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À Secretaria de Saúde do Munícipio do Rio de Janeiro Coordenação de Saúde Mental do Munícipio do Rio de Janeiro Projeto-proposição Classificação de Residências Terapêuticas não governamentais Tipo 1 no Município do Rio de Janeiro Pedro Honório de Oliveira Filho e Equipe Técnica Rio de Janeiro 2013

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Projeto Casa Hans Staden

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  • Secretaria de Sade do Muncipio do Rio de Janeiro

    Coordenao de Sade Mental do Muncipio do Rio de Janeiro

    Projeto-proposio

    Classificao de Residncias Teraputicas no governamentais Tipo 1

    no Municpio do Rio de Janeiro

    Pedro Honrio de Oliveira Filho

    e Equipe Tcnica

    Rio de Janeiro

    2013

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    1. INTRODUO

    Este projeto tem como objetivo discutir a classificao e a regularizao das

    residncias teraputicas no-governamentais do tipo 1 no municpio do Rio de Janeiro

    a partir de uma experincia concreta: a Casa Hans Staden. Tal discusso se insere no

    contexto da Reforma Psiquitrica no Brasil, considerada estratgica pelo Ministrio

    da Sade e o Ministrio Pblico como soluo para a transformao e a ampliao da

    rede de ateno a sade mental no pas. Com a Reforma Psiquitrica tornou-se visvel

    uma demanda de cuidados at ento inexistente de pessoas que aps muito tempo de

    internao haviam se tornado pacientes moradores de hospitais psiquitricos.

    Essa demanda vem sendo reconhecida pelos diferentes governos nos ltimos

    anos e tem se concretizado no pas na forma de leis federais que regulamentam os

    Servios Residenciais Teraputicos (SRT) como ponto de ateno central do

    componente desinstitucionalizao. Os SRT vm sendo considerados estratgicos no

    processo de desospitalizao e reinsero social de pessoas longamente internadas nos

    hospitais psiquitricos ou em hospitais de custdia que precisam de moradia e

    cuidados especiais.

    A casa Hans Staden tomada como exemplo de um tipo de SRT que enfrenta

    dificuldades de reconhecimento como tal devido a ausncia de uma categoria

    especfica que integre as caractersticas do trabalho enquanto residncia teraputica

    no-governamental na cidade do Rio de Janeiro, tema central deste projeto.

    A partir desse objeto, apresentamos os tpicos contidos neste documento: na

    primeira parte apontamos de forma panormica o problema geral e o problema

    especfico diante do qual nos debruamos. Em seguida descrevemos a Casa Hans

    Staden - sua histria, objetivos, as formas de funcionamento, de acompanhamento e

    avaliao contnua do trabalho, o modo de administrao da casa, a clientela, a equipe

    tcnica e os resultados observados nos ltimos anos. Por ltimo discutimos o

    referencial terico-prtico do qual se parte, que abaliza a justificativa e relevncia

    deste tipo de trabalho no Brasil e no mundo.

    Consideramos que este projeto pode contribuir para o avano das discusses e

    solues no campo da sade mental no Rio de Janeiro e apontar novos caminhos de

    regularizao e acompanhamento dos diferentes tipos de iniciativas em conformidade

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    com o horizonte de transformao almejado pelas Polticas Pblicas nacionais

    vigentes.

    2. PROBLEMA GERAL

    Em 13 de maio de 1978 foi instituda na Itlia a Lei 180 da Reforma Sanitria,

    de autoria de Franco Basaglia, que no s probe a recuperao dos velhos

    manicmios e a construo de novos, como tambm reorganiza os recursos para a

    rede de cuidados psiquitricos, restitui a cidadania e os direitos sociais aos doentes e

    garante o direito ao tratamento psiquitrico qualificado. Esse fato na Itlia influenciou

    o Brasil, promovendo discusses que tratavam da desinstitucionalizao do portador

    de sofrimento mental e da humanizao do tratamento a essas pessoas com o objetivo

    de promover a reinsero social.

    O trabalho inaugurado atravs da clnica psiquitrica de La Borde-Frana por

    Jean Oury na dcada de 1950 tambm contribuiu enormemente para a mudana de

    paradigma e de perspectiva clnica em sade mental no Brasil e no mundo. La Borde

    se tornou uma referncia de psicoterapia institucional e terapia experimental na qual

    se parte da indistino entre a normalidade e a patologia sem com isso negar o

    horizonte medicalizante necessrio para responder ao delrio psictico (Dosse, 2010).

    A Reforma Psiquitrica no Brasil teve incio no final dos anos 1970 sendo um

    processo de mudana de valores e prticas sociais que visa melhoria na condio de

    vida e a reinsero social de pacientes com transtornos mentais. Para isso, foram

    necessrias mudanas conceituais de saberes e alteraes no modelo de assistncia

    dispensado a estas pessoas, pois as prticas assistenciais exercidas pela psiquiatria

    tradicional mostraram-se ultrapassadas.

