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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA: PLANEJAMENTO 1 ABRIL DE 2011 Nivalde J. de Castro Daniel Viana Ferreira 1 Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro.

PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR … · expansão de 4,5% em comparação ao primeiro trimestre de 2010. ... relatório da Aneel, ... potência em regime permanente,

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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE

O SETOR ELÉTRICO

RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:

PLANEJAMENTO1 ABRIL DE 2011

Nivalde J. de Castro

Daniel Viana Ferreira

1 Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro.

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ÍNDICE

SUMÁRIO EXECUTIVO...................................................................................................................................3

1- PROJEÇÕES PARA DISPONIBILIDADE DE ENERGIA ....................................................................................4

1.1- CHUVAS E RESERVATÓRIOS.................................................................................................................4 1.2-DEMANDA/CONSUMO ...........................................................................................................................5 1.3- OFERTA ..................................................................................................................................................6

2-PLANEJAMENTO E EXPANSÃO..................................................................................................................8

2.1-INVESTIMENTO.......................................................................................................................................9 2.2-FINANCIAMENTO..................................................................................................................................10 2.3-PROJETOS FUTUROS .............................................................................................................................11

3-ELETROBRAS............................................................................................................................................12

4-LEILÕES ....................................................................................................................................................13

5-TERMOELÉTRICAS....................................................................................................................................14

5.1-ENERGIA NUCLEAR................................................................................................................................14 5.2-GÁS NATURAL.......................................................................................................................................15 5.3-PETROBRAS ..........................................................................................................................................16

6-OUTROS INSUMOS ..................................................................................................................................17

6.1-ENERGIA EÓLICA ...................................................................................................................................17 6.2-BIOMASSA ............................................................................................................................................18 6.3-SOLAR...................................................................................................................................................20

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SUMÁRIO EXECUTIVO

Para fazer frente às crescentes necessidades de oferta de energia em meio às atuais restrições à expansão do programa hidrelétrico e do programa nuclear, o governo deverá contar com a ajuda de outras fontes alternativas, com destaque para as fontes bioelétrica e eólica que ganham cada vez mais competitividade no mercado de energia e agora já competem entre si. Um estudo publicado pelo GESEL neste mês analisa os principais obstáculos ao desenvolvimento da geração através da biomassa.

Dada a sazonalidade da geração de elétrica brasileira, que atualmente conta com aproximadamente 76% de participação hidrelétrica, surge à necessidade da criação de grandes reservatórios de água – que em sua implantação inundam vastas áreas causando impactos sociais e ambientais – para a regularização da oferta durante todo o ano. Vale lembrar que o potencial hidrelétrico inexplorado brasileiro localiza-se essencialmente na Região Norte, que tem um relevo predominantemente de planície, fazendo com que a área a ser alagada seja mais extensa.

Neste contexto, a energia bioelétrica provinda do bagaço da cana-de-açúcar pode ocupar um papel interessante na regularização da oferta energética durante o período seco, atuando como uma alternativa à geração hidroelétrica. Isto porque a colheita da cana ocorre durante o período seco da região Centro-Sul. Além desta vantagem, neste tipo de geração o insumo básico (a cana) é produzido e distribuído próximo aos grandes centros consumidores.

A despeito de seu grande potencial de inserção estratégica na matriz nacional, esse tipo de energia ainda é notadamente subaproveitado no País. Em grande escala isto acontece devido a dificuldades de conexão à rede, a fragilidade econômico-financeira e a inexperiência desta indústria em relação à operação dentro do mercado elétrico. Vale ressaltar que as condições de financiamento destinadas à cogeração de energia elétrica estão entre as mais favoráveis oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que desempenhou um papel fundamental nos financiamentos realizados até hoje.

Num momento onde a atual matriz energética brasileira - assim como sua evolução esperada para os próximos anos - é constantemente criticada, por vezes sem a proposta de uma alternativa razoável, conhecer e saber delimitar os pontos positivos e os negativos do atual modelo elétrico se faz necessário.

O GESEL publica o presente relatório com o intuito de favorecer a compreensão sobre o que está ocorrendo no ambiente de planejamento elétrico nacional. Nele o leitor encontrará uma síntese relativa às principais publicações, notícias e opiniões publicadas no mês de abril de 2011.

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1- PROJEÇÕES PARA DISPONIBILIDADE DE ENERGIA

1.1- CHUVAS E RESERVATÓRIOS

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a previsão climática de consenso para o trimestre março-abril-maio de 2011, elaborada pelo CPTEC/INPE em conjunto com o INMET, indica uma maior probabilidade de precipitação acima da média histórica na bacia do rio Parnaíba, na região próxima a UHE Tucuruí, na bacia do rio Tocantins, e na cabeceira dos rios Uruguai e Iguaçu. Nas demais bacias hidrográficas do SIN são previstos totais pluviométricos em torno da média climatológica.

Gráfico 1: Energia Armazenada - 2011

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados do ONS

As temperaturas neste trimestre deverão variar entre valores normais e acima da normal climatológica na região Nordeste do país. Para região Norte são previstos valores de temperaturas próximos à média histórica, enquanto para as regiões Sudeste e Centro-Oeste são previstas temperaturas acima da normal climatológica. Na região Sul, os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina devem apresentar temperaturas abaixo da média histórica e o Paraná deve apresentar temperaturas próximas à normal climatológica.

