Projeto Henry Ford

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Neste projeto, será abordada uma análise de cada capítulo do livro “Ford – o homem que transformou o consumo e inventou a era moderna” em forma de resenha, dando ênfase aos principais pontos destacados em cada capítulo e o propósito dos mesmos. Em seguida, será apresentada uma Análise Crítica na qual o grupo pontuará aspectos positivos, negativos e relevantes sobre o livro e sobre o personagem principal Henry Ford. Por fim, após a Análise Crítica será demonstrada uma Análise Prática, isto é, um Estudo de Caso no qual serão abordadas as diferenças e semelhanças encontradas nas áreas de Recursos Humanos, Logística, Relações Internacionais e Gerenciamento de Processos entre as empresas Ford Motor Company e a Siemens.

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  • RESUMO

    Neste projeto, ser abordada uma anlise de cada captulo do livro Ford o homem que

    transformou o consumo e inventou a era moderna em forma de resenha, dando nfase aos

    principais pontos destacados em cada captulo e o propsito dos mesmos. Em seguida, ser

    apresentada uma Anlise Crtica na qual o grupo pontuar aspectos positivos, negativos e

    relevantes sobre o livro e sobre o personagem principal Henry Ford. Por fim, aps a Anlise

    Crtica ser demonstrada uma Anlise Prtica, isto , um Estudo de Caso no qual sero

    abordadas as diferenas e semelhanas encontradas nas reas de Recursos Humanos,

    Logstica, Relaes Internacionais e Gerenciamento de Processos entre as empresas Ford

    Motor Company e a Siemens.

    Palavras-chave: Ford Motor Company, Siemens, Henry Ford, Recursos Humanos, Logstica,

    Relaes Internacionais, Gesto de Processos, Richard Snow.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................................................................... 4

    2 CONTEXTUALIZAO ....................................................................................................... 5

    2.1 Resenhas dos captulos ..................................................................................................... 5

    2.1.1 Captulo 1 O retorno ................................................................................................ 5

    2.1.2 Captulo 2 Os meus brinquedos eram s ferramentas ......................................... 7

    2.1.3 Captulo 3 Clara ...................................................................................................... 9

    2.1.4 Captulo 4 Partindo do zero ................................................................................... 11

    2.1.5 Captulo 5 O que Edison disse .............................................................................. 13

    2.1.6 Captulo 6 Glria e poeira.................................................................................. 15

    2.1.7 Captulo 7 A carta de sete milhes de dlares ...................................................... 17

    2.1.8 Captulo 8 Ford encontra o seu ativo mais valioso ............................................... 19

    2.1.9 Captulo 9 A inveno do carro universal ............................................................. 21

    2.1.10 Captulo 10 O dono de todos os carros dos Estados Unidos ............................... 23

    2.1.11 Captulo 11 O Modelo T assume a liderana ...................................................... 25

    2.1.12 Captulo 12 Terrvel eficincia ............................................................................ 27

    2.1.13 Captulo 13 O dia dos cinco dlares ................................................................... 29

    2.1.14 Captulo 14 Objetivo simples .............................................................................. 31

    2.1.15 Captulo 15 O especialista ................................................................................... 33

    2.1.16 Captulo 16 O Judeu internacional ...................................................................... 34

    2.1.17 Captulo 17 O fim da linha .................................................................................. 36

    2.1.18 Eplogo ................................................................................................................... 38

    2.2 Anlise crtica ................................................................................................................. 39

    3 ANLISE PRTICA ESTUDO DE CASO ...................................................................... 41

    3.1 A empresa Siemens ......................................................................................................... 41

    3.2 Gesto de Pessoas ........................................................................................................... 42

    3.3 Logstica e Gesto de Operaes .................................................................................... 44

    3.4 Relaes Internacionais .................................................................................................. 48

    CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................... 51

    REFERNCIAS ....................................................................................................................... 52

  • 4

    1 INTRODUO

    O projeto tem como principal objetivo abordar as anlises sobre o livro Ford o

    homem que transformou o consumo e inventou a era moderna em trs aspectos.

    Primeiramente ser demonstrada uma anlise de cada captulo, no qual sero destacados os

    principais pontos dos mesmos em forma de resenha abordando a opinio do grupo sobre a

    postura e personalidade de Henry Ford, citando os pontos mais relevantes de cada captulo.

    Aps a anlise dos captulos, ser realizada uma anlise crtica que pontuar aspectos

    positivos e negativos sobre a estrutura do livro em si e sobre o perfil do personagem Henry

    Ford, destacando a sua personalidade como pessoa, como empresrio e sua influncia dentro

    da empresa. Por fim, ser apresentada uma anlise prtica, isto , um estudo de caso sobre a

    empresa escolhida pelo grupo, a Siemens, e a Ford Motor Company representada no livro,

    abordando as principais diferenas e semelhanas entre as mesmas encontradas nas reas de

    Recursos Humanos, Logstica, Gesto de Processos e Relaes Internacionais.

    No mdulo de Recursos Humanos, sero tratados temas como: remunerao,

    benefcios, plano de carreira, processo seletivo, cultura organizacional e clima organizacional

    Na temtica de Logstica ser analisado o relacionamento com fornecedores, gerenciamento

    de estoques, canais de distribuio e integrao vertical. Tratando-se da temtica Gesto de

    Processos, sero analisados os seguintes temas: organizao de recursos, capacidade,

    qualidade e arranjo fsico. No mdulo de Relaes Internacionais, sero abordados assuntos

    relacionados aos processos de internacionalizao das empresas estudadas. Os temas e

    assuntos citados anteriormente sero tratados de forma comparativa entre as duas empresas

    apresentando a evoluo de cada rea.

  • 5

    2 CONTEXTUALIZAO

    2.1 Resenhas dos captulos

    2.1.1 Captulo 1 O retorno

    Henry Ford era um homem que possua caractersticas marcantes adquiridas ao longo

    de sua vida, que o tornara cada vez mais conhecido pela populao da poca. Com a inteno

    de dividir sua histria e suas lembranas, Henry criou um vilarejo que representava suas

    recordaes vividas em sua infncia e juventude. Sua influncia naqueles tempos podia ser

    vista na expanso do trfego, sendo esta causada em grande parte por ele mesmo com a

    criao de seus inditos automveis.

    Ford mostrava um grande interesse pela primeira metade de sua vida, e tentou de

    vrias formas recriar o seu passado de acordo com suas lembranas baseadas na cidade onde

    morava, levando-o a construir o Vilarejo de Greenfield. Neste vilarejo possvel encontrar

    casas mobiliadas, comrcios, museu, aeroporto etc., cada detalhe de acordo com o seu

    passado.

    medida que os prdios chegavam um aps o outro enquanto a fbrica de

    automveis era erguida prxima ferraria, ficava cada vez mais claro que

    esse vilarejo era uma representao concreta do pensamento de Henry Ford,

    das coisas que ele tinha saudade, daquilo que lhe era motivo de orgulho, da

    sua capacidade de descartar o que lhe desagradava. (SNOW, 2014, p.16)

    De acordo com o trecho citado possvel perceber que o Greenfield Village no

    representava o interesse de Henry Ford em apenas recriar a primeira metade de sua vida, mas

    tambm em retratar o orgulho que sentia de ter realizado o que almejava: terminar seu carro e

    construir sua prpria fbrica, revolucionando toda a indstria automobilstica. Alm disso,

    recriou e reuniu marcos histricos que fizeram parte, assim como ele, da revoluo dos EUA.

    Durante a criao do Vilarejo de Greenfield, possvel identificar algumas

    caractersticas que Ford possua como perfeccionismo e persistncia ao demonstrar sua

    capacidade de observar atentamente os detalhes e recri-los, alm de expor sua excelente

    memria. Todas essas suas caractersticas o introduziram de uma forma marcante no mundo

    em que viveu e por apresentar uma forte personalidade, nota-se que tudo o que ele fazia era

    com competncia e bem feito, sempre recebendo o merecido reconhecimento.

  • 6

    Ford tinha a inteno de representar a melhor fase de sua vida na cidade que construiu,

    sendo este um meio que ele encontrou para transmitir o grande diferencial que foi a sua

    juventude. Com sua determinao e criatividade em criar coisas jamais vistas como o Vilarejo

    de Greenfield e o desenvolvimento da produo em massa em sua fbrica, que resultou na

    expanso do trfego na poca, fez com que causasse um grande impacto e marco na vida da

    populao americana, que ainda reflete em todo o mundo nos dias atuais.

  • 7

    2.1.2 Captulo 2 Os meus brinquedos eram s ferramentas

    Desde cedo Henry mostrava um interesse genuno pela mecnica e um desinteresse

    pelas razes de seus pais, a vida agrcola. O seu fascnio pela mecnica se tornou mais forte

    quando ele viu pela primeira vez uma mquina a vapor de autopropulso, e no de trao

    animal como era comum na poca. Com a disposio em aprimorar seus conhecimentos, Ford

    passou sua juventude trabalhando em diversos segmentos ligados mecnica, mesmo sem a

    aprovao de seu pai.

    Aos sete anos, ele gostava de desmontar relgios e brinquedos para entender como

    eles funcionavam internamente, e aos 12 anos, j sabia desmont-los e mont-los novamente.

    Ford tambm j fabricava suas prprias ferramentas como chaves de fenda limadas,

    produzidas atravs de utenslios de sua me.

    Quando tnhamos algum problema mecnico ou ganhvamos brinquedos de

    corda no Natal, sempre dizamos: No deixe o Henry tocar neles porque ele simplesmente os desmonta. Ele preferia entender seu mecanismo a v-los funcionando.[...] O interesse de Ford pelas mquinas ia desde rodas de

    balano de relgios at rodas motrizes de locomotivas. (MARGARET apud

    SNOW; SNOW, 2014, p.29 e 30)

    Por meio de suas atitudes e comportamentos, Henry expunha sua preferncia em

    entender o funcionamento de seus brinquedos desmontando-os e remontando-os ao invs de

    brincar e se divertir usufruindo os mesmos durante sua infncia. Apesar do seu grande

    fascnio, Henry no tinha o apoio de seu pai quando se tratava de mecnica. Para ele, Ford

    deveria seguir as razes de sua famlia.

    Eu queria fazer algo que envolvesse mquinas. Meu pai no tinha muita

    simpatia pela minha inclinao para a mecnica. Ele achava que eu deveria

    ser agricultor. Aos 17 anos, quando sa da escola e fui ser aprendiz em uma

    oficina da Drydock Engine Works, eu era qualquer coisa, menos um caso

    perdido. (FORD apud SNOW, 2014, p.33)

    Apesar de no possuir o apoio de uma pessoa importante em sua vida, Henry no

    desistiu do que queria e sonhava. Deixou a casa de seus pais cedo e saiu em busca do que lhe

    agradava, sem permitir que a falta de motivao lhe atingisse. Com esse anseio em descobrir o

    funcionamento das mquinas, logo em sua juventude buscou adquirir novos conhecimentos

    que o fez iniciar na prtica o trabalho na rea mecnica, adquirindo diversas experincias em

    lugares sempre diferentes como oficinas mecnicas, joalherias, fbricas etc., buscando sempre

    a evoluo de suas tcnicas. Sua fora de vontade e empenho em seus trabalhos o levou a

    operar pela primeira vez em territrio agrcola a responsvel por despertar o seu fascnio pelo

    mundo das mquinas, a chamada 345, uma mquina de autopropulso movida a vapor.

