19
Fundação Valeparaibana de Ensino Faculdade de Direito RESPONSABILIDADE DO ESTADO: Estudo de Caso de Apelações Cíveis Cristiane Fuchida Fernandes - 01510238 Fernanda Barros Macedo - 01510293 Guilherme Vinicius de Andrade - 01510171 Marcos Antônio de Moraes Brito - 01510184 Vanessa Carla Siqueira - 01511164 Wellington Abreu Santos - 01510793 Wesley Vinícius Mendonça - 01510818 1° CNA - Introdução ao Estudo do Direito Docente: Professor Warley Freitas de Lima

Projeto IV - Estudo de Casos Criminais.docx

Embed Size (px)

Citation preview

Fundao Valeparaibana de EnsinoFaculdade de Direito

RESPONSABILIDADE DO ESTADO: Estudo de Caso de Apelaes Cveis

Cristiane Fuchida Fernandes - 01510238Fernanda Barros Macedo - 01510293Guilherme Vinicius de Andrade - 01510171Marcos Antnio de Moraes Brito - 01510184Vanessa Carla Siqueira - 01511164Wellington Abreu Santos - 01510793Wesley Vincius Mendona - 01510818

1 CNA - Introduo ao Estudo do DireitoDocente: Professor Warley Freitas de Lima

So Jos dos Campos2015LISTA DE ABREVIAOHIV Vrus da imunodeficincia Humana (do ingls)

RESUMOO presente documento procura analisar as apelaes cveis referentes a responsabilidade do Estado em relao a particulares, mais especificamente, dos presidirios sob sua custdia. Aborda-se, portanto, a respeito de responsabilidade objetiva e subjetiva do Estado.Por ser subjetiva, a disciplina do Direito est sob a tica de quem a interpreta. Este subjetivismo do Direito traz tona inmeras discusses e anomias.Dois casos so estudados. Em ambos, familiares de detentos em presdios sob responsabilidade do Estado alegam que este foi omisso e negligente para com os presidirios, pois perderam suas vidas durante o cumprimento da pena. Um deles por contrair o vrus HIV e o outro foi assassinado por colegas de cela. Os familiares pedem, dentre outros, a reparao por danos morais. As decises de ambos os casos so avaliadas e discutidas.

SumrioLISTA DE ABREVIAO2RESUMO31.INTRODUO52.OBJETIVO53.JUSTIFICATIVA54.DESENVOLVIMENTO54.1.Apelao Cvel Nmero 732.373-5/2-00 So Paulo/SP54.1.1.Ramo do direito aplicvel matria54.1.2.Das partes envolvidas64.1.3.Direitos violados64.1.4.Da deciso do tribunal de Justia84.1.5.Haveria outra maneira de decidir?84.2.Apelao Cvel Nmero 1.0529.06.015858-9/001 So Paulo/SP94.2.1.Ramo do direito aplicvel matria94.2.2.Das partes envolvidas94.2.3.Direitos violados94.2.4.Da deciso do Tribunal de Justia114.2.5.Haveria outra maneira de decidir?12DISCUSSO12CONCLUSO13Bibliografia14

1. INTRODUOA responsabilidade objetiva conquistou e consolidou expressivo espao no Direito brasileiro, mormente a partir do Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC) e do Cdigo Civil de 2002; chegou primeiro, entretanto, na responsabilidade civil do Estado, que objetiva desde a Constituio de 1946. Nem por isso o tema se mostra exaurido na sua complexidade; muitos aspectos remanescem controvertidos, entre os quais aquele que nos propomos abordar.O Estado responsvel pelos atos ou omisses de seus agentes, de qualquer nvel hierrquico, independentemente de terem agido ou no dentro de suas competncias, ainda que, no momento do dano, estejam fora do horrio de expediente. O preceito inscrito no artigo 37, pargrafo 6, da Constituio, no exige que o agente pblico tenha agido no exerccio de suas funes, mas na qualidade de agente pblico.Para a configurao da responsabilidade objetiva do Estado no se exige culpa ou dolo, mas apenas uma relao de causa e efeito entre o ato praticado pelo agente e o dano sofrido por terceiro. Tambm no necessrio que o ato praticado seja ilcito, muito embora deva ser antijurdico.Contudo, as situaes em que o estado se torna culpado objetivamente por algum dano so bastante conflituosas. Discorre-se, neste estudo, sobre dois casos onde o estado assume a responsabilidade objetiva.

