52
PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA OVINOCAPRINOCULTURA DO NORDESTE DO BRASIL MISSÃO TÉCNICA E EMPRESARIAL A PENÍNSULA IBÉRICA

projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

1

PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA

OVINOCAPRINOCULTURA DO NORDESTE DO BRASIL

MISSÃO TÉCNICA E EMPRESARIAL A PENÍNSULA IBÉRICA

Page 2: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

2 3

PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA

OVINOCAPRINOCULTURA DO NORDESTE DO BRASIL

MISSÃO TÉCNICA E EMPRESARIAL A PENÍNSULA IBÉRICA

29 de maio a 12 de Junho de 2010

RELATÓRIO

Page 3: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

2 3

POR QUE A PENÍNSULA IBÉRICA?

Em todo processo de produção de alimentos, vegetal ou animal, existem dois fatores que geralmente são considerados de forma individual, porém, poucas vezes se considera a importância que tem a interação dos mesmos. Esses fatores são a “carga genética” e o “ambiente”, o efeito de cada um deles, somado ao da interação entre os mesmos, são responsáveis pelos níveis produtivos dos seres vivos.

No Brasil se registram inúmeros exemplos de tentativas que não tiveram sucesso de introduzir genótipos animais que, em outros ambientes, se mostraram altamente produtivos, porém, quando foram colocados nos diferentes ambientes do Brasil, não mantiveram os mesmos níves produtivos e, em muitos casos, foram inferiores aos dos genótipos já existentes.

Levar em consideração essa interação genótipo x ambiente, é ainda mais importante quando se focaliza o Semiárido Nordestino. As regiões da Península Ibérica escolhidas para ser visitadas, tem muita semelhança com os ambientes mais exigentes do Nordeste, principalmente no que diz respeito a pluviosidade, temperatura, cobertura vegetal e tipo de solos. Somente levando tudo isso em consideração é correto tentar estabelecer “paralelismos” entre ambas realidades.

Além disso, existem entre nossos países as semelhanças histórico-culturais e deve-se sempre ter presente que foram da Península Ibérica de onde vieram as populações de ovinos e caprinos que formaram a base genética das populações que após cinco séculos de adaptação são, atualmente, as predominantes na Região Nordeste.

Na Península Ibérica foram desenvolvidos, com sucesso, modelos alternativos e sustentáveis de produção, de organização e principalmente de gestão integrada e participativa na ovinocaprinocultura. Isto tem possibilitado que esses setores sejam, em muitos casos, os principais e, em outros, os únicos responsáveis pelo desenvolvimento rural das regiões que concentram as populações de ovinos e caprinos e pela permanência, nesses locais, dos grupos familiares tradicionalmente vinculados a essas atividades.

São também nesses países, principalmente Espanha, que se iniciaram os processos de gestão para a agregação de valor aos produtos através da Denominação de Origem Protegida – D.O.P e Identificação Geográfica Protegida I.G.P. Esses processos levam em consideração as peculiaridades, tradições, cultura, hábitos de cada região, valorizando as raças nativas através do uso comercial das mesmas, procurando identificar em cada uma delas características diferentes e muitas vezes únicas.

Por tudo isso, as experiências, tecnologias, formas de organização dos diferentes setores e funcionamento das cadeias produtivas, objetivo desta Missão estão disponíveis em Portugal e Espanha. Após conhecer essa realidade, será de

Page 4: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

4 5

responsabilidade e compromisso dos integrantes da Missão socializar as informações e encontrar as melhores alternativas de adaptar e introduzir as mesmas na ovinocaprinocultura nacional.

OBJETIVOS DA MISSÃO

Objetivo Geral:

Possibilitar, que os agentes estratégicos conheçam e avaliem a realidade dos setores da ovinocultura e da caprinocultura em Espanha e Portugal, para que, após ajustadas às nossas realidades as ações consideradas com potencial de mudança e estruturantes, sejam executadas com sucesso e sustentabilidade no Brasil.

Objetivos específicos:

Conhecer e avaliar as bases estruturantes e a organização da cadeia produtiva: dinâmica, escala de produção, grau de cooperação e acesso a mercados;

Se informar sobre a dimensão sistêmica da cadeia produtiva: governança, tributação, normativas de sanidade, identidade regional e certificação;

Intercambiar conhecimentos sobre: gestão empresarial, grau de inovação de tecnologias e produtos, estratégias de marketing e integração horizontal e vertical entre os diferentes atores das cadeias de valor; e

Estabelecer as bases para realizar ações conjuntas de cooperação técnica e empresaria entre o Brasil e os países da Península Ibérica.

Page 5: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

4 5

RELAÇÃO DOS PARTICIPANTES

nomes estado empresa

Mario Antonio Pereira Borba PB FAEPA - Federação da Agricultura do Estado da Paraíba

Antonio Felinto Neto PB SEBRAE - Paraíba

Marcelo Farias Barreto SE SEBRAE - Sergipe

Maria Lúcia de Oliveira Falcón SE Secretaria de Planejamento do Estado de Sergipe

Edilson Maia AL CNA - Confederação Nacional da Agricultura

Felipe Guedes Alvarenga DF CNA - Confederação Nacional da Agricultura

Felipe Ferreira Adelino de Lima PB ABCC - Associação Brasileira de Criadores de Caprinos

Adriano Leite Moraes PE FAEPE - Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco

Wandrick Hauss de Sousa PB EMEPA - Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba

Washington L. G. Serafim da Silva BA SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Bahia

Marcílio Fontes Cezar PB UFCG – Universidade Federal de Campina Grande

Vânia Brandão de Brito AL SEBRAE - Alagoas

Carlos Viana Freire Júnior CE SEBRAE - Ceará

Enio Queijada de Sousa DF SEBRAE Nacional - Brasília

João Alberto Miranda Leite PB SEBRAE - Paraíba

Samuel Mayer PB SEBRAE - Paraíba

Fabiano Chaves Santos PI SEBRAE - Piauí

Vamberto Torres de Almeida RN SEBRAE – Rio Grande do Norte

Antônio Cardoso de Lisboa SE SEBRAE - Sergipe

Page 6: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

6 7

E S P A N H A

dia data local

2ª. Feira 31/05

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA onde os responsáveis pela Produção Animal, dos setores de Ovinos e Caprinos, os coordenadores da Direção de Denominações de Origem - Indicações Geográficas Protegidas e do Instituto INNOCARNES/CARNES ÚNICAS DE LUGARES ÚNICOS farão uma apresentação da situação geral dos setores na Espanha e como tem influenciado as DOP-IGP a valorização dos produtos derivados dos caprinos e ovinos.

3ª. Feira 01/06Em Aragón visita às instalações do Grupo Pastores-Ternasco de Aragón. Visita a propriedades e acompanhamento do processo de transformação e comercialização do Ternasco de Aragon

4ª. Feira 02/06 Visita a propriedades de ovinos, caprinos de leite na Comunidade de Aragón, próximo a Zaragoza

5ª. Feira 03/06

Na Comunidade de Castilla la Mancha, na localidade de Valdepeñas, visita à Associação de Criadores de Ovinos da raça Manchega, visita ao Centro de Seleção de Reprodutores, a criadores do cordeiro Manchego e a locais de fabricação de queijo Manchego

6ª. Feira 04/06

Na Comunidade de Múrcia, nas localidades de Jumilla e Lorca, visita à Associação de Criadores de Caprinos da raça Murciano-Granadina. Visita a criadores, ao centro de seleção de reprodutores e laticínios para conhecer a fabricação e comercialização do Queijo de Múrcia.

Sábado 05/06Na localidade de Huescar, na Comunidade de Andalucia, visita à Associação de Criadores, propriedades de ovinos da raça Segureña.

Domingo 06/06 Dia livre em Granada

2ª. Feira 07/06

Na localidade de Albolote, Comunidade de Andalucía, visita ao Centro de Seleção de Reprodutores da raça Murciano-Granadina. Na localidade de Casabermeja, na Comunidade de Andalucía, visita à Associação de Criadores de Caprinos da raça Malagueña, ao Centro de Seleção de Reprodutores, a criadores do cabrito mamão Malagueño e a laticínios para ver a fabricação de queijos.

Page 7: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

6 7

P O R T U G A L

3ª. Feira 08/06

Na região do Alentejo, nas localidades de Serpa e Beja, serão visitados criadores de ovinos de corte da raça Merino Português, ovinos de leite e será conhecido o processo de produção e fabricação do Queijo de Serpa (DOP). Serão visitados criadores da raça de ovinos Campaniça

4ª. Feira 09/06

Na Região de Serra da Estrela, nas localidades de Canas do Senhorim e Oliveira do Hospital, serão visitados criadores de ovinos de leite da raça Serra da Estrela, responsáveis pela produção de queijo do mesmo nome (DOP). Serão visitados também criadores do Cordeiro Mamão Canastra (DOP)

5ª. Feira 10/06 Visita à Feira Nacional da Agricultura na localidade de Santarém

6ª. Feira 11/06

Na região de Trás-os-Montes, na localidade de Mirandela serão visitados criadores da raça de caprinos Serrana. Serão acompanhados os processos de produção e industrialização do Cabrito Mamão desta raça bem como os queijos, produtos todos com DOP.

Sábado 12/06 Regresso ao Brasil

Sob a Égide da PAC e da Condicionalidade

Conhecer as experiências de produção agrícola e pecuária dos países visitados consiste também, em tomar contato direto com a aplicação de uma das mais bem sucedidas políticas comuns da União Européia, a PAC – Política Agrícola Comum.

A PAC existe há mais de 40 anos e ao longo de sua história foi incorporando mudanças significativas cujos aspectos mais profundos decorrem da agenda 2000, que estabeleceu novas diretrizes implementadas a partir de 2005 e plasmadas definitivamente na PAC 2007-2013.

