essencialmente a amigos e aqui na própria adega (venda no local) ”.

Uma coisa é certa pela mão de amigos e emigrantes já cruzou imensas vezes a nossa

fronteira. Mas neste momento ainda não vende para grandes superfícies, mas tem intenção de o

fazer e para começar até estabelecer contacto com o Recheio.

Tem como produtos de comercialização, primordialmente o vinho mas também produz e

comercializa azeite. No que se refere ao primeiro, possui vinho branco (10%) e vinho tinto (90%), e

o seu azeite é maioritariamente de azeitona galega. Devido às quantidades produzidas

essencialmente de vinho (50 mil litros) estamos perante um médio/grande produtor, prometendo

que além destes vinhos irá existir uma reserva no próximo ano. Também já se realizou um

pequeno ensaio com vinho rosé.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Figura 8 – Imagens da Produção Vitivinícola “Alvelus”

Fonte: elaboração própria

Existe comercialização em garrafas de 750 ml, mas vai passar a existir também em boxes de

5 e 10 litros.

Em relação à falta comprovada de sinalética para chegar até esta magnífica adega,

verificou-se uma enorme vontade para que se coloquem urgentemente as tais placas indicativas,

mas mais uma vez estas tem de ser normalizadas com as que estão em vigor na autarquia, no

entanto já foram solicitadas e aguarda-se impacientemente a sua chegada.

Uma vez a colocar seria uma no cruzamento da Sobreira Formosa e depois aqui no corte

para a adega, e mais um reclame ou logótipo aqui à chegada.

Neste momento, de novo arranque, ainda não está preocupado com a publicidade, mas tem

ideia de num futuro próximo o fazer em revistas da especialidade e não só. Outro dos aspectos

para que está novamente sensibilizado é para a sua participação em feiras temáticas, facto que

até à data não aconteceu nunca. Comummente a este facto também se encontra sem website.

Neste momento está dedicado à concepção dos seus novos rótulos, que segundo este,

estarão completamente de acordo com as normas vigentes e exigidas.

Compotas

Existe no território estudado, um número significativo de unidades de produção e

produtoras de compotas, mas na maior parte dos casos identificados, não existia uma actividade

organizada, sendo frequente a falta de certificação, de licenciamento, ficando a dever-se a esse

facto a pouca expressividade económica desta fileira.

Tabela 5 - Lista dos Produtores de Compotas

Fonte: elaboração própria

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de Produção

Licores, enchidos e

compotas artesanais

Doces

Saberes

Carvalhal-

Proença-a-

Nova

O enchido só é produzido de

inverno e os doces na

Primavera/Verão, os frutos são

obtidos na sua própria exploração

agrícola

Vende 13 sabores de

compotas e tem

enchido(chouriço, mouro,

morcela, farinheira, etc)

Pequeno

Produtor

Em termos de compotas

produz cerca de 20 kg de

cada sabor/doce

Compotas e Licores do

Ladoeiro

Doces do

Campo Ladoeiro

O processo de fabrico é totalmente

artesanal, sendo todas as matérias

primas da sua exploração agrícola, o

seu licor não ultrapassa os 20% de

Volume Alcoólico

Produz compotas , licores

e chás, mas em

determinadas alturas do

ano também produz

marmelada e geleia de

marmelo

Pequeno

Produtor

Em termos de compotas

os 5kg diários

Compotas da Gardunha

Sabores

da

Gardunha Alcongosta

No que se refere ao processo de

fabrico, ele é totalmente artesanal,

sendo utilizadas frutas da própria

propriedade, ou compradas na

região do fundão (Cova da Beira)

Produz uma larga gama de

compotas e doces

Médio

Produtor

120 mil unidades anuais

de vários tamanhos

Doces Tradicionais-

Proença-a-Velha

Coisas de

Proença-a-

Velha

Todo o processo de fabrico é

manual, não há conservantes e

corantes envolvidos na sua produção

Produz Licores, compotas

de vários sabores,

inclusive marmeladas e

geleias, azeitona de

conserva, chás, mel e

pólen de mel, e saquinhos

de cheiros regionais

Pequeno

Produtor

Produz cerca de 10 kg

semanais de compotas e 5

kg de marmelada diários

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Um dos casos, que contrariam esta tendência e que por isso merece o devido destaque, são

as compotas da Sr. Rita Santa Cruz, proprietária da marca Doces Saberes, que possui uma gama de

13 sabores de compotas, de elevada qualidade (ainda não certificada, mas em vias de o ser).

Figura 9 – Compotas “Doces Saberes”

Fonte: elaboração própria

Esta pequena produtora, através de uma estratégia de distribuição e selecção dos próprios

canais de escoamento dos seus produtos, consegue vender para as lojas de xisto, para lojas

gourmet, inclusive tem os seus produtos em outros locais de venda que não os tradicionais, como

são o caso da Pousada das Amoras e do Posto de Turismo de Proença-a-Nova, e em vários

revendedores, inclusive online.

Aguardente de Medronho

O Medronheiro (Arbustus unedo), é a árvore que produz o fruto medronho que depois de

fermentado resulta numa aguardente, é uma espécie muito comum em toda a Península Ibérica.

Em Portugal, é exclusiva da região do Pinhal Interior (Oleiros) e na região do Algarve

(Monchique), sendo apenas nestas duas regiões que existe em quantidade e abundância. No livro

“Memórias da Vila de Oleiros e do seu Concelho”, o seu autor refere que na freguesia de Madeirã,

e nos anos de 1856 e 1857 foi este produto a sua principal fonte de riqueza.

Os medronheiros crescem particularmente nas vertentes voltadas a norte das serras, por

serem as mais húmidas. O seu fruto, uma drupa de forma esférica e cor vermelha quando maduro,

é colhido no Outono e dá origem ao famoso medronho de Oleiros e de Monchique. Fruto a partir do

qual se produz a aguardente de medronho.

A "Estila" é o termo utilizado para designar o processo fabrico da aguardente de medronho.

Os frutos são fermentados em tanques de madeira, barro ou de cobre. Actualmente a fermentação

também se faz em depósitos de cimento, mas só em destilarias de significativa dimensão. A

fermentação é natural e dura entre trinta a sessenta dias. Os tanques devem ser cobertos com

frutos esmagados para evitar o contacto com o ar. Depois de fermentado o produto deve ser

guardado durante sessenta dias e completamente protegido do ar.

Neste Estudo apenas foi identificado um único produtor certificado em toda a região de

referência deste produto (Oleiros), sendo que existe um imenso conjunto de produtores, mas sem

qualquer tipo de certificação ou licenciamento, inclusive sem destilaria homologada ou em

conformidade com os requisitos HACCP, que não representam a nível económico qualquer

interesse.

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Figura 10 - Imagens relacionadas com a aguardente de medronho

Fonte: elaboração própria (pesquisa no Google por aguardente de medronho)

Neste Estudo foi identificada, a única destilaria e actividade certificada e licenciada, a

“Aguardente de Medronho - Silvapa”, que é um produto biológico resultante do processo

anteriormente referido, que resumidamente consiste na fermentação e posterior destilação do

medronho.

Esta empresa, propriedade do Sr. Eng. Paulo Silva, acompanha os mais recentes estudos

desenvolvidos por instituições universitárias no âmbito da produção de aguardente de medronho,

introduzindo permanentemente técnicas de produção que garantem qualidade do produto e a

saúde dos consumidores.

Os resultados deste tipo de estudos permitiram a definição de legislação adequada à

produção deste produto, normas e leis que são cumpridas na sua íntegra pela Silvapa, estando

automaticamente a qualidade garantida pelo permanente acompanhamento de instituições

fiscalizadoras do controlo da Qualidade Alimentar.

Refira-se que esta actividade já se iniciou em 1995, constituindo um negócio criado pela sua

família, que se iniciou com uma cooperativa agrícola, depois um lagar e só no final a destilaria.

No que se refere ao seu processo de fabrico, estamos perante uma produção totalmente

artesanal, desde a apanha do medronho até ao engarrafamento, e assente em requisitos da

produção biológica. Neste momento produz exclusivamente a aguardente de medronho, mas existe

a ideia de comercializar compota, geleia e licor de medronho.

Figura 11 – Imagens da Destilaria – Silvapa

Fonte: elaboração própria

Vende os seus produtos no mercado regional e nacional, em pequenas superfícies, como

restaurantes, bares, supermercados, e possui um website (http://silvapa.com) que permite a

divulgação e o contacto para possível troca comercial.

Este produtor foi automaticamente seleccionado para incorporar a sua aguardente no cabaz

“Amo - Produto Local” uma vez que prima pela qualidade de um produto proveniente de produção

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António José da Costa Jóia

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biológica, é raro e único, e por isso detentor de um enorme potencial comercial, sendo que se

trata de uma bebida alcoólica de elevada graduação, tem de ser bebida no seu estado puro, com

enorme moderação, servindo como excelente digestivo ou aperitivo.

Licores

Os licores são considerados e classificados como bebida alcoólica doce, vulgarmente

misturada com frutas, ervas, temperos, flores, sementes, raízes, cascas de árvores ou ainda

cremes, nomeadamente com mel. O termo provém do latim (liquifacere), que significa,

liquefazer, dissolver.

Os licores não costumam ser envelhecidos por muito tempo, mas podem ficar algum tempo

em repouso até que atinjam o sabor ideal.

A descrição mais comum de licor é a de uma bebida doce, de moderado teor alcoólico.

Servido em pequenas taças, é ideal após as refeições, como digestivo ou no acompanhamento de

algumas sobremesas.

Sua composição leva açúcar, xarope, álcool (aguardente), além de frutas, plantas e ervas,

que dão o sabor e o nome característico de cada bebida.

Figura 12 - Imagens relacionadas com licores

Fonte: elaboração própria (pesquisa no Google por licores tradicionais)

Neste Estudo, foram entrevistados e por isso catalogados poucos produtores de licores, e

que na sua maioria não se dedicam exclusivamente a esta actividade, complementando-a com

produção de doçaria ou compotas.

O pequeno número de produtores referidos, expressa em parte a inexistência, à semelhança

do que se referiu no caso da aguardente de medronho, de actividades certificadas, com unidades

de produção licenciadas e actividade devidamente homologada, sendo que existe um elevado

número de produtores com actividades completamente clandestinas, que produzem na maior

parte para consumo próprio, mas que também comercializam.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Tabela 6 - Lista dos Produtores de Licores

Fonte: elaboração própria

A totalidade dos produtores de licores entrevistados, permitiu concluir a fraca utilização de

marcas, rótulos e algum tipo de publicidade nesta fileira, sendo que apenas o Sr. Joaquim

Marques, dos “Licores do Ninho do Açor”, utiliza estes factores de diferenciação nos seus produtos

(rótulos, design, imagem, etc.).

Por outro lado, nenhum dos entrevistados, tem website para divulgação e comércio dos seus

licores e restantes produtos, não participando igualmente em feiras regionais ou temáticas, facto

que não acontece no caso dos “Doces e Licores Recanto Raio de Sol”.

A nível de processo de fabrico, alerta-se para o facto de os produtores identificados

produzirem este tipo de produto com ingredientes provenientes das próprias produções agrícolas,

e no caso das “Compotas e Licores do Ladoeiro”, em pleno modo de produção biológico, apenas

não se encontra certificado como tal. Sendo este ultimo caso apresentado, exemplo da produtora

que iniciou a actividade mais recentemente.

Queijos

Este é um produto de excelência do território em causa, sendo por isso o grupo de

entrevistados que tem o maior número de sujeitos, simbolizando o que acontece na realidade do

Geopark Naturtejo, uma plurivariedade e uma forte fileira, bem organizada e com um peso

importante na economia local e regional.

Nesse sentido, e em consequência da qualidade dos queijos deste território, existem em

utilização três tipos de certificações, nomeadamente DOP - Queijo de Castelo Branco, DOP -

Queijo Amarelo da Beira Baixa e DOP - Queijo Picante, mas uma pluralidade de queijos que não

tendo qualquer DOP ou outra certificação se mostram de elevada qualidade. Existe ainda

certificações de Produção Biológica, Tradicional e Artesanal.

É característica e consonante com a produção pecuária desta zona, a produção de queijos

que na sua composição tem queijo de um único tipo de leite (ou de ovelha ou de cabra) e outros

queijos que apresentam uma mistura de leites (ovelha e cabra, ou ovelha, cabra e vaca), nas

variedades de curado ou fresco, de leite cru ou pasteurizado.

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de Produção

Licores Artesanais

Licores do

Ninho de Açor Ninho do Açor

O processo de produção é

totalmente artesanal, inclusive

com o embalamento rotulagem

feita manualmente Gama de 6 sabores de licor

Pequeno

produtor

Cerca de 20 litro anuais de

cada um dos licores

Compotas e Licores do

Ladoeiro

Doces do

Campo Ladoeiro

totalmente artesanal, sendo todas

as matérias primas da sua

exploração agrícola, o seu licor

não ultrapassa os 20% de Volume

Alcoólico

Produz compotas , licores e chás, mas

em determinadas alturas do ano também

produz marmelada e geleia de marmelo

Pequeno

Produtor

Em termos de licores os 50

litros anuais

Doces e Licores Recanto

Raio de Sol

Recanto Raio

de Sol Alcains/Oledo

Os produtos são na sua totalidade

produzidos sem recurso a qualquer

maquinaria, inclusive o próprio

amassar

Produz licores (7 sabores), sendo este um

dos produtos com maior aceitação

(licores, chás, arranjos florais).

Pequeno

Produtor 30 litros anuais

Doces Tradicionais-

Proença-a-Velha Coisas de Cá

Proença-a-

Velha

Todo o processo de fabrico é

manual, não há conservantes e

corantes envolvidos na sua

produção

Produz Licores, compotas de vários

sabores, inclusive marmeladas e geleias,

azeitona de conserva, chás, mel e pólen

de mel, e saquinhos de cheiros regionais

Pequeno

Produtor

Produz cerca de 50 litros

anuais, sendo que de

jeropiga anualmente tem

cerca de 30 litros

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António José da Costa Jóia

40

Nesta vertente dos PLTQT, também é muito frequente encontrar produtores sem qualquer

tipo de certificado, licenciamento ou instalações próprias (queijaria), que apenas produzem queijo

pois tem um excedente de leite proveniente de explorações pecuárias (ovinos e caprinos) e que

utilizam para auto consumo e muitas vezes para comercialização.

Tabela 7 – Tabela dos Produtores de Queijo

Fonte: elaboração própria

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de Produção

Herdade do Escrivão

Herdade do

Escrivão Malpica do Tejo

Modo de produção totalmente assente em

agricultura biológica

Queijo biológico de cabra e de mistura, mas

também tem produção de azeite biológico e

azeitonas de conserva Médio Produtor 100 queijos mensais

Malpiagro Malpiqueijo Malpica do Tejo Recurso a Maquinaria, pouco artesanal

Queijo de Ovelha, queijo picante, o queijo

feito à cabreira, o queijo pequeno, e o

queijo de ovelha com 6 meses de cura

(queijo rijo)

Médio/Grande

Produtor

45 toneladas de queijo por ano, são

aceites 15 mil litros de leite

mensalmente

Sr.ª Ângela Beirão Sem marca Monforte da Beira Tudo artesanal

"Produz" um único queijo com mistura de leite

de cabra e ovelha Micro Produtor Não respondeu

Queijaria Joaquim António

Duarte Alves

Queijo da

Soalheira Soalheira

Todo o processo á artesanal (amassar, coalhar,

etc.), com a exclusão da prensa, que funciona

para fazer os queijos

Queijo amarelo de Castelo Branco e Queijo

Picante

Médio/Grande

Produtor

Aponta-se os 3 mil litros de leite

processados e cerca de 400 queijos

diários

Mini Mercado - Cristina

Salvado

Queijo dos

Chocalhos Soalheira

O processo é totalmente artesanal, utilizando

ainda hoje utensílios antigos

Apenas produz um tipo de queijo, é de

mistura e curado Micro Produtor Cerca de 50 queijos mensais

Queijaria Veríssimo e Filho,

Lda. Vale da Faia Sobral do Campo

Bastante artesanal, mas já com recurso a alguns

processos mecânicos e utensílios modernos

Um único queijo, chamado "mestiço", tem de

ser de leite de ovelha merina. Mas na sua loja

já existe uma venda organizada de outros

produtos e de outros produtores (licores,

azeite, mel e compotas, vinhos, cereais e

alguns produtos hortícolas Médio Produtor 60 queijos por dia

Queijaria de Joaquim Duarte

Alves

Queijo tradicional

da Soalheira Soalheira

É uma produção de tipo caseira, que utiliza

poucas máquinas, neste caso apenas a prensa

mecânica

Produz queijo de mistura (ovelha e cabra),

travia, requeijão, queijo quimoso (queijo

picante) Médio Produtor

1500 litros de leite processados num

dia

Queijaria Lourenço Lourenço Vila Velha de Ródão

O processo de fabrico é considerado

semiautomático, em relação ao enchimento,

sendo o processo de tratamento e cura todo

realizado manualmente

Queijo de ovelha curado (queijo amarelo

DOP), Queijo Quimoso (ou Picante da Beira

Baixa, se for DOP), entre outros

Médio/Grande

Produtor Entre 6 mil a 8 mil litros por dia

Queijaria Nazaré Nazaré

Póvoa - Proença-a-

Nova

O processo de fabrico é bastante artesanal, quase

por completo, não fosse a ordenha mecânica,

sendo a matéria prima (leite) da sua própria

exploração pecuária Produz queijo de mistura (ovelha e cabra) 30 queijos diários

Queijo da Figueira

Queijo- Sr. João

Matias

Figueira - Proença-a-

Nova

Bastante artesanal, mas já com recurso a alguns

processos mecânicos e utensílios modernos Produz queijo de mistura (ovelha e cabra)

Pequeno Produtor -

Queijaria de Não respondeu

Queijaria de Proença-a-Nova

Queijaria

Pucariças Proença-a-Nova

Todo o processo é manual e artesanal, inclusive

encontra-se certificado com essa qualidade,

apenas cumpre as normas de higiene e segurança

actuais, recorrendo para o efeito a utensílios de

produção modernos Vende queijos sem qualquer especificação

Pequeno Produtor -

Queijaria de

carácter familiar Não respondeu

Queijaria da Soalheira

Queijo João

Duarte Alves Soalheira

Bastante artesanal, mas já com recurso a alguns

processos mecânicos e utensílios modernos

Produz queijo de mistura (cabra e ovelha),

queijo de ovelha puro, queijo quimoso

(queijo picante) e queijo de cabra puro,

sendo todo o leite de produção pecuária

própria Médio Produtor Não respondeu

Queijaria das Zebras

Queijo de Ângelo

Galante Zebras O processo de fabrico é completamente artesanal

Produz queijo de mistura (ovelha e cabra),

travia, requeijão, queijo quimoso (queijo

picante) Médio Produtor 60 queijos por dia

Queijaria Quinta do Capilé Quinta do Capilé Ladoeiro

Todo o processo é manual e artesanal, inclusive

encontra-se certificado com essa qualidade,

apenas cumpre as normas de higiene e segurança

actuais, recorrendo para o efeito a utensílios de

produção modernos

Produz queijo DOP de Castelo Branco e

queijo artesanal de ovelha

Pequeno Produtor -

Queijaria de

carácter familiar 30 queijos diários

Queijaria da Fonte Ensonsa Queijos da Fonte Ladoeiro

Todo o processo é praticamente realizado

manualmente, recorrendo apenas a prensa

mecânica, a matéria prima é de produção

Produz queijo de cabra curado (leite cru e

pasteurizado) e queijo fresco (leite

pasteurizado), queijo com ervas aromáticas Médio Produtor 450 queijos numa semana

Queijaria de Vila Velha de

Ródão Queijo de Ródão Vila Velha de Ródão

O processo de fabrico é realizado com o auxilio a

máquinas, a fermentação faz-se com coalho,

pouco artesanal

Variada gama de queijos, que engloba o

queijo puro de ovelha, o queijo de mistura

(ovelha e cabra) ambos curados, e o queijo

picante

Médio/Grande

Produtor 700 queijos num dia

Queijos do Sobral do Campo

Queijo de

António Garcia

Mendes Neves Sobral do Campo

Só produz queijo na época do Inverno (Out. a

Fev.), o processo produtivo com recurso a alguma

maquinaria, pouco artesanal

Produz e comercializa queijo amarelo de

Castelo Branco, queijo picante e queijo

fresco, simultaneamente também

comercializa produtos hortícolas, pão, bicas

de azeite, entre outros. Pequeno Produtor Produz entre 20 a 25 queijos por dia

Queijos de Nisa

Queijaria Louro e

Louro Nisa

O processo de fabrico é considerado

semiautomático, em relação ao enchimento,

sendo o processo de tratamento e cura todo

realizado manualmente

Produz queijo de Nisa (leite de ovelha), e um

outro queijo de mistura de leites(ovelha e

cabra) mas que na época de Verão pode

inclusive utilizar o leite de vaca para

compensar a falta dos outros tipos de leite

Médio/Grande

Produtor Cerca de 2 mil queijos por dia

Queijos da Tolosa Queijos S. Matias Tolosa - Nisa

O processo de fabrico é realizado com o auxilio a

máquinas, a fermentação faz-se com coalho,

pouco artesanal

Produz queijo S. Matias (mistura) e queijo de

DOP- Nisa Médio Produtor

Cerca de 2 mil litros de leite

processados diariamente

Sociedade de Produtores de

Queijo da Tolosa SOTONISA Tolosa - Nisa

Sendo o processo do seu fabrico totalmente

artesanal

Produz o queijo de mistura, o queijo puro de

ovelha e o requeijão. Grande Produtor

Atinge a produção dos 10 mil queijos

por dia, onde trabalham contando já

com pessoal da distribuição própria

entre 48 a 51 pessoas

Queijos Típicos da Soalheira

Queijo de

Henrique Santiago Soalheira

É um processo totalmente artesanal, segundo

pude apurar sem recurso a prensa, apenas inicia o

processo de cura com uma câmara de cura

frigorifica e depois cura natural. Também é

utilizada a flor do cardo para coalho do leite

Queijo à ovelheira (leite de ovelha), o queijo

de mistura (ovelha + cabra e nunca leva

vaca), o queijo quimoso (picante) e o queijo

puro de cabra Médio Produtor 40 mil queijos anualmente

Queijaria João Duarte Alves e

filhos, Lda.

Queijo da

Soalheira Soalheira

No processo de fabrico é usada a prensa mecânica

para fabricação dos queijos, sendo utilizado o

coalho animal, e todo o restante processo

(coalhada) é manual

Não é usada neste momento nenhuma DOP.

Mas produz o queijo puro de ovelha, o queijo

feito à cabreira ( ovelha e cabra), o queijo

puro de cabra, o queijo quimoso (picante) Médio Produtor

Produção semanal de cerca de 400

queijos

Queijaria de Alcains

Queijaria Tapada

das Sortes Alcains

O processo de fabrico é totalmente artesanal,

sendo apenas um queijo dos muitos que produz é

que vai à prensa mecânica

Produz 7 queijos, tais como o queijo DOP de

Castelo Branco, queijo DOP – Amarelo da

Beira Baixa (que engloba o mestiço e o à

cabreira), o queijo caganitas (120g- puro de

ovelha), o queijo chocalhinho (120 g – puro

de cabra), o queijo chocalho (500g e 1000g) Médio Produtor

Transformam-se 90 mil litros de leite

por ano

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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A nível associativo, nesta fileira encontra-se a Associação dos Produtores de Queijo do

Distrito de Castelo Branco que tem sede em Idanha-a-Nova, e tem no seu âmbito de actuação, os

produtos como o Borrego da Beira (IGP), o Cabrito da Beira (IGP), os Queijos da Beira Baixa (DOP),

o Requeijão da Beira Baixa (DO) e a Travia da Beira Baixa (DO). Por outro lado refira-se o

organismo privado de controlo que é a Beira Tradição - Certificação de Produtos da Beira, Ld.ª.

No que respeita, aos entrevistados desta fileira, propriamente a queijos com certificações

de qualidade, refira-se a título de exemplo, um produto que pela sua originalidade e

características únicas, apresenta um elevado potencial de diferenciação e valorização, é o caso do

Queijo do Capilé, propriedade do Sr. Marco Pereira (35 anos) que iniciou esta actividade em 2006,

em parte por saberes transmitidos pelos seus avós e por experiência como artesão, que possui os

seus produtos acreditados como produção artesanal (MPA), complementada com uma

apresentação bastante rústica, como por exemplo o facto de alguns produtos serem entregues ao

cliente em saquinhos de serapilheira. Neste caso já é evidente o recurso a alguma ferramenta

virtual como é o caso da inclusão em redes sociais.

Figura 13 – Imagens relacionadas com queijo

Fonte: elaboração própria

Outro exemplo digno de referência, pela sua característica única no grupo dos

entrevistados, é a Herdade do Escrivão, na pessoa do Sr. Eng. Miguel Valente, que produz queijos

e outros produtos (borrego, cabritos, azeite e azeitonas, etc.) de origem biológica, onde através

da sua marca própria e registada incorpora um enorme valor acrescentado aos seus produtos,

promovendo e divulgando a sua actividade por inúmeras feiras regionais e temáticas, em

seminários e palestras, e no seu website (http://www.herdadedoescrivao.com).

Entre os maiores produtores do território estudado, encontram-se certamente a Cooperativa

de Produtores de Queijo da Beira Baixa e de Idanha-a-Nova e a SOTONISA, neste ultimo exemplo

trata-se de uma sociedade de produtores (3 sócios), podendo ser considerada uma empresa

especializada na distribuição e comércio de lacticínios e que opera no mercado português desde

1996, sempre pautando pela qualidade, profissionalismo e competência. No que se refere ao seu

processo de fabrico é actualmente completamente artesanal, não utilizando prensas nem outros

meios mecânicos para a sua obtenção, mas sim as mãos de 48 experientes queijeiras que ali

trabalham. Nesta actividade são produzidos cerca de 10 mil queijos diários numa vasta gama de

produtos, onde se destaca o queijo de Cabra, Ovelha, Artesanal, Tolosa, Nisa, entre outros.

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António José da Costa Jóia

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Prova de que esta fileira se encontra muito enérgica é o facto, de mesmo nos dias que

correm, o queijo ser um produto bastante comercializável e rentável, sendo visível este resultado

no investimento dos seus produtores na sua constante melhoria e aproveitamento, é o caso da

queijaria Nazaré, do Sr. Higino Fernandes e sua mãe, que neste ano inauguraram a sua nova

unidade de produção, completamente enquadrada nas normas vigentes, permitindo desta forma

aumentar a quantidade produzida, a certificação e a garantia de uma qualidade reconhecida e

com produtos de cariz bastante artesanal.

Enchidos

Este tipo de PLTQT tem tido um incremento significativo ao longo dos últimos anos no

território em estudo, facilmente comprovado pelo número de casos existentes, sinal claro do

interesse que os enchidos vêm adquirindo junto dos seus consumidores.

Encontram-se perfeitamente arraigados às práticas associadas à matança do porco

tradicional (a chamada “matação”), sendo os enchidos do território do Geopark Naturtejo

caracterizados por uma enorme variedade, diferenciação e singularidade, fruto de antigas

estratégias que através do aproveitamento integral dos animais, permitia-se garantir alimento ao

agregado familiar pelo maior período de tempo possível, normalmente de inverno a inverno, de

matança a matança.

Das variedades conhecidas na região, a sua maioria é produzida nas modernas unidades de

produção industrial mas que ainda assim conseguem manter um elevado nível de qualidade,

bastante apreciado e acessível.

Existem desde as variedades mais comuns como as chouriças, o chouriço mouro, as

morcelas (assar e cozer), os paios, farinheiras até aos menos frequentes e invulgares, como a

paiola, o bucho, as bexigas, os batateiros, os bofeiros, toucinheiros, entre outros. Para melhor

interpretar esta realidade a seguinte tabela indica um conjunto de produtores de enchido desta

região.

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Tabela 8- Tabela dos Produtores de Enchido

Fonte: elaboração própria

No que se refere à média de idades deste grupo de produtores, situa-se nos 58 anos, com o

seu mais novo elemento com 45 anos de idade e o mais velho com 64 anos.

Na sua maioria, os actuais produtores já tinham na família ligações a este tipo de

actividade, sendo frequente a existência da própria produção pecuária (suinicultura e outras), e

hábitos ancestrais de fazer enchido. Assim a aprendizagem mais frequente neste conjunto de

casos é por saberes transmitidos de geração para geração.

Figura 14 – Imagens relacionadas com enchido

Fonte: elaboração própria

Deste grupo, todos os produtores já utilizam algum tipo de maquinaria no processo de

fabrico, assim como unidade de produção certificadas e licenciadas, é frequente o recurso a

máquinas de corte e de mistura de carnes, bem como de enchimento, sendo ainda o acto de atar o

enchido feito à mão bem como o fumeiro tradicional de lenha de azinho para a sua secagem.

Em relação a este grupo, não existe nos exemplos estudados um produtor de grande

dimensão, mas no caso de médios produtores, com actividade totalmente certificada, encontram-

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de Produção

Enchidos Tradicionais de Malpica do

Tejo /Fumeiro de Malpica Jorge e Ilda Vicente Malpica do Tejo

Bastante artesanal, secagem por fumeiro, atagem manual, usa

tripa de porco no embalamento, sendo apenas utilizada uma

máquina no corte das carnes e enchimento dos produtos

Chouriço normal, paio, morcela, farinheira, bucho de

ossos e chouriço de ossos Médio Produtor

800 Kg de enchido, no período de

Nov./Abr.

Enchidos do Sr. António Marques

Mendes Enchidos da Aldeia Sobral do Campo

Praticamente tudo artesanal, mas já com recurso a alguns

processos mecânicos (corte das carnes) e utensílios modernos,

fumeiro tradicional e tripa de porco natural para o seu

enchimento

Produz paio, chouriço, morcela, farinheira, mouro, buxo

de ossos, buxo de morcela e alheira Pequeno Produtor Não respondeu

Enchidos Sr. Rui Martins Enchidos do Sr. Rui Tinalhas

Todo o enchido é produção tradicional, é feita secagem por

fumeiro com lenha e carvão de azinho, e recorre-se à própria

tripa do animal para a elaboração do enchido

Produz morcela, mouras, morcelas de cozer e de assar,

farinheiras, morcelas de arroz (enchido mais tradicional

desta zona) Pequeno Produtor

Cerca de 100 kg de enchido

semanalmente

Enchidos da Atalaia do Campo

Enchidos Nobre

Tradição Atalaia do Campo

No processo de fabrico existe uma mistura de artesanal(escolha e

tempero das carnes, atagem e fumeiro) com industrial (corte das

carnes, mistura). É realizado fumeiro tradicional com lenha de

azinho

Produz paio, chouriço, farinheira, alheira, morcela de

assar, morcela moura, presuntos, bufeira, batateira,

toucinheiro. Médio Produtor Aproximadamente 300 kg por semana

Enchidos e Presuntos Lourenço Presuntos Lourenço Vila Velha de Ródão

No processo de fabrico existe uma mistura de artesanal(escolha e

tempero das carnes, atagem e fumeiro) com industrial (corte das

carnes, mistura). É realizado fumeiro tradicional com lenha de

azinho

Produz paio, chouriço, farinheira, alheira, morcela de

assar, morcela moura, presuntos, bufeira, batateira,

toucinheiro. Médio Produtor Aproximadamente 400 kg por semana

Enchidos Verganista Verganista Sobreira Formosa

Bastante artesanal, secagem por fumeiro, atagem manual, usa

tripa de porco no embalamento, sendo apenas utilizada uma

máquina no corte das carnes e enchimento dos produtos

Produz painho, chouriços, mouro, farinheiras, plagaio de

farinha e chouriço de arroz (mais típicos desta zona) Pequeno Produtor 200 Kg de enchido por semana

Enchidos e Queijaria de Proença-a-

Nova

Enchido e Queijaria do

Pinhal Proença-a-Nova

Bastante artesanal, secagem por fumeiro, atagem manual, usa

tripa de porco no embalamento, sendo apenas utilizada uma

máquina no corte das carnes e enchimento dos produtos

Vende enchidos (chouriços, paio, morcela, mouro e

presuntos) e queijos (mais típicos desta zona) Pequeno Produtor Não respondeu

Enchido Tradicional - Idanha-a-Nova SACIF Idanha-a-Nova

Bastante artesanal, secagem por fumeiro, atagem manual, usa

tripa de porco no embalamento, sendo apenas utilizada uma

máquina no corte das carnes e enchimento dos produtos

Produz enchido (chouriça, chouriço mouro, morcela de

assar, paio, morcela de cozer, alheiras, farinheira,

batateiros, lombo ensacado) e comercializa carnes

frescas.

Médio/Grande

Produtor 700 kg diários de enchido

Enchido Tradicional de Proença-a-

Velha Proenchidos Proença-a-Velha

Bastante artesanal, secagem por fumeiro, atagem manual, usa

tripa de porco no embalamento, sendo apenas utilizada uma

máquina no corte das carnes e enchimento dos produtos

Produz paio, chouriço, morcela, farinheira, mouro, buxo

de ossos, buxo de morcela e alheira Pequeno Produtor Não respondeu

Enxido Tradicional - Monsanto Sem marca Monsanto

Bastante artesanal, mas já com recurso a alguns processos

mecânicos e utensílios modernos, secagem por fumeiro

Produz paio, chouriço, morcela, farinheira, mouro, buxo

de ossos, buxo de morcela e alheira Pequeno Produtor 250 Kg de enchido por semana

Presuntos A. Pires Lorenço A. Pires Lourenço Castelo Branco

Já é utilizado um nível de maquinaria elevado, pois produz-se

industrialmente apenas recorrendo ao fumeiro tradicional para

secagem dos produtos Produz essencialmente presunto Médio Produtor Cerca de 1000 presuntos mensais

Enchidos dos Escalos de Baixo

Salsicharia dos Escalos

de Baixo Escalos de Baixo

Todo o processo de fabrico é realizado manualmente, recorre

unicamente a máquina de corte para as farinheiras e morcelas de

assar, é bastante artesanal

Produz paio, chouriço, morcela, farinheira, mouro, buxo

de ossos, buxo de morcela e alheira Médio Produtor Não respondeu

Enchidos Penamacor Quinta Vale do Alcaide Penamacor

O processo de fabrico é totalmente artesanal, sendo todas as

matérias-primas da sua própria exploração pecuária de porco

preto, utiliza fumeiro e a tripa do próprio animal, produto

altamente artesanal Paio e chouriço de porco preto Pequeno Produtor 100 Kg de enchido por semana

Enchidos ICT - Vila Velha de Ródão

Industria de Carnes do

Tejo Vila Velha de Ródão

Já é utilizado um nível de maquinaria elevado, pois produz-se

industrialmente apenas recorrendo ao fumeiro tradicional para

secagem dos produtos

Produz morcela, o buxo, a farinheira, o chouriço mouro,

chouriço de carne, chouriço de vinho, painho, paiola,

bacon, chourição, barriga curada, paia de toucinho,

lombo do cachaço, sendo a paiola e o buxo os mais

característicos desta região

Médio/Grande

Produtor 1000 Kg de enchido por dia

Enchido da Tolosa Sabina Mendes da Luz Tolosa - Nisa

Já é utilizada uma considerável percentagem de maquinaria, é

habitual o uso da maquina de corte de carne, a maquina de

temperar e misturar, mas a fase da secagem continua nos mesmos

moldes de antigamente, por fumeiro a lenha de azinho

Produz lombo enguitado, toucinho enguitado, painhos,

paiolas, chouriço, morcela, cacholeira, farinheira,

linguiça fina, cacholeira fina, farinheira fina, bacon e

presuntos Médio Produtor 350 Kg de enchido por semana

Enchido de Alcains Salsibeira Alcains

Quanto ao processo de fabrico já tem algumas máquinas, por

exemplo para cortar, misturar e o próprio fumeiro que funciona

com base de fumo de lenha de azinho

Produz alheiras, bexiga com ossos, bucho, chouriço

tradicional e mouro, criolos, farinheira, maranhos,

morcela de arroz, morcela (assar e cozer), paínho, paio

do lombo, paiola, presunto sem osso, toucinho salgado e

fumado Médio Produtor 1000 a 1500 kg por semana

Fumeiro de Penha Garcia

Enchido de António

Nabais Cigano Penha Garcia

Processo de fabrico é totalmente artesanal, não usando nenhuma

máquina de apoio à produção

Produz chouriço mouro, morcela de abóbora, bexiga de

ossos, chouriça, paios, alheira, morcela de sangue,

farinheira Pequeno Produtor 100 Kg de enchido por semana

Enchido de Alpalhão Salsicharia Alpalhoense Alpalhão

Já é utilizada uma considerável percentagem de maquinaria, é

habitual o uso da maquina de corte de carne, a maquina de

temperar e misturar, mas a fase da secagem continua nos mesmos

moldes de antigamente, por fumeiro a lenha de azinho

Produz lombo enguitado, toucinho enguitado, painhos,

paiolas, chouriço, morcela, cacholeira, farinheira,

linguiça fina, cacholeira fina, farinheira fina, bacon e

presuntos

Médio/ Grande

Produtor 1200 Kg de enchido diariamente

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António José da Costa Jóia

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se os exemplos da SACIF (Idanha-a-Nova), dos enchidos Verganista (Sobreira Formosa) e da

Salsicharia Alpalhoense (Alpalhão), que primam por uma excelente qualidade e apresentação que

se estende desde os seus produtos à sua presença no mercado.

Nesse sentido, é visível uma tendência comum dos três médios produtores (SACIF,

Verganista e Salsicharia Alpalhoense), isto é, preocupação com divulgação e promoção, através de

desdobráveis publicitários, bastante apelativos e informativos, bem como o recurso a reclames e

sinalética nas unidades de produção, e a participação constante em feiras regionais e temáticas.

Ervas aromáticas

Fonte: elaboração própria

Nesta fileira, é de enaltecer o papel de algumas organizações, como a APPACDM, que tem

contribuído para o seu desenvolvimento e ao mesmo tempo inserção social de jovens com

dificuldades, inclusive portadores de deficiências físicas e motoras. Aponta-se como casos de

especial interesse o projecto BIOAROMAS que neste momento se desenvolve em Proença-a-Nova, e

o projecto da Quinta da Carapalha, da APPCDM em Castelo Branco.

2.2. Definição e Caracterização de PLTQT

Neste subcapítulo torna-se primordial caracterizar e definir o conceito de Produto Local,

Tradicional de Qualidade e Tipicidade (PLTQT) em todos os seus aspectos, na medida em que este

é composto por vários juízos e características próprias.

Nesse sentido, será também evidenciado o propósito, em descobrir um conceito (PLTQT)

que permita agrupar um conjunto diversificado de designações frequentemente utilizadas

(tradicionais, típicos, regionais, entre outros) para intitular os produtos em questão, que não

sendo termos sinónimos são empregues como tal, dificultando assim uma caracterização e

avaliação deste género alimentício.

2.2.1. Afinal o que é um PLTQT?

Em certa medida, os PLTQT referem-se a uma categoria de produtos únicos, isto pelas

matérias-primas utilizadas e pelos conhecimentos aplicados, bem como todos os usos e práticas de

produção, de consumo e de distribuição praticados através da sua comercialização e que como se

explicará mais adiante, recebem entre outras, a denominação de locais, regionais ou tradicionais.

Que segundo Barberis, C., citado por Martins e Ribeiro, são facilmente identificados pela sua

origem geográfica, pelo seu processo de produção e pelas suas qualidades intrínsecas, aparecendo

por isso, no contexto actual de reestruturação económica e social, como “uma das alternativas de

potencial desenvolvimento mais fecundas”. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 314)

Empresa/ Actividade Marca Localidade Processo de Produção Produtos/Gama Dimensão Volume de Produção

Ervas aromáticas do

Ladoeiro Ervas do Zoé Ladoeiro

Todo o processo de produção, tratamento, embalamento é

coimpletamente manual e bastante artesanal, sendo praticada

inclusive a agricultura biológica

Ervas aromáticas (12 variédades), chás (vasta

gama), azeite (3 tamanhos)

Pequeno

Produtor

30 espécies em produção

constante e mais 20 em

experiência numa área

total de 1,5 hectares

Ervas Aromáticas de

Proença-a-Nova Bioaromas

Proença-a-

Nova

Todo o processo de produção, tratamento, embalamento é

coimpletamente manual e bastante artesanal, sendo praticada

inclusive a agricultura biológica e pela mão de algumas crianças

portadoras de deficiência física ou mental

Ervas aromáticas (grande variedade) e

compotas

Pequeno

Produtor Não respondeu

Ervas aromáticas de

Castelo Branco

Quinta da

Carapalha -

APPACDM

Castelo

Branco

Todo o processo de produção, tratamento, embalamento é

coimpletamente manual e bastante artesanal, sendo praticada

inclusive a agricultura biológica e pela mão de algumas crianças

portadoras de deficiência física ou mental

Exploração de bichos de seda, produção de

casúlos e extracção do fio de seda por

processos semi-automáticos, abóboras, cebola,

couves, nabo, laranja, limão, erva cidreira,

alecrim, resumindo legumes, frita, sumos,

doces, plantas aromáticas e medecinais

Pequeno

Produtor Não respondeu

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Assim, segundo Henriques, J., este tipo de produtos que foram outrora símbolos do atraso,

mantêm-se nos dias de hoje, graças a esse mesmo atraso, e por estranho que pareça respondem

presentemente pelo nome de catalisadores e potenciadores do desenvolvimento económico local.

(Henriques, J., 2000, p. 23)

Reconhece-se actualmente, segundo Ribeiro e Martins, devido a estas mudanças, uma

importância acrescida de encontrar para estes produtos espaços de comercialização mais amplos,

redescobrindo propostas alternativas de venda e simultaneamente pensando em novas opções de

desenvolvimento, como forma de “inverter o ciclo de declive em que se encontram muitos meios

rurais”, combatendo assim a “situação de crise que afecta a generalidade dos meios rurais

Europeus”. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 314)

Mas convém referir, nesta óptica que um PLTQT é ao mesmo tempo um novo produto, isto

porque o aspecto formal mesmo que se mantenha inalterado, tenta estar adequado às novas

tendências da procura, a nível sanitário cumprem-se uma série de normas higiénicas outrora não

exigidas, bem como o necessário acompanhamento a nível gustativo dos gostos e modas (sabores

menos fortes, menores percentagens de gordura, etc.), tendo sempre em conta o aumento da

exigência no que respeita ao aspecto e à apresentação.

Mas os PLTQT são ainda mais novos no que se refere à sua função social e ao seu significado

tanto para os produtores como para os consumidores, o que denota uma importante mudança na

lógica do consumo e da produção.

Na perspectiva de Bernat, em relação a este espírito de mudança imputado aos PLTQT,

trata-se basicamente de uma “recreação da tradição”, pois segundo a autora, estes produtos

“modernos” são o resultado de uma selecção de produtos já existentes, mas que assumem na

actualidade uma função diferente, mas actuando sempre como uma referência simbólica. (Bernat,

1996, p.94)

Torna-se de extrema importância, segundo a referida autora, ter em conta que actualmente

as considerações alimentares permanecem inseridas num sistema de representações da natureza e

da sociedade, por isso a ingestão de um simples produto equivale a tudo aquilo que este evoca.

(Bernat, 1996, p.95)

Segundo este panorama, pode referir-se que na ingestão de um PLTQT, incorporamos ao

mesmo tempo determinadas características que atribuímos a esse mesmo alimento, como indica

Bernat, valores e simbolismos que hoje em dia apontam para temas como a saúde, a ecologia, a

sustentabilidade, o natural, o rural, o local, o típico, que estão relacionados permanentemente

com o imaginário criado à volta do território de proveniência (“produtos da terra natal”), e que

são mais notórios na forma como o consumidor urbano recria o seu imaginário3 do espaço rural.

Desta forma, pode um PLTQT ser percebido ainda como um produto portador de um maior

nível simbólico, e por não estar directamente relacionado com necessidades básicas do

consumidor, simbolizar também luxo, distinção, modernidade, inclusive representarem um estilo

3 Este termo quando associado a um determinado produto, representa o conjunto de valores e simbolismos por este evidenciado.

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de vida, como no caso do vegetarianismo, ou no facto de possuir preocupações em consumir

produtos biológicos, ou exclusivamente produzidos numa determinada região.

Fala-se portanto no duplo significado de consumo de PLTQT, isto é a satisfação de uma

necessidade e obtenção de um determinado prazer.

Podem citar-se como exemplos de PLTQT Portugueses, entre outros, as alheiras de

Mirandela devido a ser um dos enchidos mais característicos da sua região, pela originalidade da

sua composição (mistura de carnes de várias espécies), pela seu peso histórico e cultural nas

gentes Transmontanas e pela quota de mercado alcançada no território nacional, que evidencia

plenamente o reconhecimento deste PLTQT pelos seus consumidores, como evidenciam, Ribeiro e

Martins no seu estudo sobre este produto/território.

Actualmente são utilizados variadíssimos termos para designar os PLTQT entre os quais o de

“regionais”, “tradicionais”, “típicos”, “locais”, de “qualidade especial”, “artesanais”, “rurais” e

um conceito bastante elucidativo desta pluralidade de referências nominativas, o de “bens

culturais” evidenciado por Ribeiro e Martins, quando assumem que estes produtos são o reflexo de

“todas as características diferenciadoras de um local, de um espaço e de uma região”,

funcionando como factores geradores e multiplicadores de sentimentos de “pertença e identidade

colectiva”. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 314)

2.2.2. Principais características dos PLTQT

Enquadramento

Na perspectiva de Kuznesof, S. et al., a conjuntura económica, social e política, que

circunda a agricultura e as zonas rurais, bem como os fenómenos de industrialização/inovação,

globalização, distribuição à escala Mundial, que directa ou indirectamente as afectam, são

factores que justificam a importância gradual que os PLTQT suscitam e que permitem o despertar

de produtores, técnicos, políticos, legisladores, investigadores, empresários, entre outros, que

desejam lutar contra a desertificação e despovoamento das áreas rurais, combatendo assim as

assimetrias já referidas, entre estes e os espaços urbanos. (Kuznesof,S. et al., 1997, p. 201)

Mas como salienta Bernat, este despertar colectivo não é suficiente para explicar na sua

plenitude, o fenómeno da crescente atenção em PLTQT, esta autora refere que esse interesse

provém de uma vaga sociológica favorável ao consumo de tais produtos, que respondem a novas

procuras, necessidades e expectativas dos consumidores. (Bernat, 1996, p.95)

Valceshini e Nicolas, citados por Tibério, Cristóvão e Abreu, explicam o interesse crescente

pelos PLTQT enunciando o facto de certos consumidores encontrarem-se conscientes que os graves

problemas associados ao meio ambiente provêm de uma industrialização da cadeia alimentar e das

mudanças tecnológicas desse sector, aumentando assim as incertezas destes quanto à fiabilidade

dos processos referidos. (Tibério, L., Cristóvão, A., et Abreu, S., 1996, p.95)

Este processo, na opinião dos mesmos autores, é acompanhado pelos poderes públicos, e

pode sintetizar-se em três eixos principais, as modificações no sector agrícola (Industrialização da

agricultura), as transformações no sector alimentar (insegurança do consumidor), e vaga

sociológica favorável ao consumo de produtos com as características de PLTQT.

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Importância

A importância socioeconómica dos PLTQT traduz-se, entre outros factores, segundo a visão

de Albert e Muñoz, pelo surgimento a nível europeu de políticas de desenvolvimento rural, que de

certo modo demonstram o interesse do poder político em incorporar abordagens baseadas na

qualidade, no território, na região, na defesa do ambiente e do património como possíveis

estratégias de desenvolvimento endógeno, facto que facilmente se constata com a publicação de

regulamentação comunitária, no sentido de apoiar a valorização dos PLTQT originários de zonas

geográficas conhecidas pela produção e/ou transformação dos mesmos4. (Albert, P. et Muñoz, A.,

1996, p. 59)

Um dos documentos publicados e referido pelos mesmos autores e que expressa

inequivocamente essa mesma vontade é a “Comunicação sobre o Futuro do Mundo Rural”

publicada em 1988, como a primeira afirmação importante de uma política europeia de

desenvolvimento rural indispensável.

Exclusão de Tecnologia

Deve ter-se em conta, segundo Bernat, que no âmbito da alimentação a intervenção

tecnológica é percebida como altamente perigosa, ao mesmo tempo que um crescente número de

consumidores, maioritariamente urbanos, aumenta as suas preocupações em relação ao impacto

das novas tecnologias aplicadas na agricultura, como por exemplo a biotecnologia, a manipulação

genética (animais e plantas), actividades que facilmente se vêm envolvidas em problemas

ambientais. Alguns destes temas, são vividos contemporaneamente, numa mistura de

desconhecimento e uma abundância de informação mediática, que apenas aumentam a

desconfiança, geram receios, plantam dúvidas e muitas vezes geram problemas éticos. (Bernat,

1996, p.91)

Nesta perspectiva aos PLTQT é atribuído pela autora, mais um significado, isto é, trata-se

de produtos vinculados a um local, a uma paisagem, mas sobretudo estão associados a uma forma

de viver e de fazer, com um maior conteúdo de natureza, com pessoas concretas envolvidas, que é

o mesmo que dizer existe um forte aspecto relacional de que os produtos industriais carecem.

Diferentes tipos de imaginário

No que se refere ao imaginário dos consumidores aliado a este tipo de produtos, que em

concreto caracteriza o valor simbólico implícito nos PLTQT, Bernat, identifica como principais

associações estabelecidas, o apego à ruralidade, a identificação com o próprio local (nacionalismo

alimentar), ou até o reconhecimento de ligações a outros locais (exóticos, orientais, etc.), o de

pertença a um modelo ideal de comunidade, à saúde, ao prazer e ao prestígio. (Bernat, 1996,

p.91)

Na óptica de Bernat, facilmente se entende que um descobridor de especialidades

alimentares, tem na partilha do conhecimento e da informação acerca dos PLTQT um regozijo

4 A titulo de exemplo, pode citar-se o Regulamento CEE nº 2092/91 (Relativo ao modo de produção biológico), o Regulamento CEE nº 2078/92 (relativo as medidas agro-ambientais) e os Regulamentos nº 2081/92 e 2082/92 relativos as DOP, ETG, IGP.

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especial, sentindo um prazer amplificado quando oferece e desvenda este tipo de produtos, a

amigos e conhecidos, sendo disso reflexo o sinal de prestígio que a superioridade entre

conhecedores e iniciados comprova. (Bernat, 1996, p.93)

Torna-se por isso necessário decompor a sigla PLTQT, em todos os conceitos que lhe estão

implícitos, sendo de primordial importância esclarecer como cada um interfere e se relaciona com

a concepção central.

