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ESTUDOS ELÉTRICOS PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO E NA FORMAÇÃO DE MICRORREDES Bruno de Paula da Rocha Projeto de Graduação apresentado no Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Carmen Lucia Tancredo Borges. Rio de Janeiro Junho de 2010

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ESTUDOS ELÉTRICOS PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA GERAÇÃO

DISTRIBUÍDA NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO E NA FORMAÇÃO DE

MICRORREDES

Bruno de Paula da Rocha

Projeto de Graduação apresentado no Curso de

Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Carmen Lucia Tancredo Borges.

Rio de Janeiro

Junho de 2010

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ESTUDOS ELÉTRICOS PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA GERAÇÃO

DISTRIBUÍDA NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO E NA FORMAÇÃO DE

MICRORREDES

Bruno de Paula da Rocha

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

ELETRICISTA.

Aprovada por:

______________________________________

Profa. Carmen Lucia Tancredo Borges, D. Sc.

(Orientadora)

______________________________________

Prof. Glauco Nery Taranto, Ph. D.

______________________________________

Prof. Antonio Carlos Siqueira de Lima, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

JUNHO DE 2010

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Rocha, Bruno de Paula da

Estudos Elétricos para Avaliação do Impacto da

Geração Distribuída na Rede de Distribuição e na

Formação de Microrredes/ Bruno de Paula da Rocha. –

Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2010.

XIII, 123 p. il.;29,7 cm.

Orientadora: Carmen Lucia Tancredo Borges, D. Sc.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Elétrica, 2010.

Referências Bibliográficas: p. 120-123.

1.Geração Distribuída. 2.Microrredes. 3.Sistemas de

Potência. I. Borges, Carmen Lucia Tancredo. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica. III. Título.

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iv

Dedicatória

Aos meus pais Carlos e Norma pelo esforço e dedicação em fornecer uma boa

educação que serviram de base para meu desenvolvimento intelectual e

profissional.

À minha noiva Laiza que esteve sempre ao meu lado durante o curso de

engenharia elétrica e o desenvolvimento deste trabalho.

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v

Agradecimentos

Agradeço a todos os meus familiares, em especial ao meu pai Carlos e a minha

mãe Norma, ao meu irmão Leonardo e a minha noiva Laiza pelo carinho, respeito

nas horas de estudo e compreensão pela ausência em diversos momentos.

Agradeço também aos profissionais e professores do Departamento de

Engenharia Elétrica da UFRJ, em especial à professora Carmen e ao professor

Glauco pelas contribuições para a realização deste trabalho, e aos amigos que fiz

durante o curso de engenharia elétrica que contribuíram direta ou indiretamente

para a minha formação.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

ESTUDOS ELÉTRICOS PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA GERAÇÃO

DISTRIBUÍDA NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO E NA FORMAÇÃO DE

MICRORREDES

Bruno de Paula da Rocha

Junho/2010

Orientadora: Carmen Lucia Tancredo Borges.

Curso: Engenharia Elétrica

Neste trabalho busca-se demonstrar os estudos elétricos exigidos pelas

distribuidoras necessários para a avaliação dos impactos da conexão da geração

distribuída (GD) nas redes de distribuição de energia elétrica, e também

demonstrar a aplicação da GD como suporte a ilhas elétricas (microrredes).

Para uma melhor compreensão, foi apresentada uma proposta de definição ao

termo Geração Distribuída, as principais fontes e tecnologias aplicadas nesse

formato de geração de energia, as vantagens e desvantagens desses sistemas, e

também o quadro da geração de energia elétrica no Brasil e no Estado do Rio de

Janeiro. A fim de esclarecer as políticas e os procedimentos de acesso às redes das

distribuidoras, foi feita uma abordagem geral dos procedimentos de distribuição

(PRODIST), definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e das

normas técnicas elaboradas pelas próprias distribuidoras. Com relação à aplicação

da GD como suporte a ilhas elétricas, foi apresentada uma definição do conceito de

microrredes e especificadas as necessidades técnicas para esta aplicação.

Para alcançar os objetivos deste trabalho, foram efetuadas análises estáticas e

dinâmicas em um sistema elétrico de potência com GD, sendo avaliados os

impactos da GD nos fluxos de potência, nos níveis de curto-circuito e na

estabilidade do sistema. E também uma análise dinâmica da aplicação da GD em

uma microrrede formada após a ocorrência de um curto circuito no sistema.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment

of the requirements for the degree of Electrical Engineer.

ELECTRIC STUDIES FOR EVALUATION OF DISTRIBUTED GENERATION

IMPACTS IN DISTRIBUTION NETWORKS AND IN MICROGRIDS

COMPOSITION

Bruno de Paula da Rocha

June/2010

Advisor: Carmen Lucia Tancredo Borges.

Course: Electrical Engineering

This work aims to demonstrate the electric studies required by electricity

distributors companies that are necessary for evaluate the impacts of distributed

generation (DG) in distribution networks and to demonstrate the DG application in

electrical islands (microgrids).

For better understanding, a proposal was presented to define the term Distribution

Generation, the main sources and technologies applied in this kind of power

generation, the advantages and disadvantages of these systems, and also the power

generation plant in Brazil and Rio de Janeiro. In order to clarify the policies and

procedures for access the distributions grids, a general overview of the distribution

procedures (PRODIST), defined by the National Electrical Energy Agency

(ANEEL), was made, as well as of the technical standards developed by electricity

distributors companies. Regarding the application of the DG in electrical islands, a

microgrid definition was presented, as well as the technical requirements for this

application.

To achieve the objectives of this study, static and dynamic analysis were performed

in an electrical power system with DG, considering the impacts of the DG on

power flow, short-circuits levels and stability of the distribution grid. And also a

dynamic analysis of the DG application in a microgrid resulting from a short-

circuit occurrence in the grid.

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Sumário

Lista de Figuras ................................................................................................xi

Lista de Tabelas ...............................................................................................xii

1. Introdução ..................................................................................................1

1.1. Estrutura do trabalho .............................................................................4

1.2. Revisão da literatura .............................................................................5

2. A Geração Distribuída................................................................................6

2.1. Definição ..............................................................................................6

2.1.1. Propósito .......................................................................................6

2.1.2. Localização....................................................................................6

2.1.3. Variação de potência ......................................................................7

2.1.4. Área de fornecimento de potência...................................................7

2.1.5. Tecnologia .....................................................................................8

2.1.6. Impactos ambientais.......................................................................8

2.1.7. Modo de operação..........................................................................8

2.1.8. Proprietário....................................................................................8

2.1.9. Penetração da GD ..........................................................................8

2.2. Fontes e tecnologias aplicadas em geração distribuída ...........................9

2.2.1. Motores de combustão interna ...................................................... 10

2.2.2. Turbinas a gás convencionais ....................................................... 10

2.2.3. Micro-turbinas a gás .................................................................... 11

2.2.4. Células Combustíveis................................................................... 13

2.2.5. Pequenas Centrais Hidrelétricas ................................................... 15

2.2.6. Energia Eólica ............................................................................. 16

2.2.7. Energia solar................................................................................ 18

2.2.8. Energia Geotérmica...................................................................... 21

2.2.9. Dispositivos de armazenamento.................................................... 22

2.2.10. Gás Natural.................................................................................. 23

2.2.11. Biomassa ..................................................................................... 24

2.2.12. Biogás ......................................................................................... 25

2.3. Aplicações .......................................................................................... 25

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2.3.1. Energia em espera (Stand-by) ....................................................... 25

2.3.2. Sistemas rurais e isolados (ilhas elétricas).................................... 25

2.3.3. Geração na ponta ......................................................................... 26

2.3.4. Geração na base ........................................................................... 26

2.3.5. Co-geração .................................................................................. 26

2.4. Vantagens ........................................................................................... 27

2.5. Desvantagens ...................................................................................... 27

2.6. Geração no Brasil................................................................................28

2.6.1. Geração no Estado do Rio de Janeiro............................................ 30

3. Política de Acesso às Redes das Concessionárias ..................................... 36

3.1. PRODIST ........................................................................................... 36

3.1.1. Módulo 1 – Introdução................................................................. 38

3.1.2. Módulo 2 – Planejamento da Expansão do Sistema de Distribuição38

3.1.3. Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição............................. 39

3.1.4. Módulo 4 – Procedimentos Operativos dos Sistemas de Distribuição

54

3.1.5. Módulo 5 – Sistemas de medição.................................................. 58

3.1.6. Módulo 6 – Informações requeridas e Obrigações ......................... 58

3.1.7. Módulo 7 – Cálculo de perdas na distribuição............................... 58

3.1.8. Módulo 8 – Qualidade da energia elétrica ..................................... 59

3.2. Estudos de solicitação de acesso exigidos pelas distribuidoras ............. 59

3.2.1. Análise estática – Fluxo de potência ............................................. 60

3.2.2. Estudos de curto-circuito – Níveis de curto-circuito...................... 61

3.2.3. Análise dinâmica – Estabilidade transitória .................................. 64

4. Microrredes .............................................................................................. 65

4.1. Definição ............................................................................................ 66

4.1.1. Necessidades tecnológicas para configuração de uma microrrede .. 67

5. Simulações ................................................................................................ 72

5.1. Sistema elétrico de potência ................................................................ 73

5.1.1. Considerações para simulação ...................................................... 74

5.1.2. Dados elétricos ............................................................................ 75

5.2. Simulação dos estudos de solicitação de acesso................................... 78

5.2.1. Análise estática – Fluxo de potência ............................................. 78

5.2.2. Estudos de curto-circuito – Níveis de curto-circuito...................... 84

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x

5.2.3. Análise dinâmica – Estabilidade transitória .................................. 88

5.3. Simulação da aplicação da GD na formação de microrredes ................. 99

5.3.1. Resincronização da microrrede................................................... 111

6. Análise dos resultados e conclusões........................................................ 117

6.1. Análise dos resultados....................................................................... 117

6.2. Conclusões........................................................................................ 119

6.3. Trabalhos futuros .............................................................................. 119

Referências Bibliográficas ............................................................................. 120

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xi

Lista de Figuras

Figura 2.1: Estrutura Básica de um grupo motor-gerador (Fonte: Indel Indústria)........................................................................................................ 10

Figura 2.2: Operação de turbinas a gás com ciclo combinado (Fonte: Furnas Centrais Elétricas)............................................................................11

Figura 2.3: Micro-turbina com recuperação de calor........................................... 12 Figura 2.4: Diagrama esquemático de uma micro-turbina. .................................. 12 Figura 2.5: Modelo conceitual de uma célula combustível. ................................. 14 Figura 2.6: Célula combustível. ......................................................................... 15 Figura 2.7: Aerogerador. .................................................................................... 17 Figura 2.8: Modelo conceitual de uma célula fotovoltaica (Fonte:

CRESESB/CEPEL). ......................................................................... 19 Figura 2.9: Conjunto de painéis fotovoltaicos..................................................... 20 Figura 2.10: Capacidade mundial de sistemas fotovoltaicos entre 1995-2007. ..... 20 Figura 2.11: Esquema conceitual de produção de eletricidade a partir da energia

geotérmica....................................................................................... 21 Figura 2.12: Banco de baterias de chumbo-ácido................................................ 22 Figura 2.13: Esquema de ligação de um sistema híbrido (eólico, solar e banco de

baterias) de geração de energia elétrica conectado à rede de distribuição...................................................................................... 23

Figura 2.14: Capacidade de geração de energia elétrica no Brasil por tipo de usina........................................................................................................ 30

Figura 2.15: Capacidade de geração de energia elétrica no Rio de Janeiro por tipo de usina. .......................................................................................... 32

Figura 2.16: Capacidade de geração de energia elétrica no Rio de Janeiro por agentes de geração. .......................................................................... 33

Figura 3.1: Estrutura dos módulos componentes do PRODIST............................ 38 Figura 3.2: Fluxograma das etapas dos procedimentos de acesso. ....................... 39 Figura 3.3: Proteção mínima com dupla alimentação em Média Tensão (MT). .... 63 Figura 4.1: Componentes de uma microrrede. .................................................... 68 Figura 4.2: Diagrama esquemático dos elementos de conexão. ........................... 70 Figura 5.1: Sistema elétrico de potência (SEP). .................................................. 73 Figura 5.2: Caso base obtido no ANAREDE com a GD desconectada. ................ 80 Figura 5.3: Caso base obtido no ANAREDE com a GD conectada. ..................... 83 Figura 5.4: Curto-circuito aplicado na barra 15 do SEP....................................... 84 Figura 5.5: Resultados da simulação de conexão em paralelo da GD no SEP. ...... 93 Figura 5.6: Resultados da simulação de desconexão da GD no SEP..................... 98 Figura 5.7: Curto-circuito aplicado no SEP e destaque para a microrrede formada

após o curto. ...................................................................................100 Figura 5.8: Resultados da simulação para a microrrede formada. .......................105 Figura 5.9: Resultados da simulação para o SEP resultante após a formação da

microrrede. .....................................................................................110 Figura 5.10: Resultados da simulação para a resincronização da microrrede. .....116 Figura 6.1: Perfil de tensão na rede de distribuição. ..........................................117 Figura 6.2: Níveis de curto-circuito...................................................................118

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Lista de Tabelas Tabela 2.1: Categorias de GD quanto a máxima variação de potência. .................. 7 Tabela 2.2: Classificação das tecnologias de emprego comum em GD. ................. 9 Tabela 2.3: Capacidade de geração de energia elétrica no Brasil até Dez/2009. .. 28 Tabela 2.4: Empreendimentos em construção no Brasil. ..................................... 29 Tabela 2.5: Empreendimentos outorgados entre 1998 e 2009 - Brasil. ................. 29 Tabela 2.6: Capacidade de geração de energia elétrica no Rio de janeiro até

Dez/2009. ........................................................................................ 30 Tabela 2.7: Empreendimentos em construção no RJ............................................ 31 Tabela 2.8: Empreendimentos Outorgados entre 1998 e 2004 - RJ. ..................... 31 Tabela 2.9: Geração de energia elétrica por agentes de geração - RJ. .................. 32 Tabela 2.10: Autoprodutores em paralelo com a rede da LIGHT no RJ................ 34 Tabela 3.1: Etapas dos Procedimentos de Acesso por tipo de acessante. .............. 40 Tabela 3.2: Informações preliminares para a consulta de acesso.......................... 41 Tabela 3.3: Informações técnicas para a consulta de acesso de centrais geradoras.

....................................................................................................... 41 Tabela 3.4: Informação de acesso....................................................................... 43 Tabela 3.5: Parecer de acesso............................................................................. 45 Tabela 3.6: Variações de freqüência conforme condições de operação................. 47 Tabela 3.7: Tensões nominais de conexão........................................................... 48 Tabela 3.8: Níveis de tensão considerados para conexão de centrais geradoras.... 48 Tabela 3.9: Fator de potência operacional nos pontos de conexão de unidades

produtoras de energia....................................................................... 49 Tabela 3.10: Proteçãoes mínimas em função da potência instalada...................... 50 Tabela 3.11: Funções de proteção mínimas para o ponto de conexão com a rede da

Light. .............................................................................................. 62 Tabela 5.1: Parâmetros ajustados no SIMULIGHT, referentes aos modelos dos

geradores, reguladores de tensão e reguladores de velocidade disponíveis no programa. ................................................................. 75

Tabela 5.2: Dados de entrada para simulação: dados das barras do SEP............... 76 Tabela 5.3: Dados de entrada para simulação: dados dos ramos do SEP. ............. 77 Tabela 5.4: Estado operativo das barras após a simulação com a GD desconectada.

....................................................................................................... 78 Tabela 5.5: Fluxo de potência nos ramos com a GD desconectada. ..................... 79 Tabela 5.6: Estado operativo das barras após a simulação com a GD conectada. . 81 Tabela 5.7: Fluxo de potência nos ramos com a GD conectada............................ 82 Tabela 5.8: Tensões e correntes de curto-circuito com a GD desconectada. ......... 85 Tabela 5.9: Tensões e correntes de contribuição com a GD desconectada. ........... 86 Tabela 5.10: Níveis de curto-circuito com a GD desconectada. ........................... 86 Tabela 5.11: Tensões e correntes de curto-circuito com a GD conectada. ............ 87 Tabela 5.12: Tensões e correntes de contribuição com a GD conectada. .............. 87 Tabela 5.13: Níveis de curto-circuito com a GD conectada. ................................ 88 Tabela 5.14: Disjuntores inseridos no SIMULIGHT para conexão/desconexão da

GD. ................................................................................................. 89 Tabela 5.15: Eventos configurados no SIMULIGHT para a conexão da GD. ....... 89 Tabela 5.16: Eventos configurados no SIMULIGHT para a desconexão da GD. .. 94

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Tabela 5.17: Disjuntores inseridos no SIMULIGHT para a simulação da aplicação da GD na formação de microrredes. ................................................. 99

Tabela 5.18: Eventos configurados no SIMULIGHT para a simulação da aplicação da GD na formação de microrredes. ................................................101

Tabela 5.19: Relatório de eventos ocorridos no SIMULIGHT para a formação da microrrede. .....................................................................................101

Tabela 5.20: Eventos adicionados no SIMULIGHT para a simulação de resincronização da microrrede......................................................... 111

Tabela 5.21: Relatório de eventos do SIMULIGHT para a etapa de resincronização.......................................................................................................111

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1

1. Introdução

No final do século passado, o modelo do setor elétrico brasileiro passou por

grandes transformações. Até meados da década de 90, as empresas operadoras do

setor eram controladas pelo Estado, tinham a maioria de suas atividades

regulamentadas e apresentavam-se em uma estrutura verticalizada (cadeia de

geração, transmissão e distribuição eram propriedades de um único “empresário”,

o Estado).

Com o movimento de liberalização em diversos setores da economia, inclusive

no setor elétrico, as empresas operadoras foram privatizadas e divididas em

companhias geradoras, transmissoras e distribuidoras. As atividades de distribuição

e de transmissão, consideradas monopólios naturais, continuaram totalmente

regulamentadas. Porém, a produção das geradoras passou a ser comercializada no

mercado livre através de contratos bilaterais entre as partes compradora e

vendedora.

Esse processo de desverticalização comercial do mercado de energia deu

origem a um novo ambiente institucional do setor de energia elétrica. O Ministério

de Minas e Energia (MME) constituiu: a Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL), o Operador do Sistema Interligado (ONS) e o Mercado Atacadista de

Energia (MAE). A Aneel é o agente regulador do setor elétrico que, através de

regulamentação e fiscalização, visa garantir a operação de todos os agentes em um

ambiente de equilíbrio, permitindo lucros às companhias e modicidade tarifária aos

consumidores. O ONS coordena a operação das usinas e redes de transmissão do

Sistema Interligado Nacional (SIN). Já o MAE foi constituído com a criação do

mercado livre de energia.

Em 2004, por meio das leis nº 10.847/2004 e nº 10.848/2004, foi implementado

o Novo Modelo do Setor Elétrico, cujos objetivos principais eram: garantir a

segurança do suprimento, promover a modicidade tarifária e promover a inserção

social através dos programas de universalização. Este novo modelo manteve a

estrutura política anterior, representada pelo Ministério de Minas e Energia

(MME), pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e pelo Congresso

Nacional, e ficou marcado por retornar a responsabilidade pelo planejamento do

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2

setor de energia elétrica para o Estado com a criação da Empresa de Pesquisa

Energética (EPE), que tem como objetivo elaborar os estudos necessários ao

planejamento da expansão do setor.

O novo modelo instituiu dois ambientes para a compra e venda de energia: o

Ambiente de Contratação Regulada (ACR), exclusivo para geradoras e

distribuidoras, e o Ambiente de Contratação livre (ACL), no qual participam

geradoras, comercializadoras, importadores, exportadores e consumidores livres.

Como conseqüência constituiu a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

(CCEE) que passou a ser responsável por intermediar a negociação da energia

nesses ambientes, em substituição ao MAE.

Simultaneamente a liberalização do mercado de energia, a conscientização

ambiental também foi um fator determinante para o desenvolvimento do setor

elétrico. O aquecimento global ocasionado pela grande emissão de gases

causadores do efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) que é emitido

através da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia, e também a

possível escassez das reservas desses combustíveis, fizeram surgir a necessidade

de um desenvolvimento sustentável nas atividades de produção de energia.

Assim, a maioria dos países do mundo, especialmente os mais desenvolvidos,

maiores consumidores de combustíveis fósseis, passou a investir na diversificação

da matriz energética. Esses investimentos possibilitaram avanços tecnológicos e

aumentos significativos na eficiência de processos de produção de energia a partir

de fontes renováveis (sol, vento, biomassa, maré, entre outras), reduzindo os custos

e viabilizando a implantação em escala comercial destas tecnologias.

No Brasil o incentivo à produção de energia elétrica a partir de fontes

renováveis veio através do PROINFA, Programa de Incentivo às Fontes

Alternativas de Energia Elétrica, com base na lei nº 10.438/2002. Este programa

foi dividido em duas fases: a primeira promoverá a instalação de 3300 MW de

potência distribuídas entre Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), Usinas Eólicas

e Usinas à Biomassa, enquanto que a segunda tem como objetivo elevar a produção

de energia elétrica a partir dessas três fontes renováveis escolhidas a fim de

alcançar 10% de participação na matriz energética nacional até o término previsto

do programa, em 2022 [1].

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3

Todas as transformações ocorridas na década de 90 - o movimento de

liberalização da economia, a conscientização ambiental, os avanços tecnológicos e

os incentivos políticos - favoreceram o interesse e a disseminação de sistemas com

geração distribuída (GD). Isto se deve ao fato deste tipo de geração ser composta

por usinas de pequeno porte que utilizam fontes locais e esparsas de energia como,

por exemplo, PCH, usinas eólicas, usinas à biomassa, entre outras fontes

renováveis e não-renováveis.

Basicamente, o SIN é composto de grandes centrais geradoras interligadas às

subestações distribuidoras através de grandes linhas de transmissão. Além de

apresentarem custos elevados, o tempo e o impacto ambiental ocasionado pelos

grandes empreendimentos de construção de usinas hidrelétricas e de linhas de

transmissão, são muito altos. Por outro lado, as unidades de GD, caracterizadas por

serem conectadas à rede de distribuição e, por isso, estão localizadas próximas aos

centros de carga, são usinas que apresentam menores impactos ambientais e menor

tempo de implantação, já que são usinas de pequeno porte.

