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1. Instituição/Programa Universidade Estadual de Maringá-UEM- Programa de Pós- Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática 2.Título do Projeto Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino da História e da Cultura Afro-brasileira e Africana numa perspectiva virtual colaborativa com tecnologias interativas 3.Linha de Pesquisa: Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade: Inclusão e Exclusão em processos de Ensino e Aprendizagem na Educação Científica Contemporânea 4. Nº da Cédula de Identidade: 21694592 5. Local:Marechal Cândido Rondon 6. Data: 05 de outubro de 2009

projeto cultura afro brasileira

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1. Instituição/Programa

Universidade Estadual de Maringá-UEM- Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática

2.Título do Projeto

Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino da História e da Cultura Afro-brasileira e Africana numa perspectiva virtual colaborativa com tecnologias interativas

3.Linha de Pesquisa: Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade: Inclusão e Exclusão em processos de Ensino e Aprendizagem na Educação Científica Contemporânea

4. Nº da Cédula de Identidade: 21694592

5. Local:Marechal Cândido Rondon

6. Data: 05 de outubro de 2009

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1. Título do projeto

Educação das Relações Étnico- Raciais e o Ensino da História e da Cultura Afro-

brasileira e Africana numa perspectiva virtual colaborativa com tecnologias

interativas

2-Resumo

Uma das grandes tarefas da educação atualmente é contribuir com a discussão sobre a

igualdade racial, reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos

descendentes afro-brasileiros e africanos. Tendo como marco legal a Lei 10.639/2003 e

as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para

o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Este projeto de pesquisa

tem com preocupação investigar como o avanço das tecnologias de comunicação e

informação(Internet) podem, a partir de políticas públicas, contribuir para a inclusão

digital de jovens e adultos negros(as) e não negros(as) nas escolas públicas. Com a

finalidade de estudar, discutir, trocar experiências, buscar ações e soluções para os

problemas enfrentados pelos Jovens e Adultos negros(as) e não- negros(as) em relação

a sua história e cultura. O projeto de pesquisa Educação das Relações Étnico-Raciais e

do Ensino da História e da Cultura Afro-brasileira e Africana numa perspectiva Virtual

Colaborativa com tecnologias interativas relaciona-se ao uso pedagógico da

ferramenta Wiki. A aprendizagem virtual colaborativa vem tomando força nos últimos

anos como uma possibilidade de ampliação e complementação da sala de aula nas

instituições. Essa proposta pedagógica possibilita uma interação “todos-todos”,

ampliando para a produção do conhecimento da Educação das Relações Étnico-

raciais e do Ensino da História e da Cultura Afro-brasileira e Africana em rede. Tendo

como principal objetivo o respeito a diversidade étnico-racial dos alunos negro(as) e

não negros(a) da Educação de Jovens e Adultos.

3- Palavras-chave: Inclusão digital, Cultura Afro-brasileira e Africana, Educação de Jovens e Adultos, Aprendizagem Colaborativa.

4) Introdução

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Page 3: projeto cultura afro brasileira

Ao longo da história da humanidade muitas foram as transformações ocorridas

nas sociedades. O ser humano desde o início procurou desenvolver instrumentos e

ferramentas para satisfazer suas necessidades. Com a evolução do tempo, a ciência foi

tomando um papel cada vez mais importante nas sociedades. Em especial na época em

que vivemos, ela tornou-se integrante indispensável para o nosso cotidiano. Mas os

avanços da ciência e da tecnologia são tantos que muitas sociedades não conseguem

acompanhar essas transformações.

A cada dia que passa o homem apresenta novas descobertas em diferentes áreas

como no campo da genética, da química, da informática, e em muitas outras áreas do

conhecimento. Para nós talvez, muitas invenções feitas no passado, não são tão

valorizadas e às vezes até consideradas simples, mas para o homem que viveu naquela

época suas descobertas foram fundamentais para sua sobrevivência e não eram tão

simples como imaginamos.

No sentido de pontuar como o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em

tempos remotos foi mola mestra para o desencadear da evolução científica e

tecnológica, vamos recordar algumas das descobertas feitas pelo homem e verificar

como isso influenciou no seu modo de vida.

Os nossos antepassados, de acordo com suas necessidades foram criando

instrumentos para o seu trabalho. Os instrumentos eram feitos de pedras, ossos e,

principalmente madeira. Através de experimentos conseguiu fazer objetos que serviam

para cavar, cortar, descascar, produziu machados, facas e cada vez mais iam

melhorando seus instrumentos de trabalho. E quando o homem aprendeu a usar os

metais, ele pode aperfeiçoar ainda mais suas ferramentas e armas, combinando

instrumentos simples e bem cedo inventou as primeiras máquinas. Para Gay (1996)

Com o aprimoramento de técnicas mais complexas o ser humano passou por grandes revoluções. A primeira grande revolução foi a do neolítico, nesse período as técnicas desenvolvidas foram fundamentais para a sobrevivência do homem, a começar pela prática da agricultura e também pela fabricação de objetos e ferramentas, que nesse período histórico, essas descobertas representaram grandes invenções, pois facilitaram a vida cotidiana do homem. (p. 34)

Mas, todo esse processo demorou milhares e milhares de anos. Nos últimos

trezentos anos, as invenções se multiplicaram rapidamente e continuam se

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Page 4: projeto cultura afro brasileira

aperfeiçoando cada vez mais. As máquinas e aparelhos que hoje conhecemos e

utilizamos são fruto do trabalho de milhões de pessoas, acumulado durante o passar do

tempo.

