118
Projecto e fabrico de pás de turbina Aplicações micro-eólicas Mário João de Sousa Brito Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Júri Presidente: Doutor Rui Oliveira Baptista Orientador: Doutor Luis Manuel Mendonça Alves Co-orientador: Doutor Paulo António Firme Martins Vogal: Doutora Maria Beatriz Cipriano de Jesus Silva Outubro de 2011

Projecto e fabrico de pás de turbina Aplicações micro ... · Estudou-se a sustentabilidade económica e dos processos de fabrico para a ... 3.2.1 Ligas de alumínio ... Relatório

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Projecto e fabrico de pás de turbina Aplicações micro-eólicas

Mário João de Sousa Brito

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica

Júri Presidente: Doutor Rui Oliveira Baptista Orientador: Doutor Luis Manuel Mendonça Alves Co-orientador: Doutor Paulo António Firme Martins Vogal: Doutora Maria Beatriz Cipriano de Jesus Silva

Outubro de 2011

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I

“O sucesso não é o final, falhar não é fatal: a coragem para continuar é o que conta.”

Winston Churchill

Agradecimentos

Aos meus pais João e Maximina, tal como ao meu irmão João, por toda a educação, motivação, auto-

disciplina e perseverança que me souberam incutir durante a vida.

Ao meu orientador, Professor Luís Mendonça Alves pela sua disponibilidade, tal como pela proposta e

partilha de ideias e conceitos que muito contribuíram para o desenvolvimento bem sucedido desta

dissertação.

Ao Professor Luís Carvalho Gato, pela inspiração da ideia original e pela disponibilização da geometria

e estudo aerodinâmico, permitindo um desenvolvimento mais preciso do projecto e processo de fabrico,

de uma turbina com características energéticas optimizadas.

Ao Professor Jorge Rodrigues, pela sua generosa disponibilidade durante a fase inicial de preparação

desta dissertação, assim como pela sugestão para orientador do Professor Luis Alves.

Aos meus médicos gastrenterologistas, Professores Mário Gentil Quina e Luís Salazar de Sousa, assim

como ao pessoal do Serviço de Imuno-Hemoterapia do Hospital de Curry Cabral, pela contribuição

dada para permitir a superação dos efeitos adversos da Doença de Crohn, permitindo assim a conclusão

do curso de Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica.

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II

Resumo

O objectivo principal desta dissertação foi a selecção de um processo de fabrico e o desenvolvimento

do projecto mecânico para pás de turbina micro-eólica, com diâmetro de 2,12 m e potência de 2 KW.

Partiu-se de um estudo aerodinâmico prévio, naquele foi definido o aerofólio mais adequado e a

geometria do mesmo para uma turbina com potência e dimensão semelhantes. Pretendeu-se obter uma

pá durável, ao menor custo possível, num processo de fabrico industrial destinado a produção em

grandes séries. Os materiais seleccionados para a peça (pá) foram ligas de alumínio. Foi efectuada uma

adaptação da geometria original, seguida por modelação geométrica da peça e projecto mecânico para

as exigências em serviço, especialmente cedência, fadiga e corrosão. Estimou-se a potência com as pás

modificadas. Seleccionou-se o processo de fabrico mais indicado para os fins em vista: forjamento de

precisão a quente. Efectuaram-se cálculos teóricos, assim como simulações do processo pelo método

dos elementos finitos, propuseram-se tratamentos térmicos para obtenção das propriedades finais do

material. Estimou-se o custo da peça.. Apresentaram-se métodos alternativos para obter a geometria

com os mesmos materiais. Estudou-se a sustentabilidade económica e dos processos de fabrico para a

peça. Fez-se uma comparação com turbinas semelhantes actualmente produzidas, concluindo pela total

viabilidade do projecto. Referiram-se os sistemas de protecção contra sobrecargas eólicas da turbina.

Palavras-chave: Pá, peça, material, forjamento, projecto, matrizes.

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III

Abstract

This thesis main objective was selecting a manufacturing process, as well developing a

mechanical design, for a blade to a small wind turbine, with 2,12 m diameter, and 2 KW rated

power. Starting from a previous aerodynamic study in which was defined the best airfoil to

this application, and was also proposed a blade geometry for a similar rated power wind

turbine. The intended goal was obtaining a long lasting blade at the lowest possible cost,

selecting a large quantity manufacturing process. Material selection for this part fell over

aluminium alloys. Adaptation was made from the original geometry, followed by geometric

modelling and mechanical design of the part, particularly concerning fatigue and corrosion.

The rated power for this modified geometry was estimated. Careful survey of several

manufacturing processes led to choose precision forging. Theoretical calculations were made

and then a finite element analysis was also performed, heat treatings were proposed, for

obtaining final mechanical properties of the part. The part cost was estimated. Alternative

manufacturing processes to obtain same geometry were proposed. An economic and

sustainability analysis was performed to several manufacturing processes. A comparison was

made with similar turbines currently at service, concluding for total viability of this project.

Reference was made to overload protection systems.

Keywords: Blade, part, material, forging, design, dies.

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IV

Indíce

Agradecimentos…………………………………………………………………………I

Resumo/Abstract………………………………………………………….……………II

Indíce…………………………………………………………………………….….....IV

Lista de tabelas……………………………………………………………………...…IX

Lista de figuras………………………………………………………………………....X

Lista de símbolos……………………………………………………………….…....XIII

Capítulo 1 Introdução……………………………………………………………..…1

1.1. Objectivos………………………………………………………………………...…1

1.2. Trabalhos predecessores………………………………………………………….....1

1.3. Caracterização de recursos…………………………………………………...……..2

1.4. Importância futura………………………………………………………………..…3

1.5. Requisitos………………………………………………………………………..…4

1.6. Processos de fabrico………………………………………………………………...4

Capítulo 2 Caracterização da peça e da turbina………………………………...…5

2.1 Descrição……………………………………………………………………………..5

2.1.1 Peça……………………………………………………………………………...…5

2.1.2 Turbina…………………………………………………………………………......6

Capítulo 3 Estudo de materiais e processos de fabrico……………………………..7

3.1 Materiais poliméricos………………………………………………………………..8

3.1.1 Propriedades destes materiais………………………………………………….8

3.1.2 Processos de fabrico/métodos de processamento……………………………...9

3.1.3 Notas quanto à fadiga……………………………………………………….....9

3.2 Materiais metálicos…………………………………………………………………...9

3.2.1 Ligas de alumínio…………………………………………………….……..…9

3.2.1.1 Propriedades gerais destas ligas…………………………………...…..9

3.2.1.2 Preços típicos das ligas de alumínio………………………………..…10

3.2.2 Aços inoxidáveis……………………………………………………………...11

3.2.3 Processos de fabrico………………………………………………………......11

3.3 Materiais compósitos………………………………………………………………..12

3.3.1 Propriedades………………………………………………………………….13

3.3.2 Processos de fabrico……………………………………………………….…13

3.4 Discussão dos materiais………………………………………………………….….13

3.5 Conclusão………………………………………………………………………...…14

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V

Capítulo 4 Modelação geométrica da peça………………………………………...15

4.1 Adaptação do estudo [1] para uma peça real…………………………………….….15

4.2 Cálculo das dimensões do aerofólio………………………………………..……….16

4.3 Modelação geométrica do aerofólio………………………………………………...17

4.3.1 Construção do modelo……………………………………………………..….17

4.3.2 Propriedades geométricas das secções……………………………………..…18

4.4 Conclusões………………………………………………………………………….18

Capítulo 5 Projecto mecânico da peça……………………………………………..19

5.1 Cálculos preliminares – cálculo da sustentação (L) da pá modificada………..…….19

5.1.1 Fórmulas………………………………………………………………..…….19

5.1.2 Secção na raiz do aerofólio………………………………………………...…20

5.1.3 Secção na ponta do aerofólio…………………………………………………21

5.2 Projecto à cedência……………………………………………….…………………21

5.2.1 Distribuição de cargas na pá……………………….…………………………22

5.2.1.1 Pá completa……………………………………………………………22

5.2.1.2 Ponta da pá…………………………………………………………….22

5.2.2 Cálculo das tensões……………………………………………………………23

5.2.2.1 Pá completa……………………………………………………………23

5.2.2.2 Ponta da pá……………………………………………………….……23

5.2.3 Cálculo das forças centrípetas………………………………………...…………..24

5.2.3.1 Pá completa…………………………………………………………....24

5.2.3.2 Ponta da pá…………………………………………………………….24

5.2.4 Tensões finais……………………………………………………………….....24

5.2.5 Factores de segurança à cedência……………………………………………...25

5.3 Projecto à fadiga……………………………………………………………………..29

5.3.1 Fadiga devida ao peso próprio da pá…………………………………………..29

5.3.1.1 Critérios de fadiga…………………………………………………......29

5.3.1.2 Liga AA5052-H32………………………………………………….....30

5.3.1.3 Liga AA6061-T4………………………………………………………31

5.3.1.4 Liga AA6061-T6………………………………………………………31

5.3.1.5 Cálculo para r = 0,760 m com o material AA6061-T4, ASME- elíptica...32

5.3.1.6 Comentários……………………………………………………………32

5.3.2 Fadiga devida à flexão (ciclos de arranque/paragem)………………………….32

5.3.2.1 Liga AA5052-H32…………………………………………………….32

5.3.2.2 Liga AA6061-T4………………………………………………………33

5.3.2.3 Liga AA6061-T6………………………………………………………33

5.3.3 Estudo à fadiga segundo a regra de Miner………………………………….….33

5.3.3.1 Número de ciclos anuais - distribuição de Weibull…………………….33

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VI

5.3.3.2 Definições de [10] – Equações SWT…………………………………...34

5.3.3.3 Regra de Miner……………………………………….…………….….35

5.4 Estudo da frequência natural da peça……………………………….…………….…36

5.4.1 Frequência natural devida ao peso da pá………………….….………………..36

5.4.1.1 Ponta da pá……………………………………...……………………..37

5.4.1.2 Pá completa…………………………………..………………………..37

5.4.2 Frequência natural devida à flexão…………………..……….………………..38

5.5 Cálculo da ligação aparafusada……………………………………..……………….39

5.5.1 Parafusos………………………………………………………………………39

5.5.2 Cálculo dos esforços na junta aparafusada………………………………….…40

5.6 Cálculo das características energéticas da pá modificada…………………………....42

5.6.1 1ª Aproximação…………………………………………………………….…42

5.6.2 2ª Aproximação……………………………………………………………….43

5.6.3 3ª Aproximação…………………………………………………………….…43

5.7 Conclusões…………………………………………………………………………..43

Capítulo 6 Estudo do processo de fabrico………………………………………….44

6.1 Descrição do processo………………………………………………………………44

6.2 Materiais……………………………………………………………………………..46

6.2.1 Definição final do material……………………………………………….….…46

6.2.2 Propriedades características do material………………………………….…….46

6.3 Tratamentos térmicos……………………………………………………………….47

6.3.1Tratamento térmico de endurecimento………………………………………....47

6.3.2 Recozimento total…………………………………………………………..….48

6.4 Pré-formas…………………………………………………………………………..49

6.4.1Pré-forma de chapa………………………………………………………….….49

6.4.2 Pré-forma de varão…………………………………………………………….50

6.5 Cálculos teóricos………………………………………………………………….…50

6.5.1. Conceitos teóricos…………………………………………………………….51

6.5.1.1 Parâmetros iniciais…………………………………………………....51

6.5.1.2 Método da energia uniforme……………………………………...…..51

6.5.2 Cálculo da peça forjada………………………………………………………...52

6.5.2.1 Conceitos teóricos – Método da energia uniforme……………………..52

6.5.2.2 Pré-forma de chapa……………………………………………………..52

6.5.2.3 Pré-forma de varão……………………………………………………..54

6.5.3 Correcção da expansão térmica……………………………………………….55

6.6 Modelação geométrica das pré-formas e das matrizes…………………………….…55

6.6.1 Modelo 3D SolidWorks………………………………………………………...55

6.6.2 Modelo geométrico GiD 7.2………………………………………………..…..56

6.6.3 Malha de elementos finitos………………………………………………..……56

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VII

6.6.4 Modelo geométrico GiD 7.2 – pré-forma……………………………………56

6.6.5 Malha de elementos finitos – pré-forma de chapa……………………….…..57

6.7 Simulação numérica – método dos elementos finitos……………………………..…58

6.7.1 Método dos elementos finitos…………………………………………………..58

6.7.2 Parâmetros de simulação………………………………………………………..58

6.7.3 Pré-forma chapa…………………………………………………………………58

6.7.3.1 Extensões efectivas durante a deformação…………………………...…58

6.7.3.2 Tensões efectivas durante a deformação……………………………...…59

6.7.4 Discussão da simulação…………………………………………………………60

6.8 Controlo de qualidade………………………………………………………………....61

6.8.1 Métodos não-destrutivos (aplicáveis ao material da peça)……………………....61

6.8.1.1 Radiografia com raios-X…………………………………………………61

6.8.1.2 Correntes induzidas………………………………………………………61

6.8.1.3 Dureza……………………………………………………………………62

6.8.2 Testes geométricos………………………………………………………………..62

6.8.2.1 Visão artificial………………………………………………………….…62

6.8.2.2 Levantamento de coordenadas por laser………………………………….62

6.9 Custos……………...…………………………………………………………….….63

6.9.1 Custo final da peça………………………………………………………………..63

6.9.2 Aproveitamento da matéria-prima………………………………………………..64

6.9.2.1 Pré-forma chapa………………………………………………………….64

6.9.2.2 Pré-forma varão………………………………………………………….65

6.10 Conclusões do estudo do processo………………………………………………..….65

Capítulo 7 Protótipo…………………………………………………………………..…66

7.1 Objectivos……………………………………………………………………………....66

7.2 Fabrico das matrizes………………………………………………………………….…66

7.3 Propriedades constitutivas do material……………………………………………….....67

7.4 Cálculo da peça forjada…………………………………………………………………67

7.4.1 Pré-forma…………………………………………………………………..……67

7.5 Conclusões…………………………………………………………………………..…68

Capítulo 8 Processos alternativos de fabrico……………………………………….…69

8.1 Materiais………………………………………………………………………………..69

8.2 Processos de fabrico……………………………………………………………………69

8.2.1 Martelos de queda………………………………………………………………..69

8.2.2 Forjamento com pré-forma fresada………………………………………………70

8.2.3 Enformação de chapa…………………………………………………………….70

8.2.4 Quinagem e soldadura – peça simplificada………………………………………72

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VIII

Capítulo 9 Viabilidade……………………………………………………………….…74

9.1 Sustentabilidade…………………………………………………………………………74

9.2 Comparação com turbinas semelhantes……………………………………………...….74

9.3 Estimativa de produção de energia e viabilidade económica………………………..….75

Capítulo 10 Sistemas de segurança da turbina…………………………………………76

10.1 Furling…………………………………………………………………………………..76

10.2 Stall……………………………………………………………………………………...77

Capítulo 11 Conclusões……………………………………………………………………..78

Bibliografia…………………………………………………………………………………….79

Anexo A – Carga distribuída na pá…………………………………………………………....81

Anexo B – Tabela F.2 [1]……………………………………………………………………...82

Anexo C – Relatório Partnet Fundição injectada…………………………………………….83

Anexo D – Relatório Partnet Maquinagem…………………………………………………..84

Anexo E – Tabela de coordenadas e gráficos do perfil………………………………………..85

Anexo F – Figuras de deslocamento na pá e cubo, valores deslocamento e tensões no cubo

(SimXpress)…………………………………………………………………………………...89

Anexo G – Relatório de sustentabilidade SolidWorks………………………………………....93

Anexo H – Propriedades inerciais da massa da turbina………………………………………..94

Anexo I – Desenhos técnicos…………………………………………………………………..96

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IX

Lista de tabelas

Tabela 3.1 – Propriedades dos materiais poliméricos seleccionados……………………8

Tabela 3.2 – Processos de fabrico de polímeros………………………………………...9

Tabela 3.3 – Propriedades das ligas de alumínio seleccionadas……………………...…9

Tabela 3.4 – Propriedades dos aços seleccionados………………………………….…11

Tabela 3.5 – Propriedades dos materiais compósitos seleccionados………………..…13

Tabela 4.1 – Características gerais da secção……………………………………….…17

Tabela 4.2 – Propriedades geométricas das secções…………………………………...18

Tabela 5.1 – Propriedades dos materiais – base de dados do SolidWorks…………..…28

Tabela 5.2 – Resumo dos factores de segurança à fadiga – rotação…………………...31

Tabela 5.3 – Resumo dos factores de segurança à fadiga – flexão………………….…33

Tabela 5.4 – Ciclos anuais em termos da distribuição de Weibull………………..……34

Tabela 5.5 – Regra de Miner – resultados…………………………………………..…35

Tabela 5.6 – Momentos de inércia Ixx…………………………………………………38

Tabela 6.1 – Parâmetros para forjamento de precisão……………………….……...…45

Tabela 6.2 – Propriedades constitutivas do material………………………………...…46

Tabela 6.3 – Parâmetros do processo para a pré-forma de varão……….…...………...55

Tabela 6.4 – Durezas Brinell e Vickers………………………………………………..62

Tabela 9.1 – Características gerais de várias turbinas eólicas………………………….74

Tabela A.1 – Carga distribuída nas estações……………………………………………81

Tabela B.1 – Tabela F.2 [1]…………………………………………………………….82

Tabela E.1 – Tabela de coordenadas adimensionais……………………………………85

Tabela F.1 – Resultados SimXpress para a pá……………………………………….…92

Tabela F.2 – Resultados SimXpress para o cubo……………………………………….92

Tabela G.1 Quadro resumo de sustentabilidade………………………………………...93

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X

Lista de figuras

Figura 1.1 – Recursos eólicos na UE (CEE 12)…………………………………………………..…2

Figura 1.2 – Energia no mundo 2008, produção por fonte energética…………………………….....3

Figura 2.1 – Esquema geral de uma pá de turbina……………………………………......................5

Figura 2.2 – perfil do aerofólio Eppler 387, espessura 9,06% da corda …….…………………..….6

Figura 2.3 – Turbina micro-eólica – Whisper 200]……………………………………....................6

Figura 2.4 – Dimensões gerais da turbina [1]…………….............................................................…6

Figura 2.5 – Turbina micro-eólica em serviço – Whisper 200……………………………………...6

Figura 3.1 – Tensões na pá de [1] – Ep 387 potência nominal………………………………….…..7

Figura 3.2 – Tensões na pá de [1] – Wo FX63 potência nominal……………………………….….8

Figura 4.1 – Referencial....................................................................................................................16

Figura 4.2 – Nomenclatura geral dos aerofólios…………………………………..……………….16

Figura 4.3 – Modelo 3D do conjunto aerofólio, transição e raíz......................................................17

Figura 5.1 – Triângulos de velocidades do escoamento na secção do aerofólio em estudo…….…19

Figura 5.2 – Escoamento no aerofólio: zona da raiz. A – arranque, B – potência nominal………..20

Figura 5.3 – Escoamento no aerofólio: zona da ponta. A – arranque, B – potência nominal……...21

Figura 5.4 – Diagrama de carga distribuída na pá…………………………………………………22

Figura 5.5 – Diagrama de carga distribuída na ponta da pá……………………………………….23

Figura 5.6 – Modelo numérico 3D da pá (SolidWorks)…………………………………………...26

Figura 5.7 – Tensões na pá (COSMOSXpress)…………..……………………….……………….27

Figura 5.8 – Tensões na pá (COSMOSXpress) …………..……………………………………….27

Figura 5.9 – Distribuição de Weibull, k = 1, k = 2, k = 3………………………………………....33

Figura 5.10 – Diagrama da ligação aparafusada…………………………………………………...40

Figura 5.11 – Diagrama de tensões da ligação aparafusada…………………………………..…....41

Figura 5.12 – Diagrama do escoamento no tubo de corrente……………………………………....42

Figura 6.1 – Comparação de custos entre forjamento de precisão e processos concorrentes…...…44

Figura 6.2 – Componente de grande dimensão obtido por forjamento de precisão……………......45

Figura 6.3 – Evolução do custo de fabrico do componente anterior – vários processos…………..45

Figura 6.4 – Extensão efectiva – tensão efectiva………………………...…...……………………47

Figura 6.5 – Pré-forma de chapa………………………………………………………………..…50

Figura 6.6 – Pré-forma de varão…………………………………………………………………...50

Figura 6.7 – Superfície de matriz superior (punção) – modelo 3D Solidworks……………………55

Figura 6.8 – Superfície de matriz inferior – modelo 3D Solidworks……………………………....55

Figura 6.9 – Superfície superior (punção) – modelo GiD…………………………………………56

Figura 6.10 – Superfície inferior – modelo GiD………………………………………………...…56

Figura 6.11 – Superfície superior – malha elementos finitos………………………………………56

Figura 6.12 – Superfície inferior – malha elementos finitos………………………………….……56

Figura 6.13 – Pré-forma chapa – modelo GiD…………………………………………………..…56

Figura 6.14 – Pré-forma chapa – malha elementos finitos………………………………………....57

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XI

Figura 6.15 – Pré-forma chapa – malha elementos finitos…………………………………………57

Figura 6.16 – Conjunto, com pré-forma chapa – modelo GiD………………………………….…57

Figura 6.17 – Extensões efectivas na peça – vista 1……………………………………………...58

Figura 6.18 – Extensões efectivas na peça – vista 2……………………………………………...59

Figura 6.19 – Tensões efectivas na peça………...………………………………………………..59

Figura 6.20 – Simulação forjamento – Gráfico carga/deslocamento………………………………59

Figura 6.21 – Gráfico da carga com regressão polinomial………………………………………...60

Figura 7.1 – Modelo 3D (SolidWorks) da ferramenta matriz inferior – escala 0,12……………...66

Figura 7.2 – Modelo 3D (SolidWorks) da pá – escala 0,12……………………………………….66

Figura 7.3 – Modelo 3D (SolidWorks) da ferramenta matriz superior – escala 0,12……………..67

Figura 7.4 – Extensão efectiva – tensão efectiva…………………………………………………..67

Figura 8.1 – Martelo de queda assistida – Diagrama……………………………………………...69

Figura 8.2 – Martelo de queda gravítico………………………………………………………..…69

Figura 10.1 – Sistema de protecção furling – vista superior………………………………………76

Figura 10.2 – Sistema de protecção furling – vista lateral…………………………………………76

Figura 10.3 – Sistema de protecção furling – diagrama de funcionamento……………………..…76

Figura A.1 – Gráfico de carga distribuída na pá………………………………………………...…81

Figura E.1 – Perfil básico adimensional……………………………………………………...…….85

Figura E.2 – Pontos do perfil – Estação 1……………………………………………………….…86

Figura E.3 – Pontos do perfil – Estação 2…………………………..…………………………...…86

Figura E.4 – Pontos do perfil – Estação 3……………………………………………………….…86

Figura E.5 – Pontos do perfil – Estação 4……………………………………………………….…86

Figura E.6 – Pontos do perfil – Estação 5……………………………………………………….…87

Figura E.7 – Pontos do perfil – Estação 6…………………………………………………….……87

Figura E.8 – Pontos do perfil – Estação 7……………………………………………………….…87

Figura E.9 – Pontos do perfil – Estação 8……………………………………………………….…87

Figura E.10 – Pontos do perfil – Estação 9…………………………………………………………88

Figura E.11 – Pontos do perfil – Estação 10……………………………………………………..…88

Figura E.12 – Pontos do perfil – Estação 11……………………………………………………..…88

Figura E.13 – Pontos do perfil – Estação 12………………………………………………………..88

Figura F.1 – Pá AA6061-T6 e AA6061-T4 – Deslocamento…………………………………….....89

Figura F.2– Pá AA5052-H32 – Deslocamento………………………………………………….…..89

Figura F.3 – Cubo AA6061-T6 – Deslocamento……………………………………………………90

Figura F.4 – Cubo AA6061-T6 – Tensões……………………………………………………….…90

Figura F.5 – Cubo AA6061-T4 – Deslocamento……………………………………………………91

Figura F.6 – Cubo AA6061-T4 – Tensões………………………………………………………….91

Figura F.7 – Cubo AA5052-H32– Deslocamento…………………………………………………..92

Figura F.8 – Cubo AA5052-H32– Tensões……………………………………………………...…92

Figura H.1 – Modelo geométrico da turbina e referenciais (SolidWorks)………………………..…94

Figura H.2 – Pormenor do referencial de inércia (SolidWorks)……………………………….……94

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XII

Figura I.1 – Pá eólica………………………………………………………………………………..97

Figura I.2 – Pré-forma 9 mm…………………………………………………………………….…98

Figura I.3 – Pré-forma cilindro………………………………………………………………..…..99

Figura I.4 – Cubo………………………………………………………………………………...100

Figura I.5 – Turbina…………………………………………………………………………...…101

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XIII

Lista de simbolos

Capítulo 1

U – velocidade do vento

EU – União Europeia

CEE – Comunidade Económica Europeia

ACTMGI – Área Científica de Tecnologia

Mecânica e Gestão Industrial

Capítulo 2

TEEH – Turbina Eólica de Eixo Horizontal

Capítulo 3

λ - tip speed ratio –razão de velocidades na

ponta da pá

Sy – tensão de cedência (yield stress)

Su, Sut – tensão de ruptura (ultimate stress)

E – módulo de Young

T – temperatura

ρ - densidade

σmáx – tensão limite de fadiga

σu – tensão de ruptura

Nf – número de ciclos de prova à fadiga

Sf – tensão limite de fadiga

Se’ – tensão limite de resistência à fadiga

(endurance limit - aços)

σF’ – tensão real de fadiga

Ne – nº de ciclos limite de resistência

ny – factor de segurança à cedência

Capítulo 4

TSR – Tip Speed Ratio

α - ângulo de ataque

X – coordenada final dos pontos da secção do

aerofólio, segundo o eixo xx

x – coordenada inicial (sem rotação) dos

pontos da secção do aerofólio, segundo o eixo

xx

Y – coordenada final dos pontos da secção do

aerofólio, segundo o eixo yy

y – coordenada inicial (sem rotação) dos

pontos da secção do aerofólio, segundo o eixo

yy

θ - ângulo de rotação da secção do aerofólio

Ix’ – momento de inércia da secção (sem

rotação), segundo o eixo xx

Iy’ – momento de inércia da secção (sem

rotação), segundo o eixo yy

Ix – momento de inércia da secção (com

rotação),segundo o eixo xx

Iy – momento de inércia da secção (com

rotação), segundo o eixo yy

Ixy – Produto de inércia

Capítulo 5

5.1 Cálculos preliminares

L – força de sustentação

D – força de resistência aerodinâmica

Cl – coeficiente adimensional de sustentação

aerodinâmica

Cd – coeficiente adimensional de resistência

aerodinâmica

ρ - densidade do ar

c – corda do aerofólio

W1 – velocidade relativa do vento no bordo de

ataque do aerofólio

W2 – velocidade relativa do vento no bordo de

fuga do aerofólio

Wm – velocidade relativa média do vento

x – razão de velocidades na secção da pá

ω - velocidade ângular de rotação

r – raio na secção da pá

U – velocidade do escoamento não perturbado

a – factor de indução axial

a’ – factor de indução de rotação

V1 = Va – velocidade absoluta no bordo de

ataque

V2 – velocidade absoluta no bordo de fuga

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XIV

β1 – ângulo do vector velocidade relativa W1

β2 – ângulo do vector velocidade relativa W2

V2t – componente tangencial do vector

velocidade absoluta no bordo de fuga

5.2 Projecto à cedência

X – centróide da área composta que representa

a carga distribuida na pá.

