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PROJETO DE REVISTIMENTO DE FACHADA Julho/2016 ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016 PROJETO DE REVISTIMENTO DE FACHADA ALIEVI, Cleberson V. FOPPA, Cássia MBA Projeto, Execução e Desempenho de Estruturas & Fundações Resumo O revestimento de argamassa de fachada é utilizado em praticamente todos os edifícios residenciais; assim, sua importância é caracterizada tanto pelo uso intenso, quanto por desempenhar importantes funções estéticas e de proteção do edifício, além de representar importante parcela do custo direto de construção e de manutenção das fachadas. O projeto de revestimento define a tecnologia a ser empregada na execução do revestimento, especificando materiais e técnicas a serem adotadas e o controle de qualidade a ser utilizado, concebendo detalhes construtivos que atendam aos requisitos necessários para que o revestimento cumpra sua função, respeitando custo, prazo e vida útil. Ao final da obra a fachada torna-se um elemento de grande importância para a obra, pois nela vão constar todo o acabamento e embelezamento trazendo ao proprietário satisfação e felicidade por ter construído algo de que se orgulhe. A metodologia utilizada para a realização deste pequeno artigo consistiu em uma revisão bibliográfica, utilizando-se de livros, artigos e sites na internet. Palavras chaves: Revestimento Argamassa Projeto. Summary The shell mortar coating is used in nearly all residential buildings; thus its importance is characterized by both intense use, and by play important aesthetic functions and building protection, besides representing an important portion of the direct costs of construction and maintenance of facades. The coating design defines the technology to be employed in the execution of the coating, specifying materials and techniques to be adopted and quality control to be used by designing construction details that meet the requirements for the coating fulfill its function, respecting cost, term and life. At the end of the work the facade becomes a major element of importance for the work, as it will contain all the finishing and embellishment bringing to owner satisfaction and happiness for having built something to be

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016

PROJETO DE REVISTIMENTO DE FACHADA

ALIEVI, Cleberson V.

FOPPA, Cássia

MBA Projeto, Execução e Desempenho de Estruturas & Fundações

Resumo

O revestimento de argamassa de fachada é utilizado em praticamente todos os edifícios

residenciais; assim, sua importância é caracterizada tanto pelo uso intenso, quanto por

desempenhar importantes funções estéticas e de proteção do edifício, além de representar

importante parcela do custo direto de construção e de manutenção das fachadas. O projeto de

revestimento define a tecnologia a ser empregada na execução do revestimento, especificando

materiais e técnicas a serem adotadas e o controle de qualidade a ser utilizado, concebendo

detalhes construtivos que atendam aos requisitos necessários para que o revestimento cumpra

sua função, respeitando custo, prazo e vida útil. Ao final da obra a fachada torna-se um

elemento de grande importância para a obra, pois nela vão constar todo o acabamento e

embelezamento trazendo ao proprietário satisfação e felicidade por ter construído algo de que

se orgulhe. A metodologia utilizada para a realização deste pequeno artigo consistiu em uma

revisão bibliográfica, utilizando-se de livros, artigos e sites na internet.

Palavras chaves: Revestimento – Argamassa – Projeto.

Summary

The shell mortar coating is used in nearly all residential buildings; thus its importance is

characterized by both intense use, and by play important aesthetic functions and building

protection, besides representing an important portion of the direct costs of construction and

maintenance of facades. The coating design defines the technology to be employed in the

execution of the coating, specifying materials and techniques to be adopted and quality

control to be used by designing construction details that meet the requirements for the coating

fulfill its function, respecting cost, term and life. At the end of the work the facade becomes a

major element of importance for the work, as it will contain all the finishing and

embellishment bringing to owner satisfaction and happiness for having built something to be

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proud of. The methodology used to carry out this short article consisted of a literature review,

using books, articles and websites.

Key words: Coating - Mortar - Project.

1. INTRODUÇÃO

Pode-se dizer que o processo construtivo empregado para a produção dos edifícios de

múltiplos pavimentos, no Brasil, é caracterizado pela produção de estrutura reticulada de

concreto armado e de vedações verticais, usualmente constituídas por alvenaria de blocos

cerâmicos ou de concreto e, posteriormente, revestidas.

Pelo uso desse processo construtivo, pode-se afirmar que, no Brasil, o revestimento de

argamassa é utilizado desde o inicio da colonização do país, quase que na totalidade dos

edifícios, sejam residenciais, comerciais e industriais, tanto em áreas internas como também

em fachadas, sobretudo em edifícios de múltiplos pavimentos.

Uma das etapas de obra que faz uso de tecnologias competitivas é o revestimento de fachada.

