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Meninos(as) PROJETO DOS Ano I • Nº I • dezembro de 2011 - Uberaba/MG Esculturas de argila produzidas pelos alunos da instituição na oficina de arte em barro

Projeto dos Meninos

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Projeto dos Meninos

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Meninos(as) PROJETO DOS

Ano I • Nº I • dezembro de 2011 - Uberaba/MG

Esculturas de argila produzidas pelos alunos da instituição na ofi cina de arte em barro

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editorial

Durante quase um ano desenvolvendo este trabalho de conclusão de curso a frase que mais ouvi foi: “Quais meninos?”. Então respondo! O Projeto dos Meninos (as) é um trabalho desenvolvido nos bairros Gameleira e Residencial 2000 em Uberaba, Minas Gerais e recebe atualmente cerca de 300 crianças e adolescentes, que participam das atividades desenvolvidas.

Os alunos recebem ajuda nos estudos com as oficinas de Apoio a Leitura e Escrita que você pode conhecer melhor na página seis com a matéria Aprender Brincando. Além disso, tem uma alimentação preparada com muito carinho por uma equipe de cozinheiras que você verá na página 14.

No Projeto dos Meninos também tem mui-ta diversão que está na página 18 na editoria de Recreação. Você também irá conhecer nas páginas 12 e 13 as esculturas em barro dos pequenos artistas na Galeria de Artes. Família é assunto importante na instituição e o motivo está na página 11.

Educação, recreação, artes, alimentação, família e não poderiamos deixar de falar do trabalho de formação humana que é desen-volvido, você pode conferir na página oito. Já no final da revista, conhecerá Victor e Renato, dois jovens que participaram do Projeto e dão seus depoimentos sobre a importância desse trabalho.

Para dar dicas e esclarecer dúvidas sobre educação a psicopedagoga Glaucia Eli fala na página 16. O Projeto cresceu e já se expandiu para o bairro Residencial 2000, o trabalho desen-volvido lá você pode conferir na página 17.

O ínicio de tudo fica com a crônica de Irmã Anita, fundadora do Projeto dos Meninos (as), na página quatro que conta sobre como nas-ceu a instituição.

Foi um prazer conhecer e participar deste tra-balho. Seja bem-vindo ao Projeto dos Meninos!

Por Bárbara Caretta

“Quais meninos?”índice

611 Aprender Brincando: os ingredientes e métodos da educação

3Crônica: Irmã Anita conta história do Projeto dos Meninos (as)

8Valores Humanos: o direcionamento para o caminho certo

Famílias em Ação: a

participação das famílias.

12 Galeria de Artes: o talento dos pequenos artistas14

Comer para Crescer: alimentação saudável, criançada feliz

4Palavra de Especialista: Psicopedagoga dá dicas sobre educação

Extensão do Projeto: as atividades realizadas no Residencial 2000

Meninos de Sucesso: depoimentos de jovens que participaram da instituição

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expedienteProjeto dos Meninos(as) Magazine - Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social - Habilitação para Jornalismo - Universidade de Uberaba dezembro de 2011. Estudande do 8º Período de Jornalismo: Bárbara Caretta Projeto Gráfico e Diagramação: Alex MaiaOrientadora: Indiara FerreiraFotos: Capa (Natália Melo) - Arquivo Projeto dos Meninos(as)

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...No início dos anos 90. Nós par ticipávamos da CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base) do bairro Gameleira, um projeto que acontecia em toda Arquidiocese de Uberaba. Nos encontros, tínhamos formação humana para famílias e discutíamos o que era melhor para a realidade de cada local. Foi a par tir dessas reuniões que, junto com a comu-nidade, percebemos a necessidade de se criar espaços para as crianças do bairro.

Começamos sem lugar fixo, no fundo da nossa casa ou na igreja, reuníamos desde os bebês até os adoles-centes. Pouco tempo depois, ganhamos três casas que, em mutirão, com as famílias, foram derrubadas para a construção da creche.

Aos poucos, fomos nos organizando e descobrindo que precisávamos de um lugar específico para as cri-anças maiores, a par tir dos sete anos. Na mesma época, uma família que conhecíamos voltava de um trabalho re-alizado na África, Marco e Júlia Cury com seus filhos. Surge então o Projeto dos Meninos, que é um dos princi-

Crônica

Por Irmã Anita Rocha – Fundadora do Projeto dos Meninospais braços de diversas atividades que temos do Centro Comunitário do bairro Gameleira.