Sistemas com GD são extremamente importantes para o desenvolvimento

sustentável do setor elétrico. Por isso, neste trabalho foram abordados os principais

aspectos da geração distribuída com o objetivo de apresentar os estudos elétricos

exigidos pelas distribuidoras, avaliando os impactos da conexão da GD nas redes

de distribuição através de simulações em programas computacionais consolidados,

como o ANAREDE e o SAPRE/ANAFAS, do CEPEL.

Outro objetivo deste trabalho é apresentar e analisar a aplicação da GD na

formação de microrredes (ilhas elétricas) através de simulações de análise

dinâmica utilizando o programa SIMULIGHT [2][3], fruto da parceria de pesquisa

e desenvolvimento entre a empresa LIGHT e a instituição de ensino e pesquisa

COPPE/UFRJ.

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4

1.1. Estrutura do trabalho

Este trabalho está divido em 6 capítulos com a seguinte distribuição:

O capítulo 2 apresenta uma proposta de definição ao termo geração distribuída,

as principais fontes e tecnologias aplicadas em unidades de GD, as vantagens e

desvantagens desses sistemas, e também o quadro de geração de energia elétrica no

Brasil e no Estado do Rio de Janeiro.

O capítulo 3, trata das políticas e dos procedimentos de acesso às redes das

distribuidoras. São apresentados neste capítulo os estudos elétricos exigidos pelas

concessionárias para acesso às suas redes de distribuição.

O capítulo 4 apresenta uma definição do conceito de microrredes e as

necessidades técnicas para a aplicação da GD como suporte a estes sistemas.

No capítulo 5, são demonstradas os resultados das simulações dos estudos

elétricos exigidos pelas distribuidoras em um sistema elétrico de potência com GD

para análises dos impactos da conexão desta usina na rede de distribuição. Além

disso, também estão demonstrados neste capítulo os resultados da simulação para

análise da aplicação da GD em uma microrrede.

Por fim, no capítulo 5.3.1 estão as conclusões obtidas com base nos resultados

apresentados nas simulações e uma proposta para trabalhos futuros.

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1.2. Revisão da literatura

São diversos os trabalhos desenvolvidos a cerca do tema geração distribuída (GD).

Em [4] há uma proposta de definição bastante aceita para este tipo de geração que

até então não possuía uma definição consistente.

Em [5], [6] e [7] são apontados os diferentes tipos de tecnologia aplicadas em

GD sob os pontos de vista construtivo e tecnológicos. Em [5], também são

apresentadas as principais aplicações da GD de acordo com a tecnologia

empregada.

A vantagem econômica apresentada em sistemas com GD aumentou o interesse

pelo uso destes sistemas na expansão da capacidade das redes de distribuição.

Como conseqüência, surgiram a necessidade de estudar a fundo o planejamento da

distribuição [8], bem como estudar o melhor posicionamento para a inserção das

GDs [9] e analisar os conflitos operacionais ocasionados pela inserção desses

sistemas nas redes de distribuição[10].

A fim de padronizar o acesso das unidades de GD às diversas distribuidoras do

país, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) elaborou um documento

com normas e padrões para as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e

desempenho dos sistemas de distribuição, denominado Procedimentos de

Distribuição (PRODIST), [11].

Como as redes de distribuição no país são distintas, cada distribuidora

disponibiliza um documento, baseado no PRODIST, contendo as normas técnicas

relativas ao acesso de unidades geradoras em suas redes, conforme em [12], [13],

[14], [15] e [16].

Uma das principais vantagens do uso de sistemas com GD é a flexibilidade que

este tipo de geração introduz nas redes de distribuição, em especial na

possibilidade de formar microrredes [17], do inglês “Microgrid” , que são sistemas

compostos por diversas tecnologias, incluindo a GD, capazes de permitir a

operação ilhada das redes de distribuição caso ocorra problemas no fornecimento

de energia pelo sistema central, aumentando a continuidade e a eficiência da

energia.

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2. A Geração Distribuída

A geração distribuída (GD) é uma tendência mundial no setor elétrico conseqüente

do processo de abertura do mercado de energia, da preocupação ambiental, dos

avanços tecnológicos e dos incentivos políticos.

Por ser uma tecnologia emergente e indefinida, diferentes termos são usados

para se referir à GD em determinadas regiões do mundo: na América do Norte usa-

se o termo Geração Dispersa; na América do Sul, Geração Embutida; na Europa e

alguns países da Ásia, usa-se o termo Geração Descentralizada. Entretanto, há na

literatura uma proposta de definição onde o termo Geração Distribuída é

consolidado[4].

2.1. Definição

A proposta de definição estabelecida em [4] diz que: “Geração Distribuída é uma

fonte de energia elétrica conectada diretamente na rede de distribuição ou

conectada à rede pelo lado do consumidor”.

Na proposta dada em [4] diversos fatores são levados em consideração na

definição de GD: o propósito, a localização, a variação de potência, a área onde a

potência é fornecida, a tecnologia, o impacto ambiental, o modo de operação, o

proprietário e a penetração da GD. Vejamos:

2.1.1. Propósito

O propósito da GD é, usualmente, suprir parte ou toda a demanda de potência ativa

dos consumidores. Porém há casos em que a GD contribui na regulação de tensão

como fonte de potência reativa.

2.1.2. Localização

Quanto à localização, a GD é definida como sendo a geração de energia elétrica

que está conectada diretamente na rede de distribuição ou conectada à rede pelo

lado do consumidor.

Por exemplo, um sistema de co-geração de energia à biomassa instalado em

uma indústria que está conectada diretamente no sistema de transmissão é

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7

considerado GD, pois o sistema de geração está conectado na rede pelo lado do

consumidor (a indústria). Por outro lado, um parque eólico de geração de energia

elétrica que está conectado diretamente no sistema de transmissão, porque o

sistema de distribuição não tem capacidade suficiente de suportá-lo, não é

considerado GD.

Por isso, é importante que a distinção entre os sistemas de distribuição e de

transmissão seja clara. Para tanto, as próprias definições legais estabelecidas no

país para esses sistemas já impõem os limites de cada um.

2.1.3. Variação de potência

Apesar de a máxima variação de potência ser usada freqüentemente na definição de

GD, em [4] não é considerado relevante para sua proposta de definição a máxima

variação de potência da GD, uma vez que isto depende da capacidade do sistema

de distribuição e, conseqüentemente, do nível de tensão do sistema de distribuição

onde a GD será conectada. Entretanto, são sugeridas categorias para a distinção da

GD quanto à máxima variação de potência, conforme a Tabela 2.1.

Tabela 2.1: Categorias de GD quanto a máxima variação de potência.

Geração Distribuída Categoria Máxima variação de potência

Micro 1 W < 5 kW Pequena 5 kW < 5 MW

Média 5 MW < 50 MW Grande 50 MW <~150 MW

Fonte: [4]

2.1.4. Área de fornecimento de potência

Quanto à área de fornecimento de potência, alguns autores definem que toda a

potência produzida pela GD é consumida na própria rede de distribuição, mas há

situações em que o sistema de distribuição não demanda toda a potência produzida

pela GD e o excedente é exportado através do sistema de transmissão. Por isso,

esse fator não é relevante na proposta de definição de GD.

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2.1.5. Tecnologia

A tecnologia usada em GD também não é considerada relevante para a proposta de

definição, pois são diversas as tecnologias empregadas em GD, mesmo que a

maioria faça uso de fontes renováveis de energia.

2.1.6. Impactos ambientais

Como a maioria das tecnologias empregadas em GD faz uso de fontes renováveis

de energia, a GD é considerada como sendo de mais baixo impacto ambiental que

as gerações centralizadas. Entretanto, isto não é relevante para a proposta de

definição, pois não são levados em consideração os processos de fabricação dos

equipamentos utilizados na conversão de energia elétrica a partir de fontes

renováveis. Tais processos geram impactos ambientais significativos.

2.1.7. Modo de operação

O modo de operação também não é determinante para a proposta de definição,

devido a grande variação que existe na regulamentação da operação do sistema

elétrico a nível internacional.

2.1.8. Proprietário

Os empreendimentos de GD são, geralmente, propriedades de Produtores

Independentes de Energia (PIE) ou Autoprodutores de Energia (APE). Entretanto

vem crescendo o interesse das grandes centrais geradoras pela GD. Logo, a

propriedade da GD não é relevante para a proposta de definição.

2.1.9. Penetração da GD

A penetração da GD não é fundamental para a proposta de definição, porque

depende da área onde a GD é inserida nos sistemas de distribuição, que variam de

acordo com a região.

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2.2. Fontes e tecnologias aplicadas em geração distribuída

Conforme visto no item 2.1.5, a geração distribuída não está associada a uma

tecnologia em si, isto porque as unidades de geração distribuída (GD) apresentam

diferentes tipos de fontes combustíveis e tecnologias que devem ser estudadas e

comparadas para que se escolha a tecnologia mais adequada para determinadas

aplicações [5][6][7].

As tecnologias aplicadas em GD se diferem, principalmente, pela fonte de

combustível, pelo tipo de conexão e pela capacidade de geração, conforme pode

ser visto na Tabela 2.2.

Tabela 2.2: Classificação das tecnologias de emprego comum em GD.

Tecnologia

Fonte de Combustível

Interface

Pequeno <100kW

Intermediário 100kW-1MW

Grande >1MW

Motores recíprocos com geradores síncronos ou de indução

Combustível fóssil e biogás

Conexão direta

X X X

Pequenas turbinas a gás Combustível fóssil e biogás

Conexão direta

X

Micro-turbinas Combustível fóssil

Inversor X X

Células Combustíveis Combustível fóssil e renovável

Inversor X X X

Geotérmico Renovável Conexão direta

X X

PCH Renovável Conexão direta

X X

Eólica Renovável Inversor X X X Fotovoltaico Renovável Inversor X X X

Solar térmico Renovável Conexão direta

X X X

Armazenamento em baterias

Rede elétrica Inversor X X X

Armazenamento em capacitores Rede elétrica Inversor X X

Armazenamento em volantes

Rede elétrica Inversor X X

Armazenamento em supercondutores

Rede elétrica Inversor X X

Fonte: [7]

As principais características das tecnologias apresentadas na Tabela 2.2 estão

explicitadas nos itens a seguir. As fontes de combustível utilizadas na geração

distribuída como o gás natural, a biomassa e o biogás também estão explicitados a

seguir.

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2.2.1. Motores de combustão interna

Os motores de combustão interna são associados mecanicamente com geradores

síncronos ou de indução, formando um grupo motor-gerador que utilizam

combustíveis fósseis, geralmente o diesel. A estrutura básica de um grupo motor-

gerador está ilustrada na Figura 2.1. Este tipo de tecnologia apresenta níveis de

eficiência entre 30 e 40% [7]. Estão disponíveis comercialmente e são amplamente

utilizados na geração distribuída por serem confiáveis e econômicos no suprimento

de energia em sistemas de co-geração, indústrias, aeroportos, hospitais, hotéis,

shopping centers, regiões remotas, etc.

Figura 2.1: Estrutura Básica de um grupo motor-gerador (Fonte: Indel Indústria).

2.2.2. Turbinas a gás convencionais

As turbinas a gás convencionais são utilizadas na geração distribuída, geralmente,

em usinas termelétricas e em sistemas de co-geração, utilizando gás natural ou

biogás como combustível. O conceito básico da geração de energia elétrica através

de turbinas a gás consiste na queima do combustível, transformando a água em

vapor que, em alta pressão, gira a turbina e o gerador acoplado a ela

mecanicamente, produzindo energia elétrica. Este tipo de tecnologia apresenta

capacidade de geração variando de 1 a 30 MW de potência e eficiências entre 24 e

35% [7].

A capacidade de geração e a eficiência das usinas que utilizam turbinas a gás

podem ser incrementadas se operando em ciclo combinado. Este tipo de operação

consiste no aproveitamento dos gases de escape da turbina a gás em temperatura

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elevada para a transformação de água em vapor que aciona uma turbina a vapor de

modo semelhante ao processo anterior, conforme ilustrado na Figura 2.2.

Figura 2.2: Operação de turbinas a gás com ciclo combinado (Fonte: Furnas

Centrais Elétricas).

2.2.3. Micro-turbinas a gás

As micro-turbinas correspondem a uma nova tecnologia aplicada na geração

distribuída compondo sistemas de co-geração ou sistemas modulares compactos de

geração termelétrica conectados à carga ou à rede através de modernos sistemas de

eletrônica de potência que permitem sua operação isolada ou em paralelo com a

rede.

A Figura 2.3 [17] apresenta um tipo de micro-turbina com recuperação de calor.

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Figura 2.3: Micro-turbina com recuperação de calor.

As micro-turbinas operam da mesma forma que as turbinas a gás

convencionais, a diferença é que são turbinas de pequena capacidade compostas

basicamente de um compressor, um combustor, um recuperador, uma pequena

turbina e um gerador elétrico, conforme diagrama esquemático da Figura 2.4 [18].

Em alguns casos, o compressor e o gerador são conectados por um único eixo sem

a necessidade de engrenagens, possuindo apenas uma parte móvel, o que reduz

ruídos e custos com manutenção. Outras vantagens são as baixas emissões de

óxidos de nitrogênio (NOx), o tamanho e o peso reduzidos [6].

Figura 2.4: Diagrama esquemático de uma micro-turbina.

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Os principais tipos de micro-turbinas são:

• Turbinas de ciclo simples;

• Turbinas de ciclo recuperado;

• Turbinas de ciclo combinado.

Sob o ponto de vista técnico, as micro-turbinas se diferem das turbinas a gás

por operarem em altas rotações, até 100 mil rpm (rotações por minuto) e por

utilizarem uma moderna eletrônica de potência como interface com a carga ou com

a rede, para aumentar sua flexibilidade e controle mais eficiente. Podem utilizar

como combustível o gás natural, biogás, GLP e diesel. Possuem capacidade de

geração entre 30 e 300kW com eficiências variando entre 20 e 30%, mas com os

incentivos em pesquisa e desenvolvimento, espera-se que alcancem 40% de

eficiência [7].

2.2.4. Células Combustíveis

As células a combustíveis são equipamentos utilizados na geração de energia

elétrica a partir da energia química, através de processos eletroquímicos, e que tem

como subproduto a geração de energia térmica (calor). O principal combustível

utilizado é o hidrogênio que pode ser produzido a partir de diversas fontes

(combustível fóssil ou renovável). O resíduo principal do processo eletroquímico é

a água.

Basicamente, as células combustíveis são compostas por dois eletrodos

separados por uma membrana eletrolítica. Por um dos eletrodos, o catodo, flui

oxigênio (oxidante) advindo do ar e pelo outro eletrodo, o anodo, flui o hidrogênio

(redutor) produzido a partir da fonte de combustível. A energia elétrica é produzida

a partir da reação eletroquímica entre o oxigênio e o hidrogênio [5], conforme

ilustrado na Figura 2.5 [18].

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Figura 2.5: Modelo conceitual de uma célula combustível.

Como não há combustão envolvida, as células combustíveis são mais

vantajosas que as outras tecnologias vistas anteriormente, pois apresentam

baixíssimas emissões de gases causadores do efeito estufa (óxidos de nitrogênio -

NOx e gás carbônico - CO2) e podem ser até duas vezes mais eficientes que as

tecnologias que utilizam combustão, chegando a apresentar cerca de 60% de

eficiência [5].

Os principais tipos de células combustíveis são:

• Células com membrana eletrolítica de polímero;

• Células alcalinas;

• Células de ácido fosfórico;

• Células de carbonato fundido;

• Células de óxido sólido.

As três primeiras são ditas de baixa temperatura, enquanto que as restantes são

de altas temperaturas [6][18].

As células a combustíveis podem ser utilizadas em unidades residências ou

comerciais, em indústrias e em sistemas de co-geração de energia, pois além de

produzir eletricidade tem como subproduto o calor, no caso das células

combustíveis de carbonato fundido e de óxido sólido. A Figura 2.6 [17] apresenta

um modelo de célula combustível.

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Figura 2.6: Célula combustível.

A flexibilidade e compatibilidade dessa tecnologia com outras que também

possuem sistemas modulares, os altos níveis de eficiência e qualidade da energia

fazem com que esta tecnologia de geração distribuída seja a mais promissora.

Entretanto, os altos custos de capital dificultam a aceitação desta tecnologia no

mercado. Sob o ponto de vista elétrico, as células combustíveis necessitam de uma

interface em eletrônica de potência para a regulação da tensão de saída e aumento

da sua flexibilidade, que acabam elevando ainda mais os custos de implantação

desta tecnologia.

2.2.5. Pequenas Centrais Hidrelétricas

A Agência Nacional de energia Elétrica (ANEEL), adota três classificações quanto

à potência instalada das usinas hidrelétricas [1]:

• Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH): até 1 MW de potência

instalada;

• Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH): entre 1,1 MW e 30 MW;

• Usina Hidrelétrica de Energia (UHE): mais de 30 MW.

As pequenas centrais hidrelétricas (PCH) são usinas hidrelétricas de pequeno

porte que operam a fio d’água, sem a necessidade de grandes reservatórios.

Geralmente estão localizadas próximas a centros de carga e são consideradas como

geração distribuída quando conectadas no sistema elétrico da distribuidora local,

podendo ser operadas de forma a atender as necessidades desta distribuidora.

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Como o país domina inteiramente a tecnologia de produção de energia elétrica

por usinas hidrelétricas, as PCH apresentam vantagens como tecnologia acessível

com custos mais baixos. Além disso, por não necessitar de grandes reservatórios,

apresentam menores impactos ambientais o que agiliza ainda mais sua

implantação.

De acordo com a Aneel [1], em novembro de 2008 haviam 1.768

empreendimentos em operação com potência total outorgada de 104.815 MW.

Destas 320 são PCHs com potência total outorgada de 2.399 MW, o que

corresponde a 2,29% da matriz elétrica nacional. As PCHs aumentarão ainda mais

sua participação na matriz elétrica nacional, pois dos 130 empreendimentos em

construção com potência total outorgada de 7.400 MW, 67 são PCHs com potência

total outorgada de 1.090 MW, o que corresponde a 14,73% do total em construção

e dos 469 empreendimentos outorgados com potência total outorgada de 26.464

MW, 166 são PCHs com potência total outorgada de 2.432 MW, o que corresponde

a 9,19% do total em outorga.

2.2.6. Energia Eólica

A energia eólica é a energia obtida a partir do movimento das massas de ar, ou

seja, a partir do vento. Este tipo de energia é utilizado há muitos anos,

principalmente na movimentação de barcos e no bombeamento de água.

A geração eólica ocorre pelo contato do vento com as pás da turbina que giram

e dão origem à energia mecânica que aciona o rotor do aerogerador, apresentado na

Figura 2.7 [1], produzindo energia elétrica. A quantidade de energia mecânica

convertida em potência elétrica é diretamente proporcional a densidade do ar, a

área coberta pela rotação das pás e a velocidade do vento, conforme a equação 2.1

[19].

2

),( 3 AvCP P ρβλ

= (2.1)

onde: P: Potência elétrica [W]; CP: Coeficiente de potência; ρ : Densidade do ar [Kg/m3]; λ : Relação entre velocidade das pás e do vento[19]; A: Área varrida pelo rotor [m2]; β : Ângulo de passo [19]. v: Velocidade do vento [m/s];

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As turbinas dos aerogeradores são formadas por um conjunto de pás (2 ou 3

pás) que, devido a ação do vento, são submetidas a forças aerodinâmicas que a

colocam em um movimento de rotação. As principais componentes de força que

caracterizam o funcionamento de uma turbina eólica são: a força de arrasto, na

direção do vento, e a força de sustentação, perpendicular a direção do vento.

As turbinas vêm sofrendo evoluções tecnológicas que visam à obtenção de

equipamentos mais eficientes. As turbinas mais modernas são de eixo horizontal,

com perfis aerodinâmicos eficientes e são impulsionadas predominantemente por

forças de sustentação, acionando geradores de velocidade variável (máquina de

indução). Atualmente, existem turbinas de 100m de diâmetro que podem gerar até

5 mil kW [1].

Figura 2.7: Aerogerador.

A fonte de energia da geração eólica é o vento, que tem custo zero, porém o

custo das turbinas, apesar de ser decrescente, ainda é muito elevado. Mesmo assim,

a produção de energia elétrica a partir da energia eólica vem crescendo no mundo,

principalmente nos países desenvolvidos. De acordo com a Aneel, em 2007 o total

de energia elétrica produzida a partir da energia eólica foi de 93.849 MW, um

crescimento de 26,6% em relação a 2006, e os maiores parques eólicos

encontravam-se na Alemanha (23,7% do total), nos Estados Unidos (17,9%) e na

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Espanha (16,1%), enquanto que o parque eólico brasileiro correspondia a apenas

0,3% do total [1].

No Brasil, o potencial de geração de energia eólica é de 143 mil MW. A região

com maior potencial medido é o Nordeste (75GW), principalmente no litoral.

Porém, a capacidade instalada das usinas eólicas em operação no Brasil em

novembro 2008 era de 273 MW, cerca de 0,2% do potencial brasileiro [1].

As principais características que dificultam o uso da energia eólica como fonte

regular de energia elétrica são: a ocorrência irregular dos ventos e a variação de

velocidade dos ventos ao longo do ano. Como a potência gerada pela energia

eólica é proporcional ao cubo da velocidade do vento, dimensionar e escolher um

local para instalação de um parque eólico é muito difícil, limitando-se a locais em

que a ocorrência de vento é constante ou varia muito pouco e com velocidades de

vento altas.

A energia eólica é uma fonte de energia aplicada na geração distribuída.

Existem no mundo sistemas eólicos de grande porte interligados à rede de

distribuição que são bastante viáveis, apresentando custos comparativos ao das

hidrelétricas. Os sistemas eólicos também são aplicados em conjunto com grupo

motor-gerador, com sistemas fotovoltaicos e com sistemas de armazenamento no

suprimento de energia elétrica de regiões isoladas. A implantação de sistemas

eólicos em conjunto com sistemas de armazenamento é complexa e onerosa, pois

devem possuir equipamentos que compensem a variação de velocidade e de

ocorrência dos ventos ao longo do ano, sendo esta aplicação limitada a pequenos

sistemas de armazenamento em baterias que servem para o fornecimento de

energia elétrica em regiões remotas, onde o benefício e conforto compensam o alto

custo de implantação.

2.2.7. Energia solar

A energia solar pode ser aproveitada para a produção de calor e para a produção de

energia elétrica. No primeiro caso, a energia solar é transformada em calor se for

utilizada uma superfície escura para sua captação, enquanto que no segundo caso, a

energia solar é transformada em energia elétrica utilizando-se células fotovoltaicas.

