Projeto de Mestrado Versão 2 Comentado Marcia

7/25/2019 Projeto de Mestrado Versão 2 Comentado Marcia

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1. Alterar o título: A faculdade de Direito da USP: condições sociais e intelectuais da

dominação no campo jurídico brasileiro (1!"#$"1"%

&ntrodução

O presente projeto de pesquisa se insere, em termos gerais, na área da sociologia do

campo jurídico. A sociologia do campo jurídico se diferencia da sociologia do Direito, que se

concentrou no debate científico a cerca acerca do formalismo do Direito, que é a afirmação da

autonomia absoluta da forma jurídica em relação ao mundo social, e de seu instrumentalismo,

que entende o direito como um reflexo ou instrumento a seriço das classes dominantes,

restringindo, assim, a compreensão do pr!prio Direito "#O$%D&'$, ()*), p. +)-. 'm

oposição a tais abordagens, entendese , por entender o campo do Direito como um espaço

social específico, que se pretende aut/nomo em relação aos demais campos de interação

social, no qual os 0operadores de direito1 concorrem entre si pelo monop!lio do direito de

di2er o Direito.

Os soci!logos brasileiros, salo algumas exceç3es, conferiram pouca import4ncia 5s

relaç3es entre a ordem jurídica e a ordem social no país "ADO%6O p.+-7 seus esforços

concentraamse na função fundamentalmente repressora do aparel8o judiciário junto 5

estreita e indissol9el inculação entre os 0operadores do direito1 e as estruturas de

apropriação econ/mica e de dominação política. O Direito s! era debatido entre estes

pesquisadores em sua relação com as relaç3es capitalistas de produção, sem, contudo,

problemati2ar as condiç3es 8ist!ricosociais que determinaam : e continuam a determinar :

a produção do saber jurídico.

Desde o fim do período ditatorial, aA sociedade brasileira atraessa uma fase de

intensa mobili2ação social e de acirramento das lutas pela participação política e pela

democrati2ação do 'stado. 6esse contexto, o protagonismo desempen8ado pelo ;oder



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<udiciário, quer como inst4ncia mediadora de conflitos entre as forças políticas, quer como

=egislador, atraés do poder normati2ador da <urisprud>ncia, suscita quest3es a respeito dos

fundamentos de tal poder, das condiç3es 8ist!ricosociais de sua emerg>ncia, da legitimidade

do exercício deste poder e, por fim, da relação do campo jurídico com os demais campos que

comp3e o campo de poder na sociedade brasileira.

A partir destas quest3es, colocase o problema da formação dos 0operadores de

Direito1. Aqui tem que ir um parágrafo sobre o 0campo jurídico1 antes da frase abaixo, sobre

o campo do ;oder. Algo como? a formação em direito são fundamentais na estruturação e

reprodução do campo jurídico, pois mant>m com as demais inst4ncias do campo : pelas

carreiras de 'stado e priadas : uma relação de legitimação@consagração... 'nfim, tente

escreer algo sobre isso antes de passar para o campo do poder, na frase seguinte. , ao

considerar que, $ma e2 que as instituiç3es escolares asseguram a reprodução do campo do

;oder "#ourdieu, p.+-, logo, o papel desempen8ado pelos cursos jurídicos na reprodução das

relaç3es de força no seio da sociedade brasileira não pode ser desconsiderado, sob pena de

limitar o entendimento da l!gica de funcionamento do 'stado 6acional. 7 6nesse diapasão, o

papel desempen8ado pela Baculdade de Direito do =argo Cão Brancisco( dentro da l!gica de

manutenção das estruturas de poder na sociedade brasileira constituise, portanto, o objeto

desta pesquisa.

A Baculdade de Direito do =argo Cão Brancisco, integrante da $niersidade de Cão

;aulo, fundada em (*+, foi suscitadafundada pelos problemas que a reolução

descoloni2adora colocou em oga entre as elites brasileiras, quais sejam? a autonomi2ação

cultural, da recémrecém independente sociedade brasileira, e a necessidade de se formar

quadros para o aparel8o estatal "Adorno, p.**-. , que, p;ara atingir tais objetios, era preciso

1 6este projeto, a Baculdade de Direito do =argo Cão Brancisco também foi tratada como Academiade Cão ;aulo, Arcadas e Baculdade de Direito de Cão ;aulo.



