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GRUPO SANTA CASA DE BELO HORIZONTE INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA - IEP Programa de Mestrado Profissional Educação em Diabetes Sônia Maria do Carmo Maulais AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE INTERVENÇÕES COM GRUPOS PSICOEDUCATIVOS NA SOBRECARGA DO CUIDADOR INFORMAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 Belo Horizonte 2014

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GRUPO SANTA CASA DE BELO HORIZONTE

INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA - IEP

Programa de Mestrado Profissional

Educação em Diabetes

Sônia Maria do Carmo Maulais

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE INTERVENÇÕES COM GRUPOS

PSICOEDUCATIVOS NA SOBRECARGA DO CUIDADOR INFORMAL DE

CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1

Belo Horizonte

2014

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SÔNIA MARIA DO CARMO MAULAIS

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE INTERVENÇÕES COM GRUPOS

PSICOEDUCATIVOS NA SOBRECARGA DO CUIDADOR INFORMAL DE

CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1

Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação

do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP do Grupo Santa

Casa de Belo Horizonte, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Educação em Diabetes.

Orientação: Profª Dra. Janice Sepúlveda Reis

Belo Horizonte

2014

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Maulais, Sônia Maria do Carmo M447a Avaliação do impacto de intervenções com grupos

psicoeducativos na sobrecarga do cuidador informal de crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1. / Sônia Maria do Carmo Maulais. – Belo Horizonte/MG, 2014.

83 f. enc. Orientadora: Profª Dra. Janice Sepúlveda Reis Dissertação (Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação em Diabetes).

1. Doenças, Saúde Pública. 2. Doenças Crônicas. 3. Diabetes Mellitus. I. Maulais, Sônia Maria do Carmo. II. Título. III. Grupo Santa Casa de Belo Horizonte. IV. IEP.

CDD: 614.43

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AGRADECIMENTOS

A Deus, a quem sempre recorro.

Aos meus filhos, de forma especial e diferenciada pela paciência e compreensão.

À minha orientadora, professora Dra. Janice Sepúlveda Reis por ter me apresentado

outras possibilidades teóricas, sempre alicerçadas no rigor científico, ampliando meu

conhecimento.

À equipe do Ambulatório de Diabetes Tipo 1 da Santa Casa de Belo Horizonte pela

colaboração e incentivo, especialmente a Beatriz Diniz Gabriel pela ajuda.

Aos Dr. Cristiano Albuquerque e Dr. Rafael Mantovani pela indicação de cuidadores

para a pesquisa.

Aos cuidadores participantes da pesquisa pela solicitude.

Ao Prof. Jacques Akerman, à Profª. Lícia Dias, e à Profª. Marilourdes Barbosa pela

partilha de saberes: todos participaram de alguma forma dessa etapa.

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“Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém

além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os

melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isso mesmo! Ser pai ou mãe é

o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor,

principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo

tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um

empréstimo!”

Atribuído a Jose Saramago [s.d.]

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RESUMO

O diabetes Mellitus Tipo 1 é uma doença crônica que exige cuidados permanentes e envolvimento dos cuidadores, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de intervenções com grupos psicoeducativos na sobrecarga do cuidador informal de crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1. 39 participantes (28 grupo Intervenção, 11 grupo Controle) foram avaliados quanto à sobrecarga nos cuidados através da Escala Burden Interview de Zarit. O grupo caso participou de quatro encontros quinzenais com temas, objetivos e dinâmicas para melhor elaboração e avaliação da experiência do cuidar, com duração de no máximo 90 minutos. Na avaliação inicial 96 % dos cuidadores do grupo Intervenção e 100 % do grupo Controle apresentavam algum grau de sobrecarga, sem diferença significativa entre os grupos. Após a intervenção houve redução significativa no grau de sobrecarga apenas no grupo Intervenção, com 50% dos cuidadores sendo classificados como sem sobrecarga (p<0.001), não associada com a idade, grau de instrução, estado civil, renda familiar, trabalho ou ajuda no cuidado. A participação em atividades dos grupos psicoeducativos mostrou-se eficaz na diminuição da sobrecarga dos cuidadores. Sendo assim, recomenda-se tal atividade em um programa de Educação em Diabetes. Trata-se de uma atividade com benefícios para o cuidador e, consequentemente para a pessoa cuidada no seu controle metabólico, ao conviver com o Diabetes Mellitus tipo 1. Palavras-chave: Diabetes Mellitus tipo 1, cuidadores, sobrecarga.

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ABSTRACT

Diabetes Mellitus 1 type is a chronic disease and requires permanent care envolving caregivers, mainly when children and teenagers are the subject of the treatment. This study aimed to evaluate the impact of psycho-educational interventions with groups of informal caregiver burden in children and adolescents with type 1 diabetes mellitus. 39 participants (28 intervention group, 11 control group) were evaluated for care by overloading the Zarit Burden Interview Scale. The intervention group participated in four fortnightly meetings with themes, goals and dynamics for better preparation and evaluation of the experience of care, with a maximum duration of 90 minutes. At initial evaluation 96% of caregivers in the intervention group and 100% of the control group had some degree of overload, no significant difference between groups. After the intervention there was a significant reduction in the degree of overload just in intervention group, 50% of caregivers were classified as not overload (p<0.001), not associated with age, education level, marital status, family income, job or care help. The results allowed that conclusion these caregivers felt overloaded physical and psychologically when doing this task and need support to deal with their feeling and worries. Being part on the activities of psychoeducational groups showed efficient on reducing the overload on the caregivers, so it is recommended this activity on a program of Diabetes Education. It is about activity with benefits for the caregivers and subsequently for the person with diabetes mellitus type 1 for a better balance on the metabolic control.

Keywords: Type 1 diabetes mellitus, caregivers, illness burden.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Organograma do processo de seleção e execução do estudo. ........ 28

Figura 2 - Domínios encontrados na escala Burden Interview de Zarit.. .......... 61

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características dos cuidadores. ...................................................... 29

Tabela 2 - Características dos cuidados. ......................................................... 30

Tabela 3 - Comparação do grau de sobrecarga na escala Burden Interview de Zarit

antes e após os grupos psicoeducativos. ......................................................... 31

Tabela 4 - Comparação da pontuação na escala Burden Interview de Zarit para os

grupos de estudo com relação ao período de coleta. ....................................... 31

Tabela 5 - Comparação da sobrecarga com as características dos cuidadores

(Intervenção e Controle). .................................................................................. 32

Tabela 6 - Domínios na escala Burden Interview de Zarit. ............................... 34

Tabela 7 - Pontuação na escala Burden Interview de Zarit, por domínios, antes a

após atividades, no grupo Intervenção. ............................................................ 35

Tabela 8 - Pontuação na escala Burden Interview de Zarit, por domínios, no grupo

Controle. ........................................................................................................... 36

Tabela 9 - Análise fatorial ................................................................................. 60

Tabela 10 - Matriz de Componentes Rotacionadas. ........................................ 62

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADA - Associação Americana de Diabetes

CEP - Comitê de Ética e Pesquisa

DCNT - Doenças crônicas não transmissíveis

DM1- Diabetes Mellitus tipo 1

IDF - International Diabetes Federation

IEP - Instituto de Ensino e Pesquisa

OMS - Organização Mundial de Saúde

SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes

SUS - Sistema Único de Saúde

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

WHO - World Health Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 14

2.1 Papel da família ....................................................................................... 14

2.2 Sobrecarga do cuidador ......................................................................... 14

2.3 Escala de avaliação de sobrecarga: Burden Interview de Zarit .......... 14

2.4 Educação em Diabetes ........................................................................... 14

2.5 Grupos psicoeducativos ........................................................................ 14

3 OBJETIVO GERAL .................................................................................. 20

4 METODOLOGIA ....................................................................................... 21

4.1 Critério de inclusão ................................................................................. 21

4.2 Critério de exclusão ................................................................................ 21

4.3 Execução do estudo ............................................................................... 21

4.4 Grupo Intervenção .................................................................................. 21

4.5 Grupo Controle ........................................................................................ 21

4.6 Análise estatística ................................................................................... 21

5 RESULTADOS ......................................................................................... 28

6 DISCUSSÃO ............................................................................................. 37

7 CONCLUSÃO ........................................................................................... 44

8 PERSPECTIVAS PARA O EDUCADOR EM DIABETES ......................... 45

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 46

ANEXOS .......................................................................................................... 50

ANEXO A: PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ................................. 50

ANEXO B: ESCALA BURDEN INTERVIEW de ZARIT .................................. 54

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APÊNDICES .................................................................................................... 56

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .... 56

APENDICE B: QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO................................... 58

APENDICE C: ANALISE FATORIAL .............................................................. 60

APÊNDICE D: ARTIGO CIENTÍFICO .............................................................. 63

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1 INTRODUÇÃO

Estudos recentes demonstram que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)

constituem o problema de saúde de maior magnitude no Brasil. Atingem fortemente

camadas pobres da população e grupos vulneráveis, correspondendo a 72% das

causas de mortes e de 75% dos gastos com atenção à saúde no Sistema Único de

Saúde – SUS 1 .

O Diabetes Mellitus Tipo 1 é uma doença crônica, caracterizada pela deficiência

absoluta de insulina e demanda cuidados no nível físico e psíquico. Provoca

mudanças nas atividades habituais: reposição de insulina em múltiplas aplicações

diárias e monitorização glicêmica, reeducação alimentar e prática regular de

atividade física, dentre outras. Requer um comprometimento do sujeito, da família e

dos cuidadores 2, 3.

Entende-se por cuidador aquele que cuida, pessoa adulta e capaz, cuja função é

cuidar do outro que é parcial ou totalmente dependente de auxilio em seu cotidiano.

Existe o cuidador formal e o informal. O cuidador informal provê cuidados e

assistência, sem remuneração 4. Seu apoio e suporte influem na adesão ao

tratamento e na resposta à conduta terapêutica, enfim seu papel ajuda a superar

dificuldades relacionadas a fatores emocionais e metabólicos 5.

O cuidar interfere alterando diversos aspectos na vida do cuidador, como a saúde

física, emocional e psicológica. Cabe ressaltar que nem sempre se pode escolher

ser cuidador, principalmente quando a pessoa cuidada é um familiar. É fundamental

termos a compreensão de se tratar de tarefa nobre, porém complexa, permeada por

sentimentos diversos e contraditórios 4 .

Algumas das características emocionais do cuidador são sentir-se despreparado

quanto a técnicas no manejo do tratamento e desamparado para vivenciar

sentimentos novos envolvidos no cuidar 6. Comumente os cuidadores se

apresentam desorientados, portadores de uma estranheza radical, angustiados,

vivem em estado de incerteza, tristeza, decaimento, dor, solidão, além do

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esquecimento de si 7. A tensão e o cansaço sentidos pelo cuidador são prejudiciais

não só a ele, mas também à família e à própria pessoa cuidada 4.

O cuidador pode enfrentar dificuldades em colaborar com o regime de tratamento e

controle do DM1. Tais dificuldades estão relacionadas a fatores como: mudança de

comportamentos em relação à dieta da família, prática de exercícios físicos, bom

relacionamento com os outros irmãos e com as equipes de saúde, preocupações

com o desenvolvimento cognitivo e emocional da pessoa cuidada. Essas situações

de dificuldades indicam que os cuidadores precisam de apoio e suporte para evitar a

culpa e a superproteção 8.

Portanto faz-se necessário, num grupo de iguais, incluindo um programa de

educação em diabetes, conhecer o cotidiano do cuidador e oferecer-lhe a

oportunidade e suporte para falar de suas preocupações, do lidar com seus

sentimentos em relação à sobrecarga no ato do cuidar 5, 8.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação

Americana de Diabetes (ADA), existem quatro principais classificações do diabetes:

o DM1, o Diabetes Tipo 2, outros tipos específicos e Diabetes Mellitus Gestacional

9.

No DM1 ocorre a destruição de células beta pancreáticas resultando na deficiência

absoluta da produção de insulina. Ele se destaca como uma doença crônica das

mais comuns na infância. Segundo a International Diabetes Federation (IDF), o DM1

cresce cerca de 3% ao ano em crianças na fase pré-escolar 10.

O tratamento do DM1 envolve medicação, monitorização glicêmica, planejamento

alimentar, programa de atividade física regular e educação em diabetes. O sujeito

precisa fazer uso de insulina e monitorar a glicemia desde o seu diagnóstico. Devido

à complexidade dos cuidados, a criança não consegue gerenciar seu próprio

tratamento, que deve ficar sob a responsabilidade do cuidador. Assim como também

o adolescente, cujo tratamento deve ser compartilhado com o cuidador para melhor

adaptação emocional e controle metabólico 9,11.

2.1 Papel da família

A família, como instituição, é um grupo social que contem regras de relação que o

mantém. Trata-se do primeiro espaço psicossocial e vem sofrendo diversas

mudanças estruturais, sociais e culturais nos últimos tempos 12. A Organização

Mundial de Saúde apresenta o conceito de família como não limitado a laços de

sangue, casamento, parceria sexual ou adoção 13. A família começou a ganhar

diversos desenhos e novas dinâmicas. Pode-se pensar a família como o grupo cujas

relações sejam baseadas na confiança, suporte mútuo e um destino comum 14. No

entanto, estudos vêm mostrando que a mãe continua sendo a cuidadora principal 15.

