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UNIVERDIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
DEPARTAMENTO: LETRAS
SUBÁREA: LITERATURA E HERMENÊUTICA II
PROJETO:
LITERATURA E CULTURA NO PERÍODO MILITAR BRASILEIRO
Proponente: José Helber Tavares de Araújo
1. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA:
Título do projeto: LITERATURA E CULTURA NO PERÍODO MILITAR BRASILEIRO
Área de conhecimento: Letras e Linguística
Subárea: Literatura Brasileira
IES Executora: Universidade Estadual da Paraíba / UEPB
Proponente: José Helber Tavares de Araújo
CPF: 035.164.164-59
2. QUALIFICAÇÃO DO PRINCIPAL PROBLEMA A SER ABORDADO:
A despeito das múltiplas relações que se pode estabelecer entre “história”,
“cultura” e “literatura”, podemos hoje averiguar que a noção de “literatura”
construída ao longo do período do regime militar brasileiro assomou, no domínio
teórico-filosófico, algumas concepções político-sociais como categorias privilegiadas de
análise das obras literárias, justamente no momento em que o próprio conceito
revelava-se amplamente produtivo no campo mais alargado das ciências humanísticas.
É fato que, em seus primórdios, as investigações sobre o significado estético da
representação de um problema social, profundamente marcadas por um historicismo
somático, tendiam a enquadrar o fenômeno sob perspectivas estreitas que o
apreendiam à simples instrumento de luta ideológica, seja de direita ou de esquerda.
Estas posições ingênuas de identificação das obras literárias com ideologias
previamente marcadas quando confrontadas com uma formatação dos saberes mais
apuradas implica em significados mais complexos que ainda hoje são desafiadores,
porquanto forma de conhecimento, cifrado, expressão de uma racionalidade poética
transbordante em significações, fenômeno multifacetado, transdisciplinar, no plano de
conteúdo como no plano linguístico.
Não há dúvidas que a partir do início deste século, o tema da cultura na ditadura
militar brasileira passa gradualmente a alcançar estatuto cada vez mais respeitável em
diversos campos – artístico, filosófico, histórico, antropológico, psicanalítico, que, sob
perspectivas distintas, contribuíram para consubstanciar um cabedal notável de
formulações que hoje posicionam as artes produzidas no período como ponto fulcral
na seara dos saberes sobre a história brasileira de 1964-1985, convergindo de forma
significativa para os estudos literários, atualmente libertos das amarras que por
décadas fizeram a literatura girar em torno de pautas extraliterárias. Os apelos se
apresentam aos estudiosos do literário no sentido de fazer avançar pesquisas capazes
de iluminar a literatura enquanto lócus privilegiado de conhecimento humanístico
posicionam a representação e expressão geradas do contexto ditatorial no centro das
mais atuais tendências e debates, justamente em conseqüência de seu potencial
instigador de reflexões teóricas e crítico-interpretativas, sobretudo quando se
considera que as relações entre história e literatura não são apenas temáticas, mas
também formais, estruturantes e favorecedoras de diálogos entre texto e contexto,
historicidade e universalidade, imanência e transcendência, abrindo as mais variadas
vertentes de investigação entre arte, cultura e sociedade.
Por todo o exposto, elegemos a produção cultural e literária produzida no período
ditatorial brasileiro como marco teórico central ao desenvolvimento desta pesquisa
integrada. Sob a perspectiva transdisciplinar e multicultural que adotamos, a idéia é
adentrar o território dos estudos sobre quais temáticas foram possíveis se
desenvolverem e quais estilos precisaram ser adotados em suas relações com o
literário a partir de abordagens favorecedoras de reflexões sobre o aproveitamento de
formalizações contextuais como instâncias produtivas de crítica social.
Obviamente não poderíamos partir de domínios outros que não os da nossa
própria competência e experiência acadêmica. Daí termos esboçado em conjunto
quatro linhas mestras de pesquisa, todas atentas às relações contempladas no título
deste projeto: Literatura e Cultura no período militar brasileiro. As ramificações da
pesquisa aqui propostas são as seguintes:
A produção romanesca e a representação da violência na literatura de 1964
O fluxo criativo e polissêmico da poesia dos anos 70
A tropicália e a reinvenção de um Brasil plural
O cinema brasileiro pós-64: do cinema novo à retomada do tema da
ditadura.
