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Projeto de Pesquisa de Pós Doutorado no País
Título: Jornalismo e Identidade Cultural: um estudo sobre os especiais de cultura veiculados
pelo Globo Rural.
Pesquisador Responsável (Supervisor): Dra. Cremilda Celeste de Araújo Medina
Pesquisador: Maria Isabel Amphilo
Instituição Sede: Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP
Resumo:
Trata-se de pesquisa sobre as mediações jornalísticas e as identidades culturais na
contemporaneidade, buscando identificar nas narrativas a dialogicidade construída, apontando
o jornalista como um mediador de identidades, considerando a diversidade cultural
característica do Brasil. O estudo parte do conceito de identidade cultural dos estudos
culturais ingleses, especialmente, de Stuart Hall, passando pelas ideias de Gilberto Gimenez e
buscaremos mostrar a importância desses estudos para a práxis jornalística. Nessa
perspectiva, lançaremos mão das pesquisas de Cremilda Medina abordando o “diálogo dos
afetos” no contexto identitário, como um diferencial no fazer jornalístico, além da importante
sintonia entre o jornalista e a fonte de informação, ou protagonista da ação social captada pelo
jornalismo. O marco epistêmico da investigação será: por que é importante o estudo das
identidades culturais para o jornalismo? Como se dá a mediação entre as identidades locais e
externas? Como metodologia, utilizaremos o estudo de caso, que nos permitirá investigar
profundamente as narrativas especiais selecionadas e averiguar como são tecidas as relações e
como se dá o diálogo dos afetos. Trata-se de pesquisa empírica, coleta de dados e entrevistas
com os jornalistas, autores mediadores desses programas. Como corpus a ser investigado,
selecionaremos os especiais sobre os comportamentos culturais, veiculados no Globo Rural,
da Rede Globo de Televisão, no período de 2011 a 2013.
Palavras-chave: Jornalismo; Mediações; Identidade Cultural; Globo Rural.
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Research Project of Post Doctoral in Country
Title: Journalism and Cultural Identity: a study of the specials aired by the Globe Rural.
Responsible Research (Supervisor): PhD. Cremilda Celeste de Araújo Medina
Research: Maria Isabel Amphilo
Institution Headquarters: Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo –
ECA/USP
Abstract:
This research is about journalism mediation sand cultural identities at a contemporaneous
period, trying to identify at the narratives, the built dialogue, pointing the journalist as a
mediator of identities, considering the cultural diversity characteristics of Brazil. This study
starts from the concept of cultural identity of English cultural studies, mainly, Stuart Hall,
according to Gilberto Gimenez’ ideas show the importance of these studies to the journalistic
praxis. In this perspective, it will be considered Cremilda Medina’s research about “affects
dialogs” related to identity development context, a difference at journalism, besides the
important synchronization between the Journalist and the source of information or the
protagonist of the social action captured by journalism. The epistemic remark of the
investigation will be: why is the study about cultural identity important for journalism? How
do the mediation among local identities and the external ones happen? It will be used as an
approach case study that will permit us to investigate deeply the special selected narrative and
to investigate how the relations occur and how the “affects dialogs” happen. It is about an
empirical research, the data collects and interview with journalists, mediators authors of these
programs. As a corpus to be investigated, it will be selected the special ones about cultural
behavior transmitted at Globo Rural, at “Rede Globo of Television”, from 2011 to 2013.
Keyword: Journalism; Mediations; Cultural Identity; Globo Rural.
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Introdução e delimitação do tema
O Programa Globo Rural está inserido no telejornalismo diário, com um especial aos
domingos, direcionado ao homem do campo, mas que extrapola o espaço rural e conquista o
urbano, alcançando 7 (sete) pontos na audiência, sendo: 33% classe A/B, 53% classe C e 14%
classes D/E1. Ou seja, cerca de 86% da audiência do programa advém das classes A, B e C. A
pesquisa será delimitada aos anos 2011 e 2013, selecionando os especiais que tratam sobre a
cultura local e regional, em que as reportagens mostram manifestações folclóricas, bens
simbólicos e marcas das identidades regionais, que persistem nos sertões, na área rural e nos
lugares mais longínquos do país, que são desconhecidos do próprio brasileiro, preenchendo
um hiato de resgate das práticas rurais e da brasilidade na televisão brasileira.
O Globo Rural realiza, através dos especiais de cultura, um trabalho de resgate da
identidade cultural do país e mostra, por vezes, uma cultura de resistência que ainda persiste
no sertão e no interior do país. No especial sobre a Literatura de Cordel, por exemplo,
verifica-se que esta ainda é realizada de maneira artesanal no sertão, mas também mostra que
em São Paulo, maior cidade do país, funciona a maior gráfica de folhetos de cordel2, porém as
capas não são de xilogravuras artesanais, como no sertão, mas são impressas e coloridas. Os
poetas de cordel, hoje, têm à sua disposição as novas tecnologias e podem criar e publicar os
folhetos de novas formas, como a arte visual. Outro exemplo é a reportagem em que um
repentista está em Recife e outro respondendo ao desafio, no Rio de Janeiro, através do MSN,
numa peleja virtual. E ainda, do rapaz migrante do Recife, que veio morar o Rio de Janeiro e
continua fazendo poesia, mas falando da realidade vivida no novo contexto vivencial de
violência, comparando a poesia a uma arma. O migrante leva consigo seus costumes e sua
cultura. A equipe elabora a reportagem e a jornalista realiza a mediação apresentando os
novos comportamentos e expressões culturais, que foram se adequando ao contexto de
globalização e das novas tecnologias, sem perder a essência da brasilidade em seus conteúdos.
O programa mostra os contrastes entre o campo e a cidade; entre o rural e o urbano; e o
trânsito de culturas que se dá com os movimentos migratórios e que a cultura resiste ao tempo
e ao espaço. Através dos indivíduos que emigram, a cultura é preservada. E são essas formas
de preservação da cultura que o Globo Rural mostra, no ventre brasileiro, a nossa brasilidade.
O Programa apresenta um repórter diferente, um fazer jornalístico afeto ao contexto
identitário. No Programa dos Tropeiros, no sul de Minas, o repórter realiza todo o percurso
dos tropeiros, em cima de um cavalo, explicando todo o processo, passando por trechos
1 Direção de comercialização. Audiência e Participação. Disponível em:
http://comercial2.redeglobo.com.br/programacao/Pages/globo-rural.aspx?a=2#. Acesso em 12/10/2012. 2 Editora Luzeiro.