Este tipo de revestimento não deve ser considerado importante exclusivamente pelo impacto

visual que o mesmo proporciona, como também pelo papel que exerce na preservação e

proteção dos edifícios, dirimindo, portanto, as patologias que estão entre as maiores

dificuldades para construtoras e proprietários (NAKAMURA, 2004).

Para Medeiros (1999a), o emprego de revestimento de argamassa em fachada deve considerar

uma série de condições que precisam ser atendidas para favorecer a quantidade e a

produtividade da execução em obra. As condições de produção dos revestimentos nas

fachadas são mais críticas que quando produzidos em áreas internas, principalmente porque

os serviços são desenvolvidos quase a céu aberto; portanto, sujeitos às condições climáticas e

em condições de segurança desfavoráveis para o manuseio dos materiais. Estes serviços são

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comumente realizados em plataformas de trabalho, montadas provisoriamente na região da

fachada do edifício.

Neste contexto de acordo com Nakamura (2004), o projeto de fachada tem como primeiro

passo fornecer toda discriminação das atividades necessárias, afim de que as decisões sejam

planejadas anteriormente, em vez de serem adotadas no canteiro. O segundo passo consiste na

elaboração de um memorial descritivo, orientando o pessoal quanto à especificação e compra

de matérias e equipamentos. Isso inclui desde a escolha da argamassa e definição de ensaios

necessários, até estocagem, manuseio, transporte e aplicação.

Este artigo traz como problema: Como se faz para implementar ou criar um projeto capaz de

nos fornecer informações e diretrizes, fazendo com que seja funcional e econômico sobre a

qualidade e execução do revestimento de argamassa em fachada?

O trabalho tem por objetivo ou finalidade evidenciar a necessidade de elaboração de projeto

especifico e elaborar diretrizes dos revestimentos de argamassa de fachada, buscando um

nível de racionalização mais elevado, além da redução dos desperdícios e dos custos gerais de

produção e procedimento de execução de serviços e procedimento de verificação de serviço.

Tendo como tema as Diretrizes para detalhamento do projeto do revestimento de argamassa

de fachada buscando um nível construtivo mais elevado.

As principais hipóteses levantadas são: a) Construtibilidade e racionalização de

procedimentos de execução de revestimento argamassado de fachada. b) Redução de falhas

no produto e no processo de execução para obter o desempenho esperado do produto. c)

Melhorias no processo de produção dos revestimentos de argamassa em fachada.

O trabalho tem por justificativa devido às manifestações patológicas nos revestimento

externo, pelo seu tratamento construtivo constituir um serviço de alta demanda ha necessidade

de elaborar projetos para produção de revestimentos argamassados.

Por não ter um exemplar bem detalhado, com todos os passos bem definidos, a má qualidade

do projeto e caracterização dos materiais de construção e de sua técnica de emprego leva a

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ocorrência de muitas manifestações patológicas, e conseqüentemente, desastres na construção

civil.

Para que estes revestimentos sejam executados no menor prazo possível e com retorno

financeiro vantajoso e esperado, análise de viabilidade técnica, econômica, do projeto de

produção e a execução bem procedida, são de extrema importância.

Com um estudo aprofundado e criterioso, pode-se definir qual o melhor sistema construtivo a

ser utilizado, para absorver toda essa necessidade mercadológica com a relação projeto versus

execução.

Este trabalho visa apresentar um levantamento de dados que sirva como ferramenta de

pesquisa para a identificação dos problemas construtivos e processo de produção de

argamassa, sendo desenvolvido, e buscando resolver boa parte com um projeto de produção

bem detalhado. Para isso objetiva-se buscar informações, conhecer fabricantes e visitar obras

para perceber as carências e oportunidade que existem no segmento. Desenvolver

conhecimentos em gestão de processos produtivos e em tecnologias construtivas –

entendendo o comportamento, vedações e materiais de construção aplicados.

2. SISTEMA DE REVESTIMENTO DE ARGAMASSA

2.1 DEFINIÇÕES

Segundo a NBR 13281 (ABNT, 2001), as argamassas são definidas como a mistura

homogênea de agregados miúdos, aglomerantes inorgânicos e água, podendo conter ou não

aditivos ouadições, possuindo propriedades de aderência e endurecimento.

A NBR 13529 (ABNT, 1995b) define revestimentos de argamassa como o cobrimento de uma

superfície com uma ou mais camadas superpostas de argamassa, apta a receber revestimento

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decorativo ou constituir-se em um acabamento final. Os revestimentos de argamassa podem

serconstituídos por chapisco e emboço, formando o revestimento de camada única, ou por

chapisco,emboço e reboco (ABNT, 1996). O primeiro tipo é atualmente mais usual nas

construçõesbrasileiras.

O projeto n° ICS 91.100.10 de revisão da norma NBR 13281 (2001) define argamassa para

revestimento externo como a argamassa indicada para revestimento de fachadas, muros e

outros elementos da edificação em contato com o meio externo, caracterizando-se como

camada deregularização (emboço ou camada única).