A família é também o primeiro grupo natural, sendo assim, protege a criança na sua

inclusão social, mas gradualmente podem surgir transformações limitantes. Existem

famílias que permanecem intactas enquanto acompanham o desenvolvimento de

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seus filhos, mas podem ter dificuldades em suportar e gerenciar obstáculos com a

presença de uma criança doente na família, especialmente a doença crônica 15 - 18.

Tendo em vista que o DM1 se instala de forma abrupta, causando uma ruptura no

cotidiano da família, é preciso falar disso e aprender a lidar com essa nova

realidade, evitando assim os efeitos negativos sobre a gestão do tratamento 5,15,19.

Soma-se a isso o fato de se tratar de doença crônica, caracterizada pela longa

duração e impossibilidade de cura 17.

O modo como a doença crônica vai alterar a estrutura da família depende de

crenças, valores e do contexto familiar 19. O sofrer nos ameaça de três maneiras

segundo Freud, sendo as relações com os outros seres humanos talvez a mais

complexa. Pode se configurar a mais dolorosa, devido às crenças, valores, enfim,

como lidamos com o outro 20.

Muitas vezes o cuidador, embora considere a criança ou adolescente como ser

humano, diversas vezes a trata como objeto, superprotegendo, decidindo tudo, sob

o pretexto de que ela não é capaz e só será um sujeito amanhã 21. As crianças e

adolescentes com DM1 precisam de acompanhamento do cuidador e essa tarefa é

árdua, vai muito além do prescrito pelos profissionais de saúde. É importante que o

cuidador cumpra o seu papel deixando um espaço livre, desobstruído para o sujeito

cuidado, uma vez que ele também tem suas escolhas e que o envolvimento é mais

positivo que só o controle 11, 15, 22.

Geralmente cuida-se da doença e não da pessoa doente. Muitas vezes é impossível

distinguir o papel da doença de uma criança ou adolescente na família e o que ela

vai representar para todo o grupo familiar, ou seja, não se sabe onde começa a

doença do (a) filho (a) e onde acaba a preocupação excessiva, a neurose dos pais

21. A criança/adolescente percebe o pensamento e as atitudes do adulto e pode

usar isso a seu favor, ou se angustiar 21, 22. A doença crônica impõe à família

mudanças em sua estrutura e funcionamento e é comum observar cuidadores

esgotados pela tarefa do enfrentamento da doença 5,19.

É preciso que as famílias sejam ajudadas a compreender o ocorrido e aprendam a

lidar com as várias mudanças, desenvolvendo assim, formas saudáveis

emocionalmente para lidar, conviver com a doença e seus efeitos 15,17.

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O cuidador principal de uma criança com uma doença crônica sabe que é uma

condição permanente, incurável e exige conhecimento para minimizar as limitações

que surgem 8, 17. O cuidador ajuda mais quando procura informações adequadas

sobre a doença, tem conhecimento do prognóstico e se implica no cuidado para o

controle. Dessa forma contribui para que a vida da pessoa com doença crônica seja

o mais próximo da vida normal possível, salientando sempre os pontos fortes da

criança ou adolescente, evitando salientar a doença 21. A família e o cuidador

principal são considerados por isso, um suporte para a criança ou adolescente e

dessa forma são a fonte mais importante e mais antiga de apoio na gestão do

tratamento eficaz da doença crônica, merecendo sempre atenção 5,19.

A doença crônica traz sofrimentos para os cuidadores, afetando a qualidade de vida,

influenciando direta ou indiretamente no tratamento e, por vezes, isso é

negligenciado 23.

É fundamental que a família encontre na equipe de saúde que a assiste a

possibilidade de um acolhimento. Isto contribui para a saúde mental dos cuidadores,

e é uma forma de tentar recuperar o equilíbrio da família. Desenvolve-se assim um

trabalho conjunto, com maior integração e aceitação da pessoa cuidada no seu

processo de adoecimento 24, 25.

Um programa de educação é algo importante a ser desenvolvido em apoio ao

cuidador que deverá ser orientado a estabelecer limites visando o controle

metabólico da criança ou adolescente e uma melhor qualidade de vida 15.

2.2 Sobrecarga do cuidador

A preocupação do cuidador está relacionada à sua responsabilidade em gerenciar o

tratamento (enfrentamento) para uma melhor qualidade de vida, seguido do

conhecimento sobre a cronicidade ou severidade da doença 26. Os cuidadores

necessitam de apoio psicológico e devem ser alvo de intervenções imediatas e

futuras 27.

A sobrecarga pode ser dividida em objetiva e subjetiva. A sobrecarga objetiva está

relacionada aos cuidados, ao concreto e observável da doença crônica como gastos

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financeiros, mudanças na rotina diária, controle de medicamentos e alimentação,

vida social e profissional do cuidador. A sobrecarga subjetiva está relacionada a

sentimentos pessoais sobre ter que realizar essa tarefa, à percepção, a avaliação

pessoal do cuidador e suas reações emocionais que influenciam por sua vez, a

condução do tratamento da criança ou adolescente sob seus cuidados 28.

Pensar na saúde dos indivíduos significa pensar nas condições objetivas e

subjetivas da vida de modo indissociado 12.

O impacto de conviver com uma doença crônica pode desencadear diferentes

respostas emocionais que influenciarão no desenvolvimento das estratégias de

enfrentamento. Portanto, o comportamento do cuidador é algo de grande relevância,

precisa ser considerado, porque influi diretamente na gestão do tratamento da

pessoa cuidada 28.

2.3 Escala de avaliação de sobrecarga: Burden Interview de Zarit

Dentre os instrumentos utilizados para avaliar a sobrecarga do cuidador encontra-se

a Escala Burden Interview de Zarit, validada no Brasil com a aplicação em

cuidadores de pacientes com demência 29.

No estudo da sobrecarga dos cuidadores, um instrumento deve avaliar impactos

sobre: lazer e vida social, saúde física e mental, situação financeira, relações

interpessoais, a ajuda com as atividades de rotina, a preocupação, vergonha, culpa

e responsabilidade global do cuidador frente ao sujeito cuidado 28,29.

A escala Burden Interview de Zarit tem sido usada para pontuar a sobrecarga de

cuidadores de idosos com e sem demência, idosos e adultos com outras doenças

físicas e mentais e/ou doenças crônicas 29 – 32.

Constitui-se de 22 itens pontuados de 0 a 4 e o último item da escala indica o quanto

o cuidador está se sentindo sobrecarregado. A soma dos pontos pode variar de 0 a

88. Até 21 pontos o participante é classificado como sem sobrecarga, até 40 pontos

é classificado como portador de sobrecarga moderada, de 41 a 60 pontos é

classificado como portador de sobrecarga moderada a severa e pontuação maior

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que 61, o participante é classificado como portador de sobecarga severa. Quanto

maior a pontuação total, maior é a carga do ponto de vista do entrevistado 29,31.

2.4 Educação em Diabetes

Trata-se do acesso ao conhecimento, promoção de habilidades e treinamento para

mudanças positivas de comportamento envolvendo não só a pessoa com DM1 como

também seu cuidador 9. A educação em Diabetes é um direito do sujeito para

gerenciar melhor o seu próprio tratamento. Ela é importante não só para a pessoa

com DM1 e seu cuidador, mas também para o profissional de saúde no

desenvolvimento de suas habilidades didático-pedagógicas ao se empenhar no

ensino e aprendizado 33, 34.

A psicologia, numa atuação interdisciplinar, tem muito a contribuir nessa atividade

educativa, com seu instrumental, técnicas, métodos de estudo e ética, levando em

conta a complexidade do ser humano 12.

2.5 Grupos psicoeducativos

A vida está repleta de grupos: família, amigos, trabalho, escola, dentre outros 35.

Cada um tem uma história própria, uma singularidade e também um pertencimento

social, que o faz similar aos outros grupos. Ele não é só o conjunto de indivíduos,

mas um conjunto de relações, com uma dinâmica própria 12, 14.

Kurt Lewin, criador da teoria dos pequenos grupos, define-os como um campo de

forças, um espaço vital, um conjunto de relações em constante movimento 12,36.

Na área da saúde existem vários tipos de grupos que diferem segundo seu objetivo.

A ênfase do grupo focal é na pesquisa. A ênfase do grupo psicoeducativo e

socioeducativo se dá na dimensão educativa. O grupo de terapia tem seu foco

principal nos aspectos psíquicos e relacionais do sujeito 36.

Para os cuidadores, o grupo psicoeducativo é um espaço de inter-relacionamento

com seus iguais, reflexão individual e coletiva além de fonte de informações, troca

de experiências e revigoramento para as atividades do dia-a-dia 19,36.

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Com o passar dos encontros, essa atividade estreita os laços afetivos, acolhe e

apoia os participantes no seu processo de busca e transformação, sempre pautado

no principio da autonomia 37. É um lugar privilegiado onde o sujeito pode se

expressar sobre como o ato de cuidar é vivido subjetivamente 19.

O grupo psicoeducativo tem um foco de trabalho e um tema previamente estipulado.

Compõe-se de no máximo 20 participantes. O aspecto educativo é fundamental. As

novas informações, a possibilidade de tirar dúvidas, a reflexão, enfim, o aprendizado

e o acolhimento dos participantes contribuem com soluções criativas que podem

aliviar a sobrecarga do cuidador 19, 36.

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3 OBJETIVO GERAL

Avaliar o impacto de intervenções com grupos psicoeducativos na sobrecarga do

cuidador informal de crianças e adolescentes com DM1.

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4 METODOLOGIA

Trata-se de um ensaio clinico prospectivo, com a participação de cuidadores

informais de crianças e adolescentes com DM1 do setor privado e dos atendidos no

Ambulatório de DM1 da Santa Casa de Belo Horizonte.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Instituto de

Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte (IEP) (CAAE:

06791612.0.0000.5138 - ANEXO A). Todos os participantes foram orientados sobre

o projeto e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A).

A coleta dos dados ocorreu de Outubro de 2012 a setembro de 2013.

4.1 Critério de inclusão

Foram incluídas pessoas com idade superior a 18 anos que se declararam

cuidadoras de crianças ou adolescentes com o diagnóstico de DM1 há pelo menos

06 meses. Foram incluídas no grupo controle as pessoas que gostariam de

participar, mas por questões pessoais (trabalho, moradia em outra cidade)

declararam não poder comparecer em grupos quinzenais.

4.2 Critério de exclusão

Cuidadores que não residiam no mesmo domicílio da criança ou adolescente com

DM1 e outros que assim se denominavam, mas só cooperavam no tratamento

esporadicamente.

Durante o estudo foram excluídos os cuidadores que faltaram a, pelo menos, um dos

encontros.

4.3 Execução do estudo

Os cuidadores que atenderam aos critérios de inclusão foram convidados a

participar da pesquisa. Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (APÊNDICE A), foram submetidos à entrevista (APÊNDICE B) e

aplicação da Escala Burden Interview de Zarit .(ANEXO B).

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Foram convidados consecutivamente, em ordem de atendimento, todos os

cuidadores de crianças e adolescentes no Ambulatório de DM1 da Santa Casa, os

do consultório da pesquisadora e de 2 endocrinologistas pediátricos que se

dispuseram a colaborar. No total, 50 cuidadores aceitaram participar da pesquisa.

Optou-se pela definição do grupo Controle quando dos 50 cuidadores convidados,

ao serem informados da programação, 11 declararam não ter disponibilidade para

participar quinzenalmente das atividades. Alegaram morar em outra cidade e ou

trabalharem em horários incompatíveis. Devido a isso, se dispuseram a compor o

grupo controle.

A intervenção foi composta de quatro encontros quinzenais programados, com a

duração de aproximadamente 90 minutos, incluindo técnicas lúdicas, recursos

audiovisuais e um encontro para reaplicação da escala Burden Interview de Zarit

após 30 dias do ultimo encontro da intervenção 36, 38. O critério de reavaliar após 30

dias se baseou em obedecer a um intervalo onde as informações estivessem

recentes, mas possivelmente consolidadas.

Os temas discutidos em cada encontro foram:

4.4 Grupo Intervenção

Primeiro encontro: Sentimentos do cuidador em relação à criança ou adolescente

com DM1, sob seus cuidados.

Objetivos:

Reflexão sobre os sentimentos negativos e positivos da família e do cuidador

em relação à pessoa cuidada.

Como agir em relação a essa postura e ponderar se existem culpados.

Desenvolvimento:

Inicialmente realizou-se o acolhimento dos participantes, apresentação do

tema a ser trabalhado e da atividade, escrito em flip-chart, com duração de 10

minutos.

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Em seguida todos participaram da atividade “Reflexão em Dupla” 36.

Receberam aleatoriamente uma palavra que exprime um sentimento

(irritação, tensão, vergonha, cansaço, satisfação, coragem, aceitação, ânimo,

desânimo e empatia). Andaram pela sala procurando a pessoa que recebeu a

mesma palavra e juntos discutiram a respeito, tendo como base o tema do

encontro. Em 10 minutos.

Após, todos se assentaram em círculo e as duplas foram convidadas a se

expressarem acerca da palavra recebida, num tempo máximo de 06 minutos para

cada dupla (60 minutos).

O grupo foi encerrado com frases-chave e expressões dos participantes durante

seus comentários. Foi entregue o convite com data e horário para o encontro

seguinte, juntamente com as seguintes frases para reflexão até o próximo encontro:

“Que sentimentos eu tive para com meu filho hoje? Como agi em relação à postura

do meu filho? Meu filho não tem culpa de estar doente”. Tempo de duração: 10

minutos.

Segundo Encontro: Preocupações quanto ao futuro da criança ou adolescente com

DM1.