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1.2-DEMANDA/CONSUMO

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo brasileiro de energia elétrica foi de 107.231 GWh no primeiro trimestre do ano, acréscimo de 4,8% em relação ao mesmo período de 2010. Em março, a demanda cresceu 2,8% frente ao mesmo mês de 2010. Em 12 meses, houve alta de 6,7% no consumo. De acordo com a instituição, o desempenho foi prejudicado pela queda na demanda no Nordeste, em função do fechamento de uma fábrica de alumínio na Bahia e, da interrupção no fornecimento de energia elétrica, ocorrida em fevereiro nos Estados da região.

No mercado residencial, o consumo de eletricidade teve alta de 5,3% em relação ao mesmo período de 2010. Em 12 meses, a demanda cresceu 5,6%. O segmento comercial e de serviços apresentou expansão de 6,1% no primeiro trimestre do ano em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Além disto, o segmento industrial registrou alta de 2,6% no consumo em março, com expansão de 4,5% em comparação ao primeiro trimestre de 2010. Em 12 meses, a alta é de 8,6%.

Segundo a EPE, depois de ter crescido 7,8% em 2010, o consumo de energia elétrica deverá continuar em expansão até 2020. Estimativas feitas pela instituição apontam para um aumento contínuo no consumo, 4,9% ao ano entre 2010-2015 e 4,7% anuais entre 2015-2020.

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Tabela 1: Brasil – Consumo Total de Eletricidade por Classe (mil GWh)2

Fonte: EPE

O efeito renda deve fazer com que residências ampliem muito mais o gasto com energia. No Nordeste, onde o consumo no ano passado cresceu 8,8%, claramente se encaixa nesta situação. O consumo de energia nas residências aumentou 12% em comparação com 2009. O Programa Bolsa Família, o programa Luz para Todos e o aumento na renda das famílias são os principais motivos da alta.

1.2- OFERTA

Segundo documento publicado pelo ONS este mês, a interrupção do fornecimento de energia elétrica que atingiu boa parte do Nordeste, na madrugada entre os dias 3 e 4 de fevereiro, não aconteceu por “causas sistêmicas”, como havia alegado a Chesf. As conclusões indicam que o fator que causou o apagão e impediu um restabelecimento mais rápido do fornecimento de energia foi a “postergação de investimentos em equipamentos de proteção”. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) utilizará o parecer como base para elaborar a análise técnica final com a responsabilização de eventuais culpados. A partir destas análises, a Chesf poderá ser multada se comprovada à falta de investimentos.

A região Norte retrata bem esse problema. De acordo com a ANEEL, ela vem apresentando os piores índices de qualidade no fornecimento de energia do País. Os consumidores de Estados como o Pará têm amargado uma deterioração dos serviços prestados pelas distribuidoras, com 76 horas e 48 minutos sem eletricidade em 2010. O próprio diretor-geral da agência, Nelson Hübner cobrou das distribuidoras da região um aumento nos investimentos para estancar o problema.

Já na área de geração de energia, Antenor Lopes de Jesus Filho - técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea - destacou a necessidade da substituição dos equipamentos de usinas hidrelétricas mais antigas, como Itaipu, Tucuruí e Ilha Solteira, por versões mais modernas e eficientes. De acordo com ele, os ganhos ficariam acima de 5%, mas a EPE diz que não chegaria a tanto e não valeria à pena. O técnico ressaltou que estudos da ONG WWF

2 Inclui autoprodução

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indicam que os ganhos poderiam da ordem de 10% a 15% e criticou as limitações do atual programa de eficiência energética brasileira.

Na opinião do coordenador do GESEL, prof. Nivalde de Castro, os obstáculos às melhoras nos índices de qualidade do sistema podem ser superados. A solução está numa atuação mais rigorosa de duas instituições importantes e estratégicas que temos no setor elétrico: ONS e a Aneel. Os últimos grandes apagões tiveram como causa falhas técnicas e humanas de empresas de transmissão. E o Brasil tem nestes órgãos os elementos institucionais e técnicos para impor às empresas uma melhoria da qualidade do serviço e um instrumento para coibir erros que são as elevadas multas. Este é o caminho para acabar com os apagões

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2-PLANEJAMENTO E EXPANSÃO

O sinal de alerta para o setor elétrico brasileiro está aceso. Isso porque o cronograma de implantação de uma grande parcela dos projetos de geração de energia que já foram leiloados tem restrições ou atraso. Segundo a Aneel, 44,4% dos empreendimentos previstos para entrar em operação entre abril de 2011 e dezembro de 2015 encontram-se nessa situação. De acordo com a agência, as usinas eólicas são as que apresentam o maior problema, com 76,3% com restrições para a entrada em operação. Em seguida, vêm as termoelétricas: 54,2% dos mais de 14 mil MW de capacidade instalada estão com problemas. De acordo com o relatório da Aneel, essas restrições estão classificadas em dois níveis. Por enquanto, esse volume de projetos até 2015 ainda está enquadrado na classificação menos severa de atraso.