Conforme Costa (2005), partindo dessas definições normalizadas, define-se o sistema de

revestimento de argamassa como um conjunto de técnicas para a produção de revestimentos

de argamassa resultando numa combinação lógica e coordenada de especificações de

materiais e de procedimentos e métodos deexecução que conduzam ao desempenho desejado.

Neste sentido, um sistema de revestimento de argamassa indica o número de camadas do

revestimento, as espessuras das camadas, o tipo de argamassa a ser utilizado, as

especificações dos traços e dos materiais, a técnica de execução e otipo de acabamento

superficial, entre outros.

2.2 FUNÇÕES DAS ARGAMASSAS

GUIMARÃES, (1997 Apud COSTA, 2005 31).O uso das argamassas nos revestimentos e

assentamentos de alvenarias não é recente. Durante muitos anos o homem procurou um

ligante eficiente e econômico para unir rochas e madeiras, o qual utilizava para compor suas

rústicas construções. As misturas de sucesso para a junção de blocos de alvenaria foram

batizadas de argamassa

A literatura técnica cita como principais funções dos revestimentos externos de argamassa.

(FIORITO, 1994; CINCOTTO et. al., 1995; BAÍA; SABBATINI, 2000):

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- Resistir à ação de variações normais de temperatura e umidade do meio, principalmente

quando de revestimentos externos, ou seja, proteger os elementos de vedação da ação

diretados agentes agressivos;

- associado à parede, apresentar estabilidade mecânica e dimensional (resistência à tração,

compressão, impacto e abrasão) e resistência ao fogo;

- contribuir para o isolamento termo-acústico e estanqueidade à água e gases; e- contribuir

para a estética das fachadas das edificações.

Conforme Costa (2005), para cumprir suas funções, os revestimentos de argamassa devem

possuir algumas propriedades que se apresentam nas argamassas nos estados fresco e

endurecido. As propriedades das argamassas para revestimento dependem das características

dos materiais constituintes, da proporção entre os mesmos e do processo de mistura e

execução do revestimento, assim como também podem interferir a natureza da base e as

condições do meio ambiente. De acordo com Mattos (2001) algumas propriedades devem ser

avaliadas em conjunto com a base, assim como, de acordo com a função que irão

desempenhar e das condições de exposição, sendo que algumas propriedades podem ser mais

importantes do que outras.

Em adição, Cincotto et. al. (1995) afirmam que, ao longo do tempo, as condições de

desempenho são afetadas por fatores associados às condições de produção e de exposição do

revestimento e à ação dos usuários.

Para Costa (2005), as principais exigências de desempenho que um revestimento de

argamassa deve atender estão relacionadas às seguintes propriedades: densidade de massa,

teor de ar incorporado, trabalhabilidade, retenção de água, adesão inicial e consistência

(propriedades no estado fresco) e resistência mecânica, aderência, capacidade de absorver

deformações, permeabilidade e retração (propriedades no estado endurecido) além da

durabilidade (SELMO, 1989a; CARNEIRO, 1993; CINCOTTO et. al., 1995; BAÍA;

SABBATINI, 2000; MATTOS, 2001).

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2.3 PROJETO DE REVESTIMENTO

Um projeto de revestimento deve contemplar todas as informações necessárias para que a

execução do serviço seja realizada conforme as especificações do projeto arquitetônico e de

forma a atender os clientes internos e finais. Por exemplo, para os assentadores de placas

cerâmicas, os revestimentos de argamassa devem possuir acabamentos regulares, planeza e

textura final ideal às necessidades de assentamento. Já do ponto de vista dos usuários finais,

os revestimentos devem ser duradouros em termos de qualidade, seguros e esteticamente

agradáveis.

O projeto de revestimento define a tecnologia a ser empregada na execução do revestimento,

especificando materiais e técnicas a serem adotadas e o controle de qualidade a ser utilizado,

concebendo detalhes construtivos que atendam aos requisitos necessários para que o

revestimento cumpra sua função, respeitando custo, prazo e vida útil.

Para Massetto et. al. (1998 apud COSTA 2005, p. 32), o projeto de revestimento compõe-se

tanto do projeto do produto quanto do processo. Com o projeto do produto tem-se a definição

do traço em função dos critériosde desempenho como, por exemplo, as condições de

exposição e execução, as características da base e a definição das características geométricas

do revestimento, como número e espessura dascamadas e juntas de trabalho. O projeto do

processo inclui o planejamento da execução e o projeto para a produção do revestimento,

envolvendo o cronograma de atividades, quantificação dos serviços, previsão de suprimentos,

procedimentos para preparo da argamassa, métodos e técnicas construtivas a serem adotadas

na aplicação do revestimento, disposição e seqüência de atividades e uso e características dos

equipamentos (MASSETTO et. al., 1998).