Na história das descobertas encontramos importantes fatos que marcaram nosso

desenvolvimento. A invenção da bússola, assim como o aprimoramento das técnicas de

navegação, facilitou a expansão marítima européia, resultando na nova rota marítima

para as Índias, realizadas por Vasco da Gama.

Os avanços da tecnologia de navegação da época foram notáveis, não tardando

assim o descobrimento da "nova terra", a América, realizada por Cristóvão Colombo.

Por outro lado, a pólvora, outrora utilizada meramente para a fabricação de fogos de

artifícios, passou a ser utilizada para fins militares.

Percebemos que a partir dessa nova realidade, as novas descobertas vinham de

encontro com as necessidades da época, pois para explorar novas terras os homens

tinham que aprimorar e aperfeiçoar as técnicas de navegação, pois caso contrário seria

impossível a conquista de novos territórios.

Os séculos XV e XVI marcaram o início das grandes descobertas onde para

muitos escritores foi o renascer das artes, da literatura e das ciências. Esse período ficou

conhecido como o Renascimento.

O Renascimento manifestou-se primeiramente nas cidades italianas e depois se

difundiu por toda a Europa. Sobre esse período Harman (1995) diz:

Os historiadores da Renascença se referem muitas vezes a três grandes desenvolvimentos importantes nas artes mecânica, a invenção da imprensa, da pólvora e da bússola que contribuíram de forma notável para o rápido desenvolvimento das sociedades européias nesse período. (p. 17)

Muitos foram os representantes do renascimento italiano, dentre eles destacamos

Leonardo Da Vinci (1452-1519): foi pintor, arquiteto, escultor, físico, engenheiro, se

destacou na arte e nas ciências. Arruda (1986) em relação a Leonardo da Vinci diz que

“já no século XVI ele tinha imaginado uma máquina a vapor, mas foi apenas no século

XVIII que ela teve aplicação efetiva”. (p. 109)

Com isso percebemos que as invenções são feitas a partir das necessidades do

homem e da sociedade com o passar dos tempos, cada vez mais o homem necessita de

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novos métodos e técnicas para o seu trabalho e para sua vida cotidiana. Muitas foram às

descobertas importantes feitas nesse período como registra Harman (1995):

A publicação de Sobre a Revolução das esferas celestes (1543) pelo astrônomo polonês Nicolau Copérnico deu início a uma transformação na concepção do universo.Copérnico argumentava que o Sol era o Centro dos cosmos e não a Terra. [...] Essa publicação deu início a um processo que transformava a concepção do lugar do homem na natureza. (p. 26)

Outra personalidade importante do renascimento foi Galileu Galilei (1564-1642)

matemático, físico e astrônomo. Ele trouxe a teoria de Copérnico para o foco de um

debate intelectual, demonstrou que o centro do Universo é o Sol e não a Terra foi

perseguido pela Igreja que defendia a teoria de que a Terra era o centro do Universo.

Galileu Galilei desmontou a teoria criada pela igreja que através de suas idéias,

tinham o objetivo de reforçar o seu poder. Os grandes avanços da ciência ocorridos

graças às descobertas de Galileu e Copérnico deram um impulso para as pesquisas de

Isaac Newton. Ele foi matemático, físico e astrônomo, descobriu as leis da gravitação

universal e da decomposição da luz. A respeito de Newton Chassot (2000), faz o

seguinte comentário:

Newton não desconheceu as contribuições dos que o antecederam, (...) deixou claro em sua frase: “se vi mais longe do que os outros homens, foi porque me coloquei sobre os ombros de gigantes”, [...] Newton tornou-se, um século mais tarde, o símbolo da revolução científica européia. (p. 109)

Podemos dizer que a cada nova ideia, a cada novo instrumento criado pelo homem,

muitas foram e muitas serão as transformações ocorridas nas sociedades, pois cada vez

mais a ciências avança de uma forma rápida, mas tudo isso se deve ao fato de já existir

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Page 6: projeto cultura afro brasileira

invenções importantíssimas feitas pelos homens no passado e hoje essas invenções são

fundamentais para outras grandes descobertas.

Também não podemos deixar de destacar que a cultura renascentista foi

divulgada graças à invenção da imprensa pelo alemão Gutemberg (1397-1468). De

acordo com os dizeres de Lobato (1972) “até o aparecimento da prensa [...] não existia

no Ocidente um só livro impresso, um só jornal, uma só revista”. (p. 152)

Hoje temos uma variedade de materiais impressos, e por isso fica até difícil

imaginar como seria a nossa vida sem livros, revistas e jornais, mas só que nem sempre

foi assim como comenta Kalinke (1999):

Os avanços tecnológicos começam a ser utilizados, praticamente, por todos os ramos do conhecimento. As.descobertas são extremamente rápidas e estão à nossa disposição com uma velocidade nunca antes imaginada. O advento do chip, que deu origem aos computadores atuais, talvez tenha sido o grande achado deste milênio. (p. 13)

Verificamos que na atualidade os avanços tecnológicos são tão rápidos que

muitos produtos tornam-se obsoletos, ficando até difícil acompanhar tantas

transformações. Em relação à época atual Aquiles Gay (1996), destaca a importância do

surgimento de novas tecnologias no campo da microeletrônica, na biotecnologia e na

informática.

