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Maio 2013

Projeto Conservação e Reabilitação A Casa do Forno de Castelo Branco

Mestrado em Design de Interiores

Celina dos Santos Francisco

Professor Adjunto Joaquim Manuel de Castro Bonifácio da Costa Professor Adjunto Nelson Barata Antunes

Orientadores

Candidato

Instituto Politécnicode Castelo BrancoEscola Superiorde Artes Aplicadas

Faculdade de Belas-ArtesUNIVERSIDADE DE LISBOA

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Projeto Conservação e Reabilitação A Casa do Forno de Castelo Branco

Celina dos Santos Francisco

Orientadores

Professor Adjunto Joaquim Manuel de Castro Bonifácio da Costa

Professor Adjunto Nelson Barata Antunes

Trabalho de Projeto apresentado à Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco do Instituto Politécnico de Castelo Branco e Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Design de Interiores, realizada sob a orientação científica do Professor Adjunto Joaquim Manuel de Castro Bonifácio da Costa e do Professor Adjunto Nelson Barata Antunes, da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Maio 2013

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III

Composição do júri

Presidente do júri

Doutor João Vasco Matos Neves

Professor Adjunto da Escola Superior de Aplicadas de Castelo Branco do Instituto de Castelo Branco.

Vogais

Designer Luís Manuel Martins Lança (arguente)

Professor Adjunto Convidado da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco do Instituto Politécnico de Castelo Branco

Arquiteto Joaquim Manuel de Castro Bonifácio da Costa (orientador)

Professor Ajunto da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco do Instituto Politécnico de Castelo Branco

Engenheiro Nelson Barata Antunes (orientador)

Professor Adjunto da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco do Instituto Politécnico de Castelo Branco

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V

Agradecimentos

Aos meus orientadores pela disponibilidade e acompanhamento.

Ao Museu do pão, em especial à senhora Dina pela informação facultada.

Às senhoras Belmira Gonçalves, Laurinda Fatela que deram o seu testemunho sobre o funcionamento do forno comunitário de Castelo Branco

Ao Arquivo Distrital de Castelo Branco e à Biblioteca Municipal de Castelo Branco, à senhora Ana de Fátima Lopes pelo apoio. Á senhora Rosário de Oliveira Ramos pelo apoio incondicional, amabilidade e disponibilidade de me mostrar os fornos comunitários da Lardosa e Vale da Torre.

Ao senhor Carlos Barata Sousa e a senhora Rosa Sousa pela recetividade e informação sobre o forno comunitário da Lardosa. À senhora Maria Joaquina Pires que se disponibilizou em passar o seu testemunho sobre o funcionamento do forno comunitário de Vale da Torre e à senhora Magda Nisa pela recetividade e informação sobre o forno.

À minha família deixo um profundo obrigado pelo apoio, incentivo e compreensão.

A todos os que direta e indiretamente, me ajudaram a concretizar este projeto.

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VII

Resumo

O trabalho de projeto centra-se na relevância da Casa do Forno, presente no centro histórico da cidade de Castelo Branco, e o seu contributo para a população local, tendo em conta o contexto histórico e sociocultural da cidade.

Analisam-se os limites das muralhas, a malha urbana, os arruamentos, as tipologias habitacionais presentes na zona histórica da cidade para entender as vivências daquele local.

A partir dessa análise, pretende-se mostrar e preservar a cultura albicastrense numa intervenção contemporânea da Casa do Forno, respeitando as necessidades dos utilizadores, a legislação e atendendo às questões de salubridade do edifício. O estudo da inclinação do telhado foi o grande desafio do projeto cuja ausência de vãos é notória na configuração do edifício.

As áreas pequenas, as pedras e os pormenores presentes na Casa do Forno ressaltam à vista de quem lá entra, sendo o Forno o elemento mais importante daquele espaço, não só pela sua grandiosa dimensão, como também, por ser feito de pedra original deve ser preservado.

Neste sentido o presente projeto propõe-se reabilitar e requalificar o edifício citado tendo em conta as questões de salubridade e de conforto térmico com intuito de integrar na promoção do turismo local.

Palavras-chave Conservação, reabilitação, Castelo Branco, contexto sociocultural, “Casa do Forno”

pormenores, pedras.

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IX

Abstract The project work focuses on the relevance of “Casa do Forno”, present in the

historic city of Castelo Branco, and their contribution to the local population, taking into account the historical and socio-cultural context of the city.

We analyze the limits of the walls, the urban design, the streets, the housing typologies present in the city's historic district to understand the experiences of that location.

From this analysis, we intend to showcase and preserve the culture of the city to a contemporary intervention in the “Casa do Forno”, respecting users' needs, the legislation and the health issues of the building. The study of roof slope was the major challenge of the project whose absence of windows is notorious in the configuration of the building.

The small areas, the rocks and the details present in the “Casa do Forno”underscore the view of those who enter there, being the most important element the oven, not only for its great size, but also because it is made of original stones should be preserved.

In this sense, this project proposes to rehabilitate and upgrade the quoted building taking into account the issues of health and thermal comfort in order to integrate it in the promotion of place in tourism.

Keywords Conservation, rehabilitation, Castelo Branco, socio –culturalcontext“Casado

Forno”detailsstones

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XI

Índice geral

Agradecimentos ........................................................................................................................................................... V

Resumo......................................................................................................................................................................... VII

Abstract.......................................................................................................................................................................... IX

Índice de figuras ...................................................................................................................................................... XIII

1.Introdução ................................................................................................................................................................... 1

2.Enquadramento histórico ..................................................................................................................................... 3

2.1- Origens de Castelo Branco .............................................................................................................................. 3

2.2 – Análise da evolução Urbana ......................................................................................................................... 9

2.2.1 Percursos, entradas, ruas .............................................................................................................................. 9

3- Pesquisas sobre Fornos Comunitários ....................................................................................................... 13

3.1- Fornos Comunitários de Trás-os-Montes .............................................................................................. 14

3.1.1- Forno Comunitário de Bragança – Quinta de S.Pedro ................................................................... 14

3.1.2- Forno Comunitário de Vila Real – Vilarinho da Mó ........................................................................ 16

3.2- Fornos Comunitários na Beira Baixa ....................................................................................................... 18

3.2.1 – Martim Branco ............................................................................................................................................. 19

3.2.2 – Monsanto ....................................................................................................................................................... 20

3.2.3 – Lardosa ........................................................................................................................................................... 21

3.2.4 – Vale da Torre ................................................................................................................................................ 25

3.2.5 – Centro Histórico de Castelo Branco .................................................................................................... 29

4 – A Casa do Forno de Castelo Branco ............................................................................................................ 33

4.1-Enquadramento técnico ................................................................................................................................. 33

4.1.1 – Levantamento do espaço ........................................................................................................................ 34

4.1.2 – Análise do edifício ...................................................................................................................................... 37

4.1.3 – Desenhos técnicos – Existente e Proposta ....................................................................................... 43

4.1.4 – Imagens do Espaço .................................................................................................................................... 51

4.2-Enquadramento Teórico / Fundamentação do Projeto .................................................................... 57

5.Conclusão ................................................................................................................................................................. 59

6.Bibliografia............................................................................................................................................................... 61

Anexos ........................................................................................................................................................................... 65

Informação obtida por testemunhos locais ................................................................................................... 67

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XIII

Índice de figuras Figura 1 – Arruamentos perpendiculares às curvas de nível. .................................................................. 4Figura 2 – Modelo Dionisino. ................................................................................................................................. 4Figura 3 – Eixos compositivos radiais e circunferências ........................................................................... 6Figura 4 –Hierarquia das ruas. .............................................................................................................................. 7Figura 5 – Portas das Muralhas. ........................................................................................................................... 9Figura 6 – Utensílios do forno. ........................................................................................................................... 14Figura 7 – Forno Quinta de S. Pedro. ............................................................................................................... 15Figura 8 – Planta esquemática do Forno da Quinta de S.Pedro. .......................................................... 15Figura 9 – Forno de Vilarinho-da-Mó. ............................................................................................................. 16Figura 10 –Planta do Forno de Vilarinho-da-Mó. ....................................................................................... 16Figura 11 – Forno de Martim Branco. ............................................................................................................. 19Figura 12 – Forno de Monsanto ........................................................................................................................ 20Figura 13 – Forno Comunitário da Lardosa. ................................................................................................ 21Figura 14 – Pia de Pedra. ...................................................................................................................................... 21Figura 15 – Telhado de tenha Canuto ............................................................................................................. 22Figura 16 – Pavimento em pedra. ..................................................................................................................... 22Figura 17 – Bancadas de pedra e utensílios para manuseamento do forno. .................................. 23Figura 18 – Forno Secundário. .......................................................................................................................... 23Figura 19 –Forno principal 1905 e fornalha. .............................................................................................. 24Figura 20 – Planta esquemática da casa do forno da Lardosa. ............................................................. 24Figura 21 – Forno Comunitário de Vale da Torre e Fachada do edifício. ........................................ 25Figura 22 – Forno primário de Vale da Torre; interior do Forno. ...................................................... 25Figura 23 – Reservatório de Cinzas do Forno primário. ......................................................................... 26Figura 24 – Parte suoerior do Forno principal ........................................................................................... 26Figura 25 – Forno secundário realizado em 2010-Vale da Torre. ...................................................... 27Figura 26 – Porta secundária para descargas de Lenha. ......................................................................... 27Figura 27 – Utensílios do Forno Vale da Torre. .......................................................................................... 27Figura 28 – Planta esquemática da casa do forno de Vale da Torre. .................................................. 28Figura 29 – Cintura da Muralha. ........................................................................................................................ 29Figura 30 – Rua de Santa Maria ......................................................................................................................... 30Figura 31 – Plano Pormenor de Castelo Branco PPZHD- CB (2001) .................................................. 30Figura 32 – Cronograma de atividades........................................................................................................... 33Figura 33 – Maquete de estudos. ...................................................................................................................... 33Figura 34 – Medição de grandes distâncias. ................................................................................................. 34Figura 35 – Determinar a inclinação do terreno. ....................................................................................... 34Figura 36 – Determinar o alinhamento da parede. ................................................................................... 35Figura 37 – Fita Métrica. ....................................................................................................................................... 35Figura 38 – Medidor a laser. ............................................................................................................................... 35Figura 39 – Régua com Nível. ............................................................................................................................. 35Figura 40 – Fio e régua. ......................................................................................................................................... 36Figura 41 –Método de Triangulação. ............................................................................................................... 37Figura 42 – Planta esquemática com o zonamento ................................................................................... 38Figura 43 – Parede divisória; entrada e porta. ............................................................................................ 39Figura 44 – Perspetiva do Forno ....................................................................................................................... 39Figura 45 – Perspetiva do forno; ....................................................................................................................... 40Figura 46 – Planta esquemática com o zonamento – Forno. ................................................................. 40