Existem três momentos durante os quais um projeto de revestimento de fachada pode ser

elaborado:

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(a) Antes do início da obra, juntamente com a elaboração dos outros projetos (arquitetura,

estrutura, vedação, etc.): a adoção desta escolha permite a integração do projeto com a

concepção da obra.

(b) No início da obra, após a conclusão dos projetos da edificação: nesta situação o projeto de

revestimento de fachada complementa os demais projetos e define o processo construtivo,

limitado pelo orçamento da obra.

(c) Durante a obra, após a conclusão da estrutura e final da execução da alvenaria: com esta

escolha o projeto de revestimento adapta-se ao processo construtivo definido e pode-se

interferir apenas no preparo e aplicação do revestimento.

Para Ceotto et. al. (2005 apud COSTA, 2005 p. 32), quando o projeto é iniciado com a obra já

em andamento, a interação do projetista de revestimento com os demais projetistas da

edificação é praticamente nula, sendo quetodas as decisões tomadas nos projetos anteriores

terão que ser aceitas como condicionantes, podendo, dessa forma, aumentar o risco de

desempenho insatisfatório.

Neste sentido, Maciel & Melhado (1999) defendem que a elaboração do projeto de

revestimento deve ser feita juntamente e coordenadamente com os projetos das demais partes

do edifício, taiscomo a estrutura, a alvenaria e as instalações, o que significa tomar decisões

relativas ao revestimento antes do início da sua execução, considerando as possíveis

interferências entre essas diversas partes do edifício. Com relação ao revestimento de

argamassa de fachada, Maciel e Melhado (1999) afirmam que o mesmo é visto, muitas vezes,

apenas como uma forma de esconder as imperfeições da base (estrutura e vedações), não

sendo valorizadas as suas importantes funções. Este fato é evidenciado pelas decisões

tomadas na própria obra, comconhecimento adquirido na prática.

A NBR 7200 (ABNT, 1998) sugere que as especificações de projeto para execução do

sistema de revestimento de argamassa devem conter pelo menos informações sobre os tipos

de argamassa e respectivos parâmetros para definição dos traços; número de camadas;

espessura de cada camada; acabamento superficial e tipo de acabamento decorativo. Essa

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recomendação da norma ainda é bastante simplista e considera aspectos gerais do sistema de

revestimento.

Neste sentido, baseando-se no trabalho de Maciel e Melhado (1999) e no trabalho de Ceotto

et. al.(2005), sugere-se que um projeto de revestimento de argamassa de fachada deve conter

as especificações e informações para a adequada execução do revestimento, conforme exposto

na figura abaixo, evidenciando informações do projeto do produto e do projeto do processo.

Figura 1: Projeto de revestimento de fachada.

Fonte: Fernanda Nepomuceno Costa - Porto Alegre: UFRGS/PPGEC/NORIE, 2005

Ceotto et. al. (2005 apud COSTA 2005, p. 34) afirmam que a realização de um bom projeto

de revestimento depende da qualidade e disponibilidade das informações para subsidiar as

decisões do projetista, sendo necessário levar em consideração durante a elaboração do

projeto os fatores condicionantes do projeto, apontados na figura acima:

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- informações sobre condições de insolação, regime de chuvas, umidade relativa do ar,

temperatura, ventos predominantes, poluentes atmosféricos e outros são variáveis importantes

para a formulação das argamassas, para as condições e períodos de aplicação, textura da

camada decorativa, juntas, etc.;

- informações do projeto arquitetônico, como cores, detalhes e elementos decorativos são

importantes para a paginação da fachada, elaboração de reforços e juntas, etc.;

- informações do projeto estrutural, como geometria, rigidez e deformações previstas, são

variáveis importantes para definição de juntas, dos detalhes construtivos das ligações das

alvenarias com as estruturas de concreto, preparação da base, definição da ponte de aderência

(chapisco), etc.;

- interferências nas fachadas por parte das instalações, como rasgos e aberturas;

- informações do projeto de vedação, como materiais utilizados e suas interferências nos

revestimentos de fachada;

- variáveis dos processos construtivos, como sistema de fôrma, resistência do concreto,

equipamentos e mão-de-obra empregada são importantes para definições geométricas do

projeto, especificação dos materiais da fachada e definição do processo de aplicação da

argamassa; e

- informações dos prazos de construção da obra, como cronograma de atividades, são

importantes para a elaboração do planejamento e definição da logística de produção.