  • 8

    Nota-se que na sua juventude, sua maior ambio no era a parte financeira e sim

    adquirir cada vez mais novos conhecimentos no que gostava. Ao passar por diversas

    experincias em lugares diferentes, Henry obteve mais curiosidade em entender a

    funcionalidade das mquinas, transmitindo coragem, autoconfiana e persistncia ao executar

    seus trabalhos e projetos e assim acabou sempre se destacando, porm nem sempre

    acreditando que teria capacidade para execut-los.

  • 9

    2.1.3 Captulo 3 Clara

    Em 1885, Henry Ford acompanhava o trabalho de Nikolaus August Otto em revistas

    da poca, na qual o apresentava como o criador de um silencioso motor movido a gs que fora

    um grande exemplo para que Ford criasse seu primeiro motor movido a gasolina. Nesta

    mesma poca, Ford se relaciona com Clara que alm de sua esposa, se tornara uma importante

    companheira eu suas realizaes, o incentivando a mudar de cidade para adquirir novos

    conhecimentos. Dessa forma, Ford comeou a trabalhar na Edison Illuminating pra aprender

    eletricidade e adquirir experincias que seriam fundamentais para que ele pudesse iniciar suas

    criaes.

    Nikolaus August Otto criou mquinas que levaram Otto como nome. O motor

    dessas mquinas era movido por gs de iluminao, porm, existiam sugestes de uma

    possvel substituio desse gs pela vaporizao da gasolina, tornado-se o bastante para

    despertar um grande interesse em Henry Ford.

    O motor era movido a gs de iluminao, tinha um nico cilindro grande e... em termos de peso, seu rendimento nem se compara potencia por quilo

    de metal que a maquina a vapor produzia, e o uso do gs de iluminao

    parecia que descartava at a possibilidade de utiliz-lo na estrada. Era

    interessante para mim apenas porque toda maquina despertava meu

    interesse. (FORD apud SNOW, 2014, p. 43)

    Neste caso, possvel notar que a inspirao de Henry Ford se baseou nas

    caractersticas dessas mquinas para iniciar seus futuros projetos. Posteriormente, ele teve a

    oportunidade de consertar uma das mquinas fabricadas por Otto, mesmo nunca ter tocado em

    uma parecida, levando-o dar um grande passo em seus conhecimentos. A essa altura de sua

    vida, Ford j era conhecido por consertar mquinas de diversos tipos apenas pelo simples fato

    de ser uma mquina, mesmo no as conhecendo.

    Nesta mesma poca, Ford conhece Clara que se tornara sua esposa e o acompanhara

    em todos seus projetos, mesmo estando sempre ausente devido ao seu fascnio pela mecnica.

    O autor Snow (2014, p.46) ressalta passou a confiar tanto na capacidade de julgamento de

    Ford quando se tratava de mecnica que ele, muito satisfeito, passou a se referir a ela como a

    Crente. Este adjetivo se deu certamente por Clara sempre ter acreditado em Ford, acreditado

    em seu potencial e em seus projetos. O seu companheirismo e compreenso tornaram Clara

    uma esposa sempre prestativa s vontades de seu marido. Em novembro de 1893, nasceu o

    primeiro e nico filho do casal, Edsel.

  • 10

    Ainda instigado pelas novas mquinas Otto e com o apoio e o incentivo de sua esposa,

    Henry Ford inicia a tentativa de criar seu primeiro motor movido pela vaporizao da

    gasolina. Para isso, ele se muda pra Detroit para trabalhar na Edison Illuminating e aprender

    eletricidade, um aspecto essencial para o funcionamento do seu motor. Com o passar do

    tempo, seus conhecimentos j eram suficientes para iniciar a execuo do seu projeto com

    sobras de metais descartveis que conseguira com a ajuda de um colega de trabalho. Ford

    escolheu a noite de natal para fazer o primeiro teste de seu motor movido a gasolina na

    cozinha de sua casa.

    Ford girou o volante do motor novamente e o seu motor ruidosamente

    ganhou vida. O volante de inrcia girou, o came cumpriu a sua funo e

    labaredas azuis foram lanadas da vlvula de exausto. A pia estremeceu,

    exausto enfraqueceu novamente a luz da cozinha e o barulho certamente

    perturbou o sono de Edsel. Mas no por muito tempo. Depois de 30

    segundos, Henry disse a Clara que podia se afastar da pia. O motor

    consumira o copinho de gasolina e silenciara para nunca mais voltar a

    funcionar. (SNOW, 2014, p. 54)

    Apesar de no obter timos resultados com sua primeira tentativa e no estando

    satisfeito, o modelo que Henry criou do motor ensinou-lhe o que precisava saber para colocar

    em prtica seus prximos projetos. Dessa forma, pode-se perceber a sua persistncia em busca

    da perfeio, estando sempre atento a melhorias.

    Nota-se que as mquinas Otto impulsionaram a primeira criao de Ford, que

    contou efetivamente com o incentivo de Clara, sua esposa e companheira que esteve presente

    contribuindo para esta realizao diretamente e indiretamente, deixando sua zona de conforto

    e acompanhando Ford quando iniciou seu trabalho na Edison Illuminating em Detroit. A

    tentativa de construo do motor foi fundamental para adquirir conhecimentos necessrios e

    com sua fora de vontade e determinao, Henry alavancou o seu projeto, dando incio s suas

    principais futuras realizaes.

  • 11

    2.1.4 Captulo 4 Partindo do zero

    Ford teve que conceber todo o mecanismo do seu motor por conta prpria, desde

    parafusos at as ferramentas. Tudo era planejado, pois naquela poca quase no existia as

    peas necessrias para executar seu projeto. Apesar desse problema, ele no permitiu que isso

    atrapalhasse seus planos e seguiu com o objetivo de construir uma carruagem de trao

    mecnica movida a gasolina, passando por diversos processos para obter sucesso na

    construo da mesma.

    Sem nem mesmo imaginar, existia outra pessoa com o mesmo objetivo de Ford,

    Maxim. Assim como Ford, Maxim decidiu que seu veculo deveria ser movido a gasolina. Ele

    entendia de motores, mas no de gasolina. Depois de fazer experimentos e descobrir a

    potncia daquele lquido incolor, iniciou o seu projeto. Apesar de possurem o mesmo

    objetivo, nota-se igualdades e tambm diferena nos processos de montagem. Ford no

    desprezava nenhuma fase de seu projeto, tudo deveria ser planejado e muito bem detalhado e

    organizado. Sua ateno aos detalhes no o deixava improvisar.

    Eu trao um plano e defino cada detalhe no plano antes de comear a

    construir ele dizia. Do contrrio, a pessoa perde muito tempo com improvisaes no decorrer dos trabalhos e o produto final acaba no tendo

    coerncia; falta proporcionalidade. Muito inventores fracassam por no

    distinguir planejamento de experimentao. (FORD apud SNOW, 2014, p.

    62)

    Ao contrrio de Ford, Maxim desprezou diversas fases, improvisou e no obteve

    timos resultados no final de seu trabalho. Apesar das diferenas, ambos estavam dispostos a

    arriscar a prpria vida pelos seus projetos. Dessa forma, nota-se uma grande fora de vontade

    entre os dois, a necessidade de realizar um sonho independente dos obstculos e dificuldades

    que iriam passar, causando grandes impactos em um futuro no muito distante. Graas sua

    inexplicvel forma de atrair pessoas, Ford contava com vrios amigos dispostos a ajud-lo,

    sendo estes James Bishop, Charles King e Oliver Barthel. Cada um tinha uma funo

    diferente que contribua para a execuo do seu to almejado projeto.

    Uma corrida de automveis realizada por Frederich Adams e patrocinada por Herman

    Kohlsaat obteve uma grande revoluo na poca. A corrida gerou muitas inscries, na qual

    envolveu diversos automveis da Europa e dos EUA, gerando um grande impacto na vida dos

    americanos assim que notaram a capacidade desses automveis de deixar para trs o veculo

    que h tanto tempo os acompanhavam, a to modesta carruagem de trao animal. O vencedor

    foi um Duryea, uma mquina elaborada pelos irmos americanos Duryea que posteriormente

  • 12

    se tornaram os primeiros fabricantes de automveis dos EUA e os primeiros a vender um

    automvel.

    Charles King, amigo de Ford, criou o primeiro automvel a ser visto nas ruas de

    Detroit, cidade onde Ford residia e executava a construo de sua carruagem. Porm, Henry

    dizia que foi ele quem havia construdo o primeiro carro visto nas ruas de Detroit, pois

    gostava de brincadeiras provocativas e extravagantes. Ford acompanhou o seu amigo King

    durante a montagem de seu carro, porm, ainda no satisfeito com o que via, sabia que podia

    fazer um automvel melhor que o de Charles King. O autor Snow (2014, p.75) enfatiza a

    convico de Henry ao citar que Mas Ford tinha um emprego estvel e uma esposa

    equilibrada, e parecia ter uma f slida de que, o que quer que o mundo automotivo

    oferecesse, ele tinha condies de fazer melhor..

    Por gostar de desafios, organizao e perfeio, Henry Ford estava construindo um

    motor diferenciado dos outros, chamado motor de quatro tempos. Depois de meses de

    trabalho duro, Ford realizou os ajustes necessrios, finalizou o motor, instalou a mquina

    sobre as rodas da carroceria, retirou-a para eliminar peso e o chamou sua obra prima de

    Quadriciclo. Aps tanto trabalho, projees, construes e detalhamentos, Henry Ford saiu

    pelas ruas de Detroit montado em sua fantstica carruagem de trao mecnica movida a

    gasolina.

    Durante todo esse processo de construo e tendo o seu objetivo atingido, possvel

    identificar os comportamentos de Henry Ford. Percebe-se que ele trabalhava normalmente na

    Edison Illuminating, mas em seu tempo livre, se dedicava totalmente montagem de sua

    carruagem sem muitas vezes se importar com a famlia. O tempo passava, seu filho crescia e

    Ford continuava se dedicando mais e mais ao seu projeto. Sua esposa Clara se sobressaa

    como a esposa perfeita, que acreditou e acredita na capacidade de seu marido e apesar de sua

    ausncia ela no o abandona.

