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1 PROJETO FRONTEIRA EM FOCO

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Diretor-Adjunto de Assuntos ParlamentaresGeraldo Marcio SecundinoDiretor de Relações IntersindicaisCarlos Eduardo Barcellos DieguezDiretor-Adjunto de Relações IntersindicaisLuiz Gonçalves BomtempoDiretor de Relações InternacionaisJoão Cunha da SilvaDiretora de Defesa da Justiça Fiscal e da Seguridade SocialMaria Amália Polotto AlvesDiretor-Adjunto de Defesa da Justiça Fiscal e da Seguridade SocialRogério Said CalilDiretoria de Políticas Sociais e Assuntos EspeciaisJosé Devanir de OliveiraDiretores-SuplentesKleber Cabral

Equipe Técnica que elaborou este estudo:Álvaro Luchiezi Jr. – Gerente de Estudos TécnicosRenata Machado de Araujo Machado – Assessora de Diretoria, Departamento de Estudos TécnicosÁryna Martins Dias Rangel - Assessora de Diretoria, Departamento de Estudos Técnicos

Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do BrasilSDS - Conjunto Baracat - 1º andar - salas 1 a 11 Brasília/DF - CEP 70392-900Fone (61) 3218 5200 - Fax (61) 3218 5201www.sindifisconacional.org.br e-mail: [email protected]

É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte.

Diretoria Executiva NacionalPresidentePedro Delarue Tolentino Filho1º Vice-PresidenteLupércio Machado Montenegro2º Vice-PresidenteSergio Aurélio Velozo DinizSecretário-GeralClaudio Marcio Oliveira DamascenoDiretor-SecretárioMauricio Gomes ZamboniDiretor de FinançasGilberto Magalhães de CarvalhoDiretor-Adjunto de FinançasAgnaldo NeriDiretora de AdministraçãoIvone Marques MonteDiretor-Adjunto de AdministraçãoEduardo TanakaDiretor de Assuntos JurídicosSebastião Braz da Cunha Dos Reis1º Diretor-Adjunto de Assuntos JurídicosWagner Teixeira Vaz2º Diretor-Adjunto de Assuntos JurídicosLuiz Henrique Behrens FrancaDiretor de Defesa ProfissionalGelson Myskovsky Santos1ª Diretora-Adjunta de Defesa ProfissionalMaria Cândida Capozzoli de Carvalho2º Diretor-Adjunto de Defesa Profissional Dagoberto da Silva LemosDiretor de Estudos TécnicosLuiz Antonio BeneditoDiretora-Adjunta de Estudos TécnicosElizabeth de Jesus Maria Diretor de Comunicação SocialKurt Theodor Krause1ª Diretora-Adjunta de Comunicação SocialCristina Barreto Taveira2º Diretor-Adjunto de Comunicação SocialRafael Pillar JuniorDiretora de Assuntos de Aposentadoria, Proventos e PensõesClotilde GuimarãesDiretora-Adjunta de Assuntos de Aposentadoria, Proventos e PensõesAparecida Bernadete Donadon FariaDiretor do Plano de SaúdeJesus Luiz BrandãoDiretor-Adjunto do Plano de SaúdeEduardo Artur Neves MoreiraDiretor de Assuntos ParlamentaresJoão da Silva dos Santos

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SUMÁRIO1. “Fronteira em Foco”, uma iniciativa do Sindifisco Nacional em prol da segurança de nossas fronteiras

2. A atuação da Receita Federal do Brasil e o Papel do Auditor-Fiscal nas Fronteiras Terrestres do Brasil

3. O Plano Estratégico de Fronteiras 4. Motivações da Introdução Ilícita de Mercadorias em Território Nacional 5. Comércio Internacional e Fiscalização Aduaneira e Fronteiriça 6. Desempenho da Ação de Fiscalização nas Regiões Fiscais de Fronteira Terrestre 7. As Operações de Repreensão ao Contrabando, ao Tráfico e ao Descaminho Realizadas pela Receita Federal do Brasil 8. Relato dos Problemas Encontrados nas Localidades de Fronteira Terrestres

9. Conclusão e Propostas

Referências

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28

33

35

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FRONTEIRA EM FOCO,UMA INICIATIVA DO SINDIFISCO NACIONAL EM PROL DA SEGURANÇA DE NOSSAS FRONTEIRAS.

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A Diretoria Executiva Nacional (DEN) do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil

(Sindifisco Nacional) percorreu centenas de quilômetros de fronteiras brasileiras para traçar o perfil das unidades

da Receita Federal do Brasil (RFB) em áreas estratégicas para a segurança do país.

A intenção desse projeto, que ganhou o nome de “Fronteira em Foco”, foi produzir um diagnóstico que possa fomentar

a discussão no seio da classe e, sobretudo, municiar de informações a administração da RFB e todas as outras instâncias

de governo interessadas no assunto com o fito de traçar estratégias que revertam as deficiências encontradas na maioria

dos locais visitados.

A síntese desse trabalho, realizado entre outubro de 2010 e março de 2011, pode ser examinada na presente publicação.

Neste período a DEN visitou os estados do Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A despeito das especificidades de cada local, o relatório destaca, sobretudo, problemas recorrentes de falta de estrutura e

de deficiência de pessoal. O mais grave é que tais inconformidades expõem uma questão de maior dimensão: a segurança

nacional.

Portanto, este documento, longe de identificar pormenorizadamente todas as deficiências, visa a chamar a atenção para

uma situação mais grave que carece de solução urgente: a insegurança nas fronteiras do país, porta de entrada de boa

parte das armas que vão municiar o crime organizado, e das drogas que vão alimentar o tráfico.

Investir na melhor adequação estrutural dos pontos de fronteira é, ao mesmo tempo, proteger o cidadão da violência,

diminuir os índices de homicídios, evitar que mais jovens se entreguem ao vício, reduzir os gastos do Estado com medidas

paliativas de segurança e desafogar o sistema público de saúde que despende milhões de reais por ano para cuidar das

vítimas da violência e da dependência de drogas ilícitas.

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A ATUAÇÃO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL E O PAPEL DO AUDITOR-FISCAL NAS

FRONTEIRAS TERRESTRES

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O Brasil tem fronteira com 10 países da América do Sul, possuindo 16.885,7 quilômetros de limites geográfi cos1.

Os dados da Tabela 1 indicam que apenas 10,6% desta extensão são compostos de limites geodésicos ou de

superfície terrestre.

Esta enorme diversidade de contatos fronteiriços, especialmente devido ao fato de que a maior parte deles é por via

aquática, requer um rígido controle do fl uxo comercial nas fronteiras, a bem da segurança nacional e dos cidadãos, e

da proteção da economia e do emprego no país. O combate a práticas criminosas como o tráfi co de drogas ilícitas, de

entorpecentes e de armas, de riquezas da fauna, da fl ora e do nosso patrimônio histórico/cultural, passa necessariamente

pela ação fi scalizadora da Aduana em conjunto com os demais órgãos de repressão constitucionalmente vocacionados

para esse mister por meio de “missões de repressão e apreensão2” .

Somente por meio da interposição de barreiras institucionais às trocas comerciais, característica básica do controle

aduaneiro, é que se obtém essa proteção e segurança.

1 Fronteira é um conceito mais abrangente, referindo-se a uma faixa ou região do território físico enquanto que limite traz a noção de uma demarcação defi nida, linearmente precisa do terreno.

2 SIMÃO Jr., 2011 (a), p. 23

Fonte: Brasil, Ministério das Relações Exteriores, Fronteiras do Brasil, 2011

Tabela 1Fronteiras do Brasil em quilômetros

País Rios e Canais

Lagoas Geodésicas Divisor de Águas

Total

Guiana FrancesaSuriname

Guiana

Venezuela

Colômbia

Peru

Bolívia

ParaguaiArgentinaUruguai

63,00

140,10

427,20

698,20

808,90

2.003,10

2.609,30

928,501.236,20608,40

303,20593,00

907,60

2,109,00

223,20

708,70

436,9025,10262,00

730,40593,00

1.605,80

2.199,00

1.644,20

2.995,30

3.423,20

1.365,401.261,301.068,10

90,00

612,10

283,50

750,90

57,60

Total 9.319,80 203,10 1.794,10 5.568,90 16.885,70

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Assim, as Aduanas têm como função:

“(...) assegurar que todos os bens objeto de comércio internacional circulem pelas fronteiras do país em consonância com

os mandamentos legais vigentes e em condições econômicas compatíveis com a do mercado interno, preservando a sua

capacidade econômica e a segurança dos seus cidadãos através da execução do controle físico e documental eficaz e eficiente,

que não interfira substancialmente nos custos logísticos das transações3.”

A atividade aduaneira, exercida pela Receita Federal do Brasil (RFB) e operacionalizada pelos seus agentes, os Auditores-

Fiscais em nome do Estado Brasileiro, promove o controle dos fluxos (entradas e saídas) de bens e mercadorias entre

o país e exterior, adequando-os às normas internas do país. A aduana é responsável pela fiscalização das atividades de

comércio exterior, tributária e administrativamente, implementando políticas e monitorando os efeitos desses fluxos.

O Regulamento Aduaneiro4 define que a jurisdição dos serviços aduaneiros abrange as chamadas zonas primárias5

e a zona secundária6. As primeiras, demarcadas pelas autoridades aduaneiras locais, são constituídas, nos portos

alfandegados, pelas áreas terrestres ou aquáticas, contínuas ou descontínuas; nos aeroportos alfandegados, pela área

terrestre; e a área terrestre nos pontos de fronteira alfandegados. A segunda compreende todo o restante do território

aduaneiro, inclusive águas territoriais e espaço aéreo.

Assim, nos pontos de fronteira se desenvolvem as atividades de controle aduaneiro de nossas fronteiras terrestres. Eles

são alfandegados por ato declaratório da autoridade aduaneira competente para que ali se exerça o controle aduaneiro o

qual abrange: a inspeção de veículos, mercadorias ou viajantes.

As mercadorias, procedentes ou destinadas ao exterior, por via terrestre, somente poderão transitar pelos pontos de

fronteira alfandegados7 . Todo o tráfego de mercadorias que não ocorra por esta via será considerado ilegal.

A RFB, por meio dos Auditores-Fiscais, mantém nas áreas de fronteira uma presença fiscal altamente especializada,

competindo-lhes organizar o planejamento, a coordenação e a realização das atividades de repressão ao contrabando, ao

descaminho, à contrafação e pirataria e ao tráfico ilícito de entorpecentes e de drogas afins, e à lavagem e ocultação de

bens, direitos e valores8.

A estrutura operacional existente na RFB para exercer esta missão está dividida em dez unidades descentralizadas ou

regiões fiscais (RF), abrangendo todos os estados do país, da seguinte forma:

3 SIMÃO Jr., 2011 (b), p. 53

4 Decreto no 6.759 de 05 de fevereiro de 2009

5 Regimento Aduaneiro, art. 3º, inciso I. Regimento Aduaneiro, art. 3º, inciso I.

6 Idem, inciso II

7 Idem, art. 8º

8 Regimento da RFB, art. 1º, inciso XX.

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1ª RFDistrito FederalGoiásMato GrossoMato Grosso do SulTocantins

5ª RFBahiaSergipe

6ª RFMinas Gerais

7ª RFEspírito SantoRio de Janeiro

8ª RFSão Paulo

9ª RFParanáSanta Catarina

10ª RFRio Grande do Sul

2ª RFAcreAmapáAmazonasParáRondôniaRoraima

3ª RFCearáMaranhãoPiauí

4ª RFAlagoasParaíbaPernambucoRio Grande do Norte

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Destas, quatro abrangem estados com pontos de fronteira terrestre: 1ª, 2ª, 9ª e 10ª R.F.

O controle do fluxo comercial nas fronteiras (comércio aduaneiro), exercido pela RFB por meio da atuação especializada

dos Auditores-Fiscais, protege a indústria nacional dos produtos que entrariam no país em desigualdade de condições.

Esta ação também ajuda a proteger o emprego gerado no país e a combater a informalidade.

Em paralelo às ações de vigilância e de repressão, a fiscalização aduaneira eleva a percepção de risco por parte do mau

operador no comércio exterior. Este vê-se impelido a declarar de forma apropriada e sem evasões as mercadorias que

entram ou saem do país. Portanto, a fiscalização aduaneira busca, assim, resultados indiretos que se realizam com a

elevação do patamar de cumprimento voluntário das obrigações tributárias.

O objetivo da atividade aduaneira é defender os interesses nacionais, proporcionando proteção à sociedade em diversos

aspectos:

à indústria nacional e à competitividade do produto nacional (combate ao contrabando, descaminho, falsificações, etc.);

ao patrimônio cultural (combate ao tráfico do acervo cultural tombado e sítios arqueológicos),

à fauna e à flora (combate ao tráfico ilegal de animais e plantas, inclusive a biopirataria);

à saúde (combate às falsificações, controle de licenciamentos);

ao trabalho nacional (em setores de importância estratégica e/ou de grande potencial competitivo internacional);

Assim, a atividade aduaneira nas áreas de fronteira desempenha, sobretudo, funções extrafiscais e regulatórias. Ela é,

portanto, uma função de Estado, de intervenção deliberada na economia, tanto interna quanto externa.

Entretanto, embora a tendência mundial de liberalização comercial tenha levado à queda das barreiras tarifárias, a

função arrecadatória da aduana no Brasil passou a se revestir de certa importância a partir da instituição da incidência

das contribuições (PIS, COFINS) sociais sobre as importações.

O trabalho do Auditor-Fiscal que atua na atividade aduaneira de fronteira reveste-se de grande importância, defendendo

a sociedade e o país da entrada de produtos danosos à saúde pública, protegendo as riquezas nacionais, combatendo a

concorrência desleal ao mercado nacional, as empresas de fachada, a lavagem de dinheiro e o narcotráfico.

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O PLANO ESTRATÉGICO DE

FRONTEIRAS

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A infraestrutura física, tecnológica e de recursos humanos disponível nos pontos de fronteira terrestre brasileiros

está bastante debilitada. Qualitativa e quantitativamente, ela não corresponde ao esforço requerido para o

combate ao contrabando, ao tráfico e ao descaminho. Nas páginas seguintes este relatório mostrará muitas das

debilidades ali encontradas.

Essas deficiências não são recentes. Elas se acumularam ao longo dos últimos anos em decorrência do baixo interesse das

autoridades competentes e do Governo Federal em dar o tratamento adequado ao problema.

É bem verdade que as dimensões continentais do país, bem como a imensidão de suas fronteiras secas, configuram-se

em significativo óbice ao implemento de uma política mais eficiente de controle. Entretanto, o que se vê é um absoluto

descaso com questão de fundamental importância para a sociedade: a segurança, em todas as suas variantes.

Além da identificação dos principais pontos de gargalo no atendimento às necessidades da proteção às nossas fronteiras,

elementos estes afetos à esfera do planejamento, a solução destes problemas passa, necessariamente, pelo investimento

de recursos financeiros em perspectivas diversas, de curto, médio e longo prazos, segundo o grau das emergências e de

acordo com o seu nível de complexidade.

Diante da necessidade de respostas à todos os problemas existentes em nossas fronteiras, o Governo Federal, já

tardiamente, apresentou em 8 de junho de 2011 o Plano Estratégico de Fronteiras, e para tanto editou o Decreto 7.496

de 8 de junho de 2011, contendo as diretrizes gerais do plano.

O plano, estruturado de forma genérica, não detalha pormenorizadamente as ações e os custos necessários para atacar

de frente e de forma abrangente todos os pontos fracos identificados em nossas fronteiras. Senão, vejamos.