Espera-se, com as vertentes propostas, ampliar e aprofundar conhecimentos sobre
esse campo investigativo, seja a partir de novas articulações teórico-filosóficas e
crítico-interpretativas na própria esfera dos estudos literários, seja através de diálogos
travados em áreas de interface – artísticas, culturais, políticas, étnicas, religiosas, todas
elas relevantes ao enriquecimento dos estudos sobre a literatura, sem que se perca de
vista o enquadramento dos fenômenos estudados sob a óptica das relações entre arte
e sociedade, mais especificamente, entre literatura e crítica social.
3. OBJETIVOS E METAS A SEREM ALCANÇADAS:
3.1. Objetivo Geral:
O Projeto LITERATURA E CULTURA NO PERÍODO MILITAR BRASILEIRO objetiva,
primordialmente, o desenvolvimento de uma pesquisa integrada que visa
operacionalizar ações sistemáticas e colaborativas para ampliação e aprofundamento
de conhecimentos teórico-críticos sobre a produção artística pós-64 e suas relações
com o universo literário.
3.2. Objetivos Específicos:
3.2.1. Produzir conhecimento sobre as relações entre História e Literatura a partir da
articulação dos referenciais teóricos e metodológicos propostos em consonância com
os focos investigativos que caracterizam o projeto;
3.2.2. Divulgar e legitimar resultados das pesquisas em fóruns de eventos nacionais e
internacionais das áreas envolvidas, assim como em periódicos especializados;
3.2.3. Realizar, no último ano da pesquisa, um evento na instituição executora
contemplando, em forma de GTs, a apresentação dos resultados desenvolvidos em
cada tema abordado, assim contribuindo para sedimentar e difundir esses
conhecimentos, estimulando ainda a integração docente e discente entre os
participantes das diversas instituições envolvidas e ampliando a esfera de alcance dos
resultados alcançados.
3.2.4. Disseminar o conhecimento produzido, através da publicação de livros, sendo
um para cada linha discutida, em acordo com a política editorial da instituição, e uma
publicação resultante do evento que encerra o projeto;
3.2.5. Incrementar o intercâmbio entre os pesquisadores participantes, amplificando
as potencialidades de articulação de pesquisas e desenvolvimentos de estudos
conjuntos sobre objetos contemplados nas áreas da presente proposta;
3.2.2. Complementar a formação de alunos graduandos, mestrandos e doutorandos
envolvidos no desenvolvimento do projeto, no âmbito conjugado da pesquisa, do
ensino ou da extensão.
4. METODOLOGIA A SER EMPREGADA:
É certo que muito se tem pesquisado em termos de Literatura e ditadura militar
nas últimas décadas, mas muito ainda há por fazer, seja em eixos específicos, e
elegemos justamente eixos potencialmente aptos a gerar estudos originais e muito
produtivos, seja no tocante a trocas inter-, multi- e transdisciplinares, justamente em
decorrência de especificidades resultantes de experiências acadêmicas ainda
fortemente demarcadas por limites disciplinares, em universidades que permanecem
segmentadas por lambris departamentais.
A idéia é produzir conhecimentos sobre a literatura brasileira entre os anos que
separam o golpe militar de 1964 dos anos de redemocratização, em 1985, partindo de
perspectivas distintas, fazendo, entretanto, circular as reflexões desenvolvidas em
cada núcleo (romance, poesia, música, cinema), tornando-as produtivas no âmbito
mesmo da proposta enquanto um todo articulado. Assim, por exemplo, pesquisas
realizadas que se dispõe a estudar o romance podem e devem reverberar nos estudos
de cinema que tenham por temas questões de ordem político social. Da mesma forma,
as investigações sobre poesia podem e devem contribuir para as pesquisas sobre as
canções que ficaram em evidência no cenário cultural da época, enfim, é enorme a
gama de possibilidades de fazer atravessar esses conhecimentos por entre as áreas
previstas nesta proposta e nossa idéia é estimular cada vez mais esta interface, de
maneira que sejam eles os motores dessa engrenagem dinâmica, que fará fluir de uma
para outra linha o conhecimento em rede que iremos adotar como metodologia
dialógica.