Essa nova revolução é chamada pelo autor de Revolução científico Tecnológica.

Nessa revolução ele cita o exemplo do computador, que realiza em poucos segundos,

operações complexas que com métodos tradicionais levariam dias de trabalhos. O autor

caracteriza bem essa grande revolução quando diz que “estamos passando de um

esquema em que preponderante era a energia, e o outro em que a supremacia passa pela

informação; dos Cavalos a Vapor aos Megabytes”. (p. 42)

Assim, neste contexto de desenvolvimento o computador propiciou muitos

outros recursos que foram criados a partir das mais variadas aplicações que foram dando

para esta nova ferramenta que passou a revolucionar o mundo moderno. Dentre estas

variadas aplicações o que mais vem impressionando os pesquisadores é a Internet.

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Page 7: projeto cultura afro brasileira

Muito mais do que novas ferramentas, todas essas descobertas serviram para que

o homem pudesse abrir caminhos, em busca da expansão do lugar físico e de melhorar

sua vida. Hoje, com a Internet, o homem pode viajar por muitos lugares, bibliotecas,

conversar com pessoas do mundo inteiro.

O computador e os recursos da Internet são usados para vários fins, e a sua

utilização chegou também a área da educação e isto tem gerado muitas discussões. Para

alguns autores o uso do computador e de seus recursos na educação pode ampliar o

mundo daqueles que a utilizam, abrindo novas possibilidades tanto para professores

como para alunos.

Outros até apóiam o uso do computador na educação, mas consideram que se

deve ter cautela ao trabalhar com esse recurso e há ainda aqueles que não vêem com

bons olhos a utilização do computador na sala de aula, ou podemos dizer, no processo

educativo do aluno.

Sinalizando para a potencialidade destas mudanças, já podemos verificar

alterações até na estrutura física da escola, pois o modelo presencial de ensino que

marcou toda a história da educação, hoje já abre espaço para o que alguns autores

chamam de aprendizagem virtual colaborativa (BEHENS, ALCÃNTARA,SILVA).

A aprendizagem colaborativa não são práticas recentes e resultam de diversas

correntes do pensamento pedagógico. A origem da aprendizagem colaborativa remonta

“ à Grécia Antiga e as teorias contemporâneas começam com os primeiros psicólogos

educacionais e teóricos da pedagogia do início do século XX.

A aprendizagem colaborativa insere-se em um conjunto de tendências

pedagógicas difundidas a partir da pedagogia da Escola Nova (Dewey) e a Pedagógica

Progressista . Juntamente com as teorias cognitivas formuladas por Piaget e Vygostsky.

A aprendizagem colaborativa, por suas características próprias, representa um

desdobramento teórico e metodológico dessas pedagogias e teorias, propiciando uma

forma de ensinar e aprender que supera o paradigma tradicional de ensino.

A aprendizagem colaborativa apresenta-se atualmente como uma

metodologia inovadora em sintonia com as novas exigências da sociedade atual.

Essa metodologia de aprendizagem acredita que o trabalhar , criar e o aprender

em grupo faz parte de um conjunto de habilidades no qual alunos e professores

constroem coletivamente conhecimentos significativos. Na visão de Capra (1996) um

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Page 8: projeto cultura afro brasileira

novo paradigma está surgindo. Para ele “ a aprendizagem colaborativa traz uma

importante contribuição para a formação de pessoas comprometidas com o

desenvolvimento da sociedade humana, justa e solidária.”

Na aprendizagem colaborativa existe um interação e integração dos

envolvidos. Cada qual com suas competências e conhecimentos que quando

trabalhado em grupo possibilita a construção de novos conhecimentos por meio

do ensino recíproco.

Um conceito definido por Dillenbourg( 1999) sobre aprendizagem colaborativa

define-a como: “uma situação de aprendizagem na qual duas ou mais pessoas aprendem

ou tentam aprender algo juntas”.

A aprendizagem colaborativa pode trazer a tona o que há de melhor em

você e o que sabe, fazendo o mesmo com seu parceiro, e juntos vocês podem agir de

formas que talvez não estivessem disponíveis a um ou outro isoladamente.(1997,p.72)

Assim pode-se afirmar que uma prática educativa colaborativa possibilita o

debate, a discussão, a reflexão individual e coletiva e o respeito as idéias do outro.

Na sociedade contemporânea, deposita-se na tecnologia, mais precisamente no

computador e nas redes, a possibilidade de construir um espaço virtual propício à

produção de aprendizagens colaborativas.

