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Projeto - Inventário Florestal de Minas Gerais Project - Forest Inventory of Minas Gerais Livro Espécies Arbóreas da Flora Nativa Book Tree Species of the Native Flora Capítulo I Compilação e caracterização das espécies arbórias da flora nativa de Minas Gerais Chapter I Compilation and characterization of the tree species of the native flora of Minas Gerais

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Projeto - Inventário Florestal de Minas Gerais

Project - Forest Inventory of Minas Gerais

Livro

Espécies Arbóreas da Flora Nativa

Book

Tree Species of the Native Flora

Capítulo I

Compilação e caracterização das espécies arbórias da flora nativa de Minas Gerais

Chapter I

Compilation and characterization of the tree species of the native flora of Minas Gerais

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Resumo do livro

Book Abstract

Inventário Florestal de Minas Gerais: Espécies Arbóreas da Flora Nativa

Este volume da série “Inventário Florestal de Minas Gerais” contempla informações taxonômicas e sobre o hábito,

a distribuição e o estado de conservação de mais de 2.401 espécies, referencia nomes regionais, aborda as novas

espécies que foram descobertas e outras espécies que, provavelmente, também foram descobertas no Inventário

Florestal de Minas Gerais. Além disso, o livro considera 62 espécies cuja ocorrência ainda não havia sido

identificada pela comunidade científica, em Minas Gerais, e tem a pretensão de ser um manual de consulta rápida

dos técnicos que atuam na área ambiental, em especial na florestal.

Forest Inventory of Minas Gerais: Tree Species of the Native Flora

This volume of the series "Forest Inventory of Minas Gerais" includes information on taxonomy, habit,

distribution and conservation status for 2,401 species. It also references regional names and in the case of the

species from the Seasonal Semideciduous and Ombrophylous Forest characterizes its ecological group. In

addition, the book considers 62 species whose occurrence still had not been identified in Minas Gerais by the

scientific community. This publication is proposed as a quick reference guide for technicians who work in the

environmental area, in particular in forestry.

OLIVEIRA FILHO, A. T.; Scolforo, J. R.; Silva, C. P. de C. Compilação e caracterização das espécies arbóreas da flora

nativa de Minas Gerais. In: OLIVEIRA FILHO, A. T.; SCOLFORO, J. R.(Ed.). Inventário Florestal de Minas Gerais:

Espécies Arbóreas da Flora Nativa. Lavras: UFLA, 2008. cap. 1, p.1-8.

* Este capítulo é um componente do Mapeamento e Inventário da Flora Nativa e dos Reflorestamentos de Minas

Gerais e, deve ser citado quando parte desta publicação for reproduzida.

* This Chapter is a component of Mapping and Inventory of Native Flora and Refosrestation of Minas Gerais, and

should be cited when part of this publication is reproduced.

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CAPÍTULO I

COMPILAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES ARBÓREAS DA FLORA NATIVA DE MINAS GERAIS

Ary Teixeira de Oliveira FilhoJosé Roberto Scolforo

Charles Plínio de Castro Silva

Este volume da série “Inventário Florestal de Minas Gerais” contempla informações taxonômicas e sobre o hábito, a distribuição, o estado de conservação, o grupo ecofisiológico e nomes comuns de 2.401 espécies. Aborda as doze novas espécies que foram descobertas no Inventário Florestal de Minas Gerais. Além disso, o livro considera mais 64 espécies cuja ocorrência ainda não havia sido identificada pela comunidade científica, em Minas Gerais, e tem a pretensão de ser um manual de consulta rápida dos técnicos que atuam na área ambiental, em especial na florestal.

Foram muitas as dificuldades desta atividade, diante do relativo desconhecimento da rica flora arbórea mineira, estimada em cerca de 2.500 espécies de árvores, arvoretas, palmeiras e outras plantas de crescimento arborescente, como certas samambaias, cactos e taquaras.