2.3. Tipicidade, Tradição e Arte

O presente estudo progrediu, como já foi referido, em torno de distintos conceitos, entre os

quais se podem realçar o de tradicional, o de típico e o de qualidade, concepções que pela sua

importância e contemporaneidade merecem ser explanadas. Pode considerar-se imprecisa a

definição destes conceitos, redigida no regulamento nº2081/92 (anexo), existindo a necessidade

de recorrer a vários autores para o seu correcto esclarecimento.

2.3.1. Produtos Típicos (Tipicidade)

Do conceito de produto típico, segundo Albert e Muñoz, “todo o Mundo tem uma ideia

intuitiva do que se trata”, mas depois de um aprofundamento da matéria, conclui-se que o

conceito de tipicidade não esta definido de forma nítida e espontânea. (Albert, P. et Muñoz, A.,

1996, p. 58)

Os mesmos autores, pronunciam que o conceito de típico, num produto destas

características, poderá estar relacionado a elementos como a “proveniência geográfica, à sua

antiguidade ou permanência temporal, aos métodos de fabrico, às matérias-primas utilizadas na

sua confecção, o reconhecimento dos consumidores, a sua qualidade, os costumes associados ao

seu uso ou produção ou a todos estes simultaneamente”. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 58)

São produtos de carácter típico aqueles que a sua confecção baseia-se em conhecimentos e

métodos ancestrais do saber fazer, repletos de uma sabedoria que já provem de há muito tempo,

através de uma cadeia de transmissão inter-geracional que passa de mães para filhas, e que o

autor Silva, L. citado por Ribeiro e Martins, considera amplamente referenciados em obras

literárias dos mais variados estilos, desde a literatura histórica, passando pela de ficção até à

poesia. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 318)

De forma idêntica, Barberis defende como produto típico, aquele que a partir das

“estruturas de um território” (localização geográfica), uma “certa qualidade da matéria-prima”

(resultante do clima, solo, raças animais e variedades vegetais), “certas técnicas de preparação”

(leais e constantes), desenvolveu, na continuidade da sua tradição, um mercado que mantém,

frequentemente, em contacto directo os seus intervenientes, neste caso apenas consumidor e

produtor. (Barberis,1992,p.7)

Nesta perspectiva, o produto típico terá uma relação especial com mercado e o seu

processo de distribuição assentará preferencialmente em circuitos curtos de comercialização.

No geral, assume-se que existe a necessidade de uma clarificação dos conceitos que estão

na base e/ou que podem funcionar como factores de Tipicidade, entre os quais, estão o de

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qualidade, diferenciação e território, ou em torno dos quais ela pode articular. (Albert, P. et

Muñoz, A., 1996, p. 59)

Pode assim definir-se, segundo estes dois autores, produto típico como sendo aquele de tem

de estar ligado espacialmente a um determinado território e culturalmente a costumes, hábitos e

modos, mas tudo isto com um mínimo de permanência no tempo (história, antiguidade) possuindo

características qualitativas particulares que o diferenciarão dos demais produtos. (Albert, P. et

Muñoz, A., 1996, p. 61)

Os produtos agro-alimentares típicos podem ser agrícolas ou pecuários, sem sofrerem

nenhuma transformação, ou também produtos obtidos mediante um processo de transformação,

que normalmente é de primeiro nível. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 61)

No que se refere aos produtos agrícolas ou pecuários, a Tipicidade é dada pelo produto em

si, onde a diferenciação está mais associada a factores e características naturais do território

(condições edafoclimáticas) do que a processos particulares de cultivo ou criação. Já nos produtos

sujeitos a transformação, ao contrário a Tipicidade advém do método particular de elaboração,

culturalmente enraizado, onde as matérias-primas podem inclusive ser provenientes de uma outra

região sem com isso perderem o seu carácter típico.

Em relação ao reconhecimento dos produtos típicos, estes não precisam de ser apoiados por

sinais (imagens, grafismos, etc.) que não o seu nome genérico e a sua origem, como exemplificam

no seu estudo Albert e Muñoz, em relação ao anis de Rute, ao presunto de Jabugo, aos

amanteigados de Estepa. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 61)

Mas com isto não pretendem afirmar que não é conveniente ter associado a esse produto

uma marca, um design, uma certificação, como forma de garantir a qualidade, o seu

desenvolvimento e uma força para sua diferenciação.

Pelo contrário, a concentração empresarial pode resultar num obstáculo à diferenciação e

em situações extremas levar inclusive ao desaparecimento da indústria artesanal em prol de um

maior nível tecnológico.

No caso do território de excelência do Geopark Naturtejo, existe um número significativo de

produtos que podem considerar-se como portadores de tipicidade (produtos típicos), são exemplo

disso a variedade de queijos existentes, nas suas inúmeras formas de produção e de consumo, que

segundo Ribeiro e Martins são uma forma clara de revelar toda a diversidade do território, as

especificidades físicas locais e como já referido edafoclimáticas, bem como as particularidades da

sua história, da sua organização social e os modos de vida das populações ai existentes, em suma o

concentrado da diversidade e complexidade da região em causa, entendida, aos olhos de Frémont,

A., citado pelos mesmo autores, como um “espaço vivido”. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p.

318)

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2.3.2. Produtos Tradicionais

Nesse sentido, para Bernat os produtos são tradicionais, na medida em que resistem aos

efeitos do tempo, sempre se confeccionaram em determinado local e de uma determinada

maneira de fazer e conservam em menor ou maior grau, as características que os definem quanto

ao aspecto, textura e sabor. (Bernat,1996,p.88)

Nesta abordagem, os produtos agro-alimentares ditos tradicionais, são assumidos como

produtos portadores de grandioso conteúdo simbólico e cultural, associado a maior parte das

vezes, à ruralidade, à natureza, à nostalgia de um tempo passado, a um desejo de pertença a uma

dada região, de enraizamento, de um certo regionalismo, ao prestígio e ao prazer, à fé e religião

e às suas comemorações e manifestações. (Bernat, 1996, p.94)

Por seu lado, a título de exemplo, Ribeiro e Martins afirmam no seu estudo sobre as

“Alheiras de Mirandela” que estas constituem para as famílias trasmontanas umas das suas

principais fontes de reservas alimentares durante o ano, tanto para consumos quotidianos e

correntes como para consumos especiais, como festas e celebrações cíclicas, bem como para

certos dias de trabalho (vindimas, matança, etc.) acontecimentos familiares e pessoais

importantes (casamentos, baptizados, funerais, etc.) ou ainda para receber visitas. (Ribeiro et

Martins, 1996, p.313)

Por outro lado o mesmo estudo indica que em certas situações estes produtos também têm

carácter mercantil.

Bernat, alerta também para a necessidade de analisar as diversas modalidades de

distribuição e os diferentes canais de distribuição dos “produtos da terra”5, termo utilizado para

se referir aos PLTQT, como forma de interpretar o crescente interesse que despertam, e os

factores que influenciam no momento da decisão de os adquirir, como por exemplo os económicos

mas também culturais e emocionais (Bernat, 1996, p.86).

Nesse sentido, segundo a mesma autora, pode referir-se que um produto agro-alimentar

tradicional é, como foi referido, muito mais do que um simples alimento. Os símbolos e valores

implícitos na sua génese (paisagem, ruralidade, natureza, nostalgia, tradição), “tal como a marca,

os mitos, as lendas e os fantasmas também alimentam”. (Bernat, 1996, p.94)

Torna-se por isso, de extrema importância perceber o que o consumidor expressa e

contempla, quando consome este tipo de produtos (PLTQT), visto não haver um único imaginário

associado aos mesmos, podendo simultaneamente satisfazerem diferentes expectativas.

Além dos símbolos e valores já referidos, Ribeiro e Martins, destacam na mesma linha de

pensamento, os efeitos sociais dos PLTQT, na medida em que tradicionalmente eram oferecidos

para pagar favores divinos ou terrenos, bem como em forma de presente e dádiva, no sentido de

actualizar ou solidificar relacionamentos ou sentimentos de afecto entre familiares, amigos e

vizinhos. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 318).

5 Este conceito engloba em si duas ideias, por um lado um espaço/ território e por outro tecnologia/produção. São considerados produtos da terra visto se encontrarem relacionados a vários níveis com um território, produzidos a partir da terra ou seja de uma agricultura convencional, extensiva e tradicional por oposição aos produtos oriundos da agricultura intensiva, isto é “sem terra”. Berard e Marchenay, citados em Estudo de identificação de Produtos Tradicionais com Tipicidade e Potencialidades Económicas.

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2.3.3. Produtos Artesanais

Outra concepção, referida por Bernat, que muitas vezes aparece associada a estes produtos

é a de artesanal, isto é, além de se apostar no conhecimento e divulgação da sua proveniência e

origem (rural, local), procura-se destacar o facto de também serem artesanais, inclusivamente no

caso de produtos agro-alimentares não transformados, em que o que lhes confere a característica

é o facto de serem cultivados e produzidos com o recurso a técnicas menos agressivas, limpas,

sustentáveis e por isso com um maior respeito pelo meio ambiente (agricultura integrada e

biológica, técnicas permaculturais). (Bernat, 1996, p.87)

Mesmo que a palavra “artesanal” faça uma referência quase que exclusiva ao facto de a

produção ser feita à mão, na perspectiva de Bernat, e no caso dos produtos em questão, ela ganha

uma amplitude diferente, onde passa a ser evidenciado o facto de esta última estar relacionada

com o “natural”, o “descontaminado”, o “tradicional”, o “rural” e por isso funcionar como

oposição à produção industrial e ao urbano. É igualmente referido, que na sua acepção mais

radical “artesanal”, pode inclusive simbolizar uma forma de vida que se concebe como oposta à

forma de viver urbana e industrial. (Bernat, 1996, p.87)

2.4. Produtos de Qualidade

É um princípio económico, geralmente aceite, e referido pelo autor Fragata, A., que a

diferenciação de produtos que tenha por base uma determinada qualidade, proporciona a prática

de preços mais elevados e por isso margens mais confortáveis e aliciantes. (Fragata, A., 2003,

p.453)

Na perspectiva de Bernat, o conceito de qualidade merece uma atenção particular visto

estar directamente relacionado com este tipo de produtos, na medida em que para diferentes

qualidades surgem diferentes formas de comercialização, isto é, existem diferentes mercados a

explorar quer se trate de um PLTQT ou de um produto estandardizado (industrializado), no caso

dos primeiros é importantíssimo estimular-se o contacto directo entre produtor e consumidor, pois

as relações interpessoais são imprescindíveis para aumentar a qualidade percebida destes

produtos. (Bernat, 1996, p.93)

Convém, igualmente, referir que o conceito de qualidade, além de ser uma noção relativa,

conglomera duas perspectivas, a interna e a externa, por isso a relevância atribuída, por um lado,

à imagem de apresentação dos PLTQT perante o consumidor (design, packaging, sustentabilidade,

entre outros valores), e que esta esteja intimamente relacionada e associada com o território em

questão, e por outro lado, a pertinência de aspectos como a sua composição, as matérias-primas

utilizadas, o modo de produção empregue e as certificações. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 57)

Por outro lado E. Barco (1995) citado por Bernat, refere que aos PLTQT estão associados

dois conceitos principais, o de qualidade e o de origem, o que segundo a autora, é uma visão

redutora, pois não basta garantir a proveniência para garantir uma qualidade.

Assim é necessário, na sua opinião, enfatizar igualmente os saberes e procedimentos

ancestrais, e identificar a qualidade a vários níveis, como por exemplo os aspectos higiénicos e

sanitários, as propriedades nutricionais, suas características organolépticas e muito importante a

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qualidade de ordem simbólica, isto é o conjunto de valores sociais que o respectivo produto

encerra em torno de si, e como é percebida essa mesma imagem pelos consumidores, e quais são

as suas expectativas futuras.

Neste sentido, está comprovado o esforço empregue pelos vários Estados da CE, em prol das

Denominações de Origem Protegida e outras formas de garantia oficial da diferenciação de

produtos, assente no binómio qualidade-território. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 58)

Em Portugal e Espanha, segundo Ribeiro, J. e Santos J., estão a ser realizados alguns

estudos que apontam para o tema dos produtos tradicionais com tipicidades e potencialidades

económicas, e através dos quais são efectuados quer levantamentos desses produtos, bem como,

observados os seus impactos a nível de desenvolvimento rural. (Ribeiro, J. et Santos J., p.16)

Na opinião de alguns autores, como por exemplo Albert e Muñoz, socorrendo-se de uma

linguagem corrente, qualidade refere-se à generosidade ou excelência neste caso de um produto e

na sua capacidade de satisfazer uma necessidade, mas nem sempre é assim, pois em rigor não tem

de ser um produto de “qualidade superior”. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 59)

Em linguagem técnica, segundo os mesmos autores, “qualidade significa carácter”, ou seja,

o conjunto de propriedades, características e atributos de um produto que permitem identifica-lo

e principalmente distingui-lo de outro produto, não estando implícita e obrigatoriamente uma

conotação de excelência. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 59)

Por fim, em linguagem económica e mais especificamente em marketing, o elemento

determinante da qualidade reside na sua funcionalidade ou aptidão, isto é a adequação ao uso que

se pretende dar ao produto, nesta situação também não se aplica uma conotação valorativa,

sendo que o conceito de “boa qualidade”, segundo Córdoba e Torres, é subjectivo, relativo e

dinâmico. (Córdoba e Torres, 1990, citados por Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 59)

Refira-se, que em todos os sentidos de qualidade apresentados, torna-se fundamental o

emprego do conceito de diferenciação, quer seja desde a fase da produção e apresentação

(componente qualitativa interna) ou desde o reconhecimento das diferenças pelo consumidor,

também chamada de imagem percebida do produto (componente qualitativa externa). (Albert, P.

et Muñoz, A., 1996, p. 59)

Num estudo da Comissão das Comunidades Europeias (CCE) onde são referidos os produtos

com características qualitativas particulares, mencionam-se 4 elementos críticos para se

considerar um produto como tal, designadamente a satisfação (prazer, identificação, etc.), o

serviço (comodidade, tempo, etc.), a segurança (inocuidade, resistência, fiabilidade, etc.) e a

saúde (valor nutricional, danos para o organismo). Acontece que por vezes, frequentemente no

caso dos PLTQT, que apenas se respeita um dos elementos, isto é a satisfação, pois no caso dos

outros elementos críticos, por exemplo de existência de qualidade, este tipo de produtos são

adversos à saúde (enchidos gordos, sal, etc.), muitas vezes à segurança (condições fitossanitárias

onde são confeccionados) e também ao próprio serviço.

Nesse mesmo estudo, Itália e França são apontados como os países líderes em termos de

importância relativa dos seus produtos com características qualitativas particulares, reflectindo-se

tal facto nas suas quotas de mercado, respectivamente 11,6% e 10,6%, seguindo-se países como a

Grécia (8,1%), Espanha e Bélgica (ambos com 6,1%). No extremo oposto temos países como Irlanda

(1,0%), Grã-Bretanha (2,8%) e Holanda e Dinamarca (ambos 3,1%).

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2.5. Produto Local

Segundo a perspectiva de Realinho, A., conforme a própria terminologia evidência, os

produtos locais estão “associados a determinado local, beneficiando da tipicidade ai existente”,

bem como do saber-fazer característico, sendo na sua opinião, a Beira Interior Sul (BIS) uma sub-

região de elevado potencial neste campo, apresentando-se muitos destes produtos como

autenticas “alavancas para o desenvolvimento sustentado”, principalmente dos territórios rurais.

Ao nível dos produtos locais da fileira agro-alimentar, o mesmo investigador destaca alguns,

nomeadamente o queijo de Idanha-a-Nova e de Alcains (queijo de ovelha, queijo de mistura e

queijo picante) que devido à sua comprovada qualidade, representam a DOP- Queijo da Beira

Baixa, o azeite com denominação de origem (DOP- Azeite da Beira Interior), os doces regionais

(borrachões, broas de mel, biscoitos e pantufas), bicas de azeite e pão caseiro, mel e enchidos.

2.6. Diferenciação

Na óptica de Albert e Muñoz, “a diferenciação é simplesmente o oposto de standartização.

Podendo ser observada de duas diferentes perspectivas, uma desde a óptica dos produtores que

obtêm assim preços mais elevados para a venda dos seus produtos, alcançando por vezes situações

monopolistas. E uma outra do ponto de vista dos consumidores, onde a diferenciação produz um

maior grau de satisfação a estes, devido em parte, a uma maior adaptação às suas necessidades.

(Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 60)

Segundo as investigações dos mesmos autores e no que respeita aos produtos agro-

alimentares, denota-se um crescimento acentuado dos sectores que se opõem ao consumo massivo

e indiferenciado. Podendo a diferenciação qualitativa ser entendida como a base da tipicidade,

estando por si só ligada à origem do produto, que é o mesmo que dizer ao território. (Albert, P. et

Muñoz, A., 1996, p. 60)

Neste sentido, são vários os autores (Latablier et Nicolas, 1994) que defendem que a

diferenciação implica a valorização do local em relação ao global, o rural relativamente ao

urbano, o endógeno frente ao exógeno, o pessoal frente ao anónimo, o artesanal em oposição ao

industrial e tudo isto numa tripla dimensão, geográfica, histórica e cultural. (Latablier et Nicolas,

1994, citados por Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 60)

Assim:

• Geograficamente, o território condiciona obrigatoriamente a produção devido às suas

características edafoclimáticas naturais (tipo de solo, clima, relevo, litologia,

temperatura, entre outras) provocando desta forma uma diferenciação natural, que

aumenta quanto mais básico for o produto em questão;

• Culturalmente, o território contempla tipicidade, e consequentemente diferenciação,

ao estabelecer a ligação entre a produção e consumo de um determinado produto a

costumes, tradições ou representações colectivas à volta do mesmo.

• Historicamente, a tipicidade reflecte-se pela ancoragem no tempo de um determinado

produto, isto em relação às práticas e métodos usados, nos conhecimentos ancestrais

que passam de geração em geração e que provam uma certa anterioridade,

continuidade e permanência.

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2.7. Consumo e oferta de PLTQT

Segundo Lucas, M., neste ponto é importante assumir que o consumidor desempenha um

papel determinante para que os produtores dos PLTQT possam disponibilizar no mercado uma

oferta que dê resposta adequada às necessidades de consumo. Atribui-se às mudanças sociais e às

inovações tecnológicas, os factores com maior peso neste assunto, e que são capazes de introduzir

as mais profundas modificações quer do lado da procura quer do lado da oferta. (Lucas, M., 2004,

p.5)

O consumo de PLTQT, tanto de produtos alimentares como de bebidas, varia em função de

um vasto conjunto de factores com diferentes graus de importância, assim conforme Gomes, R.,

Castelo Branco, L. e Sá, J., podem destacar-se como de maior relevância, a oferta de produtos no

mercado, o poder de compra do consumidor, o factor sazonal e por fim a educação do consumidor,

no que respeita ao aspecto nutricional e à sua própria saúde. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá,

J.,2005, p. 19)

Segundo os mesmos autores, deu-se um crescimento exponencial da oferta de produtos

alimentares (tanto de PLTQT como dos restantes), devido ao progresso científico e tecnológico, ao

mesmo tempo que novas tecnologias permitiam modificar hábitos de consumo, como por exemplo

a capacidade de conservar todo o tipo de alimentos a baixas temperaturas. (Gomes, R., Castelo

Branco, L. et Sá, J.,2005, p. 21)

Neste sentido, na perspéctica dos autores referidos no parágrafo anterior, a oferta de

PLTQT tem uma forte relação coma evolução demográfica, constituindo o baixo saldo fisiológico

(saldo natural) da população Portuguesa (decréscimo da taxa de natalidade), com os seus elevados

índices de envelhecimento e crescimento da imigração, realidades importantes com implicações e

condicionamentos no lado da oferta. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá, J.,2005, p. 20)

De acordo com estudos estatísticos, publicados pelos autores Gomes, R., Castelo Branco, L.

e Sá, J., no seu estudo sobre novos produtos de valor acrescentado, verifica-se em Portugal, que

por um lado, o número de residentes com mais de 65 anos de idade, duplicou entre 1960 e 1991

(representando 20% dos lares portugueses), por outro que existe um fenómeno da alteração do

papel da mulher na sociedade em relação ao mercado de trabalho, hoje em dia 62% das mulheres

com idades compreendidas entre os 15 e 65 anos encontram-se empregadas, o que faz que estes

grupos tenham menos tempo para actividades domésticas, factos estes que não podem passar

despercebidos à industria alimentar e em termos de resposta da oferta surgem novos produtos,

com valor acrescentado e completamente adaptados as novas necessidades, como por exemplo, as

refeições congeladas, os produtos pré preparados. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá, J.,2005,

p. 19)

É por isso aconselhável, na opinião de Gomes, R., Castelo Branco, L. e Sá, J., que os

promotores da oferta, se mantenham atentos a todas as tendências de natureza quantitativa e

qualitativa que levam a alterações do perfil do mercado, caso contrário, correr-se-á o risco de

perder novas oportunidades ou inclusive de contribuir para uma oferta desajustada com o tamanho

do mercado, tanto por excesso como por defeito. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá, J.,2005, p.

20)

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2.8. Selecção de PLTQT

Em primeiro, convém referir que a selecção de PLTQT realizada neste estudo, foi realizada

tendo em conta todo um conjunto de variada informação (dados estatísticos, depoimentos,

bibliografia) recolhida nas através do recurso às várias fontes utilizadas, nomeadamente, nas

entrevistas, nas reuniões de trabalho, nos manuais, estudos realizados anteriormente e em

pesquisa na internet.

Num momento posterior, focalizando os mesmos dados, foram identificadas várias

produções/produtos/produtores, elegidos com base em critérios de selecção dos PLTQT, tais como

a sua importância histórica, a sua tipicidade, a sua tradição, a sua qualidade (produtos biológicos),

o seu local de produção, forma de diferenciação, a capacidade de produção, a normalização e

certificação.

Como resultado da aplicação deste conjunto de critérios e da metodologia empregue, à

vasta lista de produtos e seus produtores, elaborada no início deste estudo (apresentada no ponto

1 deste capitulo), foram estudadas nove fileiras de micro, pequenas e médias produções,

azeite/azeitonas, queijo, enchidos, doçaria regional (bolos secos), aguardente (medronho),

licores, compotas, mel e ervas aromáticas.

No seguimento da análise das referidas fileiras, permite este estudo sintetizar, por um lado,

que poderão estar as produções de PLTQT em fase de declínio, mas continuando a apresentar uma

acrescida importância para a economia local, que a oferta não está organizada de forma a

responder as solicitações de um conjunto de intervenientes no processo (distribuidores, grossistas,

potenciais consumidores turistas) e por outro que alguns sistemas de produção apresentam-se

tradicionais e por isso facilmente adaptáveis ao modo de produção biológico, sendo que assim os

produtores podem solicitar o uso de marcas de qualidade particular (Modo de Produção Biológico,

Modo de Produção Integrada, DOP, ETG, IGP).

2.9. Normas e Legislação

Na opinião de Treager, A. et al, evolução da indústria alimentar, com a consequente

utilização de um amplo conjunto de ingredientes (naturais e artificiais) de composição química

variada e complexa, destinados a diversas funções (conservar, corar, gasificar, entre muitos

outros), o aumento das trocas comerciais, a existência de um público mais informado e

preocupado com aspectos relacionados com a sua saúde e proveniência dos produtos, torna

imprescindível estabelecer e aplicar regras para disciplinar o mercado e simultaneamente

proteger os consumidores. (Treager, A. e tal, 2007, p.15)

É neste contexto que surge o que os mesmos autores intitulam de uma “nova era” em

termos de informação destinada ao consumidor, garantindo em parte os padrões de qualidade

exigidos, assim no caso de Portugal com a sua integração no espaço da EU, foram transpostas

normas rigorosas, que vieram regular e beneficiar todo o mercado. (Treager, A. e tal, 2007, p.15)

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Certificação

Como já foi referido, faz parte deste estudo, como se verificará em capítulo posterior, a

discussão de formas de valorização, promoção e comércio dos PLTQT. Nesse campo a certificação

ou qualificação assume-se como uma possível via para esse objectivo e inclui a Denominação de

Origem Protegida (DOP), a Indicação Geográfica Protegida (IGP), Modo de Produção Biológico

(MPB), Modo de Produção ou Protecção Integrada, a Especialidade Tradicional Garantida (ETG) e a

Produção Artesanal Reconhecida (PAR).

Evidenciando-se através da certificação uma preocupação oficial e institucional do poder

político, cada vez mais notória, proveniente da indispensabilidade de promover as condições e a

qualidade de vida das populações das regiões desfavorecidas, apelando à diversificação e

valorização dos recursos endógenos. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 330)

Foi em 1992 que através de uma normativa comunitária se conseguiu criar mecanismos

adequados e novas condições apropriadas à defesa e à valorização dos produtos agro-alimentares

tradicionais, com vista à sua salvaguarda tanto no plano económico como cultural.

A certificação pode ser definida, como o realizaram Ribeiro e Martins, como sendo um

conjunto de normas definidoras do carácter qualificado e tradicional dos produtos em questão,

bem como promover o seu controle e avaliar a sua autenticidade em defesa da sua qualidade.

(Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 328)

Assim, segundo as mesmas autoras, este processo constitui em primeiro lugar um

instrumento ao serviço da penetração de mercado mais eficaz para os PLTQT uma vez que é

garantida automaticamente uma vantagem competitiva, pela possibilidade de aumentar os preços,

alargando o alcance da oferta a outros mercados, aumentando os lucros dos produtores e em

ultimo lugar para permitir uma maior fidelização e permanência das populações às suas terras de

origem. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 328)

Com vista à correcta definição e enquadramento legal, destes conceitos, ao abrigo dos

Regulamentos (CEE) nº 2081/92 e (CE) nº 510/2006, entende-se por “Denominação de Origem

Protegida”, o nome de uma região, de um local determinado ou, em casos excepcionais, de um

país, que serve para designar um produto agrícola ou um género alimentício originário dessa

mesma região, desse local determinado, ou desse pais e cujas qualidades ou características se

devem essencial ou exclusivamente ao meio geográfico, incluindo factores naturais e humanos, e

cuja produção, transformação e elaboração ocorrem na área geográfica delimitada (JO, nº

L93/14/92,31/03/2006).

Figura 15 – Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares DOP

Fonte: Etiqueta DOP. (Magalhães, C., 2011)

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Por “Indicação Geográfica Protegida” entende-se o nome de uma região, de um local

determinado, ou, em casos excepcionais de um pais, que serve para designar um produto agrícola

ou género alimentício originário dessa região, desse local determinado ou desse pais e cuja

reputação, determinada qualidade ou outra característica podem ser atribuídas a essa origem

geográfica e cuja produção e/ou transformação e/ou elaboração ocorrem na área geográfica

delimitada (JO, nº L93/14/92,31/03/2006).

Figura 16 - Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares IGP

Fonte: MAGALHÃES, C., (2011)

Por “Especialidade Tradicional Garantida” entende-se qualquer produto agrícola ou género

alimentício tradicional que beneficie do reconhecimento da sua especificidade pela Comunidade,

por intermédio do seu registo em conformidade com o disposto no regulamento (CE) nº 509/2006

(JO nº L093, 31/10/2006). Para figurar no registo, o produto agrícola ou género alimentício deve

ser produzido a partir de matérias-primas tradicionais, ou caracterizar-se por uma composição

tradicional ou de um modo de produção e/ou transformação que reflicta o tipo de produção e/ou

transformação tradicional (JO nº L093, 31/10/2006).

Figura 17 - Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares ETG

Fonte: MAGALHÃES, C., (2011)

O modo de produção em regime de agricultura biológica distingue-se de outros sistemas de

exploração agrícola em diversos aspectos, neste caso é dada preferência aos recursos renováveis e

à reciclagem, devolvendo-se aos solos os nutrientes presentes nos resíduos.

A agricultura biológica respeita os mecanismos ambientais de controlo de pragas e doenças,

na produção vegetal e na criação de animais, evitando o uso de pesticidas sintéticos, herbicidas e

fertilizantes químicos, hormonas de crescimento, antibióticos e manipulações genéticas. Em vez

destes, os agricultores são obrigados a utilizar, na produção biológica, diversas técnicas que

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contribuem para o respectivo equilíbrio do ecossistema, para reduzir a poluição e para a prática

de permacultura.

O conjunto de reformas da Agenda 2000, na União Europeia (UE), veio reforçar

consideravelmente o papel do desenvolvimento rural, considerado desde então como "segundo

pilar" da PAC, com o respeito pelo ambiente como tema central. Com estas disposições em vigor, a

política de desenvolvimento rural deverá contribuir consideravelmente para a expansão da

agricultura biológica.

Para compreender o seu papel e funcionamento no âmbito da política agrícola da UE, é

necessário considerar a agricultura biológica numa série de contextos diferentes, tais como:

� As preocupações dos consumidores;

� A garantia e regulamentação da qualidade;

� A extensão actual da agricultura biológica na UE;

� O papel da produção agrícola integrada;

� A agricultura biológica e desenvolvimento rural.

Figura 18 - Antiga Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares provenientes de Agricultura Biológica (substituída)

Fonte: MAGALHÃES, C., (2011)

A partir de 1 de Julho existe um novo logótipo que será obrigatório usar em todos os

produtos biológicos pré-embalados produzidos nos Estados-Membros da União Europeia. Nos

produtos importados será facultativo. Juntamente com o rótulo da UE, poderão figurar outros

logótipos privados, regionais ou nacionais.

O logótipo vencedor resultou de um concurso à escala europeia, facultado a estudantes de

arte e design. Um júri de renome internacional apreciou os cerca de 3500 projectos concorrentes.

O autor da «Eurofolha» é Dusan Milenkovic, estudante na Alemanha, que recebeu 63% do total de

votos.

Figura 19 – Nova Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares provenientes de Agricultura Biológica

Fonte: EUROPA.EU (2011)

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A Protecção ou Produção Integrada, é um modo de produção agrícola que tem como

objectivo contribuir para o equilíbrio dos ecossistemas agrários, através da limitação natural dos

organismos nocivos e de outros meios de luta apropriados, a fim de impedir que os inimigos das

culturas ultrapassem a intensidade de ataque que acarretem significativos prejuízos económicos.

Ao adquirir um produto assinalado como sendo obtido em PI, o consumidor tem a garantia

de que o uso de pesticidas como meio de luta só pode ter lugar quando haja razões válidas, sendo

que, mesmo nestes casos, só podem utilizar-se determinados pesticidas, especificamente

aprovados para o efeito.

Os produtos obtidos em Produção ou Protecção Integrada são submetidos ao controlo podem

usar o logótipo da PI e a marca de certificação.

Figura 20 - Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares Produção/Protecção Integrada

Fonte: SATIVA (2004)

Segundo o Decreto-Lei nº 41/2001 de 9 de Fevereiro de 2001, designa-se por actividade

artesanal a actividade económica, de reconhecido valor cultural e social, que assenta na

produção, restauro ou reparação de bens de valor artístico ou utilitário, de raiz tradicional ou

contemporânea, e na prestação de serviços de igual natureza, bem como na produção e confecção

tradicionais de bens alimentares.

Para que seja possível gozar do estatuto e usar a respectiva etiqueta tem de ser cumpridos

determinados requisitos, tais como:

� A actividade artesanal deve caracterizar-se pela fidelidade aos processos

tradicionais, em que a intervenção pessoal constitui um factor predominante e o

produto final é de fabrico individualizado e genuíno, sem prejuízo da abertura à

inovação consagrada no artigo seguinte.

� A predominância da intervenção pessoal é avaliada em relação às fases do processo

produtivo em que se influencie ou determine a qualidade e natureza do produto ou

serviço final, em obediência aos requisitos referidos no número anterior.

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Figura 21 - Etiqueta destinada a produtos agro-alimentares de produção artesanal

Fonte: FELTROSOFIA (2009)

Pode referir-se como exemplo elucidativo, apontado por Mourno, L. citado por Ribeiro e

Martins, que Trás-os-Montes é a região do País com a denominação mais antiga, neste caso a do

Vinho do Porto, que em parte contribui para desencadear um processo de iniciativas locais com

propensão ao aparecimento de novas propostas de certificação de diversos produtos agro-

alimentares deste tipo (PLTQT). (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 314)

Com efeito, em consonância com o que referem Albert et Muñoz, as “Regulamentações

Tecno-sanitárias”, que perseguem a boa qualidade dos produtos agro-alimentares incidindo a sua

atenção nos elementos referidos anteriormente, satisfação, saúde, segurança e serviço, podem

constituir um obstáculo à promoção e desenvolvimento de muitos produtos típicos. (Albert, P. et

Muñoz, A., 1996, p. 62)

Da mesma opinião são Ribeiro e Martins, que alertam para o facto de este processo implicar

normas rígidas no âmbito higiénico sanitário, bem como do foro técnico e logístico, que logo à

partida pressupõem uma mudança e inversão de comportamentos e novas obrigações por vezes

desajustados com a dimensão produtiva, com a grandeza económica e com a tendência de um

processo de fabrico artesanal e rudimentar da produção. (Ribeiro, M. et Martins, C., 1996, p. 330)

Exemplo destas situações, é o caso do norte da Europa onde existe uma preocupação com a

sanidade e assepsia dos produtos típicos, estando estes em regressão, verificando-se precisamente

o contrário no sul, onde predomina o elemento satisfação. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 62)

Rotulagem

No caso português, temos um conjunto de legislação que estabelece directamente as regras

a observar exclusivamente na rotulagem de carne de bovino, permite-se na actualidade identificar

o percurso de cada animal (desde o nascimento até ao seu embalamento) e por outro lado

legislação especifica aplicável à rotulagem dos restantes produtos alimentares, onde se incluem os

PLTQT, sendo ambas resultantes de transposições de normas europeias, como referem os autores

Gomes, R., Castelo Branco, L. e Sá, J.. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá, J.,2005, p. 19)

Na actualidade existe um vastíssimo conjunto de legislação aplicável à rotulagem, bastante

volátil e com inúmeras particularidades, razões pelas quais não se elabora neste subcapítulo uma

listagem com base nessa pluralidade de diplomas, mas é elaborada uma reflexão sobre os aspectos

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essenciais da rotulação em relação à generalidade dos produtos alimentares, excluindo a parte

específica da rotulagem de carne bovina.

Resumidamente, a respeito de rotulagem de produtos alimentares, as informações

obrigatórias de constar, com base na Directiva 2000/13/CE do Parlamento Europeu e do Conselho,

de 20 de Março de 2000, relativa à aproximação das legislações dos Estados-Membros respeitantes

à rotulagem, apresentação e publicidade dos géneros alimentícios, são as seguintes:

� Denominação de venda;

� Quantidades;

� Data de durabilidade mínima;

� Data limite de consumo;

� Lote;

� Teor alcoólico (para bebidas de teor alcoólico igual ou superior a 1,2% vol.);

� Ingredientes (Informação qualitativa e quantitativa);

� Identificação do fabricante ou do embalador do produto.

Existe ainda legislação específica que obriga à inscrição de outros esclarecimentos para

géneros alimentícios com as seguintes particularidades:

� Géneros cuja durabilidade foi prolongada por gases de embalamento;

� Géneros que contenham edulcorantes;

� Géneros que contenham, simultaneamente, um ou mais açúcares de adição e um ou

mais edulcorantes;

� Géneros que contenham aspártamo;

� Géneros que contenham mais de 10% de poliólis.

Não pode ser estabelecida uma relação directa entre a informação obrigatória constante nos

rótulos e o valor acrescentado dos produtos, mas a sua inexistência, ou a dificuldade de leitura

podem contribuir para a rejeição do produto, caso que acontece frequentemente a produtos sem a

menção da data de validade.

2.10. Os PLTQT e o Território (locais de interesse)

Pretende-se, neste subcapítulo, identificar e definir uma tipologia de ralações possíveis

entre os PLTQT e o território, tendo por base a realidade do Território do Geopark Naturtejo, mais

precisamente os seis concelhos que o compõem, citando-se sempre que oportuno alguns casos

mais característicos e exemplificativos desta região.

No que se refere à relação produto/território, e com base num estudo efectuado na região

Andaluza, os autores Albert e Muñoz, identificam os “distritos industriais”, as “zonas marginais”

(zonas desfavorecidas), os “sectores específicos” e “valorização autóctone de produtos

genéricos”, como as quatro possíveis correspondências desse binómio.

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Procura-se assim estabelecer uma analogia entre o modelo desenvolvido por estes autores e

o território/produtos estudados nesta investigação em concreto.

2.10.1. Os PLTQT e os distritos industriais

Na perspectiva dos autores, os distritos industriais baseiam-se em zonas onde pequenas e

micro empresas desenvolvem as suas actividades em torno de um determinado sector económico,

e que devem obedecer a determinados requisitos, nomeadamente, divisão do processo de

produção para que se alcance a especialização das empresas, a existência de espírito

empreendedor com a participação de empresários (ex: jovens agricultores), aceitação do

desenvolvimento tecnológico, captação de população e aprendizagem colectiva, flexibilidade do

trabalho com a aceitação do part-time, solidariedade entre os membros da comunidade e

predominância de instituições adequadas. (Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 65)

Nesse sentido, alguns economistas italianos e franceses adaptaram o conceito referido

anteriormente aos produtos agro-industriais, surgindo assim o conceito de “distritos agro-

industriais”, que equivale a dizer, uma localidade ou zona geográfica especializada na produção

de um produto deste género, apontando como exemplo disso a região da Toscana (Parmigiano-

Reggiano) e a sua produção de derivados de carne de porco ibérico. (Lacoponi,1990 et

Fanfani,1991 citados por Albert, P. et Muñoz, A., 1996, p. 65)

Em Portugal, a título de exemplo, este conceito vê-se repercutido na região demarcada de

Vinho do Porto, visto se cumprirem todos os requisitos apontados anteriormente no que se refere

aos distritos industriais, onde por um lado, é claro uma intensa especialização de algumas

empresas do sector vitivinícola e o faseamento do próprio processo produtivo (produção de uva,

produção de vinho, envelhecimento, engarrafamento, promoção, distribuição e venda), ao mesmo

tempo que se desenvolvem indústrias anexas (vidro, rolhas, etc.). Por outro lado existe uma

tradição empresarial de proveniência inglesa, existe mão-de-obra especializada no processo

produtivo (enólogos, produtores, etc.) e uma mão-de-obra de cariz popular que trabalha em

equipa e alvo de aprendizagem colectiva e geracional.

Esta região de Portugal vê-se assim abraçada à existência de grandes empresas, de carácter

tecnológico, responsáveis por enormes volumes de produção comercializados através de uma

distribuição moderna ao nível global, sendo este o único requisito que poderia por em dúvida

tanto o conceito de “produto típico” como o de “distrito agro-industrial”.

Na zona do Geopark Naturtejo não podendo igualmente identificar nenhum distrito agro-

industrial, pode referir-se como exemplo, o concelho de Proença-a-Nova, mais precisamente a

zona do pinhal (Oleiros) e a sua produção de outro tipo de bebidas alcoólicas, nomeadamente, a

aguardente de medronho, que em muitos casos possui os requisitos de PLTQT, mas que não

cumpre os anteriormente referidos, pois mesmo que esta represente algum impacto económico na

região e que tenha algum património histórico associado (museus, antigas destilarias, etc.), estão

ausentes actividades complementares, instituições de apoio, pessoal especializado, e em alguns

casos, certificação, licenciamento e normalização.

Assim, o cumprimento da pluralidade destes requisitos potenciará o desenvolvimento

económico dessa região, bem como a promoção de mercados externos, e uma diminuição nos

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custos de transacção. (Coase,1937 et Williamson, 1995, citados por Albert, P. et Muñoz, A., 1996,

p. 65)

2.10.2. Os PLTQT e as regiões desfavorecidas

Pode considerar-se pelos autores supracitados, como regiões desfavorecidas, aquelas onde

mesmo existindo produção de produtos agro-alimentares típicos, estes não se mostram

competitivos quando comparados com os seus congéneres provenientes de outras zonas, visto

nestas últimas as condições de solo e clima serem de superior qualidade. (Albert, P. et Muñoz, A.,

1996, p. 65)

É comummente aceite, por vários autores, nomeadamente Henchion, M. et McIntyre, B.,

que este desfavorecimento leva ao abandono dos campos, à desertificação populacional do meio

rural, ao que as autoridades políticas tentam combater este fenómeno, com planos de

desenvolvimento rural que frequentemente se centram no turismo rural e em actividades

desportivas. Podendo, igualmente, utilizar a produção e comércio de PLTQT como uma estratégia

para suportar e fixar a agricultura em zonas desfavorecidas, como se descreverá mais adiante

neste estudo. (Henchion, M. et McIntyre, B.,2000, p.20)

Este é o caso do território do Geopark Naturtejo, que desde uns anos para cá, tem vindo a

constatar um desenvolvimento significativo ao nível do Turismo Rural, conforme dados fornecidos

pela entidade responsável - Naturtejo, bem como o aumento da oferta de PLTQT, tal como

progressos significativos na fileira do azeite, do queijo, do mel, das compotas, dos enchidos, da

doçaria regional, entre outros.

Nessa mesma perspectiva, o poder público desta região específica, incrementa de certo

modo a venda local de produtos com estas características, nomeadamente com o aparecimento de

lagares que vendem ao público, o surgimento de associações agro-pecuárias com maior poder

negocial, a constituição de cooperativas de queijo e carne onde se associam os vários produtores.

Pode afirma-se que um dos canais de distribuição frequentemente utilizado, no caso do

território estudado, é o da venda local, inclusive no próprio local de produção, em comércios

locais e em pontos de venda especializados, como é o caso de muitos produtores locais de azeite,

borrego, e outros de produtos que não sendo típicos, e apenas genéricos apresentam atractivos de

carácter natural, ecológico, provenientes de explorações onde é praticada agricultura integrada

ou biológica e de natureza sustentável.

2.10.3. Os PLTQT e os sectores específicos

Neste subcapítulo, de acordo com Albert et Muñoz, podem ser incluídos os PLTQT que

constituem a base de um determinado sector especializado, numa zona específica, mas que não

chegam a alcançar um peso significativo na actividade económica dessa mesma região. (Albert, P.

et Muñoz, A., 1996, p. 69)

Neste contexto, pode afirmar-se que um dos produtos mais típicos no território do Geopark

Naturtejo, é o queijo aí produzido e comercializado, nas variedades de ovelha, de cabra e de

mistura, também conhecido por queijo amarelo da beira baixa, que é apoiado por uma DOP, e que

cuja produção se encontra localizada numa zona geográfica concreta.

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Outro dos produtos típicos característicos desta zona geográfica é o azeite, nas variedades

galega, cordovil e bical, produzido com matéria-prima (azeitonas) local e com um processo

especifico de produção, em muitos dos casos biológico e de produção integrada, que mesmo

produzido noutras regiões de Portugal, quer a nível industrial como doméstico (“caseiro”), as

características deste são bem conhecidas pelos seus actuais e/ou potenciais consumidores.

Por outro lado tem-se a ressalvar que esta mesma zona geográfica produz uma percentagem

algo significativa da produção nacional, que se comercializa em todo o pais e que inclusive se

exporta. Neste caso a tipicidade é apoiada também pela quota de mercado da produção da zona

da beira baixa.

Assim à luz do modelo desenvolvido por Albert et Muñoz, pode afirmar-se que estamos

perante um “quase-distrito agro-industrial”, tendo por base, que a matéria-prima é da zona em

questão e tanto a elaboração desta como a dos produtos transformados apresenta características

específicas e especiais.

2.10.4. Valorização autóctone de produtos genéricos

A definição deste grupo, segundo o modelo seguido e o autor Blundel, R., é feita com base

num determinado número de produtos existentes no mercado mas que provêm de diversas regiões,

não apenas de uma região específica e por isso, são considerados como “produtos genéricos”, num

mercado onde a procura é realizada sem os consumidores terem em conta o local de proveniência.

(Blundel, R.,2002, p.15)

O mesmo modelo, distingue “produtos tradicionais de produção” e os “produtos introduzidos

actualmente”. Em relação aos primeiros, são referidos como exemplo os azeites virgens, os

produtos silvestres, também chamados de “frutos do bosque”, as plantas aromáticas e outros

como cogumelos (tortulhos, míscaros, etc.), trufas (criadilhas), pinhões e espargos, que uma vez

industrializados, isto é, cultivados, perdem grande parte das suas características, tornando-se

simplesmente homogéneos, mas se pelo contrário se mantiverem numa produção de carácter

silvestre e tradicional apresentam características similares aos já referidos produtos típicos.

Como exemplos do segundo grupo, os autores Henchion, M. et McIntyre, B., consideram uma

lista de produtos hortofrutícolas de produção tradicional ou de introdução recente que

apresentam na sua essência características de produtos genéricos com muito pouco de típicos, mas

com certas particularidades, nomeadamente época de produção, preços e quota de mercado entre

outros factores. (Henchion, M. et McIntyre, B.,2000, p.22)

Face ao exposto, facilmente é estabelecido o paralelismo com a zona do território do Geopark

Naturtejo, conselho de Idanha-a-Nova, pois é fácil encontrar queijo e azeite com características

de PLTQT, bem como produtos silvestres entre os quais os cogumelos, tortulhos, criadilhas

espargos, entre outros, de recolha de cariz artesanal.

Fazendo o mesmo tipo de analogia temos a melancia, especialmente da zona do Ladoeiro

(concelho de Idanha-a-Nova), como exemplo de um produto recentemente introduzido e com uma

quota de mercado bastante significativa, época de cultivo, e que adquirem algum grau de

tipicidade com a venda no local, aos visitantes da localidade (muitas vezes à face da estrada,

feiras temáticas, etc.)

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Capítulo 3. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO DO

GEOPARK NATURTEJO

O presente Estudo tem como território de análise e intervenção a área de actuação do

Geopark Naturtejo que engloba e abrange os concelhos de Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova,

Oleiros, Castelo Branco, Nisa e Idanha-a-Nova.

Da Raia à Beira Interior, passando pelo Pinhal Interior até ao Alto Alentejo, este torna-se

num território de elevado potencial turístico e com inúmeros factores de atracção. Devido a ser

uma região vasta mas de certa forma homogénea, o Geopark Naturtejo comporta uma vasta

variedade de PLTQT e outros produtos, tais como o turismo nas suas várias vertentes.

Sendo que este território é parte integrante de uma área que constitui a Beira Interior Sul

(BIS), que por sua vez, é englobado no distrito de Castelo Branco, pertencente à Região Centro.

3.1. Perfil do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional

Neste subcapítulo, será caracterizado o projecto e o território do Geopark Naturtejo Meseta

Meridional (GNMM) em si, referindo para o efeito, a sua origem e cronografia, a sua índole

administrativa, o seu enquadramento geográfico e ambiental, bem como a análise de alguns

indicadores disponíveis, nomeadamente em relação ao turismo e património cultural justificando o

interesse nesta iniciativa de elevado valor para a promoção e desenvolvimento sustentável da

Região Centro.

Figura 22 – Logótipo do Geopark Naturtejo

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

Refira-se a esta parte, o intuito de identificar alguns sítios de especial interesse (Geo-sítios,

Geo-quinta e outros), determinadas rotas, nomear as principais acessibilidades e esclarecer certos

conceitos e opiniões, tais como o geoturismo, como as vantagens e benefícios de pertencer à Rede

Europeia de Geoparques (REG), entre outros.

Este estudo exploratório, será realizado recorrendo a indicadores e dados estatísticos,

disponíveis e relacionados com o Geopark Naturtejo, inclusive recorrendo a uma vasta bibliografia

disponível, mas também a pesquisa de campo, contactos com os intervenientes, seus promotores e

entidades responsáveis.

Nessa perspectiva a denominação oficial deste geoparque é Geopark Naturtejo da Meseta

Meridional (GNMM) sendo neste Estudo usado o nome abreviado e pelo qual é mais conhecido,

Geopark Naturtejo.

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António José da Costa Jóia

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3.1.1. Âmbito Administrativo

A Rede Europeia de Geoparques (REG), da qual o Geopark Naturtejo faz parte, foi criada em

2000 por quatro geoparques pioneiros, nomeadamente, um em França (Reserva Geológica de

Haute Provence), um na Grécia (Floresta Petrificada de Lesvos), um na Alemanha (Geopark

Gerolstein/Vulkaneifel) e outro na Espanha (Parque Cultural de Maestrazgo), contando este

primeiro grupo com o apoio da UNESCO a partir de 2001, com a assinatura entre as duas partes, da

respectiva Convenção de Cooperação.

Figura 23 – Logótipo da Rede Europeia de Geoparques

Fonte: EUROPEAN GEOPARKS (2011)

A REG reparte-se actualmente por 18 países europeus6, com 49 geoparques. Em Portugal,

além do Geopark Naturtejo (inicio em 2006), existe desde 2009 o Geopark Arouca, existindo

paralelamente outros projectos em curso, nomeadamente o Projecto Geopark dos Açores e o

Projecto Geopark de Porto Santo.

Para a Rede Europeia de Geoparques, um Geoparque define-se como a melhor maneira de

conciliar a protecção e a promoção do património geológico com o desenvolvimento local

sustentável, através de Conservação, Educação e Geoturismo.

Resumidamente a REG tem traçados como objectivos primordiais, conforme informação

proveniente do seu website:

� Promover a geodiversidade;

� Promover a herança geológica junto do público em geral;

� Apoiar no desenvolvimento económico sustentável dos territórios dos geoparques

envolvidos.

6 França, Alemanha, Grécia, Espanha, Irlanda, Itália, Áustria, Reino Unido, Roménia, República Checa, Portugal, Escócia, Noruega, Finlândia, Islândia, Eslováquia, Hungria entre outros.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Figura 24- Mapa com a localização da Rede Europeia de Geoparques

Fonte: EUROPEAN GEOPARKS (2011)

Foi no ano de 2004, que durante uma reunião internacional realizada na sede da UNESCO

(Paris) se criou a Rede Global de Geoparques, com o objectivo de cobrir os geoparques fora da

Europa, integrando todos os geoparques Europeus.

Pretende a REG distinguir áreas naturais com elevado valor geológico, nas quais permaneça

uma prática uma estratégia de desenvolvimento sustentado baseado na Geologia, bem como em

outros valores naturais e humanos.