2. OBJETIVOO presente documento almeja refletir sobre as respostas de algumas questes levantadas na disciplina Introduo ao Estudo do Direito I pelo Prof. Warley Freitas de Lima.

3. JUSTIFICATIVAEsta anlise, demandada como atividade da matria Introduo ao Estudo do Direito, visa levar os integrantes do grupo a tomar cincia e opinar criticamente, mediante embasamento, sobre fatos atuais e questes chaves do exerccio do direito. Alm disso, contribui para aumentar a familiaridade com termos e etapas inerentes cincia do direito no Brasil. Para isso, procurar-se- tratar algumas questes levantadas em aula pelo professor nas prximas sees.

4. DESENVOLVIMENTO4.1. Apelao Cvel Nmero 732.373-5/2-00 So Paulo/SP4.1.1. Ramo do direito aplicvel matria A referida deciso trata de matria do ramo do direito Administrativo visto que esta apelao refere-se a um conflito entre cidado e Estado. Uma vez que o Direito Administrativo o ramo do direito pblico que disciplina a funo administrativa abrangendo rgos, agentes e atividades executadas pela administrao pblica na consecuo do interesse pblico e que d cumprimento aos comandos normativos para realizao de fins pblicos.

4.1.2. Das partes envolvidasAs partes envolvidas neste processo so, como ru a Fazenda do Estado de So Paulo, e como autor Robson Lucas Oliveira Pimenta, filho do preso que morreu contaminado pelo vrus HIV adquirido na penitenciaria do estado.

4.1.3. Direitos violadosConforme a Constituio Federal, em seu captulo I, no artigo 5 caput, teve seu direito vida e segurana violados, alm disso, os incisos X, XLIX do mesmo artigo, tambm foram agredidos.TTULO II - Dos Direitos e Garantias FundamentaisCAPTULO I - Dos Direitos e Deveres Individuais e ColetivosArt. 5 - Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;XLIX - assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moralJ para Lei 7.209/84 que altera o Cdigo Penal, os direitos violados foram os seguintes:art. 38, a previso de que o preso conserva todos os direitos no atingidos pela perda da liberdadePara a Lei de Execuo Penal (Lei 7.210/84), esses foram os direitos violados:SEO IIDos DireitosArt. 40 - Impe-se a todas as autoridades o respeito integridade fsica e moral dos condenados e dos presos provisrios.Art. 41 - Constituem direitos do preso:I - alimentao suficiente e vesturio;II - atribuio de trabalho e sua remunerao;III - Previdncia Social;IV - constituio de peclio;V - proporcionalidade na distribuio do tempo para o trabalho, o descanso e a recreao;VI - exerccio das atividades profissionais, intelectuais, artsticas e desportivas anteriores, desde que compatveis com a execuo da pena;VII - assistncia material, sade, jurdica, educacional, social e religiosa;VIII - proteo contra qualquer forma de sensacionalismo;IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;X - visita do cnjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;XI - chamamento nominal;XII - igualdade de tratamento salvo quanto s exigncias da individualizao da pena;XIII - audincia especial com o diretor do estabelecimento;XIV - representao e petio a qualquer autoridade, em defesa de direito;XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondncia escrita, da leitura e de outros meios de informao que no comprometam a moral e os bons costumes.XVI atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciria competente. (Includo pela Lei n 10.713, de 2003)Pargrafo nico. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV podero ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.Art. 42 - Aplica-se ao preso provisrio e ao submetido medida de segurana, no que couber, o disposto nesta Seo.Art. 43 - garantida a liberdade de contratar mdico de confiana pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento.Pargrafo nico. As divergncias entre o mdico oficial e o particular sero resolvidas pelo Juiz da execuo.

