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PROJETO DE LEI Nº 2428/2009 EMENTA: ESTABELECE NORMAS PARA A PROTEÇÃO DE ANIMAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Autor(es): Deputado ANDRÉ LAZARONI A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESOLVE: Art. 1º - Ficam estabelecidas normas para a proteção de animais - não humanos - no Estado do Rio de Janeiro, visando defendê-los de abusos, maus-tratos e outras condutas cruéis. Art. 2º - Para efeito de aplicação dessa Lei, adotam-se as seguintes definições: I - animais silvestres: são espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. II - animais domésticos: todos aqueles animais cujas espécies, que por meio de processos tradicionais, sistematizados de manejo ou melhoramento zootécnico, com fins de companhia, criação ou produção, apresentam características biológicas e comportamentais em estreita relação com o homem, podendo apresentar fenótipo variado, diferente das espécies silvestres que os originaram, assim definidas pelo órgão ambiental competente. III - animais de produção: são todos aqueles animais domésticos destinados à reprodução e à produção de produtos e subprodutos; IV - animais de trabalho: são todos aqueles animais domésticos utilizados como auxiliares ao trabalho humano; V - animais de estimação: aquele animal mantido próximo ao homem para sua companhia sem propósito necessariamente de reprodução; VI - ferir: ação que produza chaga, fratura ou contusão; VII - mutilar: retirar do animal órgão, membro do corpo ou parte dele; VIII - ato de abuso: obrigar o animal a desempenhar atividade que não integre seu repertório natural de comportamentos, ou submetê-lo a situação que impeça a livre manifestação de seus comportamentos naturais;

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PROJETO DE LEI Nº 2428/2009

EMENTA: ESTABELECE NORMAS PARA A PROTEÇÃO DE ANIMAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Autor(es): Deputado ANDRÉ LAZARONI A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESOLVE: Art. 1º - Ficam estabelecidas normas para a proteção de animais - não humanos - no Estado do Rio de Janeiro, visando defendê-los de abusos, maus-tratos e outras condutas cruéis. Art. 2º - Para efeito de aplicação dessa Lei, adotam-se as seguintes definições: I - animais silvestres: são espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. II - animais domésticos: todos aqueles animais cujas espécies, que por meio de processos tradicionais, sistematizados de manejo ou melhoramento zootécnico, com fins de companhia, criação ou produção, apresentam características biológicas e comportamentais em estreita relação com o homem, podendo apresentar fenótipo variado, diferente das espécies silvestres que os originaram, assim definidas pelo órgão ambiental competente. III - animais de produção: são todos aqueles animais domésticos destinados à reprodução e à produção de produtos e subprodutos; IV - animais de trabalho: são todos aqueles animais domésticos utilizados como auxiliares ao trabalho humano; V - animais de estimação: aquele animal mantido próximo ao homem para sua companhia sem propósito necessariamente de reprodução; VI - ferir: ação que produza chaga, fratura ou contusão; VII - mutilar: retirar do animal órgão, membro do corpo ou parte dele; VIII - ato de abuso: obrigar o animal a desempenhar atividade que não integre seu repertório natural de comportamentos, ou submetê-lo a situação que impeça a livre manifestação de seus comportamentos naturais;

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IX – bem-estar animal: é o grau em que as necessidades físicas, mentais, comportamentais, sociais e ambientais de um animal são satisfeitas, levando em conta as características fisiológicas e etológicas da espécie; X - vivissecção: ato invasivo realizado em animal vivo; XI - abandonar: eximir-se da responsabilidade pelo cuidado de um animal sob sua guarda; XII – animais para pesquisa científica: São consideradas como atividades de pesquisa científica todas aquelas relacionadas com ciência básica, ciência aplicada, desenvolvimento tecnológico, produção e controle da qualidade de drogas,medicamentos, alimentos e imunobiológicos. Art. 3º - Todos os animais existentes no País estão sob a tutela do Poder Público. Parágrafo único. Compete ao Poder Público e à coletividade preservar a fauna para as presentes e futuras gerações e combater a crueldade contra os animais, defendendo-os do extermínio, da exploração abusiva, do sofrimento e da morte desnecessária e de todas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica ou provoquem a extinção de espécies. Art. 4º - Ainda que sejam caracterizados pela autoridade competente como nocivos, capazes de ocasionar prejuízos ao meio ambiente, à saúde pública e à agricultura, as medidas tomadas em relação a esses animais não podem envolver atos de abuso, maus tratos ou crueldade. Art. 5º - Considera-se abuso ou maus-tratos contra os animais, entre outras condutas cruéis: I - privar os animais de receber água, alimento e abrigo das intempéries, em desacordo com suas necessidades fisiológicas e etológicas,ou seja, observando as exigências peculiares de cada espécie; II - privá-los de espaço que garanta a sua locomoção, higiene, comodidade, conforto sonoro, circulação de ar e temperatura adequada, observadas as necessidades de cada espécie, de acordo com Anexos I, II e III; III - submetê-los, por ação ou omissão, a situações e práticas que ameacem sua integridade física, emocional ou resultem em lesão, ferimento ou mutilação, estresse, medo, dor, sofrimento, ou os impossibilitem de satisfazer suas necessidades fisiológicas e etológicas, a menos que tal ação seja necessária para melhoria das condições de sua saúde e qualidade de vida;