Seguindo-se um conjunto de acções e acontecimentos, nomeadamente a primeira

conferência internacional sobre Geoparques, realizada em Pequim, posteriormente a assinatura de

novo acordo entre as duas entidades (Declaração de Madonie). No ano 2006 e 2008, realizaram-se

duas novas conferências internacionais da UNESCO, uma na Irlanda do Norte (Belfast) e outra na

Alemanha (Osnabruck). No momento actual encontram-se ambas as redes (REG e RGG) em perfeito

funcionamento e expansão, incluindo novos Geoparques nas suas áreas de intervenção.

Figura 25 - Logótipo da Rede Global de Geoparques

Fonte: UNESCO (2011)

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Em Setembro de 2011, faziam parte da RGG UNESCO 87 Geoparques de 26 países do mundo,

dos quais como já foi referido, 49 pertencem à REG, 27 são da República Popular da China, 4 ao

Japão e os restantes pertencem 1 ao Brasil, 1 à Austrália, 1 ao Canadá, 1 ao Irão, 1 Coreia do Sul,

1 à Malásia e outro ao Vietname.

Figura 26- Mapa com a localização da Rede Global de Geoparques

Fonte: UNESCO (2011)

A ideia inicial de criar um geoparque nesta zona do interior de Portugal Continental, rompeu

num “Workshop Fosseis de Penha Garcia – Que classificação?”, reunião de trabalho sobre geologia

que teve lugar na Lapa do Castelo, em Penha Garcia, e que foi organizada pela Câmara Municipal

de Idanha-a-Nova (CMIDN).

Assim, num momento posterior, a Associação dos Municípios Natureza e do Tejo (AMNT),

decidiu em Março de 2004, através de um espírito de união e da partilha de objectivos, constituir

uma empresa de capitais maioritariamente públicos, a Naturtejo – Empresa Intermunicipal de

Turismo (EIM), da qual fazem parte, como elementos fundadores seis Câmaras Municipais, 5

pertencentes à Beira Baixa (Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova,

Oleiros) e uma apenas pertencente ao Alentejo, distrito de Portalegre (Nisa) e treze empresas

privadas.

Assim, em 2006, o primeiro Geoparque Português ingressa nas redes Europeia e Global de

Geoparques. Estas e as restantes fases do processo de criação do Geopark Naturtejo encontram-se

sintetizadas na seguinte tabela.

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Tabela 9 – Cronologia das fases da criação e integração do Geopark Naturtejo nas REG e RGG da Unesco

Fonte: elaboração própria

No que respeita à sua gestão e administração, o Geopark Naturtejo está a cargo da referida

empresa, que possui um Conselho de Administração constituído por um Presidente, um Vice -

Presidente, dois representantes de cada um dos municípios associados (sujeito a eleição), pelos

empresários sócios, fazendo parte ainda deste concelho três consultores, um geólogo e por fim,

um elemento nomeado directamente pelo Município de Idanha-a-Nova.

É adequado referir que, o geólogo pertencente ao concelho de administração e um outro

elemento, neste caso o presidente se não for geólogo, são ambos representantes do Geopark

Naturtejo na Comissão de Coordenação da REG.

A sede oficial do Geopark Naturtejo está instalada na Vila de Idanha-a-Nova, no centro

Cultural Raiano, já a sede administrativa localiza-se na cidade de Castelo Branco, mais

precisamente na Rua Conselheiro Albuquerque, 4 cave C.

A Presidência actual da Naturtejo EIM – é assumida pelo Sr. Eng. Armindo Jacinto (Vice -

Presidente do Município de Idanha-a-Nova e Vereador do Pelouro da Cultura, Turismo, Desporto e

Tempos Livres), sendo que um dos cargos administrativos deve ser ocupado por um geólogo,

função assumida neste caso por Carlos Neto Carvalho (Coordenador Científico do Geopark

Naturtejo).

Datas Fases

Julho de 2003

Ideia embrionária da criação de um Geoparque da Rede Europeia, que surgiu

durante o Workshop : Fósseis de Penha Garcia que classificação?

Março de 2004

Constituição da Naturtejo - Empresa Intermunicipal de Turismo, constítuida

pelas Câmaras Municipais de Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Vila Velha de

Ródão, Proença-a-Nova, Oleiros, Nisa e por treze empresas privadas. O

objectivo foi criar um projecto de turismo da Natureza - um Geoparque

Europeu

De Janeiro de 2004 a Agosto de 2005

Elaboração do Dossier de Candidatura, coordenada pelo Geólogo Carlos Neto

de Carvalho, a apresentar à REG

Agosto de 2005

Entrega do dossier de Candidatura à Comissão Nacional da Unesco que a

submeteu a esta Organização Internacional

Outubro de 2005 Apresentação da Candidatura à REG, em Lesvos, Grécia

Maio de 2006

Visita do Coordenador da REG - Prof. Nickolas Zouros - ao território Naturtejo

para avaliação da candidatura a Geoparque da REG

Julho de 2006

Votação pela Comissão de Coordenação da REG, em Inglaterra, por

unanimidade a favor da integração do Geopark Naturtejo na REG

Setembro de 2006

Integração oficial do geopark naturtejo na RGG da UNESCO, durante a 2º

Conferencia Internacional de Geoparques, em Belfast, na Irlanda do Norte

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Tabela 10 – Quadro resumo do corpo executivo do Geopark Naturtejo

Fonte: elaboração própria, adaptado de Catana, M. (2008)

3.1.2. Vantagens e benefícios de integrar o Geopark Naturtejo

Existe por parte do Geopark Naturtejo, conforme referido, a incumbência de participar com

dois representantes na Comissão de Coordenação da Rede, que reúne três vezes por ano e que

permitem um certo número de acções importantes, de certo modo um acompanhamento de todos

os acontecimentos, por outro a troca de informação entre os vários geoparques membros, bem

como a partilha de experiências, a criação de novos produtos, a definição de estratégias comuns,

a tomada de posição relativamente a novas candidaturas e também a avaliação do desempenho

dos actuais membros.

No caso concreto do Geopark Naturtejo, existe o desenvolvimento, a partilha e a promoção

de actividades com os outros geoparques da REG, podendo destacar-se como vantagens:

� A participação na Semana dos Geoparques Europeus, que acontece nos vários

geoparques em simultâneo, onde individualmente são preparadas actividades no seu

território e/ou em cooperação com outros geoparques membros;

� A troca de exposições sobre o património geológico com os outros membros –

Exposições dos Geoparques Europeus;

� O benefício resultante da promoção e divulgação nos restantes geoparques

europeus, visto existir obrigatoriamente em cada um, local destinado a colocar

informação da REG (European Geoparks Network Corner);

� A promoção e divulgação no website da Rede Europeia de Geoparques (EGN website

– www.europeangeoparks.org), na qual existem ligações para os outros restantes

membros;

� A publicação de artigos e usufruir de promoção e divulgação na revista anual da

REG, a “ENG Magazine”;

� A possibilidade de submeter candidaturas a fundos da União Europeia, à semelhança

dos restantes membros.

Nº de Elementos

Presidente do Concelho de

Administração da Naturtejo EIM 1

Administrativas 2

Geólogos 3

Antropólogo 1

Prof.ª de Biológia e Geologia 1

3

1

1

1

1

1

1

Marketing

Comercial em Espanha

Eventos

Feiras de Turismo / Planeamento

Actividades

Administração

Investigação

Turismo

Advocacia

Planeamento Financeiro

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

71

Assim como no caso das vantagens, também a inclusão do Geopark Naturtejo na RGG,

suscitou o aparecimento de vários benefícios, logo à partida fazendo parte de uma plataforma

mundial de cooperação e de partilha de conhecimentos entre especialistas e agentes no que

respeita a vários temas.

Nesse sentido, os principais benefícios reportam-se, por um lado, à possibilidade de partilha

de experiências e exemplos para melhores práticas e padrões de gestão para os seus territórios,

que sejam vocacionados e orientados para a preservação do património geológico numa estratégia

para o desenvolvimento económico regional sustentável. Por outro lado, permite a participação

activamente nas conferências internacionais de Geoparques, bienais e outras acções promovidas

pela RGG, bem como da promoção e divulgação no próprio website desta organização (World

Geoparks website – www.globalgeopark.org) que redirecciona e possui ligações a todos os

membros associados.

3.1.3. Âmbito Geográfico e Ambiental

O Geopark Naturtejo, sendo um dos exemplos europeus, localiza-se na Península Ibérica

mais precisamente na Zona Centro de Portugal, tendo a Este e Norte fronteira com a Espanha.

O seu território estende-se por uma área total de 4.627 km2 o que corresponde

aproximadamente a 5% da área total de Portugal Continental, sendo esta região composta por uma

cidade capital de distrito (Castelo Branco), 5 vilas (sedes de Município), perfazendo um total de 74

freguesias e mais de cem lugares.

As coordenadas geográficas do referido território são entre 39º20’N e 40º5’N (latitude),

entre 6º50’W e 8º10’ W (longitude) do Meridiano de Greenwich.

Figura 27 – Inserção do Geopark Naturtejo no contexto Nacional

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

O Geopark Naturtejo, como já foi referido, apresenta uma paisagem e um valioso

património geológico que conta a história dos últimos 600 milhões de anos, terra de vastas áreas

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aplanadas onde irrompem relevos residuais graníticos (Monsanto), sedimentares (Murracha,

Murrachinha, Pedras Ninhas) alinhamentos tectónicos (escarpa de falha do Ponsul, Sobreira

Formosa) e cristas quartzíticas (Penha Garcia, Ródão, Moradal, Monforte da Beira). As aplanações

são ainda cortadas pela profunda incisão da rede hidrográfica do Baixo Tejo.

Além dos recursos assinalados, a região do Geopark Naturtejo, possui um conjunto de

elementos com potencialidades naturais únicas, que entre muitas vantagens, facilitam o seu

posicionamento competitivo no mercado, reforçando inclusive a sua imagem, marca e os próprios

PLTQT.

Sendo frequentemente citados como exemplo desses argumentos, o conjunto alargado de

Geomonumentos, o Parque Natural do Tejo Internacional, as Aldeias do Xisto (Martim Branco, Foz

do Cobrão e Sarzedas), as Aldeias Históricas com a designação atribuída a Monsanto de “Aldeia

mais Portuguesa de Portugal”, as áreas protegidas e classificadas no âmbito da Rede Natura 2000

(Gardunha, Nisa e S. Mamede), das Important Bird Areas – IBA (Penha Garcia, Toulões, Serranias

Quartzíticas do Ródão) e das Árvores Monumentais.

Por outro lado, a história milenar deste território dotou-o de vários castelos, igrejas,

palácios, jardins e parques, dignos de uma diversidade arqueológica invulgar em Portugal, como

por exemplo, as ruínas da Civitas Egitânia em Idanha-a-Velha, as estações paleolíticas e a arte

rupestre do Tejo, as regiões megalíticas de Nisa e Rosmaninhal.

Sendo de evidenciar a nível social, a própria religião num apego muito forte às tradições,

com todos os seus sinais externos dessa mesma importância, romarias, procissões, igrejas/capelas

e locais sagrados. Igualmente a nível social, o extenso leque de exemplos de artesanato e outras

manifestações culturais (dança, trajes típicos, folclore, museus, etc.), exprimem o riquíssimo

património existente.

Sendo por excelência um território farto em gastronomia muito tradicional e de

Geoprodutos (muitos considerados PLTQT), bem como de uma série de Praias Fluviais, de extrema

beleza, onde se pratica facilmente o Desporto na Natureza, o geoturismo e o turismo de saúde e

bem-estar.

Geomonumentos

Numa região de grande heterogeneidade cultural, a Geologia é um elemento uniformizador

do território e é utilizada como estratégia de desenvolvimento sustentável de larga escala, num

projecto pioneiro em Portugal, planeado a médio/longo prazo.

Figura 28 – Imagens relacionadas com Geomonumentos

Fonte: elaboração própria, adaptado de GEOPARK NATURTEJO (2011)

A grande geodiversidade do Geopark Naturtejo reflecte-se num número significativo de

locais de interesse geológico, com mais de 170 locais de interesse foram identificados 26 geosítios,

desancando-se 16 geomonumentos, locais-chave para a interpretação da geologia e que

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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apresentam características monumentais, este é verdadeiramente um território de elevado

potencial turístico e com inúmeros factores de atracção.

Tabela 11 – Denominação e Localização dos Geomonumentos no Geopark Naturtejo

Fonte: elaboração própria

Por ser uma região vasta mas homogénea, o Geopark Naturtejo oferece uma grande

variedade de produtos turísticos, tendo como mais-valia comum a natureza e as excelentes infra-

estruturas.

Figura 29 – Mapa da localização dos Geomonumentos

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

Nº Geomonumento Concelho(s)1 Parque Icnológico de Penha Garcia Idanha-a-Nova

2 Monumento Natural das Portas de Almourão Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão

3 Garganta epigénica de Malhada Velha Oleiros

4 Rota das Minas de Segura Idanha-a-Nova

5 Miradouro das Corgas Proença-a-Nova

6

Inselbergegraníticos de Monsanto, de Moreirinha e

de Alegrios Idanha-a-Nova

7 Escarpa de falha do Ponsul

Nisa, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Idanha-

a-Nova

8 Tronco fóssil de Perais Vila Velha de Ródão

9 Meandros do rio Zêzere Oleiros

10 Canhões fluviais do Erges Idanha-a-Nova

11 Cascata da Fraga de Agua d'Alta Oleiros

12 Monumento Natural das Portas de Ródão Vila Velha de Ródão

13 Morfologias graníticas de Castelo Velho Castelo Branco

14 Blocos pedunculados de Arez-Alpalhão Nisa

15 Antigo Complexo Mineiro de Monforte da Beira Castelo Branco

16 Mina de ouro romana do Conhal do Arneiro Nisa

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Parque Natural do Tejo Internacional

O Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI) que se encontra inserido em pleno Geopark

Naturtejo, é na opinião de muitos autores, um dos mais importantes santuários de vida selvagem

da Europa, devido a um património natural riquíssimo, resultante da sua biodiversidade que se

mantém no seu estado mais puro, resultado evidente por representar simultaneamente uma área

protegida, a rede natura 2000 e uma IBA.

Localizado na transição entre a Beira Baixa e o Alentejo, a sua área abrange o vale do troço

fronteiriço do rio Tejo e seus afluentes (rio Erges a leste e rio Ponsul a oeste), incluindo os vales

confinantes e áreas aplanadas adjacentes, cobrindo uma área de 26.484 ha, que se estende por

território pertencente aos Concelhos de Castelo Branco (Malpica do Tejo, Monforte da Beira,

Cebolais de Cima), de Idanha-a-Nova (Salvaterra do Extremo, Segura e Rosmaninhal) e Vila Velha

de Ródão (Perais).

Figura 30 – Mapa da área do Parque Nacional do Tejo Internacional

Fonte: LIFECOOLER (2005)

A vegetação do parque inclui bosques de sobreiros, azinheiras e salgueiros ao longo dos

canais fluviais, sendo considerada uma área de nidificação de inúmeras espécies de aves, podendo

ser observadas no seu habitat natural, águias (águia-de-bonelli, águia real), abutres (abutre-

fouveiro, abutre-do-egipto), bem como populações de cegonhas-pretas, um conjunto mamíferos

alguns bastante raros, como a lontra-europeia, o gato bravo, o veado-vermelho, javalis e a gineta.

Coexiste no PNTI uma harmonia quase perfeita entre centenas de espécies animais e

vegetais e núcleos humanos tradicionais, representados por lugarejos rústicos e quase

despovoados, mas também por aldeias renovadas de casario recuperado.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Aldeias Históricas

Do conjunto das dez aldeias classificadas como históricas, duas encontram-se inseridas no

território do Geopark Naturtejo – Idanha-a-Velha e Monsanto – ambas localizadas no Concelho de

Idanha-a-Nova.

Figura 31 – Mapa das Aldeias Históricas

Fonte: CONFRARIA DO REGO (2007)

Sobre Idanha-a-Velha, outrora cidade romana Civitas Aegitidanorum (documentada desde o

ano 16 a.C.) é uma referência nacional a nível dos roteiros arqueológicos, pois encontra-se repleta

de vestígios dos vários povos e gentes que ali passaram (Visigodos, Árabes, guerreiros medievais,

templários e senhores da terra). São vários os pontos de interesse nesta localidade, a título de

exemplo, as suas próprias Muralhas e Torre de Menagem, a Porta e Ponte Romana do Ponsul,

Pelourinho, Capela de S. Dâmaso, Museu Egitaniense, entre outros.

No que se refere a Monsanto, recebeu em 1938 o título de “Aldeia mais portuguesa de

Portugal”, que para além de um magnífico casario em granito, muitas vezes apenas escavado na

rocha, possui um castelo medieval com duas torres, a do Peão e a de Menagem, as ruínas da

Capela de S. Miguel. É desta aldeia que são provenientes as famosas bonecas de trapos

(“marafonas”), com traje regional, sem olhos, nem boca, nem nariz ou ouvidos, que cabe às

raparigas transportarem no cortejo em honra de Nossa Senhora do Castelo ou das Cruzes.

Aldeias do Xisto

Portadoras de um aspecto extremamente pitoresco, implementadas normalmente em planos

extremamente acentuados, possuem um mimetismo com a própria paisagem, envoltas num

ambiente mágico muito característico, estas aldeias caracterizam-se por possuírem aglomerados

de pequenas construções de carácter popular, arquitectura simples e construídas em xisto

(palheiros, casas, fornos, ruas estreitas). Encontram-se espalhadas um pouco por todo o Geopark

Naturtejo, como exemplifica, a Aldeia da Figueira (Proença-a-Nova), Vila de Álvaro (Oleiros),

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Aldeia de Foz do Cobrão (Vila Velha de Ródão), e as aldeias de Sarzedas e Martim Branco (ambas

Castelo Branco).

Figura 32 – Imagens relacionadas com Aldeias do Xisto

Fonte: elaboração própria

As Aldeias do Xisto são constituídas por 24 aldeias distribuídas por 14 Municípios do Pinhal

Interior, na região Centro de Portugal, sendo este território, nos últimos anos, alvo de um

programa de requalificação que permitiu incrementar o seu desenvolvimento.

Figura 33 – Mapa das Aldeias do Xisto

Fonte: ALDEIAS DO XISTO (2008)

Rede Natura 2000

É uma rede ecológica europeia formada pelas Zonas Especiais de Conservação (ZEC) criadas

pela Directiva Habitats e pelas Zonas de Protecção Especial (ZPE) criadas pela Directiva Aves. É

uma forma de se manter a biodiversidade na União Europeia protegendo os ecossistemas, os

habitats e as espécies selvagens que estão ameaçados ou que são característicos de determinadas

regiões.

Neste momento, e inseridos no território em questão, fazem parte desta rede ecológica o

Parque Natural do Tejo Internacional, o Monumento Natural das Portas de Ródão (Vila Velha de

Ródão), a Serra da Gardunha (Castelo Branco), a Serra de Penha Garcia (Idanha-a-Nova), Campina

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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de Toulões (Idanha-a-Nova), Portas do Vale Almourão (Vila Velha de Ródão/Proença-a-Nova), Sitio

de S. Mamede e de Nisa- Lage de Prata (Nisa).

Está inserida no território do Geopark Naturtejo a Serra da Gardunha, sendo esta uma

elevação de Portugal Continental, com 20 km de extensão, 10 km de largura e 1227 metros de

altitude, localiza-se na Beira Baixa, distrito de Castelo Branco. É portadora de uma área com

fortes capacidades de conservação, de espécies arbóreas como carvalhos e de fauna como o

lagarto de água.

Outro exemplo, é o Monumento Natural das Portas de Ródão, que se distingue pela sua

exposição e beleza natural, sendo nesta área protegida perceptível uma grande diversidade da

fauna, avifauna (116 espécies de aves) e flora, bem como a presença de vestígios pré-históricos de

interesse nacional, que se encontram no leito do rio, no chamado Complexo de Arte Rupestre do

Vale do Tejo.

Assim como em S. Mamede, onde numa área de granitos do Alto Alentejo, de relevo de

peneplanície, onde existe uma ocorrência histórica da existência de lince-ibérico.

Important Bird Areas – IBA’s

As Áreas Importantes para as Aves (IBA’s) são reconhecidas mundialmente como uma

ferramenta prática para a conservação da natureza, permitindo concentrar esforços e optimizar

acções de conservação.

No caso de Portugal, identificaram-se 110 IBA’s, 93 delas terrestres (54 no Continente, 31

nos Açores e 8 na Madeira), e, num esforço pioneiro a nível mundial, 17 IBA’s marinhas (11 nos

Açores, 4 na ZEE do Continente e 2 na Madeira). No total, as IBA’s terrestres representam 16% do

território nacional, entanto que as marinhas representam apenas 0.8% do total da Zona Económica

Exclusiva (ZEE) Portuguesa, salientando assim a importância de as proteger.

É neste contexto que se insere a Serra de Penha Garcia, a Campina de Toulões e as Portas

do Vale Mourão, as Portas de Ródão, áreas inseridas no território do Geopark Naturtejo, e

portadoras de uma elevada diversidade de habitats, de ecossistemas muito bem preservados, onde

ao nível de aves se encontram, algumas espécies em vias de extinção e algumas raras, como piscos

de peito ruivo, melros azuis, cegonha negra, águia-real, águia imperial ibérica, águia perdigueira,

narceja, grifo, cegonha branca, falcão peregrino, bufo-real, ferreirinha-serrana, papa-moscas,

milhafre real entre muitos outros.

Árvores Monumentais

No território abrangido pelo Geopark Naturtejo, é habitual visualizar imponentes árvores

com muitos anos de idade e com um imenso porte que não passa despercebido na paisagem.

Existem acções implementadas no sentido de dar a conhecer esses mesmo exemplares, muitos

deles protegidos como Monumentos Vivos de Interesse Publico (MVIP), como é o caso da realização

de vários passeios temáticos, devidamente orientados e guiados, bem como a implementação no

terreno de rotas com esse mesmo propósito e temática (Rota das Árvores Monumentais).

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No seguinte mapa, pode visualizar-se a localização de alguns dessas árvores bem como a sua

rota.

Figura 34 – Mapa de localização das Árvores Monumentais

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

Castelos e Fortificações

Desempenhado noutros tempos um papel importantíssimo na defesa do médio Tejo das

investidas mouras e Hispano-Francesas, o território do Geopark Naturtejo possui um vasto leque

de Castelos e outros tipos de fortalezas, dos quais se podem enumerar a título de exemplo, a

Fortaleza de Castelo Branco, as Ruínas do Castelo de Idanha-a-Nova, a Ruínas do Castelo de Penha

Garcia, as Ruínas do Castelo e Nisa, o Castelo de Amieira do Tejo, Ruínas do Castelo de Montalvão

e as Ruínas do Castelo do Rei Wamba.

Igrejas, Capelas, Lugares Sagrados

Na generalidade do território do Geopark Naturtejo, inclusive nas mais pequenas e

recônditas aldeias, existem monumentos religiosos marcantes, seja pela sua grandiosidade ou

noutros casos pela simplicidade encantadora, ou pela longa existência, como é o caso da Sé

Catedral de Idanha-a-Velha, erguida há mais de um milénio.

Numa mistura de estilos arquitectónicos, onde se evidência o românico na capela de S.

Pedro de Vir-a-Corça e capela de S. Miguel (ambas em Monsanto), o gótico das capelas da Nossa

Sr.ª de Mércules e a Sé Catedral (ambas em Castelo Branco), Nossa Sr.ª da Alagada (Vila Velha de

Ródão) e Nossa Sr.ª da Graça (Nisa).

Jardins e Parques

Sendo considerados como espaços de extrema importância para a qualidade de vida, tanto

de habitantes como de visitantes, os jardins e parques existentes no Geopark Naturtejo,

proporcionam excelentes locais de convívio, recreio, onde se pode passear, descontrair, brincar e

até mesmo aprender.

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A título de exemplo, no território estudado, existe o Jardim do Paço Episcopal (Castelo

Branco) considerado como um dos mais originais do Barroco em Portugal, o Parque da Cidade

(Castelo Branco) que dispõe de amplos espaços, parque infantil, fontes e espelhos de água, bem

como um espaço de abordagem pedagógica aos produtos da terra (canteiros com produtos

hortícolas e ervas aromáticas), e um o Parque Urbano, com um carácter mais moderno e inovador

possui ciclovias, lagoa, percursos pedonais, campos de futebol com infra-estruturas de apoio e

complexo de piscinas.

Religião

No território do Geopark Naturtejo as manifestações religiosas representam uma tradição

incontornável e de grande riqueza, simbolizando rituais repletos de ecos e gestos de outrora que

funcionam como ímpetos que renovam as profundas e ancestrais raízes deste povo.

Numa clara evidência que ao longo dos tempos o sagrado aprendeu a conviver com o

profano, dando corpo e alma às festas e romarias mais emblemáticas deste território, onde a fé

celebra-se no retiro e interiorização próprias da Semana Santa, no murmúrio ritmado das rezas e

cantares nas festas religiosas, no convívio colorido das romarias e nas manifestações de extrema

adoração pelos padroeiros.

Figura 35 – Imagens relacionadas com Religião

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

É frequente ouvir o ecoar dos sinos que convidam à meditação e oração, seguidos do rufar

dos tambores ou do estridente som de foguetes, que conduzem à festa e exteriorização, sinais

claros da evocação de vida e vivência de uma mescla de emoções.

Na Semana Santa, com as suas inúmeras manifestações imbuídas na solenidade que é

característica da Paixão de Cristo, o Ciclo Pascal torna-se assim numa das mais marcantes épocas

de celebração, sendo este território palco de inúmeras práticas e rituais ancestrais, como os

cânticos da quaresma que evocam as almas dos fiéis defuntos (Encomendação das Almas), os Lava-

pés (Segura), a Procissão dos Fogaréus (Oleiros), O Enterro do Senhor (Idanha-a-Nova e Oleiros) e

as Solenidades do Domingo de Páscoa, comuns a toda a região.

Festas e Romarias

No que se refere a Festas e Romarias, como rituais seculares que se repetem todos os anos,

associadas a práticas antigas e reinterpretações actuais, como o caso da adoração dos santos que

se tornam ocasiões privilegiadas para renovação dos laços sociais e comunitários, onde através do

convívio efusivo se tenta esquecer as mortificações do trabalho e rotinas do quotidiano.

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Funcionam inclusive como um local de comércio, promoção e divulgação do potencial

endógeno desta região, uma vez que é habitual a presença de PLTQT, artesanato, gastronomia,

utensílios agrícolas, entre uma pluralidade de produtores e artesãos que naturalmente convivem e

trocam experiências. Na seguinte tabela identificam-se uma série de acontecimentos dentro desta

temática.

Tabela 12 – Calendário de Festas e Romarias no Geopark Naturtejo

Fonte: elaboração própria

Todo o processo de organização, divulgação, montagem e arrumação fica ao encargo dos

festeiros, que são as pessoas que fazem parte da comissão organizadora do evento, tratando das

suas responsabilidades com zelo, empenham-se em tornar cada romaria num verdadeiro sucesso.

Reza-se, canta-se e dança-se e vive-se intensamente, recordando os sabores, aromas e

saberes em originais pratos de gastronomia Portuguesa, recorrendo a maior parte das vezes para a

sua confecção a PLTQT.

Os momentos que antecedem muitas destas festas e romarias são autênticos mecanismos de

entreajuda entre as populações, com o objectivo de recolher todos os meios indispensáveis à

realização da mesma, costuma-se leiloar inúmeros PLTQT à população como forma de angariar

alguns fundos (doçaria regional, mel, licores, entre outros).

Feiras Regionais e Temáticas

Existe neste território a organização de inúmeras feiras regionais e temáticas, que ocorrem

em várias alturas do ano, tanto no Verão (altura das férias) como no Inverno (época de produção)

conseguindo assim uma participação de um leque mais vasto e diferenciado de público, sendo

frequente a visita de turistas e emigrantes em alguns eventos, bem como de interessados na

matéria, curiosos, clientes, potenciais produtores, distribuidores e retalhistas, em eventos mais

sazonais.

Festas e Romarias Local DataFesta de S. Tiago Oleiros Quarto Domingo de Agosto

Festa dos Santos Populares Oleiros Dias 13, 24 e 29 de Junho

Festa das Cruzes ou de Nossa Sr.ª do Castelo Monsanto-Idanha-a-Nova Dia 3 de Maio ou no fim-de-semana mais próximo

Festa de Nossa Sr.ª da Azenha Penha Garcia e Monsanto

Bodo de Salvaterra do Extremo Salvaterra do Extremo - Idanha-a-Nova 2ª feira de Páscoa

Bodo de Monforinho Termas de Monfortinho - Idanha-a-Nova 11 dias depois da Páscoa

Festa de S. Sebastião Escalos de Baixo - Castelo Branco Dia da Nossa Sr.ª da Santíssima Trindade

Festa de Nossa Sr.ª da Assunção Proença-a-Nova Dia 15 de Agosto

Festa de St. António Proença-a-Nova Junho

Festa de Nossa Senhora da Alagada Vila Velha de Ródão 4º fim-de-semana de Agosto

Romaria de Nossa Sr.ª do Almortão Idanha-a-Nova terceira 2ª feira depois da Páscoa

Romaria de Nossa Sr.ª de Mercules Castelo Branco terceira 3ª feira depois da Páscoa

Romaria de Nossa Sr.ª dos Altos Céus Lousa - Castelo Branco 3º domingo de Maio

Romaria de Nossa Sr.ª da Orada S. Vicente da Beira - Castelo Branco 4º domingo de Maio

Romaria de Nossa Sr.ª dos Prazeres Nisa 2ª feira de Páscoa

Romaria de Nossa Sr.ª da Saúde Rabaça - Oleiros 2º domingo depois da Páscoa

Romaria de Santa Margarida Oleiros Dia 20 de Julho

Romaria de Nossa Sr.ª dos Remédios Vila Velha de Ródão Dias 7 e 8 de Setembro

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Figura 36 – Imagens relacionadas com Feiras Regionais

Fonte: elaboração própria

Ocorrem no território feiras regionais e temáticas que já alcançaram a internacionalização,

uma vez que se realizam alternadamente em Portugal e Espanha, é o caso da Feira Raiana. Por

outro lado existem eventos deste tipo que já tem uma repercussão e visibilidades muito para além

do âmbito regional, como é o caso da Feira do Pinhal, da Bienal do Azeite, entre outros.

Na seguinte tabela são referidas um role das feiras regionais e temáticas que se realizam no

território do Geopark Naturtejo, seleccionadas com base na sua notoriedade, dimensão, entre

outros aspectos, assim:

Tabela 13 – Quadro das Feiras Regionais e Temáticas

Fonte: elaboração própria

Museus

No território do Geopark Naturtejo existe um considerável conjunto de espaços

museológicos, que contribuem exponencialmente para a preservação do património cultural e a

identidade destas gentes. São espaços marcados por uma nobreza e elegância notável, permitem

cumulativamente adquirir novos conhecimentos, apreciar peças e aspectos únicos, desfrutando da

autenticidade desta região. Como exemplo pode citar-se o Museu do Cargaleiro e o Museu Tavares

Proença (Castelo Branco), o Museu do Canteiro (Alcains), o Museu do Bordado e do Barro (Nisa).

Feiras Regionais e Temáticas Local DataFeira Raiana Idanha-a-Nova

Feira do Pinhal Oleiros

Bienal do Azeite Castelo Branco

Casqueiro Idanha-a-Velha

Feira das Sopas

Proença-a-Velha, Escalos de Baixo, entre

outras

Feira do Fumeiro e do Azeite Proença-a-Velha

Feiras Medievais Monsanto, Penha Garcia, entre outras

Feira do Feijão Frade Lardosa

Feira da Bica de Azeite Monforte da Beira, Malpica

Feira dos Queijos da Soalheira Soalheira

Feira dos Enchidos de Alpalhão Alpalhão

Feira dos Queijos da Tolosa Tolosa

Mostra da Castanha e do Medronho Oleiros

Feira do Natal Proença-a-Nova

Feira da Tigelada Proença-a-Nova

Feira da Melância Ladoeiro

FERCAB Castelo Branco

Outras Feiras de PLTQT

Cebolais de Cima, Sobral do Campo,

Alcains, entre outras

Feiras semanais e Mercados Várias Localidades Semanalmente

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Espaços para Eventos/Congressos/Multiusos

Existe um número considerável de espaços destinados para eventos e outros

acontecimentos, como exposições, seminários, certames, entre outros eventos. Como exemplo

desse espólio foi elaborado o seguinte quadro:

Artesanato

Noutros tempos, o artesanato era considerado uma actividade corrente que apenas

complementava, nos momentos de pausa do trabalho, o modo de vida das populações regionais,

mas que na actualidade serve para preservar a memória deste povo, para manter viva a sua

riqueza cultural e para perpetuar o engenho de alguns mestres.

Por outro lado, símbolo e resultado de antigas estratégias de aproveitamento dos escassos

recursos disponíveis, os trabalhos elaborados com base em trapos e farrapos, estão hoje em dia

bem presentes na produção artesanal e no uso quotidiano na forma de rodilhas, mantas de

ourelos, entre outros.

Noutro extremo encontram-se as elaboradas rendas e bordados, elaborados por toda a

região, mas de que são bom exemplo o “Bordado de Castelo Branco” que combina fio de seda

sobre pano de linho, os alinhavos, as frioleiras e as rendas de bilros produzidas no Concelho de

Nisa, os bordados e rendas de Vila Velha de Ródão e os linhos de Oleiros, produzidos ainda hoje

em teares manuais.

No território do Geopark Naturtejo encontram-se ainda bem vivas um grupo alargado de

tradições da região, materializadas em produções artesanais, com características próprias,

diversificadas e de enorme beleza, de onde resulta um vasto conjunto de exemplos, alguns

enunciados na seguinte tabela.

Tabela 14 – Tabela de tipo de artesanato e artesãos

Fonte: elaboração própria

Aproveitando-se dos recursos existentes neste território, os artesãos ainda nos nossos dias

produzem peças decorativas e de utilidade doméstica nos mais variados materiais, sendo o adufe

um dos símbolos de identidade regional e um dos mais característicos instrumentos de precursão

do nosso país, continua a ser produzido em Idanha-a-Nova e ainda mantem alguma vitalidade e

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projecção, visto que continua a ser tocado pelas adufeiras que enchem o Geopark Naturtejo de

sons característicos e únicos deste instrumento musical.

Gastronomia Local e Geoprodutos (PLTQT)

Uma das características que evidenciam a união emblemática existente no território do

Geopark Naturtejo é sem dúvida o património gastronómico e o vasto número de geoprodutos

existentes.

No caso específico da Gastronomia, que no caso do Geopark Naturtejo é um excelente

factor de diferenciação, não representa nenhum objectivo deste estudo, embora possa ser

entendida como um factor de atracção de pessoas ao território analisado, ao mesmo tempo que

serve de um possível canal de escoamento dos PLTQT.

Resultado de mentes engenhosas e de mãos sábias, os segredos dos pratos e produtos típicos

da região foram passando de geração em geração e muitos deles chegaram aos nossos dias

completamente inalterados.

Apoiada nos recursos agrícolas, pecuários, silvestres e cinegéticos existentes neste território

a gastronomia e os PLTQT do Geopark Naturtejo, afiguram-se de forma vasta e diversificada.

Nesse sentido, a excelência comprovada das carnes produzidas nesta área tem sido

reconhecida com a atribuição de diversas certificações de qualidade, nomeadamente ao Cabrito

Estonado de Oleiros, ao Borrego da Beira e do Nordeste Alentejano (IGP) e à carne de Porco

Alentejana (DOP). São as carnes de borrego, cabrito, porco e seus enchidos que guarnecem os

práticos mais típicos, como o cabrito assado no forno, cabrito recheado, o ensopado de cabrito, o

cabrito estonado, o ensopado de borrego, ensopado de javali, sopa da matança, maranhos, bucho

recheado, entre muitos outros.

Existe toda uma panóplia de receitas à volta dos peixes do rio e barragens (barbos, carpas,

achigãs, trutas, lampreias, enguias), que se evidenciam como petiscos bastante característicos,

como é o caso das migas de peixe, a truta grelhada da ribeira, a sopa de peixe do rio, arroz de

lampreia, achigã frito, caldeirada de enguias.

Refira-se a título de curiosidade que a nível de gastronomia de caça, foi a concurso

nacional, das “7 Maravilhas Gastronómicas de Portugal”, um prato intitulado “Perdiz de

Escabeche”, muito apreciado nesta zona.

Por outro lado, devido à prossecução de estratégias de valorização, e da elevada qualidade

de alguns produtos agro-alimentares locais, tradicionais e portadores de tipicidade, foi organizada

uma gama de “Geoprodutos” (carne, vinho e queijo), que no essencial completam os requisitos

desenvolvidos neste estudo em relação aos PLTQT, tornando-os bastante semelhantes.

Neste caso existe uma enorme variedade de produtos, já referida em capítulo anterior, que

vai desde a doçaria, até as bebidas com ou sem álcool, exemplos como, bolos secos (broas de mel,

cavacas, borrachões, biscoitos, coscoreis, nogados, pantufas), bolos de fatia (pão de ló, bolo de

mel, bolos de Páscoa), bolos fritos (filhós, sonhos, argolas doces, azevias), doces de colher (arroz

doce, papas de carolo, tigelada, requeijão com doce de abóbora), doces conventuais (rebuçados

de ovos e barquinhos), queijos de ovelha, cabra e mistura (Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Nisa,

Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão e Oleiros) e ouros produtos como azeite, pão, enchido, bicas

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de azeite, mel, frutícolas (laranja, melancia, figo, dióspiro, cereja, ginga, castanha), licores

(plantas e frutos) e bebidas alcoólicas (aguardente de medronho, vinho callum).

Associados a períodos estivais surgem um outro tipo de bolos tradicionais, como é o caso do

“Pão Leve”, que são leiloados em feiras e romarias, oferecidos e confeccionados pelas próprias

festeiras, são muitas vezes decorados com ramos de espargos, cravos, rebuçados ou amêndoas,

sendo habitual serem envolvidos em papel colorido, e fazem presença obrigatória em mesas de

festa e nos leilões dos Ramos, que ainda hoje se realizam em Idanha-a-Nova.

Rede de Praias Fluviais

Existe no território do Geopark Naturtejo uma rede organizada de praias fluviais, que são

supervisionadas pela Direcção Geral do Ambiente (DGA), e que são deveras procuradas pela

qualidade das suas águas e por possuírem toda uma série de equipamentos auxiliares (balneários,

casas de banho, restaurantes-bar, bungalows, campos de jogos e parques infantis) e um serviço de

vigilância assegurada durante toda a época balnear.

Figura 37 – Imagens de Praias Fluviais do Geopark Naturtejo

Fonte: elaboração própria

São de merecedoras de destaque a praia de Almaceda e Muro (Castelo Branco), as de Álvaro

e Cambas (Oleiros), as de Aldeia Ruiva, Fróia, Malhadal, Alvito e Cerejeira (Proença-a-Nova), da

Foz do Cobrão (Vila Velha de Ródão) e a do Açude Pinto (Oleiros).

Figura 38 – Mapa das praias fluviais

Fonte: PRAIAS FLUVIAIS (2006)

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São locais muito aprazíveis durante a Primavera/verão, locais de excelência, escolhidos por

um considerável número de pessoas como verdadeiros locais de lazer e descontracção, estando na

actualidade bem divulgadas e promovidas, através de inúmera publicidade existente, constituindo

um óptimo local para proceder a campanhas de valorização e comércio de PLTQT, bem como de

artesanato, gastronomia, actividades radicais, geoturismo, entre outros.

Águas Minerais Naturais – Termalismo

A circulação de um vasto conjunto de águas subterrâneas em formações do tipo sedimentar

detríticas, xistentas, quartzíticas e graníticas, a sua associação a falhas profundas de actividade

tectónica recente e o tempo de resistência são elementos responsáveis pelo aparecimento de

importantes recursos no Geopark Naturtejo. Estas águas dividem-se de acordo com as suas

características de emergência em águas mineromedicinais frias e termais, e águas de nascente.

No território envolvido neste Estudo, existem dois complexos termais, nomeadamente as

Termas de Monfortinho (Idanha-a-Nova) e as Termas da Fadagosa (Nisa), ambos renovados

recentemente, permitindo na actualidade um vasto conjunto de serviços e tratamentos

terapêuticos e de bem-estar.

Também convém referir que para além deste tipo de águas utilizadas para balneoterapia

das referidas termas, e no que respeita ao Património Hidrogeológico, o Geopark Naturtejo

contempla mais sete locais de verdadeiro interesse, devido em parte à sua relevância científica e

cultural, e que são identificados e situados na seguinte figura.

Figura 39 – Mapa das águas com interesse patrimonial

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

Postos de turismo No que se refere aos postos de turismo, eles encontram-se implementados na totalidade dos

Municípios estudados, funcionando como efectivos locais de informação turística, nomeadamente

restauração, hotelaria, desporto aventura, entre outros atractivos e especificidades de cada

localidade.

Legenda: 1 - Fonte Santa de Monfortinho 2 - Fonte das Virtudes 3 - Fonte dos Sinos 4 - Horta do Almortão – Banhos Santos 5 - Fonte de Santa Maria Madalena 6 - Nascente da Sr.ª de Orada 7 - Termas da Fadagosa de Nisa 8 - Sra. dos Remédios 9 - O Nascente

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Alem desta sua principal função, na sua maioria procuram desenvolver outro tipo de

actuações, muitas vezes relacionadas com exposições, decoração do espaço físico do posto de

turismo com artesanato e PLTQT, recriando na perfeição os ambientes rurais característicos.

Paralelamente, existem várias iniciativas de acompanhamento de turistas, com técnicos

especializados a visitas e percursos temáticos, a locais de interesse, rotas, geomonumentos, entre

outros locais expressivos do território.

Existe disponível nos postos de turismo visitados, uma variedade de publicações, como

livros, brochuras, desdobráveis turísticos, mapas temáticos, bem como livros, monografias, entre

outros suportes de informação.

Na sua maioria, encontram-se bem localizados geograficamente, preferencialmente no

centro cívicos das ou próximo destes, com inúmeras placas direccionais explicativas, e

permanentemente com informação disponível em todos os websites Municipais, como contactos,

localização, horário de atendimento e nome do técnico responsável.

Na realização deste Estudo foram contactados e visitados pessoalmente vários destes Postos

de Turismo, aproveitando para entrevistar o(s) respectivo(s) técnico(s) responsável(eis), desse

local, com base no guião de entrevista (Anexo I - Guião para entrevista aos “Informadores-

chave”).

Nessa abordagem, foi de especial interesse o contacto com a Dr.ª Cristina Mouro e com a

Sr.ª Carmo Vieira (Posto de Turismo de Nisa), ao identificar e compilar uma lista de todos os

produtores de PLTQT do Concelho de Nisa, a sua localização e em muitos dos casos apresentados o

próprio conhecimento pessoal.

Foi igualmente de especial interesse e resultado, o contacto com a técnica do Posto de

Turismo de Proença-a-Nova, Dr.ª Sandra Ventura, que elaborou mentalmente, num ápice, um

percurso de PLTQT, ao indicar por ordem lógica de visita os vários produtores e unidades de

produção de PLTQT deste Concelho.

3.2. Geopark Naturtejo em números

Neste subcapítulo são apresentados os resultados de uma interpretação estatística,

elaborada a partir do tratamento estatístico dos dados recolhidos numa amostra de 100 produtores

de PLTQT.

A referida análise foi elaborada com recurso à aplicação informática SPSS versão 18

(Statistic Packged for Social Science).

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Figura 40 – Gráfico das variáveis estudadas - PLTQT

Fonte: elaboração própria

Facilmente se constata que existe uma pequena percentagem de jovens agricultores (menos

de 40 anos) no território em causa, como exemplo disso, existem 40% de jovens agricultores no

segmento do azeite e 50% na fileira das compotas.

A idade média da amostra total (todos os PLTQT) ronda os 68 anos, sendo

predominantemente do género masculino.

Ainda em relação ao indicador “género”, atinge 100% masculino no caso da produção de

mel, 90% na produção de azeite e 75% no caso dos produtores de enchido.

Nesse sentido, existe um diminuto recurso à utilização de algumas ferramentas

promocionais, é o caso da sinalética direccional e explicativa, que apenas é utilizada por uma

pequena percentagem de casos.

Por outro lado observam-se dados curiosos, como é o facto da maior parte dos

conhecimentos dos actuais produtores, resultarem de saberes transmitidos e de experiência

própria, sendo que raramente são fruto de cursos ou acções de formação.

No caso concreto do território estudado, esta forma de aprendizagem/formação através de

“saberes transmitidos, é perfeitamente visível nos 70% de produtores de mel, em 70,8% dos

produtores de queijo e em 100% dos produtores de aguardente. Por outro lado no que respeita à

aquisição de conhecimentos por “experiência própria”, é de 66,7% nos produtores de licores, de

60.% nos produtores de azeite, e de 100% nas ervas aromáticas e compotas.

Outro facto interessante é que existe uma percentagem muito reduzida de produtos

completamente (100%) artesanais, isto é, apenas 10% no caso do mel, não existindo nenhum caso

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de mel biológico ou de Produção Integrada. No que se refere ao azeite atinge-se uma marca de

20% deste produto com proveniência biológica e 10% de Produção Integrada. Existe

simultaneamente o caso do queijo onde se verificam 4,2% de produção biológica e 16,7% de

produção com recurso a processos completamente artesanais, inclusive com certificação deste

tipo de processo.

No caso das ervas aromáticas, a produção é exclusivamente biológica, é o caso das Ervas do

Zoe (Ladoeiro),o projecto APPACDM (Castelo Branco), o projecto Bioaromas (Proença-a-Nova).

No que se refere à certificação e licenciamento da sua actividade, a maioria dos produtores

de PLTQT (88,5%), possui certificação, é o caso produtores de azeite, ervas aromáticas e

compotas, onde 100% obedece e respeita este requisito. Existem porem dados menos satisfatórios,

como é o caso de produtores de outras fileiras com percentagens mais baixas, mas nunca menos

de 50%, é o caso dos bolos tradicionais com 92,9%, o queijo com 87,5%, do mel com 80% e dos

enchidos com 95%.

Face aos dados recolhidos, a maioria dos produtores PLTQT entrevistados aceitam com

entusiasmo e convicção de uma real oportunidade de negócio e divulgação, o facto de existir uma

Rota dos PLTQT, assim como também consideram muito boa ideia, a forma de comércio dos seus

produtos no cabaz Amo – Produto Local (caixa presente).

No que se refere aos produtores de PLTQT com utilização de uma marca própria, os

resultados evidenciam que a maior parte possui e utiliza esse recurso, é o que acontece com 90%

dos produtores de azeite, 91,7% dos produtores de queijo, 100% dos produtores de compotas e

ervas aromáticas.

Na amostra de produtores de PLTQT estudada, a dimensão das respectivas unidades de

produção distribui-se da seguinte forma, 48,5% são pequenos produtores,35,1% são médios

produtores e apenas 16,5% são grandes produtores. Estes últimos encontram-se distribuídos por

vários PLTQT. A título de exemplo podemos referir a percentagem de 50% no caso do azeite, 25%

no caso do queijo, 7,1% no caso dos bolos tradicionais e 66% no caso do vinho.

No que diz respeito ao associativismo presente entre produtores, este varia radicalmente,

consoante o produto em causa, assim no caso dos licores, das compotas, da aguardente e do pão,

não existe um único produtor associado. Por outro lado, observa-se na fileira do azeite 100% de

produtores associados.

No gráfico seguinte, pretende-se transmitir uma imagem da realidade, com recurso à mesma

amostra de produtores e PLTQT, que existiu oportunidade de ter contacto.

Face ao exposto, pode afirmar-se que na maioria dos Municípios que compõem o Geopark

Naturtejo existe uma razoável representatividade dos PLTQT, sendo de evidenciar nesse sentido,

Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Proença e Vila Velha de Ródão, pela diversidade apresentada. Por

outro lado a dedicação quase exclusiva a alguns produtos, como é no caso de Nisa e Oleiros,

apostando quase exclusivamente, no primeiro caso, nos enchidos e queijos, e no segundo caso na

aguardente de medronho e doçaria tradicional.

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Figura 41 – Gráfico das variáveis estudadas – Geopark Naturtejo

Fonte: elaboração própria

É de evidenciar que no caso de Vila Velha de Ródão e Oleiros, segundo a amostra estudada,

a totalidade dos produtores de PLTQT identificados possuem marca própria, sendo que nos

restantes Municipios este indicador não bixa dos 75%.

Outro dado que suscita alguma curiosidad é o facto de em Vila Velha de Ródão todos os

produtores inquiridos eram do género masculino.

Foi em Idanha-a-Novaque 68,8% dos produtores de PLTQT, afirmaram possuir

conhecimentos, cuja fonte foi os “saberes transmitidos”. Processo identico de transmissão de

conhecimentos é o responsável na totalidade dos produtores inquiridos em Oleiros.

No que respeita ao processo de produção 43,8% dos PLTQT identificados no Municipio de

Idanha-a-Nova têm um caracter completamente artesanal, mesmo que contudo não se encontrem

certificados como tal. Atingindo neste municipio o valor de 12,5% no que se refere a MPB.

A nivel de certificação dos processos e unidades de produção, os valores dos PLTQT

certificados variam entre os 83,3% de Nisa e os 100% de Oleiros e Vila Velha de Ródão.

3.3. Actividades Económicas

As actividades económicas em análise neste estudo são a Agricultura/Pecuária e as agro-

industriais, que como já foi evidenciado abundam nesta região, na maior parte dos casos no

formato de produções de pequena escala7, mas com potencialidades de contribuir para uma

diversificação e revitalização da economia local, contribuindo dessa forma para a fixação da

população.

7 Azeitona, azeite, laranja, melancia e outras frutas frescas, queijo (ovelha, cabra, mistura), mel, compotas, doçaria regional, fumeiro, plantas aromáticas, condimentares e medicinais, cogumelos, espargos, criadilhas e frutos silvestres.

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António José da Costa Jóia

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No caso específico do concelho de Idanha-a-Nova as fileiras deste tipo de produções não se

encontram organizadas, publicitadas, e em alguns casos certificadas e por isso com um incipiente

acesso ao mercado.

Constata-se que o sector industrial é o mais frágil e de ténue presença, mesmo existindo

alguns sinais de investimento, respectivamente no âmbito da criação de associações de produtores

biológicos como acontece no caso da produção de carne e seus derivados, actualmente

identificados como tradicionais, sendo portadores de elevado potencial de desenvolvimento

endógeno.