Dom Benedito Ulhôa, na época Arcebispo de Uberaba, direcionou uma verba para a compra do terreno onde hoje funcionam as atividades do Projeto dos Meninos. Na época, só existiam as magueiras e uma casa pequena no local. As aulas eram embaixo das árvores, ao ar livre. Quando chovia, era uma bagunça. Juntávamos todos na casa, apertadinhos.

Aos poucos, arrumamos uma verba aqui, outra ali e construímos a estrutura física da instituição. Mas, o mais importante é a estrutura organizacional que consegui-mos ao longo desses 20 anos. Uma diretoria formada por membros da comunidade e ex-alunos do projeto que estão sempre em busca do melhor. Tudo o que conseguimos até hoje é uma grande vitória e foi conquistado com muito es-forço. Mas a alegria maior é ver os nossos alunos forma-dos e com um futuro melhor. Somos felizes pelo que temos e continuamos em busca de melhorar cada vez mais, pois ainda há muito a ser feito.

Tudo começou...

No mosaico de fotos, imagens do início do Projeto dos Meninos(as), que nasceu em 1994 e já recebeu mais de mil crianças ao longos desses 18 anos

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De que modo acontece a edu-cação de uma pessoa?

A educação não acontece só no modo tradicional, na sala de aula, ac-ontece também na vida. O aluno pre-cisa aprender a lidar com o outro, ter conhecimento sobre ética, responsa-bilidade, compromisso, estabeleci-mento de rotina, respeitar o limite do seu colega, criar uma visão de futuro, onde eu quero chegar, como eu quero chegar, quais caminhos são viáveis para isso, o que eu preciso trabalhar para chegar nesse lugar, aprender que eu não vou chegar trapaceando, tentando ir pelo caminho mais fácil. Isso é também aprendizagem, e talvez algumas das mais valiosas.

Cada criança vem com uma bagagem, um problema diferente. Como tratar o todo, diante de tantas diferenças?

As diferenças, na verdade, são as maiores riquezas que nós temos no contexto de ensino aprendizagem. Por exemplo, quando temos uma cri-

Especialista em psicopedagogia explica a importância e as responsabilidades na educação da criança e do adolescente

O B-A-BÁ da formação humana

É inegável a importância da Educação Básica na formação de um cidadão crítico e consciente. Mas, durante os nove anos (período regulamentar para a finalização dessa etapa), alguns obstáculos podem surgir no processo de ensino-aprendizagem. Nesse momento, o professor precisa experimentar novas didáticas e dinâmicas em sala de aula e construir no-vas formas de inclusão do saber na vida dos alunos. Nem sempre a educação básica é suficiente para formar cidadãos conscientes e garantir o aprendi-zado de uma pessoa. Glaucia Eli da Silva é formada

em pedagogia pela Faculdade de Filosofia e Ciências de Ituverada e especializou-se em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Castelo Branco. Tra-balhou por 28 anos na rede municipal de ensino de Uberaba e fala sobre o olhar atento do professor, como perceber que uma criança está com alguma dificuldade e transformar o problema em aliado no processo de aprendizagem. Além de destacar a im-portância do processo de educação não só como transferência de ensino e sim como troca de aprendi-zagens. Confira na entrevista a seguir.

ança deficiente em um processo de educação infantil, as outras crianças se envolvem para ajudar e fazer com que ela cresça. Em primeira instân-cia, nós precisamos lembrar que as diferenças são altamente positivas. Mas é claro que também tem aquelas que são negativas, então como tra-balhar isso em um contexto tão di-verso? Quando eu estou em um am-biente não tão formal quanto a sala de aula comum, posso propor es-tratégias que levem o grupo para um mesmo lugar. Eu preciso analisar de acordo com cada idade, o que aquela criança, o desenvolvimento dela, per-mite que ela realize que ela faça para crescer e melhorar a dificuldade. É impor tante propor atividades grupais, para que as crianças se aproximem e as diferenças se tornem menores, valorizar a potencialidade da criança. É fundamental o trabalho do adulto, da pedagoga, que aplica diferentes dinâmicas, diferentes leituras, a par tir do olhar atento pra cada uma dessas par ticularidades.

O professor é fundamental na vida do aluno. É a primeira pessoa com quem ele estabelece uma ligação afetiva depois da família.

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O B-A-BÁ da formação humanaPalavra de Especialista

Quais são os sinais que ajudam a diagnosticar esses problemas?

