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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: PROPOSIÇÃO DE UM MODELO DE GESTÃO E ORGANIZAÇÃO Nilson Jair Bolgenhagen Porto Alegre , 2003

Projeto de Engenharia Mecânica

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

    MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA

    O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: PROPOSIO DE UM MODELO DE

    GESTO E ORGANIZAO

    Nilson Jair Bolgenhagen

    Porto Alegre , 2003

  • ii

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

    MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA

    O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: PROPOSIO DE UM MODELO DE GESTO E ORGANIZAO

    Nilson Jair Bolgenhagen

    Orientador: Professor Dr. Jos Luis Duarte Ribeiro

    Banca Examinadora:

    Prof. Dra. Carla Ten Caten

    Prof. Dr. Vilson Joo Batista

    Prof. Dr. Jos Antnio Esmerio Mazzaferro

    Trabalho de Concluso do Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia, apresentado como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre

    em Engenharia modalidade Profissionalizante, nfase Engenharia de Produo: Qualidade e Desenvolvimento de Produto e Processo

    Porto Alegre, 2003

  • iii

    Esta dissertao foi analisada e julgada adequada para a obteno do ttulo de mestre em ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo orientador e pelo

    coordenador do Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    __________________________________ Prof. Dr. Jos Luis Duarte Ribeiro Orientador Mestrado Profissionalizante em Engenharia __________________________________ Profa. Dra Helena Bettela Cybis Coordenadora Mestrado Profissionalizante em Engenharia

    BANCA EXAMINADORA Prof. Dra. Carla Ten Caten PPGEP/UFRGS Prof. Dr. Vilson Joo Batista DEMEC/EE/UFRGS Prof. Dr. Jos Antnio Esmerio Mazzaferro DEMEC/EE/UFRGS

  • iv

    Este trabalho dedicado ao meu filho Joo Filipe e minha esposa Letcia.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Ao professor e orientador doutor Jos Luis Duarte Ribeiro, que atravs de sua

    solicitude viabilizou a realizao deste trabalho, agradeo a sua orientao sbia e

    dedicada.

    Aos professores e colegas do Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia,

    pela oportunidade da convivncia de momentos agradveis e profcuos.

    minha esposa Letcia, a grande incentivadora e exemplo para a concluso desta

    jornada.

  • vi

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................................. viii LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................................................ix LISTA DE QUADROS ................................................................................................................................................. x RESUMO.....................................................................................................................................................................xi ABSTRACT ................................................................................................................................................................xii

    1 INTRODUO ............................................................................................................................ 13 1.1 COMENTRIOS INICIAIS............................................................................................................ 13 1.2 TEMA E OBJETIVOS ................................................................................................................. 17

    1.2.1 Tema ............................................................................................................................. 17 1.2.2 Objetivos ....................................................................................................................... 17

    1.3 JUSTIFICATIVA DO TEMA E OBJETIVOS. ..................................................................................... 17 1.4 METODOLOGIA ....................................................................................................................... 19 1.5 ESTRUTURA ........................................................................................................................... 20 1.6 LIMITAES............................................................................................................................ 21

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ....................................................................................................... 22 2.1 GESTO DO PDP.................................................................................................................... 22

    2.1.1 Desenvolvimento de Produtos como Processo de Negcio .......................................... 22 2.1.2 O Desenvolvimento de Produtos como fator de crescimento ........................................ 23 2.1.3 O Mecanismo da Inovao............................................................................................ 24 2.1.4 Estratgias de inovao de produtos ............................................................................ 25 2.1.5 Gerenciamento do Portflio de Produtos....................................................................... 28 2.1.6 Fatores de Sucesso dos Novos Produtos...................................................................... 29 2.1.7 Otimizao do PDP ....................................................................................................... 30

    2.2 ORGANIZAO DO PDP........................................................................................................... 31 2.2.1 Modelos e formas de Organizao do PDP................................................................... 31

    2.2.1.1 Modelos de PDP....................................................................................................................... 31 2.2.1.2 Desenvolvimento Integrado de Produtos ................................................................................. 33 2.2.1.3 Engenharia Concorrente........................................................................................................... 35 2.2.1.4 Times multifuncionais ............................................................................................................... 36

    2.2.2 Projeto do Produto ........................................................................................................ 39 2.2.2.1 O Processo de Soluo de Problemas .................................................................................... 39 2.2.2.2 Planejamento do Produto ......................................................................................................... 41 2.2.2.3 Projeto Conceitual..................................................................................................................... 46 2.2.2.4 Projeto Detalhado ..................................................................................................................... 47 2.2.2.5 Testes do Produto..................................................................................................................... 49

    2.2.3 Controle e avaliao do PDP......................................................................................... 50 2.3 FERRAMENTAS DO PDP .......................................................................................................... 53

    2.3.1 QFD............................................................................................................................... 53 2.3.2 Anlise de Valor ............................................................................................................ 56 2.3.3 DFM/DFA ...................................................................................................................... 57 2.3.4 FMEA ............................................................................................................................ 58 2.3.5 Engenharia Reversa...................................................................................................... 60 2.3.6 Stage Gates .................................................................................................................. 61

    3 DIAGNSTICO DO PDP E PROPOSTA DE REESTRUTURAO........................................... 64 3.1 APRESENTAO DA EMPRESA ................................................................................................. 64

    3.1.1 Histrico ........................................................................................................................ 64 3.1.2 Estrutura Tcnico-Comercial ......................................................................................... 65

    3.2 FORMA ATUAL DE EXECUO DO PDP...................................................................................... 66 3.2.1 Atividades da Engenharia de Aplicao ........................................................................ 66 3.2.2 Atividades da Engenharia de Produto .......................................................................... 67 3.2.3 Atividades do setor de Eltrica e Automao ................................................................ 69 3.2.4 Atividades da Engenharia de Processos ....................................................................... 69

    3.3 DEFICINCIAS DO MODELO ATUAL DE PDP............................................................................... 70 3.3.1 Deficincias relativas gesto do PDP......................................................................... 70 3.3.2 Deficincias relativas organizao do DPD ................................................................ 72

  • vii

    3.4 MODELO PROPOSTO............................................................................................................... 73 3.4.1 Modelo Proposto Para a Gesto do PDP ...................................................................... 73

    3.4.1.1 Mapeamento e monitorao do mercado................................................................................. 74 3.4.1.2 Estratgias de Mercado e de Tecnologia................................................................................. 76 3.4.1.3 Gerenciamento do Portflio de Produtos ................................................................................. 77

    3.4.2 Modelo Proposto Para a Organizao do PDP.............................................................. 78 3.4.2.1 Engenharia de Aplicao.......................................................................................................... 79 3.4.2.2 Desenvolvimento de Produtos.................................................................................................. 79

    3.4.3 Modelo Proposto para o Projeto do Produto.................................................................. 80 3.4.3.1 Identificao da Qualidade Demandada .................................................................................. 80 3.4.3.2 Gerao do Conceito................................................................................................................ 82 3.4.3.3 Avaliao do Conceito .............................................................................................................. 83 3.4.3.4 Projeto Detalhado ..................................................................................................................... 84 3.4.3.5 Avaliao do Projeto................................................................................................................. 85 3.4.3.6 Testes do Produto..................................................................................................................... 85 3.4.3.7 Avaliao do Produto................................................................................................................ 86

    3.4.4 A Mecnica do Projeto do Produto ................................................................................ 86 3.4.5 O Controle do PDP........................................................................................................ 89

    3.5 COMO O MODELO IR RESOLVER AS DEFICINCIAS ATUAIS ....................................................... 89 3.6 AS LIMITAES DO MODELO.................................................................................................... 91

    4 PLANEJAMENTO DA IMPLANTAO DO MODELO PROPOSTO.......................................... 92 4.1 ASPECTOS RELEVANTES NAS MUDANAS DOS PROCESSOS DE NEGCIO ................................... 92 4.2 ATIVIDADES DE IMPLANTAO.................................................................................................. 95

    4.2.1 Atividades de Suporte ................................................................................................... 95 4.2.1.1 Lanamento do Novo PDP ....................................................................................................... 95 4.2.1.2 Treinamento em conceitos bsicos.......................................................................................... 96 4.2.1.3 Avaliao dos recursos necessrios ........................................................................................ 97 4.2.1.4 Formalizao do PDP............................................................................................................... 97 4.2.1.5 Avaliao do Processo de Implantao ................................................................................... 97

    4.2.2 Atividades Diretas ......................................................................................................... 98 4.2.2.1 Reviso do Planejamento Estratgico ..................................................................................... 98 4.2.2.2 Definio e formalizao das estratgias de mercado e tecnologia ....................................... 98 4.2.2.3 Planejamento do Portflio de Produtos.................................................................................... 99 4.2.2.4 Formao dos Times de Projetos............................................................................................. 99 4.2.2.5 Desenvolvimento dos Projetos ............................................................................................... 100

    4.3 PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES ........................................................................................... 100 4.3.1 Tarefas envolvidas no desenvolvimento das atividades de implantao ..................... 100 4.3.2 Responsabilidades na execuo das tarefas .............................................................. 102 4.3.3 Discusso da possibilidade de sucesso da implantao ............................................. 103

    5 COMENTRIOS FINAIS ........................................................................................................... 105 5.1 CONCLUSES....................................................................................................................... 105 5.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................................ 107

    BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................ 108 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS......................................................................................................... 108

    ANEXOS .......................................................................................................................................... 111

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 O MECANISMO DA INOVAO ............................................................................................... 23

    FIGURA 2 - FUNCIONAMENTO INTERNO DO MECANISMO DA INOVAO ...................................................... 24

    FIGURA 3 - FRAMEWORK DA ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO............................................................. 26