A energia solar também pode ser transformada em energia elétrica utilizando-se

sistemas heliotérmicos que captam a irradiação solar e a convertem em calor que é

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utilizado em termelétricas para a produção de eletricidade. Porém, é necessário um

local com alta incidência de irradiação solar direta.

As células fotovoltaicas são formadas por placas de material semicondutor,

geralmente o silício, uma dopada positivamente (P) e a outra dopada

negativamente (N), formando uma junção PN. Quando a luz do sol incide sobre

esta junção, o campo elétrico entre as duas placas permite o fluxo eletrônico

(partículas positivas e negativas) sob a forma de corrente contínua, caracterizando

o efeito fotovoltaico, conforme ilustrado na Figura 2.8.

Figura 2.8: Modelo conceitual de uma célula fotovoltaica (Fonte:

CRESESB/CEPEL).

Cada célula fotovoltaica pode fornecer de 2 a 4A com de tensão de saída de,

aproximadamente, 0,5V [5],[18]. Para elevar os níveis de tensão e corrente, elas

são associadas em série e em paralelo, respectivamente, formando módulos ou

painéis fotovoltaicos que fornecem tensão e corrente de saída mais adequadas. Para

aumentar a capacidade de geração de energia, os módulos ou painéis fotovoltaicos

também são associados em série e/ou paralelo, formando um conjunto de painéis

fotovoltaicos que é capaz de gerar potências elevadas. Um exemplo de um

conjunto de painéis fotovoltaicos está ilustrado na Figura 2.9 [17].

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Figura 2.9: Conjunto de painéis fotovoltaicos.

Como a saída dos painéis fotovoltaicos é fornecida em corrente contínua, a

energia gerada é utilizada em equipamentos de corrente contínua ou é armazenada

em um banco de baterias. Para situações em que se deseja a conexão com a rede é

necessário o uso de conversores de corrente contínua (CC) para corrente alternada

(CA), denominados conversores CC/CA ou inversores.

A geração de eletricidade através de sistemas fotovoltaicos apresenta custos

elevados. Além do painel fotovoltaico, os inversores e o banco de baterias

apresentam custos bastante altos. Mesmo assim, os sistemas fotovoltaicos

conectados à rede foram, entre 2006 e 2007, a tecnologia de geração com maior

crescimento no mundo [1]. Boa parte das unidades tem sido conectada à rede de

distribuição de energia elétrica, caracterizando-se como geração distribuída,

conforme a Figura 2.10 [1].

Figura 2.10: Capacidade mundial de sistemas fotovoltaicos entre 1995-2007.

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2.2.8. Energia Geotérmica

A energia geotérmica é produzida através dos gêiseres, que são fontes de vapor no

interior da Terra que apresentam erupções periódicas, e do aproveitamento do calor

existente no interior das rochas para o aquecimento da água e produção de vapor

que é aproveitado em termelétricas, conforme a Figura 2.11 [1].

Figura 2.11: Esquema conceitual de produção de eletricidade a partir da energia

geotérmica.

Esta forma de produção de energia elétrica apresenta-se em pequeno número e

em poucos países. No Brasil não há unidades em operação, porém, a potência

instalada ao redor do mundo é bastante significativa. De acordo com [1], em 2007

a capacidade mundial instalada era de 9.720 MW, sendo os Estados unidos (2.936

MW), Filipinas (1.978 MW) e México (959 MW) os maiores produtores, com

cerca de 60% da capacidade total instalada.

Mesmo sendo uma energia limpa e renovável, a energia geotérmica não teve a

mesma evolução que a eólica e a solar, por exemplo, ficando praticamente

estagnada entre 2006 e 2007 [1].

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2.2.9. Dispositivos de armazenamento

Dispositivos de armazenamento consistem em baterias, super capacitores, volantes

mecânicos (“Flywheels”), armazenadores pneumáticos/hidráulicos e

supercondutores magnéticos [7].

As baterias são os dispositivos de armazenamento mais comuns em uso mesmo

com os altos custos de implantação e de manutenção desses dispositivos que, além

disso, ainda podem causar sérios problemas ao meio ambiente quando descartadas.

Um exemplo de banco de baterias de chumbo-ácido pode ser visualizado na Figura

2.12 [17].

As demais tecnologias de armazenamento de energia apresentadas estão

avançando tecnologicamente e se tornando comercialmente viáveis. Os

supercapacitores são dispositivos de armazenamento de alta densidade de potência

com capacidade de ciclo elevada. Os volantes mecânicos são sistemas que vêm

sendo considerados recentemente como um meio viável de suportar cargas críticas

durante interrupções no sistema elétrico por apresentarem resposta mais rápida que

os sistemas de armazenamento eletroquímicos, [17].

Na operação do sistema elétrico, normalmente esses dispositivos são

carregados durante o período de baixa demanda de energia e geralmente são

utilizados em conjunto com outros tipos de geração distribuída para atendimento

nos horários de pico de demanda de energia a fim de evitar variações de freqüência

e tensão na rede, bem como evitar interrupções no fornecimento de energia.

Figura 2.12: Banco de baterias de chumbo-ácido.

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23

Um exemplo de um sistema híbrido de geração distribuída contendo sistemas

fotovoltaicos, eólico e dispositivos de armazenamentos pode ser visualizado na

Figura 2.13 [20]. Pode-se observar que estes sistemas necessitam de diversas

interfaces em eletrônica de potência: um retificador (RT-1), dois controladores de

carga (CH-A e CH-B), um conversor DC-DC e um conversor DC-AC (inversor).

Todos esses equipamentos fazem com que esse sistema apresente altos custos,

sendo aplicado apenas em regiões remotas e isoladas.

Figura 2.13: Esquema de ligação de um sistema híbrido (eólico, solar e banco de

baterias) de geração de energia elétrica conectado à rede de distribuição.

2.2.10. Gás Natural

O gás natural, assim como o petróleo, é um hidrocarboneto resultante da

decomposição da matéria orgânica durante milhões de anos. Tem como elemento

predominante o gás metano e por este motivo é uma fonte de energia mais limpa

que outros combustíveis fósseis. Para se ter uma idéia o gás natural utilizado em

termelétricas pode emitir até 23% menos CO2 que o óleo combustível e até 50%

menos CO2 que o carvão [1].

O gás natural pode ser utilizado tanto na produção exclusiva de energia elétrica

quanto na co-geração, aproveitando o calor e o vapor, dissipados na produção de

eletricidade, em processos industriais. Ele é muito utilizado em usinas

termelétricas com turbinas a gás ou micro turbinas, onde o gás é misturado com ar

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comprimido para se obter a combustão, emitindo gases em altas temperaturas que

provocam o movimento das turbinas. Estas, por sua vez, estão conectadas a

geradores que transformam a energia mecânica em energia elétrica.

A participação das termelétricas a gás natural na produção de energia elétrica

no Brasil era, em novembro de 2008, de 11 mil MW, ou pouco mais de 10% da

potência total instalada no país, de 103 mil MW. De acordo com o Plano Nacional

de Energia 2030, produzido pela EPE, a participação das termelétricas a gás

natural irá aumentar ainda mais no curto e médio prazos [1].

2.2.11. Biomassa

Qualquer matéria orgânica que possa ser transformada em energia elétrica, térmica

e orgânica é classificada como biomassa. Ela pode ser de origem:

• Florestal: madeira, principalmente;

• Agrícola: cana de açúcar, soja, arroz, beterraba, entre outras.

• Rejeitos urbanos e industriais: sólidos ou líquidos, como o lixo.

A biomassa é muito utilizada em processos de co-geração industrial, na

produção de energia elétrica e biocombustíveis. No Brasil é cada vez maior o uso

da biomassa como fonte de energia elétrica. Para se ter uma idéia, em 2007 a

participação da biomassa na matriz elétrica nacional foi de 3,7% da oferta total de

energia elétrica, ficando atrás apenas da hidreletricidade, com participação de

85,4% [1].

A potência total instalada no país das usinas termelétricas movidas à biomassa,

em novembro de 2008, era de 5,7 mil MW, distribuídos entre 302 termelétricas. A

maioria das usinas, 252, utilizam a cana de açúcar como fonte de biomassa, com 4

mil MW de potência instalada [1].

As termelétricas à biomassa são caracterizadas por serem empreendimentos de

pequeno porte que favorecem sua instalação nas proximidades dos centros de

carga, sendo uma tecnologia aplicável na geração distribuída. Além disso,

contribuem para a diversificação e “limpeza” da matriz elétrica nacional, já que

emitem quantidades bem inferiores de gases causadores do efeito estufa quando

comparadas às que utilizam combustíveis fósseis.

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25

2.2.12. Biogás

O biogás é obtido da biomassa contida em rejeitos urbanos e industriais. Mais

precisamente, o biogás advém da decomposição natural da matéria orgânica por

microorganismos, passando-a do estado sólido para o gasoso. Ele é utilizado na

produção de energia elétrica como combustível em usinas termelétricas.

No Brasil, em novembro de 2008, existiam três usinas termelétricas de pequeno

porte movidas a biogás em operação, todas localizadas em São Paulo, totalizando

44,63 MW de capacidade instalada. Ainda há por vir mais sete empreendimentos,

já outorgados, totalizando 109 MW de potência instalada, distribuídas pelos

estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Santa Catarina [1].

2.3. Aplicações

Como foi visto nos itens anteriores, são diversas as fontes e tecnologias utilizadas

na geração distribuída (GD). Elas geralmente são compactas e de fácil

mobilização, por isso são denominadas tecnologias modulares. Estas diferentes

tecnologias preenchem os requisitos de uma variada gama de aplicações, nas quais

o tipo de tecnologia empregada varia de acordo com os requerimentos de carga. As

aplicações da GD estão apresentadas nos itens a seguir.

2.3.1. Energia em espera (Stand-by)

A geração distribuída pode ser aplicada como um suprimento de energia em casos

de defeito de energia ou de necessidades específicas, permanecendo à disposição

da carga. Esta forma de aplicação da GD é empregada principalmente em

industrias e hospitais. Os motores de combustão interna são a principal tecnologia

utilizada.

2.3.2. Sistemas rurais e isolados (ilhas elétricas)

Usualmente, áreas isoladas utilizam a geração distribuída como fornecedor de

eletricidade da região ao invés de utilizar a rede do sistema interligado. Isto

acontece por estarem localizadas em regiões geográficas que apresentam

obstáculos naturais ou que estão muito distantes, dificultando a passagem de linhas

de transmissão para conexão com o sistema interligado, o que torna esta alternativa

muito onerosa. As principais tecnologias utilizadas nesta forma de aplicação da GD

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são os motores a combustão, a energia eólica e a energia solar fotovoltaica

associadas com sistemas de armazenamento de energia, geralmente baterias. Estas

tecnologias ainda podem ser utilizadas em conjunto formando sistemas híbridos de

geração de energia elétrica, conforme a Figura 2.13 [20].

2.3.3. Geração na ponta

Como o custo da potência elétrica varia de acordo com a curva de demanda de

carga e a correspondente disponibilidade de energia elétrica, a aplicação de

unidades de geração distribuída no suprimento de cargas nos períodos de pico de

demanda implicaria na redução dos custos com energia elétrica para diversos

clientes industriais que contratam energia por demanda. As principais tecnologias

utilizadas nesta forma de aplicação da GD são os motores de combustão interna, as

turbinas a gás e micro turbinas.

2.3.4. Geração na base

A geração distribuída pode ser aplicada como uma forma de geração na base para

fornecer parte da principal potência requerida pela carga e ao mesmo tempo servir

de suporte para a rede na melhoria do perfil de tensão do sistema, reduzindo perdas

e aumentando a qualidade da energia. As principais tecnologias utilizadas nesta

forma de aplicação da GD são os motores de combustão interna, as turbinas a gás e

micro turbinas.

2.3.5. Co-geração

A co-geração é uma forma de aplicação da geração distribuída muito eficiente.

Nela o calor dissipado no processo de conversão do combustível em eletricidade é

reaproveitado sob diversas formas em processos industriais como, por exemplo, na

produção de eletricidade novamente, aquecimento ou resfriamento. As principais

tecnologias utilizadas nesta forma de aplicação da GD são os motores de

combustão interna, as turbinas a gás, micro turbinas e as células a combustíveis.

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2.4. Vantagens

A utilização da geração distribuída (GD) no sistema elétrico pode trazer diversas

vantagens. Por se localizarem próximas às cargas ou até mesmo no próprio

consumidor, a utilização de unidades de GD contribuem para a redução de perdas

elétricas na rede em que está conectada e para o aumento da confiabilidade do

sistema e da qualidade da energia disponibilizada aos consumidores.

A geração de energia elétrica através de GD é uma forma das distribuidoras

atenderem o aumento da demanda de energia adiando investimentos e custos

necessários para a ampliação da capacidade das suas subestações. Outra grande

vantagem que a utilização de GD traz para as distribuidoras é a redução dos custos

na transmissão.

A GD também é de grande utilidade para as distribuidoras no provimento de

serviços ancilares como o suporte de reativo, estabilidade para a rede, reserva

girante, entre outras.

As fontes e tecnologias aplicadas em GD, descritas no item anterior, têm como

principal benefício a diminuição do impacto ambiental na geração de energia

elétrica, contribuindo para a “limpeza” e diversificação da matriz elétrica. Outro

grande benefício é que as tecnologias aplicadas em GD permitem que suas

unidades sejam modulares, de tamanho pequeno e de instalação menos complexa.

Tanto o menor impacto ambiental quanto o pequeno porte fazem com que o tempo

de construção e implantação de unidades de GD seja muito menor que o de

unidades centrais, como no caso das usinas hidrelétricas de energia (UHE).

A instalação de unidades de GD em local onde a geração central é impraticável

ou o sistema de transmissão é deficiente, contribui para a universalização da

energia elétrica, trazendo benefícios tanto para a sociedade quanto para o governo.

2.5. Desvantagens

A desregulamentação do setor elétrico e os incentivos do governo para a

diversificação e universalização da energia elevaram o interesse pela geração

distribuída (GD) através de Produtores Independentes de Energia (PIE) e

Autoprodutores de Energia (APE). Com isso o número de empresas envolvidas no

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setor elétrico pode aumentar significativamente, elevando a complexidade na

coordenação, planejamento e operação do sistema elétrico [2].

A inclusão de unidades de GD dificulta o planejamento e a operação do sistema

elétrico, pois requer complexos estudos para avaliação de características

operacionais do sistema como perdas, perfil de tensão, estabilidade, confiabilidade,

controle e proteção das redes elétricas. Também são necessários outros estudos de

engenharia e de viabilidade econômica como a melhor tecnologia aplicada, a

melhor localização, o número e a capacidades das unidades.

Outra desvantagem é que os custos das tecnologias aplicadas em GD ainda são

muito altos, apesar de estarem diminuindo gradativamente com os avanços

tecnológicos, principalmente na eletrônica de potência, e com os incentivos do

governo para a utilização de fontes renováveis.

2.6. Geração no Brasil

De acordo com [21], o Brasil possui no total 2.178 empreendimentos em operação,

gerando 106.503.538 kW de potência, conforme a Tabela 2.3. Está prevista para os

próximos anos uma adição de 37.600.048 kW na capacidade de geração do País,

proveniente de 164 empreendimentos atualmente em construção e mais 443

outorgados, de acordo com a Tabela 2.4 e Tabela 2.5, respectivamente.

Tabela 2.3: Capacidade de geração de energia elétrica no Brasil até Dez/2009.

Empreendimentos em Operação

Tipo Quantidade Potência (kW) % CGH 307 173.373 0,16 EOL 36 602.284 0,57 PCH 356 2.947.962 2,77 SOL 1 20 0 UHE 164 75.458.244 70,9 UTE 1.312 25.314.655 23,8 UTN 2 2.007.000 1,88 Total 2.178 106.503.538 100

Fonte: [21]

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Tabela 2.4: Empreendimentos em construção no Brasil.

Empreendimentos em Construção

Tipo Quantidade Potência (kW) % CGH 1 848 0 EOL 10 257.150 1,42 PCH 69 978.938 5,42 UHE 19 10.365.500 57,44 UTE 65 6.444.125 35,71 Total 164 18.046.561 100 Fonte: [21]

Tabela 2.5: Empreendimentos outorgados entre 1998 e 2009 - Brasil.

Empreendimentos Outorgados

Tipo Quantidade Potência (kW) % CGH 70 46.660 0,24 EOL 44 2.124.793 10,87 PCH 155 2.150.842 11 SOL 1 5.000 0,03 UHE 11 2.190.000 11,2 UTE 161 13.036.142 66,67 Total 443 19.553.487 100 Fonte: [21]

Legenda: CGH: Central Geradora Hidrelétrica; UHE: Usina Hidrelétrica de Energia; EOL: Central Geradora Eólielétrica; UTE: Usina Termelétrica de Energia; PCH: Pequena Central Hidrelétrica; UTN: Usina Termonuclear.

Considerando apenas os empreendimentos em construção e outorgados, Tabela

2.4 e Tabela 2.5, respectivamente, observa-se um maior número de

empreendimentos que fazem uso de fontes e tecnologias aplicadas na geração

distribuída (GD). É o caso da energia eólica (EOL) e da energia solar (SOL), das

pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e das centrais geradoras hidrelétricas

(CGH), além de algumas termelétricas. O gráfico ilustrado pela Figura 2.14 mostra

a capacidade de geração de energia elétrica atual e o acréscimo na geração,

considerando a entrada em operação dos empreendimentos em construção e

outorgados. Pode-se observar do gráfico que os maiores acréscimos na geração

ainda seriam devidos às usinas hidrelétricas (UHE) e termelétricas (UTE), porém é

notável o aumento da participação da energia eólica e das PCH na matriz elétrica

brasileira, que somadas chegariam perto de dobrar a participação, de 3,33% para

6,29%.

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30

Geração de Energia Elétrica - Brasil

0,57% 2,77%

70,85%

100%

1,88%

23,77%

2,07% 4,22%

61,08%

100%

1,39%

31,09%

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

100.000.000

120.000.000

140.000.000

160.000.000

CGH EOL PCH SOL UHE UTE UTN TOTALTipo

Pot

ênci

a (k

W)

Empreendimentos em operação

Entrada em operação dos empreendimentos em construção e outorgados

Figura 2.14: Capacidade de geração de energia elétrica no Brasil por tipo de usina.

2.6.1. Geração no Estado do Rio de Janeiro

Os dados apresentados em [21] mostram que a geração de energia elétrica no

estado do Rio de Janeiro através de usinas termelétricas (UTE) corresponde a

pouco mais da metade do total gerado pelos empreendimentos em operação. Se for

somada a participação das usinas termonucleares (UTN), este número sobe para

mais de 80% da geração total, conforme a Tabela 2.6. O restante corresponde aos

aproveitamentos hídricos da região, através das Centrais Geradoras Hidrelétricas

(CGH), das Pequenas centrais Hidrelétricas (PCH) e das Usinas Hidrelétricas

(UHE), definidas no item 2.2.5.

Tabela 2.6: Capacidade de geração de energia elétrica no Rio de janeiro até

Dez/2009.

Empreendimentos em Operação

Tipo Quantidade Potência (kW) % CGH 8 5.984 0,08 EOL 0 0 0,00 PCH 15 191.200 2,43 UHE 10 1.230.779 15,63 UTE 48 4.440.485 56,38 UTN 2 2.007.000 25,48 Total 83 7.875.448 100,00

Fonte: [21]

144,1 GW

106,5 GW

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De acordo com [21], está previsto para os próximos anos um acréscimo de

2.888 MW na capacidade de geração do estado, provenientes de 8

empreendimentos que estão em construção e 24 empreendimentos com sua outorga

assinada, conforme a Tabela 2.7 e Tabela 2.8, respectivamente.

Tabela 2.7: Empreendimentos em construção no RJ.

Empreendimentos em Construção

Tipo Quantidade Potência (kW) % CGH 0 0 0,00 EOL 1 28.050 3,13 PCH 5 45.120 5,03 UHE 1 333.700 37,21 UTE 1 490.000 54,63 UTN 0 0 0,00 Total 8 896.870 100,00

Fonte: [21]

Tabela 2.8: Empreendimentos Outorgados entre 1998 e 2004 - RJ.

Empreendimentos Outorgados entre 1998 e 2004

Tipo Quantidade Potência (kW) % CGH 1 900 0,05 EOL 5 249.200 12,51 PCH 7 125.780 6,32 UHE 1 195.000 9,79 UTE 10 1.420.454 71,33 UTN 0 0 0,00 Total 24 1.991.334 100,00 Fonte: [21]

Considerando apenas os empreendimentos em construção e outorgados do

estado do Rio de Janeiro, Tabela 2.7 e Tabela 2.8 respectivamente, dos 32

empreendimentos, 12 são pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e 6 utilizarão

como fonte de energia o vento, que atualmente não é explorado. Se estes

empreendimentos entrassem em operação hoje, os maiores acréscimos na geração

ainda seriam devidos às usinas termelétricas (UTE), porém a participação da

energia eólica e o aumento da participação das PCH na matriz elétrica do estado do

Rio de Janeiro mostram uma tendência mundial, a diversificação da matriz elétrica,

conforme o gráfico ilustrado na Figura 2.15.

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Geração de Energia Elétrica - RJ

0,00% 2,43%

100%

25,48%

56,38%

15,63%3,36%2,58%

100%

18,65%

59,00%

16,35%

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

CGH EOL PCH SOL UHE UTE UTN TOTAL

Tipo

Pot

ênci

a (k

W)

Empreendimentos em operação

Entrada em operação dos empreendimentos em construção e outorgados

Figura 2.15: Capacidade de geração de energia elétrica no Rio de Janeiro por tipo

de usina.

Além da diversificação da matriz elétrica, outra tendência mundial é o processo

de desregulamentação do setor elétrico com pesados incentivos à inclusão de

produtores independentes de energia (PIE) que favorecem a implantação da

geração distribuída (GD). Para se ter uma idéia, todos os empreendimentos em

construção no Rio de janeiro são de agentes PIE, conforme demonstra a Tabela 2.9.

Tabela 2.9: Geração de energia elétrica por agentes de geração - RJ.

Operação Construção Outorgados (1998-2004) Agente Potência

(kW) % Potência (kW) % Potência

(kW) %

SP 4.061.379 51,60% 0 0,00% 0 0,00% APE 100.414 1,28% 0 0,00% 21.000 1,05% PIE 3.405.520 43,27% 896.870 100,00% 1.946.980 97,77%

APE-COM 240.360 3,05% 0 0,00% 0 0,00% REG 62.563 0,79% 0 0,00% 23.354 1,17%

TOTAL 7.870.236 100,00% 896.870 100,00% 1.991.334 100,00% Fonte: [21]

Legenda: SP: Serviço Público; APE: Autoprodução de Energia; PIE: Produção Independente de Energia; APE-COM: Autoprodução c/ Comerc. de Excedente; REG: Registro.