Objetivos:

Reflexão sobre o medo das complicações e a maior necessidade de

conhecimento e investimento em prevenção.

Reflexão sobre a vida escolar e passeios da pessoa com DM1 sem a

presença do cuidador.

Reflexão sobre a necessidade de acreditar na capacidade da criança ou

adolescente com DM1 de se cuidar sem a presença dos pais.

Desenvolvimento:

Apresentação e exposição, em flip-chart, do tema a ser trabalhado e da

atividade, após efetuar o acolhimento dos participantes, em 10 minutos.

Em seguida, a atividade denominada “Estrela” 36. Desenhou-se uma estrela

de cinco pontas, que foi visualizada por todos os participantes, com os

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seguintes dizeres: no centro o tema principal “Preocupações quanto ao futuro

da criança ou adolescente com DM1”. Em cada ponta da estrela: “o que se

observa”, “o que se pensa”, “o que se sente”, “como gostaria que fosse” e “o

que se faz em relação à questão central”. Os participantes, em subgrupos,

discutiram cada frase. Em 10 minutos.

A cada subgrupo foi disponibilizado o máximo de 12 minutos, para

apresentação das conclusões, certezas e incertezas, num total de no máximo

60 minutos.

Após, aconteceu o fechamento com algumas frases dos participantes

registradas pela coordenadora. Em seguida foi entregue o convite com data e

horário para o encontro seguinte. Em 10 minutos.

Terceiro Encontro: O cuidado de si.

Objetivos:

Reflexão sobre a reorganização do cotidiano do cuidador para atender às

suas necessidades e às da criança ou adolescente sob seus cuidados.

Reflexão sobre como estimular a criança ou adolescente e outros familiares

para auxiliar nas atividades diárias de cuidado.

Reflexão acerca da responsabilidade sobre a própria saúde e a busca de

apoio.

Desenvolvimento:

Os participantes foram acolhidos, foi apresentado o tema a ser trabalhado

juntamente com a atividade, escrevendo-os em flip-chart, em 10 minutos.

Atividade “Relógio do Cotidiano” 36. Cada participante recebeu um desenho

com o seu relógio, para representar nele as divisões do tempo vividas em seu

dia a dia: “o que faz”, “a que horas”, “com quem”, “que tempo dedica para si”,

“para o trabalho”, “para a família”, “para o lazer‟, „para o cuidado do sujeito

com DM1”. Duração: 10 minutos.

Após esse tempo, pediu-se que visualizassem o seu relógio e comentassem o que

observaram, instigando-os a questionamentos acerca da mudança, manejo, para

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criar oportunidades de melhor cuidar de si e em que momentos. Concedeu-se 03

minutos a cada participante, num tempo total máximo de 60 minutos.

Ao final, ofertou-se a cada um, uma proposta de plano de ação para criar metas

pessoais a curto e médio prazo em relação ao cuidar de si. Foi uma sugestão para

que refletissem sobre o assunto nos dias seguintes. Leu-se a poesia “Sonhe”,

atribuída a Fernando Pessoa 39. Em seguida, houve a entrega do convite com a data

do encontro seguinte, num tempo máximo de 10 minutos.

Quarto Encontro: Relacionamento com a família e no trabalho.

Objetivos:

Reflexão sobre a importância do apoio sócio familiar para o cuidador.

Identificação de ações compartilhadas e a divisão de tarefas para evitar a

sobrecarga.

Adequação de horário e tipo de trabalho profissional.

Desenvolvimento:

Acolhimento dos participantes, apresentação através do flip-chart do tema

e da atividade a ser trabalhada, em 10 minutos.

Em seguida realizou-se a atividade “Foto-imagens” 36. Cada participante

escolheu e analisou uma ou mais gravuras relacionadas ao tema e que

estavam à disposição no centro da sala. Em 05 minutos.

Após análise, os participantes em círculo comentaram sobre os sentimentos

despertados pela escolha da gravura e sobre ações necessárias para mudanças

relacionadas ao tema gerador proposto. Cada participante teve 03 minutos para

se expressar, num tempo total máximo de 60 minutos.

Encerrou-se a atividade com a entrega do convite para um novo encontro após

trinta dias para uma reavaliação e pediu-se a cada um que escrevesse sobre sua

participação no grupo e trouxessem no encontro da reavaliação. Em 15 minutos.

Reavaliação:

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Trinta dias após o encerramento dos grupos psicoeducativos, ocorreu a reavaliação

utilizando-se a escala Burden Interview de Zarit.

Inicialmente realizou-se o acolhimento dos participantes sendo entregue a

cada um a escala Burden Interview de Zarit.

Fez-se a aplicação da Escala e em seguida o agradecimento a todos.

Sugeriu-se que continuassem a se apoiar mutuamente e que efetuassem

também a troca de e-mails e telefones, se assim o desejassem.

4.5 Grupo Controle

Todos os cuidadores do grupo Controle seguiram duas etapas:

1ª Etapa

Recepção dos cuidadores convidados, apresentação do objetivo, da importância do

projeto e da liberdade de aceitarem ou não o convite. Concomitantemente, foi

assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida, foi realizada a

entrevista, a aplicação da Escala Burden Interview de Zarit e o agendamento da data

e horário do próximo encontro após noventa dias.

Esses cuidadores fizeram parte do grupo Controle, uma vez que possuíam

impedimentos pessoais para comparecerem quinzenalmente na realização das

atividades do grupo.

2ª Etapa

No segundo encontro, após noventa dias, responderam novamente às questões da

Escala Burden Interview de Zarit. Em seguida receberam os agradecimentos pela

participação, incentivos a continuarem na sua tarefa de cuidado, à troca de e-mails e

telefones, se assim o desejassem, numa tentativa de apoio mútuo.

4.6 Análise estatística Foi realizada uma análise descritiva dos dados, sendo que para as variáveis

categóricas, foram calculadas as proporções e para as contínuas, a média, mediana

e o desvio-padrão. Os testes usados foram: Mann-Whitney e Wilcoxon. Para analisar

associação entre variáveis foi utilizado o teste de Qui-Quadrado. A análise da

consistência interna da escala realizou-se através do alfa de Cronbach. Para

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verificar a possível existência de domínios internos na escala Burden Interview de

ZARIT foi realizada análise Fatorial. As análises foram realizadas no software IBM

SPSS Statistics version 19. Considerou-se um nível de significância de 5%.

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28

5 RESULTADOS

Concluíram o estudo 39 cuidadores, sendo 28 do grupo Intervenção e 11 do grupo

Controle (FIG.1).

FIGURA 1 - Organograma do processo de seleção e execução do estudo.

Fonte: Dados da Pesquisa

Observou-se que a maioria dos cuidadores foi do sexo feminino (mães), que

possuíam segundo grau completo, vivendo com parceiros, recebendo ajuda para os

cuidados e exercendo atividade remunerada (TAB. 1 e 2). Todos os participantes do

grupo Controle foram cuidadores de pessoas atendidas no Ambulatório de DM1 da

Santa Casa.

50 cuidadores convidados a participar

Grupo Controle

11 participantes

Grupo Intervenção

28 concluíram a atividade

Cuidadores convidados: no Ambulatório DM1 da

Santa Casa: 08

No setor Privado: 20

Cuidadores do Ambulatório de DM1:

01 grupo com 8 participantes

Cuidadores Setor Privado:

03 grupos com 5,9,6 participantes.

Grupo Intervenção

11 foram excluídos por faltarem a encontros

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Tabela 1- Características dos cuidadores.

Variáveis Intervenção

n= 28 Controles

n= 11

p

Idade (anos) 41.86 ± 7.23 35.45 ± 6.73 0.011

Sexo

Feminino 26 (92.9) 11 (100) 0.999

Masculino 2 (7.1) 0 (0)

Escolaridade

1º grau 9 (32.1) 4 (36.4)

0.122 2º grau 11 (39.3) 7 (63. 6)

3º grau 8 (28.6) 0 (0)

Estado Civil

Sem companheiro (a) 8 (28.6) 4 (36.4) 0.709

Com companheiro (a) 20 (71.4) 7 (63.6)

Trabalha fora da residência

Não 9 (32.1) 1 (9.1) 0.228

Sim 19 (67.9) 10 (90.9)

Tipo de atividade exercida

Do lar 8 (28.6) 1 (9.1) 0.399

Outro 20 (71.4) 10 (90.9) Renda Familiar (salários mínimos) 6.23 ± 5.14 2.09 ± 0.97

0.015

Horas de sono 6.70 ± 1.08 7.54 ± 0.93 0.045

Pessoas no domicílio

2 a 3 10 (35.7) 5 (45.5)

0.827

4 a 5 13 (46.4) 4 (36.4)

6 a 7 5 (17.9) 2 (18.1)

Doenças do cuidador

Não 18 (64.3) 6 ( 54.5)

0.718 Sim 10 (35.7) 5 (45.5)

Doenças agravaram-se após cuidados

Não 5 (50.0) 1 (20.0)

0.126 Sim 5 (50.0) 4 ( 80.0)

Prática de atividade física

Não 15 (53.6) 8 (72.7)

0.471 Sim 13 (46.4) 3 (27.3)

Vida social

Não 4 (14.3) 2 (18.1)

0.999 Sim 24 ( 85.7) 9 (81.9)

Dados expressos em média ± DP ou n (%). Teste de Mann Whitney significativo a 5%

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Tabela 2 - Características dos cuidados

Variáveis Intervenção

n= 28

Controles

n= 11

p

Idade da criança ou adolescente (anos) 11.52 ± 3.60 12.72 ± 3.69 0.233

Parentesco

Pai 2 (7.1) 0 (0.0 )

0.528

Mãe 25 (89.3) 11 (100.0)

Avós 1 (3.6) 0 (0.0)

Tempo de cuidado (anos) 4.18 ± 3.21 4.97 ± 3.47 0.569

Recebe ajuda para o cuidado

Não 3 (10.7) 3 (27.3)

0.323 Sim 25 (89.3) 8 (72.7)

Internações frequentes da criança/adolescente

Não 27 (96.4) 10 (90.9)

0.490 Sim 1 (3.6) 1 (9.1)

Dados expressos em média ± DP ou n (%). Teste de Mann Whitney significativo a 5%

Na avaliação inicial 96 % dos cuidadores do grupo Intervenção e 100 % do grupo

Controle apresentavam algum grau de sobrecarga, sem diferença significativa entre

os grupos (TAB. 3).

Após a intervenção houve redução significativa no grau de sobrecarga do grupo

Intervenção, com 50% dos cuidadores sendo classificados como sem sobrecarga,

não ocorrendo mudança nas categorias no grupo Controle (TAB. 3). A pontuação na

escala Burden Interview de Zarit, para os grupos Intervenção e Controle, antes e

após a intervenção, é apresentada na TAB. 4 onde se percebe que não existiu

diferença significativa entre os grupos antes da intervenção (p=0.453).

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Tabela 3 - Comparação do grau de sobrecarga na escala Burden Interview de

Zarit antes e após os grupos psicoeducativos.

Intervenção

n= 28 Controles

n= 11

Grau de sobrecarga*

Antes n (%)

Depois n (%)

p Antes n (%)

Depois n (%)

p

Ausência de sobrecarga (<21) 1 (3.6) 14 (50)

< 0.001

0 (0) 0 (0)

0.301 Sobrecarga moderada (21 a 40) 13 (46.4) 12 (42.9) 5 (45.4) 5 (45.4)

Sobrecarga moderada/severa (41 a 60) 11 (39.3) 2 (7.1) 6 (54.6) 4 (36.4)

Sobrecarga severa (>61) 3 (10.7) 0 (0) 0 (0) 2 (18.2)

Teste de QuiQuadrado significativo a 5%.

Tabela 4 - Comparação da pontuação na escala Burden Interview de Zarit para

os grupos de estudo com relação ao período de coleta.

Dados expressos em mediana. Teste de Wilcoxon significativo a 5%. (* p=0.453 entre os grupos antes da intervenção; # p<0.001 entre os grupos depois da intervenção – Teste de Mann Whitney significativo a 5%).

Idade, grau de escolaridade, estado civil, renda familiar, trabalho e ajuda nos

cuidados não foram associados com o grau de sobrecarga dos cuidadores (tabela

5).

Grupo Antes Depois p

Intervenção

39.5*

(14 – 67)

21.5 #

(14-45) < 0.001*

Controle

44

(28-56)

48

(31-66) 0.126

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Tabela 5 - Comparação da sobrecarga com as características dos cuidadores (Intervenção e Controle).

Variáveis *

Sobrecarga: Burden Interview de ZARIT

p

Ausência de

sobrecarga

(<21)

n = 1

Sobrecarga

moderada

(21 a 40)

n = 18

Sobrecarga

moderada/severa

(41 a 60)

n = 17

Sobrecarga

severa

(>61)

n = 3

Idade 52

42

(35.0-48.3)

38

(34.5-42.0)

36

(33.0-36.5) 0.274

Escolaridade

1º grau 0 (0.0) 4 (22.2) 8 (47.1) 1 (33.3) 0.326

2º grau 0 (0.0) 10 (55.6) 7 (41.2) 1 (33.3)

3º grau 1 (100.0) 4 (22.2) 2 (11.7) 1 (33.3)

Estado Civil

Sem

Companheiro (a) 0 (0.0) 5 (27.8) 5 (29.4) 2 (66.7) 0.503

Com

companheiro (a) 1 (100.0) 13 (72.2) 12 (70.6) 1 (33.3)

Trabalha fora da

residência

Sim 1 (100.0) 15 (83.3) 11 (64.7) 2 (66.7) 0.566

Não 0 (0.0) 3 (16.7) 6 (35.3) 1 (33.3)

Renda familiar

(salários

mínimos) 10 4 (2-10) 2 (1.3-3.5) 3 (1-9) 0.284

Recebe ajuda

para o cuidado

Sim 1 (100.0) 17 (94.4) 12 (70.6) 3 (100.0) 0.201

Não 0 (0.0) 1 (5.6) 5 (29.4) 0 (0.0)

Dados expressos em mediana ou em n (%).Testes de Qui-Quadrado e Kruskal-Wallis.