Existem sinais que são ligados à par te orgânica. Esses são mais fáceis de perceber. Já os sinais de par te emocional são mais difíceis de diagnosticar, mas, mesmo assim, tem um momento, um limite que fica aparente. A criança apresenta alguns deles. A criança muito quieta, ou a que sempre se destaca, quer sempre estar em evidência, aquela que não para quieta, a que chora muito fácil, que estraga o brinquedo do colega sempre. Tudo isso é sinal de que há alguma coisa acontecendo com essa criança e é preciso ter uma atenção especial para poder ajudar.

Como o trabalho do professor, pedagogo pode influenciar na vida dessa criança que está com algum problema?

De várias formas, altamente posi-tivas. O professor não pode separar o aluno, com a função de aprender, do seu lado emocional. A pessoa é uma só, ela não vai pra um lugar e desliga da tomada os problemas. Por isso que eu preciso ter a compreensão do aluno em todas as suas dimensões, para perceber que a afetividade é um dos fatores que o ajudam a desen-volver. Se eu sou uma professora afetiva, que conheço meus alunos e, no início do ano eu consigo fazer um diagnóstico deles, de quem são, onde moram e quem são os pais. Se eu ouço aquela criança quando ela fala alguma coisa, eu desenvolvo uma relação afetiva com ela. Essa relação afetiva é altamente positiva no processo de aprendizagem dele. A criança não quer decepcionar aquela pessoa que gosta e admira. O profes-sor é fundamental na vida do aluno. É a primeira pessoa com quem o aluno

estabelece uma ligação afetiva de-pois da família.

De que forma projetos semel-hantes ao Projeto dos Meninos po-dem somar na educação básica?

Esses projetos podem enriquecer principalmente em se tratando de áreas culturais, como música, tea-tro, que a escola geralmente não consegue contemplar, principal-mente pelo currículo que eles pre-cisam obedecer, os prazos e metas de um cronograma feito para o ano todo. Nesses projetos, posso esta-belecer dinâmicas e estratégias que fazem os alunos enxergarem que, o que eles acham ruim, ou não gos-tam, como um livro, tem um outro lado. Podemos, por exemplo, tra-balhar a história de cer to livro em teatro. Em projetos como esse é possível trabalhar muito melhor o lado lúdico, sem contar os inúmeros benefícios, tanto na par te educa-cional, como na par te de formação de valores e caráter de uma criança e adolescente.

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Igor Ferreira Gonçalves tem 15 anos e mora com a avó Ilza Ferreira dos Santos. Em abril de 2011, saiu de casa em sua bicicleta para visi-tar a mãe. No caminho, perdeu o equilíbrio após ser ultrapassado por um caminhão e caiu. Com o acidente, quebrou os dois braços, teve várias es-coriações e cor tou a cabeça. Cursando o sétimo ano do ensino fundamental, antiga sexta série, na Escola Municipal Jouber t de Carvalho, Igor per-deu mais de um mês de aula e ganhou um bo-letim cheio de notas vermelhas.

Graças à parceria do Projeto dos Meninos com as escolas em que os alunos da instituição estudam, a coordenação pedagógica recebe o boletim das cri-anças e adolescentes e, desse modo, pode identi-ficar a maior dificuldade de cada um para ajudar. “A ajuda das professoras do projeto foi fundamental para minha recuperação na escola. Elas ‘pegaram no meu pé’ e me incentivaram. Minhas notas mel-horaram muito”, reconhece Igor.

São duas turmas, manhã e tarde, divididas em três grupos, de acordo com a idade. Os primeiros alunos, com idade entre seis e 12 anos, chegam às 8h e saem entre 11h30 e 12h. Os maiores de 11 a 14 anos chegam depois das 13h, quando saem da escola, e voltam para casa às 17h. As aulas são preparadas conforme análise de boletim esco-lar e reuniões semanais. As professoras analisam

Criatividade e empenho são ingredientes da educação no Projeto dos Meninos

Aprender brincandoo comportamento dos alunos e as notas que recebem da escola, assim elaboram uma estratégia que melhor atenda as neces-sidades das crianças e adoles-centes.

Tudo isso ajuda as professoras Sueli, Márcia e Valéria a identi-ficar as dificuldades e elaborar dinâmicas, grupos de estudo e estratégias pedagógicas para as aulas de reforço escolar. “Temos que saber um pouquinho de tudo aqui por que os meninos trazem diferentes tarefas e trabalhos. Cada um tem dificuldade em uma área”, conta Sueli, que trabalha nos dois turnos.

