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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
UMUARAMA/PR
1 TFC 2018 – TRABALHO FINAL DE CURSO
PROJETO DE UM CHASSI DO TIPO SPACE FRAME PARA VEÍCULO DE
COMPETIÇÃO
Andrey Barreto Molinari, [email protected]
Eric Valentim Giménez, Eric [email protected]
Patrik Americo Pollizello Lopes, [email protected]
Resumo: O chassi é um elemento estrutural utilizado em veículos automotores de todos os tipos, e
tem como finalidade dar sustentação aos diversos componentes e também assegurar a integridade
dos passageiros. Contudo, alguns chassis precisam ter propriedades diferenciadas, como é o caso
de veículos de competição, que necessitam ser leve e ao mesmo tempo resistente aos
carregamentos. Com isso, este trabalho procurou elaborar um projeto de um chassi do tipo space
frame para aplicação em carros de competição. Após realização dos desenhos, foi ralizada uma
análise estática, para obter os dados de tensão de flexão e torção que podem gerar variações no
formato do chassi. Para os testes e simulações foi utilizado o software CAD (solidworks), onde foi
possível adicionar todos carregamentos e esforços que um chassi pode receber durante sua vida
útil. A finalidade da aplicação do programa no chassi é calcular a resposta da estrutura às
solicitações a que mais frequentemente estará sujeita. Com base nos resultados das análises, foi
possível verificar que o chassi projetado é suficiente para receber os esforços provenientes das
cargas pré-estabelecidas.
Palavras-chave: análise estática, elementos finitos, materiais mecânicos, solda e dobra.
1. INTRODUÇÃO
Muitas pessoas sentem paixão pelo automóvel, e para usufruir mais dessa paixão e dessa obra de
arte que arranca aplausos quando balançada a bandeira quadriculada, o automóvel começou a ser
utilizado como um esporte. “Sua primeira participação oficial foi em 1894, quando foi organizada a
primeira competição na França, com um teste de confiabilidade para determinar o melhor
desempenho” (CARVALHO, 2012).
Com o passar dos anos essas competições dão início a busca por melhor eficiência e
desempenho, vindo a separar as corridas em categorias, que por sua vez criam e testam suas novas
tecnologias na pista. Logo, a participação de engenheiros é fundamental nesse processo, por se
tratar de um profissional versátil e com formação adequada para criar e aperfeiçoar sistemas,
através da prática com pesquisas e experimentos, além do raciocínio lógico para resolver problema
(BAZZO; PEREIRA, 2006).
Para tanto, o surgimento de materiais mais leves e resistentes, a criação de sistemas
termodinâmicos mais eficientes e o desenvolvimento de sistemas dinâmicos com menor perda de
energia, foram alguns dos fatores que desencadearam o surgimento de tecnologias mais avançadas
para os veículos de competição, e contribuíram para que novas conquistas fossem alcançadas.
Além disso, essas novas tecnologias acabam encontrando um patamar de viabilidade construtiva
e econômica para que posteriormente as montadoras de veículos possam utilizá-las para equipar os
carros de passeios produzidos no mundo inteiro, trazendo então benefício para a população e para o
meio ambiente (OLIVI, 2014).
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Essa busca por tecnologias avançadas e componentes de alto padrão visa cada vez mais a
redução de peso e o ganho de potência, aliados com a segurança dos passageiros. Essas
características estão fortemente ligadas ao chassi do veículo, que nada mais é do que o seu principal
componente estrutural, servindo de suporte para grande parte dos outros componentes, como motor
e a suspensão.
Um tipo de chassi bastante presente em veículos de competição é o chassi space frame, ou
chassi de estrutura espacial. “Esse modelo foi utilizado pela primeira vez em uma produção em
série pela Audi, através do A8, lançado em 1994 e dotado de um chassi space frame construído em
alumínio extrudido, tendo a marca dos quatro anéis voltado ao tema com o mais recente A2”
(SPACE FRAME, 2018).
As características construtivas de um chassi do tipo space frame dependem da aplicação e das
limitações do uso do veículo. Essa estrutura costuma ser bastante resistente, ao mesmo tempo que é
otimizada a fim de reduzir o peso total e proteger os passageiros dentro do veículo. Em razão disso
um componente com esse grau de relevância deve ser pensado e projetado com objetivo de obter o
melhor desempenho estrutural.
