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PROJETO CONCEITUAL DE UMA USINA TERMELÉTRICA A BIOMASSA COM CAPTURA DE CARBONO Bruno Coupey Ritter Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politcnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários obteno do ttulo de Engenheiro. Orientador: Alexandre Salem Szklo Rio de Janeiro Março de 2019

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PROJETO CONCEITUAL DE UMA USINA TERMELÉTRICA A

BIOMASSA COM CAPTURA DE CARBONO

Bruno Coupey Ritter

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politecnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários a obtencao do

titulo de Engenheiro.

Orientador: Alexandre Salem Szklo

Rio de Janeiro

Março de 2019

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Ritter, Bruno Coupey

Projeto Conceitual de uma termelétrica a biomassa com

captura de carbono/ Bruno Coupey Ritter. – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2019

VI, 62 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Alexandre Salem Szklo

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Mecânica, 2019

Referências Bibliográficas: p. 58-62

1. Projeto Conceitual 2. Termelétrica 3. Biomassa 4.

Captura de carbono I. Szklo, Alexandre Salem II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Titulo

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Dedico esse trabalho aos meus pais por

sempre me incentivarem a estudar

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Agradecimentos

Agradeço a minha família por todo o apoio, compreensão e carinho que me foi

dado durante a minha vida. Em especial, minha mãe Marcia, meu pai Fabio e meu irmão

Diogo.

Agradeço a minha namorada que esteve presente desde o início dessa caminhada

e que tornou esse processo mais tranquilo.

Agradeço a todos os meus grandes amigos que carrego desde criança. Eles são a

minha segunda família e tenho certeza que sem eles a vida não seria tão alegre e

proveitosa como é hoje.

Ao meu orientador Alexandre Szklo que é uma das mentes mais brilhantes que

tive a oportunidade de conhecer e aprender.

A todo o corpo docente do departamento de Engenharia Mecânica por todo

conhecimento transmitido no processo de graduação.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado a Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Projeto conceitual de uma usina termelétrica a biomassa com captura de carbono

Bruno Coupey Ritter

Março/2019

Orientador: Alexandre Salem Szklo

Curso: Engenharia Mecânica

O uso da biomassa em plantas termelétricas (UTE) é uma opção para mitigar emissões

atmosféricas de gás carbônico (CO2), decorrentes da geração de energia elétrica. Existem

diversos processos de conversão da biomassa como fonte primária de energia. Nesse

trabalho, será avaliada a combustão direta de biomassa, na qual o vapor gerado se destina

a uma turbina para gerar eletricidade. Realizar a queima direta da biomassa emite CO2, o

que pode justificar a adoção da opção de captura e armazenamento de carbono (CCS).

Esta opção mitiga as emissões de CO2, mas gera uma penalidade energética para a planta.

Este trabalhou simulou um projeto conceitual de uma UTE com CCS utilizando como

fonte de energia a biomassa, especificamente o bagaço da cana de açúcar presente na

região centro-sul do Brasil. Os resultados indicam que a utilização do CCS é capaz de

reduzir em 87,6% a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera, contudo diminuições

de 14,3% na potência líquida e de 31,1% na eficiência térmica da planta são encontradas.

Palavras-chave: Planta termelétrica, biomassa, captura de carbono

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Abstract of Under Graduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Conceptual project of a biomass thermoelectric power plant with carbon capture

Bruno Coupey Ritter

March/2019

Advisor: Alexandre Salem Sklo

Department: Mechanical Engineering

The use of biomass in thermoelectric plants (UTE) is an option to mitigate CO2 emissions

from the electricity generation. There are several processes for converting biomass as a

primary source of energy. In this study, the direct combustion of biomass is evaluated, in

which the steam is diverted towards a turbine to generate electricity. The biomass burning

emits CO2, which may justify a UTE equipped with the carbon capture and storage option

(CCS). This option mitigates CO2 emissions, but causes an energy penalty for the plant.

Therefore, this work simulates a conceptual design of a UTE with CCS burning sugarcane

bagasse, which is available in the center-south region of Brazil. Findings of the study

indicate that the utilization of CCS is capable to reduce the emission of carbon dioxide to

87.6%, but it also decreases by 14.3% the net power and by 31.1% the thermal efficiency

of the plant.

Keywords: Thermal power plant, biomass, carbon capture

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Sumário

1. Introdução ................................................................................................... 1

1.1 Contextualização ..............................................................................................1

1.2 Objetivo ......................................................................................................... 10

2. Aspectos tecnológicos ................................................................................ 11

2.1 Usina termelétrica .......................................................................................... 11

2.2 Controle de NOx .............................................................................................. 17

2.3 Controle de SOx .............................................................................................. 20

2.4 Controle de Material Particulado .................................................................... 21

2.5 Sistema de Arrefecimento ............................................................................... 23

2.6 Captura e armazenamento de carbono (CCS) ................................................... 25

3. Metodologia .............................................................................................. 35

3.1 Software IECM ................................................................................................ 35

3.2 Funcionamento do software ........................................................................... 36

4. Estudo de Caso ........................................................................................... 50

5.Resultados .................................................................................................. 53

6. Conclusões ................................................................................................. 56

7. Referências bibliográficas .......................................................................... 58

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1. Introdução

1.1 Contextualização

O consumo global de energia primária cresceu 2,2% em 2017, 1,2% maior que

em 2016 e o maior crescimento desde 2013 (BP, 2018). Isso ocorreu impulsionado pelo

aumento da utilização do gás natural e de energias renováveis, apesar do declínio na

utilização do carvão (BP, 2018). O maior mercado de crescimento de energia, 3,1%, foi

na China, pelo 17o ano consecutivo (BP, 2018).

O mercado de geração de eletricidade respondeu por 40% do consumo de energia

primária em 2017 (BP, 2018). A geração global de energia elétrica cresceu 2,8% em 2017,

próximo da média de 10 anos, 2,7% (BP, 2018). Esse crescimento foi liderado pela forte

expansão das energias renováveis, liderado pela energia eólica (17%) e pela solar (35%),

que contabilizou praticamente metade do total do crescimento de geração elétrica (BP,

2018).

O carvão se mantém ainda como a principal fonte global de geração de energia

elétrica, com participação de 38,1% em 2017, praticamente a mesma quantidade

combinada de gás natural (23,2%) e da energia proveniente das hidrelétricas (15,9%) (BP,

2018).

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Figura 1 - Participação da geração global de eletricidade por combustível (Fonte: BP, 2018)

Separando por regiões, o gás natural é a fonte principal na América do Norte, CIS

(Commonwealth of Independent States – organização intergovernamental envolvendo 10

repúblicas que pertenciam a antiga União Soviética), Oriente Médio e África. Américas

Central e Sul possuem mais da metade da geração elétrica proveniente de hidrelétricas.

Na Europa, a energia nuclear é a principal fonte, porém a participação é próxima à do

carvão, gás natural e de energias renováveis, variando em uma faixa de 18 a 22% (BP,

2018).

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Figura 2 - Participação regional das fontes de energia para geração de eletricidade (Fonte: BP, 2018)

No Brasil, a principal fonte para geração de eletricidade é a energia de origem

hídrica, representando 64,51% do total, seguido pela energia dos combustíveis fósseis

(16,23%) e pela biomassa (8,86%) (ANEEL, 2018).

Tabela 1- Fontes de energia em operação utilizadas no Brasil (Fonte: ANEEL, 2018)

Fontes utilizadas no Brasil - Fase: Operação

Origem Quantidade Potência Outorgada

(kW)

Potência

Fiscalizada (kW) %

Fóssil 2433 27.116.848 25.362.104 16,23

Biomassa 559 14.792.529 14.691.742 8,86

Nuclear 2 1.990.000 1.990.000 1,19

Hídrica 1338 107.768.028 104.151.109 64,51

Eólica 558 13.765.439 13.742.643 8,24

Solar 2265 1.619.578 1.612.778 0,97

Undi-Elétrica 1 50 50 0

Total 7156 167.052.473 161.550.427 100

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Figura 3 - Utilização das fontes em operação no Brasil (Fonte: ANEEL, 2018)

Na última década, o consumo de eletricidade aumentou duas vezes, chegando a

516 TWh/ano, em parte devido a crescente qualidade de vida de uma classe média

emergente (PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015). Por outro lado, a expansão de

hidrelétricas, que são as principais geradoras de eletricidade no Brasil, tem sido limitada

devido a restrições socioambientais (PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015). Nesse sentido

o governo brasileiro anunciou que a expansão de grandes usinas hidrelétricas de

reservatórios será restringida após 2025-30 (PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015).

A previsão indica que o consumo irá dobrar para 1100 TWh em 2035

(PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015). Para isso, será necessário que aumente também a

produção de energia elétrica. Esse aumento será parcialmente atendido por uma maior

utilização de combustíveis fósseis (PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015). O governo

brasileiro, nos últimos anos, vem investido na exploração nos reservatórios de óleo e gás

no pré-sal. Essa é uma estratégia pode aumentar a produção de eletricidade a partir do gás

natural. Contudo, aumentar a utilização dos combustíveis fósseis levará a maiores

emissões de gases do efeito estufa, o que deve resultar em mudanças no clima, tais como

a diminuição das chuvas, com consequências sobre os reservatórios das usinas

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hidrelétricas, diminuindo a produção de energia elétrica (PORTUGAL-PEREIRA, et al.,

2015).

Para isso, a bioeletricidade se torna uma alternativa para suprir o aumento de

demanda esperado para os próximos anos sem a utilização dos combustíveis fósseis e que

a matriz energética brasileira não fique fortemente dependente das hidrelétricas. Além

disso, ajuda a diminuir os problemas gerados pela emissão de gases do efeito estufa.