  • 13

    2.1.5 Captulo 5 O que Edison disse

    Durante a realizao do primeiro teste em seu quadriciclo recentemente montado, Ford

    constatou que havia necessidade de efetuar reparos, levando-o a recorrer fbrica Edison

    onde conheceu funcionrios que contriburam de forma significativa para a concluso do

    veculo. Assim como o sucesso do quadriciclo fez com que Henry conhecesse diversos

    funcionrios, posteriormente, fez com que tambm conhecesse Thomas Edison.

    Enquanto Henry Ford contava com o auxlio de funcionrios da fbrica Edison para a

    realizao de reparos necessrios em seu quadriciclo, Ford conhece David Bell, um ferreiro

    muito talentoso que trabalhava no local. Aps um convite de trabalho feito por Henry, Bell o

    ajudou com aperfeioamentos e a finalizao do projeto. O primeiro veculo construdo por

    Ford foi vendido a um velho amigo, pois o intuito da construo eram apenas testes, e como

    gostaria de partir para o prximo prottipo, o dinheiro da venda seria uma boa ajuda.

    Essa foi a minha primeira venda. Eu no constru o carro para vend-lo, mas para experiment-lo. Eu queria dar incio construo de outro carro.

    Ainsley [na realidade, Charles Annesely, um amigo rico de Detroit daquela

    poca] queria compr-lo. Eu poderia usar o dinheiro e no tive problema

    para chegar a um acordo quanto ao preo. (FORD apud SNOW, 2014, p.83)

    Com a ajuda de David Bell, o quadriciclo pode ser vendido, gerando para Ford um

    capital que ajudaria a seguir com o seu segundo projeto de veculo. Henry considerava esse

    veculo apenas um teste no caminho de seu sonho mais alto, a construo de um carro. Tais

    melhorias realizadas foram to importantes que anos mais tarde seu amigo ainda utilizava o

    carro e elogiava o trabalho de Ford.

    Ainda como funcionrio da Edison, Ford possua a admirao de muitas pessoas,

    inclusive de seu novo chefe, Alexander Dow, que lhe deu a oportunidade de participar da 17

    Conveno Anual da Association of Edison Illuminating Companies. Neste evento, Ford foi

    apresentado a Thomas Edison, que ficou admirado com o seu projeto, aconselhando-o a seguir

    este caminho e lhe dando a certeza de ter realizado um bom trabalho, incentivando-o assim a

    prosseguir com seus projetos.

    Apesar de seu emprego estvel e de uma promoo oferecida por seu chefe, ele optou

    por abandonar seu trabalho e dedicar-se ao seu sonho ao invs de deix-lo morrer.

    Posteriormente, Ford ingressa no setor automotivo na empresa Detroit Automobile Company.

    No decorrer de seu trabalho na Detroit, apesar de sua dedicao nota-se sua frustrao tanto

    subordinao a que se submetia quanto ao modo de produo da empresa. Passado algum

  • 14

    tempo, os conflitos de ideias entre Ford e os acionistas vieram tona, comprometendo a

    situao e o futuro da empresa.

    Diante deste cenrio duvidoso, seu amigo William H. Murphy e o prefeito da cidade

    adquiriram aes da empresa, visando um melhor rendimento de Ford. Tendo mais suporte

    financeiro e liberdade para desenvolver suas ideias, Henry prosseguiu com seus colegas rumo

    construo de seu novo prottipo. Diante de diversos acontecimentos, possvel reparar em

    alguns pontos da personalidade de Ford, desde seu perfeccionismo com detalhes durante a

    criao de seu quadriciclo at sua recusa em subordinar suas ideias a outras pessoas.

  • 15

    2.1.6 Captulo 6 Glria e poeira

    Ao notar que o pblico americano via o automvel apenas como um brinquedo veloz,

    Ford decidiu construir seu primeiro carro de corrida e chamar a ateno dos americanos. Em

    outubro de 1901, foi anunciada uma corrida que mobilizou toda a cidade e tambm despertou

    um interesse em Ford de aproveitar a chance e participar deste evento, podendo expor sua

    nova mquina e ter seu nome mais reconhecido para que futuramente, ao realizar novos

    trabalhos, pudesse obter apoio financeiro com mais facilidade para desenvolver seus planos

    por meio de novas parcerias.

    Neste evento, ele seria o prprio condutor do automvel, adquirindo o maior

    fabricante de carro dos Estados Unidos como seu adversrio. Com a arquibancada cheia,

    Henry Ford pde contar com o apoio da torcida e tambm, como sempre, de sua esposa Clara,

    a Crente.

    Henry se cobriu de glria e poeira [...] Voc precisava t-lo visto. E tambm

    ouvido a torcida ao ultrapassar Winton. As pessoas vibraram. Um homem

    jogou seu chapu para o alto e o pisoteou quando o chapu caiu; ele estava

    empolgadssimo. Outro teve de dar um toque na cabea da esposa para evitar

    que ela se descontrolasse. Ela ficava em p na cadeira e gritava eu apostaria US$ 50 em Ford se pudesse!. (FORD,C. apud SNOW, 2014, p.113)

    Devido ao desempenho de Ford que fica evidente na reao enlouquecida da torcida

    durante a corrida, posteriormente surgiram investidores interessados em formar parcerias com

    ele e criar uma empresa para produzir carros que, na verdade, no faziam parte dos planos de

    Ford levando-o futuramente a desistir desta parceria. Pode-se dizer que Henry no desistiu

    dessa parceria apenas por discordar em fabricar carros que no fosse do seu interesse, mas

    tambm por no gostar de se submeter subordinao e no ter liberdade de expressar suas

    ideias.

    Atravs da iniciativa de Ford em construir um carro de corrida para chamar a ateno

    dos americanos, consegue-se identificar que ele agiu como uma pessoa visionria ao presumir

    que se ganhasse a corrida, isso poderia ser til para ele futuramente. possvel identificar

    tambm sua determinao e coragem em encarar um novo desafio, sendo este construir um

    carro totalmente diferente do que ele planejava.

    Ford no teve dificuldade em encontrar um novo parceiro de negcios. No ano

    seguinte, ele e um velho conhecido chamado Tom Cooper fizeram um acordo para

    desenvolver novos carros de corrida maiores e mais velozes, que posteriormente participaram

    da corrida de Grosse Pointe e venceram, fato este que contribuiu ainda mais para a fama de

  • 16

    Henry Ford. Assim, ao aproveitar de oportunidades estratgicas para expor seus trabalhos e

    por possuir uma capacidade inexplicvel de atrair pessoas para trabalhar com ele, Henry

    tornava-se cada vez mais reconhecido pelos americanos.

  • 17

    2.1.7 Captulo 7 A carta de sete milhes de dlares

    Na poca em que Henry Ford trabalhava na Edison Illuminating Company, ele

    conheceu um comerciante chamado Alexander Malcomson, que mais tarde se tornara seu

    scio. Com a formao dessa parceria, Henry e Malcomson optaram por contratar

    colaboradores eficientes e fechar acordo com fornecedores que seriam essenciais para o

    diferenciado modelo de produo do Modelo A, tornando o negcio atraente pra diversos

    investidores da poca. Como j aconteceu em suas experincias profissionais anteriores, nesta

    nova parceria Ford cuidava dos projetos enquanto seu novo parceiro de negcios cuidava da

    parte financeira.

    Ford contribuiria com as suas ferramentas, planos e experincia, e da em

    diante se concentraria na construo de um prottipo do novo carro.

    Malcomson lhe daria US$ 500 imediatamente para que os trabalhos fossem

    iniciados, e pagaria o que fosse necessrio durante o desenvolvimento do

    projeto. (SNOW, 2014, p. 129)

    Atravs dessa parceria, foi criada a Ford & Malcomson na qual Ford deu andamento

    ao seu projeto de construir um carro popular de passeio, o Modelo A, estabelecendo um

    limite de custo de produo por meio de um acordo entre os scios. Porm, os gastos foram

    maiores do que o planejado para a produo do prottipo, levando-os a criar aes para

    vender e adquirir capital para dar incio produo.

    Posteriormente, surgiram investidores que foram essenciais para superar o momento

    de dificuldade financeira em que se deparavam e a partir desse momento, conseguiram

    arrecadar fundos suficientes para iniciar a produo dos automveis. Henry e Malcomson

    optaram por desenvolver seus carros de uma forma diferente, na qual contariam com o apoio

    de diversos fornecedores.

    Depois de examinar cuidadosamente o assunto, em vez de constituir uma

    empresa com um grande capital, construir uma fbrica e instalar um extenso

    maquinrio para fabric-la internamente, eles resolveram firmar contratos

    com diversas empresas para o fornecimento das diferentes partes do veculo,

    ficando apenas com a parte da montagem. (ANDERSON apud SNOW,

    2014, p. 132)

    A partir do trecho citado, constata-se que Henry e Malcomson buscaram fazer acordos

    com outros fornecedores procurando maior agilidade na produo dos automveis, garantindo

    a qualidade de cada pea de acordo com o padro pr-estabelecido por Henry Ford. Portanto,

    ao identificar a metodologia que os dois empresrios optaram para o primeiro modelo de

    produo deles e a forma que ambos agiam em diversas situaes, fica evidente a existncia

    de traos em comum entre eles: o esprito de empreendedor e a inquietao pela busca

  • 18

    constante de melhorias, pois o que no lhes agradava lhes fazia procurar oportunidades

    melhores.

    Nota-se que com este estilo de sociedade, Ford se sentia mais livre para desenvolver

    suas ideias e expor suas experincias, alm de ter a garantia de que poderia realizar o seu

    projeto com mais tranquilidade ao contar com o apoio financeiro de seu scio, sem ter que se

    submeter a ordens. Alm disso, poderia contar com os fornecedores escolhidos por ele mesmo

    que seriam essenciais para o processo de montagem do seu Modelo A.

  • 19

    2.1.8 Captulo 8 Ford encontra o seu ativo mais valioso

    A Ford Motor Company ganhou um novo gerente comercial, James Joseph Couzens

    Jr, que a princpio havia trabalhado como assessor de Malcomson em sua carvoaria. Ele se

    tornara um grande parceiro de trabalho de Henry por apresentar uma personalidade forte e

    grandes habilidades em atividades que Ford no possua muito conhecimento. Sozinho, Ford

    no seria capaz de administrar nem uma pequena mercearia, assim como Couzens no

    conseguia montar nem um carrinho de brinquedo. Entretanto, juntos, eles construram uma

    empresa que assombrou o mundo.

    Firmando esta incrvel parceria, a Ford Motor Company comea a obter resultados

    significativos, principalmente pela gesto rigorosa de Couzens. Apesar de ser uma pessoa

    introvertida e arrogante, ele tinha demonstrado ter plena convico de tudo que exercia.

    Couzens defendia a ideia de que criar concessionrias pudesse ser uma boa oportunidade de

    negcio e de manter um relacionamento com o cliente, at mesmo depois da venda efetivada.

