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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA JOSE LUIS POZO GÓMEZ PROJETO DE INTERVENÇAO EM PACIENTES HIPERTENSOS PARA A MUDANÇA DE HABITOS E MELHORIA NA ADESÃO AO CONTROLE DE PRESSÃO ARTERIAL NO POSTO DE SAUDE LINDOESTE. MARABÁ / PARÁ 2018

PROJETO DE INTERVENÇAO EM PACIENTES HIPERTENSOS … · 2019. 8. 5. · arterial no período Fevereiro - Maio de 2019, através do controle da pressão arterial e atividade, levando

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA

JOSE LUIS POZO GÓMEZ

PROJETO DE INTERVENÇAO EM PACIENTES HIPERTENSOS PARA

A MUDANÇA DE HABITOS E MELHORIA NA ADESÃO AO

CONTROLE DE PRESSÃO ARTERIAL NO POSTO DE SAUDE

LINDOESTE.

MARABÁ / PARÁ

2018

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JOSE LUIS POZO GÓMEZ

PROJETO DE INTERVENÇAO EM PACIENTES HIPERTENSOS PARA

A MUDANÇA DE HABITOS E MELHORIA NA ADESÃO AO

CONTROLE DE PRESSÃO ARTERIAL NO POSTO DE SAUDE

LINDOESTE.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Saúde da Família, Universidade Federal Do Pará, para obtenção do Certificado de Especialista. Orientador: Profa. Dra. Eliseth Costa Oliveira de Matos

MARABÁ / PARÁ

2018

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JOSE LUIS POZO GÓMEZ

PROJETO DE INTERVENÇAO EM PACIENTES HIPERTENSOS PARA

A MUDANÇA DE HÁBITOS E MELHORIA NA ADESÃO AO

CONTROLE DE PRESSÃO ARTERIAL NO POSTO DE SAUDE

LINDOESTE.

Banca examinadora Professora Orientadora. Drª. Eliseth Costa Oliveira de Matos Professora Drª. Edficher Margotti Aprovado em Belo Horizonte, em17 de dezembro de 2018.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais por sempre me apoiar em meus estudos

médicos.

Á minha esposa por estar ao meu lado em cada noite de

insônia e estudo.

Meu pequeno filho por ser minha força motriz em cada

uma das minhas decisões.

Aos meus pacientes por confiar em mim neste novo

projeto para melhorar seu estado de vida.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus colegas de trabalho que permanecerão o tempo todo ao meu lado durante

a elaboração deste trabalho.

Á minha professora que sem a sua ajuda não pode tornar este projeto uma

realidade.

Á todas aquelas pessoas que, de uma forma ou de outra, ajudarão a realizar este

trabalho.

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EPIGRAFE

“Às vezes sentimos que aquilo que fazemos não e se não

uma gota de agua no mar. Mas o mar seria menor se lhe

faltasse uma gota”.

Madre Tereza de Calcutá.

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RESUMO

Este projeto de Intervenção tem o objetivo de estabelecer estratégias de saúde para promover mudanças nos hábitos e melhorar na adesão ao tratamento da pressão arterial no período Fevereiro - Maio de 2019, através do controle da pressão arterial e atividade, levando em conta o estilo de vida como possíveis causas deste agravo, além de identificar fatores de risco comportamentais a saúde dos hipertensos. O trabalho será feito na área da Estratégia de Saúde da Família na Lindoeste, município São Felix Do Xingu/Pará, formado por um médico, uma enfermeira, dois técnicos de enfermagem e 14 agentes comunitários de saúde. Atende 1561 usuários, 103 hipertensos. Para atingirem os objetivos foi realizada uma proposta de intervenção baseada em uma revisão narrativa da literatura de publicações dos últimos anos, buscando aprofundar o conhecimento sobre a temática em questão, obtidas através da Biblioteca Virtual em Saúde, do Programa AVA e do diagnóstico situacional. Serão necessários recursos humanos, formado pela equipe de saúde da unidade, e recursos materiais como: prontuários dos usuários, ficha de avaliação dos usuários, cartolinas, canetas. Espera-se com a execução deste trabalho melhorar a adesão dos pacientes ao tratamento da hipertensão arterial sistémica e uma mudança dos hábitos de vida da comunidade.

Palavras Chaves: hipertensão, hábitos de vida; Adesão, Município São Felix do Xingu

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ABSTRACT

The work will be done in the area of the Lindoeste Family Health Strategy, São Felix Do Xingu / Pará municipality, formed by a doctor, a nurse, two nursing technicians and 14 community health agents. It serves 1561 users, 103 hypertensive. This Intervention project aims to establish health strategies to promote changes in habits and improve adherence to treatment of blood pressure in the period February-May 2019, by controlling blood pressure and activity, taking into account the lifestyle as possible causes, in addition to identifying behavioral risk factors the health of hypertensive patients. To reach the proposed objectives, a proposal for intervention was carried out based on a narrative review of the publications literature of recent years, seeking to deepen the knowledge about the subject matter, obtained through the Virtual Health Library, the AVA Program and the situational diagnosis. It will require human resources, which is the team and materials such as: user files, use revaluation card, card stock, pens. The execution of this study is expected to improve the adherence of patients to the treatment of systemic arterial hypertension and a change in users' habits.

Words-keys: hypertension.; habits of life; Adhesion, Municipality Sao Felix do

Xingu.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica.

ABS Atenção Básica a Saúde.

APS Atenção Primaria a Saúde.

ESF Estratégia Saúde da Família.

eSF Equipe de Saúde da Família.

Ms Ministério da Saúde.

PSF Programa Saúde Da Família.

UBS Unidade Básica De Saúde

SUS Sistema Único de Saúde.

PACS Programa de Agente Comunitário de Saúde.

ACS Agente Comunitário de Saúde.

UMS Unidade Municipal de Saúde.