Sua implementação ocorrerá por meio de ações conjuntas dos Ministérios da Defesa e da Justiça. Preocupa-se com as

questões de segurança, posto que está centrado essencialmente no tráfico de armas, drogas e pessoas e estrutura-se

em duas operações principais: “Sentinela”, com foco nas ações de inteligência, e “Ágata”, focado em particularidades

regionais, conforme anunciado pelo próprio Governo Federal.

As diretrizes do plano prevêem ações conjuntas das Forças Armadas e de órgãos de segurança pública (Polícias Federal e

Rodoviária Federal, etc), além da integração com países vizinhos9 e seus objetivos são a integração de ações de segurança

entre a União e Estados e Municípios fronteiriços; ações conjuntas dos órgãos de segurança da União e dos Estados com

as Forças Armadas e troca de informações entre eles; parcerias com países vizinhos na prevenção, controle, fiscalização

e repressão dos delitos fronteiriços e transfronteiriços10. No mais, a implementação das ações do plano ocorrerá por

9 Decreto 7.496/11, art. 2º 10 Idem, art. 3º

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meio de Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteira e de Centro de Operações Conjuntas11 para o planejamento e

monitoramento das ações, compostos por representantes de todas as instituições partícipes das operações12 e para

os quais se prevêem uma série de objetivos específicos coadunados com o objetivo maior do plano e a participação dos

Estados e Municípios por meio de termo de adesão13, cabendo a coordenação aos Ministros de Estado da Justiça e da

Defesa14.

As polícias federal e rodoviária federal terão cargos providos nas regiões de fronteira para implementar as ações do

plano, segundo anúncio do Ministro da Justiça, o qual também informou que os resultados do plano serão comunicados

à sociedade por meio de indicadores sem no entanto discriminar quais nem como serão elaborados ou avaliados.

Embora a imprensa tenha anunciado que este plano absorveria R$ 120 milhões, o próprio decreto não menciona custos

nem sequer o número do efetivo de militares que dele participarão, nem quantos cargos serão providos, apesar da

declaração do Ministro da Justiça de que o Ministério da Justiça ampliará em cem por cento o seu efetivo na operação15.

A preocupação que norteia a elaboração do plano, apesar de tardia e de ter sido apresentada de forma repentina e,

portanto, sem grandes detalhamentos, é legítima.

A sociedade brasileira espera deste plano muito mais do que um anúncio de soluções com efeitos políticos imediatos para

questões complexas e intrincadas diretamente relacionadas à segurança dos seus cidadãos.

Além de detalhamento e melhor preparação, este plano carece essencialmente de uma visão integrada de todo o problema

que envolve nossas fronteiras terrestres. As ações de segurança, e o reforço das equipes que dela se encarregam, são

fundamentais, mas não são nem bastantes, nem suficientes. E o tráfico – de drogas e de armas – não é o único problema

a assolá-las. O contrabando e o descaminho de mercadorias, foco da ação e do controle exercido pelos Auditores-Fiscais

nos pontos de fronteira terrestres alfandegados, também comprometem a soberania nacional e devem, eles também,

se constituir em objeto da atenção de nossas autoridades. Vale mencionar, ainda, que drogas e armas também são

mercadorias.

Portanto, faz espécie e causa estranheza a ausência da RFB neste plano. Dele não constam reforço dos quadros da

instituição que atuam nas fronteiras. O reduzido número de Auditores-Fiscais atuando no controle alfandegário das

fronteiras terrestres necessita também de reforço a bem da segurança nacional.

11 Idem, art. 5º

12 Idem, art. 7º

13 Idem, art. 8º

14 Idem, art. 9º

15 BACHEGA, 2011

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Conforme reza do art. 37, inciso XVIII da Constituição Federal, a administração fazendária, dentro de sua área de

competência e jurisdição, tem precedência sobre os demais servidores, na forma da lei. Cabe à RFB, na sua atribuição

de planejar, coordenar e realização atividades de repressão ao contrabando, ao descaminho e ao tráfico de bens ilícitos,

promover o controle e a movimentação de pessoas, veículos e mercadorias nos pontos de fronteira.

Por conseguinte, por uma questão de coerência e de lógica, uma política de governo, interferindo na área de atuação

prioritária da RFB, não poderá deixar de contemplá-la, nas mesmas condições de participação dos demais segmentos,

em nome da própria segurança nacional em última instância.

O Plano Estratégico de Fronteiras somente terá abordado, de forma ampla e satisfatória, as importantes questões de

segurança nacional a que se propõe, se contemplar em sua estratégia de atuação o inestimável trabalho realizado pela

Receita Federal do Brasil e pelos Auditores-Fiscais nos pontos de fronteira terrestre alfandegados.

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MOTIVAÇÕES DA

DE MERCADORIAS EM TERRITÓRIO NACIONAL

INTRODUÇÃO ILÍCITA

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A Tabela 2 classifica, com base em uma amostra das apreensões de mercadorias realizadas nos primeiros quatro

meses do ano de 2011, os tipos de mercadorias segundo a relevância ou volume. Refere-se também a hipóteses

de motivação para a prática do ilícito

A suposta motivação, ou motivação precípua, para o cometimento do ilícito (5ª coluna da tabela), é uma avaliação

subjetiva, que segue a lógica da observação e da destinação dada aos bens. Esta afirmação também é válida para os bens

jurídicos tutelados (última coluna da tabela). A classificação aqui proposta indica aqueles bens mais afetados pela prática

do ato ilícito. Em maior ou menor grau todos os atos ilícitos ali descritos implicam, por exemplo, em falta de pagamento

de tributos e concorrência com a indústria nacional.

A classificação da Tabela 2 visa detectar o motivo gerador da vantagem àquele que perpetra o ilícito. Assim, vejamos:

alguns produtos possuem alta carga tributária atendendo ao mandamento constitucional da seletividade em face da

essencialidade. Seu consumo, embora permitido, não deve ser incentivado pelo Estado. Produtos fumageiros, bebidas,

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perfumes e cosméticos são exemplo de produtos altamente tributados. Assim, quando alguém se propõe entrar com estes

produtos irregularmente no território nacional, está objetivando comercializá-los a preços menores que os praticados

no mercado interno e mesmo assim obter lucro que compense a atividade às custas do não pagamento dos tributos.

Com base na classificação proposta, 36,35% das apreensões dizem respeito a produtos que teriam esta motivação. Os

cigarros chamam a atenção pelo volume, visto que o preço é baixo. Como bem complementar, os isqueiros também são

trazidos em grande quantidade.

Em 75,92% das mercadorias, o custo de aquisição é a principal motivação da prática do ilícito. Nestes casos, a motivação

complementar é a possibilidade de venda a preços mais baixos e com boa margem de lucro. Este custo mais baixo decorre

dos tributos sonegados e da qualidade dos produtos em boa parte falsificados como nos relógios, bolsas e acessórios,

calçados, eletroeletrônicos, entre outros. Neste caso, além do Erário, os principais lesados são os fabricantes e detentores

das marcas originais.

Em 28,05% das apreensões há risco à saúde e à incolumidade física dos consumidores dos produtos, pois estes quando

regulamente comercializados são sujeitos a controles de qualidade que visam a proteção do consumidor. Notadamente,

é o caso dos óculos de sol, brinquedos, calçados esportivos. O benefício buscado por aqueles que tentam ingressar com

essas mercadorias é o elevado lucro decorrente da venda de mercadorias que não deveriam estar no mercado ou, se

estivessem, deveriam sofrer rígido controle. Esses produtos, tais como medicamentos, agrotóxicos, armas, máquinas de

jogos de azar, representaram 7,08% das apreensões. Neste caso, o percentual menor em relação às demais mercadorias

não deve ser desprezado. Primeiramente porque, independentemente do baixo valor econômico, elas têm um potencial

nocivo muito grande, como no caso dos medicamentos, agrotóxicos e armas. Em segundo lugar porque a introdução

ilícita destas mercadorias em território nacional é praticada com o uso de ardis mais elaborados visando burlar os

controles aduaneiros já que as punições são mais severas. Assim, é de se presumir que a quantidade apreendida, em

termos relativos, é menor que a dos demais produtos. O sacoleiro ao ser flagrado com brinquedos e eletrônicos, os

abandona. Coibido o ilícito aduaneiro, a persecução de natureza penal tende a ser mais leniente, em face do baixo

potencial ofensivo do crime praticado. O mesmo não ocorreria no caso de armas ou munições, por exemplo. Por esta

razão, o contrabandista destas mercadorias tende a ser mais astuto.

A análise da classificação dos bens apreendidos segundo o bem jurídico tutelado mostra que em torno de 80% a

arrecadação tributária é grandemente prejudicada. Isso significa menos escolas, postos de saúde, vacinação, saneamento,

policiamento, dentre tantos para os quais o Estado utiliza os recursos.

A economia e a produção nacional também são fortemente prejudicadas. Neste caso, o prejuízo também se estende à

geração de empregos e à organização e ao desenvolvimento da economia, e a todos os benefícios daí decorrentes.

Já a lesão ou risco de lesão a bens jurídicos extremamente importantes como a saúde e a segurança púbica e até mesmo

a vida, estão presentes em quase um terço das mercadorias apreendidas, o que é extremamente significativo.

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Tabela 2Mercadorias apreendidas por tipos de mercadoria: motivação do ilícito e bens jurídicos lesados. Jan - Abr 2011

Descrição Valor (R$) % do Total

Principais tipos de mercadorias

Demais mercadorias

Total

51,10%

618.655.309,98 100%

Armas e muniçõesBebidas alcoólicas

Bebidas (outras)

Brinquedos

Bolsas e acessórios

Canetas esferográficas e lápis

Calçados esportivos

Calçados (outros)Cigarros e similaresEletro-eletrônicos

Informática

Inseticidas, fungicidas, herbicidas, desinfetantes

Isqueiros

Máquinas de jogos de azar

Medicamentos

Mídias para gravação (CD, DVD) gravadas

Mídias para gravação (CD, DVD) não gravadas

Óculos de sol

Perfumes

Relógios

Veículos

Vestuário

Tecidos

Total dos principais tipos

82.474,171.911.432,43

1.324.984,45

6.167.145,55

26.281.962,05

3.127.321,89

2.198.897,19

630.980,2735.590.064,7234.732.934,34

10.873.474,55

1.472.432,31

299.738,27

14.650.015,74

3.297.269,94

1.904.628,73

2.499.850,92

35.198.836,11

2.587.894,88

47.847.356,25

39.305.435,72

29.260.825,14

1.300.177,43

302.546.133,05

0,01%0,31%

0,21%

1,00%

4,25%

0,51%

0,36%

0,10%5,75%5,61%

1,76%

0,24%

0,05%

2,37%

0,53%

0,31%

0,40%

5,69%

0,42%

7,73%

6,35%

4,73%

0,21%

48,90%

0,03%0,63%

0,44%

2,04%

8,69%

1,03%

0,73%

0,21%11,76%11,48%

3,59%

0,49%

0,10%

4,84%

1,09%

0,63%

0,83%

11,63%

0,86%

15,81%

12,99%

9,67%

0,43%

Proibição ou controle estatalAlta carga tributária - Seletividade

Alta carga tributária - Seletividade

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidadeAlta carga tributária - SeletividadeCusto - Controle de qualidade

Custo

Proibição ou controle estatal

Custo - Controle estatal

Proibição ou controle estatal

Proibição ou controle estatal

Proibição ou controle estatal

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidade

Alta carga tributária - Seletividade

Custo - Controle de qualidade

Alta carga tributária

Custo - Alta carga tributária

Custo

Segurança PúblicaArrecadação - Saúde Pública

Arrecadação - Saúde Pública

Indústria Nacional - Saúde Pública

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - ArrecadaçãoArrecadação - Saúde PúblicaIndústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Saúde Pública

Indústria Nacional - Arrecadação

Segurança Pública

Saúde Pública

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Saúde Pública

Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Fonte: RFB/Corep

% das Principais Motivição do Ilícito Bens Jurídicos Lesados

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23

Tabela 2Mercadorias apreendidas por tipos de mercadoria: motivação do ilícito e bens jurídicos lesados. Jan - Abr 2011

Descrição Valor (R$) % do Total

Principais tipos de mercadorias

Demais mercadorias

Total

51,10%

618.655.309,98 100%

Armas e muniçõesBebidas alcoólicas

Bebidas (outras)

Brinquedos

Bolsas e acessórios

Canetas esferográficas e lápis

Calçados esportivos

Calçados (outros)Cigarros e similaresEletro-eletrônicos

Informática

Inseticidas, fungicidas, herbicidas, desinfetantes

Isqueiros

Máquinas de jogos de azar

Medicamentos

Mídias para gravação (CD, DVD) gravadas

Mídias para gravação (CD, DVD) não gravadas

Óculos de sol

Perfumes

Relógios

Veículos

Vestuário

Tecidos

Total dos principais tipos

82.474,171.911.432,43

1.324.984,45

6.167.145,55

26.281.962,05

3.127.321,89

2.198.897,19

630.980,2735.590.064,7234.732.934,34

10.873.474,55

1.472.432,31

299.738,27

14.650.015,74

3.297.269,94

1.904.628,73

2.499.850,92

35.198.836,11

2.587.894,88

47.847.356,25

39.305.435,72

29.260.825,14

1.300.177,43

302.546.133,05

0,01%0,31%

0,21%

1,00%

4,25%

0,51%

0,36%

0,10%5,75%5,61%

1,76%

0,24%

0,05%

2,37%

0,53%

0,31%

0,40%

5,69%

0,42%

7,73%

6,35%

4,73%

0,21%

48,90%

0,03%0,63%

0,44%

2,04%

8,69%

1,03%

0,73%

0,21%11,76%11,48%

3,59%

0,49%

0,10%

4,84%

1,09%

0,63%

0,83%

11,63%

0,86%

15,81%

12,99%

9,67%

0,43%

Proibição ou controle estatalAlta carga tributária - Seletividade

Alta carga tributária - Seletividade

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidadeAlta carga tributária - SeletividadeCusto - Controle de qualidade

Custo

Proibição ou controle estatal

Custo - Controle estatal

Proibição ou controle estatal

Proibição ou controle estatal

Proibição ou controle estatal

Custo - Controle de qualidade

Custo - Controle de qualidade

Alta carga tributária - Seletividade

Custo - Controle de qualidade

Alta carga tributária

Custo - Alta carga tributária

Custo

Segurança PúblicaArrecadação - Saúde Pública

Arrecadação - Saúde Pública

Indústria Nacional - Saúde Pública

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - ArrecadaçãoArrecadação - Saúde PúblicaIndústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Saúde Pública

Indústria Nacional - Arrecadação

Segurança Pública

Saúde Pública

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Saúde Pública

Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Indústria Nacional - Arrecadação

Fonte: RFB/Corep

% das Principais Motivição do Ilícito Bens Jurídicos Lesados

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COMÉRCIO INTERNACIONALE FISCALIZAÇÃO ADUANEIRA E FRONTEIRIÇA

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Desde a implantação do Plano Real o governo brasileiro vem adotando uma política que estimula a participação

do país no cenário econômico internacional por meio de medidas que impuseram efetivamente maior

competitividade externa paralelamente à retomada e ao fortalecimento da integração regional.

A partir de 2002 a Balança Comercial brasileira passa a apresentar resultados positivos, reduzindo a vulnerabilidade

externa do país e, desde 2005, o comércio exterior brasileiro registra um salto quantitativo e qualitativo, com diversifi cação

das exportações e incorporação de novos setores produtores ao comércio exterior. Ao mesmo tempo, muitos programas

de incentivo às exportações foram lançados como ferramentas de apoio à maior presença brasileira no comércio exterior.