Já as PCHs estão ganhando cada vez mais peso na balança nacional da produção de energia. Investimentos recordes e projetos confirmam essa tendência. Na fila da Aneel existem hoje 958 processos que podem resultar em 538 empreendimentos e uma produção de energia equivalente a 5.354 MW, com investimentos da ordem de R$ 39 bilhões. Outros 53 projetos se encontram em fase de construção, o que significará um incremento de mais 700 MW e injeção de recursos financeiros na casa dos R$ 5 bilhões.

Neste mês a EPE está disponibilizou para download seis conjuntos de arquivos de trabalho relativos às atualizações dos estudos de transmissão do Plano Decenal de Expansão de Energia 2020. Os arquivos correspondem aos dados para estudos elétricos de fluxo de potência em regime permanente, no padrão do programa Anarede (desenvolvido pelo Cepel, versão 09.06.02). A EPE informou que poderá alterar os dados sempre que achar necessário, sem aviso prévio, uma vez que o planejamento é um processo dinâmico, cabendo aos agentes buscar a atualização mais recente para a realização de suas investigações. Os documentos podem ser acessados em: www.epe.gov.br/Transmissao/Paginas/Dadosparaestudosdeplanejamentodatransmiss%C3%A3o%E2%80%93PDE2020%28arquivosdetrabalho%29.aspx .

A Agência Internacional de Energia (AIE) também divulgou um relatório no qual destaca a importância da difusão da implantação das redes inteligentes para alcançar um cenário energético futuro mais seguro e sustentável. Denominado Smart Grids Technology Roadmap, o documento fornece uma visão consensual de mais de 200 representantes de governos, indústria, acadêmicos e consumidores sobre o estado atual das tecnologias de smart grid, e traça um panorama para expandir o uso das redes inteligentes até 2050. Mas, de acordo com o relatório, os esforços devem ser multiplicados. "Além de financiar projetos piloto, os governos precisam estabelecer políticas claras e consistentes, regulação e planos para os sistemas de eletricidade, que permitirão investimentos inovadores em redes inteligentes", disse o diretor executivo da AIE, Nobuo Tanaka. O estudo destaca que as redes inteligentes desempenham um papel fundamental na implantação de novas infraestrutura de eletricidade

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nos países em desenvolvimento e nas economias emergentes. O estudo pode ser acessado através do link: www.provedor.nuca.ie.ufrj.br/eletrobras/estudos/iea3.pdf.

2.1-INVESTIMENTO

A preocupação com relação à qualidade e continuidade do sistema elétrico tem levado a vultosos investimentos por parte das distribuidoras. A Light, por exemplo, vai realizar este ano um total de investimento de R$ 910 milhões. O valor é cerca de 30% mais alto do que os R$ 700 milhões aplicados pela empresa no ano passado. O presidente da companhia, Jerson Kelman, destacou que a maior parte dos recursos, R$ 700 milhões, será destinada à melhoria da rede de distribuição. Além disto, a distribuidora poderá reduzir as tarifas de energia para os consumidores nos próximos anos se conseguir ultrapassar a meta de redução de perdas de energia com furto. Segundo o presidente da empresa, há um cenário favorável para a redução de tarifa. A estimativa é de redução de 25% das perdas de 5,278 milhões de MWh registradas em 2010. Até 2013, a empresa espera diminuir este volume em 1,3 milhão de MWh, o que daria à Light uma economia de R$ 130 milhões.

No mesmo caminho, a AES Sul Brasil anunciou que investirá R$ 1,2 bilhão na implantação de novas subestações e expansão da rede no Rio Grande do Sul. Os recursos apresentados no plano de investimentos da empresa serão empregados até 2015. Em 2011, a concessionária pretende investir R$ 260 milhões para aprimorar a qualidade do fornecimento de energia elétrica. A AES Sul também aplicará em tecnologia de rede para restabelecimento da distribuição no caso de desastres ambientais, e aumento no número de equipes para reparos.

O conselho de administração da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc também) também aprovou investimento de R$ 55,1 milhões em geração e R$ 397,9 milhões em distribuição de energia para o ano de 2011. A maior parte dos recursos destinados à geração, 52%, será aplicada na “repotencialização do atual parque gerador de energia”, o que será feito com recursos próprios de acordo com comunicado feito pela Celesc à CVM. Na distribuição, 41% dos investimentos serão feitos nas redes de alta tensão, com novas subestações e ampliação da capacidade das antigas, além da definição de novas linhas. As redes de média e baixa tensão vão receber 26% dos recursos, que serão aplicados em ampliação, melhoria e na construção de alimentadores. O restante será investido principalmente em manutenção e medição. Do total investido em distribuição, 72% virão de recursos próprios e o restante será obtido com empréstimos e financiamentos, segundo a Celesc.

Já a Cemig planeja investimentos em distribuição de energia no valor total de R$ 1,3 bilhão em 2011. No ano passado, a estatal mineira de energia aplicou R$ 1 bilhão na

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manutenção da planta. A empresa pretende aumentar a qualidade do serviço por meio da instalação, por exemplo, de religadores automáticos, que reduzem a duração da interrupção no fornecimento. Assim, pretende atender ao recrudescimento nas exigências da agência reguladora sobre eficiência em casos de apagão.