A criatividade na elaboração das aulas também entra em pauta no Projeto dos Meninos. A permanência e freqüência na institu-ição não são obrigatórias. Para manter as crianças ativas é preciso jogo de cintura e boas idéias. “Sempre procuramos trazer livros interessantes, montar a aula de um jeito diferente, atrativo, com muitas dinâmicas. Assim eles gostam e sentem vontade de voltar todos os dias”, explica a profes-sora Valéria Fernandes de Souza Silva.

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EducaçãoAprender brincando

A coordenadora do projeto, Júlia Cury, afirma que a preocupação da instituição é a educação. “A nossa intenção é formar cidadãos conscientes, que saibam opinar e se posicionar perante as dis-cussões sociais e, para isso, é importante que eles tenham uma boa formação, que leiam muito e se informem”, enfatiza a coordenadora.

Os responsáveis pelos alunos (pais, mães e parentes mais próximos) reconhecem a importân-cia do trabalho realizado na instituição. Vani Maria Paiva tem três netos no projeto. “Esse projeto é uma benção na vida dos meus netos. Eles melhoraram na escola, não só nas notas, mas também no com-portamento”.

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As professoras do Projeto dos Meninos(as) realizam reuniões semanais para planejamento das oficinas de apoio a leitura e escrita

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A cada mês, uma temática é escolhida para ser trabalhada no Projeto dos Meninos, de acordo com as necessidades diagnosticadas nas aulas e reuniões semanais. O importante é o incentivo à produção de materiais que conscientizem e in-formem sobre temas importantes na sociedade. Poemas, paródias e trabalhos são apresentados

Pequenos CidadãosValores HUMANOS

No Projeto dos Meninos, os alunos aprendem principalmente a valorizar o ser humano, respeitar o próximo e o direcionamento para o caminho certo.

no final de cada mês e a melhor é premiada com balas e chocolate. Os juízes da premiação são as professoras e a coordenação pedagógica. Con-fira a produção das crianças e adolescentes dos meses de agosto, setembro e outubro de 2011 sobre os temas: pipa, Projeto dos Meninos (as) e inclusão social.

Cartaz produzido pelos alunos do turno da tarde sobre o respeito aos portadores de deficiência física

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Pequenos Cidadãos

Esta brincadeira que vou falar agora, e tão diver tida de todas que

já brinquei a minha mais preferida.

Logo ao entardecer escuto o vento uivando, Larga tudo e vou

correndo serelepe pulando.

Meus amigos fazem o mesmo vamos todos brincar, brincadeira

tão diver tida não tem hora para acabar.

Que alegria minha pipa vou solta, logo minha pipa sobe e se

mistura com o azul do céu, com o azul do mar.

O sonho de ser criança acabou de começar, Lá no céu que nem

um passarinho veja minha pipa a voa com a sua linda rabiola

que os garotos da minha rua vivem a invejar.

Minha pipa vive flutuando ao céu enfeitar.

Minha mãe não gosta muito e vive a emplicar:

-‘’Oh meu filho tudo bem que e bricandeira, mas largue disso

vem para casa estudar’’.

Ciente do meu dever não vou demorar.

Aproveito mais um pouco e já vou entrar.

Minha tia já velhinha bem fraquinha que vive a falar.

‘’Hoje eu conheço a felicidade, pois um dia fui criança e pipa

pôde soltar’’.

Soltar pipas e para todas as crianças e adultos e até mesmo os

pequeninos foi isso que aprendi La no projeto dos meninos.

No projeto pode aprender que cerol não pode usar.

Pois as pessoas inocentes podem machucar.

Pensar no próximo nunca é demais.

Isso só mostra que para muda o mundo só basta ser capaz.

Depois de todo esse aprendizado, volto para casa exausto já

muito cansado, mais logo começo a me animar.

Pois brinquei o dia inteiro e agora é hora de estudar.

Depois de e quero realizar.

E se papai do céu poder me abençoar e um dia lindo poder me

proporcionar.

Amanhã alegremente pipas com os meus colegas eu vou soltar.

mês conhecido por ter muito vento é a época perfeita para a fabricação de pipas, um brinquedo antigo que ainda hoje faz sucesso com a criançada. No Projeto dos Meninos, foi trabalhada a conscientização para que os alunos não usassem cerol, material perigoso usado na brincadeira. Agosto,

Pipa que voa levando e trazendo lembranças boasHiago Fernandes da Cruz

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Eu queria mudar, eu queria mudar, Eu queria mudar, eu queria mudar...

O Projeto me ensinou ser assim viver sem preconceito vai ser muito bom pra mim.

Aprendi a ter respeito e cuidar da minha vida ir pra Faculdade pra estudar...

No meio do Projeto é a gente que escolhe, amigo de confiança concerteza vou achar...