Por meio do uso do computador e seus recursos , podemos conhecer outras

formas de aquisição de conhecimento coletivo, colaborativo, construído de forma

participativa através de um processo de interação entre duas ou mais pessoas. Portanto,

os métodos de aprendizagem colaborativa apresentam-se nos dias atuais, a

possibilidade de inovação da prática pedagógica. E essa inovação deve estar

presente na Educação de Jovens e Adultos. Para Confintea1 ( 1997) a educação de

Jovens e Adultos enfrenta um grande desafio, que consiste:

Em preservar e documentar o conhecimento oral e cultural dos diferentes grupos. A educação intercultural deve promover o aprendizado e o intercâmbio de conhecimento entre e sobre diferentes culturas, em favor da paz, dos direitos humanos, das liberdades fundamentais, da democracia, da justiça, coexistência pacífica e da diversidade cultural

1 Declaração de Hamburgo sobre Educação deAdultos V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos V CONFINTEA Julho 1997

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Page 9: projeto cultura afro brasileira

Em relação as diferenças regionais e a diversidade ético-cultural do Brasil,

como educação de Jovens e adultos tem trabalhado essa temática? As produções

ético-culturais dos diversos grupos formadores da nação brasileira têm sido

incorporadas aos conhecimentos escolares? E a vida cotidiana, os costumes, as

tradições, suas culturas tem sido usados como suporte para seu aprendizado? Que

metodologias são usadas na escola para proporcionar aos alunos negros(as) e não

negros (as) diálogos sobre sua história e sua cultura? Como as tecnologias de

informação e comunicação ( internet e suas ferramentas) estão contribuindo para a

produção de conhecimentos desses alunos? Estes questionamentos devem estar

presentes nas discussões de todos(as) profissionais da educação. De acordo com

Corti e Souza (2005):

O que torna o trabalho docente mais eficaz é exatamente o conhecimento que se tem da trajetória que os (as) jovens apresentam. Conhecê-los (as) é abrir a escola para considerar sua necessidades de sobrevivência digna, suas buscas e escolhas, suas vivências diárias e seus saberes muitas vezes ignorados.

Nesta perspectiva, ao conhecer suas dificuldades, necessidades e realidades,

alunos Jovens e adultos negros(as) e não (negros) não serão excluídos e muito

menos agentes passivos, ou meramente ouvintes da sua história e cultura. Para

Ana Lúcia Silva Souza(2006)

A escola deve desenvolver ações para que todos (as) negros(as) e não-negros(as), construam suas identidades individuais e coletivas, garantindo o direito de aprender e de ampliar seus conhecimentos, sem serem obrigados a negar a si próprios ou ao grupo étnico-racial a que pertencem. É na perspectiva da valorização da diversidade que se localiza o trabalho com a questão racial, tendo como referência a participação efetiva de sujeitos negros (as) e não- negros (as).

A Modalidade de ensino da Educação de Jovens e Adultos está contemplada

no Plano Nacional de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para

Educação da Relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana. Em relação a esta Modalidade de Ensino o Plano Nacional

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Page 10: projeto cultura afro brasileira

faz a seguinte constatação:a Educação de Jovens e Adultos indicam a matrícula de

4,9 milhões na modalidade EJA sendo 3,3 milhões no ensino fundamental, e l,6

milhões s no médio( Censo 2008). No entanto ainda temos 65 milhões de jovens e

adultos sem os oito anos de escolaridade.

Dentre as ações principais para a Educação de Jovens e Adultos

estabelecidas no Plano Nacional de implementação das Diretrizes Curriculares

Nacionais para Educação da Relações étnico-raciais e para o ensino de História e

Cultura Afro-Brasileira e Africana inclui: implementar ações de pesquisa,

desenvolvimento e aquisição de materiais didático-pedagógico que respeitem,

valorizem e promovam a diversidade, a fim de subsidiar práticas pedagógicas

adequadas à educação das relações étnico-raciais. (2004, p.55)

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-

raciais e para o Ensino de História e cultura Afro-Brasileira e Africana também

determinam que a Educação de Jovens e Adultos deverá:

providenciar ações de combate ao racismo e a discriminações e para isto estabelece que “ a organização de centros de documentação, bibliotecas, midiotecas, museus, exposições em que se divulguem valores, pensamentos, jeitos de ser e viver dos diferentes grupos étnico-raciais brasileiros, particularmente dos afro- descendentes.

De acordo com Kabengele Munanga;

Os negros, ao longo da história do Brasil, têm sido, juntamente com os índios, os mais discriminados. Essa questão deve ser abordada na escola, incluída objetivamente no currículo, de tal forma que o aluno possa identificar os casos, combatê-los, buscar resolvê-los, fazendo com que todos sejam cidadãos em igualdade de condições, a despeito das diferenças e especificidades que possam existir.

Diante desta realidade podemos constatar que faltam ações efetivas para a

Educação das relações étnico-raciais pois esta modalidade ainda não aborda esta

temática levando em consideração a diversidade entre alunos negro(as) e não-

negros(as) da educação de jovens e adultos. As ações efetivas são vão ocorrer a

partir do momento em que as escolas considerarem alunos negros(as) e não- negros

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Page 11: projeto cultura afro brasileira

como sujeitos do processo de ensino e aprendizagem da educação para as relações

étnico-raciais e da história e da cultura afro-brasileira e africana.

5.Objetivos

A história do Brasil ensinada nas escolas foi elaborada a partir da visão européia,

portanto, ela é eurocêntrica, porque as outras matrizes de conhecimento e outras

experiências históricas e culturais que compõem a formação do povo brasileiro não são

contemplados.

Os materiais didáticos e outras produções bibliográficas ignoram a participação

de africanos e afro-descendentes na construção histórica do país. Os livros didáticos

apresentam apenas alguns recortes da participação dos afro-brasileiros e africanos.

E da forma que aparece não possibilita uma reflexão crítica sobre suas lutas,

conquistas e resistência ao regime escravocrata implantado no Brasil.