    Na dcada de 1970 so registradas vrias denncias quanto poltica brasileira

    de sade mental de assistncia psiquitrica por parte da previdncia social, quanto s

    condies (pblicas e privadas) de atendimento psiquitrico populao.

    Nesse movimento, alm do objetivo de oferecer uma rede de ateno que fosse

    gradativamente substitutiva dos hospitais psiquitricos, havia uma necessidade

    premente: como cuidar das pessoas que, ao longo de anos e dcadas foram

    abandonadas nos hospitais psiquitricos e se tornaram residentes destas instituies,

    perdendo-se os vnculos familiares e sociais? (Oliveira; Conciani, 2008).

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    A partir da crtica ao modelo hospitalocntrico de assistncia psiquitrica,

    orientada pela Reforma Psiquitrica mencionada acima, teve incio a criao de novos

    dispositivos de cuidado psicossocial. Nesse processo foram instaladas estratgias de

    cuidado aos portadores de sofrimento mental, objetivando a promoo da sade

    mental, a reinsero social dos internados e a extino progressiva dos manicmios

    (Oliveira; Conciani, 2008).

    No campo da assistncia, a Portaria n 224 de 29 de janeiro de 1992 do

    Ministrio da Sade estabeleceu as diretrizes para o atendimento nos servios de

    sade mental, normatizando vrios servios substitutivos como: atendimento

    ambulatorial com servios de sade mental (unidade bsica, centro de sade e

    ambulatrio), Centros e Ncleos de ateno psicossocial (CAPS/NAPS), Hospital-Dia

    (HD), Servio de urgncia psiquitrica em hospital-geral, leito psiquitrico em

    hospital-geral, alm de definir padres mnimos para o atendimento nos hospitais

    psiquitricos, at que fossem totalmente superados.

    A base legal para o cuidado dessas pessoas que permaneceram muito tempo

    internadas aprimorada no Brasil com a publicao da Portaria N 106/2000 do

    Ministrio da Sade, que estabelece a criao dos Servios Residenciais Teraputicos

    (SRT) que se caracterizam por ser um espao destinado reabilitao e reintegrao

    do paciente na sociedade, promovendo a cidadania, a retomada dos laos sociais

    perdidos e a autonomia (F1). Antes dessa normatizao j haviam experincias

    localizadas de espaos com essas caractersticas, denominadas por vezes como lar

    abrigado e penso protegida (Barros, 2001 apud Oliveira; Conciani, 2008). Na

    mesma direo, a Poltica Nacional de Sade Mental, apoiada na Lei n. 10.216/2001

    preconizou um modelo que inclui um tratamento aberto com base comunitria para

    estas pessoas (Ministrio Pblico e Tutela Sade Mental, 2011).

    A Portaria N 106/2000 foi reformada pela Portaria N 3.090/2011 que

    considera os Servios Residenciais Teraputicos (SRT) como ponto de ateno do

    componente desinstitucionalizao, sendo estratgicos no processo de

    desospitalizao e reinsero social de pessoas longamente internadas nos hospitais

    psiquitricos ou em hospitais de custdia. A lei tambm considera a necessidade de

    acelerar a estruturao e a consolidao de uma rede extra-hospitalar de ateno

    Sade Mental em todas as unidades da Federao, com a implementao de diretrizes

    de melhoria de qualidade da assistncia sade mental. Com isso, as Residncias

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    Teraputicas passam a ser constitudas nas modalidades Tipo I e Tipo II, definidas

    pelas necessidades especficas de cuidado do morador.

    De acordo com a Portaria N 3.090/2011, so definidos como SRT Tipo I as

    moradias destinadas a pessoas com transtorno mental em processo de

    desinstitucionalizao, devendo acolher no mximo oito moradores. So definidos

    como SRT Tipo II as modalidades de moradia destinadas s pessoas com transtorno

    mental e acentuado nvel de dependncia, especialmente em funo do seu

    comprometimento fsico, que necessitam de cuidados permanentes especficos,

    devendo acolher no mximo dez moradores. As duas modalidades de SRT se mantem

    como unidades de moradia, inseridos na comunidade, devendo estar localizados fora

    dos limites de unidades hospitalares gerais ou especializadas, estando vinculados

    rede pblica de servios de sade.

    Porm, a lei N 3.090/2011 no menciona sobre o caso das SRT no-

    governamentais citados na lei 106/2000 artigo 5B, que designa que as SRT podero

    ser de natureza no-governamental, devendo para isso ter projetos teraputicos

    especficos a critrio do gestor local e em consonncia com o Coordenao Nacional

    de Sade Mental.