Com isso, esse trabalho visa elaborar um projeto de um chassi do tipo space frame para um
veículo de competição utilizado apenas para fins acadêmicos, transmitindo conhecimento sobre
segurança veicular, potência e desempenho, além de promover a prática dentro da universidade.
Para isso, será realizado um esboço primário do chassi, a escolha dos perfis e materiais a serem
usados, e a análise de esforços estáticos desse componente, auxiliado por software CAD - Desenho
Auxiliado por Computador.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O chassi space frame pode ser projetado de forma a atender às diversas necessidades de
competição, partindo de um projeto mais simples até um projeto mais complexo. O conceito base
do projeto de um chassi do tipo space frame é composto por tubos, os quais estão dispostos em
formatos triangulares ou treliças. O formato de treliça aumenta a profundidade da estrutura e, com
isso, aumenta sua estabilidade estrutural e sua resistência à flexão e torção quando submetido a
diversos tipos de carregamentos (HAPPIAN-SMITH, 2001).
“Uma verdadeira estrutura space frame é uma completa estrutura na qual todas as junções
podem ser flexíveis sem que o chassi perca assim sua rigidez” (COSTIN et al., 1974).
Para o projeto de um chassi do tipo space frame é importante que seja levado em consideração
fatores que são necessários para sua boa performance, como por exemplo; os requisitos funcionais,
tipo de material, união dos componentes, dobra, forma da estrutura e o método de projeto mecânico.
2.1. Requisitos funcionais
O chassi é o principal componente da estrutura veicular, é a parte que ancora o restante dos
componentes de um carro, servindo para absorver impactos proveniente das rodas e dos
amortecedores e fazendo a função de estabilizar o veículo sem que o mesmo venha a sofrer
deformações. O chassi space frame consiste em um arranjo de tubos conectados por nós, cuja
finalidade é possível citar.
- Acoplamento dos componentes do veículo: motor, suspensão, direção e caixa de transmissão.
- Sustentação dos painéis externos
- Elemento de segurança
- Absorve energia em conjunto com os amortecedores
- Absorver impactos e dissipar a energia sem comprometer o “cockpit”.
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2.2. Material
A escolha do material é de suma importância para o projeto técnico do chassi, a qual é feita uma
análise das propriedades para a escolha do melhor material para o desenvolvimento do projeto. O
material usado é o que vai designar se a estrutura precisa ter mais pontos de nós ou reforços do tipo
triângulo para que o chassi não venha sofrer torções quando submetido a esforços. “Alguns
componentes devem ser Projetados mais com base na energia absorvida do que na capacidade de
resistir aos carregamentos”. (JUVINAL,2013).
Seguindo este raciocínio, é possível ver que é melhor obter um material mais maleável do que
rígido, considerando que o mesmo quando sofrer impacto, irá absorver e dissipar energia
protegendo os componentes internos e o piloto. A capacidade do material de absorver e dissipar
energia é chamada de tenacidade, e para saber qual a tenacidade de cada material, é
tradicionalmente utilizado o ensaio de Charpy e Izod.
As etapas do processo de seleção de um material são: análise dos requisitos, identificação dos
materiais, seleção e avaliação dos materiais candidatos à escolha e testes e verificação. O material
que atende as especificações é o Aço SAE 4130, com a característica de boa resistência e
tenacidade, esse material tem baixo teor de carbono e contém em sua composição cromo-
molibdênio que faz aumentar sua resistência e melhora suas propriedades mecânicas. Suas
características podem ser modificadas de acordo com o tipo de projeto, em que o Aço cromo-
molibdênio 4130, é fabricado, alterando as propriedades físicas e químicas como a porcentagem de
carbono, cromo e o molibdênio e seu processo de fabricação geralmente é por meio de extrusão.
A imagem a seguir refere-se aos tubos utilizados em chassis space frame constituído do material
Aço cromo-molibdênio 4130.
Figura 1 - Tubos de aço cromo-molibdênio 4130 extrudado.
Fonte: Açosporte (2018)
2.3. União dos componentes
O processo de soldagem é a técnica mais escolhida para a união dos componentes, onde se pode
ter uma segurança maior em questão de fixação por vários tipos de soldas utilizadas, e é necessário
escolher a solda específica dependendo do material a ser unido.