O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, gerando uma

significante quantidade de resíduos de biomassa em atividades da colheita e

processamento de produtos agrícolas, como o arroz, algodão, cana-de-açúcar, milho, soja,

entre outros (PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015). Os resíduos agrícolas são

provenientes da fase agrícola de cultivo de determinadas espécies, enquanto os resíduos

agroindustriais resultam do processamento industrial da biomassa (PORTUGAL-

PEREIRA, et al., 2015). Entre as mais importantes culturas, em termos de potencial de

resíduos, podem-se citar a cana-de-açúcar, o milho e a soja (PORTUGAL-PEREIRA, et

al., 2015).

Três resíduos sólidos diferentes são produzidos a partir do processamento da cana-

de-açúcar: palha (durante a lavoura), bagaço e torta de filtro (no processamento do etanol).

A principal fonte de agroeletricidade no Brasil é o bagaço da cana-de-açúcar (capacidade

instalada de 9,4 GW), devido à grande produção de cana-de-açúcar para o etanol e açúcar,

e consequentemente produção desse resíduo em usinas de açúcar e destilarias de etanol

(PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015).

Por sua vez, os resíduos do milho e da soja gerados na colheita, que geralmente

são deixados no campo, são as espigas, caules, colmos e folhas (PORTUGAL-PEREIRA,

et al., 2015).

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O potencial de bioenergia é limitado pela capacidade teórica de produção de

biomassa, seus impactos ambientais e viabilidade técnico-econômica (PORTUGAL-

PEREIRA, et al., 2015). A capacidade teórica define a bioenergia máxima disponível sob

condições biofísicas e agroecológicas que impedem o crescimento de culturas e resíduos,

como temperatura, radiação solar, precipitação pluviométrica e propriedades do solo

(PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015). Esse potencial ainda é limitado por restrições

ambientais, pois os resíduos agrícolas são importantes reguladores do bioma. Os resíduos

criam uma proteção que mitiga os impactos de agentes de erosão da chuva e do vento, e

também protegem o solo da luz solar excessiva e da evaporação (PORTUGAL-PEREIRA,

et al., 2015). Além disso, os resíduos contribuem para a reciclagem de nutrientes e fixação

da matéria orgânica, apoiando a atividade microbiana e macro invertebrada

(PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015).

A viabilidade técnico-econômica, por outro lado, refere-se à fração do potencial

ambientalmente sustentável disponível sob as possibilidades tecnológicas, às restrições

logísticas e leva em conta a competição de outros recursos não energéticos de resíduos

(PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015).

O potencial sustentável para geração de eletricidade no Brasil em 2010 era de 141

TWh/ano, equivalente a 27% da energia gerada (PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015).

Esse potencial é principalmente concentrado na região Sudeste (33%), Sul (28%) e

Centro-Oeste (27%), que são os locais que possuem as maiores áreas agrícolas do país

(PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015). Aproximadamente 88% do potencial total deriva

de resíduos de plantações da cana-de-açúcar, soja e milho (PORTUGAL-PEREIRA, et

al., 2015).

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Figura 4 - Potencial ambientalmente sustentável para bioenergia no Brasil (Fonte: PORTUGAL-PEREIRA, et

al., 2015)

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Figura 5 - Estimativa do potencial econômico de bioenergia (FONTE: PORTUGAL-PEREIRA, et al., 2015)

Intervenções humanas no clima da Terra, incluindo a remoção direta de CO2 da

atmosfera, têm sido objeto de pesquisa há mais de um século (MINX, et al., 2018). De

fato, a ligação entre as emissões atmosféricas de CO2 e a mudança global é tão antiga

quanto a discussão em torno da própria mudança climática (MINX, et al., 2018). A ideia

de que os humanos poderiam remover o dióxido de carbono da atmosfera em larga escala

para combater o aquecimento global era parte das primeiras sugestões sobre como

resolver o problema da mudança climática (MINX, et al., 2018). Durante a segunda

metade do século XX, propostas mais concretas foram feitas sobre como remover o CO2

da atmosfera, plantando arvores, por exemplo (MINX, et al., 2018).

Com o início da diplomacia climática internacional no final da década de 1980 e

o estabelecimento da UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate

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Change) e do IPCC (Intergovernmentnal Panel on Climate Change), o interesse pelas

estratégias de resposta humana começou a crescer (MINX, et al., 2018). No entanto, as

tecnologias de emissões negativas (NETs - Negative Emissions Technologies) só

receberam atenção periférica nas primeiras avaliações (MINX, et al., 2018).

A integração da discussão sobre NETs ocorreu recentemente e está intimamente

relacionada ao surgimento de um novo conjunto de cenários de mitigação da mudança

climática a partir de modelos de avaliação integrados que apresentam o BECCS

(Bioenergy with Carbon Capture and Storage) como uma opção explicita de remoção de

dióxido de carbono no portfólio de tecnologias (MINX, et al., 2018).

No relatório AR4 do IPCC, em 2007, foi concluído que, a partir dos primeiros

cenários propostos, as emissões negativas podem se tornar essenciais para atingir metas

climáticas, particularmente a de estabilizar a concentração de CO2 na atmosfera abaixo

de 490 ppm de CO2 eq (MINX, et al., 2018).

Após o AR4, houve um interesse crescente no debate sobre a política climática

internacional para explorar as vias de mitigação que continuam aquecendo abaixo de 2

oC. Assim, a opção do Bio-Energy with Carbon Capture and Storage (BECCS) foi

adicionada em todos os modelos de avaliação integrados (MINX, et al., 2018).

No período do AR5, os principais exercícios de intercomparação de modelagem

focaram-se na compreensão dos requisitos tecnológicos e econômicos do cumprimento

de metas climáticas rigorosas de longo prazo (MINX, et al., 2018). Duas grandes

inovações contribuíram para uma compreensão mais ampla das vias alternativas de

mitigação de longo prazo: a exploração do impacto da exclusão de tecnologias individuais

ou clusters de tecnologia e a exploração do impacto de trajetórias políticas menos

otimizadas (ação retardada; ação fragmentada) para atender uma meta climática

especifica (MINX, et al., 2018). Em ambos os casos, a disponibilidade das NETs

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desempenhou um papel importante na manutenção de metas climáticas rigorosas dentro

do alcance (MINX, et al., 2018).

O relatório AR5, do IPCC, em 2013, destacou a importância das tecnologias de

emissão negativa em cenários para atingir a meta de manter o aumento da temperatura

abaixo de 2 oC até 2100, mas apontou para as incertezas sobre a disponibilidade, escala e

efeitos colaterais do BECCS (MINX, et al., 2018).

O atual conhecimento das tecnologias de emissões negativas ainda é difuso e

incompleto. Para progredir em nossa compreensão das emissões negativas, mais

tentativas sistemáticas são necessárias para avaliar e agregar o conhecimento atualmente

disponível (MINX, et al., 2018).

Nesse contexto, bioenergia assume um papel fundamental para um futuro com

menor intensidade de carbono no setor energético.

1.2 Objetivo

Conforme o contexto acima descrito, este projeto tem como objetivo simular uma

planta conceitual termelétrica baseada na combustão de biomassa em caldeira e equipada

com captura de carbono, de forma que a análise seja feita comparando uma planta com e

sem captura. Dessa forma, é possível avaliar os impactos da inserção dessa tecnologia

numa usina termelétrica, em termos de emissões de CO2 e geração líquida de eletricidade.

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2. Aspectos tecnológicos

2.1 Usina termelétrica

A conversão da energia química da biomassa em energia elétrica se dá em uma

máquina térmica. Na combustão direta, vapor é gerado para alimentar uma turbina e,

assim, produzir eletricidade. É um processo mais maduro em termos tecnológicos, sendo

técnica viável tanto em pequena quanto em média e grande escalas. Entre os processos

de combustão, duas tecnologias se destacam: a combustão em leito fluidizado e a

combustão convencional de carvão pulverizado (Pulverized Coal – PC), visto que o

carvão é o combustível de maior utilização nas termelétricas. O processo de geração em

combustão direta para a biomassa é igual ao processo com o carvão, o que irá diferenciar

serão os elementos químicos e os poderes caloríficos de cada combustível.

Uma usina termelétrica (UTE) consiste em uma instalação industrial utilizada

para geração de energia elétrica. Estas operam segundo um ou mais ciclos

termodinâmicos, isto é, o fluido de trabalho sofre uma série de processos de

transformação físico-química, e finalmente, retorna para o seu estado inicial

(BORGNAKKE, 2013).

As termelétricas a vapor são baseadas no ciclo Rankine (Figura 6), onde

acontecem mudanças de fases no fluido de trabalho. Feita a ressalva de que existem

modificações no ciclo simples em prol de ganhos de eficiência de conversão de calor em

trabalho, os quatro processos que compõem o ciclo Rankine simples ideal são:

1. Bombeamento adiabático reversível na bomba

2. Transferência de calor à pressão constante na caldeira

3. Expansão adiabática reversível na turbina

4. Transferência de calor à pressão constante no condensador

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Na primeira etapa, o fluido de trabalho (no estado de liquido saturado) é bombeado

para aumentar a pressão até o nível requerido para a próxima etapa. Na segunda, a pressão

constante, o fluido de trabalho é aquecido na caldeira para passar para o estado de vapor

supersaturado. Na terceira etapa, o vapor, a elevada pressão e temperatura, é expandido

em uma turbina, gerando trabalho. Por fim, o fluido de trabalho passa por um condensador

à pressão constante para voltar ao estado de liquido saturado e ser então novamente

bombeado para reiniciar o ciclo.

Figura 6 - Ciclo Rankine Simples (Fonte: Elaboração própria)

No processo de transferência de calor à pressão constante na caldeira, com queima

pulverizada, o combustível, no caso a biomassa bruta, é moído até a consistência de pó

fino e segue para ser queimado com uma corrente de ar, produzindo vapor que é, então,

utilizado na turbina para gerar trabalho, acionando o gerador para produção de energia

elétrica. O gás de exaustão da caldeira se encontra próximo da pressão atmosférica e é

constituído principalmente por N2, H2O e CO2 (ROCHEDO, 2011).