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XIV

Figura 47 – Planta Esquemática do zonamento – o corredor. .............................................................. 41Figura 48 – Perspetiva do corredor ................................................................................................................. 41Figura 49 – Planta esquemática do zonamento – Sala da lenha. .......................................................... 42Figura 50 – Vão da Porta; Cobertura; Vão de Pedra .................................................................................. 42Figura 51 – Parte superior do forno. ............................................................................................................... 43Figura 52 – Planta Base cotada. ......................................................................................................................... 44Figura 53 – Corte:AA’- Existente........................................................................................................................ 44Figura 54 – Planta de Alterações. ...................................................................................................................... 45Figura 55 – Planta Proposta. ............................................................................................................................... 46Figura 56 – Proposta:Corte:BB’ ......................................................................................................................... 46Figura 57 – Proposta:Corte:CC’ ......................................................................................................................... 47Figura 58 – Alçado antes da intervenção ....................................................................................................... 47Figura 59 – Alçado proposto ............................................................................................................................... 48Figura 60 – Proposta:Corte:GG’ ......................................................................................................................... 48Figura 61 – Proposta:Corte:AA’ ......................................................................................................................... 49Figura 62 – Equipamento para os utênsílios do forno. ............................................................................ 49Figura 63 – Perspetiva do Forno antes e após a intervenção, respetivamente. ............................ 51Figura 64 – Perspetiva da entrada antes e após a intervenção, respetivamente. ......................... 51Figura 65 – Perspetiva da entrada da Sala do forno após intervenção. ............................................ 52Figura 66 – Perspetiva do Corredor ................................................................................................................. 52Figura 67 – Perspetiva do corredor ................................................................................................................. 53Figura 68 – Perspetiva do Corredor após a intervenção . ....................................................................... 53Figura 69 – Perspetiva da Sala da lenha após a intervenção. ................................................................ 53Figura 70 – Perspetiva da sala da lenha ......................................................................................................... 54Figura 71 – Perspetiva da Casa de Banho, intervenção. .......................................................................... 54Figura 72 – Perspetiva da parte superior do Forno .................................................................................. 55Figura 73 – Sala expositiva .................................................................................................................................. 55Figura 74 – Perspetiva da Sala Expositiva ..................................................................................................... 55

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Projeto Conservação e Reabilitação: A Casa do Forno de Castelo-Branco

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1.Introdução

Apresentamos no contexto de desenvolvimento do projeto um estudo sobre a zona histórica da cidade de Castelo Branco, no âmbito do Mestrado de Design de Interiores fruto de uma pesquisa teórica que fornece informações sobre a organização do espaço desde a época medieval até à atualidade.

De seguida, é analisada a malha urbana e justificada a sua organização quer pela topografia do espaço, quer pela direção dos ventos e orientação solar e a presença da água, passagem do xisto para o granito. Nesta primeira parte do trabalho é ainda feita uma comparação da planta antiga da zona histórica com a planta atual, onde é justificada a necessidade das alterações efetuadas ao longo dos tempos. Numa segunda parte é feita uma análise geral das casas quatrocentistas/quinhentistas e seiscentistas que compõem toda a zona histórica.

Será feita uma abordagem geral às diferentes tipologias, mas será dada maior relevância às fachadas e aos materiais utilizados na construção, pois é o aspeto exterior destas casas que apresenta grande relevância para o desenvolvimento do projeto.

Este projeto de conservação e reabilitação da Casa do forno, imóvel presente no centro histórico de Castelo Branco visa acompanhar a época atual, preservando os valores culturais da identidade local. Paralelamente serão desenvolvidos algumas questões de salubridade do imóvel, visto que este sofre de carência de iluminação natural devido à inexistência de vãos. As questões de ventilação, presença de humidade são fatores permanentes no edifício também serão resolvidos, por forma a proporcionar uma nova vivência do espaço.

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Celina dos Santos Francisco

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2.Enquadramento histórico

2.1- Origens de Castelo Branco

Apresentamos uma breve abordagem histórica da cidade de Castelo Branco, de forma a realçar alguns acontecimentos históricos que muito influenciaram, o desenho do centro histórico da cidade.

Castelo Branco desenvolve-se na antiguidade, nomeadamente nos períodos do Paleolítico, Neolítico e Romano comprovadas pelas escavações arqueológicas efetuadas em 2008 no Museu da cidade (POLIS, Programa-PPZHD/CB – ANEXO I).

Vários autores defendem que Castelo Branco resulta da herdeira de “Castro-luso Romano, apelidada de Castro Leuca” Com a escassa documentação acerca da cidade, não se pode relativizar datas precisas da antiguidade à história recente. “Castelo Branco desenvolveu-se no Cerro da Cardosa, com a fixação de duas povoações que tentavam fugir às epidemias e se deslocaram para as partes mais altas” (ROXO, 1890).

No século XII, Cardosa resultou de um cruzamento de vários caminhos para a Egitânia1. D. Afonso Henriques conquista a cidade aos Mouros. É no século XIII que a Cardosa:adquira:o:nome:‘Franca’:devido:a:povoamento:de:novos:povos:naquele:local:designados de Francos2 e surge um documento por parte de D.Fernando Sanches3, de doação aos Templários uma herdade apelidada de Vila Franca da Cardosa (ROXO,1890).

“Em 1214 D fonso II conquista as terras da coroa e faz uma nova doação aosTemplários, ficando estes com a posse total da herdade. Pelo que Antes dos templários, o território albicastrense baseia-se num contexto urbano sobre a alcáçova, em que o castelo desempenhava funções da Câmara () A tipologia do terreno da encosta era feita de forma orgânica. (Figura 1) A ocupação do terreno era de cariz rural, onde predominavam zonas de cultivo. Já a parte sudoeste da encosta havia sido ocupada primeiramente, pois teria melhor exposição solar, e melhor proteção aos ventos, sendo considerada mais acidentada do que a face nordeste” Do outro lado da encosta denotava-se um urbanismo mais rudimentar. A denominação toponímica era relevante segundo o desenho da planta (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009-p.17).

1 “Egitânia” (Atualmente Idanha-a-Velha). (ROXO, 1890, p.12.)

2 “A designaão de Francos (diz Alexandre Herculano) não se aplicava apenas aos franceses, mas tambm aos flamengos, lotaringios

e alemães (…) impossível averiguar a que naões pertenciam.” (ROXO, 1890, p.15)

3 Fernando Sanches era “um homem nobre e português” e “fidalgo aventureiro” (ROXO,1890, p15).

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Figura 1 - Arruamentos perpendiculares às curvas de nível (adaptado CRUZ, MOURA,& MOURA, 2009.p.27).

“Mais tarde no reinado de D Dinis constata que a vila está muito concentrada, devido à existência das muralhas o que dificultou a sua expansão. Surge então um modelo de Dionisino4- atribui uma nova circulação à vila ” (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009-p.28).

Figura 2- Modelo Dionisino - Esquema sintetiza algumas ligações de união das portas das muralhas (adaptado CRUZ, MOURA & MOURA, 2009-p.28).

4 “Modelo Dionisino consiste em promover um conjunto de arruamentos retos de maior declive, e paralelos entre si.” (citado CRUZ,

Pedro Castro; MOURA, Ana Luísa; MOURA, Carlos Machado, 2009-p.28).

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Com base nos estudos existentes, Castelo Branco desenvolveu-se segundo o Modelo Dionisino (Figura 2) de rua direita, sendo a travessa uma configuração determinante para o desenvolvimento urbano. No entanto, “questiona-se a ligação entre a implementação do sistema viário e os ensinamentos Vitruvianos para o desenho da cidade ”(CRUZ, MOURA & MOURA 2009-p.29).

“O vento foi o fator proeminente para a definição do traçado da cidade mais precisamente para desenho das vias”:É:com:base:na:metodologia de Vitrúvio, descrita num dos seus livros de Arquitetura, que nasce o traçado da cidade: “Circundado orecinto, seguir-se-ão as divisões das áreas dentro das muralhas e as orientações das praças nas ruas. Serão, de facto, traçados como devem ser se habitualmente se afastarem das ruas ventos que, se forem frios, prejudicam, se quentes, corrompem se húmidos são nocivos () Os ventos que se abatem sobre o território Albicastrense, provêm de orientações cardiais das vias lançadas com o modelo de rua modelo dionisino, ou seja, a orientação das ruas principais é perpendicular à do vento dominante (sentido nor-nordeste), estando assim afastadas da força nociva dos ventos, conforme a exigência de Vitrúvio ”5 (CRUZ, MOURA, & MOURA, 2009-p.42).

Desta forma os ventos canalizam e distribuem-se pelas vielas, as vias travessas, que têm essa direção.

“Odesfasamentoentreelaspareceserumatentativadeenfraquecer a força do vento e evitar corredores. No entanto pouco se sabe acerca da distribuição desta relação ventos/corredores, devido à falta de documentação, mas pressupõe-se que o desfasamento das ruas, pode ter surgido na vontade de tornar menos regular a malha urbana, interrompendo a continuidade das vias, ou seria uma tentativa de seguir as curvas de nível ou a acentuar as oscilações do terreno” (CRUZ, MOURA, MOURA, 2009-p42).

“Étidoemcontaodeclivedoterrenoparaodesenvolvimentodamalhaurbana (Figura 3), e é sob a análise topográfica que recai o movimento expansivo da encosta. Atendendo a outra análise, a associação dos topos foi indicada por três circunferências que se referenciam nas esquinas a nascente das travessas, num desenho adaptativo às condições topográficas: a norte está a maior dimensão, que vai diminuindo para a transição da menor escala sul ” (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009-p44).

Importa clarificar que a circunferência pretende evidenciar apenas a equidistância entre os pontos indicados e salientar que os eixos que partem dos pontos indicados coincidem com as ruas direitas, sendo elas perpendiculares às curvas de nível. Também duas circunferências concêntricas neste ponto aproximam-se consideravelmente da travessa da Rua Nova, cimeira, e das ruas da Misericórdia e do Arco do Bispo (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009-p44).

5 VITRÚVIO: I livro, capítulo VI, in Vitrúvio: Tratado de Arquitetura, tratado. M. Justino Maciel, Instituto Superior Técnico IST Press,

Lisboa, pp. 48-51

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Figura 3 - Eixos compositivos radiais e circunferências que partem da Alcáçova para formar arruamentos (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009 - p.44).

Com as vias e travessas determinadas, facilmente se começam a definir os quarteirões tendo por base uma sequência proporcional segundo matrizes abstratas e geométricas. (Figura3) “Oquadradoeoretângulosãoutilizadoscomoconfiguraçãodotraçado urbano, de modo a facilitar a definição do perímetro de quarteirão (O desfasamento é conseguido pela alternância entre o quadrado que define o poente). A importância do delineamento do quarteirão vem salientar a descontinuidade dos arruamentos perpendiculares (coincidem com as curvas de nível), valorizando certas artérias em proveito de outras sem que a largura seja fator a ser alterado”(CRUZ,MOURA & MOURA, 2009-p.44).

Contudo, o mais importante é a definição do traçado geométrico, que sustenta esta morfologia urbana, tentando identificar alguma regularidade métrica (CRUZ,MOURA & MOURA, 2009-p.44).

“Odesenhodacidadepassaporumanovainfluênciaqueoriginaumnovotraçado- “o traçado Viário” (Figura 4) para o planeamento dos arruamentos no centro histórico. “As ruas de maior importância (ruas em azul e vermelho) são eixos que assumem funções de exceção: anel de fecho junto à muralha (rua de Santa Maria); anel que abraça a Alcáçova (mercado) e a rua que corta a encosta unindo as duas já referidas (Arressário). Entre as ruas de menor importância (ruas laranja), parece haver uma associação hierárquica. As ruas que descem a encosta sucedem-se de forma alternada, sendo as mais estritas da mesma dimensão das linhas paralelas às curvas de nível: as ruas-travessas ”(CRUZ, MOURA & MOURA, 2009.p.47).

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No século XVII houve um crescimento demográfico na região Beirã, que atravessa um período de recessão económica, devido à chegada dos judeus fugidos de Espanha, expulsos pelos reis católicos.