10,8 GW

7,9 GW

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Analisando a geração de energia elétrica no Rio de Janeiro pelos agentes de

geração e não mais pelos tipos de usina, observa-se que os PIE representariam

mais de 58% da geração de energia elétrica no estado com a entrada em operação

dos empreendimentos em construção e outorgados, superando a geração por

serviço público (SP), conforme ilustrado no gráfico da Figura 2.16 obtido a partir

dos dados da Tabela 2.9.

Geração de Energia Elétrica - RJ

100%

0,79%3,05%

43,27%

1,28%

51,60%

100%

0,80%2,23%

58,09%

37,75%

1,13%0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

SP APE PIE COM APE-COM REG TOTAL

Agentes

Pot

ênci

a (k

w)

Empreendimentos em operaçãoEntrada em operação dos empreendimentos em contrução e em outorga

Figura 2.16: Capacidade de geração de energia elétrica no Rio de Janeiro por

agentes de geração.

Esta evolução da geração de energia elétrica por PIE favorece o crescimento do

número de solicitações de acesso destes agentes às redes de distribuição das

concessionárias, o que caracterizaria um aumento da penetração da GD nas redes

de distribuição.

Com relação aos agentes APE e APE-COM no Rio de Janeiro, são 28 unidades

de GD operando em paralelo de modo permanente ou momentâneo com a rede de

distribuição da principal concessionária do estado, a Light, e mais 13 unidades que

estão em processo de estudo e avaliação da solicitação de acesso à rede da Light,

conforme descrito na Tabela 2.10.

10,8 GW

7,9 GW

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Tabela 2.10: Autoprodutores em paralelo com a rede da LIGHT no RJ.

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35

Fonte: [22]

Embora a GD ganhe mais destaque no cenário energético com o crescimento no

número de PIE, APE e APE-COM, a conexão de unidades de GD às redes de

distribuição ainda é limitada à capacidade do sistema de distribuição, necessitando

de avaliação adequada quanto aos impactos da GD nas características operacionais

do sistema.

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36

3. Política de Acesso às Redes das

Concessionárias

O avanço da geração distribuída motivada pelo processo de desregulamentação do

setor elétrico, pelos avanços tecnológicos, pela conscientização ambiental e pelos

incentivos políticos para o aumento de Produtores Independentes de Energia (PIE)

e Autoprodutores de Energia (APE), com ou sem comercialização de excedente,

fez com que o número de solicitações de acesso às redes das distribuidoras

aumentassem significativamente.

A fim de padronizar o acesso desses pequenos produtores de energia às diversas

distribuidoras do país, a Agência Nacional de energia Elétrica (ANEEL) elaborou

um documento com normas e padrões para as atividades técnicas relacionadas ao

funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição, denominado

Procedimentos de Distribuição (PRODIST), [11].

Com base nos PRODIST e nas necessidades técnicas e operativas de cada

distribuidora, estas elaboram, individualmente, um documento, denominado

Parecer de Acesso, onde são exigidos do acessante pré-estudos de engenharia para

posterior análise e viabilização da conexão em paralelo da GD com a rede da

distribuidora.

Neste capítulo serão abordados os Procedimentos de Distribuição e os pré-

estudos exigidos pelas distribuidoras para a conexão em paralelo de um

empreendimento de geração distribuída (GD) nas redes de distribuição.

3.1. PRODIST

Os Procedimentos de Distribuição (PRODIST), são documentos elaborados pela

ANEEL com a participação das distribuidoras e de outras entidades e associações

do setor elétrico nacional, que normalizam e padronizam as atividades técnicas

relacionadas ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição de

energia elétrica, [11].

O PRODIST disciplina o relacionamento entre os agentes setoriais no que se

refere aos sistemas elétricos de distribuição, que incluem toda as redes e linhas de

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distribuição de energia elétrica em tensão inferior a 230 KV, seja em baixa tensão

(BT), média tensão (MT) ou alta tensão (AT).

Estão sujeitos ao PRODIST:

• Concessionárias, permissionárias e autorizadas dos serviços de geração

distribuída e de distribuição de energia elétrica;

• Consumidores de energia elétrica com instalações conectadas ao sistema de

distribuição, em qualquer classe de tensão (BT, MT, AT), inclusive

consumidor ou conjunto de consumidores reunidos por comunhão de

interesses de fato, ou de direito;

• Agente importador ou exportador de energia elétrica conectado ao sistema

de distribuição.

Os objetivos do PRODIST são:

• garantir que os sistemas de distribuição operem com segurança, eficiência,

qualidade e confiabilidade;

• propiciar o acesso aos sistemas de distribuição, assegurando tratamento não

discriminatório entre agentes;

• disciplinar os procedimentos técnicos para as atividades relacionadas ao

planejamento da expansão, à operação dos sistemas de distribuição, à

medição e à qualidade da energia elétrica;

• estabelecer requisitos para o intercâmbio de informações entre os agentes

setoriais;

• assegurar o fluxo de informações adequadas à ANEEL;

• disciplinar os requisitos técnicos na interface com a Rede Básica,

complementando de forma harmônica os Procedimentos de Rede elaborados

pelo Operador do Sistema Interligado (ONS).

O PRODIST é composto de seis módulos técnicos e dois módulos integradores,

conforme a Figura 3.1 [11]. Como o interesse deste capítulo é o acesso de unidades

de geração distribuída nas redes de distribuição, foi dado ênfase ao módulo 3 do

PRODIST: Acesso ao Sistema de Distribuição. Os demais módulos serão

resumidos, filtrando-se as informações pertinentes ao acesso de unidades de

geração distribuída.

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Figura 3.1: Estrutura dos módulos componentes do PRODIST.

3.1.1. Módulo 1 – Introdução

Este módulo apresenta os objetivos gerais do PRODIST, a evolução institucional

do setor elétrico no ambiente dos serviços de distribuição de energia elétrica, a

legislação vigente e o glossário de termos técnicos necessários para a compreensão

do PRODIST.

3.1.2. Módulo 2 – Planejamento da Expansão do Sistema de

Distribuição

O módulo 2 estabelece os procedimentos básicos para o planejamento da expansão

do sistema de distribuição. Neste módulo são apresentados: as bases sobre as quais

as distribuidoras devem desenvolver os estudos de previsão de demanda nos

sistemas de distribuição de baixa tensão (SDBT), média tensão (SDMT) e alta

tensão (SDAT), onde a conexão de geração distribuída é levada em consideração,

os principais critérios e estudos necessários para avaliar e definir as futuras

configurações do sistema de distribuição e os resultados dos estudos de

planejamento do sistema de distribuição (plano de expansão, plano de obras e

relação de obras realizadas).

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3.1.3. Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição

Este módulo visa estabelecer as condições de acesso ao sistema de distribuição e

definir os critérios técnicos e operacionais, os requisitos de projeto, os critérios

para implementação de novas conexões e os requisitos para operação, manutenção

e segurança da conexão dos acessantes ao sistema de distribuição. Portanto, o

conteúdo deste módulo é o fundamento para o objetivo deste capítulo que é

apresentar as necessidades e exigências para a conexão da geração distribuída ao

sistema de distribuição. Sendo assim, a seguir serão apresentadas as seções

contidas no módulo 3 do PRODIST, enfatizando-se o acesso de unidades geradoras

de energia elétrica.

Seção 3.1 – Procedimentos de Acesso

O acesso ao sistema de distribuição é viabilizado através de quatro etapas:

consulta de acesso, informação de acesso, solicitação de acesso e parecer de

acesso, com base no fluxograma da Figura 3.2.

Figura 3.2: Fluxograma das etapas dos procedimentos de acesso.

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O cumprimento destas etapas varia de acordo com o tipo de acessante,

conforme a Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Etapas dos Procedimentos de Acesso por tipo de acessante.

ETAPAS A CUMPRIR

ACESSANTE CONSULTA DE ACESSO

INFORMAÇÃO DE

ACESSO

SOLICITAÇÃO DE

ACESSO

PARECER DE

ACESSO

Consumidor Especial Opcionais Necessárias

Consumidor Livre Opcionais Necessárias

Central Geradora - Registro Opcionais Necessárias

Central Geradora - Autorização

Necessárias Necessárias

Central Geradora - Concessão Procedimento definido no edital de licitação

Outra Distribuidora de Energia

Necessárias Necessárias

Agente Importador/ Exportador de Energia

Necessárias Necessárias

Fonte: [11]

• Consulta de Acesso

Para o acesso às redes de distribuição é necessário que o acessante efetue uma

consulta à acessada, a fim de se obter as informações técnicas necessárias para os

estudos de acesso ao sistema de distribuição. O detalhamento das informações

varia de acordo com o tipo, porte e nível de tensão das instalações do acessante.

A consulta de acesso é obrigatória no caso de acessantes solicitantes de

autorização junto a ANEEL. Nesta consulta, todo acessante deve fornecer as

informações preliminares contidas na Tabela 3.2

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Tabela 3.2: Informações preliminares para a consulta de acesso.

CONSULTA DE ACESSO

Informação Especificação Unidade Periodicidade Observação

Identificação do acessante

Única

Ramo de atividade

Descrição, CNPJ Única

Natureza Consumidor livre, cogerador, produtor independente, autoprodutor, distribuidora, etc.

Única

Localização Coordenadas georeferenciadas Única

Endereço do empreendimento

Única

Ponto(s) de conexão

Coordenadas georeferenciadas Com justificativas

Características da conexão

Estágio atual do acesso

Cronograma de implantação

Anexar

Cronograma de expansão

Anexar

Representante para contato

Nome, endereço, telefone, fax, e-mail.

Data da consulta

Comprovantes legais

Número do imóvel, alvará de funcionamento, aprovação governamental e ART-CREA.

Projeto básico Memorial descritivo, planta de localização, arranjo físico, diagramas incluindo o SMF.

Fonte: [11]

No caso do acessante ser do tipo central geradora de energia, este deve fornecer

informações técnicas de suas instalações, conforme a Tabela 3.3. A distribuidora

ainda pode requerer estudos especiais das centrais geradoras com instalações

conectadas ao SDAT com potências maiores que 50 MW e ao SDMT com

potências maiores que 5 MW ou caso a central geradora possua equipamentos que

exijam estudos especiais. Estes estudos variam conforme o tipo da central geradora

(térmica, hidráulica, eólica, solar, química, entre outros) e estão disponíveis no

módulo 6 do PRODIST.

Tabela 3.3: Informações técnicas para a consulta de acesso de centrais geradoras.

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CENTRAIS GERADORAS DE ENERGIA – INFORMAÇÕES TÉCNICA S

Informação Especificação Unidade Periodicidade Observação

Natureza Instalação nova, ampliação.

Energético utilizado pela central geradora

Hidráulica, térmica (especificar combustível), eólica, solar, química, outro (especificar).

Para cada estágio previsto no cronograma

Estudo de avaliação da capacidade energética

Potência de cada unidade MW

Número de unidades Número

Fator de potência nominal

%

Tensão nominal kV

Energia garantida MW médio

Regime de operação Permanente ou emergência

Operação interligada Sim/não

Características das principais máquinas de corrente alternada

Código, instalação (existente/prevista), tipo (motor síncrono/assíncrono, gerador/compensador síncrono), quantidade, aplicação, potência (%), esquema de partida, corrente de partida (A).

Sistema de proteção e controle

Níveis de confiabilidade

Variação de Tensão %

Variação de freqüência %

Diagrama unifilar das instalações internas do gerador

Informações sobre o sistema de medição

Incluindo transformadores de instrumentos com suas características básicas, relação de transformação e classe de exatidão.

Cronograma do empreendimento

Fonte: [11]

• Informação de Acesso

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É a resposta formal e obrigatória da acessada à consulta de acesso efetuada

pelo acessante. Nela são fornecidas as informações sobre o acesso pretendido,

conforme descrito na Tabela 3.4.

A informação de acesso deve ser apresentada pela acessada ao acessante em até

60 dias após a data da consulta de acesso. De posse da informação de acesso, o

acessante tipo central geradora de energia tem até 60 dias para o registro em

protocolo da solicitação de ato autorizativo à ANEEL. A partir da data de

publicação de seu ato autorizativo, a central geradora de energia tem até 60 dias

para efetuar a solicitação de acesso à distribuidora, conforme ilustrado no

fluxograma da Figura 3.2 [11].

Tabela 3.4: Informação de acesso.

INFORMAÇÃO DE ACESSO

Informação Especificação Unidade Periodicidade Observação

Classificação da atividade do acessante

Informações sobre regra de particiapação financeira

Quando consumidor

Definição do ponto de conexão mais econômico

Indicação de no mínimo 2 (duas) alternativas, acompanhadas dos respectivos custos, conclusões e justificativas

Quando central geradora

Características do sistema de distribuição acessado e do ponto de conexão

Informar requisitos técnicos e padrões de desempenho

Tarifas de uso aplicáveis

Responsabilidade do acessante

Relação de estudos e documentos a serem apresentados na solicitação de acesso

Fonte: [11]

• Solicitação de Acesso

É o requerimento formulado pelo acessante que deve conter o contrato de

concessão, ato autorizativo ou registro da central geradora. Também devem ser

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apresentadas as informações contidas nas Tabela 3.2 e Tabela 3.3, bem como as

solicitações reivindicadas pela distribuidora na informação de acesso.

Caso a central geradora apresente potência maior que 3 MW, a solicitação de

acesso deve ser expedida pelo acessante com antecedência mínima de 12 (doze)

meses da data de entrada em operação do seu empreendimento.

• Parecer de Acesso

É o documento formal obrigatório apresentado pela distribuidora onde são

informadas as condições de acesso (conexão e uso do sistema de distribuição), os

requisitos técnicos para a conexão do acessante e demais itens indicados na tabela.

O parecer de acesso deve atualizar os dados contidos na informação de acesso,

exceto no caso de central geradora solicitante de autorização que deve apresentar

no parecer de acesso o mesmo ponto de conexão estabelecido na informação de

acesso.

No caso de acesso de central geradora ao sistema de distribuição em tensão

superior a 69 kV, o parecer de acesso elaborado pela distribuidora deve ser

coordenado pelo ONS.

O parecer de acesso deve ser emitido pela distribuidora até 30 dias após o

recebimento da solicitação de acesso, quando não houver necessidade de obras no

sistema de distribuição. Se houver necessidade de obras de reforço e ampliação, o

parecer de acesso deve ser emitido em até 120 dias, conforme observado na

Figura 3.2 [11].

A celebração dos contratos necessários ao acesso deve ocorrer no prazo

máximo de 90 dias após a emissão do parecer de acesso, com risco de perda do

ponto de conexão e das condições estabelecidas, salvo quando um novo prazo seja

definido em comum acordo entre as partes.

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Tabela 3.5: Parecer de acesso.

Parecer de Acesso

Informação Especificação Unidade Periodicidade Observação

Classificação da atividade do acessante

Características do sistema de distribuição acessado e do ponto de conexão

Incluindo requisitos técnicos e padrões de desempenho

Relação de obras e serviços necessários, no sistema de distribuição acessado

Com a estimativa de prazos para sua conexão

Participação financeira

Informar requisitos técnicos e padrões de desempenho

Quando consumidor

Informações gerais relacionadas ao ponto de conexão

Tipo de terreno, faixa de passagem, características mecânicas das instalações, sistemas de proteção, controle e telecomunicações disponíveis

Modelos dos contratos a serem celebrados

Tarifas de uso aplicáveis

Responsabilidades do acessante

Impactos na Rede Básica

Quando couber

Fonte: [11]

Seção 3.2 – Critérios técnicos e operacionais

Nesta seção do PRODIST [11], são definidos os critérios técnicos e

operacionais mínimos para o desenvolvimento de projetos de acesso ao sistema de

distribuição. Estes projetos abrangem:

• ampliações e reforços no sistema de distribuição;

• paralelismo de centrais geradoras;

• compartilhamento de instalações de conexões e configurações de barras de

subestações.

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O acesso de unidades produtoras de energia, tais como as unidades de geração

distribuída, deve atender às condições gerais e critérios técnicos e operacionais

estabelecidos nesta seção do PRODIST [11], conforme descritos a seguir.

Condições gerais

- O paralelismo das instalações do acessante com o sistema de distribuição da

acessada não pode causar problemas técnicos ao sistema, ao pessoal envolvido na

sua operação e manutenção e aos demais acessantes.

- O acessante é o único responsável pela sincronização adequada de suas

instalações com o sistema de distribuição acessado.

- Para o bom desempenho da operação em paralelo, deve existir um sistema de

comunicação entre o acessante e a acessada.

- O acessante deve ajustar suas proteções de modo a desfazer o paralelismo em

caso de desligamento, antes da subseqüente tentativa de religamento.

- No caso de paralelismo permanente, o acessante deve atender aos requisitos

técnicos de operação da acessada.

- É de responsabilidade do acessante os estudos operacionais necessários à

conexão de suas instalações ao sistema de distribuição da acessada, devendo esta

aprová-los.

- O acessante deve efetuar estudos básicos para avaliar tanto no ponto de

conexão como na sua área de influência no sistema elétrico acessado os seguintes

aspectos:

• níveis de curto-circuito;

• capacidade de disjuntores, barramentos, transformadores de instrumento

e malhas de terra;

• adequação do sistema de proteção envolvido na integração das

instalações do acessante e revisão dos ajustes associados;

• ajuste dos parâmetros dos sistemas de controle de tensão e de freqüência

e, para conexões em alta tensão, dos sinais estabilizadores.

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Frequência

- A conexão de unidades produtoras de energia deve ser realizada em corrente

alternada com freqüência de 60 Hz. Em condições normais de operação e em

regime permanente, o sistema de distribuição e as instalações de geração

conectadas ao mesmo devem operar dentro dos limites de freqüência situados entre

59,9 Hz e 60,1 Hz.

- No caso de distúrbios no sistema de distribuição, as instalações de geração

conectadas ao mesmo devem garantir que a freqüência retorne a faixa de 59,5 Hz e

60,5 Hz em, no máximo, 30 segundos após sair desta faixa de modo a permitir a

recuperação do equilíbrio carga-geração. Havendo necessidade de corte de carga

ou de geração durante os distúrbios, a freqüência:

• não pode exceder 66 Hz ou ser inferior a 56,5 Hz em condições

extremas;

• pode permanecer acima de 62 Hz por no máximo 30 segundos e acima

de 63,5 Hz por no máximo 10 segundos;

• pode permanecer abaixo de 58,5 Hz por no máximo 10 segundos e

abaixo de 57,5 por no máximo 5 segundos.

A Tabela 3.6 resume as faixas de variação da freqüência para as condições

citadas acima.

Tabela 3.6: Variações de freqüência conforme condições de operação.

Frequência Condição de operação Variação

Normal 59,9 Hz a 60,1 Hz

Sob distúrbio Retornar a faixa 59,5 Hz a 60,5 Hz em, no

máximo, 30 s não exceder 66 Hz ou ser inferior a 56,5 Hz,

em condições extremas permanecer acima de 62,0 Hz por, no

máximo 30s permanecer acima de 63,5 Hz por, no

máximo 10s permanecer abaixo de 58,5 Hz por, no

máximo 10s

Em caso de corte de carga ou de geração

durante distúrbios

permanecer abaixo de 57,5 Hz por, no máximo 5s

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Tensão de conexão

- A definição da tensão de conexão para centrais geradoras de energia varia de

acordo com o sistema de distribuição ao qual a unidade será conectada que, por sua

vez, varia com a potência instalada da unidade.

Na Tabela 3.7 estão representadas as tensões nominais de conexão

padronizados de acordo com o sistema de distribuição acessado.

Tabela 3.7: Tensões nominais de conexão.

Tensões Nominais de Conexão Padronizadas Sistema de Distribuição de Baixa Tensão (SDBT)

Trifásico 220/127 V 380/220 V

Monofásico 254/127 V 440/220 V

Sistema de Distribuição de Média Tensão (SDMT) 13,8 kV 34,5 kV

Sistema de Distribuição de Alta Tensão (SDAT) 69 kV 138 kV

Fonte [11]

Na Tabela 3.8 são relacionados os níveis de tensão de conexão com as faixas de

potência das unidades de geração de energia elétrica.

Tabela 3.8: Níveis de tensão considerados para conexão de centrais geradoras.

Potência Instalada Níveis de Tensão de Conexão <10 kW Baixa Tensão (Monofásico)

10 a 75 kW Baixa Tensão (Trifásico) 76 a 150 kW Baixa Tensão (Trifásico) / Média Tensão 151 a 500 kW Baixa Tensão (Trifásico) / Média Tensão

501 kW a 10 MW Média Tensão / Alta Tensão 11 a 30 MW Média Tensão / Alta Tensão

>30 MW Alta Tensão Fonte:[11]

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Fator de potência no ponto de conexão

- As unidades de produção de energia acessantes do sistema de distribuição

devem garantir que suas instalações operem com fator de potência dentro dos

limites estabelecidos nos Procedimentos de Rede, indicados na Tabela 3.9.

Tabela 3.9: Fator de potência operacional nos pontos de conexão de unidades

produtoras de energia.

Tensão nominal de conexão Faixa de fator de potência > 345 kV 0,98 indutivo a 1,0

69 kV a 345 kV 0,95 indutivo a 1,0 < 69 kV 0,92indutivo a 0,92 capacitivo

Fonte [23]

- O valor do fator de potência (fp) deverá ser calculado a partir dos valores

registrados de potência ativa (P) e potência reativa (Q), de acordo com a equação

3.1.

22 QP

Pfp

+= (3.1)

Seção 3.3 – Requisitos de projeto

O objetivo desta seção do PRODIST [11] é definir os requisitos mínimos para a

elaboração dos projetos de instalação de conexão. No caso de conexão de unidades

de geração distribuída, nesta seção são estabelecidas as proteções mínimas

necessárias para o ponto de conexão destas unidades com a rede da distribuidora.

Além disso, são tratados os requisitos para a instalação de sistemas de controle,

para o paralelismo e acoplamento com o sistema de distribuição acessado e para a

operação ilhada.

Sistemas de Proteção e Controle

- A Tabela 3.10 indica as proteções mínimas necessárias para o ponto de

conexão da central geradora.

- A acessada ainda pode solicitar proteções adicionais àquelas apresentadas na

Tabela 3.10 desde que justificadas tecnicamente, em função de características

específicas da rede de distribuição acessada.