No século XX foi desenvolvida os tipos de solda mais utilizadas hoje em dia na indústria
automobilística substituindo antigos modelos de união de componentes, e trazendo melhorias como
a redução de peso e redução de custos de fabricação ou montagem de um chassi. Dependendo da
composição do material a ser soldado, existem variados processos de soldagem, chamado de
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soldagem a arco voltaico, como por exemplo a soldagem por eletrodo revestido, soldagem TIG e a
soldagem MIG/MAG.
Todos os processos de soldagem têm sua aplicação específica na fabricação de um chassi space
frame, porém vale ressaltar que para obter uma alta qualidade, e estrutura mais complexa é utilizada
a soldagem TIG.
A soldagem TIG é um processo de soldagem ao qual pode se obter duas versões: com material
de adição ou sem material de adição, é utilizada em materiais com espessuras mais finas obtendo
um ótimo acabamento tanto visual como de alta qualidade mecânica, mais utilizada em aços
inoxidáveis, aços comuns e ligas, e especialmente utilizada em alumínio, magnésio e suas ligas e
metais especiais como titânio e molibdênio. É utilizada na fabricação de quadros de bicicleta, na
união de tubos e na indústria aeroespacial.
No chassi tipo space frame é utilizado a soldagem para a união da tubulação, vindo a dar forma
final (usualmente a forma de treliças). O processo de soldagem deve ser realizado por um
profissional da área que conheça as técnicas corretas de soldagem, vindo a desenvolver um chassi
mais seguro e um produto de alta qualidade, para um veículo de competição, estes fatores são
extremamente importantes. A seguir é demonstrada na figura 2 a soldagem TIG realizada em tubos
de AÇO, demostrando seu perfeito acabamento tanto em qualidade quanto visualmente.
Figura 2 - Processo de soldagem TIG feito em tubos de aço.
Fonte: WMsoldagens (2018)
2.4. Dobra (ângulo)
Os tubos de aço cromo-molibdênio vêm de fábrica em formatos retos de 6 m de comprimento
pelo diâmetro escolhido para o projeto. Para que sejam moldados de acordo com a necessidade e
para dar forma ao chassi deve-se curvar algumas partes do tubo para que o mesmo atinja o perfil
desejado para então ocorrer o processo de união por solda, e para que isso ocorra tem-se a
necessidade de dobramento. A dobra dos tubos do chassi é feita através de uma máquina
(dobradeira). Esta máquina pode ser manual ou automática, sendo necessário para um projeto mais
preciso a dobradeira automática que por sua vez terá maior precisão na hora de realizar dobras
seguindo os valores corretos de ângulo de cada parte do chassi. A dobra dos tubos deve ser exata
para que o chassi não venha ter imperfeições na estrutura como o desalinhamento, fazendo com o
que o veículo não tenha uma perfeita simetria, ocasionando desconforto na dirigibilidade e o
desgaste excessivo dos pneus.
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O ângulo máximo que um tubo pode ser dobrado sem que haja imperfeições é de 90 graus,
podendo este ângulo variar de acordo a necessidade e o tipo de material usado, onde se for um
material de parede muito fina ocorre o que se chama de forma oval do tubo, fazendo com o que ele
perca suas propriedades mecânicas e suas resistências mecânicas. A seguir a figura 3 referente a
uma dobradeira de canos manual, bastante utilizada em pequenas industrias.
Figura 3 - Dobradeira de tubos manual realizando a dobra de um perfil tubular
Fonte: Pinterest (2018)
2.5. Forma da estrutura
Uma estrutura do tipo space frame procura manter a segurança dos pilotos além de também
sustentar todos os componentes de funcionamento do carro, como motor, suspensão e componentes.
Em veículos de competição que usa o chassi space frame são formados de tubos circulares de
paredes com espessuras e tipo de material que variam de acordo com a necessidade do projeto. É
importante que o projeto seja otimizado para que se tenha o melhor desempenho, levando em conta
o menor peso e buscando manter as características de resistência estrutural. A estrutura do veículo
deve seguir as normas da “confederação brasileira de automobilismo” (CBA), válidas para cada tipo
de competição.