A eficiência térmica de um ciclo termodinâmico é dada pela equação abaixo:

𝜉𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝑊𝑙𝑖𝑞

𝑄ℎ eq. 1

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Onde:

▪ wliq é o trabalho liquido do ciclo

▪ qh é o calor inserido pela caldeira no ciclo

A eficiência de geração pode ser aumentada ao projetar equipamentos do ciclo a

vapor para a operação a maiores pressões e temperaturas, provocando um aumento da

variação da entalpia na turbina e, por consequência, maior geração de trabalho

(ROCHEDO, 2011).

Assim, UTEs baseadas no ciclo Rankine podem ser classificadas conforme três

configurações: ciclo a vapor subcrítico (SubPC), supercrítico (SPC) e ultra supercrítico

(USPC). Estas classificações dizem respeito à condição de projeto do ciclo a vapor

(ROCHEDO, 2011) – ver Figura 7. As denominações de ciclo subcrítico e supercrítico

derivam do estado do vapor após passar pela caldeira. Abaixo do ponto crítico da água

(374,12 oC / 22,06 MPa) (BORGNAKKE, 2013), temperatura e pressão determinam se a

água se encontra em fase liquida ou gasosa. Após o ponto crítico, a fase de vapor e a fase

de água são indistinguíveis, ou seja, a adição de trabalho e/ou calor não leva à mudança

de fase (SPLUNG, 2018).

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Figura 7 - Diagrama de fases da água. (Fonte: Adaptado de SPLUNG, 2018)

O sistema subcrítico é o sistema mais convencional de UTEs operando em Ciclo

Rankine. O ciclo a vapor opera com pressões abaixo de 22 MPa e as temperaturas podem

atingir 550 oC (ROCHEDO, 2011). A eficiência de 1ª Lei de UTEs a carvão operando em

condições de vapor subcríticas se encontra numa faixa de 33 a 37% (ROCHEDO, 2011).

Quando a planta trabalha em condições subcríticas, o fluido de trabalho se apresenta ou

em fase liquida ou em fase gasosa. Para sair da fase liquida e ir para a fase gasosa, a água

precisa passar pelo processo de evaporação, o que exige adição de calor. Esse é o calor

latente, o que não resulta em aumento de temperatura no vapor. Ele apenas promove a

mudança de fase.

Em plantas supercríticas, as pressões são maiores que 22 MPa, obtendo assim uma

maior eficiência de geração. A eficiência de 1ª Lei de UTEs supercríticas a carvão se

encontra na faixa de 37 a 40% (ROCHEDO, 2011). Em condições supercríticas, o fluido

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estará todo em fase gasosa, com isso não há mudança de fase, resultando assim em um

aumento na eficiência da planta (Figura 8 e Figura 9).

Figura 8 - Diagrama T-S do ciclo Rankine supercrítico em vermelho (Fonte: STAUDINGER, 2018)

Com o desenvolvimento de novos materiais, as faixas de pressão e temperatura

podem ser expandidas. Diversas plantas na Europa e Japão operam com pressões de até

32 MPa e temperaturas de 600/610 oC, sendo referidas como ultra supercríticas (USPC)

(ROCHEDO, 2011). A eficiência para plantas a carvão pode alcançar a faixa de 44 a 46%

(ROCHEDO, 2011)

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Figura 9 - Diagrama esquemático de uma planta PC a carvão de 500 MW (Fonte: ROCHEDO, 2011)

A tecnologia alternativa à combustão pulverizada é a combustão em leito

fluidizado (Figura 10). O leito consiste tipicamente de calcário que é fluidizado com ar

injetado no fundo do reator. As partículas de combustível, então, se espalham velozmente

no leito. Isso permite o aquecimento rápido acima da temperatura de ignição do

combustível. A temperatura pode ser facilmente controlada através da quantidade de ar

que entra no reator. Essa tecnologia permite que o tempo de retenção de cada partícula se

adapte ao seu tamanho e que se atinjam boas taxas de conversão (ROCHEDO, 2011).

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Figura 10 - Reator de leito fluidizado circulante (Fonte: ROCHEDO, 2011)

2.2 Controle de NOx

O NOX é um dos produtos da combustão na caldeira. É formado a altas

temperaturas (aproximadamente 1250 oC) e, quanto maior a temperatura de combustão,

maior será a taxa de formação dos óxidos de nitrogênio (CASTELO BRANCO, 2012) –

ver Figura 11. A quantidade de oxigênio disponível no processo de combustão e o tempo

de retenção também têm efeito na formação do NOx. Estes óxidos são nocivos à saúde

humana e também, ao serem precursores de ozônio (COSTA et al., 2009), contribuem ao

efeito estufa global. Eles reagem com a água, formando o ácido nítrico contribuindo assim

para a formação da chuva ácida. Além disso contribuem na formação da fumaça

fotoquímica (smog), que ocorre quando óxidos nitrogenados e compostos orgânicos

voláteis reagem na presença de luz solar (THOMPSON et al, 1972). O principal produto

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dessa fumaça fotoquímica é o ozônio, que provoca tosses, desconforto e diminuição da

capacidade pulmonar (THOMPSON et al, 1972).

Figura 11 - Emissão de NOx aumenta com o excesso da razão de ar e com a temperatura de combustão (Tb)

(FONTE: BASU, 2006)

Logo, é necessário que a UTE possua controle da emissão do NOx. Existem dois

tipos de controle que podem ser utilizados: controle durante a combustão (In furnance

control) e na pós-combustão.

O controle durante a combustão é feito através de tecnologias baseadas no

controle da temperatura de queima, disponibilidade de oxigênio e tempo de retenção na

fornalha. Os queimadores low NOx são a tecnologia mais comum de controle de óxidos

nitrosos (IEA, 2019). Estes queimadores inibem a formação dos óxidos de nitrogênio por

meio do controle da mistura de ar e combustível. Dessa forma tem-se uma diminuição da

temperatura de pico da chama e uma redução na formação do NOx. Melhorando a

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estrutura da chama, o queimador Low-NOx também reduz a quantidade de oxigênio

disponível na parte quente da chama. Além disso, existe a possibilidade de controle do ar

na caldeira, ao invés de injetar todo o ar de uma única vez, injetá-lo em mais de um local

da caldeira. O mais comum é ter a configuração de dois estágios (CASTELO BRANCO,

2012). No primeiro, o combustível é queimado em uma atmosfera pobre de oxigênio,

levando a uma combustão incompleta a baixa temperatura e consequentemente a uma

baixa formação de NOx. Já no segundo estágio, o ar é injetado na fornalha e a combustão

é completada nessa área adicional. Uma caldeira trabalhando com carvão pulverizado tem

o potencial de redução de NOx de 40 a 50%. (BASU, 2006)

Para o controle de NOx na pós-combustão existem duas alternativas: redução

seletiva não catalítica (Selective Non-catalytic Reduction – SNCR) e redução seletiva

catalítica (Selective Catalytic Reduction – SCR) (CASTELO BRANCO, 2012).

No primeiro processo, um agente de redução, amônia ou ureia, é injetado no gás

de exaustão a temperaturas entre 800 e 1000 oC (HOFFMANN, 2013). Este agente se

combina com o óxido de nitrogênio formando gás N2 e água. Este processo atinge taxas

de redução de até 50% (HOFFMANN, 2013).

Já no processo SCR o vapor de amônia é injetado na corrente de gás de exaustão

e, em seguida, passa por um catalisador, podendo ser de óxido de titânio, zeólita óxido de

ferro ou carvão. Este catalisador afeta o mecanismo da reação entre a amônia e o NOx. A

temperatura de operação se encontra na faixa de 300 a 400 oC, com taxa de conversão de

80 e 90%. (HOFFMANN, 2013)

Comparando os dois processos, a vantagem do SCNR é o fato de poder evitar a o

catalisador, que possui um alto custo. O processo SCNR também evitar perdas de calor

sensível, na medida em que pode operar a altas temperaturas. Contudo, esta opção tem

capacidade de controle de NOx menor do que a do SCR e ainda apresenta problemas por

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provocar emissões de amônia e a formação de N2O, que representa um gás de efeito estufa.

(CASTELO BRANCO, 2012).

Um sistema típico de SCR consiste em um tanque de estocagem de um agente de

redução (amônia ou ureia), equipamento de injeção e controle e a câmara do catalisador.

2.3 Controle de SOx

Os óxidos de enxofre (SOx) são gerados pelo processo de combustão devido à

presença de enxofre na composição do combustível. As emissões de SOx se apresentam

principalmente na forma de SO2. O dióxido de enxofre é um gás incolor, não inflamável

e não explosivo (KAMPA 2008). A exposição por um longo período a altas concentrações

de dióxido de enxofre causa problemas respiratórios como asma e bronquite (KAMPA,

2008). Também causa irritação nos olhos e inflamações na garganta. Uma parte desse gás

pode reagir com gases adicionais na atmosfera gerando o ácido sulfúrico, que se precipita

na forma de chuva ácida, gerando danos ao ecossistema e outros efeitos nocivos ao meio

ambiente. (NIHALANI, et al., 2018)

Para o controle de emissões de SOx, diferentes tecnologias existem, sendo a

dessulfurização úmida e a dessulfurização com spray dryer as mais utilizadas. Na

dessulfurização úmida, solventes em base de slurry (mistura de água com pequenos

pedaços sólidos, como cálcio, sódio ou amônia) são utilizados. O mais comum para essa

reação é a cal devido ao seu baixo custo e disponibilidade no mercado. O processo ocorre

em uma coluna, onde o gás de exausto entra pelo fundo e o slurry em diversos níveis da

coluna. Ar é aspergido no slurry, que se acumula no fundo da coluna, promovendo a

oxidação do sulfito de cálcio para sulfato de cálcio (gesso). Estes lavadores úmidos

podem atingir eficiências de remoção de até 99%, exigindo um revestimento de borracha,

aço inox ou liga de níquel para controlar a corrosão e abrasão (CASTELO BRANCO,

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2012). Além da alta eficiência, têm a capacidade de ter como subproduto o gesso, que

pode gerar uma receita adicional para a usina.