    Argumentamos que este pode ser um dos motivos para que a cobertura de

    SRTs seja ainda muito baixa conforme afirma o relatrio do Ministrio Pblico e

    Tutela Sade Mental (2011) que indica que entre os fatores que dificultam a

    expanso desses servios esto os mecanismos insuficientes de financiamento do

    custeio, as dificuldades polticas de desinstitucionalizao, a baixa articulao entre o

    programa de SRTs e a poltica habitacional dos estados e do pas, as resistncias

    locais processo de reintegrao social e familiar de pacientes de longa permanncia e

    fragilidade de programas de formao continuada de equipes para servios de

    moradia. Segundo o relatrio Sade Mental em Dados 7 (Ano V, n 7, junho 2010)

    uma forma de financiamento das SRTs ainda est por ser construda: h demanda de

    SRTs para populao com transtorno mental em situao de rua, no egressos de

    internaes e para egressos de HCTPs. Este ltimo relatrio menciona a necessidade

    de criao de outras solues passveis de construo, dependendo da possibilidade de

    cada municpio e da necessidade dos pacientes, entre elas: moradias assistidas,

    moradias supervisionadas, comunidades teraputicas (pacientes AD).

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    3. PROBLEMA ESPECFICO

    No Rio de Janeiro, diferentes trabalhos destinados a clientes que perderam

    seus vnculos sociais e familiares foram criados e integrados ao espao urbano. O

    trabalho de acompanhamento teraputico, coordenado por Pedro Honrio de Oliveira

    Filho um exemplo que comeou a se deslocar do campo pedaggico ao campo

    clnico. Pedro Honrio, que trabalhava como professor para alunos com dificuldades

    de aprendizado, comeou a perceber que a ateno e o rendimento escolar de seus

    alunos se transformavam qualitativamente e quantitativamente quando eram

    convidados a produzir fora das instituies (famlia, escola etc.) e se estivessem

    inseridos em uma dinmica integrada de deslocamento na cidade. Pedro Honrio

    comea a ampliar o espao pedaggico de seus alunos para o espao urbano em um

    projeto de pedagogia vivenciada.

    Em 1979, Pedro Honrio enquanto psicomotricista, terapeuta e estudante de

    psicologia levou sua experincia de pedagogia vivenciada para o campo do

    acompanhamento teraputico tanto em uma clnica no Rio de Janeiro como para seus

    clientes particulares. A experincia da fuso entre a pedagogia vivenciada com o

    acompanhamento teraputico passa a incluir o acompanhamento dos clientes s feiras

    livres, centros culturais, praas pblicas, etc., em grupo de 3 a 4 clientes com

    problemas neurolgicos, motores ou com distrbios emocionais, chegando mais tarde

    ao total de 8 clientes atendidos que participavam dessas visitas em grupo.

    No ano seguinte, as atividades de acompanhamento pedaggico-teraputico

    foram estendidas tambm s residncias dos clientes e dos profissionais de sade.

    Esta expanso dos espaos de interao permitiu demonstrar a possibilidade da

    convivncia sem tanto desgaste, como era apregoado em relao a pacientes difceis.

    Esse trabalho teraputico funcionou dentro destes moldes at 1998. Neste ano,

    visando atender s necessidades de um cliente com srias dificuldades de adaptao

    familiar, a assistncia se estendeu a um modelo muito prximo ao que se denomina

    atualmente como residncia teraputica.

    O resultado qualitativo desse primeiro caso (ver anexo 1) contribuiu, ao longo

    dos anos, para a indicao de novos clientes com dificuldades semelhantes, seja

    atravs de psiquiatras, mdicos, psiclogos e/ou dos prprios familiares. Esse espao

    teraputico, que passou a ser chamado informalmente de Casa Hans Staden devido a

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    sua localizao, tem como objetivo desde seu processo de constituio aproximar os

    gostos, hbitos e necessidades de cada morador. No pretende ser vista como mais um

    servio de sade, mas sim como a possibilidade de uma moradia mais digna e

    possvel, semelhante ao modelo proposto pelo Ministrio da Sade em relao s

    residncias teraputicas. Em 2012, o nmero de clientes assistidos na casa como

    moradores somou o total de oito.

    Em 2013, na tentativa de regularizar o espao como SRT nos deparamos com

    a dificuldade de reconhecimento como tal devido a ausncia de uma categoria

    especfica que integre as caractersticas do trabalho enquanto residncia teraputica

    no-governamental na cidade do Rio de Janeiro. Por conta disso, enquanto essa casa

    aguarda regularizao, os clientes esto recebendo assistncia da equipe tcnica de

    sade na casa de seus familiares. O acompanhamento teraputico no espao urbano

    est funcionando normalmente com a equipe de acompanhantes teraputicos, porm a

    residncia teraputica est desativada.

    A seguir apresentamos sinteticamente a descrio, os objetivos, a equipe

    tcnica, a clientela, as formas de funcionamento, o referencial terico-prtico e a

    relevncia do trabalho desenvolvido na Casa Hans Staden. Acreditamos que este

    projeto pode servir como referencia para a ampliao da categoria de residncia

    teraputica Tipo 1 no-governamental, considerando que esta casa uma realidade

    torico-prtica no Brasil e que o surgimento de novas categorias para modelos

    inovadores de assistncia integral a sade mental no Rio de Janeiro deve ser

    embasado em prticas reais, bem sucedidas e que demonstram sustentabilidade ao

    longo do tempo.