4.1.4. Da deciso do tribunal de JustiaDe acordo com o entendimento do grupo, o Tribunal de Justia decidiu corretamente, uma vez que o Estado possui responsabilidade objetiva diante de todo e qualquer cidado, ou seja, segundo o professor Celso Antonio Bandeira de Melo, o Estado foi imergido em uma serie de obrigaes e para que tenha condio de cumpri-las , o Estado foi dotado de deveres e poderes. ( vou continuar)

4.1.5. Haveria outra maneira de decidir?Neste caso, o autor tenta sustentar que h responsabilidade objetiva do Estado no caso da morte do presidirio que contraiu o vrus HIV uma vez que a administrao pblica teria criado o ambiente propcio para a contaminao nos presdios. Caso houvesse nos autos uma prova de nexo causal, e.g., exames clnicos feitos no detento pouco antes de iniciar o cumprimento da pena mostrando que ele no era soro positivo, a tese responsabilidade objetiva do Estado teria maior fora e poderia reverter a deciso em favor do autor contra a Fazenda do Estado de So Paulo.

4.2. Apelao Cvel Nmero 1.0529.06.015858-9/001 So Paulo/SP4.2.1. Ramo do direito aplicvel matria Assim como a apelao anterior, esta tambm refere-se ao ramo do direito Administrativo visto que esta apelao refere-se a um litgio entre cidado e Estado. Uma vez que o Direito Administrativo o ramo do direito pblico que disciplina a funo administrativa abrangendo rgos, agentes e atividades executadas pela administrao pblica na consecuo do interesse pblico e que d cumprimento aos comandos normativos para realizao de fins pblicos

4.2.2. Das partes envolvidasAs partes envolvidas neste processo so como ru o Estado de Minas Gerais, e como autores Ansia Couto e Arnaldo Paulino Jlio, genitores do detento que faleceu dentro do presdio do estado.

4.2.3. Direitos violadosDo mesmo modo que na Ao anterior, nesta pudemos identificar a violao do direito vida e segurana, assim como tambm da integridade fsica e moral, conforme previsto na Constituio Federal, captulo I, no artigo 5, incisos X, XLIX.TTULO II - Dos Direitos e Garantias FundamentaisCAPTULO I - Dos Direitos e Deveres Individuais e ColetivosArt. 5 - Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;XLIX - assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moralJ para Lei 7.209/84 que altera o Cdigo Penal, os direitos violados foram os seguintes:art. 38, a previso de que o preso conserva todos os direitos no atingidos pela perda da liberdadePara a Lei de Execuo Penal (Lei 7.210/84), esses foram os direitos violados:SEO IIDos DireitosArt. 40 - Impe-se a todas as autoridades o respeito integridade fsica e moral dos condenados e dos presos provisrios.Art. 41 - Constituem direitos do preso:I - alimentao suficiente e vesturio;II - atribuio de trabalho e sua remunerao;III - Previdncia Social;IV - constituio de peclio;V - proporcionalidade na distribuio do tempo para o trabalho, o descanso e a recreao;VI - exerccio das atividades profissionais, intelectuais, artsticas e desportivas anteriores, desde que compatveis com a execuo da pena;VII - assistncia material, sade, jurdica, educacional, social e religiosa;VIII - proteo contra qualquer forma de sensacionalismo;IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;X - visita do cnjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;XI - chamamento nominal;XII - igualdade de tratamento salvo quanto s exigncias da individualizao da pena;XIII - audincia especial com o diretor do estabelecimento;XIV - representao e petio a qualquer autoridade, em defesa de direito;XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondncia escrita, da leitura e de outros meios de informao que no comprometam a moral e os bons costumes.XVI atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciria competente. (Includo pela Lei n 10.713, de 2003)Pargrafo nico. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV podero ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.Art. 42 - Aplica-se ao preso provisrio e ao submetido medida de segurana, no que couber, o disposto nesta Seo.Art. 43 - garantida a liberdade de contratar mdico de confiana pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento.Pargrafo nico. As divergncias entre o mdico oficial e o particular sero resolvidas pelo Juiz da execuo.