    FIGURA 4 - O PROCESSO DE GERENCIAMENTO DO PORTFLIO DE PRODUTOS .......................................... 27

    FIGURA 5 - MODELO REFERENCIAL PROPOSTO PARA ESTRUTURAO DO PDP......................................... 32

    FIGURA 6 - O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE PRODUTOS.................................................................. 34

    FIGURA 7 - ESTRUTURA DE TIME DE PROJETO DO TIPO "PESO-PESADO"................................................... 38

    FIGURA 8 - O CICLO PROJETO-CONSTRUO-TESTE NO PROCESSO DE SOLUO DE PROBLEMAS ............ 39

    FIGURA 9 - PASSOS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E PROJETO DO PRODUTO ..................................... 43

    FIGURA 10 - O PROCESSO DO PROJETO MECNICO................................................................................ 44

    FIGURA 11 - PROPOSTA DE METODOLOGIA DE PROJETO ......................................................................... 45

    FIGURA 12 - PASSOS DO PROJETO DETALHADO...................................................................................... 48

    FIGURA 13 - TIPOLOGIA DAS ESTRATGIAS DE PROJETOS........................................................................ 51

    FIGURA 14 - MTRICAS RECOMENDADAS POR ESTRATGIA DE PROJETO.................................................. 52

    FIGURA 15 - MODELO CONCEITUAL DE QFD PARA A MANUFATURA .......................................................... 54

    FIGURA 16 - ENGENHARIA REVERSA ...................................................................................................... 60

    FIGURA 17 - O PROCESSO DE STAGE-GATES ......................................................................................... 62

    FIGURA 18 - O PROCESSO DE TOMADA DE DECISO ............................................................................... 63

    FIGURA 19 - ORGANOGRAMA PARCIAL DA EMPRESA ............................................................................... 65

    FIGURA 20 - FLUXOGRAMA MACRO DAS ATIVIDADES DO ATUAL PDP ....................................................... 68

    FIGURA 21 - MODELO PROPOSTO PARA A GESTO DO PDP..................................................................... 74

    FIGURA 22 - ORGANOGRAMA PROPOSTO PARA O SETOR DE ENGENHARIA ................................................ 79

    FIGURA 23 - A MECNICA DO PROCESSO DE PROJETO DO PRODUTO ....................................................... 88

  • ix

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 DISTRIBUIO DO FATURAMENTO......................................................................................... 15

    TABELA 2 - COMPARAO DAS PERSPECTIVAS DAS COMUNIDADES ACADMICAS DE MARKETING, ORGANIZAES, ENGENHARIA DO PRODUTO E GERNCIA DA PRODUO.......................................... 32

    TABELA 3 - MTRICAS MAIS USADAS PARA MEDIR O SUCESSO, CONFORME ESTRATGIA DE NEGCIO .......... 52

    TABELA 4 - ETAPAS DO MODELO CONCEITUAL DE QFD PARA A MANUFATURA ............................................ 55

    TABELA 5 - ALTERAES DE ENGENHARIA POR LINHA DE PRODUTO .......................................................... 72

    TABELA 6 - GARANTIAS POR LINHA DE PRODUTO ..................................................................................... 73

  • x

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 - LINHAS DE PRODUTOS........................................................................................................ 16

    QUADRO 2 ETAPAS DO PROJETO DO PRODUTO ................................................................................... 82

    QUADRO 3 - TAREFAS, RESPONSVEIS E PRAZO LIMITE PARA A IMPLANTAO DO NOVO PDP................... 102

  • xi

    RESUMO

    Este trabalho apresenta uma proposta para estruturao do Processo de

    Desenvolvimento de Produtos. O modelo proposto, baseado em teorias universais de gesto

    e organizao dos processos de desenvolvimento de produtos, estruturado dentro da

    realidade e das necessidades de uma empresa metalrgica de produo de bens de capital

    sob encomenda. O modelo proposto abrange a gesto do PDP, a sua organizao e as

    ferramentas aplicveis. No modelo de gesto do PDP, prope-se o mapeamento do

    mercado, o estabelecimento das estratgias de mercado e de tecnologia e o planejamento e

    gerenciamento do portflio de produtos. Quanto organizao, o modelo prev a

    reestruturao do setor de engenharia, de forma a racionalizar e melhorar o

    desenvolvimento das atividades, alm da aplicao de procedimentos de projeto de produto

    que incorporam os elementos filosficos de trabalho da engenharia concorrente, o uso de

    times multifuncionais e a diviso do trabalho em etapas de execuo seguidas de etapas de

    avaliao. Para as diversas etapas previstas no modelo prev-se o uso de tcnicas e

    ferramentas que iro possibilitar a sistematizao e formalizao necessrias.

    apresentado tambm o plano de implantao deste modelo, onde os diversos aspectos que

    envolvem um processo de mudana so analisados.

  • xii

    ABSTRACT

    This dissertation presents a proposal for Product Development Process (PDP)

    structuration. The proposed model, based on universal theories of product development

    processes management, is structured according to the reality and needs of a metallurgical

    company that produces capital goods to order. The proposed model comprises the

    management of PDP, as well as its organization and applicable tools. For PDP management,

    the model proposes: (i) market mapping, (ii) establishment of market and technology

    strategies, and (iii) management of a product portfolio. Concerning organization, the

    proposed model predicts: (i) re-structuration of the engineering department in order to

    improve development activities, (ii) application of a model to project products that incorporate

    a philosophic elements of concurrent engineering, (iii) use of multifunctional teams, and (iv)

    division of the work in steps of execution followed by steps of evaluation. For the several

    steps of the proposed model, the use of tools and techniques is foreseen to make available

    the necessary systematization and formalization. Also, the implantation plan of the proposed

    model is presented, and the many aspects that constitute a process of change are analyzed.

  • 1 INTRODUO

    1.1 Comentrios iniciais

    At o final dos anos 80 a indstria brasileira vivia sob uma poltica protecionista,

    atravs de barreiras alfandegrias, o que gerou um mercado interno sem grandes desafios,

    que no oferecia grande incentivo ao desenvolvimento da competitividade das empresas

    nacionais.

    Com a adoo de uma poltica de abertura de mercados, por parte do governo

    federal, no incio dos anos 90, todo o setor industrial brasileiro voltou-se para a necessidade

    da melhoria da qualidade e competitividade, visando enfrentar os possveis concorrentes

    externos e tambm com vistas possibilidade de conquista de novos mercados.

    Porm, apesar das polticas de abertura praticadas pelo governo brasileiro, as

    condies econmicas no incio dos anos 90 ainda no eram favorveis aos investimentos

    externos. Isto possibilitou a muitas empresas iniciarem uma modernizao, sem muitas

    dificuldades, atravs da adoo de modelos de gesto voltados qualidade, tais como

    Qualidade Total e certificaes ISO.

    A partir de 94, com a adoo do plano real e a estabilizao da economia brasileira,

    a acelerao dos processos de abertura de mercado e privatizaes trouxe ao pas grandes

    investimentos estrangeiros. Este fluxo de capital inseriu definitivamente o pas na

    globalizao, trazendo consigo todos os efeitos deste processo.

    A estabilizao econmica melhorou o poder aquisitivo da populao, passando ela

    a ter maior acesso aos produtos industrializados. Um exemplo o aumento do consumo per

    cpita de cervejas, que, segundo dados da Associao Latino Americana de Fabricantes de

  • 14

    Cerveja, no incio dos anos 90 era de aproximadamente 28 litros, passando em 95 para

    aproximadamente 50 litros (ALAFACE, 2001).

    Este aumento significativo do consumo no representou, de imediato, um aumento

    nas mesmas propores da produo nacional, pois o real valorizado diante do dlar e a

    abertura de mercados possibilitaram o ingresso no pas de cervejas de praticamente todo o

    mundo . Somente com a gradual desvalorizao do real perante o dlar que se observou a

    substituio das importaes, tendo as marcas estrangeiras praticamente desaparecido das

    prateleiras dos supermercados atualmente.

    O consumo per cpita de cerveja no Brasil tem permanecido estvel desde 95, entre

    47 e 50 litros, caracterizando um crescimento apenas vegetativo. Esta tendncia de

    estabilizao do consumo tem sido observada no mundo inteiro, exceto em alguns

    mercados emergentes da sia e do Leste Europeu. (ALAFACE, 2001).

    Segundo uma pesquisa da ACNielsen que enfoca o crescimento das indstrias de

    produtos alimentares e bebidas, feita em 47 pases e publicada em maio de 2002, a

    categoria de produtos com maior expanso global de mercado entre 1999 e 2001 o de

    Misturas Alcolicas. Na Europa, a taxa de crescimento foi de 33% no ano de 2001. Isto

    demonstra que, no havendo grande incremento dos ndices de consumo das bebidas

    tradicionais, as empresas esto diversificando, lanando novos produtos. Esta tendncia

    ainda no verificada com a mesma intensidade no mercado brasileiro, porm deve

    acentuar-se nos prximos anos.

    Dentro deste ambiente de mudanas, a indstria de bebidas tem passado por um

    processo de reestruturao nos ltimos anos, acentuado em grande parte pela criao da

    AmBev. Com a fuso da Brahma e Antrctica, foram desativadas 32 cervejarias no pas, de

    um total de 80 pertencentes ao grupo, concentrando a produo em fbricas de maior porte

    e mais modernas.

    A AmBev, detentora de aproximadamente 70% do mercado de cervejas nacional,

    no investiu na construo de fbricas novas desde a sua criao, restringindo-se apenas

    na otimizao da produo e absoro da capacidade produtiva ociosa. Fato evidenciado

    pela taxa mdia de crescimento da produtividade da mo de obra na indstria de bebidas,

    11,1% em 1999 e 11,2% em 2000 (Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e comrcio,

    2001).