A Enersis anunciou que investirá US$ 65 milhões até 2014 para melhorar a qualidade da provisão elétrica no Rio de Janeiro, de acordo com um comunicado divulgado no Chile. O plano será implementado por meio da filial Ampla, que começou no ano passado os investimentos que se somam ao orçamento previsto, feitos nas redes de transmissão e distribuição de energia nos 66 municípios da área de concessão da companhia.

2.2-FINANCIAMENTO

O BNDES poderá emprestar a empresas públicas do setor elétrico até o equivalente a 25% de seu patrimônio de referência, cerca de R$ 20 bilhões, sem que isso seja contabilizado para efeito do limite de crédito do banco estatal ao setor público. A medida, que já vale para a Petrobras, foi aprovada hoje pelo CMN. Segundo o diretor de Liquidação do Banco Central (BC), Sidney Marques, a medida tem o objetivo de permitir que a Eletrobras ou suas subsidiárias possam obter financiamento do BNDES para investimentos já previstos em obras de infraestrutura, no PAC.

O BNDES e o Ministério do Meio Ambiente informaram que em cerca de dois meses estarão prontas as condições para a aplicação de R$ 233,7 milhões em recursos do orçamento da União para projetos voltados para a economia de baixo carbono no país. Os recursos serão liberados por meio da linha de crédito do FNMC. Desse total, segundo Estevan Del Prette, gerente do Fundo Clima no MMA, o BNDES deve operar R$ 200 milhões como linhas de créditos reembolsáveis, destinados a governos e empresas públicas e privadas. As propostas devem envolver projetos de energia renovável, como eólicas, biomassa, solar e maremotriz.

A Tereos Internacional anunciou este mês um plano para investir R$ 767 milhões em sua subsidiária Guarani. Do valor total, R$ 764 milhões serão financiados BNDES, dos quais R$ 400 milhões já foram contratados para a primeira fase de investimentos. Nos próximos quatro anos a empresa elevará a capacidade de processamento da Guarani de 21 milhões para 24,5 milhões de toneladas por ano, com investimentos nas unidades industriais Cruz Alta, Tanabi, São José e Mandu e na Usina Vertente. Além disso, a capacidade de cogeração será ampliada dos atuais 259 GWh para 1.172 GWh por ano. Por conta do novo financiamento, a Petrobras fez uma injeção de R$ 195,4 milhões no capital da empresa. Dessa forma, a estatal eleva sua participação no capital da Guarani de 26,5% para 31,4%, ficando a Tereos com os 68,6% restantes.

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A Energimp também fechou um financiamento de US$ 300 milhões com a Caixa Econômica Federal, com repasse do BNDES. A linha de crédito será utilizada para instalar sete usinas eólicas em Aracaú (CE) e Acarati (CE) com previsão de geração em 2012, totalizando 211 MW.

2.3-PROJETOS FUTUROS

Com as perspectivas favoráveis nos mercados interno e externo, as grandes mineradoras estão investindo pesado para atender à demanda nos próximos anos. A Vale, principal exportadora brasileira, responsável por 12% de todas as vendas externas do país em 2010, reforça sua posição com o desembolso de US$ 24 bilhões, que serão injetados em operações já em andamento e em novos projetos. A MMX, do Grupo EBX, por sua vez, investirá R$ 5 bilhões em seis anos para aumentar sua produção de minério de ferro, enquanto a Anglo American prevê aportes de US$ 5 bilhões em dois anos na implantação do projeto Minas-Rio.

Já a Votorantim Metais anunciou investimento R$ 1 bilhão neste ano nas suas operações de alumínio, zinco, níquel e cobre. O montante, similar ao do ano passado, vai cobrir os negócios no Brasil e no Peru. A área de zinco foi contemplada com R$ 430 milhões. Quase metade se destina ao Polimetálicos I e à conclusão da refinaria de Cajamarquilla, que fica próximo de Lima e foi duplicada no ano passado. No alumínio, com R$ 401 milhões, o foco é ampliar a oferta de produtos para aplicação no mercado imobiliário, os perfis extrudados ( produtos como quadro de janelas e portas). A empresa está concluindo a expansão dessa unidade com R$ 243 milhões, de um total de R$ 400 milhões iniciados no ano passado. Vai focar também em novas minas de bauxita, energia e reciclagem, a partir da aquisição da Metalex em 2010. A área de níquel receberá R$ 151 milhões para projetos de modernização da fundição e substituição de óleo na geração de energia, além de ampliação da vida útil da mina de Fortaleza de Minas.

A Suzano celebrou contratos com os fornecedores Metso e Siemens para a aquisição dos principais equipamentos da fábrica de celulose que será instalada no Maranhão. Os investimentos são estimados em US$ 2,3 bilhões. Em comunicado afirmou que conseguirá antecipar em seis meses, para abril de 2013, o início das operações da unidade maranhense, que terá capacidade anual de produção de 1,5 milhões de toneladas.

A Braskem anunciou investimentos de aproximadamente R$ 225 milhões na Bahia ao longo de 2011. A modernização e atualização tecnológica das unidades produtivas do Pólo Industrial de Camaçari terão cerca de R$ 200,5 milhões do montante de investimentos previsto para o ano. A área de tecnologia e inovação na Bahia terá aporte de R$ 24,1 milhões em 2011.