A maioria das listas produzidas em Minas Gerais advém de um grande número de pesquisadores. As mais antigas são exatamente aquelas compostas pelo dinamarquês Eugene Warming, para a vegetação ao redor de Lagoa Santa, e que compuseram o primeiro tratado de fitogeografia ecológica dos Neotrópicos (WArMiNG, 1892). Muitos anos se passaram até que fossem compiladas novas listagens no Estado e, numa primeira fase, destacaram-se pesquisadores de instituições de fora do estado. Nos anos 60, o Dr. robert Goodland, da McGill University, Montreal, produziu sua tese que relacionava as fisionomias do cerrado às variações químicas do solo a partir da análise da composição da flora lenhosa dos cerrados do Triângulo Mineiro (GooDLAND, 1.969). Nos anos 70, o Dr. James ratter do royal Botanic Garden Edinburgh, inventariou algumas matas secas do norte do Estado na busca da caracterização da flora de solos mesotróficos do Brasil Central (RATTER et al., 1.978). A partir do final dos anos 70, merecem destaque os exaustivos levantamentos da flora da Cadeia do Espinhaço que vêm sendo realizados por pesquisadores da Universidade de São Paulo. Mais recentemente, os cerrados e florestas de galeria do Estado também foram objeto de levantamentos que compõem estudos fitogeográficos do Domínio do Cerrado, os quais vêm sendo conduzidos por pesquisadores da UNB, EMBrAPA, e do royal Botanic Garden Edinburgh.

A partir da década de 80, instituições e pesquisadores do próprio estado de Minas Gerais passaram a colaborar no processo e a produção de novas listagens se acelerou. Esta nova onda é nucleada em algumas universidades e institutos públicos de pesquisa, mas também vem sendo alimentada pela contribuição de consultores autônomos contratados pela iniciativa privada. Um dos grupos mais tradicionais no estado é o da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMiG), em Belo Horizonte, liderado pela Dra. Mitzi Brandão, que têm atuado nas mais diversas regiões do Estado. Entre outros órgãos estaduais, a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), com os trabalhos do Dr. Gilberto Pedralli e Dra. Maria do Carmo Brandão Teixeira (Tóia), e da Dra. Sylvia Therese Meyer; a Universidade Estadual de Minas Gerais, Campus de Carangola, com os trabalhos do Dr. Lúcio de Souza Leoni; e a Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes, onde salientamos os trabalhos pioneiros da Dra. Yule roberta Ferreira Nunes e Santos D’Angelo Neto. os grupos mais numerosos, no entanto, encontram-se nas Universidades Federais. São particularmente ativos os times de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, incluindo os Drs. Alexandre Francisco da Silva, João Augusto Meira Neto, Agostinho dos Santos, Sebastião Venâncio Martins e Luís Carlos Marangon; da Universidade Federal de Juiz de Fora, liderados pela Dra. Fátima regina Salimena e colaboração da Dra. rafaela Campostrini Forzza (Jardim Botânico do rio de Janeiro); da Universidade Federal de Lavras, incluindo os Drs. Manuel Losada Gavilanes, Douglas Antonio de Carvalho, Enivanis de Abreu Vilela, Eduardo van den Berg, Ary Teixeira de oliveira-Filho, Marco Aurélio Leite Fontes, José roberto Soares Scolforo, José Márcio de Mello e Soraya Alvarenga Botelho; da Universidade Federal de Minas Gerais, incluindo os Drs. João renato Stehmann, Alexandre Salino, Marcos Eduardo Guerra Sobral, Júlio Antonio Lombardi, Edivani Villaron Franceschinelli e Dra. Tereza Cristina Spósito; e da Universidade Federal de Uberlândia, onde se destacam os Drs. Glein Monteiro de Araújo, ivan Schiavini e Jimi Naoki Kakajima.

os taxonomistas no Brasil, Estados Unidos e Europa que contribuiram na revisão taxonômica desse extenso banco de dados estão relacionados por família botânica na tabela 1.1.

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Tabela 1.1 – Lista dos taxonomistas ordenados por família botânica.