    Outro processo, j verificado h mais tempo no mercado de bebidas brasileiro, o

    ressurgimento de marcas regionais, tanto de cervejas como de refrigerantes. Em anos

  • 15

    passados, Brahma e Antrctica, de forma independente, dominaram o mercado atravs de

    aquisies das pequenas marcas, fazendo com que praticamente desaparecessem as

    marcas regionais. Com a fuso das duas e conseqente reestruturao, com o fechamento

    de vrias unidades, abre-se este espao novamente.

    Atrelados ao setor da indstria de bebidas esto os fornecedores de mquinas e

    equipamentos para cervejarias e indstrias de refrigerantes. Quaisquer mudanas no

    primeiro refletem diretamente no segundo, pois estes so fornecedores praticamente

    exclusivos para o setor.

    Neste contexto, o ambiente de estudo uma empresa metalrgica de mdio porte,

    localizada em Canoas, Rio Grande do Sul, que produz equipamentos sob encomenda, para

    a indstria de bebidas, a qual definiu como seu negcio: Desenvolver e prover solues

    para as indstrias de bebida, alimento e transporte de lquido.

    A linha de produtos da empresa pode ser classificada em dois grandes grupos

    (quadro 1). O primeiro e mais importante o das instalaes para cervejarias e fbricas de

    refrigerantes, para as quais so desenvolvidas solues completas, desde o projeto do

    processo produtivo da bebida, projeto e fabricao dos equipamentos, montagem, posta em

    marcha da instalao e treinamento de pessoal.

    O segundo grupo o das mquinas para as industrias de bebida e implementos

    rodovirios. So produtos com maior padronizao e, quando possvel, j saem da fbrica

    totalmente acabados. A linha de implementos rodovirios, restrita a construo de tanques

    semi-reboque e sobre chassi, est amparada na capacidade da empresa em construir

    tanques em ao inoxidvel.

    O mercado mais representativo para a empresa o setor de Bebidas, onde 75% do

    faturamento da empresa advm dos segmentos de cervejas e refrigerantes, conforme pode

    ser visto na tabela 1. No existe uma anlise sistemtica da participao neste mercado,

    mas estima-se que est em torno de 30% dos negcios que a empresa tm disputado.

    Tabela 1 Distribuio do Faturamento

    Setor de origem do faturamento Mdia dos ltimos 4 anos (1999-2002) Indstria de Bebidas (Cervejas e Refrigerantes) 75 %

    Implementos Rodovirios 8%

    Outros Setores (indstria de sucos, qumica, etc.) 17%

  • 16

    Quadro 1 - Linhas de Produtos

    Produtos para Cervejarias

    Salas de Fabricao Cozinhador de Macerado Cozinhador de Grits Tina de Filtrao Cozinhador de Mosto Rotapool

    Salas de Filtrao

    Tanque Pulmo de cerveja Filtro de Velas Tanques de Aditivos Carbonatador de Cerveja

    Adegas

    Tanques Fermentadores/Maturadores Tanques de Presso

    Equipamentos para CIP Tanques de CIP Sistemas CIP

    Produtos para Fbricas de

    Refrigerantes (xaroparias)

    Dissoluo e Tratamento de Acar Sistema de Recebimento e Transporte

    de Acar Dissolvedor de Acar Filtro de Areia Filtro de Carvo Granulado Filtro de Xarope Trocador Inico Tanque Reator Tanque de Recuperao de Acar Tanque Pulmo de Xarope Simples

    Preparao de Bebidas Desaerador de gua Sistema de Dissoluo de Componentes

    Slidos Blender de Xarope/Bebida Final Tanque Pulmo de Bebida Tanque de Xarope Final

    Equipamentos para CIP Tanques de CIP Sistemas CIP

    Sistemas de Tubulaes/Interligaes Cervejarias Xaroparias Demais Instalaes Industriais

    Instalao Eltrica e Automao

    Cervejarias Xaroparias Instalaes Diversas

    Mquinas e Equipamentos

    Mquinas para Linhas de Engarrafamento Lavadoras de Garrafas Aquecedores de Latas Mescladores Pasteurizadores de Cerveja

    Implementos Rodovirios

    Carretas Tanque Semi-reboque Tanques Sobre Chassi

    Tanques em Geral Tanques Estacionrios Tanques Especiais

  • 17

    1.2 Tema e objetivos

    1.2.1 Tema

    Este trabalho de concluso tem como tema o Processo de Desenvolvimento de

    Produtos (PDP), a sua gesto, organizao e ferramentas.

    1.2.2 Objetivos

    O objetivo principal deste trabalho propor um novo modelo para o processo de

    desenvolvimento de produtos da empresa em estudo, com base em modelos tericos

    apresentados na literatura, os quais precisam ser adaptados realidade de uma empresa

    fornecedora de bens de capital sob encomenda, cujos projetos, na sua grande maioria, so

    customizados.

    Como objetivo secundrio, pretende-se introduzir e difundir na empresa em estudo

    novos conhecimentos a respeito do Processo de Desenvolvimento de Produtos.

    1.3 Justificativa do Tema e Objetivos.

    Nos ltimos anos tem se observado uma grande reduo nos preos relativos das

    instalaes para a indstria de bebidas. Isto se deve principalmente a otimizao e

    racionalizao dos processos de fabricao de bebidas e, em menor escala, na reduo dos

    preos dos equipamentos e componentes. Em produtos desenvolvidos mais recentemente

    pela empresa, tem-se conseguido redues de preos, porm no abrange todas as linhas

    de produtos.

    No existe controle e acompanhamento sobre o ciclo de vida dos produtos. Muitos se

    tornam defasados sem que a empresa tenha tomado alguma ao de melhoria ou

    substituio. O conhecimento sobre as necessidades do mercado geralmente vem atravs

    das solicitaes dos prprios clientes. Tambm, dentro deste mercado, existem nichos a

  • 18

    serem explorados, havendo a necessidade de desenvolvimento de produtos para os

    mesmos.

    A empresa desenvolve pouca tecnologia prpria. A maioria dos projetos configura-se

    como adaptaes de projetos anteriores. A evoluo tecnolgica muito lenta e o nvel

    tecnolgico est abaixo da concorrncia em determinadas linhas de produtos mesmo

    estando ligada a uma empresa alem do setor equipamentos para cervejarias. O baixo nvel

    de padronizao de equipamentos que sirvam de base para as aplicaes (customizaes)

    leva necessidade de desenvolvimentos de ltima hora, sujeitos a muitos erros de projeto.

    A informao e o conhecimento a respeito do produto no esto disponveis para

    todas as pessoas da empresa. No existe um fluxo de informaes adequado, que seja

    claro e compreensvel para todas as pessoas, mesmo as que no estejam diretamente

    envolvidas no desenvolvimento do produto. A organizao da documentao do processo

    de desenvolvimento de produtos depende do interesse pessoal de cada envolvido, que

    mantm (ou no) os seus prprios arquivos.

    A alta especializao e conhecimento dos coordenadores de projetos no garantem

    o atendimento adequado das necessidades reais dos clientes. Todo o processo de gerao

    e definio do produto se resume a viso de somente uma pessoa. Mesmo estando os

    responsveis pelo desenvolvimento do produto envolvidos com vrias atividades, no est

    caracterizada uma integrao entre as vrias reas envolvidas. No existe uma difuso do

    conhecimento, nem mesmo entre os coordenadores da engenharia de aplicao. H

    especialistas para as diversas tecnologias .

    Em decorrncia do exposto, verifica-se que a empresa tem perdido competitividade

    perante a concorrncia e est enfrentando muitos problemas recorrentes como erros de

    projeto (erros em listas de materiais, desenhos, dimensionamento de componentes, seleo

    de materiais, etc.) solues de engenharia carentes de qualidade, pouco domnio da

    tecnologia por parte da empresa, atrasos, alto nmero de garantias, dentre outros. Diante

    deste fato, a diretoria da empresa tem como objetivo a reviso do atual Processo de

    Desenvolvimento de Produtos.

  • 19

    1.4 Metodologia

    Segundo Dick (2000), a pesquisa-ao uma familia de metodologias que contempla

    simultaneamente a pesquisa e a ao. A ao toma a forma de implentao, mudana ou

    melhoria no espao de trabalho do pesquisador. A pesquisa consiste em estudo e

    entendimento, geralmente conduzindo publicao dos resultados. Segundo o autor, duas

    nfases podem ser dadas pesquisa-ao, dependendo do objetivo da pesquisa.

    A nfase terica (theory-driven research) dada quando o objetivo principal

    contribuir um conjunto de conhecimentos atravs do refinamento, exteno ou desafio

    destes. A nfase baseada em informao, ou dados (data-driven research), dada quando

    o pesquisador busca tratar com a situao em pesquisa da forma como ela , despojado de

    idias pr-concebidas e aberto a experiment-la de uma forma mais ampla. Ou seja, a

    pesquisa-ao, cuja nfase baseada em dados sensvel situao e flexvel, conforme o

    pesquisador for aprofundando o estudo e ampliando os conhecimentos a respeito da

    situao pesquisada.

    Segundo Dick (2000), a pesquisa-ao, com nfase em dados, mais adequada

    quando o pesquisador busca:

    No curso da pesquisa estar hbil a entender e melhorar sua prpria prtica; Se um dos objetivos da pesquisa-ao for melhorar o ambiente ou situao objeto da

    pesquisa;

    E obviamente, com a concluso exitosa da pesquisa-ao, o pesquisador atingir uma qualificao em um degrau superior.

    Portanto, este trabalho de concluso caracteriza-se como uma pesquisa-ao, com

    nfase em dados, pois busca analisar o ambiente de estudo e propor melhorias a este,

    dentro da sua realidade, e pela efetiva participao do autor, como membro do corpo de

    engenharia, responsvel pela anlise do PDP atual e elaborao de um novo modelo para o

    PDP.