“Os vestígios da presença judaica predominam no centro histórico Castelo Branco, nomeadamente nas habitações quinhentistas bem como no desenho das ruas ” (CRUZ, MOURA, & MOURA, 2009-p.18).

“As habitações eram constituídas por uma casa térrea ou dianteira e por um primeiro piso, onde se dispunham uma ou mais câmaras ou quartos de dormir ()Outras vezes, a casa era no primeiro piso para onde se subia por uma escada a que se acedia pela porta da rua. Às vezes tinham ainda um sótão ou um quarto esconso. As casas correspondiam umas com as outras, o que fez alguns testemunhos de cristãos velhos afirmarem que elas tinham «buracos» que as faziam comunicar umas com as outras, para que os cristãos novos pudessem ter as suas práticas judaicas sem serem observados por estranhos” (TAVARES, 2009, p.107- ANEXOS).

Em 1648, os castelhanos apoderaram-se da Vila e do Castelo e incendiaram a Igreja de Santa Maria do Castelo (ROXO, 1890).

No final do século XVIII, estrutura-se novas áreas de tecido urbano para além muralhas nas zonas em que existe água e fontanários (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009-p.31).

“As invasões Francesas que seguem caminho para Lisboa chegam a Castelo Brancoao cair do dia 20 de Novembro de 1807, numa sexta-feira, triste dia de Inverno, brumoso, das seis para as sete horas, os habitantes de Castelo Branco foram dolorosamente surpreendidos pela notícia da aproximação do exército francês, trazida pelo comissáriodomesmoexército() O comissário procurou o corregedor-Manuel José Vaz Leitão – para ordenar que fizesse aprontar cinco mil rações de pão, vinho e carne

Figura 4 – Hierarquia das ruas. (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009.p.47)

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ou legumes para darem aos soldados do General Delabord, que estavam próximos da cidade”(ROXO, 1890)

As tropas lideradas pelo general Delabord instalaram-se no largo da Devesa ao “somdohinopatrióticodaMarselhesa”enquanto o general ocupou o Paço episcopal.

“Como as rações se não tinham podido arranjar, deliberaram que a tropa fosse abotelada (...) o povo e os soldados não se entendiam pela palavra, o que fazia aumentar o estado aflito do povo e o estado de confusão para todos”: Devido: à: exaustão: das:tropas de Delaboard, estes decidiram ignorar o povo, e descansar tranquilamente. O povo:albicastrense: julgava:que:as: “tropas franceses já tinham passado e estaria tudo calmo pacífico () acreditando nasboas intenções francesasNamanhã seguinte 21Novembro, esta divisão pôs-se emmarcha para Lisboa () Poucas horas depois ()chegou à cidade um oficial superior com ordem de Junot para preparem 16 mil rações para os homens e 400 forragens () Pobre povo cuja ignorância era igual à ingenuidade. () O povo de Castelo Branco ainda conseguiu alimentar uma pequena parte do exército de Junot, contudoosrecursoserampoucosenãochegouparatodos”tendo: sido: privilegiados: os: primeiros: que: entraram: na: cidade: “Os soldados que estavam esfomeados há dois dias, sabendo que seus camaradas tinham usufruído de mantimentos, lanternas; e incendiar o que lhes convinha” (ROXO, 1890.pp 77-78).

Nestes marasmos de acontecimentos “() a Igreja de Santa Maria do Castelo é incendiada uma segunda vez ” (ROXO, 1890.pp 77-78).

Em 1810 as portas das muralhas ainda existiam e permaneciam intactas. As invasões francesas originaram muita destruição, o que provocou uma recessão económica e anos mais tarde, entre “1854-1857, Castelo Branco atravessa uma grave crise de falta de alimento” (POLIS, Programa PPZHD/CB). É sob esta grave crise que surge: o: “comunitarismo, que resulta da união da população na execução de novas tarefas agrícolas, bem como novos hábitos humanos de partilha” (FONTES, 1977).Criam-se fornos comunitários e o culto do pão que durante muitos anos alimentou várias classes sociais e matou a fome de muita gente (FONTES, 1977).

Castelo Branco não é exceção à regra, é precisamente na história da cidade, na ata de Sessão da Câmara, de 25 Novembro de 1854 (ARQUIVO DISTRITAL DE CASTELO BRANCO – Maço 035, livro 24, folhas 177-177v), dá conta da existência de fornos a lenha situados na rua de Santa Maria. Na ata de sessão de 28 de Abril de 1855 (ARQUIVO DISTRITAL DE CASTELO BRANCO – Maço 035, livro 24, folha.140), também se dá conta de mais existências de fornos no centro histórico de Castelo Branco, nomeadamente na Rua do Saco; na Rua dos paliteiros; na Rua de Ega. (AZEVEDO, SILVEIRA & OLIVEIRA,2003, p.99)

Este projeto tem como caso de estudo o forno da rua de Santa Maria que segundo a ata de sessão da Câmara: de: Castelo:Branco: em:1854: teria: pertencido: ao: “senhor João Malaquias de Lemos”:(Arquivo:Distrital:de:Castelo:Branco:– Maço 035, livro 24, folhas 177-177v)

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2.2 – Análise da evolução Urbana

2.2.1 Percursos, entradas, ruas

Atualmente o centro histórico de Castelo Branco mantém muitas características desenvolvidas ao longo da história, desde os arruamentos, praças, pormenores de arquitetura presentes nas casas quatrocentista, quinhentista e seiscentistas, contudo muitas marcas se apagaram pelos tempos.

A muralha sendo o elemento predominante que acolhe todo a zona histórica de Castelo Branco, nalguns troços desapareceu e noutros encontra-se camuflada nas habitações (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009).

A autarquia de Castelo Branco muito tem trabalhado para encontrar e recuperar estas partes da muralha como ilustra a figura 5.

“As portas da muralha ainda prevalecem atualmente, nomeadamente: a Porta de Santiago, a norte pela Calçada da Alegria e dando acesso aos caminhos de Cafede e são Vicente da Beira (2); Porta do Ouro, em frente à Capela de São Brás, junto à alcáçova (3); Porta da Traição, a São Gens (4); Porta da Vila, à entrada da Rua dos Ferreiros (5); Porta do Esteval, em local indefinido, entre as portas de Santiago e da Traição (6 – duas localizações possíveis); Porta de Santarém, a poente, em frente à igreja de Santa Maria, fazendo a ligação aos caminhos de Sarzedas (7); Porta do Espírito Santo, dando entrada para a rua de Santa Maria, dos caminhos de Açafa e do Alentejo (8)” (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009.p.23).

Figura 5 - Portas das Muralhas 1895. (adaptado CRUZ, MOURA & MOURA, 2009.p.23)

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O urbanismo pouco se alterou, algumas casas ainda guardam a sua fisionomia quatrocentista/ quinhentista e seiscentista. “s marcas das ombreiras das portas e janelas no granito alusivos desses períodos antecedentes tendem a desaparecer”(CRUZ, MOURA & MOURA, 2009.p54).

Ainda: prevalecem: as: “portas duplas, uma larga e outra estreita (do cavalo e do cavaleiro; ou da loja ou oficina da família) típicas da arquitetura beirã em arco adintelado, com simples molduras chanfradas, e as janelas com o mesmo tipo de moldura, distribuídas harmoniosamente nas fachadas. Algumas destas portas receberam no lintel reto decoração variada, de feição manuelina na sua maioria, podendo ir desde uma simples cruz, passando pelo ondulado de arco em querena Quinhentista aos enrolamentos: pinhas, bolos, alcachovas, elementos geométricos mais ou menos elaborados, mas denunciando um ofício”: (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009).

As ruas são calçadas de uma pedra dura e miúda denominada de “gorão”, que se tornam: desconfortável: para: andar: a: pé: “As ruas dispõem-se em perpendicular e paralelamente à alcáçova consoante a orientação solar, sendo o lado Este da colina e acompanham, mais junto ao vale, as variações do terreno” (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009,p.26).

A organização do espaço era feita de acordo com as ocupações profissionais e propriedades privadas, pelo que se desprende da toponímica atual.

Na Rua da torre do Relógio, por exemplo, uma casa seiscentista mostra-nos uma janela: com: decoração: tipicamente: “manuelina”: Percebe-se a existência de duas tipologias construtivas: uma: de: “carácter popular” que se relaciona com a simples repetição: de: modelos: outra: “erudita em que os elementos são trabalhadas dando origem a novas composições”, permitindo a introdução de novas estéticas e arquiteturas. No decurso do centro histórico, ainda se percebe vários locais de vivência privada, nomeadamente: A casa, o quintal; espaços de vivência coletiva; o local de Espaço Religioso. (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009)

“Na Praça Velha de Santa Maria, atual Praça de Camões não existem vestígios anteriores ao século XVI. Pouco resta dos edifícios do paço do concelho e cadeia, que seria uma obra dos finais do século XV/inícios do século XVI ”: (CRUZ: MOURA: &:MOURA, 2009,p.37).

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2.3- Caracterização das tipologias habitacionais presentes na zona histórica

As casas da zona histórica de Castelo Branco podem ser descritas, pelas palavras de Leonel Azevedo, como um estilo “Manuelinopobre” ou “Manuelinopopular” devido a uma arquitetura de pobres recursos, com dimensões reduzidas e materiais e técnicas construtivas simples. Os únicos elementos de destaque destas casas são, pois, o trabalho de cantaria e os lintéis de portados (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009, p.54).

“Estas casas são de influência medieval e definidoras da imagem da cidadeantiga, sendo os reflexos autênticos das necessidades e atividades sociais e profissionais do homem da época, como exemplifica organização dos lotes. O lote medieval era, normalmente, retangular, estreito e alongado. As edificações ocupavam o lote na totalidade da sua largura, e parcialmente o seu comprimento, sendo o fundo do lote destinado a um pequeno quintal ou logradouro.

A estrutura da casa corrente de Castelo Branco tem, na maioria dos casos, dois pisos, justificados pelo sistema construtivo adotado e pela considerável densidade populacional. As habitações térreas são, portanto, escassas; os casos de casas com três pisos podem ser resultado de um acrescento posterior.

A fachada dava conhecimento do ofício praticado pelo proprietário da casa ou o seu poder económico, pois, os lintéis das portas e janelas são decorados com motivos em alto e baixo-relevo, como tesouras que indicavam a casa de um peleteiro (tratador de peles) ou motivos manuelinos, ostentosamente trabalhados que indicavam que ali morava alguém de um estatuto socioeconómico elevado. Por vezes, é possível observar dependendo da inclinação solar, na ombreira da porta, uma cruz latina escavada na pedra que simbolizava a conversão dos judeus ao cristianismo. De grande relevância na fachada destas casas, surge ainda o beiral, sempre bastante saliente em relação ao plano da fachada com o objetivo de a proteger, devido à fragilidade dos materiais que a compõem.

A porta (ou portada) é, geralmente, a única abertura existente no piso inferior, repetindo-se, por vezes, de modo a permitir acessos diferenciados ao piso térreo e ao sobrado. As janelas existiam em número muito reduzido e limitavam-se, sobretudo, ao piso superior a fim de controlar a temperatura interior, proteger contra as intempéries, e por motivos higiénicos e de segurança; a escassez de janelas no piso inferior deve-se, maioritariamente, à necessidade de privacidade, pois na rua aconteciam inúmeras atividades quotidianas de trabalho e lazer e, na época medieval, a utilização de vidraças para proteção de janelas era inexistente, sendo estas protegidas, apenas, por portadas de madeira. Os materiais que compunham estas habitações resumiam-se à pedra nas paredes exteriores, e à madeira nos vigamentos e compartimentos interiores. A utilização da pedra em detrimento de materiais mais frágeis deve-se à busca de uma maior robustez, longevidade e eficácia face aos agentes atmosféricos, no entanto, são edificações precárias de conforto muito reduzido” (CRUZ, MOURA & MOURA, 2009, pp 35-58.).