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Tabela 3.10: Proteçãoes mínimas em função da potência instalada.

Potência Instalada Equipamento <10kW 10kW a 500kW (4) >500kW (4)

Elemento de desconexão (1) Sim Sim Sim Elemento de interrupção (2) Sim Sim Sim Transformador de acoplamento Não Sim Sim Proteção de sub e sobretensão Sim (3) Sim (3) Sim Proteção de sub e sobrefrequência Sim (3) Sim (3) Sim Proteção contra desequilíbrio de corrente Não Não Sim Proteção contra desbalanço de tensão Não Não Sim Sobrecorrente direcional Não Não Sim Sobrecorrente com restrição de tensão Não Não Sim

Fonte:[11]

Notas: (1) Chave seccionadora visível e acessível que a acessada usa para garantir a

desconexão da central geradora durante manutenção em seu sistema. (2) Elemento de desconexão e interrupção automático acionado por comando

e/ou proteção. (3) Não é necessário relé de proteção específico, mas um sistema eletro-

eletrônico que detecte tais anomalias e que produza uma saída capaz de operar na lógica de atuação do elemento de desconexão.

(4) Nas conexões acima de 300kW, se o lado da acessada do transformador de acoplamento não for aterrado, deve-se usar uma proteção de sub e sobretensão nos secundários de um conjunto de transformador de potência em delta aberto.

- Nas conexões de unidades de geração de energia elétrica com potência

instalada maior que 10 MW as proteções de subtensão/sobretensão e

subfrequência/sobrefrequência devem apresentar operação instantânea e

temporizada, levando em consideração o esquema de proteção informado pela

acessada.

- Os relés de subfrequência/sobrefrequência devem ser ajustados de acordo com

a parametrização sugerida pela acessada, devendo, na determinação dos ajustes, ser

observado o eventual impacto da operação da central geradora sobre a Rede

Básica.

- Devem ser levadas em consideração as impedâncias de aterramento e a

existência de bancos de capacitores no cálculo de sobrecorrentes e sobretensões

nos ajustes da proteção.

- Toda central geradora com potência instalada acima de 300kW e toda central

geradora que apresente operação ilhada deve possuir sistemas de controle de

tensão e de freqüência.

- A acessada deve prevenir a inversão de fluxo de potência nos reguladores de

tensão.

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Paralelismo

- O disjuntor ou religador do circuito alimentador na saída da subestação da

acessada que estabelece o paralelismo do acessante deve ser dotado de abertura por

relés que detectem defeitos entre fases e entre fase e terra na linha de distribuição.

- O paralelismo pode ser realizado por um ou mais disjuntores, que devem ser

supervisionados por relé de verificação de sincronismo.

- Os ajustes dos relés que atuam sobre o disjuntor responsável pelo paralelismo,

bem como as relações de transformação dos transformadores de corrente (TC) que

os suprem, devem ser definidos pelo acessante e aprovados pela acessada, levando-

se em conta estudos de coordenação da proteção, quando aplicáveis.

- Os disjuntores nas instalações do acessante, que possam fechar o paralelismo,

devem ser dotados de dispositivos de intertravamento com o disjuntor de

paralelismo.

- Os relés de proteção da interligação devem operar nas seguintes condições

anormais, atuando sobre os disjuntores:

• Sobretensão e subtensão

• Sobrecorrentes de fase e de neutro

• Sobrefrequência e subfrequência

- Deve ser instalada proteção de retaguarda composta de relés para detecção de

defeitos entre fases e entre fase e terra, atuando na abertura do paralelismo.

- Os dispositivos que atuam sobre os disjuntores do paralelismo não devem

operar por perturbações ou interferências ocasionadas por súbita variação de

tensão ou freqüência e correntes harmônicas do sistema, sendo tal característica

comprovada por ensaios apropriados.

- Não devem ser utilizados fusíveis ou seccionadores monopolares entre o

disjuntor de entrada e os geradores.

- Autoprodutores com geração própria para o suprimento parcial de sua carga

que não tenha previsão de operação em paralelo, deve incluir no projeto de suas

instalações uma chave reversível.

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Acoplamento

- Os geradores das unidades geradoras de energia devem ser acoplados ao

sistema de distribuição da acessada através de um transformador de acoplamento

cuja ligação dos enrolamentos e o deslocamento angular devem estar de acordo

com o especificado pela distribuidora acessada.

- Esses transformadores não podem estar protegidos por meio de fusíveis e

possíveis derivações dos seus enrolamentos devem ser definidas no projeto.

Operação ilhada

- As centrais geradoras com potência maior que 300kW devem ser avaliadas

quanto à possibilidade de operação ilhada. Estudos de qualidade da energia na

micro rede associada devem ser efetuados para viabilizar a operação ilhada.

- Quando a operação ilhada não for permitida, deve ser utilizado sistema

automático de abertura do disjuntor de paralelismo.

Outros requisitos

- O projeto de conexão da unidade de geração de energia ao sistema de

distribuição da acessada deve prever:

• a possibilidade de participar do controle automático da geração – CAG e

do esquema de corte de geração – ECG, sendo necessário o atendimento

dos requisitos de proteção e controle estabelecidos nos Procedimentos

de Rede do ONS.

• A possibilidade de participar de um agrupamento de centrais geradoras

despachadas por um centro de despacho de geração distribuída.

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Seção 3.4 – Implantação de novas conexões

Esta seção estabelece os procedimentos para implementação, vistoria e

recepção de novas conexões, compreendendo a sua implantação, ensaios,

acompanhamento e aprovação.

As responsabilidades das centrais geradoras para o acesso das instalações de

conexão são:

• elaborar projeto executivo das instalações de conexão, submetendo-o à

aprovação da distribuidora acessada;

• executar as obras civis e de montagem das instalações de conexão;

• realizar o comissionamento das instalações de conexão de sua

responsabilidade sob supervisão da acessada.

A acessada deve realizar inspeções e vistorias das instalações de conexão, bem

como ensaios e testes dos equipamentos e sistemas das instalações de conexão a

fim de avaliá-las quanto às exigências operacionais da distribuidora.

A aprovação da nova conexão está condicionada à regularização de quaisquer

pendências apontadas na vistoria e que impeçam a sua entrada em operação.

Seção 3.5 – Requisitos para operação, manutenção e segurança da conexão

São estabelecidos nesta seção os requisitos para operação, manutenção e

segurança das instalações de conexão ao sistema de distribuição, bem como as

atribuições, diretrizes e responsabilidades do acessante e da acessada quanto à

operação e manutenção do ponto de conexão. Esses requisitos e diretrizes devem

ser empregados na elaboração do Acordo Operativo entre o acessante e a acessada.

Acordo Operativo

O Acordo Operativo é um documento que faz parte do Contrato de Conexão às

Instalações de Distribuição (CCD, disponível no Anexo-I da Seção 3.6 do Módulo

3 do PRODIST) e que complementa as definições, atribuições, responsabilidades e

procedimentos técnicos, operacionais e adminstrativos necessários para o

relacionamento entre as partes conectadas.

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Seção 3.6 – Contratos de acesso

Os contratos que devem ser celebrados entre a acessada e os diferentes tipos de

acessante são:

• Contrato de Conexão às Instalações de Distribuição – CCD.

• Contrato de Uso do Sistema de Distribuição – CUSD.

Nesta seção do PRODIST [11] são apresentadas as diretrizes para a elaboração

desses contratos e ainda os modelos para CCD e CUSD, contemplando cláusulas

especiais, devidamente destacadas, para atender as necessidades específicas de

alguns acessos e tipos de acessante.

3.1.4. Módulo 4 – Procedimentos Operativos dos Sistemas de

Distribuição

Este módulo do PRODIST [11] visa estabelecer os procedimentos de operação dos

sistemas de distribuição para que as distribuidoras e demais entidades envolvidas

formulem os planos e programas operacionais dos sistemas de distribuição,

incluindo previsão de carga, programação de intervenções em instalações, controle

de carga em situações de contingência ou emergência, controle de qualidade da

energia e coordenação operacional dos sistemas.

Os procedimentos operativos estabelecidos neste módulo são aplicáveis aos

Centros de Operações – CO da distribuidora, do Centro de Despacho de Geração

Distribuía (CDGD) e demais órgãos de operação de acessantes. Por isso, este

módulo é importante para a compreensão das necessidades operacionais de

unidades de geração distribuída bem como das exigências da distribuidora para a

operação no ponto de conexão.

Seção 4.1 – Dados de carga e de despacho de geração

Esta seção estabelece os procedimentos e requisitos para o fornecimento de

informações de carga e de despacho de geração por parte dos acessantes às

distribuidoras.

As informações de carga e de despacho de geração, dados previstos (horizonte

de até 5 anos) e verificados, servem para:

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• o desenvolvimento de estudos de planejamento e programação da

operação elétrica e energética e para os estudos de ampliações e

reforços;

• permitir ajustes nos dados de carga;

• compor os dados de carga verificados da distribuidoras.

Seção 4.2 – Programação de intervenções em instalações

São estabelecidos nesta seção os procedimentos e requisitos para a

programação, coordenação e execução de intervenções em instalações de

distribuição e de instalações de acessantes que interferem no sistema de

distribuição, visando garantir a operacionalidade dos equipamentos e minimizar os

riscos para o sistema elétrico.

Seção 4.3 – Controle da carga

Estabelece os procedimentos a serem implementados e os critérios básicos a

serem adotados junto aos acessantes do sistema de distribuição para o controle de

carga em situações de contingência ou emergência.

As atribuições das Centrais Geradoras não Despachadas Centralizadamente ou

Centro de Despacho da Geração Distribuída – CDGD, quando acionadas pelo

Centro de Operações – CO da distribuidora, são: fornecer as informações

relacionadas a sua geração, disponibilizar eventuais folgas de geração e suspender

ou cancelar manutenção de centrais geradoras.

Seção 4.4 – Testes das instalações

Esta seção define os procedimentos e responsabilidades das distribuidoras e dos

acessantes para a realização de testes das instalações nas atividades de vistoria,

aceitação das instalações e avaliação da qualidade de atendimento no ponto de

conexão.

No caso das Centrais Geradoras não Despachadas Centralizadamente, as

distribuidoras têm o direito de exigir e acompanhar os seguintes testes:

• desempenho de funcionalidade, coordenação e ajustes de todas as

funções de proteção mínimas;

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56

• avaliação do desempenho dinâmico de sistemas de controle de tensão e

de freqüência;

• testes aplicados no disjuntor de conexão que atestem a sua adequada

operação durante a eliminação de defeitos, incluindo a sua operação

manual ou automática;

• levantamento da curva de capabilidade das centrais geradoras;

• levantamento dos limites mínimos e máximos de geração de potência

ativa.

Seção 4.5 – Coordenação operacional

Nsta seção são estabelecidos os procedimentos mínimos para o relacionamento

operacional entre o Centro de Operação – CO da distribuidora e o Centro de

Despacho da Geração Distribuída – CDGD. As atribuições do CO da distribuidora

são:

• coordenar, supervisionar, comandar e executar as ações operativas nas

instalações de distribuição que não pertencem à rede de operação do

Sistema Interligado Nacional – SIN;

• obter com os acessantes as informações necessárias para a coordenação,

supervisão e controle da operação de instalações;

• elaborar, atualizar e disponibilizar aos acessantes as instruções de

operação com procedimentos para instalações que interferem no sistema

de distribuição;

• informar aos acessantes sobre condições operativas no sistema de

distribuição que possam interferir na operação de suas instalações.

As atribuições do CDGD são:

• supervisionar, comandar e executar as ações determinadas pelo CO para

a operação em suas instalações de conexão;

• informar ao CO da distribuidora acessada a programação de geração

para o período que for definido e as alterações nos limites e restrições

operacionais de suas instalações;

• comunicar imediatamente ao CO os desligamentos de emergência

efetuados ou ocorridos em suas instalações;

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• organizar e manter atualizados, normas, instruções e diagramas para

operação das instalações;

• implantar os procedimentos definidos nas instruções de operação nas

instalações sob sua responsabilidade;

• disponibilizar ao CO instruções de operação específicas, quando

solicitado;

• manter pessoal habilitado para o relacionamento operacional durante 24

horas por dia.

O Centro de Despacho da Geração Distribuída – CDGD realiza a gestão técnica

e administrativa das centrais geradoras integrantes do agrupamento, sendo suas

funções:

• limitação da potência a ser injetada no sistema de distribuição;

• controle de tensão e potência reativa;

• desconexão das centrais geradoras, quando necessário;

• coordenação dos procedimentos de entrada e saída de serviço;

• capacidade de definir previsões de produção de energia.

Operação ilhada

Caracteriza-se como operação ilhada a operação de central geradora

alimentando uma parcela eletricamente isolada do sistema de distribuição. A

distribuidora deve realizar estudos e instruções operativas e de segurança

específicos para a operação ilhada, estabelecendo as condições em que esta

operação é permitida. Estas condições e instruções operativas e de segurança

devem constar no Acordo Operativo estabelecido entre a central geradora e a

distribuidora.

A central geradora responsável pelo controle de freqüência da parcela

eletricamente isolada deve ser dotada de controle automático de geração (CAG),

ou qualquer outra tecnologia capaz de desempenhar a mesma função, caso a

operação ilhada seja utilizada permanentemente.

A central geradora deve fornecer as informações necessárias para a elaboração

de estudos de regime permanente e dinâmico. Quando solicitado pela distribuidora,

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a central geradora deve adequar os parâmetros dos sistemas de controle para

garantir o desempenho adequado do sistema.

Recursos de comunicação de voz e de dados

Para os serviços de comunicação de voz entre o CO e o CDGD é exigida a

disponibilidade de linha telefônica fixa e móvel do sistema público nacional de

telecomunicações. Quanto aos serviços de comunicação de dados, cabe aos

acessantes disponibilizar os dados solicitados pela distribuidora que foram

definidos no Acordo Operativo. A implementação, qualidade e disponibilidade

desses serviços, de responsabilidades do acessante, devem ser estabelecidas entre

as partes e definidas no Acordo Operativo.

3.1.5. Módulo 5 – Sistemas de medição

O módulo 5 do PRODIST [11] trata dos sistemas de medição das grandezas

elétricas do sistema de distribuição, apresentando os requisitos mínimos para a

especificação de materiais, equipamentos, projeto, montagem, comissionamento,

inspeção e manutenção dos sistemas de medição.

3.1.6. Módulo 6 – Informações requeridas e Obrigações

O módulo 6 do PRODIST [11] é um módulo integrador que visa definir, especificar

e detalhar as informações referentes às ações técnicas desenvolvidas nos sistemas

de distribuição que devem ser intercambiadas entre as distribuidoras, acessantes e

demais entidades envolvidas, estabelecendo as obrigações de cada um para atender

os procedimentos, critérios e requisitos definidos nos módulos técnicos.

3.1.7. Módulo 7 – Cálculo de perdas na distribuição

O módulo 7 do PRODIST [11] estabelece a metodologia e os procedimentos

utilizados na obtenção dos dados necessários para o cálculo das perdas dos

sistemas de distribuição de energia elétrica, a partir da definição de premissas e

indicadores aplicados na avaliação das perdas nos segmentos de distribuição de

energia elétrica.

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3.1.8. Módulo 8 – Qualidade da energia elétrica

O objetivo do módulo 8 do PRODIST [11] é definir os procedimentos relativos à

qualidade da energia elétrica – QEE, abordando a qualidade do produto e do

serviço prestado.

Com relação à qualidade do produto, são definidos neste módulo os conceitos e

parâmetros para o estabelecimentos dos valores de referência relativos à

conformidade da tensão em regime permanente, ao fator de potência, à variação de

freqüência, aos harmônicos, ao desequilíbrio de tensão, à flutuação de tensão e à

variação de tensão de curta duração.

Com relação à qualidade do serviço, este módulo estabelece os procedimentos

relativos aos indicadores de continuidade do serviço e do tempo de atendimento a

ocorrências emergenciais.

3.2. Estudos de solicitação de acesso exigidos pelas

distribuidoras

Na seção 3.1, foram apresentados os módulos do PRODIST [11] , documentos

elaborados pela ANEEL que normalizam e padronizam as atividades técnicas

relacionadas ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição de

energia elétrica.

Com base no PRODIST e nas necessidades técnicas e operativas de cada

distribuidora, estas elaboraram, individualmente, um documento do tipo Norma

Técnica onde são apresentados os requisitos técnicos e os pré-estudos de

engenharia, que são exigidos do acessante para posterior análise e viabilização da

conexão em paralelo da GD com a rede elétrica da distribuidora. Exemplos deste

tipo de documento podem ser vistos em [12], [13], [14] e [15].

A análise da conexão de uma unidade de geração distribuída (GD) na rede de

distribuição das concessionárias é previamente realizada na Consulta de Acesso a

fim de detectar se os requisitos operacionais e as especificações dos equipamentos

utilizados na central geradora estão minimamente de acordo com os requisitos

técnicos exigidos pela distribuidora local.

Além das especificações técnicas dos equipamentos utilizados na central

geradora, as concessionárias também avaliam os possíveis impactos causados pela

operação em paralelo da unidade de GD no sistema de distribuição. Esta avaliação

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é realizada na Solicitação de Acesso (após a distribuidora local ter disponibilizado

as informações técnicas de seu sistema de distribuição na etapa Informação de

Acesso) através da realização de estudos elétricos específicos exigidos pela

distribuidora para a conexão da unidade de GD.

De modo geral, os estudos elétricos exigidos pelas distribuidoras avaliam:

• a operação em regime permanente da unidade de GD, quando conectada e

quando desconectada da rede de distribuição;

• os níveis de curto-circuito com a conexão da GD;

• a estabilidade do sistema durante possíveis regimes transitórios, tal como a

desconexão da usina após a atuação da proteção frente a um curto-circuito.

3.2.1. Análise estática – Fluxo de potência

Estudos de fluxo de potência devem ser realizados para verificar a operação em

regime permanente do sistema com GD bem como determinar os estados

operativos para um determinado cenário de carga. Os estados operativos

determinados nesses estudos são as tensões e ângulos nas barras, os fluxos de

potência nas linhas de transmissão, as injeções de potência dos geradores, entre

outros. Estes estados operativos são avaliados de modo a determinar se houve

violações dos mesmos quanto aos limites e controles a que estão sujeitos.

Os estudos de fluxo de potência podem ser efetuados através de programas

computacionais que utilizam algoritmos baseados nos métodos de solução de

sistemas não-lineares, através de soluções iterativas das equações de fluxo de

potência, tais como o método de Newton-Raphson e suas derivações: o método

Desacoplado e o método Desacoplado-rápido. Todos esses métodos estão

demonstrados em [25] e [26]. Um exemplo de programa computacional para os

estudos de fluxo de potência é o ANAREDE – Sistema Integrado para Análise de

Redes, desenvolvido pelo Centro de Pesquisas em Energia Elétrica - CEPEL.

Para o estudo de fluxo de potência, o modelo de representação do sistema de

distribuição de energia elétrica deve ser diferente do modelo tradicional, onde as

redes de distribuição são representadas como cargas no sistema de transmissão. De

acordo com [19], a unidade de geração distribuída deve ser representada por uma

barra de geração convencional, ou seja, através de uma barra PV.

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Os estudos de fluxo de potência são utilizados como ferramenta para diversas

aplicações, tais como:

• na análise de carregamento de um sistema;

• no suporte de reativo;

• na determinação das perdas elétricas.

3.2.2. Estudos de curto-circuito – Níveis de curto-circuito

A análise de curto-circuito é realizada para se determinar as correntes de curto-

circuito em um sistema elétrico de potência. Esta análise faz parte dos estudos que

são exigidos pelas distribuidoras, pois possibilitam a avaliação do impacto nos

níveis de curto-circuito causados pela conexão da unidade de GD na rede elétrica

de distribuição, orientando quanto à necessidade de redimensionamento da

proteção do sistema elétrico.

Os estudos de curtos-circuitos podem ser efetuados através de programas

computacionais que utilizam algoritmos baseados nos conceitos de cálculo de

circuitos elétricos em corrente alternada e nos modelos matemáticos dos

componentes do sistema elétrico adequados à análise de defeitos em sistemas de

potência, conforme teoria demonstrada em [27]. Um exemplo de programa

computacional dedicado aos estudos de curto-circuito é o SAPRE/ANAFAS –

Sistema de Análise e Projeto de Redes Elétricas/Análise de Faltas Assimétricas,

desenvolvido pelo Centro de Pesquisas em Energia Elétrica - CEPEL.

Um curto-circuito é um tipo de defeito (falta) em sistemas elétricos que pode

ser causado por falhas no isolamento, rompimentos de condutores, raios, surtos de

chaveamento, entre outros. Os efeitos causados por este tipo de defeito são as

correntes elevadas que podem vir a ocasionar danos térmicos a equipamentos e

danos mecânicos devido às altas forças magnéticas.

Os estudos de curtos-circuitos em um sistema elétrico também dependem do

tipo de curto-circuito ocorrido. Os tipos de curto-circuito e a respectiva freqüência

de ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN), de acordo com [28], são:

• trifásico (5%)

• bifásico (15%)

• bifásico-terra (10%)

• monofásico-terra (70%)

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Portanto, a realização dos estudos de curto-circuito é fundamental para o

projeto de sistemas elétricos de potência, uma vez que a determinação das

correntes de curto-circuito possibilita:

• o dimensionamento e seleção dos relés de proteção;

• determinar a capacidade de interrupção dos disjuntores;

• dimensionar a máxima corrente suportável dos equipamentos

• selecionar reatores limitadores de correntes de curto circuito;

• a coordenação da proteção (seletividade);

• o cálculo de esforços mecânicos em elementos estruturais.

Com relação ao dimensionamento e seleção dos relés de proteção do sistema

elétrico, de acordo com a distribuidora Light, o esquema de proteção do ponto de

conexão entre a unidade de GD e sua rede de distribuição deve ser efetuado através

de um disjuntor de acoplamento acionado por relé que deve possuir, no mínimo, as

funções descritas na Tabela 3.11.

Tabela 3.11: Funções de proteção mínimas para o ponto de conexão com a rede da

Light.