Conforme Costa (2005), no Brasil, ainda são raras as empresas de construção que contratam

ou mesmo fazem projetos que tratem especificamente dos revestimentos das fachadas das

edificações (SHIMIZU, 2001; FACHADA, 2003). Mesmo nas empresas que contratam

projetos de revestimento estes não consideram todos os itens necessários para uma correta

execução e um duradouro desempenho final. O aspecto mais importante na adoção de um

projeto de revestimento está, na realidade, no acompanhamento da execução, verificando se

os itens previstos no projeto são cumpridos da forma adequada (FACHADA, 2003). Ceotto

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et. al. (2005) completam afirmando que existe pouco consenso entre os consultores,

projetistas e pesquisadores do que deve ser um projeto de revestimento.

2.3.1 Tipos de argamassas

Conforme Diogo (2007), os tipos de argamassas definidos na realização do projeto dos

revestimentos devem considerar além das exigências de desempenho pré-estabelecidas, as

condições de exposição, as características da base de aplicação, a forma de produção da

argamassa; os procedimentos de execução, o controle do revestimento, além das

características do canteiro de obras.

Conforme Costa (2005), os principais tipos de argamassas possuem denominação em função

do aglomerante utilizado e da condição de fornecimento. Elas são classificadas em dois

grandes grupos: as argamassas inorgânicas, constituídas por aglomerantes inorgânicos, de uso

tradicional na construção; e as argamassas orgânicas, constituídas por aglomerantes orgânicos

poliméricos, desenvolvidas recentemente e ainda pouco utilizadas na construção.

Segundo Diogo (2007), além do conhecimento e entendimento das propriedades dos

revestimentos de argamassa para fachada, é necessário considerar uma metodologia de

avaliação de seu desempenho que permita prever e avaliar seu comportamento,

proporcionando uma definição mais criteriosa das suas especificações no projeto, de forma

que sejam atendidas todas suas funções.

Conforme Costa (2005), no Brasil, as argamassas inorgânicas podem ter como aglomerante

cal hidratada, cimento Portland ou uma mistura de cal hidratada e cimento Portland, formando

a argamassa mista. Cada tipo de argamassa apresenta propriedades diferentes. As argamassas

de cal são produzidas com cal hidratada, areia e água. Segundo Fiorito (1994) são utilizadas

para emboço e reboco pela sua plasticidade e elasticidade e porque possibilitam um

acabamento com melhor desempenho. Bonin et al. (1993) afirmam que este tipo de argamassa

é pouco utilizado atualmente, embora tenha sido a solução construtiva tradicional para

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revestimentos de argamassa. Em se tratando de argamassas de cimento Portland, são

produzidas com cimento Portland, areia e água, resultando em revestimentos de baixa

porosidade e com elevada resistência mecânica. Porém apresentam maior retração por

secagem e conseqüentemente maior tendência à fissuração do revestimento. Por apresentar

baixa plasticidade e retentividade, são pouco trabalháveis (BONIN et al., 1993). São bastante

utilizadas nos chapiscos por apresentar alta resistência em curto prazo (FIORITO, 1994).

2.3.2. Composição e dosagem da argamassa

Conforme Diogo (2007), a composição e dosagem da argamassa relacionam-se com os seus

materiais constituintes e as quantidades adicionadas de cada um deles. Quando a argamassa é

preparada em obra, a escolha do traço a ser utilizado deve seguir critérios e requisitos

relacionados às reais condições de utilização, ou seja, é necessário que para cada obra sejam

estudados os traços mais adequados, considerando a influência da base a ser aplicada, a

qualidade e a racionalização dos recursos.

Segundo Sabbatini (1995 apud DIOGO, 2007 p. 24), as diferentes características dos

substratos, as condições de exposição e as espessuras dos revestimentos, alteram

significamente o desempenho potencial das argamassas. A prática usual de se empregar traços

consagrados em algumas obras específicas, pode não resultar no desempenho adequado do

revestimento, favorecendo o aparecimento de problemas patológicos tais como fissuras e até

mesmo descolamentos.

Segundo Thomaz (2001 apud DIOGO, 2007 p. 24), a dosagem das argamassas não é tarefa

muito fácil, particularmente quando não se dispõe de areia com granulometria adequada: o

excesso de aglomerante pode levar a micro fissuração ou ao gretamento superficial; a falta de

aglomerante repercute na perda da coesão, aderência pobre, baixa resistência a impactos e a

abrasão, dificuldade de aplicação ou pouca plasticidade.

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Considerando esses fatores, Selmo (1991) propôs um método de dosagem de argamassas

mistas para revestimento de fachada, fundamentado em dois parâmetros: relação agregado +

cal/ cimento e relação areia/finos; o método baseia-se nas relações em massa (materiais secos)

distinguindo-se as frações de areia e de finos, simplificadamente, pela análise granulométrica

dos materiais na peneira ABNT 0,075mm. A Tabela abaixo resume os principais aspectos

relativos aos materiais constituintes da argamassa que devem ser considerados na definição da

sua composição.