Já na dessulfurização com spray dryer, o slurry de cal é atomizado dentro de um

vaso onde a reação com o SO2 do gás de exaustão ocorre. Primeiramente, a água evapora

através do calor do gás de exaustão. O tempo de reação é de apenas 10 segundos, quando

são formados o sulfato e sulfito de cálcio, através da reação entre o SO2 e o SO3 com a

cal (CASTELO BRANCO, 2012). O tratamento de águas residuais não é necessário em

spray dryer, pois toda água que entra no reator é evaporada. O coproduto, que ainda

contém cal que não reagiu, pode ser reutilizado para realimentar o processo. A eficiência

desse processo é afetada pela temperatura de exaustão, concentração de SO2 e o grau de

atomização do slurry. Essa tecnologia permite tipicamente a remoção de 90%

(HOFFMANN, 2013).

2.4 Controle de Material Particulado

O material particulado se refere às impurezas inorgânicas convertidas em cinzas

depois do processo de combustão. A parte mais densa das cinzas é retirada pelo fundo da

caldeira e são chamadas de bottom ash. As partículas mais leves, permanecem em

suspensão no gás de exaustão e são chamadas de cinzas volantes (fly ash). Estas

constituem o material particulado, que cujo controle ocorre usualmente depois do

controle de NOx.

Existem basicamente dois tipos de controle para remoção de materiais

particulados: precipitadores eletrostáticos e filtros de manga. Os precipitadores

eletrostáticos funcionam aplicando cargas elétricas para separar partículas do fluxo de

gás. Uma elevada queda de pressão é estabelecida entre os eletrodos fazendo com que as

partículas que passam por esse campo elétrico adquiram carga. As partículas carregadas

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se movem para a parede de carga oposta, onde ficam acumuladas e o gás segue o seu

fluxo natural. O material particulado, então, é retirado dessas placas, periodicamente, e

transportado para o silo de cinzas. Os parâmetros de operação, que influenciam no

desempenho destes equipamentos, incluem a vazão mássica das cinzas, a distribuição

granulométrica, a resistividade elétrica e também a tensão e corrente aplicadas. Têm

eficiência de remoção entre 96,5 e 99%. (HOFFMANN, 2013).

Os filtros de manga (Figura 12) operam segundo os mesmos princípios dos

aspiradores de pó residenciais. O fluxo de ar carregado com partículas é forçado por uma

passagem na qual uma bolsa de pano é encontrada. Com essa passagem do fluxo através

do pano, as partículas ficam acumuladas criando assim um fluxo de gás limpo. Os filtros

são subdivididos em três tipos, conforme o tipo de regeneração, ou seja, a forma com que

a remoção das partículas retidas no filtro é feita. Pode ser pelo método reverse gas, que

utiliza um gás limpo percorrendo no sentido inverso do fluxo do gás de combustão; pelo

método pulse jet que aplica jatos de gás pulsantes; pelo método shake and deflate, que

interrompe a corrente de gás para provocar a deflação do filtro e, em seguida, agitá-lo

(CASTELO BRANCO, 2012). Possuem eficiência de remoção entre 99,8 e 99,9%

(HOFFMANN, 2013).

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Figura 12 - Filtros de manga instalados em uma UTE (Fonte: IEMA, 2016)

2.5 Sistema de Arrefecimento

As UTEs convertem a energia química contida no combustível em energia elétrica.

Como não é possível transformar todo o calor inserido na máquina térmica em trabalho

(2ª Lei), o calor rejeitado deve ser removido e dissipado para o meio ambiente. Assim, o

resfriamento é necessário, sendo o método mais simples através da utilização da água

como meio de transferência de calor. Existem basicamente dois tipos de tecnologias de

arrefecimento com água: o ciclo aberto (once-through) e o ciclo fechado (FEELEY III et

al, 2008).

O sistema de ciclo aberto é o mais simples. A água tratada é proveniente de rios,

lagos ou mar. Após o resfriamento do exausto via trocador de calor, essa água é retornada

para a fonte. A quantidade de água necessária é alta, porém retorna ao corpo receptor com

altas temperaturas entre 15 oC e 30 oC (ARROYO, 2018).

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Por sua vez, em sistemas de ciclo fechado (ou recirculação), as configurações são

utilizadas: torre úmida (recirculação úmida) e air cooled (recirculação seca). Para o

sistema de recirculação úmida (Figura 13), a água depois de utilizada no condensador da

planta termelétrica, é resfriada por uma corrente de ascendente de ar numa torre de

resfriamento, podendo o ingresso do ar ser natural (mediante construção de torres de

grande tamanho) ou mecânico (utilizando ventiladores) (ARROYO, 2018). A água

resfriada, portanto, volta para o processo de condensação. Na torre úmida acontece a troca

de calor com a atmosfera, devido ao calor latente de evaporação da água, havendo perdas

de uma quantidade de água necessária pelo sistema (ARROYO, 2018). Devido a

evaporação ocorre um aumento na concentração de minerais e sedimentos, gerando

perdas de água pela purga gerada no processo, com finalidade de manter o desempenho

do sistema de resfriamento (ARROYO, 2018). Um sistema de torre úmida precisa,

portanto, de reposição de água (make-up), devido à evaporação e a purga que ocorre no

processo.

Figura 13- Torre de arrefecimento (Fonte: HOFFMANN, 2013)

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Sistemas de arrefecimento com recirculação seca (air cooled) são aplicáveis em

regiões onde não há disponibilidade de água. É composto pelo mesmo princípio da torre

úmida, só que ao invés de utilizar água como meio de transferência de calor, utiliza o

próprio ar através do processo de convecção. Para forçar a convecção e aumentar a

capacidade de resfriamento do sistema, ventiladores são utilizados ocasionando um maior

consumo de energia pela planta. Pode-se ainda ter um sistema hibrido, onde a carga de

resfriamento do ciclo a vapor ocorre numa torre de resfriamento seco, enquanto as demais

cargas de resfriamento são atendidas por um sistema úmido aberto ou fechado.

(HOFFMANN, 2013)

2.6 Captura e armazenamento de carbono (CCS)

O gás carbônico (CO2) é o principal gás causador do efeito estufa de origem

antropogênico, devido, sobretudo, ao seu tempo de permanência na atmosfera e à

quantidade de CO2 emitida por máquinas térmicas (SABINE, et al,2004). Como uma

usina termelétrica emite CO2, ao realizar a combustão na caldeira, uma maneira de reduzir

essas emissões é através da captura do gás liberado pela combustão.

A tecnologia de captura de CO2 pode ser realizada em três cenários: captura via

pré-combustão, oxi-combustão e pós-combustão. No processo de captura de CO2 na pré-

combustão, como o próprio nome já diz, o sistema promove a captura do carbono antes

de sua combustão. Neste caso, o processo básico inclui a gaseificação do combustível.

Ou seja, o combustível, primeiramente, reage com o ar ou oxigênio produzindo um gás

de síntese, uma mistura composta de CO, CO2 e H2. O processo de pré-combustão visa a

remoção do CO2 do gás de síntese, enquanto a mistura rica em hidrogênio segue para ser

queimada numa turbina a gás capaz de operar com H2. Para evitar a formação de CO2

pela queima de CO é usual utilizar a conversão Shift, em que o monóxido de carbono

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reage com o vapor d´água, formando dióxido de carbono e mais hidrogênio. (ROCHEDO,

2011)

O processo de oxi-combustão se refere à combustão com oxigênio puro (ou até

mesmo com ar rico em oxigênio), ao invés de ar, produzindo um gás de exaustão que

consiste essencialmente CO2 e água. Com isso, a concentração de nitrogênio é pequena

se comparada à combustão com ar. Neste caso, a separação do dióxido de carbono é

simplificada, sendo necessária apenas a condensação da água e, eventualmente, uma etapa

de purificação da corrente rica em CO2, dependendo da aplicação. No entanto, duas

dificuldades básicas são encontradas no processo de oxi-combustão. O processo de

separação do oxigênio do ar envolve custo de capital e operacional (consumo energético)

para a usina (ROCHEDO, 2011). O outro ponto desfavorável é que o processo apresenta

uma limitação tecnológicas acerca dos materiais para os internos de forno e equipamentos,

de modo a suportar o aumento da temperatura em resposta à queima com oxigênio

concentrado (ROCHEDO, 2011). Uma solução é o reciclo da corrente rica em CO2, após

a condensação da água, para a caldeira. O CO2 age como um diluente térmico, diminuindo

a temperatura e, além de manter altas pressões parciais de carbono, diferentemente do uso

do N2 como diluente, ajuda a inibir a formação de nitrogênio e enxofre (ROCHEDO,

2011).

Finalmente, o processo de controle de CO2 na pós-combustão pode ser visto como

um processo add-on à planta de geração de energia elétrica e é similar a outros

tratamentos de exausto, que podem estar presentes na planta sem captura. É o método

mais consolidado para plantas que utilizam o ciclo a vapor, sendo assim mais fácil de ser

implementado em plantas existentes (retrofit).

Diversas tecnologias estão disponíveis para a separação de CO2 e são baseadas

em diferentes processos físico-químicos incluindo absorção (química e física), adsorção

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em sólidos, separação criogênica e separação por membranas. A separação criogênica é

muito energo-intensiva e por consequência, cara demais. Esta só está disponível em

plantas que utilizam a oxi-combustão, logo é necessário que se utilize um sistema de

separação de ar (ASU – Air Separation Unit), para que o oxigênio seja separado do ar,

para a combustão ocorrer (HOFFMANN, 2010).

A adsorção em sólidos ainda não é compatível com o processamento de grandes

volumes. A separação por membranas possui uma série de vantagens em comparação às

tecnologias de absorção e adsorção, como sua simples manutenção, seu baixo consumo

de energia devido à ausência de transições de fase e sua alta confiabilidade, contudo essa

tecnologia ainda não está disponível para aplicações em escala industrial (HOFFMANN,

2010).