3.3.1. Agricultura/ Pecuária

No que refere à propriedade agrícola é bastante semelhante ao latifúndio que prevalece no

Alentejo, detectando-se na actualidade, uma tendência para o abandono de terras, contribuindo

para o final progressivo de vários tipos de explorações, tais como o tabaco, melão e tomate.

O número de explorações agrícolas e SAU registam uma evolução negativa, respectivamente

de 12% e 7%, entre 1989 e 1999. (INE, 2000)

A acentuada diminuição do número de explorações agrícolas e o abandono da SAU, não

equivale a dizer que aumentou em igual área de mata e florestas, sendo portanto de concluir que

se transformou em área inculta. O território apresenta uma realidade agrária compartimentada e

diversificada.

Os seis conselhos que constituem o Geopark Naturtejo abrangem cerca de 95.000 hectares

de superfície agrícola, repartida por mais de 7000 explorações, o que equivale a uma dimensão

média de 14 hectares por exploração.

A produção bovina, ovina e caprina é uma das actividades consideradas de importante

suporte, por exemplo à confecção de queijos e são apresentadas igualmente como actividades de

rendimento, enquanto as restantes produções animais não assumem tal carácter, sendo muitas

vezes apenas para auto consumo.

3.3.2. Actividade Agro-industrial

O território do Geopark Naturtejo, como já foi amplamente evidenciado neste Estudo,

caracteriza-se por uma grande diversidade de produtos agro-alimentares, sendo alguns destes

classificados como PLTQT, dependendo das suas características, processos de fabrico, tradição,

entre outros factores e critérios.

Do trabalho de campo realizado ressalta um conjunto de 6 fileiras agro-alimentares

potenciais, nomeadamente, a fileira do azeite, azeitonas e derivados (pasta de azeitona), a fileira

do queijo, a fileira do vinho, aguardente e derivados, a fileira das compotas, do mel, dos licores e

ervas aromáticas, a fileira da panificação e dos bolos tradicionais (principalmente o borrachão) e

por fim, mas não menos importante, a fileira do fumeiro (enchidos vários e presuntos).

No que se refere ao azeite, este território evidência uma dinâmica bastante positiva e uma

fileira com enormes potencialidades, traduzida em parte pelos inúmeros produtores, cooperativas,

lagares, museus, e rotas relacionadas com este produto. Assiste-se igualmente à reconversão de

alguns olivais, em produção biológica e protecção/produção integrada, bem como a uma

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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renovação e certificação de vários lagares e seus azeites, existindo para o efeito a DOP – Azeite da

Beira Interior (Beira Baixa e Beira Alta) gerida pela Associação de Produtores de Azeite da Beira

Interior – APABI, que conta no seu total com 90 associados, dos quais 12 produtores já com

embalamento, 43 lagares, 450 hectares de olival e cerca de 21 marcas a operar no mercado.

Em relação à panificação, o fabrico de pão é uma actividade considerada tradicional em

todo o território do Geopark Naturtejo, sendo de destacar produtos como o “Pão de Alcafozes”, o

“Pão de Penha Garcia”, a “Broa Caseira” e as “Bicas de Azeite”. Esta fileira desenvolve-se por um

lado, graças a inúmeras padarias de várias dimensões espalhadas um pouco por toda a região, e

por outro a todo um grupo de mulheres que por esses lugarejos o fazem particularmente e para

consumo próprio e das suas famílias. Neste contexto é de evidenciar as inúmeras recuperações de

fornos para cozer pão e outros derivados, que se tem operado por inúmeras aldeias, na tentativa

de manter acesa esta mesma tradição.

A produção de mel é uma das actividades com um elevado potencial em todo o território do

Geopark Naturtejo, mas ainda não existe uma DOP que certifique e garanta a sua excepcional

qualidade, não existindo igualmente produção em modo biológico, nem uma quantidade

significativa de produtores licenciados e certificados, limitando em parte a sua correcta produção,

comercialização e divulgação.

A “Meltagus” (Castelo Branco), “Apirodão” (Vila Velha de Ródão), e “Apilegre” (Nisa), são

algumas das respectivas associações de apicultores existentes e que operam neste território. Este

produto poderá ser articulado com as compotas, licores (inclusive de mel), assim como ervas

aromáticas e medicinais, sendo que no território em questão, apesar da diversidade existente a

produção destes últimos produtos está confiada a poucas unidades produtivas.

Possivelmente uma das fileiras com maior capacidade de projecção e divulgação, é a do

queijo, que neste caso concreto está associada à produção caprina e ovina, concentrada sobretudo

em Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Nisa e Vila Velha de Ródão.

A importância e dimensão desta fileira facilmente se comprova pelas DOP utilizadas, e que

para o efeito são quatro, a DOP - Queijo Amarelo da Beira Baixa, DOP – Queijo de Castelo Branco,

DOP – Queijo Picante da Beira Baixa, DOP – Queijo de Nisa, e a também uma IGP – Queijo Mestiço

de Tolosa.

Outros indicadores poderiam ser referidos para comprovar o peso desta fileira, tal como a

existência de várias cooperativas (Idanha-a-Nova, Nisa, etc.), e uma associação de produtores a

nível de toda a região – a Associação de Produtores de Queijo do Distrito de Castelo Branco

(APQDCB).

A produção artesanal de fumeiro, vulgarmente tratada por enchido, estende-se a

praticamente todos os concelhos que compõem a área de abrangência do Geopark Naturtejo,

permanecendo no entanto a sua produção mais notória em Nisa (Alpalhão), em Idanha-a-Nova, em

Vila Velha de Ródão, sendo elaborados um vasto leque de produtos (chouriças, chouriço mouro,

vários tipos de morcelas, farinheiras, alheiras, paiolas, paios, painhos, buxos, entre muitos

outros), não existindo no entanto nenhuma certificação de qualidade a beneficiar este território.

De forma análoga, os chamados bolos tradicionais, não tem conseguido alcançar a promoção

desejada, uma vez que embora existindo um enorme variedade e qualidade (borrachões, biscoitos,

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filhoses, coscoreis, barquinhos, entres muitos outros) espalhada por todo o território em causa,

não existe qualquer tipo de associativismo, que poderia começar por exemplo, através de uma

confraria do bolo tradicional.

Resumindo, a riqueza, a tipicidade e variedade gastronómica do território estudado, que

atrai muita gente ao Geopark Naturtejo, dificilmente se poderá manter sem a existência dos

PLTQT, o que por um lado, coloca um desafio sério aos vários intervenientes neste processo

(produtores, distribuidores, retalhistas, promotores, etc.), e por outro uma necessidade de

garantir a qualidade mesmo com aumentos de produção, e uma utilização deste tipo de produtos

na própria gastronomia e restauração locais.

3.4. População e Território

Com uma população residente, em 2001, de aproximadamente 96 337 pessoas, conforme

dados do INE (2008), o território do Geopark, caracteriza-se por um profundo índice de regressão

demográfica, com uma perda efectiva de 25% da população nos últimos 20 anos, é igualmente

verificada uma muito baixa densidade populacional (15 habitantes /km2), com localidades

habitadas por população muito envelhecida (índices de envelhecimento superiores a 2,5), baixas

taxas de natalidade (6%) e elevadas taxas de mortalidade.

3.5. Acessibilidades

O factor acessibilidade representa actualmente uma importância extrema no

desenvolvimento de regiões como o território do Geopark Naturtejo, visto que a sua localização

geográfica se traduz numa perificidade em relação ao cenário nacional.

Na actualidade o referido território garante uma posição estratégica no que se refere à

situação rodoviária Nacional, em que a construção da A23 em muito contribui para esse efeito,

pois estabeleceram-se eficazmente ligações entre o norte e o sul, bem como entre o litoral e o

interior, e com potencialidades futuras de nos ligar ao exterior (Espanha). Representando assim

um dos factores mais importantes para o desenvolvimento económico e social desta região.

O Geopark Naturtejo é atravessado por uma variedade de eixos rodoviários de elevada

importância a nível regional e nacional, dos quais se destaca, A23, IC8, IP2, EN233, EN240, EN112.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Figura 42 - Rede Viária Geopark Naturtejo

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

Em termos estratégicos aguarda-se a conclusão do IC31, que permitirá uma maior facilidade

de ligação e de transporte tanto de pessoas como de bens, entre este território e a vizinha

Espanha.

Figura 43 – Como chegar ao Geopark Naturtejo

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

A nível de ligação de comboio, existe a linha que liga Lisboa a Castelo Branco (Linha da

Beira Baixa), bem como a ligação de Vilar Formoso à Guarda.

Em relação à ligação a aeroportos, os mais acessíveis serão o de Lisboa e Porto, ou em

alternativa o de Faro, bem como o de Salamanca ou em alternativa o de Sevilha ou Madrid.

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3.6. Análise SWOT

Neste ponto é realizada uma análise SWOT, alicerçada na compilação de um conjunto de

vários indicadores que de alguma forma se relacionam com o tema deste Estudo, tais como

aspectos demográficos, o próprio território e a sua ruralidade, a economia e o emprego, a

agricultura, aspectos sociais, de cidadania e turismo.

Nesse sentido e restringindo a área de estudo ao território do Geopark Naturtejo, onde

existe uma multi-combinação dos factores enunciados, analisa-se em que medida as

oportunidades, ameaças, pontos fortes e fracos estão presentes e como contribuem ou dificultam

o desenvolvimento rural.

Demografia

Tabela 15 – Análise SWOT aos aspectos demográficos

Fonte: elaboração própria

Pontos Fortes Pontos Fracos

Entrada líquida de população no território, como

turistas, visitantes e novos residentes

Perda de população na generalidade do território

do Geopark Naturtejo

Adensamento do fluxo de pessoas, bens e serviços,

devido em parte aos eixos viários como a A23, IC8 e

com a futura construção do IC31 Fraca Densidade Populacional

Existência de importantes sectores da população com

ligações efectivas às comunidades rurais, famílias que

possuem residência secundária nessas áreas e que se

deslocam frequentemente ao território

Elevados índices de envelhecimento e de

dependência

Crescimento, conservação e restauro do parque

habitacional, social e lúdico

Fluxo de saída da população das áreas rurais para

as áreas urbanas e peri-urbanas

Centros Urbanos que concentram em si alguma

importância a nível de actividades e demonstram

capacidade de reter as populações

Elevada percentagem de famílias unipessoais,

compostas por indivíduos com mais de 65 anos

Oportunidades AmeaçasAumento do número de famílias que estão a regressar às

áreas rurais, nomeadamente as que inicialmente saíram

para o litoral ou que emigraram

Impossibilidade de inverter as consequências e o

processo de desertificação

Crescente interesse da população urbana pela qualidade

de vida existente nas áreas rurais(tranquilidade,

segurança, proximidade social, ambiente saudável)

Considerável número de aldeias e pequenos

lugares em risco de deixarem de ter residentes a

médio prazo (desertificação)

Consequência natural das elevadas taxas de

envelhecimento, existe uma aumento dos serviços

relacionados com a economia social (lares, geriatria,

apoio domiciliário)

Tendência do processo de esvaziamento

demográfico atingir preferencialmente as zonas

mais periféricas e afastadas das principais vias de

comunicação e transportes

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Territorialidade e Área Rural

Tabela 16 - Análise SWOT aos aspectos do território e da área rural

Fonte: elaboração própria

Actividades Económicas e Empregabilidade

Tabela 17 - Análise SWOT às Actividades Económicas e à Empregabilidade

Pontos Fortes Pontos Fracos

Território altamente rural, onde proximamente existem pequenos núcleos urbanos,

que estabelecem uma estreita relação como meio rural envolvente

Enormes áreas rurais desfavorecidas, com o subsequente abandono dos campos,

transformando terrenos cultiváveis em mato e desertos de vegetação, aspecto

agravado com os fogos florestais

Existência de pólos urbanos dinamizadores das áreas rurais, como Castelo Branco,

Proença-a-Nova, Oleiros, Idanha-a-Nova, entre outros

Posicionamento geográfico distante em relação aos grandes centros

populacionais, factor propício a ocorrer "deseconomia de distância"

Presença de Aldeias Históricas, Aldeias do Xisto detentoras de um enorme património

histórico-cultural (Monsanto, Idanha-a-Velha, Figueira, Cerejeira, Álvaro, entre

outras)

Vasto património histórico, arquitectónico, cultural e ambiental de difícil

preservação e conservação, com enormes custos envolvidos

Espaços naturais de grande valor paisagístico e ambiental, destacando-se a fauna e

flora, nomeadamente do Parque Natural do Tejo Internacional, Serra da Gardunha,

Áreas Classificadas de Protecção da Natureza

Carência de projectos e de estratégias vocacionadas para a promoção,

valorização dos Recursos Naturais, PLTQT, Gastronomia, Turismo, entre muitos

outros quadrantes

Existência de IBA's e de um elevado número de aves com elevado estatuto de

protecção (grifos, cegonha-preta, águia-de-bonelli, abutre-do-Egipto, bufo-real,

entre outros)

Passagem pelo território de uma enorme massa populacional, mas sem

permanecer, facto potenciado pelas grandes vias de comunicação, A23, IC8, IP2,

etc.

Incorporação na Rede Global de Geoparques, como Geopark Naturtejo (1º em

Portugal) Estado deficitário da rede viária de acesso às áreas rurais

Posição geográfica fronteiriça privilegiada, no contexto Ibérico/Europeu, propícia à

atracção de fluxos turísticos (fronteira com Espanha) Existência de uma escassa rede interna de transportes públicos

Melhoria das acessibilidades em geral, inclusive das ligações inter-municipais, com

reflexos na facilidade de aceder aos mercados, feiras e outro tipo de eventos

(culturais, sociais), e aos centros de informação e decisão

Preservação ambiental e preocupação com o tratamento e separação de lixos - baixos

níveis de poluição registados no que respeita ao solo, água e atmosfera

Sítios de grandioso interesse geológico, únicos, e com peculiar importância (Portas

de Rodão, Inselberg de Monsanto, Escarpas de Penha Garcia, Blocos Penduculados de

Nisa, entre outros Geomonumentos)

Inúmeros achados arqueológicos e complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo

Aspectos marcadamente paisagísticos que comprovam uma relação profunda das

populações com o território e com as suas actividades, socalcos dos olivais, moinhos

de água, entre outras

Diferenças e características únicas de diversidade climatérica, topográfica e

pedológica

Oportunidades AmeaçasPredominância de um vasto conjunto de recursos naturais, patrimoniais, paisagísticos,

culturais e gastronómicos, que podem ser reestruturados e conciliados com uma rede

de eficiência colectiva

Descaracterização de algumas aldeias e degradação dos seus símbolos

caracterizadores

Procura crescente de actividades que promovem o contacto com a natureza e com a

actividade física, pelos roteiros culturais e históricos, percursos pedestres, praias

fluviais, escalada, btt, etc.

Desaparecimento de estruturas rurais tradicionais (moinhos, fornos, lagares,

azenhas, fontes)

Forte presença de um vasto património imobiliário com francas potencialidades de

recuperação e transformação em benefício do turismo em contexto rural ou agrícola Perda de biodiversidade, resultado do abandono dos campos

As grandes vias de transporte (A23, IC8, IP2, etc.) têm vindo a potenciar os eixos de

Castelo Branco e Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova e Oleiros, Nisa e Alpalhão

Perigo de se optar por posições fatalistas em relação à crise do mundo rural,

apenas atendendo a actores demográficos negativos

As Áreas Protegidas (PNTI, Serra da Gardunha, etc.) apresentam potencialidades onde

se podem desenvolver projectos de investigação e sensibilização ambiental

Dispersão de factores outrora unificadores, como a cultura, o ambiente,

paisagem, entre outros

Algumas populações apresentam elevados índices de emigração que em determinadas

alturas do ano representam um fluxo de regresso ao território de considerável

importância

Pontos Fortes Pontos Fracos

Assiste-se a uma reorganização de estrutura empresarial

regional, com o surgimento de várias unidades de produção bem

como a readaptação de algumas existentes, inclusive de PLTQT

Baixo nível de qualificação e formação, sem conhecimentos

linguísticos, com repercussões ao nível de empregabilidade

Crescente aumento do nível de habilitações e qualificação da

mão-de-obra, fruto do número de estabelecimentos de ensino e

entidades ligadas à Formação

Falta considerável de empregos, no que se refere aos jovens

normalmente qualificados (1º emprego) e mulheres

Identificação de uma procura crescente e específica para

produtos de qualidade de produção local e artesanal, sendo de

destacar os produtos da fileira agro-alimentar de cariz

tradicional

Desemprego efectivo que predomina sobretudo na população que

apresenta um baixo nível de escolaridade, proveniente em muitos

casos dos sectores mais tradicionais

Conjunto diversificado de equipamentos e infra-estruturas,

como auditórios, complexos desportivos e multiusos, que

contribuem para o desenvolvimento regional

Limitação e microdimensão dos mercados locais (feiras, praças,

mercados), que limitam e impedem a valorização, divulgação e

comércio de várias produções, inclusive dos PLTQT

Dinamização das áreas rurais com actividades que promovem os

PLTQT e que desencadeiam um fluxo de actividades aquando a

sua realização

Défice de empreendedorismo inovador, aplicável, ajustado às

necessidades e que se mostre impulsionador de actividades de base

da económica

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António José da Costa Jóia

96

Fonte: elaboração própria

Agricultura

Tabela 18 - Análise SWOT às Actividades Agrícolas

Crescente importância das actividades ligadas aos serviços, quer

apoio social, como actividades desportivas de natureza

(Promotoras de actividades outside )

Inexistência de locais de venda qualificados e potencializadores de

aproximação e ligação entre o produtor e o consumidor

Estrangulamentos da capacidade organizativa, com fraco poder

associativo, não só das empresas como de outros agentes

socioeconómicos do território

Sector industrial em queda, e território marcadamente constituído

por um tecido empresarial pouco denso e de pequena

dimensão(micro e pequenas empresas), que se vê obrigado à

extinção dos postos de trabalho

Forte concentração de actividades económicas em sectores

primários, com produções vocacionadas para os mercados locais e

regionais, sem potencialidades de se tornarem competitivos noutros

patamares

Fraco índice de ligações entre as empresas e os centros de

conhecimento territoriais, como o IPCB

Poder de compra muito baixo da média nacional, sendo em algumas

regiões deste território pouco mais de metade dessa marca

Pouca aplicabilidade de regimes de certificação e de garantia da

qualidade, face ao potencial global

Baixo índice de utilização de novas fermentas, como a internet,

design, marketing, packaging, para auxílio da divulgação e promoção

das inúmeras actividades económicas

Falta geral de sinalética direccional, informativa e convidativa, para

as áreas rurais e para os seus produtos de excelência

Oportunidades AmeaçasSurgimento de novas actividades e oportunidades de emprego,

nos serviços sociais, protecção do ambiente, turismo e eventos

territoriais Forte probabilidade de deslocalização de empresas industriais

Existência de mercados mais segmentados e diferenciados,

como é o caso das feiras de PLTQT, com consumidores mais

seleccionados, interessados e com maior disponibilidade de

compra e de exigências em termos de qualidade

Resultado geral da Globalização, existência de uma maior exposição

das empresas locais, com os devidos riscos associados, como

concorrência desleal e interdependência entre os territórios e as

actividades

Procura crescente de bens únicos, genuínos e exclusivos, que

tenham ligações à história, ao local, à identidade própria, mas

ao mesmo tempo benéficos para a saúde, de produção biológica

ou integrada, que zelem pela conservação do meio ambiente

Os adjectivos e classificações de local, regional, artesanal,

tradicional, não se mostra suficiente para uma justa valorização dos

PLTQT, como também não é suficiente limitar a participação destes

em feiras e certames temáticos, sem a devida projecção

Potencial adquirido pelo sector das energias renováveis, com

origem nas mais diversas fontes (bioetanol, eólica, hídrica,

solar, etc.)

Falta de controlo e de fiscalização acerca da qualidade e genuídade

dos produtos tradicionais não alimentares, comprometendo a sua

qualidade e por isso reconhecimento e aceitação

Surgimento de novos troços de ligação viária, como é o caso do

IC31 (ligação a Espanha)

Desentendimento frequente entre os circuitos comerciais e as

solicitações do mercado, assim no que se refere a quantidades,

como implementar aspectos de melhoria na imagem, embalamento,

apresentação e conservação dos produtos

Revitalização do mercado de pequena dimensão, como as Lojas

do Xisto, Mercearias Finas, replicando a outras áreas rurais

Pontos Fortes Pontos FracosSector agrícola com um peso importante na estrutura económico empresarial deste

território, sendo o sector olivícola um dos maiores responsáveis, aproveitando todo o tipo

de terreno inclusive o de acentuado declive

Presença significativa de uma área com estrutura fundiária limitativa, devido à sua pequenez,

inadequada a uma boa rentabilização de mão-de-obra e emprego de novas tecnologias

Assume um papel importante na reordenação do território, como a manutenção das

paisagens e ambientes, bem como o desenvolvimento de outras actividades em meio rural

(agro-turismo, visitas às quintas, rota dos PLTQT)

Carácter marginal associado a uma grande parte das explorações e seus agricultores, que não sendo

profissionais, apenas praticam esta actividade como ocupação do tempo livre ou auto consumo

Disponibilidade de água para rega (regadio de Idanha-a-Nova) Baixo nível de instrução e formação técnica específica

Azeite produzido no território e inserido numa zona DOP- Azeite da Beira Baixa

População agrícola bastante envelhecida, sendo que mais de metade dos produtores tem idades

superiores a 65 anos

Mel de excelente qualidade produzido neste território e com claros sinais de consolidação

da profissionalização deste sector

Diminuto número de explorações agrícolas com contabilidade organizada, sendo consequente o fraco

índice de gestão e organização empresarial

Uma grande expressividade a nível nacional através do sector pecuário com a criação de

ovinos e caprinos, tanto para carne como para leite

Inexistência de iniciativas de concentração da comercialização de PLTQT, contrariando uma política

de diferenciação que defenda a qualidade de produção deste território, limitando assim a eventual

promoção, divulgação e comércio dos mesmos

Território com uma importante mancha florestal (aproximadamente 134 600 hectares), do

qual faz parte o pinhal de Oleiros e Proença-a-Nova, com ligações na paisagem e na

organização territorial

Várias culturas outrora prósperas, agora em decadência como o tabaco, o tomate, e com as

respectivas repercussões negativas no tecido económico

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

97

Fonte: elaboração própria

Aspectos Sociais e Cidadania

Tabela 19 - Análise SWOT aos Aspectos Sociais e Cidadania

Fonte: elaboração própria

Actividades Turísticas

Tabela 20 - Análise SWOT às Actividades Turísticas

Condições Naturais para a produção de energias renováveis

Grande parte dos olivais encontram-se situados em zonas de elevado declive e sem qualquer

hipótese de introdução de maquinaria e sistemas de rega.

Presença de uma Instituição de Ensino Superior (IPCB) vocacionada para muitas temáticas

relacionadas com o desenvolvimento rural deste território

Embora existindo uma pluralidade de PLTQT, em muitos casos não existe qualquer qualidade

certificada, sendo produzidos sem obedecer às normas e leis vigentes

Diversificada oferta de produtos provenientes do sector florestal, como é o caso de

madeiras, resinas, frutos silvestres, etc. Abandono e falta de cultivo numa extensa área agrícola e florestalAmpla disponibilidade de terrenos e meios de produção para a captação de bio-

combustiveis

Importância das actividades agrícolas em tempo parcial, para terapia ocupacional, para fins

terapêuticos ou como actividade secundária

Oportunidades AmeaçasExcelentes condições para o crescimento de "clusters" com elevado potencial no território

do Geopark Naturtejo, como o azeite, o queijo, os enchidos, o mel, as compotas, licores e

doçaria regional, bem como a horticultura e a fruticultura

Actividade agrícola tem uma propensão natural a vários riscos que podem facilmente comprometer a

produção, assim como factores de ordem climática (seca, desertificação, degradação dos solos,

incêndios, pragas, etc.)

Surgimento e consolidação de empresas vocacionadas para as produções biológicas e

integradas, em regime extensivo, como recurso a técnicas sustentáveis e respeitadoras do

meio ambiente, susceptíveis de aderir facilmente a iniciativas de valorização dos seus

produtos

Constante abandono das actividades agrícolas e florestais, com uma população focalizada em

sectores como o comércio e serviços

PLTQT cada vez mais requisitados pelos consumidores actuais

Desaparecimento de raças autóctones e de espécies agro-silvícolas, como determinadas qualidades

de fruta e cereais

Excelentes condições edafoclimáticas, propícias às actividades agrícolas (horticultura,

fruticultura, olival, culturas arvenses, etc.)

Extorsão do valor dos PLTQT por forças exógenas, como o peso da grande distribuição e as grandes

agro-indústrias

Incremento da utilização das energias renováveis, e da multifuncionalidade da floresta

Pontos Fortes Pontos FracosEvidência de uma forte presença institucional, que permite uma organização do mercado de

emprego e contribui para o desenvolvimento regional

Limitações a nível operacional e de campo por parte das associações e

cooperativas

Evolução positiva do movimento associativo

Fraca iniciativa e formação específica no que se refere à animação e gestão dos

espaços e equipamentos sociais, permitindo o sub-aproveitamento dos mesmos

Forte presença de actores institucionais (municípios, associações, cooperativas, instituições de

ensino) com capacidade de iniciativa e inter-cooperação Rede de cooperação bastante incipiente entre as associações existentes

Dinamização de uma rede de apoio social, especialmente vocacionada para idosos, que

permite criar oportunidades de emprego e com isso melhores condições de vida das

populações rurais

Oportunidades AmeaçasPanorama apelativo ao surgimento da economia social, de animação local, como alternativas

válidas para a ocupação de postos de trabalho que não provêm dos canais tradicionais do

mercado e da empregabilidade

Exclusão social e cultural, como o afastamento e desprendimento de acções

cívicas e de cidadania

Aumento das despesas relacionadas com a aplicabilidade dos serviços, em parte

devida à dispersão territorial e pela ténue densidade populacional a quem esses

serviços são prestados

Pontos Fortes Pontos Fracos

Recursos Naturais únicos, com excelentes condições para a prática de actividades relacionadas

com caça e pesca, bem como locais gastronómicos relacionados com esta actividade

Inexistência de um evento único, acontecimento, data ou até dia que envolva de forma

integrada todo o território

Estâncias termais de Monfortinho e da Fadagosa ambas com enorme prestígio e divulgação

exterior, funcionando como impulsionadores deste território no Turismo de Saúde e Bem Estar

Ausência de uma estratégia de desenvolvimento concertado e sustentável do turismo,

implementada de forma holística e abrangente, que aproxime e definitivamente forneça

coesão ao território em causa

Mapeamento e publicação de inúmera informação turística, nomeadamente rotas, percursos

pedestres, inclusive com disponibilidade imediata e constante em websites da especialidade

Falta de equipamentos e de serviços complementares a este sector, como por exemplo, a nível

de actividades de recreio, animação e à mobilidade turística

Disponibilidade de um conjunto hoteleiro, onde se inserem algumas unidades de categoria

superior

A discrepância entre as potencialidades assumidas neste território e o que efectivamente tem

sido concretizado no terreno

Existência de um grupo de empresas de animação turística, nomeadamente rotas, percursos

pedestres, inclusive com disponibilidade imediata e constante em websites da especialidade Fraca importância da oferta de Turismo em Espaço Rural (TER)

Vários meios e equipamentos de animação desportiva, cultural e recreativa, que prestam apoio à

organização de actividades de lazer, outdoor, prática desportiva

Fraca visibilidade e diminuta escala em relação às iniciativas de promoção e divulgação deste

sector e deste território em particular

Considerável potencial turístico diversificado com uma exclusividade para a oferta de

determinados produtos deste sector

Falta de sinalética e de informação de possíveis locais de aquisição de PLTQT, nomeadamente

das suas explorações, de lojas, de calendário de mercados e feiras

Áreas protegidas como o PNTI, e as IBA's, Aldeias do Xisto, Aldeias Históricas

Equipamento e estruturas ferroviárias subaproveitadas, devido ao seu elevado potencial

turístico

Singularidade, genuídade e pluralidade de tradições e práticas ancestrais (marafonas, cerimónias

pascais, adufeiras, ranchos folclóricos, entre outros)

Diminuta participação das populações locais em acções de promoção e animação turística nas

áreas rurais, apenas alicerçadas por alguns grupos de cantares populares, adufeiras e ranchos

folclóricos

Património hídrico de extrema qualidade, com inúmeras praias fluviais, barragens, rios (inclusive

o Tejo) e piscinas

Carência de estruturas de comercialização (lojas, mercearias, estações de serviço, postos de

turismo, estações de comboio e terminais de transporte rodoviários, etc.) dos PLTQT de forte

potencial endógeno

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António José da Costa Jóia

98

Fonte: elaboração própria

3.7. Rotas

O território do Geopark Naturtejo é portador de uma das mais densas redes de percursos

pedestres do país, de pequena e grande rota, estas vias para a descoberta do território funcionam

como uma malha unificadora dos múltiplos pólos de atracção para um turismo activo.

Encontram-se por isso homologadas um vasto conjunto de rotas, que com base em variados

temas, são facilmente identificadas e documentadas, com sinalética, desdobráveis informativos e

aplicações informáticas.

Como exemplo, podem-se apontar, a Rota dos Fosseis (Penha Garcia), a Rota das Minas

(Segura), a Rota dos Barrocais (Monsanto), a Rota das Invasões (Vila Velha de Ródão) os Trilhos do

Conhal (Santana), a Rota do Contrabando (Penha Garcia), Roteiro das Esculturas (Alpalhão) bem

como vários percursos temáticos originais (rotas dos veados, rota dos abutres), com vários locais

de escalada e montanha, onde é possível praticar inúmeras actividades radicais que vão desde o

slide e escalada, passando pelo todo o terreno, BTT e hipismo, e que vão até ao bird-hatching,

trekking, e paintball, organizadas e logisticamente apoiadas pelas várias empresas de animação.

As tranquilas águas do Tejo proporcionam a prática de desportos aquáticos e passeios de

barco que vão a descoberta da geomorfologia das Portas de Ródão, das colónias de grifos e da Arte

Rupestre deste rio.

A Rota dos Lagares é uma iniciativa da Confraria do Azeite que pretende premiar a sinalizar

os Lagares que respeitam as melhores práticas no processamento da azeitona e na extracção do

melhor Azeite Virgem Extra. Fazem parte deste interessante projecto, os seguintes produtores e

locais de interesse:

� Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do Fundão, CRL;

� Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Malpica do Tejo, CRL;

� António Ramos & Firmina da Conceição Loures Ramos, Monforte da Beira;

� PROBEIRA – Produtos Alimentares da Beira, Envendos;

Realização de vários eventos relacionados directamente como Todo-o-Terreno, assim como

eventos desportivos de interesse nacional, tais como "Baja", "Volta a Portugal em Bicicleta", "7

Maravilhas Gastronómicas de Portugal", entre muitos outros acontecimentos, inclusive com

cobertura televisiva

Baixo índice de envolvimento entre as Instituições de Ensino (Superior, Profissional, etc.) que

cobrem pedagogicamente estas temáticas, e os operadores no terreno, assim como a falta de

um envolvimento conjunto, em iniciativas turísticas que promovam o seu relacionamento e

entreajuda

Apoio efectivo das entidades competentes a nível nacional como o Turismo do Centro

Inexistência de rotas temáticas relacionadas directamente com a promoção dos PLTQT, como a

rota do azeite, do queijo, entre outras

Oferta algo organizada de alojamento alternativo, como campismo e parques destinados a

autocaravanismo

Falta de acções de marketing, focalizadas em projectar toda a actividades turística do Geopark

Naturtejo

Existência de uma gastronomia, diversificada, tradicional e bastante apreciada, como é o caso

dos maranhos, que obtiveram o registo de um record no livro do Guiness, com o "Maior Maranho

do Mundo"

Oportunidades AmeaçasFacilidade em se organizar uma oferta exclusiva e diversificada, de certa forma inovadora, de

turismo desportivo(treeking, birdwhatching, balonismo, BTT, hipismo, etc.), de itinerários

temáticos originais (rota do medronho, rota das quintas) e de visita a locais de manifestações e

acontecimentos tradicionais do mundo rural (vindimas, matança, moinhos, etc.)

Operadores turísticos pouco qualificados e diversificados, sem facilidade muitas vezes em se

expressar em língua estrangeira, com pouca formação técnica para geoorientação, bem como

falta de guias turísticos, de preparadores físicos, geólogos, que acompanhem os turistas

interessados

Potencialidade do Turismo em Espaço Rural, em Espaço Agrícola, à recuperação de tradições

Aparecimento de outros destinos com características semelhantes e com atributos qualitativos

de superior interesse, existindo neste sentido o Geopark de Arouca e estando mais dois

projectos em construção (Porto Santo e Açores)

Turismo de Saúde e Bem Estar com aproveitamento das estâncias termais existentes

Focos de poluição favorecidos pelo aparecimento de actividades massivamente industriais,

como é o caso da celulose em Vila Velha de Ródão

Aproveitamento de redes ferroviárias, para a elaboração do comboio do azeite, ou do autocarro

do pinhal

Implementação de Turismo de Negócios na perspectiva de aproveitar o espólio de centros de

congressos, auditórios e outras infraestruturas existentes

Realização das feiras temáticas, regionais, comerciais, de PLTQT, como a Feira do Pinhal, a

Feira Raiana, que potencia a vinda de espanhóis

Facilidade em promover o turismo cultural, em parte devido à pluralidade de museus,

monumentos, imóveis, artesanato, festas populares e romarias

Facilidade de promoção de eventos e acontecimentos intergeracionais, ao ar livre, por exemplo

nos excelentes parques que o território oferece

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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� RODOVIL – Cooperativa de Azeite de Ródão, CRL;

� Herdade da Tojeira, Vila Velha de Ródão;

� PENAZEITES – Azeites Tradicionais, Lda., Penamacor;

� DULFAR – Sociedade Oleícola, Lda., Santa Maria da Feira;

� LOCA - Lagar Oleícola do Cruzamento de Alcaria, Lda., Fundão;

Sérgio Folgado – Azeites Terras D’Acha, Idanha-a-Nova;

� Lagar de S. Margarida de Tavira;

� Quinta de S. Vicente, Ferreira do Alentejo;

� Lagar da Quinta do Juncal, Santarém;

� Museu Lagares de Proença-a-Velha;

� Museu Lagar de Idanha-a-Velha;

� Museu do Azeite, Belmonte.

Outro exemplo, é o caso da Rota dos Sabores (Nisa),que consiste num circuito turístico que

promove e valoriza os PLTQT do Alentejo, uma vez que à semelhança do que foi referido, são

considerados um elemento primordial na valorização do território. No essencial este evento

possibilita a visita a diversas unidades de produção, com oportunidade de conhecer os respectivos

produtores e seus processos de produção.

O principal objectivo desta rota é proporcionar visitas a diversas unidades de produção para

que, todos os interessados, contactem directamente com diversos produtos tradicionais e

obtenham informação aprofundada sobre as suas características específicas e respectivos modos

de produção.

O projecto Rota dos Sabores é apoiado, promovido e desenvolvido num esforço conjuntos

entre a ADRAL – Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo SA, a Câmara Municipal de

Portalegre, APAFNA – Agrupamento de Produtores Agrícolas e Florestais do Norte Alentejano e

Natur-Al-Carnes – Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano, com o apoio da

CCDRA – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, através de um

financiamento no âmbito do PRAI-Alentejo (Programa Regional das Acções Inovadoras da Região

Alentejo).

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3.7.1. Rota dos PLTQT

Surge com a realização deste projecto de empreendedorismo, a nível da fileira estudada, a

ideia e quase obrigatoriedade de construção e lançamento de um novo exemplo de interacção,

ajuda e desenvolvimento conjunto entre as várias entidades tais como o Geopark Naturtejo, o

Projecto Amo-Produto Local, os Produtores de PLTQT, os Municípios, e um operador turístico

(empresas existentes de animação turística).

Figura 44 – Rota dos PLTQT

Fonte: elaboração própria

A Rota dos PLTQT, apresenta-se como um evento pontual e sazonal que tem por base um

circuito turístico e temático que promove e valoriza os Produtos Locais, Tradicionais de Qualidade

e Tipicidade do Geopark Naturtejo, já que estes constituem uma das vias para o aproveitamento

do potencial endógeno, para o desenvolvimento rural e para a consequente afirmação do território

no espaço regional, nacional e internacional.

Figura 45 – Ambiente Envolvente da Rota dos PLTQT

Fonte: elaboração própria

O principal objectivo desta rota é proporcionar visitas a diversas unidades de produção, para

que todos os interessados contactem directamente com diversos PLTQT e obtenham informação

aprofundada sobre as suas características específicas e respectivos modos de produção.

Por outro lado, a “Rota dos PLTQT” representa também uma forma de promoção turística,

alternativa e inovadora que confere um dinamismo diferente aos PLTQT, classificados ou não com

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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as designações de qualidade (DOP, ETG, IGP, MPRODI, MPB, MPA, etc.), numa clara tentativa de

promover o trabalho em equipa e cooperação interinstitucional, nomeadamente entre as

Autarquias, as Instituições de Ensino (Ensino Profissional, Ensino Superior), os Postos de Turismo

(guias turísticos, promotores, entidades), Produtores e seus agrupamentos, bem como a nível

indirecto estabelecimentos hoteleiros e restauração.

A título de curiosidade esta ideia foi muito bem recebida pelo Município de Proença-a-Nova,

aquando da realização de uma primeira reunião de trabalho, através da opinião favorável da sua

representante Dr.ª Inês Cardoso, referindo inclusive que já existe em preparação um masterplan

para uma actividade idêntica no território do Pinhal Interior Sul (PIS), mas que se for mais

alargado, isto é estendido a outros territórios como o do Geopark Naturtejo, ainda poderá resultar

melhor.

Similar apoio foi recebido do Município de Castelo Branco, quando através da entrevista

realizada ao seu Presidente, e com base nas suas palavras, “ a criação da Rota dos PLTQT poderá

ser um projecto interessante e estaria disponível para desenvolver os mecanismos necessários à

sua implementação no território constituído pelo Concelho de Castelo Branco.”

Como visitar

Os interessados em visitar esta “Rota dos PLTQT” podem realizá-lo de duas maneiras

distintas, ou através do website - www.amo-produtolocal.com, ou nos postos de turismo dos

concelhos aderentes ao projecto.

No primeiro caso os potenciais visitantes têm acesso a um conjunto de informação

detalhada sobre a “Rota dos PLTQT” (mapa, desdobrável, informação útil, distância, conselhos

úteis, nível de dificuldade, equipamento necessário, etc.). Podem então escolher o circuito a

efectuar (curto ou longo) e que produtos/unidades de produção a conhecer, basta para isso que

preencham um formulário existente online de pré-marcação da visita e aguardem confirmação via

email, estando a partir dai tudo preparado para que a mesma se realize. Recorrendo aos postos de

turismo o processo é idêntico, sendo aqui a informação facultada pelo técnico de turismo, que

procedem à marcação que após confirmação poderá ser assinalada.

Sinalética da Rota dos PLTQT

Em todo o território abrangido pela Rota dos PLTQT, será necessária a colocação de

sinalética direccional e informativa (placas), que indiquem a quem por elas passa a existência

deste circuito e qual o itinerário a seguir. Assim que os visitantes entram numa zona abrangida

pela Rota dos PLTQT, surge uma placa grande (sem setas) com a explicação de toda a rota

(informação geral e visualização global da rota), ao que se seguem outras placas idênticas, de

tamanho mais reduzido (já com setas) a indicarem a direcção das unidades de

produção/produtores envolvidos, bem como uma indicação da localização do posto de turismo

mais próximo, cada produtor/unidade de produção e agrupamentos de produtores, também terão

de possuir uma placa com essa mesma informação, que indicam a adesão a esta rota.

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Produtores aderentes

A Rota dos PLTQT será para ser implementada nos seis conselhos que fazem parte do

Geopark Naturtejo (Beira Baixa, Pinhal Interior, Alto Alentejo), sendo neste caso os produtores

que entram no projecto “Amo-Produto Local” os primeiros a aderirem a esta iniciativa, assim

temos:

� Herdade do Escrivão (Malpica do Tejo)

� Herdade da Tojeira (Vila Velha de Ródão)

� Monte dos Barreiros (Proença-a-Velha)

� Destilaria Silvapa (Madeirã)

� Mel João Vitório (Sobral do Campo)

� Licor Doces do Campo (Ladoeiro)

� Tisanas da Quinta Biológica - APPACDM (Castelo Branco)

� Compotas do Carvalhal (Proença-a-Nova)

� Padaria da Ângela (Monforte da Beira)

� Salsicharia Alpalhoense (Alpalhão - Nisa)

3.8. Outros Locais de Interesse

As propriedades das águas que saem das entranhas da Terra, constituem um dos locais de

grande interesse podendo ser utilizadas e melhor compreendidas nas esplêndidas termas de

Monfortinho (Idanha-a-Nova) e nas Termas da Fadagosa (Nisa).

No Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento (Vila Velha de Ródão) proporciona um

ensinamento de como evoluiu a paisagem e a tecnologia do Homem de Ródão.

O Museu do Canteiro (Alcains), onde se pode apreciar a bela arte de esculpir o granito

transformando-o em obras de elevado valor.

O Centro de Ciência Viva Proença-a-Nova, onde o elemento central está directamente

relacionado com a concepção da floresta como fonte de conhecimento, onde se pretende a

realização de um programa de experiencias interactivas que contam com o apoio de valências ,

tais como mediateca, auditório, laboratório e ainda de um “bar da floresta”.

Casa das Artes de Vila Velha de Ródão, funciona como um importante ponto de contacto dos

habitantes locais com a cultura, onde se cruzam e relacionam todas as gerações, ao mesmo tempo

que possibilita a oferta cultural, no formato de exposições (fotografia, escultura, pintura, artes

plásticas, etc.), de espectáculos (teatro, concertos, ópera, dança) e seminários e conferencias

sobre os mais diversos temas.

O Museu Cargaleiro em Castelo Branco, edificado num edifício de meados do Século XVIII,

conhecido por Solar dos Cavaleiros, alberga um vasto conjunto de obras que fazem parte da

colecção da Fundação Manuel Cargaleiro, tais como cerâmica, escultura, azulejaria, e tapeçaria.

Pode encontra-se no seu interior obras de alguns dos mais prestigiados artistas nacionais e

internacionais.

O Museu do Barro e do Bordado em Nisa, que funciona como um excelente meio para a

promoção e divulgação, bem como conservação das técnicas de olaria e de bordados típicos desta

localidade.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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3.9. Geoquinta

Espaço que pelas suas características naturais apresenta-se em perfeita sintonia com a

estratégia, visão, missão e valores do Geopark Naturtejo, cumprindo igualmente os requisitos de

se encontrar geograficamente situada no seu território, possuir elementos de interesse

paisagístico, geológico, pedagógico (fauna e flora), e por outro lado valências que permitem o

turismo aventura, bem como a inclusão em rotas e percursos temáticos, bem como em IBA’s.

Nesse sentido o espaço eleito para exemplificar este conceito é o “Monte do Amo”,

propriedade localizada estrategicamente em Proença-a-Velha (Coordenadas GPS: 40º 0’ 33’’ N, 7º

14’ 37’’W), sendo facilmente identificado e facilitado o seu acesso para quem se desloca na

estrada N239 (Idanha-a-Nova – Proença-a-Velha), recorrendo a sinalética vertical à face da

referida estrada, inclusive de sinalização da Rota dos PLTQT.

Esta propriedade, tem uma área de cerca de 150 hectares, onde com recurso ao modo de

produção biológico se produz azeite virgem extra e com base num regime extensivo e também

biológico se produz carne de gado ovino (borregos) e bovino (vitelas).

Os principais vectores orientadores do “Monte do Amo” residem na Sustentabilidade,

Permacultura, Modo de Produção Biológica (azeite e carne de ovino e bovino), como prova de uma

agricultura e exploração pecuária racionais e amigas do ambiente.

A nível permacultural existe neste espaço o reaproveitamento, de vários materiais e

resíduos, como é o caso de toda a madeira utilizada para confeccionar comida com recurso a

fornos de lenha, como sendo o aproveitamento de todos os desperdícios da alimentação humana

para os seus animais (porcos, galinhas, etc.) de consumo doméstico, onde todo o adubo e

fertilizante das terras provem do estrume natural do gado, onde é reaproveitada a água das

chuvas, onde é utilizada iluminação LED, e onde se constrói mais recentemente com base em eco

construção (adobe, ferrocimento, bambu e madeira reutilizada).

A nível de sustentabilidade a própria agricultura biológica praticada que proíbe o uso de

pesticidas e outros fertilizantes, permite gerir a nível custo/beneficio uma certa cobertura

positiva, o que permite referir a quase-sustentabilidade do local, mesmo utilizando pouco recurso

a energias renováveis, que apenas vão agora iniciar a sua aplicação.

Existe um enorme potencial a nível paisagístico, de flora e fauna, podendo ser o local ideal

para turismo natureza (BTT, Birdwhatching, Traking, percursos pedestres, passeios a cavalo, etc.),

para sessões pedagógicas a respeito da agricultura e pecuária biológica, existindo igualmente o

azeite biológico, que potencia o aparecimento de uma rota dos PLTQT, que passaria por este local

e outros tantos produtores/locais de produção.

Assim como a nível geológico pode referir-se a existência algumas formas xísticas de algum

interesse, em locais de perfeita harmonia com a natureza, e de onde se tem uma visão magnífica

do “Iselberg de Monsanto”, da vila de Proença-a-Velha,

A nível de produto inovador, existe actualmente a promoção, prática e divulgação de novas

actividades lúdicas, pedagógicas e de próprio treino e trabalho, como acontece no caso dos cães

“Border Collie” (cães pastores, que guardam ovelhas).

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Figura 46 – Outras actividades no “Monte do Amo”

Fonte: elaboração própria

A nível estratégico, será também o local escolhido para num espaço próprio (isolado de

poeiras, desratizado, de acordo com as actuais normas de higiene e controlo alimentar) e

totalmente certificado e licenciado, se proceder ao manuseamento, embalamento dos produtos

“Amo-Produto Local”, ou seja de se instalar a unidade de embalamento.

Num futuro próximo idealiza-se a elaboração e implementação de um projecto que

contempla entre muitas coisas, a construção de um eco-camping, com base em todos princípios

norteadores deste local (sustentabilidade, bio, permacultura, etc.).

Figura 47 – Conceito Geoquinta

Fonte: elaboração própria

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Capítulo 4. PROMOÇÃO/VALORIZAÇÃO/COMÉRCIO DE

PLTQT

A promoção dos PLTQT é certamente uma das estratégias apontadas por uma série de

autores e entrevistados, como um dos factores mais importantes para o próprio desenvolvimento

regional, através de uma valorização do potencial endógeno do meio rural, suportada em parte

pelo comércio desse género de produtos.

Actualmente, como já foi anteriormente referido, é necessário uma alternativa à produção

industrial, detentora de aspectos próprios, como a produção em massa e intensiva, com base em

processos tecnológicos muito evoluídos resultantes de I&D (investigação e desenvolvimento),

evolução esta que encerra francas hipóteses de resultar em crises alimentares, podendo esta

corrente ser contrariada pelo ressurgimento deste “novo” segmento de produtos agro-alimentares.

Nesse sentido, serão dissecadas no presente capítulo possíveis estratégias orientadas para a

valorização e promoção dos PLTQT, bem como o estudo dos canais de distribuição, e pontos de

venda mais indicados, o tipo de negociação aconselhado, e não menos importante o marketing, o

packaging, o design que possa ajudar nesse sentido. É neste ponto que será também evidenciado o

papel fundamental que as novas tecnologias, como a internet, têm neste processo,

nomeadamente a utilização de website e permanência nas redes sociais.

4.1. Apresentação de estratégias

Neste subcapítulo é elaborada uma síntese das principais estratégias para a promoção,

divulgação e comércio dos PLTQT, como forma de aproveitar o potencial endógeno e assim

facilitar o desenvolvimento do espaço rural, amenizando desta forma as assimetrias evidenciadas

em relação aos espaços urbanos.

De forma metódica, são apresentadas estratégias a vários níveis, nomeadamente a nível

institucional e a nível da intervenção na fileira estudada, descrevendo as várias acções necessárias

para cumprir os seus propósitos, tais como dinamizar a transformação e produção, promover a

aproximação destes produtos ao mercado, melhorar a comunicação e promoção, o marketing e a

imagem ao nível dos PLTQT.

À semelhança do que já foi referido em subcapítulo anterior e de acordo com Cristóvão, A.,

Tibério, M. et Teixeira, M., a valorização, promoção, divulgação e comercialização dos produtos

estudados (PLTQT) enfrenta uma série de condicionalismos e limitações, que não sendo exclusivos

deste território, devem ser referidas, mesmo antes da apresentação de qualquer possível

estratégia. (Cristóvão, A., Tibério, M. et Teixeira, M., 2003, p.62)

Condicionalismos

Nesse sentido, os mesmos autores referem que, os baixos volumes de produção

consequência do abandono dos campos e do artesanato, o risco da perda do saber-fazer

tradicional, a dispersão da produção rural acompanhada da crescente falta de mão-de-obra jovem

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nestas actividades, a debilidade organizativa (micro e pequenas empresas), a ausência de

mecanismos de concentração da oferta, o próprio envelhecimento da população, o

desaparecimento de sementes, variedades e práticas tradicionais na agricultura, a falta de locais

de venda e de canais de distribuição, uma legislação que em nada favorece a venda de produtos

de transformação artesanal, estão na base das dificuldades em implementar uma política e acção

de promoção aos genuínos PLTQT. (Cristóvão, A., Tibério, M. et Teixeira, M., 2003, p.59)

Resultado das reuniões de trabalho, nomeadamente com a representante do Município de

Proença-a-Nova, identificaram-se a este nível limitações de carácter profundo, como a fraca

expressividade económica desta fileira, uma vez que existem realmente os produtores e os seus

PLTQT, mas que na maior parte dos casos não possuem certificação, licenciamento, sendo

facilmente molestados pelas frequentes inspecções de controlo de qualidade e de higiene e

segurança no trabalho, levando muitas vezes ao encerramento deste tipo de unidades produtivas.

No caso do Município de Nisa, pela palavra da sua Presidente, Eng.ª Maria Gabriela

Tsukamoto, um dos maiores entraves à promoção e divulgação reside no facto dos PLTQT serem de

uma imensa diversidade, existindo um número considerável no Concelho de Nisa (cerca de 50

produtores das várias fileiras), que ao promover deveria ser pela sua totalidade. Nesse mesmo

sentido afirma que uma estratégia deste tipo passa pela promoção colectiva, sendo a ideia do

Projecto “Amo - Produto Local” um bom exemplo prático e real de como poderá facilmente ser

implementada no terreno.