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perigosos, conhecidos pelos tropeiros, e realiza todo o trajeto até as pousadas, onde os
tropeiros entregam os queijos, goiabadas, doces de leite. Produtos diretos da fazenda para a
mesa do turista cultural, mostrando todo o processo, desde a fazenda até a entrega do produto
no perímetro urbano. Num país com dimensões continentais, cabe ao jornalista ser o sujeito-
mediador entre as identidades culturais que dividem o mesmo espaço geográfico da cidade,
por exemplo, como também, entre diferentes espaços, como: o rural e o urbano; entre a cidade
e a fazenda; entre o local e o regional; o nacional e o global.
1. Problema de Pesquisa:
A crise do paradigma da objetividade foi abordada nos debates interdisciplinares do
Projeto Plural e do Novo Pacto da Ciência (1990 à presente data), em que Newton Bernardes,
Walter Trinca e João Freyzer Pereira, entre outros, discutiram no primeiro Seminário
Transdisciplinar (ECA/USP, 1990) a cisão da relação sujeito-objeto e propuseram a relação
sujeito-sujeito, reconhecida na epistemologia, mas que na gramática jornalística e em outras
áreas do conhecimento, ainda se defende o objeto controlável por técnicas de captação da
informação. No entanto, Cremilda Medina nos chama a atenção aos entraves que impedem a
relação sujeito-sujeito, essencial para identificar as forças atuantes nesse processo para que,
finalmente, se estruture a narrativa da contemporaneidade sob a égide da dialogia (MEDINA,
2006).
O jornalista “como mediador-produtor de sentidos, numa concepção contemporânea, é
um sujeito em relação com os sujeitos-fontes de informação e os sujeitos fruidores de
informação”. (MEDINA, 1996: 196). O diferencial nesse sentido é a pré-disposição para se
estabelecer uma relação de afeto ao sujeito. “O ato de relação entre sujeitos do presente exige
uma disponibilidade para a sintonia cultural” (MEDINA, 1996: 196). É na relação EU-TU
(BUBER, 1977) que se instala a importância do dialogismo (BAKHTIN, 1999; BRAIT, 1997)
e, também, faz emergir a troca identitária. (MEDINA, 2008, p. 197). Assim, no processo de
interação, a entrevista constitui como postula Medina (1986: 8),
(...), um meio cujo fim é o inter-relacionamento humano. Para além da troca de
experiências, informações, juízos de valor, há uma ambição ousada que filósofos como
Martin Buber já dimensionaram: o diálogo que atinge a interação humana criadora, ou seja,
ambos os partícipes do jogo da entrevista interagem, se modificam, se revelam, crescem no
conhecimento do mundo e deles próprios.
É através do dialogismo que os seres humanos interagem, intercambiam informações,
experiências e, principalmente, conhecimento. As relações são tecidas permitindo o
crescimento e desenvolvimento do indivíduo como pessoa e proporcionando a superação dos
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desafios da sobrevivência. Através da cultura é possível promover o diálogo na sociedade de
problemáticas sociais, pois ela perpassa as classes sociais e os desníveis internos de cultura
(CIRESE, 1979).
O problema prático, conforme Jorge González (2007) é “una situación experimentada
en el mundo que sea relevante y significativa que no queremos que siga sucediendo y cuyos
costos materiales consideramos negativos”. O jornalismo possui uma natureza cultural
interdisciplinar, pois emerge da realidade vivencial em múltiplos contextos. O problema de
que se ocupa esta pesquisa é a importância do estudo das identidades culturais na
contemporaneidade, na formação e na preparação do profissional de jornalismo, visando um
processo de mediação mais eficiente e de um jornalismo mais humanizado.
Como justificativa, entendemos que o jornalismo tem o poder da mediação na
diversidade cultural, através dos meios de comunicação social. Nesse sentido, focaremos na
relação dialógica, de sintonia entre o jornalista e os agentes populares, em que algumas vezes
se podem detectar casos de subversão autoral, em que o profissional pode estar tão afeto ao
contexto, que se apropria dos bens simbólicos e recria conteúdos, e não somente reproduz
informações. O profissional estabelece uma relação de diálogo e está afeto àquela identidade
do Outro, na relação sujeito-sujeito. O caso inverso também pode ser percebido, quando o
profissional torna-se “desafeto” à sua cultura de origem e absorve, por modismo, valores
estrangeiros.
Outro aspecto a ser estudado é que a diversidade cultural brasileira e a pluralidade de
suas manifestações e produções de bens simbólicos podem ser incompatíveis com o que é
exposto nos meios de comunicação de massa (MORAES, 2008: online). E quando as práticas
culturais e folclóricas são expostas nas denominadas editorias de cultura, questiona-se a falta
de profundidade em termos de conhecimento do significado das representações simbólicas. Aí
torna-se oportuna a reflexão profunda e a realização da “mediação cultural” realizada pelo
jornalista, enquanto sujeito-produtor de sentidos, e não apenas um reprodutor de informações
esquemáticas, ou versões desenraizadas. Assim, entendemos que o jornalista não é somente
um mediador social e cultural, mas também um mediador-autor de narrativas identitárias.
A contribuição para o Jornalismo que se pretende é pesquisar, descrever, analisar e
explicar as mediações entre o jornalismo e a construção da identidade cultural na
contemporaneidade, buscando identificar nas narrativas que produzem a dialogicidade
construída entre o jornalista e a cultura, ou “as culturas”, as “identidades”, em tempos de
internacionalização de bens simbólicos, em que a busca por uma identidade se tornou
essencial para o indivíduo.
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É importante salientar que “a dialogia interdisciplinar e as descobertas transdisciplinares
são, portanto, as essências do aprendizado dos que atuam nos meios de comunicação”
(MEDINA, 2008: 10). O preparo do profissional de jornalismo, que deve ser interdisciplinar,
contando com conceitos advindos da antropologia cultural e da sociologia da cultura, visando
um melhor preparo ao realizar o fazer jornalístico, no âmbito cultural, ao noticiar, opinar e
interpretar eventos culturais, ou na realização de crítica jornalística.