    4. CASO DE REFERNCIA: CASA HANS STADEN

    O caso de referencia da Casa Hans Staden consiste em um trabalho de sade e

    educao com suas interfaces no campo social. Caracteriza-se por duas formas de

    trabalho diferenciadas com os clientes:

    1. A primeira possibilidade a utilizao da Casa Hans Staden como alternativa

    de moradia para clientes com transtornos mentais e/ou emocionais, vindos ou

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    no de internaes hospitalares, que possuem dificuldades na convivncia

    familiar e ausncia de suporte adequado para a reabilitao psicossocial.

    2. A segunda possibilidade a de acompanhamento teraputico para clientes

    mais adaptados ao convvio familiar, sendo uma alternativa para as famlias

    que no possuem tempo ou condies de dar assistncia durante o dia. O

    trabalho realizado tanto na casa como em reas urbanas e na comunidade

    vizinha.

    A clientela participa tanto de atividades individuais quanto em grupos de

    acordo com as possibilidades pessoais, circunstanciais, atendendo s necessidades e

    desejos de cada um. Visando proporcionar aos clientes o cuidado intensivo e

    individualizado, a equipe tcnica planeja e desenvolve aes integradas de modo a

    garantir qualidade de vida e reinsero scio-afetiva.

    O suporte e os dispositivos teraputicos de cada cliente so discutidos e

    estabelecidos a partir da entrevista inicial com os familiares, em reunies tcnicas.

    Busca-se manter um constante contato com profissionais responsveis (mdicos

    psiquiatras e neurologistas, psiclogos, terapeutas diversos), escolas e familiares.

    Essas aes favorecem o tratamento adequado a cada cliente, respeitando a sua

    singularidade, seja este um cliente de tempo integral (morador) ou de tempo parcial.

    4.1. Objetivos

    Objetivo geral

    Desenvolver um trabalho individualizado de insero e/ou reabilitao

    psicossocial de adultos com transtornos afetivos, atravs do convvio social

    orientado por uma equipe tcnica, oferecendo aos clientes a oportunidade de

    vivenciar a maior diversidade possvel de experincias sensoriais e

    emocionais.

    Objetivos especficos:

    1. Desenvolver a aquisio e administrao da autonomia;

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    2. Contribuir para o fortalecimento emocional nas relaes interpessoais e

    sociais;

    3. Fortalecer os laos familiares;

    4. Dar suporte na realizao das atividades de vida diria, da higiene pessoal e do

    ambiente;

    5. Supervisionar a tomada de medicao prescrita pelos mdicos psiquiatras,

    clnicos gerais, neurologistas e outros;

    6. Trabalhar a agressividade, a percepo do meio, o contato com o outro e o

    convvio com a comunidade;

    7. Dar suporte na participao e ocupao ativa do espao urbano.

    4.2. Formas de funcionamento

    O espao fsico: Casa de dois andares com 125m2

    de rea edificada e 135m2

    de rea

    total til, dispostos da seguinte maneira: salo, 3 quartos, 2 banheiros, hall, cozinha,

    rea de servio, quarto de servio e varanda, dispondo de todo mobilirio pertinente a

    uma residncia.

    A casa e a comunidade: nossa localizao em um bairro residencial da cidade do Rio

    de Janeiro, Botafogo, contribui para a produo de um campo social diferenciado,

    com aes em conjunto com a vizinhana e comunidade de uma forma cooperativa,

    tica, acolhedora e criativa, necessria sade global e ao fortalecimento das relaes

    scio afetivas (ver anexo 2)

    Acompanhamento teraputico: o acompanhamento teraputico estendido para alm

    dos moradores da casa, incluindo clientes externos de tempo parcial ou sazonal, no

    qual todos participam das atividades externas promovidas pelos tcnicos da casa.

    Atividades regulares:

    Atividades na casa: jogos sensrio-perceptivos; exposio e discusso de

    filmes; leitura de poesia, textos diversos, jornais e revistas; participao na

    produo de filmes e outras produes artsticas; organizao e limpeza da

    casa e dos prprios pertences; atividades culinrias; participao ativa na

    escolha do alimento e na diviso de tarefas. As atividades ocorrem no campo

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    relacional entre clientes e tcnicos, proporcionando vrios desdobramentos ao

    longo do dia.

    Atividades no espao urbano: visitas a museus, teatros, parques e jardins,

    centros culturais, praas, shows, praias; compras em supermercados, padarias

    farmcias, shoppings; idas a bancos, mdicos, psiclogos, escolas; utilizao

    de meios de transportes como nibus, metr, trem, barcas, taxis. As sadas so

    dirias e norteadas pela equipe tcnica.

    Atividades peridicas: grupos de estudo semanais com o intuito de aprimorar

    o trabalho tcnico cientfico, com a participao livre e ativa da clientela, da

    equipe tcnica e de visitantes diversos. Publicao desde 2011 da revista

    Tempo, quinzenal, com a colaborao de clientes, tcnicos, simpatizantes

    sobre Filosofia da Diferena, Arte e Clnica.