Eu queria mudar, eu queria mudar, Eu queria mudar, eu queria mudar...

O Projeto me ensinou ser assim viver sem preconceito vai ser muito bom pra mim.

Pulei o muro do preconceito pra ser alguém na vida, sem preconceito melhor agora fica, respeitar a mulherada, respeitar seu vizinho.

É muita influencia pra um só menininho

É divertido estudar, fazer o que é divertido, boneca no telhado brincadeira de menina, cadeira de madeira mocinho sentadinho

Vida boa, descendo atrás dos amigos, mais empolgados da rua tipo engraçado, jeitinho de marrento, carinha de engraçado,

Adorava a Escola, classe ou centro de ensino, da meu carrinho, da meu brinquedo de alegrar menininho.

Esse mundo me ensinou Respeitar

Esse mundo me ensinou Trabalhar

Esse mundo me ensinou a Viver

De um jeito que da pra mudar...

Eu queria mudar, eu queria mudar, Eu queria mudar, eu queria mudar...

O Projeto me ensinou ser assim viver sem preconceito vai ser muito bom pra mim!

No mês de Setembro foram feitas paródias sobre o Projeto dos Meninos, o que ele representa na vida dos adolescentes. Confira a vencedora deste mês.

PARÓDIA - EU QUERIA MUDAR

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O envolvimento das famílias dos alunos no Projeto dos Meni-nos sempre foi uma preocupação da direção da instituição. Para eles, é importante que todos estejam envolvidos no processo de educação de cada criança e adolescente que participa ali. Para isso, eles realizam os Encontros de Famílias, que acontecem a cada dois meses. São desenvolvidos eventos que chamem o maior número de pais e responsáveis possível.

A coordenadora do Projeto, Júlia Cury, afirma que uma re-união de pais comum, como na escola normal, não consegue fazer que os pais se interessem. “Por isso, pensamos em even-tos: jantares, bingo, noite de talentos e noite de forró. Assim, conseguimos trazer toda a família para uma noite agradável e aproveitamos para passar as informações e atualizar cada um sobre seu filho, sobrinho, neto”, conta Júlia.

Além dos eventos, acontecem também palestras sobre te-mas sociais, como higiene, drogas, doenças sexualmente trans-missíveis, além de especialistas em serviço social, que orientam os pais sobre as necessidades e os cuidados com os filhos.

Foi assim que a dona de casa Valéria Inês Martins Silva ficou sabendo que o filho Guilherme Martins estava com mau com-portamento no Projeto dos Meninos. O adolescente, de 15 anos, segundo a mãe, é inteligente e adora futebol, mas não tinha dis-ciplina nenhuma. Há um ano frequentando a instituição, Kibinho, como Guilherme é conhecido, quase chegou a ser desligado do Projeto.

Com o acompanhamento feito com as famílias e a parte pedagógica, a coordenação decidiu dar uma última chance ao adolescente e o encaminhou para a Unidade II, onde os jovens

Famílias em ação

aprendem a se comportar em um ambiente de trabalho. Lá, Kib-inho melhorou a disciplina, além das notas na escola. “O Pro-jeto é um alicerce na vida de todas as crianças e são elas que constroem o futuro. É bom ver que meu filho está seguindo um caminho bom”, conclui Valéria.

Quem também valoriza o trabalho realizado no Projeto é a família do jovem Leonardo Alves Chaves, de 27 anos. Léo está na instituição há aproximadamente nove anos e tem o desen-volvimento motor lento, o que atrasa o seu aprendizado, mas isso é uma mera informação. Léo é muito querido entre todos, graças à sua facilidade de fazer amizade e encantar as pessoas.

Ele gosta de participar de tudo que o projeto oferece: futebol, violão, dança e o oficina de Olodum, sua grande paixão. Seus pais, Vanda Lúcia Alves Chaves e Paulo Roberto Chaver, garantem que o Projeto dos Meninos é o segundo lar para o filho. “O Léo é o maior presente que Deus colocou na nossa vida. É muito bom saber que no projeto as pessoas convivem com bem e o respeitam”, diz a mãe.

Sempre que podem, os pais dos jovens Leonardo e Kib-inho estão no Projeto para participar dos eventos, saberem como os filhos estão. “Tentamos sempre estar presente para mostrar para o Léo que nos importamos com o que ele gosta, o que o deixa feliz”, conta Paulo Roberto.

Além de mostrar para as famílias a rotina dos seus fil-hos, os Encontros de Família também ajudam a arrecadar renda para a alimentação dos pequenos. “Toda a renda que arrecada-mos nos eventos é revertida para a compra dos alimentos”, ga-rante a coordenadora.