Também uma das grandes dificuldades apontadas por muitas escolas,

refere-se a materiais de pesquisa, referencial bibliográficos, que abordem a história

e cultura afro-brasileira e Africana. Silva (2001) alerta que:

trabalhar a partir de valores eurocêntricos no sistema de escolar, leva as crianças e adolescentes Afro-Brasileiros a se sentirem inferiores e a serem considerados como tal pelos demais. A convivência com a imagem estereotipada,e preconceituosa que causam danos psicológicos e morais, pode bloquear a personalidade étnica e cultural do Afro-descendente.

Este projeto de pesquisa tem como objetivo principal promover na Educação

de Jovens e Adultos uma reflexão para a Educação das Relações Étnico-Raciais e

para o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares.

E como as tecnologias da informação e comunicação podem contribuir para o

registro do patrimônio histórico cultural dos grupos étnico-raciais que formam a

sociedade brasileira. A seguir destacamos outros objetivos:

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Page 12: projeto cultura afro brasileira

Incluir nos conteúdos desenvolvidos na Educação de Jovens e adultos a

temática da igualdade étnico-racial e do combate a práticas racistas,

discriminatórias e preconceituosas .

Organizar conteúdos de forma contextualizada e atualizada da história da

cultura afro-brasileira e africana, possibilitando aos professores e alunos

negro(os)e não negros (as) estabelecerem relações e análises críticas sobre

esta temática.

Possibilitar a preservação da memória cultural de alunos negros(as) e não-

negros da Educação de Jovens e Adultos e a divulgação e produção textual

da história destes alunos por meio do uso das tecnologias de informação e

comunicação.

Conhecer a ferramenta Wiki e Sladeshare para publicação de texto, vídeos,

fotos, slides e a escrita colaborativa da história e cultura afro-brasileira e

africana e da diversidade cultural da população brasileira.

promover via on-line o contato com comunidades de Afro-descendentes,

indígenas, dos asiáticos e matriz européia, no País e no exterior, por meio de

leituras, publicações e discussões em relação a cultura afro-brasileira e

africana.

Produzir música, vídeos, jornais e exposições referente a diversidade cultural

dos povos africanos, europeus, asiáticos e indígenas e publicar em uma home-

page para que a escola possa divulgar para a comunidade em geral.

6-Justificativa.

No transcurso da história da humanidade diferentes técnicas e recursos têm sido

utilizados para preservar os registros. E o que começou com a pintura em rochas, a

partir da tinta extraída de vegetais, evoluiu para o uso das tecnologias. Com relação ao

impacto das novas tecnologias é necessário atentar para o acesso as redes de

informações e comunidades virtuais colaborativas com tecnologias interativas.

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Page 13: projeto cultura afro brasileira

Diante da crescente importância da Internet na atualidade, faz-se necessário

estimular o contato dos professores e alunos com a sua linguagem de comunicação. Não

apenas como consumidores mas também como produtores de conteúdos em rede.

As atividades desenvolvidas em sala de aula devem abrir espaços para contatos

com a “comunidade em rede” por meio de recursos midiáticos. A Internet contribui de

forma significativa para a ampliação dos conhecimentos compartilhados entre

professores, alunos, escola e comunidades.

Na aprendizagem colaborativa a relação professor e aluno “contempla a

interrelação e a interdependência dos seres humanos que deverão ser solidários ao

buscarem caminhos felizes para uma vida sadia deles próprios e do planeta”. (Alcântara

e Behrens, 2003, p. 426).

O professor precisa avançar para uma proposta de Alcântara e Behens (2003), de

“metodologia da aprendizagem colaborativa com tecnologias interativas”.

Nesta perspectiva este projeto de pesquisa tem com preocupação investigar

como o avanço das tecnologias de comunicação e informação(Internet) podem, a

partir de políticas públicas, contribuir para a inclusão digital de jovens e adultos

negros(as) e não negros(as) nas escolas pública. Com a finalidade de estudar, discutir,

trocar experiências, buscar ações e soluções para os problemas enfrentados pelos

Jovens e Adultos negros(as) e não- negros(as) em relação as suas histórias,vivências e

culturas.

Apresentamos como tema de pesquisa a seguinte problemática: quais são as

contribuições que as tecnologias de informação, publicação e comunicação podem

oferecer para a produção de conhecimento e preservação da história e memória de

alunos negro(as) e não-negros(as) da Educação de Jovens e Adultos? Pois muitos

alunos da educação de Jovens e Adultos são apenas consumidores de informações

sobre suas histórias e culturas. Até parece que principalmente os alunos negros (as)

não fazem parte da história do Brasil.

Com a inclusão digital, será possível envolver os alunos nesta discussão,

bem como propiciar a eles condições de pesquisar, discutir a sua origem,cultura,

conhecer, escrever e publicar sua história e da sua comunidade em rede mundial.

Também a inclusão digital contribuirá para que esta população de alunos Jovens e

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Page 14: projeto cultura afro brasileira

Adultos não- negros (as) e negro (as) não fiquem excluídos da era digital. E o

objetivo da escola, segundo Libâneo:

“será garantir a todos o saber e as capacidades necessárias a um domínio de todos os campos da atividade humana, como condição para redução das desigualdades de origem social. Este é o núcleo da ação pedagógica cujos mecanismos íntimos devem ser bem compreendidos, a fim de possibilitar suas interfaces com as dimensões psicológica e social” (2001)

O trabalho utilizado corretamente com as mídias pode ser uma fonte alternativa

para produção de materiais relacionados a história e a cultura dos Jovens e adultos.