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IV - abandonar, em qualquer situação, animal sob sua responsabilidade, em quaisquer condições em que o animal se encontre; V - deixar de dar morte rápida e livre de sofrimentos a todo animal cuja morte seja comprovadamente necessária para livrá-lo de seu sofrimento, executada por profissional legalmente habilitado; VI - provocar a morte do animal, sem interferência médico-veterinária comprovada por meio de laudo específico que ateste a sua necessidade, salvo os casos previstos na legislação vigente; VII - deixar prestar socorro a animal, ou buscar socorro, no caso de acidentes, quando responsável pela ocorrência; VII - matar animais saudáveis, apreendidos pelo poder público ou entidade por ele autorizado; VIII - expor animais cativos a situações vulneráveis que permitam que visitantes atirem objetos ou alimentos ao seu alcance, sem a adoção das medidas preventivas cabíveis; IX - oferecer alimento sem autorização do órgão responsável a animais silvestres em vida livre, nas áreas públicas e Unidades de Conservação; X - manter animal contido por tempo superior ao necessário para procedimentos e ou transporte, salvo em casos fortuitos e de força maior; XI - privar animal de profilaxia e assistência necessária ao seu bem-estar, por profissional legalmente habilitado, quando couber; XII - manter animal em mesmo espaçamento ou próximo a outros animais - de mesma ou diferente espécie - que possam aterrorizá-lo, feri-lo, molestá-lo, agredi-lo, mutilá-lo ou matá-lo; XIII - sujeitar animal a vibração sonora que afete negativamente sua etologia e fisiologia. Parágrafo único. O exposto deve ser observado, exceto em procedimentos técnicos executados por profissional legalmente habilitado e conforme regulamentação do conselho de classe competente. Art. 6º - Para fins de guarda responsável, considera-se abuso ou maus-tratos contra os animais, entre outras condutas cruéis: I - obrigar animal a executar trabalhos ou treinamentos superiores às suas forças e/ou sem dar-lhe intervalos adequados de repouso, que resultem em sofrimento para dele obter esforço ou condicionamento que não se lhe possam exigir senão por coação, castigo ou outros estímulos

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equivalentes; II - utilizar animais em serviços, competições, torneios ou quaisquer outras práticas de esportes quando jovens demais, velhos, enfermos, feridos, sem condições físicas adequadas ou choco, também em avançado período de prenhez ou incubação, que corresponda ao terço final da gestação; III - manejar animal ou utilizá-lo em serviços ou para a prática de esportes, sem as cautelas e equipamentos indispensáveis à sua proteção e bem-estar; IV - promover feiras de filhotes ou expô-los à venda em qualquer local, sem que estejam devidamente imunizados com as vacinas tecnicamente recomendadas e apresentação dos documentos comprobatórios; V - oferecer animais á título de brindes; VI - vender ou doar animais a menores de idade; VII - promover, permitir, patrocinar, incitar, participar com provocações, diversões, competições e/ou lutas entre animais, ou entre esses e os seres humanos, que causem sofrimento físico ou psicológico ao animal; VIII - ministrar medicamentos que necessitem prescrição, sem indicação técnica de profissional legalmente habilitado; IX - fornecer animal vivo à alimentação de outros animais, sem justificativa técnica; X - obrigar animal, por meios mecânicos, químicos ou outros métodos a comer além de sua capacidade, a não ser em casos de procedimentos zootécnicos ou veterinários realizados para o bem exclusivo do animal; XI - deixar de ordenhar animal de aptidão leiteira em produção e que não esteja amamentando, resultando em sofrimento, dor ou desconforto, ressalvados os procedimentos zootécnicos adequados específicos; XII - não promover a insensibilização prévia no abate de animais para o consumo e uso, conforme legislação em vigor; XIII - o abate de animais justificado por motivo sanitário ou de controle populacional, em desacordo com o previsto na legislação específica; XIV - promover o sacrifício de animais para quaisquer fins justificados, sem que seja promovida a insensibilização prévia.

DO TRANSPORTE

Art. 7º - Considera-se abuso ou maus tratos contra os animais, entre

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outras condutas cruéis: I - obrigar o animal a acompanhar veículo ou qualquer outro meio de locomoção em velocidade que exceda a capacidade de corrida do animal; II - descer ladeiras com veículos de tração animal sem utilização dos respectivos dispositivos de frenagem nas rodas; III - amarrar animais à cauda de outros; IV - conduzir animal, sem lhe dar descanso, água e alimentação adequados, considerando as necessidades e as características fisiológicas e etológicas da espécie; V - conduzir animais, por qualquer meio de locomoção, de modo que lhes cause sofrimento, especialmente se colocados de cabeça para baixo ou com os membros atados desnecessariamente; VI - transportar animais em recintos inadequados ao seu tamanho, conforme especificado nos Anexos I, II e III, sem arejamento suficiente ou em desconforto térmico, bem como mantê-los embarcados sem água e alimento por tempo superior às necessidades de cada espécime, conforme laudo veterinário; VII - transportar animal excessivamente magro, em desacordo com a sua raça ou espécie, doente, ferido ou acima de dois terços de gestação, exceto para atendimento veterinário; VIII - utilizar, para tração de veículos e instrumentos agrícolas ou industriais, animais que não sejam de espécies bubalinas, bovinas, eqüinas, asininas ou muares; VIII - deixar de usar, quando com carga, em veículos de duas rodas de tração animal, escora ou suporte, tanto na parte dianteira quanto na traseira, quando o veículo estiver parado, evitando peso sob ou sobre o animal.