A maior presença comercial brasileira no exterior também implica em maior abertura às importações. Esta tem sido uma

realidade, principalmente no que diz respeito aos países sul-americanos que fazem fronteira com o Brasil.

Assim é que de 2005 a 2010, à exceção da Guiana Francesa, nosso comércio exterior cresceu sensivelmente com todos os

países fronteiriços da América Latina, como indicam os dados das Tabelas 3 e 4.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Tabela 3Exportações Brasileiras para os Países Fronteiriços da América do Sulem milhões de US$ correntes. 2005 - 2010

País 2005 2006

Guiana FrancesaSuriname

Guiana

Venezuela

Colômbia

Peru

Bolívia

ParaguaiArgentinaUruguai

5,9131,26

20,08

3.555,04

2.128,86

1.500,79

693,95

1.230,5111.713,821.006,10

6,8935,77

16,53

2.216,19

1.405,62

932,89

580,08

961,099.915,42849,58

Total 16.920,07

2007

8,2736,60

18,03

4.723,94

2.338,67

1.648,70

850,71

1.648,1914.416,951.288,44

26.978,50

2009

6,2640,17

18,48

3.610,34

1.801,05

1.489,06

919,23

1.638,9012.784,971.360,08

23.713,54

Variação2005-10

-20,2977,20

71,18

73,90

56,24

116,59

100,46

165,1186,8180,22

88,72

2008

10,3146,90

20,79

5.150,19

2.295,08

2.298,65

1.135,57

2.487,5617.605,621.644,13

32.694,79

2010

5,4963,38

28,30

3.853,97

2.196,08

2.020,56

1.162,82

2.547,9118.522,521.531,07

31.932,1121.886,32

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Neste período nossas exportações cresceram 88,72% e nossas importações, 143,51%. Nesse grupo de países, nosso

maior parceiro comercial é a Argentina, seguida da Bolívia e da Colômbia (importações) e da Venezuela, e Colômbia

(exportações).

O fl uxo comercial com nossos vizinhos fronteiriços faz-se tanto por via marítima, quanto por via aérea, fl uvial e terrestre.

Embora os dados do comércio exterior não permitam identifi car qual destes meios teem sido o mais utilizado nas trocas

comerciais, é lícito supor que a intensifi cação comercial implicou maior utilização de todos eles. Assim sendo, os pontos

de fronteira terrestre do Brasil também recebem maior fl uxo de mercadorias, exigindo do controle e da fi scalização

aduaneira uma atuação mais intensa, a bem não somente da balança comercial, mas principalmente da segurança

nacional.

É preciso que estes pontos estejam preparados tanto em termos tecnológicos quanto em termos de infraestrutura física

e humana. Aduanas fronteiriças bem equipadas protegerão mais adequadamente a indústria nacional, o erário público

e a população em geral, permitindo afl uxo no país de produtos lícitos, devidamente tributados e ao mesmo tempo

combatendo todos os atos ilícitos que permeiam as transações comerciais internacionais.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Tabela 4Importações Brasileiras para os Países Fronteiriços da América do Sulem milhões de US$ correntes. 2005 - 2010

País 2005 2006

Guiana FrancesaSuriname

Guiana

Venezuela

Colômbia

Peru

Bolívia

ParaguaiArgentinaUruguai

0,1223,26

-

591,58

247,90

788,94

1.448,38

295,908.056,51618,22

-0,01

0,01

256,00

137,75

459,11

989,77

318,946.241,08493,68

Total 8.896,36

2007

0,3219,17

1,97

345,92

426,79

1.003,85

1.601,15

434,1210.404,25786,39

15.023,93

2009

0,027,40

0,99

581,59

567,92

484,31

1.649,75

585,4411.281,661.240,34

16.399,42

Variação2005-10

-47,991.633,68

475,44

225,22

683,26

97,58

125,61

91,70131,15218,86

143,51

2008

0,2828,90

0,30

538,55

829,36

956,37

2.857,88

657,5013.257,931.018,20

20.145,27

2010

0,060,22

0,07

832,59

1.078,92

907,10

2.233,04

611,4014.426,311.574,18

21.663,8812.070,82

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28

FISCALIZAÇÃODESEMPENHO DA AÇÃO DE

NAS REGIÕES FISCAIS DE FRONTEIRA TERRESTRE

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30

Um forte indício de que as atividades comerciais têm sobrecarregado os pontos de fronteira terrestre é a evolução

da apreensão de mercadorias realizada pela RFB. O Gráfico 1, a seguir, mostra que a participação do valor

arrecadado das mercadorias apreendidas nas Regiões Fiscais de fronteira (1ª, 2ª, 9ª e 10ª RF) cresceu 11,1

pontos percentuais no valor arrecadado total com a apreensão de mercadorias. Entre 2009 e 2010 esta participação

cresceu de 38,8% para 42,3%.

Outro indício da intensificação das atividades nas fronteiras terrestres brasileiras está explicitado na Tabela 5.

Confrontando-se os resultados do primeiro quadrimestre de 2011, no que diz respeito ao número de processos de

apreensão de mercadorias abertos e confirmados, com o mesmo período de 2010, nota-se um crescimento de 19,8%

nas Regiões Fiscais de fronteira terrestre contra uma redução de 8,7% nas demais regiões. Neste caso, para efeitos de

fiscalização, e não de arrecadação, importam o número dos processos e não o valor total das mercadorias.

Esta mesma tabela também informa que nos primeiros quatro meses de 2011, o total de processos nas Regiões Fiscais de

fronteira terrestre representaram 77,5% do total de processos, um crescimento de 5,1 pontos percentuais relativamente

Gráfico 1Mercadorias Apreendidas a preços de Dez/2010: Participação dasRegiões Fiscais de Fronteiras Terrestres no Valor Arrecadado. 2005 - 2010

10

20

30

40

50

60

70

Perc

entu

al

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: RFBR.F. Fronteiras Terrestres Demais R.F.

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a igual período de 2010. Paralelamente, o número de processos nas demais Regiões Fiscais caiu de 27,6% para 22,1%.

Pode se chegar à mesma conclusão observando-se o Gráfi co 2 que mostra crescimento do valor das mercadorias

apreendidas em Regiões Fiscais de fronteira terrestres. Isto tanto pode evidenciar um aumento quantitativo como

qualitativo das apreensões.

O crescimento do valor decorrente da apreensão de mercadorias, medido a preços de dezembro de 2010, é maior e mais

constante nas Regiões Fiscais de fronteiras terrestres do que no total do país.

Entre 2005 e 2010, o valor real das apreensões cresceu 25,5% no total do Brasil. Nas Regiões Fiscais de fronteiras

terrestres houve um crescimento real de 74,3% enquanto que nas demais Regiões Fiscais ele foi de 7,8%. No período

2005-2006, a variação foi negativa para o total do país, enquanto que para as Regiões Fiscais de fronteiras terrestres ela

foi positiva.

Fonte: RFB

R.F. Número deprocessos

Número deprocessos (%)

Variação número deprocessos (%)

Valores Número deprocessos

Número deprocessos (%)

Valores

1ª2ª

10ª

3ª4ª5ª

Total 1

Total 2Total Geral

Tabela 5Apreensões de Mercadorias - Processos ConfirmadosComparativo Janeiro a Abril 2010/2011

R.F.

de

Fron

teira

s Te

rrest

res

Dem

ais

R.F.

Janeiro a Abril de 2010 Janeiro a Abril de 2011

1.852539

11.081

1.705

136 15493

510

764

4.129

25.606.071,247.972.956,76

98.421.548,98

12.662.667,04

136 15493

510

764

4.129

8,832,57

52,86

8,13

0,650,73

0,44

2,43

3,64

19,70

8,913,95

52,79

11,84

0,430,73

0,77

2,17

3,84

14,56

12,9671,80

11,81

62,99

-25,0011,69

93,55

-0,20

18,06

-17,22

2.092926

12.390

2.779

102172

180

509

902

3.418

31.526.604,7117.773.374,48

139.251.174,19

15.581.744,12

1.479.727,5331.286.983,87

5.885.366,55

8.145.937,22

66.709.711,54

301.014.685,77

15.177 144.662.667,04 72,39 18.187 204.132.897,50 77,49 19,83

22,50 -8,69414.522.412,48264.739.614,85 27,59 5.2835.786

100 11,96618.655.309,98409.402.281,89 100 23.47020.963

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32

Dos dados acima demonstrados é possível retirar duas conclusões.

Em primeiro lugar, há evidências de que a intensificação das atividades comerciais entre o Brasil e seus vizinhos

fronteiriços tem provocado também maior crescimento de atividades comerciais ilegais. O crescimento das apreensões

de mercadorias nas Regiões Fiscais de fronteira terrestre são um indício deste fato.

Em segundo lugar, o trabalho do Auditor-Fiscal respondeu eficazmente às atividades comerciais ilícitas nas fronteiras,

apesar de todas as restrições em termos de infraestrutura física, de pessoal e operacional.

Gráfico 2Mercadorias Apreendidas por Grupos de Regiões Fiscais a preços de DEZ/2010 (IPCA)

1.200,00

1.000,00

800,00

600,00

400,00

200,00

R.F. Fronteiras Terrestres Demais R.F. Total

2.000,00

1.800,00

1.600,00

1.400,00

Em R

$ M

ilhõe

s

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: RFB

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33

AS OPERAÇÕES DE

AO CONTRABANDO, AO TRÁFICO E AO DESCAMINHO

REALIZADAS PELA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

REPRESSÃO

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34

As ações de combate ao contrabando, ao tráfico e ao descaminho promovidas pela RFB não se restringem apenas

ao trabalho realizado na área dos pontos de fronteira alfandegados. Os órgãos da RFB encarregados das ações

de vigilância e repressão planejam e executam, semanalmente, diversas operações deste tipo. Para este trabalho

a RFB conta com o apoio de outras instituições como a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, as Polícias Militares

Estaduais, dentre outras. Além de contar com o imprescindível apoio militar destas organizações, faz-se necessário,

também, que a própria RFB esteja bem equipada para o cumprimento dessas missões.

Este trabalho necessita de constante aperfeiçoamento, reciclagem e troca de informações com instituições nacionais

e internacionais, a fim de identificar corretamente e com precisão as técnicas e o uso de tecnologia pelos criminosos,

ambos em constante evolução.

São diversas as mercadorias aprendidas. As mais comuns são os veículos; os aparelhos eletroeletrônicos e de informática;

as armas e munições; os cigarros; os brinquedos; as bebidas; e os produtos de vestuário. Todas estas mercadorias,

introduzidas ilegalmente no país, prejudicam a própria indústria nacional, pois concorrem a preços mais competitivos

do que o similar aqui produzido, sem a contrapartida da geração de emprego e renda. Estes são gerados nos países de

origem destas mercadorias. Prejudicam, também, o cidadão que se utiliza dos bens e serviços públicos, pois a introdução

ilegal destas mercadorias no país ocorre sem a contrapartida do recolhimento de tributos.

Tão ou mais grave para a segurança nacional são as drogas, ilícitas em sua maioria, que adentram no território nacional.

Elas corrompem os cidadãos que se envolvem no seu comércio, causando a dependência química e a desestruturação de

carreiras, famílias e vidas.

Apenas a título de curiosidade, as operações de repressão realizadas pela RFB entre janeiro de 2007 e maio de 201116,

e cujos valores puderam ser identificados, implicaram a retirada de circulação de mercadorias ilegalmente importadas

no valor de US$ 2.826.945,50, para as mercadorias com preços na moeda americana, e de R$ 3.107.925,50, para as

mercadorias com preços em moeda nacional, ambos em valores correntes.

Estes dados dão uma dimensão de como o trabalho de repressão levado a efeito pela RFB e pelos Auditores-Fiscais

protege a economia nacional e contribui com a promoção do bem estar da sociedade.

16 Conforme levantamento feito pelo Sindifisco Nacional a partir de operações de repressão divulgadas pela RFB/Divisão de Repressão ao Contrabando e ao Descaminho.

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RELATO DAS

ENCONTRADAS NAS LOCALIDADES DE FRONTEIRAS TERRESTRES

DEFICIÊNCIAS

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1ª REGIÃO FISCAL(Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins)

Dos cinco estados que compõem a 1ª Região Fiscal,

dois abrangem áreas de fronteira: Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul.

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MATO GROSSO

Cáceres

Município na região Centro-Sul do estado tem uma população de cerca de 90.000 habitantes e faz fronteira com a

Bolívia. Tem grande importância para o Pantanal pois serve de acesso terrestre à região.

Na Inspetoria da Receita Federal (IRF) de Cáceres,

há 9 Auditores-Fiscais e 16 (dezesseis) servidores

administrativos. A situação é precária e não condiz com o

ambiente de segurança necessária ao desenvolvimento da

atividade de fiscalização.

Diversas árvores ocultam a fachada externa do prédio,

sendo difícil a identificação como pertencente à Receita

Federal do Brasil. As paredes encontram-se em estado de

penúria, com várias rachaduras e pintura esmaecida, o

que evidencia a falta de manutenção preventiva, além de

despreocupação com a imagem do órgão. O estacionamento,

apesar de atender a atual demanda, é externo e tanto ele

quanto a calçada que circunda o prédio necessitam de uma

reforma no seu piso. Em suma, a área externa necessita de

uma limpeza urgente, poda nas árvores, além de pequenos

reparos.

Em todas as áreas, rachaduras e infiltrações são visíveis;

piso velho e desgastado, com rodapé quebrado, além de

reboco deteriorado também estão presentes em todo o

prédio, inclusive no gabinete. Não há banheiros privativos

para o corpo funcional, e os dois únicos banheiros, um

masculino e outro feminino, estão com azulejos, piso e

vasos sanitários com sinais de desgaste, evidenciando,

há muito tempo, uma necessária substituição. A copa é

pequena, com móveis e eletrodomésticos antigos. Além

disso, uma outra construção no terreno serve de depósito

para mercadorias apreendidas e outros objetos. Não há

Déposito de mercadorias apreendidas: fachada em mau estado de conservação

Rachaduras na parede do gabinete da Inspetoria.

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equipamento de alarme ou de vigilância eletrônica no local, o que demonstra a fragilidade da segurança do local, que

possui apenas um vigilante terceirizado.

Em período de chuva, os Auditores-Fiscais são submetidos a uma situação de insegurança maior, pois o local é invadido

pela enxurrada, o que causa uma série de transtornos. Outra constante preocupação diz respeito às rachaduras que

tomam conta do prédio.

A IRF de Cáceres possui, ainda, um posto de fiscalização aduaneira localizado na divisa com a Bolívia chamado

“Destacamento Corixa”.

Destacamento Corixa

A localidade faz fronteira com a Bolívia e fica a 90 quilômetros de Cáceres.

As condições são um pouco melhores do que em Cáceres em função de o prédio da Receita ser relativamente novo, com

cerca de dois anos de uso.

Formado por duas construções independentes, um prédio administrativo e funcional, e outro de apoio para uso de

contribuintes, despachantes e caminhoneiros, o prédio de alvenaria foi construído recentemente, tendo sido inaugurado

em novembro/2008, e apresenta-se bem cuidado. O prédio administrativo e funcional contém salas amplas, bem

iluminadas, com aparelhos condicionadores de ar novos, destinados à RFB, à Polícia Federal e ao Ministério da Agricultura;

banheiros privativos para uso funcional e bons dormitórios feminino e masculino (com divisória de madeira, improvisada,

além de uma pequena cozinha, utilizada também como copa, com eletrodomésticos novos (geladeira, fogão, etc).