Tabela - Aspectos a serem considerados para a definição da composição da argamassa de

revestimento.

Materiais Aspectos a serem considerados

Cimento Tipo e classe de resistência do cimento

Custo e disponibilidade

Cal Tipo, forma de produção e massa unitária da cal

Custo e disponibilidade

Areia

Composição mineralógica, dimensões do agregado, composição granulométrica

Forma e rugosidade superficial dos grãos, massa unitária e inchamento

Comportamento da argamassa produzida com a areia

Aditivos

Uso de aditivos acrescentados à argamassa no momento da mistura ou da

argamassa aditivada

Características do tipo de aditivo

Finalidade, disponibilidade e custo

Água Características dos componentes da água, quando essa não for potável

Adições Características do tipo de adição

Finalidade, disponibilidade e custo

Fonte: Maciel, 1997 apud DIOGO, 2007 p. 25.

Campiteli et. al. (1995 apud DIOGO, 2007 p. 26) consideram que é grande a variação das

características dos materiais disponíveis no território nacional ou até numa mesma região; por

isto, com uma mesma dosagem recomendada pode-se obter resultados substancialmente

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diferentes. De maneira que a dosagem deve ser definida levando em consideração os

seguintes aspectos:

• requisitos e critérios de desempenho preestabelecidos;

• condições de exposição do revestimento;

• exigências quanto ao custo;

• condições de produção e controle da argamassa;

• forma de execução e de controle;

• natureza e características da base de aplicação;

• materiais disponíveis no mercado.

Neste sentido, o atendimento às especificações do projeto e ao proporcionamento dos

materiais nas obras deve ser rigorosamente obedecido. É conhecido que o traço em massa

oferece maior precisão na dosagem e, conseqüentemente, maior constância de qualidade da

argamassa, por exemplo, para a dosagem de areia por causa do inchamento dos grãos em

função da umidade (SOUZA, 2001).

2.3.3 Número de camadas

Segundo a NBR 13749 (ABNT, 1996), os revestimentos de paredes podem ser constituídos

por chapisco e emboço, como revestimento de camada única, ou por chapisco, emboço e

reboco. Em revestimentos compostos por duas camadas, o emboço funciona como camada de

regularização da base e o reboco como acabamento. Nos revestimentos constituídos por

camada única, a mesma cumpre as duas funções, ou seja, as funções de regularização da base

e de acabamento.(COSTA, 2005)

A NBR 13529 (1995b) não considera o chapisco uma camada de revestimento, chamando-a

de camada contínua ou descontínua para preparo da base. Entretanto, embora o chapisco não

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represente efetivamente uma camada de revestimento, é de extrema importância para as

camadas seguintes, servindo de regularização da base e de ancoragem mecânica para

aderência da camada de argamassa com o substrato (FIORITO, 1994).

Conforme Costa (2005), a necessidade da execução da camada de chapisco se dá em função

das características da base a ser revestida. A NBR 7200 (ABNT, 1998) recomenda que

quando a superfície a revestir for parcial ou totalmente não absorvente (de pouca aderência)

ou quando a base não apresentar rugosidade superficial é necessária a aplicação prévia da

camada de chapisco.

2.3.4 Espessuras de revestimento

Conforme Costa (2005), as espessuras das camadas de revestimento externo recomendadas

pela NBR 13749 (ABNT, 1996) para a obtenção de revestimentos com bom desempenho

estão na faixa entre 20 e 30 mm. A norma não especifica valores diferentes para locais de

maior exposição ou para revestimentos produzidos com argamassas de diferentes tipos.

Os revestimentos de argamassa que forem executados ultrapassando esses valores indicados

pela norma devem ter tratamentos diferenciados, além de normalmente gerarem perdas por

espessura excessiva, que incluem as perdas dos materiais que compõem os revestimentos e

perdas de mão-de-obra para a produção, transporte e aplicação das argamassas.

A norma NBR 7200 (ABNT, 1998) ressalta que, para que a argamassa possa ser aplicada em

espessura uniforme, a base a ser revestida deve ser regular, devendo ser eliminadas as

irregularidades superficiais. A correção de falhas com mais de 50 mm deve ser feita com

enchimento de argamassa realizado em pelo menos duas etapas, sendo que a primeira deve

secar por um período não inferior a 24 h e ser levemente umedecida quando da aplicação da

segunda (ABNT, 1998).