DO USO PARA EXPERIÊNCIAS CIENTÍFICAS E ENSINO Art. 8º - Considera-se abuso ou maus tratos contra os animais, entre outras condutas cruéis: I - praticar qualquer tipo de experimento com animal, incluindo vivissecção, com fins científicos e didáticos, quando existirem técnicas alternativas ou substitutivas para o procedimento; II - praticar a vivissecção sem acompanhamento de profissional legalmente habilitado, bem como membro de entidade protetora animal

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e sem o uso de anestésico e analgésico adequados; III - realizar vivissecção ou experimentos, conforme definido neste instrumento legal, no ensino fundamental e médio; IV - praticar experimento ou ensino sem o devido planejamento que vise evitar ou minimizar a dor e o sofrimento do animal e sem adequar o tempo de duração, ao mínimo indispensável para a validação dos dados; V - praticar qualquer experimento que venham a causar danos físicos ou emocionais com animal, para fins armamentistas; VI - mutilar animais com o objetivo de identificação individual; VII - realizar teste de irritação ocular para quaisquer fins; VIII - levar animais utilizados em experimentos científicos ou didáticos a óbito sem seguir especificações previstas por Comitê de Ética de forma a evitar sofrimento; IX - realizar experiências com animais que lhes cause dor ou sofrimento por motivo fútil ou torpe; X - reutilizar animal já submetido a experimento de vivissecção, quando não houver óbito do mesmo; XI - não dar morte rápida ao animal, por meios não aceitos pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e sem dessensibilização prévia; XII - repetir, para ensino, os experimentos comportamentais já descritos em literatura que impliquem em dor ou estresse, a partir de 1 (um) ano da publicação desta Lei. Parágrafo único. O Comitê de Ética será regulamentado por legislação específica. Art. 9º - Toda rotulagem e propaganda veiculada para a comercialização de animais e produtos e subprodutos que os utilizam, deverão conter informações claras e visíveis sobre o sistema de criação, método de abate dos animais e/ou se o produto foi testado em animais. §1º - O sistema de criação deverá ser classificado em orgânico, intensivo, semi-intensivo, extensivo ou combinação destes. §2º - fica estipulado o prazo máximo de 1 (um) ano a partir da publicação desta Lei para adequação ao disposto neste artigo.

DA EXPOSIÇÂO E VENDA

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Art. 10 - Ao expor animais em locais públicos para fins de venda, deverão ser atendidas as seguintes regras: I - laudo veterinário prévio que ateste as boas condições sanitárias do(s) animal(is), salvo aqueles que já possuem legislação sanitária específica. II - o local de exposição do animal deverá possuir responsável técnico que ateste as condições adequadas do local e sanidade dos animais. III - as lojas somente poderão expor animais para a venda se possuírem seção específica para este fim, devidamente adequada à condições de espaçamento, temperatura e com alimentação e água disponíveis.. IV - o tempo de exposição do animal à visitação pública deverá ser previsto no laudo do responsável técnico.

DOS PROCEDIMENTOS Art. 11 - Em situação comprovada de abuso, maus tratos ou outras condutas cruéis especificada anteriormente, deverão ser adotados os seguintes procedimentos: I - apreensão imediata do animal por órgão competente; II - interdição do local; III - encaminhamento do responsável à autoridade policial para que sejam adotadas as medidas cabíveis; Art. 12 - Atestada a prática de maus tratos pela autoridade competente, o responsável deverá fornecer de imediato, ao animal apreendido, a assistência médico-veterinária necessária, bem como custear as despesas com sua manutenção até que seja dada a destinação ao animal. Parágrafo único – No caso de impossibilidade justificada do infrator atender aque dispões o caput, deverá o poder público suprir as necessidades do(s) animal(is) apreendido(s). Art. 13 - São solidariamente responsáveis tanto os proprietários de animais quanto os que os tenham sob guarda, posse ou uso, desde que comprovada omissão ou conivência aos atos não permitidos na legislação em vigor. Art. 14 - O comércio e a exibição de animais devem estar acompanhados de orientações para o público a respeito da natureza, hábitos, comportamento e necessidades dos animais.

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Art. 15 - Os Órgãos Estaduais ligados a Educação Ambiental deverão realizar programas permanentes de Educação Ambiental para a transformação de valores e condutas relacionadas à proteção, cuidado, respeito, direitos e à guarda responsável de animais por seus proprietários, possuidores e guardiões.

DAS PENALIDADES Art. 16 - O descumprimento do disposto nesta Lei importará na aplicação de pena de Multa de 1.000 UFIR's (mil Unidades de Referência) por animal apreendido.

§1º - Nos casos onde o infrator obtiver vantagem financeira através do exposto nessa lei, a multa será acrescida em 50% (cinqüenta por cento)

§2º - A multa será acrescida de 50% (cinquenta por cento) na primeira reincidência.

§3º - Nova reicindência implicará em perda da inscrição estadual, quando houver.

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 17 - Ficam revogadas as disposições contrárias, em especial a LEI Nº 3900, de 19 de julho de 2002 Art. 18 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 15 de julho de 2009.