Conforme Jorge González (2007: 66), o problema prático motiva uma pergunta de
investigação, que define um problema de conhecimento, que por sua vez, encontra uma
resposta de pesquisa e ajuda a resolver o problema prático proposto para a investigação.
Assim, as perguntas de investigação são: O Programa Globo Rural consegue dar conta desse
hiato que há no jornalismo brasileiro entre o campo e a cidade? Entre o urbano e o rural?
Entre o local e o global? Na contemporaneidade, qual é o papel do jornalismo na construção
da identidade nacional? Quais as transformações necessárias ao jornalismo para dar conta de
uma realidade que auxilie na organização da cultura brasileira, ou melhor, “das culturas
brasileiras”, considerando a nossa diversidade?
Temos como hipótese que a dialogicidade entre o jornalista-autor e as narrativas
artísticas e culturais nas regiões brasileiras talvez não tenham tanto reflexo nas editorias
chamadas de cultura, quanto poderiam ter, promovendo a integração nacional e a valorização
das culturas locais e regionais, não as considerando fragmentadas do restante do país, ao
contrário, integrando-as às outras culturas como partes de um todo nacional, unificadas pela
língua e outras características que formam o sentimento de brasilidade.
Sob o signo da relação dialógica é possível construir os elos sociais, resgatar a memória,
fortalecer o sentimento de pertença, construindo a aproximação através do diálogo dos afetos
ao contexto identitário. Assim, entendemos que em determinados momentos e contextos, a
cultura detém o soft power3, como poder aglutinador de um povo, através do fator da
identidade cultural.
Esta pesquisa buscará responder se a veiculação do Programa, de alcance nacional e
internacional, através da Globo Internacional e da internet, contribui para a diminuição deste
hiato entre a cidade e o campo e quais são seus impactos. Aferiremos, também, se os especiais
3 Os conceitos de soft power e high power foram elaborados recentemente pelo cientista político Joseph Nye Jr,
para tratar da projeção norte-americana no mundo globalizado, em se tratando do desgaste da imagem dos
Estados Unidos frente a comunidade mundial, devido ao seu insucesso com as Guerras do Iraque e perseguição a
terroristas islâmicos. Para nós é interessante o conceito de soft power, que reflete o poder persuasivo da cultura, em relação a imposição de políticas econômicas e possíveis inovações e relações estabelecidas com países de
cultura muito diversa da cultura local, em que o poder brando tem grande poder diplomático e de persuasão nas
negociações.
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de cultura constituem-se efetivamente como um diferencial relevante na disputa pela
audiência. E, finalmente, como se estabelece o dialogismo entre o campo e a cidade; entre o
local e o nacional; através do fator da identidade cultural e do conhecimento de traços da
nossa brasilidade.
Na verdade, sabemos que há uma zona tensionada entre o campo cultural, o campo
político-econômico e o campo jornalístico, que articula as narrativas dos outros dois.
Contudo, a narrativa jornalística é construída através de diversos critérios e sofre
constrangimentos de todas as naturezas (FRANCISCATO, 2003). Assim, a construção de
uma narrativa jornalística, a partir de uma narrativa cultural se faz em cima das bases da
primeira, mas deverá respeitar a segunda a partir de um processo de identificação e
assimilação de valores. No entanto, ambas estão relacionadas às demandas do campo
econômico, o que dificulta o fazer jornalístico em diversas instâncias, não é um fazer simples.
A atualidade do tema das identidades culturais assume a centralidade das pesquisas
das ciências sociais na contemporaneidade, devido aos impactos do fenômeno da
globalização. Por sua vez, a globalização reforçou a busca pelas identidades e, também, pela
mediação dessas identidades, que se tornou tarefa jornalística. Os cidadãos do mundo
globalizado, no exercício da profissão, precisam estar preparados para o contato com outras
culturas. O profissional precisa estar preparado para o fazer jornalístico em diferentes
contextos identitários e, principalmente, saber dos conflitos entre as identidades existentes,
seja no contexto local, regional, nacional, ou global.
Rede de conceitos
Esta pesquisa é de natureza interdisciplinar gravitando entre as ciências sociais
aplicadas e as ciências da cultura, como a Antropologia e a Sociologia. Conforme Gilberto
Gimenez (online: 1), intelectual argentino radicado no México, do Instituto de Investigaciones
Sociales (UNAM), a noção de identidade é de manejo delicado e politicamente perigoso. O
primeiro, devido a sua banalização e o senso comum, que tende a vê-la como uma entidade
homogênea, cristalizada e substancial. E, por outro lado, perigosa, por integrar mitos
políticos, como os nacionalismos, etno-nacionalismos e racismos. Porém, é preciso
compreendê-la em todas as suas amplitudes e problemas consequentes, para que possamos
averiguar a sua importância para a práxis jornalística. Gilberto Gimenez (online) define
identidade como:
(…) el conjunto de repertorios culturales interiorizados (representaciones, valores,
símbolos...) a través de los cuales los actores sociales (individuales o colectivos) demarcan
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simbólicamente sus fronteras y se distinguen de los demás actores en una situación
determinada, todo ello en contextos históricamente específicos y socialmente estructurados.
Na verdade, quando o conceito de comunidade entra em colapso, a identidade é
construída (BAUMAN, 2003:20). É a busca por segurança, num contexto de globalização,
que faz o ser humano buscar uma “identidade”, para sentir-se conectado ao grupo, à
sociedade, enfim, ao mundo. A globalização permite a liberdade e o ser humano flutuar num
espaço não definido, o que ele chama de “não-lugar”, que gera uma situação de ansiedade.
Dessa maneira, segundo Bauman (2001), estar conectado a um grupo, ser identificado,
rotulado e engarrafado, de maneira inflexível, assumindo determinada identidade, é algo
incompatível com a “modernidade líquida”.
A valorização do local, porém, deve-se à necessidade da formação da identidade
nacional, que é necessária para formar vínculos e relações de pertença entre os grupos e os
cidadãos de uma sociedade. A cultura tem um poder aglutinador na sociedade, ao mesmo
tempo em que distingue os grupos (BOURDIEU, 2007), formando os desníveis internos de
cultura, abordados por Cirese (1979) e González (1984). García Canclini após abordar várias
interpretações possíveis do termo cultura a define como:
Cultura a la producción de fenómenos que contribuyen, mediante la representación o
reelaboración simbólica de las estructuras materiales, a comprender, reproducir o
transformar el sistema social, es decir, todas las prácticas e instituciones dedicadas a la
administración, renovación e restructuración del sentido. (CANCLINI, 2007:71).