    Com a aprovao de Henry em montar as concessionrias, Hughson, morador de So

    Francisco, que conhecera Ford anos antes em uma feira de bicicletas, se tornara o primeiro

    revendedor da Ford. No incio, Hughson no obteve tanto sucesso nas vendas por conta das

    tradies da regio oeste que ainda utilizavam a trao animal como meio de transporte no dia

    a dia. Com isso, os automveis no eram considerados necessrios para os habitantes, porm,

    devido a um fenmeno da natureza esta situao se reverteu.

    Foi uma situao terrvel disse Hughson Perdi a voz por ter inalado o p dos tijolos; por isso que ainda falo com esse sussurro rouco. Mas, sabe,

    aquele foi o incio do automvel no Oeste. Foi preciso um terremoto para

    mostrar s pessoas a sensatez da ideia de Henry Ford. (HUGHSON apud

    SNOW, 2014, p.162)

    Durante o incndio causado pelo terremoto, os carros de Ford foram os nicos que

    chegaram aonde os outros meios de transporte no conseguiam chegar, e resistiram a muito

    mais que os outros no resistiam. A criao de Ford foi essencial para as operaes de resgate

    e para a reconstruo da cidade, e ainda foi um grande passo para ele, pois a partir deste

    momento, os habitantes do oeste passaram a dar o devido valor aos automveis da poca,

    deslanchando as vendas de seus veculos em toda a regio.

    Com o sucesso de seus carros em vrias regies do pas, comearam a aparecer as

    primeiras divergncias entre Malcomson e Henry. A ideia de Ford era tornar seus carros cada

    vez mais populares, mas opostamente a isso, Malcomson desejava que os carros da empresa

    se tornassem luxuosos e com um maior valor agregado. Assim, desenvolveram o modelo N

  • 20

    que era um carro popular e o modelo K que seria o primeiro modelo de luxo da Ford Motor

    Company.

    Com a entrada de Couzens na Ford, a empresa obteve crescimentos significativos, e

    sua ideia de espalhar os automveis de Henry refletiu na conquista de novos territrios e de

    clientes de vrias classes sociais. Assim, com novos modelos espalhados e por Ford estar

    sempre cauteloso com as falhas e reputaes de seus carros, a Ford Motor Company se

    tornava cada vez mais diferenciada e competitiva.

  • 21

    2.1.9 Captulo 9 A inveno do carro universal

    Com a morte de John Gray, presidente da Ford Motor Company, Henry assumiu a

    presidncia de sua empresa, podendo assim colocar em prtica qualquer ideia que lhe servisse

    de inspirao com total autonomia. Ao adquirir essa liberdade Henry focou em seu novo

    projeto, e para desenvolv-lo, criou uma sala que era considerada uma cmara de invenes,

    onde poucas pessoas podiam adentrar o local. Alm de possuir um espao agradvel para

    desenvolver seu projeto, Henry descobriu uma pea valiosa que transformaria a qualidade de

    seu novo invento.

    Com a criao de sua nova sala e toda liberdade em mos, Henry conseguia expor sua

    genialidade em toda sua plenitude. Neste local de entrada restrita, com o auxlio de alguns

    colaboradores selecionados, Ford planejava e desenvolvia seus novos projetos enquanto seu

    amigo de confiana Galamb utilizava giz e o quadro negro para traduzir as ideias de Henry, e

    o confeccionador Sorensen transformava essas ideias em algo palpvel, desenvolvendo

    moldes de madeira em busca do encaixe perfeito para as peas.

    Ao assistir uma corrida na Flrida, no final do evento, Ford deparou-se com a carcaa

    de um carro batido no qual encontrou uma pea que se tornaria crucial para seu novo modelo

    T. Para auxili-lo na descoberta da matria prima da pea, Henry selecionou um de seus

    funcionrios que passou de varredor de cho a especialista, devido oportunidade de estudo

    que Ford lhe ofereceu. Aps constantes pesquisas e aperfeioamentos, o funcionrio da

    fbrica descobriu que a pea que Henry encontrou era feita com o metal vandio, que mais

    tarde se tornara espinha dorsal do modelo T, possibilitando a montagem de um carro maior e

    mais leve.

    Ford (2014, p.181) refora a qualidade de seus carros aps a descoberta do metal ao

    afirmar que por isso que os carros Ford esto sempre circulando onde e quando voc os

    v na terra e na lama, no lodo, na neve e na gua; subindo colinas e atravessando plancies

    sem estradas. Nota-se que com as aes de Henry Ford em buscar constantemente novos

    conhecimentos e pela perfeio nos trabalhos realizados, surtiam grandes efeitos sobre suas

    obras ao fabricar mquinas mais avanadas e com mais potncia, tornando-as verdadeiras

    representaes de resistncia.

    De acordo com os fatos, possvel reconhecer alguns traos de Henry como

    genialidade, ao desenvolver novas ideias para aperfeioar suas criaes e perfeccionismo, ao

    cuidar dos mnimos detalhes de suas peas. Assim, percebe-se que o sucesso constante de

  • 22

    seus carros deve-se ao fato de buscar sempre novos recursos para utilizao em suas

    invenes almejando um trabalho cada vez melhor.

  • 23

    2.1.10 Captulo 10 O dono de todos os carros dos Estados Unidos

    No ano de 1879, um fato ocorrido anos antes, explodiu sobre a jovem indstria

    automotiva americana. Enfim a patente do Sr. Selden para um motor de combusto movido a

    gasolina registrada no ano de 1903 havia sido outorgada. Aps anos de seu registro no

    Departamento de Patentes, sem que se sucedessem benefcios legais ao detentor do

    documento, a Eletric Vehicle Company visando uma parcela maior do mercado

    automobilstico da poca resolveu comprar os direitos sobre a patente do Sr. Selden, e investir

    parte de seu capital na abertura de processos por quebra de registro. Com isso, aos poucos

    cada fabricante de automveis que utilizassem motores de combusto movidos a gasolina

    eram comunicados de que deveriam se enquadrar a lei de patentes e pagar os devidos royalties

    aos detentores da mesma.

    Em um primeiro momento, Winton reuniu uma liga de fabricantes que eram contra as

    exigncias feitas atravs das aes judiciais. O caso foi parar nos tribunais, gerando altos

    custos e uma longa espera at a deciso favorvel a Selden, desanimando os membros do

    setor automotivo que aos poucos foram passando a largar a liga criada por Winton e

    ingressando na ALAM (Association of Licensed Automobile Manufacturers Associao dos

    Fabricantes Licenciados de Automveis).

    Tentando regularizar seus carros, Ford reuniu-se com o presidente da associao com

    o propsito de fazer parte da mesma, mas no obteve sucesso, sendo menosprezado pela

    forma que construa seus carros. A partir deste momento, Henry contratou um famoso

    advogado para defend-lo contra a patente Selden, que aps anos de luta, sem sucesso nos

    processos e sem apoio de outros fabricantes, por fim obteve o sucesso vencendo a causa. Com

    o cenrio presente entre a patente de Selden e a contradio de Ford, ele expunha o seguinte

    pensamento:

    Ser coagido, enganado ou injustiado contra a natureza do americanismo; e, a meu ver, aqueles que no lutam em tais circunstncias

    no possuem um nvel de autoestima ou mesmo de honestidade elevados;

    considerado desonestidade curvar-se s convenincias neste caso, no

    somente tornando-se, portanto, contribuintes de dinheiro ilcito, mas

    subjugando todo o setor automobilstico e angariando apoio prtica de uma

    tributao injusta e indesejvel. (FORD apud SNOW, 2014, p.196).

    Ford considerava que a tributao que era exigida dos fabricantes de automveis

    movidos a combusto de gasolina, baseada na patente de Selden, era injusta e abusiva, pois o

    criador da patente at o momento nunca havia criado um motor se quer com base em seus

  • 24

    projetos e muito menos era vivel a construo do mesmo, por se tratar apenas de um projeto

    que nunca sara do papel. Henry se negava a aceitar a deciso inicial a favor de Selden e

    acreditava que era antiamericano aceitar a deciso do juiz sem nem mesmo lutar at o fim, e

    que todos que pagassem o valor pedido pelos detentores da patente estavam cometendo um

    crime, virando contribuintes de algo ilcito.

    Desta forma, identifica-se uma forte convico de Ford em relao ao processo da

    patente de Selden, apesar da mesma causar grande transtorno para os fabricantes de

    automveis da poca. Ele manteve uma conduta centralizada, firme e ousada, baseando-se

    sempre em sua linha de pensamento. Com isso, observa-se que a natureza de Henry no

    oscilava, mantendo-se sempre focado em seus objetivos.

  • 25

    2.1.11 Captulo 11 O Modelo T assume a liderana

    Durante o processo de deciso da patente de Selden, acontecia em Seattle uma corrida

    em comemorao a corrida do ouro que ocorrera h doze anos. Essa corrida se iniciaria com

    partida na Costa Leste at Seattle e dentre os participantes, estavam dois carros Modelo T e

    outros carros mais pesados e potentes. A corrida durou aproximadamente 30 dias, tendo como

    vencedor um dos carros Modelo T, porm sua vitria foi cancelada posteriormente por

    trapacear ao trocar partes do carro durante o percurso da corrida. Apesar disso, o Modelo T

    no deixava de surpreender os americanos.

    Com a publicao do evento, muitas pessoas deixavam de fazer seus trabalhos para

    acompanhar a corrida mais de perto. Uma pessoa em especial era Roscoe Sheller, um jovem

    curioso que trabalhava como fazendeiro, mas era fascinado pelas novas mquinas que

    cercavam pouco a pouco os EUA, principalmente o Modelo T de Henry Ford. Mais tarde, lhe

    surgira uma oportunidade de emprego como auxiliar em uma das concessionrias Ford, e

    depois de tanto tempo almejando um cargo melhor, Sheller conseguiu conquistar o cargo de

    gerente daquela concessionria.

    O Modelo T era o mais vendido na poca e estava contagiando o pblico americano,

    pois graas ao seu criador, muitas pessoas viam a inveno de Ford como a soluo de seus

    problemas. Um exemplo dessa influncia do Modelo T pode ser notado pela expresso da

    populao (2014, p.231) ao dizerem que preferimos ficar sem roupas a abrir mo do carro

    ou at prefiro deixar de comer a abrir mo do carro. Alm disso, os carros de Henry

    ganhavam cada vez mais fama e atratividade, servindo como alvo de zombarias quando

    deixavam seus donos na mo e tambm de orgulho assim que demonstravam o que eram

    capazes de fazer ao passar por estradas e barrancos de uma maneira que nenhum outro carro

    conseguia.