O pátio externo, destinado ao estacionamento de veículos de carga e passageiros, é razoável, com uma grande área sendo

utilizada como canteiro. Neste espaço percebe-se a falta de sinalização horizontal e vertical. Apesar do espaço de bom

tamanhão, algumas deficiências dificultam o trabalho do Auditor-Fiscal. Não existe cobertura e o trabalho é feito sob

sol ou sob chuva. O Auditor-Fiscal não conta com uma rampa que permita uma melhor visão das carrocerias e cargas

dos veículos. Além disso, não existe local próprio destinado à colocação de mercadorias em caso de descarregamento da

carga. O local também ressente-se de unidade armazenadora de frigorífico; de depósito para mercadorias apreendidas; e

de um local para armazenamento de cargas perigosas.

O prédio não conta com monitoramento por câmeras e também não dispõe de um controle informatizado para o acesso

de veículos.

O grande problema da construção é a ausência de uma cancela na rodovia que passa ao lado do Destacamento. Essa

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rodovia leva até a fronteira com a Bolívia, distante apenas a 150 metros, o que torna a fiscalização deficiente, além de

representar um risco aos Auditores-Fiscais, já que não há qualquer barreira física que obrigue redução de velocidade

ou parada no posto da RFB. Além disso, a falta de uma barreira própria obriga que a vistoria em bagagens seja feita no

prédio do Instituto de Defesa Agro-Pecuária (INDEA), localizado a apenas 30 metros da fronteira, onde também não

existe local apropriado para colocação de bagagens. Ademais, a ausência de asfaltamento torna estrutura viária precária,

provocando problemas de tráfego nas proximidades da aduana.

Outras constatações merecem destaque, pois fragilizam sobremaneira a ação fiscal. A conexão da internet é muito lenta.

Por deficiência da operadora, a velocidade de acesso aos sistemas da RFB (SISCOMEX), através da Internet, é feito com

velocidade de 128 kb. Dada a distância do posto para a IRF/Cáceres (90 km), além da ausência de linha telefônica, a

segurança fica seriamente comprometida. A Polícia Federal não está utilizando a sala disponível, o que agrava ainda

mais a falta de segurança, que nesse caso passa a ser exercida apenas pelo vigilante do local. O Ministério da Agricultura,

somente comparece às segundas, quartas e sextas, causando dificuldades no atendimento. Por fim, ressalte-se que são

700 km de fronteira seca e há poucos os integrantes do grupo especial do Estado para fazer a vigilância, que prestam

assistência precária aos Auditores-Fiscais e servidores plantonistas no Destacamento Corixa, justificada pelo reduzido

efetivo destes servidores.

Marco de fronteira Brasil-Bolívia. Posto Avançado da RFB: fachada em mau estado de conservação.

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MATO GROSSO DO SUL

Corumbá

Situado na margem esquerda do Rio Paragua, próximo da fronteira com a Bolívia e o Paraguai, o município é a última

cidade brasileira antes do território boliviano. Sua população é de aproximadamente 105 mil habitantes.

Esta cidade é uma das mais perigosas. Por ela entra grande quantidade de cocaína e mercadorias de procedência ilícita,

pois há facilidade de acesso por meio de passagens clandestinas em atalhos feitos no meio da mata. Outro grande

problema é o tráfico de mulheres, principalmente menores de idade, para exploração sexual em prostíbulos no outro

lado da fronteira.

Na localidade, os problemas encontrados foram a falta de treinamentos específicos para a atuação na área, a carência de

pessoal e a deficiência na segurança.

Na Inspetoria da RFB local estão lotados 19 Auditores-Fiscais. Desse total, 14 são provenientes do último concurso,

nomeados em 2010. Estes Auditores-Fiscais ainda não receberam qualquer treinamento para a realização das atividades.

Faltam cursos e orientação para procedimentos que são corriqueiros, o que pode resultar em falhas e riscos desnecessários.

Outra preocupação exposta tem relação com a segurança. Para minimizar o problema, os Auditores-Fiscais necessitam

de treinamento sobre abordagem e porte de arma.

Na estrutura predial da Inspetoria, apesar da boa conservação de modo geral, há locais que necessitam de reparos. É o

caso do forro, por exemplo, que apresenta infiltração e já desabou parcialmente sobre a mesa de uma Auditora-Fiscal. A

ineficiência da rede de internet também é outro complicador, principalmente, em dias de chuva.

Posto Esdras

Localizado na divisa do município de Corumbá e da cidade boliviana de Puerto Quijaro, é uma unidade descentralizada

da IRF de Corumbá.

A falta de um grupo para agir na repressão de atos ilícitos, como o contrabando e a introdução em território nacional de

drogas e armas, na divisa entre Corumbá (MS) e a Bolívia, é uma das maiores preocupações dos Auditores-Fiscais que

atuam no posto Esdras.

Os Auditores-Fiscais encontram-se em situação de impotência diante de tantas facilidades que os “formigas”, como são

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chamados aqueles que fazem o transporte de mercadorias de forma ilegal através de rotas alternativas, encontram para atuar.

Existe uma variedade de rotas clandestinas por onde transitam as cargas, muitas rotas a menos de 200 metros do

posto da RFB. Uma delas é parada obrigatória dos “formigas”, por apresentar um ponto de ônibus logo na entrada. O

local, onde já foi apreendido um fuzil abandonado pelos contrabandistas, possui ainda uma estrutura montada para

funcionamento de uma empresa de moto-táxi, o que facilita a fuga.

Há suspeitas de que assentamentos localizados na divisa do território brasileiro com o boliviano aluguem o terreno para

abrigar mercadorias descaminhadas. Desses locais, é possível entrar em Corumbá sem transitar pelo posto da RFB. Os

cinco Auditores-Fiscais que ali atuam fazem o controle de bagagens e também alguns despachos de importação. A falta

de segurança é a principal reclamação. À noite, apenas um policial militar fica no local. A Polícia Federal e a Força de

Segurança Nacional atuam apenas durante o dia.

Não bastasse isso, a fiscalização fluvial é ausente, o que facilita o trânsito livre no rio Paraguai, que corta os dois países.

O rio é usado como rota de carregamento de armas e drogas. Há informações de que essas cargas passam não só pelo rio,

Posto Esdras: A 300 metros do posto, caminho pelo mato liga Brasil e Bolívia.

Estradas clandestinas dificultam fiscalização.

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mas também podem ser transportadas por via aérea, já que fazendas da região possuem aeroporto.

O Porto Seco local está passando por melhorias estruturais, o que, segundo a permissionária Armazéns Gerais

Alfandegados do Mato Grosso do Sul (Agesa), facilitará o trabalho dos Auditores. Em média, 300 caminhões passam

todos os dias pelo Porto.

Mundo Novo

O município faz divisa com Guaira, no Paraná e também com a cidade paraguaia de Salto del Guayrá. Tem cerca de 20

mil habitantes.

A IRF/Mundo Novo está alojada em mais de 25 mil metros quadrados de área na divisa com a cidade de Salto Del Guairá,

no Paraguai.

A estrutura da Inspetoria local, em comparação à da maioria de outras unidades, é infinitamente melhor. O pátio tem

capacidade para abrigar cerca de 90 caminhões. O prédio foi inaugurado em 2006 e substitui um pequeno imóvel que

abrigava a fiscalização até então.

As instalações são novas e bem cuidadas, mas há espaço para melhorias. A Inspetoria está trabalhando agora para a

ampliação da unidade, com a construção de um depósito de mercadorias e mais faixas para a passagem de veículos.

Diariamente, uma média de 2 mil carros e caminhões entra no Brasil por meio do posto de fronteira de Mundo Novo.

A Inspetoria de Mundo Novo conta com novas instações. Equipe da Inspetoria de Mundo Novo.

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Nos dias de pico, esse volume chega a 8 mil. A fiscalização conta hoje com 11 Auditores-Fiscais, a maioria ingressos na

RFB após o concurso de 2009.

Segundo a avaliação do inspetor, a unidade necessita de 16 Auditores-Fiscais para garantir a excelência da fiscalização

no local. Entre outros motivos, está o funcionamento em tempo integral do trabalho de desembaraço de bagagem na

unidade desde maio de 2008. Para dar conta do serviço, a Inspetoria recebe como reforço Auditores-Fiscais de outras

unidades a cada 15 dias.

Apesar da limitação de pessoal, a unidade sul-matogrossense está longe de ser uma Inspetoria com dificuldades

intransponíveis. Quanto a equipamentos, ela é adequadamente servida. Há computadores em quantidade suficiente,

aparelho de teleconferência e projetores. Para a locomoção das equipes de fiscalização, estão disponíveis viaturas e

combustíveis.

Porém, este bom aparelhamento não é o bastante para se garantir segurança ao país, uma vez que há estradas de terra

clandestinas, chamadas popularmente de “cabriteiras”, próximas ao posto de fiscalização, utilizadas justamente para se

evitar contato com qualquer autoridade pública, quer dos Auditores-Fiscais quer de Polícia Federal e afins.

Ponta Porã

Este Município encontra-se a 330 km da capital, Campo Grande. O acesso dá-se apenas por rodovia, a qual se encontra

em boas condições. Há aeroporto na cidade de Dourados, 130 km de Ponta Porã. Sua população é estimada em 80.000

habitantes.

Neste local são constatados elevados índices de contrabando de munição; medicamentos falsos; drogas ilícitas, como

cocaína e maconha; cigarros falsificados; inclusive selos falsificados do Inmetro e da Receita Federal do Brasil. É freqüente

o flagrante de jovens e adolescentes transportando várias caixas de contrabando para dentro do Brasil e barcos carregados

de mercadorias.

O pátio interno da Inspetoria, com seus armazéns contíguos, estão abarrotados de veículos e mercadorias apreendidas.

Tal situação ocorre com frequência, obrigando os Auditores-Fiscais a fazerem a conferência física no estacionamento de

caminhões, que fica à frente do prédio da Inspetoria, ou seja, em plena via pública. Ademais, o pátio não é pavimentado,

o que propicia a formação de lama em dias chuvosos.

Não há regularidade em vigilância e repressão, pois falta pessoal para tanto.

Existe um projeto para se criar uma ACI (área de controle integrado), em que as aduanas brasileira e paraguaia

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compartilharão um mesmo prédio. O objetivo é agilizar o despacho, uma vez que o operador do comércio exterior fará

todos os trâmites no mesmo local. Ocorre que, conforme acordo prévio, o governo paraguaio ficou responsável pela

implantação do projeto e, até o momento, não atendeu a quaisquer dos requisitos para a adequação do prédio, no lado

paraguaio, destinado à localização da referida ACI. Ademais, aparentemente, não há espaço suficiente para abrigar os

caminhões que transitam diariamente pela fronteira.

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2ª REGIÃO FISCAL(Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima)

Dos seis estados que compõem a 2ª Região Fiscal, três

abrangem áreas de fronteira: Acre, Rondônia e Roraima

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Assis Brasil

A cidade é a localidade mais a oeste do estado, na fronteira com o Peru. Trata-se, de fato, de uma tríplice fronteira, pois

um rio separa o Brasil da Bolívia, havendo grande trânsito de pequenos barcos entre as margens dos dois países. Tem

uma população de aproximadamente 7.000 habitantes.

Esta cidade depara-se com uma das situações mais evidentes do descaso a que estão submetidas algumas unidades da

Receita Federal do Brasil responsáveis pela fiscalização fronteiriça no país. Não há Auditor-Fiscal lotado na unidade

local, e a fiscalização é feita por Auditores-Fiscais de Brasiléia, os quais, aliás, são os mesmos de Epitaciolândia, e que

percorrem um trecho de cerca de 100 quilômetros (uma hora e meia de viagem) para despachar na Inspetoria local.

Quanto às instalações, o prédio onde fica localizado o posto é aparentemente novo. No entanto, não há banheiro exclusivo

para os servidores, e a unidade enfrenta constantes faltas de água e de energia. Além disso, o sistema informatizado da

Receita é instável e apresenta frequentes quedas, dificultando o desenvolvimento das atividades dos Auditores.

Há também dificuldades relacionadas à localização dos imóveis. A Inspetoria/Alfândega fica a quase um quilômetro da

ponte que faz a divisa entre os dois países (Brasil e Peru). Na cabeceira da ponte, foi construído pelo poder público local

um moderno acesso de pedestres à cidade brasileira sem qualquer controle alfandegário.

Para agravar a situação, está em fase de conclusão a construção da Rodovia do Pacífico, que ligará o interior do Brasil ao

Oceano Pacífico, através do Peru. A estrada tem um potencial gigantesco para o tráfego de veículos de carga. Por isso, há

a necessidade urgente de se intensificar o controle alfandegário na localidade.

Brasiléia e Epitaciolândia

Brasiléia localiza-se no sul do estado do Acre e sua população estimada é de 23.000 habitantes. Localiza-se a 237 km de

Rio Branco, na fronteira com a Bolívia, e faz limite com o município de Epitaciolândia. Epitaciolândia tem área urbana

contígua com a cidade de Cobija, na Bolívia. Sua população é menor do que a da cidade vizinha, e situa-se pouco acima

dos 15.000 habitantes.

No posto fiscal de Epitaciolândia, o local onde é feito o controle do tráfego de passagem de veículos, pessoas e cargas,

localizado na cabeceira da ponte que liga o Brasil com a Bolívia, é relativamente novo e oferece condições aceitáveis para

os Auditores-Fiscais. Entretanto, não existe espaço adequado para a verificação das mercadorias.

ACRE

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As vistorias são feitas ao ar livre. Não

há sequer estacionamento para os

caminhões, que ficam estacionados

na beira da rodovia, o que é um perigo

tanto para os condutores dos veículos

como para os Auditores. Não existe a

presença regular da polícia no local. A

equipe de fiscalização atua desprovida

de segurança adequada.

Outro problema é a falta de pessoal,

que sacrifica sobremaneira a segu-

rança fiscal na unidade. São apenas

três Auditores-Fiscais e que atuam, concomitantemente, em Brasiléia. O posto de Epitaciolândia, que deveria funcionar

24 horas por dia, fica aberto apenas oito horas (de 8h às 12h e de 13h às 17h). Entre cinco da tarde e sete da manhã não

há qualquer controle alfandegário no local, o que se traduz em um ponto de fronteira completamente desguarnecido e

aberto ao crime internacional por mais da metade do dia.

Em Brasiléia, município vizinho a Epitaciolândia, a situação é ainda mais precária. A ponte que liga o lado brasileiro ao

boliviano até hoje não foi alfandegada, o que possibilita a livre entrada e saída de mercadorias, favorecendo a prática de

crimes de descaminho e contrabando.

Cruzeiro do Sul

Localiza-se no oeste do estado do Acre, na margem esquerda do rio Juruá, a 648 km de Rio Branco, e é a segunda cidade

mais populosa do estado com cerca de 79.000 habitantes, fazendo divisa com o Peru, a oeste.

Apesar de se encontrar numa região de difícil acesso, já que o asfaltamento da ligação rodoviária com a capital ainda não

foi concluído, a Inspetoria do município acreano de Cruzeiro do Sul possui condições adequadas para a acomodação do

único Auditor-Fiscal que atualmente lá trabalha. Uma das preocupações, porém, é o fato de o prédio estar localizado em

uma área de foco de malária no estado.

Prédio da RFB. Ponte de Brasiléia.