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exercer um forte controle sobre o processo de formação ideol!gica dos futuros 0operadores do

direito1, ra2ão pela qual, tornouse urgente o rompimento da depend>ncia para com as

uniersidades européias, sobretudo a de Eoimbra, para a consolidação do &mpério.

A cultura jurídica surgida no &mpério tin8a por objetio a produção de um tipo específico de

profissional, disciplinados politicamente conforme os fundamentos ideol!gicos do 'stado,

criteriosamente profissionali2ado para concreti2ar o funcionamento e o controle do aparato

administratio e 8abilmente conencido da legalidade da forma de goerno igente "Adorno,

p.)(-. F7 sendo importante ressaltar, contudo, que a formação profissional dada pela

Academia de Cão ;aulo buscou, mais do que a defesa da ordem política igente, a defesa dos

interesses das facç3es fraç3es da elite que sempre ocuparam os quadros dirigentes da

instituição, ou foram seus alunos ao longo dos seus (** anos de exist>ncia. 'sse fato pode ser

obserado, como atesta, por exemplo, os registros dpelo papel desempen8ado pela Baculdade

no decurso da %eolução Eonstitucionalista de ()G+ e, nos anos subsequentes, quando

funcionou como p!lo aglutinador das forças que defendiam uma noa Eonstituição para o

país "%omero, +(+-.

'ustificatia

Cegundo #ourdieu, u$m erdadeiro mito fora criado por juristas e 8istoriadores do

Direito, que, ao identificar a 8ist!ria do Direito com a 8ist!ria do desenolimento interno de

seus conceitos e métodos, o conceberamno como um sistema fechado e autônomo, cujo

desenolimento s! poderia ser apreendido obserandose a din4mica interna do campo e

tendo, ele pr!prio por fundamento de anáalise "#ourdieu, ()*), p.+)-. 'm oposição a esse

mito, diersas correntes de pensamento procuraram enxergar a <urisprud>ncia e o Direito

como um reflexo direto das relaç3es de força existentes no seio de uma sociedade, onde se

exprimem as determinaç3es econ/micas e os interesses das classes dominantes, sem, contudo,



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lear em consideração os fundamentos sociais desta forma especifica de discurso, o jurídico.

"#ourdieu, ()*), p. +(-. 'ssas concepç3es são questionadas por esta pesquisa, pois refletem

antes momentos da 8ist!ria do desenolimento do direito antes de sua autonomi2ação

relatia, a partir da qual considerase necessário analisar as demandas externas 5 lu2 da

especificidade do campo. ;ergunta para oc>, %aisa? quando se dá a autonomia do campo

jurídico no #rasil &sso é importante, pois justifica uma abordagem que respeite essa

autonomi2ação fruto do processo 8ist!rico. Balar mais do século HH...

A presente pesquisa se distingue das duas correntes apresentadas , antagonistas entre

si, por recon8ecer a exist>ncia de um unierso social relatiamente independente em relação

5s press3es externas, no interior do qual se produ2 e se exerce a autoridade jurídica, forma por

excel>ncia da iol>ncia simb!lica legítima, cujo monop!lio pertence ao 'stado "#ourdieu,

()*), p. +((-. , a saber, o O campo jurídico, que dessa forma, é organi2ado como um sistema

de interaç3es entre agentes, resultando em uma estrutura que recon8ece os operadores de

direito conforme sua posição, função e autoridade. "#ourdieu, ()I*, p.(+I-.

Os operadores do Direito possuem interdepend>ncia funcional, mas se diferenciam contudo,

separados de acordo com uma 8ierarquia funcional, sendo, o capital simb!lico acumulado,

determinante para o seu posicionamento dentro dessa estrutura "#ourdieu, ()I), p.(((-. , uma

e2 que, oO Direito é um instrumento no processo de manutenção da ordem social e

econ/mica, coexistindo de maneira mais ou menos tensa com uma pluralidade de forças

sociais, dotadas de poder político e de poder econ/mico, aptas a impor suas decis3es e a ,

influenciar ndo o posicionamento dentro do campo "#ourdieu, ()I), p.(+-. Assim, a

capacidade de interpretar e aplicar os instrumentos normatios, determinando os deeres,

direitos e obrigaç3es de todos e cada cidadão é, portanto, uma forma de impor uma isão

legítima do mundo social "p.((+-.