No que diz respeito aos interiores das casas correntes, os pavimentos seriam, sobretudo, em terra batida e, no piso inferior, era possível encontrar madeira no

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sobrado. Apesar destas características gerais, comuns à grande maioria das casas medievais de Castelo Branco, estas podem ser diferenciadas pela sua tipologia.

“Nos estudos já existentes de Manuel Sílvio Alves Conde acerca desta matéria é feita a distinção de seis tipologias:

1º Tipo: Casa térrea: habitação com apenas uma divisão, sendo possível fazer desta várias utilizações. São casas que carecem de uma definição de especialização e carecemigualmentedeprivacidade()

2º Tipo: Casa térrea com duas divisões: Casa dianteira – era um espaço aberto para a rua e, portanto de maior socialização; Casa de dentro – compartimento com acesso ao quintal, essencialmente destinado ao repouso familiar. Em alguns casos, a área residencial adquire novamente o carácter unicelular; a outra divisão, ocupada com oficinaouespaçodearmazenamento()

3º Tipo: Casa de sótão e sobrado, com uma divisão por piso – esta tipologia tem uma funcionalidade idêntica à do 2º tipo, mas num sentido vertical, onde existe um sótão ou uma loja como local de trabalho ou de armazém () Segundo algumas necessidades e disponibilidades económicas eram, por vezes, acrescentadas divisões às casas, dando origementãoaoutrastipologias()

4º Tipo: Casa de dois ou mais pisos, com duas ou mais divisões por piso - Há uma maior diferenciação das áreas interiores, feita por divisões em materiais como a taipa, o tabique. A cozinha situa-se, normalmente, no último piso para uma melhor extração de fumos e também peloreceiodofogoedoscheiros()

5º Tipo: Casas sobradadas armadas sobre arcos ou esteiros – comuns em áreasmaiscentraisecomerciais()muito pouco representativa da época medieval no nosso país ()Particularmente em Castelo Branco, a tipologia mais característica é a apresentada no número 4 no entanto, em zonas próximas da alcáçova, onde a topografia é bastante acentuada, vão aparecendo tipologias adaptadas, como é o caso de algumas com quintal à cota baixa e comunicam com a rua à cota alta. Assim, apesar de através do alçado parecerem casas térreas, têm um funcionamento interior em dois pisos. Encontram-se exemplos deste tipo sobretudo na Rua dos Mercadores, como também soluções semelhantes mas em que o desnível do terreno não corresponde exatamente a um piso, correspondendo o nível da rua a uma cota intermédia entre o piso térreo e o sobrado”(CRUZ, MOURA & MOURA, 2009, p.61).

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3- Pesquisas sobre Fornos Comunitários

Ao longo da história verificamos que o homem sempre viveu da agricultura e com ela apreendeu a subsistir. No século XVIII e XIX em Portugal, surge o desenvolvimento das aldeias, vilas e cidades com o aparecimento de várias construções edificadas para servir funções muito específicas, relacionadas com atividades agrícolas ou a elas associadas. Nomeadamente antigos lagares de azeite, fornos de telhas, fornos de cal, fornos de pão entre outros. As várias regiões do país, tem características únicas, devido ao solo, clima, gentes (DIAS, DIAS, & GANALHO, 1953).

Este capítulo abrange a temática de Fornos Comunitários, pois pretende compreender o funcionamento destas construções, e quais as relações que existem nos fornos Comunitários em termos arquiteturais, sociais de vários pontos do país (DIAS, DIAS, & GANALHO, 1953).

As construções ou estruturas, geralmente advém de saberes populares e possuem uma morfologia arquitetónica própria, pois utilizam materiais de construção originária da região onde se localizam e recorrem as tecnologias de construções tradicionais (CUNHA, 1965).

Atualmente os fornos comunitários tem sido uma aposta na área da conservação e reabilitação pois permitem responder às necessidades básicas de muitos habitantes locais ou por questões conservação de património de forma a preservar a história do local ou da cidade em que está inserido (FONTES, 1974).

Os fornos de lenha podem ser individuais ou coletivos, sendo estes últimos apelidados de fornos comunitários. Por vezes, o forno não se distingue exteriormente dos outros edifícios, podendo parecer templo, por outro lado o forno pode ser uma casa térrea com porta e janela para a rua, tendo no interior um forno enorme construído e tijolos de barro ou pedra característica da região. Normalmente ao lado existe uma masseira comprida que usualmente é utilizada para peneirar a farinha ou serve de suporte para amassar o pão (DIAS, DIAS & GANALHO 1953).

Geralmente para o forno são necessários utensílios tais como: (Figura 6) (DIAS, DIAS & GANALHO, 1953).

1-Pá ou Pala utilizada para colocar o pão ou outros no forno; 2-Rodo,serve para puxar as cinzas; 3-Fogareiro geralmente utilizado para mexer brasas e por vezes serve de cabo a

uma vassoura de urzes ou panos molhados amarradas na extremidade, com que se varre o forno

4-Masseira serve para amassar a massa do pão e deixa-lo levedar. Bariêlas servem de apoio;

5-Raspadeira serve para raspar os resíduos da masseira; 6-Bardeiro ou vassoura, utlizado para varrer as cinzas ou a masseira; 7-Peneira serve para peneirar a farinha;

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3.1- Fornos Comunitários de Trás-os-Montes (JÚNIOR, 1966)

A curiosidade pelas formas de vida comunitária no Norte de Portugal, desconhecidas na parte centro e sul do país, acentua-se nos finais do Século XIX.

A região transmontana possui construções comunitárias designadas de “Forno do Povo” ou “forno Comum.” Graças ao Professor J. R dos Santos Júnior existe uma explicação pormenorizada de duas tipologias distintas de fornos Comunitários. No seu estudo é distingue-se a localização geográfica dos Fornos, um situa-se na Quinta de S.Pedro e o outro Vilarinho da Mó. (JÚNIOR, 1966)

3.1.1- Forno Comunitário de Bragança – Quinta de S.Pedro

O primeiro, a casa do Forno da Quinta de S. Pedro possui (Figura 7)

A planta «subquadrada»; (Figura 8) Está encostado a uma Casa de habitação; Situa-se no meio da Povoação, tem maior extensão comunitária; A porta Baixa, apenas com 1.55 m de altura e 0.95 m de largura; À entrada, à direita da porta esta a grande masseira com 2.10m de

comprimento por 0.70 m de largura e com profundidade de 0.24 m; A massa vultosa do forno ergue-se a 2.85m da porta quadrada de 0.47m de

lado; A boca do forno tem dos lados duas pedras de cantaria; Os marcos assentam numa pedra de xisto; A soleira é para pousar a pá, quando recebe o pão para enfornar;

Figura 6 - Utensílios do forno. (JÚNIOR,1977)

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Pala por cima da boca do forno- Paranheira Forno é amplo é circular de diâmetro 1.60m; A boa têmpera do forno coze com pouca lenha; A cúpula abobadada cobre o lastro; A pedra é xistosa assente em barro tal como a parede espessa e cobertura de

forno; Ao lado do forno fica o tendal, bancada ladrilhada com lajes de xisto;

Figura 7 - Forno Quinta de S. Pedro. “A – Marco; B- Soleira ou Pousadouro; C- Torça ou Troça; D-Paranheira.” (JÚNIOR,1966)

Figura 8 – Planta esquemática do Forno da Quinta de S.Pedro. (JÚNIOR, 1966)

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3.1.2- Forno Comunitário de Vila Real – Vilarinho da Mó

O Forno Vilarinho da Mó possui, (Figura 9)

Planta em forma de ferradura (Figura 10) Está isolado num pequeno largo à entada da povoação; Cobertura é de colmo, em 1965 passa a telhado; Não existe Masseira; Pala por cima da boca do forno-“Palranqueira” A casa do Forno tem paredes de granito com pedras de assentes umas sobre as

outras sem interposição de qualquer argamassa; Tipo:de:construção:“pedra:Seca” A porta do forno tem 0.60m de largura por 0.55 de altura; Existe pedra respiradora. A abobada é feita em tijolo, assenta numa fiada circular de pedras de Granito; Não existe masseira. Cada pessoa amassa em casa.

Figura 9 - Forno de Vilarinho-da-Mó. “A- Tranqueiros; B- Padieira; C-Cachotes; D- Pedra do respiradouro; E- Palriqueira; F-Borralheira” (JÚNIOR, 1966)

Figura 10 – Planta do Forno de Vilarinho-da-Mó. (JÚNIOR, 1966)

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Terminada a descrição dos dois fornos de tipologias diferentes é importante referir alguns dos saberes populares (rituais e rezas), comuns em ambos os fornos, utilizados quando se termina de colocar o pão no forno por parte do forneiro.

Faz três cruzes com a pá na Boca do Forno verbalizando uma desta orações. (FONTES, Lourenço 1977)

Superstição ou não, o saber popular apelado sempre a estas orações acreditando que a cozedura do pão irá sair melhor. Segundo António Lourenço de Oliveira, existem outros cuidados a ter no forno, normalmente a pá do forno deverá estar levantada e nunca para baixo, enquanto a o pão cozer, pois assim ele crescerá. O primeiro Bica (pão:delgado):a:sair:do:forno:será:o:mais:“delgado”:parte-se e o fumo que exala, vai aliviar as almas do Purgatório (OLIVEIRA, 1974).

“Cresce o pão no forno,E os bens pelo mundo todo,

Paz e saúde a seu dono,Pela graça de Deus e da Virgem

Maria”Pai Nosso e Avé Maria (rezam

pelasalmas)”

“DeusteacrescenteO Diabo arrebente,

Pela Graça de Deus e da Virgem Maria

Pai-Nosso e Avé- MariaRezem por alma de quem o cá

deixou”

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3.2- Fornos Comunitários na Beira Baixa Os fornos comunitários da região Beirã possuem características de funcionamento

comuns à região Transmontana.

A cozedura é o processo final da fase do ciclo do pão. A termologia da palavra “Coer”:é:utiliada para designar o ato de cozedura do pão, tal como todo o processo do seu fabrico. Normalmente o pão é cozido uma vez por semana, ao sábado, embora se possa fazer noutros dias à excepção do domingo e feriados (BARBOFF, 2005).

O processo de aquecimento do forno é efetuado geralmente com urze (lenha fina que serve para aquecer rapidamente o forno). A urze ou a lenha pode ser manuseada com um forcado/fogareiro. Nos fornos comunitários a lenha é fornecida pelos habitantes que pretendem usufruir do forno, ou é a forneira que esta encarregue de levar a lenha, isto varia de zona para zona. Havendo forneira no local, é esta: que: ‘gere: o: tempo’: as: atividades: de:manutenção: e: as: pessoas: que: pretendem:cozer. A sua remuneração é efetuada à poia (pão de aproximadamente 1.5kg, pode variar no peso). Não havendo responsável são as pessoas que se responsabilizam pela manutenção espaço, e todo o processo do fabrico do pão (BARBOFF, 2005).

A limpeza do forno, propriamente dito, é com auxílio de diversos instrumentos. Recorre-se primeiro ao rodo para puxar as brasas/brasume para a boca do forno; segundo, recorre-se à pá de Ferro para remover as brasas; em terceiro recorre-se à vassoura de giestas para varrer o forno, por fim, em quarto recorre-se ao fogareiro e a panos molhados, atados na extremidade, para limpar as cinzas (BARBOFF, 2005).