    As etapas do trabalho so as seguintes:

    Reviso bibliogrfica abordando o Processo de Desenvolvimento de Produtos, sua gesto, organizao e ferramentas, organizada em tpicos nesta mesma ordem.

  • 20

    Anlise da atual forma de execuo do PDP e diagnstico dos problemas, a cargo do autor deste trabalho, tendo como base discusses com colegas de trabalho e diretoria

    da empresa, luz do embasamento terico da reviso bibliogrfica.

    Elaborao de um modelo terico de PDP, a cargo do autor deste trabalho de concluso, com base na literatura objeto da reviso bibliogrfica e adaptado para a realidade da

    empresa em estudo. Sero definidas as atividades relacionadas ao PDP no que diz

    respeito a sua gesto, organizao e ferramentas, bem como seu encadeamento e a

    definio do fluxo do processo.

    Apresentao da reviso bibliogrfica ao grupo diretivo da empresa com o propsito de introduzir os conhecimentos a respeito do PDP necessrios para o pleno entendimento

    da proposta de reestruturao do atual PDP. A partir da reviso bibliogrfica ser

    elaborado material didtico de auxlio, que ser distribudo a todos os integrantes do

    grupo diretivo para prvia leitura. Posteriormente, em reunio entre o grupo diretivo e o

    autor deste trabalho, ser feita a apresentao da reviso e a discusso de seu

    contedo.

    Apresentao e avaliao do modelo terico. A apresentao e a avaliao sero feitas em reunies entre o grupo diretivo e o autor deste trabalho, conforme necessrio e em

    etapas, a saber: (1) Apresentao do modelo terico detalhado em suas etapas e fluxo

    de processo. (2) Discusso do modelo terico e proposio de possveis alteraes ao

    modelo. A discusso ser feita pelo grupo diretivo conjuntamente com o autor deste

    trabalho, baseada nos conhecimentos a respeito do PDP introduzidos atravs da

    apresentao da reviso bibliogrfica e na realidade e necessidades atuais da empresa.

    Discusso e elaborao de diretrizes para a implantao do novo PDP, a cargo do autor deste trabalho.

    1.5 Estrutura

    O captulo 1 introduz o leitor ao ambiente da pesquisa com uma breve apresentao

    da empresa e o mercado em que ela est inserida. Apresenta o tema e objetivos, bem como

    as suas justificativas e a metodologia aplicada.

  • 21

    No captulo 2, faz-se uma reviso bibliogrfica a respeito do PDP (Processo de

    Desenvolvimento de Produtos) abrangendo a sua gesto, organizao e ferramentas

    aplicveis.

    No captulo 3, apresentada a empresa em estudo e, em maior detalhe, o processo

    de desenvolvimento de produtos, como ele acontece atualmente, bem como a sua anlise e

    deficincias atuais do processo. apresentada a construo do modelo terico baseado na

    reviso bibliogrfica, modelo este j voltado para as necessidades da empresa e produto em

    estudo. So descritas a mecnica do modelo, como a sua utilizao supostamente atingir

    as deficincias apontadas e quais as limitaes deste modelo.

    No captulo 4 apresentado o planejamento da implantao do novo PDP.

    Inicialmente sero abordados de forma genrica aspectos importantes nos processos de

    mudana e posteriormente discutidas as atividades envolvidas na implantao. As

    atividades sero desdobradas em tarefas, a partir das quais ser elaborado o cronograma

    de implantao.

    No captulo 5, so apresentadas as consideraes finais deste trabalho, bem como

    sugestes para trabalhos futuros que possam complementar a pesquisa realizada.

    1.6 Limitaes

    Os objetivos deste trabalho limitam-se ao estudo e compreenso dos problemas do

    PDP atual e da proposio de um novo modelo, tendo como foco principal as macro

    atividades do processo, no que diz respeito sua gesto e organizao.

    O modelo resultante do trabalho nico e especifico para a empresa em estudo,

    porm o mtodo de trabalho relativamente genrico, podendo ser aplicado a empresas do

    mesmo porte e setor.

  • 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Gesto do PDP

    2.1.1 Desenvolvimento de Produtos como Processo de Negcio

    A reengenharia, processo no qual as estruturas organizacionais foram modificadas a

    fim de melhorar a competitividade, originou a abordagem de processos dentro das empresas

    (ROZENFELD, 1996).

    O mapeamento (modelagem) de todos os processos de uma empresa, a

    identificao dos business processes (BP), essencial para que toda a empresa possua a

    mesma viso, ou seja, se obtenha uma viso holstica. Viso holstica significa ter-se uma

    imagem nica de uma empresa. Possuir uma viso holstica do negcio a forma mais

    segura para a tomada de deciso em relao a vises mais especficas, pois no perde-se a

    viso da abrangncia desta viso em relao s demais vises (GARVIN 1995, apud

    ROZENFELD, 1997).

    Os processos de negcios podem ser organizacionais ou gerenciais. Os processos

    organizacionais so os processos de trabalho, os processos comportamentais e os

    processos de mudanas. Os processos gerenciais so os processos de direcionamento, os

    processos de negociao e os processos de monitoramento e controle. Segundo esta

    classificao, o PDP um processo organizacional, mais especificamente um processo de

    trabalho (GARVIN, 1998 apud MUNDIN, 2002).

  • 23

    2.1.2 O Desenvolvimento de Produtos como fator de crescimento

    A troca de valores entre a empresa e seus clientes ocorre atravs do fornecimento

    de produtos em troca de remunerao. Esta remunerao paga os custos operacionais

    (custos diretos e indiretos) e, adicionalmente, a parcela correspondente ao lucro (ver figura

    1). Enquanto a empresa possui produtos de interesse para os clientes este fluxo de

    rendimentos se mantm (PATTERSON & FENOGLIO, 1999).

    No entanto, se parte do faturamento no for investido em novos produtos a fim de

    renovar este fluxo de rendimentos, haver um declnio at o ponto de no haver mais

    vendas (PATTERSON & FENOGLIO, 1999). Empresas que dispendem pouca ateno

    renovao, em relao concorrncia e aos avanos tecnolgicos, iro desaparecer do

    mercado (ANDREASSEN & HEIN, 1987).

    Figura 1 O Mecanismo da Inovao Fonte: Patterson & Fenoglio, 1999.

    Para evitar este declnio, parte dos rendimentos devem ser investidos em processos

    de negcios crticos, que so responsveis pela criao e lanamento de novos produtos

    (PATTERSON & FENOGLIO, 1999). Desta forma deve-se assumir uma postura ativa,

    contando com a ajuda do desenvolvimento de novos produtos, que uma fonte de energia

    Ope

    ra

    es

    Uni

    vers

    o do

    s C

    lient

    es e

    Usu

    rio

    s da

    Mecanismo

    Inovao

    Necessidades do Cliente

    Consumveis

    Servios

    Produtos Maduros

    Novos Produtos

    Rendimentos de novos Produtos

    Custos operacionais

    Investimentos em inovao

    Lucros de novos

    produtos

    Lucros de negcios

    base

    Nova informao

    Tecnologia

    Tendncias de mercado

    Sada de Valor

    Agregado

    Rendimentos de Produtos Maduros

  • 24

    que influencia substancialmente na capacidade da empresa em renovar-se (ANDREASSEN

    & HEIN, 1987).

    Ainda segundo Patterson & Fenoglio (1999), o aumento de faturamento oriundo do

    esforo em desenvolvimento de novos produtos depende das oportunidades e da

    capacidade da empresa em criar novos produtos e servios. Os quatro fatores fundamentais

    que conduzem um aumento do faturamento so (1) a eficcia das operaes de vendas e

    distribuio, (2) a qualidade dos processos relacionados a novos produtos, (3) a liderana

    efetiva da alta direo da empresa e (4) a criatividade e produtividade dos empregados que

    trabalham em novos produtos.

    2.1.3 O Mecanismo da Inovao

    O mecanismo da inovao possui dois planos de ao. O estratgico, que trata do

    planejamento da poltica e gerenciamento do portflio de produtos, e o ttico, que trata da

    identificao das oportunidades e dos projetos dos produtos. Este mecanismo envolve a

    empresa toda e introduz um fluxo regular de novos produtos (PATTERSON & FENOGLIO,

    1999).

    Figura 2 - Funcionamento Interno do Mecanismo da Inovao Fonte: Patterson & Fenoglio, 1999.

    Planejamento estratgico e Gerenciamento do Portflio

    Identificao da oportunidade de Desenvolvimento

    Execuo do Produto e

    Lanamento

    Estratgico

    Ttico

    Oportunidades Descartadas

  • 25

    2.1.4 Estratgias de inovao de produtos

    Para fazer frente competio industrial, atender a demanda dos consumidores e

    acompanhar as mudanas na tecnologia, segundo Wheelwright & Clark (1992) apud

    Karlsson & Ahlstrom (1997), necessrio possuir uma estratgia de desenvolvimento, cujos

    propsitos so:

    Criar, definir e selecionar um conjunto de projetos de desenvolvimento que iro prover produtos e processos superiores;

    Integrar e coordenar tarefas funcionais, tecnolgicas e setores organizacionais envolvidos nas atividades de desenvolvimento ao longo do tempo;

    Gerenciar os esforos de desenvolvimento a fim de que converjam para atingir os propsitos do negcio da forma mais efetiva e eficiente possvel;

    Criar e implementar as capacidades necessrias para tornar Desenvolvimento uma vantagem competitiva ao longo do tempo.