Vale ressaltar, com relação à metodologia adotada, que nossa proposta tem como
base a formação e experiência em estudos voltados para o estudo de violência e
literatura, sobretudo no que diz respeito ao período destacado. Isso não significa
absolutamente desfrutar de certezas e convicções, mas lhes permite partir de
premissas solidamente fundamentadas, formulando hipóteses também
cuidadosamente elaboradas. Além dessa familiaridade com o tema, concorre para a
produtividade da proposta o fato de que cada eixo de discussão exige conhecimentos
distintos de atuação e experiência, no que diz respeito à lida com o caráter estético de
cada gênero – lírico, narrativo e dramático, embora todos trabalhem na interface entre
tradição e modernidade e todos utilizem em grande medida um acervo bibliográfico
comum, não por acaso compartilhando referenciais teórico-críticos que muito
favorecem a proposição de uma pesquisa integrada, sobretudo uma proposta
investigativa que intenta reler o fenômeno artístico em suas relações com a literatura
e a crítica social.
Em termos mais específicos, cada linha adotará as seguintes condutas
metodológicas:
4.1.A produção romanesca e a representação da violência na literatura de 1964
Os problemas de significação social ou estética que advém da ordem da
realidade objetiva, naquela conjuntura institucional brasileira de exceção, apareceram
reelaborados em diversos romances, através de proximidades e distanciamentos dos
modos de vida que tal regime imprimiu às pessoas, sendo o contexto da ditatura
incorporado como algo de importância substancial na formação do conjunto de
tendências literárias da época. No caso deste momento da história do Brasil, a relação
entre literatura e seu contexto é bastante notória, pois em termos concretos, houve
uma intensificação deste entrelaçamento dos eventos históricos com a questão
estética devido às consequências de um processo de interferência efetiva do Estado no
plano do sistema de produção cultural. Neste sentido, as contradições de um Estado
totalitário que sistematicamente violentou seus cidadãos e desmantelou os meios de
realização artística foram se incorporando às próprias obras da época, feitas como
denúncias possíveis em resposta às adversidades à liberdade artística. Ironicamente,
para poder defender a autonomia da obra de arte no período de censura no Brasil, o
romance sentiu a necessidade de engajamento, pois ele se encontrava diante de uma
realidade político-social que aparece como repressora direta da realização dos bens
imateriais e simbólicos. Tal negação da liberdade acaba sendo incorporada como
conteúdo da obra, ora através da mimetização das ações violentas ao objeto do qual o
sistema buscava eliminar, ora através de um experimentalismo formal que expresse de
modo clivado as angústias do não-dizer.
Um quadro panorâmico da produção literária da época nos auxiliará em
questões importantes para uma melhor caracterização do gênero através do
estabelecimento de um diálogo com os demais romances e perspectivas estético-
literárias daquele momento. A esse respeito, entendemos que é justamente a
combinação das circunstâncias históricas que modificaram a noção de sujeito na
sociedade e, consequentemente, como isso teve desdobramentos no plano formal da
arte narrativa, gerando um duplo movimento em que o contexto pode servir de
reflexão para o entendimento da obra sem cair em determinações positivistas ou de
mero espelhamento representacional. Por sua vez, na literatura brasileira, este
processo de fragmentação social vinculado à fragmentação estética impulsionado por
questões sociais da modernização ocorreu com maior frequência na das décadas de
60-70. Sabemos, evidentemente, que há os predecessores desta fragmentação no
cânone literário: os modernistas dos anos heroicos, alguns apontamentos nos
romances dos anos 30 ou as transformações narrativas radicais proporcionadas por
Clarice Lispector e Guimarães Rosa, de 45. Mas vale a pena salientar que nenhum
desses vincularam tão abertamente, em suas obras, uma inquietação com o discurso
do poder político, ideológico e econômico de seus contextos. Trata-se aqui, na
verdade, de insistir na pertinência de uma leitura dos romances dos anos 70 que
compreenda que os jogos de subjetividade narrativa, as formas de problematização
artística como substância da própria obra e a discussão a respeito da
racionalidade/irracionalidade são estetizadas em dissonância com as normatividades
da modernidade tardia e da estrutura ditatorial da época. Acreditamos que sem
estabelecer tal proximidade seria excluir possibilidades de enriquecer a leitura de uma
obra.