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Desta forma, resta descontruída a ideia da 0neutralidade1 e da 0uniersalidade1 da

interpretação e da aplicação do Direito. , oOra, sendo o campo jurídico o espaço de luta pelo

monop!lio do direito de di2er o Direito, não 8á espaço para posicionamentos neutros ou que

se pretendam uniersais, 7 pois, toda a ação desempen8ada neste campo possui o interesse de

manter as condiç3es econ/micas e sociais resultantes do poder de legitimar práticas e

discursos jurídicos.

$ma das formas de se ;ara que se possa penetrar na din4mica interna do campo

jurídico, é preciso aaliar o significado e o peso social dos manuais jurídicos para uso nos

cursos de graduação, p!sgraduação e preparação para concursos. junto ao papel das 'ditoras

nessa l!gica7 A autoria de tais manuais sendo, os primeiros, é uma das formas mais

importantes erdadeiros instrumentos de legitimação e de consagração no campo, pois eles

difundem f!rmulas ou centrados na construção e no aperfeiçoamento de instrumentos u9teis 5

resolução de conflitos. Além disso, enquanto b#ase de todos os cursos jurídicos, sem

exceção, tais obras asseguram a produção e a reprodução de um determinado tipo de

con8ecimento jurídico, o que implicam em uma definição de realidade social considerada

legítima, tornandose fonte de autoridade para o atendimento do mercado de bens jurídicos.

;or seu turno, , e, as e'ditoras sãoconsistem em inst4ncias de difusão cultural e,

principalmente, de seleção e de consagração dos autores e de suas obras. 7 n6essa disputa,

obserada no seio do campo jurídico, é 8omologa entre as editoras, que, além dos interesses

mercadol!gicos, possuem o interesse de designar a forma mais apropriada de se di2er o

Direito.

Dentro da din4mica interna do campo jurídico, os Januais de Direito ocupam uma posição de

destaque, por se rem apresentarem como portadores de um saber 0neutro1. dos numa posição

de neutralidade insustentáel ao exame mais atento, oOs manuais registram a se preocupação

m com uma síntese das disciplinas de uma determinada área do saber jurídico : e são,



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efetuadas por um professor consagrado, sem se restringirem apenas aos conte9dos de sua área.

Ora, ser o autor de uma obra de direito é eid>ncia , eidenciando de um capital científico

acumulado, o que permite, capa2 de estabelecer uma 8ierarquia e uma distinção entre os

professoresautores e os demais e entre estes e os demais operadores do direito.

A grande import4ncia dos Januais de Direito e demais obras jurídicas para a l!gica interna

do campo jurídico oferece indícios e permite algumas 8ip!teses sobre de certas forças sociais

externas, inculadas ao campo uniersitário, que influenciam no desenolimento do pr!prio

campo. , cEom efeito, os cursos jurídicos de direito funcionam como filtro "não entendi essa

frase? não seria mel8or di2er que os cursos de direito selecionam os 0já selecionados1 pela

estratificação social, ou seja, selecionam os pertencentes 5s classes dominantes-, uma e2

que as práticas e os discursos jurídicos deem ser entendidos como produtos gerados pelo

funcionamento de um campo, cuja l!gica específica é duplamente determinada? por um lado,

tanto pelas relaç3es de força, os c8amados conflitos de compet>ncia e, por outro lado, quanto

pela l!gica interna das obras jurídicas, que delimita qual é o unierso das soluç3es

propriamente jurídicas "p. +(+-.

A força : e a iol>ncia simb!lica : do Direito, portanto, decorrem de sua capacidade

de construir uma dada realidade social e de impor da imposição dos critérios para a

determinação do que é legítimo. Assim, tornase, sendo necessário, então, recorrer 5s noç3es

de 0habitus”, de 0campo1 e de 0 capital simb!lico1 para que se possa aferir? (- o quantum de

poder simb!lico é detido pelos 0operadores do direito17 +- sua relação com as demais esferas

de poder, ou seja, sua posição no 0campo do poder 1 e, finalmente, G- o papel da Baculdade de

Direito do =argo Cão Brancisco na cristali2ação da l!gica do ;oder no #rasil.