O enfornamento consiste no processo de colocar o pão no forno. No entanto antes deste procedimento deve-se certificar que o forno está quente, para tal lança-se farinha para o interior do forno se esta queimar estará apto para colocar o pão no seu interior, ou então, se a tijoleira aparecer esbranquiçada pode-se prosseguir para o enfornamento. A técnica de enfornamento consiste em fazer deslizar o pão que está em posição horizontal, na pá de madeira previamente polvilhada de farinha (BARBOFF, 2005).

O desenfornar ou tirar o pão do forno é efetuado logo que se aperceba que o pão ganhou cor e retira-se do forno, posteriormente pelo som do toque da côdea verifica-se se o pão está cozido e retira-se um a um, passando para o tabuleiro (BARBOFF, 2005)

No caso dos fornos comunitários, local onde confeciona grandes quantidades de pão, para diferentes famílias era atribuído um sinal consoante o proprietário. No fim da cozedura a forneira apelava alto a quem pertencia:o:pão:com:o:sinal: “X:+-/:*”:Eram certificados os pães e os proprietários sairiam do espaço.

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3.2.1 – Martim Branco

É uma aldeia pequena construída em xisto pertencente a Castelo Branco. Nesta região predominam muitos recursos naturais, tais como, o xisto, o granito e o quarztos. As construções de pedras são evidenciadas nas habitações, nos arruamentos e no forno comunitário.

O forno comunitário (Figura 11) foi recuperado recentemente e atualmente está em funcionamento o que tem promovido o turismo e a vida comunitária da aldeia. Este forno feito em pedra de xisto, tem a cobertura que funciona de alpendre. Esta tipologia não se pode considerar casa do forno, mas sim um local abrigado dos ventos. Possui os utensílios necessários para o seu funcionamento, contudo a lenha é fornecida pelos habitantes da terra que pretendem cozer. (ADTAX, 2008)

Figura 11 - Forno de Martim Branco. (ADTAX (2008).- Aldeias de xisto obtido de Agencia Desenvolvimento Turístico das aldeias em xisto. Acedido em 2 de fevereiro 2012, em http:// www.aldeia do xisto.pt/aldeia/3/5/93)

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3.2.2 – Monsanto

Segundo Maria Buesceu os fornos de Monsanto, não são individuais, porém existem pequenos fornos particulares (não tem casa do forno) para as habitações que ficam afastadas do centro.

A tipologia de forno é de planta circular, sendo a construção térreas feita em pedra solta e terra batida. A cobertura também é de terra batida. Em termos de interiores o espaço possui paredes cimentadas ou então aproveitam a face superior de um rochedo característico da região. (Figura 12)

O forno é um local de encontro e convívio das mulheres. As crianças também frequentam estes locais, principalmente nas épocas festivas com intuito de lhes ser oferecido algum bolo ou pedaço de bica.

No perímetro da construção encontram-se suportes para assentar as masseiras. Geralmente existe uma pia de pedra que está com água que serve para lavar o forno depois de cada fornada.

O forno só é aceso se a forneira for avisada previamente pelas pessoas que necessitam de cozer. A gestão da utilização do forno é feita pela forneira, bem como a responsabilidade do tempo de cozedura do pão. Os utensílios do forno, habitualmente permanecem no local encostados à parede. O processo de aquecimento do forno é feito previamente com auxílio de mato seco.

Este tipo de espaço tem grande afluência na época da Páscoa, devido ao fabrico dos bolos tradicionais. A remuneração é feita à poia, (um pão de aproximadamente 1.5kg- unidade de troca),que varia as unidades consoante as fornadas cozidas.

Figura 12 - Forno de Monsanto (BESCEU, Maria (s.d))

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3.2.3 – Lardosa

Lardosa é uma aldeia da região Beira Baixa, pertence ao distrito e ao conselho de Castelo Branco. O forno desta aldeia (Figura 13) foi recuperado recentemente e inaugurado em 12 de Setembro de 2010 pelo presidente da autarquia de Castelo Branco e teve contribuição de Maria Antunes Barata.

Da história deste forno pouco se sabe apenas testemunhos locais, referenciaram que pertencera a uma família de sobrenome Boavidas, nomeadamente Joaquim Boavida doara a sua filha Maria de Fátima Boavida, que mais tarde vendera a Maria Antunes Barata. A utilização do forno era mais ao fim de semana, sendo o pagamento feito à Poia.

Este forno tem como tipologia Casa do forno possui paredes mestres de aproximadamente 0.30 metros e 0.40 metros, planta retangular, possui o forno primitivo de 1905 cujo diâmetro ronda os 4 metros. O imóvel não tem janelas apenas uma porta principal, sendo o único acesso para a descarga da lenha.

Figura 13 - Forno Comunitário da Lardosa. (RAMOS, 2012)

Figura 14 - Pia de Pedra. (RAMOS, 2012)

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Na entrada há uma pia de pedra (Figura 14), referência tradicional, outrora muito utilizado para lavar os utensílios no uso do forno. Nesta intervenção contemporânea colocaram um forno secundário mais pequeno para que fosse utilizado pela comunidade. Este forno secundário é feito em tijolo na cúpula e o chão do forno em tijoleira de diâmetro aproximadamente um metro e meio. Devido às suas reduzidas dimensões, leva a economizar o gasto da lenha.

Figura 15 - Telhado de tenha Canuto (RAMOS, 2012)

Figura 16 - Pavimento em pedra. (RAMOS, 2012)

O telhado é de telha canudo (Figura 15) e só tem uma água. O edifício é anexado a uma habitação, parede de alvenaria de pedra pavimento de pedra (Figura 16), parede da fachada rebocada com reboco de dois centímetros pintado a tinta branca. Para o funcionamento deste forno secundário, a lenha fica à responsabilidade de quem pretender cozer.

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Figura 17- Bancadas de pedra e utensílios para manuseamento do forno. (RAMOS, 2012)

Com os testemunhos, de senhor Carlos Barata e a senhora Rosa, relativamente ao espaço comprova-se o regresso às origens, não só, pelo simples ato de “cozer pão”mas também pelo convívio naquele espaço. O espaço está bastante “acolhedor emodernizado”: “preservou-se o antigo e fez-se novas intervenções”: nomeadamente:mantiveram-se as bancadas de pedra granito (Figura 17) e introduziu-se um lava-louças e um forno secundário (Figura 18) mais pequeno.

Figura 18 – Forno Secundário. (RAMOS, 2012)

Este último acaba por ser: “utiliado: com: frequência: e: é:menos:dispendioso: no:consumo:de:lenha:aquecendo:rapidamente”:Assim:o:forno:primário:de:1905:(Figura 19) fica preservado e serve de exposição. O espaço tem os utensílios para o manuseamento do forno que podem ser utilizados. Quanto à sua utilização só é necessário solicitar a chave previamente.

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Figura 19 – Forno principal 1905 e fornalha. (RAMOS, 2012)

A Casa do forno da Lardosa apresenta uma planta quadrangular (Figura 20) surge como anexo de uma habitação, apenas com uma porta de acesso por onde se fazem descargas de lenha. A localização geográfica deste forno surge junto o largo da Igreja da Lardosa é de fácil acesso.

O forno secundário foi pensado para um canto do espaço, de forma a rentabilizar o espaço e não interferir com a exposição do forno primário.

Figura 20 – Planta esquemática da casa do forno da Lardosa.

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3.2.4 – Vale da Torre

Figura 21 – Forno Comunitário de Vale da Torre e Fachada do edifício. (RAMOS, 2012)

Vale da Torre é uma localidade pertencente à Lardosa, do distrito de Castelo Branco. O forno desta aldeia foi recuperado recentemente e inaugurado em 31 de Outubro de 2010 pelo presidente da autarquia de Castelo Branco. (Figura 21)

Este forno possui uma tipologia de Casa do Forno possui um telhado de duas águas; construção independente; parede de alvenaria de pedra.

Conta-se que já existiria antes de 1938, e foi construído pelo povo, tendo pertencido à confraria da Santa Ana inicialmente, com a extinção da confraria o forno é entregue à igreja.

A 29 de junho de cada ano, dia de S.Pedro, o forno era “rematado”, quer isto dizer, que a partir daquela data teria um responsável para a gestão do forno num período de permanência um ano civil. Esta pessoa era responsável pela lenha, porém existia a forneira responsável pelo processo do manuseamento do forno e pelo fluxo de pessoas, utilizando o miradouro da habitação a frente para apelar as pessoas aquando chega a sua vez.

Figura 22 – Forno primário de Vale da Torre; interior do Forno. (RAMOS, 2012)

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Figura 23 - Reservatório de Cinzas do Forno primário. (RAMOS, 2012)

Figura 24 – Parte superior do Forno principal-piso1; Telhado de duas águas. (RAMOS, 2012)

Segundo o testemunho da senhora Maria Joaquina Pires (última forneira do forno Vale da Torre antes da reabilitação), muita gente recorria à utilização do forno comunitário, antes de 1974. O forno comunitário (Figura 22) utilizado a era maior de diâmetro que atualmente. Consta-se com a reabilitação o diâmetro do forno teria diminuído. Este forno contém reservatório para cinzas em pedra (Figura 23). O forno cozia duas a três vezes por semana, seis a sete tabuleiros de pães. Com o passar dos anos a afluência ao forno comunitário começa a diminuir com a construção de fornos privados.

A senhora Maria Pires recorda que a época da Páscoa, uma das mais trabalhosas, pois passava oito dias seguidos naquele local de forma a responder às necessidades de todas as pessoas, porém no verão, também, havia muito afluência com a preparação da comida para os casamentos. A parte cima do forno que tem o acesso por umas escadas de pedra, era muito utilizado para secar a roupa. (Figura 24)

A remuneração era feita à poia e a ordem de cozedura era por ordem de chegada.

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Figura 25- Forno secundário realizado em 2010-Vale da Torre. (RAMOS, 2012)

Atualmente o espaço foi intervencionado e reabilitado, tendo sido construído um forno secundário (Figura 25) de diâmetro mais pequeno para satisfazer a utilização dos moradores. Segundo a senhora Magna Nisa, atual responsável pelo forno comunitário o espaço tem de ser previamente reservado e tem uma contribuição simbólica de dois euros. O forno primário também foi reabilitado, contudo não é muito utilizado devido a dispendioso gasto de lenha.

Figura 26 – Porta secundária para descargas de Lenha. (RAMOS, 2012)

Figura 27- Utensílios do Forno Vale da Torre. (RAMOS, 2012)

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Esta Casa do forno tem a particularidade de ter uma porta exclusivamente para a descarga da lenha (Figura 26), para além da porta principal. As bancadas mantiveram-se em pedra, e é importante referir que possuem medidas ergonómicas consideráveis 0.80metros de altura. Há utensílios necessários (Figura 27) no espaço para o manuseamento, importa referir que a lenha utilizada fica a cargo dos utilizadores.

A planta desta casa do forno é retangular (Figura 28), localiza-se entre duas ruas perpendiculares, a rua do comércio (para descargas de lenha) e uma rua secundária destinada à circulação das pessoas. Ao contrário da casa do forno da Lardosa que se encontra no núcleo da aldeia junto a uma igreja, este situa-se no meio da aldeia sendo um edifício independente. Este forno possui a particularidade de ter uma grande chaminé, a sua origem que foi preservada assumindo-se como a imagem de marca deste forno Vale da Torre.