Atualmente a captura por absorção química é o método mais maduro de pós-

captura de CO2 em UTEs operando em ciclo Rankine (CASTELO BRANCO, 2012). A

captura de carbono por absorção química consiste em utilizar um solvente que reage, de

forma reversível, com o soluto, no caso CO2. O processo envolve duas etapas, uma de

absorção, na qual o dióxido de carbono é transferido do gás de exaustão para o solvente,

e, em seguida, uma etapa de dessorção (stripping), onde ocorre a regeneração do solvente

e recuperação do CO2, que retorna para fase gasosa (CASTELO BRANCO, 2012). Os

solventes mais aplicados são misturas de aminas. Em especial utilizam-se o MEA

(monoetanolamina) e MDEA (metildietanolamina). Esses solventes são bases, MEA é

uma base mais forte que o MDEA e, portanto, forma ligações mais fortes com o CO2,

sendo empregada quando se precisa de uma alta taxa de remoção. O gás de exausto deve

ter baixas concentrações de NOx e SOx, pois a amina reage com eles gerando um sal não

regenerável e estável. Logo, antes do processo de captura do CO2, deve ocorrer a remoção

quase completa de NOx e SOx.

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A escolha do solvente deve ser baseada em algumas características como

(CASTELO BRANCO, 2012):

• Quanto maior a capacidade de absorção do solvente, maior será a eficiência

na operação, podendo assim reduzir a quantidade de solvente utilizado e as

dimensões dos equipamentos

• Para evitar perdas relevantes de solvente por evaporação no processo de

regeneração, uma baixa volatilidade é necessária

• Para que a velocidade de absorção e a transferência de calor sejam elevadas

e o consumo de energia para transferência de massa seja reduzido, uma

baixa viscosidade é necessária

• Baixo custo do solvente e equipamentos

• Solventes com maiores resistências à degradação, ou seja, maior

estabilidade química, reduzem os custos de reposição (make-up)

• Solvente com baixa corrosividade evita a diminuição da vida útil dos

equipamentos ou até mesmo a utilização de materiais mais nobres na

construção

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Figura 14 - Esquema típico de um sistema de absorção química de dióxido de carbono. (Fonte: FERON,

2010)

O sistema de absorção química é ilustrado na Figura 14. Ele consiste em dois

elementos principais: coluna de absorção onde o CO2 é removido; e coluna de

regeneração (stripper) onde o CO2 é liberado em alta concentração e o solvente é

recuperado.

Uma instalação de remoção de CO2 opera geralmente em condições que

apresentam uma taxa de remoção de 90%. Quando é exigida uma taxa menor de captura,

a boa prática não é a diminuição da eficiência do equipamento de remoção, mas a

instalação de um by-pass, ou seja, a separação das correntes em duas partes, uma que

passará pela unidade de remoção de CO2 e outra que passará para a chaminé (CASTELO

BRANCO, 2012).

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Na etapa de absorção, os gases de exaustão seguem um fluxo ascendente na

coluna de absorção, em contracorrente com o solvente químico. O solvente reage com o

CO2 formando um composto com ligação fraca (carbamato). Os gases purificados

(scrubber gases), sem a presença de dióxido de carbono, são lavados e expelidos para a

atmosfera (RAO, 2002). As reações químicas que ocorrem durante a absorção do dióxido

de carbono em MEA e na regeneração do solvente estão descritas abaixo (CASTELO

BRANCO, 2012):

2R-NH2 + CO2 ➔ R-NH3+ + R-NH-COO- eq. 2

R-NH-COO- + R-NH3+ + calor ➔ CO2 + 2R-NH2 eq.3

Onde,

R = HO-CH2CH2

O solvente apresenta uma afinidade grande para reagir com o SO2, com o qual

forma sais termicamente estáveis, que não podem ser regenerados e precisam ser retirados

do sistema. Para evitar a degradação do solvente, o teor de SO2 precisa ser reduzido o

máximo possível e, assim, as plantas termelétricas precisam adicionar uma segunda etapa

de remoção de SO2, chamado de SO2 polisher (CASTELO BRANCO, 2012). Trata-se

normalmente de um lavador que utiliza solução de soda caustica (NaOH) a 20%. Pode

ser instalado como compartimento da torre onde é realizada a dessulfurização principal

ou como uma torre separada.

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O processo de absorção química tem o seu equilíbrio afetado pela temperatura,

dado que a solubilidade de CO2 é um processo exotérmico. Isto é, a absorção no solvente

aumenta com a redução de temperatura. Com isso, o gás de exaustão deve ser arrefecido

para temperaturas por volta de 45 oC. Isto ocorre em um cooler de contato direto (DCC –

Direct Contact Cooler), que é uma coluna onde o gás de exaustão é resfriado abaixo da

temperatura exigida no absorvedor, de forma a considerar o aquecimento do ar no

ventilador (necessário para superar a queda de pressão no absorvedor de CO2). O DCC

pode ser projetado para, ao mesmo tempo, cumprir a função de SO2 polisher (CASTELO

BRANCO, 2012).

O processo de absorção química requer geralmente um alto consumo de energia,

sobretudo, térmica, dado que os processos de absorção e regeneração são controlados por

temperatura. Assim, observa-se uma penalidade energética em torno de 4 GJ/t de CO2

para o solvente MEA (ROCHEDO, 2011), na UTE.

Após a absorção, ocorre a separação do CO2 do solvente. Este processo ocorre no

stripper, que se trata de uma coluna de diferentes compartimentos de pratos. O solvente

rico de CO2 entra no stripper, após um pré-aquecimento. No stripper, o solvente percorre

a coluna de cima para baixo, em contracorrente com uma corrente de vapor de água e

CO2 que foi evaporado no reboiler. O reboiler encontra-se no fundo da coluna. Nessa

unidade, devido a adição de calor, a maior parte das ligações do solvente e CO2 é quebrada

e o CO2 deixa o solvente. O solvente regenerado sai do stripper no fundo da coluna e

segue para um trocador de calor, onde o pré-aquecimento do solvente rico é realizado. O

solvente regenerado segue para um resfriador onde é arrefecido até 40 oC (HOFFMANN,

2013) e volta para o processo de absorção.

O vapor quente no topo do stripper contem principalmente CO2 e vapor d’agua,

com uma pequena quantidade de vapor de solvente. Este vapor segue para o condensador,

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onde a grande parte da água e do solvente se condensam. A corrente, então, segue para o

tambor de refluxo do stripper, onde vapor e liquido são separados (HOFFMANN, 2013).

O solvente regenerado é retirado do fundo da coluna e segue para o trocador onde

é arrefecido contra o solvente rico que sai do absorvedor. Uma pequena parte da corrente

que sai do fundo do stripper é desviada para o reclaimer, cuja funcionalidade é a

recuperação do solvente degradado, ou seja, aquele que formou sais termicamente

estáveis. Este solvente degradado reage com a soda caustica liberando o solvente de

ligações com óxidos de enxofre, devido ao seu forte caráter básico (HOFFMANN, 2013).

O solvente regenerado evapora então e volta ao circuito de absorção. O processo do

reclaimer é essencial para a redução de corrosão e incrustação no sistema do solvente

(HOFFMANN, 2013). Os resíduos do reclaimer são imediatamente resfriados com água

de resfriamento da UTE e descarregadas num tanque (HOFFMANN, 2013).

A corrente que não foi condensada consiste quase exclusivamente de CO2 e segue

para a unidade de secagem e compressão, tipicamente à pressão de 150 bar (cerca de 15

MPa) (ROCHEDO, 2011) para transporte e armazenamento ou então como insumo de

algum processo industrial (RAO, 2002).

O armazenamento pode ser feito em diferentes locais: reservatório geológico, em

aquíferos salinos, em minas de carvão, em reservatórios de petróleo e gás deplecionados

e maduros (para recuperação avançada de petróleo – EOR/EGR – Enhanced Oil

Recovery/ Enhanced Gas Recovery) e a injeção direta nos oceanos (ASPELLUND;

JORDAL, 2007).

Um ponto chave de sistemas CCS com amina é a alta quantidade de calor

necessária para a regeneração do solvente, em torno de 4 GJ/t de CO2 para o solvente

MEA (ROCHEDO, 2011), como antes explicitado. Esse calor é tipicamente retirado do

ciclo a vapor reduzindo, assim, a eficiência térmica da planta. Além disso, uma

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quantidade de energia é necessária para a compressão do dióxido de carbono capturado

para o transporte pela tubulação e posterior armazenamento, tipicamente em reservatórios

geológicos (RAO, 2002). Tipicamente, a pressão de compressão do CO2 para o transporte

por tubulações é de cerca de 150 bar (15 MPa) (ROCHEDO, 2011). Dessa forma, o

mínimo trabalho de compressão de 1 até 150 bar é de cerca de 61,9 kWh/t (0,223 GJ/t)

(ROCHEDO, 2011)

Note-se aqui que a penalidade energética é a redução da energia disponível para a

geração de energia elétrica devido ao consumo parasítico da planta de captura de carbono.

As equações abaixo apresentam, respectivamente, a Penalidade Energética (PE), que é a

perda proporcional na potência de saída da planta em referência ao caso sem a utilização

do CCS, e a Penalidade de Eficiência (Pef.), que é a redução na eficiência da planta

(CASTELO BRANCO, 2012).

PE =(Potência de saída sem CCS−Potência de saída com o CCS)

Potência de saída sem o CCS𝑥100 eq.4

Pef. = Eficiência sem CCS (%) - Eficiência com CCS (%) eq.5

Os valores de penalidade energética estimados para uma planta a ciclo a vapor

com captura de carbono se encontram no intervalo entre 15 e 28%. As penalidades de

eficiência mais comumente simuladas na literatura se encontram no intervalo de 8 a 16%

(CASTELO BRANCO, 2012). Vale ressaltar que os resultados das penalidades

energéticas dependem da eficiência da planta, do percentual de CO2 capturado e do tipo

de combustível utilizado, que influencia na máxima eficiência da planta de geração de

energia.