FAMÍLIA TAXONOMISTAAnacardiaceae Dra. Dionete SantinApocynaceae Dr. Washigton Marcondes-FerreiraAquifoliaceae Dr. Marcos SobralAraliaceae Dr. Pedro FiaschiAsteraceae Aristônio Magalhães TelesBignoniaceae Dra. Lúcia LohmannBurseraceae Dr. Douglas DalyCactaceae Dra. Daniela ZappiCardiopteridaceae Dr. Marcos SobralCelastraceae Dra. Rita Carvalho-OkanoChrysobalanaceae Dra. Cynthia SothersClusiaceae Dr. Nagib SaddiCunoniaceae Dra. Carmem ZickelCyatheaceae Drs. Irene Fernandes e Augusto César PessôaEuphorbiaceae Dra. Inês Cordeiro

Fabaceae Drs. Gwyllim Lewis, Haroldo Lima Cavalcante, Ângela Vaz, Marli Pires Morim, Toby Pennington, Lourdes Rico, Luciano Queiroz, Ana Azevedo-Tozzi e Vidal Freitas Mansano

Humiriaceae Dra. Lúcia RossiLamiaceae Dra. Fátima Salimena

Lauraceae Drs. Leandro Cézanne de Souza Assis e Alexandre Quinet

Loganiaceae Dra. Daniela ZappiMalvaceae Dr. João SemirMelastomataceae Drs. Renato Goldenberg e José BaumgratzMonimiaceae Dra. Ariane Luna PeixotoMyrsinaceae Maria de Fátima Freitas

Myrtaceae Drs. Marcos Sobral, Maria Lúcia Kawasaki e Eve Lucas

Picramniaceae Dr. José Rubens PiraniPicrodendraceae Dr. James RatterPodocarpaceae Dra. Marie-Pierre LedruProteaceae Dra. Vanessa PlannaRubiaceae Dra. Daniela ZappiRutaceae Dr. José Rubens PiraniSapindaceae Jovita Cislinski Yesilyurt e Rubens Teixeira QueirozSimaroubaceae Dr. José Rubens PiraniSiparunaceae Dra. Ariane Luna PeixotoSolanaceae Dr. João Renato StehmannSymplocaceae João Luiz Mazza Aranha FilhoVerbenaceae Dra. Fátima SalimenaVochysiaceae Kikyo Yamamoto.

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1.1 ESTRUTURA DO VOLUME DA SÉRIE “INVENTÁRIO FLORESTAL DE MINAS GERAIS” LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA

Essa publicação contempla informações apresentadas espécie por espécie, distribuidas em capítulos segundo o Domínio que ocorrem. As informações são (a) nome científico, (b) sinonímia, (c) hábito ou forma de crescimento, (d) distribuição geral, (e) distribuição em Minas Gerais, (f) fitofisionomias, (g) estado de conservação, nomes comuns (h) e categoria ecofiológica (i). As espécies estão organizadas alfabeticamente por família e obedecendo o sistema de classificação do APG ii (2.003).

Espécie: o nome científico da espécie abre o bloco de informações. A grafia do binômio específico e a abreviação do nome das autoridades seguem o site w3Tropicos, do Missouri Botanical Garden, Saint Louis, EUA (http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html). Um cuidado especial que o usuário dessa obra deve ter é no uso de nomes comuns, fato que propiciam que muitos profissionais cometam erros crassos ao realizarem inventários com auxílio de mateiros e, ao final, fazerem ‘traduções’ para nomes científicos com auxílio de obras clássicas como Pio Corrêa (1.984) ou Camargos et al. (1.996). Na realidade nomes comuns devem ser objeto de estudos etnobotânicos e não de inventários florísticos.

Código: Esse é o registro numérico de cada espécie para o Inventário Florestal de Minas Gerais.