Figura 28 – Planta esquemática da casa do forno de Vale da Torre.

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3.2.5 – Centro Histórico de Castelo Branco

O centro histórico de Castelo Branco possui influências medievais, desde o desenho urbano às habitações. A muralha6 que envolve todo o centro histórico tem vindo a ser recuperada nos nossos dias, porém algumas partes desta construção encontram-se perdidas nas habitações, pois houve um período da história da cidade fora permitido utilizar as pedras da Muralha em detrimento de novas construções.

Recentemente:o:Miradouro:e:parte:de:um:‘trecho’:da:Muralha:situado:na:Rua:de:Santa Maria foi intervencionado pelo programa polis, este local era junto ao largo que se abria para a antiga porta de Santa Maria / Espírito Santo (Figura 29), onde se dava a entrada para diversas mercadorias, visitas, etc. Esta rua trata-se de uma das principais que vão dar ao Largo Camões (antiga praça velha), espaço central e característico da zona histórica.

As portas das muralhas do castelo, duas são também referências fundamentais para o espaço urbano. A sua fragilidade, em termos defensivos impunha a construção de torreões de defesa, e do mesmo modo implicava a construção de terreiros, largos ou rossios, onde alguns sectores comerciais se instalavam.

Na ata e sessão da Câmara de 25 Novembro 18547, há referência da existência de fornos no centro histórico de Castelo Branco, nomeadamente na Rua de Santa Maria haveria transporte de lenha para o forno do senhor João Malaquias de Lemos, contudo teria de ser feita pela parte mais larga da Rua dos Chões e dali a lenha era levada para o forno. Em 1874 continuavam as queixas dos moradores pelo transporte de lenha na rua de Santa Maria, pois congestionava a rua.

Para dar resposta a este projeto de conservação e reabilitação da Casa de forno de Castelo Branco, a informação é muito restrita acerca do imóvel ou mesmo sobre

6 Muralha: termo frequente aplicado como sinónimo de muro, mas aplica-se de preferência a muros altos e sólidos; Grande muro

que guarnece uma fortaleza praça de arma, cidade parede.

7 ADCB-Mç.035,liv.24,fl.140.

Figura 29 – Cintura da Muralha.

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Forno comunitário, no entanto, sabe-se que se situa na rua de Santa Maria Nº37, Castelo branco. (Figura 30)

Figura 30 – Rua de Santa Maria, vista dos dois sentidos. A Casa do Forno de Castelo Branco.

Em análise do Plano Pormenor de Castelo Branco PPZHD- CB (2001) (Figura 31)constata-se que geograficamente a Casa do forno fica situada: no quarteirão 13; Oestefica a Rua dos Chões; Este fica a Rua de Santa Maria; Sul existe a parte da cintura da Muralha; Sudoeste fica a Porta do Espirito Santo. (Consultar ANEXOS.)

A ausência de bibliografia sobre o imóvel dificulta a contextualização da obra na sua época de construção, no entanto vários pormenores de alvenaria do imóvel permitem datar alguns períodos, desde época medieval ao século XX. A informação do registo de propriedade - Registo Predial- não se encontra na Câmara Municipal, poderia ser útil para a pesquisa, a fim de balizar datas.

Figura 31 – Plano Pormenor de Castelo Branco PPZHD- CB (2001). ( http://www.cm-castelobranco.pt/index.php?link=ppormenor- consultado 30 de junho de 2012 as 11h30).

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Supondo que a conservatória de Castelo Branco8 seria um local onde a informação dos imóveis poderia estar registada, constatou-se que a ‘Casa do forno’, apresentando apenas a morada atual, a obtenção de dados foi inacessível pois faltava o número do artigo do imóvel. Da rua de Santa Maria apenas se confirmaram dados da habitação Nº35, que pertencera na década do Estado Novo, à mesma proprietária da ‘Casadoforno’. (informação recolhida aos habitantes locais).

A Senhora Belmira, natural de Castelo Branco, começou a trabalhar na ‘CasadoForno’ desde muito cedo, pois ajudava sua mãe, a Senhora Isilda de Jesus a amassar o pão que era vendido à vizinhança.Com base no testemunho pessoal, de algumas residentes locais, o forno era Comunitário, qualquer cidadão local poderia cozer pão, sendo:o:pagamento:feito:à:“poia”:(pão:com:15:kg):o: forno:só:era:cedido:no: fim:da:proprietária cozer as suas fornadas.

A senhora Laurinda Fatela, residente na rua dos Chões há mais cinquenta anos lembra que os bolos, o pão e o cabrito para o seu casamento foram confecionados naquele forno. Desde que ali reside que se lembra da existência do forno e deste ser comunitário. Recorda com saudade a senhora Isilda de Jesus e a forneira senhora Ana Serninha (que também morava ali perto) a utilizar devidamente aquele espaço.

Na época, que a Senhora Isilda de Jesus era proprietária da habitação Nº35 adquire a Casa do forno (Nº37) com a compra do alvará ao Senhor Mário Pardal.9No decurso dos anos, a Senhora Isilda de Jesus foi perdendo a mobilidade de suas mãos e transaciona o alvará do forno ao Senhor Manuel Mandarim proprietário da que era uma taberna (casa Nº 12 e 14º situada em frente do Forno).

Segundo:os:habitantes:locais:o:‘Senhor:da:Taberna’:teve:dificuldades:para:voltar:a:colocar o forno a funcionar, por questões burocráticas e que o impediram de fazer a Casa:do:Forno:de:‘tasca:de:comes:e:bebes’:cujo:principal:objetivo:passava:por:coer:o:tradicional pão caseiro e o pão com chouriço. O senhor Manuel Mandarim acabou por se apoderar do espaço para fazer a escolha de azeitona. Depois deste proprietário, nada se sabe acerca de novos donos, se consta que por morte do proprietário e por Usucapião a autarquia ficou com a propriedade em sua posse.

Remetendo, ainda, à época Medieval, todo o seu processo de desenvolvimento e fabrico do pão é associado à Mulher/Sexo feminino, pois todo o processo desde a sementeira do cereal ao fabrico do pão demora sensivelmente nove meses, pelo que se relaciona com a fertilidade da mulher com o tempo de gestação. Durante muito tempo o homem era impossibilitado de entrar num forno, era símbolo mau presságio, dir-se-ia que o pão não crescia. Em algumas zonas do país, ainda se utilizam roupas do homem (marido) para cobrir a massa do pão enquanto levita.

O papel do homem era permanecer na taberna que (ficar perto do forno) a confraternizar com os amigos, local de convívio na época, enquanto a mulher ficaria a

8 Informação recolhida na conservatória e câmara Municipal de Castelo Branco-5 de Janeiro de 2012

9 Pardal- Famílias mais abastadas na época, sua residência era perto do Arco do Bispo na casa apalaçadas.

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conviver no forno podendo levar os seus filhos. Paralelismo ou não, a rua de Santa Maria teria de um lado da rua a taberna e do outro o forno. Outra analogia, no interior da casa do forno, na zona da fornalha há ainda a existência de um vão em alvenaria de pedra, consta-se que poderia fazer ligação para um pátio central nas traseiras do imóvel.

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4 – A Casa do Forno de Castelo Branco

4.1-Enquadramento técnico

No decurso da elaboração deste projeto foram efetuadas diversas visitas ao centro histórico Castelo Branco, bem como à Casa do Forno, foram sendo realizadas conversas casuais com os moradores, que mostraram interesse na ideia de reabilitar o imóvel da Casa do Forno, de forma a promover a atividade turística na zona histórica.

Foi realizado um cronograma de atividades, de modo a gerir o tempo e a evolução do trabalho com as diferentes atividades estipuladas. (Figura 32)

Foram efetuadas visitas regulares ao imóvel, como forma de observar diretamente as alvenarias e distinguir o tipo de construção executada. Com a observação direta e as fotografias ao local foi possível descrever os diferentes compartimentos da vivência do espaço.

A pesquisa foi efetuada na biblioteca municipal de Castelo Branco, na qual foi possível recolher monografias da cidade e completada no Arquivo Distrital de Castelo Branco. Este projeto recorreu muito ao trabalho de campo, desde a procura de informações ao levantamento do espaço.

O recurso à maquete de estudo (Figura 33) salvaguardou alguns erros de levantamento para execução dos desenhos técnicos.

Figura 32 – Cronograma de atividades.

Figura 33 – Maquete de estudos (existente e proposta).

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4.1.1 – Levantamento do espaço

No decurso da elaboração da componente prática do projeto conservação e reabilitação da Casa do forno de Castelo Branco, foram efetuadas várias visitas ao imóvel, de forma a entender a organização do espaço, as tipologias de construção, os materiais, os revestimentos.

Foram feitos levantamentos fotográficos, nas fases distintas do projeto para se proceder a uma análise mais pormenorizada. O primeiro contacto com o espaço foi surpreendente:pois:o:imóvel:continha:muito:“entulho”:que:necessitava:ser:removido

As presenças de humidade nas paredes de alvenaria foram evidentes nos dias de precipitação, bem como as imperfeições do telhado, a queda do reboco da fachada do imóvel também presente nos interiores.

O levantamento fotográfico foi executado em diferentes dias consoante a luminosidade existente no edifício, tendo como melhor horário de manhã e ao início da tarde. Importa relembrar que não existe energia elétrica do local. As fotografias apresentadas são organizadas por divisões e apresentarão alguns pormenores de mobiliário, vãos, rebocos, pavimento, alvenarias de pedras, ombreiras, forno.

O levantamento da Casa do forno executado manualmente com recurso a métodos tradicionais utilizados em obra: desde medição a lazer (Figura 34);determinar a inclinação do terreno (Figura 35);determinar o alinhamento da parede de alvenaria. (Figura 36)

Figura 34 – Medição de grandes distâncias. Fonte http://ferramentavitalicia.com/contents/pt/d728_medicao_por_laser.html- 18 Maio 2013.

Figura 35 – Determinar a inclinação do terreno. Fonte:http://elisaprado.com.br/blog/2009/05/como-saber-a-inclinacao-da-rampa - 18 Maio 2013.

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Figura 36 – Determinar o alinhamento da parede. Fonte http://tecmaniacom.blogspot.pt 18 de Maio 2013.

Recorreu-se aos seguintes utensílios como: fita métrica (Figura 37), medidor a lazer (Figura 38), alvo, vara, nível (Figura 39) e fio (Figura 40).

Figura 37 – Fita Métrica. Fonte: http://www.brindespromocionais.com.pt/ferramentas/medicao/Fita-metrica/331331/- 18 de Maio 2013.

Figura 38 – Medidor a laser. Fonte:http://www.redcoon.pt/B210162-Bosch-PLR-25-0-603-016-200_Laser- 18 de Maio 2013.

Figura 39 - Régua com Nível. Fonte http://www.teodol.com.br/regua-de-ni-vel-digital-86e-1-20m.html -18 de Maio de 2013.

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Figura 40 – Fio e régua. Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAet3UAE/05-medicao-nivel 18 Maio 2013.

Inicialmente registaram-se as medidas do dimensionamento do espaço com recurso ao medidor a laser pois permitiu capturar grandes distanciamentos de forma rápida e eficaz.

O levantamento foi efetuado com recurso ao método de triangulação isto porque as paredes não estavam perpendiculares. As paredes de alvenaria de pedra acabavam por dificultar o rigor da medição pois o lazer penetrava nas juntas das pedras e modificava resultados, deste modo recorreu-se a um alvo/folha de papel de forma a facilitar o procedimento.