    Segundo Patterson & Fenoglio (1999), as atividades de planejamento estratgico e

    gerenciamento do portflio tem como funo:

    Definir uma estratgia efetiva; Estabelecer e gerenciar o portflio de projetos; Construir e manter a capacidade de criar novos produtos.

    A equipe responsvel pela elaborao da estratgia gerenciada pela pessoa que

    possui o controle sobre todos os recursos necessrios para criar e introduzir novos

    produtos. Em pequenas e mdias empresas esta pessoa o prprio presidente ou CEO. O

    staff desta equipe inclui os gestores das reas de marketing, engenharia e manufatura.

    Wheelwright & Clark (1992) apud Karlsson & Ahlstrom (1997) propem um

    framework (figura 3) atravs do qual possvel ativar as mudanas das estratgias de

    desenvolvimento de produtos. Este framework incorpora elementos relativos s estratgias

    de mercado e tecnolgica, objetivos e metas de desenvolvimento, plano agregado de

    projetos, gesto e execuo de projeto e aprendizagem e melhoria contnua.

    O desenvolvimento da estratgia comea com duas atividades pr projetos, que iro

    possibilitar a gerncia a delimitar os projetos individualmente. A primeira o

    desenvolvimento dos objetivos e metas, que ir assegurar a consistncia e a coerncia das

    estratgias de mercado e tecnolgica, atravs da definio bsica em termos de tempo,

    qualidade e produtividade. A segunda o plano de projeto complementar, cujo primeiro

  • 26

    passo assegurar que os recursos sejam aplicados de forma adequada para os diferentes

    tipos de projetos e mix de produtos.

    Figura 3 - Framework da Estratgia de Desenvolvimento Fonte: Wheelwright & Clark, 1992 (apud Karlsson & Ahlstrom, 1997).

    Karlsson & Ahlstrom (1997) propem duas ferramentas para operacionalizar e

    implementar o desenvolvimento de metas e objetivos e elaborar o plano de projeto

    complementar. A primeira ferramenta os mapas funcionais e a segunda estruturar o

    funil do desenvolvimento.

    Os mapas funcionais so a representao grfica das foras que conduzem o

    mercado e a posio da empresa em relao dimenses crticas relacionadas

    competitividade e em relao concorrncia. So elaborados sob vrias perspectivas como

    marketing, engenharia e manufatura. As questes crticas na implementao de uma

    estratgia de mercado incluem o nmero de plataformas de produtos, o nmero de variantes

    e a freqncia de lanamento de novos produtos. O objetivo da estratgia tecnolgica

    servir de guia para a empresa quanto a desenvolver, adquirir e aplicar tecnologias que

    gerem vantagens competitivas.

    O funil do desenvolvimento a forma como a organizao converge da idia para a

    realidade. Ele abrange a gerao e seleo de idias, a seqncia de decises e a natureza

    da tomada de decises.

    Avaliao e Previso

    Tecnolgica

    Estratgia Tecnolgica

    Estratgia de Mercado/Produto

    Avaliao e Previso

    Mercadolgica

    Metas e objetivos de

    desenvolvimento

    Plano de Projeto

    Complementar

    Gerenciamento e execuo do

    projeto

    Aprendizagem ps-projeto e

    implementao

  • 27

    Patterson & Fenoglio (1999), apresentam os elementos que formam um loop de

    atividades estratgicas (figura 4), onde o ponto de partida o Conhecimento Base dos

    gestores a respeito do negcio que gerenciam e o contexto no qual ele se insere.

    Uma das aplicaes deste conhecimento base estabelecer uma direo estratgica

    efetiva e focada no programa de novos produtos. Esta estratgia e o conhecimento base

    possibilitaro o desenvolvimento de planos especficos para o portflio de novos produtos.

    Isto inclui o planejamento da famlia de produtos atual e futura.

    Figura 4 - O Processo de Gerenciamento do Portflio de Produtos Fonte: Patterson & Fenoglio, 1999.

    O planejamento das famlias de produtos e o conhecimento bsico fornecem

    informaes para a seleo do prximo projeto a ser desenvolvido. Os recursos podem ser

    alocados para o desenvolvimento, pesquisa ou melhorias. Em geral, uma distribuio dos

    recursos nos trs tipos de atividades o ideal.

    Uma vez iniciado o projeto, devem ser feitas verificaes peridicas para que se

    mantenha o foco e objetivos do negcio. Gargalos nas atividades podem ameaar o

    Conhecimento Base

    Negcios

    Mercado

    Tecnologia

    Direes estratgicas

    Planejamento Estratgico Planejamento da

    Famlia de Produtos

    Seleo de Projetos

    Desenvolvimento de Capacidades

    Alocao de Recursos

    Resoluo dos Gargalos

    Acompanhamento dos Projetos

    Planejamento do Portflio

    Pesquisa Desenvolvimento Aperfeioamento de Projetos

  • 28

    sucesso dos resultados. Estes gargalos devem ser resolvidos no processo de alocao de

    recursos. Este processo exige uma postura proativa no sentido de identificar e minimizar os

    resultados negativos que podem causar ao projeto.

    Todas as empresas, a princpio, possuem todos os elementos da figura 4, de forma

    explcita ou no. As diferenas ocorrem no nvel de maturidade e na eficincia/eficcia

    atingida para cada um dos elementos.

    As questes bsicas a serem respondidas so: o projeto em execuo resultado de

    um planejamento de trs anos ou para o atendimento de uma solicitao de um cliente?

    Os recursos esto distribudos de uma forma a ativar as melhores oportunidades de

    negcios ou a roda mais prxima est sendo azeitada? (PATTERSON & FENOGLIO,

    1999).

    2.1.5 Gerenciamento do Portflio de Produtos

    O planejamento do portflio de produtos inclui os processos de planejamento das

    famlias de produtos, seleo de projetos, desenvolvimento de capacidades e alocao de

    recursos, com o objetivo de alcanar as metas estabelecidas pelo planejamento estratgico.

    Os produtos a serem introduzidos no mercado, a forma como sero posicionados em

    relao aos demais produtos da empresa e em relao ao mercado e a ordem na qual eles

    so introduzidos determinado pelo planejamento das famlias de produtos.

    Segundo Patterson & Fenoglio (1999), os objetivos do planejamento das famlias de

    produtos so:

    Identificar produtos especficos que iro alavancar o crescimento; Mover a empresa atravs das metas estratgicas estabelecidas; Enfatizar a aplicao das competncias bsicas da empresa.

    O planejamento das famlias de produtos deve ser mais do que somente uma lista de

    novos produtos. Deve indicar as necessidades de desenvolver competncias bsicas e as

    necessidades de associaes estratgicas (PATTERSON & FENOGLIO, 1999).

    O gerenciamento do portflio pode ser feito atravs de processos formalizados,

    dentro dos quais o uso de mtodos financeiros so os mais usados (COOPER et al., 1998).

    Estes mtodos envolvem vrias ferramentas de anlise financeira como perodo de

  • 29

    payback, taxa de retorno ou valor atual. Desta forma os projetos so classificados em ordem

    de importncia no que diz respeito ao aspecto de retorno econmico.

    Outro mtodo usa a Estratgia do Negcio como base de deciso na alocao dos

    recursos para os diversos tipos de projetos. Este mtodo mais eficiente do que os

    mtodos financeiros no que diz respeito ao alinhamento com a estratgia de negcios

    (COOPER et al., 1998).

    2.1.6 Fatores de Sucesso dos Novos Produtos

    As duas dimenses que podem ser usadas para capturar a performance dos novos

    produtos so a lucratividade e o impacto nos negcios que os mesmos causam nas

    unidades de negcios (COOPER & KLEINSCHMIDT, 1996).

    Um nmero de fatores critico para assegurar o sucesso de novos produtos. Se

    estes fatores no esto presentes, os produtos tero menores chances de serem um

    sucesso ou mesmo podem ser um completo fracasso. Sintomas desta falta podem ser as

    falhas nas definies de objetivos, atrasos e severas dificuldades tcnicas no produto em si

    (McQUATER et al., 1998)

    Segundo Brown & Eisenhardt (1995), existem mltiplos fatores que influenciam a

    performance do produto. O time de projeto, liderana, gerenciamento e fornecedores afetam

    a performance do processo de desenvolvimento em termos de velocidade e produtividade. A

    liderana de projeto, clientes e o gerenciamento afetam a efetividade do produto em relao

    ao foco nas competncias da empresa e nas necessidades do mercado. A combinao de

    um processo de desenvolvimento efetivo com um produto efetivo e um bom mercado levam

    ao sucesso financeiro do produto.

    Os principais fatores, no que diz respeito ao processo de desenvolvimento, que

    afetam a performance dos novos produtos, em ordem de importncia so; um PDP de alta

    qualidade; uma estratgia de NP definida; recursos financeiros e humanos adequados s

    necessidades e; os gastos em P&D. Este ltimo fator afeta de forma acentuada o impacto

    nos negcios e no necessariamente aumenta a lucratividade (COOPER &

    KLEINSCHMIDT, 1996).

    Cooper & Kleinschmidt (1996) constataram que no basta ter um PDP formalizado.

    necessrio um PDP de alta qualidade. Sendo assim, as empresas que erroneamente

    acreditam que podem fingir estar fazendo algo e simplesmente reengenherando o seu

  • 30

    PDP (geralmente documentando o que esto fazendo atualmente) esto caminhando para

    uma grande decepo. O processo em si, visto como matria de discusso quanto a sua

    qualidade e natureza, construdo nas melhores prticas, o que realmente conduz ao

    aumento da performance.

    No existem atalhos para efetivar a performance de desenvolvimento de produtos.