Comentários taxonômicos (Com. tax.): Esse campo foi reservado para vários tipos de comentários taxonômicos. Quando contém somente nomes de espécies, estes são os sinônimos mais comumente encontrados nas listagens. Sinonímia é um assunto espinhoso devido às naturais controvérsias de uma ciência tão opinativa como a taxonomia. Em diversos casos, tivemos que decidir o alinhamento com a corrente de splitters ou lumpers (‘fragmentadores’ ou ‘aglutinadores’ de espécies) e, nestes casos, isto é explicitado no texto.

Hábito: O presente catálogo se destina às espécies de plantas cujo crescimento pode conduzir à forma de uma ‘árvore’. No entanto, como qualquer outro substantivo, ‘árvore’ é mais uma abstração, ou seja uma representação subjetiva de um compontente do mundo objetivo e que lutamos para tornar um símbolo coletivo consensual devido às necessidades práticas da linguagem. Apesar de nossa tentativa de enquadrar o mundo objetivo em nosso símbolos, ele insiste em mostrar que é muito mais rico e cheio de surpresas do que qualquer linguagem e as plantas são um lindo exemplo desta rebeldia.

Por exemplo, elas se recusam a serem enquadradas em árvores ou não-árvores; isto nem sempre funciona. Acreditar que é possível criar um conjunto de critérios rígidos que delimite com precisão a abstração ‘árvore’ só ajuda a tornar mais claras as nossas próprias limitações. As abstrações para chamar as plantas dessa publicação, de árvores, arvoretas, árvores lianescentes, bambus arborescentes etc. devem ser vistas como uma abordagem pessoal.

Distribuição: Contém simplesmente abreviaturas de unidades geopolíticas onde foi registrada a ocorrência da espécie. Foram empregadas as abreviações oficiais dos estados brasileiros (duas letras) e países vizinhos (três letras: ArG, Argentina; PAY, Paraguai; UrU, Uruguai; CHi, Chile; BoL, Bolívia; PEr, Peru etc.). Contudo, a Amazônia (brasileira e dos países vizinhos) foi representada por AMZ; os países da América Central Continental mais o México por MAM (Mesoamérica) e as Ilhas do Caribe por CAR. Algumas espécies ainda são citadas para a Ásia (ASI) e África (AFR). Em alguns estados de grande extensão, como Bahia e Minas Gerais, foi acrescentado, às vezes, entre parênteses, o quadrante de ocorrência, como norte (N), leste (E), centro (C) etc.

Em MG: É registrada a ocorrência da espécie nos três Domínios e 13 Subdomínios Fitogeográficos em que foi dividido o Estado de Minas Gerais, conforme indicado na figura 1. Esta divisão baseou-se no resultado de análises multivariadas exploratórias apresentadas no Workshop “Definição e delimitação de domínios e subdomínios das paisagens naturais do Estado de Minas Gerais” ocorrido em Belo Horizonte em julho e agosto de 2.006 (oLiVEirA-FiLHo et al., 2006b).

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Figura 1 - Domínios e Subdomínios Fitogeográficos do Estado de Minas Gerais. o nome dos três domínios é derivado da fitofisionomia predominante na paisagem original, ao passo que o nome dos subdomínios é derivado

principalmente das bacias hidrográficas e cadeias de montanha.

Fitofisionomias: Este campo contem a relação das fisionomias vegetacionais nas quais foi registrada a espécie. As categorias seguem a classificação de oliveira-Filho et al. (2008), que é, na verdade uma modificação do sistema do iBGE (VELOSO et al., 1991).

Conservação: Definir o status de conservação de uma espécie de planta é uma tarefa difícil e é grande o número de critérios que podem ser utilizados. Optamos por aplicar um critério numérico a uma variante da escala ACFOR (KENT & CoKEr, 1992). O critério numérico adotado foi a freqüencia relativa da espécie nas 190 listagens, aplicada da seguinte maneira: >60% = A (Abundante); >40% a 60% = C (Comum); >25% a 40% = F (Freqüente); >15% a 25% = o (ocasional); >7,5% a 15% = r (rara); >2,5% a 7,5% = Mr (Muito rara); <2,5% = rr (raríssima). Esperamos que categorização ajude a enriquecer os próximos apanhados sobre as espécies vegetais ameaçadas de extinção Minas Gerais.