Código ANSI Função de Proteção 50/51 Proteção para sobrecorrente instantânea e de tempo inverso

50/51N Proteção para sobrecorrente de neutro instantânea e de tempo inverso 67 Proteção para sobrecorrente direcional de fases 59g Proteção para sobretensão residual 27 Proteção para subtensão de fases 59 Proteção para sobretensão de fases 32 Proteção para potência reversa

81 O/U Proteção de sobrefrequência e subfrequência 25 Proteção de verificação de sicronismo

Fonte: [16]

O diagrama unifilar da Figura 3.3 [22], apresenta o esquema de proteção

mínimo com dupla alimentação em média tensão (Normal e Reserva) exigido para

a conexão entre uma unidade de GD (agente de geração do tipo autoprodutor de

energia) e a rede elétrica de distribuição da Light, com base nas funções de

proteção explicitadas na Tabela 3.11.

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Onde: DE: Disjuntor de entrada (principal e reserva); DA: Disjuntor de acoplamento; DG: Disjuntor do gerador.

Figura 3.3: Proteção mínima com dupla alimentação em Média Tensão (MT).

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3.2.3. Análise dinâmica – Estabilidade transitória

Os estudos de estabilidade transitória são efetuados para verificar se o sistema é

capaz de suportar variações causadas por possíveis contingências sem afetar a

segurança da rede, e também variações causadas pela intermitência de algumas

fontes primárias de energia que geralmente são aplicadas na geração distribuída

(GD), tal como acontece com a energia eólica e a energia solar.

Os estudos de estabilidade transitória também podem ser efetuados através de

programas computacionais que utilizam algoritmos baseados nos conceitos de

estabilidade de sistemas de potência e nos modelos matemáticos dos componentes

do sistema adequados aos estudos de estabilidade, conforme teoria demonstrada

em [3] e [29]. Um exemplo de programa computacional para os estudos de

estabilidade transitória é o ANATEM desenvolvido pelo Centro de Pesquisas em

Energia Elétrica – CEPEL. Outro exemplo de programa computacional é o

SIMULIGHT – Simulador para Redes Elétricas com Geração Distribuída, que foi

desenvolvido através de uma parceria de pesquisa e desenvolvimento entre a

empresa Light e a entidade de ensino e pesquisa COPPE/UFRJ.

O SIMULIGHT [3] envolve aplicativos de fluxo de potência e de estabilidade

transitória integrados numa mesma base de dados, sendo capaz de simular ilhas

elétricas que aparecem e desaparecem ao longo de uma simulação no tempo,

devido a atuação da proteção [2]. Por isso, esse aplicativo é uma ferramenta para a

avaliação do impacto da GD nas redes de distribuição, e também para a avaliação

da aplicação da GD em microrredes (ilhas elétricas).

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4. Microrredes

As recentes experiências de defeito de energia demonstraram a vulnerabilidade do

Sistema Interligado Nacional (SIN) quanto a falhas na rede ocasionadas por

desastres naturais e fenômenos inesperados. A demanda por uma maior qualidade e

confiabilidade no fornecimento de energia elétrica se intensificou com o aumento

da dependência da sociedade atual por serviços que utilizam tecnologias

sofisticadas. Por isso, uma reestruturação do sistema elétrico de distribuição que

empregue um grande número de pequenas unidades de recursos energéticos

distribuídos (RED) pode, a princípio, elevar a confiabilidade do sistema e ainda

fornecer serviços diferenciados [24].

Os estudos convencionais de planejamento energético para o SIN são

elaborados com base na produção de energia por grandes usinas centralizadas, cuja

energia é transmitida através de longas linhas de transmissão para as

distribuidoras, que, por fim, fornecem a energia para os consumidores através de

redes passivas de distribuição de energia (sem geradores). Nesta estrutura, todos os

clientes alimentados por uma subestação de distribuição estão sujeitos ao mesmo

grau de qualidade da energia [24].

Recursos energéticos distribuídos (RED), incluindo geração distribuída (GD) e

sistemas de armazenamento de energia são fontes de energia localizadas próximas

às cargas e podem fornecer uma variedade de benefícios, incluindo o aumento da

confiabilidade no sistema elétrico de distribuição, se forem operados corretamente

[17].

Embora a estrutura atual permita a conexão de geração distribuída (GD) nas

redes de distribuição (redes ativas), o nível de penetração de GD ainda é mantido

baixo a fim de prevenir impactos na coordenação da operação do sistema e nos

equipamentos de controle. Outra grande preocupação para os Centros de Operação

(CO) das distribuidoras são os impactos adversos sobre a qualidade da energia em

suas redes causados por um alto grau de penetração de GD, especialmente quanto

às flutuações de potência causadas pela intermitência da geração de energia

elétrica por fontes renováveis de energia.

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Os tratamentos de contingências utilizados no balanço entre geração e carga

são baseados no corte de carga e interrupções forçadas no fornecimento para

gerenciar a ausência de energia conseqüente da desconexão de uma linha ou a

perda de uma usina devido a algum defeito no sistema elétrico. Mesmo que uma

quantidade adequada de fontes de geração local esteja disponível para suprir a

demanda dos clientes e preveni-los de alguma interrupção, as metodologias de

operação do sistema de distribuição e o defeito de coordenação entre dois níveis de

controle (como entre o CO e os PIE, por exemplo) não permitem a operação

isolada de parte do sistema.

De acordo com [24], a reestruturação da rede elétrica baseada nas arquiteturas

de microrredes pode facilitar a conexão de unidades de GD em larga escala nas

redes de média tensão e baixa tensão dos sistemas de distribuição, elevando a

confiabilidade do sistema, a qualidade e a continuidade da energia fornecida aos

consumidores. A metodologia de projeto das microrredes também envolve uma

abordagem sistemática para o planejamento, implantação em larga escala e

controle autônomo dos RED [24].

4.1. Definição

Microrredes são sistemas que possuem pelo menos um dos recursos energéticos

distribuídos com cargas associadas e que podem formar ilhas elétricas

intencionalmente no sistema elétrico de distribuição ao qual fazem parte. Dentro

das microrredes, cargas e fontes de energia podem ser desconectadas e

reconectadas do sistema elétrico local causando o mínimo possível de variações

nas cargas locais [17].

O maior impacto das microrredes está no provimento de um sistema elétrico de

alta confiabilidade e de melhor qualidade de energia para os consumidores. As

microrredes podem fornecer também benefícios adicionais para o sistema elétrico

de distribuição através do despacho de energia nos horários de pico de demanda e

adiando obras de reestruturação das redes do sistema elétrico de distribuição [17].

Uma microrrede implementada em um sistema elétrico de distribuição precisa

ser muito bem planejada para evitar problemas na operação do sistema. Para a

microrrede operar adequadamente, os elementos de conexão com a rede de

distribuição devem ser abertos (geralmente em condições inaceitáveis de qualidade

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da energia) e os RED devem ser capazes de suprir a demanda das cargas

localizadas na seção ilhada. Isto inclui manter adequados os níveis de tensão e

freqüência de todas as cargas da microrrede [17].

Dependendo da tecnologia dos elementos de conexão com a rede principal,

interrupções momentâneas podem ocorrer durante a transferência entre o modo

conectado à rede e o modo ilhado. Neste caso, o RED determinado para fornecer

energia às cargas ilhadas deve ser capaz de reiniciar e abastecer as cargas da

microrrede após a desconexão. Portanto, deve-se analisar o fluxo de potência da

rede ilhada para assegurar que a regulação da tensão é mantida e estabelecer se os

RED são capazes de sustentar as cargas durante o “ilhamento”. Os RED têm que

ser capazes de suprir os requerimentos de potência ativa e reativa durante a

operação ilhada e detecar se há defeitos a montante do ponto de conexão. Quando a

potência é restabelecida na rede de distribuição, a chave não pode fechar até que a

rede e a microrrede estejam em sincronismo. Para tanto, é requerido um sistema de

medição de tensão nos dois lados da chave a fim de permitir o sincronismo da

microrrede com a rede de distribuição [17].

4.1.1. Necessidades tecnológicas para configuração de uma

microrrede

Para a operação das microrredes são necessárias algumas tecnologias básicas, tais

como a geração distribuída (GD), incluindo os sistemas de armazenamento,

elementos de conexão e sistemas de controle, conforme Figura 4.1 [17].

Um dos desafios técnicos é o projeto, aceitação e disponibilidade de

tecnologias de baixo custo para a instalação e operação das microrredes.

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Figura 4.1: Componentes de uma microrrede.

Geração distribuída

Conforme estudado no capítulo 2, as unidades de GD são pequenas unidades de

geração de energia elétrica localizadas próximas às cargas que utilizam diversas

tecnologias para a produção da energia, tais como a energia eólica, energia solar

fotovoltaica, pequenas centrais hidrelétricas (PCH), células combustíveis, micro-

turbinas e motores de combustão interna com gerador acoplado, que podem ser

supridos com combustíveis fósseis (óleo diesel) ou renováveis (biomassa) que

geralmente são utilizados como geradores de energia em espera (stand-by) e em

processos industriais de co-geração, respectivamente.

Sistemas de armazenamento distribuído

Os sistemas de armazenamento distribuídos (SAD) são utilizados nas

microrredes onde a geração e a carga não são equivalentes, ou seja, quando há um

excesso de geração a energia é armazenada no SAD, quando a geração passa a ser

inferior à carga, a diferença de energia é suprida pelo SAD. A capacidade de

armazenamento é definida pelo tempo que a capacidade nominal de energia do

sistema leva para sustentar a demanda de energia.

De acordo com [17], os sistemas de armazenamento elevam a performance da

microrrede de três maneiras:

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• Permitindo que as unidades de GD forneçam energia constante e estável,

apesar das flutuações de carga.

• Mantendo a potência de saída estável, mesmo quando há variações

dinâmicas de energia primária.

• Permitindo que as unidades de GD sejam operadas como usinas

despacháveis.

Além disso, os sistemas de armazenamento evitam o surgimento de picos de

demanda de eletricidade, evitam interrupções causadas por distúrbios

momentâneos no sistema elétrico enquanto os geradores de reserva são acionados e

armazenam energia para uma demanda de energia futura, [17].

As principais formas de armazenamento de energia disponíveis atualmente são:

baterias, supercapacitores e volantes mecânicos (“Flywheels”). As baterias são

sistemas de armazenamento de energia sob a forma de energia química que a

convertem em energia elétrica em corrente contínua (CC) através de reações

eletroquímicas, por isso, as baterias necessitam de conversores eletrônicos para

permitir o fluxo de potência entre elas e os sistemas de potência em corrente

alternada (CA). Os supercapacitores são dispositivos de armazenamento de alta

densidade de potência com capacidade de ciclo elevada. Os volantes mecânicos são

sistemas que vêm sendo considerados recentemente como um meio viável de

suportar cargas críticas durante interrupções no sistema elétrico, por apresentarem

resposta mais rápida que os sistemas de armazenamento eletroquímicos, [17].

Elementos de conexão

Os elementos de conexão interligam a microrrede à rede de distribuição.

Avanços na eletrônica de potência nesta área substituíram as interfaces tradicionais

que utilizavam relés e outros componentes por um único sistema com um

processador de sinais digitais (DSP) capaz de efetuar funções de chave de potência

(como disjuntores, tiristores, IGBT, entre outros), relés de proteção, sistemas de

comunicação e medição das condições da rede em ambos os lados, na microrrede e

na rede de distribuição, através de transformadores de corrente (TC) e

transformadores de potencial (TP), conforme ilustrado na Figura 4.2, [17].

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Figura 4.2: Diagrama esquemático dos elementos de conexão.

Sistemas de controle

O sistema de controle da microrrede é projetado para uma operação segura do

sistema tanto no modo conectado à rede, como no modo ilhado. Quando operando

no modo ilhado, o sistema de controle deve ser capaz de controlar a freqüência e a

tensão locais, através da regulação da geração de potência ativa e reativa,

respectivamente, e atuar na proteção da microrrede, [17].

No modo ilhado, o controle de freqüência é um grande desafio. Em usinas de

geração de eletricidade de grande porte, a resposta de freqüência é baseada nas

massas girantes das turbinas que, por sua vez, apresentam inércia grande. Nas

unidades de geração distribuída, ocorre o oposto, pois se trata de usinas de

pequeno porte que utilizam tecnologias de baixa ou nenhuma inércia. Por isso os

sistemas de controle utilizados devem ser adaptados para fornecer a mesma

resposta de freqüência que seria obtida caso uma usina com grande inércia

estivesse conectada ao sistema. A estratégia de controle de freqüência nas

microrredes deve explorar a capacidade que as tecnologias utilizadas em GD tem

de alterar sua potência ativa, a resposta dos dispositivos de armazenamento e o

corte de carga, [17].

A regulação da tensão é necessária para a confiabilidade e estabilidade da

microrrede. Sem um controle efetivo da tensão, sistemas com alta penetração de

GD estão sujeitos a excursões e oscilações de tensão ou potência reativa. O

controle de tensão requer que exista um fluxo de potência reativa entre as fontes.

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O problema da regulação da tensão ocorre tanto no modo conectado a rede

como no modo ilhado. Quando conectado a rede, as unidades de GD podem ser

utilizadas em serviços ancilares para sustentar a tensão local, [17].

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5. Simulações

A fim de demonstrar os estudos de solicitação de acesso exigidos pelas

distribuidoras, avaliando o impacto da inserção da geração distribuída (GD) nas

redes de distribuição, e também a avaliação da aplicação da GD como suporte em

ilhas elétricas, foram realizadas simulações, considerando apenas a rede de

sequência positiva, de um sistema elétrico de potência (SEP) de 17 barras,

composto por 14 linhas de transmissão (LT), 6 transformadores e 3 usinas

geradoras, sendo uma delas a de geração distribuída.

Resumidamente, foram realizadas simulações do sistema em três programas

computacionais: ANAREDE, SAPRE/ANAFAS e SIMULIGHT. O ANAREDE foi

utilizado para determinar o estado operativo da rede elétrica e as perdas nos ramos

de transmissão e distribuição do SEP em dois casos: com a GD conectada e com a

GD desconectada. No SAPRE/ANAFAS foi simulado um curto-circuito trifásico

para análise dos níveis de curto-circuito com e sem a presença da GD no SEP. Já

no SIMULIGHT, foram realizadas simulações para análise do desempenho

dinâmico do SEP, avaliando a estabilidade nas operações de conexão e desconexão

da GD, e também a aplicação da GD em uma microrrede formada após a

ocorrência de um curto-circuito no sistema.

Como se trata de um sistema elétrico fictício, não foram realizadas análises de

viabilidade econômica ou geográfica, nem análise de sobrecargas nas linhas de

transmissão. Portanto, os resultados das simulações não abordam todos os aspectos

necessários apara a avaliação do acesso de uma usina de GD à rede elétrica de

distribuição.

A seguir, na seção 5.1, estão definidos os dados gerais do SEP, o diagrama

unifilar, os parâmetros e os dados elétricos utilizados como dados de entrada nos

programas de simulação. A seção 5.2 apresenta os resultados das simulações para

as análises definidas no capítulo 3, item 3.2, e no capítulo 4.

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73

5.1. Sistema elétrico de potência

O sistema elétrico de potência (SEP) utilizado para as simulações dos estudos de

solicitação de acesso e avaliação da aplicação da GD como suporte em ilhas

elétricas, está representado na Figura 5.1.

Figura 5.1: Sistema elétrico de potência (SEP).

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O sistema está dividido em geração, transmissão e distribuição. Na geração, há

duas usinas hidrelétricas, UG-01 e UG-02, com potência instalada de 30 MW e 200

MW, respectivamente. A transmissão está representada em três níveis de tensão

diferentes. Em 500 kV, há uma LT interligando a usina UG-02 à subestação de

transmissão SE-06. Em 230 kV, há uma LT interligando a usina UG-01 à

subestação de transmissão SE-05. Em 138 kV, há um total de 11 LT interligando

seis subestações: SE-09, SE-10, SE-11, SE-12, SE-13 e SE-14. A distribuição está

representada pela subestação GD onde está instalada a usina de geração

distribuída, com potência instalada total de 10 MW, composta por dois geradores

com potência nominal de 5 MW cada, os quais estão conectados na rede de

distribuição de média tensão (em 34,5 kV).

A carga total do sistema é de 167 MW, aproximadamente, enquanto que a carga

na área da GD é de 3,5 MW.

5.1.1. Considerações para simulação

Foi considerado que a tecnologia utilizada na usina de GD é a de uma pequena

central hidrelétrica (PCH) e que o agente de geração é do tipo Autoprodutor de

Energia com Comercialização de Excedente (APE-COM).

Todas as simulações foram realizadas levando-se em consideração apenas a

rede de seqüência positiva [27][28].

As cargas do sistema foram consideradas como sendo do modelo de potência

constante [19][25][26] nas simulações de fluxo de potência e de curto-circuito,

enquanto que na simulação de estabilidade transitória o modelo de carga

considerado foi o de impedância constante [28][3].

Com relação aos geradores, nas simulações de fluxo de potência e curto-

circuito, foram considerados os modelos de controle de tensão (barra PV) e

controle de tensão e ângulo (barra Vθ), enquanto que nas simulações de

estabilidade transitória foram utilizados os modelos disponíveis na versão

educacional (versão 2.23 Rv1 Edu) do programa SIMULIGHT, onde foram

ajustados os parâmetros dos modelos matemáticos dos geradores, dos reguladores

de tensão e dos reguladores de velocidade para valores típicos [3][30][31],

conforme a Tabela 5.1.

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75

Tabela 5.1: Parâmetros ajustados no SIMULIGHT, referentes aos modelos dos

geradores, reguladores de tensão e reguladores de velocidade disponíveis no

programa.

SIMULIGHT Modelos de fluxo de potência

G1 G2 GD-1 GD-2 Modelo PV Vθ PV PV P(MW) 30 - 5 5

Modelos de Simulação dinâmica Máquina síncrona: MaqSincr#Mdl:IV

Parâmetro G1 G2 GD-1 GD-2 H (s) 4 5 2 2 D 0 0 0 0 Sbase (MVA) 78 231,6 10 10 unids 1 1 1 1 r (%) 0 0 0 0 xd (%) 91,6 93 1,274 1,274 xq (%) 85,7 69 0,7012 0,7012 xld (%) 13,3 30,2 0,3779 0,3779 xlld (%) 10,8 24,5 0,2021 0,2021 xllq (%) 10,8 24,5 0,2021 0,2021 Tldo (s) 11,13 8 4,85 4,85 Tlldo (s) 0,033 0,03 0,06 0,06 Tllqo (s) 0,065 0,06 0,065 0,065

Regulador de tensão: RegTensao#Mdl:1oORD Parâmetro G1 G2 GD-1 GD-2

K 10 10 10 10 T (pu) 0,05 0,05 0,05 0,05 Lmn (pu) -1 -1 -1 -1 Lmx (pu) 10 10 10 10

Reg. de velocididade: CtrlVeloc#Mdl:Termo Parâmetro G1 G2 GD-1 GD-2

R (%) 2 5 0,1 0,1 Tc (pu) 0,01 0,01 0,01 0,01 Tr (pu) 2 2 2 2

Nota: Valores arbitrados com base nos exemplos disponíveis na versão educacional do SIMULIGHT.

5.1.2. Dados elétricos

Os dados elétricos do sistema elétrico de potência (SEP) da Figura 5.1, que foram

utilizados como dados de entrada nas simulações, estão divididos em dados de

barra e dados dos ramos, expostos na Tabela 5.2 e na Tabela 5.3, respectivamente.

As definições dos dados apresentados nessas tabelas estão descritas na

nomenclatura a seguir:

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-Dados das barras:

B: Número da barra; NOME: Nome da barra; T: Tipo da barra (2=VO;1=PV;0=PQ); Vm: Módulo da tensão (p.u.); Va: Ângulo da tensão (graus); PG: Geração de potência ativa (MW); QG: Geração de potência reativa (Mvar); PL: Potência ativa de carga (MW); QL: Potência reativa de carga (Mvar); BS: Susceptância shunt (Mvar para V=1,0 p.u.); kV: Tensão base (kV).

-Dados dos ramos:

NO: Número da barra de origem; ND: Número da barra de destino; T: Tipo do ramo (1=Transformador; 0=Linha); R: Resistência (%); X: Reatância (%); B: Susceptância total da linha (%); MVA: Máxima capacidade de transferência de potência aparente; TAP: Tap do transformador.

Tabela 5.2: Dados de entrada para simulação: dados das barras do SEP.

B NOME T Vm Va PG QG PL QL BS kV 1 Barra-01 1 1,000 0,0 30,0 6,9 0,00 0,00 0,0 16,5 2 Barra-02 2 1,000 0,0 128,5 5,1 0,00 0,00 0,0 18,0 3 Barra-03 0 1,000 0,0 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 230 4 Barra-04 0 1,000 0,0 0,0 0,0 47,80 3,90 0,0 500 5 Barra-05 0 1,000 0,0 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 230 6 Barra-06 0 1,000 0,0 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 500 7 Barra-07 0 1,000 0,0 0,0 0,0 29,50 16,60 0,0 138 8 Barra-08 0 1,000 0,0 0,0 0,0 30,00 30,00 0,0 138 9 Barra-09 0 1,000 0,0 0,0 0,0 13,50 5,80 0,0 138 10 Barra-10 0 1,000 0,0 0,0 0,0 14,90 5,00 0,0 138 11 Barra-11 0 1,000 0,0 0,0 0,0 9,00 5,80 0,0 138 12 Barra-12 0 1,000 0,0 0,0 0,0 7,60 1,60 0,0 138 13 Barra-13 0 1,000 0,0 0,0 0,0 6,10 1,60 0,0 138 14 Barra-14 0 1,000 0,0 0,0 0,0 3,90 1,90 0,0 138 15 Barra-15 0 1,000 0,0 0,0 0,0 1,17 0,57 0,0 34,5 16 Barra-16 0 1,000 0,0 0,0 0,0 3,50 1,80 0,0 34,5 17 Barra-17 1 1,000 0,0 10,0 17,2 0,00 0,00 0,0 6,6

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Tabela 5.3: Dados de entrada para simulação: dados dos ramos do SEP.