PNS Política Nacional de Saúde.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1- Classificação de prioridade para os problemas identificados no

diagnóstico da comunidade adscrita à equipe de Saúde Lindoeste, Unidade Básica

de Saúde Lindoeste. Município de São Felix Do Xingu. Estado

Pará........................15

Quadro 2 – Operações sobre o “nó crítico 1” relacionado ao problema “Elevada

prevalência de Doenças Crônicas No Transmissível: Hipertensão arterial”, na

população sob responsabilidade da Equipe de Saúde Lindoeste, Unidade Básica de

Saúde Lindoeste. Município de São Felix Do Xingu. Estado

Pará.............................17

Quadro 3 - Classificação de prioridade para os problemas identificados no

diagnóstico da comunidade adscrita à equipe de Saúde Lindoeste, Unidade Básica

de Saúde Lindoeste, Município de São Felix do Xingu, Estado do

Pará............................................................................................................................18

Quadro 4 – Operações sobre o “nó crítico” relacionado ao problema “Elevada

prevalência de Doenças Crônicas No Transmissível: Hipertensão arterial (aumento

do índice de morbidade nas consultas por crise hipertensiva”, na população sob

responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Lindoeste, do município São Felix

do Xingu, Estado de Pará...........................................................................................33

Quadro 5 – Operações sobre o “nó crítico” relacionado ao problema “Elevada

prevalência de Doenças Crônicas No Transmissível: Hipertensão arterial (aumento

do índice de morbidade nas consultas por crise hipertensiva”, na população sob

responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Lindoeste, do município São Felix

do Xingu, Estado de Pará...........................................................................................34

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇAO 12

1.1 Aspectos gerais do município São Felix Do Xingu. 12

1.2 Aspectos da comunidade 13

1.3 O sistema municipal de saúde. 13

1.4 A Unidade Básica de Saúde Lindoeste 14

1.5 A Equipe de Saúde da Família Lindoeste, da Unidade Básica de Saúde Lindoeste

14

1.6 O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe Lindoeste 15

1.7 O dia a dia da equipe Lindoeste 16

1.8 Estimativa rápida Problema de saúde do território e da comunidade Lindoeste (primeiro passo)

16

1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de intervenção (segundo passo)

17

2 JUSTIFICATIVA 19

3 OBJETIVOS 20

3.1 Objetivo geral 20

3.2 Objetivo especifico 20

4 METODOLOGIA 21

5 REVISAO BIBLIOGRAFICA 23

5.1 Estratégia Saúde da Família 23

5.2 Atenção Primaria a Saúde 25

5.3 Hipertensão 27

6 PLANO DE INTERVENSAO 31

6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo) 32

6.2 Explicação do problemas (quarto passo) 32

6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo) 33

6.4 Desenho das operações (sexto passo) 33

7 CONSIDERAÇOES FINAIS 35

REFERÊNCIAS 38

APÊNDICE A 41

ANEXO 42

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos gerais do município.

São Felix do Xingu e um município brasileiro que fica no interior do Estado do

Pará, região norte do pais. O município localiza-se ao sul da capital do estado. Sua

população estimada em 2017 era de 124.806 habitantes, possui uma área de

84213;39 Km (IBGE, 2017), atualmente além da sede o município está constituído

por cinco distritos: Taboca, Nereu, Lindoeste, Sudoeste e Ladeira Vermelha, além

disso tem outras vilas que não são consideradas distritos pela população, exemplo:

Cascalheira; Tancredo e Tailândia.

O Distrito de Vila Lindoeste está vinculado ao município São Félix do Xingu

que está localizado no estado Pará – PA, com aproximadamente 1500 habitantes. A

área urbana do Município é composta de terras baixas e altas, isto é, ligeiramente

onduladas, enquanto que a área rural apresenta ondulações mais acentuadas, como

morros e serras, a cidade está asfaltada até o perímetro urbano da cidade, hoje em

péssimas condições de trafegabilidade por falta de manutenção. O aeroporto de São

Felix do Xingu não está mais ativo, o transporte mais utilizado na região é o ônibus

urbano, moto e carro particular. No meio hidroviário há pequenas embarcações que

trafegam no rio Xingu, cujas áreas de abrangências são as localidades de Vila

Pedrinho, Vila Noé, Vila Tocantinense, Vila Vacinas da Pedras além de outras. A

cidade tem como principais fontes de renda a agropecuária a agricultura, além da

pesca; reflorestamento, e o comercio e é culturalmente influenciada pela tradição

sertaneja. Com relação ao saneamento básico já existe um planejamento para o

destino de esgoto. Todas as residências possuem energia elétrica.

A atividade política partidária é polarizada entre dois grupos políticos

tradicionais que vêm se revezando à frente da administração municipal ao longo de

décadas. A cidade sempre teve uma tradição forte na área cultural,

fundamentalmente nas atividades que se fazem no verão no mês de julho no rio

Xingu, local de atrativo para as pessoas que comparecem no período de férias.

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1.2 Aspectos da comunidade.

Lindoeste é uma comunidade de cerca de 1600 habitantes cadastrados

atualmente 1561 para um total de 442 famílias. O relevo é montanhoso e plano. As

principais atividades econômicas são agricultura, a agropecuária, e o minério. A

estrutura de saneamento básico na comunidade deixa muito que desejar

principalmente no que se refere a esgoto sanitário. Parte da comunidade vive em

moradias precárias, sem condições de higiene, grande número de pessoas na casa.

O analfabetismo é elevado sobretudo na população acima de 50 anos, atualmente

tem uma escola pública onde os estudos são oferecidos até o ensino médio. Existem

várias iniciativas de trabalho na comunidade por parte da prefeitura e igrejas

voltados para crianças, mulheres, adolescentes e mães. A população conserva

hábitos e costumes próprios da população rural brasileira. Em Lindoeste trabalha só

uma equipe de saúde da família e uma equipe de saúde bucal numa vez na semana.

Quanto ao saneamento básico, podemos dizer que na nossa área pelo

menos uma vez na semana são realizadas a coleta de lixo pelo serviço da prefeitura,

as águas para consumo na localidade são fornecidas através de poços artesianos,

84 famílias apresentam para consumo água filtrada, 6 famílias usam o tratamento

com cloro da água, 22 fervem a água e cerca de 50% da população não realizam

tratamento da água para consumo.

A vila conta com os seguintes recursos comunitários: uma escola pública,

uma creche e oito igrejas, sendo uma católica e sete evangélicas.

1.3 O sistema municipal de saúde

A Atenção Primaria na Saúde (APS) em São Felix do Xingu, esta composta

pela rede de Unidades Básicas de Saúde (UBS) conhecidas como centros de saúde

e se organizam a partir de áreas de abrangência nos territórios sobre os quais as

UBS devem ter responsabilidades sanitária. O munícipio conta com 12 Unidades

Básicas de Saúde, um Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Tem como referência

para as urgências um Hospital público e uma Maternidade. Além disso, tem um

Conselho de Saúde Municipal, e uma Secretaria Municipal de Saúde onde

gerenciam todas as consultas aos Especialistas e os exames altamente complexos.

Também tem um número de 14 farmácias deles duas farmácias populares.

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1.4 A Unidade Básica de Saúde Lindoeste.

A Unidade Básica de Saúde Lindoeste está localizada na zona rural a 290Km

do município, cuja área de abrangência são as localidades de Vila 900, Barra Bonita,

Rio Para, Vecinal, Nossa Senhora de Bampara e Esplanada,

A unidade de saúde de Lindoeste, tem mais de 10 anos de funcionamento,

sendo reformada pela prefeitura municipal há 3 anos. A referida unidade está situada

na rua Antonio Levino s/n Distrito Lindoeste cidade de São Felix do Xingu. A

estrutura foi surgindo à medida que os departamentos foram construídos o posto

tem uma consulta de clínica geral, uma consulta de enfermagem, uma consulta

odontológica, uma área de observação onde são realizados procedimentos de

enfermagem e atendimento de emergência, além de uma área de vacinação e uma

área onde os pacientes são acolhidos e estes esperam ser atendidos.