Assim, a proposta de Canclini é que o termo cultura não deve ser empregado somente
ao campo das crenças e valores e ideias, excluindo a tecnologia, a economia e as condutas
empiricamente observáveis. Canclini considera que não há produção de sentido que não esteja
inserida nas estruturas materiais, para ele os processos ideais de representação simbólica estão
relacionados às estruturas materiais. Dessa maneira, para o autor, “no hay producción de
sentido que no esté inserta en estructuras materiales” (CANCLINI, 2007:71). Para Canclini,
“o campo de produção simbólica é um microcosmo da luta simbólica entre classes”
(1995:12). Para Bourdieu (1989:13) as produções simbólicas são instrumentos de dominação.
Como também, há os espaços simbolicamente ocupados (BOURDIEU, 1989) em que há uma
constante luta pelo poder hegemônico, a partir de uma interação conflituosa, a que Jorge
González (1984) chama de “frentes culturais”. As ideologias servem a interesses particulares
que a apresentar como interesses universais, comuns ao conjunto do grupo, formando o poder
hegemônico. Dessa maneira, a cultura dominante contribui para a integração da classe
dominante, distinguindo-a das outras classes, promovendo uma integração apenas fictícia da
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sociedade no seu conjunto, pois os territórios estão demarcados através das distinções; são
espaços simbolicamente ocupados.
Ainda segundo Canclini, o conceito de cultura está relacionado ao conceito de
ideologia, utilizando-a para relacionar os processos culturais com as condições sociais de
produção. Dessa maneira, a cultura não somente representa uma sociedade, mas dentro das
necessidades de produção de sentido, a função de reelaborar as estruturas sociais e imaginar
novas. Além de representar as relações de produção, a cultura contribui para reproduzi-las,
transformá-las e criar outras. (CANCLINI, 2007:72). Então, a partir disso entendemos que a
cultura, para Canclini, está relacionada ao processo social de produção simbólica e,
consequentemente, suas práticas de consumo de bens simbólicos, que no contexto social é
polissêmico. Assim, a prática de consumo de bens simbólicos pode revelar não somente o
gosto cultural, mas sua posição ideológica na sociedade.
É interessante adotarmos uma concepção de ideologia pelo viés gramsciano. Jorge
González afirma que Gramsci opera uma ruptura com as concepções limitadas e
economicistas da ideologia. “Para él una ideología en el sentido más amplio significa “una
concepción del mundo que se manifiesta implícitamente en el arte, en el derecho, en la
actividad económica, en todas las actividades de vida individuales y colectivas” (GRAMSCI
apud GONZÁLEZ, 1994:25). Dessa maneira, percebemos que, para Gramsci, e Jorge
González, que segue sua linha, a ideologia emerge de uma realidade vivida, de um modo de
ser e ver o mundo e é expressa de várias formas em uma comunidade ou grupo. A expressão
da ideologia de uma comunidade pode ser percebida nas expressões coletivas, como as festas,
os rituais religiosos e as expressões individuais, como produções simbólicas, muitas vezes
para a expressão da religiosidade. Assim, a identidade cultural é construída e, também,
expressa sua ideologia, habitus e modus vivendi (BOURDIEU, 1989) e ethos (GEERTZ,
2008) nas práticas culturais e artísticas.
Martín-Barbero enfatiza que na redefinição contemporânea da cultura é fundamental a
“compreensão de sua natureza comunicativa”. Ou seja, o seu caráter de produtor de
significados e não somente de uma ferramenta de difusão de informações, em que o receptor
não é somente um decodificador das mensagens emitidas pelo emissor, mas um produtor de
sentidos (MARTIN-BARBERO, 1997: 287). O jornalista participa, então, dos processos de
mediação da informação e de mediação cultural. A partir dos traços do intelectual orgânico de
Gramsci, Martín-Barbero esboça o papel do mediador cultural, apontando-o como aquele que
consegue abolir as barreiras e as “exclusões sociais simbólicas no deslocamento do horizonte
informativo das obras para as experiências e as práticas e na desterritorialidade das múltiplas
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possibilidades da produção cultural” (MARTÍN-BARBERO, 1993:34). Martín-Barbero
assume uma postura crítica em relação à maneira em que se faz a difusão da arte e as políticas
de acesso aos bens simbólicos, que não dão conta da realidade latino-americana. A cultura
tem um poder aglutinador, através da construção da identidade cultural. Consideramos aqui a
tese de Bourdieu (2007:453), quando afirma que a cultura ao mesmo tempo em que tem um
poder unificador de uma nação, também a separa a partir das suas distinções. Dentro da
cultura brasileira temos várias sub-culturas, não no sentido de culturas menores, mas no
sentido de espaços simbolicamente ocupados e distintos uns dos outros. Assim, existe uma
grande demanda social que consome bens simbólicos das indústrias culturais brasileiras, ou
internacionais, independente de classe social, mas que de alguma maneira estão vinculados ao
sentimento de pertença, à necessidade do ser humano de pertencer a um grupo, seja ele
familiar, artístico, ou científico; a cultura, porém, consegue romper os desníveis internos de
cultura (CIRESE, 1979) e alcançar todas as classes sociais.
Os bens simbólicos possuem, na verdade, o poder de (re)situar o sujeito no mundo,
através da memória, do sentimento de pertença, que estão vinculados às expressões culturais
identitárias. (SILVEIRA, LIMA FILHO, 2005: 39). Neste sentido, o resgate da memória
fortalece os vínculos com as origens sociais do sujeito, daí a importância do telejornal Globo
Rural em proporcionar, através da TV aberta e da Globo Internacional, o acesso a mais
rudimentar expressão da local e regional da cultura brasileira, que é muito forte no migrante e
imigrante. As situações vividas no contexto vivencial trazem emoções e afetos singulares.
A identidade cultural proporciona ao sujeito migrante, por exemplo, a conexão com as
raízes, de quem ele é, como “ser-aí”, e nas suas relações, como “ser-no-mundo”. “Homens e
mulheres procuram por grupos a que possam pertencer, com certeza e pra sempre, num
mundo em que tudo se move e se desloca, em que nada é certo”. (HOBSBAWM, 1996:40).