Projeto dos meninos(as) trabalha com a famíliaA família tem participação ativa na instituição através de acompanhamento em reuniões e eventos.

Os Encontros de Famílias são realizados mensamentes e além de proporcionar diversão, trata de temas sociais

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As instruções são com sotaque estrangeiro. Pela terceira vez, Geneviève Le Phuizic vem da França para ministrar o curso de arte em argila na instituição. Neste ano, o tema é a saga de Chico Rei. Em pouco menos de dois meses, os 24 participantes do Projeto dos Meninos contaram a história do africano, que foi vendido como escravo para o Brasil e lutou pela liberdade.

Os ingredientes para as obras de arte são simples: argila e um pouco de água, somados a alguns instrumentos de modelagem e desenho. Para finalizar, a tinta que ajuda a dar a tonalidade exata para as peças. Aos poucos, surgem as formas.

Na primeira visita, em 2007, ela ensinou a mexer com a argila e foram fabricados jarros. Já em 2009, foi criado um painel mural inspirado nas características do Projeto.

A ideia de ministrar esses cursos veio da própria artista. Geneviève é sobrinha de uma das fundadoras, Irmã France Jougla. Em uma visita à tia, conheceu o Projeto e quis voltar para ensinar as crianças. Ela diz que, neste ano, pretende inscrever os trabalhos realizados em Uberaba no Festival de Filmes de Cerâmica, realizado na cidade de Montpellier na França.

Lá, ela também produz esculturas para exposições. Além disso, realiza trabalho voluntário ensinando principalmente mulheres adultas.

A artista afirma que o bacana das atividades desenvolvidos nesses anos é ser um trabalho em grupo que motiva os alunos a colaboração e respeito ao serviço do outro. “Cada aluno faz um pedacinho e, no final, quando todos os trabalhos estão juntos, é que forma um todo” comenta Geneviéve.

O estudante Hiago Fernandes da Cruz foi um dos selecionados para participar da oficina graças ao seu interesse nas artes e pelo bom comportamento no Projeto. Ele diz que foi uma experiência inesquecível em sua vida. “Foi ótimo participar da oficina de argila porque me ajudou a agregar conhecimento e experiência em uma área que eu ainda não conhecia”, relata Hiago.

Galeria de Artes

Crianças e adolescentes reconstituem a história de Chico Rei em esculturas em argila

Arte em barro

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Projeto dos meninos(as) - 13Projeto dos meninos(as) - 13

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São em média 210 quilos de arroz, 60 de feijão, 200 de carne e 240 de verdura por mês para alimentar as cerca de 100 crianças que almoçam, todos os dias, no Projeto dos Meninos. Os alimentos são preparados pelas mãos da cozinheira Maria Fernandes Souto de Paula, que trabalha na instituição há dois anos.

Dona Maria foi contratada quando o restaurante foi aberto, em 2010, por meio da parceria com a Fundação Abrinq. A parceria durou um ano. No início de 2011, a direção decidiu promover eventos com as famílias, como jantares, bingos. Além disso, o restaurante é ab-erto para a comunidade comprar o marmitex por seis reais e tem 50% de lucro, revertendo para gastos com a alimentação. Eles ainda contam com ajuda dos recursos dos convênios com a Secretaria Municipal de Desen-volvimento Social e doações.

“A maioria das crianças vem de famílias de baixa ren-da, que não têm condições de uma alimentação com-pleta, com carne, verdura e legume, ingredientes fun-damentais para um crescimento saudável”, relata Júlia.

Ela ainda conta que assim que o refeitório foi inaugu-rado, em 2010, a direção teve que limitar a quantidade de vezes que podia repetir, pois muitas crianças esta-vam passando mal por comer muito. Foi limitado então a três vezes para cada aluno. “A comida é muito boa.

Comer para Crescer

Alimentação saudável, criançada feliz

Cerca de 100 crianças almoçam todos os dias no Projeto dos Meninos

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Projeto dos meninos(as) - 15

SEGUNDA-FEIRAArroz, feijão, carne de porco, salada de macarrão, molho de abobrinha, bife a rolê, salada.

TERÇA-FEIRAArroz, feijão, strogonoff, batata frita, abobora cabotia, salada.

QUARTA-FEIRAArroz, feijão, carne moída com legumes, macarronada, espinafre, quibe assado, salada.

QUINTA-FEIRAArroz, feijão, bisteca de porco, farofa, couve, mandioca, salada.