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Existem dois processos comercialmente utilizados para a separação de CO2

baseados em aminas: o Ecoamine FG PlusSM Process (EFG) e o ABB Lummus Crest MEA

Process (CASTELO BRANCO, 2012). Estes processos visam o desenvolvimento de

aminas alternativas para redução da energia necessária para a regeneração e a redução da

corrosividade.

O Ecoamine FG PlusSM Process (EFG) é uma tecnologia da empresa Fluor. Os

processos convencionais que operam com MEA trabalham com concentrações de 18 a

20% (base mássica). Já nesse processo o solvente tem como base a solução aquosa de

MEA a 30% (base mássica) e utiliza um inibidor de O2. O inibidor tem a função de reduzir

a degradação do solvente e reduzir a corrosão do equipamento (ROCHEDO, 2011). A

tecnologia é a primeira e mais difundida para a remoção de CO2 de gases de combustão

com alto teor de O2 (CASTELO BRANCO, 2012).

O ABB Lummus Crest MEA Process utiliza também uma solução aquosa de MEA,

porém com uma concentração inferior ao processo EFG, 15 a 20% (base mássica), e sem

a utilização de um inibidor. Por ter uma concentração inferior tem um maior custo de

capital por conta da necessidade de maiores equipamentos e maior consumo de energia

por causa da maior quantidade de água dissolvida por unidade de solvente (CASTELO

BRANCO, 2012).

Após a descrição dos aspectos tecnológicos principais do caso a ser estudado neste

trabalho, o próximo capítulo se dedica a detalhar o método adotado para simulação da

UTE a biomassa de interesse.

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3. Metodologia

3.1 Software IECM

Este estudo utilizou, nas simulações de balanço material e energético de UTE, ao

ferramenta computacional (software) Integrated Environmental Control Model – IECM

– versão 11.2. O IECM é uma ferramenta de simulação (software) que realiza a análise

sistemática de custos e performance dos equipamentos de controle de emissões em plantas

termelétricas a carvão e/ou a gás natural. Ele permite que o usuário configure a planta

para ser modelada com diversas tecnologias de controle de poluentes e de captura de

carbono.

O IECM foi criado pelo Departamento de Engenharia e Políticas Públicas

(Department of Engineering & Public Policy (EPP)) da Carnegie Mellon University

(CMU), localizada na cidade de Pittsburgh nos Estados Unidos, tendo como suporte o

Departamento de Energia dos EUA e também do laboratório associado NETL – National

Energy Technology Laboratory (CMU, 2018).

Como antes explicitado, o software foi originalmente desenvolvido para utilização

do carvão ou gás natural como combustível na planta; contudo, é possível trabalhar com

biomassa, ajustando-se as propriedades químicas do combustível, e térmicas da UTE.

Além disso, também é possível inserir as características das cinzas geradas pelo

combustível.

Para quantificar o desempenho global da usina, a quantidade de consumíveis

(água, combustível, ar, reagentes químicos...) necessários e as emissões atmosféricas, o

IECM utiliza equações de balanço de energia e massa. Além disso, o modelo apresenta

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os valores por componente da planta, como vazão de exaustão, condições de temperatura

e pressão, permitindo a verificação do desempenho por componente.

Para começar a simulação deve-se escolher uma das três tecnologias de geração

de energia elétrica: combustão em caldeira (PC (Pulverized Coal) Boiler), IGCC

(Integrated Gasification & Combined Cycle), NGCC (Natural Gas Combined Cycle). Em

seguida, o modelo permite que se configurem as diversas tecnologias de controle de

emissões de NOx, SOx e mercúrio, de controle de material particulado e, por fim, de

captura de CO2 (CCS – Carbon Capture and Storage).

Após isso determinam-se os parâmetros de operação de cada componente, como

as propriedades e tipo do combustível, a potência da planta, condição de vapor gerado,

quantidade de excesso de ar na caldeira. O próprio modelo também informa os valores

limite no qual cada equipamento pode funcionar.

3.2 Funcionamento do software

Utilizando o software IECM versão 11.2, é possível realizar simulações de

diversos tipos de termelétricas, seja através da criação de uma nova planta ou, então, a

partir de plantas já existentes, o que configura, portanto, um caso de retrofiting.

Primeiramente, o usuário deve abrir uma nova sessão no simulador, escolhendo o

tipo da planta a ser analisado: PC (Pulverized Coal), NGCC (Natural Gas Combined

Cycle) ou IGCC (Integrated Gasification Combined Cycle). Para esse trabalho, foi

escolhido o tipo de planta PC e as informações seguintes serão todas relativas a ela.

A partir disso, a janela de configurações de design da planta é aberta. Nessa janela

o usuário seleciona as tecnologias de controle de NOx (durante a combustão e na pós-

combustão), o controle de mercúrio, de material particulado, de enxofre e também a

captura de CO2. Além disso, o usuário seleciona como que será o sistema de resfriamento

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do sistema e o tratamento da água residual e das cinzas volantes. O usuário também pode

utilizar configurações de plantas pré-existentes no modelo, no qual as tecnologias de

controle serão selecionadas automaticamente (Figura 15).

Figura 15 - Configuração da planta sem captura (Fonte: CMU, 2018)

Em seguida, o usuário deve ir para a aba Plant Location, onde é definido o local

em que a UTE será instalada. Com isso, os valores de custos dos equipamentos e mão-

de-obra são determinadas de acordo com a região escolhida. O software foi desenvolvido

para ser utilizado em simulações nos EUA; contudo, é possível selecionar uma região

chamada de Other, no qual o usuário define estes parâmetros.

Em seguida, o usuário define na aba Set Parameters os parâmetros da planta como

temperatura ambiente, pressão, umidade relativa, potência instalada e também as

configurações dos equipamentos de controle e da planta base, que foram selecionados no

início.

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O software foi desenvolvido para trabalhar com carvão, no caso da opção PC, e,

por padrão, é selecionado o Appalachian Medium Sulfur, um carvão betuminoso.

Contudo, é possível modificar o combustível para o desejado. Na aba Fuel, o usuário

insere as propriedades químicas do combustível e das cinzas e também o poder calorifico.

No Brasil, a biomassa, torna-se atrativa principalmente na região Sul e Sudeste,

pois são nessas localidades onde se encontram os maiores potenciais de geração de

energia elétrica. Tendo em vista esse cenário, o bagaço da cana-de-açúcar foi escolhido

como combustível, visto que o setor sucroalcooleiro gera uma quantidade grande de

resíduos que podem ser aproveitados (ver a introdução deste estudo)

As informações da composição química e das cinzas geradas pela queima de

bagaço de cana de açúcar foram obtidas através do banco de dados Phyllis2 do Centro de

Pesquisas de Energia da Holanda (Enery Research Centre of Netherlands - ECN), onde

o percentual é dado em massa em base úmida (Tabela 2).

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Tabela 2 - Composição bagaço cana-de-açúcar #894 (FONTE: Phyllis2, 2018)

Bagaço de cana de açúcar #894

Propriedades do Combustível Unidade

(% massa)

Umidade 10,39

Cinzas 2,19

Matéria volátil 76,72

Carbono fixo 10,71

Composição química do combustível

Carbono 43,59

Hidrogênio 5,26

Nitrogênio 0,14

Enxofre 0,04

Oxigênio 38,37

Composição química das cinzas

SO3 2,08

P205 2,72

SiO2 46,61

Fe2O3 14,14

Al2O3 17,69

CaO 4,47

MgO 3,33

Na2O 0,79

K2O 4,15

TiO2 2,63

Poderes caloríficos

Poder calorifico inferior (PCI) MJ/kg 15,62

Poder calorifico superior (PCS) MJ/kg 17,02

Na aba Overall Plant, define-se a potência instalada da planta, o fator de

capacidade, a temperatura ambiente, a pressão atmosférica e a umidade relativa (Figura

17). Para tanto, é necessário escolher a localidade da planta. A cidade de Campinas foi

escolhida para as simulações da UTE, pois situa-se na região Sudeste do Brasil.

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Para a cidade de Campinas, a pressão atmosférica média é de 0,094 MPa e a

temperatura média de 22,5 oC (CEPAGRI, 2018).

Figura 16 - Temperaturas máxima, media e mínima mensais de 1990 a 2018 (FONTE: CEPAGRI, 2018)

O fator de capacidade (FC) para as usinas termelétricas é a relação entre a potência

média obtida ao longo de um ano pela potência instalada da usina. Isso reflete o uso da

energia ao longo dos meses do ano e a disponibilidade de energia para consumo.

FC =energia produzida (kWh/a)

capacidade instalada (kW)𝑥(8760ℎ/𝑎) eq.6

Assim, para as simulações, o fator de capacidade foi de 80%, que está compatível

com o fator de capacidade de 85% esperado para 2050 (TOLMASQUIM, 2016).

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Figura 17 – Aba de performance da UTE (FONTE: CMU, 2018)

Na aba Base Plant, definem-se as características da planta base, ou seja, a planta

sem a unidade CCS. Nessa aba, a potência bruta, a operação da caldeira (subcrítica,

supercrítica e ultra supercrítica), o tipo da caldeira (tangencial, de parede ou de ciclone)

e as temperaturas de saída da caldeira são selecionadas. Nessa aba pode-se ver, também,

a representação do esquema do ciclo Rankine e da caldeira (Figura 18).

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Figura 18 - Esquema do ciclo a vapor (FONTE: CMU, 2018)

O software dá as opções para escolha de caldeiras do tipo tangencial, parede

e ciclone (Figura 19). Na caldeira do tipo tangencial, a combustão acontece em todos

os quatro cantos do forno. Na do tipo de parede, os queimadores estão localizados

nas paredes da caldeira. E por fim, na do tipo ciclone, as partículas de combustível

entram na caldeira girando em uma forma de um ciclone e a turbulência faz com que

exista um contato maior entre as moléculas do ar e da superfície do combustível.