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3-ELETROBRAS

O grupo Eletrobras identificou um potencial de investimento em hidrogeração no exterior da ordem de 18,3 mil MW. No segmento de transmissão, o potencial identificado é de 5,1 mil Km de extensão de linhas. Segundo o diretor de transmissão da holding federal, José Antônio Muniz Lopes, a Eletrobras já possui escritórios abertos em Montevidéu, em Lima, e no Panamá, para avaliar investimentos no exterior. Entre os projetos em fase de avaliação estão empreendimentos na Nicarágua, no Peru, nos EUA e em Portugal. Muniz revelou que um dos investimentos em estudo é a interligação entre o Brasil e o Peru, país no qual a Eletrobras planeja construir novas hidrelétricas. Muniz revelou que a companhia já havia concluído um plano de negócios referente aos anos de 2010 a 2014 no fim do ano passado. Porém, com a troca de comando na estatal, o conselho de administração solicitou que o estudo fosse atualizado para o período entre 2011 e 2015.

O BNDES passou a deter uma participação direta e indireta – via BNDESPar - de 22,13% do capital total da Eletrobras, após participar da recente capitalização de R$ 5,148 bilhões da estatal do setor elétrico. O banco garantiu uma participação direta de 7,3% na oferta privada de ações da Eletrobras, na qual o BNDES recebeu parte dos direitos de subscrição da União. Somando as fatias do BNDESPar – equivalentes a 16,74% das ações com direito a voto e 7,04% do capital preferencial classe B (PNB) -, a participação direta e indireta do BNDES na empresa passou a ser de 24,15% das ações ordinárias e 13,92% das preferenciais. Segundo o banco, a operação não teve a finalidade de alterar a composição de controle ou a estrutura administrativa da Eletrobras. O BNDES esclarece ainda que não é signatário de qualquer contrato ou acordo que regule o exercício do direito de voto, assim como a compra e venda de ações da companhia elétrica.

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4-LEILÕES

O MME aprovou as diretrizes e a sistemática para o leilão de Energia de Reserva, previsto para acontecer em julho. De acordo com a portaria nº 197, a energia de reserva contratada será contabilizada e liquidada exclusivamente no mercado de curto prazo da CCEE, considerando-se o preço de liquidação de diferenças do submercado onde se conecta o empreendimento de geração. A principal novidade, segundo o MME, é a negociação de apenas um produto, para início de suprimento em 2014, com empreendimentos eólicos e a biomassa competindo diretamente. Vale ressaltar que, para a biomassa, os cálculos da quantidade total demandada, da oferta de referência e a definição do início da segunda fase do leilão, considerarão a oferta do primeiro ano contratual. A MPX, por exemplo, já decidiu participar do leilão. Eduardo Karrer, presidente da MPX, adiantou que o volume total de geração que será inscrito deve ser "uma parte substancial" dos 1.863 MW para os quais a empresa já obteve licença ambiental no Maranhão.

Empresários, investidores e consultores são praticamente unânimes em admitir que, daqui para frente, o consumidor será penalizado com energia mais cara, como consequência dos incidentes em Jirau e Santo Antônio, no último dia 15 de março. Para os próximos leilões, ainda este ano, projetam tarifas até 20% mais altas. Executivos admitem que, embora o governo impeça o repasse dos prejuízos para as tarifas das duas usinas—fixadas em leilão—, o provável encarecimento do seguro para grandes projetos de infraestrutura deverá ter impacto nos futuros empreendimentos. Para Flavio Barra, diretor-geral da Unidade de Negócios de Energia da Andrade Gutierrez, que revela interesse em participar dos próximos leilões de energia previstos pelo governo, o impacto também será sentido no contrato de construção de Belo Monte. Para os próximos meses, calcula, a tendência é de incorporar custos adicionais, de- correntes da revolta, como reajustes salariais e aumento das despesas com folgas.

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5-TERMOELÉTRICAS

O atraso em relação à entrada de seis térmicas a óleo combustível que deveriam entrar em operação no início deste ano preocupa. O Brasil é muito privilegiado no setor elétrico, tem fontes alternativas para compor o balanço de oferta e demanda e voltou a ter planejamento. Mas a questão das térmicas pode trazer problemas, caso esse atraso se prolongue por muito tempo, porque essa energia é acionada para reduzir o uso das hidrelétricas no período seco.

Enquanto isso, a MPX Energia começa a operacionalizar quatro usinas, sendo três a carvão e uma solar, além de tentar viabilizar a comercialização da termelétrica a gás natural do complexo gasífero do Parnaíba. As quatro usinas - Energia Pecém, MPX Itaqui, MPX Pecém II e MPX Tauá - receberam investimentos de R$ 2 bilhões no ano passado. O valor cumulativo aplicado já alcança R$ 4 bilhões, de um total estimado de R$ 6 bilhões. A primeira usina a entrar em operação será a MPX Tauá, de 1 MW, movida a energia solar. No segundo semestre serão acionadas as usinas a carvão mineral importado MPX Itaqui (MA-360 MW) e Energia Pecém (CE-720 MW), esta feita em conjunto com a EDP Brasil. Enquanto Itaqui entra em operação no terceiro trimestre, Pecém fica para o quarto trimestre. Já a MPX Pecém II (365 MW) entra em operação em abril de 2012.