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Cegundo ;ierre #ourdieu, 0O Kabitus+ dee ser pensado como um sistema de

disposiç3es socialmente constituídas que, enquanto estruturas estruturantes, constituem o

princípio gerador e unificador do conjunto das práticas e das ideologias características de um

grupo de agentes1 "#ourdieu, +L, p.-. Ou seja,... "%aisa, é preciso explicar mel8or com as

pr!prias palaras em seguida 5 frase do #ourdieu...-. Dessa forma, , não desconsiderando,

dessa forma, o não se trata de considerar dinamismo d as aç3es indiiduais : ou coletias :

na luta pela preal>ncia de determinadas ontades em relação a outras e, as conseqMentes

modificaç3es das estruturas sociais, mas sim de identificar 7 indica, antes, uma disposição

incorporada que disciplina comportamentos e da qual deria a noção de Eampoagente e de

suas práticas num campo determinado.

A noção de Eampo bourdieusniana referese a espaços sociais, mais ou menos

restritos, onde as aç3es indiiduais e coletias se dão dentro de uma l!gica criada,

transformada e reprodu2ida constantemente por essas mesmas aç3es. Os Eampos, conforme

afirma E8artier , possuem regras pr!prias, princípios e 8ierarquias, sendo definidos a partir dos

conflitos e tens3es no que di2 respeito 5 sua pr!pria delimitação , ou seja, e são constituídos

por redes de relaç3es "ou oposiç3es- entre os agentes que aí t>m interesses específicos são

seus membros "E8artier : qual a obra-. , dDessa forma, na metodologia teoria proposta por

#ourdieu, os E1campos1 deem ser entendidos relacionalmente no espaçoconjunto social,

pois ou seja, 8á os diferentes campos da ida social relacionamse cuja relação entre si

originando dá origem a espaços sociais mais abrangentes. , influenciadores e influenciados ao

mesmo tempoG. 6esse sentido, a Baculdade de Direito do =argo Cão Brancisco, não se

2 Oo habitus pode ser entendido como um conjunto de propens3es que permitam aos indiíduos agirdentro de uma estrutura social determinada com istas 5 manutenção de sua din4mica organi2acional.Atenção? essa frase ficou incompleta, sem citação, sem refer>ncia bibliográfica. %eescreer.

3Ao tratar especificamente do 0campo de poder 1, #ourdieu afirmou? 0entendendo por tal Ncampo de poder as

relaç3es de forças entre as posiç3es sociais que garantem aos seus ocupantes um quantum suficiente de força

social : ou de capital : de modo a que estes ten8am a possibilidade de entrar nas lutas pelo monop!lio do



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encontra isolada, mas mant>m relaç3es com outros campos, que são também inst4ncias de

poder, de um conjunto de relaç3es de ondeque retira o essencial de suas propriedades . =ogo,

o suposto desse estudo de um grupo de agentes pertencentes a uma instituição é que , logo, as

aç3es, os discursos, os agentes e a pr!pria instituição não possuem sentido, senão

relacionalmente, ra2ão pela qual a noção de campo e habitus não podem ser dissociadas.

Ao designar certas diferenças, relatias ao quantum de ac9mulo de forças, logo, de

poder, existentes na sociedade, com as quais certos agentes ou instituiç3es podem persuadir os

demais a acompan8arem suas ideias, #ourdieu se utili2a d adota o conceito de 0capital

simb!lico1P, do qual decorre a noção de ;oder Cimb!lico L, e que, consiste em um poder

inisíel, que s! se exerce se for ignorado como arbitrário pelos que a ele encontramse

sujeitos, ou pelos que o exercem, e que, como tal, torna possíel o consenso a respeito do

sentido do mundo social, contribuindo, assim, para uma reprodução da pr!pria ordem social

dominante, permitindo a obtenção daquilo que pode ser obtido pela força física ou econ/mica

por conta de seu efeito específico de mobili2ação "#ourdieu, +G-.

Ac8o que tem que ter um t!pico mais 8ist!rico. O projeto tem muita teoria e pouca

8ist!ria da instituição e do campo do poder p!sditadura. Qale2 esse t!pico possa começar

aqui.

poder.1 "#ourdieu, ()*), p. +)- oR

4 Eapital Cimb!lico pode ser definido como esse poder de persuasão que se baseia no con8ecimento, prestígio, 8onra e recon8ecimento de que go2am estes agentes e que tornam seus discursos maisefica2es, sendo, portanto, índice de autoridade para quem o detém, conforme descrito no liro a;rodução da Erença, +*.

5 O ;oder Cimb!lico se define na relação entre os que o exercem e os que l8e estão sujeitos, sendo, desta forma,estruturante porque estruturado, cumprindo uma função política de instrumento de imposição de ontades e de

legitimação da dominação.