    J foi provada a teoria do Sr. Ford de que um carro leve, altamente potente

    para o seu peso, consegue ir a lugares onde carros mais pesados no

    conseguem chegar e capaz de superar, em colinas ngremes ou em estradas

    precrias, carros mais pesados que custam cinco ou seis vezes mais. Acredito

    que o Sr. Ford tenha a soluo para o automvel popular. (GUGGENHEIM

    apud SNOW, 2014, p. 210)

    Fica claro ao decorrer da citao acima que a revoluo causada pela criao do

    Modelo T foi marcante para a histria moderna da America. A bordo de seus carros Modelo

    T, a populao passou a confraternizar mais entre si, pessoas podiam visitar parentes e

    conhecidos que moravam a longas distncias, as famlias passaram aumentar em nmero com

  • 26

    a concepo de diversos bebs em seu interior, as peas e ferramentas utilizadas no carro no

    possuam mais donos e sim pertenciam ao ltimo que a pegasse. A vida do povo americano e

    de todo o mundo foi de algum modo influenciada em sua evoluo por um Modelo T. Aps

    sua criao, a era moderna nunca mais seria a mesma.

  • 27

    2.1.12 Captulo 12 Terrvel eficincia

    Com o Modelo T sendo vendido em grandes quantidades, foi necessrio que a

    produo se intensificasse. Ford havia comprado um terreno em Highland Park, onde

    contratou Albert Kahn para projetar no s uma nova fbrica, mas o maior prdio de

    Michigan e a maior fbrica de automveis do mundo que ficou conhecida como Palcio de

    Cristal. Enquanto as operaes estavam sendo transferidas, Walter Flanders, que era o gerente

    de produo da Ford Motor Company, trabalhava para obter o que era chamado de

    intercambialidade perfeita dos elementos em seus produtos, e aps algumas mudanas nos

    processos da fbrica seguindo a linha de trabalho que Sorensen havia desenvolvido, deu incio

    produo em massa.

    Flanders observou o modo de produo que a Ford Motor Company utilizava para a

    produo de seus automveis, e reparou que os processos eram demorados por conta dos

    gargalos que existiam, assim como ocorria nas demais fbricas do pas.

    Anteriormente, como na fbrica dos irmos Dodge e em quase todas as

    fbricas do pas, as ferramentas eram ordenadas em grupos: aqui, um grupo

    de furadeiras de bancada, ali, uma dzia de tornos. Isso fazia sentido se a

    fbrica tivesse muitas funes diferentes, mas Flanders entendia que a

    fbrica da Ford teria apenas uma, e que a desempenharia com muito mais

    eficincia se as mquinas estivessem dispostas na ordem sequencial de

    execuo das tarefas. Isto , se uma pea precisasse ser aquecida entre a fase

    de fresagem e furao, Flanders coloca um forno entre a fresadora e a

    furadeira. (SNOW, 2014, p. 236)

    Flanders direcionou o caminho para a produo em massa ao sincronizar as operaes

    de produo, e mesmo aps a sua sada da Ford Motor Company, Henry Ford deu

    continuidade ao seu trabalho, procurando sempre a economia de recursos e de tempo em sua

    linha de montagem, obtendo resultados rpidos na nova fbrica de Highland Park. A

    eficincia da linha de produo de Ford era tanta que no final da produo do Modelo T, um

    automvel pronto saa da fbrica a cada 10 segundos.

    Anteriormente s mudanas implantadas por Flanders, Sorensen dizia ter desenvolvido

    uma linha de montagem mvel, na qual junto com alguns funcionrios da fbrica, amarravam

    uma corda junto estrutura do carro e locomovia-o pela fbrica a fim de montar um carro em

    movimento, facilitando sua montagem em busca de agilidade.

    O resultado gerado pela criao de Flanders e Sorensen pde ser notado no

    crescimento exorbitante da empresa, e com o decorrer do tempo, gerou oportunidades para

    diversos americanos e estrangeiros que buscavam uma chance para melhorar as condies de

  • 28

    vida. Pode-se notar o dom que Henry Ford possua de captar pessoas com talento para

    trabalhar nas funes em que se desenvolveriam mais. Alm disso, fica evidente a capacidade

    que sempre tivera de aperfeioar e aprimorar ideias e processos, alm de saber aproveitar as

    oportunidades que surgiram ao longo de sua vida profissional. Ford pode no ter obtido a

    intercambialidade perfeita dos elementos, mas todos os esforos dos colaboradores da fbrica

    e dele resultaram em uma intensa produo em massa que, alm de proporcionar incontveis

    lucros empresa, revolucionou o modo de produo americano.

  • 29

    2.1.13 Captulo 13 O dia dos cinco dlares

    No ano de 1913, apesar das prsperas novidades sobre os grandes lucros obtidos pelos

    acionistas da Ford Motor Company, havia um sentimento de insatisfao que atormentava

    Henry e seu vice-presidene at ento de confiana James Couzens. Para Ford seu incmodo

    ocorria por se sentir ocioso aps o crescimento da empresa e o desejo de novas e maiores

    ocupaes frente da companhia, at mesmo almejando tomar para si as atividades

    desempenhadas por Couzens. J o desgosto de Couzens partia da ideia de que, no patamar que

    se encontrava suas atividades dentro da Ford Motor Company, e das altas remuneraes

    recebidas como acionista proporcionada pelos esforos de outros trabalhadores, a fortuna que

    acabara de receber j no fazia sentido e quem deveria receber participaes sobre o lucro da

    empresa eram os funcionrios para compensar seus esforos.

    Um dia lendo um artigo de uma revista socialista Couzens se deparou com um trecho

    que lhe chamou a ateno. O assunto se referia a ''tendncias socialistas'' que buscavam

    melhores condies sociais. Com isso, o recm-nomeado vice-presidente da empresa

    formulou uma proposta de ''reformas trabalhistas'' para apresentar a seu chefe que em um

    primeiro instante negou a atend-las, mas aps Couzens convencer Ford de que reformas

    trabalhistas seriam uma propaganda como nenhuma outra vista no mercado de automveis, as

    propostas foram aprovadas, reduzindo a carga horria dos funcionrios de nove para oito

    horas dirias e aumentando o salrio mnimo de US$ 2,34 para US$ 5/dia. Seriam realizadas

    tambm algumas medidas junto a agricultores para que quando a fbrica necessitasse de

    intervalos nas suas produes seus funcionrios no ficassem sem trabalho, assim podendo se

    manter em meses que no ganhariam seu salrio base.

    Tais medidas causaram muitos protestos pelos demais fabricantes e outros setores da

    economia, pois todos acreditavam que isso iria contra as ideias capitalistas e que Henry

    causaria um grande desequilbrio no pas oferecendo os benefcios. Contudo, aps o anncio

    sobre as mudanas nas condies de trabalho, vrias pessoas foram at os portes da fbrica e

    muitas vezes at a casa de Henry e Clara Ford a procura de trabalho na fbrica com a melhor

    condio de remunerao do pas.

    Os trs Fords gostavam de sua nova casa, mas a Edison Avenue era uma rua

    pblica, e a partir do momento em que o meteoro da diria de US$ 5 atingiu

    a cidade, eles nunca mais ficaram a ss. Dia e noite, havia homens em p na

    grama do jardim de Clara, na esperana de pedir pessoalmente um emprego

    a Henry Ford. (SNOW, 2014, p. 271)

  • 30

    O trecho refora o impacto que Ford e Couzens j esperavam com o aumento do

    salrio. Alm da busca por emprego nos portes da Ford Motor Company, a nova casa dos

    Fords tambm foi alvo de tentativa de uma oportunidade de trabalho pelos homens da cidade.

    O impacto dos US$ 5 pode ser notado claramente na melhoria da qualidade de vida dos

    operrios, que demonstraram sua eterna gratido por essa iniciativa de Henry Ford. O operrio

    Woljeck Manijklisjiski (2014, p. 263) afirma O meu filho no vende mais jornais. A minha

    filha no trabalha mais em casa de famlia e agora pode visitar a me dela, mas no s uma

    vez por semana. Voltamos a ser uma famlia.

    Com a iniciativa de Couzens de reconhecer o trabalho dos operrios e estabelecer um

    salrio melhor, Ford no teve escolha a no ser ceder a reluta de seu scio. Essa deciso

    resultou em uma satisfao de seus operrios e tambm do prprio Ford ao v-los trabalharem

    motivados, obtendo a satisfao de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos seus

    colaboradores.

  • 31

    2.1.14 Captulo 14 Objetivo simples

    Aps os primeiros abalos causados pelo dia dos US$5, os benefcios aos funcionrios

    da Ford foram ganhando uma forma mais concreta. Para isso, foi necessrio criar um

    Departamento de Sociologia na empresa que cuidaria das regras e aplicaes dos auxlios para

    cada membro da empresa, o que hoje se conhece como Departamento de Recursos Humanos.

    Para a realizao deste trabalho, foram criados agentes fiscalizadores, os quais ficavam com a

    funo de ir casa de cada funcionrio da empresa e verificar se as exigncias estipuladas

    pelo departamento eram cumpridas corretamente. Entre elas, o funcionrio no poderia se

    envolver com vcios e deveria guardar uma parte do salrio. Henry temia que o aumento do

    salrio causasse uma desestrutura familiar e levasse seus funcionrios para vcios, agresses

    familiares e abandono das atividades.

    Os benefcios no se resumiam apenas ao salrio, mas tambm eram evidentes na

    ajuda que o departamento dava aos imigrantes para que os mesmos se regularizassem no pas,

    na preocupao que exercia pelo bem estar dos colaboradores e assistia em casos de doena

    ou acidente envolvendo funcionrios da empresa.

    E ali, diante das cinzas do que um dia foram seus bens materiais, esse

    campons russo e sua esposa, debulhados em lgrimas, expressaram sua

    gratido a Henry Ford, FORD MOTOR COMPANY e a todos aqueles que

    seviram de instrumento para promover essa maravilhosa mudana em suas

    vidas. (ANDREWS apud SNOW, 2014, p. 279)

    possvel perceber a consequncia que as iniciativas diferenciadas da Ford Motor

    Company estavam proporcionando aos seus funcionrios. Essa preocupao com seus

    colaborados levava a fbrica de Ford a um auge cada vez mais alto e diferenciado de todas as

    outras fbricas do pas.

    Mesmo entusiasmados com as melhorias que haviam realizado pelos funcionrios, o

    clima entre Henry e Couzens estava spero. Haviam dificuldades de comunicao entre os

    dois e divergncia de opinies relacionadas a mudanas na fbrica. Com o incio da Primeira

    Guerra Mundial, as opinies dos dois homens se chocaram novamente quando Ford fez

    declaraes pessoais anti-guerra em pleno jornal da empresa. Tudo isso levou Couzens a pedir

    demisso, causando a Henry Ford a perda de um de seus melhores colaboradores que o guiou,

    incentivou, apoiou e esteve presente durante todo o processo de crescimento da empresa.