    As capacidades requeridas para atingir o mercado de uma forma rpida e eficiente esto

    profundamente incorporadas em uma organizao. Por isto to difcil para as

    organizaes aperfeioarem estas qualidades e quando aperfeioadas, adquirem to grande

    importncia competitiva (WHEELWRIGHT & CLARK, 1992, apud KARLSSON &

    AHLSTROM, 1997).

    2.1.7 Otimizao do PDP

    A globalizao dos mercados teve como um dos efeitos principais a fragmentao do

    mercado em um nmero maior de nichos. Isto torna o desenvolvimento de produtos um dos

    principais processos para atingir significativa diferenciao (SCHILLING & HILL, 1998).

    Segundo esses autores, um PDP de sucesso requer ateno para quatro pontos

    estratgicos. (1) A estratgia tecnolgica, ou o processo pelo qual a empresa constri o seu

    portflio de desenvolvimento de produtos, (2) o contexto organizacional no qual est inserido

    o PDP, (3) a formao e uso de times de projeto e (4) o uso de ferramentas que

    aperfeioam o PDP.

    O propsito da estratgia tecnolgica identificar, desenvolver e amadurecer

    tecnologias cruciais para a competitividade de longo prazo. Estas tecnologias precisam ter o

    potencial de gerar valor para os clientes. Portanto, uma estratgia tecnolgica coerente tem

    o foco nas necessidades atuais e futuras dos clientes.

    Os fatores importantes do contexto organizacional so o uso de alianas estratgicas

    e como estas alianas so escolhidas e monitoradas; o uso dos mecanismos corretos para

    avaliao e seleo de projetos; a forma como o processo de desenvolvimento est

    organizado e o envolvimento de executive champions (talento e competncia).

    O uso de times multifuncionais aumenta a possibilidade de sucesso dos projetos.

    Estes devem incluir membros das diversas reas da empresa. Pode envolver clientes e

    fornecedores no processo. As ferramentas mais importantes so os processos de Stage-

    Gates, QFD, DFs e o uso de CAD.

  • 31

    2.2 Organizao do PDP

    Em funo da importncia comercial de um processo de desenvolvimento de

    produtos eficiente e a responsabilidade central dos projetistas com as caractersticas

    tcnicas e propriedades econmicas do produto, necessrio possuir um procedimento de

    projeto bem definido para obteno de boas solues (PAHL & BEITZ, 1996). Ainda

    segundo os autores, este procedimento precisa ser flexvel e ao mesmo tempo possibilitar o

    seu planejamento, otimizao e verificao. No entanto, seguir este procedimento somente

    ser possvel se os projetistas possurem o conhecimento bsico necessrio e trabalharem

    de forma sistemtica.

    Esta sistematizao no quer dizer que intuio e experincia deixam de ter

    importncia. Pelo contrrio, o uso de procedimentos sistematizados somente ir incrementar

    a inventividade e talento dos projetistas. Esta sistematizao ir fomentar e guiar as

    habilidades dos projetistas, encorajar a criatividade e ao mesmo tempo possibilitar uma

    avaliao objetiva dos resultados (PAHL & BEITZ, 1996).

    2.2.1 Modelos e formas de Organizao do PDP

    2.2.1.1 Modelos de PDP

    O desenvolvimento de produtos abordado sob vrias perspectivas, por uma vasta

    literatura oriunda de diferentes reas da administrao e da engenharia. Dentro de uma

    ampla reviso bibliogrfica, Krishnan & Ulrich (2001) identificaram as diferentes perspectivas

    das reas de Marketing, Organizaes, Engenharia de projetos e Gerenciamento da

    Produo ( ver tabela 2).

    Conforme Krishnan & Ulrich (2001), a literatura no difere apenas na metodologia

    usada e suposies feitas, mas tambm na conceitualizao de como o desenvolvimento de

    produtos executado. Isto se deve a enorme diversidade de empresas desenvolvendo

    produtos. Apesar de empresas diferentes usarem mtodos diferentes e tomarem diferentes

    decises, todas tomam decises sobre uma mesma gama de assuntos tais como, conceito

    do produto, arquitetura, configurao, preparativos para consecuo e distribuio,

    planejamento do projeto, etc.

  • 32

    Tabela 2 - Comparao das perspectivas das comunidades acadmicas de Marketing, Organizaes, Engenharia do Produto e Gerncia da Produo

    Marketing Organizaes Engenharia de Projetos

    Ger. da Produo

    Perspectiva do Produto

    O Produto um conjunto de atributos

    O Produto um artefato resultante de processo organizacional

    O Produto uma montagem complexa de componentes interativos

    O Produto uma seqncia de passos de desenvolvimento e/ou processos de produo

    Mtricas tpicas de Performance

    Adequao ao Mercado Market Share Utilidade ao consumidor (s vezes lucro)

    Sucesso do Projeto

    Forma e funo Performance tcnica Inovao (s vezes custos diretos)

    Eficincia Custo total Nvel de servios Lead Time Capacidade produtiva utilizada

    Paradigma representacional dominante

    Utilidade ao cliente funo dos atributos do produto

    Sem paradigma dominante Rede organizacional utilizada s vezes

    Modelos geomtricos Modelos paramtricos de performance tcnica

    Fluxograma de Processo Modelos paramtricos de performance do processo

    Exemplo de variveis de deciso

    Nveis de atributos do produto, preo

    Estrutura do time de desenvolvimento de produto, incentivos

    Tamanho do produto, forma, configurao, funo, dimenso

    Seqncia e planejamento do processo de desenvolvimento, ponto de diferenciao no processo de produo

    Fatores crticos de sucesso

    Posicionamento e preo do produto coleta e reunio de necessidades do cliente

    Alinhamento organizacional Caractersticas da equipe

    Conceito e configurao criativa Otimizao da performance

    Seleo de materiais e fornecedores Projeto da seqncia de produo Gerenciamento do projeto

    Fonte: Krishnan & Ulrich, Product Development Decisions: A review of the Literature. Management Science, vol.47, n 1, janeiro 2001.

    Figura 5 - Modelo Referencial Proposto para Estruturao do PDP Fonte: Buss, 2002.

    Avaliao de Oportunidade

    Concepo do Produto

    Estratgia Preliminar

    Desenvolv. do Sistema Tcnico

    Desenvolv. da Produo

    LanamentoNvel macro

    Nvel micro Identificao

    de Oportunidades

    Informaes do Cliente

    Anlise de Demanda

    Seleo das Oportunidades

    Gerao de Idias

    Teste do conceito

    Desenvolvi- mento do conceito

    Seleo de Idias

    Elaborao do Plano de Marketing

    Estimativa de Desempenho

    Especificao do Projeto

    Construo do Prottipo

    Detalhamento do Projeto

    Projeto Preliminar

    Testes do Prottipo

    Preparao da Fbrica

    Produo do lote-piloto

    Definio da Logstica de suprimentos

    Definio da estratgia de lanamento

    Comercializa-o

    Testes de mercado

  • 33

    Baseada em uma anlise da literatura existente conjuntamente com a anlise de

    casos concretos, Buss (2002) propem um modelo de referncia com a inteno de

    englobar todas as atividades presentes no PDP ( ver figura 5).

    2.2.1.2 Desenvolvimento Integrado de Produtos

    Empresas de sucesso tm empregado estruturas organizacionais que as permite

    reduzir incertezas e erros e a tratar efetivamente as mudanas de um ambiente competitivo.

    Estas empresas reorganizaram o PDP seqencial over the wall para um PDP simultneo,

    onde as atividades relacionadas a marketing, engenharia do produto, engenharia de

    processos, produo e suprimentos so sobrepostas (WHEELWRIGHT & KLARK, 1992;

    CLARK & FUJIMOTO, 1991; SUSMAN, 1992; MANSFIELD et al., 1971; CLARK, 1989,

    citados por KOUFTEROS et al., 2001)

    Andreasen & Hein (1987) idealizaram o Desenvolvimento Integrado de Produtos

    (DIP) a partir de estudos e conceitos formulados pelo Grupo de Engenharia de Projetos do

    Instituto para o Desenvolvimento de Produtos (IPU) da Dinamarca. O modelo integra o

    desenvolvimento de produtos em termos de mercado, produto e produo. Tambm

    esclarece a integrao entre projeto e gerenciamento, incluindo a necessidade para o

    planejamento continuado do produto.

    As atividades relacionadas a marketing e produo devem ser desenvolvidas

    simultaneamente e em colaborao com as atividades de engenharia do produto, em cinco

    fases distintas (ANDREASEN & HEIN, 1987), conforme a figura a seguir:

    Na primeira fase investigada a necessidade, na qual marketing deve estabelecer a

    necessidade bsica do mercado e qual produto ir satisfazer esta necessidade. Algumas

    consideraes a respeito do tipo de processo de produo a ser usado podem ser feitas

    nesta fase.

    Na segunda fase o produto e seus princpios gerais so esclarecidos. O usurio

    identificado e determina-se como o produto ser usado. Tambm so determinados os

    processos de produo necessrios.

    Na terceira fase o produto elaborado, ou seja, a fase da engenharia do projeto.

    Os custos so razoavelmente determinados e marketing investiga o mercado. Os princpios

    do processo de produo so desenvolvidos e determinados.

  • 34

    A quarta fase da preparao para a produo, onde os processos so definidos por

    completo. Ajustes no produto so realizados e a sua manufaturabilidade pode ser

    comprovada pela produo de um lote piloto. Nesta fase definido o sistema de vendas e

    planejada a melhor dinmica de adaptao entre vendas e produo para garantir o melhor

    lanamento do produto no mercado.

    Figura 6 - O Desenvolvimento Integrado de Produtos Fonte: Andreasen & Hein, 1987.

    Na quinta fase iniciada a produo e vendas do produto. Podem ocorrer

    adaptaes do produto ao mercado.