Esse sentimento se intensifica em épocas de festividades religiosas e culturais do seu lugar de
pertença e faz com que o sujeito procure por conterrâneos, afetos ao mesmo contexto
identitário para dialogar sobre a importância de determinadas manifestações na vida do sujeito
e da comunidade.
A identidade nacional para Bauman (2005) se fazia necessária para estabelecer
fronteiras e limites de “quem somos nós”. O limite entre o “ser” e o “não-ser”; quem somos, e
quem não somos. Na verdade, é o “não” que distingue. Como afirma Buber (1977), em Eu-
Tu, é na relação com o outro que sabemos quem somos, nossos limites, nossa identidade
pessoal. A identidade nacional não reconhece competidores e opositores, pois é construída
11
pelo Estado e conquista a fidelidade dos cidadãos. “A identidade nacional objetivava o direito
monopolista de traçar a fronteira entre ‘nós’ e ‘eles” (BAUMAN, 2005:28).
Queremos mostrar com isso, que essas reportagens do Programa Globo Rural, sobre o
tema dos comportamentos culturais e arte, além de proporcionarem o resgate da identidade
cultural de determinadas regiões, tornam conhecidos certos lugares longínquos do Brasil, que
é um país de dimensões continentais, incentivam o turismo e o consumo de bens culturais,
que são singulares e não se pode encontrar igual em nenhuma outra parte do país, como por
exemplo, as manifestações folclóricas e as culinárias regionais. Assim, a partir dessa
constatação, percebe-se que a identidade é relacional (IGNATIEFF apud HALL, 2003: 04). É
através da construção da reportagem e da relação estabelecida entre o repórter e o agente
local, que se consegue novamente esse vínculo mediado com a cultura local.
As relações dialógicas são importantes para resgatar a memória dessas manifestações
culturais e fortalecer os vínculos com o grupo. O valor de um bem simbólico não está
somente em seu aspecto econômico, mas principalmente em seu aspecto simbólico, social,
político e de identidade de uma determinada sociedade. A riqueza da memória, do seu lugar
de pertença, da sua relação de afeto com a comunidade de origem, que revela e reflete sua
identidade.
Sob o signo da relação dialógica
A reportagem, por sua vez, pode acontecer sob o signo da relação dialógica. A relação
de afeto, na verdade, começa com uma posição respeitosa em relação ao outro sujeito, como
um poeta popular, com a construção da aproximação do sujeito-jornalista com o sujeito-poeta
popular, ou agente cultural. “A identidade é sempre de natureza dialógica e relacional”.
(GIMENEZ, online: 124-125, tradução nossa).
Habermas (BERTHIER, 2006), em referência às praticas dialógicas, aponta-nos quatro
requisitos ideais do discurso4, que são fundamentais para o ato comunicativo e que,
entendemos, como também, para a comunicação cultural e contextual. Para Habermas (1987:
286), “as ações dos agentes implicados nela (na ação comunicativa) não se coordenam
mediante cálculos egocêntricos do êxito, mas mediante atos para alcançar a compreensão”.
Para ele, os participantes da ação comunicativa se movimentam em direção ao êxito, através
4“a) Todos los participantes tienen las mismas oportunidades de expresarse. b) Todos podrán libremente
cuestionar y reflexionar sobre las pretensiones de validez de lo que se dice y propone. c) Todos tendrán las mismas oportunidades de producir actos de habla representativos de sus sentimientos, actitudes y deseos. d)
Todos podrán ejecutar actos de habla regulativos: mandar, oponer, permitir, prohibir, prometer, conceder y
exigir”.
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de metas individuais, porém com a capacidade de harmonizar seus planos de ação, o que
buscaremos identificar nas reportagens.
O jornalista, enquanto mediador-autor, que reconstrói os conteúdos culturais, elabora as
narrativas da contemporaneidade, através das reportagens, utilizando todos os recursos
disponíveis para uma comunicação eficiente. “Para fazer circular as narrativas da
contemporaneidade precisamos sim, de máquinas complexas e velozes, mas, mais ainda, de
inteligências autorais que refundem um cosmo, interpretando o caos da realidade” (MEDINA,
2008:99). Para Medina, as percepções não verbais são essenciais para a formação das
narrativas da contemporaneidade.
Uma definição simples de narrativa é aquela que a compreende como uma das respostas
humanas diante do caos. Dotado da capacidade de produzir sentidos, ao narrar o mundo, o
sapiens organiza o caos em um cosmos. O que se diz da realidade constitui uma outra
realidade, a simbólica. Sem essa produção cultural – a narrativa – o humano ser não se
expressa, não se afirma perante a desorganização e as inviabilidades da vida. Mais do que
talento de alguns, narrar é uma necessidade vital. (MEDINA, 2006: 67)
Cabe ao jornalista estabelecer a mediação entre as culturas e as sociedades (no plural)
tornando possível o diálogo e propondo uma relação mais humana entre o jornalista e a
sociedade. Dessa maneira, compreende-se que “só quando se está afeto a ocorre o ato
comunicativo, o ato poético ou o ato comunicacional que, por sua vez, se traduz na sala de
aula, na obra de arte ou nas narrativas da contemporaneidade” (MEDINA, 2008). Assim, é
através do viés autoral da mediação que se tem a possibilidade de atribuir sentido à realidade.
As relações entre as identidades no contexto de globalização
A partir do processo de internacionalização da cultura, que cada vez mais se intensifica,
percebemos um outro fenômeno contrário, identificado não somente no Brasil, mas também
em outros países, em que ao invés de acontecer a padronização cultural, devido ao processo
de globalização, está acontecendo o processo inverso, de valorização da cultura local, regional
e nacional; percebe-se uma busca pela identidade local. Nessa perspectiva, elaboramos um
trabalho sobre os meios de comunicação e o desenvolvimento regional, intitulado: O Círio de
Nazaré: a mídia em prol do desenvolvimento regional5.
Na verdade, o fenômeno da mundialização da cultura, ao contrário do que se pensava,
reforça o local e a modernidade reforça a tradição. “A globalização faz com que a Nação seja
extremamente importante e não o contrário”, afirma Rubem George Oliven (1992). Assim,
5 Trabalho apresentado nos congressos IBERCOM/2006 e UNESCOM/Regiocom UNESCOM, 2006. Disponível
em: http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/9/96/GT6-_REGIOCOM-_07-_Cirio_de_Nazare-
_Isabel.pdf.