    Atividades eventuais: celebrao de datas comemorativas (aniversrios e

    outras datas significativas para a clientela e equipe tcnica) e festas do

    calendrio cultural (natal, pscoa, festa junina, etc.). Estas celebraes so

    abertas a familiares, amigos e comunidade vizinha. Realizao de

    acampamentos, caminhadas e viagens curtas visando a promoo de

    experincias sensrio-perceptivas e afetivas diferenciadas da rotina vivida na

    casa. Produo de filmes-fico, filmes experimentais e material audiovisual

    diverso como instrumento de trabalho e de registro do projeto.

    4.3. Acompanhamento e avaliao contnua:

    Clientes: os tcnicos utilizam como indicadores de desenvolvimento dos

    clientes a observao qualitativa e quantitativa do grau de aquisio de

    autonomia, observados atravs de hbitos e comportamento em grupo. Os

    indicadores de avaliao so baseados nas atividades de vida diria, de higiene

    pessoal e do ambiente, no fortalecimento emocional nas relaes interpessoais

    e sociais e nos relatos dos familiares, amigos, vizinhos e demais crculos de

    relaes.

    Tcnicos: o trabalho dos tcnicos aprimorado atravs de superviso dos

    casos clnicos e formao continuada por grupos de estudo trs vezes por

    semana. A permanente avaliao do trabalho se d tambm atravs do dilogo

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    constante com outros centros de atendimento, profissionais com afinidade

    metodolgica e pblico-alvo semelhante.

    4.4. Administrao da casa

    A casa administrada de forma colaborativa e horizontal entre os tcnicos e as

    famlias dos clientes, que contribuem com a manuteno e despesas da casa. A

    distribuio das tarefas compartilhada com os clientes para que se apropriem do

    espao e das atividades de vida diria e adquiram autonomia.

    4.5. Clientela

    Os clientes procuram a Casa Hans Staden por demanda espontnea ou por

    indicao de profissionais das reas de educao e sade e familiares. Temos clientes

    de ambos os sexos, de idade entre 18 a 60 anos, sem discriminao por religio,

    etnias, status, situao econmica, orientao sexual ou outros critrios no

    especficos.

    4.6. Equipe tcnica de acompanhantes teraputicos

    Nome Formao Funo*

    Pedro Honrio de

    Oliveira Filho

    Arquiteto, psicomotricista,

    formao em Biodinmica,

    estudos em Psicologia, estudos

    em Psicanlise e em Filosofia.

    Coordenador

    Irene Gondim Grether Psicloga, Psicanalista e mestre

    em teoria psicanaltica (UFRJ)

    Tcnico

    Monica Cruz Terapeuta Ocupacional, Ps-

    Graduao em Sade Mental e

    psicomotricista

    Tcnico

    Margareth da Cunha

    Hisse

    Psicloga, psicomotricista e

    formao em Gestalt terapia

    Tcnico

    Flvia Oliveira de

    Azevedo

    Fonodiloga e psicomotricista Tcnico

    Pablo Ayres Cursando Psicologia e formao

    em psicomotricidade,

    arteterapeuta

    Tcnico

    Adriana Gomes Pinto Fonodiloga e psicomotricista,

    cursando medicina.

    Tcnico

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    Cristina Bertling

    Veloso

    Psicloga, psicopedagoga e

    psicomotricista

    Tcnico

    Diogo Vancin

    Psiclogo e cursando

    psicomotricidade

    Tcnico

    Erica Monteiro

    Carapeticow

    Advogada, psicomotricista e

    cursando psicologia

    Tcnico

    Flavio Vieira de Sousa

    Psiclogo, cursando ps

    graduao em psicanlise e

    formao em psicomotricidade

    Tcnico

    Francisco dos Santos

    Costa

    Psiclogo, cursando formao

    em psicomotricidade

    Tcnico

    Katia Maria Antonieta

    Raymundo

    Pedagoga, e psicomotricista Tcnico

    Monica Maria de

    Farias

    Psicloga, psicomotricista e

    mestre em Psicologia (UFF)

    Tcnico

    Pablo Gonzalez

    Ramalho

    Bacharel em Cinema e

    psicomotricista

    Tcnico

    Sidney Borges

    Psicomotricista Auxiliar

    Vania Lucia do

    Nascimento

    Segundo grau completo. Colaboradora

    * Todos os profissionais acima listados tinham experincia prvia em suas reas

    especificas de atuao antes do ingresso na Casa Hans Staden.

    4.7. Resultados observados

    Em nossa pratica, no desenvolvimento deste trabalho, temos observado um

    processo real de mudanas, deslocamentos e crescimento da clientela e da prpria

    equipe tcnica. Podemos constatar desenvolvimentos significativos tanto na ordem

    emocional e relacional, quanto na participao produtiva em sociedade. Observamos

    melhoria no humor, na relao com os familiares, nas atividades de vida diria, na

    participao em eventos sociais, na relao com a vizinhana e comunidade. H uma

    ateno especial com a autonomia e o desempenho cognitivo em atividades artsticas

    e culturais como produo de textos, poesias, publicaes em revistas, participao

    em filmes, leituras e insero escolar e de trabalho.