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Figura 19 - Esquema da caldeira (Fonte: CMU, 2018)

Na aba NOx Control (Figura 20), as configurações, tanto do controle durante

combustão e na pós-combustão são realizadas. Para o controle durante a combustão, o

LNB (Low NOx Burners) é o padrão do modelo, contudo existe também disponível os

LNB & OFA (Low NOx Burners with Overfire), que é um incremento ao LNB para reduzir

a formação de NOx em caldeiras do tipo tangencial e de parede, separando mais o local

de injeção de ar. Neste caso, uma porção de ar secundário usado pelo LNB é desviada

para as portas de injeção localizadas acima da zona de combustão primaria.

Para o controle na pós-combustão, o software dá as opções de escolher SNRC

(Selective non-catalytic Reduction), no qual o reagente padrão é a ureia, mas também

pode ser escolhida a amônia, ou o SCR (Selective Catalytic Reduction), que utiliza

amônia como reagente. A configuração de substituição dos catalisadores para o SCR pode

ser configurada para que seja feita individualmente (each) ou todas as camadas de uma

vez (all). Por padrão, a configuração é a individual. Substituindo individualmente,

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aumenta a vida útil do catalisador, diminuindo assim o intervalo de substituição (CMU,

2018).

Figura 20 - Aba de configuração de substituição do catalisador para o SCR (FONTE: CMU, 2018)

Os parâmetros de performance do SCR (Figura 21) são definidos na aba de

performance do SCR, onde a eficiência de remoção de NOx, por padrão, é 90% e sem

remoção de material particulado.

Figura 21 - Esquema do SCR (Fonte: CMU, 2018)

Para o controle de material particulado, duas tecnologias estão disponíveis no

software: precipitadores eletrostáticos e filtro manga (Figura 22). Para configurar os

parâmetros dos equipamentos, o usuário deve ir na aba TSP Control. Caso seja

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selecionado o precipitador eletrostático, o usuário deve selecionar os parâmetros de

performance como a eficiência de remoção desejada e o espaço da placa coletora. Caso

utilize o filtro manga, é necessário primeiramente escolher o tipo. O software permite a

escolha de quatro tipos: RG (Reverse gas), RG + S (Reverse gas with sonic), Sh + D

(Shake and Deflate) e PJ (Pulse-jet). Em seguida, o usuário deve selecionar os parâmetros

de performance como o tamanho e vida útil esperada para o filtro.

Figura 22 - Esquema de filtro manga para remoção de material particulado (Fonte: CMU, 2018)

Para o controle de SO2, o usuário tem duas opões de tecnologias: dessulfurização

com spray dryer e dessulfurização úmida (Figura 23). Na aba SO2 Control, o usuário

configura o selecionando apenas o reagente para a dessulfurização com spray dryer e

depois os parâmetros de performance como a eficiência de remoção. Na dessulfurização

úmida na parte de configuração do sistema, seleciona-se o tipo de reagente que, por

padrão, é calcário. Contudo, há as opções de calcário com aditivos ou cal. Além disso,

pode-se utilizar um bypass para o controle do gás de combustão (por padrão, o modelo

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seleciona sem bypass) e também um separador de gotículas para o gás de combustão na

saída (por padrão, o modelo seleciona sem o separador).

Figura 23 - Esquema do dessulfurizador úmido (Fonte: CMU, 2018)

Para o sistema de arrefecimento da UTE, o modelo oferece três alternativas

de tecnologia para a planta: torre úmida, condensador seco ou sistema hibrido. Para

o arrefecimento as simulações foram feitas utilizando o sistema de torre úmida. Na

aba Water Systems (Figura 24), o usuário seleciona o tipo de controle de fluxo de ar

(por padrão, é o controle forçado que utiliza um ventilador para que o ar entre na

torre), e o sistema de tratamento de água de make-up e de água de slip stream (água

que ser perdida na tubulação). Na configuração do sistema, definem-se as perdas na

torre e a temperatura da entrada de água.

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Figura 24 - Esquema da torre de recirculação úmida (Fonte: CMU, 2018)

Para o sistema de captura e armazenamento de carbono, o software fornece as

seguintes opções: absorção química (amônia ou amina), adsorção em sólidos, separação

criogênica e separação por membranas. Para cada tecnologia escolhida deve realizar as

suas configurações na aba CO2 Capture, Transport & Storage. Como não é o propósito

desse trabalho mostrar o funcionamento do software para todas as tecnologias listadas,

será exemplificado com o sistema de absorção química, especificamente o sistema de

amina (Figura 25).

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Figura 25 - Esquema de um sistema de CCS por absorção química (Fonte: CMU, 2018)

No menu de configurações do sistema de CCS, o usuário deve selecionar o tipo

de absorvedor para o processo: MEA (que utiliza a monoetanolamina como solvente),

FG+ (processo da empresa Fluor que utiliza MEA a 30% (base mássica)) ou Cansolv

(processo da empresa Shell). Depois, deve selecionar se irá usar uma caldeira a gás

auxiliar para que a capacidade de geração de energia elétrica da planta não seja

drasticamente afetada (o padrão é a não utilização).

Em seguida, o usuário deve selecionar o tipo de compressor (seis ou oito estágios)

para a compressão do CO2; e selecionar se terá bypass ou não (caso tenha, permite que o

purificador opere com eficiência total, enquanto permite que parte do gás de combustão

não seja tratado). Por fim, o usuário seleciona se utilizará um resfriador de contato direto

(direct contact cooler – DCC), que, por padrão, é configurado para resfriar o gás antes de

entrar no sistema, o que faz com que melhore a absorção do dióxido de carbono pelo

solvente; e se utilizará um polisher de SO2, para diminuir ainda mais o nível de enxofre

liberado para a atmosfera (Figura 26).

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Figura 26 - Menu de configuração do sistema de CCS (Fonte: CMU, 2018)

No menu de performance do sistema de CCS seleciona-se a fração máxima de

remoção de CO2, que, por padrão, é 90%. No menu Capture do sistema de CCS,

seleciona-se ainda a eficiência do ventilador para aumentar a pressão o gás de combustão

resfriado, antes de entrar no absorvedor, e também da bomba para que o solvente entre

no absorvedor (por padrão, ambas são de 75%). Finalmente, no menu Pipeline Transport,

o usuário seleciona o tamanho do duto de transporte de CO2 (padrão de 100 km), assim

como a elevação (padrão de 0 m) até o reservatório e a rugosidade do material do duto

(padrão de 4,57 x 10-3 cm).

Como antes explicitado, o IECM foi usado neste estudo para a simulação de UTEs

a bagaço com e sem captura por absorção química, assumindo-se a localização da planta

em Campinas, diante da elevada produção de cana no centro-sul brasileiro (PORTUGAL-

PEREIRA et al, 2015). O próximo capítulo apresenta este estudo de caso propriamente

dito.

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4. Estudo de Caso

Neste trabalho foram feitas duas simulações: uma planta nova sem CCS e uma

com CCS, a fim de compará-las. Em ambos os casos, o objetivo era que a termelétrica

tivesse a maior eficiência térmica possível. Para isso, as melhores tecnologias e processos

foram utilizados. As UTEs nesse trabalho foram simuladas utilizando as mesmas

tecnologias, equipamentos disponíveis e mesma potência bruta de 200 MW, apenas com

a introdução da captura de carbono para o segundo caso. Dessa forma, é possível fazer a

comparação entre os dois casos mais precisamente.

Os resultados encontrados foram relativos à potência liquida, que é a potência

disponível depois da utilização de parte da potência bruta gerada pelos equipamentos

auxiliares, como os equipamentos de controle de emissões atmosféricas da UTE.

Na planta base, ou seja, onde ocorre a combustão da biomassa na caldeira gerando

vapor e, com isso, promovendo trabalho na turbina para gerar energia elétrica, as

simulações foram feitas com o ciclo operando em condições supercríticas, pressão de 24,1

MPa e temperatura de 593,3 oC. Conforme explicado no item 2.1, as termelétricas que

operam em um ciclo a vapor com condições supercríticas possuem maior eficiência

térmica. Para a água o ponto crítico corresponde à pressão de 22,06 MPa e à temperatura

de 374 oC (BORGNAKKE, 2013).

Para os dois casos simulados, o controle de NOx, foi feito durante a combustão In-

Furnace Control com sistema de queimadores de baixo NOx com eficiência de 50%, a

fim de diminuir a quantidade de formação de NOx. Também foi utilizado o controle na

pós-combustão com redução seletiva catalítica (Selective Catalytic Reduction – SCR),

realizando a troca do catalisador individualmente, para aumentar a vida útil. A eficiência

de remoção de NOx calculada pelo modelo para ambos os casos foi de 56,96%.

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Não obstante seu baixíssimo teor, o controle de emissões dos óxidos de enxofre,

SOx, é feito na pós-combustão. O processo utilizado para as simulações feitas foi o de

dessulfurização úmida com a utilização da cal para a reação com concentração de 94%

(em base úmida) e sem bypass.

Para o controle de partículas, as simulações foram feitas com filtros manga

utilizando a tecnologia de reverse gas, que utiliza um gás limpo percorrendo no sentido

inverso do fluxo do gás de combustão. Utilizando essa tecnologia, foi possível atingir a

eficiência de 95,76% na remoção do material particulado.

Para o sistema de arrefecimento das UTEs, a recirculação úmida foi utilizada pelo

fato de ter maior eficiência em comparação com sistemas de recirculação seca. A

temperatura de entrada da água foi de 32,2 oC, e saída de 21,1 oC. O ciclo de concentração

adotado correspondeu a 4 (GONDIM, 2014), tendo a descarga na torre de 95,96 t/h (caso

sem CCS) e de 153,1 t/h (caso com CCS).

Para o sistema de CCS, foi simulado com a utilização do processo de pós-

combustão por absorção química. Utilizou-se o processo Ecoamine FG PlusSM que é

comercialmente vendido pela empresa Fluor. Este processo trabalha com o solvente MEA

em solução aquosa de concentração de 30% (massa) e utiliza um inibidor de O2 para

reduzir a degradação do solvente e a corrosão dos equipamentos. O sistema utiliza um

cooler de contato direto juntamente com um SO2 polisher para retirar o oxido de enxofre

restante do gás de combustão a fim de reduzir a degradação do solvente.