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A escol8a da Baculdade de Direito do =argo Cão Brancisco deeuse, sobretudo, 5

constatação do estreito ínculo entre a Academia de Cão ;aulo e as tradicionais famílias que

comp3em a elite paulistana "muito influente no país, em decorr>ncia da import4ncia da

cidade-, sendo que quase a totalidade de seus G* diretores é oriunda de famílias paulistanas

economicamente dominantes ou integradas 5 ida da cidade por laços políticos. 'ssa relação

entre a elite paulistana e a Academia corrobora com a tese defendida por Cérgio Adorno de

que a instituição, atraés de seus exalunos, exprofessores e exdiretores, constituiu a grande

escola política, cultural e científica dos poderes da nação em que período "Adorno, ()*)-. ,

n6esste diapasão, tornase possíel identificar na Baculdade de Direito um projeto de

reafirmação ideol!gica de poder da classe a quem se destina esta instituição, a saber, os

8erdeiros da elite paulistana e, de certa forma, brasileira.

Aqui oc> tem que inserir mais conte9do 8ist!rico sobre a relação entre elite, elite

paulistana e =argo Cao Brancisco. F preciso fa2er pesquisa bibliográfica sobre o assunto. Seja

se o &an tem algo a te indicar. Sou pesquisar. ' a import4ncia da $niersidade de Cão ;aulo

no campo uniersitário Qambém pesquisar...

;or fim, na análise da relação entre o campo uniersitário e o campo jurídico, deese

lear em conta que o ac9umulo de capital propiciado pela uniersidade, seja ele político ou

cultural, é determinante para o posicionamento num campo mais abrangente, relacionado ao

exercício do poder, dada a import4ncia do Direito para ordem social igente . Disso, disto,

decorre que a consagração dentro do campo uniersitário, obtida atraés do capital escolar e

cientíifico, dada a 8omologia entre os diersos campos da ida social, também é consagração

na esfera do ;oder ., dDaí, resulta o peso e a tradição da Academia de Cão ;aulo, que remete

ao período de sua fundação, no &mpério, em que se iniciou essa conquista do aparel8o estatal

pelos bac8aréis em direito "Adorno, ()*)-.



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Aqui tem que continuar com reflex3es sobre a 8ist!ria da instituição "e de seus ex

alunos- até os dias atuais. Balta 8ist!ria no projeto. Ou mel8or, sociologia 8ist!rica.

=eantamento bibliográfico sobre isso e reflexão no projeto. Soc> pode fa2er uma pequena

8ist!ria social da instituição e das trajet!rias. ;esquisar bibliografia.

)bjetios

#uscase com essa pesquisa aaliar, em primeiro lugar, a partir de uma perspectia

bourdesiana, o papel representado pela Baculdade de Direito do =argo Cão Brancisco nas

trajet!rias de agentes sociais socialmente dominantes, ou seja, seu poder de 0encantamento1

de tais trajet!rias e as c8ances de sucesso social daí proenientes. 'm segundo lugar, e como

corolário do objetio citado, de seu papel na manutenção da ordem social igente., oOu seja,

determinar de que forma e em qual grau se dá a contribuição do campo uniersitário : em

particular, a principal uniersidade p9blica no #rasil para a din4mica do campo do poder na

sociedade brasileira. ;ara que seja possíel essa empreitada, é necessário antes determinar o

peso que a tradicional Academia tem para o campo jurídico no país, dado o Ecapital

simb!lico de seus docentes e diretores, tais como o capital político e econ/mico de seus

discentes e egressos.

A 8ip!tese central desta pesquisa é que a posição decisia ocupada pela a Baculdade

de Direito do =argo Cão Brancisco ocupa uma posição dominante no campo jurídico, ou seja,

dentro do campo da luta pelo monop!lio do direito de di2er o Direito, por ser um como

instrumento de acesso e de posicionamento dentro dessta esfera de relaç3es, decorrente de sua

consagração dentro do pr!prio campo jurídico., sendo esta obtida por seus Eapitais

acumulados ao longo de seus (** anos de 8ist!ria7 desta A partir dessa 8ip!tese central, é

preciso equacionar emergem problemasquest3es subjacentes, secundários tais como, de um

lado, o do mecanismo pr!prio do campo jurídico, para a ascensão 8ierárquica e sua relação



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com os mecanismos de ascensão dentro do campo uniersitário, e, de outro lado, do acesso a

esstes campos por parte dos indiíduos oriundos de outras classes, que não, a dominante.