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Vilhena

O município é um dos mais importantes do estado de

Rondônia, localizado na região sul do estado, na divisa

com o estado do Mato Grosso. É quinta cidade mais

populosa do estado e conta com uma população de

aproximadamente 77.000 habitantes. É uma cidade de

entrada para a Amazônia Ocidental.

A Inspetoria da Receita Federal do Brasil (IRF) em

Vilhena é uma das unidades da DRF/Ji-Paraná (RO) que

contou, por muito tempo, com apenas um Auditor-Fiscal,

o qual, com o apoio de servidores administrativos, era

encarregado de representar a fiscalização previdenciária

e tributária federal na região sul de Rondônia. Isso é

prova flagrante da insuficiência de pessoal para realizar

tarefas de rotina.

O prédio se apresenta em estado de má conservação, com

rachaduras estruturais, tendo, inclusive, a presença de

colméia, além de infiltrações. Ao se olhar externamente,

verifica-se que ele se encontra em inclinação acentuada.

O imóvel ocupado pela IRF é antigo e abrigou no

passado uma escola. O pátio interno tem um amplo

estacionamento, e, ao fundo, localiza-se o depósito de

mercadorias apreendidas da DRF/Ji-Paraná. Apesar de

armazenar bens de alto valor e veículos automotores,

a segurança é deficiente, pois o prédio tem muros

baixos, não conta com sistema de vigilância remota nem

tampouco com a presença física de vigilância, em função

de uma falha na contratação do serviço.

No posto fiscal, que fica na BR-364, saída da Amazônia

Ocidental, e a 10 quilômetros da Inspetoria, as condições

dos prédios são as mesmas: má conservação e banheiros

RONDÔNIA

Inspetoria de Vilhena: banheiros sem condições de uso.

Piso quebrado na Ispetoria de Vilhena.

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sem reparos. No espaço, inexiste acesso à rede da RFB por meio da internet, e o mobiliário existente foi doado pelos

próprios servidores.

Guajará-Mirim

Às margens do Rio Mamoré, na fronteira do Brasil com a

Bolívia, Guajará-Mirim, cidade de 40.000 habitantes, localiza-

se a cerca de 330 quilômetros da capital do estado, Porto

Velho, onde também se encontra o aeroporto comercial mais

próximo.

A cidade conta com uma Inspetoria da RFB, a qual possui um

prédio principal e um depósito de mercadorias aprendidas, e

um posto de Aduana que fica às margens do rio Mamoré, na

fronteira com a Bolívia.

O prédio da Inspetoria apresenta muitas infiltrações e

banheiros quebrados. Para se protegerem das chuvas,

os Auditores-Fiscais colocaram pedaços de papelão em

substituição aos vidros das janelas. Os aparelhos de ar-

condicionado apresentam problemas de funcionamento e o

Remendos nas paredes da Inspetoria de Vilhena. Fachada em condições precárias.

Esgoto a céu aberto ao lado do posto de Guajará-Mirim.

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depósito de mercadorias apreendidas está em estado de

abandono, como quase todo o restante do imóvel. Não

bastasse isso, o local fica desprotegido aos fins de semana,

já que inexiste vigilância.

Ao lado do posto da Aduana, localizado junto ao porto

fluvial, corre esgoto a céu aberto. Os problemas de

conservação das instalações são praticamente os mesmos

dos apresentados na Inspetoria. O depósito para a colocação

das mercadorias apreendidas durante o expediente é

coberto com tela de arame. A unidade também carece da

instalação de um aparelho de ar-condicionado.

Em Guajará-Mirim são realizadas, em média, 12 mil

exportações ao ano por meio de declarações simplificadas e, como não existe depósito, todas elas caem no canal vermelho,

ou seja, têm de ser vistoriadas, o que demanda grande parte do tempo dos seis Auditores-Fiscais lotados na localidade.

Os veículos apreendidos e sob a guarda do Fisco encontram-se ao relento e em rápido processo de deterioração. Não

bastasse isso, esta é uma área de livre comércio e, portanto, de potencial risco de fraudes.

Infiltração no posto de Guajará-Mirim.

RORAIMA

Pacaraima

Situada a cerca de 200 km da capital de Roraima, Boa Vista.

O acesso de faz pela Rodovia BR-174. A sede do município

situa-se na fronteira do Brasil com a Venezuela, mais

especificamente, com a cidade de Santa Elena de Uiráen.

No município, constatou-se uma das situações mais graves

encontradas dentre todas as regiões de fronteira com pontos

de fronteira alfandegados. A Inspetoria no município tem

cinco Auditores-Fiscais lotados na unidade.

Santa Elena de Uiráen não só é fonte de boa parte do

combustível consumido no estado de Roraima como é o

coração do comércio clandestino de combustíveis. É lá que

Banheiro interditado em Pacaraima.

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centenas de contrabandistas brasileiros se abastecem

de gasolina e de óleo diesel que serão revendidos,

principalmente, em Boa Vista. O litro da gasolina em Santa

Elena custa R$ 0,20. O trabalho dos Auditores-Fiscais nos

últimos quatro anos conseguiu praticamente reduzir a

zero o contrabando de gasolina. Todos os cinco Auditores-

Fiscais trabalham nesta unidade de fronteira em completa

insegurança. Frequentemente, são vítimas de ameaças

de morte em decorrência do trabalho. Todos moram no

alojamento da própria Inspetoria, velado por um cachorro

vira-lata e um vigilante. O preço deste trabalho causa

certamente grande abalo psicológico aos Auditores-Fiscais

lotados nesta fronteira por sua alta exposição ao risco que a

carreira exige.

Não há apenas falta de apoio psicológico a esses Auditores-

Fiscais, mas também falta de condições físicas de trabalho.

No prédio da Inspetoria, os três banheiros existentes

estão impróprios ao uso por conta do entupimento da

fossa. Em decorrência disso, Auditores-Fiscais e servidores

administrativos dividem apenas um banheiro do alojamento

que fica a alguns metros da Inspetoria.

Além de distantes, cerca 200 quilômetros da capital, os Auditores-Fiscais lotados em Pacaraima dispõem de poucos voos para as demais localidades do Brasil, o que os relega ao

quase isolamento e à falta de perspectivas.

A falta de infraestrutura adequada também fica evidente na sala que abriga os Auditores-Fiscais em serviço. Apesar das

altas temperaturas a que estão submetidos, três Auditores-Fiscais dividem uma mesma sala de pouco mais de 4m², sem

ar-condicionado, com mesas amontoadas. Não bastasse isso, a água e os copos descartáveis são comprados com recursos

dos próprios Auditores-Fiscais.

Abandono e falta de segurança em Pacaraima.

Falta de segurança na armazenagem de Pacaraima.

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Bonfim

A 120 km de Boa Vista, na fronteira com a Guiana. A via de acesso é por meio da rodovia BR 401, a qual não possui

sinalização, acostamento nem iluminação. Tem a quinta maior população do estado.

A Inspetoria local conta apenas com uma Auditora-Fiscal, aprovada no concurso mais recente da RFB (2009) e nomeada

em 2010. Em função da insuficiência de pessoal (há ainda uma vaga a ser preenchida, embora sejam necessários um

número ainda maior de Auditores-Fiscais), a Auditora-

Fiscal trabalha jornadas extensas, de doze horas, de 7 às

19h, de segunda a sexta-feira, e em tarefas incompatíveis

com as do seu cargo.

A Inspetoria de Bonfim funciona em um prédio cedido pela

Sefaz (Secretária da Fazenda do Estado de Roraima) e está

integrada com a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).

Nas instalações da unidade, há um risco constante de

acidentes. É fácil encontrar buracos destampados com

vigas de ferro à mostra e fios elétricos expostos. Além

disso, a localidade ainda não tem cobertura de telefonia

celular, o que dificultaria o pedido de socorro da Auditora-

Fiscal em caso de necessidade.

Risco de acidentes em Bonfim. Precariedade nas instalações.

Precariedade nas instalações.

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Tabatinga

Situa-se no extremo oeste do estado do Amazonas, na tríplice fronteira entre

Brasil-Colômbia-Peru. Está conturbado com a cidade de Letícia, na Colômbia,

com a qual faz divisa. O município faz fronteira fluvial com o Peru e terrestre

e fluvial com a Colômbia. Tem intenso movimento de cargas, principalmente,

pelo Rio Solimões. Sua população estimada é de aproximadamente 53.000

habitantes.

Trata-se de uma área em que há falta de segurança policial. O único posto

da PM está desativado há mais de 10 anos, o que permite a continuidade

de elevados índices de assassinatos cometidos por matadores de aluguel e

tráfico de entorpecentes. Há, portanto, risco para atividade fiscal, elevando

sobremaneira os problemas fronteiriços e alfandegários relacionados ao

tráfico. A segurança dos Auditores-Fiscais, como aliás a de toda a população,

fica também comprometida.

Tabatinga, muitas vezes, é utilizada como ponto de entrada para criminosos

que traficam drogas, armas e animais silvestres protegidos por lei, tendo sido,

inclusive, alvo de ação da Força Nacional nos últimos meses do ano de 2010.

O problema mais grave na localidade é a flagrante falta de pessoal para o

grande volume de trabalho. Apenas um Auditor-Fiscal, o Inspetor da RFB

no município, e um servidor administrativo, encontram-se em exercício no

município, há aproximadamente dois anos. O inspetor da unidade estima que

são necessários, pelo menos, quatro Auditores-Fiscais para que o trabalho seja

realizado com um mínimo de eficácia.

O último concurso externo ofereceu três vagas para Auditor-Fiscal e três para

analista tributário em Tabatinga, nenhuma delas preenchida em decorrência

da pouca atratividade e da posterior dificuldade de remoção. Uma das razões

que desencoraja a permanência na localidade é a perspectiva de aguardar cinco

anos pela remoção, enquanto que outros órgãos federais trocam periodicamente

seus agentes na região. Alguns, como Exército e a Justiça Federal, possuem,

inclusive, alojamento próprio.

A exposição a riscos talvez seja outro motivo da pouca atratividade. Há casos

registrados em que o único Auditor-Fiscal a serviço teve de ser afastado das suas

Mobiliário em mau estado de conservação.

Falta espaço para armazenamento da Inspe-toria de Tabatinga.

Posto terrestre: abandonado e construído do lado contrário da rua.

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funções na localidade por algum tempo em decorrência de um trabalho de repressão realizado. Criminosos envolvidos na

operação ilícita que ele combateu planejavam atentado contra a sua vida.

Por esta razão, há períodos em que todo o trabalho de despacho aduaneiro, repressão ao contrabando e descaminho,

habilitação, perdimento e destinação de mercadoria ficou praticamente suspenso.

Quanto à infraestrutura física, a Inspetoria da Receita Federal do Brasil localiza-se em prédio próprio, em más condições

de conservação. No lado externo a pintura está descascada e há mofo; internamente, há goteiras no teto e as salas estão

abarrotadas de mercadorias apreendidas, uma vez que não existe um depósito apropriado.

Destaque-se, outrossim, a desproporcionalidade da atenção da Receita Federal do Brasil a esta fronteira em comparação

com outros órgãos do Estado brasileiro. Isso pode ser facilmente verificado a partir dos contingentes lotados na região.

A Polícia Federal, por exemplo, tem à disposição cerca de 40 agentes para o serviço. O Exército Brasileiro tem três

quartéis e a Marinha, um. Somam-se a estes o pessoal destacado para o trabalho do Ministério Público e da Justiça

Federal na cidade.

De outro lado da fronteira, o escritório da DIAN, a Administração Tributária colombiana, em Letícia, na Colômbia, tem

instalações amplas, confortáveis e bem equipadas. O efetivo é de mais de vinte Auditores, além de funcionários de apoio.

A Receita Federal do Brasil, todavia, tem o contingente de uma pessoa. O dirigente do órgão se ressente de uma maior

integração com a Aduana brasileira e reforça a necessidade de estabelecer e estimular um comércio legalizado entre os

dois países.

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RECINTOS E ATIVIDADES DE INTERESSE PARA A RFB NA LOCALIDADE

Aeroporto Internacional – alfandegado, com boa estrutura, apesar de pequeno; a vistoria de bagagens é efetuada pela Polícia Federal, pois não há efetivo da RFB disponível.

Porto Fluvial – apesar do recinto portuário também ser alfandegado, não há controle efi ciente das mercadorias que por ali transitam; a circulação de pessoas é caótica, não havendo identifi cação adequada daqueles que passam por ali. Como o principal meio de transporte é o fl uvial, a RFB dispõe de uma lancha equipada e blindada, mas sem utilização há mais de um ano, por falta de manutenção (o leme quebrou e não foi providenciada sua troca); operações conjuntas com a PF são realizadas em barcos menores, sem qualquer tipo de proteção.

Ponto de Fronteira Terrestre – embora haja um posto da Receita na rua principal que dá acesso à Letícia, ele se localiza no lado de saída do Brasil, encontrando-se abandonado; a comunicação entre as duas cidades também pode se dar por vias colaterais, que estão, aos poucos, sendo bloqueadas.

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9ª REGIÃO FISCAL(Paraná e Santa Catarina)Os dois estados que compõem a 9ª Região Fiscal,

Paraná e Santa Catarina, abrangem áreas de fronteira.

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Guaíra

Está localizada no lado oeste do estado. Sua população está estimada em cerca de 31.000 habitantes. A cidade é localizada

às margens do Rio Paraná. Faz divisa com Salto del Guayhrá, no Paraguai.

A situação encontrada no Porto Lacustre de Guaíra é bastante precária. Os cinco Auditores-Fiscais lotados na unidade,

que recebe carga e passageiros trazidos pelas balsas que ligam o município paranaense à cidade de Salto Del Guayhrá, no

Paraguai, trabalham em uma estrutura em péssimo estado de conservação.

O imóvel, de responsabilidade da prefeitura local, apresenta goteiras e mofo, além de banheiros com problemas de

vazamentos. A segurança na unidade é precária. Não há câmeras de segurança, e a prefeitura disponibilizou apenas um

vigilante para guardar a unidade, que abriga um estacionamento com capacidade para cerca de 140 caminhões. É comum

o registro de furtos a caminhões no local.

O porto faz divisa com um terreno desocupado de propriedade da Marinha do Brasil e com uma reserva indígena. A

única separação entre as áreas é uma fina e baixa cerca de arame, visivelmente insuficiente.

As falhas de segurança colocam em risco não só automóveis e condutores, mas a integridade das mercadorias e dos

procedimentos aduaneiros. Saliente-se que a região é utilizada como rota para o tráfego de drogas e de armas.

Atualmente, o porto recebe entre 50 e 60 caminhões por dia. As condições das vias de circulação dos caminhões dentro

do recinto alfandegado também são péssimas. Não há asfalto e os Auditores-Fiscais trabalham ou com muito pó, nos

PARANÁ

Entrada do Porto de Guaíra: fachada e prédio em péssimo estado de conservação.

Inspetoria: fachada bastante deterioriada. Porto de Guaíra: instalações também em mau estado.

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dias de sol, ou com muita lama, nos dias de chuva.

A circulação de veículos e pessoas na área do porto carece de um sistema informatizado que lhe propicie maior eficácia

e segurança. Tampouco há segurança física para quem circula sobre o piso da área do porto, pois este encontra-se

deteriorado, precisando de reparos ou mesmo de substituição integral.

O porto também carece de alguns equipamentos como uma balança rodoviária, circuito fechado de televisão e de um

scanner (para identificar mercadorias além de um local adequado onde se faça a inspeção física das cargas e de uma área

separada para os expurgos resultantes da fiscalização.

Assim, as instalações do Porto de Guaíra não são adequadas à prestação dos serviços aduaneiros.