A Eletrobras Furnas terá uma rede de mais de 150 estações telemétricas até 2013, com investimento de cerca de US$ 40 milhões. As estações serão usadas para monitorar temperatura, vento e nível do rio nas áreas dos empreendimentos. Há 21 no país, afora a central, na sede da empresa no Rio. Ao longo do ano, virão mais 42. As estações vão fornecer informações em tempo real e dar suporte a programas de manutenção, operação e segurança das usinas, garantindo mais eficiência em transmissão, diz Paulo Cesar Bastos, gerente de Furnas.

5.1-ENERGIA NUCLEAR

O acidente nuclear japonês determinou uma importante mudança no cenário energético global, em especial para os países desenvolvidos e emergentes economicamente mais expressivos e que tem ou planejam desenvolver/expandir a indústria nuclear. Um processo de aumento dos custos finais da energia elétrica foi deflagrado, com tendência de comportamento ascendente, nitidamente superior ao que se estimava antes do terremoto e do tsunami no Japão.Outra resultante é que com a redução e postergação dos investimentos em energia nuclear se tornará mais difícil garantir a segurança energética e reduzir as emissões

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de gases do efeito estufa do setor elétrico. Com isso, políticas mais agressivas de fomento à inovação tecnológica serão adotadas, representando custos mais altos no curto e médio prazo.

O assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, sinalizou a possibilidade de postergação da implantação do programa nuclear brasileiro. O plano elaborado para o período entre 2007 e 2030 previa a construção de quatro a oito novas centrais nucleares no país, sendo quatro no nordeste e quatro no sudeste. Guimarães disse que a execução do plano nuclear depende agora do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento Usinas Nucleares (Renuclear), que cria condições mais favoráveis para a geração elétrica nuclear e ainda se encontra em estágio de votação. Além disso, o plano será ampliado para 2035.

A construção de novas usinas nucleares e a localização dessas unidades será definida somente no novo Plano Nacional de Energia. Segundo Leonam dos Santos Guimarães, o eixo de prioridades estabelecido inicialmente para o Nordeste poderá sofrer alteração. A Eletronuclear, de acordo com Guimarães, já procedeu à identificação de áreas candidatas no país para construção de usinas nucleares. São ao todo 40 sítios mapeados que apresentam características favoráveis para a construção de novas centrais nucleares. Conforme os primeiros estudos da Eletronuclear, quatro estados não poderiam abrigar usinas nucleares: Acre, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul e Paraíba. Guimarães disse ainda que a geração elétrica nuclear no Brasil possa vir a contar com parcerias privadas.

Sendo assim, a Rolls-Royce quer anunciar um plano de investimentos atômicos no Brasil. Nas últimas semanas, o principal executivo do grupo na área de energia, Andrew Heath, fez chegar ao ministro Edison Lobão seus projetos para o país. A Rolls-Royce pretende construir uma fábrica voltada à produção de equipamentos e sistemas de controle para centrais nucleares. Os ingleses miram, logo na partida, nas quatro usinas cuja construção já foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética. Os investimentos giram em torno dos US$ 300 milhões. O objetivo de médio e longo prazo é transformar a planta industrial em QG para o suprimento de projetos em toda a América Latina.

5.2-GÁS NATURAL

A estimativa das reservas de gás nos sete blocos que a OGX Maranhão possui na bacia do Parnaíba chega a 11,3 trilhões de pés cúbicos (TCFs). A OGX Maranhão é uma joint venture entre a OGX, com 66,7% de participação, e a MPX, com 33,3%. As informações constam no relatório encomendado à certificadora DeGolyer & MacNaughton e divulgado hoje ao mercado. O documento aponta ainda para recursos prospectivos riscados de 96 milhões de barris de óleo. A participação da MPX nos recursos estimados nos blocos terrestres equivale a 2,6 TCFs de gás. A empresa pretende desenvolver na região térmicas a gás com potência para produção

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de 4 gigawatts. As estimativas foram feitas com base em três poços perfurados até 31 de dezembro no bloco PN-T-68 e em estudos sísmicos realizados na região.

5.3-PETROBRAS

O governo federal estuda usar a Petrobras para construir as térmicas da Bertin e com isso garantir o suprimento de mais de 3.000 MW de energia em 2013. As tentativas, até agora frustradas, de que empresas privadas comprem as concessões de pelo menos parte das usinas do grupo e o atraso das obras preocupam o governo. A Petrobras é sócia minoritária do grupo em três termelétricas a óleo. Duas estão funcionando desde 2009 e outra deve entrar em operação em 2012. A Petrobras e a Eletronorte são hoje as maiores credoras na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Além disso, a Petrobras assumirá a Termoelétrica de Cuiabá, com potência total local de 510 MW, por meio de um contrato de locação até o final de 2012 com a controladora da unidade, a EPE. A retomada na geração de energia pela Termelétrica impedirá que o sistema de abastecimento energético na Baixada Cuiabana e na região Sudeste de Mato Grosso fique em risco no período de seca, este ano.