2.6 Método de projeto mecânico
O Projeto pode e deve ser bem elaborado, sendo muito mais que uma série de desenhos
representativos e estudos das partes mecânicas. O engenheiro deve procurar entender, não apenas a
necessidade de uso do veículo, mas também deve entender em que condições de uso ele será
submetido ao longo de sua vida, facilitando sua percepção de necessidade de componentes ou
técnicas de fabricação de alta tecnologia. O processo de projeto é dedicado a criatividade do
engenheiro, onde une conhecimento das técnicas com a capacidade de desenvolver formas ou perfis
novos.
No Projeto Preliminar são elaborados todos os cálculos e dimensionamentos, bem como as
simulações numéricas e, eventualmente, a reavaliação do projeto ou de determinadas fases de
projeto. De forma sistemática são analisadas todas as propostas alternativas, concluindo-se com um
esboço ou croquis do projeto em sua forma geral. O estágio final do Projeto Detalhado envolve o
conjunto de desenhos completos e especificações de componentes, desenhos de montagem e
instalação, maquetes ou protótipos, manuais de instalação e uso e relatório final. Uma exigência que
apresentou excelentes resultados na aplicação da metodologia de projeto, foi a incorporação de um
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relatório completo de atividades, com o cronograma de execução e as Atas de cada reunião de
grupo, para discussão do projeto a ser executado. (UNICAMP, 2018).
3. METODOLOGIA
Para a realização do projeto, serão levados em consideração os fatores de segurança em primeiro
lugar, visando proteger a integridade física do piloto. Em seguida procurou-se atender os requisitos
de eficiência estrutural, de forma que a estrutura fosse mantida estável, rígida e ao mesmo tempo
capaz de absorver choques.
O projeto será desenhado em um esboço primário, desenvolvendo todas suas características de
forma a atender os componentes do veículo, suportes para motor, suspensão, rodas, itens de
segurança e conforto do piloto.
Após definição e conclusão dessa etapa, o projeto preliminar será transportado para um software
CAD para a complementação da forma da estrutura, como sua resistência mecânica, resistência a
esforços internos e externos.
- Análise de Esforços (Estático).
- Análise Física (Peso e Distribuição do Peso, Comprimento, Centro de Massa).
- Os requisitos de construção também serão levados em consideração.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Evolução do modelo
Com a ideia de desenvolver um chassi space frame foram feitos os primeiros esboços na
tentativa de exemplificar um design inicial (figura 4), para que o projeto tivesse uma forma mais
realista antes de seguir os próximos passos. Sem muitos detalhes técnicos estes esboços acabam
fugindo da realidade funcional, porem fornece as primeiras impressões de como deve ficar em
questão de estética e conforto.
Figura 4 – Modelo estrutural 1: esboço feito a mão
Fonte: Autor
A partir dos desenhos realizados a mão e dos rascunhos, com medidas e escalas do projeto
definidas, foi executado o primeiro modelo no software CAD (figura 5). As etapas para o
desenvolvimento são demoradas e requerem certa habilidade com as ferramentas do software, vindo
a dar forma final ao chassi. Neste primeiro modelo, por sua vez, foi analisado sua estrutura e
verificado os pontos que deveriam ser melhorados até obter uma forma mais realista.
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Figura 5 - Modelo estrutural 2: primeiro Desenho feito em software CAD
Fonte: Autor
O primeiro modelo feito em software continha muitos pontos que deveriam ser melhorados,
tanto em questão de qualidade quanto de design. Para a melhoria do projeto foi adotado um sistema
de pesquisas de chassis produzidos por fabricantes especializados na área. Além disso, um
brainstorming também foi realizado a fim de obter novas ideias e modelos desejados. Essa pesquisa
pode facilitar a percepção do tamanho real de um chassi desse porte, obtendo um melhor
acabamento dos próximos modelos realizados no CAD. Dentre as melhorias pode-se obter uma
estrutura mais rígida, perfis mais uniformes e maior facilidade de interligação dos tubos para que
ocorra uma soldagem de boa qualidade. O desenho desenvolvido (figura 6), teve seu projeto focado
na segurança do cockpit, onde não houve a necessidade do modelo completo.