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    5. REFERENCIAL TERICO-PRTICO

    Este um trabalho transdisciplinar, produto das relaes possveis entre

    diversas reas do saber: Terapia Ocupacional, Psicomotricidade, Psicologia,

    Psicanlise, Medicina, Fonoaudiologia, Nutrio, Fisioterapia, Arquitetura, Artes

    Plsticas, Cinema e Educao.

    Embora o conceito de transdisciplinaridade tenha sido originalmente criado

    por Piaget (1972) como uma abordagem cientfica que visa unidade do

    conhecimento, ns o utilizamos dentro da perspectiva de Deleuze e Guattari em

    consonncia com a noo de Transversalidade, que exprime precisamente esse

    nomadismo de fronts (Guattari, 1985). A ideia tambm procurar estimular uma

    nova compreenso da realidade articulando elementos de diferentes saberes que

    passam entre, alm e atravs das disciplinas. Sob o olhar da transversalidade no nos

    preocupamos com a unidade ou a concordncia, mas sim uma busca de compreenso

    e criao de saberes diante da complexidade. Na relao que estabelecemos entre as

    disciplinas, os conceitos so imediatamente ferramentas de atravessamento que se

    constroem em um certo regime de foras. Para ns os conceitos no so abstratos, no

    so dados, no so preexistentes, no so hierarquizados: eles se compem em um

    sistema aberto relacionado s circunstncias, e no a essncias.

    Nosso referencial segue a linha terica de Flix Guattari, Maud Mannoni,

    Franoise Dolto, Richard David Laing, Franco Basaglia, Bruno Bettelheim, incluindo

    autores da Teoria da Diferena e Corporeidade como Baruch de Spinoza, Friedrich

    Nietzsche, David Hume, Gabriel Tarde, Henri Bergson, Gilles Deleuze, Michel

    Foucault, Maurice Blanchot, entre outros. Diante dos diversos autores citados,

    destacamos aqui aqueles que tiveram a experincia de organizar espaos

    diferenciados em distintos lugares do mundo para a prtica clnica e o

    desenvolvimento de mtodos e teorias inovadoras no campo da sade mental.

    Flix Guattari psicoterapeuta institucional, filsofo, semilogo e militante -

    revolucionou a prtica psiquitrica atravs de seu trabalho na clnica La Borde na

    Frana. Guattari tambm produziu, atravs da interlocuo com Jean Oury, um

    importante corpo terico sobre a Esquizoanlise e a Transversalidade, perspectivas

    colocadas em prtica em La Borde e popularizadas atravs da sua colaborao nos

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    anos 1970 e 1980 com o filsofo francs Gilles Deleuze nos livros Anti-dipo e

    Mil Plats: capitalismo e esquizofrenia.

    A prtica psiquitrica na clnica La Borde prioriza a anlise das relaes entre

    os "pacientes" e os "terapeutas" considerando que so estas as relaes necessrias

    para cuidar do estabelecimento e de cada um. A prtica diria da clnica busca dar

    iniciativa e responsabilidade para os clientes atravs do desenvolvimento de situaes

    em que eles possam trabalhar e expressar sua criatividade. La Borde tambm assumiu

    a liderana no desenvolvimento de uma nova prtica da psiquiatria em que "pesquisa,

    assistncia e formao" so integrados em um projeto coletivo.

    Franoise Dolto, mdica e psicanalista francesa, tambm faz parte do nosso

    campo referencial por ter criado as Casas Verdes na dcada de 1970 na Frana.

    Direcionadas para crianas pequenas que precisavam de ajuda para ganhar autonomia

    frente a suas famlias, ela criou o modelo de uma casa aberta que podia ser

    frequentada livremente, sem horrios prvios de visita. Tambm nos aproximamos do

    trabalho de Dolto na medida em que considera que a relao entre os tcnicos e os

    clientes no deve ser patologizante e sim mais prxima da figura de um acolhedor

    ou seja, algum que est ali para promover a livre expresso e condies de

    deslocamento. Seu trabalho oferece grande contribuio para a nossa proposta ao

    considerar a complexidade das mltiplas variveis envolvidas neste convvio entre

    diferentes familiares, clientes e equipe de acolhedores.

    O psiquiatra britnico Ronald David Laing destaca-se no cenrio do

    tratamento da psicose por sua abordagem inovadora, baseada na filosofia

    existencialista e nos grandes pensadores e artistas de sua poca, o que contrariava a

    ortodoxia psiquitrica. Em 1965 Laing e um grupo de colegas, dentre eles, David

    Cooper, fundou a Philadelphia Association, em Londres, com um projeto de

    comunidade psiquitrica em Kingsley Hall, onde clientes e terapeutas viviam juntos.