Nesse mesmo sentido, o Director da ADRACES, Prof. Doutor António Realinho, realçou a

situação de existirem actualmente a operar no mercado (nacional e internacional) de PLTQT,

empresas com uma evidente capacidade de penetração, de conquista de posição concorrencial

favorável, e de autopromoção e divulgação dos seus produtos, pois por um lado são negócios muito

bem planificados e projectados, e por outro tem o apoio de fortes campanhas publicitárias e de

divulgação, que assim dificultam a entrada de novas empresas e ideias, consistindo assim num dos

condicionalismos presentes para este tipo de fileira.

Na opinião do mesmo dirigente associativo e investigador, esta barreira poderá ser

ultrapassada, se em termos da valorização e divulgação dos PLTQT se optar por agregar a estes,

elementos característicos do território, como a cultura, a própria história, e com o próprio

território.

Assim, na perspectiva do Prof. Doutor António Realinho, o território em causa, é bastante

rico em cultura e história, existindo inúmeras provas e vestígios recolhidos da passagem de vários

povos, como os Romanos, Visigodos e Judeus, bem como da Ordem de Cristo e os Templários, e da

ligação de ambos a determinados PLTQT, como é o caso do azeite.

Estes e outros detalhes, tornam o território em questão único, inimitável, genuíno e por

isso possuidor de excepcionais características diferenciadoras, que deverão ser aproveitadas ao

máximo, obtendo logo à partida a eliminação de alguns condicionalismos apontados.

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Limitações

Segundo Baptista, A., Tibério, L. e Fonseca, C., as limitações associadas ao processo de

valorização, promoção e comércio de PLTQT devem ser agrupadas em três categorias distintas,

designadamente, as limitações do próprio território em geral como por exemplo o índice de

envelhecimento e as condições desfavoráveis para a prática agrícola. (Baptista, A., Tibério, L. e

Fonseca, C., 2008, p.7)

Por outro lado as limitações produtivas e organizativas, visto tratar-se de produtos

realizados em pequena escala, ou próximos da extinção (o que por um lado também é positivo e

diferenciador), obtidos em alguns casos em condições de produção e de modos de vida nada

dignificantes.

E por fim, as limitações comerciais, consideradas como aquelas que apresentam maiores

falhas e lacunas, nomeadamente a fraca visibilidade e orientação comercial, a deficiente

articulação da oferta dos PLTQT com a “nova procura”, refira-se de turistas, de consumidores

mais informados e preocupados com alimentação saudável, a inexistência de canais de distribuição

e locais de venda, onde se promova o seu valor acrescentado.

A nível de limitações e condicionalismos, o Sr. Presidente da Câmara de Castelo Branco,

referiu que se relacionam principalmente com: “O facto do trabalho de base (explicado no

seguinte subcapítulo) não estar ainda feito de forma sistematizada, pelo que todas as acções já

promovidas acabam por ter um carácter relativamente pontual, claramente insuficiente para a

afirmação desses produtos. Isto porque a “persistência na memória” de um qualquer PLTQT é a

condição base para o seu reconhecimento e consequente impulso de compra.”.

4.1.1. Estratégias para a promoção, divulgação e comércio de PLTQT

Autores como Baptista, A., Tibério, L. e Fonseca, C., apontam como objectivos principais

das várias estratégias de aplicação a este contexto, por um lado o facto de propiciarem a melhoria

contínua e sustentável da economia e sociedade rural, e por outro preservar a tipicidade dos

produtos elaborados, a diversidade e beleza da paisagem agrária tradicional, bem como todas as

variáveis que constituem factores de competitividade dos territórios rurais. (Baptista, A., Tibério,

L. e Fonseca, C., 2008, p.7)

Os mesmos autores assumem que a valorização, divulgação e comércio de PLTQT, como

forma de aproveitamento do potencial endógeno, pode assumir duas vertentes, designadamente:

� Valorização pela via institucional;

� Valorização pela intervenção ao nível da fileira dos produtos.

Valorização Via Institucional

Ao nível da valorização pela via institucional, aparecem as DOP, IGP, ETG, MPRODI, MPB,

MPA, entre outras possibilidades, que no caso de Portugal e desde 1994, já foram aplicadas a

cerca de 120 produtos (DOP, IGP e ETG) dos quais, segundo o Guia dos Produtos de Qualidade de

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António José da Costa Jóia

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2007 (publicado por MADRP) e citado por Baptista, A., Tibério, L. e Fonseca, C., 70% registam uma

presença regular no mercado. (Baptista, A., Tibério, L. e Fonseca, C., 2008, p.8)

Os mesmo autores, reconhecem que o objectivo deste tipo de certificação é introduzir

elementos de diferenciação nos PLTQT no seu mercado, simultaneamente o seu reconhecimento e

valorização por nichos de mercado e segmentos de consumidores específicos. (Baptista, A.,

Tibério, L. e Fonseca, C., 2008, p.9)

Na análise da sua empregabilidade, refere-se oportunamente que, salvo poucas excepções,

“os volumes de produção vendidos com este tipo de certificação são pouco significativos”, o

mesmo se constata no terreno, sendo que muitas vezes os consumidores optam por escolher

produtos não certificados, visto o seu preço ser mais reduzido, e porque a maior parte dos

produtores/unidades de produção comercializam PLTQT, com as duas vertentes, com ou sem

certificação.

Todavia os produtores entrevistados, são uníssonos em reconhecerem que a valorização e

aproveitamento do valor acrescentado que se possa obter pela via da protecção do nome dos

PLTQT, não é satisfatória e apresenta-se muito reduzida ou nula.

O território do Geopark Naturtejo é abrangido pelas áreas geográficas de diversos PLTQT,

que possuem certificação, é o caso do azeite, queijo, e outros como se observa na seguinte

tabela.

Tabela 21 – Produtos Agro-alimentares e pecuários qualificados no Geopark Naturtejo

Fonte: elaboração própria

Na realidade e pelas razões expostas, existe a necessidade de procurar outras vias para a

valorização dos PLTQT, pois elas não se esgotam com a via institucional e muito menos, apenas

com as denominações referidas. Actualmente a produção/protecção integrada e a produção

biológica podem constituir vias alternativas e/ou complementares a investigar, mas o objecto

deste Estudo focaliza-se sobre outro tipo de intervenção, neste caso, ao longo da fileira dos

PLTQT.

Com base na opinião recolhida em entrevista, ao edil de Castelo Branco, Sr. Joaquim Morão:

“Considero igualmente importantes a valorização institucional e a valorização da fileira,

são acções que se complementam, não se substituem. Se bem que a atribuição de classificações,

como por exemplo a Denominação de Origem Protegida (DOP) ou a Indicação Geográfica Protegida

(IGP), para referir apenas algumas das mais conhecidas, sejam importantes, por significarem, em

princípio, garantia de qualidade, são claramente insuficientes.”

Concelhos Produtos Associações Responsáveis Entidades Certificadoras

Queijo DOP - Amarelo da Beira Baixa

Queijo DOP - Castelo Branco

Queijo DOP - Picante da Beira Baixa

Cabrito da Beira - IGP

Azeite - DOP Beira Interior

Mel do Alentejo - DOP

Queijo de Nisa - DOP

Queijo Mestiço de Tolosa - IGP

Associação de Produtores de

Queijo do Distrito de Castelo

Branco (APQDCB); Associação dos

Produtores de Azeite da Beira

Interior (APABI)

Beira Tradição - Certificação

de Produtos da Beira, Lda.,

Certialentejo - Certificação de

Produtos Agrícolas, Lda.

Vila Velha de Ródão, Castelo

Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros

e Proença-a-Nova

Nisa

Associação de Apicultores do

Nordeste Alentejano - APILEGRE

Certialentejo - Certificação de

Produtos Agrícolas, Lda.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Valorização a nível da Fileira dos PLTQT

São quatro, os eixos principais de actuação ao nível da fileira dos produtos (produto,

preço, distribuição e comunicação), identificados pelos autores Baptista, A., Tibério, L. e Fonseca,

C., como um conjunto de acções integradas e complementares, que têm como objectivos

primordiais, a dinamização da transformação local dos PLTQT, promover a sua aproximação ao

mercado, melhorar a comunicação e a promoção, e por fim estabelecer um compromisso

organizativo. (Baptista, A., Tibério, L. e Fonseca, C., 2008, p.9)

Na seguinte tabela são explicados em detalhe o funcionamento de cada um destes eixos,

conjuntamente com mais uma vertente de intervenção, isto é, acções diversas ao nível da

comercialização (comércio), exemplificando com casos concretos a sua aplicação.

Tabela 22 – Estratégias apontadas para a valorização a nível da Fileira dos PLTQT

Fonte: elaboração própria

Nesta perspectiva, para além de analisar o funcionamento destes cinco principais eixos, é

necessário entender que é de extrema importância a articulação destes com outras actividades

que não foram analisadas neste Estudo, como é o caso do património arquitectónico e natural, a

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António José da Costa Jóia

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religião, a caça e a pesca, o turismo, a gastronomia, tornando-se insubstituíveis na implementação

de uma estratégia conjunta e holística para a promoção do meio rural.

Resultado das entrevistas realizadas aos informantes-chave, mais precisamente à técnica

representante do Município de Proença-a-Nova, apura-se que é necessário uma mistura destas

duas grandes estratégias de valorização, mas na visão desta, será preferencialmente focalizada a

atenção à valorização da fileira no lado da oferta, sendo por isso de especial interesse na forma de

apresentação, o embalamento, o design, assim como o próprio marketing e distribuição dos

PLTQT.

Nesse sentido fui informado pela Presidente de Vila Velha de Ródão, Sr.ª Maria do Carmo

Sequeira, que a estratégia assumida na promoção dos PLTQT do seu Concelho, passa por 3 etapas

distintas, assim:

� Em primeiro lugar, uma peculiar preocupação e zelo pela “conservação,

manutenção e em alguns casos recuperação do património natural”, tendo em

especial consideração a flora, a fauna, mas também o património monumental,

arquitectónico, ou em alguns casos criar acessibilidades, ou condições propícias ao

usufruto público desses mesmos espaços.

� Em segundo lugar, alicerçado na primeira linha estratégica, surge a constante

intenção de convidar pessoas (turistas, visitantes, investigadores, etc.), para se

deslocarem a este Município, seja pelas actividades culturais desenvolvidas, como

feiras regionais e temáticas, seja pelo Turismo e pelos passeio temáticos, como os

que são promovidos pela “Incentivos Outdoor” (empresa promotora de turismo

aventura), seja por provas desportivas organizadas, como BTT, Todo-o-Terreno,

escalada, entre outras.

� Em terceiro lugar e alicerçada nas duas ultimas premissas referidas, surge

finalmente a intenção de associar todo este fluxo de entrada de pessoas para serem

oferecidas todas as excelentes condições e atracções desta região, não descurando

os aspectos gastronómicos onde obrigatoriamente se incluem os PLTQT.

Nesse mesmo sentido, a Dr.ª Inês Martins (Município de Oleiros), refere que no Concelho que

representa e analisada a sua envolvente, é necessário associar os ditos PLTQT, ou uma marca que

os represente, ao conceito de “produtos da montanha”, mostrando-se inclusive receptiva a uma

proposta da Amo – Produto local a esse nível.

Na opinião do Prof. Doutor António Realinho, existe a necessidade urgente de se “fazer

coabitar a qualidade dos PLTQT, certificada pelos mecanismos próprios (certificação DOP, IGP,

ETG,MPB, MPI, etc.) em parte resultantes das condições edafoclimáticas únicas e do “saber-fazer”

ancestral, com a História e Cultura próprias do território em causa”, citando como exemplo, que o

“Geopark Naturtejo possui características inconcorrênciais, dotado de uma genuídade irrefutável,

de achados históricos imemoráveis, de aspectos geológicos de excelência, criando de certa forma

o espaço ideal para a interpretação do imaginário, de lendas e contos associados a este tipo de

produtos e ao seu consumo”.

Neste sentido, ainda segundo a apreciação do Director da ADRACES, é bastante importante

agrupar alguns conceitos primígenos à volta deste tipo de produtos, sendo o Tradicional (História,

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Tradições, Gerações, etc.) e o Local (Geografia, condições edafoclimáticas, microclima, etc.)

conceitos basilares e indissociáveis, onde através de uma triangulação de relações e pontos de

contacto, que se encontram bem esclarecidos no conceito de PLTQT, e se expressam na seguinte

figura.

Figura 48 – Esquema de valorização da fileira dos PLTQT

Fonte: elaboração própria (adaptado da entrevista ao Prof. Doutor A. Realinho)

A título de exemplo, referiu no decorrer da entrevista de trabalho, que existem gerações e

tradições seculares, que chegam até nós através dos sabores, aromas e texturas dos PLTQT, é o

caso de certo tipo de azeite que se produz nas encostas (“barreiras”) do Rio Tejo, portador de

qualidades únicas, representa uma das fileiras mais significativas no Concelho de Vila Velha de

Ródão, existindo aqui um dos maiores núcleos de azeite do país (azeitona galega), onde o tipo de

solo, a exposição solar, entre outros factores, conferem ao fruto (azeitona) uma consistência,

tamanho, cor, sumo, muito particulares, promovendo este produto como um dos melhores azeites

de Portugal.

Na opinião do Presidente da Câmara de Castelo Branco, Sr. Joaquim Morão, em termos de

promoção, divulgação e comércio de PLTQT e para que se estabeleça uma relação ideal com o

meio envolvente, será necessário, conforme as suas palavras:

“ Deveriam os PLTQT, estar ligados, de forma estreita e permanente às várias entidades e

equipamentos que de alguma forma, podem participar na promoção do território e

simultaneamente na divulgação e comercialização dos PLTQT.

Partindo deste princípio, que na minha opinião deveria ser também um objectivo prioritário

– o primeiro passo para a implementação desta estratégia de actuação passa pela identificação dos

PLTQT, seguindo-se a identificação das características particulares que tornam cada um dos

PLTQT identificados únicos e representativos do território.

Para seguidamente se proceder à definição de um código/manual de boas práticas, com

vista à manutenção das qualidades e características desses PLTQT, seguindo-se a promoção de

acções de sensibilização, formação e esclarecimento junto dos potenciais produtores.

Simultaneamente a esta dinâmica, proceder à criação de um logo/marca comum,

sucedendo-se a elaboração de um manual de comunicação, para se realizar na fase seguinte a

PLTQT

História

TerritórioCultura

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selecção de parceiros para a promoção e venda dos PLTQT, com a criação de uma rede de pontos

de venda, e por fim a promoção de acções para apresentação dos PLTQT junto do público-alvo.”

4.1.2. Estratégias articuladas com outras actividades

PLTQT e o Turismo

Segundo Realinho, A., “nos territórios rurais a valorização dos recursos endógenos, materiais

e humanos” representa um dos mais promissores motores de desenvolvimento, no que se refere à

criação de mercados de consumo e também na promoção dos produtos e do património cultural

/natural, em que o turismo assume um papel de destaque. Sendo, na sua opinião, a diversidade do

território do Geopark Naturtejo, francamente potenciadora de vários tipos de Turismo (Natureza,

Rural, Cinegético, Saúde e Bem Estar e Cultural). (Realinho, A., 2010, p.205)

Na opinião da Dr.ª Inês Cardoso, representante e funcionária do Município de Proença-a-

Nova, o potencial do território em causa passa pelo desenvolvimento de actividades relacionadas

com o turismo natureza e a sua promoção, e estas “casam, por sinal, muito bem com a fileira dos

produtos regionais e seus produtores (sejam PLTQT)”.

Nesse sentido, são inúmeras as actividades na natureza, como o BTT, o Todo-o-Terreno, as

caminhadas e sessões de escalada que tem frequentemente contacto com a fileira dos PLTQT, seja

através de almoços, lanches organizados, seja pela passagem obrigatória dos percursos traçados

pelas unidades de produção ou locais de venda.

PLTQT e a Hotelaria/Alojamento

A título de exemplo, o Município de Proença-a-Nova, referiu um caso de sucesso no seu

Concelho, a “Casa da Avó” (Cimadas – Proença-a-Nova), que contempla a chegada de cada

visitante com um cabaz de PLTQT.

Figura 49 – Aspectos característicos do TER vs PLTQT – exemplo da “Casa da Avó”

Fonte: CASAS DE PEDRA (2007)

No que se refere a este aspecto o Presidente da Naturtejo, Sr. Armindo Jacinto, referiu que

existem inúmeros exemplos deste relacionamento entre PLTQT e casas TER, citando como

exemplo dessa parceria, a “Casa do Forno” (Salvaterra do Extremo), onde os geoprodutos pão e

bolos tradicionais, casam perfeitamente com a harmonia do espaço de turismo. São ali

confeccionados PLTQT com nomes relacionados com geologia, as chamadas “trilobites”, que são

bolos secos tradicionais, bem como as pizzas a que originalmente se deu o nome de “placas

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tectónicas”, bem como os “granitos” que são bolachas que imitam a textura das rochas ígneas,

não esquecendo o saboroso pão de azeitonas.

Figura 50 - Aspectos característicos do TER vs PLTQT – exemplo da “Casa do Forno”

Fonte: CASA DO FORNO (2011)

Outro dos exemplos referidos, neste caso pela representante do Município de Oleiros, Dr.ª

Inês Martins, foi o caso das casas de “Vilar de Condes” (Madeirã – Oleiros), onde num ambiente

completamente rural, bucólico e sossegado, digno da região do Pinhal Interior Sul (PIS), existem

actividades que envolvem os PLTQT e estes espaços como é o caso do pic-nic, oferecido aos

hóspedes com base nestes produtos. Um facto curioso é o voucher desta estadia consistir num saco

de serapilheira, que contem uma pedra de xisto, e que é levantado no posto de turismo e

entregue à chegada à sua habitação.

Figura 51 - Aspectos característicos do TER vs PLTQT – exemplo do “Vilar dos Condes”

Fonte: VILAR DOS CONDES (2010)

PLTQT e a Gastronomia/Restauração

Por outro lado, autores como Gomes, R., Branco L., Sá, J., afirmam que os grandes mestres,

chefes de cozinha com nome reconhecido na gastronomia nacional e internacional (como por

exemplo o Chef Valdir Lubave, o Chef João Paulo Carreira, o Chef Chacal, Chef Henrique Sá

Pessoa, entre outros) podem e devem ser importantes agentes de divulgação e valorização dos

PLTQT, recorrendo a estes para a elaboração dos seus pratos. A este respeito, um bom exemplo é

o que tem sido feito com os nossos azeites e queijos. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá,

J.,2005, p. 19)

Neste contexto, os mesmos autores, estabelecendo o paralelismo entre a gastronomia e o

turismo, acreditam numa maior facilidade de penetração dos PLTQT nos mercados internacionais,

pela mão dos próprios turistas nacionais e estrangeiros. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá,

J.,2005, p. 20)

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PLTQT e o Património Natural/Arquitectónico

O ‘geoazeite’, o ‘geovinho’ e a ‘geocarne’ são, para já, os produtos base de uma iniciativa

estratégica levada a cabo pelo Geopark Naturtejo. Na perspectiva do presidente da Naturtejo, Sr.

Eng. Armindo Jacinto, o objectivo é, posteriormente, vender os geoprodutos na Rede Europeia e

Mundial de Geoparques, afirmando para o efeito:

“A ideia é que os produtos que temos no território, e que já estão qualificados ou por

denominação de origem protegida, ou produzidos como biológicos ou outros processos de

valorização, possam beneficiar de um processo de qualificação integrados na estratégia do

Geopark”.

Nesse sentido, o entrevistado afirma pretender associar estes PLTQT a vários geomumentos,

numa iniciativa impar de conciliação entre estes e o património geológico, explicando por palavras

suas, da seguinte forma:

“A campina de Idanha-a-Nova tem uma relação muito forte com a falha do Ponsul, um dos

geomonumentos do Geopark, que irá identificar a geocarne, neste caso produzida pela empresa

Montes da Raia”.

“O azeite do Ladoeiro levará também o rótulo, estando associado ao Parque Iconológico de

Penha Garcia, e o primeiro vinho engarrafado da Idanha-a-Nova, na freguesia de S. Miguel d’ Acha,

o Súbito, será associado ao geomonumento de Monsanto”.

Para se obter a designação de geoproduto, torna-se necessário cumprir vários requisitos,

nomeadamente respeitar um caderno de encargos referentes à sustentabilidade ambiental, bem

como princípios da carta europeia de geoparques e a carta global de geoparques, comummente

aceite e respeitada.

O presidente da Naturtejo avançou ainda que esta é também uma forma de os consumidores

terem uma atitude proactiva e ajudarem a economia e o desenvolvimento sustentável da região.

Face ao exposto, o mesmo responsável, assumiu publicamente na comunicação social, no

mesmo dia em que foi apresentado o livro Portugal Rural: A oportunidade, que o cabaz Amo –

Produto Local, será um dos Geoprodutos disponíveis, e por isso merecedor do respectivo selo de

certificação, utilizado pela Naturtejo para garantir a qualidade e proveniência dos PLTQT.

PLTQT e os Eventos Promocionais (certames, feiras, mercados, coffee breaks, portos de honra)

O Município de Proença-a-Nova, segundo a Dr.ª Inês Cardoso, desenvolveu recentemente

uma acção de promoção e divulgação das suas potencialidades turísticas, onde se incluíam os

PLTQT, e que consistiu numa intervenção gráfica no metro de Lisboa e Porto, como locais de

elevada concentração populacional. A par disto são realizadas inúmeras feiras regionais e

temáticas como é o caso da Feira do Natal (compotas e doces), a Feira da Tigelada (doces típicos)

e a Feira dos Produtos Regionais (PLTQT).

Nesse sentido, encontra-se em fase de desenvolvimento um projecto, em colaboração com a

Associação de Desenvolvimento do Pinhal Interior Sul (ADPIS),o lançamento de uma marca própria

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para os PLTQT, com vista a facilitar a sua promoção e divulgação. Simultaneamente, este

Município, apoia e orienta através de técnicos especializados as candidaturas a fundos

estruturantes, como é o caso das candidaturas a PRODER.

Simultaneamente às iniciativas referidas, está contemplado para o novo website do

Município de Proença-a-Nova a ser lançado em Janeiro de 2012, uma loja online para comércio dos

respectivos PLTQT, desde que inseridos no projecto de marca própria e que tenham certificado de

qualidade.

No caso dos contactos estabelecidos entre PLTQT e a organização de eventos e de certos

momentos que os acompanham, nomeadamente Portos de Honra e Cooffe Breaks, todos os

municípios foram unânimes e responderam afirmativamente ao facto de já utilizarem este tipo de

produtos nessas ocasiões.

Por outro lado, o Município de Oleiros, segundo a sua representante nesta entrevista, refere

o concurso do geoprodutos, realizado anualmente, como uma das possíveis formas de associar

certos eventos aos PLTQT, apontando outros exemplos neste contexto, como é o caso de se

oferecer cabazes com este tipo de produtos aos ilustres convidados (políticos ou não) de acções

promovidas pelo Município, reconhecendo imediatamente as vantagens em ser o cabaz Amo -

Produto Local, em detrimento dos convencionais.

Nesse sentido o Município de Castelo Branco, através dos seu responsável máximo, referiu a

título de exemplo que “para além das grandes acções de promoção e venda, de que são exemplo a

realização da Bienal do Azeite (Feira Nacional) e do certame Sabores de Perdição, a Câmara

Municipal está a participar num projecto que pretende por em prática os procedimentos e práticas

que foram referidas no necessário trabalho de base.”

PLTQT e as Várias Entidades Institucionais

A nível de relação e contacto com este tipo de valorização dos PLTQT e as Associações de

Desenvolvimento Regional, como é o caso da Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro -

Sul – ADRACES, o seu responsável máximo (Prof. Doutor A. Realinho), assume que acha bastante

interessante a ideia de um percurso temático (pontual e sazonal) que o Projecto Amo – Produto

Local contempla, e a que apelidou de Rota dos PLTQT e que este tipo de entidades poderá ajudar

a desenvolver.

Na sua opinião, a grande vantagem reside em convidar vários tipos de operadores, como

por exemplo, de turismo, de comercialização deste tipo de produtos, de exportadores, entre

outros, a visitar pessoalmente este território através dessa temática, assim num momento

posterior estariam munidos de elevada formação e informação, e explicariam implicitamente o

território quando estivessem a vender os PLTQT aos seus clientes.

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4.2. Selecção de Canais de Distribuição

No caso concreto dos PLTQT, sendo produtos de valor acrescentado, necessitam um

tratamento diferenciado no que se refere à sua distribuição e comercialização, sendo fundamental

anteceder a sua colocação no mercado, a partir de um estudo prévio que garanta a sua correcta

distribuição.

No Geopark Naturtejo a produção de PLTQT encontra-se distribuída de forma diferenciada

pelos seis concelhos que o compõem, em parte devido à grande diversidade agrícola e pecuária,

ao considerável número de produtores e por fim a existência de fortes ligações à própria tradição

e tipicidade desses produtos.

A garantia da qualidade dos PLTQT, alcançada em parte, através das inúmeras formas de

certificação existentes (DOP, ITG, ETG, MPRODI, MPB, entre outras), facilitou a sua penetração no

mercado e levou à abertura e incremento de novos canais de distribuição bem como de locais de

venda, que segundo a opinião de Gomes, R., Branco L., Sá, J., devem ser alvo de uma avaliação

rigorosa e reflexão profunda por parte dos produtores, pois é indispensável e primordial que a

qualidade dos PLTQT seja assegurada até ao momento de aquisição pelo consumidor.

Actualmente, este género alimentício (PLTQT), sendo de comprovada natureza agrícola ou

pecuária, obtidos por métodos tradicionais constituem, na opinião dos mesmos autores, uma boa

resposta para satisfazer as modernas tendências da procura.

Canais de Distribuição

Na maior parte dos casos, os locais de produção dos PLTQT (meio rural, herdades, quintas,

propriedades, etc.) ficam afastados geograficamente dos locais onde se localiza a procura desses

mesmos produtos (meio urbano, lojas gourmet, restaurantes, mercearias finas, mercados

temáticos, etc.), tornando-se obrigatório desenvolver um sistema que permita fazer chegar em

perfeitas condições toda a produção, existindo duas possibilidades para o produtor conseguir

resolver este problema, ou através de meios próprios (circuito directo) ou recorrendo ao serviço

de intermediários, que facilitam o encontro entra a oferta e a procura (circuito indirecto).

Como a maior parte dos produtores de PLTQT, são constituídos por empresas de micro/

pequena e média dimensão, em que o sector produtivo representa a função principal destas

organizações, pode desaconselhar-se simplesmente a existência de uma estrutura organizacional

pesada, que garanta a cobertura de todas as restantes funções, com custos incomportáveis. Para

preferencialmente utilizar um modelo que contempla o recurso a intermediários, com capacidade

para desempenhar actividades de carácter comercial e de distribuição. Permite-se desta forma,

que pequenos produtores alcancem os mercados-alvo pré-seleccionados.

A delegação deste género de funções em terceiros não é um processo fácil e espontâneo,

devendo para isso o produtor de PLTQT avaliar a competência, experiencia e as capacidades das

entidades com quem irá colaborar, sendo através desta avaliação que surgem os diferentes níveis

de transferência de actividades e que podem variar com base nas características de cada

produtor, tais como, a diversidade de actividades desenvolvidas pela sua empresa (comercial,

financeira, contabilística, etc.), a localização geográfica dos mercados, a capacidade de

armazenagem do produtor, o sistema de facturação, entre muitas outras.

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Resumidamente, existe uma regra básica defendida por Gomes, R., Branco L., Sá, J. que

deverá estar permanentemente na mente do produtor, isto é, “quanto maior for o grau de

transferência de funções para terceiros, menor será o nível de controlo sobre as actividades

transferidas”. Este factor só poderá ser minimizado com recurso a constantes avaliações de

controlo, que permitem observar a performance das actividades contratadas. (Gomes, R., Castelo

Branco, L. et Sá, J.,2005, p. 17)

A escolha de um determinado canal de distribuição, está directamente relacionada com o

grau de perenidade que os produtos tem, uma vez que produtos com pouca elasticidade deverão

ter canais de distribuição o mais curtos possíveis. Nesta perspectiva, é um facto comummente

aceite, que sucessivos transportes, com vários pontos de manuseamento e movimentação,

mudança de condições ambientais, podem comprometer a sua qualidade, interferindo

irremediavelmente na sua aceitabilidade.

4.3. Interacção com novas tecnologias da informação

Actualmente as novas tecnologias da informação (NTI’s), e em especial a internet, são

consideradas ferramentas muito importantes, imprescindíveis e insubstituíveis no marketing de

qualquer produto ou serviço, facto ainda mais visível quando se trata PLTQT.

As vantagens que a sua correcta utilização propícia, na opinião de Mello, L., Neto, M.,

Coelho, J., são reflectidas em vários quadrantes, nos consumidores, pois permite-lhes entre

muitas outras, o acesso a informação, divertimento, facilidade de experimentação, satisfação

imediata, maior valor acrescentado ao produto e uma convivência que se pretende quase familiar.

(Mello, L., Neto, M., Coelho, J., 2005, p.8)

Ao nível empresarial, os mesmos autores, garantem que o seu uso apropriado, permite uma

significativa redução de custos, uma maior interactividade com os seus clientes e restantes

stakeholders, melhorias significativas na qualidade dos serviços e nas pesquisas do mercado.

Sendo importante referir neste ponto o seu carácter mais limpo e amigo do ambiente,

permitindo igualmente um género de publicidade menos agressiva para com a natureza, uma

comunicação com menor recurso a papel, e que por isso se torna mais sustentável.

Por outro lado, facilita os produtores, neste caso de PLTQT, que passam a maior parte do

seu tempo nos campos e unidades de produção, o acesso à informação a qualquer momento e

vezes repetidas, inclusive podem ser alertados da sua existência por equipamentos auxiliares às

NTI’s (telemóveis, PADS, etc.).

Os autores Caetano, J. et Andrade S., ainda em relação aos produtores, e no que se refere

às suas ligações exclusivas a associações e cooperativas, afirmam que este tipo de ferramenta,

como é o caso da Intranet, facilita a comunicação e o entendimento entre técnicos e associados,

permitindo um contacto quase imediato, seguro e estável. Também permite a utilização de uma

Extranet entre a Associação/Cooperativa e todos aqueles com quem se relacionam, as restantes

partes interessadas, como clientes, fornecedores, entre outros. (Caetano, J. et Andrade, S., 2003,

p.106)

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Neste sentido, e de acordo com Mello, L., Neto, M., Coelho, J., a existência de um website

tem um papel primordial na gestão de qualquer negócio, sendo este beneficio assente em três

pilares fundamentais, “informar, entreter e comunicar”.

No caso específico de uma entidade gestora de PLTQT, o website deverá ser do tipo

“infocomercial”, isto é, deve fornecer toda a informação necessária sobre os seus produtos e

simultaneamente divulgá-los e publicitá-los para fomentar nos visitantes o seu desejo de compra,

sendo este em última analise o principal objectivo. (Mello, L., Neto, M., Coelho, J., 2005, p.9)

Os autores Mello, L., Neto, M., Coelho, J., identificam um conjunto de fases intermédias,

pelas quais passa um visitante (potencial cliente) do website, desde o momento inicial da sua

visita até ao momento final da compra, assim tendo como suporte um acrónimo anglo-saxónico,

designado por AIDA, os autores identificam o momento inicial em que o cliente toma consciência

(AWARENESS) de que o produto serviço é real e existe, para na fase seguinte promover o seu

interesse (INTEREST) pelo respectivo produto, levando-o a explorar para obter mais informação

acerca dele, para que a partir daqui surja o desejo (DESIRE) de o possuir ou consumir, para

finalmente o levar à acção (ACTION) de o comprar. (Mello, L., Neto, M., Coelho, J., 2005, p.8)

É com base nestas quatro fases, e numa publicação da Unidade Missão Inovação e

Conhecimento (2002), citada por Mello, L., Neto, M., Coelho, J. que se estabeleceram quatro

conjuntos de parâmetros para avaliação da própria qualidade dos websites, nomeadamente a

acessibilidade, a navegabilidade, os conteúdos e por fim os serviços disponíveis on-line. (Mello, L.,

Neto, M., Coelho, J., 2005, p.8)

Acessibilidade

Este parâmetro encontra-se directamente relacionado com o grau de facilidade com que se

acede ao website pretendido, no que se refere quer à resposta dos próprios motores de busca

(Google, Yahoo, Altavista, etc.) na tentativa de o localizar, quer na sua facilidade de

descarregamento, por exemplo da página inicial ou principal (homepage).

Surge neste momento o conceito de “economia de atenção”, referido por Mello, L., Neto,

M., Coelho, J., no que se refere às imensas alternativas que são oferecidas neste tipo de canal,

sendo que a maior parte dos utilizadores não perde muito tempo a pesquisar o mesmo item,

desistindo facilmente quando não conseguem os resultados pretendidos e inclusive não voltando a

repetir o mesmo método. (Mello, L., Neto, M., Coelho, J., 2005, p.11)

Nessa perspectiva e para amenizar este efeito, os mesmos autores concluem que se torna

indispensável a utilização de algumas “palavras-chave” no desenvolvimento dos websites, caso

contrário os resultados dos referidos motores de busca podem não ser os pretendidos, aparecendo

o website sempre em lugares baixos, isto é, com muita informação e soluções disponíveis

previamente.

Navegabilidade

Segundo Mello, L., Neto, M., Coelho, J. a navegabilidade resume-se à facilidade com que

depois de encontrado o website e descarregada a página principal, consegue-se encontrar os

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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conteúdos informativos, sendo avaliado este parâmetro quer pela rapidez com que as páginas

posteriores que são descarregadas quer pela facilidade em encontrar a informação pretendida,

contribuindo exponencialmente para esse resultado uma barra de navegação, bem estruturada,

simples, sem excesso de informação e por isso que se apresente bastante acessível. (Mello, L.,

Neto, M., Coelho, J., 2005, p.10)

Existe no seio destes autores, a opinião que muitos websites na tentativa de se tornarem

bastante apelativos e visualmente mais atractivos, acabam por recorrer a um excesso de

informação, o que os tornam mais cansativos e difíceis de consultar.

Conteúdos

Na sua generalidade os conteúdos dos websites, inclusive daqueles directamente

relacionados com PLTQT, tem na opinião de Mello, L., Neto, M., Coelho, J. duas funções

primordiais, nomeadamente, informar os consumidores/clientes de toda a informação sobre a

empresa, o produtor em causa, sobre os produtos para de seguida os promover e comercializar.

(Mello, L., Neto, M., Coelho, J., 2005, p.8)

Resumidamente, os autores citados, afirmam que pretende-se uma função “infocomercial”

dos conteúdos, isto é na primeira fase criar o interesse e na fase posterior suscitar o desejo, e

mesmo que não se comercialize directamente os produtos, caso os promovam convenientemente

levam a que seja efectuada a sua posterior comercialização, cumprindo assim totalmente o

propósito do website.

Relembrando que no propósito da presente investigação está um projecto de

empreendedorismo para a promoção e valorização de PLTQT, onde a este nível das NTI’S se opta

pela criação de um website (www.amo-produtolocal.com), para aproveitamento das inúmeras

vantagens associadas e anteriormente referidas.

Neste sentido, aproveitando os conhecimentos dos referidos autores, seleccionam-se um

conjunto de elementos que consideram de extrema importância aquando da construção do próprio

website no que se refere a matéria de conteúdos, que serão certamente empregues no caso

concreto desta investigação e que se encontram resumidos na seguinte tabela.

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António José da Costa Jóia

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Tabela 23 – Pontos importantes na construção de um website de PLTQT

Fonte: elaboração própria

Serviços disponíveis online

Um dos grandes benefícios da utilização da internet como apoio à actividade comercial é

certamente permitir uma maior ligação entre a empresa (website) e o seu cliente/utilizador,

permitindo a ambos a recolha de uma grande quantidade de informação e em tempo real, que

segundo os autores Mello, L., Neto, M., Coelho, J., pode funcionar como base de toda uma

estratégia de marketing, tanto para empresas, como associações ou entidades. (Mello, L., Neto,

M., Coelho, J., 2005, p.9)

Além de algumas ferramentas já indicadas anteriormente, pode referir-se muitas outras que

para além da cativação da atenção do cliente, permitem despertar a sua vontade de repetição de

visita, ou até mesmo saciar um desejo de compra, na seguinte tabela evidenciam-se alguns desses

instrumentos e o modo como funcionam.

Tabela 24 – Alguns serviços online e sua funcionalidade nos PLTQT

Fonte: elaboração própria

Segundo dados da Marktest referidos por Mello, L., Neto, M., Coelho, J. os consumidores

que mais utilizam a internet para fazer as suas compras online, pertencem à classe alta e média

alta, sendo este o segmento, já identificado anteriormente no presente Estudo, que terá poder de

compra para adquirir on-line PLTQT. (Mello, L., Neto, M., Coelho, J.,2004, p. 7)

Em ultima análise o resultado da aplicação desta panóplia de ferramentas, permite a

construção de importantes bases de dados de clientes/consumidores/potenciais compradores

(Database Marketing) que suportam entre muitas outras coisas, o crescimento de estratégias de

gestão de relacionamento com o consumidor (CRM-Costumer Relationship Management), que

Pontos Importantes www.amo-produtolocal.comUma boa promoção de PLTQT no website requer a conquista da confiança dos consumidores, sendo de extrema

importância o uso de uma marca para essa conquista, permitindo a identificação rápida dos produtos em causa Amo - Produto Local

A necessidade da existência de uma entidade ou associação que se encontre interligada com a empresa não pode ser

descurada Geopark Naturtejo

Necessária recolha e publicitação de informação acerca dos PLTQT, nomeadamente a sua história, a sua descrição e

composição, o seu modo de produção, o seu produtor, as garantias de qualidade (DOP, ETG, IGP, etc.) o que no seu

conjunto torna o website mais apelativo Folheto Informativo dos PLTQT

A existência de ligações a outros websites, como forma de fortalecer a confiança do cliente/consumidor, dando

enfâse a toda a cooperação e entreajuda entre as entidades envolvidas, garantindo um certo estatuto e o

compromisso público de oferecer um produto de determinada qualidade

Links aos sites das entidades envolvidas (Municípios, Geopark Naturtejo,

Associações de Produtores, etc.)

Deve possuir um local específico para publicitar a participação em feiras e outros eventos, pois se for com

antecedência, pode potenciar a participação desses mesmos clientes em "carne e osso" e "ao vivo e a cores" Subpágina das Novidades

Visto se tratar de PLTQT é extremamente importante a publicação de receitas em que sejam utilizados esses

mesmos produtos Subpágina das Receitas

Criação de uma mailing list, permitindo assim um contacto mais directo com aqueles que já são nossos clientes, e de

newsletters para garantia de informação sempre actual Mailing List (CRM) e Newsletters

Informações de utilização pós compra dos PLTQT, como o manusear e conservar correctamente, como fruir ou

saborear melhor o seu consumo Subpágina dos Produtos

Serviços online FuncionalidadesRealização de

sondagens

Através de um inquérito online, conseguir obter informações por exemplo da satisfação dos clientes, do

grau de facilidade de navegabilidade do website, etc.

Mailing Lists Através de uma lista de endereços de correio electrónico divulgar informação, como por exemplo

Registo no website

Promovendo este registo, permite-se uma maior fidelização do utilizador/cliente, podendo inclusive

aceder a áreas reservadas e informação privilegiada

Fórum Permite às pessoas colocar perguntas e obter respostas de especialistas em determinada temática

FAQ's Consiste numa listagem de perguntas mais frequentes ( Frequently Asked Questions)

Compras online

Ferramenta que permite a aquisição dos produtos à distância, mediante o pagamento, indicação de morada

de entrega

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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permitem por exemplo avisar da sua data de aniversário, identificar os produtos mais consumidos

por esse cliente, os seus interesses e gostos, entre muitos outros aspectos.

4.4. Promoção: Marketing, Design e Packaging

Para uma correcta e eficaz promoção/divulgação dos PLTQT, devem ser combinados vários

factores em simultâneo, tais como as acções de marketing, o recurso a novas e funcionais ideias

provenientes das áreas artísticas do design, e por fim o recurso a uma industria bastante complexa

e de grande dimensão e que permite uma quase infinita escolha de modelos, materiais, formas e

funções de embalamento.

Marketing

É com base na inovação da industria alimentar que se tem permitido desenvolver novos

produtos, mas segundo o autor Dubois, B. é através do marketing que se tem conseguido de algum

modo antecipar e prever as novas necessidades do consumidor final e identificar segmentos de

mercado, funcionando assim como uma ferramenta insubstituível na divulgação e promoção de

alimentos de produção não industrializada, de natureza agrícola ou animal, obtidos por métodos

tradicionais (PLTQT), orientados e criados para satisfazer as novas tendências do mercado e da

procura. (Dubois, B., 1999, p.45)

Atendendo, segundo o autor Brito, P., à forma como os PLTQT são produzidos, por exemplo

através de agricultura biológica/produção integrada, ou processados, como é o caso do enchido e

do queijo com o fumeiro/cura tradicional, e por fim controlados (certificação, fiscalização), é que

lhes passa a ser garantido o seu valor acrescentado sem que seja necessário recorrer à inovação

tecnológica dos processos produtivos, com esse fim. (Brito, P., 2000, p.95)

Nesse sentido, os PLTQT, à semelhança de outro qualquer produto de produção industrial e

de consumo massificado, e apesar da sua qualidade garantida, não dispensam um estudo de

mercado aprofundado para que seja garantido o seu êxito, evitando o risco do insucesso

comercial.

Assim, na opinião de Hortinha, J., o marketing estratégico torna-se num instrumento

indispensável para que numa fase inicial, se efectue a identificação do mercado onde se pretende

colocar determinado PLTQT, ou seja, é necessário realizar uma individualização dos segmentos de

mercado, inclusive até ao nível da micro-segmentação, para que assim seja mais fácil identificar e

analisar as necessidades dos diferentes grupos de potenciais compradores. Esta fragmentação do

mercado global permite estimar a atractividade dos diversos produtos-mercado, medir o grau de

competitividade e definir uma estratégia de cobertura do mercado visado. (Hortinha, J., 2002,

p.42)

Design

Para ser garantido o prestígio que os PLTQT merecem junto dos seus consumidores, existem

formas específicas de apresentação e promoção desses produtos, que permitem inclusive distingui-

los dos seus produtos concorrentes, como é o exemplo do packaging (embalamento/rotulagem) e

todo o design a ele associado.

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Devendo para esse efeito, os produtores, promotores e comerciantes de PLTQT manterem-

se atentos às novas formas de comércio, à modernização dos postos de venda, e uma clientela

mais selectiva e informada.

Packaging (embalamento/rotulagem)

O packaging (embalamento) encontra-se inevitavelmente indissociável da embalagem e do

rótulo, representando um factor de elevado peso na promoção e divulgação dos PLTQT, uma vez

que possibilita que os consumidores reconheçam os produtos, que os apreciem, que se

identifiquem, que se informem através deles e que inclusivamente os aconselhem a outros

consumidores.

Adequado aos moldes que o comércio geral de produtos, quer sejam ou não agro-

alimentares, assumiu na actualidade, existe a necessidade de cuidar da sua forma de

apresentação, da sua imagem, da sua diferenciação, para que nos vários locais de venda seja

facilitada a comercialização, através de informação, de publicidade, de marketing, de design, em

suma tudo o que pode ser englobado no próprio packaging.

A nível funcional, os resultados do packaging são bastante notórios na globalidade dos

produtos, sendo possível, hoje ter alimentos fatiados, congelados, prontos a comer (consumo e

confecção imediatos), já processados (corte, lavagem), enlatados, num número ilimitado de

possibilidades de serem apresentados, e inclusive adaptados a várias situações, como viagens, pic-

nic’s, e inclusive em condições adversas, como gelo e neve, ou calor excessivo, entre muitas

outras possibilidades.

Como já foi referido, é através da embalagem (parte física) e do rótulo ou do que este

transmite (parte visual) que o packaging comunica e se exprime, numa sintonia de factores que

quanto mais simples e directa se mostrar, melhor alcançará os resultados esperados.

Actualmente, aplica-se este processo a produtos altamente perecíveis, como forma de lhes

garantir o seu aspecto natural, saudável e ao mesmo tempo que retardam o seu estado de

maturação, são exemplos disso o embalamento a vácuo e o embalamento com atmosfera

condicionada ou específica, e todo o envolvimento com a investigação biológica que permite

alterar as características de alguns produtos, aumentando a produtividade das culturas e

produções, a sua apresentação, a sua resistência a doenças e pragas, assim como novas

utilizações.

Embalagem

Gomes, R., Branco L., Sá, J., afirmam que na sua génese, a embalagem e as actividades a si

ligadas tiveram um incremento substancial, segundo estes, sentido a partir do final da 1ª metade

do Séc. XX, que em parte se ficou a dever à venda massificada dos produtos de grande consumo,

de que são exemplo as produtos de natureza alimentar (PLTQT e outros) e as bebidas, sendo estes

dois grupos de produtos os que impuseram mais exigências e pressões nas indústrias ligadas à

embalagem. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá, J.,2005, p. 15)

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Foi certamente um enorme salto na indústria direccionada para a conservação de alimentos,

o aparecimento dos primeiros enlatados, que originou uma nova era dos alimentos processados.

Assim, como é referido na revista Frutas, Legumes e Flores, nº 57, a embalagem assumiu um papel

preponderante em todo este processo, pois permite o aumento dos prazos de conservação dos

alimentos, e a partir deste momento foi possível criar reservas alimentares e efectuar o transporte

de determinados alimentos para locais onde outrora não existiam. (Revista Frutas, Legumes e

Flores, nº 51, «Dossier Embalagem», p. 30)

Nesta perspectiva, a embalagem dos produtos alimentares representou uma nova actividade

de apoio comercial, que inicialmente era da responsabilidade dos armazenistas, mas devido ao

incremento da produção e desenvolvimento tecnológico obrigou a este tipo de actividade se tornar

independente dos armazenistas e passar a ser realizada por empresas especializadas.

No estudo “Novos Produtos de Valor Acrescentado”, são apontados como principais factores

de desenvolvimento da indústria da embalagem, o marketing, a necessidade de conservação, a

própria segurança alimentar dos consumidores, bem como a protecção dos produtos, garantindo a

sua inviolabilidade. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá, J.,2005, p. 19)

Na tabela seguinte evidencia-se o papel que cada um destes fundamentos representa no

avanço e manutenção do referido sector.

Tabela 25 – Factores que influenciam o desenvolvimento das embalagens

Fonte: elaboração própria

Resumidamente, segundo o autor Campos, C., pode enaltecer-se o papel e as vantagens que

a embalagem experimenta no universo dos produtos comercializáveis, mas no caso concreto dos

PLTQT a capacidade evidente que têm em valorizar e promover certos aspectos destes produtos,

não se mostrando indispensável avaliar os custos associados, para balancear esse aspecto com as

vantagens competitivas que uma excelente embalagem possibilita alcançar. (Campos, C.,2000,

p.25)

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Para que o processo da embalagem seja analisado em todas as suas vertentes, é importante

referir certos aspectos que se situam a jusante, por exemplo os efeitos negativos que esta provoca

no meio ambiente, sendo alvo de legislação própria.

Actualmente é obrigatório para todos os produtores que recorram a embalagem para a

comercialização dos seus e que não pratiquem a recolha dos mesmos já utilizados, a inscrição na

Sociedade Ponto Verde (SPV), como forma de garantir que os seus lixos têm o normal tratamento.

Surge aqui a vantagem de a embalagem ser reciclável ou biodegradável e que representam

exigências actuais.

Na opinião de Gomes, R., Branco L., et Sá, J., todas as mudanças sucedidas na indústria da

embalagem representam um extraordinário estimulo para valorização dos produtos embalados,

onde obrigatoriamente se inserem os PLTQT. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá, J., 2005, p. 12)

Rotulagem

A tentativa de proteger e informar o consumidor actual, exigente e esclarecido acerca do

vasto conjunto de ingredientes de composição química algo complexa (conservantes, corantes,

glicoses, etc.) que entram na composição de alguns produtos, foi como referem os autores Gomes,

R., Branco L., Sá, J., um dos factores que estiveram na base do incremento de que a indústria da

rotulagem foi alvo. A somar a esta circunstância, assistiu-se ao incremento das trocas comerciais,

devido em parte à implementação das grandes superfícies, ao desenvolvimento da industria

alimentar, bem como à entrada de Portugal no espaço económico da UE que obrigou à

transposição e aplicação de normas rigorosas, o que permitiu disciplinar o mercado e proteger o

consumidor. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá, J.,2005, p. 10)

No caso de Portugal a legislação sobre esta temática é bastante abrangente e diferenciada,

tornando-se por vezes extensa e complexa, e subdivide-se em legislação para a rotulagem

específica de gado bovino e legislação para rotulagem dos restantes produtos alimentares, onde

ainda se pode encontrar normas direccionadas para os PLTQT.

4.5. Comércio

Os PLTQT, na ideia dos autores Vranesevic, T. et Stancec, R., têm na maior parte dos casos,

custos de produção superiores aos dos produtos concorrentes (produção industrial), esta

desigualdade tem uma repercussão directa no preço de venda ao consumidor final. (Vranesevic, T.

e Stancec, R., 2003, p. 820)

Por outro lado, na opinião da autora Sodano, V., têm obrigatoriamente de ser ponderados

factores como a expansão ou recessão económica, uma vez que este tipo de produtos alimentares

que não são considerados de primeira necessidade, logo são os mais beneficiados ou penalizados

quando ocorrem estas variações da economia. (Sodano,V., 2001, p.27)

Outro contributo, segundo Ilbery,B. et Maye, D. consiste em garantir o poder de

argumentação sobre as possíveis vantagens de um produto em prejuízo de outros, implica a

utilização de técnicas específicas e simultaneamente de uma capacidade individual, factores uma

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vez bem combinados resultam por exemplo na concretização de determinado negócio. (Ilbery,B.

et Maye, D., 2005, p.361)

Segundo os mesmos autores, torna-se de extrema importância atender e fomentar o factor

valorização quando se trata de PLTQT, assim pretende-se que estes sejam o mais concorrencial

face aos produtos seus concorrentes, na tentativa de amenizar as variações da procura em

momentos mais difíceis. (Ilbery,B. et Maye, D., 2005, p.363)

Outra perspectiva, segundo os autores Lowe, P., Murdoch, J. et Ward, N., é a necessidade

de existirem relações mais cooperantes entre produtores e distribuidores deste género de

produtos, uma vez que assim se possibilita vantagens para ambos, isto é, os produtores assistem

ao escoamento dos seus produtos e os distribuidores garantem o padrão de qualidade dos produtos

que comercializam. (Lowe, P., Murdoch,J. et Ward, N.,1997, p.16)

Neste sentido, e na opinião dos autores Cristóvão, A., Tibério, M. et Teixeira, M., os

distribuidores normalmente apresentam índices organizacionais mais elevados, sendo portanto

necessário um acompanhamento por parte dos produtores nesta área, modernizando as estruturas,

apostando em novas formas de organização, certificando os seus produtos, utilizando novas

ferramentas de comércio e de divulgação (internet), facilitando o associativismo e a organização

sectorial. (Cristóvão, A., Tibério, M. et Teixeira, M., 2003, p.60)

Actualmente é bastante frequente a negociação de espaços, sejam em lojas físicas ou

websites, para a colocação dos PLTQT em pontos de venda onde os benefícios e promoção sejam

no sentido da rentabilização máxima, sendo necessário proceder a uma selecção bastante

criteriosa e sensata dos colaboradores responsáveis por essa tarefa.