Nomes Comuns: Os nomes comuns ou populares, também conhecidos como vernáculos vulgares, são a forma empírica e regional de organização do conhecimento sobre a diversidade vegetal. Até a década de 90 este conhecimento foi a principal ferramenta na identificação das árvores em inúmeros inventários florestais. No entanto, o nome popular é regional enquanto o científico é universal e este fato certamente subestimou a diversidade das árvores nesses levantamentos conferindo a mais de uma entidade biológica (espécie) um mesmo nome popular. É importante ressaltar que hoje não se trabalha mais assim, sendo parte integrante dos estudos de levantamento (Florística e Fitossociologia) a parte de coleta, herborização e identificação dos taxa encontrados. O conhecimento de mateiros em todo o estado foi empregado nesta obra apenas a posteriore, ou seja, para atribuir nomes comuns às espécies já identificadas. A literatura também ajudou nessa compilação de nomes comuns, particulamente a obra “Catálogo das Árvores Nativas do Brasil” publicada pelo ibama em 1996.

Categoria Ecofisiológica: Este campo é uma tentativa de relacionar as espécies em seus atributos ecológicos e sucessionais. No entanto, não há um consenso e as tentativas de agrupar as espécies arbóreas tropicais em grupos ecológicos ou classes sucessionais são continuamente discutidas. Em condições ideais a classificação das espécies arbustivo-arbóreas em categorias sucessionais seria realizada

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a partir de informações detalhadas sobre a auto-ecologia e a ecofisiologia de cada uma das espécies, relacionando-as com os condicionantes abióticos que determinam os locais preferenciais de ocorrência dos indivíduos dentro da floresta. Estudos que relacionam a formação de um banco de sementes, a germinação de sementes, recrutamento, e a estrutura de tamanho e distribuição espacial das populações podem fornecer importantes informações sobre padrões entre as categorias sucessionais. Ainda neste contexto, as referências aqui utilizadas (WHiTMorE, 1996; oLiVEirA-FiLHo, 1997; MANToVANi, 1999 & GANDoLFi, 2000) também não são consensuais, refletindo o quanto estas classificações ainda são arbitrárias e pessoais. Portando, sugerimos que as informações contidas neste campo não sejam tradadas como regras, mas sim como opções de “comportamento e preferência” das espécies arbóreas em determinadas fisionomias no estado de Minas Gerais, haja vista que muitas delas podem se comportar de forma distinta dependo do local ou região que ocorrem.

1.2 SÍNTESE DO RESULTADO DO INVENTÁRIO DA FLORA NATIVA DE MINAS GERAIS.

Após um árduo trabalho de 3 anos realizado por uma grande equipe de grandes especialistas em 4.456 parcelas com tamanho predominante de 1.000m2, pode-se detectar 2.401 espécies arbóreas para o estado de Minas Gerais com diâmetro a 1,30 metros de altura do solo maior ou igual a 5 cm. Esses resultados são apresentado na figura 1.2 e nas tabelas 1.2, 1.3 e 1.4.

Dessas 2.401 espécies , 766 foram exclusivas do Domínio Atlântico, 265 exclusivas do Domínio do Cerrado e 17 exclusivas do Domínio da Caatinga. outras 816 ocorrem nos Domínios Atlântico e do Cerrado, 16 no Domínio Atlântico e da Caatinga, 121 no Domínio do Cerrado e da Caatinga e 400 ocorreram nos três Domínios em questão.

Registro TreeAtlan 1.0;

1885; 78,51%

Ocorrências novas;

64; 2,67%

Acréscimo Inventário MG;

452; 18,83%

Figura 1.2 – Gráfico mostrando o número de espécies encontradas e registradas para Minas Gerais no portal www.treatlan.dcf.ufla.br e após as coletas do inventário de Minas Gerais.