Figura 6 - Modelo estrutural 3: melhorias com foco no cockpit
Fonte: Autor
Dentre as alterações realizadas é possível citar a melhoria no design, e o uso de modelamento de
dobras realizadas nos tubos onde podemos ter uma estrutura mais uniforme. Outra questão de
melhoria ficou por conta do tipo de amarração usada, onde pode-se obter maior reforço.
O projeto de um chassi não pode ser considerado o mais perfeito em questões de qualidade
estrutural, pois cada modelo retrata situações diferenciadas de uso e aplicabilidade, sendo então o
projeto um fator preponderante para se obter a qualidade e as propriedades desejadas.
O chassi pôde ser finalizado respeitando os quesitos de projeto preliminar antes escolhido, como
tipo de material, limitação das dobras a serem realizadas nos tubos visando dar forma final, e a
solda adequada para este tipo de projeto (figura 7).
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Figura 7- Modelo estrutural 4: desenho com melhorias de projeto.
a) Vista lateral; b) Vista superior; c) Vista isométrica
Fonte: Autor
4.2 Análise física
Através do desenho CAD pôde-se executar uma análise física detalhada, descrevendo o peso do
chassi, centro de gravidade, dimensionamento e as especificações dos materiais. Essas informações
se fazem necessárias para obter os dados principais para construção e montagem dos componentes
que são conectados ao chassi.
O material pré-estabelecido SAE 4130 com liga de cromo-molibdênio promete ter propriedades
mais nobres em questões de construção e de resistência. Este material é muito utilizado em projetos
mais elaborados por ter uma resistência maior na região da solda, onde o mesmo não sofre
mudanças em sua estrutura, em virtude do calor gerado no processo. Para avaliar essa questão
foram realizados testes em software com o material (tabela 1).
Tabela 1: Propriedades do material
Propriedades Aço SAE 4130
Cromo Molibdênio
Resistencia a tração 731 N/mm²
Modulo de elasticidade (E) 205000 N/mm²
Tensão de escoamento (Sy) 460 N/mm²
Peso especifico 7850 Kg/m³
O valor do módulo de elasticidade é bastante comum aos aços, contudo sua resistência a tração e
tensão de escoamento possuem valores mais elevados do que um aço carbono tradicional. Essas
propriedades são bastante desejadas em aplicação de elementos estruturais dinâmicos, já que
combinam uma boa elasticidade com maior resistência estrutural a esforços.
Para uma melhor compreensão dessa fase do projeto os dados físicos foram organizados na
tabela 2, obtendo algumas especificações do modelo. A figura 8 junto com a tabela 2 nos da a
referencia real do centro de massa obtido no projeto.
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Tabela 2: Dados do modelo estrutural 4
Propriedades Valores obtidos no software
Massa 118 kg
Massa de solda 19 kg
Centro de massa
(posição com relação ao centro
de gravidade)
x = 250,32 mm
y = 300,25 mm
z = -1257,43 mm
Tamanho do cordão de solda 5 mm
Figura 8: vista superior, lateral e frontal identificando o ponto de centro de massa.
Fonte: Autor
4.3 Análise de esforços estáticos
As análises serão realizadas procurando obter as reações ocorridas na realidade por um chassi,
trazendo os dados de comportamentos de flexão e torção. Essas análises serão obtidas pelo software
solidworks utilizado desde a concepção do modelo, vindo a ser utilizado também o solidworks
simulation para as respectivas análises. Estas análises irão prever o comportamento do material pela
simulação de fatos reais em que o chassi é submetido ao longo de sua vida útil.
O Solidworks simulation utiliza o método dos elementos finitos, onde o mesmo calcula os
carregamentos, bem como a resposta as solicitações que o chassi está sujeito.
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Para a análise ser desenvolvida, será seguida uma sequência de etapas para aplicação de elementos
finitos ao chassi, onde será efetuado cada teste (flexão e capotamento), e ao final será retirado as
informações necessárias (processamento) e por último a verificação dos resultados.
Logo, utilizando o Aço SAE 4130 e com o modelo estrutural já definido, pôde-se realizar a análise
em CAD. Para obter o maior número de informações, será aplicada os 2 tipos de análises comumente
utilizadas em um chassi.
4.3.1 Análise de flexão
A flexão no chassi será definida por ações provocados por esforços gerados por ondulações no
terreno, onde as rodas dianteiras recebem o obstáculo, gerando esforços na estrutura do veículo.