NO ND T R X B MVA TAP 1 3 1 0,000 6,25 0,0 100 1,000 2 4 1 0,000 5,76 0,0 200 1,000 3 5 0 1,200 9,20 15,8 100 4 6 0 1,700 11,10 30,6 200 5 7 1 0,000 3,64 0,0 200 1,000 6 8 1 0,000 4,82 0,0 200 1,000 7 8 0 1,000 8,50 17,6 100 7 9 0 6,615 13,03 0,0 50 7 11 0 9,498 19,89 0,0 50 7 12 0 12,291 25,58 0,0 50 8 10 0 2,300 8,45 0,0 50 8 13 0 12,711 27,04 0,0 50 8 14 1 3,900 11,70 0,0 50 9 10 0 8,205 19,21 0,0 50 11 12 0 22,092 19,99 0,0 50 12 13 0 17,093 34,80 0,0 50 13 14 0 7,490 15,60 0,0 50 14 15 1 0,000 1,96 0,0 75 1,000 15 16 0 2,400 4,30 0,0 50 16 17 1 0,000 1,41 0,0 75 1,000

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5.2. Simulação dos estudos de solicitação de acesso

5.2.1. Análise estática – Fluxo de potência

Para a simulação dos estudos de fluxo de potência do SEP da Figura 5.1, foi

utilizado o programa computacional ANAREDE (versão 9.1.8) do CEPEL. Os

dados de entrada que foram utilizados na simulação são os dados das barras e

dados dos ramos apresentados na Tabela 5.2 e na Tabela 5.3, respectivamente.

Foram efetuadas simulações no SEP até obter uma solução do fluxo de potência

convergente e sem violações. Duas situações foram simuladas: a primeira

considerando o SEP sem a GD; e a segunda considerando a GD conectada à rede

de distribuição. Em ambas situações foi necessário atuar no ajuste de tensão das

barras PV e Vθ do sistema até que a solução do fluxo de potência fosse

convergente e sem violações, definindo-se o caso base de cada situação.

i)Fluxo de potência com a GD desconectada:

Os resultados da simulação do SEP no ANAREDE com a GD desconectada

estão expostos a seguir na Tabela 5.4, na Tabela 5.5 e na Figura 5.2.

A Tabela 5.4 descreve o estado operativo da rede elétrica, apresentando o

módulo e ângulo da tensão em cada barra do sistema, resultantes da solução de

fluxo de potência obtida no ANAREDE.

Tabela 5.4: Estado operativo das barras após a simulação com a GD desconectada.

B Nome T Vm Va PG QG PL QL BS kV 1 Barra-01 1 1,04 -10,0 30,0 6,9 0,00 0,00 0,0 16,5 2 Barra-02 2 1,04 0,0 128,5 5,1 0,00 0,00 0,0 18,0 3 Barra-03 0 1,029 -11,0 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 230 4 Barra-04 0 1,032 -4,3 0,0 0,0 47,80 3,90 0,0 500 5 Barra-05 0 1,003 -13,0 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 230 6 Barra-06 0 0,999 -9,7 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 500 7 Barra-07 0 0,991 -13,0 0,0 0,0 29,50 16,60 0,0 138 8 Barra-08 0 0,987 -12,0 0,0 0,0 30,00 30,00 0,0 138 9 Barra-09 0 0,976 -14,0 0,0 0,0 13,50 5,80 0,0 138 10 Barra-10 0 0,979 -13,0 0,0 0,0 14,90 5,00 0,0 138 11 Barra-11 0 0,973 -14,0 0,0 0,0 9,00 5,80 0,0 138 12 Barra-12 0 0,976 -14,0 0,0 0,0 7,60 1,60 0,0 138 13 Barra-13 0 0,976 -13,0 0,0 0,0 6,10 1,60 0,0 138 14 Barra-14 0 0,978 -13,0 0,0 0,0 3,90 1,90 0,0 138 15 Barra-15 0 0,977 -13,0 0,0 0,0 1,17 0,57 0,0 34,5 16 Barra-16 0 0,976 -13,0 0,0 0,0 3,50 1,80 0,0 34,5

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A Tabela 5.5 apresenta o fluxo de potência nos ramos do sistema e as perdas

elétricas calculadas. No total, as perdas ativa e reativa do sistema foram de 2,3

MW e 71,2 Mvar, respectivamente. Já as perdas na área da GD (em 34,5 kV) foram

nulas.

Tabela 5.5: Fluxo de potência nos ramos com a GD desconectada.

Fluxo de Potência DE PARA MW Mvar 1 3 30 18 2 4 139 19,2 3 5 30 17,3 4 6 91,2 4,8 5 7 29,9 32,5 6 8 89,8 27,2 7 8 -22,1 -0,5 7 9 8,7 6,9 7 11 8,1 5,5 7 12 5,6 3,5 8 10 19,9 4,4 8 13 6,5 0,9 8 14 11,4 4 9 10 -4,9 1 11 12 -0,9 -0,4 12 13 -3 1,3 13 14 -2,7 0,4 14 15 4,7 2,4 15 16 3,5 1,8 3 1 -30 -17,3 4 2 -139 -8,7 5 3 -29,8 -32,3 6 4 -89,8 -27,2 7 5 -29,9 -31,8 8 6 -89,8 -23 8 7 22,1 -16,2 9 7 -8,6 -6,8 11 7 -8 -5,4 12 7 -5,5 -3,4 10 8 -19,8 -4 13 8 -6,4 -0,8 14 8 -11,3 -3,8 10 9 4,9 -1 12 11 1 0,4 13 12 3 -1,3 14 13 2,7 -0,4 15 14 -4,7 -2,4 16 15 -3,5 -1,8

Perdas 2,3 71,2

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A Figura 5.2 apresenta o caso base estabelecido no ANAREDE, demonstrando

os resultados obtidos na solução do fluxo de potência, expostos no diagrama

unifilar desenhado no próprio programa.

Figura 5.2: Caso base obtido no ANAREDE com a GD desconectada.

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ii)Fluxo de potência com a GD conectada:

Os resultados da simulação do SEP no ANAREDE com a GD conectada estão

expostos a seguir na Tabela 5.6, Tabela 5.7 e na Figura 5.3.

A Tabela 5.6 descreve o estado operativo da rede elétrica, apresentando o

módulo e ângulo da tensão em cada barra do sistema, resultantes da solução de

fluxo de potência obtida pelo ANAREDE. Observa-se que com a conexão da GD

há um aumento dos módulos das tensões nas barras do sistema, principalmente nas

barras da rede de distribuição (Barra-15, Barra-16 e Barra-17).

Tabela 5.6: Estado operativo das barras após a simulação com a GD conectada.

B Nome T Vm Va PG QG PL QL BS kV 1 Barra-01 1 1,040 -8,8 30,0 6,9 0,00 0,00 0,0 16,5 2 Barra-02 2 1,040 0,0 128,5 5,1 0,00 0,00 0,0 18,0 3 Barra-03 0 1,036 -9,8 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 230 4 Barra-04 0 1,040 -3,9 0,0 0,0 47,80 3,90 0,0 500 5 Barra-05 0 1,020 -11,0 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 230 6 Barra-06 0 1,020 -8,7 0,0 0,0 0,00 0,00 0,0 500 7 Barra-07 0 1,012 -12,0 0,0 0,0 29,50 16,60 0,0 138 8 Barra-08 0 1,013 -11,0 0,0 0,0 30,00 30,00 0,0 138 9 Barra-09 0 0,999 -12,0 0,0 0,0 13,50 5,80 0,0 138 10 Barra-10 0 1,003 -12,0 0,0 0,0 14,90 5,00 0,0 138 11 Barra-11 0 0,995 -12,0 0,0 0,0 9,00 5,80 0,0 138 12 Barra-12 0 1,001 -12,0 0,0 0,0 7,60 1,60 0,0 138 13 Barra-13 0 1,011 -12,0 0,0 0,0 6,10 1,60 0,0 138 14 Barra-14 0 1,021 -11,0 0,0 0,0 3,90 1,90 0,0 138 15 Barra-15 0 1,023 -11,0 0,0 0,0 1,17 0,57 0,0 34,5 16 Barra-16 0 1,031 -11,0 0,0 0,0 3,50 1,80 0,0 34,5 17 Barra-17 1 1,032 -11,0 10,0 17,2 0,00 0,00 0,0 6,6

A Tabela 5.7 apresenta o resultado do fluxo de potência nos ramos do sistema

obtido pelo ANAREDE e as perdas elétricas calculadas. No total, as perdas ativa e

reativa do sistema foram de 1,6 MW e 73,4 Mvar, respectivamente. Já as perdas

ativa e reativa na área da GD, em 34,5 kV, passaram de pouco significantes para

0,1 MW e 0,1 Mvar, respectivamente.

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Tabela 5.7: Fluxo de potência nos ramos com a GD conectada.

Fluxo de Potência DE PARA MW Mvar 1 3 30 6,9 2 4 128,5 5,1 3 5 30 6,3 4 6 80,7 -7,6 5 7 29,9 22,2 6 8 79,7 18,1 7 8 -20,7 -7,3 7 9 8,6 5,7 7 11 7,6 4,8 7 12 4,9 2 8 10 20 5,6 8 13 4,6 -1,5 8 14 4,4 -8,7 9 10 -5 -0,2 11 12 -1,5 -1,1 12 13 -4,2 -0,8 13 14 -5,7 -3,9 14 15 -2,9 -8,1 15 16 -6,4 -15,2 16 17 -6,4 -10,9 3 1 -30 -6,3 4 2 -128,5 3,7 5 3 -29,9 -22,1 6 4 -79,7 -18,1 7 5 -29,9 -21,7 8 6 -79,7 -15 8 7 20,7 -10,4 9 7 -8,5 -5,5 11 7 -7,5 -4,7 12 7 -4,9 -1,9 10 8 -19,9 -5,3 13 8 -4,6 1,5 14 8 -4,3 8,8 10 9 5 0,3 12 11 1,5 1,1 13 12 4,2 0,8 14 13 5,7 4 15 14 2,9 8,1 16 15 6,5 15,4 17 16 6,4 10,9

Perdas 1,6 73,4

A Figura 5.3 apresenta o caso base estabelecido no ANAREDE, demonstrando

os resultados obtidos na solução do fluxo de potência, expostos no diagrama

unifilar desenhado no próprio programa.

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Figura 5.3: Caso base obtido no ANAREDE com a GD conectada.

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84

5.2.2. Estudos de curto-circuito – Níveis de curto-circuito

Para a simulação dos estudos de curto-circuito do SEP da Figura 5.1, foi utilizado

o programa computacional SAPRE/ANAFAS (versão 2.0) do CEPEL. Através

deste programa, foi simulada a aplicação de um curto-circuito trifásico na barra 15

do sistema, conforme ilustrado na Figura 5.4.

Figura 5.4: Curto-circuito aplicado na barra 15 do SEP.

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85

Assim como na seção anterior, foram consideradas duas situações: a primeira

com a GD desconectada e a segunda com a GD conectada. Em ambas, o estado

operativo da rede antes do defeito (módulos e ângulos das tensões obtidos na

solução de fluxo de potência através do ANAREDE) foi considerado na simulação

do curto-circuito.

i)Curto-Circuito trifásico franco na barra 15 com a GD desconectada:

Os dados de barra e dos ramos utilizados como dados de entrada na simulação

são os dados apresentados na Tabela 5.4 e na Tabela 5.3, respectivamente. Os

resultados obtidos na simulação do curto-circuito trifásico aplicado na barra 15 do

sistema com a GD desconectada estão expostos a seguir na Tabela 5.8, Tabela 5.9

Tabela 5.10.

A Tabela 5.8 contém as tensões e correntes na barra 15, onde foi aplicado o

curto-circuito trifásico.

Tabela 5.8: Tensões e correntes de curto-circuito com a GD desconectada.

BARRA-15 TENSÃO (p.u.) CORRENTE (p.u.)

Sequência ABC Sequência ZPN Sequência ABC Sequência ZPN Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ân gulo

0 0 0 0 3,221 -82,8 0 0 0 0 0 0 3,221 157,2 3,221 -82,8 0 0 0 0 3,221 37,2 0 0

A Tabela 5.9 apresenta as tensões e correntes de contribuição oriunda dos

geradores das usinas UG-01 e UG-02. Como era de se esperar, só há a presença da

rede de seqüência positiva, onde a componente de seqüência positiva é igual a

componente da fase A em módulo e ângulo, enquanto que as componentes das

fases B e C são iguais em módulo e defasadas da fase A em 240° e 120°,

respectivamente, conforme demonstrado em [27] e [28].

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86

Tabela 5.9: Tensões e correntes de contribuição com a GD desconectada.

BARRA-5 TENSÃO (p.u.) CORRENTE (p.u.)

Sequência ABC Sequência ZPN Sequência ABC Sequência ZPN Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ân gulo 0,513 -10,8 0 0 1,958 -85,2 0 0 0,513 -130,8 0,513 -10,8 1,958 154,8 1,958 -85,2 0,513 109,2 0 0 1,958 34,8 0 0

BARRA-4 TENSÃO (p.u.) CORRENTE (p.u.)

Sequência ABC Sequência ZPN Sequência ABC Sequência ZPN Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ân gulo 0,614 1,4 0 0 1,804 -67,7 0 0 0,614 -118,6 0,614 1,4 1,804 172,3 1,804 -67,7 0,614 121,4 0 0 1,804 52,3 0 0

Na Tabela 5.10 estão destacados os níveis de curto-circuito, em kA, do sistema

com a GD desconectada.

Tabela 5.10: Níveis de curto-circuito com a GD desconectada.

B Nome V BASE (kV) Im (kA) Ia (°) 1 Barra-01 16,5 29,67 -94,8 2 Barra-02 18,0 19,03 -81,0 3 Barra-03 230 1,63 -92,1 4 Barra-04 500 0,61 -81,7 5 Barra-05 230 1,33 -87,1 6 Barra-06 500 0,56 -83,5 7 Barra-07 138 2,11 -85,8 8 Barra-08 138 2,04 -83,7 9 Barra-09 138 1,48 -81,1 10 Barra-10 138 1,59 -83,3 11 Barra-11 138 1,23 -78,3 12 Barra-12 138 1,30 -78,7 13 Barra-13 138 1,35 -80,7 14 Barra-14 138 1,44 -81,7 15 Barra-15 34,5 5,39 -82,8 16 Barra-16 34,5 4,66 -81,1

ii)Curto-Circuito trifásico franco na barra 15 com a GD conectada:

Neste caso, os dados de barra e dos ramos utilizados como dados de entrada na

simulação são os dados da Tabela 5.6 e da Tabela 5.3, respectivamente. Os

resultados obtidos na simulação do curto-circuito trifásico aplicado na barra 15 do

sistema com a GD conectada estão expostos a seguir na Tabela 5.11, Tabela 5.12 e

Tabela 5.13.

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A Tabela 5.11 contém as tensões e correntes na barra 15, onde foi aplicado o

curto-circuito trifásico. Já a Tabela 5.12 apresenta as tensões e correntes de

contribuição oriunda dos geradores das subestações UG-01, UG-02 e GD.

Observa-se que a GD tem uma parcela de contribuição quase quatro vezes maior

que as outras duas, pois está mais próxima do ponto de aplicação do curto circuito

(menor impedância equivalente) [28].

Tabela 5.11: Tensões e correntes de curto-circuito com a GD conectada.

BARRA-15 TENSÃO (p.u.) CORRENTE (p.u.)

Sequência ABC Sequência ZPN Sequência ABC Sequência ZPN Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ân gulo

0 0 0 0 9,741 -89,3 0 0 0 0 0 0 9,741 150,7 9,741 -89,3 0 0 0 0 9,741 30,7 0 0

Tabela 5.12: Tensões e correntes de contribuição com a GD conectada.

BARRA-5 TENSÃO (p.u.) CORRENTE (p.u.)

Sequência ABC Sequência ZPN Sequência ABC Sequência ZPN Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ân gulo 0,505 -11 0 0 1,933 -84,4 0 0 0,505 -131 0,505 -11 1,933 155,6 1,933 -84,4 0,505 109 0 0 1,933 35,6 0 0

BARRA-4 TENSÃO (p.u.) CORRENTE (p.u.)

Sequência ABC Sequência ZPN Sequência ABC Sequência ZPN Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ân gulo

0,6 1,6 0 0 1,759 -66,9 0 0 0,6 -118,4 0,6 1,6 1,759 173,1 1,759 -66,9 0,6 121,6 0 0 1,759 53,1 0 0

BARRA-17 TENSÃO (p.u.) CORRENTE (p.u.)

Sequência ABC Sequência ZPN Sequência ABC Sequência ZPN Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ân gulo 0,408 -24,7 0 0 6,501 -92,5 0 0 0,408 -144,7 0,408 -24,7 6,501 147,5 6,501 -92,5 0,408 95,3 0 0 6,501 27,5 0 0

Na Tabela 5.13 estão destacados os níveis de curto-circuito, em kA, do sistema

com a GD conectada. Observa-se que os níveis de curto-circuito em todo o sistema

aumentaram com a conexão da GD, principalmente na rede de distribuição em 34,5

kV.

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Tabela 5.13: Níveis de curto-circuito com a GD conectada.

B Nome V BASE (kV) Im (kA) Ia (°)

1 Barra-01 16,5 33,85 -95,3 2 Barra-02 18,0 22,04 -83,3 3 Barra-03 230 1,94 -94,0 4 Barra-04 500 0,76 -84,3 5 Barra-05 230 1,82 -90,2 6 Barra-06 500 0,84 -87,5 7 Barra-07 138 3,14 -88,5 8 Barra-08 138 3,57 -86,8 9 Barra-09 138 2,00 -82,1 10 Barra-10 138 2,33 -85,4 11 Barra-11 138 1,57 -78,1 12 Barra-12 138 1,76 -79,3 13 Barra-13 138 2,33 -82,6 14 Barra-14 138 3,86 -89,1 15 Barra-15 34,5 16,30 -89,3 16 Barra-16 34,5 19,80 -96,3 17 Barra-17 6,6 113,89 -97,0

5.2.3. Análise dinâmica – Estabilidade transitória

Os estudos de estabilidade transitória são efetuados para verificar se o sistema é

capaz de suportar variações causadas por possíveis contingências sem afetar a

segurança da rede. Assim, foi simulada a dinâmica da operação de conexão e

desconexão da GD na rede elétrica de distribuição, analisando os impactos

causados na estabilidade do sistema por este tipo de operação.

Para esta simulação de análise dinâmica foi utilizado o programa

computacional SIMULIGHT (versão V2.23 Rv1 Edu), onde foi montado o SEP da

Figura 5.1.

Os dados de entrada para simulação são os dados das barras e dados dos ramos

apresentados na Tabela 5.6 e na Tabela 5.3, respectivamente, e também os

parâmetros dos modelos matemáticos dos geradores e reguladores de tensão e de

velocidade, disponíveis no banco de dados da versão educacional do SIMULIGHT

[2][3], que foram ajustados conforme a Tabela 5.1.

Estes dados foram inseridos no SIMULIGHT, onde, inicialmente, foi aplicada

uma simulação de fluxo de potência para estabelecer o caso base. Após ser

estabelecido o caso base, foram configurados os dispositivos e eventos necessários

para as simulações da operação de conexão e de desconexão da GD no SEP.

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i) Conexão da GD no SEP:

Para a operação de conexão da GD no SEP, foram inseridos no sistema os

disjuntores da Tabela 5.14, que estão ilustrados na Figura 5.7. Foi considerado que,

inicialmente, os geradores da GD estavam desconectados através do desligamento

destes disjuntores.

Tabela 5.14: Disjuntores inseridos no SIMULIGHT para conexão/desconexão da

GD.

Disjuntor Função DJ17-1 Conectar/desconectar o gerador GD-1 da subestação GD DJ17-2 Conectar/desconectar o gerador GD-2 da subestação GD

Para detectar o sincronismo necessário para a ligação em paralelo dos

geradores da GD no SEP, foram inseridos relés de sincronismo (código ANSI: 25)

atuando nos disjuntores DJ17-1 e DJ17-2.

O próximo passo foi configurar os eventos no SIMULIGHT para o fechamento

dos disjuntores DJ17-1 e DJ17-2. Estes eventos foram configurados para ocorrer

após 3 segundos de simulação, conforme demonstrado na Tabela 5.15.

Tabela 5.15: Eventos configurados no SIMULIGHT para a conexão da GD.

Evento Tempo Subestação Dispositivo/Nó FECHAR DISJUNTOR 3,000 GD DJ17-1 FECHAR DISJUNTOR 3,000 GD DJ17-2

Após a inclusão dos dispositivos e configuração dos eventos necessários para a

análise em questão, foi realizada uma simulação completa de 30 segundos de

duração no SIMULIGHT. Os resultados da simulação foram obtidos a partir dos

registros gráficos dos medidores inseridos nas barras e subestações do sistema e

estão expostos na Figura 5.5.

Observa-se no gráfico da Figura 5.5-a que a conexão da GD fez a freqüência do

sistema cair de 60 Hz para 59,94 Hz, em regime permanente, devido a ação da

regulação primária [30][31] implementada no modelo de simulação do gerador da

subestação GD [3]. Para que a freqüência retorne ao seu valor nominal de 60 Hz,

faz-se necessário a inclusão da etapa de regulação secundária [30][31] que não foi

implementada no SIMULIGHT.

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90

Após a conexão da GD, os geradores do sistema apresentaram oscilações nas

gerações de potência ativa e reativa, Figura 5.5-b e Figura 5.5-c, respectivamente.

Nota-se que as potências ativas não sofreram grandes alterações com relação aos

seus valores iniciais, porém, observa-se que a GD passou a suprir reativo para o

sistema, aproximadamente 20 Mvar.

Com relação as tensões nas barras, observa-se que a conexão da GD elevou os

níveis de tensão nas barras (Figura 5.5-d, Figura 5.5-e, Figura 5.5-f e Figura 5.5-

g), principalmente na rede de distribuição (Figura 5.5-g).

Esses resultados demonstram que o sistema suportou a conexão em paralelo da

GD, pois se manteve estável após esta operação.

Figura 5.5-a: Freqüência.

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Figura 5.5-b: Potência ativa.

Figura 5.5-c: Potência reativa.

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92

Figura 5.5-d: Tensões no sistema de transmissão, em 500 kV.

Figura 5.5-e: Tensões no sistema de transmissão, em 230 kV.

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93

Figura 5.5-f: Tensões no sistema de transmissão, em 138 kV.

Figura 5.5-g: Tensões no sistema de distribuição.

Figura 5.5: Resultados da simulação de conexão em paralelo da GD no SEP.

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ii) Desconexão da GD no SEP:

Para a operação de desconexão da GD no SEP, foi utilizado o mesmo sistema

montado no SIMULIGHT para a operação de conexão da GD. Entretanto, agora foi

considerado que os geradores da GD já estavam conectados ao sistema através dos

disjuntores da Tabela 5.14. Assim, foram configurados os eventos no SIMULIGHT

para a abertura dos disjuntores DJ17-1 e DJ17-2, de modo a simular a desconexão

da GD. Estes eventos foram configurados para ocorrer após 3 segundos de

simulação, conforme demonstrado na Tabela 5.16.

Tabela 5.16: Eventos configurados no SIMULIGHT para a desconexão da GD.