Na Inspetoria local, onde trabalham cinco Auditores-Fiscais, apesar da fachada bastante castigada, o imóvel está muito

bem conservado em seu interior.

Santa Helena

A cidade, localizada a cerca de 100 quilômetros de Foz do Iguaçu, é também importante ponto alfandegado de entrada de

mercadoria proveniente do Paraguai. Sua população estimada é de aproximadamente 25.000 habitantes. Está localizada

na Costa Oeste do estado, às margens do lago de Itaipu.

As importações paraguaias chegam à localidade por meio fluvial, em balsas sobre o Lago Itaipu. No porto, há uma

unidade de Aduana integrada entre os dois países. A estrutura disponível no local é bastante adequada, com amplo

espaço para estacionamento dos caminhões de carga e salas refrigeradas para o trabalho. O prédio – que, a exemplo de

Guaíra, também é administrado pela prefeitura local – está em ótimo estado.

Atualmente, dois Auditores-Fiscais estão à disposição para o serviço no porto, o qual recebeu, no ano passado, cerca

de 300 mil toneladas de mercadoria. Em épocas de pico, a unidade fica responsável pelo desembaraço de 150 a 200

caminhões por dia. O volume de trabalho sobrecarrega os Auditores-Fiscais, provocando longas jornadas de trabalho.

O prédio da Inspetoria local está em boas condições, mas o porto apresenta algumas deficiências. Há necessidade de

cobertura para vistoria de carga e uma rampa para a checagem da parte inferior dos veículos.

O porto também necessita de equipamentos e de melhorias no seu espaço físico. O equipamento mais urgente é um

circuito fechado de televisão para o monitoramento da movimentação de cargas. Também se faz necessária uma

conexão de internet mais veloz, o que evitaria perda de tempo nos acessos aos sistemas informatizados da RFB. Aliás,

ocorre também perda de tempo, e muitas vezes de trabalho, por causa da ausência de no breaks para os computadores.

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Quando sobrevém algum pico de energia este equipamento evita o desligamento imediato dos computadores e,

consequentemente, a perda de trabalho e de tempo. Quanto ao espaço físico, há necessidade uma área para verificação

das cargas, devidamente coberta; de outra, específica para expurgos resultantes da fiscalização; e, finalmente, de uma

área maior para as cargas que se destinam à exportação.

No cais, a iluminação têm deficiências, gerando insegurança durante a noite. De maneira geral em toda a área, as

sinalizações vertical e horizontal são deficientes, o que prejudica a circulação dos veículos, com maior perda de tempo

no desembaraço aduaneiro.

Foz do Iguaçu

Localiza-se no extremo oeste do estado e é o sétimo município mais populoso do estado com população estimada em

cerca de 260.000 habitantes. É conhecido pelas Cataratas do Iguaçu, fazendo divisas com Puerto Iguazu, na Argentina,

e com Cidade del Este, no Paraguai. A famosa Ponte Internacional da Amizade liga ambas as cidades.

É um município conhecido pelo comércio ilegal de armas. Além dessa problemática, a localidade carece de uma série

de recursos. Os mais urgentes são os efetivos para a fiscalização de veículos que passam e transportam contrabando,

principalmente os que trafegam por meio de motocicletas que são o principal meio de contrabando.

A estrutura física disponível em qualquer das unidades de Foz do Iguaçu está bem próxima da necessária para o

Tecnologia auxilia Auditores na Ponte da Amizade.

Falta pessoal na Ponta da Amizade, em Foz do Iguaçu, um dos pontos mais movimentados da fronteira.

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desenvolvimento adequado do trabalho de fiscalização dos Auditores-Fiscais. No entanto, a localidade sofre com a falta

de pessoal para o serviço, principalmente no que diz respeito a servidores com funções auxiliares.

A falta de pessoal acaba por sobrecarregar a equipe de seis Auditores-Fiscais lotados na Aduana da PIA (Ponte Internacional

da Amizade) provocando jornadas, por vezes, excessivamente longas.

No Porto Seco, onde 15 Auditores-Fiscais estão lotados, a estrutura é bastante adequada. Um problema identificado

foi a inadequação dos sistemas da RFB para o volume de trabalho. Os programas de computador (softwares) são

excessivamente lentos e têm tornado o trabalho demorado, o que é um transtorno para todos os envolvidos no processo

de desembaraço das cargas trazidas pelos caminhões à unidade.

Alguns outros problemas de ordem estrutural e arquitetônica contribuem para a redução da eficácia do trabalho que se

realiza no prédio da aduana e na região circunvizinha. De maneira geral, as instalações elétricas da aduana deterioraram-

se com o passar do tempo e já necessitam de reparos e/ou substituição. Algumas salas do prédio apresentam problemas

de acústica, com elevado nível de ruídos, fato que, além do prejuízo à saúde dos Auditores-Fiscais e demais servidores,

dificulta a comunicação entre eles e com o público externo.

Com relação aos equipamentos de informática, a unidade da aduana ressente-se de uma sala para o servidor de rede

que seja adequada do ponto de vista físico e lógico (disposição adequada dos equipamentos) e ambiental (ventilação e

temperatura apropriadas). Tais modificações trariam maior eficiência técnica ao trabalho aduaneiro que ali se realiza.

Na parte externa, a infraestrutura física apresenta algumas deficiências. O alambrado entre a Ponte da Amizade e

a Aduana apresenta trechos destruídos, facilitando a ação de contrabandistas. A pista de exportação não dispõe de

cancelas e noutras pistas há falta de dispositivos que impeçam a fuga. A parte externa do fundo do prédio da aduana

necessita de grades nas janelas e portas, apesar da vigilância presente no local.

No prédio da Aduana, especialmente na área reservada para os preenchimentos dos formulários do Documento de

Arrecadação de Receitas Federais (DARF) e da Declaração de Bagagem Acompanhada (DBA), os móveis (mesas e balcões,

especialmente) têm dimensões e altura inapropriados para o preenchimento, dificultando a fiscalização e provocando

atrasos e perda de tempo. Muitas cadeiras e mesas estão em péssimo estado de conservação e, por esta razão, necessitam

de substituição.

Por fim, devido ao grande volume de materiais químicos que são fiscalizados e apreendidos no local, é urgente a adoção

de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

A Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) de Foz do Iguaçu também tem estrutura satisfatória. A unidade está

abrigada em um amplo imóvel. O principal problema ali identificado é a falta de servidores auxiliares.

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Dionísio Cerqueira

Esta cidade está localizada no extremo noroeste do estado de Santa Catarina, distante, a 720 km de Florianópolis,

na divisa com o Paraná. É o ponto mais próximo, por terra, entre Buenos Aires e São Paulo, fazendo fronteira com a

cidade argentina de Bernardo de Irigoyen. Com uma população de 14.200 habitantes, o município tem como principais

atividades econômicas a agricultura, importação e exportação.

Dionísio Cerqueira possui uma única passagem terrestre de Santa Catarina para o Mercosul.

A Inspetoria da Receita Federal em Dionísio Cerqueira é formada por três unidades: o prédio da IRF, o Centro Integrado

de Aduana Brasil/Argentina e a Aduana de Turismo.

O prédio da IRF/Dionísio Cerqueira é de construção recente. Edificado em dois andares tem boa estrutura, com bom

SANTA CATARINA

Precariedade no Centro Integrado: falta de manutenção e equipamentos de informática obsoletos.

Marco da divida Brasil-Argentina.

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estacionamento e depósito de bens apreendidos. Os banheiros estão em bom estado de conservação. Há dois principais

problemas na IRF. Os equipamentos de informática estão obsoletos. Quando ocorre a substituição de algum deles, não

há a reposição por aparelhos novos mas por outros já usados provenientes da DRF/Joaçaba, à qual está subordinada

a IRF/Dionísio Cerqueira. Constatou-se, também, um problema muito comum: a carência de Auditores-Fiscais e de

servidores administrativos para executar a contento todas as atividades da unidade. São apenas sete auditores, o que

tem acarretado excesso de trabalho.

O Centro Integrado de Aduana Brasil-Argentina está instalado em um prédio construído em 1998 e possui muitos

problemas. A estrutura apresenta sinais claros de falta de manutenção, como paredes com reboco aparente, pintura

esmaecida, móveis antigos, equipamentos de informática já obsoletos. A IRF ocupa duas salas neste prédio, onde

trabalham, em um ambiente apertado e mal iluminado, quatro Auditores-Fiscais e dois servidores administrativos,

todos lotados na IRF. Os banheiros privativos estão em estado de penúria: sem lâmpadas suficientes, com azulejos

e pisos antigos; o banheiro masculino vem, há muito tempo, servindo de depósito de material de limpeza. A Copa é

apertadíssima, já com eletrodomésticos necessitando de substituição.

A segurança do local é realizada unicamente por empresa terceirizada, já que a Polícia Federal, embora possua uma sala

reservada no prédio, não mantém efetivo no local.

Embora possua um movimento considerável de 100 veículos em média por dia, com um fluxo constante de frutas,

papel, farinha de trigo procedentes da Argentina, dentre outras mercadorias, e exportação de carne, o Centro Integrado

não possui um estacionamento adequado para caminhões e veículos de carga. O pátio não possui asfalto, o que resulta

em acúmulo de lama nos dias de chuva, e numa intensa poeira em dias de sol. Além disso, não há sequer um galpão

adequado para o descarregamento e a conferência física das cargas.

Um novo prédio, com construção prevista ainda para 2011, está em fase de licitação. A obra está orçada em R$10

milhões, com um ano de prazo para execução da obra. Se executado da forma como projetado, o novo prédio resolveria

grande parte dos problemas relacionados às péssimas condições de trabalho verificadas atualmente, mas não resolveria

o outro grande problema da IRF: falta de pessoal.

A Aduana de Turismo é, na verdade, o prédio localizado no lado brasileiro entre as duas cidades da fronteira (Dionísio/

Bernardo de Irigoyen) para o controle no trânsito de pessoas e veículos de passeio. O prédio está completamente

abandonado, velho, com pinturas esmaecidas, sem qualquer equipamento de informática, não tendo a mínima condição

de trabalho. Não há qualquer tipo de controle de entrada ou saída de pessoas ou veículos. A própria fronteira entre as

duas cidades é imaginária: com marcos espaçados a cada 50 metros, não há cercas, muros ou qualquer outro obstáculo

que demarque as cidades, existindo uma verdadeira simbiose entre elas. É comum caminhões argentinos fazerem o

desembarque de mercadorias nas ruas da cidade Argentina, e as mesmas mercadorias sendo embarcadas em caminhões

brasileiros na rua brasileira vizinha, em plena luz do dia. A Aduana de Turismo tornou-se um prédio sem funcionalidade.

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10ª REGIÃO FISCAL(Rio Grande do Sul)

O único estado componente da 10ª Região Fiscal é o

Rio Grande do Sul.

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RIO GRANDE DO SUL

Barra do Quaraí

O município está a 717 km da capital, Porto Alegre. A população estimada

em 2005 era de aproximadamente 5 mil habitantes, segundo os dados do

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É também conhecido

por ser rota de contrabando de agrotóxicos advindos da China, sem qualquer

fiscalização ou autorização da ANVISA e do Ministério da Agricultura.

A Inspetoria local se localiza no ponto de convergência das fronteiras entre

o Brasil, a Argentina e o Uruguai. A unidade existe apenas formalmente.

Lá, não há a presença de Auditor-Fiscal e apenas um servidor da Receita

cumpre expediente, de segunda à sexta-feira, no horário comercial. Apesar de

caminhões não conseguirem passar para o Brasil depois das 18h, o risco não

está excluído.

A fronteira está abandonada. Nos dias de semana, durante a noite, e nos fins

de semana, há possibilidade de entrada de armas, drogas e contrabandos em

carros de passeio.

Outro agravante é que também não existe atuação de outras forças do Estado na

localidade o que fragiliza ainda mais a presença fiscal neste ponto de fronteira.

O Sistema de Armazenagem para Recintos Alfandegados (SARA) apresenta

falhas estruturais que fragilizam a segurança necessária ao controle dos

veículos em trânsito.

Inspetoria de Barra do Quaraí.

Fronteira abandonada.

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Uruguaiana

Situado no extremo ocidental do estado do Rio Grande do Sul, junto à fronteira fluvial com a Argentina e Uruguai, o

município conta com cerca de 130 mil habitantes.

O porto seco do município recebe, em média, 13 mil caminhões por mês conta com 16 Auditores-Fiscais, que trabalham

no limite de sua capacidade.

As instalações físicas são minimamente adequadas.

A unidade ressente-se de melhores equipamentos para a realização da conferência física pois não há equipamentos

próprios – empilhadeiras – para o esvaziamento dos containers.

A despeito da conformidade das instalações físicas, constatam-se deficiências em alguns equipamentos da infraestrutura

de informática e de comunicações. Há restrições nas chamadas externas para celular e ligações interurbanas para linhas

telefônicas de uso exclusivo da RFB. Assuntos relativos ao trabalho fiscal que necessitam de comunicações externas via

telefone podem sofrer atrasos devido a este problema. Quanto à infraestrutura de informática, o canal de comunicação

entre o Terminal Aduaneiro e a Delegacia é muito lento. Este problema detectado, aliás, em outras unidades fronteiriças

tem sido responsável pela perda de tempo do trabalho do Auditor-Fiscal quando ele precisa acessar os sistemas

Apesar de contar com instalações razoáveis em Uruguaiana, há necessidade de mais Auditores.

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informatizados da RFB. Estes, por sua vez, sempre apresentam incongruências em relação à real situação, evidenciando

atrasos na atualização das informações.

A infraestrutura viária do Porto Seco é precária, sem a manutenção adequada. O acesso ainda encontra-se sem

pavimentação asfáltica, ocasionando dificuldades para o estacionamento dos veículos sujeitos à fiscalização com o

consequente atraso e perda de tempo. A área contínua carece de melhor compactação, dificultando a movimentação de

cargas nos dias chuvosos.

A segurança é um ponto preocupante. Apesar de o Porto Seco Ferroviário possuir três portões de acesso, nenhum deles

tem guarita com guardas de segurança. Esta assistência ocorre apenas no portão principal. Outros dois pontos de

movimentação dos trens também estão desprovidos de guaritas com vigias para efetivar o controle do fluxo de pessoas.

A segurança noturna também é falha, contando apenas com um segurança para toda a área.

O terminal da BR 290, onde se controla o trânsito aduaneiro, foi recentemente reestruturado e se encontra em condições

adequadas.

O controle de veículos e bagagens é realizado em território argentino. O prédio que abriga a ACI (Área de Controle

Integrado) é de responsabilidade do governo argentino e não possui estrutura adequada. Os móveis são precários assim

como as salas e os banheiros. Não há depósito para as mercadorias apreendidas. A segurança dos Auditores-Fiscais está

confiada à guarda de fronteira (gendarmeria) daquele país.

Itaqui – O município está situado às margens do rio Uruguai, na divisa entre Brasil e Argentina. Sua população é de cerca

de 50.000 habitantes.

Lá, estão lotados cinco Auditores-Fiscais, boa parte deles exercendo atividades de menor complexidade, em desacordo

com suas atribuições. Para realizar o trabalho de forma satisfatória, fica evidente afalta de servidores de apoio.

Há falta de segurança, já que inexiste presença da Polícia Federal neste ponto da fronteira.

As condições estruturais do prédio da Inspetoria são razoáveis. O problema está no completo abandono do Porto,

localizado a poucos metros da Inspetoria, e onde três Auditores exercem suas funções. Há apenas um local coberto para

verificação de mercadoria.