    A proposio do grupo visava criar uma possibilidade para que pessoas com

    distrbios pudessem se tratar longe dos sistemas tradicionais, inclusive sem o uso de

    medicaes inibitrias. A convivncia entre clientes e profissionais logo passou a ser

    modelo para diversos locais similares, alinhados com o pensamento vanguardista de

    Laing. David Cooper, que j vinha de uma experincia similar com jovens

    esquizofrnicos nas residncias chamadas Villa 21, se referiu a essa abordagem como

    antipsiquiatria, mas o prprio Laing no gostava do termo. Identificamo-nos com

  • 15

    Laing no que se refere a proposta de relao cliente-terapeuta e a importncia que

    assumem as atividades de lazer na prtica clinica. Com a diferena de que no caso de

    Kingsley Hall a programao era bastante formatada e ns trabalhamos com uma

    programao mais livre, seguindo os acontecimentos.

    Maud Mannoni, psicanalista belga especialista em doenas mentais em

    crianas, fundou a Escola Experimental de Bonneuil-Sur-Marne na Frana, um

    projeto de comunidade-viva para crianas com autismo e psicose. Na escola de

    Bonneuil-Sur-Marne a criana vista como porta-voz da famlia disfuncional.

    Bonneuil se tornou internacionalmente renomada e reconhecida enquanto instituio

    teraputica revolucionria. Seu trabalho nos chama especialmente a ateno por

    abarcar uma ampla variedade de mtodos teraputicos e desprezar as fronteiras

    tradicionais de saberes, incluindo na equipe de terapeutas pessoas de diferentes

    formaes, experincias e sensibilidades. Mannoni tambm inspirou a criao na

    Europa dos LVA "A Place to Live and Hospitality" - pequenos centros de suporte

    mdico-social que em 2007 chegou a 446 estabelecimentos na Frana. Sua obra

    guarda ligaes ainda com o trabalho de Laing e Cooper.

    Bruno Bettelheim, psiclogo austraco, emigrou para os EUA onde foi

    professor de psicologia em diferentes universidades norte-americanas e dirigiu o

    Instituto Sonia-Shankman vinculado Universidade de Chicago na dcada de 1940,

    onde levou a cabo experincias inovadoras no campo da psicoterapia. Inicialmente

    destinado a crianas psicticas e autistas, o Instituto Sonia-Shankman foi se tornando

    ao longo do tempo um polo de livres experimentaes com crianas especiais de

    diferentes origens. Destacamos no trabalho de Bettelheim a compreenso de que a

    relao entre o terapeuta e o cliente um elemento fundamental no tratamento e de

    que as aes teraputicas no podem estar amarradas a normas enrijecedoras. Com

    isso, nos convida a uma clnica centrada na coragem da inovao e na necessidade de

    correr riscos para encontrar novas solues.

    6. CONCLUSO

    Conforme argumentamos nos tpicos anteriores, a partir da Reforma

    Psiquitrica no Brasil vivenciamos um processo de mudana de valores e prticas

    sociais que visa melhoria na condio de vida e a reinsero social de pacientes com

  • 16

    transtornos mentais. Neste sentido, a Portaria N 106/2000 do Ministrio da Sade

    estabeleceu a criao dos Servios Residenciais Teraputicos (SRT) com o objetivo

    de oferecer uma rede de ateno que fosse gradativamente substitutiva dos hospitais

    psiquitricos e como soluo para o cuidado de pessoas que se tornaram residentes

    de tais instituies, contemplando um tratamento aberto com base comunitria.

    A lei N 3.090/2011 complementa a lei anteriormente citada ao ampliar a

    classificao das Residncias Teraputicas, que passam a ser constitudas nas

    modalidades Tipo I e Tipo II, definidas pelas necessidades especficas de cuidado do

    morador. Entretanto, a lei N 3.090/2011 no menciona o caso das SRT no-

    governamentais citados na lei 106/2000 artigo 5B, que designa que os SRT podero

    ser de natureza no-governamental, de acordo com as diretrizes do gestor local.

    Argumentamos que a ausncia de uma categoria especfica que integre as

    caractersticas das residncias teraputicas que no esto vinculadas rede pblica da

    cidade do Rio de Janeiro pode ser um dos motivos para que a cobertura de SRTs seja

    ainda insuficiente e um dos fatores que dificulta a expanso desses servios.

    A Casa Hans Staden utilizada como exemplo de como tais iniciativas

    enfrentam dificuldades para se regularizar frente aos rgos competentes.

    Acreditamos que este caso possa servir como paradigma para a ampliao da

    categoria de residncia teraputica Tipo 1 no-governamental que contemple modelos

    inovadores de assistncia integral a sade mental considerando suas caractersticas,

    sua historia, seus resultados e sua insero na comunidade local.