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A análise da consistência interna da escala Burden Interview de Zarit foi realizada

em dois momentos distintos. Antes da intervenção, a escala Burden Interview de

Zarit apresentou boa confiabilidade, com alfa de Cronbach α=0,85 e após a

intervenção α=0,91.

No intuito de verificar se as variáveis que constituem a escala Burden Interview de

Zarit podem representar domínios de estudo, foi realizada uma análise fatorial,

observando-se que 6 fatores juntos explicam 71.92% da variância total. O mesmo é

indicado através do gráfico de Scree Plot (FIG. 2) onde se pode visualizar 6

autovalores acima de 1, indicativo do número de fatores (APENDICE C). Verificando

as cargas fatoriais apresentadas no APÊNDICE C, identificamos os possíveis seis

domínios que constituem a escala Burden Interview de Zarit nomeados e

apresentados na TAB. 6.

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Tabela 6 - Domínios na escala Burden Interview de Zarit.

Domínios

Perguntas

Perspectivas Futuras (Domínio 1)

7. O Sr/Sra sente receio pelo futuro de S*?

16. O Sr/Sra sente que será incapaz de cuidar de S* por muito mais tempo?

19. O Sr/Sra se sente em dúvida sobre o que fazer por S*?

20. O Sr/Sra sente que deveria estar fazendo mais por S*?

21. O Sr/Sra sente que poderia cuidar melhor de S*?

Impactos do Cuidar (Domínio 2)

4. O Sr/Sra se sente envergonhado (a) com o comportamento de S*?

5. O Sr/Sra se sente irritado (a) quando S* está por perto?

10. O Sr/Sra sente que a sua saúde foi afetada por causa do seu envolvimento com S*?

Afeto nas Relações (Domínio 3)

2. O Sr/Sra sente que por causa do tempo que o Sr/Sra gasta com S*, o Sr/Sra não tem tempo suficiente para si mesmo (a)?

6. O Sr/Sra sente que S* afeta negativamente seus relacionamentos com outros membros da família ou amigos?

9. O Sr/Sra se sente tenso (a) quando S* está por perto?

11. O Sr/Sra sente que o Sr/Sra não tem tanta privacidade como gostaria, por causa de S*?

12. O Sr/Sra sente que a sua vida social tem sido prejudicada porque o Sr/Sra está cuidando de S*?

17. O Sr/Sra sente que perdeu o controle de sua vida desde a doença de S*?

18. O Sr/Sra gostaria de simplesmente deixar que outra pessoa cuidasse de S*?

Autonomia (Domínio 4)

3. O Sr/Sra se sente estressado (a) entre cuidar de S* e suas outras responsabilidades com a família e o trabalho?

8. O Sr/Sra sente que S* depende do Sr/Sra?

15.O Sr/Sra sente que não tem dinheiro suficiente para cuidar de S*, somando-se as suas outras despesas?

22. De uma maneira geral, quanto o Sr/Sra se sente sobrecarregado (a) por cuidar de S*?

Percepção da Dependência (Domínio 5)

1. O Sr/Sra sente que S* pede mais ajuda do que ele (ela) necessita?

14. O Sr/Sra sente que S* espera que o Sr/Sra cuide dele/dela, como se o Sr/Sra fosse a única pessoa de quem ele/ela pode depender?

Convívio Social (Domínio 6)

13. O Sr/Sra não se sente à vontade de ter visitas em casa, por causa de S*?

S*: Nome da criança ou adolescente cuidado.

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A intervenção causou uma redução significativa na pontuação relacionada aos

domínios de 1 a 5, para o grupo Intervenção (TAB. 7).

Tabela 7: Pontuação na escala Burden Interview de Zarit, por domínios, antes a após atividades, no grupo Intervenção.

Domínios Tempo Pontuação p

Domínio 1 Antes 12.5 (5-19)

0.001 Depois 8 (2-17)

Domínio 2 Antes 3 (0-11)

0.002 Depois 1 (0-9)

Domínio 3 Antes 8 (0-22)

0.002 Depois 3.5 (0-13)

Domínio 4 Antes 10 (3-16)

< 0.001 Depois 7 (2-13)

Domínio 5 Antes 4 (0-08)

0.001 Depois 3 (0-5)

Domínio 6 Antes 0 (0-2)

0.507 Depois 0 (0-4)

Valores expressos em mediana (mínimo-máximo). Teste Wilcoxon significativo a 5%. Domínio 1: Perspectivas Futuras; Domínio 2: Impactos do Cuidar; Domínio 3: Afeto nas Relações; Domínio 4:

Autonomia; Domínio 5: Percepção da Dependência; Domínio 6: Convívio Social.

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Em relação ao grupo Controle, a pontuação no domínio 2 apresentou aumento

significativo na reavaliação (TAB. 8).

Tabela 8: Pontuação na escala Burden Interview de Zarit, por domínios, no grupo Controle.

Domínios Momento Pontuação p

Domínio 1 Antes 15 (7-18)

0.878 Depois 16 (8-19)

Domínio 2 Antes 3 (0-6)

0.012 Depois 5 (2-12)

Domínio 3 Antes 8 (0-17)

0.304 Depois 13 (1-20)

Domínio 4 Antes 11 (7-16)

0.964 Depois 11 (7-16)

Domínio 5 Antes 4 (2-8)

0.107 Depois 5 (3-8)

Domínio 6 Antes 0 (0-2)

0.340 Depois 1 (0-3)

Valores expressos em mediana (mínimo-máximo). Teste Wilcoxon significativo a 5%. Domínio 1: Perspectivas Futuras; Domínio 2: Impactos do Cuidar; Domínio 3: Afeto nas Relações; Domínio 4: Autonomia; Domínio 5: Percepção da Dependência; Domínio 6: Convívio Social.

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37

6 DISCUSSÃO

Este estudo demonstrou que intervenções com grupos psicoeducativos são capazes

de diminuir a sobrecarga percebida pelos cuidadores de crianças e adolescentes

com DM1.

Os cuidadores, na sua trajetória impar de cuidado, tem assumido a grande

responsabilidade do enfrentamento da doença crônica como uma nova atribuição,

além de continuarem desempenhando as mesmas funções diárias comuns a todas

as outras famílias.

Na avaliação inicial, 96 % dos cuidadores do grupo Intervenção e 100 % do grupo

Controle apresentavam algum grau de sobrecarga, sem diferença significativa entre

os grupos e que não foi associada com idade, grau de escolaridade, estado civil,

renda familiar, trabalho e ajuda nos cuidados.

O conviver com uma doença crônica é desafiador. As necessidades específicas dos

sujeitos com DM1 e seu impacto sobre a vida familiar envolvem o esforço para

desenvolver uma nova rotina com atenção constante sobre o comportamento diário.

O que se percebe nesses resultados é que a doença crônica em si já traz um

desequilíbrio que resulta na sensação de sobrecarga, independente do contexto

sócio econômico e cultural da família e do cuidador.

Observa-se que dentre a maioria dos cuidadores a mãe assumiu a atividade do

cuidar, em concordância com a literatura, que mostra a maioria dos cuidadores de

pacientes com doenças crônicas como mulheres 15, 24, 32, 40.

Isso pode resultar em uma maior sobrecarga para as mulheres uma vez que

trabalham fora de casa, além do cuidado da pessoa com DM1 e da responsabilidade

pelas tarefas domésticas, o que já é cultural, devido às intensas transformações no

papel feminino 12, 14.

Relacionado ao cuidado, quando se compara pai e mãe da criança ou adolescente

com DM1, observa-se que eles percebem a sobrecarga de maneira diferente. Num

estudo com 103 mães e 97 pais, Haugstvedt e cols. observaram uma maior

sobrecarga e um maior sofrimento emocional das mães, principalmente em relação

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ao cuidado diário para o controle glicêmico. Conforme os autores, isto se explica

inclusive porque a mãe geralmente ocupa o papel de principal cuidadora, cabendo

ao pai um papel auxiliar, o que corresponde aos achados neste estudo. Salientam

também a importância da divisão de tarefas, pois o envolvimento do pai pode ser

importante para a redução da sobrecarga da mãe, melhoria do bem estar da criança,

enfim de todo o funcionamento familiar 41.

Tais achados confirmam as observações encontradas neste estudo, pois embora a

sobrecarga não tenha se associado com a ajuda nos cuidados, observou-se durante

os grupos psicoeducativos que a tarefa de cuidar habitualmente não é realmente

dividida por igual, sendo o vivenciar desta situação salientado e trabalhado com o

grupo Intervenção, principalmente no quarto encontro.

A sobrecarga dos cuidadores influi no controle glicêmico tanto das crianças como

dos adolescentes com DM1. Stallwood e cols. observaram que as dificuldades no

enfrentamento do tratamento do DM1 pelos cuidadores envolve a sua preocupação

com o controle glicêmico. Embora foque o estresse da família ou do cuidador, afirma

que pais sobrecarregados com a responsabilidade da gestão do tratamento podem

ser incapazes de administrá-lo bem. O tratamento é de responsabilidade dos pais

quando se trata de crianças de 0 a 9 anos e salienta que essas crianças são

incapazes de se tratarem sozinhas 15, 42. Com os instrumentos de pesquisa

utilizados, em 73 participantes encontraram maior sobrecarga em cuidadores que

conseguiam alcançar a meta glicêmica. Para isso precisavam se basear nas

aferições da glicemia e em suas próprias observações da criança. Esta não lhes

fornecia informações adequadas, feedback verbal sobre seu estado de saúde 42.

Cunningham e cols. acompanhando 147 adolescentes de 13 a 18 anos, e os seus

cuidadores, concluíram também que a sobrecarga do cuidador em torno da gestão

do tratamento de adolescentes com DM1 pode contribuir para um pobre controle

glicêmico 43. É plausível que tanto sintomas de ansiedade do cuidador quanto de

depressão podem atrapalhar o controle glicêmico do adolescente sob seus

cuidados. A ansiedade leva a um controle excessivo e invasivo, minando a

independência do indivíduo com DM1. Os cuidadores com sintomas depressivos

tendem a transferir a responsabilidade do tratamento para o adolescente com

prejuízo do controle glicêmico. Outra observação desse estudo foi que um grande

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número de mães ( 130 mães, 13 pais, 2 avós e 2 tias) atuam como cuidadoras e

operam diferente de pais no desempenho das tarefas, uma vez que se sentem mais

sobrecarregadas com o acúmulo de atividades, o que pode influir no tratamento e

controle glicêmico dos adolescentes 43.

O trabalho com grupos psicoeducativos neste estudo foi uma escolha baseada na

prática do atendimento individual de crianças e adolescentes com DM1,

acompanhados de seu cuidador, porque as queixas e os receios de todos eles se

repetiam, e juntos, no contato com os iguais, provavelmente esses cuidadores

poderiam encontrar as estratégias de cuidado e de suporte necessários ao

enfrentamento das exigências terapêuticas. Todos tinham objetivos comuns, claros e

racionais direcionados ao cuidado da pessoa com DM1. Mostravam-se inseguros,

careciam de convivência com outros que também vivenciavam a mesma rotina e

isso poderia resultar em uma transformação e produção do novo. Nos grupos

psicoeducativos realmente as pessoas se sentiram inseridas, foram participantes, se

reconheceram interligadas, houve um pertencimento. Assim como numa teia de

relações os cuidadores se sentiram amparados pelo objetivo do grupo,

desenvolvendo amizades e melhoras na qualidade de vida 36.

Não se encontrou na literatura trabalhos com intervenção e avaliação direcionados a

cuidadores de crianças e adolescentes com DM1 para comparação de resultados.

É importante atentar para a maneira como o cuidador sente, enfrenta e interpreta o

DM1. Na fala e atitudes desses cuidadores, percebeu-se sempre um impacto

emocional intenso, preocupações, medo, culpa, cansaço, raiva, sensação de

impotência, o que na maioria das vezes não se trabalha diretamente e que merece

atenção, conforme descrito também em outros estudos, porque influi diretamente na

atividade diária do cuidado 7, 15, 41 - 43. Sabe-se que existe a necessidade de

acompanhamento de um responsável para executar ou supervisionar todas as

etapas do tratamento até a idade de 19 anos, quando então se inicia a idade adulta

44. Os pontos do dia-a-dia considerados mais difíceis e recorrentes foram abordados

através de temas destacados nos encontros quinzenais contemplando reflexões,

recomendações e orientações.

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O impacto da atividade com os grupos psicoeducativos foi avaliado pela Escala

Burden Interview de Zarit e foram identificados seis domínios através da análise

fatorial, sendo o mesmo indicado pelo gráfico Scree Plot (APÊNDICE C):

Perspectivas futuras, Impactos do cuidar, Afeto nas relações, Autonomia, Percepção

da dependência e Convívio social.

O primeiro domínio intitulado Perspectivas futuras, que engloba os itens referentes à

preocupação do cuidador quanto ao seu desempenho e disponibilidade futura para a

prestação de cuidados, além do receio pelo futuro da pessoa cuidada, apresentou

uma diminuição significativa de sobrecarga após a intervenção.