4.2.4. Da deciso do Tribunal de JustiaAvalia-se, pelo disposto, que a deciso do Tribunal de Justia foi correta. Pois, segundo o ordenamento jurdico vigente ( C.F. art. 5, XLIX) dever do Estado assegurar a integridade, garantindo a vida de seus detentos.No caso, a vtima, foi assassinada em cadeia pblica por dois companheiros de cela. O mesmo estava sob a custdia do Estado de Minas Gerais, que lhe deveria assegurar a integridade fsica. Portanto, a indenizao aos autores - pais da vtima, devida, sendo o Estado de Minas Gerais responsvel civilmente pela morte do filho dos autores pelos danos morais e materiais causados.

4.2.5. Haveria outra maneira de decidir?Avaliando o contedo deste processo, parece difcil outra deciso que no condenao do Estado de Minas Gerais por responsabilidade objetiva na morte do detento. Como h o fato - a morte de um detento dentro do presdio sob responsabilidade da Unio, o dano - a perda de um ente no seio familiar, e o nexo causal, e.g., prises superlotadas, fica praticamente impossvel o Estado eximir-se da responsabilidade direta. Passvel de modificaes ou avaliaes alternativas, entretanto, so os valores de reparao famlia. Como no h uma norma exata e clara para a determinao das montas monetrias indenizatrias, fica a critrio do juiz, utilizando-se do princpio da proporcionalidade, o estabelecimento do valor. Isto , uma ao bem mais subjetiva e que pode variar de acordo com o entendimento de cada juiz.

DISCUSSOA avaliao dos dois casos concretos mencionados, onde se discute basicamente a responsabilidade do Estado para com o particular, no contexto de detentos em presdios tutelados pelo Estado, pde-se perceber a necessidade de se estruturar a argumentao substanciada com provas para o sucesso em uma contenta judicial.A argumentao deve realar o mrito do questionamento apontando com clareza o fato, o dano causado a uma das partes e o nexo causal que responsabiliza a outra parte para convencer e suportar a deciso do juz. Para isso, deve-se lanar mo da doutrina, jurisprudncia e, principalmente, provas que suportem as alegaes das partes.

CONCLUSOO presente documento avaliou dois casos concretos de particulares reclamando que o Estado foi omisso nas suas responsabilidades para com os detentos em presdios sob sua tutela. Nos dois casos, os detentos faleceram, um por suposta contaminao por HIV dentro do presdio e o outro assassinado por colegas de cela. Foi avaliado que o tipo de direito que trata estes dois casos seria o Direito Administrativo, ou seja, que nestes casos o Estado no cumpriu o que preconiza o Direito Administrativo. H tambm a discusso nos autos de qual seria a responsabilidade do Estado, se objetiva ou subjetiva, o que mudaria a sanso em alguns casos.Fez-se uma avaliao sobre as decises tomadas, se acertadas ou no, com os devidos fundamentos. Da mesma forma, avaliou-se a possibilidade de se ter cenrios alternativos com decises contrrias s da realidade. Uma discusso breve encerrou o tema ao mostrar a importncia de substanciar as alegaes com provas tanto de responsabilidade, quanto do fato e do dano causado, para que o julgamento do mrito seja positivo.

BibliografiaBRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Senado Federal: Centro Grfico, 1988.CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia cientfica: para uso dos estudantes universitrios. 3. ed. So Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.MAGALHES, G. Introduo Metodologia da Pesquisa, Caminhos da Cincia e Tecnologia. So Paulo: Editora tica, 2005. 263 p.

6