Ocorrências novas : foram espécies não detectadas em qualquer dos herbários de Minas Gerais e de outras regiões. Essas espécies embora já descritas foram encontradas em Minas Gerais pela primeira vez pelo inventário da Flora Nativa de Minas Gerais e são listadas na tabela 1.2.

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Tabela 1.2 – Lista de espécies com registro de ocorrência provavelmente nova em MG.Nº FAMÍLIA ESPÉCIE FrAGMENTo DE oCorrENCiA

1 ANNoNACEAE Annona vepretorum Mart. 79 - 81 - 82

2 ANNoNACEAE Guatteria candolleana Schltdl. 4 - 87

3 ARECACEAE Syagrus pseudococos (Raddi) Glassman 141

4 BorAGiNACEAE Cordia toqueve Aubl. 99 - 141

5 CACTACEAE Pereskia bahiensis Gürke 81 - 83 - 119 - 149 - 150 - 172

6 CELASTRACEAE Fraunhofera multiflora Mart. Veredas do Peruaçu e Monte rei; a coleta de outros pesquisadores

7 CELASTRACEAE Maytenus boaria Molina Bocaina de Minas, coleta de outros pesquisa-dores

8 CHrYSoBALANACEAE Licania heteromorpha Benth. Bocaina de Minas, coleta de outros pesquisa-dores

9 CoMBrETACEAE Buchenavia hoehneana N.F.Mattos 135

10 CoNNArACEAE Connarus detersus Planch. 87

11 CoNNArACEAE Connarus rostratus (Vell.) L.B.Sm. 113

12 ErYTHroXYLACEAE Erythroxylum caatingae Plowman 77 - 149

13 EUPHorBiACEAE Actinostemon concepcionis (Chodat & Hassl.) Hochr. 8

14 EUPHorBiACEAE Glycydendron espiritosantense Kuhlm. 135

15 EUPHorBiACEAE Manihot glaziovii Müll.Arg. Lassance

16 FABACEAE CAESALPiNioiDEAE Dimorphandra jorgei M.F.Silva 136

17 FABACEAE CAESALPiNioiDEAE Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz Araçuaí, mata seca; coleta de outros pesquisa-dores

18 FABACEAE FABoiDEAE Dalbergia cearensis Ducke 16 - 53 - 144 - 149 - 150

19 FABACEAE FABoiDEAE Luetzelburgia andradelimae H.C.Lima 79 - 83 - 149 - 172

20 FABACEAE FABoiDEAE Pterocarpus villosus (Mart. ex Benth.) Benth. Monte Rei

21 FABACEAE MiMoSoiDEAE Abarema brachystachya (DC.) Barneby & J.W.Grimes 141 - 145

22 FABACEAE MiMoSoiDEAE Inga lanceifolia Benth. 19

23 FABACEAE MiMoSoiDEAE Leucochloron limae Barneby & J.W.Grimes 81 - 82 - 83 - 110 - 135 - 149 - 172

24 FABACEAE MiMoSoiDEAE Mimosa hexandra Micheli Carinhanha; coleta de outros pesquisadores

25 FABACEAE MiMoSoiDEAE Mimosa ophtalmocentra Mart. Juvenília; coleta de outros pesquisadores26 HErNANDiACEAE Sparattanthelium tupiniquinorum Mart. 1927 LAURACEAE Cinnamomum glaziovii (Mez) Kosterm. Camanducaia e Bocaina de Minas, coleta de