X1 – centróide da área elementar 1 da carga

distribuída na pá

X2 – centróide da área elementar 2 da carga

distribuída na pá

A1 - valor da área elementar 1 da carga

distribuida na pá

A2 - valor da área elementar 2 da carga

distribuida na pá

FL – Força concentrada equivalente à carga

distribuida na pá

M – momento flector

r- raio onde está aplicada a força que origina o

momento flector

F – força concentrada que origina o momento

flector

σf - tensões de flexão (pura) na secção do

perfil, a uma distância y na perpendicular ao

eixo de inércia xx

y – distância y ao eixo de inércia xx

ymáx - distância y máxima ao eixo de inércia xx

Fc – força centrípeta

m – massa

ω - velocidade ângular de rotação

r – raio (posição) do centróide da massa em

relação ao eixo de rotação

σc – tensão centrípeta

A – área projectada da ponta da pá

e – espessura média da ponta da pá

V – volume da ponta da pá

ρal – densidade do alumínio

mponta – massa da ponta da pá

Asecção – área da secção interna da ponta da pá

σ - tensão combinada (flexão + centrípeta)

ny – factor de segurança à cedência

ρpol – densidade de policarbonato reforçado

com fibra de carbono

g – aceleração gravítica

Fg – força gravítica

Fp – força do peso

σp – tensão devida ao peso

5.3 Projecto à fadiga

nf – factor de segurança à fadiga

σa – tensão alternada

σm – tensão média

Sf – tensão limite de fadiga

Sy – tensão de cedência

Sa – tensão alternada (linha de Langer)

Sm – tensão média (Linha de Langer)

n – factor de segurança à cedência

r – relação entre σa/σm

rcrit – relação entre Sa/Sm

Sut – tensão de ruptura

Se – tensão de resistência à fadiga (aços –10^6

ciclos)

σar – tensão alternada

σmáx – tensão máxima

σmín – tensão mínima

R – razão de tensões

σf’ – constante para curvas tensão-vida

b – constante para curvas tensão-vida

j – identificador do tipo de solicitação

Nj – nº de ciclos do tipo de solicitação j

aplicadas

Nfj – nº de ciclos do tipo j até ocorrer ruptura

por fadiga

5.4 Estudo da frequência natural da peça

ωn – frequência natural da peça (rad/s)

K -. Rigidez elástica

ε - extensão

δe – alongamento

l – comprimento

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XV

F – força aplicada

fn – frequência natural (Hz)

ωf – frequência aplicada (rad/s)

δa – deflecção

L – comprimento

β - relação entre ω/ωn

η - factor de amortecimento histerético

Q – Factor de ampliação

5.5 Cálculo da ligação aparafusada

Lt – comprimento da rosca do parafuso

LG – comprimento da ligação

L – comprimento do parafuso

H – altura da porca

ld – comprimento útil, não roscado, da ligação

lt – comprimento da zona roscada da ligação

C – fracção da carga exterior suportada pelo

parafuso

Kb – rigidez estimada do parafuso

Km – rigidez estimada dos membros da ligação

Ad – diâmetro maior do parafuso

At – área onde ocorre a maior tensão no

parafuso

E – módulo de Young dos materiais dos

membros da ligação

l – comprimento da ligação

d – diâmetros dos furos

n – factor de carga

n0 – factor de segurança à separação

nf – factor de segurança à fadiga da junta

Fi – pré-carga no parafuso

P – componente da carga exterior que resulta

em tensão no parafuso

5.6 Cálculo das características energéticas

da pá modificada

E – energia contida no tubo de corrente de ar

(vento que incide na turbina)

ρ - densidade do ar

A – área do disco da turbina

U – velocidade da corrente de ar (vento)

Rponta – raio na ponta da pá

Rraiz – raio na secção do aerofólio junto da raiz

da pá

Cp – Coeficiente de desempenho

Cd – coeficiente de resistência aerodinâmica

P – potência

FL – força de sustentação aerodinâmica

Fdisco – força no disco da turbina

T – torque (momento resultante de uma força

F)

r – raio

F – força

ω - velocidade angular

Aorig – área original do disco da turbina

Porig –potência original da turbina

Capítulo 6

T – temperatura

�� - velocidade de deformação

ε -extensão real (deformação)

��� – parâmetro de complexidade de uma

peça forjada

α - constante para o cálculo de K3D

hm – altura média da geometria elementar

equivalente

Ap – área projectada da peça

h0 – altura inicial da geometria elementar

equivalente

εméd – extensão média

��méd – velocidade de deformação média

v – velocidade da ferramenta

σefec – tensão efectiva (ou real)

Qp – factor de correcção para a pressão/força

p- pressão média aplicada

Fmáx – força máxima aplicada pela ferramenta

F – força

A – área

A0 – área inicial

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XVI

σ - tensão nominal

e – extensão nominal

l 0 – comprimento inicial

l – comprimento instantâneo

v – velocidade instantânea

�� - velocidade do prato constante

h – altura do provete no instante t

h0 – altura inicial

K, n – constantes da curva Ludwik – Hollomon

���- valor médio da tensão associado ao

trabalho plástico

W – Trabalho ideal

Wi – trabalho realizado

Wa – atrito

Wr – deformação redundante

µ – coeficiente de atrito

τ – tensões de corte

α(aço) – coeficiente de expansão térmica para

aços

α(Al) – coeficiente de expansão térmica para

alumínios (liga AA6061-T6)

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1

Capítulo 1

Introdução

1.1 Objectivos

O objectivo final deste trabalho foi a implementação prática de uma turbina eólica de pequena dimensão (micro-

eólica), cujo desenvolvimento e estudo aerodinâmico havia sido realizado em dissertações de mestrado

anteriores.

Foi feito o estudo das pás da turbina, com vista a efectuar o projecto mecânico e de fabrico das mesmas. Assim o

estudo incidiu predominantemente sobre a pá, sendo esta designada adiante sobretudo como peça.

A principal referência no projecto desta peça foi a dissertação de mestrado de Bromioul [1], tendo sido

seleccionado a partir deste trabalho o perfil alar considerado mais eficiente do ponto de vista energético e

estrutural.

Do ponto de vista de produção e projecto mecânico, o fim em vista foi o desenvolvimento de uma peça

aproximada à geometria especificada, que mostrasse uma resistência mecânica adequada, elevada durabilidade e

cujo fabrico fosse relativamente económico, com cadências de produção moderadamente elevadas e a melhor

eficiência possível no aproveitamento de material.

1.2 Trabalhos predecessores

O presente trabalho foi realizado na sequência de trabalhos anteriores, sobretudo [1], que por sua vez foi um

desenvolvimento de um outro trabalho realizado por Pôtra (consultar [1]).

No trabalho de Pôtra foi feito o estudo e desenvolvimento numérico da geometria de um perfil alar e definidas as

suas características aerodinâmicas. Este estudo e as suas conclusões foram depois aperfeiçoados por Bromioul

em [1].

Na sua tese, Bromioul optimiza a geometria da pá de modo a aumentar a sua eficiência aerodinâmica (e logo

energética), variando o ângulo de ataque do perfil ao longo da pá, obtendo assim o escoamento mais perfeito

possível, tal como a velocidade de vento mais indicado para o projecto e a correspondente velocidade de rotação

da turbina

.Mais ainda, foi feito um estudo de tensões na pá de modo a definir quais as secções mais solicitadas, algo que se

revelou muito conveniente aquando do projecto mecânico da peça.

No trabalho [1] são abordados dois aerofólios: o Eppler 387 (Ep-387), já antes estudado por Pôtra, e o Wortmann

FX63-137 (Wo FX63-137), sendo feita uma criteriosa comparação entre ambos. A conclusão final obtida foi ser

o Ep-387 o mais eficiente, tanto do ponto de vista aerodinâmico como do estrutural.

Foram assim seleccionados para esta peça tanto o perfil Ep 387 como a geometria optimizada recomendada em

[1].

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2

1.3 Caracterização de recursos

Figura 1.1 – Recursos eólicos na UE (CEE 12)

Como se pode ver no mapa acima, os recursos de vento disponíveis são muito variáveis, mesmo num continente

como o europeu, cuja geografia permite reduzir os efeitos climáticos extremos da continentalidade. Também se

pode concluir existir um enorme potencial de aproveitamento de recurso, uma vez que se encontra actualmente

muito pouco explorado.

Este recurso é especialmente interessante nos locais onde as velocidades médias do vento à altitude de 15 m

ultrapassem os 5 m/s, isto corresponde aproximadamente às regiões nas quais os ventos a 50 m do solo atingem

as velocidades médias de 8-10 m/s, dependendo da rugosidade do terreno.

Um desafio colocado pela baixa altitude e pela rugosidade do terreno é o surgimento de vórtices (células de

rotação), que podem causar fadiga nos materiais das pás por imposição de cargas súbitas e solicitações que

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3

levam a vibrações, exigindo assim pás robustas. Segundo as fontes [15], [5] e utilizando a lei de potência 1/7

[12], com factores de rugosidade ajustados para subúrbios e charneca, é atingida uma velocidade do vento U =

12 m/s a uma distância de 8 m do solo, quando as velocidades do vento a uma altura de 60 m são:

U = 12 m/s, z = 8 m:

- Subúrbios: U(60 m) = 19,5 m/s

- Charneca: U (60 m) = 14 m/s

1.4 Importância futura

Actualmente a maioria da energia produzida para consumo da sociedade é de origem fóssil, restando uma

pequena quantidade de energia renovável produzida (cerca de 10%). As fontes de energia fóssil, apesar de

fornecerem energia concentrada e de elevada qualidade, em formas cómodas de transportar e processar,

acarretam igualmente um certo número de problemas sérios. Destes podemos referir a desigual distribuição das

suas reservas, e os seus limites finitos, levando frequentemente a instabilidade nos preços e abastecimento de

energia, o que tem acarretado graves questões políticas, diplomáticas e sócio-económicas durante os últimos 100

anos, embora o foco na energia por si só apenas se tenha colocado desde 1973, aquando da 1ª crise petrolífera.

A adicionar a estes, ainda existe a questão ambiental, uma vez que a poluição resultante do uso destas fontes,

para além de causar efeitos locais resultantes da exploração, transformação e distribuição, parece estar

igualmente a acarretar efeitos globais, por via do incremento do efeito de estufa natural do planeta, algo que

poderá levar eventualmente à instabilidade climática, conduzindo eventualmente a graves questões alimentares e

territoriais, e por sua vez a sérios problemas sócio-económicos influenciando o agravamento de tensões

nacionais e internacionais

Figura 1.2 – Energia no mundo 2008, produção por fonte energética

Neste cenário a micro-produção local de energia eólica permite aproveitar um recurso largamente inexplorado e

abundante, embora disperso, com a vantagem de reduzir as perdas de energia no transporte na rede eléctrica (as

perdas típicas na rede são de até 10%). Tem, no entanto, a desvantagem de obrigar a uma gestão mais cuidada da

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4

mesma rede e a manter sistemas de reserva para estabilizar a rede, como por exemplo centrais hidroeléctricas e

centrais térmicas de turbina a gás, para arranques rápidos, onerando assim o conjunto do sistema de produção e

transmissão de energia eléctrica. Apesar disso e num contexto de tendência crescente dos preços da energia

fóssil, e entrando em conta com as economias de escala associadas à massificação da produção dos

componentes, o preço da energia produzida por estas turbinas pode tornar-se bastante interessante.

A suportar esta suposição está o facto de os micro-geradores actualmente comercializados permitirem já pagar o

investimento inicial na totalidade ou próximo disso, mesmo não contando com os apoios governamentais. Esta

afirmação é baseada no preço do fabricante e considerando um preço de electricidade de 0,08 a 0,10€/kWh, e

que o imposto sobre o valor acrescentado aplicado a estes equipamentos não é excessivamente oneroso,

excluindo os custos de instalação e do suporte. Os valores de energia produzida utilizados nos cálculos que

permitiram esta afirmação são para ventos com velocidade média de 5-6 m/s (distribuição Rayleigh) e tem

origem em catálogos de vários fabricantes de turbinas.

1.5 Requisitos

Os parâmetros impostos para este trabalho foram:

- Durabilidade da peça: O material escolhido tem de permitir uma vida útil pelo menos igual à média típica

deste tipo de pás, ou seja, cerca de 20 anos de serviço.

- Simplicidade de construção: A peça tem de ser de construção simples para permitir processos de fabrico

com relativamente baixa complexidade e o mais económicos possível.

- Versatilidade da peça: O sistema de fixação e o cubo têm de ser de uma construção suficientemente geral

para permitir adaptações a diferentes geradores já existentes. A peça tem de ser suficientemente resistente de

modo a admitir utilização em regimes de ventos muito variáveis e em padrões climáticos muito diferentes.

1.6 Processos de fabrico

A variedade de materiais e métodos existentes implicaram selecções em várias fases do desenvolvimento da tese.

Assim foi sendo estreitado o intervalo de materiais e processos de fabrico até se obter convergência num

pequeno grupo de materiais e processos associados. Deste pequeno grupo seleccionaram-se alguns materiais e o

processo mais conveniente para o fabrico de um protótipo com os recursos de equipamentos disponíveis no

laboratório de tecnologia mecânica da ACTMGI – Área Científica de Tecnologia Mecânica e Gestão Industrial.

No fim foram propostos processos de fabrico alternativos para os materiais seleccionados.

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5

Capítulo 2.

Caracterização da peça e da turbina

2.1 Descrição

A definição de turbinas micro-eólicas inclui a gama de turbinas até 100 kW, com destaque para as pequenas

turbinas de uso doméstico (mais comuns), abrangendo o intervalo entre 0,5 e 3 kW.

2.1.1 Peça

A peça a realizar é uma pá de turbina eólica de pequena dimensão com comprimento total de 917,50 mm.

Figura 2.1 – Esquema geral de uma pá de turbina [24]

A peça tem uma secção transversal na forma de um perfil alar que evolui ao longo do comprimento da pá,

reduzindo-se as dimensões do perfil alar desde a raiz até à ponta da pá ao mesmo tempo que ocorre uma rotação

do perfil de um ângulo de 16,9º em torno do centro geométrico dos perfis, estando todos os centros geométricos

de todas as secções sobre uma mesma linha recta comum, ligando os centros desde a secção da raiz do aerofólio

à da sua ponta. Esta mesma linha recta passa através do eixo de rotação da turbina.

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6

Figura 2.2 – perfil do aerofólio Eppler 387, espessura 9,06% da corda [2]

As pás para estas turbinas são principalmente fabricadas em dois materiais:

- Compósitos, sobretudo com matriz de poliéster insaturado reforçado por fibras de vidro.

- Madeira, em bloco ou laminada com camadas intermédias de resinas poliméricas.

2.1.2 Turbina

A turbina é um modelo de três pás do tipo turbina eólica de eixo horizontal (TEEH) de elevada rotação e com

potência teórica nominal de 3 KW, a uma velocidade de rotação de 695 rpm, segundo o estudo original [1].

Figura 2.3 – Turbina micro-eólica – Whisper 200 Figura 2.4 – Dimensões gerais da turbina [1]

A energia produzida pela turbina será aproveitada por um gerador eléctrico associado, ficando este montado

numa “nacelle”orientável, que é também o suporte da turbina. A orientação do conjunto em relação ao vento é

geralmente obtida através de leme de cauda, similar ao dos clássicos moinhos americanos das zonas rurais,

utilizados para bombear água. O objectivo é a micro-geração de electricidade em instalações a efectuar em

ambientes variados, em regra, ambientes humanizados, desde zonas rurais a subúrbios e em alguns casos

ambientes urbanos, embora em outros casos estas turbinas possam ser utilizadas como fonte de energia

autónoma em equipamentos isolados, como por exemplo em torres retransmissoras de telecomunicações.

Figura 2.5 – Turbina micro-eólica em serviço – Whisper 2

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7

Capítulo 3 Estudo de materiais e processos de fabrico

Esta peça poderia ser realizada em diversos materiais de diferente natureza, como de resto foi, e é feito

actualmente, em pás de turbinas semelhantes. Assim foram ponderadas três classes principais de materiais

possíveis, das quais foram seleccionados os mais satisfatórios em termos de:

- Tensão de cedência

- Tensão limite de fadiga

- Resistência à corrosão

- Peso

- Processo de fabrico

A selecção final ficou sujeitas a condições, que impunham ter em conta a área de desenvolvimento proposta pelo

orientador, e os recursos de equipamento disponível no Laboratório de Tecnologia Mecânica - ACTMGI

Nota: neste trabalho serão utilizadas por defeito as notações e termos designadores de tensões das referências [7],

[8] e [9], mas pontualmente poderão ser utilizadas outras, sendo nesses casos tal indicado por meio de nota.

A partir da tese [1] obtiveram-se as tensões máximas presentes nos aerofólios aí estudados, sendo assumido

nesse trabalho que as secções são maciças (momento de inércia da secção) e que a peça é fabricada em

policarbonato reforçado com fibras de carbono (a densidade do material afecta as componentes da tensão

devida à força centrípeta). Os TSR1 estudados em [1] foram 6,75 e 7.

Figura 3.1 – Tensões na pá de [1] – Ep 387 potência nominal

Os valores obtidos foram:

- Aerofólio Ep 3872: λ = 6,75⇒ σmáx = 74 MPa

- Aerofólio Ep 387: λ = 7 ⇒ σmáx = 76 MPa

1 TSR – Tip Speed Ratio – Razão de velocidades na ponta da pá: este termo é definido pelo quociente entre a velocidade linear (m/s) da ponta da pá e a velocidade do vento local não perturbado. 2 = TSR

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- Aerofólio Wo FX63-137: λ = 7 ⇒ σmáx = 138 MPa

- Aerofólio Wo FX63-137: λ = 7,25 ⇒ σmáx = 145 MPa

Figura 3.2 – Tensões na pá de [1] – Wo FX63 - potência nominal

Assim as tensões de cedência dos materiais a ponderar tem de exceder no mínimo os 74 MPa. Como este tipo de

máquina exige um factor de segurança elevado resulta que os materiais a utilizar tem de ter uma tensão de

cedência de pelo menos 100 MPa. Nota: No caso de materiais cuja densidade ultrapasse a do material estudado

em [1] a tensão normal nas secções transversais vai aumentar devido à contribuição da força centrípeta, pois esta

é função directa da massa da pá.

O principal guia para a pré-selecção de materiais foi a referência [7].

3.1 Materiais Poliméricos

Após análise cuidada dos vários tipos de materiais poliméricos existentes, escolheram-se dois materiais dispondo

de propriedades aceitáveis para a peça:

- Policarbonato reforçado com 30% de fibra de vidro

- PPOm – óxido de Polifenileno modificado (mistura com poliestireno), reforçado com 30% fibra de vidro.

3.1.1 Propriedades destes materiais:

Propriedade Policarbonato PPOm

Tensão de cedência (Sy) [MPa] 128 > 105

Tensão de ruptura (Su) [MPa] 155 100-150

Módulo de Young (E) [GPa] 2,5 2,5

Elongamento 3% <10%

Temperatura de serviço [ºC] 100-150 100-150

Densidade (ρ) [ ��/��] 1430 1200-1400

Cor transparente opaco/preto

Tabela 3.1 – Propriedades dos materiais poliméricos seleccionados

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9

3.1.2 Processos de fabrico/ métodos de processamento: Abordam-se apenas os processos aplicáveis ao fabrico da peça em estudo nos materiais desta secção (3.1).

Processos de fabrico/métodos de processamento

Policarbonato PPOm

Injecção Sim Sim

Termoenformação Sim Sim

Fundição Não Sim

Maquinagem Sim Possível

Tabela 3.2 – Processos de fabrico de polímeros

3.1.3 Notas quanto à fadiga destes materiais:

Não se encontraram valores tabelados para a tensão limite de fadiga destes materiais, assim foi feita uma

aproximação para esse valor através da fórmula [9.14] da referência [10]. Consideraram-se um número de ciclos

de fadiga (Nf) de 5E+08, que é igual ao número de ciclos de prova dos alumínios, sendo este um material

concorrente.

��á� = �(1 −0.1log��) (3.1)

(9.14 de [10]) σmáx – tensão limite de fadiga,

σu – tensão de ruptura do material, Nf – número de ciclos de prova à fadiga.

Nota: a notação usada acima é a da referência [10]

Daqui obtiveram-se os seguintes valores:

- Policarbonato: Sf = 20,17 MPa

- PPOm: Sf = 13 a 20 MPa

Preços aproximados destes materiais (2011):

- Policarbonato: 5€/Kg

- PPOm: 4€/Kg

3.2 Materiais metálicos

Seleccionaram-se dois grupos de ligas metálicas: ligas de alumínio e ligas de aço inox.

3.2.1 Ligas de alumínio

Entre as ligas existentes foram seleccionadas as seguintes:

3.2.1.1 Propriedades gerais das ligas:

Propriedades AA3003-H16 AA5052-H32 AA6061-T4 AA6061-T6 Tensão de cedência (Sy) [MPa] 165 186 110 240 Tensão de ruptura (Su) [MPa] 179 234 205 290

Tensão limite de fadiga (Sf) [MPa] 65 117 95 95 Módulo de Young (E) [GPa] 70 70 70 70

Elongamento % 14 18 18 9 Densidade (ρ) [ ��/��] 2700 2700 2700 2700

Tabela 3.3 – Propriedades das ligas de alumínio seleccionadas [20], [21]

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10

Ligas para trabalho mecânico sem tratamento térmico

Ligas 3xxx: O elemento de liga principal é o manganês que causa endurecimento por solução sólida. A liga mais

importante é a 3003 e é uma liga de aplicação geral e boa capacidade de deformação. AA3003: Aplicações

típicas: reservatórios de pressão, equipamento químico, chapa fina para trabalho mecânico.

Ligas 5xxx: O magnésio é o elemento de liga mais importante e leva a endurecimento por solução sólida. As

ligas deste grupo tem excelente resistência à corrosão, à fadiga e possuem igualmente óptimas características de

soldadura. AA5052: Aplicações típicas: Autocarros, camiões, indústria naval, tubos hidráulicos.

Tipos de encruamento:

H1 – Encruamento simples

H2 – Encruamento e estabilização

O 2º dígito indica o grau de encruamento:

- 2 – ¼ endurecido

- 4 – ½ endurecido

- 6 – ¾ endurecido

- 8 – totalmente endurecido

Na condição totalmente endurecido a área reduziu-se a 25% da original.

Ligas para trabalho mecânico e tratamento térmico

Ligas 6xxx: Os elementos de liga são o magnésio e o silício. Estes dão origem a um precipitado que provoca o

endurecimento da liga. Tem uma boa resistência à corrosão e uma razoável soldabilidade. AA6061: Aplicações

típicas: Estruturas de camiões e navais, oleodutos, carris de comboio

Tipos de tratamento térmico:

T4 – Tratamento térmico de solubilização e envelhecimento natural

T6 – Solubilização seguida de envelhecimento artificial

As ligas da série 7xxx ainda são mais tenazes do que as da série 6xxx e com propriedades de corrosão e

processos de fabrico semelhantes, mas tem custos superiores, tanto em termos de preço próprio como de fabrico.

As ligas da série 2xxx são muito mais tenazes que as da série 5xxx e 6xxx, mas são susceptíveis à corrosão, por

isso foram excluídas.

3.2.1.2 Preços típicos das ligas de alumínio (2010): 3-4 US$/Kg, ou seja 2,5-3,5 €/Kg, isto para pequenas

quantidades.