SEXTA-FEIRAGalinhada, carne de panela, creme de milho, maionese, tutu de feijão e carne moída e verduras.

Podemos repetir e comer de tudo: arroz, feijão, carne, que nem sempre tem em casa, muita salada e verdura. Coisas que ‘faz’ bem pra saúde”, conta Josué Henrique de Souza Paiva, de sete anos.

Comidas simples, mas que agradam a criançada. Para os pequenos, o prato preferido é galinhada, servida às sexta-feiras. Outro preferido é o strogonoff, de terça-feira.

“É muito bom saber que estamos ajudando a con-struir um futuro melhor para eles”, finaliza dona Maria.

A área de alimentação, conhecida como Restaurante Park, foi construida em parceria com a Fundação Abrinque

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Recreação

FUTEBOLNove a cada dez dos meninos

dizem: “O que eu mais gosto é o futebol”. Os jogos são na quadra da instituição, acompanhados pelo professor Loreno Pessato, que ensina as regras e organiza a criançada. Todo dia tem jogo para os meninos no segundo horário.

brincar é preciso

DANÇAAs aulas de dança acontecem

toda terça-feira. A responsável por ensinar os ritmos aos alunos é Alineriane de Oliveira, ex-aluna do projeto. Axé, jazz, samba e forró são os estilos mais pedidos.

Não só de estudo sobrevive o Projeto dos Meninos, dividido em dois horários o turno, o segundo momento é dedicado às brincadeiras e atividades de recreação para as crianças e adolescentes. “Geralmente, é a parte que eles mais gostam, pois é o espaço que podem viver a infância, brincar”, confirma a coordenadora Júlia Cury.

Dos esportes aos jogos de tabuleiro, a ordem é se divertir.

Os alunos do projeto além de ter apoio e reforço na educação e valores humanos, também tem um tempo reservado para a diversão

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NATAÇÃOEssa modalidade chegou ao projeto

há pouco menos de um ano. A piscina foi construída com parceria fi rmada entre a instituição e a Petrobras. Toda terça e toda sexta feira, as crianças têm aulas de natação com a professora Andrezza.

JOGOS DE TABULEIROTorrinha e dama são os preferidos entre

os jogos de tabuleiro. Um passatempo que existe antes das crianças do projeto nascerem e que faz sucesso entre os alunos, sob a supervisão das professoras Valéria, Márcia e Sueli.

VÔLEIO vôlei também é acompanhado pelo

professor Loreno Pessato. A modalidade agrada os meninos e as meninas. Os jogos não têm data fi xa para acontecer, basta os alunos demonstrarem interesse e a rede é montada para eles se divertirem e exercitarem.

VIOLÃOA música também tem muitos adeptos.

As aulas de violão fi cam por conta do professor Anderson Carrijo. Ele também é ex-aluno do Projeto dos Meninos e agora repassa o que aprendeu.

OLODUM Em um ritmo harmonioso, os adolescentes

do Projeto dos Meninos embalam sons diferentes no Olodum. As aulas e ensaios acontecem às sextas.

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RenatoQuando o Projeto dos Meninos (as)

começou a funcionar aqui no bairro, meu irmão mais velho decidiu partici-par das atividades desenvolvidas. Na época, como estava iniciando, não tin-ha muitas atividades. Eram seus primei-ros passos como centro de formação. Contava com apenas algumas crianças.

Com o passar de pouco tempo, eu também decidi fazer parte do projeto, que começou a partir de nossas Irmãs Anita, Terezinha e Irmã França. Quando

cheguei, por ser ainda pequeno, não pude de imediato fazer parte, pois, ainda não tinha idade suficiente para participar.

No começo, era só brincadeira como jogar “bolinha de gude” debaixo das mangueiras, pois, ainda a estrutura física era precária, mas, com o tempo, foram construídas salas de aula e disponibilizados professores para ministrar reforço escolar e atividades como informática, música e outras. O projeto evoluía e crescia juntos com os nossos sonhos.

O projeto se desenvolveu, as crianças também cresceram e sur-giu a preocupação de oportunizar empregos para os adolescentes. O projeto fez grandes parcerias com empresas para a contratação de menores aprendizes, como por exemplo, o Banco do Brasil. Eu fiz parte desta parceria.

Assim também como nascia a preocupação de geração de renda, trabalho e emprego nasciam as ideias de inserção dos jo-vens no ensino superior. Com esse apoio, cursei e me formei em Direito, pela Universidade de Uberaba. O projeto deu boas bases a essas crianças. A cada ano o grupo tem crescido e o Projeto dos Meninos(as), colocando mais jovens nas universidades.