A simulação foi realizada visando obter os resultados finais e considerando que após o chassi
sofrer os esforços, independentemente do trabalho da suspensão, terá um resultado permanente das
tensões geradas, onde obtendo informações se o chassi venha a suportar tais cargas em uso.
Os esforços verticais produzidos pela flexão são adicionados o produto do peso dos componentes
do veículo (motor, passageiro, força da gravidade) pelo coeficiente dinâmico CD = 3,0.
O coeficiente dinâmico é bastante considerado na indústria automobilística, é adicionado ao valor
da massa estática, para simular que estas forças aumentando 3 vezes no momento de movimento
A tabela 3 contém a descrição das cargas em que o veículo é submetido em condições de uso, as
quais foram consideradas no momento da simulação.
Tabela 3: Descrição das cargas de flexão
Tipo de carga Valor Valor x CD
Força gravitacional (m/s²) 9,81 29,43
Peso do motorista (Kg) 100 300
Peso do motor (Kg) 120 360
Para realizar a simulação foram consideradas as cargas e carregamentos presentes no chassi
durante sua atividade. Esta simulação teve marcado como fixa os pontos de interligação dos braços
da suspensão da parte traseira do veículo. Simulando a flexão gerada, onde a força foi aplicada nas
interligações da suspensão dianteira, com intensidade total de 10.000 N separada em 8 partes, onde
cada item ou interligação do braço da suspensão continha 1.250 N. Foi adicionado a força
gravitacional que age sobre o chassi com valor de g = 9,81 m/s² e a massa distribuída sobre as
barras inferior competentes pela sustentação do motor e dos passageiros onde foi calculado e
multiplicada pelo coeficiente dinâmico de 3,0.
Na figura 9 é demonstrado a análise executada com os dados acima mencionados obtendo as
tensões, bem como a figura 10 demonstrando o deslocamento permanente ocasionado pelo esforço.
Os resultados numéricos são mostrados na tabela 4.
Tabela 4: Resultados do estudo de flexão
Análise estática Valores máximos
Tensão combinada 163 MPa
Deslocamento 59 mm
Com as simulações executadas foram obtidos resultados satisfatórios em relação aos esforços de
flexão. A tensão de escoamento do chassi é de 460 N/mm², sendo que a simulação forneceu uma
tensão máxima gerada pelos carregamentos de 163 N/mm², onde o nível de segurança foi de um
mínimo de 2,8 (FOS).
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Figura 9 - Estudo de análise de tensão estática (flexão)
Figura 10 - Estudo de análise de deformação estática (flexão)
4.3.2 Análise de torção
A torção será definida usando as cargas assimétricas, uma no eixo dianteiro e outra no eixo
traseiro, onde são distribuídas em apenas uma roda e em sentido contrário de um eixo a outro,
provocando uma torção no chassi. O eixo sofrerá esforços provocados pela combinação de
momentos torsor e fletor. Os carregamentos também são adicionados, simulando a massa do piloto,
do motor e a própria massa do chassi, conforme mostra a tabela 5. Os carregamentos são
multiplicados pelo coeficiente CD = 1,8.
Tabela 5: descrição das cargas de torção
Tipo de carga Valor Valor x CD
Força gravitacional (m/s²) 9,81 17,66
Peso do motorista (Kg) 100 180
Peso do motor (Kg) 120 216
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O cenário de torção é realizado aplicando os carregamentos presentes no chassi, aplica-se uma
força que simula a ação do chassi em uso. Esta força será aplica em forma de X onde resultada em
uma torção. A força aplicada em cada ponto será de 5.000 N, onde esta força será distribuída em
cada ponto de interligação da suspensão. A massa dos carregamentos será de 800 Kg, e a força
gravitacional que age sobre o chassi é igual a g = 9,81 m/s².
A figura 11 demonstra a análise de esforços, e os resultado da deformação são mostrados na
figura 12, onde temos o deslocamento ocasionado pela torção gerada.
Figura 11: Estudo de análise de tensão estática (torção)
Figura 12: Estudo de análise de deformação estática (torção)
A tabela 6 mostra os resultados obtidos com as simulações.