Neste subcapítulo refere-se a importância de numa fase inicial identificar o cliente-alvo,

tipificando os pontos de venda mais vantajosos e lógicos para proceder à sua satisfação.

Selecção do Consumidor

É de extrema importância, na opinião de Lambin, J., que seja traçado o perfil do cliente-

tipo da zona de influência de um determinado local de venda de PLTQT, pois além destes serem

apenas um pequeno grupo no universo de consumidores, apresentam determinadas características

específicas, nomeadamente ter uma certa disponibilidade para pagar o justo valor pelos produtos

em causa, não fazendo parte da classe de consumidores em que o preço é considerado um

elemento decisivo no processo de aquisição, o individuo que consome PLTQT pertence

normalmente, às classes “alta” e “média alta”. (Lambin J., 2000, p. 45)

Nesse sentido, para as classes sociais de menor poder de compra, e não se tratando de bens

de primeira necessidade, os PLTQT serão adquiridos em situações esporádicas e ocasionais, como

ofertas festivas, presentes de reconhecimento, ou até para recordação e coleccionismo se de um

produto de edição limitada se tratar.

A predominância numa determinada área de um tipo de classe com poucas posses e baixos

rendimentos, pode ser um sinal claro que não estão reunidas as condições óptimas de mercado

para os produtos em questão.

Muitas vezes torna-se necessário elaborar um estudo de mercado, com recurso a inquéritos

a moradores ou frequentadores de uma determinada zona, ou através de sondagens, para saber de

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alguma forma as necessidades dos inquiridos, o seu poder de compra, o seu nível socioeconómico,

entre outros factores importantes para a sua plena caracterização.

Na opinião dos autores Gomes, R., Branco L., Sá, J., são aspectos característicos dos

consumidores de PLTQT, o facto de serem “mais sensíveis à qualidade dos produtos” do que ao

factor preço, não significando isto uma despreocupação total, integrando uma clientela mais

informada e preocupada com a sua alimentação saudável. (Gomes, R., Castelo Branco, L. et Sá,

J.,2005, p. 35)

O regozijo que um determinado consumidor sente em conseguir ensinar e transmitir

conhecimentos sobre determinada região a seus amigos, familiares ou colegas de trabalho, sendo

ele próprio o conhecedor dos PLTQT originários dessa localidade, é um factor a ter em conta, e

que deve preocupar quem promove e divulga estes produtos, alertando para o facto de poder ser

acrescentado valor, apenas pela prestação de informações sobre a envolvente, contexto, tradição,

identificação do produtor, história, na forma de uma etiqueta apensa ao produto ou um

desdobrável informativo.

Locais de venda

No caso dos PLTQT, segundo Lambin, J., torna-se de extrema importância a escolha

acertada do possível local de venda, que depende de vários factores simultaneamente,

nomeadamente no que se refere à sua localização geográfica, como já foi referido,

preferencialmente localizado em áreas onde seja predominante uma população de classe “alta” e

“média alta”, no que se refere à sua decoração interior, ao seu ambiente, às técnicas de

exposição dos produtos existentes, à sua publicidade e divulgação, à sua imagem exterior e ao

nível adoptado de modernização dos equipamentos. (Lambin, J., 2000, p. 56)

De acordo com o estudo “Novos Produtos de Valor Acrescentado”, os seus autores atribuem

ao aparecimento das primeiras cadeias de venda a retalho em Portugal (Pão de Açúcar, Jumbo,

Continente, etc.) que funcionam, segundo estes, como autênticos pólos de atracção das

populações, a explicação das enormes mudanças operadas nesta área, inclusive através das novas

dinâmicas que o pequeno comércio teve de adoptar para de alguma forma combater as tendências

de compra dos consumidores de grandes superfícies. Sendo o sucesso dos próprios PLTQT um

factor responsável pelo aumento do número de pontos de venda.

Assim, na perspectiva dos referidos autores, são identificados como prováveis pontos de

venda para os produtos de valor acrescentado, que é o mesmo que dizer PLTQT, as grandes

superfícies (hipermercados, centros comerciais), as lojas de especialidades regionais, as lojas do

pequeno comércio, a própria restauração, as feiras regionais e as suas congéneres mas de âmbito

nacional e internacional (certames, showrooms). Mas existem mais possibilidades, nomeadamente

os mercados e feiras temáticas (mercado de produtos biológicos, feiras de produtos regionais),

lojas francas (aeroportos), mercearias finas, lojas e restaurantes gourmet, que serão

caracterizados sucintamente na seguinte tabela.

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Tabela 26 – Os Locais de Venda dos PLTQT e aspectos característicos

Fonte: elaboração própria

Actualmente são estabelecidas parcerias entre distribuidores e produtores, mas esta

situação acontece mais frequentemente ao nível das grandes superfícies que promovem o apoio à

produção nacional, por exemplo, através de acções e novas formas de organização, como é o caso

do Clube de Produtores, da Fileira da Qualidade, entre outros.

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4.6. Projectos de empreendedorismo sucesso

Os casos referidos neste Estudo foram escolhidos aleatoriamente e não são de alguma forma

representativos, pelo menos em quantidade, do universo existente, que abrange certamente um

número quase infinito de exemplos, que poderiam ser mais clarividentes na contextualização

desta temática.

Nesta parte, opta-se por apresentar quer a nível Nacional como Internacional, modelos

seleccionados com base no critério da qualidade e que representem na perfeição o conceito de

PLTQT, apresentado ao longo deste Estudo.

4.6.1. Internacional Exemplos

A nível internacional, são referidos alguns casos que foram seleccionados tendo em atenção

a sua originalidade, como no caso do projecto “Vivabox”, e também com base no “Catálogo de

produtos da rede de cooperação transaccional para a comercialização de Produtos Locais e

Turismo Rural”, que divulga PLTQT de Itália, Chipre, Grécia, França, Espanha e Portugal.

Projecto Viva Box

Este projecto nasceu na Bélgica, onde um grupo de empresários criou um produto (caixas

temáticas) que tem a funcionalidade e prazer imediato de um presente convencional, mantendo a

flexibilidade e a delicadeza de um cartão de oferta.

Desde que foi criado, o projecto “Vivabox” tem conquistado com sucesso um segmento de

clientes, e neste momento para além de vender na Bélgica alargou o seu mercado ao Reino Unido,

França, Suíça, Polónia, Holanda, Canadá, Áustria e Estados Unidos da América. O sucesso do

projecto é tão grande, que em 2007, foi comprado pelo Grupo Sodexo (Líder mundial em Soluções

Alimentares para a Qualidade de Vida).

A “Vivabox” consiste num produto novo e excitante que combina duas fases distintas, a

liberdade de escolha, seguida de um toque pessoal de um presente real, isto é, na primeira fase

estamos perante um presente dentro de uma caixa (caixa oferta) que permite ao cliente se

familiarizar com o seu conteúdo, a segunda fase consiste num cartão, que também acompanha a

caixa oferta, que pode ser usado pelo seu receptor, como meio de troca para um presente

escolhido neste caso por ele próprio, de um conjunto de possibilidades.

Figura 52 – Cabazes “Vivabox”

Fonte: VIVABOX (2011)

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A face visível da “Vivabox”, é a imagem apelativa do seu website

(http://www.vivaboxusa.com), bem como o conjunto de 15 opções à escolha do cliente, que

compreendem entre muitas outras, a caixa ofertas dos vinhos, a caixa oferta do chá, etc.

Itália

Reconhecido em todo o mundo, a ’Nduja (género de enchido) de Spilinga (Município da

província de Vibo Valentia na região da Calábria – Itália), é considerado um produto muito

característico e surpreendente deste território.

Foi iniciado em 2002 por Luigi Caccamano, um nome que representa uma tradição familiar

no sector dos enchidos desta região, e segundo o qual “a empresa familiar é uma condição

essencial para garantir a originalidade do produto”.

Esta empresa possui um vasto mercado nacional e internacional, sendo uma referência dos

enchidos em Itália, pela minuciosidade de juntar carne de porco com algum piripiri, produzido

nesta mesma empresa, conferindo-lhe um carácter único.

Tem um website (www.artigianodellanduja.com) bastante apelativo, que evidência todo o

cuidado existente com a imagem, divulgação e comercialização dos seus produtos.

Figura 53 – Produtos L’Artigiano della ’Nduja

Fonte: 'NDUJA DI SPILINGA (2011)

4.6.2. Nacional Exemplos

Em Portugal, existem variadíssimos exemplos de excelentes estratégias para a promoção,

divulgação e comércio dos PLTQT, tanto a um nível nacional, como é o caso do projecto “Boa

Boca” que já tem reconhecimento internacional, como a um nível regional, com o exemplo da

Herdade da Tojeira e Herdade do Escrivão, ambos produtores biológicos de PLTQT, inseridos no

território do Geopark Naturtejo, parceiros no projecto de empreendedorismo desenvolvido neste

Estudo.

Projecto “Boa-Boca” (Évora)

O projecto “Boa Boca”, nasceu em 2004 pela mão de um jovem casal para satisfazer um

segmento de mercado que ainda não estava explorado na cidade de Évora. A fusão de uma

licenciada em agronomia com um designer de profissão, resultou numa dupla magnífica.

Imediatamente procederam à criação do conceito “Food+Design”, disponibilizando uma

vasta gama de PLTQT, utilizando para esse efeito receitas e saberes antigos para oferecer

produtos alimentares artesanais portugueses da mais alta qualidade, desenvolvendo embalagens

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atractivas e cuidadas que surpreendem pelo estilo e design ousados. São comercializados nas suas

lojas e através de website (http://www.boaboca-gourmet.com/) produtos como chocolate, café,

bolachas, biscoitos, licores, frutos secos, tisanas, vinho, compotas e bombons, comercializados

sob uma marca, cujo nome é Feito à Mão.

Os diversos prémios nacionais e internacionais têm permitido projectar a empresa tanto no

mercado nacional como internacional, sendo a exportação o objectivo principal deste projecto, e

já conseguindo alcançar com eles mercados como a Itália, Alemanha, Dinamarca, França, Bélgica,

Angola e Espanha.

Figura 54 – Cabazes “Boa-Boca”

Fonte: BOA BOCA (2011)

Think Glogal Taste Local – TGTL

Pode ser considerada uma empresa Portuguesa de elevado sucesso, que procura os melhores

alimentos Nacionais para os apresentar como os melhores produtos gastronómicos do mundo.

Através de verdadeiros especialistas em alimentos constantemente à procura de excelentes

produtos de pequenos produtores, surpreendendo os seus clientes com novos sabores e

experiências.

Neste caso é surpreendente a junção do design com este tipo de produtos, que resulta em

verdadeiras obras de arte.

Figura 55 – PTGTL

Fonte: TGTL (2011)

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Herdade - Tapada da Tojeira (Vila Velha de Ródão)

Esta herdade, cujo nome é Tapada da Tojeira, abrange 270 hectares, em modo de

produção biológico, dos quais 100 hectares são de olival.

Neste local existe um lagar de azeite de sistema tradicional, que integra a “Rota dos

Lagares”, e pretende igualmente integrar a “Rota dos PLTQT”. Desde 1900 que ai se transformam

as azeitonas, maioritariamente da variedade galega, e se obtém o primeiro azeite com

certificação biológica na Beira Baixa.

Os principais produtos desta produção, são o azeite, as azeitonas de conserva e a pasta de

azeitona (a primeira do país) – sendo o seu conjunto certificado pela Ecocert – Portugal, e

comercializados em dezenas de lojas gourmet e supermercados. O reconhecimento da sua

qualidade e sucesso dos seus produtos já é internacional.

Herdade do Escrivão (Malpica do Tejo)

A Herdade do Escrivão tem este nome pois segundo consta esta foi provavelmente

propriedade do Escrivão do Rei e devido à beleza natural das suas paisagens junto ao rio Ponsul

era escolhida para efectuar caçadas da casa real. O Rei D. Carlos I vinha caçar para esta

propriedade segundo vários testemunhos.

Os proprietários da Herdade do Escrivão são todos familiares entre si e pertencentes á

família Valente, esta família já tem uma grande tradição agrícola na região com mais de 75 anos.

São aqui produzidos dois tipos de queijo, o de mistura (cabra e ovelha) e o puro de cabra,

existindo igualmente azeitonas de conserva e queijo velho conservado em azeite. Existindo

também a produção e comércio de gado, como borregos, cabritos e porco preto.

Todos os produtos da Herdade do Escrivão estão certificado no modo de produção biológico

(inclusive o primeiro queijo de cabra certificado no modo de produção biológico na Beira Baixa),

garantido num vasto e fidelizado mercado um êxito absoluto.

Figura 56 – Fotos Herdade do Escrivão

Fonte: HERDADE DO ESCRIVÃO (2010)

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António José da Costa Jóia

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Capítulo 5. APRESENTAÇÃO DO PROJECTO: AMO -

PRODUTO LOCAL

Na elaboração de um Investimento, é necessário uma aplicação lógica e coerente de

fundos e recursos que geram rendimento, durante um determinado período, de forma a obter uma

maior maximização da riqueza da empresa.

Hoje em dia, por mais que se evolua tecnicamente, deparamo-nos com um ambiente em

constante mutação, assim sendo, este estudo estabelece um processo estruturado e lógico para

lidar com eventos que se caracterizam pela novidade, complexidade e dinâmica. Outro dos

factores que impulsiona as empresas a fazerem estes estudos é o crescimento da competitividade,

isto é, quem for mais rápido e competitivo certamente conseguirá melhores resultados.

Espera-se que o projecto “Amo - Produto Local” vá ao encontro dos objectivos propostos e

que ao mesmo tempo possa servir como pilar de apoio para a realização deste Investimento.

Examinar a situação envolvente a 360º, considerar todos os aspectos estruturais, analisar o

mercado, observar o ambiente do cliente, encontrar oportunidades rentáveis de crescimento,

ponderar parcerias tácticas, constituem algumas das preocupações - chave a ter em conta na

definição do rumo estratégico de uma organização.

Certamente que no final da realização deste Estudo, evidenciar-se-ão melhores e mais

adequadas competências para enfrentar o mercado e triunfar.

5.1. Criação da Empresa

No âmbito deste Estudo, com o intuito de o converter num projecto de Empreendedorismo,

propôs-se criar de raiz uma empresa que se dedica à divulgação, promoção e comércio de

Produtos Locais, Tradicionais de Qualidade e Tipicidade (PLTQT) oriundos do Território do Geopark

Naturtejo.

A ideia inicial surgiu no âmbito do Mestrado em Gestão de Empresas, impulsionada por um

aluno e três amigos (sócios) que têm o sonho de ver transformada, esta ideia de negócio, numa

actividade ainda mais agradável, útil e acessível a um público específico.

Afirmando-se como uma empresa low cost, a Amo - Produto Local, Lda., assenta numa

plataforma web (www.amo-produtolocal.com) onde divulga os seus produtos e respectivos

produtores através da sua marca “Amo – produto local”, permitindo assim uma operacionalidade

eficiente, com reduzidos custos fixos, parte para o lançamento de um novo produto com uma

estrutura de investimento muito reduzida, limitada ao custo dos produtos (matéria prima), o seu

embalamento, que engloba o design sustentável (eco-design), packaging, rotulagem e por fim a

sua distribuição.

Utilizando para a sua laboração um espaço físico, localizado no “Monte do Amo”,

propriedade agrícola e pecuária pertença de um dos sócios, inserida em pleno território de estudo

e considerada neste momento a primeira Geoquinta do Geopark Naturtejo.

A unidade de embalamento, localizada neste magnífico espaço foi construída com base em

conceitos de Permacultura e Sustentabilidade, e encontra-se de acordo com as normas HACCP em

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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vigor, inclusive com actividade licenciada (ASAE) e certificada como artesanal, com marca

registada e website.

É desta forma que se inicia mais uma ambiciosa intenção empreendedora em Portugal,

pretendendo como seu objectivo final a redução das assimetrias entre o espaço rural e o urbano.

A “Amo – Produto Local”, afirma-se por excelência uma marca de cariz rural.

5.2. Caracterização da empresa

O negócio caracteriza-se pela promoção, divulgação e comércio de Produtos Locais,

Tradicionais de Qualidade e Tipicidade - PLTQT, apostando na apresentação de um conjunto de

PLTQT (cabaz) identificativo do território do Geopark Naturtejo, elaborado artesanalmente com

recurso a ingredientes oriundos da produção biológica ou artesanal.

Na selecção dos produtos da marca “Amo – Produto Local” privilegia-se o recurso a produtos

frutícolas, hortícolas e animais provenientes do território estudado, tendo igualmente por base

incentivar os agricultores, produtores de lacticínios e fruticultores à produção de agricultura e

pecuária biológica, crescentemente apreciada nos mercados de consumo e em particular, nos

centros urbanos, em prol da defesa de um estilo de vida “livre e saudável”.

A inovação e diferenciação do negócio passam pela apresentação de uma marca exclusiva e

registada, associadas ao conceito de “alimentação tradicional, local, do saber-fazer ancestral e

saudável”, sublinhando os intentos de uma filosofia de gestão sustentável, assente na preservação

da natureza, num contexto de agricultura racional e biológica (um dos objectivos da Política

Agrícola Comum – PAC), social e culturalmente atenta, dando sempre preferência aos recursos da

região, sem nunca descurar a aceitação cultural dos diversos povos.

Visando atingir mercados específicos de elevado aglomerado populacional e de classe

económica alta e média alta, em segmentos de mercado como o Gourmet e o Delicatessen, o

conceito alimentar “tradicional, local, do saber-fazer ancestral e saudável”, oferecido ao cliente a

preços legítimos, símbolo de um justo valor para o seu produtor, tem na sua escassez,

exclusividade, genuidade e originalidade a garantia de rentabilidade necessária à prossecução do

projecto. O conceito Delicatessen, da língua alemã “delikatesse”, significa iguaria, isto é, tudo o

que for muito bem elaborado, com delicadeza, com fineza, é o caso de produtos muitas vezes

simples, porém apresentados com arte, detalhes e novos complementos.

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Identificação sumária e contacto da empresa

Tabela 27 – Elementos identificativos da empresa

Fonte: elaboração própria

Layout

O layout da Amo - produto local, assenta na imagem que pretendemos que os clientes

tenham da nossa empresa, valores como confiança, qualidade, diferenciação, tem

obrigatoriamente de estar presentes na imagem que tentamos passar-lhes.

Figura 57 – Layout Amo – Produto Local

Fonte: elaboração própria

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135

Estrutura Jurídica

Trata-se de uma Sociedade por Quotas, com quatro sócios que possuem quatro quotas de

igual valor nominal sobre o capital social, sendo a sua responsabilidade limitada a este valor.

O capital social, é de 40 mil euros, corresponde à quota de 10 mil euros de cada sócio

gerente, sendo a estrutura do capital da empresa, constituída por esta verba, por fundos de

investimento (financiamento comunitário – PRODER) e o restante por financiamento bancário.

Os sócios gerentes da empresa Amo – Produto Local, Lda., são:

� António Jóia (10 mil euros);

� Gonçalo Dias (10 mil euros)

� João Cabral (10 mil euros);

� Tiago Silva (10 mil euros);

Custos de Legalização da Empresa

Tabela 28 – Custos de Legalização da Empresa

Fonte: elaboração própria

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Processo de criação da empresa

É necessária a elaboração de um esquema prático para avaliação e organização das ideias

empreendedoras, permitindo certamente uma interpretação mais profunda dos fundamentos e

objectivos empresariais, conforme se representa no seguinte esquema.

Figura 58 - Esquema de criação da empresa 1.Condições Prévias

2. PRÉ-AVALIAÇÃO: O que

dizem os números

Não

Sim

3.Elaboração do Projecto

Já no que se refere à sua constituição legal o seu responsável um dos promotores da

empresa Amo – Produto Local terá obrigatoriamente que passar por doze etapas, descritas no

seguinte esquema.

Os Promotores tinham: � Ideias bem definidas;

� Um bom conhecimento do mercado;

� Qualidades pessoais ajustadas ao ritmo e às

� A ideia de negócio é economicamente viável?

� Existem os meios financeiros necessários para

a concretizar?

� Será possível aguentar eventuais dificuldades

financeiras seja na fase de arranque seja na

de funcionamento?

� Mercado: o quê, como, quando vender e a que

preço?

� Concorrência: quem e Quantos são os

principais concorrentes? Irão reagir?

� Instalações e equipamentos: características;

custo; aquisição ou leasing?

� Pessoal: número de pessoas, qualificações

necessárias, formação.

� Dinheiro: montante e tipo de financiamentos

necessários; condições de pagamento aos

credores.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Figura 59 - Gráfico da constituição legal da empresa

Fonte: adaptado de LIDEL - edições técnicas

Para construir e legalizar a empresa deu-se os seguintes passos:

1º PASSO

Pedido do Certificado de Admissibilidade de Firma ou Denominação de Pessoa Colectiva

FINALIDADE - Apresentação da denominação da sociedade, a qual não deverá ser idêntica ou

confundível com outra registada anteriormente.

1 Pedido do Certificado

de Admissibilidade

2 Aprovação do nome

3 Obtenção Cartão

Contribuinte Provisório

4 Elaboração do Pacto

Social

5 Marcação da Escritura

6 Depósito do Capital Social

7 Realização da Escritura de

Constituição

9 Registo no CRC

10 Declaração de Início de

Actividade

8 Cartão Contribuinte

Definitivo

11 Publicação dos Estatutos

12 Inscrição na Segurança

Social

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DOCUMENTO A PREENCHER - Impresso modelo 11 em duplicado, entregando-a

posteriormente no Registo Nacional de Pessoas Colectivas (RNPC), ou nas suas delegações junto

das Conservatórias do Registo Comercial, nas Associações Comerciais, Industriais ou Agrícolas

autorizadas

LEGITIMIDADE PARA REQUERER - O pedido de Certificado deve ser assinado por um ou mais

sócios ou por outrem a seu rogo, mandato ou em sua representação.

No acto deverá apresentar fotocópia do BI do requerente ou a Cédula profissional do

advogado ou solicitador quando o requerimento tenha sido assinado por estes; documento de

pagamento no caso de envio através de intermediário; procuração no caso do requerimento ser

assinado por procurador.

VALIDADE – 180 dias para efeitos de registo

PRAZO DE EMISSÃO - 5 dias úteis

2º PASSO

Pedido do Cartão Provisório de Identificação de Pessoa Colectiva8

FINALIDADE - Destina-se a obter o cartão de identificação da sociedade que tenha iniciado o

seu processo legal de constituição e necessite dele para iniciar a sua actividade.

DOCUMENTO A PREENCHER - Impresso modelo 10, entregando-o posteriormente no Registo

Nacional de Pessoas Colectivas (RNPC), directamente ou junto das suas delegações. (Anexo 4)

LEGITIMIDADE PARA REQUERER - Um sócio gerente, director, administrador ou uma pessoa

que possa obrigar a sociedade, bem como um representante deste.

No seu acto, deverá apresentar fotocópia do BI do requerente ou a Cédula profissional do

advogado ou solicitador quando o requerimento tenha sido assinado por estes; fotocópia do

Certificado de Admissibilidade, quando o pedido de cartão não seja apresentado simultâneo com

aquele.

VALIDADE - Um ano após a celebração da escritura9

PRAZO DE EMISSÃO - Até 3 dias úteis após a emissão do certificado.

3º PASSO

DEFINIR OS TERMOS DO PACTO SOCIAL

8 O Pedido do Cartão Provisório de Identificação de Pessoa Colectiva pode ser feito em simultâneo com o de Certificado de Admissibilidade de Firma ou de Denominação 9 O cartão provisório de identificação pode ser renovado se o seu titular não tiver finalizado o respectivo processo de constituição

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Isto é, a estrutura da sociedade, designação social, objecto social, localização da sede,

capital social, sócios e sua participação no capital da empresa e as suas regras fundamentais.

4º PASSO

MARCAÇÃO DA ESCRITURA PÚBLICA

A sua marcação deverá ser efectuada num notário. No seu acto, são exigidos os seguintes

documentos:

� Certificado de admissibilidade da firma;

� Cartão provisório de identificação de pessoa colectiva;

� Estatutos;

� Fotocópia dos documentos de identificação dos outorgantes pessoas singulares: B.I.,

N.I.F. (número de identificação fiscal); pessoas colectivas: (certidão da

conservatória do registo comercial e cartão de pessoa colectiva)

� Relatório do revisor oficial de contas;

Tendo em conta a data da escritura deve-se, alguns dias antes dessa data, proceder ao

depósito, em conta aberta em nome da futura sociedade, do valor correspondente ao capital

social da empresa a criar ou a, pelo menos, 30% do seu valor total, em qualquer instituição

bancária e obtenção da respectiva guia de depósito que deverá ser exibida ao notário no acto da

realização da escritura.

5º PASSO

CELEBRAÇÃO DA ESCRITURA PÚBLICA

Finalidade - Obrigatoriedade para a celebração do contrato de sociedade.

Para evitar que o montante relativo ao capital social, entretanto depositado, fique

imobilizado até ao registo da sociedade na conservatória do registo comercial, é conveniente que

a escritura da sociedade preveja a possibilidade de os sócios ou gerentes poderem movimentar a

conta para a regularização de determinadas despesas.

Procedimentos - Requerer, na conservatória do registo comercial (CRC) da área de

localização da sede social da empresa, o registo comercial de construção da sociedade.

Documento(s)

� Identificação dos outorgantes;

� Comprovativo do depósito do capital social realizado em dinheiro a favor da

sociedade;

(Anexo 5)

6º PASSO

DECLARAÇÃO DE INÍCIO DE ACTIVIDADE

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(No início deste passo já se obteve o cartão de Pessoa Colectiva definitivo e a escritura

pública da constituição da sociedade.)

Finalidade - Regularização da situação fiscal da sociedade, de modo a dar cumprimento às

obrigações de natureza fiscal a que se encontra vinculado.

Procedimento - Deverá ser preenchido um impresso correspondente ao modelo 1698 da

imprensa nacional – Casa da moeda (INCM), com os dados relativos ao técnico oficial de contas

devidamente oficializado. (Anexo 6)

Documento(s)

� Modelo 1698 INCM

� Cartão provisório de identificação da escritura pública

� Fotocópia autenticada da escritura pública

� Fotocópia do B.I. e dos números de contribuinte dos sócios e dos técnicos de contas

Prazos

Antes do início da actividade, ou no prazo de 90 dias a contar da inscrição no RNPC.

7º PASSO

REQUISIÇÃO DO REGISTO COMERCIAL, PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO DA REPÚBLICA (DR) E

INSCRIÇÃO NO RNPC

A requisição do registo deve ser efectuada por um sócio ou por um gerente da sociedade,

que irá efectuar três pagamentos distintos: um na conservatória de registo comercial, outro no

RNPC e por último um outro no INCM; todos eles realizados através de três cheques diferentes.

Documento (s)

� Escritura pública da constituição da sociedade;

� Impresso Modelo 232

� Certificado de admissibilidade da firma;

� Declaração de início de actividade;

Publicações

� DR

� Jornal da localidade da sede ou da respectiva região

Prazo

90 dias após a celebração da escritura pública

8º PASSO

INSCRIÇÃO NA SEGURANÇA SOCIAL

A- Inscrição na Segurança Social

Finalidade - Destina-se a inscrever a Empresa e os seus colaboradores, à medida que vão

sendo admitidos, na Segurança Social

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Procedimento - Deverá ser preenchido um impresso necessário para o efeito, que deverá ser

solicitado na altura na Segurança Social.

Documento (s)

� Boletim de identificação do contribuinte

� Cópia autenticada da escritura pública

� Cartão de identificação de Pessoa Colectiva

� Acta da nomeação dos membros dos órgãos estatutários e sua situação quanto à

forma de remuneração

� Fotocópia do cartão de contribuinte dos membros dos órgãos estatutários da

Sociedade

� Documento fiscal de início de actividade

9º PASSO

PEDIDO DE INSCRIÇÃO NO CADASTRO COMERCIAL OU INDUSTRIAL

Documento (s)

Impresso da Direcção Geral do Comercio e concorrência, em duplicado, ou impresso da

Delegação regional do Ministério da Economia, em duplicado

Prazo

A inscrição no cadastro Comercial ou industrial deverá ser efectuada no prazo de 30 dias a

contar da abertura do estabelecimento Comercial ou do início da laboração.

Licenciamento

Compete às câmaras municipais emitir e renovar o cartão para o exercício da venda

ambulante, contudo, só é válido para a área dos respectivos municípios e tem duração de um ano.

O procedimento a efectuar para obter o licenciamento, é a entrega do requerimento em

impresso próprio, junto das câmaras municipais, bem como o pedido de autorização prévia para o

exercício da actividade.

Juntamente com o impresso anterior anteriormente, também é necessário preencher o

impresso destinado ao registo na direcção geral do comércio interno, para efeitos e cadastro

comercial, como já foi referido.

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Sector de Actividade

O seu objecto social, definido no art.º 2 do Contrato de Constituição da Empresa é

Comércio a Retalho não efectuado em estabelecimentos, bancas, feiras ou unidades móveis de

venda, mais precisamente comércio a retalho por correspondência ou via Internet, sendo que a

sua principal actividade inclui-se na CAE – REV 3 - 4.7.9.1.0. – que compreende o comércio a

retalho em que se oferece ao consumidor a possibilidade de encomendar pelo correio, telefone,

televisão ou outro meio de comunicação, os bens e serviços divulgados através de catálogos,

revistas, jornais, impressos, ou quaisquer outros meios gráficos ou audiovisuais. Inclui comercio a

retalho e leilões via Internet.

Espera-se que volume de negócios no ano de 2012 atinja o montante de….., respeitante na

sua totalidade a esta actividade.

No que se refere ao horário de funcionamento a empresa labora 8 horas diárias, no que se

refere a unidade de produção, escritório e distribuição, mas através do seu website, bem como

das outras ferramentas disponíveis (atendedor de chamadas, facebook, etc.) aceita encomendas

24h por dia.

No caso da Amo - produto local, não são detidas no momento inicial outras participações no

capital de outras entidades, sendo no entanto realizada uma candidatura ao PRODER através da

ADRACES, no intuito de conseguir apoio financeiro, a nível de fundos comunitários e

complementarmente o recurso a um crédito bancário (Caixa Geral de Depósitos) para o restante

investimento.

Organograma

No que se refere aos órgãos de gestão, o Conselho de Gerência é composto por quatro

elementos, assim:

� António Jóia

Licenciado em Contabilidade e Gestão Financeira, bem como em Gestão de Recursos

Humanos, ambos cursos frequentados na ESG/IPCB, onde exerce funções de técnico

superior na área do aprovisionamento. Tem conhecimentos e pratica há vários anos

a actividade de ilustrador (hobbie), foi sócio fundador de um restaurante de frutas

no Boom Festival (Biofeed). Encontra-se actualmente a finalizar o seu mestrado em

Gestão de Empresas (Empreendedorismo) na referida Instituição.

� Gonçalo Dias

Licenciado em engenharia animal e zootécnica, na ESA/IPCB. Encontrou como

vendedor de rações animais o seu primeiro emprego, com elevado potencial e

argumentação de vendas. Possui uma experiencia enorme com certas aplicações

informáticas, nomeadamente nos programas de desenho assistido por computador. É

sócio - fundador de um restaurante de frutas no Boom Festival, tendo participado

várias edições (Biofeed).

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� João Cabral

Possuidor de um verdadeiro espírito empreendedor, comercial, e visionário este

elemento é um dos mais promissores jovens agricultores da região, sendo

simultaneamente produtor biológico de azeite e carne (borrego e vitela). A sua

formação passa pela escola equestre, onde alcançou o grau de monitor. Tem um

conhecimento profundo e real da actividade agrícola. Complementa a sua actividade

principal com várias actividades distintas, nomeadamente mediador de seguros,

sócio de um restaurante de frutas no Boom Festival (Biofeed).

� Tiago Silva

Considerado um dos jovens impulsionadores do design nacional. É licenciado em

Design de Interiores pela ESART/IPCB, encontra-se neste momento a frequentar o

Mestrado em Design, nessa mesma instituição, onde exerce simultaneamente

funções de Técnico Superior na área pedagógica. Tem um espírito notável para a

criação de vários produtos na área dos equipamentos, sendo portador de um

portefólio que contempla, cadeiras originais, candeeiros, entre outros.

Figura 60 – Organograma da Amo – Produto Local

Fonte: elaboração própria

A existência de uma estrutura orgânica simples, facilita a comunicação e coordenação de

todas as actividades da Amo – Produto Local, apenas conseguida através das competências

individuais de cada um dos sócios gerentes, uma vez que possuem conhecimentos tão distintos e

ao mesmo tempo complementares como a produção, o design, as vendas ou a gestão.

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5.3. Missão, Visão, Valores

O “corebusiness” da Amo - Produto Local, Unipessoal, Lda., é conseguir ser uma empresa

reconhecida no mercado nacional e garantir a sua presença no mercado internacional (numa fase

posterior) enquanto fornecedor de Produtos Locais, Tradicionais de Qualidade e Tipicidade

(PLTQT) no mercado gourmet, mercearias finas, mercado da “tradição e saudade”, destinados a

um segmento de clientes da classe alta, média alta, apreciadores dos genuínos PLTQT.

Para isso, e para atingir esta posição, a missão da Produto Local assenta em servir aos seus

clientes, PLTQT embalados, apresentados em forma de bebidas e géneros alimentares, de forma

“tradicional, local, do “saber-fazer” ancestral e saudável”, recorrendo para isso ao eco design,

packaging, rotulagem exclusivos.

Os principais objectivos e metas a alcançar serão a criação de valor acrescentado para o

binómio negócio/região, através de parcerias regionais (produtores agrícolas, locais de venda,

autarquias locais), apostando numa racionalização de custos operacionais (low cost), ou seja,

partindo para o lançamento de um novo produto com uma estrutura de custos fixos reduzida e

acima de tudo através do respeito pela comunidade e pelo meio ambiente.

Figura 61 – Missão, Visão e Valores da Amo – Produto Local

Fonte: elaboração própria

Após estar definida a Missão da Amo - Produto Local, a propósito de divulgar, promover e

comercializar os PLTQT em vários pontos de venda, nomeadamente em lojas específicas (lojas

gourmet e delicatessen, lojas francas, lojas de tradição e saudade), outros locais estratégicos

(estações de serviço, estações rodoviárias e ferroviárias, hotéis, postos de turismo), bem como em

alguns eventos (feiras regionais, certames, etc.), a empresa em questão pretende nos mercados

onde iniciará a sua actuação futura (Regional e Nacional) ser reconhecida enquanto fornecedora

de “alimentação tradicional, local e saudável”, à base dos PLTQT, enquanto fundamento da sua

Visão.

Aliada à vontade de vencer sustentadamente, rumando em direcção a padrões de excelência

na gestão, procurando a motivação dos seus colaboradores para o aproveitar das oportunidades

surgidas, a Amo - Produto Local tem por base os seguintes valores:

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� Orientação para os resultados;

� Definição de objectivos ambiciosos;

� Valorização da informação;

� Melhoria contínua dos processos;

� Defesa dos princípios de sustentabilidade.

Figura 62 – Valores Organizacionais da Amo - Produto Local

Fonte: elaboração própria

5.4. Lógica evolutiva da empresa

A empresa prevê-se estar criada no final de 2011, com o intuito de iniciar a sua actividade

no início de 2012, sendo impulsionada por um projecto de mestrado em gestão de empresas –

vertente empreendedorismo, e pela vontade individual de um aluno e de três amigos (sócios) que

pretendem constituir o seu próprio negócio no ramo da promoção e comercialização de PLTQT.

Uma propriedade (“Monte do Amo”) que se situa em pleno território estudado, que inclusive

engloba um local de passagem de uma possível Rota dos PLTQT, considerada uma geoquinta,

propriedade de um dos sócios, e por isso arrendada a baixo valor, foi o local escolhido para a

implementação deste projecto, sendo que já existem as instalações destinadas à área produtiva,

fruto de uma recente readaptação e reutilização de um antigo estábulo para animais.

Durante todo processo de aquisição e instalação dos equipamentos pretendidos, pretende-se

a prossecução de alguns procedimentos legais, nomeadamente a certificação HACCP do local, e

aspectos relacionados com a constituição da empresa.

Nesse sentido pretende-se preparar a inauguração da unidade de produção e escritório a 2

de Janeiro de 2012, iniciando-se nesta data a própria actividade.

A nível de acções imediatas, idealiza-se a promoção e divulgação deste projecto

empreendedor e diferenciador, através de um promotor, vendedor e distribuidor próprio,

focalizando o mercado nacional junto de lojas gourmet e delicatessen, mercearias finas, lojas da

“tradição e saudade”, lojas francas dos aeroportos, certames e feiras temáticas relacionadas com

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os PLTQT. A nível internacional tenta-se a promoção e divulgação, inicialmente através da REG,

como uma possível oferta deste Geopark Naturtejo.

Pretende-se igualmente expandir os normais canais de distribuição existentes, alargando

este tipo oferta às comunidades de portugueses espalhadas pelo mundo (Internacionalização), à

gastronomia e restauração local, através da colaboração de prestigiados e reconhecidos chefs de

culinária, bem como aos sectores do Turismo, Hotelaria, Património Arquitectónico e Natural,

Organismos e Entidades Municipais, Desporto Natureza, entre outros.

Como principais objectivos estratégicos, tendo por base a intenção estratégica traçada, a

Amo – Produto Local definiu um conjunto de objectivos tácticos transversais a toda a Organização,

tais como maximizar o capital dos sócios (ROE), garantir o crescimento sustentando das vendas,

manter reduzidos os custos de estrutura, promover a fidelização de clientes rentáveis, afiançar

satisfação de clientes e colaboradores, promover a melhoria contínua dos processos e primar pela

implementação de boas práticas de sustentabilidade e permacultura.

Figura 63 – Objectivos Estratégicos da Amo – Produto Local

Fonte: elaboração própria

Para que os objectivos possam ser monitorizados e atingidos, será necessário definir metas

quantitativas ajustadas ao projecto. Visando assim o desdobramento da estratégia, a Amo –

Produto Local definiu também as metas gerais atingir, que serão aprofundadas num momento

posterior aquando da possível construção de um Balanced ScoreCard.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

147

Figura 64 – Metas a atingir

Fonte: elaboração própria

Mas inicialmente, é na escolha adequada acertada dos locais de venda, e na assimilação e

interpretação do nosso meio envolvente que visualizamos a evidente oportunidade de negócio,

devido ao crescente número de lojas e locais de venda que tem surgido em Portugal, e com a

realização de inúmeros eventos relacionados com esta temática.

5.5. Modelo de negócio

Descrição

O modelo de negócio da Amo – Produto Local assenta na promoção e divulgação de PLTQT,

que facilitam e impulsionam posteriormente a sua venda à distância (via internet), em locais de

venda específicos e de um território em concreto. A base do negócio recai sobre a criatividade, o

Design, o Packaging alimentar, decorativo e informativo ao serviço do cliente.

Actuando em mercados de forte aglomerado populacional (centros urbanos), a Amo –

Produto Global desenhou um cabaz de PLTQT à medida das necessidades do seu cliente-alvo, em

três tamanhos diferentes, podendo estes ser comercializados em vários espaços físicos ou à

distância de um “click”.

O objectivo é servir o cliente, no momento em que ele precisa de nós; no local onde ele se

encontra; não fazendo distinção entre raças, ideologias, extracto social, idade ou sexo. Os nossos

lemas:

� “Coma tradicional, coma bem, viva saudável!”

� “Amo – Produto Local – 1 empresa, 1 marca, 1000 sabores: a serem experimentados

dos 0 aos 100 anos, em poucos minutos.”

� “Vamos ao encontro do Cliente sempre que ele precisar de nós.”

Figura 65 – Modelo de negócio

Fonte: elaboração própria

Cabaz – Amo PL

Produtos – Amo PL

Mix de Produtos Regionais , Artesanais e Biológicos

Produtos Regionais, Artesanais e Biológicos disponibilizados isoladamente

Rota PLTQT Evento Pontual e Sazonal (percurso temático rodoviário)

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António José da Costa Jóia

148

Em função das preferências do cliente alvo, e de acordo com a missão estabelecida são

disponibilizados os produtos da Amo – Produto local em 3 formatos diferentes, isto é, os produtos

isolados e vendidos separadamente, um cabaz de PLTQT (3 diferentes tamanhos) e o evento Rota

dos PLTQT, disponibilizados num único local (website) ou em locais distintos, ambos diferenciados

e valorizados por uma marca própria:

� Produtos Amo – Produto Local – fornecimento de PLTQT (azeite, mel, aguardente,

compota, chá, etc.) de forma isolada e vendidos separadamente, nas quantidades

pretendidas;

� Cabaz Amo – Produto Local – fornecimento de um conjunto organizado e

seleccionado de PLTQT, acondicionado por meio de uma caixa (cabaz) desenvolvida

para o efeito, e apresentada em 3 tamanhos diferentes (3, 6 e 10 produtos). Sendo

possível o cliente escolher e seleccionar os produtos desejados, nos dois primeiros

tamanhos, isto é poderá escolher entre 3 e 6 PLTQT, inclusive a variedade de

produtos que deseja.

� Evento sazonal, pontual e promocional dos produtos e produtores que se apelidou de

Rota dos PLTQT, sendo de participação facultativa e apenas se o cliente assim o

desejar e mostrar esse seu interesse através de inscrição neste percurso temático.

Apresenta-se no seguinte esquema, em forma de representação visual, a nossa gama de

produtos e a forma como são disponibilizados ao cliente, assim:

Figura 66 – Matriz Produto/Mercado

Fonte: elaboração própria

Cabaz 1

3 PLTQT seleccionados

pelo próprio cliente

Cabaz 2

6 PLTQT seleccionados

pelo próprio cliente

10 Produtos Locais, Tradicionais de Qualidade e Tipicidade (PLTQT ) disponíveis

e vendidos individualmente:

Azeite – Aguardente de Medronho – Licor – Mel – Compota – Tisana – Queijo

conservado em azeite - Pasta de azeitona – Enchido (linguiça) – Bolos secos

(borrachões)

Cabaz 310 PLTQT reunidos e

seleccionados pela

Amo – Produto LocalCa

ba

zA

mo

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L

PLT

QT

A

mo

-P

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“Am

o –

Pro

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Ro

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PLT

QT

Evento pontual e sazonal (percurso temático) desenvolvido com o intuito de

Divulgar e Promover os PLTQT e os seus respectivos produtores

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149

Posicionamento no mercado

O Conceito alimentar da Amo – Produto Local direcciona-se a um cliente-alvo bem definido

e específico, característico dos centros populacionais (espaços urbanos), habitualmente

frequentador do mercado gourmet e delicatessen, que evidência especiais preocupações a nível da

sua alimentação, considera-se conhecedor e curioso em novidades, e em alguns casos é um

seguidor do conceito “affordable luxury”.

Pretendemos igualmente angariar como potenciais clientes, empresas (públicas e/ou

privadas) que pretendam oferecer aos seus funcionários ou a outras empresas, os nossos produtos.

Neste caso também se inserem os hotéis e as pousadas, bem como as estações de serviço.

Ambiciona-se igualmente alcançar com os nossos produtos outro tipo de entidades, tais

como os postos de turismo, as lojas francas, as casas TER, museus, espaços municipais entre

outros.

Nessa óptica a matriz produto/mercado encontra-se representada visualmente pela seguinte

figura:

Figura 67 – Matriz Produtos/Mercados

Fonte: elaboração própria

Entendemos que o nosso cliente-alvo tem uma preocupação acrescida, em primeiro lugar

com a sua qualidade de alimentação e os benefícios que esta representa para a sua saúde, e

seguidamente uma necessidade de informação acerca dos PLTQT em questão, para que de certo

modo se possa considerar entendedor/apreciador do assunto, e sentir o efeito de regozijo no

momento da partilha de informação pelos seus relacionamentos, sendo neste caso considerado o

próprio elemento divulgador.

Assim, facilmente se entende que os nossos produtos satisfazem plenamente as primeiras

necessidades deste tipo de clientes, pois incorporam a qualidade pretendida e são munidos de

comunicação bastante completa (rótulos, contra-rótulos, textos do cabaz, website, desdobrável da

Rota dos PLTQT, etc.), que privilegia quem pretende e se interessa por este tipo de informação.

Cabaz 1Venda Directa

Restauração

Funcionários

(Privado/Publico)

Lojas de PR

Vendas por Impulso

(estações de serviço,

estações rodoviárias,

estações ferroviárias)

Cabaz 2 Cabaz 3Venda Directa

Restauração

Funcionários

(Privado/Publico)

Lojas de PR

Feiras temáticas

Lojas Francas

Venda Directa, Restauração, Lojas Gourmet, Lojas Francas (aeroportos),

Mercearias Finas, Lojas da “Tradição e Saudade”, Cargos Superiores e de Direcção

(Privado/Publico), Hotelaria, Postos de Turismo

A todos os clientes que pretendam conhecer o Geopark Naturtejo, realizando um

passeio temático pelas propriedades dos Produtores de PLTQT, potenciando uma

consequente utilização dos espaços de restauração e hotelaria deste território.

Venda Directa

Restauração

Lojas de PR

Lojas Gourmet

Casas TER

Lojas tradição e saudade

Postos de Turismo

Cargos Superiores

e de Direcção

(Privado/Público)

“Am

o –

Pro

du

to L

oca

l”

Ca

ba

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LR

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P

LTQ

T

PLT

QT

A

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150

Organização interna

No que se refere à actividade primária de Logística e Produção, tem implícita os processos

de transporte dos produtos desde o fornecedor até ao cliente, passando obrigatoriamente pela

unidade de produção onde garante uma correcta gestão de stocks, e simultaneamente se realiza o

processo de preparação (embalamento) dos respectivos cabazes, organizando a sua armazenagem

como a dos restantes produtos numa óptica do “Just in Time”.

Assim o processo de produção, no caso da Amo – Produto Local resume-se a construir os

diferentes tamanhos de cabazes, com as diversas tarefas que lhe estão implícitas, tais como,

montagem e rotulagem da caixa, preparação do suporte interno e colocação dos produtos nos

respectivos locais, e por fim selagem com fita autocolante inviolável.

Considerada igualmente como actividade primária, o Marketing e Vendas, conta com os

processos de gestão de contractos, com o Marketing e com as Vendas, sendo no seu conjunto os

responsáveis pela entrega ao cliente do produto requisitado, inclui a prospecção do mercado, a

prossecução de acções de promoção e simultaneamente a apreciação das condições de

comercialização, exposição e apresentação nos diferentes locais de venda e por fim avaliação da

satisfação do cliente.

No que se refere a actividades de suporte desta organização, a Gestão é a forma de garantir

a rentabilidade e sustentabilidade do negócio, sendo o Design e Packaging o responsável pela

garantia e manutenção de toda a imagem e grafismo da Amo – Produto Local, bem como de

Investigação e Desenvolvimento de novas ideias e produtos.

Figura 68 – Actividades primárias e actividades de suporte

Fonte: elaboração própria

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Cadeia de valor

A Amo – Produto Local tem na sua cadeia de valor um leque de partes interessadas, que

contempla desde os fornecedores da actividade de logística até á produção e venda do produto ao

cliente final nos diversos pontos de venda física ou virtual.

Definida como o conjunto de actividades desempenhada por uma organização desde os

contactos com os fornecedores até à distribuição final, a cadeia de valor da Amo – produto Local,

contempla através da marca disponível, fornecedores de matérias-primas, de matérias

subsidiárias, de serviços gráficos (gráfica), de assistência mecânica a veículos e por fim de NTI’s,

conforme se pode observar na seguinte figura.

Figura 69 – Aspecto gráfico da Cadeia de Valor

Fonte: elaboração própria

5.6. Estudo do meio envolvente

Enquadramento Económico Nacional

Neste contexto, a economia portuguesa em 2011 e 2012 será caracterizada por um quadro

recessivo, com as projecções a apontarem para uma contracção do PIB de 2% e 1,8%,

respectivamente. As exportações continuarão a ser a componente que mais irá contribuir para o

crescimento da economia, enquanto a procura interna registará uma quebra acentuada, incluindo

o consumo e o investimento.

Todavia, a necessidade de assegurar um desenvolvimento equilibrado e sustentado da

economia portuguesa, caracterizado pelo reforço da consolidação das contas públicas e correcção

dos desequilíbrios macroeconómicos, levou Portugal a solicitar um pedido de assistência financeira

à União Europeia (UE) e ao FMI, tendo sido definido um programa de ajustamento económico e

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financeiro para o período 2011-2013, que prevê ainda a prossecução de reformas estruturais com o

objectivo de promover o crescimento, a competitividade e o emprego.

No que se refere ao comércio internacional no ano de 2010 assistiu-se a uma recuperação

significativa das exportações portuguesas, depois da quebra verificada no ano anterior. Portugal

beneficiou de um aumento da procura internacional e da recuperação económica dos nossos

principais parceiros comerciais, iniciada no final de 2009 e consolidada ao longo de 2010.

O investimento directo estrangeiro (IDE), nos últimos 5 anos, tem evidenciado um

comportamento positivo em termos brutos, com valores entre os 30 e os 35 mil milhões de euros.

Por outro lado, tem vindo a aumentar em indústrias e actividades inovadoras e de base

tecnológica viradas para os mercados internacionais.