    Buscando levar sua opinio aos mais altos nveis possveis, Henry fretou uma

    embarcao para levar agentes da paz at os pases prximos a Guerra para tentar realizar

    a paz entre os inimigos. Como essa atitude no deu certo, Ford resolveu se juntar aos Estados

  • 32

    Unidos contra os pases agressores produzindo tanques e motores para que o exrcito

    utilizasse durante a campanha e prometendo no obter lucro com a operao. Apesar disso,

    todo o lucro obtido fazendo itens blicos para o Governo nunca foi devolvido e ficou para a

    empresa.

    Com toda essa mudana que estava ocorrendo, como aumento de salrios, a criao de

    um novo departamento na Ford, a perda de um companheiro e tentativas de mudanas

    frustradas, Henry demonstrava cada vez mais uma necessidade de controle de toda a sua

    empresa, o que poderia prejudic-lo futuramente em novas parcerias ou at mesmo em novos

    projetos.

  • 33

    2.1.15 Captulo 15 O especialista

    Ford havia construdo uma fbrica em frente ao rio Rouge para criar os armamentos

    blicos para Primeira Guerra Mundial e aps o trmino desse servio, ele decidiu utilizar o

    local para produzir todas as partes necessrias na construo de seus carros e com isso,

    baratear seu custo final. Aps tomar srias medidas, Ford se envolveu em processos judiciais

    que tornaram sua vida um tanto turbulenta, levando-o a agir de forma inesperada.

    Henry solicitou ao Governo que os resqucios provenientes da produo de

    armamentos para a guerra fossem retirados da fbrica Rouge, para que assim fosse possvel

    construir o necessrio para atender as necessidades da nova fbrica. Com as estruturas e

    equipamentos que o Governo lhe proporcionou para seu trabalho, Henry pde dar incio a

    uma nova forma de produo conhecida como integrao vertical, na qual possvel controlar

    cada etapa da criao de seus produtos.

    No contente com a qualidade do ao utilizado para a produo de seus carros, Ford

    decidiu construir sua prpria siderrgica. Para realizar seu novo plano, Henry adotou medidas

    austeras que o envolveu em dois processos. O primeiro se tratava da diminuio do

    pagamento de dividendos para seus acionistas e o segundo foi referente a uma causa de

    difamao efetuada contra ele pelo Jornal Tribune de Chicago.

    Ford parece se esquivar de encontros que seja necessrio dizer coisas

    desagradveis. Em outras palavras, ele detesta uma desavena, mas adora

    uma boa briga. Ford tem descendncia irlandesa. Ele est sempre de olho no

    seu adversrio com todos os olhos abertos, na verdade e mestre na arte de saber esperar. Essa uma das razes de eu achar que ele adora processos

    judiciais e no foram poucos em sua vida: normalmente eles se estendem demais. So tantas instncias de recurso, e quanto mais h, mais divertido

    fica. (MARQUIS apud SNOW, 2014, p.309).

    O trecho citado esclarece a personalidade de Ford ao se envolver em processos

    judiciais. Famoso pelos diversos processos que enfrentou ao longo dos anos, Ford sempre

    gostou de participar ativamente de sua defesa a fim de angariar publicidade e carisma para si e

    sua marca, demonstrando calmaria e objetividade em suas colocaes perante os julgamentos.

    Diante dessa sucesso de acontecimentos turbulentos envolvendo a nova fbrica com

    um novo modelo de produo e processos judiciais indesejveis, Ford se tornou uma pessoa

    reclusa e introspectiva, o que o fez se distanciar de antigos companheiros ao tomar a deciso

    de renunciar a presidncia da Ford Motor Company passando o cargo para seu filho Edsel.

  • 34

    2.1.16 Captulo 16 O Judeu internacional

    Ford vinha passando por um momento difcil aps sua constante participao em

    julgamentos. Alm desse fator, ele comeava a ficar cansado da falta de novidades do seu

    ''Modelo T'' que h muito tempo no era aperfeioado, principalmente porque o processo de

    fabricao utilizado por Henry j no era mais um diferencial de vendas e to pouco uma

    novidade, devido s outras montadoras que j utilizavam a mesma ideia de produo que a

    empresa Ford. Por conta de sua fama, Henry sempre era procurado pelos jornais da poca, e

    aps uma entrevista constrangedora resolveu comprar o semanrio Dearborn Independent e

    expressar suas ideias e opinies sem barreiras.

    Para tornar o novo negcio mais profissional, Henry contratou uma equipe de

    profissionais experientes e levou alguns funcionrios de sua fbrica tambm, entre eles

    Liebold, um funcionrio com grande orgulho de sua origem Alem e que era muito prestativo

    a Ford. Entre as publicaes de seu jornal, Henry, Liebold e o redator Cameron comearam a

    expor suas ideias sobre compls judaicos para a dominao da economia e a do mercado em

    geral, culpando os judeus pelo incio da Primeira Guerra Mundial e a crise na Europa.

    Poucas cabeas pensantes at hoje deram qualquer crdito s acusaes

    contra os judeus. Mas as publicaes de Ford denegriram o nome dos judeus

    perante a grande maioria, e especialmente nos pequenos vilarejos do pas,

    onde a palavra de Ford foi acatada como um dogma. Alm disso, ele

    alimenta as chamas do antissemitismo em todo o mundo. (FRANKLIN apud

    SNOW, 2014, pg. 327)

    As vises antissemitas expressas no jornal causaram problemas a Ford, pois com a

    expanso das publicaes a empresa passou a sofrer repdios pblicos por parte de grupos

    judaicos. Alm disso, a iniciativa de Ford em atacar os judeus levou o seu amigo e

    funcionrio Rabino Leo Franklin sentir-se ofendido, que o fez tomar a repentina deciso de

    deixar a empresa.

    Contudo, a reao dos judeus no podia ser diferente, causando um problema maior a

    Ford ao entrarem na justia cobrando US$1 milho por difamao. Cansado de tantos

    problemas jurdicos, Henry props um acordo no qual pagou R$ 160 mil de custas judiciais e

    escreveu uma carta pedindo desculpas pelas publicaes que dizia no ter noo de que

    ocorriam em seu jornal, colocando fim na historia do Dearborn Independent e de sua

    experincia como colunista.

    Por no identificar melhorias e inovaes em seu Modelo T e tambm pelo fato das

    outras montadoras estarem ganhando espao, Henry se mostrava insatisfeito, preocupado e

  • 35

    sem foco em suas ideias. Alm disso, com as publicaes indevidas no Dearborn

    Independent, percebe-se uma personalidade contraditria e covarde de Ford, ao se esquivar

    das acusaes por parte dos judeus e dizer que no sabia o que era publicado nos artigos do

    jornal. Contudo, nota-se que toda essa repercusso sobre os judeus abalou a fama de Ford e

    sua influncia na vida dos americanos, prejudicando sua reputao e seus futuros negcios

    profissionais.

  • 36

    2.1.17 Captulo 17 O fim da linha

    Ford e seu filho Edsel possuam uma nica caracterstica em comum, o fanatismo

    pelos automveis, e tambm vrias diferenas que implicaram na convivncia dos dois ao

    longo da vida. Com as diferenas que os dois possuam e a teimosia de Ford em no aceitar

    propostas e crticas ao modelo T, essa postura prejudicou o rendimento da sua fbrica e a

    convivncia com seus colaboradores.

    Edsel, sendo o oposto de Ford, evitava qualquer tipo de publicidade pessoal. Ele

    tambm respeitava as conquistas que seu pai realizara ao longo dos anos e a figura que ele

    representava diante de tudo e todos. Suas caractersticas pessoais o destacavam, atraindo

    admirao e respeito no meio de todos.

    O rapaz j se tornara to popular na fbrica que os operrios nunca se

    ressentiam de executar seus projetos. Edsel era modesto, atento e animado.

    Dcadas depois, nada disso havia mudado. O secretrio, A.J. Lepine,

    escreveu que ele tinha uma mente aguada [...] e olhos brilhantes, observadores e inteligentes [...] Ele tinha senso de humor, um riso fcil e um

    sorriso radiante. Alm disso, ele tinha muito boa memria [...] e era calmo e

    controlado [...] Ele nunca dizia nada sarcstico ou ofensivo sobre as pessoas.

    Ele expressava a sua desaprovao em silncio [...] Ele nunca ofendia. Bem,

    dificilmente. Ele podia eventualmente se manifestar com uma expresso

    pertinente [...] mas sem linguajar chulo. (SNOW; LEPINE apud SNOW, 2014, p.334)

    Edsel possua caractersticas positivas que eram semelhantes as do incio da trajetria

    de seu pai como simpatia, astcia e bondade, que o levaram a conquistar a admirao dos

    funcionrios da Ford e de quem estava a sua volta. Apesar de ter uma tima personalidade que

    contribusse para o seu cargo de presidente, Edsel no possua autoridade nos negcios da

    empresa por respeito s realizaes de seu pai. J por sua parte, Henry enxergava este mrito

    de grandes realizaes como poder absoluto, mantendo uma postura egosta e mesquinha,

    principalmente quando se tratava de mudanas no Modelo T, sendo capaz at de demitir

    importantes membros da sua equipe ao demonstrarem qualquer tipo de sugestes de

    mudanas em seu carro.

    Ele sempre via o seu carro com uma ideia e como uma mquina, e qualquer

    tentativa de mexer no seu projeto poderia representar uma espcie de

    insolncia espiritual. Ele era capaz de ameaar e pressionar quem dissesse

    isso na empresa, chegando, inclusive, a ponto de demiti-los. Mas ele no

    podia demitir o presidente apenas amea-lo e pression-lo cada vez mais. (SNOW, 2014, p.352)

    Henry Ford adotava este comportamento por acreditar que todo o trabalho realizado

    era resultado apenas de seu esforo, sem reconhecer a contribuio de seus colaboradores, e

  • 37

    quando reconhecia, no dava o brao a torcer. Tudo isso gerou um grande impacto na sua vida

    e em sua fbrica, afastando-se de pessoas que eram importantes para a histria da Ford Motor

    Company.

    Como consequncia de seu afastamento das pessoas e tambm por no aceitar as

    ideias de seus colaboradores, houve o bloqueio e avano do Modelo T, deixando-o parado no

    tempo e perdendo mercado para outras montadoras. Com isso, a produo do Modelo T

    desacelerou, funcionrios foram demitidos e a Ford passou a sentir financeiramente os

    resultados de no investir em inovaes. Assim, Edsel tomou partido dessa situao que o

    encorajou a enfrentar Henry Ford, obrigando-o a renunciar o Modelo T.

    Aps muitas tentativas de persuadir o pai, Edsel convenceu Henry que as vendas

    estavam caindo e que isso era proveniente do atraso do Modelo T comparado com outros

    veculos da poca, despertando a preocupao de Ford para atender as necessidades de

    mercado. O indito Modelo T que revolucionou a histria do setor automotivo, ao deixar de

    ser fabricado, se tornou um marco na vida dos americanos.