    O DIP essencialmente inclui todos os tpicos do processo de desenvolvimento de

    produtos, consideraes sobre o ciclo de vida do produto, raciocnio humano e mtodos de

    trabalho, trabalho em equipe, mtodos holsticos de organizao, aplicao de tecnologias

    inovativas bem como formas expandidas de comunicao e informao (VAJNA &

    BURCHARDT, 1998).

    No existe ainda um entendimento comum destes elementos, sendo que na Europa

    a nfase maior dada ao ciclo de vida do produto e na aplicao da engenharia concorrente

    para diminuir o tempo de desenvolvimento do produto. Nos Estados Unidos, a nfase maior

    no aperfeioamento do trabalho em equipe e no fluxo de informaes (VAJNA &

    BURCHARDT, 1998).

    NEC

    ESSI

    DAD

    E

    Determinao da necessidade

    bsica

    Investigao do usurio

    Investigao do mercado

    Preparao para vendas

    Vendas

    Consideraes sobre o tipo de

    processo

    Determinao do tipo de produo

    Determinao dos princpios de

    produo

    Preparao para a produo

    Produo

    Determinao do tipo de produto

    Projeto do Princpio do

    Produto

    Projeto Preliminar do

    Produto

    Modificao para Manufatura

    Adaptao do Produto

    0 1 2 3 4 5 Fase de

    Reconhecimento da Necessidade

    Fase de Investigao

    da Necessidade

    Fase do Princpio do

    Produto

    Fase do Projeto do Produto

    Fase da Preparao da

    Produo

    Fase da Execuo

  • 35

    Vajna & Burchardt (1998) definem o DIP como um procedimento, centrado no

    homem, para o desenvolvimento de produtos ou servios competitivos, dentro de um tempo

    razovel e com excelente razo custo performance. O DIP descreve a aplicao integrada

    de mtodos holsticos e multi-disciplinares, formas de organizao e ferramentas com o uso

    minimizado e sustentvel de fatores de produo e recursos.

    2.2.1.3 Engenharia Concorrente

    Engenharia Concorrente definida como uma abordagem sistemtica do

    desenvolvimento integrado e concorrente do produto e seus processos, inclusive manufatura

    e suprimentos. Esta abordagem tem como inteno motivar os desenvolvedores a

    considerar todos os elementos do ciclo de vida do produto, desde a concepo ao descarte,

    incluindo qualidade, custos, planejamento e requerimentos do usurio (PENNELL &

    WINNER, 1989).

    A Engenharia Concorrente tem como objetivo prover (EVERSHEIM et al., 1994, apud

    EVERSHEIM et al., 1997):

    Reduo do time to market, ou seja, reduzir o perodo entre a concepo e o lanamento do produto;

    Reduzir custos de desenvolvimento e manufatura; Melhorar a qualidade dos produtos.

    A principal meta da Engenharia Concorrente reduzir o tempo entre a gerao da

    idia at o lanamento do produto no mercado (STAHL et al., 1997). Esta reduo pode ser

    alcanada de duas formas:

    1. Todos os elementos do ciclo de vida do produto, desde a concepo ao descarte,

    inclusive qualidade, custo, planejamento e requerimentos do cliente (PENNELL &

    WINNER, 1989) devem ser considerados de forma a prevenir atrasos em funo

    de negligncias.

    2. A informao gerada no deve ser repassada somente quando estiver completa,

    mas nos primeiros estgios quando ainda estiver em definio. Com o progresso

    do desenvolvimento a informao deve ser revisada e repassada.

    Desta forma, a interdependncia das atividades na engenharia concorrente no

    expressa conforme uma cadeia, mas sim como uma rede, onde as informaes no so

  • 36

    trocadas de uma vez, mas continuamente. Desta forma no possvel identificar a

    seqncia entre duas atividades mutuamente dependentes (STAHL et al., 1997).

    Pennell & Winner (1989) identificaram trs classes de atividades complementares

    que suportam a aplicao da Engenharia Concorrente:

    Uso de times multifuncionais; Uso de ferramentas de base computacional de auxlio ao projeto, planejamento e

    produo, como CAD/CAM;

    Aplicao de mtodos formais inclusive a aplicao de ferramentas especficas com o propsito de suportar o projeto e a produo, como QFD, DFA, DFM etc.

    2.2.1.4 Times multifuncionais

    Em qualquer empresa, os membros da equipe desempenham um papel fundamental

    na execuo dos procedimentos do DIP. As pessoas no so mais consideradas como

    elemento produtivo (como no Taylorismo, onde eram equiparadas a mquinas, materiais e

    recursos financeiros), mas sim como o mais importante recurso da empresa (VAJNA &

    BURCHARDT, 1998).

    Projetos so multi-disciplinares e interdisciplinares (ANDREASEN & HEIN, 1987) e

    um dos aspectos mais desafiadores no processo de desenvolvimento de produtos

    gerenciar as interaes humanas e transferncia de idias e conhecimento entre indivduos

    e entre grupos funcionais (GRIFFIN & HAUSER, 1996). A forma de organizao que melhor

    resolve este problema a formao de equipes multifuncionais (ANDREASEN & HEIN,

    1987; GRIFFIN & HAUSER, 1996).

    Equipes multifuncionais so grupos formados por integrantes de mais de uma rea

    funcional, como de marketing, engenharia ou produo. A principal razo para a formao

    de equipes que a variedade funcional destes times incrementa a quantidade e variedade

    de informaes disponveis para projetar produtos. Este incremento de informao ajuda a

    equipe a entender melhor o processo de desenvolvimento, resultando em uma melhor

    performance (BROWN & EISENHARDT, 1995).

    Ulmann (1997) lista cinco tipos de estruturas de times de projetos.

    1. Matriz de Projeto a estrutura mais usada, onde um gerenciador responsvel direto por todas as atividades do projeto e possui autonomia para o

  • 37

    gerenciamento dos recursos. Requisita pessoal das diversas reas quando

    necessrio, sem a necessidade de desvinculao dos setores de origem.

    2. A Matriz Funcional coordenada por um gerenciador com autoridade limitada e indicado principalmente para coordenar as atividades entre as diferentes reas.

    3. Time de Projeto, onde o gerenciador do projeto encarregado de compor o time de tempo integral, composto por integrantes das diversas reas. O time

    desfeito aps completar a tarefa.

    4. A Matriz Balanceada a estrutura onde o gerenciador do projeto supervisiona as atividades e divide as responsabilidades com os gerentes das demais reas

    envolvidas.

    5. A Organizao Funcional a estrutura cujas reas tem como foco uma s especialidade e os projetos so distribudos conforme estas especialidades.

    Usada principalmente em produtos complexos.

    De forma semelhante a Ulmann (1997), Clark & Wheelwright (1992) identificaram

    quatro tipos dominantes de estruturas de times. (1) Estrutura Funcional, que corresponde a

    organizao funcional. (2) Estrutura Peso-leve, corresponde a matriz funcional. (3)

    Estrutura Peso-pesado, corresponde a matriz de projeto e, (4) Times autnomos, que

    corresponde a times de projeto.

    Segundo Clark & Wheelwright (1992), a estrutura Peso-pesado (figura 7) a que

    possui maiores vantagens. Neste tipo de organizao os times adquirem um esprito de

    conjunto, motivando os componentes a fazerem o que for necessrio para o sucesso do

    grupo.

    O processo de implementao das equipes interfuncionais exige muito trabalho e

    envolve a empresa toda. Para formar times eficientes, as organizaes precisam mudar a

    sua forma de agir para que os membros dos times tambm mudem (DONNELLON, 1993). A

    dificuldade em criar verdadeiros times multifuncionais se deve ao fato das empresas

    estarem estruturadas de forma departamentalizada, com funes definidas.

    Para formar verdadeiros times multifuncionais no basta reunir pessoas dos vrios

    departamentos (KARLSSON & AHLSTROM, 1996) . Os componentes de um time no

    podem fazer parte como representantes das diversas reas, mas como portadores das

    diferentes habilidades necessrias para o desenvolvimento do projeto (DONNELLON, 1993).

  • 38

    Figura 7 - Estrutura de Time de Projeto do Tipo "Peso-pesado" Fonte: Clark & Weelwright, 1992.

    Times multifuncionais so entes sociais e um vasto nmero de fatores intrnsecos e

    extrnsecos afetam a sua efetividade (JASSAWALLA & SASHITTAL, 2001). Valores

    estabelecidos e culturas desenvolvidas por empresas que incentivam a individualidade, tais

    como controles comparativos entre setores, recompensas por desempenho individual, etc.,

    so contraditrios com os valores do trabalho em grupo (DONNELLON, 1993;

    JASSAWALLA & SASHITTAL, 2001).

    O gerenciamento snior tem um papel importante no processo de mudana de

    cultura e comportamento. Sem que a cultura e normas estabelecidas reforcem a abertura, a

    troca de informaes e a confiana, otimismo demasiado esperar que a transparncia e

    conscientizao surja dentro dos times (JASSAWALLA & SASHITTAL, 2001).

    Os times precisam ter autonomia e o gerenciamento snior deve passar de

    controlador para fornecedor dos recursos. A descentralizao do processo de deciso

    estimula e encoraja os membros a buscarem solues criativas e a correrem riscos. Outro

    aspecto importante o acesso a informao e a transparncia. Criando uma autonomia em

    termos de recursos e comunicao, as equipes no formaro uma coalizo, usando os

    recursos com intenes polticas (JASSAWALLA & SASHITTAL, 2001).