outros pesquisadores28 LAURACEAE Persea caesia Meisn. 141 - 145

29 MALPiGHiACEAE Barnebya harleyi W.r.Anderson & B.Gates 20 - 83 - 144 - 149 - 172

30 MALVACEAE Helicteres baruensis Jacq. Monte Rei

31 MALVACEAE Sterculia excelsa Mart. 149

32 MELASTOMATACEAE Miconia cabussu Hoehne 87 - 127

33 MELASTOMATACEAE Miconia caudigera DC. Caraça; coleta de outros pesquisadores

34 MELASTOMATACEAE Miconia francavillana Cogn. Caratinga; coleta de outros pesquisadores

35 MELASTOMATACEAE Miconia lepidota Schrank & Mart. Ex DC. 6 - 99 - 112 - 145

36 MYriSTiCACEAE Virola urbaniana Warb. 137

37 MYrTACEAE Eugenia myrciariifolia Soares-Silva & Sobral 41 - 138 - 139

38 MYrTACEAE Myrcia tenuivenosa Kiaersk. Águas Formosas

39 MYrTACEAE Myrciaria plinioides D.Legrand 24 - 31 - 138

40 NYCTAGiNACEAE Bougainvillea praecox Griseb. 79 - 81 - 82 - 135 - 149

41 NYCTAGiNACEAE Guapira laxiflora (Choisy) Lundell 99

42 NYCTAGiNACEAE Pisonia tomentosa Casar. 16 - 53 - 79 - 82 - 83 - 94 - 110 - 150 - 172

43 OLACACEAE Heisteria perianthomega (Vell.) Sleumer 129

44 PHYLLANTACEAE Astrocasia jacobinensis (Müll.Arg.) G.L.Webster 135

45 PHYLLANTACEAE Phyllanthus chacoensis Morong 172

46 PHYLLANTACEAE Savia sessiliflora (SW.) Willd. 135

47 PoLYGoNACEAE Coccoloba declinata (Vell.) Mart. 134 - 135

48 PoLYGoNACEAE Ruprechtia latifunda Pendry 135

49 rHAMNACEAE Rhamnidium molle reissek 76

50 rHAMNACEAE Ziziphus cotinifolia reissek 81 - 82 - 149

51 rUBiACEAE Guettarda platypoda DC. Monte Rei

52 rUBiACEAE Margaritopsis astrellantha (Wernham) L.Andersson 124 - 127

53 rUBiACEAE Tocoyena brasiliensis Mart. 99 - 110 - 133 - 142

54 RUTACEAE Zanthoxylum hamadriadicum Pirani Juvenília; coleta de outros pesquisadores

55 RUTACEAE Zanthoxylum stelligerum Turcz. 81 - 82 - 83 - 149 - 172

56 SALICACEAE Casearia selloana Eichl. 20 - 79 - 81 - 82 - 83 - 110 - 135 - 144 - 149 - 172

57 SAPiNDACEAE Averrhoidium gardnerianum Baill. 15 - 17 - 109 - 112 - 140

58 SAPiNDACEAE Cupania hispida radlk. 6 - 99

59 SAPiNDACEAE Sapindus saponaria L. 149

60 SAPOTACEAE Diploön cuspidatum (Hoehne) Cronq. 145

61 SAPOTACEAE Manilkara triflora (Allemão) Monach. 82 - 149

62 SYMPLoCACEAE Symplocos nitidiflora Brand Bocaina de Minas, coleta de outros pesquisadores

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Novas espécies : Foram espécies novas identificadas nas parcelas do inventário Florestal Florestal. Estão em fase de descrição por especialistas e são mostradas na tabela 1.3.

Tabela 1.3 – Lista de espécies novas em processo de descrição por especialistas.Nº FAMÍLIA ESPÉCIE FrAGMENTo DE oCorrENCiA