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11

3.2.2 Aços inoxidáveis

Propriedades AISI 430

(recozido)

AISI 301

(recozido)

Tensão de cedência (Sy) [ MPa] 345 276

Tensão de ruptura (Su) [MPa] 517 759

Tensão limite de fadiga (Sf) [MPa] 96 243

Módulo de Young (E) [ GPa] 207 207

Elongamento % 25 60

Densidade (ρ) [ ��/��] 7800 7800

Tabela 3.4 – Propriedades dos aços seleccionados [7]

Nota: tensão Sf obtida a partir de [8]:

!� = ��(2�)# (3.2)

!$% = 0.504!( (3.3)

��% =!( + 345+,- (3.4)

N = 5E+08 ciclos

Ne = 1E+06 ciclos (aços)

Estas ligas parecem ser indicadas para ambientes particularmente agressivos, com vento dominado por rajadas de

alta velocidade. No caso de a pá ser fabricada de forma oca permitem reduzir cerca de 1,7 vezes o volume de

material em relação à pá maciça, mas ocorrerá um aumento de peso de 1,6 vezes em relação ao da pá maciça em

alumínio, devido à diferença de densidades.

3.2.3 Processos de fabrico:

Os processos de fabrico disponíveis são: quinagem, enformação (estampagem com eventual forjamento

complementar de chapa), Forjamento de precisão, maquinagem

Qualquer das ligas pode ser trabalhada através destes processos, embora a partir de pré-formas diferentes e graus

de tratamento térmico/encruamento diferentes. Dependendo do processo escolhido, as operações

complementares poderão variar em conformidade de maneira a ser obtida uma peça com as características finais

desejadas. O processo mais vantajoso será o que apresentar menores custos, tendo em conta a dimensão da série

que se pretenda fabricar ou os equipamentos disponíveis para o fabrico. De uma forma geral pode dizer-se que o

processo mais versátil e com menor custo em equipamento base é a maquinagem, mas acaba por ser o mais caro

de todos por peça fabricada. Tal sucede devido ao custo dos consumíveis, tempo-máquina e material

desperdiçado por peça.

O forjamento de precisão é um processo que permite obter peças na sua forma quase final através da deformação

plástica de chapas ou varões de material no interior de matrizes contendo o negativo da peça e tolerâncias

apertadas. É um processo com elevado aproveitamento de material e relativamente simples de executar. No

entanto exige equipamentos pesados, sobretudo nas grandes peças, como é o caso em estudo, assim como em

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12

muitas situações exige equipamentos auxiliares, como aquecedores de matrizes, fornos para aquecer pré-formas

e para tratamentos térmicos posteriores ao forjamento. Assim, este é um processo indicado para um fabrico

continuado em grande escala, tornando-se nesse caso competitivo tanto face aos outros processos para metais,

como em comparação com a injecção de polímeros, pois para uma peça desta dimensão e com os materiais

poliméricos anteriores, ambos exigem prensas de escala semelhante (milhares de toneladas de força).

A quinagem e a enformação são processos que se podem considerar no meio-termo entre os anteriores, isto em

termos de: versatilidade, série mínima de fabrico (economicamente viável), grau de deformação plástica,

acabamento da peça fabricada, dificuldade de instalação e arranque do processo

Na quinagem as pré-formas de chapa são simplesmente dobradas para o formato pretendido, sem ocorrer

variação de espessura da pré-forma (neste caso resulta um espaço interior sem alumínio (oco), preenchido

posteriormente com um enchimento polimérico), exigindo assim esforços muito menores que os de forjamento e

possibilitando operações a frio com ligas sujeitas a endurecimento por deformação.

Na enformação (estampagem com eventual forjamento de chapa) ocorre alguma variação de espessura da pré-

forma, geralmente uma redução, obtida habitualmente por esforços de tracção, com cargas aplicadas

relativamente moderadas, pelo menos quando comparadas com o forjamento. É um processo que pode ser

executado a frio.

3.3 Materiais compósitos

Estes materiais são compostos por fibras com elevada resistência mecânica envolvidas numa matriz com a forma

da peça pretendida. A resistência mecânica varia muito com a combinação do tipo de fibras e matriz utilizada.

Para a aplicação em causa, as combinações mais apropriadas são:

- Resinas de poliéster insaturado reforçadas por fibras de vidro

- Resinas epoxídicas reforçadas por fibras de carbono

As resinas epoxídicas reforçadas por fibras de carbono têm excelentes propriedades mecânicas e à fadiga, no

entanto, são dispendiosas e obrigam a processos de fabrico refinados para conseguir uma orientação correcta das

fibras. Assim serão abordadas as resinas de poliéster com fibra de vidro.

Podem ser utilizados dois tipos de fibras de vidro:

- Vidro E (eléctrico)

- Vidro S (elevada resistência mecânica)

O vidro E é de longe o mais comum e acessível, surgindo numa variedade de formatos, desde fibra contínua a

vários tipos de tecidos de reforço, conhecidos como “mantas”. O vidro S tem melhores propriedades mecânicas,

mas é mais raro e caro, sendo normalmente reservado a aplicações militares e aeroespaciais.

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13

3.3.1 Propriedades

Propriedades

(Vidro E)

Tecido de

fibras

Fibras não -

contínuas

Tensão de cedência (Sy) [MPa] Não definido Não definido

Tensão de ruptura (Su) [MPa] 206-344 103-206

Tensão limite de fadiga (Sf) [MPa] 27-45 14-27

Módulo de Young (E) [GPa] 103-310 55-138

Elongamento % Não definido Não definido

Densidade (ρ) [ ��/��] 1500-2100 1350-2300

Tabela 3.5 – Propriedades dos materiais compósitos seleccionados [7]

3.3.2 Processos de fabrico

Os processos de fabrico mais comuns para estes compósitos são dois, ambos em molde aberto:

- Processo de deposição normal: Processo simples no qual um operário coloca um revestimento de gel

desmoldante no molde aberto e de seguida vai colocando camadas alternadas de fibra e de resina, ou em

alternativa camadas de resina, um tecido de reforço e depois outra camada de resina. No fim passa-se um

rolo para compactar, aumentar a molhagem das fibras e remover o ar aprisionado.

- Processo de spray: Semelhante ao anterior, mas mecanizado, com projecção de fibras descontínuas do

comprimento desejado, ao mesmo tempo que é feita a pulverização com resina.

-

Para ambos os processos a cura é geralmente realizada à temperatura ambiente, mas pode ser acelerada

aquecendo a temperatura moderada. A cura da resina é lenta e pode levar até 12h a completar.

Assim, estes são processos de mão-de-obra intensiva e cadência muito baixa, embora com custos de

equipamento e material igualmente baixos (os moldes não têm de suportar pressões, logo são muito baratos). São

processos adequados a séries muito pequenas.

3.4 Discussão dos materiais

Nota: a peça aqui considerada é a pá do estudo [1].

Os vários materiais acima descritos permitem ir ao encontro do critério da tensão de cedência, no entanto e para

tomar uma decisão sobre quais os materiais a eleger, os mesmos tem de ser analisados à luz dos outros

parâmetros de selecção:

- Factor de segurança: A peça em causa destina-se a funcionar em regimes variáveis de ventos, a baixa

altitude e logo muito sujeita a vórtices. Quer pelas tempestades ou pelos vórtices esta peça ficará sujeita a

sobrecargas súbitas que mesmo os sistemas de segurança a ser empregues terão dificuldade em compensar.

Para além disso, grande parte destas turbinas vão funcionar em zonas habitadas e mesmo residenciais ou de

passagem, logo tem de se minorar a probabilidade de rupturas descontroladas que possam levar a acidentes

por vezes graves e em alguns casos letais. Logo o factor de segurança à cedência mínimo especificado é de

ny=2, com preferência pelos que fiquem entre 2 e 3. Por este critério fica eliminado o grupo dos materiais

poliméricos e o AA6061-T4 do grupo dos materiais metálicos.

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- Durabilidade: O objectivo é obter uma peça económica, uma das formas de o conseguir é através do

aumento da sua vida útil, embora esta seja uma forma mais discreta, ao contrário da redução do preço inicial

da peça, imediatamente visível. No entanto, se o material utilizado inspirar ao consumidor a ideia de

durabilidade e tenacidade será mais fácil passar para o mesmo consumidor o conceito de poupança a prazo,

resultando num equipamento mais económico.

a) Fadiga: Assim, e como depois da cedência a grande ameaça a esta peça é a fadiga do material, convém

escolherem-se materiais cuja tensão limite de fadiga seja superior ou próxima às tensões máximas em

serviço. Para efectuar comparações as tensões limite de fadiga (Sf) foram calculadas em termos dos ciclos

padrão para ensaios de fadiga de alumínios (flexão): 5E+08 ciclos. Por este critério ficam excluídos os

materiais compósitos e a liga de alumínio AA3003-H16.

b) Resistência à corrosão: Os materiais metálicos seleccionados tem todos excelente resistência à corrosão,

mas com pormenores que os distinguem subtilmente:

- A liga AA5052-H32 tem excelente resistência à corrosão em todos os meios atmosféricos, mostrando bom

comportamento até em ambiente marítimo, logo permite utilização em regiões costeiras.

- A liga AA6061-T4/T6 tem igualmente excelente resistência geral à corrosão, mas as suas características em

ambiente marítimo não são tão boas como as da liga anterior, embora aceitáveis.

- As ligas inox tem excelente resistência ao ataque químico e dos elementos, e devido à sua tensão de

cedência e tensão limite de fadiga bastante elevadas (em particular a liga 301), são uma excelente alternativa

para meios agressivos e sujeitos a fenómenos atmosféricos extremos (furacões, tornados, “blizzards”, ventos

polares com cristais de gelo, temperaturas extremamente baixas – liga 301 estrutura cristalina austenítica

[7]. Por este critério todas as ligas são aceites.

- Peso: Com o objectivo de reduzir o peso o mais possível para ir de encontro aos geradores correntes,

projectados para pás de turbina de compósitos de fibras de vidro/resina polimérica na sua maioria, o material

mais indicado são as ligas de alumínio. Não excluindo as de aço inox para aplicações especiais. No entanto,

do estudo de vários catálogos de turbinas eólicas de potência semelhante, o diâmetro da turbina em

compósito é sempre bastante maior do que o da turbina em estudo para potências nominais semelhantes.

Assim é de esperar um certo equilíbrio no peso total da turbina em alumínio face às de pás compósitas, para

a mesma potência nominal.

3.5 Conclusão

Os materiais seleccionados para o estudo posterior foram os alumínios:

- AA5052-H32

- AA6061-T6

- AA6061-T43

3 O Sf é igual ao da liga AA6061-T6 e como Sy fica entre 1,5-2 reconsiderou-se como material eventual.

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15

Capítulo 4

Modelação geométrica da peça

4.1 Adaptação do estudo [1] para uma peça real

Da leitura de [1], concluiu-se o seguinte:

- A pá baseada no aerofólio Ep-387 tem melhor desempenho aerodinâmico que uma baseada no Wo-FX63.

- A pá baseada no Ep-387 tem tensões na secção muito inferiores ao Wo-FX63.

- A pá com o perfil Ep-387 tem tensões máximas de 76 MPa, enquanto na com o perfil Wo-FX63 o máximo é

de 145 MPa, ou seja, quase o dobro.

Assim a pá seleccionada foi a com o perfil Ep-387

No estudo referido esta pá tem duas variantes:

- Pá de turbina com TSR (Tip Speed Ratio) de 7

- Pá de turbina com TSR (Tip Speed Ratio) de 6,75

As pás de alto desempenho típicas têm TSR de 7, da análise dos resultados de [1] concluiu-se ser mínima a

diferença entre os dois TSR em termos da energia produzida por ano não superando 8 kWh num intervalo de

ventos de 4 a 6,5 m/s. O estudo incidiu igualmente sobre o ângulo de ataque α4 da pá, tendo sido obtida uma

optimização variando este ângulo ao longo da mesma. Aqui a escolha foi entre o ângulo de ataque constante e o

ângulo de ataque optimizado. Para o projecto da peça deste trabalho optou-se pelo TSR 7 e pelo ângulo de ataque

α optimizado. Pretendeu-se conseguir a pá com melhor produção de energia, mas mantendo o TSR padrão nas

turbinas de alto desempenho. Da análise do perfil ao longo da pá foi observado que a ponta da pá ficaria com

uma espessura extremamente reduzida: espessura média do perfil dos últimos 20 cm da pá inferior a 2 mm e

comprimentos do perfil entre 50 mm na secção a 20 cm da extremidade, até 1mm na extremidade. Isto resultaria

numa ponta da pá muito frágil, facilmente danificável por cargas súbitas, por interacção ou impactos com

pequenos objectos como sacos de plástico ou aves em voo. Por outro lado, dimensões tão reduzidas na ponta da

pá, em conjunto com dimensões muito superiores na raiz da mesma pá, levaria a problemas sérios de fabrico,

uma vez que se torna difícil ou mesmo impossível construir uma peça de qualidade com o formato ideal

estudado em [1].

Assim, por uma questão prática, foi retirado um troço da ponta da pá, escolhendo-se uma secção onde a

espessura do perfil já se pudesse considerar aceitável. Esse desenvolvimento é apresentado na secção seguinte

(secção 4.2). A raiz da pá teve igualmente de ser adaptada para produzir uma peça versátil e facilmente adaptável

aos sistemas de micro-turbinas eólicas já existentes. Optou-se por utilizar uma ligação aparafusada com chapas

planas, e foi este o formato escolhido para a raiz da pá. Estas alterações causaram uma redução substancial na

potência nominal da turbina, quando comparada com a potência no estudo [1] (3,120 kW), mas tais alterações

foram necessárias para conseguir uma pá que fosse de encontro às exigências iniciais (secção 1.5). A nova

potência nominal foi estimada em cerca de 2 kW, como se explica no decorrer deste trabalho.

O TSR adoptado (λ = 7) é em relação à pá teórica do estudo [1] e não à pá real, logo a velocidade de rotação da

pá real à potência nominal vai ser igual à da pá teórica (695 rpm).

4 Ângulo que a corda da pá forma com o escoamento incidente no bordo de ataque.

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16

4.2 Cálculo das dimensões do aerofólio

Nota: O referencial utilizado tem origem no eixo da turbina, segundo o seu eixo horizontal para a ponta da pá.

Os ângulos estão definidos em relação ao disco da turbina, mas considerando que a observação é feita do lado do

extradorso da pá, a partir da raiz da mesma.

Figura 4.1 – Referencial

As dimensões do aerofólio foram calculadas através dos seguintes métodos:

- Escolha de um certo número de secções transversais da pá ao longo do seu comprimento, a partir da

informação provinda de [1]. Cada secção transversal foi denominada estação.

- A partir da informação na tabela F.2 (em anexo) de [1] calcularam-se: a corda do perfil em cada estação, o

ângulo de rotação do perfil em cada estação e a espessura máxima do perfil (tabela 4.1).

- Com as cordas e os ângulos calculados passou-se ao cálculo das coordenadas de cada uma das secções do

perfil, através das coordenadas gerais do perfil obtidas da referência [2]. Foi necessário efectuar a rotação

das coordenadas correspondentes a cada estação através das equações:

. = � cos 1 + 2 sin 1 (4.1)

5 = 2 cos 1 − � sin 1 (4.2)

Os cálculos foram efectuados em Microsoft EXCEL.

Figura 4.2 – Nomenclatura geral dos aerofólios [13]

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Tabela 4.1 – Características gerais da secção

4.3 Modelação geométrica do aerofólio

4.3.1 Construção do modelo

Este passo consistiu em construir um modelo 3D computorizado do aerofólio a partir das coordenadas das 12

secções calculadas anteriormente. As coordenadas calculadas em EXCEL foram convertidas para formato .txt de

modo a fazer a exportação para o programa de modelação geométrica 3D. O programa utilizado para modelação

foi o SolidWorks 2008 da Dassault Systémes. Foi feita a importação das coordenadas das secções uma a uma

para o SolidWorks 2008, sendo cada secção colocada na posição da estação respectiva. As secções são todas

perpendiculares a uma mesma linha que atravessa o centro geométrico (centróide) de todas elas.

De seguida formou-se um sólido geométrico, cuja superfície foi definida através de curvas geradas por splines a

ligar todas as secções. Este procedimento é uma rotina interna ao SolidWorks 2008 e o respectivo comando tem o

nome geral de “Loft”. A forma gerada automaticamente foi corrigida e obteve-se assim o modelo 3D do

aerofólio.

Figura 4.3 – Modelo 3D do conjunto: aerofólio, transição e raíz

Estação r/R (m) raio (m) corda (m)

ângulo de rotação (º)

espessura máxima (m)

ângulo de ataque (º)

1 0,213 0,2663 0,12 16,69 0,0112 6,535 2 0,252 0,315 0,13 13,84 0,0119 6,005 3 0,299 0,3738 0,13 11,15 0,0116 5,68 4 0,353 0,4413 0,12 8,61 0,0106 5,68 5 0,412 0,515 0,1 6,54 0,0095 5,68 6 0,476 0,595 0,09 4,88 0,0084 5,68 7 0,542 0,6775 0,08 3,55 0,0075 5,68 8 0,608 0,76 0,08 2,48 0,0068 5,68 9 0,674 0,8425 0,07 1,64 0,0062 5,68

10 0,738 0,9225 0,06 0,96 0,0056 5,68 11 0,797 0,9963 0,06 0,42 0,0052 5,68 12 0,851 1,0638 0,05 0 0,0047 5,68

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4.3.2 Propriedades geométricas das secções

Após a construção do modelo foi possível obter as propriedades geométricas das suas secções através do

comando “Properties” do SolidWorks. Foram assim extraídas as propriedades geométricas para cada uma das

secções das estações. Devido à rotação das secções ao longo da pá, foi necessário considerar as tensões segundo

os eixos principais de inércia de cada secção. Também se calculou o momento de inércia (I) de cada secção,

calculado como se não houvesse rotação, usando para tal as fórmulas abaixo obtidas de [22]:

6�% = 7897:; + 78<7:

; cos 21 − 68: sin 21 (4.3)

62% = 7897:; − 78<7:

; cos 21 + 68: sin 21 (4.4)

Estação Lxx

(==>) Lxy

(==>) Lyy

(==>) Área

(==?) Mom. Polar

inércia (no centróide)

(==>)

ângulo entre os

eixos principais e os eixos da peça (º)

Ix (centr

óide)

(==>)

Iy (centr

óide)

(==>)

1 62543 -183274 617068 886,55 679611 16,73 7444,8 672166 2 57676 -198467 809773 1002,44 867449 13,91 8517 858932 3 36420 -144714 736762 946,34 773181 11,23 7695 765486 4 16992 -77265 512217 783,87 529208 8,66 5216,68 523991,6 5 7837,53 -37936 330100 625,59 337937 6,62 3432 334505 6 3760 -18094 210403 498 214163 4,97 2187,68 211975 7 1942 -8483 134811 397,94 136753 3,64 1402 135350 8 1065 -3686 78346 309,54 79411 2,72 889 78522 9 687 -1814 60656 266,52 61343 1,73 632 60711

10 455 -769 42298 222,5 42753 1,05 441 42312 11 313 -263 29742 186,55 30055 0,51 310 29745 12 Irrelev. Irrelevante Irrelev. Irrelev. Irrelevante Irrelevante Irrelev. Irrelev.

Tabela 4.2 – Propriedades geométricas das secções

4.4 Conclusões

Ao fazer a adaptação da pá para o fabrico de uma peça real conservou-se a geometria calculada para um TSR de

7, à excepção da remoção da ponta, com o objectivo de manter válidas as características aerodinâmicas e

energéticas da pá na gama de velocidades estudadas. Devido às alterações feitas o TSR aparente da pá real ficou

em 5,6. Do modelo geométrico é nítida a complexidade do formato da peça, embora a variação das dimensões

sejam suaves. Os resultados obtidos para os momentos de inércia das secções mostram claramente que a peça vai

estar sujeita a grandes tensões nas suas secções, dado a força de sustentação induzir tensões sobretudo segundo o

eixo com menor momento de inércia, e sendo o momento de inércia segundo este eixo várias dezenas de vezes

inferior ao momento de inércia segundo o eixo perpendicular (plano da secção).

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Capítulo 5

Projecto mecânico da peça

5.1 Cálculos preliminares - Cálculo da sustentação (L) da pá modificada

Muitos dos cálculos aqui efectuados encontram-se implícitos em [1] no estudo da pá original, e foram esses os

valores considerados nos capítulos 2 e 3, uma vez que impunham um limite máximo às tensões de serviço na

peça a projectar. Apesar de ser possível continuar a elaborar o projecto a partir desses valores, como a pá sofreu

uma modificação importante do ponto de vista estrutural ao serem retirados os últimos 186 mm da ponta da pá

original, considerou-se ser uma abordagem de projecto mais correcta efectuar novos cálculos de forma a obter

valores de tensão na pá mais próximos dos reais, na pá modificada.

Nota: cálculos feitos apenas para o aerofólio, sem a raiz, ou seja a zona de transição e ligação aparafusada.

5.1.1 Fórmulas

Da referência [6]:

@A = AB/;CDEFG

(5.1)

@� = �B/;CDEFG

(5.2)

HI = B; (HB + H;) (5.3)

� = JK/L (5.4)

Os valores para as velocidades W1 e W2 são obtidos a partir dos triângulos de velocidades para a entrada e saída

da secção do aerofólio em estudo, fazendo uso da teoria aerodinâmica de elementos de pá e da teoria de Glauert.

Figura 5.1 – Triângulos de velocidades do escoamento na secção do aerofólio em estudo

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5.1.2 Secção na raiz do aerofólio:

Figura 5.2 – Escoamento no aerofólio: zona da raiz. A – arranque, B – potência nominal [24]

ω = (695*2π)/60 = 72,78 rad/s

r = 0,2663 m

U = 13 m/s

ωr = 19,38 m/s

x = 1,49 ≈ 1,5

Da tabela 13.1 de [6] vem: a = 0,324, a’ = 0,0894

V1 = Va = (1-a)U = 8,79 m/s (5.5)

Recorrendo ao triângulo de velocidades e observando que já se dispõe dos dois catetos do mesmo:

tgβ1 = 0,4536 ⇔ β1 = 24,4º (5.6)

HB = M(JK); + NB; ⇔ W1 = 21,28 m/s (5.7)

−N;( = 2-′JK = 3,47 m/s (5.8)

tgβ2 = 0,3847 ⇔ β1 = 21,04º (5.9)

H; = M(JK + N;(); + NP; ⇔ W2 = 24,48 m/s (5.10)

Wm = ½(21,28 + 24,48) = 22,88 m/s (5.11)

De [1] vem: ρ = 1,225 ��/�� e CL = 1,07716

Reorganizando a expressão (5.1) vem:

Q = 1 2R (@ASTH�;) N/m (5.12)

E logo: L = 42,91 N/m

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5.1.3 Secção na ponta do aerofólio:

Figura 5.3 – Escoamento no aerofólio: zona da ponta. A – arranque, B – potência nominal [24]

ω = (695*2π)/60 = 72,78 rad/s

r = 0,851(1,25) = 1,0638 m

U = 13 m/s

ωr = 77,42 m/s

x = 5,96 ≈ 6

Da tabela (13.1) de [6] vem: a = 0,333, a’ = 0,00612

V1 = Va = (1-a)U= 8,67 m/s (5.13)

Recorrendo ao triângulo de velocidades e observando que já se dispõe dos dois catetos do mesmo:

tgβ1 = 0,112 ⇔ β1 = 6,4º (5.14)

W1 = 77,90 m/s (5.15)

-V2t = 0,948 m/s (5.16)

tgβ2 = 0,1106 ⇔ β2 = 6,31º (5.17)

W2 = 78,85 m/s (5.18)

Wm = ½(77,90 + 78,85) = 78,38 m/s (5.19)

De [1] vem: ρ = 1,225 ��/�� e CL = 1,00056

E logo: L = 205,6 N/m

5.2 Projecto à cedência

O estudo deste componente à cedência em serviço foi efectuado com o objectivo de conhecer as tensões

presentes nas secções mais críticas da pá, quais os factores de segurança para os vários materiais seleccionados e

se estes estavam dentro dos requisitos.

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22

5.2.1 Distribuição de cargas na pá

Aproximando por uma viga sujeita a carga distribuída crescente linear, entre os valores 42,91 N/m e 205,6 N/m.

Os cálculos foram efectuados como se a pá fosse uma viga de secção variável. Considerou-se que o L é aplicado

sem contar com a torção da pá, ou seja, como se não houvesse torção. Tal confere algum sobredimensionamento,

pois ao assumir isto o momento de inércia considerado será inferior ao momento de inércia global da pá real.

Para estes cálculos foi utilizada teoria da referência [22]. Segundo a teoria indicada, a carga distribuída foi

concentrada no centróide da figura geométrica formada pelo gráfico da carga.

5.2.1.1 Pá completa:

Figura 5.4 – Diagrama de carga distribuída na pá

Cálculo do centróide apenas a coordenada X, dado ser a relevante para esta aplicação:

X = (X1(A1) + X2(A2))/2 (5.20)

X = 0,486 m

Calculando a área da figura geométrica é possível fazer a integração da carga distribuída e obter um valor de

carga concentrada.