A unidade funciona de segunda a sexta-feira com carga horária de 8 horas

diárias, atendendo a consultas agendadas e demandas espontânea, priorizando

sempre mulheres grávidas, crianças menores de um ano e pacientes com doenças

crônicas. As visitas domiciliares são realizadas todas as quintas-feiras durante a

tarde, priorizando as famílias onde há um paciente com algum tipo de deficiência

que não pode comparecer ao posto.

A estrada de acesso fundamental para a unidade é a pé, já que a unidade

está localizada na mesma cidade, somente aqueles pacientes que moram fora da

cidade vão de motos ou carros particulares.

O posto de saúde conta com uma enfermeira licenciada, ela é responsável

pela administração e por gerenciar e garantir os recursos indispensáveis para o

correto funcionamento do posto, bem como planejar as ações a serem realizadas no

dia a dia em nosso trabalho.

1.5 A Equipe de Saúde da Família XIII Lindoeste, da Unidade Básica de Saúde

Lindoeste.

Na ESF o trabalho em equipe é considerado primordial para a mudança do

atual modelo hegemônico em saúde, com integração contínua e intensa entre os

profissionais das diferentes categorias e com a troca de conhecimentos e

habilidades são fundamentais para um bom atendimento do usuário. Portanto a

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equipe é composta de: enfermeiro (1) médico (1) técnicos de enfermagem (2)

recepcionista (1) auxiliar de saúde bucal (1) Agente Comunitário de Saúde (14).

Todos os membros da equipe apresentam uma atribuição diária, a recepção

ao usuário é realizada por todos os profissionais, os quais são preparados para o

atendimento de acordo com a necessidade de cada paciente e direcionamento de

acordo com o problema de saúde para solução.

Importante ressaltar que as ações devem ser desenvolvidas, a fim de

promover atenção integral, contínua e organizada da população adstrita.

O acolhimento dos usuários deve garantir uma escuta com qualidade para um

encaminhamento adequado e resolutivo e funcione de e forma efetiva.

O serviço funciona com demanda espontânea e demanda programada, e são

agendadas diariamente. Na demanda programada, os pacientes com doenças

crônicas são atendidos em um dia específico da semana, bem como consultas de

puericultura e consultas de mulheres gravidas. As visitas domiciliares se fazem uma

vez por semana.

A equipe realiza reuniões uma vez por semana para discutir questões do

serviço, planejamento, entre outros assuntos de interesses.

1.6 O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe Lindoeste.

O posto de saúde tem uma agenda programada para acolher as demandas

de consultas programadas e espontânea. Se trabalha 8 horas de segunda feira a

sexta feira, além disso se dá atendimento a todas as urgências que procurem

atendimento médico mesmos nos sábados ou domingo.

Quadro 1 – Distribuição dos dias de funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe

Lindoeste. Agendamento para atendimento.

Dias da semana Usuário

Segunda-feira Mulheres grávidas

Terça-feira Doenças crônicas não transmissíveis( hipertensão arterial, diabetes, asma bronquial, úlcera péptica, colesterol.)

Quarta-feira Crianças

Quinta-feira Visitas domiciliares para pacientes >70 anos ou vulneráveis.

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Sexta-feira ----

Nos casos de atendimento de emergência, sem solução local o mesmo é

encaminhado para o município para uma unidade de pronto atendimento, os casos

que não são resolvidos em nosso município o paciente é transferido para outro

município que tenha o equipamento necessário para o atendimento. Lembrando

sempre que qualquer procedimento de atendimento especializado e transferência é

realizado em conjunto com a secretaria de saúde do município para garantir o

atendimento.

1.7 O dia a dia da equipe Lindoeste.

A unidade de saúde funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e 14 às

18h. São realizados agendamentos de consultas de demanda programada e de

demanda espontânea.

Nas consultas de demanda programada o usuário tem agendado um dia da

semana para consultas de doenças crônicas, atendimento de puericultura,

atendimento de mulheres gravidas, troca de receitas e apresentações de exames.

A demanda espontânea faz parte das atividades de todos os trabalhadores da

unidade de saúde (Medico, Dentista, Enfermeiros, Técnica em enfermagem

Recepcionista, Agente Comunitário de Saúde).

A equipe de saúde se reúne todos os meses para discutir as problemáticas,

intercorrências, ou qualquer outra situação diferentemente do comum ocorridas no

mês e planejar as atividades do próximo mês.

1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade

(primeiro passo)

Para a seleção dos principais problemas de saúde foi realizada uma

reunião com todos os membros da equipe de saúde e os principais

representantes da comunidade; onde foram discutidos todos os problemas

sociais e de saúde que afetam o indivíduo e o funcionamento correto da unidade.

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Quadro 2 – Distribuição dos problemas identificados no diagnóstico da comunidade

adscrita à equipe de Saúde Lindoeste, Unidade Básica de Saúde Lindoeste,

município de São Felix do Xingu, estado de Pará.

Problemáticas identificadas na região:

1- Índice de desemprego elevado;

2- Alta ocorrência de Doenças psicossomáticas;

3- Ausência de saneamento básico;

4- Ausência de hospitais e diagnóstico especializados;

5- Demora de agendamento para consultas em hospitais e diagnóstico especializados;

6- Não existência de referência e contra referência das especialidades de atenção secundaria;

7- Falta de transporte para os usuários chegarem a área do posto de saúde dificultando o acesso à saúde.

8- Elevada prevalência de Doenças Crônicas não Transmissíveis: Hipertensão arterial (aumento do índice de morbidade nas consultas por crise hipertensiva)

9- Não há coleta regular de lixo, o que leva ao estoque de microdados.

10- Tratamento da água de consumo insuficiente

11- Necessidade de ações educativas de orientação para grávidas

12- Difícil acesso à educação superior.

1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de

intervenção (segundo passo)

Os problemas sugeridos pela equipe foram avaliados segundo o nível de

importância (alta, média ou baixa), segundo o grau de urgência (0 a 30 pontos) e

capacidade de enfrentamento (total, parcial ou fora). A partir desses critérios, o

problema ``Elevada prevalência de Doenças Crônicas não Transmissíveis:

Hipertensão arterial” justifica-se pelo aumento do índice de morbidade nas

consultas por crise hipertensiva, dessa forma foi escolhido como o mais importante e

de maior governabilidade para ação, além de ser muito comum em todas as

unidades de saúde. (Quadro 3).