4.2. O fluxo criativo e polissêmico da poesia dos anos 70
Esta linha investigativa intenta contribuir para o avanço das reflexões teóricas
sobre o que ocorreu estética e contextualmente com a poesia nos anos de chumbo,
assim como para nos debruçarmos sobre uma fortuna crítica de obras com
características poéticas mais contextualizadas e originais. Cientes do papel da
historicidade nas formulações distintas que cada época concedeu ao tratamento da
poesia, sobretudo em suas relações com as dimensões sociais das representações,
esboçamos os seguintes destaques a serem desenvolvidos em relação ao gênero lírico:
- A geração mimeógrafo e poesia marginal, com destaque para Ana Cristina
Cesar e Paulo Leminski;
- A experiência histórica das vozes sufocadas, com destaque para Ferreira
Gullar;
- A voz dos cânones, com destaque para autores que advinham de outras
gerações como Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros e Haroldo de Campos
Essas subdivisões nos permitem, a um só tempo, aprofundar focos
investigativos teórico-críticos, produzindo conhecimentos distintos sobre um
momento histórico específico, de forma a aproveitá-los em reflexões sobre as relações
entre tradição e modernidade. Cada variação do modo de se fazer poesia tem um
papel importante no avanço das noções capazes de alimentar e problematizar a
própria ideia de tradição.
Parte dessa bibliografia dependerá do corpus a ser delimitado ainda no
decorrer desta pesquisa, quando, munidos de um arsenal teórico sobre o gênero
poético e atentos a molduras históricas ainda amplas, deverá estreitar-se e
aprofundar-se a busca por conhecimentos contextuais a partir justamente da eleição
de obras literárias específicas a cada período, que daí em diante passam a ser o foco
investigativo central. A seleção do corpus específico a cada subprojeto dar-se-á em
consonância com as discussões que se pretende fazer não apenas em sala de aula, mas
como também na orientação de monitorias e na formação de grupos de estudo sobre
o tema.
4.3. A tropicália e a reinvenção de um Brasil Plural
É sabido que no contexto da virada dos anos 60 para 70 a organização dos festivais
televisivos e o advento do tropicalismo abriram uma nova página na história cultural
brasileira, principalmente no que diz respeito ao que podemos supor uma
convergência de uma relação entre arte pop, erudita e popular. A juventude que
firmou o Tropicalismo, combativa contra setores autoritários do regime ditatorial,
passou uma mensagem de protesto pela irreverência, ironia, antropofagia. O
politicamente correto de um regime duro e totalitário era contraposta por um coletivo
que condensou música, literatura, literatura e artes plásticas em uma única proposta
crítica.
Neste sentido, propomos neste eixo da pesquisa evidenciar primeiramente o
debate intelectual em torno do tema Tropicalismo, revisitando conceitos e teóricos
que tentam esclarecer os principais pontos deste grupo que tanto prezou pela
hibridização cultural. Em seguida, iremos fazer a busca das principais obras para
construir uma constelação histórica das suas principais obras de Caetano Veloso
(Tropicália e Alegria, Alegria), Gilberto Gil (Aquele Abraço), Gal Costa (Gal), Mutantes
(Os mutantes e A divina Comédia ou Ando meio desligado), Jorge Ben Jor ( Cadê
Teresa?), Tom Zé (Tom Zé) e a obra conjunta Panis et Circense.
Se o romance pós-64 concentrou seus principais fatores artísticos em uma
representação denunciadora ou numa exposição da crise de identidade e social atráves
de uma linguagem desconstruída, o que leva a crer que tem suas bases no processo
político, o imaginário estético criado pelo Tropicalismo foi um momento de reflexão
crítica com maior ênfase sobre o cultural, os valores e costumes, o social. São estas
categorias de ressignificação cultural e caldo plasmático de referências que iremos
adotar como categoria de orientação de nossas análises sobre a música popular
brasileiro, com ênfase no Tropicalismo, em nossa pesquisa. Vale lembrar que este
trabalho com música e literatura abre caminhos profícuos para uma ponte com o
ensino de literatura nas escolas, havendo potencial suficiente para se realizar novos
percalços pelo letramento literário dos alunos de ensino fundamental e médio.
4.4. O cinema brasileiro pós-64: do Cinema Novo à retomada do tema da
ditadura.
Na área cinematográfica, aquilo que ficou conhecido como Cinema Novo foi o
movimento político cultural realizado no momento de maior efervescência política do
regime. Foi ele quem melhor exprimiu as contradições de um nacionalismo-
desenvolvimentista brasileiro na segunda metade dos anos 60. Com uma influência
direta das vanguardas cinematográficas europeias e com um pioneirismo ousado nas
propostas estéticas, o Cinema Novo teve uma importância fundamental para o campo
artístico brasileiro, pois reorientou temáticas, estabeleceu novas linhas narrativas,
provocou, com desenvoltura, transpor os limites estabelecidos naquele momento de
crítica ao poder.