Qambém se torna releante para esta pesquisa, desnudar de que forma, a Baculdade de Direito

do =argo Cão Brancisco, contribui para a manutenção de uma din4mica específica do campo

jurídico, a saber, a autolegitimaçãoauto legitimação característica do discurso jurídico. 6esse

caso, aqui, a 8ip!tese é que, a aquisição de capital científico pelo corpo docente da instituição

é influenciada diretamente pelos interesses em disputa no jogo de poder, seja atraés de

financiamento ou pela reprodução ideol!gica decorrente da 8omologia existente entre o

campo de produção ideol!gica e o campo uniersitário. "#ourdieu, ()*), p. ((-

Dessa forma e, atraés do método comparatio de análise, será possíel esboçar os

planos de força que perpassam os campos estudados, a fim de sistemati2ar a din4mica das

relaç3es entre estes pequenos centros de disputa pelo poder. 'ssa forma relacional de pensar o

quadro social, atraés da análise de correspond>ncia m9ltipla proposta por #ourdieu, será,

portanto, imprescindíel a esta pesquisa.

*etodolo+ia

;ara atingir seus objetios, esta pesquisa lançará mão tanto de métodos qualitatios,

como as entreistas nãodirigidas e a análise de correspond>ncia m9ltipla, quanto de métodos

quantitatios, como a coleta de documentos capa2es de demonstrar a alidade das 8ip!teses.A combinação de métodos quantitatios e qualitatios isa a superação da dicotomia estéril

entre objetiidade e subjetiidade, em conson4ncia com a forma relacional de se entender a

realidade social, da qual decorre da necessidade de proceder uma análise relacional entre os

agentes e entre os agentes e os campos, partindo da constatação de que o objeto da pesquisa

0não está isolado de um conjunto de relaç3es de que retira o essencial de suas propriedades1

"#ourdieu, ()*), p.+*-.



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O procedimento adotado para a erificação das 8ip!teses propostas será a Análise de

Eorrespond>ncia J9ltipla, proposta por #ourdieu em trabal8os como A Distinção "())- e

Komo Academicus "()*P-. 'sse método de análise categorial de dados, que parte do

pressuposto de que existe uma relação preferencial entre ariáeis, é destinado a reelar e

mapear os espaços interconectados entre indiíduos e propriedades, sendo o mais adequado ao

modo topol!gico de raciocínio, encarnado nas noç3es de 8abitus e campo de poder, presentes

nesta pesquisa.

Cegundo #ourdieu, 0As diersas técnicas estatísticas contém filosofias sociais

implícitas que deem ser tornadas explícitas1 "())-, logo, a opção pela Análise de

Eorrespond>ncia J9ltipla decorre de sua capacidade de entender a realidade social como

essencialmente relacional, ou seja, por ser um procedimento que trabal8a a sociedade em

termos de relaç3es, tal método é capa2 de reter cada indiiduo pesquisado como uma unidade

de análise e especificar as condiç3es sob as quais os ários agentes pertencentes a um campo

estudado poderão, ou não, aderir a uma prática coletia, norteada pelo habitus, e em quais

domínios da ida social tal adesão se processará.

A matri2 de dados para a Análise de Eorrespond>ncia J9ltipla será alimentada pelas

informaç3es reunidas em um Quadro dos Caracteres pertinentes de um conjunto de agentes6 ,

que leará em consideração os indicadores pertinentes 5s seguintes determinantes?

&. Determinantes sociais que operam na formação do 8abitus e na trajet!ria escolar,

apontando o capital econ/mico, cultural e social 8erdados "origem social, geográfica e

religiosa-, que, de certa forma, proporcionam as oportunidades de acesso 5s posiç3es

ocupadas.

6 'ste procedimento de pesquisa foi proposto no capítulo && do =iro O ;oder Cimb!lico, ()*).



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&&. Determinantes escolares, que estabelecem a trajet!ria de sucesso escolar desde a

passagem por colégios cat!licos de elite no ensino regular até os estudos superiores,

determinando, assim, a construção do capital escolar.

&&&. Determinantes de capital de poder universitário, que demonstram a consagração

no campo uniersitário, atraés da enumeração de titulaç3es acad>micas, cargos de

coordenação de curso ou n9cleo e participação em bancas e orientaç3es strictu sensu.