1 ANNoNACEAE Ephedranthus sp.2 99

2 BiGNoNiACEAE Handroanthus sp.nov.ined 8 - 83

3 CACTACEAE Cereus sp.nov. Bandeira e Pedra Azul; coleta de outros pesquisadores

4 CARICACEAE Jacaratia sp.nov.ined 79 - 82 - 83 - 110 - 144 - 148

5 FABACEAE FABoiDEAE Coursetia sp.nov.ined Juvenília; coleta de outros pesquisadores

6 FABACEAE FABoiDEAE Machaerium sp.nov.ined Juvenília, Lajedão, Manga, Cajueiro, Monte Rei e Verde Grande

7 FABACEAE FABoiDEAE Machaerium sp.nov.ined Juvenília, Lajedão, Manga, Cajueiro, Monte Rei e Verde Grande

8 FABACEAE FABoiDEAE Tabaroa insignis L.P Queiroz sp.nov.ined 82 - 148

9 MYrTACEAE Eugenia leitonii ined. 15 - 30 - 43 - 64 - 73 - 74 - 87 - 156 - 158 - 162 - 164 - 169 - 171

10 MYrTACEAE Eugenia sp.nov.1 Coleta de outros pesquisadores

11 MYrTACEAE Eugenia sp.nov.2 Coleta de outros pesquisadores

12 PoLYGoNACEAE Ruprechtia sp.nov.ined 115

13 SAPiNDACEAE Matayba sp.nov.inedEsta espécie é muito comum e existe no sul e sudeste do estado. Era misturada antes com três outras espécies e o especialista está

desfazendo a confusão separando-a de Matayba elaeagnoides, M.juglandifolia e Cupania ludowigii.

14 SoLANACEAE Solanum sp.nov.ined Camanducaia, coleta de outros pesquisadores

As espécies da tabela 1.4 foram encontradas em alguns dos fragmentos do Inventário Florestal de Minas Gerais, apesar de serem espécies exóticas.

Tabela 1.4 – Lista de espécies exóticas encontradas nos fragmentos do inventário de Minas Gerais.

CóDiGo FAMÍLIA ESPÉCIE

3 ANACArDiACEAE Mangifera indica L.

67 CARICACEAE Carica papaya L.

1599 CUPRESSACEAE Cupressus funebris Endl.

1596 FABACEAE FABoiDEAE Tamarindus indica L.

941 LAURACEAE Persea americana Mill.

516 MYrTACEAE Eucalyptus sp.

308 MYrTACEAE Syzygium jambos (L.) Alston**

358 RUTACEAE Citrus limonia osbeck

** Apesar da sua origem ser asiática a sua presença no Brasil é tão antiga que alguns autores a consideram como nativa ou sub-espontânea.

Acréscimo Inventário Florestal MG : Estudos florísticos que antecederam o inventário da Flora Nativa de Minas Gerais, realizados por pesquisadores de diferentes instituições, tiveram os seus resultados reunidos num banco de dados sob a responsabilidade do prof. Ary Teixeira de Oliveira Filho denominado TreeAtlan 1.0. As informações contidas nesse banco foram muito úteis para o inventário da Flora Nativa de Minas Gerais o qual contribui com mais 452 espécies lenhosas para o banco de dados em questão.

Número de espécies por família: para se ter uma idéia do número de espécies existentes por família a partir da amostragem realizada no inventário da Flora Nativa em Minas Gerais apresenta-se a figura 1.3 na qual a pode-se observar as famílias Fabaceae e Mytaceae como as que contiveram o maior número de espécies.

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Número de Espécies por Família

331

254

123 122 113

84 77 75 6753 47 42 41 40 37 37 36 34 33 32 32 30 28 28 26 25 21 21 20 20

472

0

100

200

300

400

500

FABACEAEMYRTACEAERUBIA

CEAE

MELASTOMATACEAE

LAURACEAE

EUPHORBIACEAE

ASTERACEAESOLA

NACEAE

ANNONACEAEMALV

ACEAERUTACEAE

SAPINDACEAE

BIGNONIA

CEAEMORACEAE

SALICACEAE

VOCHYSIACEAE

SAPOTACEAE

APOCYNACEAE

CHRYSOBALANACEAE

ARECACEAE

MALPIG

HIACEAE

CACTACEAE

CELASTRACEAE

CLUSIA

CEAE

ERYTHROXYLACEAE

MYRSINACEAE

MELIACEAE

NYCTAGINACEAE

ANACARDIACEAE

BORAGINACEAE

DEMAIS FA

MÍLIAS

Figura 1.3 – Gráfico mostrando as 30 famílias com maior número de espécies encontradas para o estado de MG.

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