Mas segundo Teruya “é preciso uma interpretação crítica dos conteúdos que circulam

nos diversos meios de comunicação.” Mas como propiciar ao professor uma visão

crítica de uso das tecnologias? As mídias de informação e comunicação possibilitam

aos alunos negros (as) e não negros(as) da Educação de Jovens e Adultos escrever a

sua história, seus conflitos e depoimentos de vida. As mídias tecnológicas

possibilitam a publicação em rede do patrimônio histórico cultural destes povos. Para

José Reginaldo Santos Gonçalves:

o patrimônio deve ser entendido como uma categoria de pensamento. O patrimônio não existe apenas para ser contemplado, ele é uma expressão construída, escrita, falada de uma rede de relações sociais tecidas historicamente (2003,p.27)

Segundo o escritor Paulo Rogério Nunes2 existe uma ausência da discussão de

questões relacionadas com a cultura negra. E para combater esta invisibilidade da

história da cultura afro-brasileira e africana na sociedade, a escola precisa dialogar

com esta temática. É importante que os afro-brasileiros falem sobre racismo,

preconceito, sua história. E que alunos não-negros sejam envolvidos nesta discussão.

E isso só será possível por meio da comunicação. Para o escritor a comunicação:

é estratégica para o avanço , da luta contra o racismo e o desenvolvimento da comunidade negra em todo mundo. Pensando globalmente, na África, no Caribe, em países

2 Agência de Informação Frei Tito para a América Latina

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Page 15: projeto cultura afro brasileira

onde há negros, a comunicação possibilita que grupos historicamente sem representação tenham voz.

Esta voz pode ser ouvida, escrita e publicada pelas tecnologias interativas

( internet e suas ferramentas). Mas se alunos negros não tiverem acesso as mídias

tecnológicas como vão dar voz a sua identidade cultural construída ao longo do

processo histórico da história do Brasil? Segundo a relatora Petronilha Beatriz

Goncalves e Silva3

Não se trata de mudar um foco etnocêntrico marcadamente de raiz européia por um africano, mas ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira. Nesta perspectiva, cabe às escolas incluir no contexto dos estudos e atividades que proporcionam, as contribuições histórico-culturais dos povos indígenas e dos descendentes de asiáticos, além das de raiz africana e européia.

Moran (2003), recomenda que a escola precisa mostrar sua “cara”, para

que a sociedade conheça os projetos que são desenvolvidos. Além da escola, mostrar

o que está fazendo, o professor pode usar este recurso para proporcionar aos seus

alunos um espaço virtual de troca e construção de conhecimento relacionado a

história e cultura afro-brasileira e Africana.

Contudo, devemos alertar os alunos quanto alguns problemas relacionados ao

uso da internet na educação. Pois na Internet também encontramos textos, frases,

charges, vídeos que propagam práticas racistas preconceituosas e discriminatórias.

Mas também a Internet pode ser uma ferramenta onde as experiências

vivenciadas pelo professor e pelo aluno em relação a sua história e cultura sejam

divulgadas nos espaços virtuais. Lévy, trabalha com a noção de virtual e afirma

que:

O virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e ao constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização. [...] O virtual constitui a entidade [...]

3 Doutora em Ciências Humanas - Educação. Docente do Departamento de Metodologia doEnsino da Universidade Federal de São Carlos.Participante da Coordenação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros desta Universidade

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Page 16: projeto cultura afro brasileira

A atualização é criação, invenção de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças e de finalidades (1999, p.16).

Essa escola virtual já é realidade, embora para um número ainda pequeno de

alunos, que por meio de comunidades virtuais, passam a estabelecer novas formas de

aprendizagem, intercambiando conhecimentos e informações.

Quando ouvimos o discurso sobre todos esses recursos tecnológicos aplicados a

escola virtual, dá a impressão de que a maioria das escolas, dos alunos negros(as) e não-

negros(as) já tem ou terão, em pouco tempo, acesso a todos esses recursos,

principalmente ao computador e a internet. No entanto, é importante registrar nesse

momento a “exclusão digital” entre brancos e negros. De acordo com levantamento

do PNAD realizado em 2001 da porcentagem da população de brancos e negros com

acesso a algumas tecnologias digitais, a população negra apresenta uma considerável

desigualdade em relação ao acesso aos computadores e a Internet. Abaixo,

apresentamos a porcentagem da população com acesso a algumas tecnologias digitais,

por raça:

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Page 17: projeto cultura afro brasileira

Percebemos que o percentual de negros (as) que não tem acesso é consideravelmente

maior. Em relação a este dados Roberto Borges Martins3 faz a seguinte observação:

Os diferenciais observados são preocupantes, pois, se não forem rapidamente revertidos, certamente se constituirão em mais um poderoso mecanismo de geração de outras desigualdades e de ampliação das exclusões já existentes.