Hoje com orgulho também faço parte do grupo na Diretoria Executiva. O Projeto é parte da minha vida, pois foi aqui que eu cresci, comecei a participar do Projeto desde seis anos de idade mais ou menos, e foi aqui que recebi grande apoio e base pra vida adulta não só para formação acadêmica, mas, como também formação pessoal e de um bom caráter, com os valores familiares e solidariedade com amor ao próximo.

Foi e é muito bom participar do Projeto dos Meninos (as).

Renato Aleixo Medeiros Formado em Direito pela Universidade de Uberaba.

Participante da Diretoria Executiva do Projeto dos Meninos.

Meninos de SucessoAs conquistas dos meninos do Projeto

Durante 18 anos, mais de mil crianças e adolescentes passaram pelo Projeto dos Meninos, cerca de 15% deles se perderam no caminho, mas os outros 75% conseguiram construir o início de um futuro melhor. Neste espaço você vai conhecer dois personagens da vida real:: Renato Aleixo, que se formou e agora trabalha na área, e Vitor Ferreira, estudante de Publicidade e Propaganda que sonha alto.

VitorAntes de entrar no projeto, minha vida era monótona, só fi-

cava em casa, até que um amigo me chamou pra ir participar do Projeto dos Meninos.

No começo, era completamente diferente do que é hoje. Quando cheguei, achei que seria um lugar para eu farrear muito, mas não foi só isso. Tinha a hora de divertir e também de es-tudar e fazer os deveres. Eu tive a oportunidade de conhecer mais pessoas e perder a timidez. O bom do projeto é essa intera-tividade com pessoas diferentes. Essa pluralidade que tem lá é uma das melhores coisas, na minha opinião.

O Projeto fez diferença na minha vida, porque quando nós recebemos o incentivo da sociedade faz com que nós nos es-forcemos mais para chegar mais longe, lá eu recebi o apoio necessário para que eu acreditasse que era possível fazer um curso superior e ter um futuro melhor. Hoje faço Publicidade e Propaganda na Universidade de Uberaba e pretendo depois me graduar também em Jornalismo, que é meu grande sonho.

O Projeto é uma base para a pessoa ter um objetivo na vida, eu espero que cada uma das crianças que estão lá aproveitem as oportunidades que a instituição oferece e saibam crescer na vida de forma digna e ética.

Vitor Ferreira SantosEstudante de Comunicação Social – Habilitação para

Publicidade e Propaganda na Universidade de Uberaba

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Projeto dos meninos(as) - 19

Extensão do Projeto

No início do novo milênio, surgia também um novo bair-ro em Uberaba, o Residencial 2000. Situado na periferia da cidade, é composto por um conjunto de casas populares. Várias famílias, que moravam no Gameleira e migraram para o conjunto vizinho em busca da casa própria e tiver-am um problema. Porém, projeto contemplava apenas os moradores do Gameleira, o que significava que as crianças não poderiam ir mais a instituição.

Em 2002, nasceu então o Projeto dos Meninos II, a ex-tensão do trabalho realizado no bairro Gameleira para o Residencial 2000, com a finalidade de acolher as crianças e adolescentes dali.

No início, com poucos recursos e sem sede própria no local, as aulas aconteciam na Escola Municipal Esther Limírio Brigagão, que fica no bairro, todos os sábados, das 9h às 11h. Os professores da Unidade I ministravam as

Projeto dos Meninos II contempla crianças do Residencial 2000

aulas de reforço escolar, brincadeiras e jogos espor tivos. Em 2010, com parceria firmada com a Prefeitura de

Uberaba, o Projeto dos Meninos II ganhou um espaço de 31.700 m² para construir a nova sede. Foi o primeiro passo para uma nova conquista. Porém, contando apenas com emendas parlamentares como recursos financeiros, a construção não pode sair do papel. Mas isso não significa que o trabalho perdeu forças.

As aulas continuam aos sábados no mesmo horário, mas agora conta com um time de estagiários que auxil-iam nas atividades com as crianças. Ao todo são 13 es-tudantes que estão se formando pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e Universidade de Uberaba, nos cursos de psicologia, nutrição, terapia ocupacional, enfermagem e educação física, utilizam as técnicas apren-didas com os alunos.

Diretoria procura parceiros para construção da sede própria

Em 2010 a Prefeitura Municipal de Uberaba doou uma área de 31.700 m² para construção do Projeto dos Meninos(as) II no Residencial 2000

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