FL = 99,16 N

5.2.1.2 Ponta da pá:

Como as tensões mais elevadas são esperadas a cerca de ¾ do raio da pá, tendo em conta a informação

proveniente de [1], foi também efectuado o cálculo para esta região da pá modificada. A zona seleccionada para

calcular as cargas aplicadas à pá foi a correspondente aos raios 0,7515 m e 1,0638 m, ou seja entre o ponto onde

está aplicada a carga concentrada total e a ponta da pá. A secção escolhida para aplicar esta força foi a

correspondente à estação em r = 0,760, pois para esta estava disponível informação sobre as propriedades da

secção e como já se encontra para lá de 0,7515, o seu momento de inércia será mais baixo que o da secção desse

raio, logo as tensões calculadas vem por excesso, embora de forma muito moderada devido à proximidade entre

ambas as secções (distância de separação de 8,5 mm).

Assim, repetindo os cálculos acima para a ponta da pá, e considerando esta encastrada no resto da pá.

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Figura 5.5 – Diagrama de carga distribuída na ponta da pá

Cálculo do centróide apenas a coordenada X, dado ser a relevante para esta aplicação):

X = (X1(A1) + X2(A2))/2 (5.21)

X = 0,1657 m

Calculando a área da figura geométrica é possível fazer a integração da carga distribuída e obter um valor de

carga concentrada.

FL = 54,27 N

5.2.2 Cálculo das tensões

5.2.2.1 Pá completa

O cálculo é feito para a secção do aerofólio que confronta com a raiz. As fórmulas utilizadas são da referência

[9], para flexão pura.

M = rF (5.22)

�� = +2/6 (5.23)

F = 99,16 N

r = 0,486 m

I = 7500 ��U, (7,5E-09 �U) aproximadamente, arredondando os valores dados pelo SolidWorks, de modo a

obter valores mais conservadores, ou seja, reduzindo o momento de inércia I.

y – altura da secção. Como neste caso a espessura máxima corresponde a 11,2 mm, considera-se y = ymáx = 6

mm (6E-03 m).

M = 48,192 N.m

σf = 38,55 MPa

5.2.2.2 Ponta da pá

F = 54,27 N

r = 0,1657 m

I = 889,23 ��U, (8,8923E-10 �U) valores obtidos do SolidWorks

y = ymáx = 3,807E-03 m, a espessura máxima na secção é de 6,807E-03 m

M = 8,993 N.m

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24

σf = 38,50 MPa

Estes valores de tensão permitem recuperar como material possível a liga de alumínio AA6061-T4, pois já se

encontram bastante abaixo da sua tensão limite de fadiga (Sf = 65 MPa).

5.2.3 Cálculo das forças centrípetas

5.2.3.1 Pá completa:

VD = �J;K N (5.24)

m = 1,066 Kg

r = 0,7523 m

Fc = 4.248 N

Área da secção da raiz com maior corda (onde as tensões de flexão são maiores em ymáx): A = 1.002,4 ��; =

1,0224E-03 �;

Aplicando a fórmula da tensão:

σ = F/A (5.25)

σc = 4,24 MPa

5.2.3.2 Ponta da pá:

A massa da ponta vai ser estimada através da área projectada da pá a multiplicar por uma espessura média. Esta

foi calculada considerando a espessura máxima da secção em r = 0,760 m (6,8 mm), e da mesma forma

conservadora anterior, considerar uma espessura média excessiva para resultar uma tensão superior à real. Neste

caso considerou-se a espessura média de e = 5 mm (0,005 m).

A = 0,01926 �;

V = eA = 0,005(0,01926) = 9,63E-05 �� (5.26)

ρ = 2.700 ��/��

m = ρV = 0,260 Kg (cálculo por excesso) (5.27)

r = 0,7515 + 0,1657 = 0,9172 m (5.28)

VD = �J;K = 1.263 N (5.29)

Asecção = 3,095E-04 �; (vem do SolidWorks)

σc = 4,082 MPa (estimativa por excesso)

5.2.4 Tensões finais

σ = σf + σc MPa (5.30)

Secção em r = 0,2663 m: σ = 38,55 + 4,24 = 42,79 MPa (raiz) (5.31)

Secção em r = 0,760 m: σ = 38,50 + 4,082 = 42,58 MPa (ponta) (5.32)

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5.2.5 Factores de segurança à cedência:

Consideraram-se as secções em r = 0,2663 m e r = 0,760 m uma vez que serão as duas secções mais críticas

devido a: na primeira se dar a aplicação dos esforços totais (momentos e forças centrípetas) e ao mesmo tempo

ocorrer a transição da secção do aerofólio para a raiz, e no caso da segunda, ser esta a região do aerofólio sujeita

a maiores tensões na secção.

Material ny (r = 0,2663 m) ny (r = 0,760 m)

AA5052-H32 4,35 4,37

AA6061-T6 4,8 4,81

AA6061-T4 2,6 2,58

É importante ressalvar que estes são valores sobredimensionados devido a considerar a teoria de Glauert [6] e o

facto de não ocorrer rotação na força de sustentação L ao longo da pá. Como no escoamento real existe força de

resistência aerodinâmica D a contrariar parte da força L, e as cargas na pá rodam de 16,9º, distribuindo a carga

sobre o eixo das secções com maior momento de inércia, o ny mínimo real vai estar na ordem de 3. Não foram

igualmente consideradas tensões de corte devido a torção, isto porque após análise da referência [11], verificou-

se serem as tensões devidas a torção típicas na ordem das centenas de Pa, logo muito baixas.

Houve também durante todo o projecto o cuidado de colocar as secções e as rotações das secções sobre a linha

que une os centróides das secções, e o mesmo foi feito na raiz da pá (ligação aparafusada), indo pois esta linha

intersectar-se com o eixo de rotação da turbina. Todos estes cuidados minoram o surgimento de tensões de corte

por torção na pá.

Para confirmar os cálculos acima, foi feita uma aproximação grosseira das tensões, baseada nos resultados

indicados em [1]. Da observação dos gráficos de distribuição de tensão na pá com este aerofólio contidos em [1]

(ver figura 3.1), conclui-se existir uma relação aproximada de 1,3-1,4 entre a tensão máxima na pá (r ≈ 0,750m

– 0,800 m) e a tensão na zona correspondente à secção do aerofólio junto da raiz. A pá modificada varre uma

área de disco que representa 0,70-0,72 da original. Mantendo todos os outros parâmetros constantes, o torque na

raiz da pá também vai ser 0,70 – 0,72 do original. Parece ser razoável assumir como aproximação que a tensão

na raiz é igualmente 0,70 da original.

Tem de se ter em atenção que para este cálculo as dimensões da pá são as originais, o que se está a considerar é

0,70 da potência, logo as forças de sustentação (L) e centrípeta (Fc) devidas aos 0,1862 m retirados na pá

modificada estão neste caso implícitas nos valores calculados.

Efectuando os cálculos:

Tensão no aerofólio (secção da raiz): 76/1,3 = 58,5 MPa (peça original) (5.33)

Multiplicando por 0,70, obtém-se 40,92 MPa

Agora tem de se corrigir a força centrípeta para aquela resultante do material alumínio:

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ρpolicarbonato = 1,2

ρalumínio = 2,7

ρal/ρpol = 2,25

massa de policarbonato: mpol = 1,066/2,25 = 0,474 Kg

r = 0,7523 m:

VTWXY = �WXYJ;K = 1888 N (5.34)

σcpol = 1,8 MPa (5.35)

σcal = σc = 4,082 MPa (5.36)

∆σc = σcal - σcpol = 2,25 MPa (5.37)

Somando isto ao valor obtido para a tensão na raiz do aerofólio:

40,92 + ∆σc = 43,10 MPa (5.38)

Aplicando agora o factor 1,3 para obter a tensão na zona mais solicitada:

� = 56,03 MPa (5.39)

O valor obtido para a raiz coincidiu de forma bastante próxima com o obtido pela teoria de Glauert. Já o outro

valor apresentou um desvio significativo, mas tal pode justificar-se tendo em conta a indicação acima de os

valores obtidos por este método conterem implicitamente a contribuição da zona da pá que foi retirada na peça

modificada. Mesmo neste caso, e para a pá maciça, os factores de segurança ficam:

Material ny (r = 0,2663 m) ny (r = 0,760 m)

AA5052-H32 4,32 3,38

AA6061-T6 4,76 3,72

AA6061-T4 2,55 2,00

Utilizando a ferramenta COSMOSXpress5 do SolidWorks, efectuou-se também uma análise por elementos

finitos, cujos resultados se apresentam abaixo:

Figura 5.6 – Modelo numérico 3D da pá (SolidWorks)

5 Este programa informático permite aplicar o método dos elementos finitos aos modelos geométricos construídos em SolidWorks, para obter as tensões e deformações na peça em estudo, especificando o material de construção e impondo ao modelo as cargas e restrições de movimento pretendidas.

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Figura 5.7 – Tensões na pá (COSMOSXpress)

Figura 5.8 – Tensões na pá (COSMOSXpress)

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Propriedades AA5052-H32 AA6061-T4 AA6061-T6 Tensão de cedência (Sy) MPa 195 227,527 275 Tensão de ruptura (Su) MPa 230 240 310

Tensão limite de fadiga (Sf) MPa NA NA NA Módulo de Young (E) Gpa 70 69 69

Elongamento % NA NA NA Densidade (ρ) ��/�� 2680 2700 2700 Tabela 5.1 – Propriedades dos materiais – base de dados do SolidWorks

Como se pode observar na tabela, os valores da tensão de cedência para AA6061-T4 na base de dados do

SolidWorks não são consistentes com os obtidos na bibliografia, sendo muito superiores. A origem de tal

discrepância será explicada aquando da abordagem aos tratamentos térmicos para as ligas de alumínio. Nesta

análise as tensões máximas e os factores de segurança obtidos foram:

Material MPa ny

AA5052-H32 42,65 4,57211

AA6061-T6 42,65 6,44776

AA6061-T4 42,65 5,33468

Aquando da simulação em COSMOSXpress, não se conseguia aplicar uma carga distribuída no intradorso da pá

de forma satisfatória, devido ao facto de a geometria da peça não permitir ao programa distinguir o intradorso do

extradorso, impossibilitando obter a análise pretendida. Assim, e como solução alternativa, adaptou-se ao

COSMOSXpress um método clássico para simulação de cargas distribuídas, muito utilizado nos primórdios da

construção aeronáutica: distribuíram-se cargas concentradas equivalentes ao longo da linha central da pá, sobre

pontos à distância média entre estações6, aplicando em cada ponto médio a carga concentrada equivalente

correspondente ao troço entre as estações respectivas, as cargas centrípetas equivalentes foram aplicadas nas

mesmas secções onde foram estudadas pelo método estático. O deslocamento pronunciado da ponta da pá nesta

simulação (cerca de 31 mm na extremidade) vem em linha com o observado em campo para pás reais de turbinas

de grande dimensão (d = 30m), a funcionar próximo à potência nominal, embora na ocasião não fosse possível

quantificar o valor desse deslocamento elástico.

Depois desta análise, concluiu-se serem os valores de tensão calculados para a pá modificada bastante

consistentes, embora ocorra desvio entre o cálculo pelo segundo método e os restantes, concordando os restantes

bastante melhor entre si. O primeiro método é, em princípio, mais conservador, e o segundo conta

implicitamente com a secção removida da ponta da pá, os resultados obtidos para as tensões através da

simulação deveriam ser ligeiramente mais baixos do que os resultantes do primeiro método. Os resultados

numéricos obtidos confirmam parcialmente esta suposição, pois o valor máximo (42,65 MPa) fica entre os

valores para a raiz e para a ponta obtidos pelo método estático (42,79 e 42,58 MPa respectivamente), com um

desvio máximo de 0,14 MPa. Tal deve-se às cargas centrípetas na simulação se apresentarem concentradas em

vez de distribuídas na massa.

6 Para o conseguir criaram-se superfícies planas sobre a superfície da pá, de maneira ao programa conseguir fixar as cargas. Essas superfícies, visíveis nas figuras acima, não fazem parte da pá, são apenas um artifício para a simulação e não surgem na peça posteriormente.

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5.3 Projecto à fadiga

No projecto à fadiga vai ser analisada a secção com maiores tensões do aerofólio. O factor de segurança à fadiga

vai ser calculado inicialmente através dos critérios de Goodman (modificado) e ASME7 – elíptico, constantes na

referência [8]. Posteriormente será utilizada a regra de Miner para calcular o número de ciclos até ruptura.

Nota: Estudo segundo os métodos da referência [8].

5.3.1 Fadiga devida ao peso próprio da pá:

As tensões nas secções r = 0,2663 m e r = 0,760 m são semelhantes, resta saber em qual delas a tensão alternante

devida ao peso é superior:

r = 0,2663 m:

F = mg N (5.40)

m = 1,066 Kg

g = 9,8 �/Z;

Fp = 10,47 N (5.41)

σp = Fp/A(0,2663) = 0,0104 MPa (5.42)

r = 0,760 m:

F = mg N (5.43)

m = 0,260 Kg

g = 9,8 �/Z;

Fp = 2,55 N (5.44)

σp = Fp/A(0,760) = 0,0082 MPa (5.45)

5.3.1.1 Critérios de fadiga:

Fadiga:

Goodman (modificado):

nf = 1/(σa/Sf + σm/Sy) (5.46)

Cedência (associado):

Linha de Langer:

Sa/Sy + Sm/Sy = 1/n (5.47)

r = σa/σm (5.48)

rcrit = Sa/Sm (5.49)

Sa = Sy –Sm (5.50)

Sm = ((Sy-Sf)Sut)/ (Sut-Sf) (5.51)

7 ASME – American Society of Mechanical Engineers

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Fadiga:

ASME- elíptico:

[� = \1 (�P Z�R ;R + �I !:R ;) (5.52)

Cedência (associado):

Linha de Lange8r:

Sa/Sy + Sm/Sy = 1/n (5.53)

r = σa/σm (5.54)

rcrit = Sa/Sm (5.55)

!P =2!:!$; !$; + !:;R (neste caso em particular Se = Sf) (5.56)

Sm = Sy – Sa (5.57)

r < r crit significa que a ameaça principal ao componente vem da cedência, caso contrário a ameaça vem da

fadiga.

Utilizando os valores calculados pela teoria de Glauert:

r = 0,2663 m:

σ = 42,8 MPa

σa = Sa = 0,0104 MPa

σm = Sm = 21,4 MPa

5.3.1.2 Liga AA5052-H32:

Sy = 186 MPa

Sf = 117 MPa

Sut = 234 MPa

Goodman (mod.):

nf = 8,68 (5.58)

Langer:

r = 4,86E-04, Sm = 138 MPa, Sa = 48 MPa

rcrit. = 0,348 (5.59)

Logo r<r crit e a ameaça principal vem da cedência

ASME – elíptica:

nf = 8,69 (5.60)

Langer:

r = 4,86E-04, Sa = 105,5 MPa, Sm = 80,54 MPa

rcrit. = 0,763 (5.61)

Logo r<r crit e a ameaça principal vem da cedência

8 NOTA IMPORTANTE : No caso do critério de Langer os Sa e Sm são definidos pelas fórmulas indicadas e não pelos

valores Sa e Sm gerais, recomenda-se a consulta de [8].

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5.3.1.3 Liga AA6061-T4:

Sy = 110 MPa

Sf = 117 MPa

Sut = 205 MPa

Goodman (mod.):

nf = 5,14 (5.62)

Langer:

r = 4,86E-04, Sm = 27,95 MPa, Sa = 82,05 MPa

rcrit. = 0,341 (5.63)

Logo r<r crit e a ameaça principal vem da cedência

ASME – elíptica:

nf = 5,14 (5.64)

Langer:

r = 4,86E-4, Sa = 94 MPa, Sm = 16 MPa

rcrit. = 0,170 (5.65)

Logo r<r crit e a ameaça principal vem da cedência

5.3.1.4 Liga AA6061-T6:

Sy = 205 MPa

Sf = 95 MPa

Sut = 290 MPa

Goodman (mod.):

nf = 9,57 (5.66)

Langer:

r = 4,86E-04, Sm = 163,59 MPa, Sa = 41,41 MPa

rcrit. = 0,253 (5.69)

Logo r<r crit e a ameaça principal vem da cedência

ASME – elíptica:

nf = 9,58 (5.70)

Langer:

r = 4,86E-04, Sa = 72,5 MPa, Sm = 132,5 MPa

rcrit. = 0,547 (5.71)

Logo r<r crit e a ameaça principal vem da cedência

Critério AA5052-H32 AA6061-T4 AA6061-T6

Goodman (nf)

8,68 5,14 9,57

ASME (nf) 8,69 5,14 9,58

Langer cedência cedência cedência

Tabela 5.2 – Resumo dos factores de segurança à fadiga – rotação

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5.3.1.5 Cálculo para r = 0,760 m com o material AA6061- T4 através do critério ASME- elíptica:

σ = 42,8 MPa

σa = Sa = 0,0082 MPa

σm = Sm = 21,3 MPa

ASME – elíptica:

nf = 5,16 (5.72)

Langer

r = 3,85E-04, Sa = 94 MPa, Sm = 16 MPa

rcrit. = 0,170 (5.73)

Logo r<r crit e a ameaça principal vem da cedência.

5.3.1.6 Comentários:

- Trata-se apenas de uma 1ª estimativa, considerando apenas variações na tensão resultante do peso da pá,

sendo esta de longe a com maior número de ciclos (até 41.700 ciclos/hora).

- É um cálculo no limite superior, tomando em consideração que a pá está sempre em potência máxima. Neste

caso e considerando o funcionamento equivalente a 2000h/ano em potência máxima, o número de ciclos de

prova à fadiga seria atingido em 6 anos.

- Tomando uma aproximação grosseira de considerar a vida útil como o factor de segurança a multiplicar pelo

intervalo de tempo necessário para se atingir os ciclos de prova, a ruptura ocorreria ao fim de 30 anos no

caso de AA6061-T4, de 52 anos para AA5052-H32 e 58 anos para AA6061-T6. Mas tal não é uma

aproximação válida devido à definição de tensão limite de fadiga, como será adiante explicado.

- Na realidade também têm de ser levados em conta os ciclos de carga devidos aos ciclos de arranque e

paragem da turbina, assim como danos causados por eventuais rajadas de vento

5.3.2 Fadiga devida à flexão (ciclos de arranque/paragem):

Considera-se sempre a carga em regime nominal.

Critério ASME – elíptica.

Critério de Langer.

Cálculo para r = 0,760 m:

r = 0,760 m:

σ = 42,8 MPa

σa = Sa = 21,4 MPa

σm = Sm = 21,4 MPa

5.3.2.1 AA5052-H32:

nf = 4,63 (5.74)

r = 1,00

rcrit = 0,763 (5.75)

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5.3.2.2 AA6061-T4:

nf = 3,36 (5.76)

r = 1,00

rcrit = 0,170 (5.77)

5.3.2.3 AA6061-T6:

nf = 4,02 (5.78)

r = 1,00

rcrit = 0,547 (5.79)

Critério AA5052-H32 AA6061-T4 AA6061-T6

ASME (nf) 4,63 3,36 4,02

Langer fadiga fadiga fadiga

Tabela 5.3 – Resumo dos factores de segurança à fadiga – flexão

No caso das tensões de flexão, a ameaça principal vem da fadiga, pelo critério de Langer.

5.3.3 Estudo à fadiga segundo a regra de Miner

A teoria aplicada neste estudo foi a da referência [10], mas antes foi feita uma estimativa mais rigorosa do

número de ciclos anuais de rotação da turbina, para isso utilizou-se a distribuição de Weibull com k = 2, ou seja a

distribuição de Rayleigh.

5.3.3.1 Número de ciclos anuais - distribuição de Weibull

Figura 5.9 – Distribuição de Weibull, k = 1, k = 2, k = 3

A informação para obter a distribuição de Rayleigh proveio da referência [6] e do atlas de distribuição de ventos

da Comissão Europeia [15]. Com a informação de probabilidade e das velocidades predominantes do vento

obtida das fontes citadas foram efectuados cálculos representativos de uma distribuição média de ventos cujos

valores se apresentam resumidos na tabela abaixo:

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U

(m/s)

p(U) nº de

horas/ano

nº de

ciclos

Vel. Angular

(rad/s)

4 0,08 700,8 9124416 22,72

5 0,09 788,4 12828846 28,4

6 0,095 832,2 16249871 34,08

7 0,095 832,2 18958183 39,76

8 0,09 788,4 20524347 45,436

9 0,08 700,8 20526153 51,12

10 0,07 613,2 19954226 56,795

11 0,06 525,6 18812629 62,47

12 0,05 438 17102618 68,15

13 0,04 350,4 14611680 78,33

14 0,03 262,8 10958760 78,33

15 0,025 219 9132300 78,33

16 0,02 175,2 7305840 78,33

17 0,015 131,4 5479380 78,33

Total 2,02E+08

Tabela 5.4 – Ciclos anuais em termos da distribuição de Weibull

5.3.3.2 Definições da referência [10 – pág. 423] - Equações SWT

Nos materiais que não têm uma tensão limite de fadiga distinta (Se), pode considerar-se, para algumas

aplicações, que esta existe. Nestes casos após uma certa vida arbitrária (5E+08 ciclos) a curva tensão-vida

decresce apenas muito gradualmente9.

Equações SWT10: Aproximam o comportamento das ligas de alumínio, com bons resultados.

�P] = M�Iá8�P σmáx > 0 (5.80)

�P] = �Iá8\B<^; (5.81)

σmáx = σm+σa (5.82)

R = σmín / σmáx (5.83)

�P] = �P 1 − _F_aR (5.84)

�P = b��% − �Ic(2��)# (5.85)

Nf – número de ciclos até à ruptura.; b, σf’ valores obtidos em testes com σm = 0

Da tabela 9.1 da referência [1011]: AA2024-T4 : σf’ = 900 MPa, b = -0,102

9 Este conceito não é absoluto, como vem descrito na referência. 10 A notação desta secção é a da referência[10]. 11 Os dados para AA2024-T4 eram os únicos disponíveis na tabela para alumínios na tabela indicada. Assim este material foi

considerado, fazendo a interpretação crítica para os restantes após o cálculo da regra de Miner.

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35

5.3.3.3 Regra de Miner

r = 0,2663 m:

σm = 21,4 MPa

Ciclo de arranque/paragem: j = 1

σa = 21,4 MPa

Aplicando a fórmula (5.86), obtém-se:

Nf1 = 5.77E+18 ciclos (5.86)

Ciclo de carga de rotação (peso): j = 2

σa = 0,0104 MPa

Nf2 = 1E+48 ciclos (5.87)

Ciclo de carga devido à presença do poste: j = 3

σa = 10,7 MPa

Nf3 = 2,94E+18 ciclos (5.88)

Nota: A carga σa representa uma estimativa grosseira obtida dividindo por dois a tensão devida à flexão,

considerando ser esta a variação que ocorre devido à interferência local do poste no escoamento de ar. Tal

apenas sucede quando a pá passa defronte do poste e os valores para a tensão apenas podem ser definidos após

estudo com modelos de postes e de “nacelles” que poderão eventualmente ser utilizados com esta turbina.

Aplicando a regra de Miner segundo [10]:

Número de ciclos aplicados/ano:

Nj1 = 319.375

Nj2 = 201,56E+06

Nj3 = 201,56E+06

Estes valores foram obtidos a partir da distribuição de Rayleigh e considerando no caso de Nj1 que ocorrem 1000

ciclos de arranque-paragem/dia e a pá roda 87,5% do ano, a potências várias. Este valor é exagerado, mas está de

acordo com a abordagem conservadora pretendida. No caso de Nj2, consideram-se na distribuição de Rayleigh

velocidades de vento até 17 m/s, pois a pá rodará próximo da potência nominal (U = 13 m/s) até esta

velocidade12.

j Nj (ano) tensão mín (σσσσmín)

tensão máx ( σσσσmáx)

tensão alternada

(σσσσa)

tensão média (σσσσm)

Nfj Nj/Nfj (dano anual)

1 319375 0 42,8104 21,4 21,4 3,284E+15 9,725E-11

2 2E+08 42,7846 42,8104 0,0104 21,4 1,001E+48 2,00E-40

3 2E+08 32,0846 42,8104 10,7 21,4 2,955E+18 6,768E-11

Total 1,649E-10

Tabela 5.5 – Regra de Miner – resultados 12 Isto sucede devido aos sistemas de segurança da turbina, que limitam a velocidade de rotação através de métodos aerodinâmicos ou geométricos (alteração de posição da turbina), impedindo tensões exageradas que levariam à destruição da turbina. Para mais informação ver capítulo 10.

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36

Com este dano anual, o número de anos até ruptura é de:

Nanos = 1/(Nj/Nfj) (5.89)

Nanos = 6,064E+09 anos (6,064 mil milhões de anos!) (5.90)

Claro que os valores obtidos são absurdos e este é um caso limite. A peça acabará por falhar algures no tempo

por influência da corrosão e/ou de eventos atmosféricos extremos que lhe irão causando dano. No entanto estes

valores estão de acordo com a definição lata de vida infinita aplicada aos materiais, e daqui pode-se estimar uma

vida útil de várias décadas, em alguns casos poderá mesmo atingir o século.

Como apenas havia dados tabelados disponíveis de b e σf’ para AA2024-T4, fez-se a proporção para outras ligas

de alumínio, relacionando-as através do critério ASME-elíptica para fadiga. Nota: a partir daqui retoma-se a

notação geral13.