Principais Concorrentes

No que se refere aos produtos concorrentes, podemos considerar que todos os produtos com

as mesmas características dos nossos, isto é, apresentados em forma isolada ou em cabaz, e

representativos de uma zona específica, com marca e packaging associada a design sustentável,

vendidos através da internet, para mercados como o gourmet e delicatessen.

Assim, os principais concorrentes da Amo – Produto Local, a nível dos mercados a que nos

propomos, são:

� Boa Boca;

� Terras do Bosque;

� Rural Gourmet;

� Quinta das Olaias;

� Think Global Taste Local - TGTL

Principais Clientes

São identificados na seguinte lista, os possíveis locais de venda para os nossos produtos,

sendo que inicialmente será preparada uma apresentação virtual, com o intuito de exercer uma

força de divulgação e promoção à distância (via email), e num futuro próximo espera-se a mesma

acção presencialmente e com direito a sessão de provas, através do nosso promotor/vendedor, nos

seguintes locais:

� Pão de Açúcar Gourmet - Amoreiras – Lisboa;

� Lx Gourmet - Restelo – Lisboa;

� Rota das Iguarias - CC Fonte Nova – Lisboa;

� Mercearia da Atalaia - Bairro Alto – Lisboa;

� Jimmy Styleshop - Chiado - Lisboa;

� Temahome - Príncipe Real – Lisboa;

� Chef - Lapa – Lisboa;

� Turismo de Lisboa - Baixa – Lisboa;

� Dreams Gourmet - Aeroporto de Lisboa e Faro;

� DeltaQ - Lisboa e Porto;

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� Hangar Design Store - Belém – Lisboa;

� Sobreamesa - Riviera Center – Carcavelos;

� Encantos do Pecado – Alverca;

� Entre Livros – Tomar;

� Fooding House - Foz – Porto;

� Sant'Ana Gourmet – Leiria;

� G Gourmet – Braga;

� Best of Living – Braga;

� Palladio – Braga;

� Xuinha Shop - Oeiras e Porto;

� Verde Inveja – Guimarães;

� Rosa Rosé – Amarante;

� Living Colours – Albufeira;

� Ex-Libris Gourmet – Tavira;

� Onliving – Lisboa;

� A Vida Portuguesa - Lisboa

No mesmo sentido, e além dos diferentes tipos de loja apresentados, pretende-se o mesmo

tipo de iniciativa junto do sector hoteleiro e turismo em espaço rural, bem como empresas e

outras instituições, que se apresentam na seguinte lista:

� Penha Longa Hotel Spa & Golf Resort – Sintra

� Ritz Four Season – Lisboa

� M'ar de Ar Aqueduto Historic Design Hotel & Spa – Évora

� The Vine Hotel – Funchal

� Martinhal Beach & Resort Hotel – Sagres

� Convento do Espinheiro Luxury Collection Hotel & Spa- Évora

� Vila Vita Parc Resort & Spa Hotel - Porches (Algarve)

� Cadeia de Design Hoteis – Farol Design Hotel - Cascais – Lisboa;

� Hotel Idanha Natura- ladoeiro – Idanha-a-Nova;

� Pousada de Proença-a-Nova das Amoras – Proença-a-Nova;

� Casas de S. Torcato Moradal – Oleiros;

� Quinta dos Ribeiros – Alpalhão;

� Complexo Turístico das Portas de Ródão – Vila Velha de Ródão;

� Tapada da Tojeira – Vila Velha de Ródão;

� Casa da Figueira Grande – Covilhã;

� Casa das Jardas – Ladoeiro;

� Hotel Fonte Santa – Termas de Monfortinho;

� Hotel Astoria – Termas de Monfortinho;

� Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova, Oleiros, Nisa, Vila Velha de

Ródão, Castelo Branco

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� Instituto Politécnico de Castelo Branco

� SCUTVIAS

� Irmãos Santos Pires

� Caixa Geral de Depósitos

� EDUTOPIA

� Nestlé

Neste contexto já foram realizados na realidade, alguns ensaios da possível acção de

promoção, através de alguns contactos de pessoas amigas, nomeadamente com as lojas gourmet

de Braga indicadas na lista, todo o conjunto das empresas privadas e regionais anteriormente

citadas, com o restaurante Olivier e Restaurante do Hotel do Bairro Alto, inclusive com o Farol

Design Hotel em Cascais, sendo que na totalidade dos casos foi uma surpresa bastante agradável a

ideia de lançar este produto, garantindo inclusive a sua posição como clientes.

Outros possíveis clientes se nos deparam na realidade, tais como algumas empresas que se

dedicam à actividade de revenda, normalmente online, como é o caso da Lusitana Tradition, que

inclusive estabeleceu contacto para ser revendedora dos nossos produtos.

Principais Fornecedores

Fruto dos saberes transmitidos, da vontade de fazer perdurar no tempo as tradições e

hábitos de outros tempos, do manejar de mãos hábeis, havidas de curiosidade e experiencia, que

os nossos parceiros, os produtores de genuínos PLTQT do Geopark Naturtejo exercem com paixão a

sua actividade, deliciando-nos com as suas especialidades. Estamos a falar dos seguintes mestres

desta arte:

• Herdade do Escrivão (Malpica do Tejo)

• Herdade da Tojeira (Vila Velha de Ródão)

• Monte dos Barreiros (Proença-a-Velha)

• Destilaria Silvapa (Madeirã)

• Mel João Vitório (Sobral do Campo)

• Licor Doces do Campo (Ladoeiro)

• Tisanas da Quinta Biológica - APPACDM (Castelo Branco)

• Compotas do Carvalhal (Proença-a-Nova)

• Padaria da Ângela (Monforte da Beira)

• Salsicharia Alpalhoense (Alpalhão - Nisa)

Como forma, de garantir uma continuidade da produção, em caso de algum dos

fornecedores principais falharem, existe uma recolha de campo (95 produtores) que poderão ser

chamados a participar por esse motivo ou até pela realização de novos produtos.

Do mesmo modo foi celebrado um protocolo empresarial entre a Amo – Produto Local e os

referidos produtores, no sentido de salvaguardar as partes em relação a quantidades mínimas de

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aquisição e de fornecimento, exclusividade para este tipo de comercialização (alteração de marca

e cabazes), a aceitação do rótulo e da Rota de PLTQT, entre outras cláusulas.

Vantagens e Desvantagens Competitivas

A nível de vantagens competitivas pode apontar-se como principais:

� Know How dos promotores envolvidos, quer a nível de mercado, embalamento,

logística, armazenagem através do sócio João Cabral (produtor biológico de azeite,

borregos e vitelas, comerciante, empresário agrícola), quer a nível de design gráfico

rotulagem, packaging, competências do sócio Tiago Silva (designer), a experiencia

de vendas e distribuição do sócio Gonçalo Dias (vendedor) e por fim a nível de

Contabilidade, Gestão Financeira e de Recursos Humanos, o sócio António Jóia

(licenciado em Gestão);

� Produto diferenciador, apelativo e reconhecidamente necessário, na opinião de

vários produtores e informantes-chave entrevistados;

� Estrutura Empresarial simples e bem definida (organigrama), com objectivos (gerais

e estratégicos) plenamente identificados, metas traçadas, marca registada,

certificação e licenciamento.

� Conceitos de permacultura e sustentabilidade muito patentes na cultura

organizacional e empresarial.

� Parcerias e várias colaborações com entidades e organismos públicos (Municípios,

Geopark Naturtejo) e Associações de Desenvolvimento Regional (ADRACES,

ECOGERMINAR);

� Considerável elasticidade dos produtos (validade mínima de 1 ano)

Mas também existem algumas desvantagens competitivas, quando nos confrontamos com os

nossos mercados, assim:

� Elevado nível de dependência dos produtores associados;

� Existência de uma estrutura de custos associados à logística e distribuição dos

produtos;

� Necessidade de alguns processos de certificação;

� Necessidade de um recurso humano (contratado) ligado ao processo de logística e

distribuição;

� Difícil penetração no mercado, devido à existência de diversas barreiras colocadas

pelos concorrentes existentes, tais como design mundialmente reconhecido, grandes

apostas publicitárias e divulgativas;

� Excessiva concorrência indirecta devido ao facto de alguns dos nossos possíveis

clientes, inclusive com lojas online, terem produtos idênticos aos nossos.

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Análise PEST

A Análise PEST é um modelo de análise da envolvente externa macro - ambiental da

organização, cuja sigla corresponde às iniciais dos quatro grupos de factores ou variáveis

ambientais a serem analisadas, nomeadamente:

� Variáveis Político - Legais;

� Variáveis Económicas;

� Variáveis Socioculturais;

� Variáveis Tecnológicas.

Cada uma das variáveis apresentadas caracteriza-se por estar fora do controlo directo da

empresa, podendo o seu conteúdo representar ameaças ou oportunidades que a organização

deverá procurar evitar ou aproveitar.

Os factores externos analisados e com impacto para a Amo – Produto local, são os

apresentados abaixo:

Tabela 29 – Análise PEST (factores externos) da Amo – Produto Local

Fonte: elaboração própria

Análise das forças competitivas – Modelo de Porter

A atractividade de um investimento está inversamente relacionada com a intensidade das

forças competitivas. Desde o início da década de oitenta, que a análise que se tornou dominante

neste contexto, a partir do modelo apresentado por Michael Porter.

• Licenciamento: Unidade de embalamento (HACCP), Vendedor Ambulante (Vários municípios + Direcção-Geral das Actividades Económicas).

• Legislação: Actualizações e nova legislação sobre rótulos, embalamento, conservação e distribuição.

• Contratualizações com alguns locais de venda, e equipas/empresas gestoras de eventos.

Políticos

• Preço dos combustíveis e portagens.• Custos associados à logística (espaço de produção/armazém/escritório).• Preço das inscrições em eventos promocionais, de promoção e divulgação.Económicos

• Mercados de forte aglomerado populacional (áreas urbanas), centros comerciais, grandes superfícies, zonas históricas.

• População mais preocupada com a sua alimentação e saúde, interessada com o gourmet e delicatessen, assim como a “tradição e saudade”, população compreendida maioritariamente acima dos 30 anos; com habilitações literárias ao nível superior, pertencentes a classe alta, média alta.

• O conceito de “affordable luxury” já enraizado em algumas sociedades.

Socio-culturais

• Packaging, design, novos materiais, mais polivalentes, menos poluentes.Tecnológicos

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157

No cômputo geral, as forças competitivas do negócio da Amo – Produto Local, não são muito

elevadas, pelo que a atractividade do negócio é interessante. Porém, há a registar o potencial de

novas entradas numa posição de relevo, não descurando ainda o poder negocial dos fornecedores,

e o poder concorrencial especialmente de empresas já lançadas em mercados internacionais.

Figura 70 – Análise das 5 forças competitivas de Porter

Fonte: elaboração própria

Factores críticos de sucesso

A correcta identificação das necessidades de informação dos gestores, é uma das principais

preocupações da actualidade empresarial. A depuração do que é informação significativa e

insignificativa para um determinado processo de gestão é uma actividade delicada, mas necessária

de modo a poder evitar-se uma avalanche de informação sobre os gestores. Os Factores Críticos de

Sucesso (FCS) surgem como um método para ajudar a identificar a informação que de facto

necessitam.

Os FCS são, para qualquer negócio, o número limitado de áreas para as quais os resultados,

se forem satisfatórios, assegurarão um desempenho competitivo de sucesso da organização. Se os

resultados nestas áreas não forem adequados, os esforços da organização, para o período em

causa, terão resultados menores do que o desejado.

Face ao exposto, a Amo – Produto Local identifica, no alinhamento da Visão traçada, como

FCS:

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Tabela 30- Factores Críticos de Sucesso (FCS)

Fonte: elaboração própria

Acrescenta-se também que o factor “Design” (exclusivo), associado à marca registada e a

uma excelente qualidade, torna-se num dos factores primordiais de escolha no momento da

compra, quando se refere a situações de indecisão por parte dos clientes, que podem acontecer

nos locais de venda.

Um dos factores que também surge como primordial é a localização privilegiada das suas

instalações físicas, uma vez que se insere perfeitamente no cariz rural desta actividade.

Sendo de registar igualmente, as possíveis parcerias estratégicas que se poderão

estabelecer, nomeadamente com a entidade principal do Geopark Naturtejo, associando o selo de

geoproduto a este cabaz (geocabaz), podendo o associar a algum dos geomonumentos existentes,

nomeadamente a anta de S. Gens.

Partes interessadas no negócio - Stakeholders

A Amo-Produto Local pretende o estabelecimento de algumas parcerias estratégicas no

sentido de optimizar alguns dos seus processos, assim foi intentada o estabelecimento de uma

rede de cooperação entre a empresa e os vários produtores biológicos e artesanais, no sentido de

garantir o fornecimento e que este se faça nas melhores e mais vantajosas condições, para ambas

as partes.

Ao nível do processo interno de gestão e de produção, pensa-se no estabelecimento de

protocolos escolares, com a ESART e com a ESGIN, no sentido de captar recursos formados e que

pretendam estagiar tanto em áreas do Packaging, como de Gestão Empresarial (Contabilidade,

Finanças, Recursos Humanos, Logística).

A nível da área do marketing e vendas pretende-se uma estreita ligação, assente num

protocolo ou contrato com a entidade Geopark Naturtejo, uma vez que poderá funcionar como

uma alavanca impulsionadora para uma possível internacionalização e para a afirmação da

empresa no mercado nacional.

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Figura 71 – Partes Interessadas no negócio - Stakeholders

Fonte: elaboração própria

Na realização deste Estudo e do presente modelo de negócios existiu a prévia auscultação

de diferentes partes interessadas, por um lado através da oportunidade de apresentação a um

conjunto de investigadores, no seguimento do protocolo estabelecido entre a Universidade da

Califórnia (Berkeley) e Universidades portuguesas, (Universidade do Minho, Universidade Fernando

Pessoa, Instituto Superior Técnico e da Escola Superior de Gestão (ESG) do IPCB), para

participarem num workshop internacional, realizado na ESG, que decorreu entre os dias 21 e 30 de

Maio com a colaboração de professores das referidas instituições e da Naturtejo.

Onde foram debatidos e abordados temas como a geodiversidade, os PLTQT ( possíveis

rotas, promoção e divulgação) o património cultural, o geoturismo, os geoparques e o

empreendedorismo, com visitas de estudo ao Geopark Naturtejo, como a dos PLTQT a qual

acompanhei e orientei pessoalmente com um grupo de mais 5 investigadores (com o intuito de se

desenharem projectos para a referida área.

Apresentação do projecto “Amo – Produto Local”, no âmbito do workshop “An International

Interdisciplinary Workshop on Natural and Cultural Values for Development of Naturtejo Geopark".

(Vide Anexo IV)

A referida apresentação, que consiste na descrição sumária deste projecto empreendedor,

foi também realizada junto de várias entidades e informantes-chave, nomeadamente:

� Responsável do Geopark Naturtejo;

� Responsável da ADRACES;

� Presidente do Município de Castelo Branco;

� Presidente do Município de Vila Velha de Ródão;

� Presidente do Município de Oleiros;

� Presidente do Município de Proença-a-Nova;

� Presidente do Município de Nisa;

� Presidente do Município de Idanha-a-Nova;

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� Presidente do IPCB;

� Direcção da ESG;

� Postos de Turismo (Nisa, Proença-a-Nova);

� Vários Produtores Envolvidos.

Na perspectiva da sua divulgação e promoção, foi apresentado o projecto Amo - produto

local, bem como um dos seus produtos, numa reunião de trabalho realizada numa viagem de

automotora entre Lisboa e Castelo Branco.

A bordo do intercidades, foi possível demonstrar aos presentes a viabilidade, design,

principais conceitos, objectivos e estratégias do referido projecto. Esta iniciativa promovida pelo

Geopark Naturtejo, na pessoa do Sr. Eng. Armindo Jacinto, e pelo empreendedor nato Jack Soifer,

conseguiu reunir no mesmo espaço empresários de vários países (Bélgica, França, Estados Unidos,

Portugal, entre outros), investigadores e inclusive a Embaixada do Japão.

Considerada uma oportunidade única, esta ocasião permitiu demonstrar a capacidade

comercial dos produtos Amo - produto local, a sua força como iniciativa regional, mas com

capacidade para alcançar outros mercados, nacionais e internacionais. Foi realizada uma

cobertura pelos meios de comunicação, e imprensa regional, tendo sido publicada uma notícia

onde se refere a apresentação do projecto Amo – produto local (Anexo VI – Notícia-Apresentação

do Projecto).

Pode referir-se, que a nível de soluções estratégicas, a Amo - Produto Local, ambiciona a

manutenção e redução do baixo índice de custos fixos, sendo as competências internas

justificativas da não contratação exterior de recursos humanos, não existindo assim nenhum

elemento que seja assalariado e funcionário da empresa.

Nesse sentido e para uma mais fácil visualização, apresenta-se a seguinte figura, que

representa a aplicação dessas soluções no seio da empresa, assim:

Figura 72 – Parcerias e soluções estratégicas

Fonte: elaboração própria

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161

5.7. Marca

Foi através do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) que se procedeu ao registo

da marca “Amo – Produto Local”(Anexo VIII – Registo da Marca), como símbolo da ligação e do

respeito desta pelos produtos em questão. Nomeadamente pretende-se um efeito “affordable

luxury”, não descurando qualquer pormenor que impeça a sua chegada aos mercados pretendidos.

A empresa pretende criar uma marca forte e de grande notoriedade junto aos seus clientes

no sentido de promover a fidelização destes quer ao conceito de PLTQT (biológicos e artesanais),

quer aos próprios produtos Amo – Produto Local. Neste sentido a aposta no mercado internacional

(momento posterior) é um exemplo claro de onde se pretende chegar com a referida marca,

possivelmente com uma readaptação, destinada a este mercado “Love – Local Food”.

Figura 73 – Marca da Amo – produto Local

Fonte: elaboração própria

Slogan:

“Não produzimos, nós olhamos para o melhor. Se ele tem

a etiqueta amo – produto local, é iguaria.”

No que se refere aos elementos principais que compõem esta marca registada, considerada

como um dos Factores Críticos de Sucesso apontados, encontram-se identificados e resumidos na

seguinte tabela:

Tabela 31 – Aspectos característicos da marca Amo – Produto Local

Fonte: elaboração própria

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António José da Costa Jóia

162

5.8. Os Produtos

O cabaz “Amo – produto local”, incorpora no seu interior um conjunto de Produtos Locais,

Tradicionais de Qualidade e Tipicidade (PLTQT) produzidos exclusivamente para si, no território

do Geopark Naturtejo.

Destaca-se uma garrafa de Azeite Biológico (Proença-a-Velha), uma garrafa de Aguardente

Biológica de Medronho (Madeirã – Oleiros), uma garrafa de Licor de Poejo (Ladoeiro - Idanha-a-

Nova), um frasco de Compota Biológica (Carvalhal - Proença-a-Nova), um frasco de Mel de Cortiço

(Sobral do Campo – Castelo Branco), um frasco de Tisana Biológica (APPACDM – Castelo Branco),

um boião de Pasta de Azeitona Biológica (Vila Velha de Ródão), um boião de Queijo Velho

Biológico de Mistura Conservado em Azeite (Malpica do Tejo – Castelo Branco), uma caixa de Bolos

Secos Artesanais – Borrachões (Monforte da Beira – Castelo Branco), e uma embalagem de Paio

Artesanal (Alpalhão – Nisa). Sendo que este conjunto de produtos também pode ser vendido

isoladamente, produto a produto.

Figura 74 – Produtos Amo-Produto Local

Fonte: elaboração própria

Além de um presente é um convite para que faça uma visita de carácter turístico a uma

determinada região, pois incorpora um desdobrável informativo, neste caso concreto para

participar na Rota dos PLTQT, que poderá num futuro próximo envolver uma estadia no “Amo –

Eco-camping” e a visita guiada a todas as explorações unidades de produção que são parceiras

neste cabaz de PLTQT.

O cabaz da Amo - produto local, mesmo nesta fase inicial, já foi considerado um

Geoproduto, e por essa razão será permitida a obtenção e utilização de um selo de certificação de

tal distinção.

Mais do que utilizar o selo de Geoproduto esta certificação permite através da parceria com

o Geopark Naturtejo, aumentar a rede de contactos e de locais de venda e promoção.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

163

Figura 75 – Selo de garantia- Geoproduto

Fonte: GEOPARK NATURTEJO (2011)

Slogan:

“Produtos exclusivos sobre qualidade e estilo de vida!

5.9. Analise SWOT

A Amo Produto Local efectuou uma análise SWOT inerente às suas actividades internas,

permitindo identificar, pontos fortes, pontos fracos, bem como aos aspectos exteriores que

funcionam como ameaças e oportunidades. De acordo coma sua estratégia de crescimento

sustentado, foram implementadas medidas de correctivas que permitem a passagem de pontos

fracos para pontos fortes, assim como de transformação das ameaças em oportunidades.

Figura 76 – Analise SWOT

Fonte: elaboração própria

A identificação das competências centrais e internas da Amo – Produto Local, permitirão a

transformação dos pontos fortes em oportunidades de negócio, propiciando a prossecução dos

objectivos estrategicamente traçados, uma vez que no seu seio esta empresa possui as valências

necessárias ao seu pleno funcionamento, desenvolvimento e estabilização, culminando assim numa

estratégia vitoriosa.

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António José da Costa Jóia

164

5.10. Plano Financeiro

Pressupostos Gerais

O horizonte temporal do projecto é de 5 anos, sendo que o ano de arranque de actividade

será o ano de 2012, tornando-se assim o ano zero.

Assumem-se pressupostos que foram considerados os mais correctos e adaptados ao sector,

através da previsão da evolução dos mercados e da própria economia, de forma a ser possível

traçar o cenário base, adoptando uma posição um pouco pessimista, devido às actuais conjecturas.

Nesse mesmo sentido, as razões que levaram à definição do período de vida do projecto em

5 anos, justificam-se por um lado, com um período futuro para o qual se considera que existirão

fortes alterações nas contingências e variáveis que influenciam os mercados, por outro , para

justificar que após um pay back period de 2 anos, atinge-se um VAL positivo, a partir do ano de

2014 e mantém-se nos anos seguintes, atingindo no ano final (2018) valor de €1.759.803,00.

Previsão de Vendas

A programação de vendas desenvolvida para a Amo – Produto Local teve como base vários

indicadores, dos quais se evidência, a procura prevista (superior à oferta) resultante do

crescimento esperado para a gama de produtos exclusivos, e comercializados pela empresa e a sua

própria sazonalidade.

Assim sendo no ano de 2012, onde apenas se contempla o mercado nacional, as vendas

previstas são de 734 unidades de cabazes (total), nos seus 3 tamanhos disponíveis, sendo o cabaz-

1 o mais aceite com 298 unidades, logo a seguir o cabaz-2 com 236, e por fim o cabaz-3 com 200

unidades.

O preço unitário de cada cabaz foi calculado com base no seu preço de custo, ao qual foi

imputado margens de comercialização que vão desde 37% até 55% dependendo do produto em

questão. Assim o custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (CNVMC), inclusive da

margem bruta para cada produto, representa-se no seguinte quadro.

Tabela 32 – Quadro do CMVMC

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

O preço médio unitário, para o mercado internacional, foi determinado tendo por base o

preço de mercado nacional, mais um acréscimo de 20%, e foi calculado com base numa média

ponderada, tendo em atenção as unidades vendidas de cada cabaz neste mercado, e é de 104,46€.

CMVMCMargem

Bruta2012 2013 2014 2015 2016 2017

MERCADO NACIONAL 70.664 101.897 144.312 184.316 233.238 210.685

Cabaz1 - Amo Produto Local 48,33% 7.699 11.101 15.722 20.081 25.411 28.957

Cabaz2 - Amo Produto Local 55,14% 10.587 15.266 21.621 27.614 34.943 39.821

Cabaz3 - Amo Produto Local 51,16% 14.651 21.127 29.921 38.215 48.358

Produtos vendidos isoladamente _Amo- Produto Local 37,49% 37.727 54.403 77.048 98.406 124.526 141.906

MERCADO EXTERNO 31.763 81.790 151.639 225.605 375.372

Cabazes - Amo Produto Local 54,07% 14.635 37.685 69.867 103.947 172.952

Produtos vendidos isoladamente_Amo- Produto Local 37,64% 17.128 44.105 81.772 121.658 202.420

70.664 133.661 226.102 335.955 458.843 586.056TOTAL CMVMC

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

165

Como já foi referido, haverá lugar à venda de dois tipos de produtos, os cabazes (3

tamanhos) e os produtos vendidos isoladamente (10 produtos distintos), cada um com o seu preço

e com a sua percentagem de vendas, representando assim uma distribuição destes, na ordem dos

53% para o conjunto dos cabazes (cabaz1-11%, cabaz2-18% e cabaz3-23%) e 47% para a venda dos

produtos isoladamente (azeite-4%, queijo-11%, pasta de azeitona-10%). Recordando que apenas

em 2013 se iniciará a venda no mercado internacional.

Finalmente, com estas previsões, é possível definir um objectivo estratégico de alcançar no

final da vida útil do projecto uma quota de mercado de 5% no total do mercado gourmet e

delicatessen, para os produtos Amo – Produto Local.

Verifica-se facilmente pela análise do seguinte quadro, o forte crescimento das vendas ao

longo de todo o projecto especialmente com o incremento das vendas internacionais a partir de

2013.

Tabela 33 – Volume de Negócios

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

As vendas apresentam um crescimento constante ao longo dos 5 anos, quer para o mercado

nacional quer em termos de mercado internacional, o que indica que a empresa apresenta uma

evolução positiva. As vendas que apresentaram uma evolução maior foram a dos produtos vendidos

isoladamente e do cabaz 1.

2012 2013 2014 2015 2016 2017

14.900 21.486 30.429 38.864 49.180 56.044

Quantidades v endidas 298 417 574 711 874 967

Tax a de crescimento das unidades v endidas 0% 40% 38% 24% 23% 11%

Preço Unitário 50,00 51,50 53,05 54,64 56,28 57,96

23.600 34.031 48.197 61.557 77.896 88.768

Quantidades v endidas 236 330 454 563 692 766

Tax a de crescimento das unidades v endidas 0% 40% 38% 24% 23% 11%

Preço Unitário 100,00 103,00 106,09 109,27 112,55 115,93

30.000 43.260 61.267 78.250 99.020 0

Quantidades v endidas 200 280 385 477 587 0

Tax a de crescimento das unidades v endidas 0% 40% 38% 24% 23% 11%

Preço Unitário 150,00 154,50 159,14 163,91 168,83 173,89

60.353 87.030 123.256 157.422 199.206 227.011

Quantidades v endidas 10.563 14.788 20.334 25.214 30.977 34.272

Tax a de crescimento das unidades v endidas 0% 40% 38% 24% 23% 11%

Preço Unitário 5,71 5,89 6,06 6,24 6,43 6,62

128.853 185.807 263.149 336.093 425.302 371.823

2012 2013 2014 2015 2016 2017

0 31.860 82.040 152.101 226.293 376.516

Quantidades v endidas 0 305 763 1.373 1.983 3.203

Tax a de crescimento das unidades v endidas 0% 100% 150% 80% 44% 62%

Preço Unitário 0,00 104,46 107,59 110,82 114,15 117,57

0 27.468 70.730 131.133 195.097 324.611

Quantidades v endidas 0 4.459 11.148 20.066 28.984 46.820

Tax a de crescimento das unidades v endidas 0% 100% 150% 80% 44% 62%

Preço Unitário 0,00 6,16 6,34 6,54 6,73 6,93

0 59.328 152.769 283.234 421.390 701.128

TOTAL

VENDAS - MERCADO NACIONAL

Cabaz1 - Amo Produto Local

Cabaz2 - Amo Produto Local

Cabaz3 - Amo Produto Local

Produtos vendidos isoladamente _Amo- Produto Local

VENDAS - EXPORTAÇÃO

TOTAL

Cabazes - Amo Produto Local

Produtos vendidos isoladamente_Amo- Produto Local

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166

Figura 77 – Quadro resumo das Vendas

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

O volume de negócios para o mercado nacional apresenta no actual estudo prospectivo uma

evolução positiva ao longo dos anos, com especial destaque do ano de arranque para o ano de

2013, justificado pelo crescente número de locais de venda e com a internacionalização dos

produtos. Nos anos seguintes o volume de negócios cresce a uma taxa entre 38% e 11%, reflectindo

o necessário crescimento do esforço de vendas em cada ano.

A estimativa do volume de negócios em cada ano é definida com base no número estimado

de locais de venda, exemplo disso, os hotéis, lojas gourmet, lojas francas, mercearias finas, lojas

delicatessen, estações de serviço, estações rodoviárias, postos de turismo e as várias feiras

regionais e temáticas. Perante o que consideramos uma estimativa de vendas para o ano de

arranque (apenas mercado nacional) da seguinte ordem:

� Cabaz 1,2 e 3 - Amo – Produto Local: 734 unidades vendidas no primeiro ano (2012)

� Produtos Amo – Produto Local:

- Azeite: 872 unidades vendidas

- Aguardente de medronho: 503 unidades vendidas

- Licor de Poejo: 308 unidades vendidas

- Mel: 932 unidades vendidas

- Compota: 592 unidades vendidas

- Tisana: 424 unidades vendidas

- Queijo: 1421 unidades vendidas

- Pasta de Azeitona: 1868 unidades vendidas

- Borrachões: 2206 unidades vendidas

- Chouriço (linguiça): 1687 unidades vendidas

Prazos médios de recebimentos e de pagamentos

No que diz respeito aos recebimentos de clientes o prazo médio é de 30 dias, uma vez que a

venda de produtos diz respeito aos cabazes e/ou produtos vendidos isoladamente, que são

enviados ou transportados até ao cliente, que paga mediante factura com inscrição desse mesmo

prazo.

No que se refere ao pagamento a fornecedores conta corrente estipulou-se um prazo médio

de pagamento de 30 dias, a fornecedores de imobilizado, com excepção dos fornecedores de

equipamento de transporte (Leasing), a pronto pagamento e a fornecedores de fornecimentos e

serviços externos de 7 dias.

128.853 185.807 263.149 336.093 425.302 371.823

0 59.328 152.769 283.234 421.390 701.128

128.853 245.134 415.918 619.328 846.692 1.072.951

IVA VENDAS 13% 16.751 24.155 34.209 43.692 55.289 48.337

TOTAL VENDAS - MERCADO NACIONAL

TOTAL VENDAS - EXPORTAÇÕES

TOTAL VENDAS

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

167

Tabela 34 – Resumo do quadro de pagamento a fornecedores

Fonte: elaboração própria

Fornecimentos e Serviços Externos

Tabela 35 – Fornecimentos e Serviços Externos – FSE

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

Os Fornecimentos e serviços Externos foram calculados tendo em conta a sua percentagem

de custos fixos ou variáveis, sendo que existem custos completamente fixos como é o caso da

publicidade e propaganda, a vigilância e segurança e custos inteiramente variáveis, como o caso

dos combustíveis, das deslocações e estadas.

As rubricas que representam um maior custo para a empresa são os combustíveis, e

deslocações e estadas referentes à actividade de distribuição própria levada a cabo pelo

vendedor/promotor da Amo – Produto Local. Sendo de destacar neste sentido o custo de trabalhos

especializados que englobam a produção de rótulos, autocolantes das caixas, entre outros. As

despesas com outros serviços dizem respeito às normais despesas de constituição e registo da

Sociedade.

Descrição CondiçãoDe recebimento: 30 dias

Fornecedores 30 dias

Fornecedores de Imobilizado Pronto Pagamento

Fornecedores de equipamento de

transporte Leasing

FSE 7 dias

De Pagamento:

Tx IVA CF CV Valor Mensal 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Subcontratos 20% 100%

Serv iços especializados

Trabalhos especializados 23% 100% 291,67 3.500,00 3.605,00 3.713,15 3.824,54 3.939,28 4.057,46

Publicidade e propaganda 23% 100% 100,00 1.200,00 1.236,00 1.273,08 1.311,27 1.350,61 1.391,13

Vigilância e segurança 23% 100% 25,00 300,00 309,00 318,27 327,82 337,65 347,78

Honorários 20% 100%

Comissões 20% 100%

Conserv ação e reparação 23% 20% 80% 50,00 600,00 618,00 636,54 655,64 675,31 695,56

Materiais

Ferramentas e utensilios de desgaste rápido 20% 100%

Liv ros e documentação técnica 20% 100%

Material de escritório 23% 80% 20% 25,00 300,00 309,00 318,27 327,82 337,65 347,78

Artigos para oferta 23% 100% 50,00 600,00 618,00 636,54 655,64 675,31 695,56

Energia e fluidos

Electricidade 23% 80% 20% 75,00 900,00 927,00 954,81 983,45 1.012,96 1.043,35

Combustív eis 23% 100% 700,00 8.400,00 8.652,00 8.911,56 9.178,91 9.454,27 9.737,90

Água 23% 80% 20% 25,00 300,00 309,00 318,27 327,82 337,65 347,78

Deslocações, estadas e transportes

Deslocações e Estadas 23% 100% 320,00 3.840,00 3.955,20 4.073,86 4.196,07 4.321,95 4.451,61

Transportes de pessoal 20% 100%

Transportes de mercadorias 23% 100% 120,83 1.450,00 1.493,50 1.538,31 1.584,45 1.631,99 1.680,95

Serv iços div ersos

Rendas e alugueres 20% 100% 250,00 3.000,00 3.090,00 3.182,70 3.278,18 3.376,53 3.477,82

Comunicação 23% 70% 30% 120,00 1.440,00 1.483,20 1.527,70 1.573,53 1.620,73 1.669,35

Seguros 23% 100% 47,33 568,00 585,04 602,59 620,67 639,29 658,47

Roy alties 20% 100%

Contencioso e notariado 20% 100%

Despesas de representação 20% 100%

Limpeza, higiene e conforto 23% 80% 20% 29,17 350,00 360,50 371,32 382,45 393,93 405,75

Outros serv iços 23% 100% 560,00 560,00

27.308,00 27.550,44 28.376,95 29.228,26 30.105,11 31.008,26TOTAL FSE

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António José da Costa Jóia

168

As despesas com publicidade e propaganda, nos primeiros anos terão um valor de certa

forma significativo (€1.200,00), isto porque se pretende uma aposta focalizada na divulgação, e na

abertura de novos canais de distribuição e obtenção de novos locais de venda.

Tendo sido referidos os valores mais expressivos, os restantes serão custos com maior

acessibilidade e indispensáveis a qualquer actividade empresarial.

Plano Global do Investimento

Tendo em conta os valores orçamentados pelos fornecedores seleccionados, no projecto

Amo – Produto Local prevêem-se os seguintes investimentos:

Tabela 36 – Plano Global do Investimento

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

Custo global do investimento

O Custo global do Investimento, a realizar até ao final de 2012, cifrou-se em €39.901,31,

dos quais €37.039,07 dizem respeito a activos tangíveis (equipamento básico, equipamento de

transporte e equipamento administrativo) e €2.862,24 contabilizados em activos intangíveis

(software, projectos de I&D, e propriedade industrial).

Todas as aquisições efectuadas foram realizadas por consulta prévia a vários fornecedores,

apresentando-se os respectivos orçamentos. A decisão da aquisição verificou-se não apenas com

base no preço mais baixo, mas pesando também as garantias pós-venda oferecidas e à distância

geográfica entre o fornecedor e a sede da empresa.

No caso particular do equipamento de transporte, a selecção dos bens de imobilizado recaiu

na experiência observada pelos promotores noutras actividades, em virtude da favorável relação

custo/benefício versus fiabilidade.

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Propriedades de investimento

Terrenos e recursos naturais

Edificios e Outras construções

Outras propriedades de inv estimento

Activos fixos tangíveis

Terrenos e Recursos Naturais

Edificios e Outras Construções

Equipamento Básico 10.206

Equipamento de Transporte 14.168

Equipamento Administrativ o 8.660 8.660

Equipamentos biológicos

Outros activ os fix os tangiv eis 4.005

37.039 8.660

Activos Intangíveis

Goodw ill

Projectos de desenv olv imento 1.000 1.000

Programas de computador 1.700

Propriedade industrial 162

Outros activ os intangív eis

2.862 1.000

39.901 1.000 8.660Total Investimento

Total Activos Intangíveis

Total Activos Fixos Tangíveis

Total propriedades de investimento

Investimento por ano

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

169

As despesas referentes a outros activos fixos tangíveis, que atingem o valor de €4.005,42,

dizem respeito utensílios de embalamento (tesouras, espátulas, x-actos, réguas, etc.) no valor de

€2.350,00 e outros activos fixos tangíveis como produtos e utensílios de limpeza e higiene, bem

como acessórios de decoração e comunicação no montante de €1.655,42.

Considera-se que de 4 em 4 anos deverá ser consumado um reforço, sob a forma de pequeno

investimento em I&D, de 5 em 5 anos devem ser reforçados os equipamentos administrativos, com

o propósito de evitar que se tornem obsoletos, após 8 anos de utilização da viatura a mesma

deverá ser substituída.

Desta forma a Amo – Produto Local, irá adquirir em 2012 a sua viatura sobre a forma de

leasing, conseguindo com uma taxa de juro de 7%, colmatar a dívida num período de reembolso de

apenas 4 anos. A restante cobertura do investimento será assegurada em 100% por capital social, a

que corresponde um valor de €40.000,00.

Figura 78 – Compra de viatura através de Leasing

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

No seguinte quadro, pode observar-se que para além dos custos com equipamento de

transporte, que representam 35,5% do investimento total, verifica-se que as despesas com valor

mais significativo, são as realizadas com o equipamento básico indispensável ao bom

funcionamento da parte produtiva e as despesas com equipamento Administrativo, imprescindível

à parte administrativa e de gestão da empresa.

As despesas de Investigação & desenvolvimento (I&D) e as em equipamento administrativo,

são as que se repetem ao longo do projecto, sendo prova mais uma vez, que a Amo – Produto

Local aposta na qualidade e na imagem como marca de referência.

Capital em dív ida (início período) 14.168 14.168 10.626 7.084 3.542

Tax a de Juro 7% 7% 7% 7% 7% 7%

Juro Anual 935 935 701 468 234

Reembolso Anual 3.542 3.542 3.542 3.542

Imposto Selo (0,4%) 4 4 3 2 1

Serv iço da dív ida 939 4.481 4.246 4.011 3.777

Valor em dív ida 14.168 10.626 7.084 3.542

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170

Figura 79 – Quadro explicativo do Investimento

Fonte: elaboração própria

Imobilizado corpóreo (Activo Fixo Tangível)

� Equipamento Básico

No que diz respeito a equipamentos básicos verificou-se o valor de €10.126,00 referente a

mobiliário da secção de embalamento, inclusive equipamento de refrigeração (frigorifico vertical),

bem como outro tipo de equipamento que visa garantir as boas condições de utilização do referido

espaço, tal como apetrechamento de ar condicionado, sistema de detecção de incêndios e todo o

sistema de iluminação (candeeiros)

� Equipamento administrativo

O equipamento administrativo divide-se em duas rubricas principais, nomeadamente,

material informático e material de escritório, no valor total de €8.660,00.

LocalizaçãoRubricas de Investimento Activos Qtd Custo unitário Valor s/IVA IVA Valor c/IVA Fornecedor

Condições de pagamento

ANGULO 80X74X80(MAMBO) 140033 C.CEREJ 1 63,59 € 63,59 € 23% 78,22 €

SECRETARIA 160X74X80(MAMBO) 140016 C.CER 1 144,09 € 144,09 € 23% 177,23 €

SECRETARIA 80X74X80(MAMBO) 140008 C.CER 1 103,84 € 103,84 € 23% 127,72 €

BLOCO 3G 42X61X60(MAMBO) 140233 C.CERJ 1 111,89 € 111,89 € 23% 137,62 €

ESTANTE 80X187X46(MAMBO) 140320 C.CEREJ 1 144,09 € 144,09 € 23% 177,23 €

ARM.BAIXO 2PT 80X82X46(MAMBO) 140210 C.C 1 111,89 € 111,89 € 23% 137,62 €

ARM.2PTS.80X18X46(MAMBO) 140330 C.CEREJ 1 184,33 € 184,33 € 23% 226,73 €

ARM.2PMD+2PVD.80X187X46(MAMBO) 140325 C.C 1 224,59 € 224,59 € 23% 276,24 €

CADEIRA DIRECTOR TOP PU PRETO 1 28,09 € 28,09 € 23% 34,55 €

CADEIRA EXECUTIVO (NEVADA-A193ª01) PELE PRETA 1 71,64 € 71,64 € 23% 88,12 €

MESA EXT.160/220X90 TAMPO VIDRO DT-186D1 1 256,78 € 256,78 € 23% 315,84 €

BENGALEIRO 188X38(CR-024) ALUMINIO/CEREJ. 1 48,22 € 48,22 € 23% 59,31 €

CADEIRA (D-433) PVC PRETO/PES EPOXY CINZA 6 29,70 € 178,22 € 23% 219,21 €

MONITOR ASUS LCD 22’’ WIDE VH222D 1 196,50 € 196,50 € 23% 241,70 €

PC CORE I3 530 2,96 GHZ 1 689,65 € 689,65 € 23% 848,27 €

OFFICE S 2010 PT 1 733,80 € 733,80 € 23% 902,57 €

WIND. 7 PROFISSIONAL 64-BIT PT 1PK 1 171,50 € 171,50 € 23% 210,95 €

PANASONIC KX-TG6451EX2 + TELEFONE PORT. 1 536,60 € 536,60 € 23% 660,02 €

ROUTER ASUS WL-AM604 4P ANL 1 65,50 € 65,50 € 23% 80,57 €

SERVIÇO MÃO DE OBRA INFORMÁTICA 1 300,00 € 300,00 € 23% 369,00 €

UPS FSP 650 VA 360W 1 56,00 € 56,00 € 23% 68,88 €

INEO + 20 1 1.754,00 € 1.754,00 € 23% 2.157,42 €

PORTATIL ASUS P50IJ T4400 4GB 15.6HD 1 774,00 € 774,00 € 23% 952,02 €

HDD EXT 3.5P BUF 1TB USB IOM PRESTIGE 1 91,56 € 91,56 € 23% 112,61 €

PROGRAMA DE FACTURAÇÃO CERTIFICADO 1 422,76 € 422,76 € 23% 519,99 €

PROGRAMA DE PROCESSAMENTO DE SALÁRIOS 1 406,50 € 406,50 € 23% 500,00 €

PROGRAMA DE GESTÃO DE STOCKS 1 552,85 € 552,85 € 23% 680,01 €

Mesa industrial inox 300cm*200cm 1 1.160,00 € 1.160,00 € 23% 1.426,80 €

Banco alto em inox 4 87,50 € 350,00 € 23% 430,50 €

Suportes de caixa em inox 4 62,50 € 250,00 € 23% 307,50 €

Estante/prateleira em inox 200cm*60cm*300cm 1 1.175,00 € 1.175,00 € 23% 1.445,25 €

Maquina de café 1 235,00 € 235,00 € 23% 289,05 €

Balcão de apoio 150 cm*60cm*120cm 1 411,14 € 411,14 € 23% 505,70 €

200cm*60cm*300cm 1 840,00 € 840,00 € 23% 1.033,20 €

Frigorifico vertical Industrial em inox 1 1.219,51 € 1.219,51 € 23% 1.500,00 €

Tesoura de corte (profissionais) 4 62,54 € 250,16 € 23% 307,70 €

X- acto 4 28,83 € 115,32 € 23% 141,84 €

Réguas (50 cm) em inox 4 31,37 € 125,48 € 23% 154,34 €

Esponjas 4 11,25 € 45,00 € 23% 55,35 €

Panos de camurça 4 7,50 € 30,00 € 23% 36,90 €

Espátulas 4 5,00 € 20,00 € 23% 24,60 €

Luvas de algodão (brancas) anti-estáticas (caixa de 12) 4 43,84 € 175,36 € 23% 215,69 €

Toucas plásticas (impermeáveis) (caixa de 10) 4 31,32 € 125,28 € 23% 154,09 €

Batas (brancas) com mangas 4 87,67 € 350,68 € 23% 431,34 €

Pinceis pelo de marta (vários tamanhos) 4 31,36 € 125,44 € 23% 154,29 €

Caixa de ferramentas 1 80,45 € 80,45 € 23% 98,95 €

Balança 1 467,40 € 467,40 € 23% 574,90 €

Iluminação candeeiros 2 121,95 € 243,90 € 23% 300,00 € MOVIFLOR Pronto Pagamento

Equipamento de incendio 1 1.274,80 € 1.274,80 € 23% 1.568,00 € ALBISEGURANÇA Pronto Pagamento

Equipamento de ar condicionado 2 569,11 € 1.138,21 € 23% 1.400,00 € LUIS OLIVEIRA Pronto Pagamento

tapetes) 1 109,18 € 109,18 € 23% 134,29 €

Quadros decorativos 4 35,57 € 142,26 € 23% 174,98 €

Roupas (WC) 1 199,19 € 199,19 € 23% 245,00 €

Mesa de apoio à recepção 1 60,98 € 60,98 € 23% 75,00 €

Telefóne móvel 1 101,63 € 101,63 € 23% 125,00 €

Biombo 1 109,76 € 109,76 € 23% 135,00 €

Produtos de Higiene (detergentes, Lixivia, limpa inox,

lava loiças, etc.) 10 27,50 € 275,00 € 23% 338,25 €

Utensílios de higiene ( Pás, vassouras, baldes do lixo,

esfregonas, etc.) 10 18,50 € 185,00 € 23% 227,55 €

Consumíveis de higiene (sacos de lixo, papel higiénico,

toalhetes) 10 13,50 € 135,00 € 23% 166,05 €

Ambientador electrico, permanente (essencia de

campo, flores silvestres, etc.) 1 27,87 € 27,87 € 23% 34,28 €

Viatura Comercial Equipamento de transporte Citroen - NEMO Furgão 1,4 HDI 70 CV 1 11.518,71 € 11.518,71 € 23% 14.168,01 € Citroen Leasing (4 anos)

Registo da marca Propriedade Industrial Marca Amo - Produto Local 1 162,24 € 162,24 € 0% 162,24 € INPI Pronto Pagamento

Despesas de I&D I&D

Novos materiais, novos tipos de impressão, novas

mat.subsidiárias 1 1.000,00 € 1.000,00 € 0% 1.000,00 €

AMO - PRODUTO

LOCAL Pronto Pagamento

Total do Investimento 39.901,31 €

Secção de Embalamento e

Escritório

Equipamento/Mobiliário

Outros equipamentos e utensilios

(Outras imobilizações Corporeas)MOVIFLOR Pronto Pagamento

Material de Manutenção e Higiene QUIMIALBI 30 DIAS

Secção de Embalamento

MobiliárioBaltazar e

AlbuquerquePronto Pagamento

Utensílios GIGOTEL Pronto Pagamento

Escritório

Mobiliário MOVIFLOR Pronto Pagamento

Informática ALBIPRINT Pronto Pagamento

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

171

� Equipamento de transporte

Para suprir as necessidades de logística e de transporte de produtos necessários ao

funcionamento da actividade, adquirimos através de leasing, 1 viatura (comercial ligeiro) no ano

2012 que representa um valor de €14.168,00.

� Utensílios e Ferramentas

No que concerne a utensílios e ferramentas o valor de investimento ascende a €2.350,00,

reflectido na aquisição de utensílios da secção de embalamento (objectos de corte, suportes de

caixas e embalagens, luvas, toucas, etc.).

Imobilizado incorpóreo (Activos Intangíveis)

As despesas com outros activos intangíveis, relacionadas com os investimentos directos em

I&D, software e com propriedade industrial atingiram o valor de €2.862,24.

Fundo de Maneio

Ao determinar o Fundo de Maneio Necessário (FMN) verifica-se que ao longo do projecto as

necessidades financeiras apresentam-se sempre superiores aos recursos financeiros.

No que se refere às necessidades de exploração, os clientes são a rubrica que se apresenta

com maior peso, facto que resulta da adopção de um prazo médio de recebimento (PMR) de 2

meses. Quanto aos recursos de exploração, é a rubrica de fornecedores que possui maior

expressão, facto igualmente resultante do prazo médio de pagamentos (PMP) ser igual ao PMR,

neste caso 2 meses.

Tabela 37 – Fundo de Maneio

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Necessidades Fundo Maneio

Reserv a Segurança Tesouraria

Clientes 12.134 22.441 37.511 55.252 75.165 93.441

Inv entários 1.374 2.599 4.396 6.532 8.922 11.396

Estado

13.508 25.040 41.907 61.784 84.087 104.836

Recursos Fundo Maneio

Fornecedores 9.112 14.725 22.963 32.627 43.477 53.915

Estado 832 2.991 4.134 5.213 6.531 5.036

9.944 17.717 27.097 37.840 50.008 58.952

Fundo Maneio Necessário 3.563 7.323 14.810 23.944 34.079 45.885

Investimento em Fundo de Maneio 3.563 3.760 7.487 9.134 10.135 11.805

TOTAL

TOTAL

*

*

*

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172

Um fundo de maneio positivo é um indício de saúde financeira, embora não seja condição

suficiente para o garantir. Indica a capacidade que os capitais permanentes têm em cobrir o activo

fixo.

Nos casos em que o fundo de maneio é positivo pode não representar situações de

equilíbrio, devido às possíveis divergências entre a possibilidade de realização dos activos e a

exigibilidade dos passivos.

Configurando conceptualmente uma situação de fundo maneio exagerado, esta pode ser

controlada e contrariada através da distribuição de dividendos aos sócios, compensando desta

forma os baixos salários atribuídos aos sócios. Permitindo-os auferir de uma capacidade de aforro

para investir em actividades correlacionadas no âmbito da actividade de criação de um Eco-

Camping (Amo - Ecocamping : Ecoalojamento, Ecoshower, Ecoparquing, Ecoteam projectada para

o inicio de 2018).

Para dar início à actividade foram necessárias entradas dos sócios no valor de €40.000,00,

estando igualmente previsto o recurso a um plano de incentivo, em forma de subsídio não

reembolsável, com efectivação de uma possível candidatura a PRODER, assim como o

financiamento bancário referente à aquisição de equipamento de transporte através de leasing.

Tabela 38 – Mapa do Financiamento

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

Recursos Humanos

A Política de Recursos Humanos da Amo – Produto Local assenta numa estrutura mínima de

funcionamento, suportada em 4 sócios gerentes a partir do ano de arranque, distribuídos pelas

várias actividades primárias e secundárias da empresa, auxiliados pela possível contratação de um

encarregado geral no início de 2018.