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Quadro 3 - Classificação de prioridade para os problemas identificados no

diagnóstico da comunidade adscrita à equipe de Saúde Lindoeste, Unidade Básica

de Saúde Lindoeste, Município de São Felix do Xingu, Estado do Pará.

Descrição dos Problemas

identificados

Importância* Urgência** Capacidade de

enfrentamento***

Seleção/

Priorização****

Elevada prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis: Hipertensão arterial e Diabetes Mellitus.

Alta 27 Total 1

Elevada prevalência de pessoas com doenças psicológicas.

Média 21 Parcial 2

Condições higiênicos sanitários deficientes.

Média 20 Parcial 3

Muito poucas sessões de palestras educacionais para as gravidas.

Média 18 Total 4

Área está muito longe do posto de saúde e não há transporte regular para ir ao posto de saúde.

Baixa 14 Fora 5

Não existência de referência e contra referência das especialidades de atenção secundaria.

Média 19 Fora 6

Tempo de espera muito longo para realização de exames de alta tecnologia e consultas especializadas.

Média 17 Fora 7

Não conta com hospital para fazer examines de alta tecnologia

Média 21 Fora 8

Dificil acesso ao ensino superior.

Alta 14 Fora 9

Elevado índice de desemprego.

Alta 9 Fora 10

Fonte: Análises Situacional de Saúde. *Alta, média ou baixa ** Total dos pontos distribuídos até o máximo de 30 ***Total, parcial ou fora ****Ordenar considerando os três itens

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2 JUSTIFICATIVA

A hipertensão arterial representa atualmente uma das doenças mais

prevalentes no Brasil e no mundo. É considerado, um dos principais fatores de risco

modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde pública. Apresenta

custos médicos e socioeconômicos elevados, decorrentes principalmente das suas

complicações, como acidente vascular encefálico, doença arterial coronariana,

insuficiência cardíaca, insuficiência renal, insuficiência vascular periférica e

retinopatia hipertensiva. Tendo em conta o de cima, mas o elevado número de

morbidade e mortalidade e dos custos hospitalares a adesão do paciente ao

tratamento adequado é de essencial importância (NATIONS, 2011;

MOREIRA ,2011).

A elevada prevalência em adultos, somada ao fato de ser uma condição

altamente sensível à atenção ambulatorial, torna a HAS uma prioridade assistencial

no Sistema Único de Saúde (SUS). Ações preventivas como os incentivos para a

prática de atividades físicas, para melhores hábitos alimentares e para a redução do

peso e do tabagismo servem também para o tratamento (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIA, 2010).

Tendo em consideração o acima exposto é necessário avaliar em pessoas

com hipertensão os fatores associados à não adesão ao tratamento. Portanto,

decidiu-se realizar um projeto de intervenção em pacientes hipertensos para a

mudança de hábitos e melhoria na adesão ao controle de pressão arterial no posto

de saúde Lindoeste e assim diminuir suas complicações, diminuindo morbidade e

mortalidade e elevando a expectativa de vida.

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3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral

Realizar um plano de intervenção para melhorar a adesão ao tratamento

hipotensor e o controle da pressão arterial dos pacientes hipertensos na UBS

Lindoeste, do município São Felix do Xingu. Estado Pará.

3.2 Objetivos específicos

Propor um plano de ação para melhorar e promover hábitos e estilos de

vida saudáveis.

Incentivar através de educação em saúde a prevenção e adesão ao

tratamento medicamentoso da hipertensão.

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3 METODOLOGIA

Para a revisão de literatura e descrição da cidade de São Felix do Xingú, foi

consultada a Biblioteca Virtual em Saúde do Nescon e documentos de órgãos

públicos (ministérios, secretarias, etc.), além de outras fontes de busca para revisão

bibliográfica e sites do município e do Ministério da Saúde. Também foram

analisados dados secundários da UBS Lindoeste, por meio dos cadastros das

famílias no ano 2016 e 2017 com a participação dos agentes comunitários.

Neste trabalho foi utilizado o método simplificado do planejamento estratégico

situacional (PES), seguindo os passos propostos por Campos, Farias e Santos

(2010) identificando os principais problemas de saúde e seus nós críticos na área de

abrangência especifica da equipe.

O estudo foi desenvolvido pela equipe de saúde da família correspondente

aos usuários cadastrados na área da UBS de Lindoeste, onde a colaboração da

equipe de saúde foi fundamental para obter resultados satisfatórios contribuindo

para o desenvolvimento da investigação. O estudo constou de três etapas como

descrito abaixo:

Etapa 1 - diagnóstico situacional da comunidade.

Inicialmente foram dadas informações sobre a causa pela qual a intervenção

estava sendo realizada e os objetivos propostos do projeto, visando criar um clima

psicológico favorável de confiança e igualdade. Foi feito um diagnóstico inicial dos

pacientes com Hipertensão mediante revisão das consultas nos prontuários dos

pacientes para obter dados gerais como: sexo, idade, história de saúde, diagnóstico

de hipertensão, dados associados a Hipertensão, tipo de tratamento e o número de

vezes que foram tratados no posto de saúde devido à crise hipertensiva.

Etapa 2 -Intervenção na realidade local:

Foi realizada uma intervenção educativa em forma de palestra e roda de

conversa para melhorar a adesão terapêutica dos pacientes com Hipertensão a

partir dos 30 anos de idade, com um total de 23 participantes de ambos os sexos,

que foram selecionados de acordo com o número de vezes que compareceram para

o posto de saúde devido a valores de pressão arterial alta; avaliando-se os fatores

que influenciam na adesão ao tratamento de Hipertensão Arterial Sistêmica.

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A intervenção na comunidade ocorreu no período de fevereiro a maio uma vez

por mês. As atividades foram realizadas como ações educativas no formato de

palestras e roda de conversa abordando temáticas acerca do tema da intervenção.

Foram temáticas exploradas com objetivo de orientar os participantes da importância

da prevenção contra a hipertensão arterial e qualidade de vida, cada temática foi

desenvolvida com uma linguagem coloquial, clara para o público, com tempo de 30

minutos. Em cada atividade foi realizada uma avaliação para medir o conhecimento

dos participantes.

As palestras ocorreram na unidade de saúde, em sala refrigerada com 23

participantes na faixa etária de 30 a 65 anos, de ambos os sexos, num período de

quatro meses seguidos.

Temas que foram abordados na Etapa de Intervenção.

-Aprendendo sobre Hipertensão. Descrever o que é Hipertensão, sinais e sintomas,

assim como fatores associados.

-Aprendendo sobre medicação. Orientar os diferentes grupos de medicamentos e

ações que realizam no organismo de maneira breve.

-Fatores de risco e qualidade de vida. Análise dos fatores de risco da Hipertensão e

identificação dos mesmos em cada pessoa.

-Complicações da Hipertensão e importância da adesão ao tratamento.

Etapa 3 - Avaliação da intervenção:

Foi realizada uma roda de conversa com o objetivo de avaliar através de

pesquisas o nível de informação adquiridos pelos participantes e uso correto de sua

medicação. O monitoramento foi feito a partir de análise da conscientização dos

pacientes, fazendo perguntas para eles e escutando as respostas de cada um.

Observando uma diminuição no número de tratamento devido à crise hipertensiva

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5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1 Estratégia Saúde da Família.

A Estratégia Saúde da Família visa à reorganização da Atenção Básica no

país, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. A Saúde da Família é

entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial,

operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades

básicas de saúde (BRASIL, 2017).

A Estratégia Saúde da Família surgiu como um programa: O Programa Saúde

da Família (PSF) que teve início com a implantação do Programa de Agentes

Comunitários de Saúde (PACS) principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país

em 1991 com as finalidades de diminuir a mortalidades infantil e materna. Devido ao

sucesso da experiência acumulada no Ceará, o Ministério da Saúde reconheceu a

importância dos agentes na assistência de saúde do município, o Ministério da

Saúde, portanto, passa a enfocar na família como unidade de ação para atender ao

novo conceito de saúde que considera o indivíduo como um todo e não

simplesmente ausência de doença. (BARROS e IDARLEIDE, 2014).

Estratégia Saúde da Família (ESF) busca promover a qualidade de vida da

população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como

falta de atividade física, má alimentação e o uso de tabaco. Com atenção integral,

equânime e contínua, a ESF se fortalece como uma porta de entrada do Sistema

Único de Saúde (SUS). Por meio da Estratégia, é possível reorientar o processo

de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e

fundamentos da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação

de saúde das pessoas, além de propiciar uma importante relação custo-

efetividade. (SORATTO et al.,2015).

Histórico da Estratégia Saúde da Família

Antes do SUS, ou seja, antes da Constituição Federal de 1988, só quem

tinha direito à saúde era quem podia pagar por ela ou trabalhadores de carteira

assinada. Até a década de 80, aproximadamente metade da população era

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excluída e uma pequena minoria tinha acesso eventualmente às Santa Casas de

Misericórdia. Somente com o movimento chamado de ‘Reforma Sanitária

Brasileira, a saúde passou a ser um “direito de todos e dever do estado” através da

criação da Constituição Federal de 1988, que, no seu artigo 196 diz:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às

ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

(BRASIL, 1988)

Na década de 90, para que o direito universal à saúde fosse colocado em

prática, exigiu-se nova organização da saúde, pois diferentemente das práticas de

saúde antes da década de 70, em que o profissional atendia de forma isolada,

hierarquizada, fragmentada e autônoma fosse adquirido na prática. Agora os

profissionais deveriam fazer parte de uma saúde construída com base nos

princípios do SUS, ou seja, deveriam garantir a universalidade do acesso,

equidade e integralidade na assistência, resolubilidade dos principais problemas de

saúde através de uma gestão municipalizada da saúde visando atender a

descentralização, regionalização com o objetivo prestar uma assistência de saúde

voltada para o perfil epidemiológico de cada território, e hierarquização com foco

na atenção primária sem esquecer a atenção secundária e terciária. Para alcançar

essa configuração, o Ministério da Saúde aprovou a Programa Saúde da Família

(PSF) que teve a sua implantação gradativa a partir de 1994. (PAIVA, 2014).

Objetivo da Estratégia Saúde da Família

A Estratégia Saúde da família (ESF) foi criada pelo Ministério da Saúde com

o objetivo de consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS) que tem como base os

princípios de acesso, tais como a equidade, integralidade e universalidade e,

também, princípios organizativos como a descentralização, participação da

comunidade e regionalização. A ESF é fundamentada na abordagem coletiva, multi

e interprofissional, centrada na família e na comunidade e é composta por equipes

saúde da família que envolve enfermeiros, médicos, técnicos em enfermagem,

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odontólogos e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). (BARROS e IDARLEIDE,

2014).

Assim, a Estratégia Saúde da Família é uma estratégia de reorientação do

modelo assistencial em saúde a partir da atenção básica, com proposta de

mudança do modelo centrado no médico e no hospital para um modelo focado na

integralidade da assistência onde o usuário está inserido dentro da sua

comunidade socioeconômica e cultural estabelecendo o reconhecimento da saúde

como um direito de cidadania evidenciado pela melhoria das condições de vida

através de serviços mais resolutivos, integrais e humanizados. (BARROS e

IDARLEIDE, 2014).

5.2 Atenção Primária à Saúde

De acordo com a Declaração de Alma-Ata (1978) Atenção Primária à Saúde

(APS) ou Atenção Básica à Saúde (ABS) é a atenção essencial à saúde baseada em

métodos e tecnologias práticas, cientificamente fundados e socialmente aceitáveis,

ao alcance de todos os indivíduos e famílias da comunidade mediante sua plena

participação e a um custo que a comunidade e o país possam suportar, em todas e

cada etapa do seu desenvolvimento, com um espírito de auto responsabilidade e

autodeterminação (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1978).

A Atenção Primária constitui-se no primeiro nível de atenção e principal porta

de entrada no sistema de saúde. A maioria das necessidades em saúde da

população devem ser abordadas e resolvidas neste nível. (ORGANIZAÇÃO PAN-

AMERICANA DA SAÚDE, 1978).

No contexto de um sistema de saúde baseado na atenção primária, a APS

torna-se o principal ponto de contato entre as pessoas e os serviços de saúde. Este

nível de atenção provê atenção integral e aborda a maioria das demandas em saúde

da população de forma longitudinal (ao longo do curso de vida). (ORGANIZAÇÃO

PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1978).

Além disto, a atenção primária desempenha importante papel ao coordenar a

continuidade do cuidado e o fluxo de informações ao longo de todo o sistema de

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saúde. Finalmente, este nível de atenção cria conexões profundas com a

comunidade e outros setores sociais, o que incentiva o desenvolvimento da

participação social e ação inter-setorial, de maneira efetiva. (ORGANIZAÇÃO PAN-

AMERICANA DA SAÚDE, 1978).

Princípios Modernos da APS

Podemos circunscrever, apoiados no trabalho de Barbara Starfield, uma das

mais importantes autoras da área, os princípios gerais da APS, com base na

Declaração de Alma-Ata de 1978 e na evolução do conceito até os dias de hoje:

oferta de ações de atenção à saúde integradas e acessíveis segundo as

necessidades locais, desenvolvidas por equipes multiprofissionais responsáveis por

abordar uma ampla maioria das necessidades individuais e coletivas em saúde,

desenvolvendo uma parceria sustentada com as pessoas e comunidades

(STARFIELD, 1998). A mesma autora resume os princípios da APS em

quatro características ou atributos essenciais (acesso de primeiro contato,

integralidade, longitudinalidade e coordenação), mais três derivados (orientação

familiar, comunitária, e competência cultural).

No Brasil, adota-se muitas vezes o nome de Atenção Básica para tratar dos

mesmos princípios e características, cuja expressão atual na política de saúde é

a Estratégia Saúde da Família.

Então podemos fala em uma visão ampliada e positiva de saúde e atenção à

saúde que, a rigor, os sistemas de saúde não deveriam se confundir com sistemas

de serviços de saúde, pois os mesmos não seriam restritos à produção de cuidados

setoriais, mas envolveriam, além das ações e serviços específicos do setor saúde,

também as ações intersetoriais (de melhora da qualidade de vida e bem-estar na

sociedade). (ROSA e LABATE, R; 2005).

Dois grandes movimentos internacionais apresentam essa perspectiva, com

grande influência sobre as políticas públicas de saúde no Brasil, especificamente na

construção do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro: o movimento moderno

da Promoção da Saúde, e o movimento da Atenção Primária à Saúde. (ROSA e

LABATE, 2005).

5.3 Hipertensão

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Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença crônica caracterizada por

um aumento contínuo no número de pressão arterial. Embora não haja um limite

estrito para definir a fronteira entre o risco e segurança de acordo com o consenso

internacional, uma pressão sistólica mantida acima de 139 milímetros de Hg ou uma

maior pressão diastólica sustentada de 89 mmhg está associada com o aumento

mensurável risco de aterosclerose e, portanto, é considerada uma hipertensão

clinicamente significativa (CONSTANTINE et al., 2008).

A HAS é reconhecida como importante problema de saúde pública diante do

avanço na identificação de fatores de risco, diagnóstico precoce, emprego de vasta

terapêutica medicamentosa e de ações educativas para as mudanças no estilo de

vida. Apesar disso, é uma doença de difícil controle e a manutenção dos níveis

pressóricos dentro do limite recomendado é insatisfatório. Isso evidencia a

problemática da baixa adesão ao tratamento (SCHMIDT, 2013).

Para a Organização Mundial da Saúde (2004), a adesão ao tratamento

corresponde ao “grau em que o comportamento de uma pessoa a leva a tomar o

medicamento, seguir um regime alimentar e executar mudanças no estilo de vida

seguindo as recomendações acordadas pelo prestador de assistência sanitária”.

A não adesão ao tratamento medicamentoso representa um problema de

âmbito mundial, por reduzir os resultados terapêuticos, em especial de doenças

crônicas, e aumentar os custos dos sistemas de saúde. A não adesão deve ser

assumida como um constructo de múltiplas dimensões. Ela está relacionada não

somente em tomar ou não medicamentos, mas como o paciente "administra" seu

tratamento: comportamento em relação à dose, horário, frequência e duração.

(FONSECA, OLIVEIRA e DEL PORTO, 2012).

Estudos demonstram que, para hipertensos, a taxa de abandono ao

tratamento é crescente, conforme o tempo decorrido após o início da terapêutica

(MENEZES, et al 2015). O abandono do acompanhamento ambulatorial regular é na

ordem de 45% num estudo com pacientes hipertensos no ano 2015.

Esses dados são decorrentes, principalmente, de estudos que utilizaram

métodos indiretos de avaliação da adesão por apresentarem baixos custos e

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factibilidade de aplicação. Em sua publicação Adherencia a Los Tratamientos a

Largo Plazo: Pruebas para laacción, a Organização Mundial de Saúde (OMS), no

ano 2013, estabeleceu que diferentes fatores podem estar associados à adesão ao

tratamento de pacientes com terapias de longo prazo (doenças crônicas), incluindo o

uso dos medicamentos, mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares.

Vários fatores podem influenciar na adesão ao tratamento e podem estar

relacionados ao paciente (sexo, idade, etnia, estado civil, escolaridade e nível

socioeconômico); à doença (cronicidade, ausência de sintomas e consequências

tardias); às crenças de saúde, hábitos de vida e culturais (percepção da seriedade

do problema, desconhecimento, experiência com a doença no contexto familiar e

autoestima); ao tratamento dentro do qual se engloba a qualidade de vida (custo,

efeitos indesejáveis, esquemas terapêuticos complexos); à instituição (política de

saúde, acesso ao serviço de saúde, tempo de espera versus tempo de

atendimento); e, finalmente, ao relacionamento com a equipe de saúde (ALMEIDA,

PAZ, SILVA , 2013).

Os hábitos e estilos de vida também são variáveis que devem ser avaliadas

na caracterização da clientela hipertensa pelo destaque que possuem em relação às

medidas do tratamento não medicamentoso. A adoção de estilos de vida saudáveis,

como restrição da ingestão de bebida alcoólica, abolição do tabagismo,

planejamento alimentar com redução do sal e alimentos hipercalóricos, manejo de

situações estressantes e atividade física regular, devem fazer parte da assistência

direcionada aos hipertensos (OMS, 2013).

Alguns estudos mostram baixa adesão a essas práticas na população em

geral, e em grupos específicos, como os hipertensos. Em pesquisa realizada por

Rosário (2015) foram identificados apenas 33,3% de indivíduos com dieta adequada,

e somente 17.7% realizavam atividade física de forma regular. Investigação com

hipertensos cadastrados no programa Hiperdia verificou que a restrição de consumo

de sal é o principal artifício alimentar utilizado para o controle da hipertensão

(63,0%), seguido da redução do consumo de gorduras (21,0%) e açúcar e doces

(8,0%) (ROSARIO et al, 2015).

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Atualmente, existem medidas terapêuticas, farmacológicas e não

farmacológicas realmente eficazes para o tratamento da hipertensão. Porém, tem-se

verificado taxas insatisfatórias no controle da doença, expondo os hipertensos aos

malefícios advindos das complicações. Considera-se que a falta de controle

apresenta relação direta com a equivalente falta de adesão ao tratamento. A adesão,

por sua vez, envolve uma gama de fatores, muita deles coincidentes com os fatores

de risco para a própria hipertensão arterial. Na estratificação do risco individual dos

hipertensos, a busca por variáveis, além daquelas determinadas em consensos e

guias, pode ser um pré-requisito importante para o reconhecimento de

possibilidades que podem influenciar na almejada adesão ao tratamento e controle

adequado da doença, além de evitar o abandono ao tratamento (ROSARIO et al,

2015).

Uma ferramenta considerada importante para incrementar o controle e reduzir

o impacto da doença, em todos os níveis de atenção à saúde, são as diretrizes de

hipertensão arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). A

Sociedade Brasileira de Cardiologia, associada com outras entidades, tem publicado

as diretrizes desde 1991, visando a reduzir condutas inadequadas na assistência e

constituindo a melhor opção para diagnóstico e tratamento, baseada em evidências

científicas. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).

No Brasil, o índice de pessoas com hipertensão arterial atinge cerca de

40% da população, o equivalente a 57,4 milhões de pessoas. A proporção de

hipertensos no país aumenta com o passar da idade. Entre os jovens, de 18 a 29

anos, o índice é de apenas 2,8%; dentre as pessoas de 30 a 59 anos é de 20,6%,

passando para 44,4% entre 60 e 64 anos, 52,7% entre 65 e 74 anos e 55% entre as

pessoas com 75 anos ou mais. O acesso à informação também é visto como um

fator de proteção. A Política Nacional de Saúde (PNS) revela que 31% das pessoas

sem instrução ou com ensino fundamental incompleto afirmaram ter a doença. A

proporção se reduz quanto maior a escolaridade; caindo para 16,7% entre os com

ensino fundamental. No entanto, em relação às pessoas com superior completo o

índice é de 18,2% (DATASUS, 2015).

O levantamento mostra também que o acompanhamento da Atenção Básica

tem sido fundamental para reduzir os desfechos mais graves da doença. De acordo

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com a Política Nacional de Saúde (PNS), 69,7% dos hipertensos receberam

assistência médica no último ano, sendo que 45,9% foram tratados em uma Unidade

Básica de Saúde (UBS). Destes, 56,4% afirmaram que o médico que os atendeu na

última consulta era o mesmo das anteriores e outros 92% afirmaram que

conseguiram realizar todos os exames complementares. Já 87% dos pacientes

foram encaminhados para consulta com médico especialista e conseguiram o

atendimento (DATASUS,2015).

Outro importante dado apontado pela PNS é a obtenção do medicamento

para o tratamento. No Brasil, 35,9% afirmaram obter pelo menos um medicamento

para hipertensão por meio do Programa Farmácia Popular. Além disso, 91,1%

receberam recomendações médicas para reduzir a ingestão de sal; 87,4% para a

realização de acompanhamento regular; 88,4% para a manutenção de uma

alimentação saudável e 84,7% para a manutenção do peso adequado. (DATASUS,

2015).

No referente ao controle insatisfatório da hipertensão arterial, questionam-se

quais seriam as justificativas para tal situação. Uma provável explicação estaria

ligada ao fato de tratamentos pouco eficazes ou a falta de adesão ao tratamento

farmacológico e não farmacológico.

Existem poucos estudos no Brasil e no mundo que descrevem índices de

adesão entre os pacientes hipertensos. A maioria das investigações tem sido

direcionada para avaliação em centros urbanos, sem estender estes dados para

áreas suburbanas, carentes, com características demográficas, hábitos alimentares

e culturais, tipos de ocupação e acesso à assistência médica bastante distintos.

(SANTA HELENA, NEMES, ELUF NETO, 2010).

Mendonça et al. (2010) realizaram um estudo sobre a adesão ao tratamento

em pacientes hipertensos atendidos na Unidade Municipal de Saúde (UMS) de

Fátima no Município de Belém, Estado do Pará, Brasil. Verificou-se que o grau de

adesão ao tratamento entre os pacientes hipertensos estudados foi de 45%,

Situação semelhante foi relatada em estudo de Menezes et al. (2015) envolvendo

hipertensos do município de Teresina, Piauí, onde verificou-se que apenas 22,50%

dos hipertensos foram consideradas aderentes.

A literatura mostra que a prevalência da não adesão de pessoas com

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) ao tratamento medicamentoso é variada.

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Pesquisas realizadas com hipertensos em ambulatórios de hospitais brasileiros

mostraram um percentual de não adesão de 86,7% em São José do Rio Preto e de

12,7% em Ribeirão Preto. Na atenção primária de uma pequena cidade do estado

do Rio Grande do Sul a taxa de não adesão foi de 34,3%. Em Teresina (PI) a não

adesão foi de 26,8% e em Maringá (PR) de 64,0%. (NATIONS; FIRMO; LIMA

COSTA; UCHÔA, 2011).

Relatório mundial mostra que a variabilidade observada na frequência da

adesão depende da metodologia empregada para estimativa das características da

população investigada e do tamanho da amostra. (Barreto; Figueiredo, 2009).

Estudos indicam que a não utilização de medicamentos anti-hipertensivos parece

estar relacionada com características sociodemográficas, especialmente com o sexo

masculino e as idades mais jovens, com os comportamentos relacionados à saúde,

como tabagismo e sedentarismo, com as condições de saúde dos indivíduos e com

utilização dos serviços de saúde (CAMPOS; HORÁCIO; MAX, 2010).

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6 PLANO DE INTERVENÇÃO

Foi elaborado um plano de intervenção com vistas a melhorar a atual

realidade com relação a elevada ocorrência de pacientes com crise hipertensiva.

Essa proposta refere-se ao problema priorizado “Elevada prevalência de Doenças

Crônicas Não Transmissíveis: Hipertensão arterial (observando um aumento do

índice de morbidade nas consultas por crise hipertensiva)”, para o qual se registra

uma descrição do problema selecionado, a explicação e a seleção de seus nós

críticos, de acordo com a metodologia do Planejamento Estratégico Simplificado

(CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2017).

6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo)

Para o total de hipertensos da região, aproximadamente 43 pacientes são

tratados por mês devido à crise hipertensiva, fato que mostra que a maioria dos

pacientes não obedece corretamente ao tratamento, o que sugere que estes dados

podem ser por abandono do tratamento, por falta de disponibilização dos

medicamentos no PSF, hospital municipal e rede de farmácias do município.

Outro fato importante é que a cada ano o número de pessoas que sofrem de

hipertensão arterial é maior tanto no Brasil quanto o resto do mundo. (NATIONS,

2011; MOREIRA, 2011).

Por isso deve poder-se agir de modo prático, efetivo e direto sobre a causa

deste agravo, considerando-se fundamental tomar ações de promoção, prevenção e

tratamento de doenças para a recuperação da saúde e qualidade de vida.

6.2 Explicação do problema selecionado (quarto passo)

Com referência a falta de controle hipertensão arterial, questionam-se quais

seriam as justificativas para tal situação. Uma provável explicação estaria ligada ao

fato de tratamentos pouco eficazes ou a falta de adesão ao tratamento

farmacológico e não farmacológico.

A HAS é reconhecida como importante problema de saúde pública diante do

avanço na identificação de fatores de risco, diagnóstico precoce, emprego de vasta

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terapêutica medicamentosa e de ações educativas para as mudanças no estilo de

vida. Apesar disso, é uma doença de difícil controle e a manutenção dos níveis

pressóricos dentro do limite recomendado é insatisfatório. Isso evidencia a

problemática da baixa adesão ao tratamento (SCHMIDT, 2013).