&S. Determinantes de capital de poder cientifico, que apontam a influ>ncia dentro do

campo da pesquisa cientifica, acerca da direção e coordenação de n9cleos de pesquisa,

membros de corpo editorial de reistas científicas, publicação de artigos e apresentação de

trabal8os em uniersidades nacionais e internacionais, bem como a participação e organi2ação

de eentos científicos "congressos, col!quios, etc-.

S. Determinantes de notoriedade intelectual , que demonstra a consagração intelectual

atraés da publicação de manuais utili2ados nas faculdades de Direito e da influ>ncia sobre a

legislação e sua interpretação, por meio de reis3es ou comentários de E!digos normatios,

além de publicaç3es de artigos em reistas jurídicas consagradas "%eista dos Qribunais-.

S&. Determinantes de capital político ou econômico, obserado segundo a área de

atuação, abrangendo a iniciatia priada "ínculo em institutos priados como &#';, A#=Q,

Academia de Direito Eiil e &nstituto &nternacional de Direito-7 !rgãos p9blicos "magistrados, promotores e delegados- e cargos de influ>ncia política "desembargadores, presid>ncia e ice

presid>ncia dos tribunais de justiça e assessores jurídicos-.

;ara a obtenção dos indicadores descritos acima, deerão ser reali2adas entreistas do

tipo qualitatio com informantes rigorosa e preiamente selecionados. A delimitação do corpo

de informantes a ser pesquisado dentre o quadro de professores da Baculdade de Direito do



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=argo Cão Brancisco, terá como primeiro critério de seleção o cargo ocupado e a titulação do

docente, logo, serão selecionados os professores titulares e liredocentes, por serem os

responsáeis pela implementação das diretri2es, tanto na graduação quanto na p!sgraduação,

dentro do n9cleo de cada curso. Dessa forma, o primeiro critério de seleção acaba por nos

remeter a uma segunda triagem, que corresponde aos coordenadores de curso e daqueles que

integram os n9cleos de pesquisa na p!sgraduação strictu sensu, de forma que, seus pr!prios

manuais são obrigatoriamente integrados ao conte9do curricular do respectio curso. 6esse

aspecto, ale ressaltar que a graduação do curso de Direito da Baculdade de Direito do =argo

Cão Brancisco se consagra, primordialmente, pelos doutores detentores das cadeiras do curso

de p!sgraduação, que em sua maioria se abstém de ministrar aulas na graduação, onde seus

manuais são seguidos.

Dessa forma, sobressaíramse os lire docentes mais consagrados segundo os dois

princípios de legitimação, desenolidos por #ourdieu, que tem por finalidade esquemati2ar o

campo uniersitário, o que acarretou em um corpo composto por lire docentes que se

destacam pela 8ierarquia social "poder econ/mico e político-, e pela 8ierarquia cultural

"prestigio cientifico e notoriedade intelectual-. "#O$%D&'$, +((-

Assim, partindo dos critérios acima citados, que acabam por selecionar os docentes

mais influentes no que di2 respeito 5s diretri2es de cada departamento, foram distinguidos os

autores dos manuais mais utili2ados nos cursos de graduação e p!sgraduação, bem como os

professores de maior influ>ncia política interna e externamente 5 faculdade e detentores de

maior tempo de casa.

Tuanto aos egressos da faculdade, os critérios de seleção se basearam na posição

8ierárquica dentro do campo jurídico e, por extensão, campo do poder, precisamente os cargos

ocupados nas altas inst4ncias dos ;oderes <udiciário e 'xecutio, serindo como filtro a



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produção de obras jurídicas e o prestígio junto a sociedade. 6este caso serão excluídos do

leantamento os indicatios relatios 5 8ierarquia uniersitária.

As entreistas do tipo qualitatio nãodirigidas constituem o mel8or método para o

leantamento dos indicadores porque permitem ao pesquisador se basear adequadamente na

realidade do entreistado, uma e2 que, como representantes de seu campo de atuação, os

entreistados são os mais aptos a descreer suas pr!prias experi>ncias, bem como informar

sobre os diersos componentes da sociedade a partir da perspectia de um determinado

campo, ou seja, esse tipo de entreista permite a exploração em profundidade das perspectias

dos agentes pesquisados, sendo indispensáel para uma exata apreensão e compreensão de

suas práticas sociais. 'sta exploração em profundidade abre a possibilidade de se con8ecer e

compreender quais os fatores que influenciam suas condutas e as quest3es que estes agentes

enfrentam.