AA2024-T4: Sy = 303 MPa, Su = 476 MPa, Sf = 120 MPa

ASME: nf = 5,15 (5.91)

Relação nf/nf (2024-T4):

AA5052-H32: 0,887

AA6061-T4: 0,645

AA6061-T6: 0,773

Qualquer destes valores a multiplicar pelo número de anos calculado pela regra de Miner dá valores entre

4,687E+09 anos e 5,318E+09 anos.

A finalizar calculou-se quanto tempo seria necessário para os ciclos de arranque-paragem atingirem o número

de ciclos de prova para alumínios (5E+08 ciclos):

5E+08/319.375 = 1565,6 anos (5.92)

Mesmo contando com o dano anual devido às variações de tensão causadas pela presença do poste, que tem a

mesma ordem de grandeza do causado pelos ciclos de arranque-paragem (regra de Miner), concluímos que

podemos tomar vida “infinita” para a pá, cumprindo o requisito inicial de durabilidade.

5.4 Estudo da frequência natural da peça

Foram efectuados cálculos aproximados para verificar onde se encontravam as frequências naturais da pá.

5.4.1 Frequência natural devida ao peso da pá.

Fórmulas retiradas da referência [23]

13 A notação geral deste capítulo segue a referência [8], mas, com o objectivo de facilitar o uso intermodal deste trabalho com as várias fontes bibliográficas, as quais terão certamente de ser consultadas em futuros desenvolvimentos, optou-se por vezes por conservar a notação da referência consultada, mesmo tornando o texto deste trabalho mais pesado. Considera-se que neste caso do estudo de fadiga tal opção será particularmente importante, tendo em conta ser este o parâmetro mais crítico em termos de vida útil e segurança desta peça e assim todas as tentativas para evitar más interpretações de notação entre as várias fontes poderão, no futuro, evitar erros graves.

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37

J = \dI (5.93)

σ = Eε (5.94)

δl = εl (5.95)

F = K(δl) (5.96)

5.4.1.1 Ponta da pá:

A abordagem foi feita considerando a ponta da pá como uma massa pontual e a restante pá como uma mola cuja

rigidez K teria de ser determinada.

mponta = 0,260 Kg

l = 0.760-0,100 = 0,750 m Os 0,100 m correspondem à distância entre o eixo de rotação da turbina e os

parafusos mais exteriores da ligação aparafusada, funcionando esta como um encastramento para a pá.

A tensão considerada na secção foi de 43 MPa.

E = 70 GPa

ε = 43E+06/70E+09 = 6,143E-04 m/m

δl = 6,143E-04(0,75) = 4,607E-04 m (5.97)

K = F/δl ⇔ K = 1.263/4,607E-04 = 2.742E+06 N/m (5.98)

F =1.263 N ( força centrípeta) (5.99)

J = \dI = \;,fU;gh

�,;h� = 3.247 rad/s (5.100)

fn = ωn/2π = 516 Hz (5.101)

5.4.1.2 Pá completa:

Define-se o (l) no centro de massa do aerofólio, que está localizado nas coordenadas x = 0, y = 0, e z = -273,54

mm (referencial do SolidWorks). Mas como a pá ainda será adicionada da região de transição até ao

encastramento (parafusos mais exteriores da ligação aparafusada), o centro de massa final ficará entre -230mm e

-250mm, logo considera-se -240 mm a contar da secção da raiz do aerofólio. Nota: neste passo ainda não foi

projectada a raiz da pá, por isso é que se assume este valor para o centro de massa como próximo do real. No

cálculo seguinte vai-se usar o módulo de z: |z| = 240 mm = 0,240 m

mponta = 1,066 + 0,113 = 1,179 Kg (0,113 Kg é a estimativa da massa da região de transição entre o aerofólio e

a ligação aparafusada)

l = 0,240 + 0,070 = 0,310 m

A tensão considerada na secção foi de 43 MPa.

E = 70 GPa

ε = 43E+06/70+0E9 = 6,143E-04 m/m

δl = 6,143E-04(0,31) = 1,904E-04 m (5.102)

K = F/δl ⇔ K = 3.162/4,607E-04 = 16,61E+06 N/m (5.103)

F =3.162 N (força centrípeta) (5.104)

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38

J = \dI = \Bh,hBg9�h

B,Bfi = 3.753 rad/s (5.105)

fn = ωn/2π = 597 Hz (5.106)

As frequências naturais devidas ao peso da pá estão muito longe da frequência de rotação da pá, aliás divergem

destas cerca de 50 vezes.

Factor de ampliação = B

B<(jkjl)G (5.107)

Ponta da pá: Factor de ampliação = 1,0005 (5.108)

Pá completa: Factor de ampliação = 1,0004 (5.109)

Destes valores conclui-se estar a pá muito longe de entrar em vibração, pois para tal os valores de ωf e ωn

estariam próximos e o factor de ampliação apresentaria valores que no limite tenderiam para infinito (ωf = ωn).

5.4.2 Frequência natural devida à flexão

Com a informação disponível na bibliografia [14], teve de se considerar a pá como uma viga sujeita a carga de

flexão. Neste caso foi necessário obter um momento de inércia I para a viga, uma vez que a informação

disponível aplica-se a vigas de secção transversal constante. Na peça em estudo a viga é a própria pá, e como o

seu formato e logo o seu momento de inércia muda continuamente, obteve-se um momento de inércia médio Iméd

a partir dos momentos de inércia individuais Ixx obtidos do SolidWorks (referencial do SolidWorks).

Estação Ixx 0 6,50E-08 1 6,25E-08 2 5,77E-08 3 3,64E-08 4 1,70E-08 5 7,84E-09 6 3,76E-09 7 1,94E-09 8 1,07E-09 9 6,86E-10

10 4,55E-10 Imédio 2,31E-08

Tabela 5.6 – Momentos de inércia Ixx As secções 11 e 12 são irrelevantes para o cálculo de Iméd devido à sua localização e baixo momento de inércia.

Considerou-se a secção de transição (0) com Ixx de 65E-09 �U

O momento de inércia médio obtido foi: Iméd = 23,125E-09 �U

Fórmulas da referência [14]:

mP = VQ�/3n6 = ii,Bh(�,ooh)p

�(f�g<�i);�.B;og<�i = 3,51E-03 m (5.110)

F = 99,16 N (força na totalidade da pá concentrada)

L = 0,556 m (distância a que é aplicada a carga: entre o centróide da carga distribuída e a os1ºs parafusos

ligação aparafusada, ou seja somando os 0,055 m da transição)

K = F/δa = 99,16 / 3,51E-03 = 28.252 N/m (5.111)

J = \dI = \;q.;o;

B,Bfi = 154,8 rad/s (5.112)

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39

fn = 154,8 /2π = 24,6 Hz (5.113)

Frequência de rotação da pá à potência nominal: 72,78/2π = 11,60 Hz, ou seja, já fica algo próximo, mas não

demasiado, logo a pá é segura, desde que existam sistemas de segurança que permitam limitar a velocidade de

rotação da pá, para esta não se aproximar dos valores de ressonância da flexão, uma vez que mesmo não

existindo em princípio uma frequência de excitação de flexão, particularidades no escoamento, como a presença

do poste, ou um pequeno desalinhamento da horizontal do eixo da turbina, podem levar à introdução de

solicitações de flexão, que se ocorrerem próximas da frequência harmónica podem levar a danos severos, ou

mesmo à ruptura.

Confirmando através de gráfico presente na pág. 74 de [14]:

β = ω / ωn = 72,78/154,8 = 0,470 (5.114)

η = 0,002 (factor de amortecimento histerético para alumínios – proveniente de tabela na referência)

r = 1/M(1 − s;); + t; (5.115)

Qpá = 1,28 (5.116)

Observando o gráfico com o ponto correspondente a este valor, verifica-se estar este fora da zona de resposta,

mas por pouco, logo exigindo cautelas quanto à velocidade de rotação da pá.

5.5 Cálculo da ligação aparafusada

Especificou-se uma espessura de chapa de 12,5 mm com um momento de inércia da secção pelo menos igual ao

da secção da raiz do aerofólio.

Requisitos:

- Os parafusos tem de ter segurança contra perda de pré-tensionamento, suportando directamente e por si só

os esforços.

- Tem de ser resistentes à corrosão.

- A ligação tem de suportar a fadiga imposta pelo serviço.

- Usar parafusos padrão.

5.5.1 Parafusos:

Existem três alternativas:

- Parafusos em ligas de alumínio: têm a vantagem de não ocorrer pares galvânicos.

- Parafusos de aço zincado: são os mais económicos e disponíveis.

- Parafusos em aço inoxidável: resistentes à corrosão do parafuso, mas pode eventualmente causar corrosão

ao alumínio por via do carbono, ou do óxido de crómio.

Em termos práticos, os parafusos em aço zincado são preferíveis pelo baixo custo e elevada disponibilidade. Para

tomar uma decisão avaliaram-se os problemas de corrosão através da comparação dos potenciais galvânicos do

alumínio, zinco e ferro num ambiente hostil, neste caso água do mar com uma corrente de 2-4 m/s num intervalo

de temperaturas entre 10ºC a 27ºC [7]:

- Ligas alumínio: -0,75 a –1 V

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40

- Zinco: -0,98 a –1,02 V

- Aço de baixa liga: -0,55 a –0,65V

Daqui conclui-se: o primeiro material a oxidar-se é o zinco, mas lentamente, uma vez que a diferença de

potencial galvânico para o alumínio é pequena. Após a oxidação do zinco será o alumínio que começará a

oxidar-se numa primeira fase, protegendo momentaneamente o aço da corrosão, no entanto ao fim de pouco

tempo esta oxidação parará, pois só é viável na zona dos furos, devido à camada passivante no resto da pá. Aliás,

não é sequer conveniente que ocorra corrosão do alumínio nos furos para evitar pontos de concentração de

tensões que possam levar a problemas de fadiga. Assim, o aço dos parafusos começará a corroer-se a dada altura,

necessitando de substituição durante uma operação de manutenção.

Da utilização destes materiais é conhecido que os parafusos de aço passivados com zinco ou com óxidos podem

apresentar tempos de corrosão extremamente longos (décadas), logo este tipo de parafusos facilmente acessível

são sempre uma boa hipótese a considerar e vão ser aqui considerados como o parafuso primário. Isto não

inviabiliza posterior consideração dos outros tipos.

5.5.2 Cálculo dos esforços na junta aparafusada: Existem três secções-chave:

- Charneira

- 1ª secção aparafusada

- 2ª secção aparafusada

Após várias aproximações, iterações e respectivos cálculos feitos através dos métodos de [8] e [9], e que aqui

não serão expostos por demasiado longos para o espaço disponível, adoptou-se o seguinte projecto para a ligação

parafusada:

- Espessura dos membros: 12,5 mm

- Largura dos membros: 80 mm

- Parafusos: 4 x 8 mm M8, classe 8.8, em aço zincado ou superior.

Figura 5.10 – Diagrama da ligação aparafusada

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41

Apresentam-se abaixo os cálculos efectuados para esta junta pelos métodos de [8]:

Nota: a espessura 12,5 mm está definida como espessura de chapa padrão na norma EN 485-2, a ideia é facilitar

o fabrico do cubo da turbina, pois pretende-se que este seja fabricado em chapa, sem variação de espessura.

Comprimento dos parafusos: Dos cálculos efectuados com a metodologia de [8], o comprimento dos parafusos

seleccionado foi de 40 mm no mínimo a 45 mm de preferência.

Cálculo da ligação à tensão e flexão: Da tabela (8.7) e das fórmulas (8.17) e (8.20) de [8] retiram-se os

seguintes valores, para uma ligação aparafusada com o a espessura e características da anterior.

Lt = 22 mm

Lg = 30,6 mm

L > Lg + H = 30,6 + 6,8 = 37,4 mm (5.117)

ld = L – Lt = 40 – 22 = 18 mm (5.118)

lt = Lg – ld = 30,6 – 18 = 11,4 mm (5.119)

@ = duvw9vF (5.120)

�# = xyxzgxyYz9xzYz (5.121)

�I = �,offU{gy; |}(~(�,~������,~y)

�,~�����G,~y) ) (5.122)

l = 0,025 m, d = 0,008 m

Efectuando os cálculos:

Kb = 309,170E+06 N/m (5.123)

Km = 528,379E+06 N/m (5.124)

C = 0,369 (5.125)

Figura 5.11 – Diagrama de tensões da ligação aparafusada Fa = Fb = 1816,1 N, Fc = Fd = 1776,1 N, Vctp = 1796 N, VL = 99,16 N, T = 4 N.m (projecto).

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42

Da análise dos esforços na ligação através de um diagrama de forças e das equações de equilíbrio estático [22]

veio que a carga na secção aparafusada mais solicitada é de 368 N.

O factor de carga (n) daqui resultante foi:

[ = ��xz<���� = 40,21 (5.126)

Factor de segurança à separação:

[� = ���(B<�) = 71,06 (5.127)

Fadiga da junta:

[� = ;��(��zxz<��)��(��z9��) = 27,5 (5.128)

5.6 Cálculo das características energéticas da pá modificada

Cálculo preliminar: Energia contida no tubo de corrente com o diâmetro do disco da turbina:

Figura 5.12 – Diagrama do escoamento no tubo de corrente

n = 1/2S�L� (5.129)

ρ = 1,225 ��/��

U = 13 m/s

� = �(���[�-; − �K-��;) (5.130)

Rponta = 1,0638 m

Rraiz = 0,2663 m

A = 3,3343 �;

E = 4.487 W

5.6.1 1ª aproximação:

Considerando um coeficiente de desempenho de Cp = 0,45 ( informação obtida de [1] ):

P = CpE = 0,45(4.487) = 2.019 W (5.131)

Considerando, por comparação, o Cp da teoria de Glauert (escoamento ideal, Cd = 0), Cp = 0,565:

P = 0,565(4.487) = 2534 W (5.132)

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43

5.6.2 2ª aproximação:

Considerou-se a teoria de Glauert, com Cd = 0.

Para r = 0,7523 m vem da tabela 13.1 de [6]: x = 4,2 e βm = 9º

Forças na pá:

Fl = 99,16cos(9º) = 97,94 N (5.133)

Fdisco = 99,16sen(9º) = 15,51 N (5.134)

T = rF ⇔ T = 0,7523(15,51) = 11,67 N (5.135)

P = Tω ⇔ 11,67(72,78) = 849,3 W/pá ⇒ 2548 W (valor válido para Cpglauert = 0,565) (5.136)

Obtendo a relação entre o Cp típico e o de Glauert: 0,45/0,565 = 0,7965

E daqui obtém-se a potência da turbina:

P = 0,7965(2.548) = 2.029,4 W (5.137)

5.6.3 3ª aproximação:

Relacionando as áreas da turbina original e da versão modificada:

Aorig = π(1,25); = 4,909 �; (5.138)

A/Aorig = 0,679 (5.139)

P = Porig(A/Aorig) = 3.120(0,679) = 2.118 W (5.140)

As três aproximações convergem em cerca de 2.000 W, logo parece ser razoável considerar a potência nominal

da turbina em 2 kW.

5.7 Conclusões

A pá resiste com segurança a tensões resultantes das cargas aplicadas em qualquer dos materiais considerados,

permitindo ainda recuperar o material AA6061-T4. Os cálculos permitem antecipar uma vida longa à fadiga,

respeitando assim os requisitos iniciais, isto desde que mantidas as condições de projecto, não levando a pá à

zona de frequências de ressonância à flexão, embora estas estejam algo afastadas da velocidade de rotação ω,

mas acima da regra geral de ω = 1/3ωn. A ligação aparafusada apresenta elevada tenacidade à cedência,

separação e fadiga dos parafusos.

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44

Capítulo 6

Estudo do processo de fabrico

6.1 Descrição do processo

O processo seleccionado para o fabrico desta peça foi o forjamento de precisão. Este método é caracterizado pela

obtenção da peça por compressão de material entre matrizes de forjamento fechadas. Estas matrizes têm

tolerâncias dimensionais muito apertadas de modo a eliminar (ou reduzir ao mínimo) a formação de rebarba,

tendo o mesmo efeito sobre eventuais operações de maquinagem subsequentes. As peças ficam assim numa

forma muito próxima da final. Este tipo de forjamento é realizado tipicamente em prensas hidráulicas, dado

exigir forças de deformação elevadas e elevado controlo do processo, sendo efectuado geralmente a quente num

intervalo de temperaturas bem definido, o qual no caso dos alumínios é muito estreito (430 a 480ºC).

As grandes vantagens deste processo são eliminar os custos respeitantes à maquinagem associada ao forjamento

normal, assim como o desperdício de material, custos de equipamento e laborais. Assim obtém-se produtividades

superiores, sendo este um processo bem adaptado para grandes séries, nas quais se conseguem economias

consideráveis em relação ao processo comum. Isto tem levado a que o processo seja cada vez mais aplicado em

escala na indústria e em peças de cada vez maior dimensão, sendo o seu elemento limitador a capacidade das

prensas disponíveis.

Figura 6.1 – Comparação de custos entre forjamento de precisão e processos concorrentes

Parâmetros típicos do processo (ligas de alumínio – referência [4]):

- Baixas velocidades de deformação, na ordem de 0,1 Z<B.

- Prensas hidráulicas com sistemas de controlo de posição e de força apertados. Forças até 35.000 ton.

- Ângulos de saída de 0 a 0,5º nos contornos exteriores e de 0,5 a 1º nos contornos interiores.

- Matrizes aquecidas a temperaturas próximas de 430ºC e pré-formas a 480ºC.

- Lubrificação das matrizes. Variável, mas baseada em óleos minerais/grafite.

- Dimensões produzidas até: área planificada > 6450 T�;, comprimento > 2540 mm

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

25 50 75 100125

Cus

to to

tal/p

eça

($19

90)

Nº peças produzidas

Comparação custos na produção de uma peça em

AA7075-T73 [4]

maquinagem

Forjamentoconvencional

Forjamentoprecisão

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45

Projecto e critérios de tolerância para forjamento de precisão (1990)

Característica Tolerância ângulos de saída Exteriores 0º +30' -0 Interiores 1º +30' -0

raios de canto 1,5+-0,75 mm raio de chanfro 3,3+-0,75mm

Contorno +-0,38 mm

Paralelismo superfícies 0,4 mm/254mm

Espessura mínima de nervuras 2,3 mm

Tolerância comprimento/largura +0,5mm -0,25mm

Tolerância no fecho das matrizes +0,75mm -0,25mm

tolerância a desalinhamentos 0,38mm

Extensão de rebarba 0,75mm

Tabela 6.1 – Parâmetros para forjamento de precisão [4]

Segundo [4], o processo de forjamento de precisão permitia à altura da edição (inícios da década de 1990), uma

redução de custos de 80 a 90% quando comparado com a maquinagem da peça a partir de chapa ou placa, e

uma redução de 60 a 70% face ao forjamento convencional com posterior maquinagem até à forma final. As

exigências de maquinagem eram reduzidas entre 90 a 95% face às necessárias para a versão convencional.

Figura 6.2 – Componente de grande dimensão obtido por forjamento de precisão [39]

Figura 6.3 – Evolução do custo de fabrico do componente anterior – vários processos [39]

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46

Dimensões da peça forjada na foto anterior: 55,5 in (1409,7 mm), área projectada: 432 sq. in (0,27871 �;),

espessura: 0,260 in (6,604 mm), 29lb (13,154 Kg) de peso. Prensa de 8.000T [39].

6.2 Materiais

6.2.1 Definição final do material

O processo de forjamento de precisão exige a aplicação de cargas elevadas e de grandes tensões sobre as

ferramentas (matrizes). Vem igualmente da prática da indústria ser este sobretudo um processo de forjamento a

quente, em particular, nos limites superiores dos intervalos de temperatura [4].

O processo pode ser aplicado a ambas as ligas de alumínio seleccionadas anteriormente (AA5052 e AA6061),

mas numa fase inicial vai ser considerada sobretudo a liga AA6061, pois considera-se que esta permitirá um

processo mais eficiente e económico, tanto pela sua capacidade de endurecimento por tratamento térmico, como

pela sua utilização generalizada pela indústria de forjamento, e em particular por ser considerada a liga com

maior forjabilidade e a mais utilizada para forjamento de precisão.

6.2.2 Propriedades constitutivas do material

A liga escolhida será trabalhada próximo do limite superior de temperatura para o forjamento desta liga (430ºC <

T < 480ºC). As propriedades constitutivas do material vão ser aquelas que o mesmo apresenta a esta temperatura,

estando descritas na tabela abaixo (informação obtida de [4]):

AA6061, T = 480ºC, �� = �, ��<�

��é� Tensão

(MPa)

Ext.Real

(m/m)

Tens. real

(MPa)

0,05 28 0,049 29,364

0,1 28,9 0,095 31,764

0,15 29,8 0,14 34,249

0,2 29,9 0,182 35,858

0,25 29,9 0,223 36,331

0,3 29,9 0,262 37,892

0,35 29,9 0,3 38,019

0,4 27,4 0,336 38,383

0,45 26,8 0,371 38,881

0,5 26,1 0,405 39,119

0,55 25,5 0,438 39,516

0,6 25,2 0,47 40,385

Tabela 6.2 – Propriedades constitutivas do material [4]

Lei do material (AA6061, T = 480ºC, �� = 0,1Z<B) [4]:

σefec = 44,81ε0,1395 (MPa) (6.1)

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47

Figura 6.4 – Extensão efectiva – tensão efectiva 6.3 Tratamentos térmicos

São tratamentos destinados a alterar as propriedades mecânicas, as tensões residuais ou a estrutura metalúrgica

de uma liga metálica. Tal é feito através do aquecimento e arrefecimento controlados do material a temperaturas

particulares e durante intervalos de tempo especificados. Podem ser utilizados tanto para obter materiais com

características mecânicas melhoradas (ou outras), como para amaciar materiais já anteriormente encruados por

deformação mecânica, ou endurecidos por tratamento térmico. Aquando da operação de forjamento, os materiais

devem ser o mais macios possível, logo pode ser necessário efectuar recozimento aos mesmos antes do processo,

caso estes não se encontrem já nessa condição (- O, segundo a nomenclatura da AA - Aluminum Association of

America). No caso da liga AA5052, a condição final, -H32, pode ser obtida durante o processo de forjamento

através do controlo criterioso da deformação plástica no interior da peça, representando o controlo desta

deformação uma dificuldade de projecto e fabrico considerável.

Já no caso do AA6061, a condição final (-T4 ou -T6) é obtida através de tratamento térmico, logo confere maior

flexibilidade no processo de deformação plástica (forjamento).

Abaixo são analisados os tratamentos térmicos mais relevantes para estas ligas, tendo em conta a peça final

pretendida.

6.3.1 Tratamento térmico de endurecimento

O processo desenrola-se em três fases:

- Solubilização: dissolução das fases solúveis presentes na liga.

- Têmpera: arrefecimento a uma dada velocidade de modo a obter sobressaturação da solução sólida.

- Envelhecimento: precipitação de átomos dissolvidos, ocorrendo esta à temperatura ambiente, ou a uma

temperatura mais elevada (a especificar).

Estes passos serão resumidos, de maneira a fornecer apenas a informação mais relevante para o fabrico da peça

em causa. Mais informação pode ser obtida em [29].

y = 44,81x0,1395

05

1015202530354045

MP

a

m/m

Gráfico extensão efectiva- tensão efectiva

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1. Solubilização: o aquecimento tem de ser efectuado à temperatura especificada durante tempo suficiente

para se obter uma solução sólida quase homogénea. Os desvios da temperatura especificada tem de ser

inferiores a ± 6ºC e esta temperatura deve ser atingida o mais rapidamente possível.

Temperatura de solubilização: 530ºC

Intervalo de tempo mínimo:

- Forno com atmosfera de ar – 65 minutos

- Banho de sais – 45 minutos

Intervalo de tempo máximo entre saída do forno e têmpera: 15 segundos

2. Têmpera: o objectivo é obter uma solução sólida sobressaturada à temperatura ambiente.

Meio de têmpera: água a temperatura ambiente, mantida sempre abaixo de 38ºC durante toda a têmpera.

Como a peça tem variações geométricas algo pronunciadas, um arrefecimento menos intenso pode conferir

melhores propriedades. Tal pode ser feito através de arrefecimento em água a temperaturas de 65-80ºC. No

entanto tais benefícios têm de ser estudados por ensaios, antes de implementação.

Imediatamente após a têmpera, as ligas de alumínio tem uma ductilidade semelhante à da condição recozido (em

particular a AA6061), logo é prática frequente da indústria forjar ou corrigir a geometria da peça nesta altura

(por forjamento). Tal tem também a vantagem de dar a máxima eficácia no alívio de tensões residuais.

Nas operações de forjamento posteriores é necessário ter em atenção o possível aparecimento de um defeito em

especial: as linhas de Lüders. Para o evitar basta forjar a peça num intervalo de temperaturas de 150 a 175ºC,

mantendo as peças intermédias a estas temperaturas o menor tempo possível antes do forjamento para evitar

endurecimento por precipitação.

3. Envelhecimento

- Envelhecimento natural (AA6061-T4): A liga AA6061 tem um comportamento pouco estável à

temperatura ambiente. A precipitação é lenta e as propriedades mecânicas sofrem alterações durante vários

anos.

- Envelhecimento artificial (AA6061-T6):

- Temperatura de envelhecimento: 175 ± 6ºC

- Intervalo de tempo de permanência: 8h

No caso de fornos simultaneamente usados para solubilização e envelhecimento tem de se ter em atenção o

efeito que a radiação térmica emitida pelas paredes do forno pode ter na peça, causando temperaturas acima da

regulada ou medida pela instrumentação. Tal tem de ser evitado.