Evento Tempo Subestação Dispositivo/Nó ABRIR DISJUNTOR 3,000 GD DJ17-1 ABRIR DISJUNTOR 3,000 GD DJ17-2

Após a configuração dos eventos necessários para esta análise, foi realizada

uma simulação completa de 30 segundos de duração no SIMULIGHT. Os

resultados foram obtidos a partir dos registros gráficos dos medidores inseridos nas

barras e subestações do sistema e estão expostos na Figura 5.6.

Assim como na simulação anterior, observa-se no gráfico da Figura 5.6-a que a

desconexão da GD fez a freqüência do SEP cair de 60 Hz para 59,94 Hz, em

regime permanente, devido a ação da regulação primária[30][31] implementada no

SIMULIGHT. Para que a freqüência retorne ao seu valor nominal de 60 Hz, faz-se

necessário a inclusão da etapa de regulação secundária [30][31] que não foi

implementada no SIMULIGHT.

Após a desconexão da GD, os geradores do sistema também apresentaram

oscilações nas gerações de potência ativa e reativa, Figura 5.6-b e Figura 5.6-c,

respectivamente. Nota-se que as potências ativas e reativas da GD caíram a zero,

como era de se esperar, uma vez que foram desconectados do SEP. Já os geradores

das usinas UG-01 e UG-02, não sofreram alterações significativas com relação a

potência ativa, porém estes geradores passaram a fornecer potência reativa à rede

com a desconexão da GD.

Com relação as tensões nas barras, ao contrário da simulação anterior, observa-

se que a desconexão da GD reduziu os níveis de tensão nas barras (Figura 5.6-d,

Figura 5.6-e, Figura 5.6-f e Figura 5.6-g), principalmente na rede de distribuição

(Figura 5.6-g).

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Figura 5.6-a: Freqüência.

Figura 5.6-b: Potência ativa.

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Figura 5.6-c: Potência reativa.

Figura 5.6-d: Tensões no sistema de transmissão, em 500 kV.

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Figura 5.6-e: Tensões no sistema de transmissão, em 230 kV.

Figura 5.6-f: Tensões no sistema de transmissão, em 138 kV.

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Figura 5.6-g: Tensões no sistema de distribuição.

Figura 5.6: Resultados da simulação de desconexão da GD no SEP.

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5.3. Simulação da aplicação da GD na formação de

microrredes

Para a simulação da aplicação da GD na formação de microrredes, foi utilizado o

sistema elétrico de potência (SEP) da Figura 5.1 e o programa computacional

SIMULIGHT (versão V2.23 Rv1 Edu), com o qual foram avaliadas a formação de

uma microrrede após a ocorrência de um curto-circuito na rede de distribuição e a

resincronização desta microrrede no sistema.

O curto-circuito foi aplicado na linha entre as barras 15 e 16, em 34,5 kV,

conforme ilustrado na Figura 5.7. Como o SIMULIGHT considera o sistema

equilibrado e simétrico, pois todos os cálculos efetuados são de seqüência positiva,

o curto-circuito aplicado pelo programa é do tipo trifásico.

Os dados de entrada que foram utilizados nessa simulação são os dados das

barras e dados dos ramos apresentados na Tabela 5.6 e na Tabela 5.3,

respectivamente, e também os parâmetros dos modelos matemáticos dos geradores

e reguladores de tensão e de velocidade, disponíveis no banco de dados da versão

educacional do SIMULIGHT [2][3], que foram ajustados conforme a Tabela 5.1.

Para que a proteção atuasse, foram inseridos os disjuntores da Tabela 5.17,

além de relés com as funções de proteção estabelecidas na Tabela 3.11 para atuar

nos disjuntores DJ15-1 e DJ16-1, da linha de transmissão entre a barra 15 e a barra

16, ilustrados na Figura 5.7.

Tabela 5.17: Disjuntores inseridos no SIMULIGHT para a simulação da aplicação

da GD na formação de microrredes.

Disjuntor Função DJ1 Conectar/desconectar a unidade geradora da subestação UG-01 DJ15-1 Proteção da linha de transmissão entre as barras 15 e 16 DJ16-1 Proteção da linha de transmissão entre as barras 15 e 16 DJ17-1 Conectar/desconectar o gerador GD-1 da subestação GD DJ17-2 Conectar/desconectar o gerador GD-2 da subestação GD

Todos os relés da Tabela 3.11 já possuíam seus modelos matemáticos

implementados no banco de dados da versão educacional do SIMULIGHT que foi

utilizada nas simulações [2][3].

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Figura 5.7: Curto-circuito aplicado no SEP e destaque para a microrrede formada

após o curto.

Depois de inserir os disjuntores e relés necessários para atuação da proteção,

foram configurados os eventos necessários para a simulação da aplicação da GD

em uma microrrede. Estes eventos estão demonstrados na Tabela 5.18.

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Tabela 5.18: Eventos configurados no SIMULIGHT para a simulação da aplicação

da GD na formação de microrredes.

Evento Tempo Subestação Dispositivo/Nó APLICAR CURTO 3,000 GD 160 REMOVER CURTO 3,500 GD 160

O primeiro evento foi um curto-circuito a ser aplicado na linha de transmissão

entre as barras 15 e 16, configurado para ocorrer após 3 segundos de simulação e

que foi removido após 500 ms.

Após a configuração dos eventos, foi realizada uma simulação de fluxo de

potência para estabelecer o estado operativo do SEP (caso base) antes da

ocorrência dos eventos. Em seguida, foi efetuada uma simulação completa de 30

segundos de duração, desta vez levando-se em consideração os eventos

mencionados acima.

A Tabela 5.19 apresenta o relatório de eventos emitido pelo SIMULIGHT.

Observa-se nesta tabela que o curto-circuito, aplicado na linha de transmissão entre

as barras 15 e 16, sensibilizou os relés de sobrecorrente instantâneo e temporizado

(códigos ANSI: 50 e 51) e de subtensão de fases (código ANSI: 27) da subestação

GD, abrindo o disjuntor DJ16-1 5 ms depois da aplicação do curto, formando a

microrrede em destaque na Figura 5.7.

Tabela 5.19: Relatório de eventos ocorridos no SIMULIGHT para a formação da

microrrede.

Tempo Subestação Equipamento Nome Mensagem 3 GD NO 160 APLICADO CURTO-CIRCUITO EM BARRA

3,005 GD RL51 Relé 51 Sensibilizou Relé de Proteção

3,005 GD DISJNT DJ16-1 ABERTO EQUIPAMENTO DE MANOBRA

3,005 GD RL27 Relé 27 Operou Relé de Proteção

3,005 GD RL50 Relé 50 Operou Relé de Proteção

3,005 SE-14 RL51 Relé 51 Sensibilizou Relé de Proteção

3,005 SE-14 RL50 Relé 50 Operou Relé de Proteção

3,005 SE-14 DISJNT DJ15-1 ABERTO EQUIPAMENTO DE MANOBRA

3,005 O numero de ilhas mudou de 1 para 4

3,5 GD NO 160 REMOVIDO CURTO-CIRCUITO DE BARRA

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Observa-se na Tabela 5.19, que também foram sensibilizados os relés de

sobrecorrente instantâneo e temporizado (códigos ANSI: 50 e 51) da subestação

SE-14, abrindo o disjuntor DJ15-1, 5 ms após o curto, isolando a linha com

defeito. Após 0,5 segundo o curto-circuito foi removido.

Os resultados da simulação completa foram obtidos a partir dos registros

gráficos dos medidores inseridos em cada barra e subestação do sistema. Esses

resultados foram separados de acordo com as duas redes elétricas independentes

estabelecidas após o curto-circuito: a microrrede (subestação GD operando no

modo ilhado) e o SEP resultante, sem a GD.

i) Microrrede

Na Figura 5.8, são apresentados os resultados gráficos dos medidores de

freqüência, tensão, potência ativa e potência reativa na subestação GD, que passou

a operar como uma ilha elétrica após o curto-circuito.

A Figura 5.8-a, apresenta a variação no tempo da freqüência da microrrede

durante os 30 segundos de simulação. Observa-se que, durante o regime

transitório, a freqüência sofreu variações entre 58 Hz e 63 Hz, mas que estão de

acordo com os limites de operação apresentados na Tabela 3.6 da Seção 3.2 do

PRODIST. Já em regime permanente, a freqüência passou de 60 Hz para 60,4 Hz

aproximadamente, devido a atuação da regulação primária [30][31], através do

regulador de velocidade utilizado no modelo de simulação do gerador da

subestação GD (ver Tabela 5.1), compensando a redução na geração de potência

ativa da subestação GD após sua desconexão do SEP. Para que a freqüência retorne

ao seu valor nominal de 60 Hz, faz-se necessário a inclusão da regulação

secundária [30][31] que não foi implementada no SIMULIGHT.

As gerações de potências ativa e reativa da GD apresentaram fortes variações

durante o curto-circuito. Após o curto, as gerações de potência ativa e reativa se

estabilizaram rapidamente, seguindo os valores da carga da microrrede, 3,5 MW e

2 Mvar, respectivamente, através da ação dos reguladores de velocidade e de

tensão dos modelos de simulação dos geradores (ver modelos na Tabela 5.1),

conforme demonstrado na Figura 5.8-c e na Figura 5.8-d, respectivamente.

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103

Com relação às tensões, na Figura 5.8-e percebe-se uma forte variação de

tensão durante o curto. Após o curto, durante o regime transitório, há leves

oscilações de tensão na microrrede que não ultrapassam a 1,05 p.u. de pico,

estando de acordo com os limites de operação em regime permanente. Isto ocorre

devido à ação do regulador de tensão no modelo de simulação do gerador [3].

Figura 5.8-a: Freqüência.

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104

Figura 5.8-b: Potência mecânica.

Figura 5.8-c: Potência ativa.

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105

Figura 5.8-d: Potência reativa.

Figura 5.8-e: Tensões nas barras.

Figura 5.8: Resultados da simulação para a microrrede formada.

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106

ii) SEP resultante (sem a GD)

Os resultados para o SEP resultante, após a ocorrência do curto-circuito e

abertura dos disjuntores DJ16-1 e DJ15-1, estão demonstrados na Figura 5.9

através dos resultados gráficos obtidos dos medidores de freqüência, das gerações

de potências ativa e reativa e das tensões nas redes de transmissão e de

distribuição.

A Figura 5.9-a, apresenta a variação no tempo da freqüência do SEP resultante,

durante os 30 segundos de simulação. Observa-se que, durante o regime

transitório, a freqüência sofreu variações entre 59,97 Hz e 60,4 Hz, mas que estão

de acordo com os limites de operação apresentados na Tabela 3.6 da Seção 3.2 do

PRODIST. Já em regime permanente, nota-se uma leve queda na freqüência do

SEP resultante, de 60 Hz para 59,995 Hz aproximadamente, devido a atuação da

regulação primária [30][31], através dos reguladores de velocidade utilizados nos

modelos de simulação dos geradores das usinas UG-01 e UG-02 (ver Tabela 5.1),

compensando o pequeno aumento na geração de potência ativa desta usina, após a

desconexão da subestação GD e do gerador da usina UG-01. Para que a freqüência

retorne ao seu valor nominal de 60 Hz, faz-se necessário a inclusão da regulação

secundária [30][31] que não foi implementada no SIMULIGHT.

Com relação às potência ativa e reativa dos geradores do SEP resultante,

registradas na Figura 5.9-c e na Figura 5.9-d, respectivamente, nota-se que os

geradores das usinas UG-01 e UG-02 apresentaram leves oscilações nas gerações

de potência ativa e reativa logo após a ocorrência do curto-circuito, durante o

regime transitório, mas que logo se estabilizaram.

Com relação às tensões nas redes de transmissão e de distribuição do SEP

resultante, Figura 5.9-e, Figura 5.9-f, Figura 5.9-g e Figura 5.9-h, percebe-se fortes

variações durante o curto-circuito, principalmente na rede de distribuição, Figura

5.9-h. Após o curto, durante o regime transitório, há pequenas oscilações nas

tensões, mas que logo são estabilizadas com a ação dos reguladores de tensão nos

modelos de simulação dos geradores. Nota-se que, em regime permanente, os

níveis de tensão diminuíram. Apesar disso, os valores se mantiveram dentro dos

limites de operação estabelecidos no PRODIST [11].

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107

Figura 5.9-a: Freqüência.

Figura 5.9-b: Potência mecânica.

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108

Figura 5.9-c: Potência ativa.

Figura 5.9-d: Potência reativa.

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109

Figura 5.9-e: Tensões no sistema de transmissão, em 500 kV.

Figura 5.9-f: Tensões no sistema de transmissão, em 230 kV.

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110

Figura 5.9-g: Tensões no sistema de transmissão, em 138 kV.

Figura 5.9-h: Tensões no sistema de distribuição, em 34,5 kV.

Figura 5.9: Resultados da simulação para o SEP resultante após a formação da

microrrede.

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111

5.3.1. Resincronização da microrrede

Para a resincronização da microrrede, foi realizada uma nova simulação, onde

foram acrescentados dois eventos: um para fechar o disjuntor DJ15-1 da SE-14,

que foi aberto pelo sistema de proteção após o curto-circuito, e outro para ativar o

relé de sincronismo (código ANSI: 25) do disjuntor DJ16-1, que faz a interconexão

da microrrede com a rede de distribuição, conforme demonstra a Tabela 5.20.

Tabela 5.20: Eventos adicionados no SIMULIGHT para a simulação de

resincronização da microrrede.

Evento Tempo Subestação Dispositivo/Nó FECHAR DISJUNTOR 15,000 SE-14 DJ15-1 MUDAR PARÂMETRO 15,000 GD RL25

Após a configuração dos eventos, foi realizada uma simulação de fluxo de

potência para estabelecer o estado operativo do SEP (caso base) antes da

ocorrência dos eventos. Em seguida, foi efetuada uma simulação completa de 30

segundos de duração, levando-se em consideração os eventos da Tabela 5.18 e da

Tabela 5.20.

A Tabela 5.21 apresenta o relatório de eventos emitido pelo SIMULIGHT para

a simulação de resincronização da microrrede. Observa-se nesta tabela que

ocorreram os mesmos eventos da simulação de formação da microrrede, Tabela

5.19, mais os eventos necessários à resincronização.

Tabela 5.21: Relatório de eventos do SIMULIGHT para a etapa de resincronização.

Tempo Subestação Equipamento Nome Mensagem 3 GD NO 160 APLICADO CURTO-CIRCUITO EM BARRA

3,005 GD RL51 Relé 51 Sensibilizou Relé de Proteção

3,005 GD DISJNT DJ16-1 ABERTO EQUIPAMENTO DE MANOBRA

3,005 GD RL27 Relé 27 Operou Relé de Proteção

3,005 GD RL50 Relé 50 Operou Relé de Proteção

3,005 SE-14 RL51 Relé 51 Sensibilizou Relé de Proteção

3,005 SE-14 RL50 Relé 50 Operou Relé de Proteção

3,005 SE-14 DISJNT DJ15-1 ABERTO EQUIPAMENTO DE MANOBRA

3,005 O numero de ilhas mudou de 1 para 4

3,5 GD NO 160 REMOVIDO CURTO-CIRCUITO DE BARRA

15 SE-14 DISJNT DJ15-1 FECHADO EQUIPAMENTO DE MANOBRA

16,335 GD RL25 Relé 25 Operou Relé de Proteção

16,335 GD DISJNT DJ16-1 FECHADO EQUIPAMENTO DE MANOBRA

16,335 O numero de ilhas mudou de 2 para 1

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112

Observa-se na Tabela 5.21 que após 15 segundos de simulação, com a

microrrede formada, foi fechado o disjuntor DJ15-1 e ligado o relé de sincronismo

25, que operou em 16,335 segundos de simulação, fechando o DJ16-1 e

resincronizando a microrrede no sistema.

Os resultados da resincronização, com o fechamento dos disjuntores DJ15-1 e

DJ16-1, estão demonstrados na Figura 5.10 através dos resultados gráficos obtidos

dos medidores de freqüência, das gerações de potências ativa e reativa e das

tensões nas redes de transmissão e de distribuição.

A Figura 5.10-a, apresenta a variação da freqüência no tempo. Verifica-se

claramente neste gráfico as etapas de formação da microrrede (em 3 segundos) e de

resincronização da microrrede (em 16,335 segundos), e que a freqüência do SEP

retorna ao seu valor nominal de 60 Hz após 10 segundos da resincronização.

Com relação às potência ativa e reativa dos geradores, registradas na Figura

5.10-c e na Figura 5.10-d, respectivamente, nota-se que os geradores apresentaram

fortes variações após a etapa de resincronização, mas que logo se estabilizaram,

retornando às suas condições iniciais. Para exemplificar este fato, nota-se que a

GD, que estava gerando 3,5 MW e 2Mvar enquanto a microrrede estava formada,

passou a gerar, 10 MW e 17 Mvar, retornando às suas condições iniciais.

Com relação às tensões nas redes de transmissão e de distribuição do SEP após

à resincronização, Figura 5.10-e, Figura 5.10-f, Figura 5.10-g e Figura 5.10-h,

percebe-se que as tensões nas barras do sistema que foram reduzidas com a

formação da microrrede, se elevaram, retornando às condições antes da formação

da microrrede.

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Figura 5.10-a: Freqüência.

Figura 5.10-b: Potência mecânica.

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Figura 5.10-c: Potência ativa.

Figura 5.10-d: Potência reativa.

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115

Figura 5.10-e: Tensões no sistema de transmissão, em 500 kV.

Figura 5.10-f: Tensões no sistema de transmissão, em 230 kV.

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Figura 5.10-g: Tensões no sistema de transmissão, em 138 kV.

Figura 5.10-h: Tensões no sistema de distribuição, em 34,5 kV.

Figura 5.10: Resultados da simulação para a resincronização da microrrede.

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117

6. Análise dos resultados e conclusões

6.1. Análise dos resultados

Neste trabalho foram realizados os estudos elétricos exigidos pelas distribuidoras

para avaliação dos impactos causados na operação de um sistema elétrico de

potência (SEP) com a conexão de geração distribuída (GD).

O SEP estudado, Figura 5.1, corresponde a um pequeno sistema de 17 barras,

composto por 14 linhas de transmissão, 6 transformadores, 2 usinas geradoras e 1

PCH representando a geração distribuída. Sobre este sistema foram efetuadas

análises estáticas e dinâmicas para avaliação dos impactos da geração distribuída.

Primeiramente, foi analisada a operação em regime permanente do SEP com e

sem a GD conectada à rede de distribuição a fim de determinar o estado operativo

da rede elétrica (módulo e ângulo das tensões nas barras) e as perdas (ativa e

reativa) nos ramos de transmissão e distribuição do sistema.

Foi constatado que o perfil de tensão na rede de distribuição aumentou com a

GD conectada ao sistema, conforme demonstra o gráfico da Figura 6.1.

Perfil de tensão na rede de distribuição

0,94

0,95

0,96

0,97

0,98

0,99

1

1,01

1,02

1,03

1,04

7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Barra

Tens

ão (p

.u.)

SEM GD COM GD

Figura 6.1: Perfil de tensão na rede de distribuição.

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118

Com relação às perdas elétricas, foi constatado que a GD contribui para a

redução das perdas do sistema, passando de 2,3 MW para 1,6 MW. Por outro lado,

foi constatado um aumento das perdas ativa e reativa na área onde a GD foi

conectada, pois passaram de pouco significantes para 0,1 MW e 0,1Mvar,

respectivamente.

Outra análise realizada foi sobre os impactos nos níveis de curto-circuito no

sistema com a conexão da GD. Neste caso, foi observado que a presença da GD

ocasionou um aumento dos níveis de curto-circuito em todo o SEP, mas muito mais

grave na rede de distribuição de 34,5 kV (barras 15, 16 e 17) onde ela foi

conectada, conforme demonstrado no gráfico da Figura 6.2.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Nº da Barra

Nív

el d

e cu

rto-

circ

uito

(p.

u.)

GD desconectada GD conectada

Figura 6.2: Níveis de curto-circuito.

A análise dinâmica correspondeu à avaliação da estabilidade do sistema em

operações de conexão e desconexão da GD. Foi observado que o sistema se

mostrou estável após estas operações e que a conexão da GD elevou os níveis de

tensão nas barras, através do fornecimento de reativo para a rede.

Porém, as operações de conexão e desconexão da GD fizeram a freqüência do

sistema diminuir, em regime permanente, devido a ação da regulação

primária[30][31] implementada no SIMULIGHT. Para que a freqüência retorne ao

seu valor nominal de 60 Hz, é necessário a inclusão da etapa de regulação

secundária [30][31] que não foi implementada no SIMULIGHT.

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Por fim, foi avaliada a aplicação da GD em uma microrrede formada após

atuação da proteção do sistema devido a ocorrência de um curto-circuito na rede de

distribuição. Foi observado que o sistema e a microrrede se mostraram estáveis

após as manobras de proteção, de operação e de resincronização, uma vez que

todas as variáveis analisadas apresentaram oscilações dentro dos limites de

operação estabelecidos no capítulo 3.

6.2. Conclusões

Para a unidade de geração distribuída e o sistema elétrico de potência

analisados neste trabalho, conclui-se que o acesso da GD ao sistema é viável,

porque os resultados dos estudos de solicitação de acesso (item 5.2) estão em

conformidade com os critérios operacionais estabelecidos no PRODIST [11].

Com relação à viabilidade da formação de microrredes (item 5.3), conclui-se

que, para o caso analisado, a GD manteve a microrrede estável e dentro dos

critérios operacionais do PRODIST, confirmando a viabilidade desta aplicação da

GD no sistema estudado.

Os resultados demonstram que a presença da GD no sistema elétrico e a

possibilidade de formar microrredes tornam o sistema mais confiável e de maior

qualidade para o consumidor. Contudo, para a concessionária de distribuição de

energia a GD implica em custos com reestruturação do sistema e adequação da

proteção, mas que, ainda assim, podem ser menos onerosos do que a construção de

novas linhas de transmissão para atender à crescente demanda de energia nos

grandes centros urbanos.

6.3. Trabalhos futuros

Como proposta para trabalhos futuros, sugere-se realizar estudos de reajuste da

proteção, efetuar análises de sobrecarga nas linhas de transmissão e distribuição, e

também realizar análises de viabilidade econômica e geográfica de sistemas com

geração distribuída. Outra sugestão seria avaliar operacionalmente os diferentes

tipos de tecnologia empregados na geração distribuída, comparando as formas de

controle operacional em cada caso.

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