O forno possui um diâmetro considerável para um forno comunitário, cerca de 3 metros. O pavimento está em rampa, considerando a cota de soleira junto à porta da entrada, verifica-se na zona da fornalha – zona traseira do edifício - está o nível do chão mais elevado, a diferença diverge de 0.60 metros de altura, o que pode influenciar e muito na determinação da inclinação do telhado. Para medir a inclinação do pavimento recorreu-se ao auxílio de um fio e um nível de água e duas pessoas.

Do ponto vista de Designer de Interiores este levantamento foi um desafio, pois o levou a uma aprendizagem de métodos de medição – Método de triangulação (Figura 41), exigiu um trabalho de campo reforçado, perceber as diversas situações em obra e criar uma metodologia de procedimentos no levantamento que permitissem minimizar os erros resultantes das irregularidades dos materiais e configurações do espaço.

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Figura 41- Método de Triangulação.

4.1.2 – Análise do edifício

O imóvel da Casa do Forno é de tipologia habitacional, surge como imóvel independente possui uma porta na fachada que facilita o acesso. A sua planta é retangular com três zonamentos distintos, sendo eles: a sala do forno que se encontra junto à entrada; o corredor zona de passagem da sala do forno para a fornalha e por fim a sala da fornalha.

No primeiro zonamento encontra-se a estrutura do forno comunitário. A boca do forno com a existência de dois “marcos”, uma “soleira”; uma “Torça ou Troça” (JÚNIOR, 1966). A cúpula do forno ainda permanece, podendo verificar-se o aparelhamento de pedras de granito no seu interior, de diferentes tamanhos. Junto a boca do forno já foram colocados alguns tijolos de forma a suportar parcialmente o forno que se encontra em risco de derrocada. A inexistência da chaminé no local proporcionou uma nova abordagem de vivência do espaço, apelando a um novo (re) adaptar, (re) estruturação e (re) viver.

Junto ao forno é possível distinguir-se pelo pavimento a zona do enfornamento cujo patamar tem 0.15 metros de altura. As paredes interiores deste compartimento são todas rebocadas com reboco de 0.02 metros, com exceção da parede que contém a boca do forno pois esta encontra-se em alvenaria de pedra. Nesta parede existe também um pequeno armário - cantareira, que serviu outrora para armazenar o pão (também vai ser restaurado). O pavimento em betonilha junto ao forno será regularizado e preservado. A parede divisória lateral ao forno será reconstruida em gesso cartonado.

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No terceiro zonamento, o corredor serão preservadas as paredes de alvenaria de pedras, contudo a parede interior de 0.30 metros de espessura será removida e substituída por uma parede menos espessura.

Na zona da fornalha será mantido e preservado as paredes de alvenaria de pedra e haverá o cuidado de evidenciar os vãos pré existentes. Esta zona tinha como função de reservatório de lenha.

O pé direito do edifício oscila de 5 metros a 7.5 metros, respetivamente, fachada e parede traseira do imóvel. A cobertura será renovada, utilizando-se a telha tradicional de canudo, terá em conta o isolamento em painéis sandwich.

Paralelamente será criado um novo piso com umas instalações sanitárias e uma sala expositiva com vista a possibilitar a criações de um espaço explicativo do forno e de tudo o que está ligado ao fabrico do pão e projetada uma escada metálica que permitirão o livre acesso.

Todos os acabamentos serão mantidos, por forma a preservar a identidade e os valores culturais do edifício, procurando-se as soluções técnicas a nível dos materiais para garantir o conforto térmico e higrométrico do espaço.

O Imóvel tem como zonamentos essenciais:

A sala do forno (Figura 42; Figura 43; Figura 44 e Figura 45), local onde efetua o primeiro contacto com o edifício, é zona de receção do edifício, em que localiza a única porta de acesso para o exterior. Sala é ampla, possui um desnivelamento de pavimento, sendo zona junto ao forno a zona mais ressaltada, cuja cota é de 0.30 m. Esta sala é a única que possui paredes rebocadas.

Figura 42- Planta esquemática com o zonamento – Sala do Forno.

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Figura 43 - Parede divisória; entrada e porta principal.

Figura 44 - Perspetiva do Forno, Forno visto de frente e Cantareira.

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Figura 45 – Perspetiva do forno; Parede Divisória e pormenor da cantareira.

O segundo zonamento pode considerar o Forno (Figura 46) com 3 metros de diâmetro. Construído em pedra de granito. Possui na cúpula um orifício circular que indica, que era por ali, que saíam os fumos. A presença de alguns tijolos no seu interior, cuja finalidade é manter a integridade da estrutura.

Figura 46 – Planta esquemática com o zonamento – Forno.

Como terceiro zonamento considerou-se o Corredor (Figura 47 e Figura48),zona de passagem da sala da lenha para a sala do forno. Esta divisão possui pequenas reconstruções de feitas em tijolo. Com base na pesquisa e alguns

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testemunhos: locais: esta: seria: a: sala: de: ‘amassar’: e: tender: o: pão: não: existe:nenhum suporte de equipamento ou mesmo masseira de pedra.

Figura 47 – Planta Esquemática do zonamento – o corredor.

Figura 48 – Perspetiva do corredor; Pormenor do escoamento de águas; Parede divisória; vista do vão para a sala da lenha.

Como penúltimo zonamento temos a sala da lenha (Figura 49, Figura 50 e Figura 51), local onde a lenha era armazenada. Este compartimento é o único que tem um pé direito mais alto, possui uma porta de acesso que se interliga com o corredor. As paredes são de alvenaria de pedra, tendo a delimitação de um vão que mais tarde foi fechado com pedra. Da existência deste vão nada de sabe, apenas se consta que sendo o centro histórico da época medieval, que

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podia muito bem ser uma passagem secreta para haver circulação na cidade, ou então uma porta para a descarga da lenha ser efetuada.

Figura 49 – Planta esquemática do zonamento – Sala da lenha.

Figura 50 – Vão da Porta; Cobertura; Vão de Pedra.

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Como último zonamento a parte superior do forno (Figura 51) possui as paredes de alvenaria, pé direito variado , área reduzida.

Figura 51 – Parte superior do forno.

4.1.3 – Desenhos técnicos – Existente e Proposta

O levantamento do espaço foi minucioso, retratou-se algumas guarnições em pedra particularmente apelativas. A execução dos desenhos técnicos levantou algumas questões técnicas, acerca a inclinação do telhado, que só no terreno com recurso a métodos tradicionais poderiam ser resolvidas. O fato de existir o pavimento com desníveis e em terra batida, levou a várias interpretações das alturas do edifício. No primeiro levantamento apenas tinha existido a preocupação de fazer o levantamento em planta e dos dimensionamentos das paredes, pormenores e vãos, pelo que foi necessário realizar novos levantamentos. É na realização dos desenhos técnicos que se denota a importância do rigor do levantamento, e ter a perceção de que em obra todos os fatores têm que ser considerados. Seguem-se alguns dos desenhos técnicos ordenados pela sequência de apresentação neste documento e que constam dos anexos.

(ANEXOS II) – Desenhos técnicos:

Desenho 3- Planta base cotada (Figura 52) Desenho 7- Corte Base AA’:(Figura 53) Desenho 15 – Planta de Alterações (Figura 54) Desenho 16 - Planta Proposta (Figura 55) Desenho 23 – Proposta:Corte:BB’:(Figura:56)

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Desenho 24 – Proposta: Corte:CC’:(Figura:57) Desenho 2 – Alçado antes da intervenção (Figura 58) Desenho 21 – Proposta: Alçado (Figura 59) Desenho 28 – Proposta:Corte:GG’ (Figura 60); Desenho 22 – Proposta:Corte:AA’:(Figura:61)

Figura 52 – Planta Base cotada.

Figura 53- Corte AA’- Existente.

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Tendo os desenhos técnicos do imóvel (ver ANEXOS II), procedeu-se a estudos destes espaços evoluindo para uma nova fase projetual: O projeto de intervenção, podemos verificar na Planta de alterações (Figura 54) que apenas procurou rentabilizar o espaço com áreas ocupáveis propondo um novo piso.

Figura 54 – Planta de Alterações.

As alterações procedidas foram mínimas, os zonamentos do Piso 0 (Figura 54), coincidem como planta inicial, a disposição das divisões não é alterada, apenas é introduzido um vão de escadas na sala designada de Corredor.

A sala do forno é preservada ao máximo, é introduzido um equipamento para expor utensílios de manuseamento do forno.

Teve-se a particularidade de eliminar a parede divisória da sala do forno e do corredor, de forma a ganhar mais área, a presença das escadas naquele recanto foi a forma mais fiel da rentabilização de espaço, a sua largura e de 0.90 metros como podemos ver na Planta Proposta. (Figura 55) A divisão de corredor, assume um novo carater expositivo com a introdução de uma bancada para expor utensílios ligados ao forno.

A sala da lenha, é mantida a área e é preservado e evidenciado o vão de pedra que ressalva à vista de quem entra naquele compartimento.

O Piso 1 é um novo acréscimo ao edifício, possui área para umas instalações sanitárias. A ligação dos pisos é feita por um vão de escadas que liga uma mezzanine à casa de banho e a uma sala expositiva. A movimentação das pessoas no piso 1 é

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notada no piso 0, precisamente na sala do forno. A mezzanine permite uma comunicação com o piso 0, como podemos ver no desenho Proposta Corte: BB’ e Proposta:Corte:CC’. (Figura 56 e Figura 57)

A sala de exposição é um novo espaço de vivência, que possui uma vasta área expositiva, e em que é introduzido uns painéis rotativos que dinamizam a própria exposição e conferem um novo olhar ao espaço, como é exemplificado no Desenho da Planta Proposta. (Figura 55)

Figura 55 – Planta Proposta.

Figura 56 – Proposta Corte BB’.

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Figura 57 – Proposta Corte CC’.

O alteamento do telhado vai conferir a entrada de iluminação natural em várias partes do imóvel, o que concede algum conforto térmico e visual ao edifício.

É apresentado o alçado do imóvel antes e após a intervenção (Figura 58 e Figura 59, respetivamente) em que se de nota que o pequeno alteamento do edifício muito discreto, o que não é visível do plano da rua.

O imóvel constituído por um único volume com dois pisos e uma pequena mansarda saliente, com a cobertura de uma água pendente para a rua. (Figura 60 e Figura 61)

Figura 58 – Alçado antes da intervenção- Desenho 2.

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Figura 59 - Alçado proposto – Desenho 21.

Figura 60 – Proposta Corte GG’.

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Figura 61 - Proposta Corte AA’.

É desenvolvido um equipamento para colocar os utensílios do forno que é colocado na sala do forno, aparafusado a uma parede, de forma a organizar os utensílios e caracterizar o espaço. (Figura 62)

Figura 62 – Equipamento para os utensílios do forno.

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4.1.4 – Imagens do Espaço Piso 0 - Sala do Forno

Figura 64 – Perspetiva da entrada antes e após a intervenção, respetivamente.

Figura 63 - Perspetiva do Forno antes e após a intervenção, respetivamente.

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Figura 65 – Perspetiva da entrada da Sala do forno após intervenção. Visibilidade de quem circula no piso 1.

Piso 0 - Corredor

Figura 66 – Perspetiva do Corredor (sentido Sala da lenha) antes e após a intervenção.

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Figura 67 – Perspetiva do corredor (sentido da entrada) antes e após intervenção, respetivamente.

Figura 68 – Perspetiva do Corredor após a intervenção (sentido sala da lenha).