As organizações não governamentais e comunidades vem desenvolvendo

projetos para incluir a população de alunos negro(as) e não negros(os) excluídos da

era digital. Mas estes projetos são insuficientes para atender a grande demanda

de alunos negros e não-negros(as) da Educação de Jovens e Adultos. Por isso

consideramos fundamental que a escola desenvolva atividades para possibilitar a

estes alunos o acesso as tecnologias de informação e comunicação.

Para Magdalena& Costa, numa sociedade informacional não basta ter

conexões.

O nível educativo de uma sociedade informacional não se mede pela quantidade de conexões, mas pela inserção crítica, assertiva e competente dos indivíduos na relação com o espaço eletrônico, nas trocas que são capazes de estabelecer, no que são capazes de produzir, de criar com e a partir desses meios (2003, p. 107).

As propostas pedagógicas da Educação de Jovens e adultos devem

possibilitar a inclusão digital de alunos negros(as) e não negros (as) que ainda não tem

acesso a internet. Munanga e Gomes (2004,p.16) afirmam que é necessário promover

aprendizagens gerais que possibilitem o “acesso a conhecimentos, informações e

valores que permitam aos estudantes continuarem aprendendo”.Os autores

apresentam três grandes domínios da cultura escrita:” comunicação, acesso a

informações em diversas fontes e investigação e compreensão da realidade. E ao ter

o acesso a internet na escola, o aluno negro(a) e não- negro(a) poderá além da

inclusão digital, aprender, conhecer e escrever sobre suas histórias e culturas e

conhecer a diversidade étnico-racial da formação da população brasileira.

3 José Jorge de Carvalho e Rita Laura Segato. Uma Proposta de Cotas para Estudantes Negros na Universidade de Brasília. Brasília

17

Page 18: projeto cultura afro brasileira

A abordagem desta temática vem de encontro com ações orientadas para a

Educação das Relações Étnico-Raciais da Secretaria de Estado da Educação. Estas

ações fazem parte de um processo histórico de um grupo de trabalho formado por

técnicos de diversos Departamentos da Seed em paridade com representantes da APP –

Sindicato dos trabalhadores em Educação do Paraná.

Em 2007, foi criado o Departamento da Diversidade. Esse departamento

formou uma equipe de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, criando um

espaço institucional responsável pela implementação da lei nº 10.639/03. Outra

iniciativa deste departamento foi a criação do Caderno Temático de Educação para

as relações étnico-raciais que subsidia o trabalho do professor em sala de aula.

No ano de 2009 O Núcleo de Educação das Relações Étnico-Raciais e

afrodescendência (NEREA) passam a orientar além da inclusão da temática de

História e Cultura Afrobrasileira, as ações voltadas ao atendimento educacional das

Comunidades Remanescentes de Quilombo do Paraná e ao enfrentamento as práticas

de discriminação étnico-racial no âmbito escolar. E dentre os eixos de trabalho do

NEREA estão: a pesquisa e produção de materiais pedagógicos.

Em 2006 a Secretaria da Educação por meio da Instrução nº 017/2006 aprova

a deliberação nº04/06 que institui normas complementares as Diretrizes Curriculares

para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino da história e da Cultura

Afro-Brasileira e Africana. Uma das atribuições estabelecida por esta deliberação é a

criação de uma equipe multidisciplinar. Essa equipe tem como finalidades envolver

direção, equipe pedagógica, professores e funcionários para orientar e auxiliar o

desenvolvimento das ações relativas a Educação para as Relações Étnico-Raciais e ao

Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, ao longo do período letivo.

Portanto este projeto de pesquisa vem de encontro com a proposta da Seed, bem

como orientações nacionais amparadas pela lei 10639/03.

7-Metodologia

Uma das grandes tarefas da educação atualmente é contribuir com a discussão

sobre a igualdade racial, reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade

dos descendentes de africanos. Tendo como marco legal a Lei 10.639/2003 e as

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Page 19: projeto cultura afro brasileira

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o

Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. A Lei 10.639/2003 determina a

obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nos

currículos escolares.

Diante disso, podemos afirmar que apenas a criação da lei que determina

que seja incluído no currículo escolar o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira

não é suficiente para garantir a sua implementação na prática. É preciso envolver a

comunidade escolar em debates, discussões, reflexões em relação a esta temática..

Excluídos historicamente grande parte da população afro-brasileira encontra-se

em condição de exclusão econômica, social e cultural. As estratégias das políticas

públicas voltadas a essa população devem priorizar a conservação e proteção do

extenso patrimônio cultural afro-brasileiro e quilombola. E a escola deve possibilitar a

todos aos alunos negros (as) e não negros o envolvimento com a historia e cultura

afro-brasileira.

O projeto de pesquisa Educação das Relações Étnico-Raciais e do Ensino da

História e da Cultura Afro-brasileira e Africana numa perspectiva virtual colaborativa

com tecnologias interativas promoverá o conhecimento da diversidade cultural da

população brasileira.

O fato de alunos negros(as) e não negros(as) estarem distantes

geograficamente, suas culturas tradições e costumes são conhecidos apenas em

suas localidades. Com a publicação de sua cultura e história em rede numa

perspectiva virtual colaborativa é possível divulgar, conhecer, publicar e escrever

colaborativamente a outras comunidades o cotidiano e a história das comunidades

dos alunos negros(as) e não-negros da educação de Jovens e Adultos. A seguir

apresentamos o Mapa Conceitual da História e Cultura Afro-brasileira e Africana

numa perspectiva virtual colaborativa com tecnologias interativas.