    A partir da experincia do trabalho realizado pela Casa Hans Staden -

    destinada a clientela de sade mental egressa de longa internao ou no; que possui

    dificuldades na convivncia familiar e necessidade de acompanhamento teraputico -

    a Casa atende s necessidades dos clientes enquanto proposta de moradia e

    reabilitao psicossocial. O dispositivo-casa visa promover aes que possibilitem a

    integrao social de seus moradores (trabalho, lazer, educao, entre outras

    atividades) articulada aos servios de sade disponveis no territrio local.

    Diante do exposto, pretendemos a regularizao da Casa Hans Staden frente

    aos rgos governamentais locais para que possamos continuar a desenvolver nosso

    trabalho com rigor e seriedade. Cientes da responsabilidade social de nosso projeto,

    das repercusses praticas e tericas de seus efeitos, atestamos a necessidade de seu

  • 17

    funcionamento e reconhecimento como Residncia Teraputica Tipo 1 no-

    governamental. Consideramos que este projeto pode funcionar como paradigma para

    a ressignificao das Residncias Teraputicas no-governamentais no Rio de Janeiro

    e abrir frentes para novos projetos.

    7. REFERENCIAS

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    SYMINGTON, N. (2007). Becoming a Person through psychoanalysis. London.

  • ANEXO 1

    -------- Original Message --------

    Subject: Agradecimento

    Date: Fri, 25 Jan 2013 20:24:28 -0300

    From: Luiz Machado

    To:

    CC: , , "'Machado, Silvio

    Guanaes'" , ,

    Prezados Pedro Honrio e equipe,

    Durante muitos anos vocs cuidaram do Andr com extrema dedicao, competncia e

    afeto, enfrentando todas as dificuldades para proporcionar ele a melhor qualidade de

    vida possvel, dentro de um quadro to difcil e de tanto sofrimento que permeou toda

    sua vida. Graas a vocs Andr teve oportunidades de integrao e divertimento, que

    lhe foram ou seriam negados nas formas mais convencionais de atendimento de

    situaes desta gravidade. Me lembro bem de um dialogo com Pedro Honrio em que

    eu perguntava como se comportava o Andr nas maratonas, passeios ou mesmo num

    estdio de futebol, recebendo como resposta que havia ocasies em que ele se integrava

    perfeitamente e o programa decorria sem nenhum problema, enquanto que em outras

    havia crises de muito difcil controle, mobilizando toda uma equipe para resolver. Mas

    toda essa dificuldade no impedia que no prximo passeio ele fosse includo e que se

    tentasse tudo de novo, com todos os riscos de uma outra crise complicada, mas sempre

    com a esperana de que tudo corresse bem e que ele tivesse oportunidade de se integrar

    e naquele momento usufruir da vida como faziam as outras pessoas.

    Nesse momento de despedida do Andr, expresso o meu reconhecimento pelo

    magnfico trabalho que vocs fizeram, que viabilizou tantos bons momentos numa vida

    marcada por muito sofrimento, mas que graas a vocs e outros que dele to bem

    cuidaram , no foi s de sofrimento. Um agradecimento especial Vnia pela pacincia

    e ateno que sempre me dedicou nas questes administrativas.

    Desejo felicidades a todos e que prossigam em sua jornada de sucesso em melhorar a

    vida de pessoas que enfrentam tantas dificuldades.

    Luiz Machado

    A missa de 30o. dia de falecimento do Andr ser conforme abaixo:

    Rua So Clemente 226 - Parquia Sto Incio- Dia 29/01/2013 s 18:00 horas.

  • ANEXOS 2

  • AGRADECIMENTOS

    Beth Esteves - artista plstica, designer, produtora, empresria e professora universitria -

    pelo carinho, ateno e cuidado dispensado aos clientes e equipe tcnica, com participao

    ativa nos grupos de estudo, assim como pela preocupao permanente com este processo de

    regularizao da Casa Hans Staden.

    Lena Peres, do Ministrio da Sade, por apoiar e acreditar nas prticas clnicas que exercemos

    na Casa Hans Staden, contribuindo de forma ativa para o processo regularizao da Casa.

    Miriam Chaves, do Ministrio do Planejamento, pelo cuidado, carinho, crticas e sugestes

    extremamente pertinentes para a elaborao e desenvolvimento deste documento.

    Rose Marie Santini, professora da Escola de Comunicao da UFRJ, pelo carinho, ateno,

    cuidado e ajuda na elaborao deste documento e pela participao ativa dos grupos de estudo

    e reflexo nas prticas clnicas e teraputicas.

    Vania Belly e Etelvina Frana pela dedicao e carinho com que analisaram este texto,

    contribuindo com sugestes e crticas valiosas para a continuidade deste trabalho.

    Janisson Neves (Jan) e Thereza Christina Izidoro (Tina), donos do restaurante Vegan

    Chacara, pela acolhida, apoio e afeto que sempre nos prestaram e continuam prestando,

    possibilitando a ampliao dos espaos da casa.

    Aos vizinhos pela presena interessada, alegre e permanente nas nossas atividades e a todos

    os familiares dos clientes, tambm aos amigos, visitantes e frequentadores assduos dos

    grupos de estudo que ajudam a manter a fora deste trabalho.