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6-OUTROS INSUMOS

A AIE lançou, no dia 6 de abril, o estudo "Clean Energy Progress Report", que detalha os avanços e os desafios para a consolidação das fontes de energia limpa na matriz energética mundial. Uma das principais conclusões do estudo é que os governos mundiais estão dando mais subsídios às fontes fósseis do que às limpas. Além disso, o estudo defende um aumento nos investimento em pesquisa e desenvolvimento das tecnologias limpas. Entre outras recomendações, o estudo chama a atenção para o incentivo a eficiência energética. Os governos, para a agência, deveriam ter políticas voltadas para todos os setores para conseguir ganhos de eficiência sustentáveis. O Brasil é destacado pelo uso da energia hídrico e pelos biocombustível e a cogeração pela biomassa. O estudo pode ser acessado através do link: www.provedor.nuca.ie.ufrj.br/eletrobras/estudos/iea4.pdf.

6.1-ENERGIA EÓLICA

Os projetos de energia eólica no país, com entrada em operação prevista até 2013, somam R$ 25 bilhões em investimentos, segundo a Abeeólica. A projeção considera empreendimentos vencedores de leilões em 2009 e 2010 e projetos com venda de energia prevista no mercado livre, que reúne grandes consumidores. Fusões e aquisições não estão incluídas nessa conta, embora também passem por forte aquecimento.

Neste mês, a CPFL Energia e a Tractebel, anunciaram investimentos de R$ 1,2 bilhão em dez parques eólicos que terão capacidade de gerar 300 MW. Essa energia será comercializada exclusivamente neste mercado. O presidente da CPFL, Wilson Ferreira Junior, diz que seus acionistas aprovaram um investimento de R$ 600 milhões em cinco parques que terão capacidade de gerar 150 MW. Já a Tractebel, anunciou na semana passada que seu conselho de administração aprovou um investimento de R$ 625 milhões em cinco parques eólicos e toda a energia será vendida no mercado livre. Os parques têm previsão de ficarem prontos em outubro de 2012. Os da CPFL estão previstos para o terceiro trimestre de 2013 e ainda dependem da aprovação da energia assegurada pela Aneel.

A Renova também a vai investir, aproximadamente R$ 1,850 bilhão no triênio 2011-2013. Com isso, a capacidade instalada vai pular dos atuais 42 MW de capacidade instalada para 497,4 MW em 2013. Mas se os planos da empresa para o mercado livre se concretizarem os números terão que ser revisados para cima. Enquanto não anuncia os novos negócios, a Renova iniciou em janeiro a construção dos 14 parques eólicos, que venceram no LER 2009. Apesar de ter um portfólio grande de projetos de pequenas centrais hidrelétricas, a Renova não tem planos de construir novas unidades nos próximos anos.

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Sendo assim, o crescimento do setor deve puxar, neste ano, a demanda por fundidos e usinados da Romi, de acordo com avaliação do diretor-presidente da empresa, Livaldo Aguiar dos Santos. Após retração decorrente do acirramento da crise em 2008, a colocação de pedidos desses produtos para o setor de energia eólica voltou a crescer no fim do ano passado. A entrada total de pedidos somou R$ 178,937 milhões no primeiro trimestre, 13,1% acima do mesmo período do ano passado e 23,4% superior à do último trimestre de 2010. Além de fundidos e usinados, a entrada de novos pedidos foi composta por R$ 110,370 milhões de máquinas-ferramenta e R$ 30,418 milhões de máquinas para plástico. A empresa já divulgou a intenção de utilizar até R$ 103 milhões este ano em aquisições.

De olho no setor de energia eólica, a Unipar também vai investir até US$ 80 milhões na fabricante de pás geradoras e ventiladores industriais Tecsis. O aporte foi autorizado pelo conselho de administração da companhia na sexta-feira passada, informou hoje a Unipar, em fato relevante.

6.2-BIOMASSA

Embora a oferta de energia renovável tenha aumentado razoavelmente entre 2000 e 2010, período em que a participação dessa fonte passou de 41% para 48%, a EPE estima que essa fatia ficará nesse patamar nos próximos nove anos. Mesmo assim, a expansão (contratada mais planejada) de fontes alternativas entre 2010 e 2019, em termos de acréscimo de potência instalada, está estimada em 14.655 MW, o equivalente a pouco mais de três usinas hidrelétricas de Belo Monte. Desse total, 5.400 MW (37%) devem vir da geração de biomassa, superando a da eólica (36%) e a das PCH (27%), de acordo com estimativas apontadas no último Plano Decenal de Energia do governo. Isso quer dizer que o momento parece ser favorável para atrair investidores de peso para a geração de energia de biomassa, principalmente de bagaço de cana de açúcar. Atualmente, das 434 usinas de açúcar e de álcool em operação no país, apenas 100 (23%) exportam energia para o Sistema Integrado Nacional (SIN).