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Investimento 43.465 3.760 7.487 9.134 11.135 20.465

Margem de segurança 2% 2% 2% 2% 2% 2%

Necessidades de financiamento 44.300 3.800 7.600 9.300 11.400 20.900

Fontes de Financiamento 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Meios Libertos 33.323 94.263 167.132 247.598 324.964

Capital 40.000

Outros instrumentos de capital

Empréstimos de Sócios

Financiamento bancário e outras Inst. Crédito 14.168

Subsidios 11.970

66.138 33.323 94.263 167.132 247.598 324.964TOTAL

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173

Tabela 39 – Mapa de Pessoal

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

Como contrapartida monetária e incentivo ao bom desempenho, eficiência e rentabilidade

da actividade empresarial, os recursos humanos identificados auferirão de uma remuneração

mensal na ordem dos €550,00, o que representa um total anual de gastos com pessoal que atinge

os €43.393,00.

Dias de trabalho

A empresa labora 365 dias por ano, sendo os dias úteis de cada um dos trabalhadores (sócios

gerentes) 261, calculados com base em que cada trabalhador tem direito a dois dias de folga por

semana e quinze dias de férias.

Tabela 40 – Dias de Trabalho

Fonte: elaboração própria

Cash Flows Operacionais

Tendo por base a análise dos resultados do mapa de Cash-Flows, permite-se obter uma

maior noção do nível de desempenho da Amo – Produto Local em termos monetários.

Nesse sentido e ponderando todos os investimentos que a empresa irá realizar ao longo d

sua vida útil, os seus Cash-Flows são sempre positivos, à excepção do primeiro ano, uma vez que é

neste período que se realiza a maior parte do investimento, sendo esse facto responsável por

somente em 2014 se atingir um Cash-Flow acumulado positivo.

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Administração / Direcção 4 4 4 4 4 4

Administrativ a Financeira

Comercial / Marketing

Produção / Operacional

Qualidade

Manutenção

Aprov isionamento

Inv estigação & Desenv olv imento

Outros

4 4 4 4 4 4

Quadro de Pessoal

TOTAL

Descrição NúmeroDias Civis 365

Sábados e Domingos 104

Feriados 11

Dias úteis por cada

trabalhador 246

Horas de trabalho por dia 8

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174

Tabela 41 – Mapa de Cash Flows Operacionais

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

Existe ao longo do período e execução do projecto um Fundo de Maneio (FM) negativo, em

parte já justificado pelas NFM serem substancialmente superiores aos recursos financeiros, facto

que se deve em muito ao prazo de pagamentos e recebimentos ser idêntico.

5.11. Balanço e Demonstração de Resultados Previsionais

Com base numa análise ao Balanço Previsional, pode constatar-se uma evolução positiva,

reflexo do crescimento e desenvolvimento saudável da actividade empresarial.

Apura-se assim, que as rubricas com maior peso no Activo não Corrente, são os activos fixos

tangíveis (equipamento básico, de transporte e administrativo), atingindo neste caso o valor de

€30.198,00.

No que se refere ao passivo, é a rubrica fornecedores C/C, que se apresenta mais

significativa para o seu total, neste caso €9.112,00, ao mesmo tempo que é visível o peso do

equipamento de transporte e o resultado do leasing obtido, que se reflecte na rubrica

Financiamentos Obtidos, com o valor de €14.168,01.

As dívidas a terceiros a curto prazo, aumentam de forma progressiva, devido ao montante

das dívidas a Fornecedores e a Estado e Outros Entes Públicos, sendo que estas se encontram

relacionadas com o Fundo de Maneio (FM) e que se mantêm negativo ao longo de toda a actividade

do projecto.

O balanço previsional da Amo – Produto local encontra-se equilibrado, sendo constante o

facto de o activo nunca ser inferior ao passivo, sendo de ressalvar no ano 2013 já se obtém um

resultado do exercício positivo, no valor de €27.714,00.

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Meios Libertos do Projecto

Resultados Operacionais (EBIT) x (1-IRC) -17.772 23.620 84.559 158.382 245.223 322.466

Depreciações e amortizações 9.704 9.704 9.704 8.749 2.375 2.498

Prov isões do ex ercício

-8.069 33.323 94.263 167.132 247.598 324.964

Investim./Desinvest. em Fundo Maneio

Fundo de Maneio -3.563 -3.760 -7.487 -9.134 -10.135 -11.805

CASH FLOW de Exploração -11.632 29.564 86.776 157.998 237.462 313.159

Investim./Desinvest. em Capital Fixo

Capital Fix o -39.901 -1.000 -8.660

Free cash-flow -51.534 29.564 86.776 157.998 236.462 304.499

CASH FLOW acumulado -51.534 -21.970 64.806 222.804 459.266 763.765

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175

Tabela 42 – Balanço Previsional

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

Analisando a Demonstração de Resultados Previsional constata-se que no primeiro ano os

custos superam os proveitos, sendo que o resultado líquido do exercício apresenta-se negativo, em

2012, no valor de €23.089,00.

Fazendo uma análise à estrutura de custos é de salientar o custo das mercadorias vendidas e

das matérias consumidas que logo no primeiro ano ascendem a €70.664,00, sendo os restantes

custos distribuídos por fornecimentos e serviços externos e custos com o pessoal.

De destacar o facto de a partir do ano de 2013 o RLE passar para positivo, com o valor de

€27.714,00, para garantir o seu crescimento ao longo dos seguintes anos.

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Activo Não Corrente 30.198 20.494 10.791 2.041 667 6.828

Activ os fix os tangív eis 28.290 19.540 10.791 2.041 6.495

Propriedades de inv estimento

Activ os Intangív eis 1.908 954 0 0 667 333

Inv estimentos financeiros

Activo corrente 22.796 65.600 185.989 380.478 660.862 1.011.003

Inv entários 1.374 2.599 4.396 6.532 8.922 11.396

Clientes 12.134 22.441 37.511 55.252 75.165 93.441

Estado e Outros Entes Públicos

Accionistas/sócios

Outras contas a receber

Diferimentos

Caix a e depósitos bancários 9.288 40.560 144.082 318.694 576.775 906.167

52.993 86.094 196.779 382.519 661.529 1.017.831

Capital realizado 40.000 40.000 40.000 40.000 40.000 40.000

Acções (quotas próprias)

Outros instrumentos de capital próprio

Reserv as -23.089 4.625 89.427 249.219 497.484

Ex cedentes de rev alorização

Outras v ariações no capital próprio 11.970 11.970 11.970 11.970 11.970 11.970

Resultado líquido do período -23.089 27.714 84.803 159.791 248.265 327.540

28.881 56.595 141.398 301.189 549.454 876.995

Passivo não corrente 14.168 10.626 7.084 3.542

Prov isões

Financiamentos obtidos 14.168 10.626 7.084 3.542

Outras Contas a pagar

Passivo corrente 9.944 18.873 48.298 77.788 112.074 140.837

Fornecedores 9.112 14.725 22.963 32.627 43.477 53.915

Estado e Outros Entes Públicos 832 4.147 25.335 45.161 68.597 86.921

Accionistas/sócios

Financiamentos Obtidos

Outras contas a pagar

24.112 29.499 55.382 81.330 112.074 140.837

52.993 86.094 196.779 382.519 661.529 1.017.831TOTAL PASSIVO + CAPITAIS PRÓPRIOS

TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO

ACTIVO

TOTAL ACTIVO

CAPITAL PRÓPRIO

PASSIVO

TOTAL PASSIVO

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176

Tabela 43 – Demonstração de Resultados Previsional

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

5.12. Análise de Indicadores

Tabela 44 - Quadro dos Principais Indicadores

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

Liquidez

É a capacidade que a empresa possui para solver os seus compromissos a curto prazo.

Quando existe liquidez, considera-se que a empresa possui equilíbrio financeiro.

Fundo de Maneio = Capitais Permanentes – Activo Fixo

É a capacidade que os capitais permanentes têm para financiar o activo. O ideal é que este

indicador seja superior a zero, logo os capitais permanentes suportam na íntegra o activo fixo.

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Vendas e serv iços prestados 128.853 245.134 415.918 619.328 846.692 1.072.951

Subsídios à Ex ploração

Ganhos/perdas imputados de subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos

Variação nos inv entários da produção

Trabalhos para a própria entidade

CMVMC 70.664 133.661 226.102 335.955 458.843 586.056

Fornecimento e serv iços ex ternos 27.308 27.550 28.377 29.228 30.105 31.008

Gastos com o pessoal 43.393 44.695 46.036 47.418 48.840 50.305

Imparidade de inv entários (perdas/rev ersões)

Imparidade de dív idas a receber (perdas/rev ersões)

Prov isões (aumentos/reduções)

Imparidade de inv estimentos não depreciáv eis/amortizáv eis (perdas/rev ersões)

Aumentos/reduções de justo v alor

Outros rendimentos e ganhos

Outros gastos e perdas

EBITDA (Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos) -12.512 39.228 115.402 206.727 308.903 405.581

Gastos/rev ersões de depreciação e amortização 9.704 9.704 9.704 8.749 2.375 2.498

Imparidade de activ os depreciáv eis/amortizáv eis (perdas/rev ersões)

EBIT (Resultado Operacional) -22.215 29.525 105.699 197.978 306.529 403.082

Juros e rendimentos similares obtidos 65 284 1.009 2.231 4.037 6.343

Juros e gastos similares suportados 939 939 704 469 235

RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS -23.089 28.870 106.003 199.739 310.332 409.425

Imposto sobre o rendimento do período 1.156 21.201 39.948 62.066 81.885

RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO -23.089 27.714 84.803 159.791 248.265 327.540

INDICADORES ECONÓMICOS 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Tax a de Crescimento do Negócio 90% 70% 49% 37% 27%

Rentabilidade Líquida sobre o rédito -18% 11% 20% 26% 29% 31%

INDICADORES ECONÓMICOS - FINANCEIROS 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Return On Inv estment (ROI) -44% 32% 43% 42% 38% 32%

Rendibilidade do Activ o -42% 34% 54% 52% 46% 40%

Rotação do Activ o 243% 285% 211% 162% 128% 105%

Rendibilidade dos Capitais Próprios (ROE) -80% 49% 60% 53% 45% 37%

INDICADORES FINANCEIROS 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Autonomia Financeira 54% 66% 72% 79% 83% 86%

Solv abilidade Total 220% 292% 355% 470% 590% 723%

Cobertura dos encargos financeiros -2366% 3145% 15011% 42176% 130601% #DIV/0!

INDICADORES DE LIQUIDEZ 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Liquidez Corrente 2,29 3,48 3,85 4,89 5,90 7,18

Liquidez Reduzida 2,15 3,34 3,76 4,81 5,82 7,10

INDICADORES DE RISCO NEGÓCIO 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Margem Bruta 30.881 83.923 161.439 254.145 357.744 455.886

Grau de Alav anca Operacional -139% 284% 153% 128% 117% 113%

Grau de Alav anca Financeira 96% 102% 100% 99% 99% 98%

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

177

Podemos concluir que a empresa se encontra ao longo do projecto equilibrada, mas nunca

apresenta um FM positivo, isto é, o activo fixo não está a ser financiado por capitais permanentes.

Liquidez Geral = Activo Circulante / Passivo de curto prazo

Este rácio demonstra quanto é que o activo circulante cobre o passivo de curto prazo.

Neste rácio o activo circulante é aquilo que a empresa transforma em dinheiro no prazo de

um ano e o passivo de curto prazo aquilo que a empresa tem de pagar nesse período, assim

convém que o valor se apresente equilibrada financeiramente.

Figura 80 – Gráfico da Liquidez Geral

Fonte: elaboração própria

A capacidade de liquidar as dívidas da Amo – Produto Local, Lda., equilibra-se

definitivamente no exercício de 2013, adquirindo capacidade para liquidar as suas dívidas de curto

prazo, sem recorrer ao endividamento.

Liquidez Reduzida = [(Activo circulante – Existências) / Passivo de curto prazo]

Dá-nos a informação da capacidade da empresa em solver as suas dívidas de curto prazo sem

recorrer às existências ou seja que as mesmas não poderão ser transformadas de imediato em

dinheiro. No caso da Amo Produto Local, em nenhum dos anos este valor é inferior a 1.

Figura 81 – Gráfico da Liquidez Reduzida

Fonte: elaboração própria

Estrutura do capital

Esta análise permite-nos saber se a empresa está bem financeiramente a médio e longo

prazo. O conjunto de rácios que se seguem procuram complementar a apreensão da situação

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António José da Costa Jóia

178

financeira a partir do confronto com outras massas de capitais constantes no balanço, que não

apenas os capitais permanentes e o imobilizado.

� Autonomia Financeira = Capital Próprio / Activo Total

Traduz a capacidade da empresa de financiar o activo através dos capitais próprios sem ter

de recorrer a empréstimos. Um elevado valor deste rácio é entendido como um indício de solidez

financeira.

Figura 82 – Gráfico da Autonomia Financeira

Fonte: elaboração própria

Concluímos que a solidez se consolida ao longo do tempo. Esta situação extrema pode,

todavia, denotar uma insuficiência de dinamismo empresarial. Pelo contrário, um baixo valor

deste rácio evidencia uma forte dependência financeira perante os credores, o que tenderá a

dificultar o acesso a novos créditos.

No Caso da Amo – Produto Local e para evitar excesso de autonomia financeira será

realizado um investimento no início de 2018, isto é a “Amo – Ecocamping”.

� Solvabilidade = Capitais Próprios / Passivo

Este rácio dá-nos a informação da capacidade da empresa em solver os seus compromissos,

quanto maior for o indicador, melhor será a estrutura financeira da empresa. Verifica-se que a

estrutura financeira da empresa Amo – Produto Local se tem vindo a consolidar ao longo dos anos

em análise, logo aumenta a sua capacidade em solver os seus compromissos.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

179

Figura 83 – Gráfico da Solvabilidade

Fonte: elaboração própria

Rendibilidade Económica

A rendibilidade de uma empresa consiste na capacidade que esta tem de gerar resultados,

principalmente pela dimensão dos mesmos.

Assim, a rendibilidade é analisada a partir da relativização dos resultados obtidos, pelo

volume de recursos envolvidos na sua obtenção.

� Rendibilidade Líquida das Vendas = R.L.E. / (Vendas + Prestação de serviços)

Este rácio indica-nos o lucro (prejuízo) obtido por cada unidade vendida, revelando, assim

a eficiência do negócio. Constatamos que a empresa a consolida aos seus resultados a partir do

exercício de 2013.

Figura 84 – Gráfico da Rendibilidade

Fonte: elaboração própria

� Rotação do activo = Vendas/ Activo Total

Mostra-nos o grau de intensidade de utilização dos recursos e da evolução da intensidade

capitalista da empresa, ou seja, mede o grau de eficiência na utilização dos recursos disponíveis.

Neste rácio verifica-se uma diminuição da eficiência na utilização dos activos diminuindo

assim a sua capacidade de rotação do activo, originado uma menor capacidade em gerar volumes

de vendas para um dado activo.

0%

200%

400%

600%

800%

2012 2013 2014 2015 2016 2017

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180

Rendibilidade Financeira

� Rendibilidade do capital próprio (RCP) = RLE / Capitais Próprios

Mede a rendibilidade da empresa do ponto de vista do accionista, nomeadamente quanto é

que a empresa está a render perante o capital que os accionistas investiram.

Podemos concluir que a rendibilidade do capital próprio é atractiva do ponto de vista dos

accionistas a partir do ano de 2013.

Grau de Alavanca Operacional

O grau de alavanca operacional é frequentemente utilizado para analisar o efeito nos

Resultados Operacionais provocado por variações do nível de actividade.

No caso da Amo – Produto Local a margem bruta apresenta-se constantemente superior aos

valores do EBIT, facto que contribuem para se alcançar os valores bastante aceitáveis.

5.13. Avaliação do projecto

Tabela 45 - Avaliação do Projecto/Empresa

Fonte: adaptado de FINICIA, extraído do website http://www.iapmei.pt

No que se refere à avaliação do projecto, esta apresenta-se bastante favorável, já que

apresenta um Valor Actual Liquido (VAL) no montante de €1.816.467,00, o que revela que o

projecto é economicamente viável, remunerando os sócios da Amo – Produto Local a uma Taxa

Interna de Rentabilidade (TIR) de 158,12% e um Pay Back de apenas dois anos.

5.14. Plano Marketing

A Amo – Produto Local, orgulha-se de possuir como lema, juntar talentosos artistas gráficos,

como designers e ilustradores, em torno de um projecto que ambiciona juntar num único produto,

arte, cultura, tradição e comida.

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Free Cash Flow to Firm -51.534 29.564 86.776 157.998 236.462 304.499 2.568.561

WACC 9,90% 10,94% 11,54% 11,75% 11,80% 11,85% 11,85%

Factor de actualização 1 1,109 1,237 1,383 1,546 1,729 1,934

Fluxos actualizados -51.534 26.649 70.126 114.259 152.952 176.086 1.327.928

-51.534 -24.885 45.241 159.500 312.452 488.538 1.816.467

Valor Actual Líquido (VAL) 1.816.467

#NÚM! -43% 62% 109% 128% 137% 156%

Taxa Interna de Rentibilidade 156,12%

Pay Back period 2 Anos

Na perspectiva do Projecto

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

181

Por isso todas as nossas embalagens são desenvolvidas com recurso a uma gama exclusiva,

que permite surpreender o mercado com alimentos finos com ideias completamente diferentes e

inovadoras.

5.14.1. Marketing Mix

Com o principal objectivo de compreender as necessidades do mercado, da sua expectativa

em relação à oferta, bem como das acções dos concorrentes e necessidades dos clientes em

relação aos PLTQT, a Amo – Produto Local, define o seu posicionamento, apercebendo-se de um

segmento que se encontra praticamente inexplorado nesta zona geográfica, e que permitem

caracterizar as diferentes variáveis do marketing mix:

Produto Primazia pela qualidade e controlo logo na sua origem, das matérias-primas que serão

utilizadas na produção de PLTQT da marca Amo-Produto Local, que automaticamente diferenciará

os seus produtos no mercado e permite uma perfeita identificação com as suas características

tradicionais, artesanais, saudáveis e que fazem lembrar os sabores de outros tempos.

Como já foi referido a nível de embalagem, todos os produtos da Amo-Produto Local são

alvo de um excelente design, que se pretende o mais sustentável, apelativo e diferenciador

possível, por outro lado existe uma preocupação acrescida no que se refere à conservação das

características organolépticas e puras dos PLTQT, atendendo a pormenores importantíssimos e

minuciosos, como o facto de todas as embalagens utilizadas serem à prova de raios ultravioleta.

No que respeita a legislação, são respeitadas todas as indicções ao nível da rotulagem, com

a totalidade dos produtos a possuir data de validade, explicação do seu conteúdo, peso, conselhos

para a sua utilização, entre outros.

Existe uma grande variedade de embalagens, que se homogeneizam pela sua cor e

características protectoras, mas que no essencial representam a sua função principal de

acondicionamento das matérias-primas, utilizam-se de garrafas, boiões, caixas, altamente seguras

no que se refere a qualidade alimentar.

Preço No que se refere a este elemento do marketing mix, é adoptada uma política de preços

adequada ao segmento do cliente a que nos dedicamos, e aos mercados em que nos movemos,

assim através de uma análise aos preços dos nossos concorrentes, ajustamos automaticamente os

preços dos nossos PLTQT.

Serão praticadas algumas promoções, que no caso do cabaz Amo – Produto Local, consiste na

oferta de um brinde, que é composto por 5 figuras em miniatura, e representativas do artesanato

deste território do Geopark Naturtejo, tendo esta medida o efeito supletivo de conseguir de

alguma forma (mínima) promover e divulgar o artesanato da região. Num próximo produto, que

poderá ser o “Cabaz Prova de Queijos”, pensa-se na oferta de uma faca e tábua específica para o

seu corte.

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António José da Costa Jóia

182

Serão igualmente feitos descontos de quantidade, bem como facilidades de transporte, a

clientes que ultrapassem um determinado valor de compras, ou inclusive que tenham um contrato

de fornecimento assinado com a Amo – Produto Local.

Comunicação

Para além da forte e desejada publicidade assente no “mouth-to-mouth” (passa-a-palavra),

que advém do conhecimento e satisfação pessoal, principalmente que os clientes fidelizados, têm

da marca Amo - Produto Local, serão aplicadas várias ferramentas ao próprio website, como

exemplo a fácil navegabilidade, bastante simples e convincente e de onde serão enviadas

pontualmente as nossas newsletters.

Por outro lado o uso de placares e expositores publicitários, projectados e construídos

internamente, á base de materiais reciclados e reutilizados, que serão colocados nas principais

vias de acesso a este território, com imagens verdadeiramente apelativas ao consumo de PLTQT.

Temos em mente a participação em feiras temáticas e certames que devido à sua

importância poderão projectar esta empresa para outros patamares, estamos a falar por exemplo

do evento a “Essência do Gourmet”, que já vai na sua 5ª Edição, eventos como o “Porto and Douro

Wine Show”, que privilegia a participação de produtos que se harmonizem com o vinho, assim

como a participação em feiras temáticas como a Bolsa de Turismo de Lisboa e a FITUR em Madrid.

Ao nível de publicidade “above the line” a Amo – Produto Local apostará nas revistas mais

lidas pelas classes sociais mais altas, sendo a campanha de lançamento efectuada durante duas

semanas durante dois meses, de forma intercalada (1 semana em cada mês), em quatro revistas

(Caras, Executive Digest, Exame e Visão).

Será distribuído no interior dos cabazes um desdobrável informativo com menções aos

próprios produtos, ao website, à Rota dos PLTQT, bem como a possíveis novidades e sugestões de

combinação dos produtos.

Figura 85 – Flyer Amo – Produto Local

Fonte: elaboração própria

Na própria embalagem do cabaz, mais precisamente no fundo da caixa, é referida uma série

de informação, destinada ao cliente curioso e que ambiciona conhecimento, assim será informado

acerca do que consiste o projecto, qual o território de origem, que conteúdo tem ao seu dispor, e

a identificação de todos os produtores inseridos no projecto.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

183

São frequentemente utilizados alguns slogans, para que através de uma mensagem curta, se

contribua de alguma forma para a memorização e reconhecimento imediato de todos os nossos

stakeholders, tais como:

� Amo – produto local, venha descobrir o nosso sabor!

� Os Produtos Locais, Tradicionais, de Qualidade e Tipicidade pedem-se pelo seu

nome! Amo – Produto Local...

� Amo, à sua medida e gosto!

� Vamos onde o cliente preferir!

� www.amo-produtolocal.com, visite-nos aqui!

� Amo – Produto Local, pensamos em tudo para nos aproximar de si!

Canais de Distribuição

A Amo - Produto Local coloca os seus produtos no mercado por meios próprios, utilizando

para tal o sua ferramenta virtual, que consiste no seu website, através daí consegue angariar os

seus revendedores e outros distribuidores.

Existe a possibilidade de o próprio produtor associado funcionar como canal de distribuição,

visto existir protocolada a possibilidade de uma parte dos fornecimentos ser paga em bens, neste

caso com o cabaz Amo – Produto Local.

É utilizada uma viatura de transporte para assegurar a nossa própria distribuição, uma vez

que o contacto directo entre um elemento da empresa (sócio-gerente) e os nossos clientes se

torna um cunho da marca Amo – Produto Local.

Nesse sentido a estratégia de distribuição assumida pela Amo – Produto Local pode ser

considerada intensiva, uma vez que se pretende a sua presença constante em todos os pontos de

venda idealizados.

Pretende-se à semelhança do que foi efectuado com os produtores envolvidos, a celebração

de protocolos e/ou contractos para comercialização correcta dos respectivos produtos.

Os potenciais clientes também se poderão deslocar aos vários locais de produção e

embalamento dos produtos da Amo – Produto local, uma vez que se disponibiliza a identificação e

contacto de todos os produtores envolvidos, e que se localizam em várias localidades do território

do Geopark Naturtejo. Neste sentido existe inclusive a Rota dos PLTQT que pretende ir nesse

mesmo sentido, o da divulgação e promoção dos próprios produtores.

Como já foi referido os produtos comercializados pela Amo – Produto Local serão

distribuídos através de subcontratação de cariz pontual empresas de distribuição, como por

exemplo no caso das entregas urgentes (menos de 4 horas) e também por um carrinha de

transporte própria (ligeiro de mercadorias), devido em parte as encomendas ditas normais e

devido à importância do contacto directo tanto ao nível dos consumidores empresariais, como dos

pontos de venda.

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António José da Costa Jóia

184

Figura 86 – Imagem do veículo de distribuição própria

Fonte: elaboração própria

5.15. Projecto Design Sustentável

A opção de utilizar o vidro em detrimento de outros materiais alternativos, como a madeira

ou o plástico, recaiu no facto deste material usado ser mais sustentável relativamente aos outros

uma vez que permite um número infinito de reciclagens.

Existe um impulso por parte da Amo – Produto Local para motivar os seus clientes, a

proceder à reutilização da caixa e das próprias embalagens, por exemplo com novas compotas, ou

mel, ou até utilizar os boiões para peças de decoração, e só posteriormente a eventual e

necessária reciclagem.

Todos os frascos, boiões e garrafas são produzidos num vidro especial, que não permite a

entrada de raios ultravioleta, por isso a sua cor negra, permitindo desse único modo conservar

todas as propriedades dos seus conteúdos, acrescentando mais uma razão para os reutilizar.

A nível de impressão gráfica (rótulos, contra-rótulos, autocolantes, desdobráveis, etc.)

existe a preocupação em imprimir com tintas ecológicas e por isso menos poluentes.

Toda a publicidade da Amo – produto Local é realizada sem o recurso a papel ou impressão

gráfica, sendo apenas utilizada publicidade virtual, em movimento e no “passa a palavra”.

5.16. Plano Estratégico

Neste ponto convém referir que existem em carteira, mesmo a priori da abertura de

actividade, algumas estratégias internas assumidas pela Amo – Produto Local, e que assentam em

basicamente nos seguintes pressupostos:

� Medidas de protecção dos activos intelectuais da empresa, tais como o emprego de

modalidade de propriedade industrial adequadas, por exemplo, protecção da marca

e do design associados aos nossos produtos, bem como o estabelecimento de

cláusulas de confidencialidade nas situações aplicáveis (fornecedores de matérias

primas, colaboradores internos, parceiros empresariais), como por exemplo através

dos protocolos estabelecidos com os produtores (Anexo VII – Exemplo de Protocolo).

� Estabelecimento de parcerias estratégicas, mesmo antes do arranque, com outras

empresas já existentes que indirectamente podem, nas diversas fases de

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

185

desenvolvimento da empresa, ser consideradas aliadas ao mesmo tempo que podem

proteger a Amo – Produto Local da entrada de novos players. Este é o caso por

exemplo da empresa fornecedora das embalagens de vidro, que detém uma patente

internacional, assente no facto do vidro ter garantia protectora dos raios ultra

violetas.

� Reforço constante (I&D, novos matérias e técnicas) na imagem dos produtos de

forma a obter um reconhecimento dos actuais e potenciais clientes.

� Fomentar uma atenção focalizada na investigação e conhecimento das inúmeras

actividades do mercado, feiras, exposições, conferências, de forma a garantir a

presença nas mais importantes, com a finalidade de demonstrar a presença

constante dos nossos produtos, alcançando assim a notoriedade desejada.

� Com o intuito de facilitar a comunicação e relacionamento dos clientes e visitantes

com a própria empresa, garantindo uma acessibilidade e presença constante

(24h/dia), será disponibilizada no website (www.amo-produtolocal.com), sem

barreiras, toda a gama de produtos comercializados pela Amo – Produto Local,

inclusive promoção ao evento Rota dos PLTQT.

� Aproveitando a oportunidade que alguns contactos pessoais e privados dos sócios-

gerentes, a empresa conta com a ajuda para divulgação de empresas como a Nestlé,

a cadeia de Hotéis Farol Design, o Restaurante Olivier e do Hotel do Bairro Alto,

bem como de meia dúzia de lojas gourmet espalhadas pelo território nacional.

� A nível da estratégia Pull & Push, a Amo – Produto Local assenta num misto entre

Pull e Push, uma vez que pelo Pull procura desenvolver os produtores associados,

com mais notórias certificações dos seus produtos (biológica e artesanal), e novos

canais de distribuição, o que implica avultados investimentos neste campo. Por

outro lado uma estratégia Push no sentido da promoção, divulgação e comércio dos

produtos, muito pela força do vendedor/promotor, do website, da publicidade e

comunicação, da presença em feiras, etc.

� A estratégia de mercado mais adequada aos objectivos da Amo – Produto Local é a

estratégia market-nicher, sendo a ideia-chave a aposta clara numa especialização

em produtos com certificação biológica ou de qualidade artesanal, onde todas as

fazes do processo produtivo são rigorosamente controladas, procurando assim

conquistar consumidores específicos, ou seja, a tal gama “alta”, “média-alta”, que

detém maior poder de compra e maior nível de informação acerca das vantagens

relacionadas com o consumo destes PLTQT.

Num contexto mais relacionado com opções futuras a Amo – Produto Local tem a sua

estratégia dividida por 3 grandes opções, nomeadamente as que de forma resumida se apresentam

no seguinte esquema.

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António José da Costa Jóia

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Figura 87 – Plano Estratégico

Fonte: elaboração própria

Estratégia de Internacionalização

Pensa-se na Amo- Produto Local que se poderá alcançar com alguma facilidade e brevidade

o mercado internacional, por um lado, através de uma aposta em alguns potenciais e estratégicos

locais de venda, como é o caso das lojas francas dos aeroportos, dos postos de turismo, hotéis e

estações de serviço, estações rodoviárias e ferroviárias. Por outro lado, através do

estabelecimento de uma parceria com a entidade Geopark Naturtejo, que poderia criar uma mais-

valia promocional com o seu envio para os restantes geoparques europeus e mundiais. Finalmente,

procura-se através da participação em certames de projecção internacional, tais como o “Mercado

da Saudade”, SISAB – Salão Internacional do Vinho, Pescado e Agro-alimentares, entre outros, o

feito de alcançar mercados cada vez mais longínquos.

Figura 88 - Estratégia de penetração no mercado

Fonte: elaboração própria

De apenas locais de venda nacionais em 2012 (Lisboa, Braga, Porto, Coimbra, 6 Municípios

Geopark Naturtejo), passa-se para uma participação europeia com a possibilidade de envio para a

Por um lado através das parcerias estratégicas que se pretendem estabelecer(Geopark Naturtejo, Gastronomia, Turismo) por outro lado através de comunidadesportuguesas espalhadaspelo Mundo (França, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos)atravésda permanência em lojas francas e postos de turismo.

Por um lado através do lançamento de um conjunto de quatro cabazes inspiradosnasEstações do ano, assim cabaz de Outono, cabaz da Páscoa, cabaz do Natal, cabaz do Verão.Por outro lado, a criação de um produto com superior valor acrescentado, uma vez quepermitirá a sua utilização imediata (cooffe breaks, em entradas de casamentos, lanches,festas de aniversario, etc.). Pondera-se a ideia de elaborar cabazes do mesmo território,mas composto exclusivamente com queijos, ou azeites, ou compotas.

Por um lado apostando na rede hoteleira (HORECA), por outro na rede de hipermercados,e ainda em novos locais de compra/consumo por impulso, como exemplo ginásios, feirase show rooms.

Internacionalização

Novos Produtos

Novos Canais de Distribuição

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

187

Rede Europeia de Geoparques, sendo um processo que se verificará na sua plenitude em 2015 com

a inclusão do mercado ibérico e internacional.

Já em relação aos produtos vendidos isoladamente, assiste-se a uma penetração

internacional mais lenta, mas que tem como principal mola de impulso o nosso website, com a

readaptação para várias línguas (inglês, espanhol, francês, Alemão), incluindo os todos os rótulos

dos nossos produtos.

Objectivo máximo será certamente a colocação dos nossos produtos a nível

transcontinental, sendo para isso muito importante a aceitação que possamos ter em comunidades

portuguesas espalhadas pelo Mundo, nomeadamente em New Jersey, ou Austrália, entre outros.

Ao que se junta o possível apoio que a Rede Mundial de Geoparques já nos possa dar nesta altura.

Estratégia de Integração Vertical e Diferenciação

Na perspectiva de desenvolvimento da estratégia da Amo – Produto Local, existe um

investimento financeiro e humano na criação de uma nova empresa, com vista à diversificação do

próprio negócio.

Com base nestes pressupostos criar-se-á, possivelmente no início do ano de 2018, a Amo –

Ecocamping, cujo objectivo principal será prestar serviços de campismo em espaço rural,

ecológico, permacultural de apoio por exemplo aos próprios clientes da Amo – Produto Local.

As soluções desenvolvidas para o Ecocamping por esta empresa, passam pela prestação dos

seguintes serviços aos seus clientes:

� ECO Park – serviços de estacionamento ecológico no campismo, transporte em

autocarro ecológico dos participantes na rota dos PLTQT.

� ECO Team – serviços prestados por equipas para a recolha, tratamento e selecção

dos lixos resultantes da normal actividade do campismo.

� ECO Shower – serviços prestados no âmbito de construção de balneários ecológicos,

aproveitamento de águas e apoio logístico aos utilizadores.

� ECO Accommodation – baseado em princípios de construção ecológica, como

permacultura, implementação de um espaço de alojamento privilegiado para uma

elite de apreciadores do território.

5.17. Website

Como uma das ferramentas mais importantes do funcionamento e projecção deste negócio,

utiliza-se o website da Amo - Produto Local (www.amo.produtolocal.com), para que os nossos

actuais e potenciais clientes tenham um sentimento de pertença e contacto directo com a

empresa.

Assim será um website, bastante acessível, dotado de fácil navegabilidade, que possui uma

página inicial identificativa da empresa em causa (valores, visão, missão), e uma barra de

navegação onde se poderá consultar os PLTQT existentes, os contactos, como encomendar, a rota

dos PLTQT, receitas e novidades.

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Figura 89 – Esquema Gráfico do Website

Fonte: elaboração própria

Pensa-se assim inovar e promover de uma forma ainda pouco explorada nesta região em

concreto, uma vez que são raros os produtores que já utilizem este tipo de ferramentas.

5.18. Candidatura PRODER

Com o intuito de obter financiamento para a criação da Amo – Produto Local, pretende-se a

candidatura a uma medida do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PRODER), à

medida especifica 3.1.2. - Criação e Desenvolvimento de Microempresas, que se caracteriza da

seguinte forma:

Objectivos

Incentivar a criação e desenvolvimento de empresas nas zonas rurais, tendo em vista a

densificação do tecido económico e a criação de emprego, sendo consideradas prioritárias as

iniciativas que traduzam inovação, a capitalização das oportunidades para o território e para as

áreas económicas emergentes. Neste sentido a Amo – Produto Local revê-se totalmente nos

objectivos propostos.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Prioridades estratégicas

São entendidas como estratégicas as iniciativas empreendedoras em várias fileiras,

nomeadamente na do ambiente, na qual estão incluídas a reciclagem e a valorização dos resíduos,

a fileira das indústrias criativas, nas quais se incluem as produções de conteúdos, o design, a

publicidade, as áreas de criação escrita, musical, entretenimento, entre outras. Também são

contempladas várias actividades, tais como as que se relacionam com o armazenamento e

logística, com sector agro-alimentar, mais precisamente todos os investimentos que tenham por

objectivo reorganizar o tecido económico das micro empresas, através de investimentos que

traduzam uma gestão mais competitiva dos negócios. Por fim também se valorizam as operações

na área do artesanato, ligadas quer a aspectos organizativos e de gestão do negócio

(comercialização, design, marketing, etc.) quer a processos de inovação em termos de produto

final.

Beneficiários

Podem beneficiar deste apoio as microempresas (obrigatoriamente já constituídas no

momento da apresentação de candidatura).

Despesas elegíveis

Entre muitas outras, são consideradas despesas elegíveis a constituição da própria empresa,

a elaboração do projecto, aquisição de equipamentos, construção ou obras de adaptação ou

remodelação de edifícios, viaturas indispensáveis à boa execução do projecto e despesas

imateriais.

Nível de apoio

Os apoios são concedidos sob a forma de incentivo não reembolsável com várias

percentagens, conforme figura que se segue:

Figura 90 – Quadro do nível de apoio

Fonte: elaboração própria

Despesa Elegível (€)5000 -25 000 25 001 - 200 000

Sem Criação de postos de trabalho 30% 30%

Quando houver a criação de um posto de trabalho 50% 40%

Quando houver a criação de pelo menos dois postos de trabalho 0% 50%

Condições

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António José da Costa Jóia

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Capítulo 6. CONCLUSÕES E PROPOSTAS

Para ser um empreendedor não basta ter uma boa ideia e querer transformá-la numa

empresa sem antes trabalhar e estudar muito. Conhecer o que se quer é o primeiro passo de um

longo caminho. Por isso, o empreendedor além de criatividade precisa aceitar os riscos, confiar na

própria capacidade de tomar decisões, ter iniciativa e persistência. Ser optimista e não desistir no

primeiro não.

A nível de empreendedorismo, se eventualmente, estamos localizados numa zona

desfavorecida, nunca conseguiremos desenvolver e edificar negócios, isto porque, em vez de

existir investimento há desinvestimento.

Contudo, após o levantamento exaustivo do potencial endógeno da região do Geopark

Naturtejo, apercebemo-nos das fileiras potenciais de negócio, por comparação às já existentes.

Neste caso concreto, estamos a falar das áreas do turismo, PLTQT, caça, etc.

Neste capítulo apresentam-se as principais conclusões acerca do presente Estudo e de todo

o trabalho desenvolvido, as principais contribuições para o território e entidades envolvidas, bem

como as acções que podem ser realizadas no futuro para ampliar e melhorar o que foi realizado

até este momento.

6.1. Caracterização do Estudo

O presente Estudo abordou a investigação e criação de um projecto de empreendedorismo

vocacionado para a promoção, divulgação e comércio de Produtos Locais, Tradicionais com

Qualidade e Tipicidade (PLTQT), como uma das possíveis formas de aproveitar o potencial

endógeno do território do Geopark Naturtejo.

Assim, na fase inicial desta investigação, no Capitulo 2. CONCEITO, DEFINIÇÕES E SELECÇÃO

DOS PRODUTOS LOCAIS/TRADICIONAIS DE QUALIDADE E TIPICIDADE, é apresentado o resultado da

investigação de campo, que resultou num levantamento de uma amostra de produtores,

caracterizada no que se refere aos seus produtos, ao processo de fabrico, a própria localidade de

instalação e a sua dimensão (volume de produção).

Posteriormente, ainda neste ponto, proceder-se -à definição e caracterização de uma nova

terminologia, isto é de PLTQT, aproveitando para explicar o seu conceito, as suas principais

características, os requisitos que se incorporam na referida sigla, nomeadamente a qualidade, a

tipicidade, a tradição e muitas vezes arte, e que se encontram associados a esse género de

produtos, referindo igualmente a sua diferenciação natural.

Nesta parte, é simultaneamente realizado um enquadramento a nível de normas e legislação

que se relacionam com os PLTQT, nomeadamente no que se refere à sua certificação, à rotulagem

e embalagem, bem como à unidade de produção onde é transformada ou simplesmente

acondicionada. No final deste capítulo é estabelecida a ligação e análise das relações

estabelecidas entre os referidos PLTQT e vários aspectos territoriais, designadamente o território

em si, os distritos industriais, as zonas desfavorecidas e as influências em sectores específicos.

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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Quanto melhor for a caracterização e conhecimento do território em causa, melhor se

podem definir boas práticas estratégicas para implementação de iniciativas empreendedoras nesse

mesmo espaço multifacetado, é por esse motivo elaborada no Capitulo 3. CARACTERIZAÇÃO DO

TERRITÓRIO DO GEOPARK NATURTEJO, uma abordagem que permite traçar o perfil desta área,

sendo realizando o seu enquadramento a nível administrativo (REG e RGG), assim como a nível

geográfico e ambiental, identificando os geomonumentos existentes, os parques naturais e áreas

protegidas, as várias aldeias classificadas (Xisto e Históricas), e outros locais e infraestruras de

interesse.

Ainda inserida neste capítulo é elaborada uma análise SWOT que pretende analisar o

Geopark Naturtejo nos que ser refere a aspectos demográficos, características da sua

territorialidade própria, das suas actividades económicas, alguns aspectos sociais e actividades

turísticas.

Para finalizar a caracterização do referido território, aborda-se alguns dados estatísticos

revelantes, e explica-se os conceitos de Geoquinta e Rota dos PLTQT.

As possíveis estratégias, enunciadas por vários autores e entrevistados (informantes-chave)

para uma correcta promoção, divulgação e comércio de PLTQT encontram-se descritas no capítulo

4. PROMOÇÃO/VALORIZAÇÃO/COMÉRCIO DE PLTQT e podem ser consideradas como peças

fundamentais na escolha da alternativa empreendedora assumida neste Estudo.

Nesse mesmo contexto, são referidas duas vias principais para atingir esse resultado, a via

institucional, que compreende as certificações de origem e qualidade (DOP, IGP, ETG, MPRODI,

MPB, MPA) e por outro lado a aposta a nível da fileira dos PLTQT, em que são assumidos cinco

eixos fundamentais (produto/produção, preço, distribuição, comunicação e comércio), sendo

evidenciadas algumas sugestões dentro de cada um dos eixos para um resultado positivo, como por

exemplo dinamizar a transformação local dos PLTQT, promover a sua aproximação ao mercado,

praticar acções diversas ao nível da comercialização, que dependem igualmente de uma melhoria

da comunicação geral e particular dos referidos produtos, bem como estabelecer compromissos

organizativos mais sólidos.

Mas como as opções de actuação para o objectivo geral deste estudo não se esgotam com

estas duas principais vias, referiu-se a possível articulação dos PLTQT com outras actividades como

a gastronomia/restauração, o turismo, o património arquitectónico e natural, as instituições de

ensino e outros eventos promocionais (como feiras, certames, seminários, conferencias, etc.).

No final, desta parte, são identificados alguns canais de distribuição, e analisado um dos

factores considerados de extrema importância quando se fala em PLTQT, a sua interacção com

novas tecnologias da informação (NTI’S), de que é exemplo o uso da internet como ferramenta

imprescindível neste sector, assim como o recurso ao Design e Packaging, factores que bem

conciliados permitem criar negócios de sucesso, como é o caso dos apresentados quer a nível

nacional como internacional.

Como se trata de um projecto de empreendedorismo, concretizado num negócio de

divulgação, promoção e comércio de PLTQT, é materializada no Capitulo 5. APRESENTAÇÃO DO

PROJECTO: AMO - PRODUTO LOCAL a ideia desta vertente empresarial, deste género alimentício,

inserida no território estudado.

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6.2. Principais contribuições

Apresentam-se como principais contribuições deste Estudo, as seguintes:

� A criação deste projecto de empreendedorismo, arrasta consigo a possibilidade de

atenuar as fragilidades e ameaças apontadas, para o território em questão, sediando

nele uma empresa, criando um produto exclusivo e bastante característico, com

uma enorme vínculo às tradições, costumes e cultura destas gentes do Geopark

Naturtejo, permitindo dessa forma promover o desenvolvimento rural e amenizar o

fosso existente para com os espaços urbanos.

� Através de uma aposta clara no Design e Packaging, permite-se uma remodelação

completa e fundamental na forma de apresentar e divulgar os PLTQT, mostrando-se

este conjunto actualmente, apto a ser colocado num mercado mais selectivo, com

maiores hipóteses de reconhecimento e de internacionalização.

� Permitiu-se o desenvolvimento do marketing estratégico, pensado e aplicado à

própria actividade de divulgação e comércio dos PLTQT, uma vez que tem a sua

presença garantida através da marca criada em todos os seus produtos, nos rótulos,

nas embalagens (cabaz), no website, nos desdobráveis informativos, em sinalética

vertical urbana, em todos os lugares onde regista a sua presença (mercados, feiras,

certames, seminários, conferências, instituições de ensino) através de placares e

lonas publicitárias, pensando-se num futuro próximo a sua utilização em

movimento, isto é nos meios móveis pessoais e de todos os nossos parceiros;

� A criação da marca “Amo-produto local”, indissociável dos valores que a

caracterizam, permite simultaneamente uma garantia viva do respeito pelo meio

ambiente (Sustentabilidade, Permacultura, redução de desperdícios,

reaproveitamento de materiais, utilização de energias renováveis) preservando o

território em questão ao mesmo tempo que o exibe, possibilitando dessa forma a

preservação da paisagem tipicamente rural e agrícola.

� A referida marca torna-se símbolo de extrema qualidade, seja pela natureza dos

seus produtos (produção biológica ou produção integrada) seja pelo seu modo de

produção (artesanal), seja pela exclusividade de alguns ingredientes, exclusivos

deste território e destas condições edafoclimáticas, permitindo assim a sua

penetração no segmento dos produtos gourmet (restaurantes, lojas, mercados), dos

produtos de natureza biológica, e das mercearias finas.

� Desenvolvimento de uma rede de cooperação, uma vez que através da mesma marca

e iniciativa, são estimulados e incentivados 10 produtores simultaneamente e que

funcionam como os órgãos vitais deste negócio. Existe neste momento estabelecida

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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uma estratégia de eficiência colectiva, onde se pretende acima de tudo o

desenvolvimento harmonioso dos seus membros.

� Permite-se igualmente a extensibilidade desta rede de cooperação aos próprios

municípios, as associações de desenvolvimento rural, as associações de produtores,

e outros agentes, como revendedores, distribuidores, promotores, entre outros.

� Com base nesta rede de cooperação, permite-se o apoio aos produtores a vários

níveis, como por exemplo, a familiarização com novas tecnologias da informação

(websites), a criação de certificações para os produtos, a promoção do contacto

entre produtor e consumidor, a criação de valor acrescentado para os produtos, a

visibilidade e reconhecimento das unidades produtivas, incentivando á colocação de

sinalética informativa e indicativa, bem como o uso de logótipos, marcas, reclames

e publicidade.

� Elevado contributo para o aumento do valor acrescentado dos PLTQT, que

aparentemente sofriam de baixos retornos económicos.

� Identificação e recolha de dados acerca de vários produtores (85 entrevistados), que

permitem ter uma imagem aproximada à realidade da situação actual desta fileira

dos PLTQT;

� Criação da Rota dos PLTQT, que com a sua realização periódica irá dinamizar

obrigatoriamente as produções e unidades produtivas, encorajando os produtores e

outros agentes, quebrando factores como sazonalidade, em muitos casos originando

a construção remodelação de espaços de recepção dos visitantes (espaços de

provas, casas TER, etc.), potenciando igualmente a hotelaria e permanência por

mais de uma noite. Permite-se que se contribua positivamente para o índice de

número de visitas de turistas, para o aumento do número de refeições por turista,

ocupação de quartos, entre outros.

� Contribui-se para uma movimentação holística orientada para o desenvolvimento

dos municípios envolvidos, uma vez que se pretende interligar o potencial deste

negócio com actividades complementares, como a gastronomia/restauração, com o

vasto património arquitectónico e natural, com eventos de variadas índoles; com as

instituições de ensino, com a hotelaria, entidades municipais.

� Promove-se o artesanato e os artesãos do Geopark Naturtejo, uma vez que é

inserido no interior das embalagens, réplicas miniatura dos géneros mais típicos e

característicos, deste território, como é o caso do adufe, do tropeço, da marafona,

da cantarinha e da rodilha, símbolos da cultura tão particular desta região;

� Elaboração e redacção de um roteiro de produtores de produtos agro-alimentares,

fruto da realização de um levantamento do potencial endógeno do território do

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Geopark Naturtejo no que se refere a um grupo de 100 produtores entrevistados,

que garantiram assim a sua existência, promoção e divulgação das suas

produções/unidades produtivas;

� Criação de um desdobrável informativo que promove individualmente cada produtor

envolvido e a sua produção, bem como divulga no colectivo uma nova rota, que

consiste num passeio temático, lúdico e pedagógico pelas pegadas dos caminhos dos

PLTQT.

� Criação de um website dinâmico, que possui fortes capacidades de promoção do

território e dos produtos em questão, bem como a porta aberta para a participação

em actividades no local;

� Criar novos canais de distribuição, inclusive fomenta-se a realização de feiras de

PLTQT;

� Por fim e a título pessoal, completei a realização de um sonho, neste caso a criação

de uma actividade empresarial própria. Permitindo a interacção de vários

quadrantes, na forma de parceiros do negócio, saindo as relações pessoais e de

amizade reforçadas.

6.3. Propostas (trabalho futuro)

Este trabalho serviu de mola impulsionadora, constituindo o princípio de um longo caminho

para alguns dos intervenientes, pois para alguns dos produtores envolvidos, dar-se-á início neste

momento aos seus processos de certificação, é o caso do nosso produtor de mel e da nossa

produtora das compotas, que se espera virem a ter um mel e umas compotas de qualidade

comprovadamente artesanal, bem como a aguardente de medronho que se espera vir a ser

biológica.

A nível de sugestões para um futuro próximo, fica de alguma forma, lançada a proposta de

criação de mais negócios vocacionados para esta fileira, seja neste ou noutro segmento, na

perspectiva de se alcançar uma dimensão considerável e que garanta uma associação imediata a

este território, assente numa estratégia sólida e sustentável.

Poderá ser replicado este Estudo (principalmente a pesquisa de campo), bem como o

projecto de investimento que lhe está implícito (Amo - produto local), noutro geoparque nacional

ou internacional, permitindo dessa forma promover os PLTQT desse mesmo local. Assim num

momento futuro seria possível criar o cabaz da Rede Europeia de Geoparques e quem sabe da

Rede Global de Geoparques.

Alertados pelo carácter inovador e empreendedor desta iniciativa, poderá ser obtido um

efeito contagiante e ocorrer um considerável incremento no futuro da indústria da embalagem

(packaging), permitindo o aparecimento de mais unidades de invenção, criação e produção,

garantindo pela sua própria investigação e desenvolvimento (I&D), pelo desejo de conquista de

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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asseguradas.

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António José da Costa Jóia

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Projecto de Empreendedorismo de Produtos Regionais no Geopark-Naturtejo

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ANEXOS Anexo I – Guião da Entrevista

Anexo II-A – Lista dos produtores entrevistados

Anexo II-B - Lista dos Informantes chave

Anexo III – Lista dos Produtos Identificados

Anexo IV – Ficha Técnica dos PLTQT

Anexo V – Apresentação Powerpoint do Projecto Amo – Produto Local

Anexo VI - Notícia – Apresentação do Projecto

Anexo VII – Exemplo de Protocolo

Anexo VIII – Registo da Marca