ANDRÉ LAZARONI DEPUTADO ESTADUAL

VICE-LÍDER DO GOVERNO

ANEXO 1

DOS ANIMAIS SILVESTRES

DO TRANSPORTE 1- Toda embalagem para transporte de animais vivos deverá: · ser um container de material rígido, impermeável e resistente de acordo com a força e/ou habilidade do animal a ser transportado, que

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impeça a saída do animal, assim como sua exposição excessiva ou desnecessária; · possuir dimensões internas condizentes com o tamanho do animal, que permitam-lhe ficar em pé, esticar os membros, deitar-se, cuidar de seu próprio corpo, se virar e que não cause dano a si próprio; Caso algum desses parâmetros não puder ser atendido, o transporte do animal poderá ser realizado mediante justificativa técnica realizada por profissional habilitado. · ser provida de orifícios que garantam circulação e provisão de ar; · permitir que o transportador realize movimentação sem riscos para si, para o animal ou para terceiros; · possuir fechos com dispositivo, interna ou externamente, que evite uma abertura acidental; · possuir poleiro com diâmetro compatível, em se tratando de transporte de aves que possuam o hábito de empoleirar. 2- Todo animal deverá ser transportado em caixas ou compartimentos individualizados, com exceção de fêmeas com cria; 3- As viagens longas (acima de 10 horas) devem ser intercaladas com períodos de descanso durante os quais os animais possam comer e beber ininterruptamente.

DAS EXPOSIÇÃO À VENDA · É expressamente proibido manter os animais expostos ao sol (a não ser para banhos matinais); · Todo animal deverá ser exposto em recintos individualizados, com exceção de fêmeas com cria; · Os recintos para aves que possuem o hábito de empoleirar devem ter no mínimo 02 (dois) poleiros com diâmetro compatível; · O material dos recintos e dos acessórios deverá permitir a desinfecção; · Os recintos para animais aquáticos e sub-aquáticos deve possuir um espelho d'água de fácil acesso ao animal; · Os recintos para répteis deverão possuir iluminação artificial composta de lâmpadas especiais que comprovadamente substituam as radiações solares.

DAS DIMENSÕES: PASSERIFORMES: Pequenos (até 20,5cm): 40cm comp. X 25 cm larg x 40 cm alt Médios (20,6 a 34cm): 50cm comp. X 40 cm larg x 50 cm alt Grandes (acima de 34cm): 60cm comp. X 50 cm larg x 60 cm alt DEMAIS ESPÉCIES: Até 25cm: 40cm comp. X 40 cm larg x 40 cm alt De 25 a 40cm: 60cm comp. X 60 cm larg x 60 cm alt

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De 40 a 60cm: 80cm comp. X 80 cm larg x 80 cm alt De 60 a 100cm: 120cm comp. X 120 cm larg x 120 cm alt A partir de 100cm: as dimensões deverão ser superiores a 50% do tamanho do animal.

ANEXO 2 DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

ESPÉCIES DOMÉSTICAS – em conformidade com anexo 1 da Portaria IBAMA no 093-N, de 7 de julho de 1998.

NOME COMUM NOME CIENTÍFICO OBSERVAÇÃO

Abelhas Apis mellifera todas as raças/variedades, objeto da apicultura

Alpaca Lama pacos

Bicho-da-seda Bombyx sp todas as raças/variedades objeto da sericicultura

Búfalo Bubalus bubalis

Cabra Capra hircus

Cachorro Canis familiaris e suas diferentes raças selecionadas

Calopsita Nymphicus hollandicus

e sua mutações

Camelo Camelus bactrianus

Camundongo Mus musculus

Canário-do-reino ou canário-belga

Serinus canarius e suas mutações

Cavalo Equus caballus e suas diferentes raças selecionadas

Chinchila Chinchilla lanigera somente se reproduzidas em cativeiro

Cisne-negro Cygnus atratus

Cobaia ou porquinho-da-India

Cavia porcellus

Codorna-chinesa Coturnix coturnix

Coelho Oryctolagus cuniculus e suas diferentes raças selecionadas

Diamante-de-gould Chloebia gouldiae e suas mutações

Diamante-mandarim Taeniopygia guttata e suas mutações

Dromedário Camelus dromedarius

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Escargot Helix sp.

Faisão-de-coleira Phasianus colchicus

Gado bovino Bos taurus e suas diferentes raças selecionadas

Gado zebuino Bos indicus e suas diferentes raças selecionadas

Galinha Galus domesticus e suas mutações

Galinha-d'angola Numida meleagris reproduzidas em cativeiro

Ganso Anser sp. exceto os do Anexo II CITES

Ganso-canadense Branta canadensis exceto B. canadensis leucopareira Anexo I CITES

Ganso-do-nilo Alopochen aegypticus

Gato Felis catus e suas diferentes raças selecionadas

Hamster Cricetus cricetus Proibida a importação a partir da data da publicação desta Portaria.

Jumento Equus asinus

Lhama Lama glama

Manon Lonchura striata e suas mutações

Marreco Anas spp. Exceto os do Anexo II CIITES

Minhoca todas as espécies/raças e variedades exóticas objeto da minhocultura

Ovelha Ovis aries e suas diferentes raças selecionadas

Pato-carolina Aix sponsa

Pato-mandarim Aix galericulata

Pavão Pavo cristatus e suas diferentes raças selecionadas

Perdiz-chucar Alectoris chukar

Periquito-australiano Melopsittacus undulatus

e suas diferentes raças selecionadas

Peru Meleagris gallopavo e suas diferentes raças selecionadas

Phaeton Neochmia phaeton

Pomba-diamante Geopelia cuneta

Pombo-doméstico Columba livia e suas diferentes raças selecionadas

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Porco Sus scrofa e suas diferentes raças – exceto o javali-europeu, Sus scrofa scrofa. Isento de licença do IBAMA para comercialização de produtos e subprodutos no mercado interno.