  • 38

    2.1.18 Eplogo

    Aps o grande sucesso do modelo T, houve acomodaes no teor das inovaes,

    causando a estagnao do processo de produo do modelo mais famoso de Ford. Em

    contrapartida, a Ford Motor Company comeou a fabricar o seu mais novo prottipo, o

    Modelo A, que despertou o anseio e a empolgao dos norte-americanos para conhecer a nova

    criao da Rouge. Depois que Ford construiu o museu de Dearborn no Vilarejo de Greenfield,

    ele mal frequentava a fbrica, apenas se dedicava construo da antiguidade.

    Ford no perdia a oportunidade quando se tratava de atormentar a vida de seu filho

    Edsel, pois mesmo concentrado apenas no museu, fez com que Sorensen e Bennett ficassem

    contra ele. Edsel por um bom tempo conseguiu suportar todas as presses e provocaes de

    seu pai e dos dois que haviam ficado contra ele, mas no passou muito tempo para fazer com

    que ele adoecesse, provocando a sua morte. Aps a morte de seu filho, Ford apenas refletia

    com o fato de achar que havia o pressionado demais, e isso fez com que ele nunca se

    recuperasse e se perdoasse pela tragdia ali acontecida e pouco tempo depois, mesmo

    passando por um momento difcil, ele anunciou sua volta administrao da fbrica.

    Com a administrao precria da empresa Ford o governo por pouco no a assumiu,

    fazendo com que Ford renunciasse a presidncia para seu neto, Henry Ford II, que aos 24

    anos de idade reergueu toda a situao econmica ruim que l havia encontrado. Para Henry

    Ford II a morte de Edsel foi causada pelas situaes desconfortveis que seu av causava.

    No dia 07 de abril de 1947 falece o Sr. Henry Ford. Sua morte foi causada por uma

    hemorragia cerebral, em uma noite chuvosa ao lado de sua esposa que a esta altura nada

    poderia fazer, apenas aceitar que seu companheiro havia morrido deixando lembranas

    eternas.

  • 39

    2.2 Anlise crtica

    Ao decorrer do livro fica evidente determinadas caractersticas de Henry Ford, tais

    como: foco em seus propsitos, criatividade, perfeccionismo, autoritarismo e egocentrismo.

    Em sua juventude era uma pessoa focada em seus propsitos, demonstrava habilidade nata

    com ferramentas e equipamentos mecnicos, chegando a trabalhar em diversas atividades

    relacionadas a esses seus interesses, preferindo muitas vezes seu trabalho a passar momentos

    com sua famlia. Isso fica evidente, por exemplo, quando ele deixa a casa de seus pais em

    busca de um novo emprego, como citado no captulo dois do livro, e em outra ocasio

    mencionada no capitulo trs. Henry ao invs de confraternizar o Natal ao lado de seus

    parentes, preferiu ficar isolado no poro de sua casa desenvolvendo o seu primeiro motor.

    Ford mostrava-se tambm perfeccionista, pois se preocupava com os mnimos detalhes

    de todas suas criaes e essa atitude lhe transformava em uma pessoa cada vez mais exigente

    e metdica. Essas caractersticas ficam ntidas quando sua forma de criao comparada com

    a de seu concorrente Maxim, como demonstra o captulo quatro. Quando se tratava de seus

    projetos na empresa, citado no captulo nove, ele era diferente de outros criadores da mesma

    poca. Henry se preocupava com os mnimos detalhes de seus carros, criando desenhos e

    moldes com a ajuda de Sorensen, buscando o encaixe perfeito das peas de seus automveis.

    O autoritarismo era uma forte caracterstica de Henry, cujo no permitia que outras

    pessoas intervissem em seus projetos gostando de dar o ultimato em todas as situaes. O

    captulo dezessete mostra o momento em que Edsel assume a presidncia da empresa, porm,

    quem dava a palavra final era sempre Ford. J no mbito familiar essa caracterstica no era

    to apresentada, sendo mais flexvel em relao aos assuntos pessoais.

    Criatividade era uma de suas maiores virtudes. Desde criana ele fabricava suas

    prprias ferramentas para montar e desmontar os objetos que tinha interesse, como observado

    no captulo dois. E conforme mencionado no captulo nove, foi criada a cmara de

    invenes, lugar onde Ford esboava suas ideias e aprimorava suas criaes, dando incio

    sua mquina de maior sucesso, o modelo T.

    Suas caractersticas influenciaram em criaes inditas ao desenvolver diversos

    modelos de automveis, desde carros de corrida at carros de passeio. Sua maior criao foi o

    renomado Modelo T, desenvolvido de uma forma diferenciada e fabricado desde o incio a um

    custo baixo, possibilitando uma facilidade de compra que transformou a vida dos americanos.

    Ford foi o primeiro empresrio a desenvolver e implementar a linha de montagem em sua

  • 40

    empresa, tendo como consequncia a produo em massa de seus automveis. Este mtodo

    acabou sendo adotado por outras grandes montadoras, revolucionando a produo dos

    veculos at os dias de hoje. Ford se tornou referncia neste assunto, levando todo mrito por

    esta criao, deixando um marco na histria da sociedade.

    Ao mesmo tempo em que Henry influenciava a empresa a crescer, tambm era

    responsvel por parte da estagnao que ocorreu com o tempo como relata o captulo

    dezessete. Seu egocentrismo e autoritarismo no permitia que ningum opinasse em suas

    aes, causando uma queda nas inovaes e consequentemente nas vendas de seus carros.

    Aps 20 anos de sucesso do seu mais notvel Modelo T, a falta de novidades e de variedades

    perante outras montadoras encerrou a carreira do mais famoso invento de Ford.

    A opinio geral do grupo baseada na leitura do livro em questo, mostra que foi

    possvel transmitir a ideia principal de Henry Ford em disseminar a produo em massa por

    meio da linha de montagem, e tambm resgata a fundo particularidades da vida do

    protagonista da histria. Porm, em vrias passagens o autor faz essas colocaes particulares

    de forma atemporal, fazendo com que o leitor se confunda ao mesclar os fatos de uma

    determinada poca. Por exemplo, em diversos captulos possvel observar as vrias

    mudanas de dcadas dentro de um mesmo contexto.

    O livro considerado importante e interessante, entretanto possui uma didtica em

    partes maante, pois apesar de contar uma importante fase da evoluo da era moderna, o

    mesmo apresenta muitos trechos aleatrios ao foco do livro alm de conter diversos erros de

    portugus, incluindo erros at mesmo na apresentao do personagem principal.

  • 41

    3 ANLISE PRTICA ESTUDO DE CASO

    3.1 A empresa Siemens

    A Siemens foi fundada no ano de 1847 em Berlim pelo inventor Werner von Siemens,

    o criador do primeiro elevador eltrico do mundo. No Brasil a empresa atua a mais de 100

    anos, tendo a primeira filial brasileira no incio do sculo XIX. Hoje em dia, somente no

    Brasil possui 13 fbricas, 8 centros de pesquisa e desenvolvimento e 13 escritrios

    administrativos.

    A empresa atua em diversos segmentos, dentre eles: transporte, energia eltrica,

    indstria e automao, aparelhos hospitalares para a realizao de exames entre outros.

    Apesar disso, a Siemens sempre mantm seu objetivo de ser pioneira no mercado, obtendo

    muitos resultados de inovao entre seus produtos e servios independente da rea. A

    sustentabilidade uma rea que possui um alto investimento na Siemens, sendo ela aplicada

    tanto em seus produtos e servios como em seu mtodo produtivo.

  • 42

    3.2 Gesto de Pessoas

    A rea de Recursos Humanos na fbrica de Ford era chamada na poca de

    Departamento de Sociologia, sendo este criado durante o desenvolvimento da empresa. Este

    departamento no possua as caractersticas que podem ser encontradas na rea de RH nos

    dias de hoje, alm do setor ter uma abordagem maior e diferenciada de assuntos como

    remunerao, benefcios, plano de carreira, processo seletivo e cultura organizacional

    conforme explicados abaixo. As informaes descritas abaixo relacionadas rea de RH

    sobre a empresa Siemens puderam ser obtidas com uma entrevista de um funcionrio da

    empresa concedida a um dos participantes do grupo.

    Os funcionrios da fbrica Ford possuam um salrio fixo e, aps estipulado um

    aumento em seu montante, o estilo de vida dos colaboradores era avaliado e recebiam

    somente aqueles que se encaixavam nos seguintes critrios: ter seis meses de residncia na

    cidade onde a fbrica estava estabelecida; ser uma pessoa econmica e contida; e os menores

    de 22 anos deveriam ser casados. Aps o recebimento do salrio, deveriam manter a casa

    arrumada e os filhos saudveis e no se envolver com bebidas e jogos. Alm da remunerao

    fixa, a Ford fornecia benefcios como assistncia mdica no local, prestava servio jurdico

    gratuito, no que diz respeito desde a compra da casa prpria at a aquisio da cidadania

    americana. A empresa tambm oferecia um curso de lngua inglesa para funcionrios

    imigrantes.

    Diferente da empresa Ford, o critrio utilizado pela Siemens para o aumento de salrio

    se baseia na capacidade e nas competncias dos funcionrios. O principal tipo de remunerao

    da empresa Siemens igualado da Ford, e nota-se que com o desenvolvimento do setor de

    RH, a quantidade de benefcios aos colaboradores foi ampliada.

    No que se refere ao plano de carreira das empresas, houve um desenvolvimento maior

    desde a poca da criao da Ford Motor Company, uma vez que na mesma o crescimento

    profissional dos funcionrios dependia exclusivamente de Henry Ford, e na Siemens existe

    um plano de carreira que classificada como Carreira Y, na qual o colaborador tem a opo

    de se especializar em sua rea ou seguir na rea gerencial.

    Apesar da distncia entre as pocas comparadas e das evolues que ocorreram, ao se

    tratar do processo seletivo dos colaboradores, possvel notar que ambas as empresas

    utilizam a indicao como uma ferramenta para recrutar os candidatos. Com o passar do

  • 43

    tempo, o meio de seleo dos candidatos se tornou mais rigoroso e a Siemens o utiliza para

    selecionar os melhores funcionrios atravs de testes, dinmicas e entrevistas.

    O clima organizacional da Ford pde ser identificado no incio da empresa como um

    clima informal e agradvel aos funcionrios, existindo uma relao mais aberta e no somente

    profissional entre Henry Ford e seus subordinados. Conforme o crescimento da empresa

    automobilstica, essa relao passou a ser mais profissional, tornando o ambiente de trabalho

    menos harmonioso. O clima formal citado anteriormente se assemelha ao da Siemens, que

    possui um ambiente de presso, clima tenso e uma relao distante entre chefe e subordinado.