6.3.2 Recozimento total

Este tratamento é necessário para amaciar o material para a operação de forjamento, seja esta efectuada num

único passo, ou em vários.

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49

AA5052: Temperatura: 345ºC. Após toda a peça atingir a temperatura especificada, pode ser retirada do forno.

A taxa de arrefecimento não é relevante.

AA6061: Temperatura: 415ºC, durante 2-3h. Taxa de arrefecimento: 30ºC/h, até 260ºC. Abaixo desta

temperatura a taxa é irrelevante. Este tratamento está especificado para eliminar o endurecimento de tratamentos

térmicos anteriores.

6.4 Pré-formas

No projecto das pré-formas foram considerados dois tipos principais:

- Pré-formas de chapa

- Pré-formas de varão

As chapas foram consideradas por permitirem uma pré-forma com dimensões já relativamente próximas da peça

final, conduzindo a deformações plásticas menos severas e assim reduzindo as forças necessárias e sobretudo

reduzindo ou eliminando os passos intermédios de forjamento, deixando a hipótese de obter a peça final numa

única operação de deformação plástica a qual ocorrerá com imposição de menores extensões e tensões para obter

a peça final. As pré-formas de varão vão de encontro aos usos correntes da indústria e têm a grande vantagem de

se obterem através de uma operação de corte simples a partir de varões de grande comprimento (ou rolos de fio)

fornecidos pelas metalurgias, ao contrário das chapas que exigem planeamento e operações de corte extensas em

equipamento adequado. A desvantagem dos varões é o maior grau de deformação necessário para obter a forma

final desta peça, implicando maiores forças e extensões mais elevadas, mesmo a quente, o que leva a uma maior

taxa de defeitos de forjamento e maiores tensões residuais. Tal pode ser evitado recorrendo a operações de

forjamento sucessivas com eventuais recozimentos intermédios, o que no caso de forjamento a quente de

alumínios pode representar apenas alguns minutos de manutenção à temperatura de serviço sem aplicar

deformação. A pré-forma de chapa é indicada para ambos os materiais, em particular o AA5052. Já o varão é

sobretudo próprio para AA6061.

Dimensões

Volume de material: 5.13E-04 ��

6.4.1 Chapa

A pré-forma foi projectada de maneira a permitir um escoamento do material do centro para o exterior e da

região da ponta da pá para a da raiz de modo a evitar defeitos de sobreposição de material e elevadas tensões nas

zonas mais finas da matriz superior (punção). As proporções da pá foram tidas em conta na definição das

dimensões da pré-forma, mantendo a mesma distribuição da peça final, mas concentrando o material numa peça

plana de espessura superior. O objectivo é conseguir uma deformação mais homogénea, na medida do possível.

Este formato permite igualmente fazer forjamento em vários passos, mas para esta espessura de pré-forma (9

mm) não serão necessários em princípio mais de dois passos.

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50

Figura 6.5 – Pré-forma de chapa

6.4.2 Varão

O varão tem de permitir o escoamento do material para a ponta da pá, apesar desta ser uma região fina da peça,

levantando assim problemas de tensões de atrito e exigindo elevadas deformações plásticas para atingir o

formato final. De modo a facilitar a deformação da ponta da pá, foi escolhido um comprimento de varão

significativamente mais curto do que a peça, para a extremidade do varão em deformação escoar para uma região

vazia. Após várias iterações com o volume de material pretendido e utilizando as dimensões preferenciais

tabeladas em [8], seleccionou-se um diâmetro de 28 mm, com um comprimento de 833 mm.

Figura 6.6 – Pré-forma de varão

6.5 Cálculos teóricos

Todos os cálculos apresentados seguem a referência [3]

6.5.1. Conceitos teóricos

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6.5.1.1 Parâmetros iniciais

O processo de forjamento tem de satisfazer os seguintes requisitos:

- Escoamento de material nas matrizes sem que ocorram defeitos.

- Enchimento total da cavidade.

- Pouca rebarba, e no caso de forjamento de precisão, de preferência nenhuma.

- Reduzir a interacção de atrito entre o material e a parede das matrizes, evitando grandes movimentos

relativos nas zonas de contacto.

- Seja possível obter uma peça com as características mecânicas e de acabamento especificadas.

Grau de dificuldade da peça: Segundo a tabela 14.I de [3], esta peça encontra-se no grau menos severo do tipo

de peças mais difícil de forjar. Estas peças caracterizam-se por uma das suas dimensões ser significativamente

superior às outras duas, com formatos relativamente simples, sem almas finas ou formas intricadas em vários

planos. A dificuldade de forjamento foi quantificada através da fórmula abaixo [3]:

��� = � x�Gp

, � = B(BUU{)�p

(6.2)

O valor obtido de ��� compara com o valor para o formato tridimensional com dificuldade de forjamento mais

baixa (em matriz fechada), sendo este uma esfera e com ��� = 1 .

A = 0,0821 �;

V = 5,13E-04 ��

α = 0,13027

� ¡= 1,669 (6.3)

Ou seja, a dificuldade de forjamento da peça é moderada, pois excede em 66,9% a dificuldade mínima para a

relação área/volume.

6.5.1.2 Método da energia uniforme

Tensão efectiva:

σefec = F/A = �x�

YY�= σ(1+e) (6.4)

Extensão efectiva:

ε = ¢ £YY

YY� = ln Y

Y�= ln(1 + ¤) (6.5)

l0 – comprimento inicial, l – comprimento instantâneo, e – extensão nominal

Velocidade de deformação:

�� = ¥¦¥( =

§Y (6.6)

v – velocidade instantânea, l – comprimento instantâneo

Ensaio de compressão de provetes cilindrícos:

�� = §¨ (6.7)

v – velocidade do prato no instante t, h – altura do provete no instante t

Para �� ser constante a velocidade v do prato tem de se reduzir com a altura h do provete. Mas nos casos em que a

velocidade do prato é constante (��) é possível definir um valor médio��Ié£:

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52

��Ié£= �� |}(¨� ¨⁄ )(¨�<¨) (6.8)

h0 – altura inicial, h – altura final

Método da energia uniforme:

Determina-se o trabalho realizado (energético) feito durante a operação:

Wi = ¢ ��ª«��ª¦� (6.9)

Curva tensão – extensão do tipo Ludwik – Hollomon:

�$�$D = �� (6.10)

� = ln YY� (6.11)

W = Wi = ¢ �$�$D«�¦� = ¢ ��«�¦

� = ���� (6.12)

���- valor médio da tensão associado ao trabalho plástico

O trabalho ideal depende da configuração inicial e final da peça, o trabalho realizado pela ferramenta vai

depender da forma como esta aplica a carga. A juntar a estes ainda tem de ser adicionada a componente devida

ao atrito. Trabalho total por unidade de volume:

W = Wi + Wa + Wr (6.13)

Wa – atrito, Wr – deformação redundante

6.5.2 Cálculo da peça forjada

Os cálculos são baseados no método da energia uniforme [3]. A peça é aproximada por uma forma elementar

equivalente.

6.5.2.1 Conceitos teóricos – Método da energia uniforme

Tensão efectiva:

σefec = F/A = F/A0 = σ(1+e) (6.14)

Extensão efectiva:

ε = ¢ £YY

YY� = ln Y

Y�= ln(1 + ¤) (6.15)

Velocidade de deformação14:

�� = ¥¦¥( =

§Y (6.16)

v – velocidade instantânea, l – comprimento instantâneo

6.5.2.2 Pré-forma chapa

a) Determinação de geometria equivalente

hm = V/Ap (6.17)

hm – altura média equivalente, V – volume, Ap – área total projectada

hm = 6,25E-03 m (6.18)

14 Na maioria dos processos de deformação plástica as extensões efectivas alcançadas superam muito a unidade.

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b) Valores médios de extensão e velocidade de deformação no forjamento

εmédia = ln(h0/hm) (6.19)

h0, hm – altura inicial e altura média final da geometria elementar equivalente.

Pré-forma de chapa: altura inicial 9 mm ⇔ h0 = 9 mm ⇒ εméd = 0,365 m/m

Velocidade de deformação média:

��Ié£ = v/hm (6.20)

v – velocidade de actuação da ferramenta

Assume-se como velocidade de deformação média a velocidade de deformação recomendada em [4], 0.1 Z<B.

c) Tensão efectiva (verdadeira) no interior da peça forjada

σefec = f(�Ié£,��Ié£) (6.21)

Consultando a tabela (6.2) acima para o material AA6061 e efectuando interpolação linear, para ε = 0,365

obtém-se σefec = 38,8 MPa.

d) Pressão média aplicada na ferramenta

Trata-se da pressão no final da operação de forjamento, já com a peça nas dimensões finais pretendidas, neste

caso as dimensões finais, sem ocorrerem passos intermédios de forjamento. De [3] vem que é necessária a

correcção do valor calculado através de um factor que contabiliza as cargas adicionais devido à formação de

rebarba, e atritos gerados na interface entre o material e a peça. Da mesma referência seleccionaram-se os

seguintes factores de correcção:

Qp = 3-5: Forma simples, confinada lateralmente e com pequena formação de rebarba

Qp = 5-8: : Forma simples, confinada lateralmente e com apreciável formação de rebarba

p = σefecQp (6.22)

p – pressão média aplicada, σefec – tensão efectiva (verdadeira) média, Qp – factor de correcção

Existe alguma incerteza e ambiguidade sobre qual o factor mais correcto a aplicar. Assim apenas poderemos

estabelecer intervalos de pressão. Dos dois factores acima, o mais indicado parece ser o primeiro (3-5), uma vez

que no forjamento de precisão ocorre uma formação de rebarba mínima, material que já não é necessário

deformar e gerando assim menores atritos com as ferramentas. Esta é igualmente a situação mais vantajosa do

ponto de visto de cargas aplicadas no processo, algo ainda mais importante numa peça de grandes dimensões

como a que está em causa. Assim p fica no seguinte intervalo:

116,4 MPa < p < 194 MPa (6.23)

e) Força máxima de forjamento

Corresponde ao fim do passo de forjamento.

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Fmáx = σefecApQ (6.24)

σefec – tensão efectiva média, Ap – Área projectada, Qp – factor de correcção.

Para forjamento da peça num único passo σσσσefec = 38,8 MPa, resultando em:

9,556 MN < Fmáx < 15,927 MN ⇔ 975 ton < Fmáx < 1.625 ton (6.25)

As forças resultantes deste cálculo são algo elevadas, embora completamente dentro da capacidade actual de

prensas de forjamento, (até 55.000 ton), sendo as prensas com capacidades de 2000-5000 ton relativamente

comuns. No entanto em nome da versatilidade e menores custos, existe interesse em reduzir a força necessária.

Para o conseguir podem-se seguir duas abordagens, tendo em conta o método da energia uniforme:

- Redução da altura h0 da pré-forma.

- Aumento do número de passos de forjamento, reduzindo εméd (e logo σefec) em cada passo, desde que

efectuando recozimentos totais entre passos.

Redução da altura h0 da pré-forma

Escolheram-se duas alturas h0 alternativas e refizeram-se os cálculos para estas:

h0 = 7 mm: εméd = 0,139 ⇒ σefec = 34,25 MPa ⇒ 861 ton < Fmáx < 1.434 ton (6.26)

h0 = 8 mm: εméd = 0,272 ⇒ σefec ≅ 38 MPa ⇒ Fmáx ≅ Fmáx (9 mm) (6.27)

Uma pré-forma com espessura de 7 mm permite reduzir em 12% a força necessária, mas para manter o volume

seria necessário aumentar a área da pré-forma, o que levaria a um provável aumento do risco de surgimentos de

defeitos de sobreposição de material e enrugamentos, tal como de danos nas extremidades laterais do punção

(matriz superior).

Aumento do número de passos de forjamento

Para testar a eficácia deste método foi seleccionada uma deformação εméd = 0,05, valor contido na tabela (6.2):

εméd = 0,05 ⇒ σefec = 29,5 MPa ⇒ 742 ton < Fmáx < 1.236 ton (76% do valor para um passo único).

Mas, considerando a extensão plástica média necessária para chegar à peça final como ε = 0,391, são necessários

7 passos intermédios de forjamento, com recozimento total em todos. O custo de mão-de-obra, tempo, energia e

equipamentos, em comparação com a redução de força máxima obtida, tornam esta abordagem totalmente

ineficaz e muito mais dispendiosa numa implementação em escala, sendo mais racional investir em prensas e

ferramentas com capacidades superiores (1.000 a 2.000 toneladas), para obter a peça num único passo.

6.5.2.3 Pré-forma varão

Dimensões do varão: d = 28 mm, l = 833 mm

Apvarão = 0,0233 �;

Vvarão = 5,1292E-04 ��

hm = 0,022 m (22 mm) este valor vai ser considerado como o h0 da forma elementar equivalente da pré-forma.

Para um único passo de forjamento εméd = 0,894 m/m. Os resultados encontram-se resumidos na tabela abaixo:

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��é� (máx)

Tensão efectiva (MPa)

Nº de passos intermédios

Nº total de passos

hm intermédio (mm) Fmáx (ton)

0,90 44,16 0 1 - 1.109-1.850 0,45 40 2 3 22 - 14 – 9 1.005-1.676 0,32 38,15 3 4 22 - 16 - 12 – 9 959-1.599

Tabela 6.3 – Parâmetros do processo para a pré-forma de varão

Conclui-se que o método de fabrico mais expedito com esta pré-forma consiste em utilizar uma extensão média

entre 0,45 e 0,90 com um ou dois passos intermédios no processo de forjamento. O forjamento de precisão a

quente pode igualmente ser efectuado num único passo, mas tal implica levar as extensões médias na peça muito

acima dos 0,47 indicados em [4], exigindo prudência pois poderia resultar em problemas de falha por fadiga

devidos a fissurações na peça (internas e externas) e tensões residuais excessivas, que acabem por permanecer

após tratamento térmico. Os valores obtidos nestes cálculos serão confrontados com os valores fornecidos por

simulação de forjamento através de modelação por elementos finitos.

6.5.3 Correcção da expansão térmica

Os materiais das matrizes (aços) e das peças tem diferentes coeficientes de expansão térmica, como este é um

processo a quente tal tem de ser levado em linha de conta. Após cálculos de expansão linear dos materiais às

temperaturas de serviço especificadas (peça: 480ºC e matrizes: 430ºC) chegou-se à conclusão que as dimensões

lineares das cavidades das matrizes tem de ser 1,006265 das dimensões da peça (α(aço) = 11,7E-06/ ºC, α(Al) =

23,6E-06/ ºC [9]). As forças necessárias também aumentam devido ao aumento da área projectada, como esta

variação é de 1,257% o aumento de força máxima é: 12 ton < ∆Fmáx < 20 ton levando a um total de:

987 ton < Fmáx < 1.645 ton

6.6 Modelação geométrica das pré-formas e das matrizes

A modelação das superfícies das ferramentas foi feita através do SolidWorks 2008 de forma semelhante à da

peça, os modelos exportados do programa no formato IGES, utilizados depois no programa GiD 7.2. Este é um

programa de pré e pós-processamento para elaboração de malhas de elementos finitos para posterior simulação

em programas de elementos finitos dedicados (no caso o iForm-3D), recebendo depois os resultados da

simulação para visualização e tratamento.

6.6.1 Modelo 3D SolidWorks

Figura 6.7 – Superfície de matriz superior Figura 6.8 – Superfície de matriz inferior

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6.6.2 Modelo geométrico GiD 7.2

Figura 6.9 – Superfície superior Figura 6.10 – Superfície inferior

6.6.3 Malha de elementos finitos

Os elementos finitos utilizados para a malha das matrizes foram elementos triangulares de 3 nós, indicados para

superfícies, com a dimensão de referência de vinte (20), dimensão depois adaptada de forma automática pelo

programa às superfícies em particular.

Figura 6.11 – Superfície superior (782 elementos e

490 nós)

Figura 6.12 – Superfície inferior (2.404 elementos e

1.299 nós)

6.6.4 Modelo geométrico GiD 7.2 – pré-forma

A simulação foi efectuada apenas para a pré-forma de chapa, que se entendeu ser a mais adequada ao fabrico

desta peça, dado já ter um formato aproximado resultando em menores exigências para o processo global e

tornando-o mais expedito, embora não se exclua totalmente a hipótese de utilizar varão.

Figura 6.13 – Pré-forma chapa – modelo GiD

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6.6.5 Malha de elementos finitos – pré-forma de chapa

A malha utilizada para a simulação foi uma malha estruturada de hexaedros (8 nós) de forma paralelepipédica,

com ângulos o mais próximo possível dos 90º para permitir uma elevada deformação. No caso da pré-forma de

chapa a estrutura da malha foi: 3 divisões na espessura, 10 na largura (em cada volume dos três em que a peça

foi dividida) e 60 no comprimento, resultando em 3.900 elementos.

Figura 6.14 – Pré-forma chapa – malha de elementos finitos estruturada, no interior do modelo da matriz inferior

( notar os 3 volumes em que está dividida).

Figura 6.15 – Pré-forma chapa – malha estruturada, no interior do modelo da matriz superior

Figura 6.16 – Conjunto, com pré-forma chapa – modelo GiD

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6.7 Simulação numérica – método dos elementos finitos

6.7.1 Método dos elementos finitos

Sucintamente, o método dos elementos finitos é uma técnica matemática de aplicação numérica que consiste em

dividir um domínio, neste caso volumétrico, em vários volumes mais pequenos comunicando todos entre si

através de nós de ligação nos seus extremos, sejam estes cantos ou arestas. A estes volumes é aplicada uma

forma matemática das equações que regem o fenómeno15, tornando possível efectuar o cálculo do fenómeno

(deformação devida a forças/tensões externas) para cada elemento e fazendo depois a interacção com os

vizinhos. Assim é possível, elemento a elemento, desenvolver um cálculo que não se poderia aplicar ao corpo

por inteiro sem incorrer em simplificações exageradas.

Nesta simulação foram utilizadas as dimensões nominais da peça, sem corrigir o efeito da expansão térmica. Esta

correcção não foi feita por dois motivos: Não ser o aumento de força necessário muito significativo face à força

total estimada para o processo, e por se pretender observar se seria eventualmente possível obter esta peça por

forjamento a morno, sendo que nesse caso a influência da expansão térmica é muito inferior.

6.7.2 Parâmetros de simulação

Lei do material: σefec = 44,81ε0,1395 (MPa) (6.1) (Ludwik – Hollomon)

Tipo de atrito: µ = 0,1 (Prandtl)

Temperatura do processo: 480ºC (constante)

Nº do processo de simulação (steps)16: 60

Distância percorrida por passo: 1 mm

6.7.3 Pré-forma chapa

6.7.3.1 Extensões efectivas durante a deformação

Figura 6.17 – extensões efectivas – vista 1

15 Formulação variacional fraca das equações de equilíbrio de tensões. 16 Definidos no inicio da simulação, não ocorre necessariamente o deslocamento associado a cada passo, tal depende do desenrolar da simulação.

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59

Figura 6.18 – Extensões efectivas – vista 2

6.7.3.2 Tensões efectivas durante a deformação

Figura 6.19 –Tensões efectivas na peça

Figura 6.20 – Simulação forjamento – Gráfico carga/deslocamento

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

0 5 10 15 20 25

Ca

rga

(k

N)

Deslocamento (mm)

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60

6.7.4 Discussão da simulação

A simulação efectuada permitiu obter informação importante para o melhor conhecimento do desenrolar do

processo, embora não tivesse sido possível levar a simulação até ao fecho completo das matrizes. A simulação

não foi totalmente bem sucedida devido às grandes extensões que ocorrem em algumas zonas localizadas da

peça, levando à distorção exagerada de alguns elementos finitos da pré-forma conduzindo ao surgimento de

jacobianos negativos, mesmo antes do fecho das matrizes (aproximadamente na posição 21 mm), levando assim

à paragem forçada da simulação. Os próprios modelos de elementos finitos exigiam à partida consideráveis

recursos computacionais, mesmo escolhendo a malha estritamente necessária para obter resultados minimamente

fiáveis. Isto foi evidente nas várias simulações efectuadas, tendo várias sido efectuadas durante um período de

tempo superior a 4 horas e aquela que acima se apresenta decorrido por 12h consecutivas com recurso a 6

processadores em funcionamento paralelo.

Apesar de as simulações não terem chegado ao fim do fecho das matrizes, na simulação mais longa o seu

bloqueio deu-se numa posição na qual esse processo já se encontrava bastante avançado, tendo a peça assumido

já praticamente o formato final, sobretudo na zona sujeita às deformações mais severas e logo mais crítica para o

sucesso do fabrico da peça (ponta da pá) Apreciando visualmente as figuras (6.18) a (6.22), estas sugerem

extensões médias inferiores a 0,4 e tensões médias de cerca de 35 - 45 MPa, ficando próximas dos valores

obtidos pelo método da energia uniforme (38,8 MPa), mas neste caso a deformação ainda não se encontra

completa, logo é de esperar que ainda ocorram aumentos significativos da tensão média. As extensões efectivas

coincidiram com o esperado, sendo mais pronunciadas na ponta da pá devido a maior deformação imposta. O

escoamento também decorreu de acordo como esperado, com migração muito significativa de material da região

da ponta para as zonas posteriores da pá. Observando a zona mais deformada da pá vê-se que a cavidade já se

encontra no essencial preenchida17, não surgindo rebarba, indo assim de encontro ao pretendido. Não se tendo

formado rebarba até este momento nesta região, não se espera que se venha a formar noutra, uma vez que as

deformações serão menos intensas.

Figura 6.21 – Gráfico da carga com regressão polinomial

17 O material remanescente está a escoar para a região posterior da pá e não a encher as secções locais.

y = 82,407x3 - 4186,1x2 + 70920x - 400610

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 5 10 15 20 25

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61

O valor para a carga aplicada à ferramenta (punção) no momento da paragem era de 5.800 kN (591,84 ton), com

curva de evolução de crescimento muito pronunciada. A partir da regressão polinomial obtida no gráfico

carga/deslocamento estimou-se a força necessária para o fecho total da matriz sabendo-se que para obter o fecho

completo faltavam cerca de 1,6 mm, para enquadrar os valores dentro de um intervalo de incerteza calculou-se

igualmente a força para a posição de 22 mm e para a posição de 23 mm:

F (22,6) = 15.328 kN (1564,09 ton)

F (22) = 11.027 kN (1.125 ton)

F (23) = 18.749 kN (1.913 ton)

Estes valores são consistentes com os obtidos antes pelo método da energia uniforme (Fmáx < 1.625 ton), indo

de encontro às estimativas iniciais e não ultrapassando a capacidade das prensas de 2.000 ton.

6.8 Controlo de qualidade

6.8.1 Métodos não destrutivos (aplicáveis ao material da peça)

- Radiografia com raios X

- Correntes induzidas

- Dureza

A inspecção com ultra-sons não é indicada para uma peça com esta forma geométrica, uma vez que se torna

difícil garantir uma boa transmissão de som entre o transdutor e a peça. As informações para esta secção foram

obtidas em [30] e [31].

6.8.1.1 Radiografia com raios X18

- Trata-se de um método em pleno uso na indústria e é automatizável.

- Permite inspeccionar todo o volume da peça.

- Permite efectuar registos (radiografias)..

- Muito eficaz a detectar os seguintes defeitos: poros, contracções internas, contracções internas, fendas

verticais, inclusões.

6.8.1.2 Correntes induzidas: trata-se de um método adequado a inspecções das superfícies das peças. Consiste

em induzir correntes eléctricas nas peças através de um campo magnético variável (correntes de Eddy ou

Foucault), cujas características são comparadas com o registo de referência (amostra padrão) de uma peça sã de

modo a detectar a presença de defeitos.

- Apenas permite inspecção a profundidades até 6 mm.

- Permite detectar fissuras, poros, cavernas e picadas tipo agulha.

- Facilmente automatizável e fácil de instalar em série.

18 : Defeitos planos e paralelos à direcção da radiação não são detectáveis, logo para uma inspecção rigorosa do volume da

peça, os ensaios com raios X devem ser efectuados em mais de uma direcção.

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62

Métodos mais directos, como a inspecção por líquidos penetrantes não são práticos de aplicar na produção em

série desta peça, o que não impede o seu uso em amostragens dos lotes produzidos. No entanto, o método de

correntes induzidas permite detectar com eficácia os defeitos mais problemáticos do ponto de vista estrutural e

de fadiga. Como a espessura máxima da peça é de 12,5 mm, as regiões mais críticas da peça podem ser

completamente inspeccionadas recorrendo apenas a este método, dispensando a radiografia, desde que seja

suficiente para garantir a qualidade da peça.

6.8.1.3 Dureza: trata-se de aferir a qualidade da têmpera através de medição de parâmetros de dureza do

material. Os processos são geralmente conhecidos pelo nome do indentador utilizado, tendo cada um deles

normas para medição da dureza. Baseiam-se, em geral, na área da marca deixada pelo indentador. Os valores de

dureza para cada material encontram-se na tabela abaixo:

Material/Dureza Brinell (HBN) Vickers (HV)

AA5052-H32 60 68

AA6061-T6 95 107

AA6061-T4 65 75

Tabela 6.4 – Durezas Brinell e Vickers

6.8.2 Testes geométricos

Destinam-se a aferir as dimensões da peça e a confirmar se estão dentro das tolerâncias dimensionais e

geométricas. Existem vários métodos utilizáveis para este fim, mas os mais expeditos para o fabrico em série

são:

- Visão artificial

- Levantamento de coordenadas por laser

Ambos obrigam as peças a assumir uma dada posição padrão numa plataforma de modo a fazer a recolha de

imagem ou de coordenadas geométricas. Esta plataforma pode ser facilmente intercalada numa linha de

montagem ou em células de trabalho de instalações industriais. Para mais informação, consultar [32].