Durante os grupos foram abordados temas como o medo das complicações e a

necessidade de maior conhecimento e investimento em prevenção, além do

incentivo a acreditar na capacidade da pessoa com DM1 de se tratar sem a

presença constante do cuidador. Refletiu-se sobre a função de não só prover

alimento, calor afetivo, mas demonstrar respeito e encorajamento às crescentes

capacidades de autonomia da pessoa para viver no mundo por conta própria 17,19.

Falou-se de suprir necessidades e desenvolver capacidades dentro de uma leitura

atenta da criança ou adolescente que necessita de cuidados 12. Salientou-se que as

primeiras reações dos cuidadores com relação à doença crônica da criança ou

adolescente determinam como essa criança ou adolescente verá a si mesmo 45.

Tais considerações podem ter influido na postura dos cuidadores, reconhecendo

suas possibilidades de melhoras quanto ao futuro, evitando a preocupação

excessiva com a pessoa com DM1.

No segundo domínio, Impactos do cuidar, houve também uma diminuição

significativa da sobrecarga. Ele engloba itens referentes à responsabilidade do

cuidador com sua própria saúde, o compreender as exigências do outro sob seus

cuidados e conseguir lidar melhor com tal comportamento. Os temas discutidos

durante os grupos sobre sentimentos do cuidador, os negativos ou os positivos em

relação à pessoa com DM1 podem ter contribuído para uma mudança positiva de

postura. O mesmo pode ter ocorrido quando se constata que na doença crônica não

existem culpados e que não se tem à disposição todo o necessário para enfrentar o

imprevisível. Trabalhou-se durante os encontros a responsabilidade com a própria

saúde e a busca do equilíbrio interno, como também a importância da pratica de

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exercícios físicos, consultas periódicas, melhorando o controle sobre sua própria

saúde. Tal diferença não foi observada, nesse domínio, para o grupo Controle, onde

houve um aumento significativo das dificuldades com relação ao cuidado e a

convivência com o outro.

No terceiro domínio, Afeto nas relações, percebeu-se também uma redução

significativa de sobrecarga após intervenção. Esse domínio engloba itens referentes

à percepção do cuidador quanto ao tempo de cuidado. Isto pode influir nos

relacionamentos sociais e familiares e pode gerar a sensação de perda de controle

de sua vida pessoal. No terceiro encontro falou-se sobre como reorganizar o

cotidiano para atender às necessidades do cuidador e da pessoa com DM1 sob seus

cuidados. Todos receberam um incentivo à busca de apoio, principalmente o

relacionado à integração da família no tratamento do familiar com DM1.

Discutiu-se que mesmo na inquietude humana é preciso buscar o equilíbrio na vida

pessoal e na vida das crianças ou adolescentes, evitando o acúmulo na agenda

diária. Possivelmente aquele cuidador que busca e desfruta de um equilíbrio interno,

é que poderia ser capaz desse gesto de amor 45. Esse fechamento se deu com a

proposta da criação de um plano de ação sobre o cuidar de si e a citação da poesia

“Sonhe” atribuída a Fernando Pessoa onde se salientou os seguintes versos: “Se

achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir siga! Se estiver tudo

errado, comece novamente. Se estiver tudo certo continue” 39. Tal redução não foi

observada, nesse domínio, para o grupo Controle.

No quarto domínio, Autonomia, que engloba itens referentes à dificuldade do

cuidador com a dependência do familiar, o lidar com as limitações financeiras e com

a questão da responsabilidade no trabalho e na família, os números mostram uma

diminuição na sobrecarga. Estes pontos foram abordados no quarto encontro onde

se discutiu sobre a adequação de horário e tipo de trabalho profissional à realidade

socio-cultural e econômica do cuidador, incentivando atitudes realistas e

contextualizadas de cuidado. No terceiro encontro incentivou-se a atitude de obter a

ajuda da criança ou adolescente e de outros familiares para auxiliar nas tarefas

diárias de cuidado. As demonstrações de ajuda, empatia e solidariedade ao cuidador

só estão disponiveis se forem solicitadas por ele com clareza aos outros membros

da familia e à própria pessoa cuidada. Também carecem da aceitação do cuidador.

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Falou-se da necessidade de ultrapassar as barreiras que estão associadas ao

funcionamento familiar oriundas de conflitos relativos ao tratamento e que causam

um aumento excessivo de sobrecarga, alterando a adesão terapêutica.

No quinto domínio, Percepção da dependência, também ocorreu uma diminuição

significativa da sobrecarga. No segundo encontro refletiu-se sobre a necessidade de

acreditar na capacidade da criança ou do adolescente com DM1 de se cuidar sem a

presença do cuidador. Neste caso o cuidador após a intervenção passou a perceber

menor dependência por parte da pessoa cuidada, provavelmente porque os quesitos

trabalhados resultaram em uma postura diferente do cuidador ao executar o que

realmente era de sua competência como cuidador. Isso provavelmente pode ter

influenciado a atitude do outro em se responsabilizar mais por seu tratamento. Sabe-

se que às vezes não se muda um comportamento apenas com a fala, mas com a

atitude, o exemplo. A mudança envolve ação 45, 46.

O sexto domínio sobre a questão Convívio social que engloba a posição do cuidador

em não se sentir a vontade para receber visitas em casa devido à presença da

pessoa com DM1 sob seus cuidados não apresentou mudança na pontuação no

grupo Intervenção. Isso aconteceu provavelmente porque para a maioria desses

cuidadores essa questão não foi considerada uma dificuldade. Tanto na aplicação,

quanto na reaplicação da Escala, a maioria manteve sua posição. Sendo uma

posição favorável, seria esperado que as intervenções propostas não modificassem

o resultado obtido na primeira aplicação da Escala.

Faz-se necessário registrar dentre os comentários escritos pelos cuidadores, dois de

grande relevância: “ao participar dos grupos psicoeducativos, quanto mais

informações eu ia recebendo, mais eu me sentia segura, mais segurança e

confiança eu passo agora para o meu filho” AAS, 36 anos. Outro escrito:

“aprendemos uns com os outros, fiz novas amizades e, além de tudo, levantou

minha auto estima como mãe e como mulher” RCFL, 35 anos.

A sobrecarga no cuidar influencia a qualidade de vida do cuidador, e pode influir no

controle glicêmico da criança ou adolescente com DM1 sob seus cuidados. Com a

atividade dos grupos psicoeducativos avaliou-se a sua possível eficácia no processo

de redução da sobrecarga. Portanto o seu uso pode atingir um numero maior de

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cuidadores. O homem é um ser social 12, necessita estar entre os iguais e esse

contato através de um programa continuo de educação e reflexão, suprirá

necessidades nessa jornada de lidar e conviver com a doença crônica por seu

manejo permanente.

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7 CONCLUSÃO

Intervenções com grupos psicoeducativos são eficazes na diminuição da sobrecarga

de cuidadores de crianças e adolescentes com DM1. Os resultados indicam que

esses cuidadores necessitam de apoio e orientação ao participarem dos cuidados no

tratamento. Uma rede de apoio efetiva favorece o alívio da sobrecarga objetiva e

subjetiva com maiores possibilidades de um bom desempenho da função de cuidar

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8 PERSPECTIVAS PARA O EDUCADOR EM DIABETES

Os cuidadores necessitam ter um foco positivo durante o tratamento, levando em

conta o processo de mudança que repercute em suas vidas. As Unidades de Saúde

e educadores em Diabetes devem intervir de uma forma decisiva no trato com os

cuidadores. Estes fazem parte da equipe interdisciplinar de saúde que acompanha o

paciente com DM1. É de grande relevância criar estratégias para atender as suas

necessidades, aliviando a sobrecarga do cuidar.

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ANEXOS

ANEXO A: PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

PROJETO DE PESQUISA

Título: Avaliação do impacto de intervenções através de grupos psicoeducativos na sobrecarga percebida pelo cuida dor informal de crianças e adolescentes com Diabetes Mellitus Tipo 1 em um serviço público terciário.

Área Temática: Versão: 1 CAAE: 06791612.0.0000.5138

Pesquisador: Sônia Maria do Carmo Maulais

Instituição: SANTA CASA DE MISERICORDIA DE

BELO HORIZONTE

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP Número do Parecer: 110.726 Data da Relatoria: 28/09/2012

Apresentação do Projeto:

O presente projeto tem como objetivo avaliar em cuidadores de crianças e adolescentes com Diabetes Tipo 1 o impacto das intervenções nas crenças e representações dos mesmos usando a ferramenta grupos psicoeducativos. Serão 4 reuniões quinzenais, onde serão discutidos aspectos

como o sentimento do cuida dor com relação à criança; as preocupações quanto ao futuro do diabético tipo 1; o cuidado com si proprio e a sua relação com a familia e o trabalho.

Objetivo da Pesquisa:

Avaliar o impacto de intervenções através de grupos psicoeducativos na sobrecarga percebida pelo cuida dor informal de crianças e adolescentes com Diabetes Mellitus Tipo 1 em um serviço público terciário.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Os indivíduos selecionados para o estudo serão beneficiados com os grupos psicoeducativos. Os mesmos permanecerão anônimos no estudo, não constando em nenhum arquivo o nome completo e/ou endereço, apenas iniciais e números.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

O estudo irá propiciar uma reflexão sobre a importância do ato de cuidar e de se cuidar. Irá também orientar o cuida dor a organizar o seu cotidiano no sentido de melhorar a sua vida social e lazer e salientar ao cuida dor a importância da integração da família no tratamento do familiar diabético, para evitar a sobrecarga de um só membro da mesma.Incentivar o cuida dor à prática de exercícios

físicos, consultas médicas periódicas, melhorando o controle sobre a sua própria saúde.Auxiliar o cuida dor a reconhecer suas possibilidades de melhoras quanto ao futuro, evitando a preocupação excessiva com o familiar diabético.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Os documentos apresentados estão conforme as normas do CONEP, inclusive o TCLE , que está bastante esclarecedor ao participante da pesquisa.

Endereço: Rua Domingos Vieira 590 Bairro: Santa Efigênia CEP: 30.150-240 UF: MG Município: BELO HORIZONTE

Telefone: (31)3238-8933 Fax: (31)3238-8838 E-mail: [email protected]

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Recomendações:

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

O projeto tem como objetivo abrir uma discussão sobre a relação entre o diabético e o cuida dor. Estes encontros irão proporcionar às partes a oportunidade de falar e ouvir e também de esclarecer pontos que porventura não estão esclarecidos.

Situação do Parecer:

Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não

Considerações Finais a critério do CEP:

Após o início da pesquisa, o pesquisador responsável deverá enviar relatórios semestrais e final ( para o primeiro semestre o prazo é de 30 de junho; para o segundo semestre é 31 de dezembro).

BELO HORIZONTE, 28 de Setembro de 2012

Assinado por: Francisco das Chagas Lima e Silva

(Coordenador)

Endereço: Rua Domingos Vieira 590 Bairro: Santa Efigênia CEP: 30.150-240 UF: MG Município: BELO HORIZONTE

Telefone: (31)3238-8933 Fax: (31)3238-8838 E-mail: [email protected]

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PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: Avaliação do impacto de intervenções através de grupos psicoeducativos na

sobrecarga percebida pelo cuida dor informal de crianças e adolescentes com Diabetes Mellitus Tipo 1 em um serviço público terciário.

Pesquisador: Sônia Maria do Carmo Maulais Área Temática: Área 9. A critério do CEP. Versão: 1

CAAE: 06791612.0.0000.5138 Instituição Proponente: SANTA CASA DE MISERICORDIA DE

BELO HORIZONTE Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DA NOTIFICAÇÃO

Tipo de Notificação: Outros Detalhe: alteração de título Justificativa: Em virtude da confirmação de

autorização da amostra, anexo projeto com alteração Data do Envio: 20/05/2013 Situação da

Notificação: Aguardando revisão do parecer do colegiado

DADOS DO PARECER

Número do Parecer:

302.243 Data da

Relatoria: 07/06/2013

Apresentação da Notificação:

A pesquisadora apresenta justificativa para inclusão de cuidadores de crianças e adolescentes

da rede privada.

Objetivo da Notificação:

Completar o tamanho da amostra para para alcançar representatividade estatística.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Não há alteração de riscos e benefícios, nem qualquer modificação da natureza do projeto.

Endereço: Rua Domingos Vieira 590 Bairro: Santa Efigênia CEP: 30.150-240 UF: MG Município: BELO HORIZONTE

Telefone: (31)3238-8933 Fax: (31)3238-8838 E-mail: [email protected]

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Continuação do Parecer: 302.243

Comentários e Considerações sobre a Notificação:

A solicitação se justifica para completar coleta de dados no prazo previsto e para dar consistência

científica ao estudo.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

O termo de apresentação está claro e bem justificado do ponto de vista metodológico.

Recomendações:

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Aprovado.

Situação do Parecer:

Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não Considerações Finais a critério do CEP:

BELO HORIZONTE, 12 de Junho de 2013

Assinado por:

Francisco das Chagas Lima e Silva

(Coordenador)

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ANEXO B: ESCALA BURDEN INTERVIEW de ZARIT

(Zarit e Zarit, 1987; tradução de SCAZUFCA, M. para o português)

Instruções para aplicação

Encontra-se a seguir uma lista de afirmativas que reflete como as pessoas algumas

vezes sentem-se quando cuidam de outra pessoa. Depois de cada afirmativa,

indique com que freqüência o Sr/Sra se sente daquela maneira. Não existem

respostas certas ou erradas.