Desde o seu estabelecimento, a PAC estava orientada a estimular o aumento da produtividade e da produção agropecuária, para garantir produtos a preços acessíveis ou razoáveis. Entregavam-se incentivos ao investimento e subsídios de preços aos produtores. Porquanto tenha conseguido êxito, entretanto essa sistemática propiciou uma série de problemas que iam desde a geração de grandes excedentes, exigindo ampliação das capacidades de armazenagem ou obrigando à destruição de produtos. Ademais, iam exigindo cada vez mais recursos financeiros, orçamentários, ou ainda

Page 8: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

8 9

provocando distorções de preços em mercados mundiais e uma insatisfação geral por parte dos cidadãos europeus.

A partir dos anos 80 e notadamente nos anos 90, ganharam força as modificações na PAC, merecendo destaque a chamada reforma MacSherry, 1992, que modificou o sistema de apoio ao setor agrário. Depois, com os acordos firmados em 1995, no âmbito da OMC - Organização Mundial do Comércio, eliminando os subsídios às exportações agropecuárias, contribuíram firmemente para a redução dos excedentes e da necessidade de recursos financeiros orçamentários.

Os efeitos produzidos levaram à formulação da Agenda 2000, um programa de ações construídas com base nas demandas das populações européias e nas outras medidas já citadas, aprovada pela Cúpula Européia de Berlin, em 1999 e cujos eixos centrais foram:

● Orientar a agricultura para as necessidades de mercado; ● Consolidar a segurança alimentar ● Garantir a renda dos agricultores e fomentar uma boa distribuição social

dos recursos; ● Proteger o meio ambiente; ● Apoiar o desenvolvimento rural; e ● Simplificar a Política Agrária Comum

No primeiro qüinqüênio desta década, a UE trabalhou a consolidação das reformas da PAC, que estão em vigor desde 2005, com destaque para as novas políticas de ajuda e de Condicionalidade.

A chamada nova PAC, tem como elemento chave o estabelecimento de ajudas únicas por empreendimento rural (propriedade ou exploração) objetivando apoiar o desenvolvimento rural, através de apoio direto ao rendimento, como forma de garantir a estabilidade, porém completamente desassociadas da produção e subordinadas ao cumprimento dos requisitos de condicionalidade. Isto é, de respeito ao meio ambiente, de aliança com as boas práticas agrícolas e de compromisso com a segurança alimentar e o bem-estar dos animais. A não observância ou o desrespeito a esse conjunto de regras, implicará em redução dos pagamentos diretos.

Page 9: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

8 9

Relatórios das Visitas Realizadas.

1º DIA: 31/05/2010

● 09h00: Visita à Sede do Ministério do Meio Ambiente e Meio Rural e Marinho - MARM - em Madrid

O MARM foi criado pelo Real Decreto 432/2008, de 12 de abril. Assumiu as competências dos anteriores Ministérios da Agricultura, Pesca e Alimentação e do Médio Ambiente, somado à competência em relação a proteção do mar, em estreita colaboração com o Ministério de Fomento.

Compete ao MARM propor e executar as políticas do governo nos temas das mudanças climáticas, proteção do patrimônio natural, da biodiversidade e do mar, água, desenvolvimento rural, recursos agrícolas, pecuários, da pesca e da alimentação.

São órgãos dependentes diretamente do Ministro:

a. A Secretaria de Estado de Mudanças Climáticasb. A Secretaria de Estado do Médio Rural e da Águac. A Subsecretaria de Médio Ambiente e Médio Rural e Marítimod. A Secretaria Geral do Mar, com status de Subsecretaria

As áreas de atividade do MARM são: Agricultura, Água, Alimentação, Biodiversidade, Qualidade e Avaliação Ambiental - Mudanças Climáticas - Desenvolvimento Rural - Pecuária e Pesca.

Page 10: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

10 11

Os responsáveis técnicos por diferentes áreas da produção animal realizaram apresentações sobre ações realizadas pelo MARM em relação direta ao setor de ovinos e caprinos da Espanha. Os temas abordados e os responsáveis pelas apresentações foram:

1. O Setor Ovinocaprino Espanhol - Censo, produção, estrutura e comércio - Dra. Laura Perez Alvarez - MARM

2. Plano de Desenvolvimento do Programa Nacional de Conservação das Raças Puras - Dra. Montserrat Castellanos Moncho - Chefa de Área de Zootecnia do MARM

3. Situação Geral da Qualidade dos Produtos e a caracterização dos mesmos - Dr. Rafael Bolivar - MARM

4. Raças Nativas Espanholas Ovinas e Caprinas - Dra. Manuel Luque Cuesta - FEAGAS

1ª Palestra. Dra. Laura Perez Alvarez, da Subdireção Geral de Produtos Pecuários da Direção Geral dos Recursos Agrícolas e Pecuários do MARM.

Foram apresentados os principais dados estatísticos sobre o cenário geral da ovinocaprinocultura na Espanha.

SG Productos GanaderosDG Recursos Agrícolas y Ganaderos

EL SECTOR OVINO/CAPRINO ESPAÑOLCENSOS, PRODUCCIONES, ESTRUCTURAS Y

COMERCIO EXTERIOR

PRINCIPALES ÁREAS DE PRODUCCIÓN (CENSOS)

2008OVINO CAPRINO

Page 11: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

10 11

Destacou-se a posição desse setor em relação às demais atividades de importância econômica para o país (suinocultura, bovinocultura e avicultura).

DISTRIBUCIÓN DE LAS PRINCIPALES PRODUCCIONES GANADERAS EN ESPAÑA - 2009

leche 18,1 %

otras carnes 1,5%

aves 12,7%

equino 0,8%

otros productos 0, 6%huevos 7,9%

8% porcino 32,1%

18,2%

% PFA6,3%BOVIN

O18,2%

% PFA2,8%

OVINO-CAPRI

NO8%Fte: SG de Estadística MARM

Datos estimados

Apresentou também os dados mais recentes (2008 – 2009) sobre a distribuição de cada espécie nas Comunidades Autônomas nas quais se divide politicamente o país e a contribuição de cada raça aos respectivos censos.

ANDALUCIA 12,1%

CASTILLA- LA MANCHA 16,0 %

EXTREMADURA 19,0 %

MURCIA 2,7%

CASTILLA y LEON 20,8 %

SECTOR OVINOPRINCIPALES AREAS DE PRODUCCION

ARAGON 11,4 %

CATALUÑA, 3,8 %

NAVARRA, 3,5 %

CENSOS

Principales productores:• Castilla y León 20,8 %• Extremadura:19 ,0 %• Castilla La Mancha 16,0 %• Aragón 11,4 %• Andalucía 12,1 %

Fuente: SG de Estadística

DISTRIBUCIÓN DEL CENSO OVINO POR RAZAS

CENSOS

MERINA 15 %RASA ARAGONESA 10%

MANCHEGA 7%

SEGUREÑA 7%

CASTELLANA 6% ASSAF 4%

CHURRA 4 %

LACHA 2 %

AGRUP. ENTREFINO 2 %

OJALADA 1 %

NAVARRA 2 %

Fuente: Asociaciones de Criadores, CC.AA.

ANDALUCIA 36,3 %

CASTILLA- LA MANCHA 13,3 %

CANARIAS 12,4 %

EXTREMADURA 10,2 %

MURCIA 6,4 %

CASTILLA- LEON 6,7 %

SECTOR CAPRINOPRINCIPALES AREAS DE PRODUCCION

CENSOS

Principales productores:• Andalucía 36,3 %• Canarias, 12,4 %• Castilla La Mancha 13,3 %• Extremadura 10,2 %• Castilla- León, 6,7 %• Murcia 6,4 %Fuente: SG de Estadística

Page 12: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

12 13

PRINCIPALES RAZAS CAPRINAS NACIONALES

RAZA CENSO (estim.) % APTITUD

Murciano-granadina 750.000 27 Leche Majorera 200.000 7 Leche Malagueña 165.000 6 Leche - carne Tinerfeña 70.000 2 Leche - carneVerata 50.000 2 Leche- carnePirenaica 50.000 2 Carne- lechePalmera 15.000 1 LechePayoya 13.000 - Leche- carneGuadarrama 12.000 - Leche- carne Florida 12.000 - LecheBlanca andaluza 7.000 - CarneBlanca celtibérica 6.500 - Carne

Fuente: Asociaciones de Criadores y CC.AA.

Finalizando, mostrou as projeções para produção, consumo, importação e exportação até o ano 2014.

2,62,62,72,72,72,72,8Consumo Per

Capita

1 3111 3141 3181 3231 3301 3391 366Consumo (en t)

4444444Export

289288286285283283286Import

1 0271 0301 0361 0421 0501 0601 084Producción

neta

2014201320122011201020092008

PREVISION DE CONSUMO DE CARNE DE OVINO-CAPRINO EN LA UE- 27- AÑOS 2008 - 2014

La UE seguirá siendo importador neto de carne de ovino y caprino

durante el periodo 2008-2014

La producción de carne de ovino-caprino en la UE-27 cubrirá una cifra

estimada en torno al 80 % del consumo previsto (1.366.000 t)

Fuente: DG AGRI

LECHE DE CABRAPRODUCCION NACIONAL -2008

CANARIAS: 18,6 % ANDALUCIA: 46,6 %

CASTILLA – LA MANCHA: 12,7 %

EXTREMADURA: 5,5 % C. VALENCIANA: 2,4 %MURCIA: 4,8 %

CASTILLA – LEON: 5,9 %

Fuente: SG de Estadística

Page 13: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

12 13

2008 2009Producción (t.) 156.965 121.308

Importaciones (t.) 10.900 13.232

Exportaciones (t.) 20.365 17.894

Consumo aparente (t.) 147.500 116.646

Grado de autoabastecimiento % 106.4 104.0

Consumo “per cápita” (kg.) 3,20 2,53

PERSPECTIVAS EU-272009-2013

– Continúa a queda da produção nos principais países produtores da UE 25, em percentagem estimado entre 1,0 e 2,5 % ao ano.

– Aumento das importações de carne (+ 7%) e de animais vivos (+ 10,1%) e se estabilizará depois.

– Retração paulatina do consumo interno (- 0,9 %) – Desigual impacto nas cotações: descenso dos preços das carcaças

de ovinos leves (países mediterráneos) e melhor comportamento do mercado das carcaças pesadas (Centroeuropa)

– O grau de abastecimento para o conjunto da UE será de 78,0 % em2013.