6.8.2.1 Visão artificial: baseia-se na recolha de imagem do objecto através de uma camâra de video, sob

condições de iluminação constante. De seguida é feita a comparação entre a imagem recolhida e uma imagem

padrão na memória de um computador associado. Este sistema permite detectar prontamente defeitos

geométricos na periferia da pá, em particular no seu perímetro. Encontra-se em utilização corrente em várias

indústrias, com destaque para a automóvel. Sistemas mais aperfeiçoados poderão permitir visão em

profundidade, possibilitando a detecção de um leque variado de defeitos superficiais macroscópicos.

6.8.2.2 Levantamento de coordenadas por laser: o sistema em causa permite fazer o levantamento das

coordenadas geométricas da superfície da peça através do uso de um feixe laser pulsado e depois efectuar a

comparação entre as coordenadas resultantes da leitura e de um modelo informático padrão na memória do

computador controlador associado, verificando se estas estão dentro das tolerâncias admissíveis.

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63

6.9 Custos

6.9.1 Custo final da peça

Não foi possível elaborar uma análise de custos precisa, pois tal apenas pode ser feito num estudo muito

aprofundado do mercado e dos equipamentos, logo procurou-se obter uma estimativa do custo de cada peça

procurando valores de referência, fórmulas ou simuladores informáticos para estimativas de custo de peças

forjadas. Não se conseguiu no entanto encontrar nenhum destes meios apesar de busca exaustiva. Tal pode estar

associado à existência de muitas variantes deste processo de fabrico, obrigando a cálculos específicos para cada

peça em concreto. Mas foi possível encontrar informação sobre processos de fabrico num site de apoio ao

engenheiro [40], onde é possível obter estimativas para o custo de fabrico de peças pelos processos de fundição

injectada em molde permanente e pelo processo de maquinagem.

Como vem indicado em [4], o custo de uma peça forjada por precisão é inferior em 80 a 90% ao custo de uma

peça fabricada por maquinagem. De forma semelhante a fundição injectada de alumínios exige pressões de

injecção do metal semelhantes às pressões finais aplicadas ao material pelas matrizes de forjamento (até 117,6

MPa), obrigando a utilizar forças de fecho dos moldes semelhantes às necessárias a aplicar para o fecho das

matrizes de forjamento. Aliás, o forjamento de precisão e a fundição injectada são processos que mantém uma

feroz concorrência entre si, considerando-se ser o processo de forjamento 25 a 50% mais caro que o de fundição,

mas fornecendo peças com melhores características mecânicas e de acabamento.

Assim através dos simuladores em [40] fez-se a estimativa aproximada de custos da peça fabricada pelos dois

processos acima citados (relatórios das simulações em anexo), procurando enquadrar o custo da peça fabricada

por forjamento de precisão entre ambos os anteriores.

Resumo dos resultados

Nota: Preços médios da indústria nos Estados Unidos da América – 2011, convertidos para € (1$ = 0.75€,

câmbio de 2/10/2011). Nº de peças a fabricar: 500.000

Fundição injectada de alumínio

Liga A360.0

Custo do material: 4,254€/peça

Força de fecho da moldação: 1121,1 Ton

Nº de peças/hora: 67

Custo do processo:

- tolerâncias > 0,5 mm: 2,485€/peça

- tolerâncias <0,02 mm: 2,636€/peça

Custo total:

- tolerâncias > 0,5 mm: 6,739€/peça

- tolerâncias <0,02 mm: 6,89€/peça

Maquinagem

Liga AA6061-T4

Custo do material: 7,29€/peça

Peso da pré-forma: 2,86 Kg/peça

Peso da peça: 1,056 Kg/peça (nota: o peso é

inferior ao da peça real para simular o trabalho

adicional de maquinagem das faces de ambos os

dorsos, obrigando a ferramenta a remover uma

quantidade de material superior à necessária)

Custo do processo: 54,14€/peça

Custo total: 64,46€/peça

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Agora é necessário efectuar as correcções para estimar o preço da peça forjada por precisão:

Fundição injectada: 6,89×1,5 = 10,34€/peça

Maquinagem: 64,46×(1 - 0,8) = 12,89€/peça

Contando com o custo do tratamento de precipitação, estimado em 20% do custo da peça:

12€ < Custo da peça < 15,6€

Considerando o custo do cubo como equivalente ao de uma pá, o custo total da turbina (sem parafusos) fica em:

48€ < Custo total < 62,4€

A massa final da turbina (3 pás + cubo + parafusos/porcas/anilhas), fica aproximadamente em: 5,25 Kg

Cadência de produção:

Através da equação (…) acima e considerando que os valores h0 = 9 mm ⇒ εméd = 0,365 m/m, calcula-se a

velocidade média da ferramenta como 0,9 mm/s. Mas tendo em conta a definição de velocidade de deformação e

para confirmar o valor acima, utilizou-se a equação (…), a qual deu um valor de 0,754 mm/s. Se

considerássemos o tempo necessário para percorrer a distância entre h0 = 9 mm e hm = 6,25 mm, o tempo de

forjamento seria de 3,06 s < t < 3,65 s, no entanto tais valores foram encarados com reserva. Observando as

simulações e as geometrias estimou-se que a distância percorrida na qual ocorre deformação em escala

apreciável é cerca de 18 – 20 mm, assim com as velocidades médias de ferramenta obtidas, o tempo de

forjamento obtido fica em 20 s < t < 26,5 s, indicando uma cadência mínima aproximada de 2 a 2,5 peças por

minuto, contando com as operações complementares, mas esta trata-se de uma abordagem muito conservadora.

Considerando um tempo de processo de 10 s, a cadência seria de 6 peças/min. A estimativa da distância na qual

as deformações são significativas foi confirmada pela simulação em elementos finitos.

6.9.2 Aproveitamento da matéria-prima

6.9.2.1 Pré-forma chapa

Observando os catálogos ALCOA [17], [19], obteve-se a informação que os comprimentos máximos das placas

podem ir até 20.000 mm (20 m), com larguras até 3.150 mm. Para este caso assume-se que as chapas a utilizar

têm um comprimento máximo de 6.000 mm, com largura de 2.000 mm, estas dimensões foram adoptadas pois

são dimensões convenientes para o transporte intermodal em camião, logo algumas das dimensões padrão de

chapas fabricadas não se deverão afastar muito destes valores.

Comprimento da peça: 917,5 mm, área da pré-forma: Apré-forma = 57.082,50 ��; , ou seja 0,057083 �;.

A divisão da chapa foi feita em troços de 920 mm de comprimento, representando os 2,5 mm de diferença o

material desperdiçado no corte da pré-forma (por arranque de apara ou por plasma). Achapa = 1,84 �;

Achapa/Apré-forma = 32,234 (6.28)

Ou seja, 32 pré-formas por segmento de chapa da matéria-prima. O desperdício resultante é equivalente a 23,4%

de uma peça final, o que a dividir pelo número de peças obtidas a partir do segmento dá 10,12g/peça (0,73%).

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65

6.9.2.2 Pré-forma varão

A pré-forma de varão é obtida a partir de barra e tem por natureza muito elevado rendimento de material no

processo, com pouco ou nenhum desperdício resultante no caso de forjamento de precisão, especialmente

quando se recorre a corte por arrombamento para o corte das pré-formas, logo a análise ficará por aqui.

6.10 Conclusões do estudo do processo

A peça é realizável e o processo estudado é viável à escala industrial, exigindo prensas de capacidade algo

elevada, mas ainda dentro de uma gama relativamente comum, disponíveis em versões hidráulicas e mecânicas19

e em pleno uso para a produção de grandes e muito grandes séries, em particular na indústria automóvel.

O método dos elementos finitos, apesar de não ter simulado totalmente o processo, permitiu confirmar os

resultados obtidos pelo método da energia uniforme. No entanto resultados definitivos apenas serão possíveis

correndo a simulação até ao fim do processo, algo que exige meios computacionais mais poderosos que os que

havia disponíveis, como por exemplo, refinadores automáticos de malha, e bastante tempo computacional.

19 Em particular de parafuso. Para informação sobre prensas e fabricantes consultar [33], [34], [35], [36], [37].

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66

Capítulo 7

Protótipo

7.1 Objectivos

Ao produzir um protótipo pretendeu-se validar os resultados da simulação em elementos finitos obtidos através

do iForm 3D.

No entanto, restrições de equipamento e tempo obrigaram a recorrer a um modelo à escala e noutro material que

não o alumínio, mas continuando a permitir validar os resultados da simulação numérica.

O material seleccionado foi uma liga de chumbo, decorrendo o processo de forjamento a baixa temperatura (a

frio). O chumbo foi escolhido pela sua elevada ductilidade à temperatura ambiente, disponibilidade imediata e

capacidade de modelar com precisão o escoamento de alumínio em forjamento a quente.

7.2 Fabrico das matrizes

O material definido para as matrizes foi uma liga de alumínio. A escala escolhida para o protótipo em modelo foi

0,12 das dimensões nominais.

As ferramentas foram modeladas em 3D através do programa SolidWorks 2008, sendo a geometria exportada no

formato IGES, submetida a correcção em GiD 7.2 e fornecida para elaboração do modelo CAM (Computer

Aided Manufacturing) com o programa MasterCAM.

Figura 7.1 – Modelo 3D (SolidWorks) da ferramenta matriz inferior – escala 0,12

Figura 7.2 – Modelo 3D (SolidWorks) da pá – escala 0,12

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Figura 7.3 – Modelo 3D (SolidWorks) da ferramenta matriz superior – escala 0,12

7.3 Propriedades constitutivas do material

Figura 7.4 – Extensão efectiva – tensão efectiva

7.4 Cálculo da peça forjada

Os cálculos são baseados no método da energia uniforme [3]. A peça é aproximada por uma forma elementar

equivalente.

7.4.1 Pré-forma

A pré-forma tem o volume correspondente à peça a escala reduzida, tendo o valor de V = 8,8466E-07 ��, obtido

pelo comando “Mass properties” do SolidWorks. A área projectada é de Ap = 1,182E-03 �;.

hm = 7,5E-04 m

A pré-forma é um modelo à escala reduzida da pré-forma original, que se confirma possuir o mesmo volume.

h0 = 1,08 mm. Claro que esta espessura não estaria disponível, logo é necessário ajustar o formato da pré-forma

para uma espessura de 1,5 mm, conservando o volume total inalterado para minorar a influência sobre o modelo

de deformação estudado por elementos finitos, contribui igualmente o facto de usar uma liga de chumbo como

modelo de ensaio devido à sua elevada ductilidade. Assim h0 = 1,5E-03 m.

y = 17,157x0,1198

0

5

10

15

20

25

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

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��Ié£ = 0,1 Z<B (7.1)

εmédia =0,693 (7.2)

σ = 17,157ε0,1198 (MPa) (7.3)

Para εmédia =0,693: σefec = 16,42 MPa (7.4)

v = 0,75 mm/s ( por (…)) (7.5)

p = σefecQp : 49,26 MPa < p < 82,1 MPa (7.6)

Fmáx = σefecApQ: 58 kN < Fmáx < 97 kN ⇔ 5,94 ton < Fmáx < 9,9 ton (7.7)

7.5 Conclusões

Infelizmente, apesar dos preparativos efectuados não foi possível realizar os ensaios experimentais. Isto sucedeu

devido às matrizes não terem sido fabricadas em tempo útil por parte do Laboratório de Tecnologia Mecânica, e

quando tal informação foi conhecida já era demasiado tarde para efectuar a encomenda a um fornecedor externo,

uma vez que o prazo para entrega das dissertações estava a chegar ao fim.

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69

Capítulo 8

Processos alternativos de fabrico

8.1 Materiais

Os materiais são os mesmos escolhidos anteriormente ligas de alumínio AA6061-T4 /T6 ou AA5052-H32

8.2 Processos de fabrico

8.2.1 Forjamento em martelo de queda

Trata-se de um equipamento que consiste numa massa com algumas toneladas (martelo gravítico), largada de

uma certa altura sobre uma mesa (bigorna). As matrizes são montadas no martelo e na bigorna e consistem em

matrizes fechadas. Existem diversas variantes, desde gravíticos simples a queda assistida com sistemas de vapor

ou pneumáticos.

Figura 8.1 – Martelo de queda assistida – Diagrama Figura 8.2 – Martelo de queda gravítico

Este sistema já é utilizado no fabrico de hélices de alumínio para aviões, sobretudo para avionetas cujo diâmetro

de hélice é de cerca de 2 m, logo semelhante ao da turbina eólica em estudo. Mais, estas hélices são fabricadas

tanto em pás individuais para posterior montagem num cubo de passo variável, como em hélices já completas de

passo fixo, incluindo na mesma peça as pás e o cubo. As hélices indicadas destinam-se a transmitir potências de

algumas dezenas a centenas de kW, a velocidades de rotação até 2000 – 3000 rpm. A variante de martelo

utilizada no fabrico destas peças é a de queda assistida [4]. O exposto atrás demonstra a total viabilidade em

utilizar este processo no fabrico de pás de turbina.

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70

Outra vantagem é o facto de as matrizes apenas serem aquecidas a temperaturas de 95-150ºC, ao contrário do

que sucede nas matrizes montadas em prensas hidráulicas, onde se exige temperaturas entre 315-430ºC. Esta

diferença justifica-se com a maior velocidade de deformação no martelo, que leva a um elevado aquecimento do

material. A desvantagem deste sistema é exigir maior energia de deformação. Este processo permite no caso dos

hélices de avião, obter peças com dimensões muito próximas da final, exigindo pouco acabamento [4].

As pré-formas continuam a ter de ser aquecidas a temperaturas entre 405ºC e 480ºC (AA5052 e AA6061), mas

existe a possibilidade de facilitar o fabrico de pré-formas, uma vez que este processo permitiria utilizar chapas

quadradas simples, desde que na matriz se encontrassem cavidades múltiplas e a matriz fosse projectada de

maneira a escoar o material no espaço intercavidades para o interior das mesmas, formando a peça, e deixando

uma quantidade residual de material neste espaço, que seria ejectada em conjunto com as peças depois da

abertura do molde, e sendo as rebarbas que ficam presas à peça posteriormente removidas em processo de

acabamento.

A maior desvantagem deste processo é o de existirem relativamente poucos martelos de queda, e ser este

provavelmente, um equipamento dispendioso de manter, embora em termos de custo inicial não deva ultrapassar

o de uma prensa hidráulica de capacidade equivalente.

O material mais indicado para este processo é a liga AA6061, pois com tal grau de deformação violenta a peça

tem de ser tratada termicamente por solubilização e endurecimento por envelhecimento natural (T4) ou artificial

(T6).

8.2.2 Forjamento com pré-forma fresada (proposta de uma nova variante do processo)

É uma variante do processo principal, com o objectivo de reduzir as cargas necessárias na prensa. Para o

conseguir são fabricadas pré-formas com formato aproximado ao da área planificada da peça, numa espessura

pouco inferior à espessura média da peça. De seguida maquina-se a zona correspondente ao bordo de fuga, de

maneira a ficar com um formato mais próximo do bordo de fuga final. Assim as deformações necessárias para

obter a peça final serão muito menores, reduzindo as cargas necessárias.

Surge igualmente a possibilidade de utilizar forjamento a frio ou a morno, em qualquer das ligas, efectuando

depois os tratamentos térmicos às ligas 6061 e no caso da liga 5052-H32, fazendo um tratamento de alívio de

tensões (recozimento), para o material retomar uma condição próxima da original.

8.2.3 Enformação de chapa (proposta de uma nova variante do processo)

Neste caso a ideia base é combinar as operações de estampagem e forjamento de chapa de modo a conseguir

obter uma casca com o formato da peça. Esta casca fica já dimensionada para resistir aos esforços solicitados à

peça. Resulta pois uma peça final em grande parte quase maciça, sendo o espaço vazio restante preenchido com

enchimentos poliméricos de natureza ainda a definir, mas em particular espumas.

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71

Os passos do processo são os seguintes:

- Obter uma pré-forma de geometria adequada, com uma área um pouco inferior a duas vezes a área

planificada da peça. Nota: esta área refere-se ao material a incorporar a peça final, poderão haver abas a

remover.

- O processo é feito em prensa.

- Usar matrizes fechadas em V (a 90º), com o extradorso do perfil num dos lados do V e o intradorso no

outro. Estas são matrizes de forjamento, mas as cavidades tem espessuras de chapa

O objectivo é reduzir as cargas aplicadas no processo e as quantidades de alumínio consumido. A combinação

com estampagem tem o objectivo de conseguir uma redução da espessura da chapa na região do bordo de fuga e

da ponta da pá, através de tensões de tracção. A componente de forjamento faz o acabamento da geometria do

aerofólio e reduz (de preferência elimina), a recuperação elástica do material.

Se possível seria de evitar a presença de abas, a bem da economia de material e da redução de operações de

acabamento.

Após a enformação da chapa, esta sai num formato em V, logo é necessário efectuar uma dobragem à peça para

conseguir formar o aerofólio.

A peça sai da prensa com uma dobragem de cerca de 90º. Para efectuar a restante dobragem para obter a peça

fechada, o equipamento para levar a cabo esta operação terá de dispor de cavidades com o formato do extradorso

e do intradorso de modo a evitar distorções durante a última dobragem, a dobragem é então feita de modo a obter

o formato final. Esta operação pode ser feita em máquina específica a projectar ou em quinadora adaptada para

esta operação. O passo de enchimento do interior da peça com espuma deve ser efectuado nesta operação,

funcionando este enchimento como um encostador interno para evitar enrugamentos ou distorções na peça,

embora esse risco seja algo baixo, devido à dobragem implicar uma deformação muito localizada do material da

peça na linha extrema do bordo de ataque. Após dobragem tem de se fechar a secção da peça, soldando o bordo

de fuga. Para evitar distorções, o melhor processo é efectuar soldadura por pontos de resistência, eventualmente

reforçada por adesivos, Em alternativa soldadura por pontos TIG20 [16].

Acabamentos: consistem em retirar eventuais abas sobrantes do processo parcial de estampagem, sendo estas

removidas com ferramentas de corte de operação manual, por processos a frio, para evitar o risco de distorção da

peça. No caso de produção em larga escala, existe a opção de desenvolver ferramentas automáticas para fazer

este corte, de preferência logo após a operação de enformação.

Este processo, a ser confirmada a viabilidade, fornece a peça com a melhor relação resistência / peso, e mais

importante, permitiria obter peças por deformação plástica a frio, com pouco ou nenhum tratamento térmico

posterior. Sendo assim um processo indicado para a utilização em grande escala do material AA5052-H32.

20 TIG – Tungsten Inert Gas

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72

8.2.4 Quinagem e soldadura – peça simplificada

O processo de quinagem tem grandes convenientes para a produção deste tipo de peça, a saber:

- Trata-se de um processo de enformação de chapa sem variação de espessura, logo exigindo forças muito

inferiores à enformação e ainda menos quando comparado com o forjamento.

- Encontra-se muito difundido e está presente em quase todas as pequenas oficinas.

- Permite razoáveis cadências de produção, sobretudo quando comparado com os custos do equipamento.

- As matrizes podem ser muito económicas, sobretudo neste caso, no qual a matriz seria elastomérica.

- É um processo a frio.

- Exige consumos energéticos muito inferiores aos do forjamento.

- É ideal para a liga AA5052-H32.

- Pode-se usar uma única pré-forma de chapa, formando o perfil por quinagem em matriz elastomérica, com

dobragem da chapa para formação dos dorsos.

- Fácil de adaptar para dimensões superiores da peça (scale-up).

Mas devido ao formato da peça, este processo tem igualmente desvantagens sérias:

- Distorce o perfil aerodinâmico da peça, pois não é possível reduzir a espessura da chapa. Isto torna-se

particularmente grave consoante se progride ao longo da pá na direcção da ponta, sendo essa a zona onde se

dá a maior parte da captação de energia. Nesta zona e conservando a espessura da chapa, o perfil

aerodinâmico sofreria tal distorção que se tornava de facto inútil, captando pouca ou nenhuma energia.

- Para conseguir a torção ao longo da pá, vai ocorrer com grande probabilidade um elevado número de peças

distorcidas longitudinalmente devido a escorregamentos sofridos pela chapa ao acomodar-se ao perfil

curvado e variável que lhe é imposto.

Para resolver estes problemas e permitir um fabrico eficaz, muito económico e versátil da peça, propõem-se as

seguintes modificações:

- Eliminar a torção do perfil.

- Adaptar para a ponta da pá uma das secções da região intermédia, minorando a severidade da variação de

dimensões da secção ao longo da pá

- Ajustar o ângulo de ataque da pá a estas modificações.

Claro que estas modificações acarretam um custo, pois introduzindo-as o desempenho desta pá será muito mais

fraco que o da original. Para equilibrar um pouco estas perdas, o ângulo de ataque da pá pode ser modificado

através da torção da haste do cubo, ajustando-o ao ângulo mais eficaz para esta pá modificada (a determinar).

Mesmo assim, estimam-se perdas de Cp na ordem de 50%.

Apesar desta degradação de propriedades aerodinâmicas, o facto de esta abordagem permitir produção

massificada a baixo custo e mais importante, com grande versatilidade quanto aos locais onde se pode produzir,

pode compensar o baixo rendimento da pá. Claro que ao reduzir-se a eficiência aerodinâmica e logo a captação

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de energia, as tensões no material vão ser menores para o mesmo diâmetro permitindo, em alternativa, usar

chapa mais fina e conseguir um bordo de fuga menos distorcido pela espessura da chapa.

Após a quinagem, os bordos da chapa devem ser unidos através de soldadura por pontos de resistência ou por

fricção (a frio). Eventualmente o acabamento do bordo de fuga pode ser melhorado, ou por desbaste de chapa em

excesso através de fresagem, ou deixando menos chapa no bordo superior, e efectuar depois enchimento com

tiras de polímero, feitas propositadamente para esse fim e fixas à chapa inferior com rebites.

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74

Capítulo 9

Viabilidade

9.1 Sustentabilidade

Foram efectuados estudos de sustentabilidade com recurso a uma ferramenta específica de simulação do

SolidWorks 2010/11. Estes estudos abordaram os custos ambientais e energéticos dos processos de fabrico da

peça, fabrico do material, transporte da região de produção para a de consumo e fim de vida da peça.

Os parâmetros abordados no estudo são:

- Dióxido de carbono emitido (CO2)

- Eutrofização da água (PO4): associada aos fosfatos

- Acidificação do ar (SO2): associada ao dióxido de enxofre)

- Energia total consumida

As tabelas com os resultados são apresentadas em anexo. Desses resultados conclui-se que em termos de

sustentabilidade ambiental a produção da peça na Europa para utilização na Europa é ligeiramente mais

vantajosa em relação à produção na Ásia com transporte para a Europa. Mas os custos de mão-de-obra asiáticos

darão a vantagem ao fabrico na Ásia em detrimento da Europa, mesmo com os custos de transporte para a

Europa ou para a América do Norte. Já quanto à sustentabilidade dos processos de fabrico, o processo de

forjamento é o mais eficiente sob todos os parâmetros, ficando o processo de maquinagem e fundição injectada

aproximadamente ao mesmo nível entre ambos. Note-se no entanto não ser o processo de fundição adequado a

estas ligas, sendo utilizado apenas como termo de comparação. Assim conclui-se ser o método de forjamento o

mais indicado, e a maquinagem uma alternativa viável para o fabrico de muito pequenas séries a custo elevado.

9.2 Comparação com turbinas semelhantes

Fabricante/Modelo Diâmetro

(m)

Peso (conjunto) (Kg)

Vel. Arranque

(m/s)

Potência nominal (eléctrica) (W)

Prod. mensal (kwh)

Uméd (m/s)

Preço €

(2010)

Material da pá

Whisper 100 2,1 21 3,4 900 (12,5 m/s) 100 5,4 3679 Fibra de vidro

Whisper 200 2,7 30 3,1 1000 (11,6 m/s) 200 5,4 4379 Fibra de vidro

Raum Energy 1,5 KW 2,9 39 3,3 1500 (11 m/s) 230 5 4900 Fibra de vidro

Fortis Passaat 1,4 KW 3,12 75* 4 1400 (16 m/s) ND21 ND 7654 Fibra de vidro

Hummer 1KW 3,1 65 3 1000 (9 m/s) 250 5,5 4750 Fibra de vidro

Bergley XL.1 2,5 34 3 1000 (11 m/s) 195 5,5 1465 ND

Aeoles H 1000W 3,2 60 2,5 máx 1200 (11 m/s)

260 5,4 ND ND

Southwest Skystream 3,7

3,72 77 3,5 máx 2400 (9 m/s) 400 5,5 13200 ND

Aeoles H 2000W 4 125 2,5 máx 3000 (11 m/s)

430 5,4 ND ND

* Total: 75 Kg, pás: 12 Kg, gerador: 25 Kg, estrutura e leme: 26 Kg

Tabela 9.1 – Características gerais de várias turbinas eólicas.

21 ND – Não Disponível

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As turbinas apresentadas acima são modelos actualmente em produção. Da referência [25] estima-se que a

diferença entre a potência eléctrica fornecida pelos geradores associados às turbinas esteja entre 80 e 90% da

potência mecânica da turbina. Consideramos assim uma média de 85%. Daqui resulta que a potência eléctrica

média a esperar da turbina projectada será de 1700 W (1,7 kW).