No local, a segurança é bastante precária. Há apenas um vigilante para controlar entrada e saída de embarcações, veículos

e pessoas. Enquanto isso, o resto do pátio fica sem monitoramento. Dessa forma, qualquer pessoa pode esconder a

mercadoria na vegetação que cerca o local, à beira do rio. Também não há equipamento eletrônico de vigilância.

A sala onde os Auditores-Fiscais acessam os computadores fica totalmente exposta à entrada de qualquer pessoas, cujos

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computadores, aliás, não permitem acesso à rede informatizada da RFB.

O movimento do Porto de Itaqui é de 700 caminhões por mês, bem abaixo do registrado em Uruguaiana.

São Borja

Na fronteira com a Argentina, lado oeste do Rio Grande do Sul, São Borja tem pouco mais de 60 mil habitantes.

A falta de pessoal é um dos principais problemas em São Borja. O prédio da Inspetoria é antigo e as instalações são

precárias.

O Centro Unificado, muito embora conte com instalações adequadas ao trabalho, também padece da falta de efetivo. Há

serviços que deveriam funcionar 24 horas, mas só acontecem durante 10 horas por dia devido à falta de Auditor-Fiscal.

No mesmo local funcionam a aduana brasileira e a argentina, juntamente com a concessionária que construiu o pavilhão.

Bagé

Situada no limite sul do Rio Grande do Sul e a 393 km da capital Porto Alegre, Bagé conta com cerca de 120 mil habitantes.

Ao todo, são nove Auditores-Fiscais lotados na Inspetoria local. A unidade padece do mesmo mal crônico da grande maioria

das unidades de fronteira: falta de pessoal para atuação na área aduaneira. O quadro reduzido acaba sobrecarregando o

trabalho da equipe e prejudicando a fiscalização no despacho aduaneiro nesse ponto da fronteira do Brasil com o Uruguai.

O aumento no número de free shoppings – lojas onde são comercializados produtos estrangeiros com tributação

diferenciada – na região, favorece o aumento do risco de contrabando e reforça a necessidade de incremento no efetivo

de Auditores-Fiscais.

Outra preocupação é a realização da Copa do Mundo, em 2014, quando o país receberá um quantitativo maior de turistas.

As fronteiras terão que estar bem estruturadas e contar com um contingente considerável de servidores para evitar o

aumento do contrabando e do descaminho. Nada foi feito pela administração da RFB até o momento para uma completa

reestruturação do local.

O pátio do recinto alfandegado encontra-se cercado apenas por uma cerca de arame oferecendo pouca resistência à

entrada de pessoas ou animais.

A verificação das cargas e caminhões ocorre em área descoberta.

As instalações físicas para o despacho aduaneiro não oferecem condições satisfatórias de conforto e funcionalidade. O

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imóvel não recebe manutenção adequada pela RFB.

As instalações físicas dos órgãos de controle de turistas e bagagens não são funcionais e de baixo conforto. Os banheiros

e depósitos são minúsculos, sem ventilação adequada. Aliás, não há banheiro privativo para os funcionários da RFB na

ACI/Turismo e nem para os caminhoneiros na ACI/Cargas.

Os portões de acesso ao pátio estão em péssimo estado de conservação.

A guarita da balança de pesagem de caminhões tem goteiras e está subdimensionada. Porta, janelas e telhado necessitam

ser trocados.

Aceguá

Município que pertence à região sudoeste do Rio Grande do

Sul, está distante a cerca de 60 quilômetros do Município de

Bagé, fazendo fronteira com a cidade uruguaia de mesmo

nome.

O local onde é realizado o despacho aduaneiro dos veículos

de carga que trafegam na fronteira do Brasil com o Uruguai

não oferece boas condições de trabalho para o único Auditor-

Fiscal que atua na localidade. Ele desenvolve a atividade em

uma pequena sala improvisada de um prédio cedido pela

prefeitura local, em conjunto com associações comunitárias

do município. Constantemente, há interrupções no

fornecimento de energia e, apesar de contar com o apoio da

Polícia Federal, não há integração com a aduana uruguaia.

Em virtude da falta de condições ideais para moradia, o Auditor-Fiscal que trabalha no local mora em Bagé e todos os

dias, no período da tarde, ele percorre um trecho de 134 km (ida e volta) para despachar no posto fiscal de Aceguá. No

local, são atendidos em média 300 veículos por mês.

A pequena sala improvisada, cedida pela Prefeitura, é o único espaço para despacho em Aceguá.

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Jaguarão

Assim como em Bagé e Aceguá, uma das principais deficiências em Jaguarão (RS) é o número de Auditores-Fiscais e de

pessoal de apoio para o pleno desenvolvimento da atividade de fiscalização e repressão ao contrabando e ao descaminho

na fronteira do Brasil com o Uruguai.

Os cinco Auditores lotados na Inspetoria da Receita Federal do Brasil de Jaguarão trabalham em um prédio novo,

construído há apenas três anos. A estrutura física do local é excelente. As salas oferecem bastante conforto. Cada

Auditor-Fiscal tem mesa com equipamento adequado para o exercício das suas atividades, e a equipe tem à disposição

caminhonetes e outros instrumentos necessários às ações de fiscalização.

Caso houvesse um efetivo adequado, as ações poderiam ser intensificadas, uma vez que, na região, os casos de contrabando

e descaminho têm aumentado.

Além da repressão, os Auditores da localidade atuam na habilitação de empresas e na supervisão dos analistas tributários

no plantão, na ponte fiscal. Recentemente, eles também passaram a realizar um trabalho de fiscalização no Rio Jaguarão,

já que os contrabandistas costumam atravessar a fronteira com embarcações repletas de mercadorias irregulares.

O trabalho realizado pela equipe de Auditores-Fiscais de Jaguarão conta, eventualmente, com apoio da PRF (Polícia

Rodoviária Federal) e da PF (Polícia Federal).

Falta pessoal para o volume de trabalho em Jaguarão.

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No Porto Seco local, que fica a 6 quilômetros do centro de Jaguarão, cinco

Auditores-Fiscais trabalham em uma estrutura razoável. A sala onde ficam

é espaçosa e possui equipamentos necessários para que eles desenvolvam a

atividade de fiscalização das cargas exportadas e importadas. O pátio para os

veículos é adequado e bem organizado. Porém, há falta de pessoal, uma vez

que a demanda é intensa.

Assim como em outras unidades de fronteira, é muito difícil o remanejamento

de pessoal para o local. Para sanar este problema faz-se necessária uma política

de incentivos, como indenização de transporte, adicionais de fronteira e de

periculosidade, já que pelo porto seco passam todo tipo de mercadorias, como

produtos inflamáveis e tóxicos, o que é um risco constante.

Um problema encontrado na localidade é a precariedade da conexão de

informática com a rede da RFB. Os padrões da rede existente não atendem

aos quesitos mínimos de velocidade exigidos pela própria administração. A prestadora de serviços local não fornece a

velocidade de conexão necessária.

Chuí

O município de Chuí fica no extremo sul do país e tem cerca de 5 mil habitantes do lado brasileiro. No local, passam cerca

de 2.200 caminhões por mês, o que torna Chuí a mais movimentada fronteira terrestre com o Uruguai.

A movimentação intensa é a causa de uma das principais deficiências do ponto de fronteira entre o Brasil e o Uruguai.

O tamanho do pátio para o estacionamento dos veículos não é suficiente para a elevada quantidade de caminhões que

circulam diariamente.

Quando o movimento é mais intenso, forma-se uma fila na entrada do pátio, o que já ocasionou acidente com vítima.

Além disso, a cobertura na área de vistoria é pequena, o que dificulta o trabalho nos dias de intempérie. Também falta

uma câmera frigorífica e uma área própria para carga perigosa, assim como um depósito apropriado para as mercadorias

apreendidas. Hoje, elas são armazenadas em contêineres, que também servem como arquivo de documentos.

Dos 15 Auditores lotados em Chuí, a maioria atua na fiscalização aduaneira. Outra parte trabalha no gerenciamento de

risco e na repressão ao contrabando. O prédio da RFB onde funciona o ponto de fronteira também abriga o posto de

imigração, de responsabilidade da Polícia Federal.

Assim como em outras localidades fronteiriças do sul do Brasil, o funcio-namento adequado das atividades de controle

Delegacia da RFB em Jaguarão.

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e fiscalização passa pelo aumento do efetivo dos Auditores-Fiscais e por uma política de incenti-vos que inclua, por

exemplo, o adicional para localidades inóspitas.

Como o município de Chuí não oferece boas condições para moradia, a maio-ria dos servidores reside na cidade de Santa

Vitória do Palmar. Todos os dias eles percorrem um trecho de 22 km até o local de trabalho.

A unidade padece de alguns problemas já detectados em outras unidades relacionados à infraestrutura física e de

equipamentos. O mobiliário encontra-se em péssimo estado de conservação, dificultando a acomodação dos Auditores-

Fiscais e do público externo, com prejuízo em termos de perda de tempo. Aliás, as próprias instalações físicas necessitam

de reparos, especialmente no pavimento de concreto do pátio de caminhões. Por fim, a unidade carece de um depósito

para acomodar as mercadorias apreendidas, as quais são abrigadas de forma precária e, por esta razão, ficam sujeitas a

roubos e outros problemas similares.

Chuí: fachada da Inspetoria castigada pelo tempo.

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Santana do Livramento

A cidade faz fronteira com o Uruguai, e compõe a fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Tem uma população de pouco

mais de 80 mil pessoas.

O prédio da Inspetoria da Receita Federal do Brasil de Santana do Livramento apresenta mau estado de conservação. As

paredes apresentam precária, com infiltrações, fiação elétrica exposta e aparelhos de ar-condicionado antigos.

Os dois depósitos de acondicionamento de cargas apreendidas estão em situação insalubre. O local, onde os Auditores-

Fiscais fazem a verificação da carga e lavram o auto de infração apresenta mofo, má iluminação, falta de ventilação e mau

cheiro.

O depósito maior, que dista alguns quilômetros da IRF, e onde também estão os veículos apreendidos, possui contêineres

que vieram de Itajaí (SC), e abriga mercadorias de alta periculosidade, como agrotóxicos. Há falhas de segurança no

acondicionamento da própria carga e péssimas condições de circulação. Em dias de sol, há muita poeira e, em dias de

chuva, formação de lama.

Ele localiza-se em área descontínua. Os caminhões são obrigados a cruzar a rodovia a fim de fazerem a conferência física,

com prejuízos para a segurança na movimentação das cargas. O sistema SARA (Sistema de Armazenagem para Recintos

Alfandegados) controla o acesso de veículos e pessoas. A iluminação do local é deficiente: alguns refletores estão com

defeito, o que prejudica a segurança noturna. Aliás, há apenas um guarda no período diurno para recepcionar e controlar

o fluxo de pessoas e veículos.

Rachaduras nas paredes.Falta de organização no estoque de mercadorias.

Buraco na parede de vidro da Delegacia da RFB em Santana do Livramento.

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Porto Xavier

É um município com população superior a 10.500 habitantes, banhado pelo rio Uruguai fazendo fronteira fluvial com a

Argentina. O transporte de cargas e pessoas é feito através do Porto Internacional de Porto Xavier.

Em Porto Xavier existem dois locais distintos, o prédio da Inspetoria e o prédio da Aduana.

O prédio da Inspetoria é uma construção recente, de excelente qualidade e possui dois andares. No térreo, apenas um

pequeno espaço é utilizado pelos Auditores Fiscais para o desenvolvimento dos trabalhos, e atende perfeitamente

as necessidades dos mesmos, contando com diversos pontos de ar condicionado, os quais funcionam perfeita e

adequadamente. A área não ocupada pelos Auditores Fiscais é bem maior: garagem coberta para quatro veículos; espaço

destinado a reuniões festivas, contando com cozinha, ampla mesa e churrasqueira. No primeiro andar, há acomodação

para visitantes, com duas camas, ar condicionado no ambiente, e aparelho de televisão. Em outro espaço existem

aparelhos para ginástica. Existe, ainda, apartamento neste andar onde reside o chefe da unidade.

A área da Aduana fica às margens do Rio Uruguai. O prédio onde fica a fiscalização é precário. A passagem de uma

margem a outro é feita por meio de balsas que funcionam em horário comercial. A rampa de saída da balsa é concretada.

Existe uma área coberta para descarregar os caminhões, caso haja necessidade. O pátio de estacionamento é muito

precário, todo em terra. Em dias de chuva há barro e poeira nos demais dias. Não existe cerca de contenção. Segundo o

Inspetor já houve casos de roubo em caminhões. A iluminação é muito deficiente e a segurança conta com apenas um

guarda durante a noite.

O trabalho de Fiscalização na Aduana é feito de modo singular. Um sistema próprio de computador permite que o

Auditor Fiscal fique a distância e on line ele libera as mercadorias, podendo exigir este ou aquele documento, deslocando-

se rapidamente da Inspetoria até a Aduana, já que distância entre os dois pontos é de aproximadamente 400 metros.

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Quadro 1Síntese dos problemas encontrados nas localidades de Fronteiras Terrestres.

1ª R

egiã

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scal

Mato Grosso

Mato Grosso do Sul

Cáceres Carência de Auditores-Fiscais e servidores administrativos;Necessária reforma geral, com troca de piso e reparos nas paredes, além de reforma total nos banheiros e construção de banheiros privativos para o quadro funcional;Falta de equipamento de alarme ou de vigilância eletrônica.

Corumbá Falta de treinamento específico para atuação na área;Carência de pessoal;Deficiência na segurança;Partes do prédio da IRF necessitam de reparos (forro, dentre outras);Rede de internet ineficiente.

Posto Esdras Falta de um grupo para agir na repressão de atos ilícitos (contrabando e tráfico de drogas e armas);Falta de segurança. Apenas um policial militar faz guarda à noite. A P.F. e a F.S.N. atuam apenas durante o dia;Ausência de fiscalização fluvial.

Mundo Novo Necessário construir um depósito de mercadorias e mais faixas para a passagem de veículos;Carência de pessoal. São necessários mais 5 Auditores-Fiscais;Trabalho de desembaraço de bagagem na unidade não é realizado em tempo integral;Segurança falha. Existência de estradas de terra clandestinas para se evitar contato com qualquer autoridade pública.

Ponta Porã Pátio interno da IRF não é pavimentado e está abarrotado de veículos e mercadorias

Destacamento Corixá Falta cobertura, rampa e sinalização horizontal e vertical no pátio externo;Não existe local próprio destinado à colocação de mercadorias em caso de descarregamento da carga;O prédio não conta com monitoramento por câmeras nem dispõe de um controle informatizado para o acesso de veículos;A conexão da a internet é muito lenta;Há poucos integrantes do grupo especial do Estado para fazer a vigilência.

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2ª R

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Acre

Rondônia

Assis Brasil Não há Auditor-Fiscal lotado na unidade local. A fiscalização é feita por Auditores-Fiscais de Brasiléia;Não há banheiro exclusivo para os servidores no prédio da unidade da RFB, a qual enfrenta constantes faltas de água e de energia;A Inspetoria/Alfândega fica a quase um quilômetro da ponte que faz a divisa entre Brasil e Peru;Não há controle alfandegário na cabeceira da ponte que liga ambos os países.

Cruzeiro do Sul Carência de pessoal: há apenas 1 Auditor-Fiscal atuando na RF local;O prédio está localizado em uma foco de malária do Estado.

Ji-Paraná Prédio da DRF com goteiras, infiltrações e mofo. O mobiliário é antigo e em mau estado de conservação;Não há estacionamento no prédio da DRF;Carência de espaço para os Auditores-Fiscais trabalharem e para o arquivamento de documentos.