13
entendemos que os meios de comunicação social e a pluralidade de funções dos novos
aparelhos tecnológicos desempenham um papel muito importante na sociedade do
conhecimento, em que a informação e a rapidez com que ela se difunde, proporcionando
visibilidade à cultura, acreditamos ser o motor das mudanças econômicas, sociais e culturais
da nossa sociedade.
Conforme Giddens (apud Gimenez, p. 3, online) o que nos une globalmente é um
sentimento comum de risco diante a possibilidade e a probabilidade de catástrofes ecológicas.
Acontecimentos que nos fazem emergir o sentimento de que pertencemos a uma “comunidade
global”. Não existem “outros”, mas “nós”. Os riscos de explosões de bombas nucleares ou
tsunamis podem atingir qualquer país, ou seja, todos os habitantes do planeta, independente
de condição social, raça ou religião. Os conflitos vividos recentemente entre as Coreias do
Norte e do Sul podem atingir toda a comunidade global, em que presenciamos uma ameaça de
uma eminente guerra nuclear. Gimenez afirma que “tanto para Giddens como para Beek nossa
consciência de mundo seria, antes de qualquer coisa, a consciência de uma “comunidade
global de risco”, na qual todos embarcaram”. Porém, a consciência desses riscos de
catástrofes é insuficiente para a formação de um “nós”, de uma comunidade global. Gimenez
afirma que para a formação de um sentimento de pertença se requer uma “comunalidad” forte
e positiva, que advém do campo simbólico-cultural.
Nesse sentido, os meios de comunicação social, como um aparelho ideológico do
Estado, poderiam auxiliar nesse processo de formação de uma identidade global, através da
transmissão ao vivo de determinados eventos e acontecimentos, com conteúdo moral de
alcance universal, com o objetivo de “construir coletividades”, não somente através do
consumo de bens simbólicos, mas com o sentimento de um “passado compartilhado”
(MORLEY apud GIMENEZ, p. 4, online). Assim, supunha-se que na recepção “o discurso
dos media é interpretado do mesmo modo no mundo inteiro”. Dessa maneira, os meios de
comunicação de massa poderiam contribuir para a formação de “identidades globalizadas”.
Estudos empíricos, porém, têm comprovado o contrário, que “os processos de produção e de
circulação de mensagens são, efetivamente, globais, mas sua apropriação adquire sempre um
sentido localmente contextualizado” (GIMENEZ, p. 5, online). Portanto, é preciso que o
profissional de jornalismo esteja preparado para atuar em diferentes contextos sócio-culturais,
num mundo cada vez mais globalizado e contemporâneo.
O jornalista como mediador-autor
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O jornalista é um mediador-produtor de sentidos (MEDINA, 1996:196). Ele capta a
realidade, a partir do momento em que é um profissional que tem a função social de ser um
mediador entre os sujeitos sociais e a realidade cultural exposta, e os representa na notícia, na
reportagem ou em qualquer outra peça jornalística.
A dicotomia entre o saber e o fazer devem caminhar paralelamente em prol de uma
formação mais consistente do jornalista, como um leitor cultural da sociedade. “Um
jornalista, um comunicador ou mediador social da informação de atualidade, ou daquilo que
chamo de narrativas da contemporaneidade, não é um mero decifrador (...) ele é um mediador
social” (MEDINA, 2008: 17). Para Cremilda Medina (1996, online), o jornalista peca ao
considerar cultura apenas como uma produção artística ou científica. A questão apontada por
Medina, na verdade, está na formação jornalística, que lhe oferece uma visão fragmentada e
reducionista da cultura, não considerando a capacidade de “produção de significados” e não
somente de “reprodução” por parte do profissional. Para a autora, a informação humanizada
poderia atender a uma demanda complexa de receptores.
Cremilda Medina (1990) afirma que a problemática pode ser entendida a partir de dois
eixos: a superficialidade do conteúdo e o critério de noticiabilidade utilizado pelo jornalista. O
Jornalismo tem a função social de reforçar a identidade cultural promovendo, divulgando e
interpretando as práticas culturais e folclóricas. Esse trabalho é realizado através da notícia, da
reportagem, da crítica, proporcionando a reflexão sobre os fatos sociais. A identidade cultural,
nesse sentido, auxilia nesse processo, pois ela é relacional, através de um marco simbólico e
fortalece os vínculos relacionais. Para Cremilda Medina, o jornalista, enquanto mediador-
autor da sociedade, que está integrado à identidade cultural e “afeto ao seu povo”, está mais
capacitado para realizar os processos de mediação. Isso por que o processo de “humanização
do jornalismo” torna o profissional mais sensível aos acontecimentos sociais e mais afeto ao
povo.
Nesse sentido, os especiais de cultura apresentados no Programa Globo Rural
estabelecem e reforçam os vínculos do sujeito, que saiu do contexto rural e veio viver na
cidade, no contexto urbano, para estudar e trabalhar, e acabou formando família e não
retornou mais. O programa proporciona também ao sujeito que migrou de uma região a outra,
ver como está hoje a sua cidade, através do recurso da imagem na reportagem, e como
sobrevivem certas manifestações folclóricas e práticas culturais. Além de trazer a culinária
específica da área rural e sertaneja, que os seus sujeitos migratórios já não comem há muito
tempo e recordam com saudade da família e do “seu lugar”, estimulando o turismo cultural,
como no especial sobre os Tropeiros. A reportagem conta a sua história dos tropeiros, as
15
comidas que surgiram com eles e mostram que ainda existem tropeiros no sul de Minas, que
levam os produtos da área rural para as pousadas que recebem turistas, como: a goiabada
cascão, o queijo, o doce de leite, produtos totalmente artesanais, do rural para o urbano.