Como se pode ver acima, para diâmetros de turbina próximos daquele da turbina projectada, as potências das

turbinas actualmente no mercado são bastante inferiores, atingindo-se valores de potência semelhantes apenas

em turbinas com diâmetros de rotor bastante superiores, logo com áreas de varrimento muito maiores. Tentou-se

justificar tal disparidade com o rendimento eléctrico dos geradores e da electrónica de potência associada,

todavia, da leitura de [25] cedo se concluiu que esta diferença não pode provir toda dessa origem. Fica pois a

hipótese de os perfis aerodinâmicos escolhidos para as pás destas turbinas não serem os mais eficientes, tendo tal

sido uma escolha deliberada com o objectivo de limitar as tensões nos materiais das pás (fibra de vidro)

aumentando o momento de inércia da secção, baixando as tensões de flexão e conferindo assim uma vida mais

longa à fadiga. Tal coincidiria com as conclusões tiradas neste trabalho aquando do estudo dos materiais

passíveis de utilizar nas pás da turbina.

9.3 Estimativa de produção de energia e viabilidade económica

Assumindo que a turbina roda o equivalente a 2000h/ano à potência máxima (valor médio típico em locais com

condições de vento que cumpram os mínimos apropriados): Produção anual: 4000 kWh (333 kWh/ano)

Este valor é consistente com os valores obtidos para turbinas semelhantes.

Preço assumido para a electricidade: 0,10 €/kWh

Considerando vida útil de 20 anos: 8.000 €

Considerando vida útil de 30 anos: 12.000 €

Considerando vida útil de 50 anos: 20.000 €

Os rolamentos podem ser substituídos e os equipamentos eléctricos e de controlo podem sofrer manutenção e

reparação intermédias permitindo tirar o máximo partido dos componentes mecânicos. Os preços da

electricidade e o custo de oportunidade do capital investido permanecem aproximadamente em linha com a

inflação, logo os valores indicados acima mantém-se válidos. Caso ocorra escassez energética, tal beneficiará

este tipo de energia pelo aumento de preços. Assim o custo máximo recomendável para a instalação de um

sistema eólico que use esta turbina é de 8.000€. O ideal numa fase inicial seria um custo máximo de 5.000 €.

Apesar de turbinas com potências similares serem vendidas a 13.000 € (2010), a forma mais eficiente de

massificar a instalação deste tipo de turbinas é reduzir o preço final de uma instalação, de modo a que esta se

pague, em média, após 20 anos de serviço, sem contar com subsídios à produção que são por natureza precários

e com grau de incerteza ao longo de períodos de tempo tão longos.

O custo estimado para a componente da turbina representa apenas cerca de 1,25% dos 5.000 €, logo existe muita

margem para encaixar o custo dos restantes componentes do sistema eólico custos de instalação e as margens

comerciais dos fabricantes e instaladores.

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Capítulo 10

Sistemas de segurança da turbina

Como se pode observar da distribuição de Rayleigh para U = 8 m/s, ocorrerão algumas horas por ano de ventos

fortes, ultrapassando a velocidade de vento nominal de 13 m/s e em certas alturas atingindo velocidades muito

altas. Também é conhecida a eventualidade de fenómenos atmosféricos extremos em muitos locais, como

tempestades com rajadas atingindo velocidades acima de 120 km/h (33 m/s). Assim, e para evitar que a turbina

seja danificada ou mesmo destruída, é necessário utilizar um sistema de segurança. Existem actualmente vários

sistemas já desenvolvidos, mas apenas abordamos os mais comuns para esta classe de turbinas.

Não vai ser feito projecto, apenas referência e explicação dos conceitos base:

10.1 Furling :

Consiste em manter um sistema mecânico de actuação gravítica ou por mola

Figura 10.1 – Sistema de protecção furling – vista

superior

Figura 10.2 – Sistema de protecção furling – vista

lateral

A caixa do gerador está montada numa articulação com uma pequena distância lateral (braço) do poste de

suporte. Esta articulação liga ao leme lateral, dispondo este de uma articulação própria que pode igualmente

oscilar lateralmente. Quando a força segundo o eixo da turbina (thrust) atinge um certo nível, (que está ligado à

velocidade do vento devido à componente da força de sustentação segundo o eixo da turbina), a turbina começa a

inclinar lateralmente assumindo um ângulo com o vento incidente. Assim a energia que entra na turbina é menor

do que se esta estivesse na perpendicular ao vento. A inclinação é tanto maior quanto maior for o vento e pode

mesmo levar a turbina a ficar fora do vento em caso de rajadas fortes, atingindo essa inclinação ângulo de 90º.

Figura 10.3 – Sistema de protecção furling – diagrama de funcionamento

A não ser neste caso-limite, a potência mantém-se sempre próxima da nominal, mesmo em “furling”.

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10.2 Stall:

Neste caso o método é induzir a perda de sustentação por separação de camada-limite (stall) no aerofólio. É mais

simples que o anterior, pois não exige articulações adicionais, mas leva a uma menor eficiência energética nas

condições de vento acima da velocidade nominal, já que a perda se acentua dramaticamente levando a uma

queda pronunciada da eficiência. Para atingir a condição de perda é em geral necessário acrescentar à pá uma tira

indutora de separação da camada-limite na zona próxima da raiz do aerofólio.

Em ambos os métodos é necessária a presença adicional de um travão de emergência automático que possa

travar a turbina em caso de ocorrer um descontrolo de rotação, ou seja tem de ser accionado com base na rotação

da turbina.

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Capítulo 11

Conclusões finais

Através dos estudos realizados concluiu-se terem sido plenamente atingidos os objectivos propostos no início

desta dissertação.

Foi possível através do processo de fabrico por forjamento de precisão obter uma peça com elevada resistência

mecânica, longa vida útil22 sendo esta bastante económica, desde que fabricada em grande escala (séries

superiores a 100.000 unidades).

Os factores de segurança empregues permitem não só uma longa vida útil e uma elevada tenacidade aos

fenómenos climatéricos e dinâmicos extremos, como também protecção adicional contra pequenos defeitos de

fabrico inerentes ao material e/ou ao processo, que escapem ao controlo de qualidade, continuando a permitir a

durabilidade e segurança da peça em serviço.

O processo de fabrico estudado (forjamento de precisão a quente) demonstrou ter capacidade para a produção

desta peça com qualidade, em grande escala e com cadências de produção razoáveis, em especial tendo em conta

as dimensões da peça.

O processo apenas é economicamente viável na produção de grandes séries devido aos avultados investimentos

iniciais em equipamento23, mas a partir do momento em que se atinja a plena produção é um dos processos de

produção mais eficientes do ponto de vista económico, sobretudo quando se tem em conta a qualidade final

típica das peças forjadas por precisão, tanto em termos de características mecânicas, como de acabamento

superficial.

O custo final estimado para a peça é muito competitivo, ficando a turbina completa por um custo estimado

abaixo dos 100€.

A turbina para a qual foram projectadas as pás neste trabalho supera as turbinas24 actualmente presentes no

mercado em todas as características energéticas, segundo os cálculos efectuados e a informação recolhida, em

durabilidade e peso total.

Desenvolvimentos futuros:

- Processo de enformação/forjamento de chapa: conseguir a mesma geometria, mas uma peça mais leve e num

processo de deformação a frio com menores exigências de equipamento (prensas e fornos).

- Processo de quinagem em matriz polimérica: obter uma versão simplificada da pá, destinada a uma produção

mais distribuída e com investimentos iniciais em equipamento relativamente modestos.

22 Condição de vida infinita à fadiga e elevada resistência à corrosão. 23 Embora exista sempre a hipótese de numa fase inicial subcontratar o fabrico da peça a empresas dedicadas ao processo de forjamento, investindo no fabrico próprio apenas após estabelecer mercados sólidos. 24 Na mesma gama de potência nominal.

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McGraw-Hill de Portugal, 2000

[23] – Beer, Ferdinand P.; Johnston Jr, E. Russell; Mecânica Vectorial para Engenheiros – Dinâmica, 6ª Edição,

McGraw-Hill de Portugal, 2000

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80

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[40] - http://www.custompartnet.com/

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ANEXO A Cargas distribuídas na pá

Estação raio Carga (N/m)

1 0,2663 42,91 2 0,315 54,71 3 0,3738 70,49 4 0,4413 84,38 5 0,515 99,15 6 0,595 115,51 7 0,6775 131,33 8 0,76 151,51 9 0,8425 166,52

10 0,9225 180,84 11 0,9963 195,04 12 1,0638 205,6

Tabela A.1 – Carga distribuída nas estações

Figura A.1 Gráfico de carga distribuída na pá

y = 204,09x - 7,2966

0

50

100

150

200

250

Carga na pá

Carga nas estações

Linear (Carga nasestações)

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ANEXO B Tabela F.2 de [1]

Tabela B.1

Estação r/R Circ/(U-R) Va/U Vt/U V (m/s) Tan (Beta)

Tan (Beta I) Alpha (º) Pitch (º)

Twist (º)

Chord/R Re/1000

Cl Cd Cl/Cd

0,151 0,0162 0,246 0,1529 1,427 0,9441 0,6221 7,668 24,22 65,78 0,0195 23,79 1,16491 0,02666 43,69

0,162 0,0471 0,2547 0,1483 1,482 0,8832 0,582 7,532 22,67 67,33 0,0549 69,62 1,1575 0,02299 50,35

0,182 0,0738 0,27 0,1394 1,593 0,7834 0,5156 7,213 20,06 69,94 0,0815 111,15 1,13642 0,02016 56,37

1 0,213 0,0945 0,286 0,1266 1,766 0,6719 0,4421 6,535 17,32 72,68 0,0994 150,16 1,07716 0,01745 61,74

2 0,252 0,1089 0,3 0,1121 2,001 0,5673 0,3734 6,005 14,47 75,53 0,1057 180,96 1,02993 0,01429 72,05

3 0,299 0,118 0,3106 0,0977 2,297 0,4778 0,3147 5,691 11,78 78,22 0,1027 201,91 1,00043 0,01227 81,52

4 0,353 0,1236 0,3187 0,085 2,645 0,4048 0,2666 5,685 9,24 80,76 0,0934 211,39 1,0005 0,01212 82,58

5 0,412 0,1269 0,3245 0,074 3,037 0,3464 0,2282 5,682 7,17 82,83 0,0835 217,09 1,00062 0,01202 83,22

6 0,476 0,129 0,3285 0,065 3,461 0,3003 0,1978 5,68 5,51 84,49 0,0745 220,6 1,00072 0,01197 83,63

7 0,542 0,1303 0,3314 0,0576 3,907 0,2637 0,1737 5,679 4,18 85,82 0,0666 222,8 1,00079 0,01193 83,88

8 0,608 0,1311 0,3334 0,0516 4,361 0,2348 0,1547 5,679 3,11 86,89 0,0601 224,12 1,00084 0,01191 84,04

9 0,674 0,1313 0,3348 0,0467 4,812 0,2119 0,1396 5,679 2,27 87,73 0,0545 224,61 1,00086 0,0119 84,1

10 0,738 0,1309 0,3359 0,0428 5,249 0,1937 0,1276 5,679 1,59 88,41 0,0498 223,87 1,00084 0,01191 84,01

11 0,797 0,1291 0,3366 0,0397 5,658 0,1792 0,1181 5,68 1,05 88,95 0,0456 220,77 1,00075 0,01196 83,65

12 0,851 0,1246 0,3371 0,0373 6,031 0,1679 0,1106 5,684 0,63 89,37 0,0413 213,14 1,00056 0,01209 82,78

0,898 0,1157 0,3375 0,0354 6,357 0,1591 0,1048 5,743 0,24 89,76 0,0362 196,95 1,00509 0,01263 79,57

0,937 0,1005 0,3385 0,034 6,629 0,1524 0,1003 6,335 -0,61 90,61 0,0287 162,55 1,05855 0,01636 64,7

0,968 0,0784 0,3409 0,0332 6,839 0,1476 0,0968 7,075 -1,54 91,54 0,0203 119,07 1,1269 0,01969 57,24

0,988 0,0497 0,3369 0,0322 6,982 0,1446 0,0954 7,521 -2,07 92,07 0,0123 73,5 1,15691 0,02267 51,04

0,999 0,017 0,3376 0,0318 7,054 0,143 0,0943 7,661 -2,27 92,27 0,0041 25,05 1,16451 0,02657 43,83

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83

Anexo C – Relatório Partnet Fundição injectada

CustomPartNet Cost Summary General Information Name: Description: Part Information Quantity: 500,000 Material: Aluminum A360.0, Die Cast Envelope X-Y-Z (mm): 914.00 x 150.00 x 12.50 Weight (kg): 1.37 Tolerance: Not critical (> 0.5) Surface roughness: Not critical Process Parameters 1. Die Casting Material Part weight (kg): 1.37 Material price ($/kg): 0.00 Material markup (%): 25.00 Production Machine type: Cold chamber Machine clamp force (kN): 11,121 Machine setup time (hrs): 8.00 Machine uptime (%): 95.00 Post-processing time (hrs.): 0.00 Defect rate (%): 5.00 Production rate (parts/hr): 67 Hourly rate ($/hr): 155.00 Production markup (%): 10.00 Tooling Number of cavities: 1 Number of dies: 5 + repair Die-making rate ($/hr): 65.00 Cost Summary 1. Die Casting $1,656,687 ($3.313 per part) Material cost $0 ($0.000 per part) Production cost $1,277,965 ($2.556 per part) Tooling cost $378,721 ($0.757 per part) Total cost $1,656,687 ($3.313 per part)

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84

Anexo D – Relatório Partnet Maquinagem

CustomPartNet Cost Summary General Information Name: Description: Part Information Quantity: 500,000 Material: Aluminum: 6061-T4 Workpiece shape: Flat sheet Workpiece size (in): 40 x 3.15 x 0.50Workpiece weight (lb): 6.14 Approx. part weight (lb): 2.33 Process Parameters 1. Machining - CNC Milling Machine Material Price per sheet ($): 65.22 Parts per sheet: 10 Defect rate (%): 0.00 Run quantity: 500000 Sheet quantity: 50000 Cut charge ($/part): 1.50 Material markup (%): 10.00 Production Machine setup time (hours): 0.50 CNC program time (hours): 1.00 Fixture type: Vise Fixture setup time (min): 0.75 Workpiece clearance (in): 0.1 Rapid travel rate (IPM): 1000 Tool change distance (in): 12 Manual tool change time (sec): 60 Automatic tool change time (sec): 10 Tooling 1. 2" Face mill (Carbide) - $0.00 Cost Summary 1. Milling $31,979,768 ($63.960 per part)Material cost $4,412,100 ($8.824 per part) Production cost $27,567,668 ($55.135 per part)Tooling cost $0 ($0.000 per part) Total cost $31,979,768

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Anexo E – Tabela de coordenadas e gráficos do perfil

sup superior sup inferior

x/c y/c x/c y/c 0,00044 0,00234 0,00091 -0,00286 0,00519 0,00931 0,00717 -0,00682 0,01423 0,01726 0,0189 -0,01017 0,02748 0,02562 0,03596 -0,01265 0,04493 0,03408 0,05827 -0,01425 0,06643 0,04238 0,08569 -0,015 0,09185 0,05033 0,118 -0,01502 0,12094 0,05775 0,1549 -0,01441 0,15345 0,06448 0,19599 -0,01329 0,18906 0,07037 0,24083 -0,01177 0,22742 0,07529 0,28892 -0,00998 0,26813 0,07908 0,33968 -0,00804 0,31078 0,08156 0,39252 -0,00605 0,35505 0,08247 0,44679 -0,0041 0,40077 0,08173 0,50182 -0,00228 0,44767 0,07936 0,55694 -0,00065 0,49549 0,07546 0,61147 0,00074 0,54394 0,0702 0,66472 0,00186 0,59272 0,0639 0,71602 0,00268 0,64136 0,05696 0,76475 0,0032 0,68922 0,04975 0,81027 0,00342 0,73567 0,04249 0,85202 0,00337 0,78007 0,0354 0,88944 0,00307 0,82183 0,02866 0,92205 0,00258 0,86035 0,02242 0,94942 0,00196 0,8951 0,01679 0,97118 0,00132 0,92554 0,01184 0,98705 0,00071 0,95128 0,00763 0,99674 0,00021 0,97198 0,00423 1 0 0,98729 0,0018 14,57842 -0,12222 0,99677 0,00043 28 pontos

1 0 15,61243 1,34137 31 pontos

Tabela E.1 – Tabela de coordenadas adimensionais

Figura E.1 – Perfil básico adimensional

y = -0,7014x5 + 1,9793x4 - 2,1136x3 + 1,0168x2 - 0,1757x - 0,0057

y = 0,7466x5 - 2,1769x4 + 2,6222x3 - 1,8031x2 + 0,6046x + 0,0074

-0,04-0,02

00,020,040,060,08

0,1

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Perfil básico adimensional

sup inferior

Sup superior

Polinomial (sup inferior)

Polinomial (Supsuperior)

y

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Figura E.2 – Pontos do perfil – Estação 1

Figura E.3 – Pontos do perfil – Estação 2

Figura E.4 – Pontos do perfil – Estação 3

Figura E.5 – Pontos do perfil – Estação 4

-0,03-0,02-0,01

00,010,020,03

-0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08

(m)

(m)

Estação 1

sup sup

sup inf

-0,02-0,015

-0,01-0,005

00,0050,01

0,0150,02

-0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1

(m)

(m)

Estação 2

sup sup

sup inf

-0,02-0,015-0,01

-0,0050

0,0050,01

0,0150,02

-0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1

(m)

(m)

Estação 3

sup sup

sup inf

-0,02-0,015

-0,01-0,005

00,005

0,010,015

0,02

-0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08

(m)

(m)

Estação 4

sup sup

sup inf

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Figura E.6 – Pontos do perfil – Estação 5

Figura E.7 – Pontos do perfil – Estação 6

Figura E.8 – Pontos do perfil – Estação 7

Figura E.9 – Pontos do perfil – Estação 8

-0,02-0,015

-0,01-0,005

00,005

0,010,015

0,02

-0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08

(m)

(m)

Estação 5

sup sup

sup inf

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

-0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08

(m)

(m)

Estação 6

sup

inf

-0,01

0,01

-0,04 -0,03 -0,02 -0,01 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06

(m)

(m)

Estação 7

sup

inf

-0,01

0

0,01

-0,04 -0,03 -0,02 -0,01 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05

(m)

(m)

Estação 8

sup

inf

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Figura E.10 – Pontos do perfil – Estação 9

Figura E.11 – Pontos do perfil – Estação 10

Figura E.12 – Pontos do perfil – Estação 11

Figura E.13 – Pontos do perfil – Estação 12

-0,01

-0,005

0

0,005

0,01

-0,04 -0,03 -0,02 -0,01 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05

(m)

(m)

Estação 9

sup

inf

-0,01

-0,005

0

0,005

0,01

-0,03 -0,02 -0,01 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05

(m)

(m)

Estação 10

sup sup

sup inf

-0,01

-0,005

0

0,005

0,01

-0,03 -0,02 -0,01 0 0,01 0,02 0,03 0,04

(m)

(m)

Estação 11

sup sup

sup inf

-0,01

-0,005

0

0,005

0,01

-0,03 -0,02 -0,01 0 0,01 0,02 0,03 0,04

(m)

(m)

Estação 12

sup sup

sup inf

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Anexo F – Figuras de deslocamento na pá e cubo , valores deslocamento e tensões no cubo (SimXpress) Pá AA6061-T6:

Figura F.1 – Pá AA6061-T6 e AA6061-T4 – Deslocamento

AA5052-H32:

Figura F.2 – Pá AA5052-H32 – Deslocamento

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Cubo AA6061-T6:

Figura F.3 – Cubo AA6061-T6 – Deslocamento

Figura F.4 – Cubo AA6061-T6 – Tensões

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AA6061-T4:

Figura F.5 – Cubo AA6061-T4 – Deslocamento

Figura F.6 – Cubo AA6061-T4 – Tensões

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AA5052-H32:

Figura F.7 – Cubo AA5052-H32– Deslocamento

Figura F.8 – Cubo AA5052-H32 – Tensões

Pá Ures máx (mm) Tensão VM (Mpa) Factor Segurança AA6061-T6 31,23 42,65 6,44776 AA6061-T4 31,23 42,65 5,33468 AA5052-H32 30,78 42,65 4,57211

Tabela F.1 – Resultados SimXpress para a pá Cubo Ures máx (mm) Tensão VM (Mpa) Factor Segurança AA6061-T6 0,8 35,45 8 AA6061-T4 0,87 35,45 7 AA5052-H32 0,86 35,45 7

Tabela F.2 – Resultados SimXpress para o cubo

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ANEXO G - Sustentabilidade Ásia -Europa Europa -Europa Pá Forjamen

to Maquinagem

Fundição em molde permanente

Forjamento

Maquinagem

Fundição em molde permanente

AA6061-T4 1386,26 g 1386,26 g

Carbono emitido (Kg) 18,04 18 17,52 19,01 18,72

Eutrofização de água (Kg) 4,69E-03 8 4,03E-03 4,36E-03 4,30E-03

Acidificação do ar (Kg) 0,12 0 0,11 0,12 0,12

Energia consumida (MJ) 218,22 235 217,36 235 235,08

AA6061-T6 1386,26 g 1386,26 g

Carbono emitido (Kg) 16 18 17,52 19,01 18,72

Eutrofização de água (Kg) 8,00E+00 8 4,03E-03 4,36E-03 4,30E-03

Acidificação do ar (Kg) 0 0 0,11 0,12 0,12

Energia consumida (MJ) 216 234 217,36 235 235,08

AA5052-H32 1375,99 g 1375,99 g

Carbono emitido (Kg) 19,68 21,19 21,28 19,15 20,82 20,42

Eutrofização de água (Kg) 5,21E-03 5,48E-03 5,81E-03 4,56E-03 4,94E-03 4,08E-03

Acidificação do ar (Kg) 0,14 0,14 0,15 0,12 0,13 0,13

Energia consumida (MJ) 236,96 256,33 255,95 235,93 255,4 254,43

Cubo

AA6061-T4 1727,58 g 1727,58 g

Carbono emitido (Kg) 22,5 24,17 24,48 21,84 23,69 23,54

Eutrofização de água (Kg) 5,85E-03 6,11E-03 6,57E-03 5,03E-03 5,44E-03 5,44E-03

Acidificação do ar (Kg) 0,15 0,16 0,17 0,14 0,15 0,14

Energia consumida (MJ) 272,17 293,99 297,59 270,88 292,8 295,56

AA6061-T6 1727,58 g 1727,58 g

Carbono emitido (Kg) 22,5 24,17 24,48 21,84 23,69 23,54

Eutrofização de água (Kg) 5,85E-03 6,11E-03 6,57E-03 5,03E-03 5,44E-03 5,44E-03

Acidificação do ar (Kg) 0,15 0,16 0,17 0,14 0,15 0,14

Energia consumida (MJ) 272,17 293,99 297,59 270,88 292,8 295,56

AA5052-H32 1714,79 g 1714,79 g

Carbono emitido (Kg) 24,53 26,4 26,61 23,82 25,93 25,67

Eutrofização de água (Kg) 6,50E-03 6,82E-03 7,24E-03 5,68E-03 6,15E-03 6,12E-03

Acidificação do ar (Kg) 0,17 0,18 0,18 0,15 0,17 0,16

Energia consumida (MJ) 295,3 319,45 321,88 294,02 318,3 319,86

Tabela G.1 Quadro resumo de sustentabilidade

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Anexo H – Propriedades inerciais da massa da turbina

Figura H.1 – Modelo geométrico da turbina e referenciais (SolidWorks)

Figura H.2 – Pormenor do referencial de inércia (SolidWorks)

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Relatório de propriedades de massa da turbina (SolidWorks) Mass properties of turbina ( Assembly Configuration - Default ) Output coordinate System: -- default -- Density = 0.00 grams per cubic millimeter Mass = 4774.54 grams Volume = 2171214.37 cubic millimeters Surface area = 633791.84 millimeters^2 Center of mass: ( millimeters ) X = 19.82 Y = -35.77 Z = 60.06 Principal axes of inertia and principal moments of inertia: ( grams * square millimeters ) Taken at the center of mass. Ix = (1.00, -0.00, 0.06) Px = 561128773.09 Iy = (0.06, -0.00, -1.00) Py = 562011373.85 Iz = (0.00, 1.00, -0.00) Pz = 1122857471.52 Moments of inertia: ( grams * square millimeters ) Taken at the center of mass and aligned with the output coordinate system. Lxx = 561132351.08 Lxy = -17553.74 Lxz = 56077.54 Lyx = -17553.74 Lyy = 1122857470.82 Lyz = 9261.36 Lzx = 56077.54 Lzy = 9261.36 Lzz = 562007796.56 Moments of inertia: ( grams * square millimeters ) Taken at the output coordinate system. Ixx = 584462794.69 Ixy = -3403743.81 Ixz = 5740555.47 Iyx = -3403743.81 Iyy = 1141953950.85 Iyz = -10248519.02 Izx = 5740555.47 Izy = -10248519.02 Izz = 569994759.71

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Anexo I – Desenhos técnicos Figura I.1 – Pá eólica

Figura I.2 – Pré-forma 9 mm

Figura I.3 – Pré-forma cilindro

Figura I.4 – Cubo

Figura I.5 – Turbina

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