Piso 0 – Sala da lenha

Figura 69 – Perspetiva da Sala da lenha após a intervenção.

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Piso 1

Figura 70 – Perspetiva da sala da lenha (cimo do forno-sentido corredor) antes e após a intervenção - Mezzanine.

Figura 71 – Perspetiva da Casa de Banho, intervenção.

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Figura 72 – Perspetiva da parte superior do Forno, antes e após intervenção, respetivamente –Sala expositiva.

Figura 73 – Sala expositiva (intervenção), exemplificação dos painéis expositivos rebatíveis.

Figura 74 – Perspetiva da Sala Expositiva (sentido das escadas).

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Com esta apresentação de imagens, podemos ver como funcionou a intervenção. Existe mais fluidez e melhor otimização do espaço. Todos os elementos novos (o piso superior, a casa de banho, a mezzanine e a sala expositiva) procuram uma linguagem atual, manter um carácter austero da construção original. Esta nova realidade da Casa do Forno de Castelo Branco, vai contribuir para o turismo e dinamizar um mais a rua de Santa Maria. Os acabamentos foram tidos em conta para que se integrassem com o meio envolvente.

Paralelamente foi realizada uma estimativa orçamental da obra, tendo como valor 6543057€ como também foi elaborado as cláusulas do Caderno de Encargos que estarão em anexo (consultar - ANEXOS III).

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4.2-Enquadramento Teórico / Fundamentação do Projeto

A salubridade de um imóvel é um dos fatores a ser considerado no projeto de conservação e reabilitação, pois a humidade é um dos agentes mais revolucionários das construções ocorrendo grande parte das anomalias nos edifícios antigos. O caso de estudo exemplifica esta problemática, que tende a piorar com os dias de precipitação, as imagens expostas anteriormente sobre a casa do forno evidenciam presenças de humidade.

Para evitar os casos de humidade na construção é necessário evitar a água, e tentar contornar a sua presença, impedindo o seu contacto e reduzir o tempo de infiltração.

Uma das soluções para colmatar estas situações será a aplicação de sistemas de drenagens junto as paredes dos edifícios recorrendo à abertura de valas nas fundações, contudo deverá haver disponibilidade de espaço para a execução de drenos. No caso de estudo seria complicado colocar drenos no perímetro do edifício, visto este se encontrar entre duas habitações.

O recurso à colocação de barreira pode ser uma possibilidade, no entanto se for parede de alvenaria de pedra irregular, o processo é controverso e coloca a estabilidade do edifício em causa. Nestas situações, hoje em dia recorre-se a uma calda de um produto químico repelente à água (hidrófobo) e é injetado sobre pressão a um nível considerado e funciona como impermeabilizante. No caso das alvenarias não revestidas do imóvel os produtos químicos a utilizar podem ser à base de resina de silicone.

A cobertura é outro dos aspetos a considerar, pois a impermeabilização da cobertura é inexistente naquele espaço. O recurso a um bom isolamento pode colmatar a questão. A utilização dos painéis sandwich, depois com assentamento de uma subtelha e por fim aplicação da telha canudo pode solucionar as infiltrações de humidade. A proposta de altear o telhado e colocar vãos ajuda a entrada de luz no espaço e soluciona minimamente as questões de ventilação. A proposta do alteamento do telhado da Casa do Forno justifica-se pela sua localização e posicionamento. Sendo o nível do telhado inferior aos edifícios adjacentes, (decreto-lei de 30 de Março 2010, capitulo II,4D- consultar ANEXOS)

O pavimento também necessita intervenção, pois parte do imóvel tem revestimento, mas a outra metade é em terra batida o que aumenta a humidade do solo. Se colmatarmos esta situação com o assentamento de laje, as condições de humidade do edifício são melhoradas parcialmente.

A reabilitação do imóvel da Casa do forno destina-se à integração num percurso de divulgação turística da zona histórica de Castelo Branco, sendo que o local só permanecerá aberto com uma solicitação prévia à autarquia. A visita a este local poderá ser feita com a presença de um guia turístico, sendo este responsável pela abertura do espaço e acompanhamento dos visitantes, assim como pela preservação

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da integridade do edifício. O programa funcional da organização do espaço reflete esta opção e por esse fato não estão previstos espaços de receção do público, permanência dos funcionários ou armazenamento de consumíveis.

No que diz respeito a conservação e reabilitação foram tidas em conta as cartas, recomendações Internacionais do Património; particularmente a carta de Cracóvia de 2000 - “Princípiosparaaconservaçãoerestaurodepatrimónioconstruído”defende:

“1-()conservação pode ser realizada mediante diferentes tipos de intervenções, tais como o controlo do meio ambiental, a manutenção, a reparação, o restauro, a renovação e a reabilitação. Qualquer intervenção implica decisões, escolhas e responsabilidades relacionadas com o património, entendido no seu conjunto, incluindo os elementos que embora hoje possam não ter um significado específico, poderão, contudo, tê-lo no futuro.”

“3- ()Esteprocessopodeincluiroestudodosmateriaistradicionaisounovosoestudo estrutural, análises gráficas e dimensionais e a identificação dos significados histórico, artístico e sociocultural”

“4- Se for necessário para o uso adequado do edifício, podem-se incorporar elementos espaciais e funcionais, mas estes devem exprimir a linguagem da arquitetura atual”

Esta carta dá conta dos diferentes tipo de património considerando a nível de gestão um ponto que se adequa ao caso de estudo:

“11()Oturismoculturalapesardosseusaspetospositivosparaaeconomialocaldeve ser considerado como um risco. Deve prestar-se uma particular atenção à otimização dos custos envolvidos. A conservação do património cultural deve constituir uma parte integrante dos processos de planeamento económico e gestão das comunidades, pois pode contribuir para o desenvolvimento sustentável, qualitativo, económico e social dessas comunidades”

O projeto A Casa do forno de Castelo Branco tenderá a responder às necessidades peculiares do edifício de forma a preservar as memórias e a entidade do local e sob este ponto de vista, que o fator proeminente desta Conservação e Reabilitação é Forno.

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5.Conclusão

No decurso deste trabalho importa salientar que o caso de estudo foi pertinente para o desenvolvimento da componente projetual, pois promoveu contacto de campo, e o recurso a metodologias tradicionais para fazer um levantamento em obra.

Em primeiro lugar, salienta-se: a: carência:de: informação: e: ‘fatores: atrativos’: da:sua origem (fonte) para a definição estratégica desta reabilitação particularmente registos documentais e fotográficos do espaço ou das atividades nele desenvolvidas em outras épocas.

Neste modelo de trabalho de conservação e reabilitação pode haver uma interpretação antagónica pois o seu desenvolvimento pode remeter o trabalho para as origens, ou por outo lado, pode promover novas ideias, novos conceitos que se tendem coadunar com as origens do edifício criando uma nova vivência espacial. Esta última perspetiva é extremamente desafiadora, no entanto, proporciona um desenvolvimento projetual lento.

Foram visitados dois fornos comunitários do distrito de Castelo Branco que foram reabilitados recentemente, possuindo a mesma tipologia habitacional de Casa do forno, no entanto, as suas localizações justificam o seu processo interventivo. Quer isto dizer, que o forno comunitário da Lardosa geograficamente encontra-se perto da igreja direcionado para um largo, tendo como característica um espaço público de sociabilização. Já o forno comunitário de Vale da Torre, também se localiza estrategicamente numa interseção de duas ruas, uma principal e outra secundária.

É sobre esta análise que a justificação da reabilitação recai, visto o posicionamento dos edifícios serem estrategicamente em zonas de grande afluência pois estes locais são entendidos como encontro, convívio que promovem o comunitarismo. O mesmo não acontece no caso de estudo, a Casa do Forno de Castelo Branco pois está localizado numa rua principal de carácter de passagem privativo dos utentes dos edifícios adjacentes. A descarga da lenha é uma condicionante para a reativação do funcionamento do forno, visto este ter um grande dimensionamento (diâmetro 3,5 metros), bem como a inexistência da chaminé.

Na Lardosa e Vale da Torre a reabilitação dos espaços deveu-se aos hábitos ligados ao pão e à terra ainda existirem. A ideia de preservar a integridade dos fornos primitivos justifica-se com a existência de vestígios das chaminés e a degradação não ser acentuada. Quanto à organização do espaço recorreram à criação de um forno secundário, de diâmetro mais pequeno para colmatar os gastos de lenha.

As questões de salubridade presente no caso de estudo foram tidas em conta, de forma a promover um maior conforto térmico ao edifício. O alteamento do telhado deveu-se à necessidade de abertura de vãos para resolver as questões de luminosidade beneficiando da luz natural. A sugestão de isolamento da cobertura

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colmata parcialmente as infiltrações de água nas alvenarias de pedra conservando integridade do edifício.

O recurso a uma betonilha para o pavimento confere aspeto natural próprio dos pavimentos térreos resultando um ambiente homogéneo e mais regularizado.

O acréscimo de um novo piso confere ao espaço uma nova funcionalidade didática, permitindo a criação de um centro expositivo e interpretativo não obstante não alterar significativamente a leitura exterior do edifício pois é invisível da rua, dada a largura reduzida desta, e por outro lado, não interfere com a estrutura interna e organizativa do espaço do piso existente.

Pensa-se:assim:estar:a:contribui:para:a:reabilitação:urbana:do:espaço:da:“A Casa do:Forno”:mesmo:sendo:inviável:a manutenção do espaço como forno, atribuindo-lhe um novo papel turístico no contexto da reabilitação da malha urbana e histórica de Castelo Branco.

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Figura 11 - Aldeias de xisto obtido de Agencia Desenvolvimento Turístico das aldeias em xisto. Acedido em 2 de fevereiro 2012, em http:// www.aldeia do xisto.pt/aldeia/3/5/93).

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Figura 13- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 14- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 15- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 16- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 17- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 18- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 19- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 21- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 22- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 23- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 24- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 25- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 26 - RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 27- RAMOS, Rosário Fernandes, Novembro 2012

Figura 31- http://www.cm-castelobranco.pt/index.php?link=ppormenor- consultado 30 de junho de 2012 as 11h30

Figura 34 - http://ferramentavitalicia.com/contents/pt/d728_medicao_por_laser.html- 18 Maio 2013 15h03m

Figura 35- http://elisaprado.com.br/blog/2009/05/como-saber-a-inclinacao-da-rampa - 18 Maio 2013- 15h 05m

Figura 36 - http://tecmaniacom.blogspot.pt 18de Maio- 11H45

Figura 37 - http://www.brindespromocionais.com.pt/ferramentas/medicao/Fita-metrica/331331/- 18 de Maio 2013, 14h38 Figura 38 -http://www.redcoon.pt/B210162-Bosch-PLR-25-0-603-016-200_Laser- 18 de Maio 2013 -14.39

Figura 39 - http://www.teodol.com.br/regua-de-ni-vel-digital-86e-1-20m.html -18 de Maio de 2013 14h46m

Figura 40 - http://www.ebah.com.br/content/ABAAAet3UAE/05-medicao-nivel 18 Maio- 11h00m

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Celina dos Santos Francisco

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Anexos

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Informação obtida por testemunhos locais

Existência do forno na cidade; Função de forno comunitário; Forneira e sua atividade; Remuneração; A lenha utilizada para aquecer o forno; O procedimento para a utilização do forno; Cuidados com a ter com o pão; Horas de atividade Trabalho paralelo Reabilitação do forno Novas instalações Adesão das pessoas ao forno Comunitário Espaço

Ver Anexos I, II,III em suporte digital.