A própria TV Regional, conforme Moragas Spa (1995:5) é de “uma forma de televisão
especializada em notícias locais e em folclore, e mais, a ideia de regional tem sido usualmente
conectada ao contexto de interesse local e descentralização da administração natural”. Os
veículos de comunicação regionais auxiliam nesse processo da difusão à comunicação das
notícias locais, de maneira a valorizar a identidade regional, estimular o diálogo das regiões,
incentivar a participação popular nas festas e atividades locais e regionais e, ainda, reforçar o
investimento no que o local tem de melhor, lançando mão da publicidade e da propaganda
para fazer saber os acontecimentos regionais e aquecer a economia, através do turismo e do
retorno do migrante para casa na época dos festejos (AMPHILO, 2006). Na verdade, a
identidade marca o encontro do passado com o futuro, além de permear as relações sociais e
culturais, tornando-se, dessa maneira, a linha que costura as relações no cotidiano da vida
humana, em seus contextos identitários. (RUTHERFORD apud HALL: 19).
Com isso, os sistemas simbólicos nos ajudam a dar sentido às experiências cotidianas. A
festa popular religiosa, por sua vez além de marcar este encontro do passado com as nossas
relações sociais, faz parte da construção da identidade cultural. Além de todo o movimento
turístico, gastronômico, há o comércio, formal e informal, acentuado de bens simbólicos. O
consumo cultural de bens simbólicos (BOURDIEU, 1989, 2007) movimenta a chamada
indústria da criatividade e alavanca o desenvolvimento. Nessa perspectiva, Canclini afirma
que: “en realidad, economía y cultura marchan imbricadas una en la otra” (2007: 73).
Num mundo cada vez mais sem fronteiras, a valorização do local e regional tem se
expandido devido a vários fatores, dentre eles, a dispersão de cidadãos espalhados pelo
mundo, porém não se esquecem da sua terra natal, sua cultura, sua culinária, sua tradições
religiosas, seu idioma, enfim, sua identidade. A cobertura jornalística realizada pelos meios de
comunicação social das práticas culturais e folclóricas necessita de maior profundidade, em
termos de conhecimento das representações simbólicas e seu caráter comunicativo, para a
análise e interpretação a ser transmitida através do jornalista, enquanto mediador cultural, ao
receptor.
O contrafluxo de informações tem sido outro fator que tem beneficiado o
desenvolvimento local e regional. A partir da publicação das festas, que são realizadas
antecipadamente, há um movimento de incentivo ao Turismo. A cidade precisa se preparar
para receber seus visitantes que trarão suas contribuições econômicas e comerciais à
16
comunidade local e regional. Por outro lado, quem não pode visitar a cidade, tem a
oportunidade de acompanhar os eventos regionais através dos meios de comunicação social
que aumentam a audiência via TV regional (MORAGAS, 1995).
Porém, o jornalismo procurou servir e munir de significados à elite e a burguesia, que
ascendia socialmente, porém sem conhecimento. O trabalho do jornalista que cobria “bens
simbólicos” foi extremamente importante não somente para difundir a produção simbólica,
mas, também, para realizar a mediação entre os diversos grupos existentes na sociedade.
Assim, o capital cultural esteve, por muitos séculos, dependente do capital econômico das
elites, do clero e da burguesia. A arte local e regional começou a ser valorizada e a aparecer
na imprensa há poucos anos e ainda com a resistência de muitos, que querem manter as
fronteiras de acessibilidade bem marcadas.
Cremilda Medina (1996: 204) acredita que os jornalistas ainda possuem certo
“desprazer, um certo ar de desprezo” na cobertura jornalística e reportagem da cultura local e
regional, visto que com o processo de globalização, a sociedade está constantemente voltada
para a economia, política e o que acontece nos países desenvolvidos. Acreditamos, porém,
que com as mudanças na formação jornalística e o trabalho das ONG’s na “valorização das
identidades”, o jornalismo contemporâneo está mais “afeto ao seu contexto identitário”.
Néstor Canclini (2006:151, tradução nossa) afirma que “se queremos que as práticas
simbólicas se tornem em ações transformadoras, como dissemos ao nos referirmos ao
Coletivo de Arte Sociológica, não basta sociologizar a arte; é preciso socializá-la”. E essa é a
função social do jornalista: ser um mediador entre as práticas simbólicas e a sociedade. Dessa
maneira, “Para que as críticas dos artistas sejam algo mais que um murmúrio entre eles,
necessitam encontrar um espaço nos movimentos populares e representar a quem lutam por
abolir as estruturas que oprimem não só aos artistas, mas a todos os trabalhadores”. Canclini
acredita que “uma nova arte, uma nova cultura surgirão na medida em que as práticas
simbólicas (dos artistas, os intelectuais, os cientistas) encontram na ação transformadora das
massas, vias para aprofundar-se e repercutir sobre a sociedade inteira”. (CANCLINI, 2006:
151)
Conforme Baudrillard (1993:206), “o consumo é um modo ativo de relação (não apenas
com os objetos, mas com a coletividade e com o mundo), um modo de atividade sistemática e
de resposta global no qual se funda nosso sistema cultural”. O consumo de bens simbólicos é
visto por Baudrillard como uma prática idealista, que transcende a relação sujeito-objeto e
alcança, na verdade, a relação entre sujeito e a coletividade.
17
2) Resultados esperados:
A proposta é participar nos congressos com artigos produzidos no decorrer da pesquisa,
com o objetivo de apresentar os resultados parciais. A avaliação da produção decorrente será
realizada pelas comissões de revistas científicas, em que os artigos serão publicados. Ao final
da pesquisa teremos publicados vários artigos, além da proposta de publicação de um livro
sobre “Jornalismo e identidade cultural”.
3) Desafios científicos e tecnológicos e os meios e métodos para superá-los:
Entendemos que os desafios estão na dimensão do ensino de jornalismo, da inserção da
disciplina Jornalismo e Identidade Cultural, que possa abordar conceitos importantes na
práxis jornalística, no fazer jornalístico. Ao estudar a construção da identidade cultural e a
importância de se estar afeto ao contexto identitário, relacionado à prática jornalística, o
profissional estará mais preparado para compreender os processos culturais e, dessa maneira,
realizar a mediação entre os agentes culturais e a sociedade, abordando conflitos e problemas
sociais. Estabelecer o diálogo entre o urbano e o rural; entre o nacional e o global; entre as
culturas nacionais e internacionais, em tempos de globalização; tudo isso é um desafio ao
jornalista contemporâneo, que necessita, além do conhecimento jornalístico, conhecer qual o
significado, qual a importância dos bens simbólicos para o contexto de emissão e a re-
elaboração desses conteúdos para o contexto de recepção. E vamos além, na importância da
reportagem sintonizada com a identidade cultural, a necessidade do profissional de maneira
crítica tornar-se um mediador-autor, recriando conteúdos simbólicos.