Tabela 6: Resultados do estudo de torção
Análise estática Valores máximos
Tensão combinada 214 MPa
Deslocamento 1,65 mm
As simulações obtiveram bons resultados em relação ao esforço de torção. A tensão de
escoamento do chassi é de 460 N/mm², obtendo na simulação uma tensão máxima gerada pelos
carregamentos de 214 N/mm², obtendo um nível de segurança mínimo de 2,1 (FOS).
4.4 Requisitos de construção
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A forma que foi executado o projeto, é uma forma de simplificação das junções e pontos de nós,
onde se torna mais limpo em questões de união de vários tubos no mesmo nó, facilitando no chanfro
do tubo e no processo de soldagem, a figura 13 podemos ver os tipos de chanfros e a solda
executada.
A simulação da solda foi realizada com 5 mm de espessura, e com dobras em alguns pontos do
chassi onde se faz necessário, porém e bem pouco o uso de dobras, sendo mais realizado a questão
de corte, chanfro e solda para dar forma.
Foram usados vários pontos estratégicos, onde se encontram as treliças, para reforço do chassi.
Figura 13: Pontos de nó com chanfros e solda.
5. CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi a apresentação das etapas de um projeto de chassi space frame desde
seu esboço, escolha dos materiais utilizados, tipo de soldagem e dobras dos canos, desenho em
software CAD e por último uma análise do seu comportamento feito no simulador.
Foram usados cargas e carregamentos que mais se aproximam da realidade que um chassi desse
porte pode sofrer ao longo de sua vida útil, que por sua vez se mostraram dentro dos limites de
estudo.
O estudo foi feito encima de um material escolhido desde o inicio do projeto, como um ponto
primordial que é o SAE 4130, uma liga de Aço cromo-molibdênio. Após desenvolvido o chassi no
software foi aplicado esta liga, onde o próprio software oferece uma lista com os dados necessários
para os estudos posteriores. Estes estudos, se deu com a aplicação de forças e carregamentos que
cada cenário oferece, vindo a gerar os resultados.
Em análise todo o desenvolvimento do projeto está dentro dos padrões, onde demonstra um bom
comportamento mecânico e uma estrutura adequada para aguentar estes tipos de esforços
solicitados, não devendo ultrapassa-los.
6. REFERÊNCIAS
AUTOPÉDIA, tudo sobre a técnica automóvel. dica de leitura. Disponível em:
<http://www.xl.pt/autopedia/>. Acesso em: 10 de maio de 2018.
AÇOS PORTE, comercial de aços LTDA. Dica de leitura. Disponível em:
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14 TFC 2018 – TRABALHO FINAL DE CURSO
<http://www.acosporte.com.br/aco-sae-4130>. acesso em: 10 de maio d 2018.
CARVALHO, Carlos. A história do automobilismo.2012 Disponível em: <
http://carvelautopecas.com.br/automobilismo.htm> Acesso em: 06 de julho de 2018
COSTIN, M.; PHILLIPS, D.; ALLINGTON, J. Racing and sports car chassis design. 3.ed. London:
BT Batsford Ltd, 1974. 147p
“confederação brasileira de automobilismo” (CBA). Dica de leitura. Disponível
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GIUSEPPE, Franco.; LUCCHESI, Kátia. aplicação de metodologia e sistemática de projeto em
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Happian-Simith, J. An introduction to modern vehicle design. 1.ed. [S.l.]: Elsevier, 2001. 632p.
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2018.
DESIGN OF A SPACE FRAME CHASSI FOR A COMPETITIVE VEHICLE
Abstract: The chassis is a structural element used in motor vehicles of all types, and is intended to
support the various components and also to ensure the integrity of the passengers. However, some
chassis need to have differentiated properties, as in the case of competition vehicles, which need to
be lightweight and at the same time load resistant. With this, this work tried to elaborate a project
of a spaceframe type chassis for application in competition cars. After the drawings were done, a
static analysis was performed to obtain the data of bending and torsion tension that can generate
variations in the shape of the chassis. For the tests and simulations CAD software (solidworks) was
used, where it was possible to add all loads and stresses that a chassis can receive during its life.
The purpose of applying the program to the chassis is to calculate the response of the structure to
the requests to which it will most frequently be subjected. Based on the results of the analyzes, it
was possible to verify that the designed chassis is sufficient to receive the stresses from the pre-
established loads.
Keywords: static analysis, finite elements, mechanical materials, welding and bending.