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Apesar das recomendações da NBR 7200 (1998), a literatura brasileira (SOUZA;

MEKBEKIAN, 1996; BAÍA; SABBATINI, 2000) recomenda que para revestimentos com

espessuras superiores às admissíveis pela norma, os mesmos devem ser executados em etapas,

aguardando um intervalo de pelo menos 16 horas entre as camadas (preenchimento com

massa). A execução de revestimentos com espessuras entre 30 e 50 mm deve ser realizada

com aplicação da argamassa em duas etapas. Para espessuras de revestimento de argamassa

entre 50 e 80 mm o revestimento deve ser executado em três aplicações da argamassa. Esses

cuidados devem ser tomados para garantir a aderência entre as camadas de argamassa

(SOUZA; MEKBEKIAN, 1996; BAÍA; SABBATINI, 2000 apud COSTA, 2005).

Também, em revestimentos com espessuras superiores às indicadas pelas normas

recomenda-se o reforço do revestimento de argamassa para assegurar uma maior

aderência entre as camadas de argamassa ou mesmo entre o revestimento e a base

(SOUZA; MEKBEKIAN, 1996 apud COSTA, 2005).

2.2.5. Tipo de acabamento

De acordo com Costa (2005), o tipo de acabamento superficial dos revestimentos de

argamassa é uma das variáveis do projeto de revestimento, tendo muita ligação com a sua

destinação, ou seja, depende do tipo de tratamento subseqüente desses revestimentos, tais

como pintura, textura, assentamento de peças cerâmicas ou outro material. Segundo a NBR

7200 (1998), o acabamento da superfície deve estar de acordo com a especificação do projeto

e ser executado conforme as recomendações contidas nesta norma. Ela prescreve que as ações

recomendadas devem ser realizadas após a área a ser revestida ser totalmente preenchida e

tendo a argamassa adquirido a consistência adequada.

Conforme Diogo (2007), o acabamento resulta da aplicação de ferramentas especificas sobre

a superfície da camada de revestimento, para adequá-las ao recebimento da camada

sobrejacente, que pode ser de argamassa, de cerâmica, de pintura ou de textura. O acabamento

da superfície do revestimento deve estar de acordo com a especificação do projeto e ser

executado conforme as recomendações apresentadas na Tabela abaixo.

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Tabela - Tipos de acabamento da superfície do revestimento de argamassa.

Tipo de acabamento Descrição

Desempenado Executar o alisamento da superfície sarrafeada por meio da passagem

da desempenadeira (desempoladeira)

Camurçado Executar o alisamento da superfície desempenada com a passagem de

esponja ou desempenadeira apropriada

Raspado Executar o acabamento da superfície sarrafeada por meio de

passagem de ferramenta denteada

Lavado

Executar o acabamento da superfície sarrafeada em argamassa

preparada com agregado apropriado, por meio da lavagem com jato

de água.

Chapiscado

Executar o acabamento sobre a base de revestimento ou sobre o

emboço por meio do lançamento de uma argamassa fluida, por meio

de peneira de malha quadrada com abertura aproximada de 4,8mm ou

equipamento apropriado.

Imitação Travertino

Executar o acabamento da superfície recém-desempenada lançando

com broxa a mesma argamassa de acabamento com consistência mais

fluida. Aguardar o momento ideal para alisar a superfície com colher

de pedreiro ou desempenadeira de aço, conservando parte dos sulcos

ou cavidades provenientes do lançamento da argamassa fluida, a fim

de conferir o aspecto do mármore travertino.

Fonte: NBR 7200, ABNT, 1998. Apud DIOGO, 2007, p. 16.

Em qualquer que seja o acabamento utilizado, “o revestimento de argamassa deve apresentar

textura uniforme, sem imperfeições, tais como: cavidades, fissuras, manchas e eflorescência,

devendo ser prevista na especificação de projeto, a aceitação ou rejeição, conforme níveis de

tolerâncias admitidas” (NBR 13749, ABNT, 1996).

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2.3.5 Detalhes arquitetônicos e construtivos da fachada

Segundo Diogo (2007), os detalhes construtivos são elementos que devem ser previstos em

pontos estratégicos da fachada, buscando melhorar, de diversas formas, o desempenho do

sistema de revestimento. Segundo Maciel (1997), estes detalhes são executados durante a

produção dos revestimentos, de acordo com sua função nas camadas de revestimento.

O uso de detalhes construtivos nas fachadas das edificações muitas vezes está

relacionado a proporcionar uma estética agradável para seus usuários e para os

observadores externos. A previsão desses detalhes deve ser feita de forma

cuidadosa, evitando que esses elementos resultem em pontos frágeis para a fachada

das edificações. (COSTA 2005, p. 40).