O sistema, portanto, foi simulado sem a utilização de uma caldeira auxiliar e com

o solvente MEA em concentração de 30% (massa), uma carga de 0,19 mol de CO2/mol

de solvente e perda nominal de solvente de 0,3 kg/t de CO2.

Conservadoramente, diante do já baixo teor de enxofre do bagaço, foram

utilizadas uma unidade DCC (Direct Contact Cooler) e uma unidade extra de

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dessulfurização (SO2 polisher), para que o gás entrasse na planta de captura com uma

concentração de 10 ppmv e a 45 oC.

A simulação foi simulada com 90% de captura de carbono, sendo considerado o

processamento de toda a corrente de exausto.

Para o armazenamento do dióxido de carbono, passa-se pelas operações de

compressão, transporte por dutos e por fim injeção em um reservatório apropriado. Para

tanto, na simulação realizada neste estudo, o CO2 separado foi comprimido até a pressão

de 13,79 MPa com a utilização de um compressor de 6 estágios com eficiência de 80%.

O transporte foi simulado com a utilização de duto até um reservatório geológico a uma

distância de 100 km, tendo na sua saída uma pressão de 10,64 MPa. Não foi utilizada

nenhuma bomba no duto, pela falta de necessidade de recompressão diante da distância

considerada e da perda de carga obtida. O consumo de energia calculado pelo modelo

para essa etapa foi de 93,01 kWh/t de CO2.

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5.Resultados

Os resultados das duas simulações do estudo de caso antes apresentado são

mostrados nas tabelas 3 a 7, onde o caso 1 é a UTE sem captura de carbono e o caso 2 é

a UTE com o sistema de captura e sequestro de carbono.

Tabela 3 - Parâmetros simulados das UTEs no IECM (Fonte: CMU, 2018)

Parâmetros da UTE Caso 1

Sem CCS

Caso 2

com CCS Variação

Potência bruta (MW) 200 200

Potência liquida (MW) 185,2 158,6 -14,3%

Consumo Total de Biomassa (GJ/h) 1823 2269 24,5%

Gross Heat Rate, PCS (kJ/kWh) 9118 11340 24,5%

Net Heat Rate, PCS (kJ/kWh) 9848 14310 46,9%

Operação anual (horas) 7013 7013 0,0%

Eletricidade Anual Gerada (TWh/ano) 1,299 1,112 -14,3%

Eficiência Térmica, base PCS (%) 36,6 25,2 -31,1%

É visto pela simulação, que mesmo utilizando as melhores e tecnologias e

equipamentos disponíveis, a potência liquida gerada é menor. Isso ocorre, pois, o sistema

de CCS consome 20,45 MW. Esta penalidade energética se deve, sobretudo, ao consumo

de energia térmica para a regeneração do solvente no reboiler e reclaimer. No reboiler, a

energia é consumida pelo aquecimento e pela evaporação parcial do solvente, durante o

qual o CO2 é liberado do solvente. No reclaimer, o solvente é completamente evaporado,

para separar sais e outros contaminantes não voláteis do solvente. Porém, como a corrente

que passa no reclaimer é menor, o reboiler de fato apresenta um consumo maior.

Ademais, há o aumento de 68,7% no consumo de energia associado ao controle

de SOx devido à inserção do polisher no sistema para que diminua a degradação do

solvente. Além disso, um aumento de 124% no consumo de energia é visto no sistema de

arrefecimento, pois na planta com captura, a água de arrefecimento deve ser também

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fornecida ao DCC, ao trocador de calor do solvente químico regenerado, ao resfriamento

intermediário do absorvedor, ao resfriamento dos condensadores de refluxo e ao

resfriamento do resíduo do reclaimer.

Como resultado síntese, a eficiência térmica da planta piora em 31,1% e o

consumo de combustível aumenta em 24,5%.

Tabela 4 - Consumo dos Sistemas das UTEs no IECM (Fonte: CMU, 2018)

Consumo dos Sistemas da UTE (MW) Caso 1 Caso 2 Variação

Planta Base 8,911 10,53 18,2%

Controle de NOx - SCR 1,113 1,378 23,8%

Controle de Partículas - Filtro Manga 0,7448 0,9267 24,4%

Controle de SOx - Dessulfurização úmida 1,561 2,515 68,7%

Sistema de Captura de Carbono 0 20,45 100,0%

Sistema de Arrefecimento 2,5 5,6 124,0%

Tabela 5 - Fluxo Mássico dos componentes químicos e do combustível no IECM (Fonte: CMU, 2018)

Componentes Químicos e Combustível

Fluxo Mássico (t/h) Caso 1 Caso 2 Variação

Biomassa 107,1 133,4 24,5%

Cal 0,0359 0,0736 104,6%

Solvente 0 0,0225 100,0%

Amônia 0,1929 0,2400 24,4%

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Tabela 6 - Fluxo mássico dos sólidos e líquidos no IECM (Fonte: CMU, 2018)

Sólidos e Líquidos

Fluxo Mássico (t/h) Caso 1 Caso 2 Variação

Cinzas de fundo 1,768 2,200 24,4%

Cinzas flutuantes 0,5656 0,7038 24,5%

Sólidos do purificador eliminados 0,1269 0,2992 134,7%

Emissões de Partículas 0,0125 0,0078 -37,8%

Dióxido de Carbono Capturado 0 191,7 100,0%

Total 2,473 195 7785,1%

Make up 471,4 738,4 56,6%

Consumo de água na UTE 332,1 522,6 57,4%

Tabela 7 - Emissão dos gases das UTEs simuladas no IECM (Fonte: CMU, 2018)

Emissões de Gases

Total Emitido (t/h) Caso 1 Caso 2 Variação

Nitrogênio (N2) 522,4 650,1 24,5%

Oxigênio (O2) 31,6 39,3 24,4%

Vapor D`água (H2O) 122,5 152,5 24,4%

Dióxido de Carbono (CO2) 171,2 21,3 -87,6%

Dióxido de Enxofre (SO2) 0,03 0 -100,0%

Ácido Sulfúrico (equivalente ao SO3) 0,000042 0 -100,0%

Óxido Nítrico (NO) 0,2429 0,3022 24,5%

Dióxido de Nitrogênio (NO2) 0,0196 0 -100,0%

Amônia (NH3) 0,00088 0,00193 120,3%

Argônio (Ar) 8,91 11,08 24,5%

Total 856,90 874,59 2,1%

As emissões de CO2 com a introdução do sistema de CCS foram, assim, reduzidas

em 87,6%. O sistema foi simulado com 90% de captura, no entanto as emissões evitadas

devem considerar o fato de que a eficiência da planta foi reduzida com a introdução do

sistema de captura. Assim, maior quantidade de biomassa é necessária para gerar a mesma

energia elétrica e, consequentemente, mais CO2 é produzido.

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6. Conclusões

Este projeto como teve como objetivo simular uma planta conceitual termelétrica

com combustão em caldeira a bagaço de cana de açúcar com captura de carbono. Assim,

foram feitas simulações em plantas sem e com captura de CO2, para comparar os

resultados.

As UTEs simuladas possuem uma potência bruta (instalada) de 200 MW. Contudo,

nem toda a energia produzida é disponível para a rede elétrica. Parte dessa energia é

utilizada para os processos da termelétrica como os controles de emissões e partículas.

As simulações estimaram uma potência liquida, ou seja a parcela de energia disponível

de energia de 185,2 MW para o caso sem captura e de 158,6 MW para o caso com captura.

Essa redução de 14,3% se deve à inserção do processo de CCS, que é um processo add-

on na planta, necessitando, portanto, de uma energia adicional para seu funcionamento.

Para que a UTE com CCS tenha a mesma potência liquida que a UTE sem captura,

é necessário que aumente a potência instalada da planta. Esse aumento, contudo, acarreta

em custos adicionais. Um maior consumo de combustível será necessário além de que os

equipamentos da planta terão que aumentar a sua capacidade de produção, o que envolve

a implementação de tecnologias mais modernas e mais caras.

Para tanto, o objetivo desse trabalho foi realizado, sendo que a introdução de um

sistema de captura de carbono resulta em diminuição da potência liquida gerada pela

planta e também numa redução da sua eficiência térmica.

Contudo, a emissão de CO2 para a atmosfera é reduzida significativamente.

Comparando com a planta sem captura que emite 171,2 t/h de CO2 para a atmosfera, a

planta com CCS emite apenas 21,3 t/h. A redução da eficiência térmica da UTE gera um

aumento da emissão de CO2 para a mesma energia gerada, ou seja, a massa de CO2 por

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kWh. Por isso, a quantidade de emissões de dióxido de carbono evitada é inferior ao

percentual de 90% que é o CO2 capturado. Observou-se que a redução equivalente de

emissão de CO2 foi de 87,6%.

Além disso, com a utilização do sistema de captura de carbono, existe também a

inserção de um controle de SO2 (SO2 polisher) adicional na planta que reduz a 0 t/h de

emissão para os óxidos de enxofre. Esta é uma outra contribuição do sistema CCS aqui

considerado. A utilização da tecnologia CCS pode representar, portanto, um importante

instrumento para permitir a redução significativa de emissões dos gases do efeito estufa.

Para projetos futuros, análises de custos deveriam ser feitas. Primeiramente os

custos diretos ligados à instalação da planta de captura e, em seguida, o custo de aumentar

a potência instalada da planta para que não tenha diminuição da energia disponível para

a rede elétrica. Além disso, podem ser feitas outras simulações alterando o porte da planta

e também a cidade. Finalmente, tanto o tipo de caldeira, quanto o tipo de sistema de

captura poderia ser alterado, assim como a biomassa processada. Não obstante a

importância do bagaço de cana de açúcar no Brasil, vários outros resíduos industriais

poderiam ser simulados.

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