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Page 20: projeto cultura afro brasileira

.

Este projeto de pesquisa propõe investigar questões relacionadas a história e

cultura afro-brasileira e africana e envolver Jovens e Adultos negros(as) e não

negros (as) nesta discussão.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações

Étnico-Raciais e para o Ensino da História e da Cultura Afro-brasileira e Africana

“os sistemas de ensino e estabelecimentos de diferentes níveis converterão as demandas dos afro-brasileiros em política públicas de Estado ou institucionais, ao tomarem decisões e iniciativas com vistas a reparações, reconhecimento e valorização da história e cultura dos afro-brasileiros.”

Para possibilitar reflexões e ações referente a esta temática utilizaremos a

Internet e sua ferramentas como material de apoio ao processo de ensino e de

aprendizagem, das relações étnico-raciais e da história e da cultura afro-brasileira e

africana.

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Page 21: projeto cultura afro brasileira

Os sujeitos da pesquisa são Jovens e Adultos negros(as) e não negros da

rede pública estadual de ensino da modalidade de Educação para Jovens e Adultos do

município de Marechal Candido Rondon. Segundo Thiollent

não se trata de simples levantamento de dados ou de relatórios a serem arquivados. Com a pesquisa-ação os pesquisadores pretendem desempenhar um papel ativo na própria realidade dos fatos observados. (2003, p.17).

A seguir apresentamos os instrumentos utilizados para a realização do projeto de

pesquisa:

1º instrumento Análises e reflexões de estudos teóricos relacionados as

diretrizes curriculares Nacionais para a educação das

relações étnico-raciais e para o ensino de história e

cultura afro-brasileira e africana.

2º instrumento Produção de material relacionado a história e cultura

afro-brasileira e africana e demais grupos étnicos

raciais formadores da nação brasileira.

3º instrumento Utilização pedagógica da ferramenta Wiki e seus recursos, para publicação e escrita colaborativa de conteúdos relacionados a história e cultura de alunos negros(as) e não negros(as) da Educação de Jovens e Adultos.

Para possibilitar estas ações na escola será utilizado a ferramenta Wiki. Trata-

se de uma ferramenta de administração de atividades educacionais destinado à criação

de comunidades on-line, em ambientes virtuais voltados para a aprendizagem

colaborativa. Esse software tem uma proposta bastante diferenciada: “aprender em

colaboração” no ambiente on-line.

A ferramenta Wiki possui uma estrutura hipertextual, com a possibilidade de

incluir vários links. Além disso também possuem outras características tais como:

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Page 22: projeto cultura afro brasileira

possibilitam o acesso público e gratuito ao conteúdo da página e podem ser

atualizados diariamente.

permitem ao usuário escrever, formatar, corrigir e publicar textos incluir

slides, vídeos e fotos.

estimulam a criação e construção de páginas sobre temas pesquisados

pelos alunos.

possibilitam a divulgação de ideias e projetos desenvolvidos pelo

comunidade escolar.A seguir um exemplo da ferramenta Wiki

No geral todo o sistema funciona de forma fácil e dinâmica. Esse ambiente

virtual de aprendizagem colaborativa na internet possibilita ao professor conhecer o

processo de criação-comunicação-alimentação e realimentação do ambiente virtual.

Com isso destaca-se ainda a necessidade de se ouvir os Jovens e adultos

negros (as) e não negros (as) sobre suas falas, história, suas expectativas, a fim de

desencadear ações que levem ao fim de atitudes racistas, discriminatória e

preconceituosas na escola. E que a diversidade étnico-racial seja respeitada por alunos

negro(as) e não negros(a) da Educação de Jovens e Adultos e pela comunidade em

geral.

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Page 23: projeto cultura afro brasileira

Conviver com a diversidade é conhecer o outro, valorizar sua cultura e

aprender com ele. O que para alguns é “diferente” poderá ser considerado como

aprendizagem de novas culturas, jeitos, gostos, atitudes, conceitos. Não podemos

esquecer que o mundo é formado por diversidades. E esta diversidade esta ligada a

sustentabilidade do planeta Terra.

A construção da identidade negra no Brasil passa, dessa maneira, a ser não apenas um mecanismo de reivindicação de direitos e de justiça, mas também uma forma de afirmação de um patrimônio cultural específico. Muitas vezes, a presença dos negros e negras no Brasil fica associada à escravidão, ao samba, às religiões de origem africana e à capoeira, sem que seja reconhecido o devido valor de sua contribuição para a cultura brasileira (Curso de gênero e diversidade na escola, 2009)

As educadoras Gomes & Silva nos indicam que:

O trato da diversidade não pode ficar a critério da boa vontade ou da implantação de cada um. Ele uma competência político-pedagógica a ser adquirida pelos profissionais da educação nos seus processos formadores, influenciando de maneira positiva a relação desses sujeitos com os outros, tanto na escola quanto na vida cotidiana” ( 2002,p.29-30).

Neste sentido é fundamental que a escola elabore um plano de ação que

contemple discussões para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino da

história e cultura afro-brasileira, levando em consideração as realidades vividas pelos

alunos negros(as) e não negros(as) da Educação de Jovens e Adultos.

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9. Data: 06 de outubro de 2009

10-Assinatura.

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