Ratazana Rattus norvegicus

Rato Rattus rattus

Tadorna Tadorna sp. ANEXO 3

REGRAS GERAIS – TRANSPORTE, EXPOSIÇÃO E MANUTENÇÃO:

Em qualquer situação, seja no transporte, na exposição e no comércio ou na criação e manutenção de animais domésticos, de quaisquer espécies, os veículos e containers utilizados para o transporte dos animais, os recintos e instalações usados para sua exposição ou manutenção deverão atender ao seguinte: · serem resistentes, com pisos não escorregadios e sem a presença de pontas ou arestas que possam produzir danos ou lesões físicas nos animais; · proporcionarem acesso fácil aos animais e segurança ao operador; · protegê-los contra as intempéries e os extremos de temperatura; · serem devidamente ventilados e livres de umidade e de odores prejudiciais; · possuírem dispositivos apropriados para fechamento, de modo a impedir fugas e exposição excessiva ou desnecessária dos animais; · serem de fácil limpeza e desinfecção.

DO TRANSPORTE Todo veículo ou container utilizado para o transporte de animais domésticos deve: · possuir dimensão compatível com o tamanho dos animais transportados, de modo a permitir-lhes, de forma natural e confortável, ficar de pé, sentar e deitar, esticar seus membros, cuidar do seu corpo e se virar; caso algum desses parâmetros não possa ser atendido no transporte do animal, deverá ser justificado tecnicamente por profissional habilitado; · possuir rampas para embarque e desembarque dos animais com inclinação de menos de 20 graus; · alojar individualmente os animais, com exceção de fêmeas com crias; em se tratando de animais da mesma família e compatíveis entre si, até dois animais podem ser colocados juntos nos containers; filhotes podem

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ser transportados em conjunto, em número proporcional ao tamanho e resistência dos animais individuais. Em se tratando de aves que possuam o hábito de empoleirar, o container deve possuir poleiro com diâmetro compatível. O transporte deve durar o menor tempo possível; viagens longas (acima de 10 horas, para animais adultos, e acima de 5 horas, para filhotes) devem ser intercaladas com períodos de descanso durante os quais os animais possam comer e beber à vontade. Cães e gatos não devem ser mantidos em um veículo ou container por mais de seis horas sem interrupção [em extremos de temperatura e no caso de filhotes, as pausas devem ser mais frequentes]; uma pausa significa deixar o animal sair do veículo ou container, pelo menos por dez minutos, recebendo alimento e água.

DIMENSÕES:

BOVINOS – DENSIDADE NO TRANSPORTE

Categoria Peso Vivo (Kg) Espaço m2/animal

Mínimo Máximo

Bezerro 30 0,16 0,23

50 0,21 0,28

70 0,26 0,33

90 0,3 0,4

Novilho 100 0,36 0,46

150 0,5 0,6

200 0,62 0,73

300 0,86 0,96

Animais Adultos 400 1,06 1,16

500 1,27

600 1,5 1,59

CAIXAS DE TRANSPORTE DE AVES

Peso Vivo (Kg) < 1,6 1.6 - < 3.0 3.0 - < 5.0 > 5.0

Área (cm²) 180 – 200 160 115 105

DENSIDADE DE AVES NAS CAIXAS DE TRANSPORTE

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Inverno 0,022m²/kg 45kg/m²

Verão 0,026m²/kg 38kg/m²

TRANSPORTE DE SUÍNOS

0,425m2/100kg

ou

235kg/m2

DA EXPOSIÇÃO À VENDA Todo recinto utilizado para manter animais em exposição, tendo ou não a finalidade de comércio, deve possuir dimensão compatível com o tamanho dos animais expostos, de modo a permitir-lhes, de forma natural e confortável, ficar de pé, sentar e deitar, esticar seus membros, cuidar do seu corpo, se virar e se movimentar. É expressamente proibido manter os animais expostos ao sol (a não ser para banhos matinais) e às intempéries. Os animais devem ser expostos, preferencialmente, em recintos individualizados, com exceção de fêmeas com cria; em se tratando de animais da mesma família ou compatíveis entre si, podem ser expostos em grupo nos recintos. Os recintos para aves que possuem o hábito de empoleirar devem ter no mínimo 02 (dois) poleiros com diâmetro compatível. DAS DIMENSÕES: Passeriformes: Pequenos (até 20,5cm): 40cm comp. X 25 cm larg x 40 cm alt Médios (20,6 a 34cm): 50cm comp. X 40 cm larg x 50 cm alt Grandes (acima de 34cm): 60cm comp. X 50 cm larg x 60 cm alt Psitacídeos: Pequenos (até 25,0cm): 40 cm comp. X 30 cm larg x 40 cm alt Médios (25,1 a 40cm): 60cm comp. X 50 cm larg x 60 cm alt Cães: Fórmula para calcular espaço adequado para um cão:

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= (comprimento do cão + 15,24cm) x (comprimento do cão + 15,24cm) = dimensão do piso em cm2 Obs.: o comprimento do cão é medido da ponta do nariz à base da cauda. Original: “The calculation is: (length of dog in inches + 6) x (length of dog in inches + 6) = required floor space in square inches.” Fonte: Animal Welfare Act of USA. A altura do interior do recinto deve ser, no mínimo, 15,24 cm (6 polegadas) mais alta que a altura do cão mais alto ali alojado. Gatos: · Gatos até 4 kg – espaço de, no mínimo, 0,28 m2 (50 cm x 56 cm) · Gatos com mais de 4 kg – espaço de, no mínimo, 0,37 m2 (60 cm x 63 cm) · Gatas com filhotes devem ter um espaço adicional, baseado na raça e em suas características comportamentais e de acordo com as práticas de criação. Cada filhote terá, no mínimo, 5% do espaço definido para sua mãe. · Altura do recinto para gatos, incluindo filhotes desmamados: 60,96 cm · Não colocar mais de 12 gatos adultos no mesmo espaço. · Com exceção das colônias, gata com filhotes e filhotes com menos de 4 meses de idade não podem ser colocados no mesmo espaço junto com outros gatos adultos. Currais de espera para Bovinos:

Peso Vivo 400kg 500kg 600kg 700kg

Decúbito lateral m² 2.45 2.84 3.55

Semi decúbito m² 1.30 1.51

Decúbito esternal / em pé m²

0.99 1.15 1.30 1.43

Baias de Espera para Suínos:

DA MANUTENÇÃO

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Todo local ou recinto utilizado para a manutenção de animais por tempo indeterminado deve possuir dimensão compatível com o tamanho e o número dos animais que ali vivem, de modo a permitir-lhes, de forma natural e confortável, ficar de pé, sentar e deitar, esticar seus membros, cuidar do seu corpo, se virar, se movimentar livremente e se exercitar. No caso de animal mantido preso à corda ou corrente, esta deve ter, no mínimo, 5 (cinco) vezes o comprimento do animal, medido da ponta do nariz à base da cauda. O comprimento da corda deve permitir o acesso do animal à cobertura do recinto, para se abrigar, e à alimentação e água. Cavalos devem ser mantidos presos à corda por curto período. Deverá sempre ser usado cabresto para evitar que se enforquem. Sendo de espécie social, o animal deve também poder ter a oportunidade de interagir no espaço em que é mantido. DAS DIMENSÕES: Cães: Os canis devem possuir área coberta (para proteção contra intempéries), incluindo estrado com, no mínimo, a medida do animal, para evitar contato direto com o piso, e possuir também um solarium para o banho de sol diário. Quando mantido em canil por mais de 4 horas ao dia, este deve possuir área de exercício com as seguintes dimensões: · cão até 15 kg: área de 4 m2, com uma dimensão mínima (comprimento ou largura) de 1 m, mais 0,5 m2 para cada cão adicional de porte similar; · cão de 15 a 30 kg: área de 6 m2, com uma dimensão mínima (comprimento ou largura) de 1,5 m, mais 0,5 m2 para cada cão adicional de porte similar; · cão acima de 30 kg: área de 8 m2, com uma dimensão mínima (comprimento ou largura) de 2 m, mais 1 m2 para cada cão adicional de porte similar. Cães mantidos presos a cordas devem ser soltos diariamente para se exercitarem por, no mínimo, 60 minutos ao dia. Deve também lhes ser permitido contato com humanos por um razoável período de tempo a cada dia. Gatos não podem ficar presos a cordas ou correntes. Cavalos: · área externa ou picadeiro (“day yard” ou “holding yard”): deve ter, pelo

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menos, 3 m de largura e estar numa área de, no mínimo, 20 m2. Para cavalos que trabalham, a área deve ter 35 m2. Se houver cobertura no local, deve estar a uma altura de 3,7m. · baias: devem ter, no mínimo, 3,7m de largura e 3,7m de profundidade com altura de 2,75m. · portas: devem ter, pelo menos, 1,2m de largura e 2,4m de altura, sem protuberâncias para não ferir os animais.

JUSTIFICATIVA

A defesa dos direitos animais ou direitos dos animais ou da libertação animal, também chamada simplesmente abolicionismo constitui um movimento que luta contra qualquer uso de animais não-humanos que os transforme em propriedades de seres humanos, ou seja, meios para fins humanos. Trata-se de um movimento social que procura incluir os animais numa mesma comunidade moral que os humanos, fornecendo os interesses básicos aos animais, protegendo da dor, por exemplo, e dando a mesma consideração que os interesses humanos. A reivindicação da classe dos chamados “protetores” é de que os animais não sejam propriedade ou "recursos naturais" nem legalmente, nem moralmente justificáveis, pelo contrário deveriam ser considerados com direitos iguais aos dos humanos.

Cursos de direito animal estão agora inclusos em 69 das 180 escolas de direito dos Estados Unidos, a idéia da extensão da qualidade de pessoas (ou sujeito de direito) é defendida por vários professores como Alan Dershowitz e Laurence Tribe da Harvard Law School.

Como bom exemplo da importância dos direitos animais, podemos indicar a Declaração Universal dos Direitos Animais que foi proclamada em assembléia, pela UNESCO, em Bruxelas, no dia 27 de janeiro de 1978.

Ao mencionarmos os direito dos animais, e qual a importância de preservá-los , faz-se necessário pensarmos sobre o papel da sociedade na regulamentação de nosso convívio e na contribuição para o relacionamento harmonioso e o bem-estar social, através das leis e das campanhas de conscientização.

Estas questões estão diretamente relacionadas e, dependendo da forma como as encaramos, pode-se defender os mais variados pontos de vista, ressaltando a necessidade de um ordenamento jurídico que proteja não somente as espécies animais selvagens, como também as domesticadas.