Diante destas considerações, o primeiro momento da pesquisa sobre este
recorte é o estabelecimento do corpus. Inicialmente faremos a recolha de um conjunto
de filmes a partir da filmografia disponível, que, para o caso Cinema Novo, inclui desde
seus primeiros filmes como Deus e o diabo na terra do sol (1963), de Glauber Rocha,
até Os Deuses e os Mortos (1970), de Ruy Guerra. Além disso, iremos enveredar em
alguns momentos por obras que ficaram conhecidas sob a alcunha do “cinema de
mercado”, feito sob a produção da estatal Embrafilmes, como forma de estudo
comparativo e de entendimento histórico da diluição do movimento encabeçado por
Glauber Rocha.
Paralelamente ao estabelecimento do corpus, teremos o estudo de uma
abordagem teórica as diretrizes do que foi o Cinema Novo em sua concepção teórica e
seus desdobramentos. Para tanto, usaremos os trabalhos da Jean-Claude Bernadet,
Ismael Xavier, Elio Gaspari e as próprias publicações do principal idealizador do
movimento, Glauber Rocha. Com o conceito assim estudado de “Cinema Novo”
passaremos às análises do corpus, que será entendido como uma produção com valor
estético, buscando explorar confluências entre a literatura e a arte cinematográfica da
época.
Sob esta mesma condição metodológica, iremos realizar um estudo de filmes
documentários que representam uma luta para expor o que ocorria naquele momento
histórico brasileiro conhecido como “os anos de chumbo”. Filmes como Brazil, a
reporto n torture, Cabra marcado para morrer e Cidadão Boilessen figuram entre as
obra de maior destaque em relação a produção de um cinema de memória/protesto
contra o autoritarismo de uma época. Na mesma direção, elencaremos filmes que
ficaram caracterizados historicamente como Cinema de Retomada, em que filmes
como O ano em que meus pais saíram de férias, Cabra cega, Batismo de Sangue e
Quase Irmãos fazem claras referencias contextuais ao tempo do regime de exceção.
Tanto o documentário como o Cinema de Retomada nos dá uma noção melhor dos
desdobramentos da representação histórica do regime. Em síntese, a fundamentação
metodológica para a análise do corpus se funda na crítica social, tendo a representação
das relações de poder e violência de estado como ponto de partida.
5. Topicalização das atividades acadêmicas a serem desenvolvidas nos próximos
três anos de pesquisa
Primeiro ano
Ministrar aulas no Curso de Graduação em Letras/UEPB
Orientar alunos em projeto PIBIC sobre a música dos anos 70 e seu diálogo
com a literatura.
Coordenar Grupo de Pesquisa intitulado “A produção romanesca e a
representação da violência na literatura de 1964”
Apresentar trabalhos do Grupo em Congressos Regionais, Nacionais e
Internacionais.
Fazer orientações de monografias vinculadas à discussão sobre literatura
brasileira moderna.
Organizar e produzir livro sobre a temática do romance no contexto ditatorial
brasileiro.
Organizar Curso de extensão sobre o Cinema Novo, com exibição, debates e
palestrantes convidados para toda a comunidade.
Segundo Ano
Ministrar disciplina na Graduação em Letras.
Ministrar 3 (três) minicursos sobre O fluxo criativo e polissêmico da poesia dos
anos 70. Um para cada aspecto destacado anteriormente.
Dar continuidade ao Grupo de Pesquisa intitulado “A produção romanesca e a
representação da violência na literatura de 1964”
Submeter projeto PIBIC na área de Literatura com enfoque na linha: A
tropicália e a reinvenção de um Brasil plural
Orientar trabalhos de monitoria.
Realizar atividades de extensão envolvendo alunos da graduação do sobre os
documentários sobre a ditadura no país.
Participar de Eventos científicos pelo país.
Organizar e produzir livro sobre a poesia no período da ditadura militar
Terceiro ano
Ministrar disciplina na Graduação em Letras.
Organizar palestras sobre Hilda Hilst, Ana Cristina Cesar e Haroldo de Campos.
Realizar atividades de extensão envolvendo alunos da graduação sobre os
filmes do Cinema de Retomada que abordam o problema da ditadura no Brasil.
Organizar livro sobre O Cinema Novo e a Tropicália.
Produzir artigos científicos para periódicos.
Realização de um GT finalizando os trabalhos da pesquisa.
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