Conforme Diogo (2007), os detalhes construtivos muitas vezes estão previstos no projeto de

arquitetura para proteger a fachada da incidência e ação da chuva, compreendendo os pontos

de captação de águas pluviais, os beirais e os frisos. Ou ainda, a especificação e uso de

detalhes construtivos nas fachadas das edificações, muitas vezes buscam somente

proporcionar uma estética agradável para seus usuários e para os observadores externos. Para

Maciel; Melhado (1999a), a previsão desses detalhes deve ser feita de forma criteriosa,

evitando que esses elementos resultem em pontos frágeis para a fachada das edificações e de

modo a contribuírem para o melhor desempenho do revestimento de argamassa.

De acordo com Costa (2005), os detalhes construtivos também contribuem para o melhor

comportamento do revestimento de argamassa. Geralmente, as edificações estão sujeitas a

ações externas de exposição, quer seja do vento quer seja da água (BONIN et. al., 1993). Para

minimização ou mesmo na busca de eliminação dos efeitos provocados pelas condições de

exposição, alguns cuidados são necessários, podendo aproveitar as vantagens dos detalhes

arquitetônicos das fachadas de forma que os mesmos protejam os revestimentos da ação da

água da chuva nas superfícies (BONIN et. al., 1993).

Ainda Diogo (2007), os detalhes construtivos também contribuem para o melhor

comportamento do revestimento de argamassa. Geralmente, as edificações estão sujeitas às

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ações externas, quer seja do vento ou da água. Segundo Costa (2005), os detalhes construtivos

devem ser criteriosamente definidos no projeto de revestimento almejando a contribuição para

um produto final com a vida útil desejada pela empresa construtora.

Conforme a mesma autora (apud DIOGO 2007, p. 17), o desenho geométrico das fachadas,

com uso de juntas de movimentação (ou juntas de trabalho) ou de detalhes tais como

pingadeiras, frisos, peitoris, colunas, quinas, cantos, molduras, almofadas, e a rugosidade de

sua superfície interferem na forma de manchamento e envelhecimento do revestimento, já que

estão relacionados ao fluxo percorrido pelas águas das chuvas.

O projeto de norma de desempenho de edificações PN: 02:136.01.002 (ABNT, 2006), bem

como a NBR 6118 (ABNT, 2003), ambos com enfoque no sistema estrutural, também

recomendam o uso detalhes construtivos para se obter elementos com a flexibilidade da

estrutura e de suas partes.

O peitoril é um exemplo de detalhe que protege a fachada da ação da chuva, mas que caso não

seja corretamente projetado e executado, pode facilitar a ocorrência indesejada da deposição

de poeira e de manchas de umidade com cultura de microorganismos nessas regiões.

Recomenda-se que os peitoris avancem sobre a parede adjacente ao revestimento, ressaltem

do plano da fachada e apresentem um canal na face inferior para o descolamento da água, o

qual recebe o nome de pingadeira (BAÍA; SABBATINI, 2000).

Segundo Cincotto et al. (1995 apud COSTA, 2005), os detalhes construtivos que protegem as

fachadas são, em geral, os que atuam sobre o fluxo de água de modo a facilitar o escoamento

e evitar o comprometimento da estanqueidade da parede.

Para os mesmos autores, o avanço lateral do peitoril evita que o fluxo de água se concentre

em suas laterais. E, recomendam que o peitoril deve avançar, pelo menos, 25mm além da

fachada, e o caimento deve ser de no mínimo 7%. Já as pingadeiras são saliências ou

projeções da fachada que podem ser feitas com argamassa, com pedras ou outros

componentes cerâmicos e que servem para o descolamento do fluxo de água sobre a fachada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância da elaboração de um projeto específico para o processo de produção de

revestimentos é inquestionável. Entretanto, o projeto deve ser completo, considerando todos

os condicionantes, pois são vários os fatores que afetam e influenciam o desempenho final

dos sistemas de revestimento, sendo alguns predominantes, tais como as condições

ambientais. Alguns destes fatores são mais difíceis de serem controlados que outros, entre os

quais se pode destacar a mão-de-obra empregada.

As escolhas realizadas pelos construtores ou contratantes da construção durante a etapa de

projeto, na tentativa de economia de recursos, podem afetar o desempenho do sistema de

revestimento por toda sua vida útil.

Mesmo após as decisões de projeto, o sistema de revestimento pode não alcançar o

desempenho esperado e desejado, uma vez que, vários fatores tendem a afetar a qualidade do

processo de execução, tais como a eficácia do controle da produção da argamassa e do

revestimento propriamente dito e a falta de conservação e manutenção.

O profissional da construção civil deve estar atento as especificações e manejo dos materiais a

serem utilizados na obra. Quanto a aplicação e ou produção para chegar ao produto final,

deve-se ser desempenado por profissionais habilitados, assim diminuído as chances de perda

de material na mistura e dosagem, na aplicação ou ainda no aparecimento de patologias

futuras, levando ao descontentamento do cliente final, sem mencionar na aparência estética

que a construção irá apresentar caso aconteça.

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