    A composio dos times de projeto outro fator que afeta a forma de operao. A

    diversidade demogrfica incrementa os conflitos, reduz coeso, complica a comunicao

    R

    ENG

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    R - Representante

    VEN

    Gerente do Projeto

    Mercado

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    Gerente Funcional GF

    GF GF

    Nvel Operacional

  • 39

    interna e dificulta a coordenao. Por outro lado, esta diversidade de habilidades e

    perspectivas incrementa a probabilidade do grupo gerar solues inovadoras (ANCONA &

    CALDWELL, 1992). O time no deve ser composto por pessoas com personalidades

    parecidas, mas sim conter um razovel espectro de inovadores, lderes, padronizadores, e

    assim por diante (ANDREASEN & HEIN, 1987)

    2.2.2 Projeto do Produto

    2.2.2.1 O Processo de Soluo de Problemas

    O desenvolvimento de produtos um processo iterativo (ANDREASEN & HEIN,

    1987; PAHL & BEITZ, 1996). A natureza iterativa de projetos em conseqncia do fato de

    que no existem mtodos que nos conduzam diretamente do problema para a soluo

    (ANDREASEN & HEIN, 1987).

    Solucionar problemas durante o desenvolvimento um processo de aprendizagem.

    No importa quanto um profissional de engenharia, de marketing ou de produo conhea a

    respeito de determinado problema, sempre existem aspectos de um novo sistema que

    precisam ser entendidos antes de desenvolver um projeto efetivo. Exceto para as tarefas

    mais simples, dificilmente os projetistas desenvolvero um projeto completo com apenas

    uma iterao (WHEELWRIGHT & CLARK, 1994).

    Figura 8 - O Ciclo Projeto-Construo-Teste no Processo de Soluo de Problemas Fonte: Wheelwright & Clark, 1994.

    Objetivo

    Projeto corrente

    Lacuna Modelar o Problema

    A1

    A3

    A2

    Alternativa 1

    Alternativa 2

    Alternativa 3

    Avaliar resultados

    Soluo

    Objetivos no atingidos

    Repetir o ciclo

    Fases do Processo de Soluo de Problemas

    TestesConstruoProjeto

  • 40

    A efetividade do processo de soluo de problemas em desenvolvimento de projetos

    no depende somente da rapidez, produtividade e qualidade com que cada passo

    desenvolvido, mas tambm do nmero de ciclos requeridos para alcanar a soluo ideal. O

    nmero de ciclos depende diretamente da extenso da ligao e integrao entre as

    atividades de cada passo do processo de soluo de problemas (WHEELWRIGHT &

    CLARK, 1994).

    Dividir o processo de desenvolvimento de produtos entre etapas de trabalho e etapas

    de deciso assegura a ligao necessria entre objetivos, planejamento e execuo (PAHL

    & BEITZ, 1996). Para obter o mximo do negcio deve-se usar um procedimento dividido

    em fases alternando pontos de verificao. Durante todo o processo do projeto, os

    resultados devero ser confrontados com os objetivos estabelecidos para marketing e

    produo (ANDREASEN & HEIN, 1987).

    Baseados nas diretrizes da Associao dos Engenheiros Alemes (Verein Deutscher

    Ingenieure) VDI 2221 e VDI 2222, bem como nos fundamentos dos sistemas tcnicos, nos

    fundamentos da abordagem sistemtica e no processo geral de soluo de problemas, Pahl

    and Beitz (1996) dividem o processo de planejamento e projeto do produto em quatro fases

    principais, conforme a figura 9:

    1. Planejamento e esclarecimento da tarefa: especificao da informao;

    2. Projeto conceitual: especificao do princpio;

    3. Projeto do conjunto (embodiment design);

    4. Projeto detalhado: especificao para a produo.

    De forma anloga, Ullmann (1997) divide o processo de projeto do produto em quatro

    fases principais, conforme a figura 10:

    1. Planejamento do processo;

    2. Desenvolvimento das especificaes de engenharia;

    3. Desenvolvimento do conceito;

    4. Desenvolvimento do projeto.

    Segundo Eder (apud Oliveira e Kaminski, 2002) as metodologias recomendadas na

    cincia de projeto so formuladas em um nvel muito genrico e devem ser adaptadas e

    particularizadas em relao ao problema proposto.

    Com o propsito de determinar uma metodologia bsica para a fase de projeto do

    produto, de fcil interpretao e que contemple as principais recomendaes das

  • 41

    metodologias de origem cientfica, Oliveira e Kaminski (2002) propem uma metodologia de

    projetos dividida em quatro fases principais (figura 11). Esta metodologia baseada em um

    estudo de caso realizado em uma empresa do setor metal mecnico, com produtos

    industriais fabricados sob encomenda.

    As fases da metodologia proposta por Oliveira e Kaminski (2002) so:

    Fase I - Estabelecimento da Necessidade

    Fase II - Concepo

    Fase III Converso

    Fase IV Execuo

    2.2.2.2 Planejamento do Produto

    Planejar o produto, baseado nos objetivos da empresa, a procura sistemtica, a

    seleo e o desenvolvimento de idias promissoras de produtos (KRAMER,1974; VDI-

    RICHTLINIE,1980, apud PAHL & BEITZ, 1996). Esta procura parte de uma necessidade

    identificada no mercado, onde nosso produto possa suprir esta necessidade e formar a base

    para uma oportunidade de negcio (ANDREASEN & HEIN, 1987).

    Conforme Ullmann (1997), planejar o processo usado para desenvolver um plano

    de programao e alocao dos recursos de tempo, monetrios e humanos. O resultado

    deste processo um mapa mostrando como as atividades de projeto esto programadas.

    Tambm resulta deste processo um procedimento para o desenvolvimento e distribuio

    das informaes necessrias para as pessoas certas, no tempo certo.

    Identificada a necessidade, forma-se o time de projeto. Este time deve ser composto,

    conforme Ullmann (1997), pelo engenheiro de produto, para o entendimento de todos os

    requisitos do produto, pelo gerente de produto, para trazer a viso do cliente, pelo

    engenheiro de processo, para o entendimento de como se constri e, por desenhistas,

    detalhistas, especialistas em materiais, controle de qualidade, etc.

    Aps a formao do time de projeto deve-se executar o planejamento, composto dos

    seguintes passos (ULLMANN, 1997):

    1. Identificar as atividades/tarefas;

    2. Fixar os objetivos para cada tarefa;

    3. Estimar recursos para atingir os objetivos;

    4. Desenvolver uma seqncia para as atividades(cronograma);

  • 42

    5. Estimar os custos de desenvolvimento do produto.

    Pahl & Beitz (1996) dividem o processo de planejamento do produto nas seguintes

    fases:

    Anlise da situao; Formulao de estratgias de pesquisa; Pesquisa de idias de produtos; Soluo de idias de produtos; Definio do produto.

    Na anlise da situao deve-se (1) identificar em que fase do ciclo de vida est o

    produto, (2) fazer um levantamento do mercado, da concorrncia e da participao, (3)

    avaliar a competncia da empresa, (4) determinar o estado de evoluo da tecnologia e (5)

    estimar futuros desenvolvimentos.

    Na formulao das estratgias de pesquisa identificam-se as lacunas no mercado

    que possam representar oportunidades e identificam-se as necessidades e tendncias do

    mercado. Determinam-se os campos de pesquisa, levando-se em conta as competncias e

    os pontos fortes da empresa.

    A pesquisa de idias de novos produtos, dependendo do grau de inovao, pode ser

    a busca por novos princpios de funcionamento, novas funes, novos arranjos ou novas

    personificaes.

    Na seleo das idias de produtos devero ser usados os critrios dos objetivos da

    empresa, tais como faturamento, fatia de mercado, etc. Vantagens funcionais para o cliente

    tambm devero ser levadas em conta.

    Na fase de definio do produto, as idias mais promissoras sero elaboradas mais

    concretamente e em maior detalhe. Com o uso de uma equipe multifuncional dever ser

    elaborada uma proposta de produto.

  • 43

    Figura 9 - Passos do Processo de Planejamento e Projeto do Produto Fonte: Pahl & Beitz, 1996.

    Tarefa Mercado, Empresa, Economia

    Planejamento e esclarecimento da tarefa: Anlise da situao do mercado e da empresa Procurar e selecionar idias de produtos Formular uma proposta de produto Esclarecer a tarefa Elaborar a lista de especificaes

    Lista de especificaes

    Desenvolvimento do Princpio da soluo:Identificar problemas essenciais Estabelecer estruturas funcionais Pesquisar princpios de funcionamento e princpios estruturais Combinar e estabelecer variantes de conceitos Avaliao tcnica e econmica

    Conceito

    Desenvolvimento da estrutura de construo:Desenho preliminar da forma, seleo e clculo dos materiais Selecionar os melhores layouts preliminares Refinar e melhorar os layouts Avaliao tcnica e econmica

    Layout Preliminar

    Definio da estrutura de construo:Eliminar pontos fracos Reviso de erros, influncias perturbadoras e custos mnimos Preparao da lista preliminar de peas e documentos de suprimentos e produo

    Layout Definitivo

    Preparao da documentao de produo e de operao:Elaborao de desenhos e listas detalhadas Documentao completa de produo, suprimentos, transporte e instrues de operao Reviso de todos os documentos

    Documentao do Produto

    Soluo

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  • 44

    Figura 10 - O Processo do Projeto Mecnico Fonte: Ullmann, 1997.

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  • 45

    Figura 11 - Proposta de Metodologia de Projeto Fonte: Oliveira e Kaminski, 2002.

    Processo de Projeto Ferramentas

    Estabelecimento da necessidade

    Objetivos da empresa

    Necessidades levantadas

    Gerao de concepes

    Avaliao

    Estudo de viabilidade tcnica e econmica

    Aprovao

    Otimizar concepes

    Planejamento do Projeto

    Anteprojeto

    Avaliao

    Execuo do projeto

    Avaliao

    Concluso da execuo

    Validao

    Produo