Nunca = 0, Raramente = 1, Algumas vezes = 2, Frequentemente = 3, ou Quase Sempre= 4.Questão

Nunca Raramente Algumas vezes

Frequente-mente

Sempre

1. O Sr/Sra sente que S* pede mais ajuda do que ele (ela) necessita?

0 1 2 3 4

2. O Sr/Sra sente que por causa do tempo que o Sr/Sra gasta com S*, o Sr/Sra não tem tempo suficiente para si mesmo (a)?

0 1 2 3 4

3. O Sr/Sra se sente estressado (a) entre cuidar de S* e suas outras responsabilidades com a família e o trabalho?

0 1 2 3 4

4. O Sr/Sra se sente envergonhado (a) com o comportamento de S*?

0 1 2 3 4

5. O Sr/Sra se sente irritado (a) quando S* está por perto?

0 1 2 3 4

6. O Sr/Sra sente que S* afeta negativamente seus relacionamentos com outros membros da família ou amigos?

0 1 2 3 4

7. O Sr/Sra sente receio pelo futuro de S*?

0 1 2 3 4

8. O Sr/Sra sente que S* depende do Sr/Sra?

0 1 2 3 4

9. O Sr/Sra se sente tenso(a) quando S* está por perto?

0 1 2 3 4

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10. O Sr/Sra sente que a sua saúde foi afetada por causa do seu envolvimento com S*?

0 1 2 3 4

11. O Sr/Sra sente que o Sr/Sra não tem tanta privacidade como gostaria, por causa de S*?

0 1 2 3 4

12. O Sr/Sra sente que a sua vida social tem sido prejudicada porque o Sr/Sra está cuidando de S*?

0 1 2 3 4

13. O Sr/Sra não se sente à vontade de ter visitas em casa, por causa de S*?

0 1 2 3 4

14. O Sr/Sra sente que S* espera que o Sr/Sra cuide dele/dela, como se o Sr/Sra fosse a única pessoa de quem ele/ela pode depender?

0 1 2 3 4

15.O Sr/Sra sente que não tem dinheiro suficiente para cuidar de S*, somando-se as suas outras despesas?

0 1 2 3 4

16. O Sr/Sra sente que será incapaz de cuidar de S* por muito mais tempo?

0 1 2 3 4

17. O Sr/Sra sente que perdeu o controle de sua vida desde a doença de S*?

0 1 2 3 4

18. O Sr/Sra gostaria de simplesmente deixar que outra pessoa cuidasse de S*?

0 1 2 3 4

19. O Sr/Sra se sente em dúvida sobre o que fazer por S*?

0 1 2 3 4

20. O Sr/Sra sente que deveria estar fazendo mais por S*?

0 1 2 3 4

21. O Sr/Sra sente que poderia cuidar melhor de S*?

0 1 2 3 4

22. De uma maneira geral, quanto o Sr/Sra se sente sobrecarregado (a) por cuidar de S*?

0 1 2 3 4

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APÊNDICES

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este estudo intitulado “Avaliação do impacto de intervenções com grupos

psicoeducativos na sobrecarga do cuidador informal de crianças e adolescentes com

Diabetes Mellitus Tipo I”, tem como objetivo avaliar em cuidadores de crianças e

adolescentes com DM1 o impacto das intervenções na sobrecarga dos mesmos

usando a ferramenta grupos psicoeducativos.

O Sr(a) está sendo convidado a participar do estudo com cuidadores de crianças e

adolescentes com diagnóstico de DM1, respeitando-se os critérios de inclusão e

exclusão no estudo.

Serão realizados encontros quinzenais e participarão cuidadores maiores de 18

anos. Todos os participantes serão informados sobre todos os procedimentos

realizados e poderão se recusar a participar da pesquisa, ou retirar o consentimento,

mesmo após a assinatura deste termo.

Os indivíduos selecionados para o estudo serão beneficiados com os grupos

psicoeducativos e os mesmos permanecerão anônimos no estudo, não constando

em nenhum arquivo o nome completo e/ou endereço, apenas iniciais e números.

Os resultados serão apresentados em reunião clínica, nas instituições ligadas ao

estudo, ao final do trabalho. Este projeto visa também publicação dos resultados em

revistas especializadas e dissertação de tese de mestrado.

Não haverá despesas pessoais para o participante, nem compensação financeira

pela sua participação. O pesquisador também não será remunerado e seu interesse

é apenas científico.

Em qualquer época do estudo o cuidador participante poderá solicitar

esclarecimentos ao investigador principal, psicóloga Sônia Maria do Carmo Maulais,

que poderá ser encontrada na Santa Casa de Belo Horizonte, Ambulatório de DM1

no Centro Metropolitano de Especialidades Médicas, à Rua Domingos Vieira, 488,

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telefone: (31) 88671016. Se tiver alguma dúvida sobre a ética da pesquisa, poderá

consultar o Comitê de Ética em Pesquisa - Rua Domingos Vieira, 488 - telefone:

3238-8838.

“Concordo em participar deste estudo. Recebi uma cópia do presente termo de

compromisso e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer dúvidas.”

Belo Horizonte: / /

_____________________________________

Assinatura do cuidador

Declaro que obtive, de forma apropriada e voluntária, o Consentimento Livre e

Esclarecido deste cuidador, para participação neste estudo.

Belo Horizonte: / /

_____________________________________

Sônia Maria do Carmo Maulais .

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APENDICE B: QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO

Nome: (Nº identificador, preservação do anonimato)

Idade: Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )

Escolaridade:

Sabe ler e escrever ( ) sim ( ) não

Estado Civil: ( ) casado ( ) união consensual ( ) viúvo ( ) solteiro

( ) divorciado ( ) separado

Exerce trabalho fora da residência? ( ) sim ( ) não

Em que período: _____________horas

( ) estudante ( ) do lar ( ) desempregado ( ) aposentado

( ) pensionista ( ) outro

Renda Familiar: ( ) Salários

Grau de Parentesco em relação à criança ou adolescente: ( ) pai ( ) mãe

( ) irmãos maiores de 18 anos ( ) tios ( ) avós ( ) outros_________

Quantas pessoas moram no domicílio, contando com você: ( ) pessoas

Tipo de Moradia: ( ) própria ( ) alugada ( ) de parentes ( ) outro

Idade da criança: ______________

Há quanto tempo você cuida da criança com DM1? ______________

Ocorrem internações freqüentes? ( ) sim ( ) Não

Você tem algum problema de saúde? Sim ( ) Não ( )

Se sim, qual? ( ) Hipertensão ( ) Diabetes ( ) Doenças cardiovasculares

( ) Outras _____________________ Começou quando? __________

Esta se agravou após se tornar cuidador? Sim ( ) Não ( )

Pratica exercícios físicos? Sim ( ) Não ( )

Com que freqüência? 01 vez por semana ( ) 02 vezes por semana ( )

( ) > 3 vezes por semana

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Se não, por quê: opção pessoal ( ) Falta de tempo ( )

Vida Social: Sai para passeios visando se divertir? Sim ( ) Não ( )

Se não, por quê? ( ) Opção pessoal ( ) Falta de tempo ( ) Receio de deixar o filho com outras pessoas.

Se sim, com que freqüência? 01 vez por semana ( ) 02 vezes por semana ( ) > 3 vezes por semana ( )

Que tipo de atividade de lazer você realiza fora o cuidar do familiar com DM1:

( ) religião ( ) cultural-cinema, teatro ( ) viagens

Que tipo de atividade do dia a dia você executa além dos cuidados com o familiar com DM1?

( ) domésticas ( ) trabalho informal ( ) trabalho formal com horário pré estabelecido. Neste caso, quantas horas ( )

Quantas horas em média, você dorme diariamente? ____________horas

Seu sono é: ( ) contínuo ( ) interrompido

Você tem atividade sexual? ( ) sim ( ) não

Você recebe ajuda de outros para o cuidado do familiar com DM1?

( ) sim ( ) não

( ) cônjuge ( ) filhos ( ) irmãos ( ) pais ( ) amigos ( ) vizinhos

( ) outros

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APENDICE C: ANALISE FATORIAL

Com o intuito de verificar se as variáveis que constituem a escala Burden Interview

de Zarit poderiam representar domínios de estudo, foi realizada uma análise fatorial.

Na tabela abaixo percebemos que 6 fatores juntos explicam 71.92% da variância

total. O mesmo é indicado através do gráfico de Scree Plot onde podemos visualizar

6 autovalores acima do valor 1, indicativo do número de fatores.

Tabela 9: Análise fatorial

Total Variance Explained

Component

Initial Eigenvalues

Extraction Sums of Squared

Loadings

Rotation Sums of Squared

Loadings

Total

% of

Variance

Cumulative

% Total

% of

Variance Cumulative % Total

% of

Variance

Cumulative

%

1 7,864 35,746 35,746 7,864 35,746 35,746 3,715 16,887 16,887

2 2,607 11,852 47,598 2,607 11,852 47,598 3,546 16,118 33,005

3 1,656 7,528 55,126 1,656 7,528 55,126 2,799 12,724 45,729

4 1,449 6,586 61,713 1,449 6,586 61,713 2,283 10,376 56,105

5 1,215 5,521 67,233 1,215 5,521 67,233 1,926 8,755 64,860

6 1,031 4,687 71,920 1,031 4,687 71,920 1,553 7,060 71,920

7 ,925 4,204 76,124

8 ,831 3,777 79,901

9 ,690 3,138 83,040

10 ,658 2,991 86,030

11 ,620 2,817 88,847

12 ,537 2,439 91,286

13 ,385 1,751 93,037

14 ,335 1,523 94,559

15 ,261 1,188 95,747

16 ,239 1,088 96,835

17 ,186 ,844 97,680

18 ,140 ,636 98,316

19 ,116 ,526 98,842

20 ,110 ,502 99,344

21 ,096 ,435 99,779

22 ,049 ,221 100,000

Extraction Method: Principal Component Analysis.

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Figura 2 - Domínios encontrados na escala Burden Interview de Zarit..

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Verificando as cargas fatoriais apresentada na TAB. 10, identificamos os possíveis

seis domínios que constituem a escala Burden Interview de Zarit.

Tabela 10: Matriz de Componentes Rotacionadas

Rotated Component Matrix

Questão 1 2 3 4 5 6

20 0.88601 -0.01879 0.035287 0.083166 0.122666 -0.01314 21 0.84552 0.189506 -0.06929 0.005604 0.198492 -0.13843 16 0.73461 0.321096 0.086241 0.1107 -0.12325 -0.02368 7 0.67802 -0.00077 0.045456 0.242052 0.004189 0.422123

19 0.59192 0.356426 0.166913 0.123642 0.04982 0.374136

4 0.184389 0.83129 0.131869 -0.04066 -0.04639 -0.04797 5 0.07048 0.76101 0.241738 0.149971 0.291217 0.170852

10 0.431302 0.5777 0.048654 0.247321 -0.30966 -0.08752 12 -0.0596 0.055148 0.79743 0.097991 0.197619 0.224642 2 -0.1134 0.343868 0.76383 0.130531 -0.20445 0.233847

18 0.196983 -0.08349 0.62287 0.018212 0.535375 -0.17341 9 0.197483 0.507168 0.5388 0.204241 0.348708 0.2171

11 0.38857 0.26272 0.4596 0.504609 -0.17269 -0.01008 6 0.233556 0.49068 0.44721 0.146969 0.301889 -0.33204

17 0.270976 0.355714 0.41653 0.220027 0.199159 0.29868 8 0.070849 -0.03124 0.06283 0.88992 0.173632 0.109115 3 0.131774 0.319065 0.345149 0.61701 -0.07606 0.095206

22 0.280349 0.569123 0.049158 0.51806 0.092833 0.336869

15 0.403748 0.392986 0.008343 0.45198 0.367983 -0.02335 1 0.04405 0.132152 0.112849 0.06876 0.83654 0.07792

14 0.035671 0.50177 0.071327 0.225914 0.37362 0.305111 13 0.007602 0.059817 0.227809 0.099608 0.046257 0.748305

Domínios formados:

Questões

Domínio 1 7, 16, 19, 20, 21

Domínio 2 4, 5, 10

Domínio 3 2, 6, 9, 11, 12, 17, 18

Domínio 4 3, 8, 15,22

Domínio 5 1, 14

Domínio 6 13

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APÊNDICE D: ARTIGO CIENTÍFICO

Sônia Maria do Carmo Maulais

Avaliação do impacto de intervenções com grupos psicoeducativos na

sobrecarga do cuidador informal de crianças e adolescentes com Diabetes

Mellitus Tipo 1

Artigo científico apresentado ao programa de pós-graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação em Diabetes.

Orientação: Profª Dra. Janice Sepúlveda Reis

Belo Horizonte

2014

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Avaliação do impacto de intervenções com grupos psicoeducativos na

sobrecarga do cuidador informal de crianças e adolescentes com diabetes

mellitus tipo 1

Sobrecarga de cuidadores no DM1

Sônia Maria do Carmo Maulais 1; Janice Sepúlveda Reis Ph.D. 1

1 Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, IEP-SCBH, Belo

Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Endereço do autor correspondente:

Profª. Janice Sepúlveda Reis, Instituto de Ensino e Pesquisa – Santa Casa de Belo

Horizonte

Rua Domingos Vieira, 590. Santa Efigênia. Minas Gerais, 30150-240 – Brasil

Telefone: 55(31)32328838

Fax: 55(31)32388838

E-mail: [email protected]

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RESUMO

Objetivo: Avaliar o impacto de intervenções com grupos psicoeducativos na

sobrecarga do cuidador informal de crianças e adolescentes com DM1.