Esta pesquisa é parte de um processo de investigação que vem desde o Mestrado6, com
o Prof. Dr. Joseph Maria Luyten7, quando abordamos a projeção da cultura regional nos
veículos de comunicação social, em que através dos processos de transcodificação midiática e
de adequação das linguagens, além do fator determinante da identidade cultural, foi possível
alcançar 40 pontos no Ibope no quarto dia de exibição da minissérie na TV Globo8. O Auto da
Compadecida, de Ariano Suassuna, foi considerado um fenômeno de audiência, com sua
repercussão inesperada não somente na televisão, como também no cinema, atingindo cerca
de um milhão de espectadores, passando a fazer parte de um grupo seleto de filmes
brasileiros. No Doutorado, aceitamos o desafio proposto pelo Prof. Dr. José Marques de
6 AMPHILO, Maria Isabel. Ao Auto da Compadecida. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São
Paulo, 2003. Banca: Joseph Maria Luyten (Orientador), José Marques de Melo (Cátedra Unesco) e Dulcília
Buitoni (USP). 7 Joseph Maria Luyten realizou seu doutorado na ECA/USP defendendo sua tese sobre “A notícia na literatura de
cordel”, orientado por Egon Schaden, em 1984. 8 Fonte: Media do Ibope, conforme o Jornal O Estado de São Paulo, 10 de fev.de 2001.
18
Melo, que é Catedrático da Unesco e Presidente de Honra da Intercom, a estudarmos os
fundamentos da Folkcomunicação9, suas matrizes teóricas e metodológicas, além da análise
de 10 anos da projeção das pesquisas nos congressos Folkcom, Intercom e Alaic. Investigação
considerada inovadora pela Fapesp, conforme relatório enviado ao orientador e compartilhado
conosco. Neste contexto, o Dr. Marques de Melo nos propôs um período de doutorado
sanduiche com o Prof. Dr. Jorge Alejandro González, na Universidad Nacional Autónoma de
Mexico (UNAM), realizado no período de 09/2008 a 03/2009, em que tivemos a oportunidade
de participar de Seminários de Pesquisa com Rolando Garcia, Jorge González e Gilberto
Gimenez, além de participação em Congressos. A partir da experiência no México com
pesquisadores de renome nas áreas de Sociologia e Cultura percebemos uma brecha nos
estudos jornalísticos que merecia uma atenção maior, que propomos nesta investigação.
Pudemos verificar que, na verdade, em grande parte das pesquisas há uma ênfase em relação à
identidade e diversidade cultural brasileira, porém, é necessário fazer uma aproximação mais
aprofundada entre o Jornalismo e a questão da Identidade Cultural.
A construção da metodologia partirá da pesquisa bibliográfica e documental, técnica de
coleta de dados, que permitirá a análise das evidências e das relações que permitem as
mediações e a dialogia dos afetos (MEDINA, 2008), seguindo a linha da nossa Supervisora
Cremilda Medina e do Núcleo de Epistemologia do Jornalismo, no Departamento de
Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicação e Artes, na Universidade de São Paulo
(ECA/USP). A partir da estratégia de pesquisa do Estudo de Caso (YIN, 2001), nosso desafio
será averiguar se o programa Globo Rural (e os programas culturais das TVs Regionais) tem
dado conta de suprir o hiato que há entre o nacional e o regional na TV aberta, na construção
da identidade cultural brasileira, em tempos de globalização (CANCLINI, 2005), de
mundialização da cultura (WARNIER, 2000) e de uma modernidade líquida (BAUMAN,
2001), em que os valores mudam a cada instante e as pessoas migram de contextos
socioculturais, porém sentem a necessidade de dialogar com o “seu lugar de pertença” e nesse
processo o jornalista assume o papel de mediador-autor; é o diálogo dos afetos defendido por
Cremilda Medina (2008).
O jornalista é um mediador, mas também é um produtor de significados. Sob o signo da
relação dialógica (MEDINA, 2006), embasados no diálogo possível (MEDINA, 1986) e nas
9 AMPHILO, Maria Isabel. A Gênese, o desenvolvimento e a difusão da Folkcomunicação. São Bernardo do
Campo: Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), 2010. Orientada pelo Prof. Dr. José Marques de Melo,
com doutorado-sanduíche com o Prof. Dr. Jorge A. González, da Universidad Nacional Autônoma de México (UNAM), México, defendida em 20 de maio de 2010, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).
Banca: José Marques de Melo (Orientador), Jorge A. González, Cicília M. K. Peruzzo, Antonio Carlos
Holhfeldt, Maria Cristina Gobbi.
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propostas de Cremilda Medina para a práxis jornalística, articularemos uma metodologia para
a construção e aproximação do jornalista como mediador-autor, colhendo e elegendo
determinados comportamentos, que expressam a subjetividade dos sujeitos e tornam possíveis
as narrativas jornalísticas na contemporaneidade.
4. Cronograma
O Cronograma está exposto no quadro abaixo:
2ºS 2013 1ºS 2014 2ºS 2014 1ºS 2015
Levantamento Bibliográfico x x x
Coleta de Dados x x x
Organização do material x x x
Análise dos dados x x x
Redação de Artigos x x x x
Participação em Congressos x x x
Participação em Eventos no Brasil x x x
Participação em Eventos no Exterior x x x
Redação do Estudo de Caso x x x
Revisão x
Publicação Final x
A pesquisa deverá ser desenvolvida no período dois anos, conforme proposta da
FAPESP, a partir de 01 de agosto de 2013. Propomo-nos a redigir artigos semestrais, com o
objetivo de apresentar os resultados parciais da investigação. Ao final da pesquisa, obteremos,
no mínimo, 4 (quatro) artigos para publicação. Participaremos dos principais congressos da
área da Comunicação, como: Intercom (nacional), Alaic (latino-americano) e Ibercom (Ibero-
americano), além de outros indicados pela Supervisora deste projeto, Dra. Cremilda Medina.
5. Disseminação e Avaliação
Quanto à disseminação das ideias, os artigos elaborados serão apresentados em
congressos nacionais, internacionais e, posteriormente, encaminhados à publicação. Através
da avaliação por pares, os artigos serão analisados pelas revistas científicas e publicados em
periódicos especializados.
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