Um estudo do BNDES, em conjunto com o Gesel3, pesquisou os principais entraves da baixa geração de bioeletricidade, a energia gerada pelo aproveitamento do bagaço e da palha da cana-de-açúcar por usinas de bioenergia. Segundo o estudo, “entre as diversas causas possíveis, podem-se citar a dificuldade de conexão das centrais térmicas à base de cana à rede de distribuição, a fragilidade econômico-financeira e a inexperiência em operar no setor elétrico de determinadas usinas”.

3 Para ler o texto na íntegra, acesse: www.provedor.nuca.ie.ufrj.br/eletrobras/estudos/castro113.pdf

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O estudo mostra que a eletricidade gerada a partir da biomassa de cana-de-açúcar revela-se uma alternativa interessante em relação as usinas hidrelétricas com grandes reservatórios – que tem sofrido uma série de limitações a entrada em operação. A vantagem da energia de biomassa é que ela pode ser produzida e distribuída próxima aos centros urbanos, além de ter colheita durante o período seco da região Centro-Sul.

Gráfico 2: Complementaridade entre o parque hidroelétrico e a safra canavieira

Fonte: GESEL – com base em dados da ONS, Única e ENA

*Energia Natural Afluente

Seguindo o mesmo caminho desse estudo, análises do pesquisador da Coppe, Luciano Basto, mostram que o potencial bioelétrico brasileiro poderia ser mais bem aproveitado. Apenas com os dos resíduos da produção agrícola, como palha de cana, milho e soja, tem o potencial para gerar 14 mil MW, ou mais do que uma hidrelétrica como Itaipu, sem prejudicar a fertilização do solo, que utiliza parte destes restos. Já os resíduos da pecuária e da criação de aves e suínos poderiam somar outros 2,5 mil MW à matriz energética brasileira, enquanto a queima do lixo urbano alcançaria até 1 mil MW, e do biogás do esgoto, mais 150 MW.

O governo paulista já planeja estimular que o volume excedente de energia elétrica produzido a partir do bagaço da cana alcance 5 mil MW até 2014. A meta de ampliar a geração de energia a partir do bagaço da cana faz parte da estratégia do governo de São Paulo de promover um amplo processo de retrofit nas usinas de açúcar e álcool. Para tornar economicamente viável esse investimento, a secretaria de Energia e a Fazenda paulistas estudam a concessão de um diferimento na cobrança de ICMS sobre os equipamentos.

Para 2011, também está previsto que a ETH Bionergia colocará mais duas usinas em funcionamento. Entrarão em operação Costa Rica (MS) e Água Emendada (GO). Quando em plena atividade, cada uma das unidades vai moer 3,8 milhões de t/safra. Somadas as

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capacidades, a produção de etanol alcançará 720 milhões de litros. A cogeração de energia chegará a 380 GWh anuais. O investimento total é estimado em R$ 2 bilhões.

6.3-SOLAR

A instalação de painéis solares deve aumentar nos próximos dois anos. A instalação de sistemas solares fotovoltaicos quase duplicará, passando de 18,6 Gw, no ano passado, para 32,6 Gw, em 2013. A capacidade de fabricação que quadruplicou em todo o mundo desde 2008 até chegar a 27,5 Gw, sendo que este ano, serão agregados 12 Gw de produção. A eletricidade gerada a partir do carvão custa US$7 centavos por quilowatt hora, frente aos US$6 centavos para gás natural e US$22,3 centavos para energia fotovoltaica no último trimestre do ano passado, segundo cálculos da New Energy Finance.

Na corrida para iniciar a produção comercial de energia solar no país, a Cemig sai na frente e promete colocar em funcionamento em novembro a maior usina desse tipo da América Latina, no município mineiro de Sete Lagoas. É uma das primeiras a ser integrada à rede pública convencional. A usina terá capacidade de 3 MW. O custo será de R$ 25 milhões, dividido igualmente entre a Cemig e a Solaria.

O presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto, e o diretor de Gestão Administrativa e Financeira, Antonio Waldir Vituri, assinaram nesta quarta-feira, 30 de março, um contrato de financiamento a fundo perdido com o banco alemão KfW, no valor de 2,8 milhões de euros. O acordo marca a concretização do projeto batizado como “Megawatt Solar”, que será a primeira usina de grande porte no Brasil integrada a uma edificação. O projeto será instalado na cobertura do edifício-sede da Eletrosul e estacionamentos, no bairro Pantanal, em Florianópolis, em uma área de aproximadamente dez mil metros quadrados.

Um projeto da MPX entra em operação no final de abril no Ceará. Ainda incipiente no Brasil, para as empresas que contratarem a energia solar, o modelo deve ser mais útil como marketing. A MPX já montou 4.680 painéis. Seu projeto começa com capacidade de 1 MW, mas já tem autorização ambiental para 5 MW e área para 50 MW.

Já a Guascor vai concluir até maio a instalação de uma planta de geração fotovoltaica com 162 kW de capacidade destinada ao atendimento de comunidades isoladas no Amazonas. O sistema de mini-rede foi implantado sob encomenda da Amazonas Energia no âmbito do Programa Luz Para Todos. Cerca de mil pessoas serão beneficiadas e poderão dispor do serviço de fornecimento por meio de cartão pré-pago. O investimento é da ordem de R$ 5 milhões. Até o final deste semestre outros contratos semelhantes deverão ser firmados, também para LPT, mas são mantidos em sigilo.