O debate sobre a valorização e o respeito ao direito dos animais teve seu crescimento acentuado na segunda metade do século XX, fruto da conscientização de parte da humanidade em relação a necessidade de garantir a eles uma condição de vida digna. Deve-se ter em mente que,

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além de uma simples preocupação ecológica, a proteção dos animais também incide fortemente no equilíbrio da comunidade e mesmo no crescimento responsável de nossas crianças, que através do respeito e responsabilidade de criar um animal, adquirem características desejáveis a qualquer cidadão.

Atualmente, os animais não possuem uma proteção legal efetiva, como apresentamos no presente Projeto de Lei. Isso se faz necessário porque algumas espécies não mais existam em número abundante ou talvez porque a consciência quanto à sua importância para a sociedade tenha evoluído, o fato é que, de modo geral, eles não possuíam maior proteção jurídica até a atual proposição.

Todos os animais merecem viver de acordo com suas próprias naturezas, livres de serem feridos, abusados e explorados pelas mãos humanas. Os animais têm o direto de serem livres da crueldade e da exploração humana, bem como os próprios humanos possuem esse direito entre eles mesmos.

A interferência humana no ecossistema de nosso planeta, através da destruição indiscriminada de espécies animais, pode acarretar efeitos futuros imprevisíveis, até mesmo prejudiciais ao próprio Homem. Seguindo essa direção, a proteção aos animais se justifica não como um imperativo moral, mas como uma necessidade para a sobrevivência da humanidade. E temos o DEVER de começar de forma efetiva pelo nosso Estado do Rio de Janeiro.

O nosso Projeto de Lei de proteção aos Direitos dos Animais demonstra a preocupação com a integridade do planeta, pois precisamos salvá-los enquanto ainda é tempo, incentivando as pessoas a exercitarem no entendimento do trato com animais, o exercício da cidadania.

Legislação Citada LEI Nº 3900, DE 19 DE JULHO DE 2002.*

INSTITUI O CÓDIGO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS, NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

CAPÍTULO I Das disposições gerais

Art. 1º - Institui o “Código Estadual de Proteção aos Animais”, estabelecendo normas para a proteção dos animais no Estado do Rio de Janeiro, visando a

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compatibilizar o desenvolvimento sócio-econômico com a preservação ambiental. Art. 2º - É vedado: I – ofender ou agredir fisicamente os animais, sujeitando-os a qualquer tipo de experiência capaz de causar sofrimento ou dano, bem como as que criem condições inaceitáveis de existência; II – V E T A D O. III – obrigar animais a trabalhos exorbitantes ou que ultrapassem sua força; IV – não dar morte rápida e indolor a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo; V – exercer a venda ambulante de animais para menores desacompanhados por responsável legal; VI – enclausurar animais com outros que o molestem ou aterrorizem; VII – sacrificar animais com venenos ou outros métodos não preconizados pela Organização Mundial da Saúde – OMS, nos programas de profilaxia da raiva. Art. 3º - Consideram-se espécies da fauna nativa do Estado do Rio de Janeiro as que são originárias deste Estado e que vivam de forma selvagem, inclusive as que estão em migração, incluindo-se as espécies de peixes e animais marinhos da costa fluminense. Art. 4º - Os animais silvestres de qualquer espécie, em qualquer fase de seu desenvolvimento, bem como os seus ninhos, ovos e abrigos são considerados bens de interesse comum do Estado do Rio de Janeiro, exercendo-se este direito respeitando os limites que a legislação estabelece.

Seção II Fauna exótica

Art. 5º - V E T A D O. Art. 6º - Nenhuma espécie poderá ser introduzida no Estado do Rio de Janeiro sem prévia autorização do órgão competente. Art. 7º - Todo vendedor de animais pertencentes à fauna exótica deverá possuir certificado de origem e licença de importação fornecida pela autoridade responsável. Parágrafo único – V E T A D O.

Seção III Da pesca

Art. 8º - São de domínio público todos os animais e vegetação que se encontram nas águas dominiais. Art. 9º - Toda alteração no regime dos cursos de água, devido a obras, implicará medidas de proteção que serão orientadas e fiscalizadas por entidade estadual competente.

CAPÍTULO III Dos animais domésticos

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Seção I

Dos animais de carga Art. 10 – Será permitida a tração animal de veículos ou instrumentos agrícolas e industriais, somente pelas espécies bovinas, eqüinas ou muares. Art. 11 – É vedado: I – atrelar animais de diferentes espécies no mesmo veículo; II – utilizar animal cego, enfermo, extenuado ou desferrado em serviço, bem como castigá-lo; III – fazer viajar animal a pé por mais de 10 (dez) quilômetros sem lhe dar descanso; IV – fazer o animal trabalhar por mais de 6 (seis) horas seguidas sem lhe dar água e alimento.

Seção II Do transporte de animais

Art. 12 – Todo veículo de transporte de animais deverá estar em condições de oferecer proteção e conforto adequado. Art. 13 – É vedado: I – transportar em via terrestre por mais de 12 (doze) horas seguidas sem o devido descanso; II – transportar sem a documentação exigida por lei; III – transportar animal fraco, doente, ferido ou em adiantado estado de gestação, exceto para atendimento de urgência.