Estudos demonstram que, para hipertensos, a taxa de abandono ao

tratamento é crescente, conforme o tempo decorrido após o início da terapêutica e o

abandono do acompanhamento ambulatorial regular é na ordem de 45% num estudo

com pacientes hipertensos no ano 2015. (DIAZ, 2015; DREISBACH 2010),

6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo)

A equipe de saúde, após a análise do problema escolhido, identificou os nós

críticos relacionados à má adesão ao tratamento da hipertensão arterial, os quais

foram: desconhecimento das complicações da Hipertensão Arterial Sistémica e os

principais fatores relacionados à aparição das crises hipertensivas como maus

hábitos alimentares, tabagismo e obesidade.

6.4 Desenho das operações (sexto passo) Quadro 4 – Operações sobre o “nó crítico” relacionado ao problema “Elevada

prevalência de Doenças Crônicas No Transmissível: Hipertensão arterial (aumento

do índice de morbidade nas consultas por crise hipertensiva”, na população sob

responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Lindoeste, do município São Felix

do Xingu, Estado de Pará

No critico 1 Desconhecimento das complicações da Hipertensão Arterial Sistémica.

Operações Aumentar o nível de informação da população sobre riscos da Hipertensão Arterial Sistémica.

Projeto Desenvolvimento de conhecimento

Resultados esperados Obter uma população mais e melhor informada sobre estes riscos.

Produtos esperados Menos complicações do paciente devido à hipertensão arterial sistêmica

Recursos necessários Estrutural: Profissional para acompanhar o grupo operativo. Cognitivo: Informações sobre o tema para a informação e transmissão de conhecimento. Financeiro: Recursos próprios da secretaria de saúde e prefeitura.

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Político: Articulação intersetorial com educação e a mobilização social.

Recursos críticos Estrutural: Profissional de saúde Cognitivo: Informações sobre o tema Financeiro: Recursos próprios da secretaria de saúde. Político: Adesão ao gestor local

Controle dos recursos críticos Profissional da saúde

Ações estratégicas Palestras

Prazo 4 meses

Responsável (eis) pelo acompanhamento das operações

Equipe de saúde

Processo de monitoramento e avaliação das operações.

Avaliação de dois em dois meses após o início das atividades.

Quadro 5 – Operações sobre o “nó crítico” relacionado ao problema “Elevada

prevalência de Doenças Crônicas No Transmissível: Hipertensão arterial (aumento

do índice de morbidade nas consultas por crise hipertensiva”, na população sob

responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Lindoeste, do município São Felix

do Xingu, Estado de Pará

No critico 2 Principais fatores relacionados ao aparecimento das crises hipertensivas: maus hábitos alimentares, tabagismo e obesidade.

Operações Modificação de conhecimentos sobre as complicações Hipertensão Arterial Sistémica.

Projeto Desenvolvimento de hábitos e costumes

Resultados esperados Diminuir em 85 % os que têm elevado consumo de sal e outros maus hábitos alimentares, dislipidemias, sobrepeso e obesidade.

Produtos esperados População mais saudável

Recursos necessários Estrutural: Profissional para acompanhar o grupo operativo. Cognitivo: Informações sobre o tema para a informação e transmissão de conhecimento. Financeiro: Recursos próprios da secretaria de saúde. Político: Adesão ao gestor local

Recursos críticos Estrutural: Profissional de saúde Cognitivo: Informações sobre o tema Financeiro: Recursos próprios da secretaria de saúde. Político: Adesão ao gestor local

Controle dos recursos críticos Profissional da saúde

Ações estratégicas Grupos com rodas de conversa.

Prazo 4 meses

Responsável (eis) pelo acompanhamento das operações

Equipe de saúde

Processo de monitoramento e avaliação das operações

Avaliação de dois em dois meses após o início das atividades.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal causa da não adesão é a falta de compreensão ou

desconhecimento das possíveis complicações da doença por parte dos pacientes.

A presença de inadequados hábitos alimentares dados pela alta ingestão

calórica são fatores de risco que mais contribuem para o desenvolvimento de peso

excessivo ou obesidade, que estão diretamente relacionados á elevação da pressão

arterial. O tabagismo e o sedentarismo são fatores que influenciam no

desenvolvimento da doença.

Espera-se com a implantação deste projeto de intervenção, que ocorra a

estabilização das cifras de pressão arterial, e a população hipertensa tenha um bom

conhecimento e compreensão das possíveis complicações da doença.

Deste modo os profissionais, fundamentalmente os agentes comunitários de

saúde, que atuam mais diretamente com os pacientes hipertensos, poderão

conseguir uma maior adesão ao tratamento, pois há muitos que apresentam

dificuldade para adquirir os medicamentos, outros que moram sozinhos, que não

tem recursos para se dirigir ao posto e moram longe das UBS.

Dada a importância da adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial, a

equipe de saúde da família tem que incentivar cada dia mais, e de forma contínua, a

importância de eliminar os fatores de risco que aumenta os níveis pressóricos,

orientações dietéticas, fazer mediante mutirão, divulgação na rádio, nas consultas do

médico e enfermeiro e a colaboração dos agentes de saúde sobre os riscos que

trazem o tabagismo e alcoolismo.

Com este trabalho espera-se uma mudança nos estilos de vida dos pacientes,

como abolição do tabagismo, planejamento alimentar com redução do sal e

alimentos hipercalóricos, restrição da ingestão de bebidas alcoólicas, manejo de

situações estressantes e pratica de atividade física regular. Sabe-se que a adoção

de um estilo de vida saudável está intimamente relacionada à melhoria da qualidade

de vida e interfere de forma positiva no controle da hipertensão arterial.

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APÊNDICE A

ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

CARTA INFORMATIVA

Meu nome é Jose Luis Pozo Gomez, sou médico da UBS Lindoeste, do município

São Felix Do Xingu, estado Pará. No momento estou procurando fazer um projeto de

intervenção na população adulta hipertensa da área de abrangência de nossa

equipe, sobre o cumprimento do tratamento da Hipertensão Arterial Sistémica.

Aumentar a adesão ao tratamento e diminuir e o melhorar os fatores de risco de

hipertensão nos usuários hipertensos constitui o objetivo primordial. . Para realizar

esta intervenção será necessário que seja respondido um test inicial ou questionário,

o qual contribuirá para a realização da mesma. Além de participar das atividades

programadas no projeto. Você poderá recusar-se a participar do projeto de

intervenção, não ocorrendo com isto nenhum dano ou prejuízo na assistência que

recebe.

Concordo que os dados coletados sejam utilizados na pesquisa

Data:_________/___________/__________

Nome do participante._____________________________

Assinatura:_____________________________

Doutor: Jose Luis Pozo Gomez.

Telefone: 94981557073