Métodos: 39 participantes (28 grupo Intervenção, 11 grupo Controle) foram

avaliados quanto à sobrecarga nos cuidados através da Escala Burden Interview de

Zarit. O grupo Intervenção participou de quatro encontros quinzenais com temas,

objetivos e dinâmicas para melhor elaboração e avaliação da experiência do cuidar,

com duração de no máximo 90 minutos.

Resultados: Na avaliação inicial 96 % dos cuidadores do grupo Intervenção e 100

% do grupo Controle apresentavam algum grau de sobrecarga, sem diferença

significativa entre os grupos. Após a intervenção houve redução significativa no grau

de sobrecarga apenas no grupo Intervenção, com 50% dos cuidadores sendo

classificados como sem sobrecarga (p<0.001), não associada com idade, grau de

educação, estado civil ou ajuda para o cuidado.

Conclusões: Cuidadores se sentem sobrecarregados objetiva e subjetivamente ao

desempenharem a tarefa do cuidar e necessitam de suporte para lidar com seus

sentimentos e preocupações. A atividade com grupos psicoeducativos em um

programa de Educação em Diabetes promove benefícios para o cuidador e,

consequentemente para a pessoa cuidada, ao conviver com o DM1.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus tipo 1, cuidadores, sobrecarga.

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ABSTRACT Objective: To evaluate the impact of psycho-educational interventions with groups of

informal caregiver burden in children and adolescents with T1DM.

Methods: 39 Attendees (28 intervention group, 11 control group) were evaluated for

the care burden by the Zarit Burden Interview Scale. The intervention group

participated in four fortnightly meetings with themes, goals and dynamics for better

preparation and evaluation of the experience of care, with a maximum duration of 90

minutes.

Results: At initial evaluation 96% of caregivers in the intervention group and 100% of

the control group had some degree of overload, no significant difference between

groups. After the intervention there was a significant reduction in the degree of

overload just in intervention group, 50% of caregivers were classified as not overload

(p<0.001), not associated with age, education level, marital status, family income, job

or care help.

Conclusions: Caregivers feel overwhelmed objectively and subjectively to perform

the task of caring for and need support to deal with their feelings and concerns. The

activity with psycho-educational groups in a Diabetes Education program promotes

benefits for the caregiver and consequently cared for person to live with T1DM.

Keywords: Type 1 Diabetes mellitus , caregivers, overload (burden)

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INTRODUÇÃO

Devido às mudanças nas atividades habituais, como múltiplas aplicações diárias de

insulina, monitorização glicêmica, reeducação alimentar e prática regular de

atividade física, impostas pelo tratamento, o Diabetes Mellitus Tipo 1 é uma doença

que requer comprometimento do sujeito, da família e dos cuidadores 1-3.

Entende-se por cuidador pessoa adulta e capaz, cuja função é cuidar do outro que é

parcial ou totalmente dependente de auxilio em seu cotidiano. Seu apoio e suporte

influenciam na adesão ao tratamento e na resposta terapêutica, ajudando a superar

dificuldades relacionadas a fatores emocionais e metabólicos 4,5.

No entanto, o cuidador também está sujeito à tensão e ao cansaço impostos por

essa atividade4. Comumente os cuidadores se apresentam desorientados,

portadores de um espanto incomum, angustiados, vivem em um estado de incerteza,

tristeza, abatimento, dor, solidão, além do esquecimento de si 6,7.

Estudos mostram que o cuidador pode enfrentar dificuldades em colaborar com o

regime de tratamento e controle do DM1 8,9. Portanto faz-se necessário, num grupo

de iguais, incluindo um programa de educação em diabetes, conhecer o cotidiano do

cuidador e oferecer-lhe a oportunidade e suporte para falar de suas preocupações,

do lidar com seus sentimentos em relação à sobrecarga no ato do cuidar 5,8. A

psicologia, numa atuação interdisciplinar, tem muito a contribuir nessa atividade

educativa, com seu instrumental, técnicas, métodos de estudo e ética, levando em

conta a complexidade do ser humano10. Este estudo avaliou o impacto de

intervenções com grupos psicoeducativos na sobrecarga do cuidador informal de

crianças e adolescentes com DM1.

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METODOLOGIA

Trata-se de um ensaio clinico prospectivo, com cuidadores informais de crianças e

adolescentes com DM1, todos atendidos no sistema público e privado na cidade

Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética

da Santa Casa de Belo Horizonte e todos os participantes foram orientados sobre o

projeto e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Também responderam a um questionário sócio demográfico e à Escala Burden

Interview de Zarit 11-14.

A intervenção foi realizada em quatro encontros quinzenais com temas, objetivos e

dinâmicas 15 para melhor elaboração e avaliação da experiência e desdobramentos

do cuidar (tabela 1), com duração de no máximo 90 minutos (10 minutos de

acolhimento, 10 minutos para reflexão ou discussão do assunto com parceiros, 10

minutos para o fechamento e em todas as atividades uma previsão de 3 minutos de

fala para cada participante).

O encerramento ocorreu trinta dias após o quarto encontro, onde foi reaplicada a

escala Burden Interview de Zarit.

O grupo controle, composto por convidados que declararam não dispor de tempo

suficiente para participarem de grupos quinzenais, realizou duas etapas: explicação

no primeiro encontro do objetivo, importância do projeto e da liberdade de aceitarem

ou não o convite. Assinatura do TCLE, aplicação da Escala Burden Interview de Zarit

e do questionário sócio demográfico. Numa segunda etapa, após noventa dias,

realizou-se um novo encontro onde os participantes preencheram a escala Burden

Interview de Zarit, se reencontraram, foram encorajados na sua tarefa de cuidar,

trocaram e-mails ou telefones, numa tentativa de se apoiarem mutuamente.

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Realizou-se uma análise descritiva dos dados, sendo que para as variáveis

categóricas, foram calculadas as proporções e para as contínuas, a média, mediana

e o desvio-padrão. Para analisar independência entre os grupos foi utilizado o teste

de Qui-Quadrado. Para a comparação de medianas foi utilizado os testes de

Wilcoxon e de Mann Whitney. Para verificar a possível existência de domínios

internos na escala ZARIT foi realizada uma Análise Fatorial. As análises foram

realizadas no software IBM SPSS Statistics version 19. Considerou-se um nível de

significância de 5%.

RESULTADOS

Foram convidados 50 cuidadores. Destes, onze foram incluídos no grupo controle,

11 foram excluídos por faltarem a encontros e 28 concluíram o estudo no grupo

Intervenção. Observou-se que a maioria dos cuidadores foi do sexo feminino (mães),

com segundo grau completo, vivendo com parceiros, recebendo ajuda para os

cuidados e exercendo atividade remunerada. Idade, renda e horas de sono foram

significativamente diferentes entre os grupos antes da intervenção (tabela 2).

Na avaliação inicial 96 % dos cuidadores do grupo Intervenção e 100 % do grupo

Controle apresentavam algum grau de sobrecarga, sem diferença significativa entre

os grupos. Após a intervenção houve redução significativa no grau de sobrecarga do

grupo Intervenção, com 50% dos cuidadores sendo classificados como sem

sobrecarga, não ocorrendo mudança nas categorias no grupo Controle (tabela 3).

Dos cuidadores, a maioria mulheres, 90% do grupo Intervenção e 73% do grupo

Controle declararam receber ajuda para o cuidado. A idade das crianças e

adolescentes com diabetes (11.52 ± 3.60; 12.72 ± 3.69; p=0.233) e o tempo de

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cuidado em anos (4.18 ± 3.21; 4.97 ± 3.47; p=0.569) nos respectivos grupos

Intervenção e Controle, não apresentaram diferença significativa.

Idade, grau de escolaridade, estado civil, renda familiar, trabalho e ajuda nos

cuidados não foram associados com o grau de sobrecarga dos cuidadores,

(p>0.05).

No intuito de verificar se as variáveis que constituem a escala Burden Interview de

Zarit representavam domínios de estudo, foi realizada uma análise fatorial,

observando-se que seis domínios explicaram 71.92% da variância total. Foram

nomeados como: Perspectivas futuras, Impactos do cuidar, Afeto nas relações,

Autonomia, Percepção da dependência e Convívio social (tabela 4). A intervenção

causou uma redução significativa na pontuação relacionada aos domínios de 1 a 5

(tabela 5). No grupo Controle, apenas o domínio 2 apresentou aumento significativo

da pontuação nos dois tempos do estudo (p=0.012).

DISCUSSÃO

Este estudo demonstrou que intervenções com grupos psicoeducativos são eficazes

em reduzir a sobrecarga percebida pelos cuidadores de crianças e adolescentes

com DM1.

Os cuidadores, na sua trajetória de cuidados, têm assumido a grande

responsabilidade do enfrentamento da doença crônica como uma nova atribuição,

além de continuarem desempenhando as mesmas funções diárias comuns a todas

as outras famílias.

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O conviver com uma doença crônica é desafiador. As necessidades específicas dos

sujeitos com DM1 e seu impacto sobre a vida familiar envolvem o esforço para

desenvolver uma nova rotina com atenção constante sobre o comportamento diário.

O que se percebe nesses resultados é que a doença crônica em si já traz um

desequilíbrio que resulta na sensação de sobrecarga, independente do contexto

sócio econômico e cultural da família e do cuidador.

Observa-se que dentre a maioria dos cuidadores a mãe assumiu a atividade do

cuidar, em concordância com a literatura, que mostra a maioria dos cuidadores de

pacientes com doenças crônicas como mulheres 16-19.

Isso pode resultar em uma maior sobrecarga para as mulheres uma vez que

trabalham fora de casa, além de cuidar da pessoa com DM1 e se responsabilizam

pelas tarefas domésticas20. Relacionado ao cuidado, no estudo com 103 mães e 97

pais de crianças com diabetes tipo 1, Haugstvedt e cols. observaram uma maior

sobrecarga e sofrimento emocional das mães, principalmente em relação ao

tratamento médico e ao cuidado diário para o controle glicêmico. Conforme os

autores, a mãe geralmente ocupa o papel de principal cuidadora, cabendo ao pai um

papel auxiliar 21.

A sobrecarga do cuidador influi no controle glicêmico das crianças e adolescentes

com DM1 22. Stallwood mencionou que os pais sobrecarregados com a

responsabilidade da gestão do tratamento podem ser incapazes de administrá-lo

bem e o tratamento é de responsabilidade dos pais quando se trata de crianças de 0

a 9 anos, sendo essas crianças incapazes de se tratarem sozinhas 16, 23, 24. Em 73

participantes foram encontrados níveis mais elevados de sobrecarga em cuidadores

que conseguiam manter a meta glicêmica, pois eles se baseavam nas aferições da

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glicemia e em suas próprias observações da criança. Esta não lhes fornecia

informações adequadas ou verbalizavam sobre seu estado de saúde 23.

Cunningham e cols. estudando 147 adolescentes de 13 a 18 anos e seus cuidadores

concluíram também que a sobrecarga do cuidador em torno da gestão do tratamento

pode contribuir para um pobre controle glicêmico. A ansiedade leva a um controle

excessivo e invasivo, minando a independência da pessoa com DM1 e sintomas

depressivos fazem o cuidador transferir a responsabilidade do tratamento para o

adolescente com prejuízo do controle glicêmico 25.

Não se encontrou na literatura trabalhos com intervenção e avaliação direcionados a

cuidadores de crianças e adolescentes com DM1 para comparação de resultados.

O trabalho com grupos psicoeducativos foi uma escolha baseada na prática do

atendimento individual de pessoas com DM1 acompanhadas de seu cuidador

porque as queixas e os receios de todos eram parecidos e juntos, no contato com os

iguais, esses cuidadores poderiam encontrar as estratégias de cuidado e de suporte

necessários ao enfrentamento das exigências terapêuticas. Nos grupos

psicoeducativos as pessoas se sentem inseridas, interligadas, amparadas pelo

objetivo do grupo, desenvolvendo amizades 15.

É importante atentar para a maneira como o cuidador sente, enfrenta e interpreta o

DM1. Na fala e atitudes desses cuidadores, percebeu-se sempre um impacto

emocional intenso, preocupações, medo, culpa, cansaço, raiva, sensação de

impotência, o que na maioria das vezes não se trabalha diretamente e que merece

atenção, porque influi diretamente na atividade diária do cuidado, conforme descrito

também em outros estudos 7, 16, 21, 23, 25. Sabe-se que existe a necessidade de

acompanhamento de um responsável para executar ou supervisionar todas as

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etapas do tratamento até a idade de 19 anos24. Os pontos do dia-a-dia considerados

mais difíceis e recorrentes foram abordados através de temas destacados nos

encontros contemplando reflexões, recomendações e orientações.

O impacto da atividade com os grupos psicoeducativos foi avaliado pela Escala

Burden Interview de Zarit e identificados seis domínios através da análise fatorial:

Perspectivas futuras, Impactos do cuidar, Afeto nas relações, Autonomia, Percepção

da dependência e Convívio social, dos quais somente o ultimo não apresentou

alteração após intervenção.