    A Siemens possui uma cultura organizacional baseada nas definies de viso, misso

    e valores, conforme expostos no site da empresa. A viso da empresa possui um grande foco

    no pioneirismo. Sua misso crescer de forma sustentvel obtendo lucratividade e ser

    responsvel, excelente e inovadora faz parte de seus valores. J na Ford Motor Company, as

    definies citadas acima no puderam ser identificadas, porm pode-se julgar que a empresa

    tinha como objetivo produzir, a custos baixos, automveis que atendessem as necessidades

    dos americanos.

    Analisando as diferenas das pocas e a evoluo do setor de RH, pode-se concluir

    que o Departamento de Sociologia da Ford Motor Company tratava dos mesmos assuntos que

    a rea de RH da Siemens, porm os mesmos no possuam as definies e as abordagens que

    possuem atualmente, principalmente pelo amplo desenvolvimento de cada tpico tratado pelo

    setor.

  • 44

    3.3 Logstica e Gesto de Operaes

    Existem particularidades relacionadas rea de logstica que na poca da fbrica Ford

    j existiam e so praticadas ainda hoje. A Logstica abrange diversos segmentos, dos quais

    sero abordados o relacionamento com os fornecedores, gesto de estoques, canais de

    distribuio e integrao vertical. Alm da rea de Logstica, essa anlise engloba tambm

    tpicos referentes rea de Gesto de Operaes, dos quais sero abordados: como a empresa

    organiza seus recursos para obteno do resultado final, gesto da qualidade, capacidade e

    arranjo fsico das empresas. Os tpicos sobre a empresa Siemens que sero citados

    posteriormente, foram concedidos por meio de entrevista e email por um colaborador da

    empresa.

    Assim como a Ford, a Siemens fecha contrato com certos fornecedores para obter

    peas especficas necessrias para a produo, descartando o custo de produo de matria

    prima e aumentando a praticidade na montagem do produto. Porm a Siemens seleciona seus

    fornecedores atravs de um processo mais rigoroso de seleo e qualificao dos mesmos.

    Alm disso, o relacionamento da Siemens com os fornecedores vai alm, havendo desde

    premiaes at servio de consultoria de processos de melhoria para os mesmos.

    Referente a gerenciamento de estoques da Siemens, sua quantidade determinada com

    base no histrico de venda e na classificao dos produtos, que estabelece a variao e

    quantidade de consumo do mesmo, e o seu reabastecimento depende diretamente dos

    fornecedores. Outro aspecto considerado relevante pela empresa para uma melhor

    manuteno dos estoques o estabelecimento de um layout focado na otimizao dos

    processos, no qual os materiais so dispostos estrategicamente para facilitar o seu acesso e

    evitar congestionamentos no ambiente.

    Igualando-se Siemens, a Ford tambm dependia da entrega dos fornecedores para o

    reabastecimento dos estoques e os layouts da empresa tambm eram planejados

    estrategicamente para um melhor processo de produo. Contudo, na poca a Ford Motor

    Company possua uma gesto mais simples dos estoques, no havendo detalhes profundos

    como a classificao encontrada na Siemens.

    A empresa Ford utilizava de concessionrias e revendedores como canais de

    distribuio. Com isso, nota-se uma expanso nos meios de distribuio com o passar do

    tempo, como a construo de centros onde so armazenados diversos produtos e a contratao

  • 45

    de uma transportadora para coletar a carga e distribu-la aos clientes, como ocorre na

    Siemens.

    Em relao gesto de produo, ambas as empresas analisadas adotam a integrao

    vertical como forma de controle de matria prima e reduo de custos, porm cada uma

    trabalha com a mesma de acordo com a sua rea de atuao, possuindo empresas prprias que

    fornecem matria prima para a produo do produto principal.

    Tratando-se da rea de Gesto de Operaes, no que tange organizao dos recursos

    da Siemens, ela baseada em trs modos de tomada de deciso: diria, mensal e anualmente.

    Utilizando uma base de informaes detalhada a respeito das atividades do setor, que gerada

    no mnimo duas vezes por dia e entregue aos supervisores, os mesmos trabalham para garantir

    que o deslocamento dos recursos disponveis suprir a demanda das atividades mais

    necessitadas. Para a organizao mensal, so calculados os recursos necessrios, avaliado o

    quadro atual com base na previso de vendas das unidades de negcio e decidido a quantidade

    de colaboradores que atuaro em cada ms, considerando que h meses de baixa venda e

    outros em que o pico elevado. Por fim, com base no planejamento estratgico e nas metas de

    melhoria contnua, so determinados os recursos necessrios para atender toda a demanda

    anual.

    J no caso da empresa Ford, no havia planejamentos, porm, assim como a Siemens,

    ela prezava a melhoria contnua no modo de organizao ao mudar o modo de produzir

    reorganizando seus recursos, passando da forma padro de produo da poca para um

    processo revolucionrio. Esse processo revolucionrio consistia na redistribuio das

    ferramentas e a disposio das mquinas na ordem sequencial das tarefas, tornando o processo

    chave para a produo em massa o sincronismo das operaes de produo.

    Referindo-se gesto da qualidade da empresa Ford Motor Company, a mesma era

    baseada na personalidade perfeccionista de Henry Ford que se preocupava com todos os

    detalhes de cada pea e matria prima de sua fbrica, o que diferenciava a Ford de suas

    concorrentes. Tratando-se dos detalhes de cada pea, eram criados moldes para a fabricao

    padro das mesmas e para garantir a qualidade de suas matrias primas, os fornecedores eram

    selecionados sistematicamente e existiam fbricas da prpria Ford localizados

    estrategicamente no Brasil que forneciam os recursos necessrios para a produo. Alm

    disso, Ford planejava criteriosamente todos os seus projetos ao invs de optar pela

    improvisao pela falta de um estudo aprofundado antes de sua execuo.

    Diferente da Ford, a Siemens utiliza como base para a gesto de qualidade trs

    sistemas bsicos: One-time Delivery, Delivery Quality e Inventory Accuracy. O One-time

  • 46

    Delivery consiste em uma equipe especializada que garante o cumprimento do prazo de

    entrega ao cliente, verificando todas as etapas do processo. O Delivery Quality caracteriza-se

    pela medio da qualidade de entrega baseada nas reclamaes dos clientes. A partir disso, as

    reclamaes so analisadas e so levantadas as causas das falhas, gerando um relatrio mensal

    com a principal razo apontada, visando a eliminao da mesma. Por fim no Inventory

    Accuracy, o inventrio utilizado como base para conferir se o estoque fsico compatvel

    com o do sistema. Se houver diferenas, todas elas so analisadas para evitar que haja falta de

    produto, insatisfao do cliente e o no cumprimento das metas. A gesto de qualidade

    abordada refere-se de um centro de distribuio da empresa, porm a mesma pode ser

    utilizada como base para ser adaptada e aplicada a todos os outros setores da Siemens.

    Ao analisar a capacidade produtiva das empresas, ambas utilizam a mo de obra como

    base para a medio da mesma. Porm, ao tratar-se do centro de distribuio da Siemens, a

    mesma controla sua capacidade com base nos itens recebidos e armazenados e nos itens

    separados e conferidos, e ao mesmo tempo utiliza tambm a capacidade da mo de obra de

    cada colaborador por hora. J na empresa Ford, inicialmente a capacidade de produo do

    automvel era medida atravs da quantidade de mo de obra exigida para a execuo do

    mesmo. Aps a implementao da linha de montagem como um novo mtodo de produo, a

    capacidade da mo de obra passou a ser calculada atravs da produo por hora dos

    funcionrios, tornando-a o principal mtodo de organizar os recursos para o controle da

    capacidade, e atravs dela nota-se que o rendimento da empresa aumentou significativamente.

    Em relao ao arranjo fsico das empresas analisadas, no caso da Ford Motor

    Company, pode-se identificar o arranjo em linha, que se caracteriza na organizao dos

    recursos e ferramentas para atender as necessidades exigidas pela linha de produo da

    fbrica. A vantagem desse arranjo consiste na reduo de tempo, que juntamente com o

    sincronismo das operaes resulta na produo em massa, porm a presso de ter que

    acompanhar a linha de montagem torna esse processo cansativo aos funcionrios, alm dos

    mesmos desempenharem somente uma nica funo, no tendo conhecimento das demais

    etapas do processo e consequentemente no podendo suprir eventuais necessidades nas

    mesmas.

    Em contrapartida, o arranjo fsico da Siemens engloba trs tipos: Armazenagem

    Vertical, Armazenagem em Flowrack e Armazenagem Blocado. A Armazenagem Vertical

    organiza produtos de pequeno e mdio porte, de alto giro e ressuprimento, tendo como

    vantagem a facilidade na armazenagem e no ressuprimento do material. Porm sua principal

    desvantagem a baixa produtividade no processo de separao. Tratando-se da Armazenagem

  • 47

    em Flowrack, o mesmo organiza produtos de pequeno e mdio porte, de baixo e mdio giro, e

    de baixo ressuprimento. Ao contrrio da Armazenagem Vertical, a Armazenagem em

    Flowrack possui como vantagem a produtividade no processo de separao, e como

    desvantagem a dificuldade de armazenagem e ressuprimento. A Armazenagem em blocado

    consiste na operao de produtos de grande porte, diferente das anteriores. Sua maior

    vantagem a produtividade na armazenagem e na separao, e sua desvantagem a perda de

    espao fsico.

    De uma forma abrangente, as atividades de logstica atuais possuem a mesma base da

    poca da criao da Ford Motor Company. Contudo, pode-se perceber que houveram

    evolues e progressos na rea, visando a otimizao de processos e reduo de custos. J na

    rea de Gesto de Processos, nota-se uma grande diferena entre os mtodos utilizados por

    ambas as empresas, principalmente no que tange nomenclatura dos processos e gesto

    utilizados.

  • 48

    3.4 Relaes Internacionais

    Antigamente a rea de relaes internacionais possua suas atividades limitadas devido

    ao processo de globalizao que ainda era pouco desenvolvido. Aps o desenvolvimento

    tecnolgico, a globalizao se expandiu e permitiu que os negcios internacionais se

    disseminassem pelo mundo. Conforme visto em aulas referentes Globalizao e

    Internacionalizao das Empresas, Interveno Governamental e o Fomento ao Comrcio

    Internacional e Tratados e Acordos Internacionais, ministradas por professores experientes na

    rea, as informaes que foram apresentadas serviram como base para a elaborao do estudo

    referente s relaes internacionais entre as empresas. Alm disso, as informaes

    apresentadas sobre a empresa Siemens foram concedidas por meio de email.

    Atualmente a rea abrange diversos aspectos, nos quais podem ser citados o tipo e

    segmento das empresas, suas estratgias de internacionalizao, vantagens competitivas,

    fatores inerentes ao processo de internacionalizao, as dificuldades de ingresso ao mercado

    externo e suas fontes de financiamento.

    As empresas estudadas possuem caracterstica focal, isto , ambas concebem,

    desenvolvem e produzem seus produtos para o mercado mundial. Com este aspecto elas se

    tornam essenciais para o fluxo tanto do mercado interno como externo