Vilhena Prédio da IRF em estado de má conservação, com rachaduras estruturais e infiltrações;O prédio da IRF tem muros baixos e não conta com sistema de vigilância remota;No posto fiscal da BR-364, inexiste acesso à rede da RFB por meio da internet;O prédio do posto da BR-364 está mal conservado.

Guajará-Mirim O prédio da IRF apresenta muitas infiltrações e banheiros quebrados;Os aparelhos de ar-condicionado do prédio da IRF apresentam problemas de funcionamento;O depósito de mercadorias apreendidas do prédio da IRF está em estado de abandono;

Brasiléia e Epitacolândia

Não há espaço adequado para a verificação das mercadorias no posto fiscal;As vistorias são feitas ao ar livre. Não há sequer estacionamento para os caminhões;A equipe de fiscalização atua desprovida de segurança adequada: não existe a presença regular da polícia no local;Carência de pessoal: são apenas 3 Auditores-Fiscais que atuam, concomitantemente, em Brasiléia;O posto de Espitacolândia, que deveria funcionar 24 horas por dia, fica aberto apenas 8 horas;A ponte que liga o lado brasileiro ao boliviano não é alfandegado.

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2ª R

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Roraima

Amazonas

Pacaraima Grande insegurança. Frequentemente, os Auditores-Fiscais são vítimas de ameaças de morte em decorrência do trabalho;Falta de apoio psicológico aos Auditores-Fiscais expostos à insegurança no trabalho;Auditores-Fiscais e servidores administrativos dividem apenas um banheiro do alojamento que fica a alguns metros da Inspetoria;Isolamento e à falta de perspectivas para os Auditores-Fiscais que ali atuam. Faltam voos para as demais localidades brasileiras;Falta de infraestrutura adequada: três Auditores-Fiscais dividem uma mesma sala de pouco mais de 4m², sem ar-condicionado.

Tabatinga Falta de segurança policial com risco para atividade fiscal. O único posto da PM está desativado há mais de 10 anos;Flagrante falta de pessoal para o grande volume de trabalho. Há apenas um Auditor-Fiscal, o Inspetor da RFB e um analista tributário no município;A perspectiva de aguardar muitos anos pela remoção, desencoraja a permanência de Auditores-Fiscais na localidade;A exposição a riscos é outro motivo da pouca atratividade. Há caso em que o Auditor-Fiscal teve que ser afastado por algum tempo em decorrência trabalho de repressão realizado;O prédio da IRF está em más condições de conservação: pintura velha, mofo, goteiras;Não existe um depósito apropriado para mercadorias apreendidas;Não há controle eficiente das mercadorias que transitam no porto fluvial;Lancha da RFB equipada e blindada não é utilizadapor falta de manutenção;Posto da RFB do lado brasileiro na fronteira com a Colômbia está abandonado.

Bonfim Insuficiência de pessoal: A IRF local conta apenas com uma Auditora-Fiscal trabalha jornadas extensas, de doze horas exercendo tarefas incompatíveis com as do seu cargo;Risco constante de acidentes no prédio da IRF: buracos destampados com vigas de ferro à mostra e fios elétricos expostos;Não ha cobertura de telefonia celular na localidade, o que dificultaria o pedido de socorro da Auditora-Fiscal em caso de necessidade.

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9ª R

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Paraná

Guaíra O imóvel do posto no Porto Lacustre de Guaíra está em péssimo estado de conservação: goteiras, mofo, e banheiros com problemas de vazamentos;Segurança na unidade é precária. Não há câmeras de segurança, e apenas um vigilante para guardar a unidade;A única separação entre o porto e uma área contígua da Marinha é uma fina e baixa cerca de arame;Péssima condições das vias de circulação dos caminhões dentro do recinto alfandegado: não há asfalto, co muito pó, nos dias de sol, ou com muita lama, nos dias de chuva;A circulação de veículos e pessoas na área do porto carece de um sistema informatizado que lhe propicie maior eficácia e segurança;Não há segurança física para quem circula sobre o piso da área do porto, pois este encontra-se deteriorado, precisando de reparos;O porto carece de alguns equipamentos como uma balança rodoviária, circuito fechado de televisão e de um scanner.

Santa Helena Prédio da Inspetoria local necessita de cobertura para vistoria de carga e uma rampa para a checagem da parte inferior dos veículos;Necessita-se de circuito fechado de televisão para o monitoramento da movimentação de cargas;Necessita-se de área coberta para verificação de cargas e outra própria para expurgos, além de uma área maior para as cargas destinadas à exportação;Necessita-se de conexão de internet mais veloz;Falta iluminação no cais;Sinalizações vertical e horizontal são deficientes.

Foz do Iguaçu Falta de pessoal para o serviço, principalmente de servidores com funções auxiliares;Há lentidão dos sistemas de computador (softwares);Há necessidade de reparos ou substituição das instalações elétricas;Algumas salas do prédio apresentam problemas de acústica, com elevado nível de ruídos;Com relação aos equipamentos de informática, precisa-se de uma sala para o servidor de rede que seja adequada quanto à disposição dos equipamentos e ventilação e temperatura apropriadas;Alambrado entre a Ponte da Amizade e a Aduana apresenta trechos destruídos;A pista de exportação não dispõe de cancelas e noutras pistas há falta de dispositivos que impeçam a fuga;A parte externa do fundo do prédio da aduana necessita de grades nas janelas e portas, apesar da vigilância presente no local;No prédio da Aduana, os móveis (mesas e balcões, especialmente) têm dimensões e altura inapropriados. Muitas cadeiras e mesas precisam ser substituídas ;Há necessidade urgente de adoção de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

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9ª R

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Santa Catarina

Dionísio Cerqueira Os equipamentos de informática estão obsoletos;Carência de Auditores-Fiscais e de servidores administrativos;O Centro Integrado de Aduana Brasil-Argentina necessita de manutenção, como paredes com reboco aparente, pintura esmaecida, móveis antigos;Iluminação inadequada, espaço físico inapropriado;Os banheiros privativos estão em estado de penúria: sem lâmpadas suficientes, com azulejos e pisos antigos; o banheiro masculino vem, há muito tempo, servindo de depósito de material de limpeza;A Copa é apertadíssima, já com eletrodomésticos necessitando de substituição;A segurança do local é realizada unicamente por empresa terceirizada, embora a Polícia Federal possua uma sala reservada no prédio, não mantém efetivo no local;Estacionamento inadequado para caminhões e veículos de carga. O pátio sem asfalto. Ausência de galpão para o descarregamento e a conferência física das cargas;Falta pessoal;O prédio da Aduana de Turismo é velho, com pinturas esmaecidas, sem qualquer equipamento de informática;Não há controle de entrada e saída de pessoas e veículos

10ª R

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scal

Rio Grande do Sul

Barra do Quaraí Falta pessoal. Há a presença de Auditor-Fiscal e apenas um servidor da Receita cumpre expediente, de segunda à sexta-feira, no horário comercial;Não há outras forças deo Estado a atuarem nesta localidade;O Sistema de Armazenagem para Recintos Alfandegados (SARA) apresenta falhas estruturais;

Uruguaiana Necessidade de melhores equipamementos para realização da conferência física;Há deficiências em alguns equipamentos da infraestrutura de informática. O canal de comunicação entre o Terminal Aduaneiro e a Delegacia é muito lento;Há restrições nas chamadas externas para celular e ligações interurbanas para linhas telefônicas de uso exclusivo da RFB;Infraestrutura viária do Porto Seco é precária: sem pavimentação asfáltica e a área contínua carece de melhor compactação;A Porto Seco Ferroviário possui três portões de acesso, porém sem guarita com guardas de segurança.

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10ª R

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Rio Grande do Sul

Itaqui Há cinco Auditores-Fiscais, porém boa parte exerce atividades em desarcordo com suas atribuições;Faltam servidores de apoio;Falta segurança;Porto Abandonado;Há apenas um local coberto para verificação de mercadoria com um único vigilante;Não há equipamento eletrônico de vigilância;Sala de computadores é exposta e não há acesso à rede informatizada da RFB.

São Borja Falta pessoal;O prédio da Inspetoria é antigo e as insatalações são precárias.

Bagé Falta pessoal;O pátio do recinto alfandegado encontra-se cercado apenas por cerca de arame;A verificação das cargas e caminhões ocorre em área descoberta;As instalações físicas para o despacho aduaneiro não oferecem condições satisfatórias de conforto e funcionalidade;Os portões de acesso ao pátio estão em péssimo estado de conservação;A guarita da balança de pesagem de caminhões tem goteiras e está subdimen-sionada. Porta, janelas e telhado necessitam ser trocados.

Aceguá Falta pessoal, há apenas um Auditor-Fiscal, o qual mora em Bagé;O Auditor-Fiscal trabalha em uma pequena sala improvisada de um prédio cedido pela prefeitura local, em conjunto com associações comunitárias do município;Constantemente, há interrupções no fornecimento de energia;Não há integração com a aduana uruguaia.

Jaguarão Falta pessoal;Conta, eventualmente, com apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da PF (Polícia Federal);Conexão de informática com a rede da RFB é precária.

Chuí Falta pessoal;O tamanho do pátio para o estacionamento dos veículos não é suficiente;Cobertura na área de vistoria é pequena;Falta uma câmera frigorífica;Falta depósito apropriado para as mercadorias apreendidas;Falta depósito para carga perigosa;Não há boas condições para moradia, a maioria dos servidores reside na cidade de Santa Vitória do Palmar;O mobiliário encontra-se em péssimo estado de conservação;O pavimento de concreto do pátio de caminhões necessita de reparos.

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10ª R

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Rio Grande do Sul

Santana do Livramento Condições precárias das paredes, há infiltrações, fiação elétrica exposta e aparelhos de ar-condicionado antigos;Os depósitos de acondicionamento de cargas apreendidas estão em situação insalubre;O local de verificação da carga apresenta mofo, má iluminação, falta de ventilação e mau cheiro;No depósito maior, em área descontínua e que dista alguns quilômetros da IRF, há falhas de segurança no acondicionamento de mercadorias de alta periculosidade;Iluminação do local é deficiente;Há apenas um guarda no período diurno para recepcionar e controlar o fluxo de pessoas e veículos.

Porto Xavier O prédio onde fica a fiscalização é precário;O pátio de estacionamento é muito precário, todo em terra. Em dias de chuva há barro e poeira nos demais dias. Não existe cerca de contenção. A iluminação é muito deficiente e a segurança conta com apenas um guarda durante a noite.

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CONCLUSÃO E PROPOSTAS

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Este trabalho, resultado de centenas de quilômetros percorridos por diretores da DEN, lança luz à real situação

de nossas fronteiras e das condições de trabalho dos Auditores-Fiscais e demais servidores que lá estão lotados.

A constatação presencial e, sobretudo, as conversas informais em que os Auditores relataram a experiência de

servirem nessas localidades e o seu ponto de vista acerca das situações vivenciadas foram fundamentais para a formulação

do diagnóstico do controle aduaneiro nas regiões fronteiriças com os países vizinhos.

Sem qualquer sombra de dúvida, a sociedade brasileira encontra-se ameaçada em todos os seus valores, sejam materiais,

sejam morais e, mesmo, em sua segurança e liberdade. A despeito de todo empenho dos Aduaneiros no cumprimento de

sua missão constitucional, o desafio é sobremodo elevado e, sem uma política governamental voltada para a segurança

das fronteiras que não prescinda das autoridades fiscais, muito pouco poderá ser feito para elevar o nível de proteção da

sociedade.

Seguem algumas propostas, cuja discussão deve ser aprofundada com os Auditores-Fiscais, o Executivo e o Congresso

Nacional, a fim de que uma política definitiva, com ações sólidas e permanentes, seja implementada17.

Incentivo financeiro e funcional aos Auditores-Fiscais e demais servidores. Há que se estabelecer uma política

de incentivos que verdadeiramente recompense aqueles que estejam dispostos a sacrificar parte de suas vidas

em localidades tão distantes e sem recursos. A criação de um adicional de fronteira é boa medida desde que

estabelecido em valores significativos. A possibilidade de remoção após determinado período de serviço,

juntamente com o adicional de fronteira, é também um incentivo eficaz.

Construção de moradias funcionais em localidades inóspitas. Certas localidades, especialmente na fronteira

norte do país, são desprovidas de habitações que disponham de condições satisfatórias para servir de morada

ao Auditor-Fiscal e sua família

Criação da guarda aduaneira. Trata-se da criação de um corpo armado e treinado para dar proteção ao trabalho

do Auditor-Fiscal nas fronteiras e nas atividades de vigilância e repressão.

Instalação de equipamentos para verificação invasiva, de modo a dar mais eficácia, segurança e rapidez nas

atividades de controle.

Interação normativa e factual entre a RFB e os demais Órgãos de segurança, de modo que as ações de vigilância

e repressão sejam coordenadas sob a direção dos Auditores-Fiscais, conforme mandamento constitucional.

Adequação da legislação à necessidade de porte de armas ostensivo dos Auditores-Fiscais.

Treinamento intensivo do corpo fiscal aduaneiro nas atividades de inteligência, vigilância e repressão e uso de

arma de fogo.

17 Evidentemente, os reparos necessários nas Unidades, aqui evidenciados, não podem esperar pela concretização de uma política maior para as fronteiras. São urgentes, a fim de que existam condições básicas para seu funcionamento.

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ÁLVARES, Denise. Temer lidera o plano de fronteiras. Correio Braziliense. Brasília, 09 jun. 2011. Política, p. 4

BACHEGA, Hugo. Dilma lança plano de proteção das fronteiras sem revelar custos. O Globo on line. Rio de Janeiro, 8 jun. 2011. Disponível em: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/06/08/dilma-lanca-plano-de-protecao-das-fronteiras-sem-revelar-custos-924637576.asp. Acesso em 28 jun. 2011.

BRASIL. Decreto nº. 6.759 de 05 de fev. de 2009. Regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 206 fev. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6759.htm. Acesso em 17 jun. 2011.

BRASIL. Portaria MF nº. 587, de 21 de nov. de 2010. Aprova o Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 dez. 2010. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Portarias/2010/MinisteriodaFazenda/portmf587.htm. Acesso em 12 jun. 2011.

BRASIL. Decreto nº. 7.496 de 08 de jun. de 2011. Institui o Plano Estratégico de Fronteiras. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 09 jun. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7496.htm. Acesso em 28 jun. 2011.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Fronteiras do Brasil. Brasília: MRE, Divisão de Fronteiras. 2011. Disponível em: http://www2.mre.gov.br/daa/df.htm#item07. Acesso em 20 jun 2011.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Estatísticas do Comércio Exterior. Disponível em http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=608 Acesso em 12 jun. 2011

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Mercadorias Apreendidas. Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/DestinacaoMercadorias/MercadoriasApreendidas/default.htm. Acesso em 12 jun. 2011.

SIMÃO Jr., Foch (a). A Guerra Comercial. Tributação em Revista. Brasília, ano 17, n. 58, jan-mar. 2011, p. 21-24. Disponível em: http://www.sindifisconacional.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=81&Itemid=94&lang=pt Acesso em 10 jun 2011

REFERÊNCIAS

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SIMÃO Jr., Foch (b). Valoração Aduaneira e Legitimidade das Transações. Tributação em Revista. Brasília, ano 17, n. 58, jan-mar. 2011, p. 53-58. Disponível em: http://www.sindifisconacional.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=81&Itemid=94&lang=pt Acesso em 10 jun 2011

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