Sob o primeiro domínio, Perspectivas futuras, foram abordados os temas como o

medo das complicações e a necessidade de maior conhecimento e investimento em

prevenção, além do incentivo a acreditar na capacidade da pessoa com DM1 de se

cuidar sem a presença constante do cuidador. Refletiu-se sobre a função de não só

prover alimento, calor afetivo, mas demonstrar respeito e encorajamento às

crescentes capacidades de autonomia da pessoa para viver no mundo por conta

própria 26, 27. Falou-se de suprir necessidades e desenvolver capacidades dentro de

uma leitura atenta da criança ou adolescente que necessita de cuidados 10. As

primeiras reações dos cuidadores em relação à doença crônica da criança ou

adolescente determinam como essa criança ou adolescente verá a si mesmo 28.

No segundo domínio, Impactos do cuidar, itens referentes à responsabilidade do

cuidador com sua própria saúde, o compreender as exigências do outro sob seus

cuidados e conseguir lidar melhor com tal comportamento foram contemplados. Os

temas discutidos durante os grupos sobre sentimentos do cuidador, os negativos ou

os positivos em relação à pessoa com DM1, podem ter contribuído para uma

mudança positiva de postura. O mesmo pode ter ocorrido quando se constata que

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na doença crônica não existem culpados e que não se tem à disposição todo o

necessário para enfrentar o imprevisível. Trabalhou-se durante os encontros a

responsabilidade com a própria saúde e a busca do equilíbrio interno. Nesse

domínio, no grupo Controle, houve um aumento significativo das dificuldades com

relação ao cuidado e a convivência com o outro.

Em relação ao terceiro domínio, Afeto nas relações, todos receberam um incentivo à

busca de apoio. Discutiu-se que mesmo na inquietude humana é preciso buscar o

equilíbrio na vida pessoal e das crianças ou adolescentes, evitando o acúmulo na

agenda diária. Possivelmente aquele cuidador que busca e desfruta de um equilíbrio

interno é que poderia ser capaz desse gesto de amor 28. Esse fechamento se deu

com a proposta da criação de plano de ação sobre o cuidar de si e a citação da

poesia “Sonhe” atribuída a Fernando Pessoa onde se salientou os seguintes versos:

“Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir siga! Se estiver

tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo continue” 29.

Sob o quarto domínio, Autonomia, discutiu-se sobre a adequação de horário e tipo

de trabalho profissional à realidade socio-cultural e econômica do cuidador,

incentivando atitudes realistas e contextualizadas de cuidado. Incentivou-se a atitude

de obter a ajuda da criança ou do adolescente e de outros familiares para auxiliar

nas tarefas diárias de cuidado. As demonstrações de ajuda, empatia e solidariedade

ao cuidador só estão disponiveis se forem solicitadas por ele com clareza aos outros

membros da familia e à própria pessoa cuidada. Também carecem da aceitação do

cuidador. Falou-se da necessidade de ultrapassar as barreiras que estão associadas

ao funcionamento familiar oriundas de conflitos relativos ao tratamento e que

causam um aumento excessivo de sobrecarga, alterando a adesão terapêutica.

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No quinto domínio, Percepção da dependência, refletiu-se sobre a necessidade de

acreditar na capacidade da criança ou adolescente com DM1 de se cuidar sem a

presença do cuidador. Neste caso o cuidador após a intervenção passou a perceber

menor dependência por parte da pessoa cuidada, provavelmente porque os quesitos

trabalhados resultaram em uma postura diferente do cuidador ao executar o que

realmente era de sua competência. Isso provavelmente pode ter influenciado a

atitude do outro em se responsabilizar mais por seu tratamento. Sabe-se que às

vezes não se muda um comportamento apenas com a fala, mas com a atitude, o

exemplo. A mudança envolve ação 28,30.

O sexto domínio sobre a questão Convívio social não apresentou mudança na

pontuação, uma vez que, no inicio do estudo, esta questão não foi considerada uma

dificuldade.

Faz-se necessário registrar dentre os comentários escritos pelos cuidadores, dois de

grande relevância: “Ao participar dos grupos psicoeducativos, quanto mais

informações eu ia recebendo, mais eu me sentia segura, mais segurança e

confiança eu passo agora para o meu filho” AAS, 36 anos. Outro escrito:

“Aprendemos uns com os outros, fiz novas amizades e, além de tudo, levantou a

minha auto estima como mãe e como mulher” RCFL, 35 anos.

O homem é um ser social, necessita estar entre os iguais 10. Através de um

programa contínuo de educação e reflexão, utilizando os grupos psicoeducativos,

pode-se suprir necessidades e desenvolver capacidades, nessa jornada dos

cuidadores de lidar e conviver com a doença crônica.

CONCLUSÃO

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Intervenções com grupos psicoeducativos são eficazes na diminuição da sobrecarga

de cuidadores de crianças e adolescentes com DM1. Os resultados indicam que

esses cuidadores necessitam de apoio e orientação ao participarem dos cuidados no

tratamento. Uma rede de apoio efetiva favorece o alívio da sobrecarga objetiva e

subjetiva com maiores possibilidades de um bom desempenho da função de cuidar.

PERSPECTIVAS PARA O EDUCADOR EM DIABETES

Os cuidadores necessitam ter um foco positivo durante o tratamento, levando em

conta o processo de mudança que repercute em suas vidas. Os centros e

educadores em Diabetes devem intervir de uma forma decisiva no trato com os

cuidadores. Estes fazem parte da equipe interdisciplinar de saúde que acompanha a

pessoa com DM1. É de grande relevância criar estratégias para atender às suas

necessidades, aliviando a sobrecarga do cuidar.

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TABELAS

Tabela 1: Encontros do grupo Intervenção.

Encontro 1 2 3 4

Tema

Sentimentos do cuidador em relação à criança/adolescente com DM1 sob seus cuidados

Preocupações quanto ao futuro da pessoa com DM1

O cuidado de si Relacionamento com a família e no trabalho

Objetivos

Reflexão sobre os sentimentos negativos e positivos da família e do cuidador em relação à criança ou adolescente com DM1.

Como agir em relação a essa postura e ponderar se existem culpados.

Reflexão sobre o medo das complicações e a necessidade de conhecimento e investimento em prevenção.

Reflexão sobre a vida escolar e passeios da pessoa com DM1 sem a presença do cuidador.

Reflexão sobre a necessidade de acreditar na capacidade da pessoa com DM1 de se cuidar sem a presença dos pais.

Reflexão sobre a reorganização do cotidiano do cuidador para atender às suas necessidades e às da criança ou adolescente sob seus cuidados.

Reflexão sobre como estimular a criança ou adolescente e outros familiares a auxiliar nas atividades diárias de cuidado.

Reflexão sobre a responsabilidade sobre a própria saúde e a busca de apoio.

Reflexão sobre a importância do apoio sócio-familiar para o cuidador, como a divisão de tarefas e a identificação das ações compartilhadas, evitando a sobrecarga.

Tentativa de adequação de horário e tipo de trabalho profissional às suas reais necessidades e possibilidades.

Dinâmica

Reflexão em dupla 15

Discussão sobre palavras já escritas que exprimem sentimentos em relação ao cuidar. Fala-se ao grupo.

Estrela 15

Desenho individual. O que se faz, sente, observa, pensa, como gostaria que fosse, escrito nas pontas da estrela.

Relógio do Cotidiano

15

Anotação no relógio de todas as atividades diárias. Análise de como isso é percebido pelo participante.

Foto imagens 15

Gravuras escolhidas referentes ao tema do encontro, análise e fala individual.

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Tabela 2: Características clínicas e demográficas dos participantes.

Variáveis Intervenção

n= 28 Controle

n= 11

P

Idade (anos) 41.86 ± 7.23 35.45 ± 6.73 0.011

Sexo

Feminino 26 (92.9) 11 (100) 0.999

Masculino 2 (7.1) 0 (0)

Escolaridade

1º grau 9 (32.1) 4 (36.4)

0.122 2º grau 11 (39.3) 7 (63. 6)

3º grau 8 (28.6) 0 (0)

Estado Civil

Sem companheiro (a) 8 (28.6) 4 (36.4) 0.709

Com companheiro (a) 20 (71.4) 7 (63.6)

Trabalha fora da residência

Não 9 (32.1) 1 (9.1) 0.228

Sim 19 (67.9) 10 (90.9)

Tipo de atividade exercida

Do lar 8 (28.6) 1 (9.1) 0.399

Outro 20 (71.4) 10 (90.9) Renda Familiar (salários mínimos) 6.23 ± 5.14 2.09 ± 0.97

0.015

Horas de sono 6.70 ± 1.08 7.54 ± 0.93 0.045

Pessoas no domicílio

2 a 3 10 (35.7) 5 (45.5) 0.827

4 a 5 13 (46.4) 4 (36.4)

6 a 7 5 (17.9) 2 (18.1)

Doenças do cuidador

Não 18 (64.3) 6 ( 54.5)

0.718 Sim 10 (35.7) 5 (45.5)

Doenças agravaram-se após cuidados

Não 5 (50.0) 1 (20.0)

0.126 Sim 5 (50.0) 4 ( 80.0)

Prática de atividade física

Não 15 (53.6) 8 (72.7)

0.471 Sim 13 (46.4) 3 (27.3)

Vida social

Não 4 (14.3) 2 (18.1) 0.999

Sim 24 ( 85.7) 9 (81.9)

Dados expressos em média ± DP ou n (%). Teste de Mann Whitney significativo a 5%

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Tabela 3: Comparação do grau de sobrecarga na escala Burden Interview de Zarit

antes e depois dos grupos psicoeducativos.

Intervenção

n= 28 Controle

n= 11

Grau de sobrecarga*

Antes n (%)

Depois n (%)

p Antes n (%)

Depois n (%)

p

Ausência de sobrecarga (<21) 1 (3.6) 14 (50)

< 0.001

0 (0) 0 (0)

0.301 Sobrecarga moderada (21 a 40) 13 (46.4) 12 (42.9) 5 (45.4) 5 (45.4)

Sobrecarga moderada/severa (41 a 60) 11 (39.3) 2 (7.1) 6 (54.6) 4 (36.4)

Sobrecarga severa (>61) 3 (10.7) 0 (0) 0 (0) 2 (18.2)

*Teste de QuiQuadrado significativo a 5%.

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Tabela 4: Domínios na escala Burden Interview de Zarit.

Domínios

Perguntas

Perspectivas Futuras (Domínio 1)

7. O Sr/Sra sente receio pelo futuro de S*?

16. O Sr/Sra sente que será incapaz de cuidar de S* por muito mais tempo?

19. O Sr/Sra se sente em dúvida sobre o que fazer por S*?

20. O Sr/Sra sente que deveria estar fazendo mais por S*?

21. O Sr/Sra sente que poderia cuidar melhor de S*?

Impactos do Cuidar (Domínio 2)

4. O Sr/Sra se sente envergonhado (a) com o comportamento de S*?

5. O Sr/Sra se sente irritado (a) quando S* está por perto?

10. O Sr/Sra sente que a sua saúde foi afetada por causa do seu envolvimento com S*?

Afeto nas Relações (Domínio 3)

2. O Sr/Sra sente que por causa do tempo que o Sr/Sra gasta com S*, o Sr/Sra não tem tempo suficiente para si mesmo (a)?

6. O Sr/Sra sente que S* afeta negativamente seus relacionamentos com outros membros da família ou amigos?

9. O Sr/Sra se sente tenso (a) quando S* está por perto?

11. O Sr/Sra sente que o Sr/Sra não tem tanta privacidade como gostaria, por causa de S*?

12. O Sr/Sra sente que a sua vida social tem sido prejudicada porque o Sr/Sra está cuidando de S*?

17. O Sr/Sra sente que perdeu o controle de sua vida desde a doença de S*?

18. O Sr/Sra gostaria de simplesmente deixar que outra pessoa cuidasse de S*?

Autonomia (Domínio 4)

3. O Sr/Sra se sente estressado (a) entre cuidar de S* e suas outras responsabilidades com a família e o trabalho?

8. O Sr/Sra sente que S* depende do Sr/Sra?

15.O Sr/Sra sente que não tem dinheiro suficiente para cuidar de S*, somando-se as suas outras despesas?

22. De uma maneira geral, quanto o Sr/Sra se sente sobrecarregado (a) por cuidar de S*?

Percepção da Dependência (Domínio 5)

1. O Sr/Sra sente que S* pede mais ajuda do que ele (ela) necessita?

14. O Sr/Sra sente que S* espera que o Sr/Sra cuide dele/dela, como se o Sr/Sra fosse a única pessoa de quem ele/ela pode depender?

Convívio Social (Domínio 6)

13. O Sr/Sra não se sente à vontade de ter visitas em casa, por causa de S*?

S*: Nome da criança ou adolescente cuidado.

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Tabela 5: Pontuação na escala Burden Interview de Zarit, por domínios, antes a após intervenção, no grupo Intervenção.

Domínios Tempo Pontuação p

Domínio 1 Antes 12.5 (5-19)

0.001 Depois 8 (2-17)

Domínio 2 Antes 3 (0-11)

0.002 Depois 1 (0-9)

Domínio 3 Antes 8 (0-22)

0.002 Depois 3.5 (0-13)

Domínio 4 Antes 10 (3-16)

< 0.001 Depois 7 (2-13)

Domínio 5 Antes 4 (0-08)

0.001 Depois 3 (0-5)

Domínio 6 Antes 0 (0-2)

0.507

Depois 0 (0-4)

Valores expressos em mediana (mínimo-máximo). Teste Wilcoxon significativo a 5%. Domínio

1: Perspectivas Futuras; Domínio 2: Impactos do Cuidar; Domínio 3: Afeto nas Relações;

Domínio 4: Autonomia; Domínio 5: Percepção da Dependência; Domínio 6: Convívio Social.