'ssa modalidade de entreista nãodirigida é uma poderosa ferramenta de informação

porque é capa2 de elucidar as realidades sociais além de ser um instrumento priilegiado de

acesso 5s experi>ncias dos agentes. <ustamente por não possuírem perguntas bem delimitadas,

portanto, fec8adas, estas entreistas não direcionam o conte9do das respostas, faorecendo a

exploração das diferentes facetas das experi>ncias dos entreistados, enriquecendo o material

de análise e tornando mais precisa a exposição das experi>ncias dos entreistados. "poupart,

+G-

Apesar da opção por entreistas nãodirigidas, as entreistas deem ser orientadas em

função do objeto da pesquisa e deerão questionar, entre outras coisas, a percepção que os

entreistados possuem da din4mica interna do campo uniersitário e do campo jurídico,

sobretudo dos mecanismos de posicionamento 8ierárquico dentro destes campos, ou seja,

coletar informaç3es a respeito das estruturas e funcionamento dos campos em estudo.



16

Apesar da legitimidade que cada entreistado possui para falar a cerca de sua pr!pria

realidade, conforme ensina #ourdieu, as interpretaç3es da realidade oferecidas pelo

informante não podem ser confundidas com a realidade 0tal como ela é1, porque mesmo se

tratando de indiíduos inculados de alguma maneira ao campo uniersitário, seus discursos,

assim como o pr!prio discurso da pesquisa, são construç3es da realidade social, influenciadas

pela posição 8ierárquica ocupada dentro de seus campos de atiidade e pelo habitus de sua

classe. "#ourdieu, ())G a -. O que conferirá legitimidade ao discurso da presente pesquisa,

logo a superioridade do con8ecimento cientifico em relação ao con8ecimento dos agentes,

será o esforço sistemático para romper com o senso comum e a possibilidade de crítica e

erificação das proposiç3es.

;or se tratarem de interpretaç3es da realidade social, o depoimento dos entreistados

deerá ser comparado com as informaç3es coletadas em fontes escritas como currículos dos

professores, ementas e programas de disciplinas ministradas na faculdade, bibliografia a

respeito do campo jurídico no #rasil, biografia dos entreistados, documentos relacionados 5

produção cientifica, 5 matrícula e os balanços reali2ados por !rgãos e instituiç3es internas ao

campo jurídico7 os Januais de Direito e demais obras jurídicas receberão atenção especial por

serem índice da consagração dos professores em seu meio.

O cru2amento das entreistas, rica fonte de informaç3es, e os materiais coletados,

permitirão a contextuali2ação e comparação dos discursos, permitindo desta forma a

reali2ação de esboço da conformação das posiç3es ocupadas pelos agentes nos campos

estudados, no quadro dos caracteres pertinentes de um conjunto de agentes, atraés da

Análise de Eorrespond>ncia J9ltipla.

,rono+rama de Atiidades

;eríodo do Jestrado? Agosto de +(L a Agosto de +(



17

+U

+(L

(U

+(I

+U

+(I

(U

+(Disciplinas obrigat!rias - -

Ceminário de ;rojeto -

Ceminário Qemático - -=eitura de fontes - - - -

=eitura de bibliografia - - - -

Tualificação -

%edação da Qese - -

iblio+rafia

ADO%6O, Cérgio. Os aprendi2es do ;oder. #ac8arelismo liberal na política brasileira.

Cão ;aulo? 'ditora ;a2 e Qerra, ()**

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=>s 'ditions e Jinuit, ()*)

YYYYYYYYYYYYYYYY O ;oder Cimb!lico. %io de <aneiro? 'ditora #ertrand, ()*)

YYYYYYYYYYYYYYYYA ;rodução da Erença? contribuição para uma economia dos bens

simb!licos. ;orto Alegre? 'ditora ZouR, +(

YYYYYYYYYYYYYYYYA Distinção? crítica social do julgamento. ;orto Alegre? 'ditora

ZouR, +

YYYYYYYYYYYYYYYYO senso prático. ;etr!polis? 'ditora So2es, +)

YYYYYYYYYYYYYYYYA economia das trocas simb!licas. Cão ;aulo? 'ditora ;erspectia,

+((



18

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'ditora Jax =imonad, +

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