2ª Palestra: Dra. Montserrat Castellanos Moncho

Foram apresentadas informações sobre as linhas de trabalho do MARM para as atividades das Associações de Criadores das raças puras com especial ênfase nas raças nativas. Isto está detalhado nas publicações sobre “O Plano de Desenvolvimento do Programa Nacional de Conservação, Melhoramento e Fomento das Raças”. Deve-se ter sempre presente que a maioria das políticas setoriais não são de exclusiva competência de cada país e sim são políticas únicas para todos os membros da União Européia o que possibilita ações de maior impacto e padronização das ações e controles. Foi apresentado também o Catálogo oficial das raças, onde constam 51 raças de ovinos e 23 de caprinos. Incluem as associações de criadores, os regulamentos das raças, os programas de melhoramento genético (raças de fomento e raças em risco de extinção).

São setores estratégicos essenciais para o desenvolvimento destes Programa os responsáveis pela gestão de sanidade, alimentação animal, reprodução e melhoramento genético. São também de grande importância os , marcos legais (normativas comunitárias e decretos) os programas de reprodução e gestão dos bancos de germoplasma, laboratórios de genética e qualidade do leite, e centros de referência em genética animal, financiamento, sustentabilidade das produções e medidas de apoio à produção.

Page 14: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

14 15

3ª Palestra: Dr. Rafael Bolivar - MARM

Foram apresentadas informações sobre as políticas e ações em relação ao controle de qualidade, identificação e rastreabilidade de agroalimentos vigentes na União Européia.

Todas estas estratégias tem como ponto de partida os processos de rastreabilidade de animais e de produtos e estes são possíveis desde que se tenham dados confiáveis coletados com tempo e forma e transmitidos à base de dados no menor espaço de tempo possível. Esses dados são coletados desde 1998 quando foi implementado o Projeto IDEA (Identificação Eletrônica de Animais) e posteriormente passou a ser de uso nos países da União Européia. São utilizados brincos com chip que são lidos a distância (dinâmica ou estática) com leitores portáteis ou fixos respectivamente. A alternativa de identificação que tem apresentado os melhores resultados para pequenos ruminantes é o bolo ruminal.

Esta identificação única, segura e confiável possibilita rastrear os animais até o abate e os códigos podem ser transferidos no etiquetado aos produtos (inteiros ou fracionados) possibilitando que o consumidor final tenha um completo conhecimento da origem e histórico de vida do animal. O MARM que foi o propulsor deste processo

Page 15: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

14 15

de identificação continua investindo na qualificação do Banco de Dados e na rapidez e abrangência da transferência dos dados coletados nas fazendas ou nas indústrias.

Todo o conhecimento das raças, origem, sistema de produção e ambiente têm permitido que cada raça nativa tenha encontrado o nicho comercial específico que têm sido possível pela caracterização genética, fenotípica e de produtos. Tudo isto têm sido de extrema importância nas ações para a agregação de valor através das Identificações Geográficas Protegidas, das Denominações de Origem.

O selo de Indicação Geográfica Protegida – IGP- e é uma figura criada pela União

Européia para informar ao consumidos que determinado produto tem características de qualidade diferenciada. Junto com o outro selo de proteção a Denominação de Origem Protegida – DOP- ambos selos têm valor reconhecido internacionalmente.

Os produtos que recebem o selo DOP são os aqueles que têm qualidades ou características que se devem ao médio geográfico com seus fatores naturais e humanos e, que a produção – transformação e elaboração dos mesmos, se realizam integralmente na zona geográfica da que receberam o nome.

O selo IGP pode ser utilizado em produtos que possuem alguma qualidade ou característica que pode ser atribuída a uma zona geográfica e que sua produção ou transformação ou elaboração se realiza na zona que lhes da o nome.

Já no caso do selo ETG (especialidades tradicionais garantidas) acompanha a produtos que apresenta, características diferenciadas de outros alimentos de sua mesma categoria. Além disso, esses produtos devem ser produzidos a partir de matérias primas tradicionais ou apresentar uma composição, modo de produção ou transformação considerada tradicional.

Os três selos são os seguintes:

O selo de IGP confere um importante valor agregado e se constitui numa ferramenta fundamental para a diferenciação dos produtos, disponibilizando ao consumidor informações que ajudam a escolha no momento da compra. No caso da carne é garantia de origem da mesma, certifica determinadas qualidades organolépticas e assegura valores nutricionais que fazem dessas carnes alimentos diferenciados.

É importante destacar a importância que este tipo de produções desempenham na manutenção do médio rural, utilizando sistemas ancestrais de produção que foram mantidos pelo conhecimento tradicional dos produtores ao longo do tempo, porém que têm sabido evoluir, sempre conscientes e próximos às necessidades do consumidor. Estes selos de qualidade, com base nas raças nativas e em sistemas de produção em

Page 16: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

16 17

regime extensivo, possibilitam o aproveitamento dos recursos naturais no seu habitat tradicional e têm um papel fundamental no desenvolvimento sustentável do médio rural.

As carnes de ovinos que apresentam IGP são as seguintes:

4ª Palestra: Dr. Manuel Luque Cuesta. Federação Espanhola de Associações de Raças Puras - FEAGAS.

Inicialmente o Dr. Luque Cuesta, fez uma apresentação dos fins e ações da Federação FEAGAS é uma organização sem fins lucrativos, constituída em 1982 pelas Associações Nacionais de Criadores de Raças Puras, Entidades Colaboradoras do MARM, para a gestão dos Livros Genealógicos das raças,l.

Em 1992 FEAGAS foi reconhecida oficialmente pelo MARM, e participa nas reuniões de seguimento da situação geral do setor pecuário (bovino, ovino, caprino, suíno, equino e outras espécies), que periódicamente são convocadas pela Direçãon Geral de Recursos Agrícolas e Pecuários do MARM.. FEAGAS organiza, por delegação do MARM a participação das raças espanholas nas exposições nacionais e Internacionais de Raças Puras, aprovados pelo MARM.

Page 17: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

16 17

Desde sua fundação, FEAGAS desempenha a Presidência e Secretaria Geral da União Européia de Associações de Raças Puras (UNEGAS), que integra as Organizações de Criadores de Raças Puras de França, Portugal e Espanha.

Desde 1993, participa, como representante do sector da pecuária das raças puras da España, no Grupo de Seleção e Reprodução Animal nas Organizações Agrárias da União Européia.

Em 1998 passa a ocupar a Secretaria Geral Permanente da Federação Iberoamericana de Raças Nativas (FIRC), que reúne às Organizações da área geográfica Ibero-americana e de Espanha, dedicadas à preservação e melhoramento genético das raças nativas.

FEAGAS é promotor e membro fundador de INVAC, Organização Interprofesional da Carne de Bovinos Autóctonos de Qualidade.

Os objetivos de FEAGAS estabelecem de forma clara o espírito da Federação, resumindo-se em:

● Representação, gestão e defensa dos interesses proprios das Associações que a integram.

● Colaboração com o MARM e as instancias públicas ligadas à Agricultura e Pecuária das Comunidades Autônomas, em todo o relacionado com a genética, seleção e melhora animal, Livros Genealógicos, Sanidade, pesquisas pecuárias aplicadas, exportações e importações de animais de raças puras, concursos e exposições animais e Desenvolvimento Rural.

● A coordenação e organização das Exposições Pecuárias, nacionais e Internacionais, nas que participem alguma Associação que faça parte da Federação.

Assim para atingir seus objetivos FEAGAS, desde sua fundação, realiza principalmente ações que se relacionadas a:

● Estabelecer o Calendário anual de Exposições e Feiras de Raças Puras. ● Analisar a Normativa Oficial sobre seleção animal: Livros Genealógicos,

Controles de Rendimentos, Esquemas de Seleção, Programas de Conservação e Preservação de Raças, Centais de Avaliação, Inseminação Artificial, Transferência de embriões..

● Estudar a situação da pecuária nacional: censos, Catálogos Oficiais de Raças Puras de Espanha, Sanidade Animal, Identificação Animal e Genotipado,

● ● Acompanhamento das pesquisas sobre pecuária junto a INIA, Centros de

Seleçãon e Reprodução Animal, Universidades e Centros Privados. ● ● Organizar Programas de Formação Pecuária junto às Associações que a

integram. ● Publicação de catálogos, folhetos e Médios Áudio-visuales´para a

promoção das raças puras espanholas.

Page 18: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

18 19

● Elaborar Convênios de colaboração com as Organizações Espanholas de donas de casa, consumidores para a divulgação da produção de carnes de qualidade das raças espanholas.

Participar em grupos de trabalho técnico intergovernamentais na Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação das Nações Unidas (FAO).

Todas estas atividades seriam impossíveis de ser realizadas sem o apóio do MARM, dos Governos das Comunidades Autônomas,as instituições de ensino e pesquisa e principalmente com o trabalho de todas as Associações de Raças Puras.

FEAGAS representa, conforme estabelece o Programa Nacional de Conservação, Melhoramento e Fomento às seguintes Associações de Raças Puras:

ESPECIE ORGANIZAÇÕES RAÇASNúmero % Número %

BOVINA 24 28,24 26 25,24OVINA 28 32,93 36 34,96CAPRINA 12 14,12 11 10,68SUÍNA 2 2,35 11 10,68EQUINA 14 16,47 14 13,59AVÍCOLA 3 3,53 3 2,91CUNICOLA 1 1,18 1 0,97CARACOIS 1 1,18 1 0,97TOTAIS 85 100,00 103 100,00

Organizaciones de segundo grado: FARPE y CECCA

Posteriormente, o Dr. Luque apresentou as informações sobre as raças puras de ovinos, características gerais de manejo, caracteres produtivos, características da produção de leite de ovinos, produtividade de leite e carne ovina, bem como as características gerais, a distribuição geográfica e características produtivas das raças Manchega, Aragonesa e Segureña. A seguir foram apresentadas as raças puras da espécie caprina, as características gerais de produção e manejo, características reprodutivas, características dos animais para produção de leite, produtividade de leite e carne. Destacou-se ainda as características gerais, distribuição geográfica e características produtivas das raças Malageña e Murciana-Granadina.

Page 19: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

18 19

OVINOCULTURA DE CORTE

Pastores - Grupo CooperativoCentros de Produção, Terminação de Cordeiros e

Abatedouro Frigorífico

Visitas: 01 e 02 de junho de 2010

ARAGON – Espanha.

Aragon é uma região extensa com 47.720 quilômetros quadrados e com uma das mais baixas densidades populacionais da Espanha, e climas e paisagens extremas, das montanhas dos pirineus e depressões e baixios e temperatura que variam, bem como as condições climáticas, influenciadas pelo mediterrâneo e pluviométricas oscilando entre 300 mm/ano.

Visita ao processo de produção, terminação/engorda, beneficiamento e comercialização de cordeiros ligados a Pastores Grupo Cooperativo.

O Grupo Pastores, situados na região do Aragon, foi iniciado há 29 anos com 25 produtores, que criaram a Carne Aragon.

Atualmente OVIARAGON tem 1.100 sócios com aproximadamente meio milhão de cabeças de matrizes ovinas de raça Aragonesa.

A empresa tem uma dinâmica e estrutura de atuação empresarial e profissional, embora pratique valores cooperativistas e sociais, com autonomia na ação executiva, formando alianças estratégicas com setores públicos e privados.

Francisco Martel, sócio fundador e diretor geral da Cooperativa e Antônio Olivam, o diretor operacional do grupo e coordena todos os departamentos da gestão profissional de cooperativa, cujo trabalho e resultados na atuação, implantação e melhoria na gestão da organização, já renderam prêmio de excelência empresarial, reconhecido pelo Governo de Aragon.

A cooperativa tem toda uma estrutura de suporte do processo de produção, beneficiamento e comercialização como a UPRA – Carne Aragon – responsável pelo processo de melhoria genética, preservação do controle do padrão de qualidade do carro chefe do grupo: O Ternasco de Aragon, responsável por mais de 70% da comercialização do grupo, um produto com IGP – Indicação Geográfica Protegida, cordeiro alimentado desde seu nascimento com leite materno e rações naturais e abatido com idade em torno de 90 dias e peso de carcaça em torno de 12 Kg.

Page 20: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

20 21

Possui 02 fábricas de alimento para o rebanho de ovelhas a ALIMENTOS RUM S.L. que fornece ração aos produtores associados dentro das necessidades nutricionais de cada animal em seus estágios de lactação, crescimento, mantença e reposição, bem como concentrados para cada fase produtiva.

Desenvolve todo um programa de divulgação e marketing para o Ternasco de Aragon, com novos produtos e foco também em crianças, lazer e festas populares.

Possui 09 centros de terminação em toda região de Aragon, onde recebem dos produtores os cordeiros com aproximadamente 16 kg de PV, com 30 a 35 dias de nascido, os cordeiros passaram por um processo de avaliação rigorosa: raça, peso, estrutura de gordura e sexo, onde ajustam aos padrões requeridos pelo mercado e enviados para o abate com no máximo 90 dias e 24 kg de peso vivo, é o cordeiro tipo ternasco, que representa 70% do negócio da cooperativa. São produzidos também outras opções, como o cordeiro de leite que é abatido com menos de 40 dias, o cordeiro semi-pesado, abatido com 28 Kg, mais consumido na Páscoa e o tipo pesado com peso de 15 Kg de carcaça, mais consumido pelos muçulmanos.

Destes centros, com capacidade para 60.000 cordeiros, saem toda semana sete caminhões que os transportam para os abatedouros de Zaragoza, Huesca e Fermel.

Na estrutura de abate a cooperativa são abatidos meio milhão de cordeiros por ano, onde o departamento comercial, em função da demanda, decide o número de cordeiros por categoria que é necessário abater por semana.

A maioria dos cordeiros é abatida no abatedouro de Zaragoza, a estrutura de beneficiamento e preparação das peças está conectada com o abatedouro.

A integração do abatedouro com a sala de preparação e embalagem dos cortes, tem otimizado os resultados de qualidade e adaptação ao processo de mudanças de temperatura dentro das câmaras frias.

Os procedimentos na estrutura de beneficiamento, recebem os animais já abatidos que é classificado por peso, sexo e nível de carcaça, este processo permite separar em lotes homogênios em 10 linhas de beneficiamento, facilitando assim, sua futura transformação e comercialização.

A cada dia, prepararam as diferentes partes do cordeiro, obtendo os produtos finais demandados pelos clientes.

Desta forma, para entrar na etapa dos cortes específicos, as carcaças passaram por um processo de congelamento superficial, desta forma, facilitando um melhor corte de carne.

Depois desta etapa, passam para as diferentes linhas de produção onde posteriormente são colocados em bandejas, segundo peso e tamanho conforme demandado pelo cliente.

Page 21: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

20 21

Esta estrutura de beneficiamento teve sua estruturação e início de funcionamento em 2006, com recursos na ordem de 3,5 milhões de euros, financiados e com incentivos de 25% do Governo de Aragon e do Governo Espanhol.

A embalagem dos produtos é automática, em ambiente que possibilita uma maior conservação e durabilidade, existindo a garantia da cooperativa pela qualidade permanecer intacta durante 09 dias.

Os clientes da cooperativa são 40% supermercados, 40% frigoríficos privados e 20% para exportadores (Itália e França), sendo a Rede EROSKI, responsável por aquisição de 80% da venda destinada a supermercados.

Tem uma linha de produtos, que vão desde peças inteiras, peças cortadas, produtos filetados, cordeiro congelado, sanduíches prontos para esquentar e consumir, serviços de produtos semi-prontos e pratos como o Ternasco al Chilindron, Ternasco a forno com batatas, Ternasco guisado com Alcachofra, entre outros, existindo toda uma rede de restaurantes, bares e lanchonetes associados ao Território Ternasco de Aragón.

A cifra de produtos do grupo esta no patamar de 49 milhões de euros, superando os 6

milhões de quilos de cordeiro por ano. A cooperativa paga entre 6 a 8 euros por kg de carcaça,

ficando o cordeiro a um valor médio de €60,00, onde a cooperativa paga no recebimento do

cordeiro €40,00 a título de adiantamento.

O processo de produção que é realizado pelo OVIARAGON, está fundamentada no

controle de qualidade, segurança alimentar que permite um produto final de qualidade

existindo todo um processo de suporte e formação continuada dos produtores, técnicos e

manipuladores envolvidos.

Page 22: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

22 23

ESTRUTURA DE TERMINAÇÃO

No Centro de Terminação em Calatayud, com uma estrutura de 02 galpões, trabalham 03 funcionários.

Estrutura automatizada, tecnologia tipo granja, utilização de aço galvanizado, galpões em alvenaria com isolante térmico, presença de balança automatizada com selecionador de animais por ganho de peso e descarte (lesões, resposta de ganho de peso e demais problemas de sanidade), piso de cimento, comedouros automatizados com silo e acesso a água através de bicos bebedouros.

Permanente acompanhamento da evolução do ganho de peso dos animais que são avaliados semanalmente 01 a 01 pelos códigos e brincos onde são separados em lotes e conforme evolução no seu desempenho de terminação.

A logística de fornecimento de animais dos produtores fica em um raio de 80 Km de cada centro de terminação. A ração fornecida é produzida em unidade da cooperativa e na sua composição atende as exigências nutricionais dos animais para alcançarem ao peso vivo esperado de 24 kg. Após a avaliação final e classificação, são enviados para o abate.

Page 23: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

22 23

Este peso é obtido com aproximadamente 55 a 60 dias após o recebimento dos animais no núcleo de produção, e ganho de peso diário de 150 g, desta forma gerando um melhor agrupamento e lotes mais homogêneos. As rações fornecidas são de fontes naturais e não é permitido a utilização de antibióticos Existe acompanhamento do veterinário da cooperativa e visitas sanitárias das autoridades da vigilância do território.Nesta estrutura, os animais têm todo seu processo de terminação em confinamento e os resultados de desempenho e mortalidade são sistematicamente acompanhados e avaliados.

ESTRUTURA DE PRODUÇÃO

Dentro da estrutura de suporte de produção ao beneficiamento do rebanho, visitamos a unidade produtiva da família Rosales, são dois irmãos e suas esposas que tocam este empreendimento. Os mesmos possuem apenas oito hectares de terra e arrendaram 1.700 hectares onde criam 1.700 matrizes ovinas - 100% de raça Aragonesa.

A propriedade está situada em uma região árida de Aragon, Alfamen, onde chove apenas 200 mm por ano e temperaturas no verão de 38ºC e 40ºC.

A exploração tem uma etapa extensiva, quando as ovelhas, a pasto, iniciam o processo de reprodução e gestação, a partir de 15 dias antes da parição e durante período de aleitamento dos cordeiros, que nascem em média com 2,0 kg, em regime de confinamento.

O envio dos cordeiros para os núcleos de terminação da cooperativa é aproximadamente com 35 dias de nascidos e 15 Kg de PV.

Em função das condições climáticas a concentração da parição se dá no período de maio/junho, as ovelhas tem 03 partos em 02 anos, sendo que 50% das ovelhas têm partos duplos. A alimentação do rebanho confinado é fornecida pela cooperativa, em média 1 kg de concentrado por cordeiro, os cordeiros ficam divididos em lotes com boxes de 35 m², onde ficam de 60 a 70 cordeiros em cada boxe.

Existe também o apoio da associação com a inseminação artificial, onde com indução ao cio, inseminam aproximadamente 300 matrizes por ano.

Custos de produção: 40% alimentação, 40% mão de obra e 20% com outras despesas. É uma atividade que exige dos casais empreendedores uma dedicação permanente, trabalhando em torno de 12 horas por dia, pois todo manejo é realizado pela família e só contratam mão de obra externa no período de parição, pois o custos são altos, algo em torno de 8 euros por hora, utilizam cachorros treinados tanto para acompanhar no pastoreio dos animais, quando a campo, como para vigiarem as instalações de confinamento.

A idade dos empreendedores nas atividades da ovinocultura está acima dos 40 anos

e os filhos destes empreendedores não demonstram interesse em dar continuidade as

Page 24: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

24 25

atividades agropastoris, apesar dos incentivos da comunidade européia, que paga por cada

animal de raças autóctones que estão sendo protegidas como é o caso da Raça Aragonesa e

dos incentivos para construção de galpões, aquisição de equipamentos para tornar a atividade

cada vez menos dependente de mão de obra.

Pelo fato da Cooperativa ter uma atuação de resultados empresarias, tem um índice de

satisfação dos seus associados positiva, porém não existe necessariamente uma cultura

cooperativista, a dinâmica de negócio e seus resultados é que mantém o grupo integrado em

torno da empresa PASTORES GRUPO COOPERATIVO.

RAÇA SEGUREÑAData: Sábado 05 de Junho de 2010

Localidade: Huescar, Comunidade de Andaluzia.

Foto 1: Vista panorâmica da região de criação de ovinos segureños, vendo-se ao fundo as serras do entorno do Rio Segura, vegetação rasteira

A Comunidade de Andaluzia, no sul da Espanha, possui um rebanho de ovinos superior a 2, 7 milhões de cabeças e corresponde a aproximadamente 11% do rebanho, o que lhe proporciona ser a quinta comunidade autônoma espanhola em número de cabeças. A raça Segureña, segundo o censo de 2009 com 1,5 milhões de cabeças é a raça de maior presença nesta Comunidade e representa 7% do total dos rebanhos de ovinos da Espanha.

Page 25: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

24 25

Na comarca de Huéscar, se concentra cerca de 29 % dos ovinos e cerca de 19% das “explorações”, relativamente ao total da província.

Page 26: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

26 27

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA:

A criação de ovinos Segureños distribui-se pelas províncias de Granada, Jaén, Almeria, Múrcia e Albacete. A esta área geográfica, onde corre o Rio Segura, tem em seu entorno as Serras de Segura e las Villas, Cazorla, la Sagra, Orce e Maria, principalmente, e as Serras de Baza, de los Filabres e de Castril.

São regiões de baixa pluviosidade, cerca de 350-400 mm/ano e mal distribuída ao longo do ano. Essas condições associada à qualidade dos solos fazem com que o período vegetativo dos pastos seja reduzido a uns poucos meses e o esparto� a vegetação predominante nas extensa encostas.

CARACTERÍSTICAS DA RAÇA SEGUREÑA

Origina-se no mesmo tronco que a raça Manchega (Castilla de la Mancha), porém, enquanto a raça Manchega tem dupla aptidão (Carne e Leite) a Segureña caracteriza-se pela produção de carne. Como podem ser vistos nas fotos abaixo, a raça tem variações que incluem a Branca ou comum, a Rubisca e a Mora. Esta última não é reconhecida para registro no Livro Genealógico

Foto 2: Segureño Branco

São qualidades destacadas da raça Segureña sua elevada rusticidade e altos níves produtivos. Sua alta prolificidade, da ordem de 135 – 150 cordeiros por cada 100 partos, associada aos novos sistemas de exploração, como o desmame precoce dos cordeiros, permite que se obtenha até 3 partos em dois anos. Ademais, são animais de boa precocidade sexual, com o primeiro cobrimento ocorrendo em 10 e 12 meses.

A vida útil é relativamente curta, sendo descartadas no entorno dos 7 anos de idade. Em parte, isto se deve à perda prematura dos dentes incisivos, devido ao pasto curto e duro que serve como base de sua alimentação.

Page 27: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

26 27

SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO:

Extensivos� e Semi-extensivos.

GOVERNANÇA SETORIAL E TERRITORIAL

Os criadores de ovinos dessa região estão organizados na ANCOS.

Esta Associacão reúne 370 criadores com uma média de 500 animais por exploração, com cerca de 99% dos animais pertencentes ao tronco racial ovino Segureño, que se destinam a produção de carne e trabalham para a seleção e melhora genética desta raça.

Foto 5: Sede da ANCOS

A ANCOS tem como objetivos:

● Velar pela pureza e seleção da raça ovina segureña; ● Expandir até onde coincide ou aconselha o interesse nacional; ● Promover e gestionar o Livro Genealógico; ● Execução do Esquema de Seleção; ● Organização de Concursos, Exposições e Leilões de Reprodutores; ● Divulgação, Formação e Promoção; ● Conseguir melhorar os níveis de produtividade e rentabilidade das

explorações.

Funções Próprias da ANCOS:

Page 28: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

28 29

● 98 Criadores e 55.531 animais ● Inseminação Artificial com sêmem refrigerado (ferramenta de difusão e

conexão de rebanhos). ● Montas Controladas ● Controle de parideiras ● Controle de Rendimentos: Pesagem de Cordeiros (Nascimento, 30 dias,

Desmame, Venda) ● Avaliação Genética (UCO) ● Publicação do Catálogo de Sementales (5º Catálogo) ● Contraste de Genealogias com análises de DNA (Universidade de Córdoba).

Objetivos da seleção:

1. Melhorar as características produtivas da raçaa em suas condições habituais de exploração;

2. Melhorar a capacidade produtiva individual por ovelha de acordo com os kilos de carne que produz ao longo de sua vida, fator que se encontra influenciado pelo número de cordeiros por parto, do peso e ganhos que estes registram; assim como pela longevidade produtiva da ovelha.

3. Para garantir a consecução destes objetivos gerais, destaca-se uma série de variáveis vinculadas a cada um dos objetivos como critérios de seleção:

● Prolificidade ● Crescimento ● Morfología ● Resistencia a Scrapie

O sistema organizacional dos produtores de ovinos Segureños inclui Centro de Terminação de Cordeiros e uma empresa de comercialização, a COSEGUR - Comercializadora Segureña, S.C.A., responsável pelo abate, beneficiamento e colocação no mercado dos produtos Cordeiro Segureño, que possui Indicação Geográfica Protegida – IGP.

● Ano 2002, 22 criadores, 15.000 ovelhas ● Centro de Tipificação e Terminação ● Abatedouro - Frigorífico ● Venda de carne de cordeiro segureño. ● Atualmente 85 sócios e 50.000 matrizes;

Para garantir o suprimento da Cosegur, em sua capacidade projetada e de mercado existem os Centros de Tipificação e Terminação de Cordeiros:

Page 29: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

28 29

Foto 8: Vista interior do Centro de Terminação de Cordeiros

Foto 9: Área de Classificação do Centro de Terminação de Cordeiros

O Abatedouro-Frigorífico, da COSEGUR, é de propriedade do Município, cuja concessão ocorreu por meio de Edital de Concorrência, ao qual se candidataram empresas de vários portes e cuja decisão a favor da Cosegur deveu-se à sua forma de organização por pertencer a uma Associação de Criadores da Região.

Foto 10: Vista Externa do Abatedouro

Page 30: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

30 31

Foto 11: Vista Interna do Abatedouro

Foto 12: Cortes de Cordeiro Segureño

A certificação de IGP “Cordero de las Serra de Segura y La Sagra”, é parte da estratégia de inserção de mercados, sobretudo nos mercados de Levante e Catalão, por meio da:

● Diferenciação através de uma marca de qualidade; ● Promoção do produto; ● Melhora das condições de comercialização; ● Como mecanismo para se evitar fraude

A zona de produção, abrange:

● 144 Municipios, 5 provincias e 3 Comunidades Autónomas

Page 31: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

30 31

Foto 13: Furgão da Cosegur

Foto 14: Furgões da Cosegur

Page 32: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

32 33

07 de junho de 2010

Localidade Albolote - Comunidade de Andalucía

Região tradicional em exploração intensiva de caprinos para exploração leiteira. A raça Murciano-Granadina representa 90 % do rebanho. São 125 propriedades com efetivo variando de 1000 a 2000 animais.

Centro de Reprodutores da Raça Murciano Granadina

1960 - Início do Serviço de Registro Genealógico

1995 – Início dos trabalhos com Inseminação Artificial

1999 - Início do Programa de Melhoramento Genético

2009 - Publicação do 1º Catálogo de Avaliação Genética. Este primeiro número não teve a procura esperada, entretanto foi grande a procura pela segunda publicação.

A raça apresenta alto índice de fertilidade (monta natural ou I A). É firmado um Termo de Compromisso para o produtor participar do Programa de Melhoramento Genético, através da IA. Com a adesão ao Programa, o custo por matriz inseminada é de E 15,00.

Localidade CasabermejaPropriedade rural de economia familiar

Rebanho de 500 animais, com 300 matrizes em lactação, com produção média de 2,5 litros de leite por animal, ordenha mecânica, uma vez ao dia. A propriedade possui tanque de resfriamento, o que possibilita a entrega do produto a cada dois dias. O manejo é semi-extensivo.

O valor que o produtor recebe por litro de leite (E 0,35), representa 50% do valor pago em junho de 2009, além disso o animal vendido como descarte é muito desvalorizado.

Nome :Cooperativa de beneficiamento e comercialização de leite de cabra

Como exigência da Cooperativa, todos os 150 associados possuem tanque de resfriamento e utilizam ordenha mecânica. A Cooperativa faz a manutenção dos equipamentos de ordenha. Apenas 5% do leite recebido pela Cooperativa é para produção de queijos.

Page 33: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

32 33

Para garantir a qualidade do leite recebido, são coletadas duas amostras de leite na propriedade.

Associação Espanhola de Criadores de Cabra MalagueñaJuan Manoel Micheo Puig – Secretário Executivo

A Associação possui 72 sócios, com um rebanho estimado em 36.000 animais.Em Assembléia, é aprovado a cada 5 anos o Plano Estratégico da entidade.

Este documento é elaborado pelo Secretário Executivo e é um dos requisitos para contratação deste profissional.

Em 1985, foi implantado o Serviço de Registro Genealógico. A entidade administra uma Central de Inseminação Artificial, instalada na própria sede da Associação. Todos os reprodutores em uso pertencem a Associação.

A partir de 2009, comercialização dos produtos é feita através de empresa da própria Associação. A intenção é transformar a empresa numa S/A, ficando a Associação como majoritária.

Serviços realizados pela Associação :

Programa de Melhoramento Genético - Livro Genealógico

Promoção a Comercialização ● Organização de Feiras ● Concurso Nacional ● Feira de Alimentação ● Venda de Kit com cortes especiais

Page 34: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

34 35

Outros serviços ● Assessoria na instalação do criatório de gestão ● Manutenção do sistema de ordenha ● Assistência veterinária

Page 35: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

34 35

RELATÓRIO DE VISITAS TÉCNICA EM MISSÃO INTERNACIONAL - PORTUGAL -

Dia 08/06 - Região do Alentejo, na localidade de Serpa e Beja, visita a criação de ovinos de leite da raça Merino Português, caprinos de leite da raça Campaniça e o processo de produção e fabricação do Queijo de Serpa, na Estação Experimental do Ministério da Agricultura, área com 1.500 hectares.

O período de produção do leite e o processamento de queijos compreendem o período de setembro a junho, com uma produção de 20.000 litros de leite de cabra e 20.000 litros de leite de ovelha. O trabalho é desenvolvido por estudantes da própria escola que exercitam sua profissão através de estágios.

O soro é aproveitado para enriquecer os derivados, o preço por kg do queijo fresco varia de E 7,00 a 8,00 (euros). Testam a qualidade do leite através de equipamentos eletrônicos, utilizam uma planta natural da região chamada Cardo para o processo de coalho do leite.

Como a produção de leite de ovelha é pequena, de apenas 1 litro por ovelha, eles adicionam parte do leite de cabra para dar maior consistência e produtividade. Recentemente adquiriram 40 ovelhas da raça Francês Lacaune para aumentar a produção do leite.

Após a fabricação dos queijos, a produção é depositada em prateleiras e colocada nas câmaras com temperatura na primeira semana de 8 a 9 graus, segunda semana 10 a 11 graus para completar o processo de maturação, e distribuídos para os pontos de venda ao preço de E 15,00 a 16,00 (euros).

A escola também compra leite aos produtores da comunidade, pagando o preço por litro de E 0,50 centavos de euros.

● A estação experimental tem como objetivos a preservação da raça, o método de fabricação do queijo e pesquisa de alimentos para os animais;

● O plantel da raça em Portugal encontra-se com quase 4.000 animais e no centro eles possuem 200;

● No centro eles trabalham com 20 funcionários; ● O queijo produzido no centro é de Denominação de Origem (D.O); ● O cardo utilizado com coalho para o queijo é na proporção de 40 g. para

cada 200 l de leite;

Page 36: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

36 37

● Dificuldades de mão de obra na região, mesmo com o salário de 1 mil euros e participação de 10 % na produção do queijo e da carne.

Relatório do Evento*: 47ª FEIRA NACIONAL DE AGRICULTURA 57ª FEIRA DO RIBATEJO

Local: Santarém (de 5 a 13/06/2010)Centro Nacional de ExposiçõesData da visita: 10/06/2010Contato: Sr. João Castela - Delegado Comercial do Centro Nacional de

Exposições Descrição do Evento: 600 expositores, investimento de 1 milhão de

euros ● Conjugação de feiras para melhorar desempenho (feiras estavam em

descenso no país) ● Estímulo às vendas no local ● Setorização temática ● Capacitação (ciclo de conferências) ● Lazer (shows), gastronomia e promoção ao folclore ● Entrega prêmio nacional vinhos engarrafados

1. Áreas/Stands de Maior Interesse

1.1 - Comunidade Européia

● Desenvolvimento territorial ● Incentivo à produção familiar ● Incentivo à preservação de patrimônio cultural (técnicas produtivas) ● Sustentabilidade ambiental ● Segurança alimentar (sanidade e qualidade dos produtos agrícolas)

Page 37: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

36 37

*Também ocorreram os seguintes eventos: 5ª sala do vinho / Festival nacional do vinho; 3ª sala de alimentação; 4ª sala do azeite – tema: “Prazer de Provar”: “Aqui você vai encontrar um sem número de “produtos da terra”, fazer a degustação desses produtos, participar em provas enogastronômicas (diárias), senhos de cozinha ao vivo, conferências e palestras.”

1.2 - Máquinas e Equipamentos

● Para produção de grãos e feno ● Para produção de azeitona/azeite ● Para produção de uvas/vinhos ● Para produção de leite/laticínios ● Tratores, e outros ● Biogás ● Energia solar ● Captação e tratamento de água ● Captação e tratamento de esgoto

1.3 - Exposição de Raças Autóctones ● Bovinos ● Caprinos ● Ovinos ● Equinos

1.4 - Produtos da Agroindústria ● Queijos ● Azeites ● Vinhos ● Doces ● Massas ● Mel ● Outros (arroz, trigo, etc)

Page 38: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

38 39

1.5 - Produtos Industriais ● Máquinas e equipamentos para agroindústrias ● Construção civil (área rural) ● Couros e peles ● Outros

1.6 - Serviços Públicos e Privados ● Bancos de apoio à agricultura e pesca ● Universidades para ensino tecnológico e pós-graduação ● Combate ao desemprego e promoção a qualificação profissional (destaque

para jovens e empreendedores) ● Promoção à diversidade e identidade cultural dos territórios ● Instituto do Emprego e Formação Profissional

3 modalidades: Cursos de aprendizagem

Cursos de educação e formação para jovens

Cursos de especialização tecnológica

● Pós-graduação ISLA ● www.unisla.pt

● Escola Superior Agrária de Santarém ● Ministério de Economia e de Inovação ● Plano nacional de ação para a eficiência energética ● ADENE: Agência para a Energia

2. AnáliseJosé Eduardo CarvalhoPresidente da NERSANT (Associação Empresarial da Região de Santarém)

“As feiras são um produto em declínio. A realização em conjunto com a Feira Nacional de Agricultura é uma adequação conjuntural e uma tentativa de reinventar a sua venda. Comer bem. É a maior expressão desde 2002.”

“É a pior crise desde 1974. Face á dimensão desta recessão, falar de constrangimentos regionais, acessibilidade, etc, é falar de coisas menores. Os menores problemas das empresas são outros, não os de incidência local.”

“O setor mais segmentado é agrícola, não apenas máquinas e equipamentos mas também serviços.”

Sr. Vasco Gracias - Diretor geral do CNEMA (Centro Nacional de Exposição e Mercados Agrícolas)

“Os visitantes vêem para ver a feira e não para ver os espetáculos. (xxx) o salão da alimentação também tem ajudado a aumentar o número de visitantes porque introduz um conjunto muito alargado de produtores com produtos que as pessoas normalmente não encontram nos supermercados.”

Page 39: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

38 39

“Os conceitos são mais um motivo. As pessoas acabam é por optar pelo dia em razão do espetáculo dessa noite.” Patrocínios viabilizam o cachê dos shows.

Região de Serra da Estrela

Localidades de Canas do Senhorim e Oliveira do Hospital.

Criadores de ovinos Serra da Estrela e Produtores do Queijo Serra da Estrela (DOP).

Senhor João Lameira e Senhora Paula

3.200 Km2 – 18 municípios – 10 na totalidade

Cerca de 100.000 animais, sendo 60.000 Ovelhas e 40.000 Caprinos e outras raças; 90% do efetivo (Preta e Branca); 20.000 no Caderno Genealógico.

Requeijão. Manteiga feita a partir do soro. Requeijão light + Experimentos.Período reprodutivo: Julho-OutubroProdução de doces + Mel (Apicultura)1ª. Associação do País: 1981. 1/3 Superior do Rio Mondego. DOP + Indicação

Geográfica. Muitas queijarias;

Page 40: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

40 41

● Há uma grande indústria que adquire grande quantidade de leite e produz queijos com a marca “Serra da Estrela”;

● Coagulação feita com CARDO; ● Até 1997, deslocamento de animais (Transhumancia); ● Planta Cervum – Nardus Trictae. Comprometimento sanitário. Produção de

queijos de pasta ????... grande semelhança com queijos de outras regiões. SERPA. Preços: € 15/kg; Serra da Estrela: € 20 a 22/kg – Requeijão vendido á porta (ricota)

● Rendimento: 4,5 a 6 l/kg. Leite cru inteiro leite + cardo + sal ● animais iam a zona alta no período de verão. Ruminantes não competem

em alimentos com humanos;

288 queijarias licenciadas: média elevada. Regras Elevadas impedem boa parte das atividades. Segurança alimentar. Gestão de Risco sem a elevação

Lactação: 210 diasMédia: 40 a 100Média de produção de leite: 2 ordenhas 1,2 l/diaDescarte: venda para abateA partir de março desaparece a necessidade de suplementaçãoChuvas: Nov, Dez, Jan

Marca no queito à registra a data45 dias à até 4 meses mercadoHá uma geração nova entre 30 e 40 anosTodos os demais > 50 anos

Leite: 1,05 à 1,10 €/l: 1ª. Cura 7 a 9 ⁰C e umidade: 70 a 80%2ª. Cura 9 a 12 ⁰C e umidade 85%

Queijo não certificado!

Page 41: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

40 41

Historial da Associação.A ANCOSE foi constituída em 6 de Novembro de 1981, por um grupo de

criadores de ovinos da raça autóctone Serra da Estrela , e teve como principal objectivo, o melhoramento genético e a defesa da raça. Entre 1981 e 1986, a ANCOSE assegurou em parceria com os serviços oficiais e o Parque Natural da Serra da Estrela, a execução do contraste leiteiro, tendo então sido alargado a vários concelhos do solar da Raça Ovina Serra da Estrela. Após 1986, a ANCOSE passou a assumir integralmente o contraste leiteiro, e abrange todos os concelhos do solar da raça.

Em 1984, a ANCOSE é nomeada como entidade gestora do livro genealógico da raça ovina Serra da Estrela, sendo até hoje, fiel depositária deste livro, contando com 267 produtores aderentes. Em 1990, é instalado na ANCOSE, o centro de testagem de reprodutores masculinos, dando-se inicio à experiência de inseminação artificial em ovinos Serra da Estrela. É ainda em 1990, que o núcleo de ovinos Serra da Estrela, representa Portugal na prestigiada feira internacional de Paris, onde compete com outras etnias meditterrânicas de aptidão leiteira. Em 1984, é elaborado o programa de melhoramento da raça ovina Serra da Estrela, estando neste documento descritos quais os objectivos a atingir no melhoramento desta raça. Em 1997, foi criada na ANCOSE, uma oficina/queijaria, destinada ao fabrico experimental e demonstrativo do queijo Serra da Estrela. A criação desta oficina permitiu que se estabelecessem estudos em parceria com estabelecimentos de ensino superior, sobre leite e cardo.

Prestação de Serviços/ Apoio Técnico

Melhoramento animal, onde se incluem: Constrate leiteiro, Centro de testagem de machos, Indução e sincronização de cios, Inseminação artifical e Diagnóstico de gestação. Sanidade: Organização de produtores pecuários. Secção de Gestão, com os seguintes serviços: Contabilidade fiscal e contabilidade de gestão. Sessão de comercialização, dos seguintes produtos: Queijo Serra da Estrela, Queijo de ovelha curado, diversos - material de queijarias, sementes para prados, desinfectantes. Oficina Técnológica - Queijaria: Apoio técnico especializado e contraste qualitativo. Departamento de apoio técnico em: SNIRB, candidaturas INGA/IFAP, projectos de investimento, serviço de tosquia, apoio jurídico, publicações e planeamento. Formação profissional.

Page 42: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

42 43

Visita a criadores de Caprinos da raça Serrana

● Localidade: Região de Trás-os-Montes – Mirandela – Portugal ● Visita Técnica: 11/06 ● Objetivo: Visitar sistemas produtivos do Cabrito Mamão e processo de

industrialização de queijos, ambos certificados com DOP – Denominação de Origem Protegida

● Localidade: Região de Trás-os-Montes – Mirandela – Portugal ● Raça: Caprino Serrana

Associação Nacional de Caprinocultores de Cabra Serrana - ANCRAS

No dia 11.06 do corrente ano fomos recepcionados por Fernando Pinto

secretario executivo da ANCRAS que fez uma breve abordagem sobre o trabalho da Associação. A ANCRAS fundada em 1990 em Mirandela com participação de 11 caprinocultores tendo como objetivo a promoção e divulgação dos produtos caprinos serranos e contribuir para o melhoramento genético da raça caprina Serrana. Atualmente conta com 200 criadores, onde aproximadamente 140 estão situados na região de Mirandela.

Page 43: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

42 43

A ANCRAS realiza o registro zootécnico e é detentora do Livro Genealógico da raça Serrana desde outubro de 1992. Em 1994 recebeu o Premio de melhor Experiência em Associativismo Agrário, no âmbito da semana verde da Galiza, aprovando no mesmo ano, o Programa de Seleção e Melhoramento Genético da raça Serrana.

A ANCRAS deu todo apoio à criação da Cooperativa de Produtores de Leite da Cabra Serrana - LEICRAS, que produz o queijo Transmontano sendo o principal produto da cooperativa, bem como da Cooperativa de Cabrito da Raça Serrana - CAPRISERRA, que tem como produto principal o Cabrito Mamão.

Dentre as principais atividades da ANCRAS merecem destaque: Programa de Seleção e Melhoramento Genético da Raça Caprina Serrana; Aumento da Eficiência do Controle Leiteiro, de forma a atingir uma base de seleção de 22.000 fêmeas controladas, Controle e Certificação da DOP do Queijo de Cabra Serrano Transmontano e Controle e Certificação DPO do Cabrito Serrano Transmontano, Cursos de Formação Profissional e Apoio Técnico com a finalidade de promover a melhoria das condições de manejo das cabras Serranas. Outro papel importante da associação refere-se a sua atuação como organismo reivindicador na defesa dos direitos dos seus associados e da caprinocultura colaborando no desenvolvimento de projetos científicos com várias entidades nacionais e internacionais.

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A RAÇA.

A raça caprina Serrana tem desempenhado um papel importante na fixação das populações do meio rural em algumas regiões de Portugal. Essas regiões se caracterizam por pequenas parcelas, de difícil mecanização, solos de fraca aptidão agrícola ou uso exclusivo de floresta.

A origem da cabra Serrana é de difícil determinação. Atualmente se aceita que a raça seja originária da Serra da Estrela e proceda da Capra pyrenaica, pertencente ao tronco Europeu. A raça Serrana evolui para quatro ecotipos: Transmontano, Jarmelista, Serra e o Ribatejano.

Das raças caprinas portuguesas a raça Serrana é a mais representativa, constituindo aproximadamente 45% do efetivo caprino nacional. Segundo a ANCRAS existe um efetivo de 19.000 cabras Serranas, sendo que cerca de 16.000 cabras estão

Page 44: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

44 45

inscritas no Livro Genealógico e 3.000 sem registro, distribuídas em 242 unidades produtivas.

Com relação às características reprodutivas e o modo de exploração da raça Serrana, na região de Trás-os-Monte se caracteriza por ser um sistema produtivo extensivo tradicional, não havendo estação de monta controlada e os partos ocorrem ao longo do ano. No período de inverno os animais podem ser estabulados em apriscos construídos por pedras ou alvenaria onde são fornecidos feno, restos culturais e sais minerais.

Na região de Trás-os-Monte associados à ANCRAS tem dois produtos com certificação DOP - Denominação de Origem Protegida: o Cabrito Transmontano e o Queijo Transmontano.

CABRITO TRANSMONTANO

O Cabrito Transmontano é um produto com DOP regulamentado pelas Comissões das Comunidades Européias e tem como entidade gestora a Cooperativa de Produtores de Cabrito da Raça Serrana – CAPRISERRA que conta atualmente com cerca de 40 sócios, e a SATIVA organização de direito privado responsável pelo controle e certificação.

Visita TécnicaProdutores: Mário Braz e SoledadeLocal: Trás-os-Monte - Mirandela

Page 45: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

44 45

Em visita ao estabelecimento rural pertencente ao senhor Mário Braz e a senhora Soledade que possuem um rebanho de 180 matrizes, sendo 130 em lactação produzindo aproximadamente 120 litros/dia em uma única ordenha. O sistema de exploração é extensivo, não utilizando estação de monta controlada. Os partos ocorrem ao longo do ano com uma média de 3 partos em 2 anos, sendo os cabritos alimentados exclusivamente com o leite materno durante 6 a 8 semanas, com um rendimento de carcaça de 60%, atingindo desta forma, o peso de carcaça de 5 a 6 kg.

O Cabrito Transmontano apresenta-se no mercado de carcaças refrigeradas obtidas a partir de animais machos ou fêmeas da raça Serrana é comercializado com a CAPRISERRA ao preço de 8,73 euros/kg que repassado para o consumidor em torno de 12 a 14 euros com DOP. Ainda existe uma comercialização de forma clandestina, sem DOP que é pago ao produtor em torno de 10 euros. Os animais são abatidos com idades compreendidas de 45 a 60 dias, com peso de carcaça entre 5 e 7 kg.

A comercialização, normalmente é feita com a CAPRISERRA e ocorre ao longo do ano abrangendo, notadamente, as épocas festivas da Páscoa, festas populares de imigração em agosto/setembro e o Natal. Vale ressaltar que o cabrito Transmontano, segundo o secretario executivo da ANCRAS é o único da Europa que a certificação de Denominação de Origem Protegida.

Visita TécnicaProdutor: FirminoLocal: Trás-os-Monte - Mirandela

Em outra visita ao estabelecimento rural do Senhor Firmino que também é vice-presidente da ANCRAS e possui um rebanho de 120 matrizes, sendo 87 em lactação, onde destas 40 estão recém paridas e amamentando cerca de 70 cabritos para serem comercializados (cabrito mamão). Este rebanho não participa das cooperativas nem da certificação de DOP. Foi ainda informado um índice considerado alto de mortalidade dos cabritos, em torno de 20%. Após a apartação dos cabritos as matrizes entram na ordenha por mais 3 a 4 meses produzindo aproximadamente 1 litro/dia. O sistema de exploração é semelhante ao do senhor Mário Bras, ou seja, em ordenha manual e uma vez ao dia, com sistema extensivo de exploração utilizando pouca inseminação

Page 46: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

46 47

artificial, via de regra, trabalha com estação de monta natural, para tanto, conta com 3 reprodutores para fazer coberturas de suas matrizes.

Normalmente as matrizes descartes não têm valor comercial, quando muito se consegue comercializá-las por 25 euros.

Visita TécnicaLEICRASLocal: Mirandela

QUEIJO TRANSMONTANO

Queijo Transmontano: Produto DOP regulamentado pela CE nº 1263/96 pelas Comissões das Comunidades Européias.

Em visita a LEICRAS, uma das unidades de produção responsável pelo processo de produção e comercialização do queijo Transmontano, conhecemos o processo de fabricação em todas as suas etapas, desde a sala de recepção do leite, passando pela prensagem, salga, processo de maturação e expedição. Como resultado deste processo surge um queijo de textura dura, fabricado a partir de leite cru, com um tempo de cura de no mínimo de 60 dias a 10°C com 85% de umidade, apresentando um diâmetro de 12 a 19 cm e altura de 3 a 6 com um peso que varia de 0,6 a 0,9 kg.

A unidade de produção visitada tem uma capacidade instalada para receber 2.000 litros de leite de cabra/dia com uma taxa de conversão de 7,0 a 7,5 litros de leite para fabricar um 1 kg de queijo, podendo essa taxa diminuir até 5,0 litros no período do inverno.

Page 47: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

46 47

Sessenta produtores fornecem leite para a cooperativa, que processa o leite de segunda a sexta feira, com captação a cada 2 dias, sendo a produção diária armazenada em tanques de resfriamentos.

A comercialização é feita com a LEICRAS e ocorre ao longo do ano abrangendo a região de Mirandela com 40% da produção e o restante sendo comercializado para fora da região e até mesmo para fora do País, notadamente, tendo como principais produtos o queijo de cabra Transmontano, a Ricota e o Queijo fresco.

Observações Sobre a Visita a Região de Trás-os-Montes

● Forma cultural e artesanal de produção das cabras Serranas na Região Trás-os-Montes;

● Destaque para a produção do cabrito mamão, abatido aos 60 dias com 5 kg de carcaça;

● Importância da associação da raça na formação da cadeia produtiva, desde a seleção dos reprodutores a serem utilizados até a comercialização dos produtos com certificação DOP;

● Importância dada por todos os envolvidos, a preservação da raça nativa que criam;

● Aproveitamento do restante da lactação, após desmame, com ordenha para produção do Queijo Transmontano com certificação DOP;

● Aproveitamento de outros produtos menos valorizados como requeijão, ricota, queijo fresco, etc.Forma de criação não tão eficiente com alta mortalidade dos cabritos e com manejo sanitário a desejar;

● Ainda existe resistência quanto à participação dos criadores nas cooperativas para certificação dos produtos, uma vez que vendem os produtos um pouco mais valorizados diretamente na comunidade, embora que não tenham regularidade nem a mesma qualidade;

● Boa apresentação dos produtos, com valorização dos mesmos.

Page 48: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

48 49

COMENTÁRIOS FINAIS E LIÇÕES APRENDIDAS NA MISSÃO.

1. As espécies caprina e ovina desempenham um papel fundamental nos aspectos sociais, culturais, econômicos e ambientais na grande marioria das Comunidades Autônomas sendo em várias delas a principal atividade pecuária.

2. As cadeias produtivas da carne e do leite destas espécies existem, estão estruturadas, têm integração vertical e horizontal necessárias para lhes dar sustentabilidade e, possibilitaram que mesmo com as reduções significativas, principalmente das existências de ovinos, os setores continúem apropriando tecnologias para que a transição ao agronegócio seja mais rápida e menos traumática.

3. Os trabalhos de caracterização fenotípica-produtiva, genética e dos produtos das raças nativas, somado ao apelo regionalista que notadamente se manifesta na defesa das mesmas pela integração que as mesmas têm nos aspectos históricos e culturais dessas regiões, têm possibiliotado a conservação produtiva e não meramente principista e filosófica, têm feito das raças nativas de caprinos e ovinos a mola mestre das produções de carnes e leite destas espécies.

4. A conservação produtiva das raças nativas deve-se ao trabalho dos criadores com o apóio estruturante do marco político comunitário – regional- nacional e da União Européia que no caso da Espanha é coordenado nacionalmente pelas políticas do Ministério do Medio Ambiente, Medio Rural e Marino.

5. De fundamental importância é a ação das Associações de Criadores de Raças Puras. Estas associações não se limitam às atividades do Registro Genealógico e organização /participação de exposições agropecuárias. As atividades que fazem a diferença e têm possibilitado o desenvolvimento qualificado e sustentável são as técnico-científicas como o controle leiteiro, a genotipagem para identificação de paternidade, a coordenação executiva dos programas de avaliações genéticas e os controles reprodutivos dando preferencia aos machos selecionados pelos respectivos programas com maiores valores genéticos.

6. A valorização dos produtos dessas raças se faz com processos produtivos com qualidade controlada, e com estratégias de marketing que promovem as qualidades únicas desses produtos caracterizando a raça, a região e

Page 49: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

48 49

aspectos de manejo que leva a que possam receber os selos de qualidade como os IGP e DOP.

7. A importancia que o surgimento desses selos de qualidade é reconhecida por todos os setores como determinantes da valorização comercial no ambito comunitário desses produtos.

8. As associações de criadores de todas as raças puras, independente de espécies, têm a coordinação geral das ações sob a responsabilidade representativa da Federação das Associações de Raças Puras – FEAGAS –. Isto gera uma instancia que pela sinergia dos interesses comuns das associações que a integram, potencializa a “força” de cada uma com benefícios para todos os setores de cada espécie. A representatividade de FEAGAS é nacional e na união européia (EU) em instituições que têm a prioridade na conservação e valorização das raças nativas.

9. Um elo de apóio estruturante às cadeias produtivas e comerciais são Centros Regionais de Seleção e Reprodução Animal – CERSYRA- que foram dependências do Ministério da Agricultura e que faz mais de vinte anos são de responsabilidade das Comunidades Autônomas. Esses Centros Coordenam têm a missão de unir os elos entre a avaliação genética – esquemas de melhoramento e a multiplicação e distribuição dos germoplasmas superiores geneticamente. Essa ação com uma coordenação única possibilita que a inseminação e a geração de embriões seja realmente uma “ferramenta” fundamental dos programas de melhoramento já que realmente se socializa a genética superior. Além disso, os CERSYRAs possuim a infraestrutura para apoiar às associações de criadores com os laboratórios de qualidade do leite, os de genética (controle de paternidade, bancos de germoplasma, seleção genética do scrapie, caracterização genética das raças nativas e localização de QTLs. Os CERSYRA são estruturas diferenciais e fundamentais para a união organizada dos elos dos criadores as associações e a indústria constribuindo decissivamente para o melhoramento genético com bases científicas e de forma armônica e padronizada possibilitando a homogeneização dos produtos finais.

10. Surgem com clara evidência as vantagens para a organização e padronização da produção da especialização dos produtores e/ou estruturas macro (cooperativas ou indústrias) em cada etapa do ciclo produtivo. Nos processos que mostram sucesso com sustentabilidade a grande maioria dos produtores se dedicam a produzir as crias e manejar as mesmas até determinada idade/peso. Posteriormente essas crias são conduzidas ao centros de “nivelamento ou homogeneização” que pertencem ás associações indústrias ou cooperativas onde os animais são manejados até um determinado peso que é demandado pela indústria e que varía nas diferentes épocas do ano. Estes centros são também uma “figura” estruturante e referencial do processo que “integra” a produção e as indústrias de transformação possibilitando a “especialização” dos

Page 50: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

50 51

produtores. Mostra-se assim que o tradicional “ciclo completo” não é para a grande maioria dos produtores a melhor alternativa para os processos com moldes empresariais do agronegócio.

11. Um fator preponderante para que as carnes de ovinos e caprinos tenham maior aceitação em ambientes urbanos ou seja naqueles onde os consumidores nem sempre são levados pelo tradicionalismo e sim pela qualidade e preço da oferta é a marcada preferença dos consumidores por animais extremamente novos- Boa parte do mercado tem aumentado significativamente nos últimos anos a ênfase aos animais criados exclusivamente com leites ou substitutos cordeiros e cabritos “mamões”. Ciclos curtos de produção favorecem a rentabilidade e o processo reprodutivo das fêmeas de cria. Isto tem aumentado a competitividade das carnes de ovinos e caprinos em todas as faixas etárias e clases sociais.

12. Em 1998 começou um processo de formação de bases de dados genealógicos, produtivos e comerciais que foi determinante de mudanças estruturais da produção de pequenos ruminantes na Espanha, paralelamente em outros países da União Européia e que atualmente é adotado com carater de obrigatório por todos os países da EU. A utilização da tecnologia da radio frequencia para realizar a identificação eletrônica através de bolos ruminais, brincos e pulseiras eletrônicas estabeleceu um marco divisor. Passou-se a ter dados confiáveis, únicos, que dificultam a fraude e que chegam em tempo real à base central de dados e ás instituições públicas (ministérios, centros de ensino e pesquisa) e/ou privadas (associações de criadores, cooperativas, indústria frigorífica). Esta tecnologia permite que as atividades técnicas e de gestão dos estabelecimentos bem como das associeções de classes sejam realizadas com a certeza que a identificação do animal é única e que registra com confiabilidade as etapas zootécnicas da vida de um determinado animal.

13. A tecnologia da radio frequencia potencializou as ações que vinham sendo realizadas para formalizar as atividades da rastreabilidade de animais e aumentou o espectro de ação ao viabilizar a incorporação dos dados até o consumidor final já que a identificação e as informações passaram a ser transferidas ás carcaças e cortes comerciais. Dessa forma a rastreabilidade é atualmente um selo de segurança alimentar e não somente de orígem e manejo do produto. Produtos com rastreabilidade têm na Espanha e no mundo valor agregado que é reconhecido e premiado com valores superiores.

Page 51: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

50 51

Considerações Finais.

É sabido que nas épocas de crises mais que possível é imprescindível inovar, investir e avaliar rumos.

Assim, todos os integrantes das cadeias produtivas da caprino-ovinocultura espanhola procuram estreitar as ações como forma de potencializar suas fortalezas e diminuir as deficiências e ameaças como forma de poder estar melhor preparados para aproveitar das melhores formas possíveis as oportunidades que os mercados possam oferecer.

Os exemplos das integrações verticais entre setores e horizontais entre setores que estão tendo sucesso com sustentabilidade estão sinalizando os possíveis caminhos a seguir.

O Brasil tem capacidade instalada de recursos humanos, físicos e um acervo invejável de conhecimentos e tecnologias geradas para os diferentes ambientes que o país apesenta e que na grande maioria das vezes são desconhecidas ou sub-utilizadas pelos beneficiários finais ou seja os criadores.

As deficiências existentes na transferência e apropriação desses conhecimentos são um dos tantos entraves a vencer. A quebra de paradigmas e a necessidade de analisar estes setores de forma holística é imprescindível para avançar de forma sustentável e ágil.

Não se teve o objetivo de ir a procurar alternativas nem modelos para “copiar e colar” e sim estimular a reflexão e desafiar aos técnicos e lideranças na busca de novos caminhos que possibilitem que a caprino-ovinocultura brasileira,especialmente a nordestina, faça definitivamente a transição de setor “potencial” a setor atualizado, profissional, competitivo e sustentável.

Tem muitos e marcantes exemplos da caprino-ovinocultura espanhola que podem rapidamente ser adaptados às nossas realidades ambientais e dessa forma dar significativas contribuições às cadeias produtivas destas espécies.

Assim como todas as atividades encarregadas de produzir alimentos a caprino-ovinocultura entre outras missões tem a de a suprir as necessidades de proteína animal de qualidade de uma população crescente, exigente e consciente de seus direitos de consumidor.

Fazer isto tornar-se realidade com abrangência e que tenha impactos sociais é um desafio PARA TODOS. ;

Page 52: projeto de desenvolvimento sustentável da ovinocaprinocultura do

52

projeto aprisco nordeste