CAPÍTULO IV Dos sistemas intensivos de economia agropecuária

Art. 14 – Consideram-se sistemas intensivos de economia agropecuária os métodos cuja característica seja a criação de animais em confinamento, usando para tal fim um alto grau de tecnologia que permita economia de espaço e trabalho e o rápido ganho de peso. Art. 15 – Será passível de punição toda a empresa que utilizar o sistema intensivo de economia agropecuária que não cumprir os seguintes requisitos: I – os animais deverão receber água e alimento, atendendo-se, também, suas necessidades psicológicas, de acordo com a evolução da ciência, observadas as exigências peculiares de cada espécie; II – os animais devem ter liberdade de movimento de acordo com as suas características morfológicas e biológicas; III – as instalações devem atender a condições ambientais de higiene, circulação de ar e temperatura. Parágrafo único – Não será permitida em nenhuma hipótese a engorda de aves, suínos e outros animais por processos mecânicos, químicos e outros métodos que sejam considerados cruéis.

CAPÍTULO V Do abate de Animais

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Art. 16 – Todo frigorífico, matadouro e abatedouro no Estado do Rio de Janeiro tem a obrigatoriedade do uso de métodos científicos e modernos de insensibilização, aplicados antes da sangria, por instrumentos de percussão mecânica, processamento químico, elétrico ou decorrentes do desenvolvimento tecnológico. Art. 17 – É vedado: I – emprego de marreta, picada no bulbo (choupa), facada no coração, bem como mutilação ou qualquer método considerado cruel para o abate; II – abater fêmeas em período de gestação e de nascituros até a idade de três meses de vida, exceto em caso de doença, a fim de evitar o sofrimento do animal.

TÍTULO II

CAPÍTULO I Dos Animais de Laboratório

Da vivissecção Art. 18 – Considera-se vivissecção os experimentos realizados com animais vivos em centro de pesquisas. Art. 19 – Os centros de pesquisas deverão ser devidamente registrados no órgão competente e supervisionados por profissionais de nível superior, nas áreas afins. Art. 20 – O diretor do centro de pesquisa, antes de proceder qualquer experimento com animal vivo, deverá relatar ao órgão competente a natureza do experimento, a quantidade, a espécie de animal e o nível de dor que o mesmo sofrerá. Art. 21 – É proibida a prática de vivissecção sem uso de anestésico, bem como a sua realização em estabelecimentos escolares de ensino fundamental e médico. § 1º - Os relaxantes musculares parciais ou totais não serão considerados anestésicos. § 2º - V E T A D O. Art. 22 – Com relação ao experimento de vivissecção é proibido: I – realizar experiências cujos resultados já são conhecidos anteriormente ou aqueles destinados à demonstração didática que já tenham sido filmadas ou ilustradas; II – V E T A D O. III – realizar experiências com fins comerciais, de propaganda armamentista e outros que não sejam de cunho científico humanitário; IV – utilizar animal já submetido a outro experimento ou realizar experiência prolongada com o mesmo animal. Art. 23 – V E T A D O.

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Art. 24 – Nos locais onde está autorizada a vivissecção, deverá constituir-se uma comissão de ética, composta por, no mínimo, 03 (três) membros, sendo: I – um (01) representante da entidade autorizada; II – um (01) veterinário ou responsável; III – um (01) representante da sociedade protetora de animais. Art. 25 – Compete à comissão de ética fiscalizar: I – a habilitação e a capacidade do pessoal encarregado de prestar assistência aos animais; II – verificar se estão sendo adotados os procedimentos para prevenir dor e o sofrimento do animal, tais como aplicação de anestésico ou analgésico; III – denunciar ao órgão competente qualquer desobediência a esta Lei. Art. 26 – Todos os centros de pesquisas deverão possuir os recursos humanos e materiais necessários a fim de zelar pela saúde e bem estar dos animais. Art. 27 – Somente os animais criados nos centros de pesquisas poderão ser empregados em experimentos. Art. 28 – As penalidades e multas referentes às infrações definidas nesta lei serão estabelecidas pelo Poder Executivo, em espécie. Art. 29 – V E T A D O. Art. 30 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 19 de julho de 2002.

BENEDITA DA SILVA

Governadora

Atalho para outros documentos Informações Básicas

Código 20090302428 Autor ANDRÉ LAZARONI

Protocolo 23188 Mensagem

Regime de Tramitação

Ordinária

Link:

Datas:

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Entrada 15/07/2009 Despacho 15/07/2009

Publicação 16/07/2009 Republicação

Comissões a serem distribuidas 01.:Constituição e Justiça 02.:Defesa do Meio Ambiente 03.:Agricultura Pecuária e Políticas Rural Agraria e Pesqueira 04.:Economia Indústria e Comércio 05.:Ciência e Tecnologia

TRAMITAÇÃO DO PROJETO DE LEI Nº 2428/2009

Cadastro de Proposições Data Public Autor(es) Projeto de Lei

20090302428

DISPÕE SOBRE A ISENÇÃO DO PAGAMENTO DA TAXA

DE INCÊNDIO PREVISTA NA LEI 3686/2001 ALTERADA PELA LEI 4551/2005. => 20090302428 => {Constituição e Justiça Assuntos da Criança do Adolescente e do Idoso Assuntos Municipais e de Desenvolvimento Regional Assuntos Municipais e de Desenvolvimento Regional Defesa do Consumidor }

15/07/2009 Nelson Goncalves

ESTABELECE NORMAS PARA A PROTEÇÃO DE ANIMAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. => 20090302428 => {Constituição e Justiça Defesa do Meio Ambiente Agricultura Pecuária e Políticas Rural Agraria e Pesqueira Economia Indústria e Comércio Ciência e Tecnologia }

16/07/2009 André Lazaroni

Distribuição => 20090302428 => Comissão de

Constituição e Justiça => Relator: INES PANDELO => Proposição 20090302428 => Parecer: