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1 PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO de CONJUNTURA: PLANEJAMENTO FEVEREIRO de 2010 Nivalde J. de Castro Adriana Maria Dassie PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS – FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO

PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR … · usina de Belo Monte, após o IBAMA ter concedido a licença prévia. A licença prévia é a primeira das três licenças que

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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO

RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO de CONJUNTURA:

PLANEJAMENTO

FEVEREIRO de 2010

Nivalde J. de Castro Adriana Maria Dassie

PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS – FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO

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Índice SUMÁRIO EXECUTIVO.................................................................................................... 3 1 – PROJEÇÕES PARA DISPONIBILIDADE DE ENERGIA ...................................... 5

1.1 – Chuvas e Reservatórios ............................................................................................. 5 1.2 – Demanda/Consumo ................................................................................................... 5 1.3 – Oferta ......................................................................................................................... 7

2 – PLANEJAMENTO EMPRESARIAL .......................................................................... 8

2.1 – Investimento .............................................................................................................. 9 2.2 – Financiamento ......................................................................................................... 13 2.3 – Projetos Futuros....................................................................................................... 14

3 – ELETROBRÁS............................................................................................................. 16 4 – LEILÕES....................................................................................................................... 17 5 – TERMOELÉTRICAS.................................................................................................. 19

5.1 – Energia Nuclear ....................................................................................................... 19 5.2 – Gás Natural .............................................................................................................. 20 5.3 – Petrobras .................................................................................................................. 21

6 – OUTROS INSUMOS.................................................................................................... 23

6.1 – Energia Eólica ......................................................................................................... 23 6.2 – Biomassa.................................................................................................................. 24

Relatório Mensal de Acompanhamento da Conjuntura de Reestruturação1

Nivalde J. de Castro2

Adriana Maria Dassie3

1 Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro. 2 Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico. 3Assistente de Pesquisa do GESEL-IE-UFRJ

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SUMÁRIO EXECUTIVO

O nível dos reservatórios, em quase todas as regiões, encontra-se próximo do limite

máximo de sua capacidade. Esta situação e melhor do que a encontrada nos dois primeiros

meses de 2009.

O consumo de energia no mês de fevereiro bateu recorde, tanto em alguns estados

como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, como também o consumo nacional. No dia 03 de

fevereiro o consumo bateu a marca histórica nacional chegando a 70.400 MW. Problemas

de oferta apenas ocorreram de forma isolada. As razões destas interrupções estão sendo

investigadas pela Aneel que punirá as distribuidoras de acordo com as suas

responsabilidades por estes blecautes.

Assim como nos anos anteriores o BNDES continuará a financiar o setor elétrico,

para o período 2010 a 2013 o montante esperado é 35,67% superior ao volume financiado

de 2005 a 2008.

Finalmente depois de décadas de discussão o governo federal autorizou o leilão da

usina de Belo Monte, após o IBAMA ter concedido a licença prévia. A licença prévia é a

primeira das três licenças que fazem parte do processo de licenciamento ambiental. Se

cumpridas as condicionantes, a próxima etapa é a licença de operação, que autoriza o início

das obras. A última, a de operação, autoriza o funcionamento do empreendimento. Maior

empreendimento energético do PAC, Belo Monte terá potência instalada de 11 mil MW, a

segunda maior do Brasil, atrás apenas da Hidrelétrica de Itaipu, no Rio Paraná, que tem 14

mil MW.

O Brasil instalou 264 MW de novas centrais eólicas em 2009. O número representa

um crescimento de 77,4% com relação ao total de usinas que existiam no final do ano

anterior. Com isso, o ano passado fechou com um total de 605 MW de plantas que geram

energia a partir do vento. De acordo com a associação, a fonte eólica cresceu 31% no

mundo em 2009. Ao todo, 37,5 GW foram adicionados por todos os países. Assim, a

capacidade instalada mundial atingiu quase 158 GW. Um terço das plantas implantadas no

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ano passado pertence à China, que cresceu 100% com relação a 2008 e agora soma

25,1GW de potência.

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1 – PROJEÇÕES PARA DISPONIBILIDADE DE ENERGIA

1.1 – Chuvas e Reservatórios

O nível dos reservatórios na região Sul está próximo da capacidade máxima desde

setembro de 2009 e a região Sudeste tem índice de armazenamento similar a fevereiro de

2009. A região Norte praticamente dobrou a energia armazenada ao longo dos dois meses

de 2010 e a região Nordeste está 7% abaixo do armazenamento registrado em fevereiro de

2009. Contabilizando os quatro subsistemas, o nível os reservatórios está melhor no início

desse ano em relação ao mesmo período de 2009. Veja no gráfico 1 abaixo os percentuais

de armazenamento dos reservatórios, das quatro subregiões, ao longo de 2009 e nos dois

primeiros meses de 2010.

Gráfico 1: Nível dos Reservatórios dos Subsistemas do SIN

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

jan/09fev/09

mar/09abr/09

mai/09jun/09

jul/09

ago/09set/09out/09

nov/09

dez/09jan/10fev/10

Meses do Ano

Em %

SE/CO NE S N

Fonte: Elaborado pelo Gesel-IE-UFRJ com base nos dados do ONS

1.2 – Demanda/Consumo

Durante o mês de fevereiro o consumo de energia elétrica, no Brasil, bateu todos os

recordes do ano. No dia 01/02/10 o consumo foi de 64.541 MW, este nível foi superado já

no dia 3/02 chegando a 68 mil MW. No dia 03/02 o recorde de consumo bateu a marca

histórica chegando a 70.400 MW. Os recordes de consumo atingiram quase todas as

subregiões do SIN. Para evitar o colapso no sistema devido ao alto consumo gerado pelo

calor, a CEEE deixou 5 mil pontos sem luz na Capital do Rio Grande do Sul, promovendo

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desligamentos em diferentes locais da cidade a cada 15 minutos. A região Sul teve o quarto

recorde seguido com 13.355 MW. No Sudeste/Centro-Oeste, o recorde foi alcançado com

43.519 MW. Na região Norte, a demanda atingiu o pico com 4.381 MW.

Dados do ONS apontam que a demanda atingiu 70.654 MW, o que significa que

70% da capacidade de energia do país foi utilizada. Com a indústria a todo vapor e os

aparelhos de ar-condicionado ligados, o país precisou de mais energia que o normal. Em

janeiro, a demanda média diária já havia sido 10% maior que a registrada em 2009, de

56.031 MW ante os 49.979 MW de janeiro do ano passado. Além das altas temperaturas, o

aumento no consumo também está relacionado à mudança no perfil do consumidor

brasileiro, segundo análise de Helder Queiroz, professor do núcleo de energia da UFRJ.

"Existia uma demanda reprimida da linha branca, que foi atendida quando houve a redução

do IPI. Essa mudança no perfil do consumidor, que passou a ter acesso a ar condicionado

ajudou a aumentar o consumo".

Na visão de Pinguelli, da Coppe, da UFRJ, o calor, a recuperação da indústria e o

aumento da renda, no entanto, explicam os recordes de consumo. "É normal que o consumo

cresça a cada dia, ainda mais quando o rendimento está em alta e mais pessoas compram

eletrodomésticos". Adilson de Oliveira, também da UFRJ, diz que o calor é o fator

preponderante, o consumo de energia cresce com mais força. "Não creio que o consumo da

indústria tenha provocado esses picos. O setor ainda produz num ritmo menor do que antes

da crise”. Oliveira afirma ainda que haja "um crescimento brutal do consumo de energia",

baseado também no aumento do poder de compra provocado pelo ganho real do salário

mínimo. Tal efeito, diz, levou à expansão do número de eletrodomésticos adquiridos,

inclusive de aparelhos de ar condicionado.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afastou a possibilidade de o País

passar por um novo blecaute, apesar do aumento do consumo de energia verificado. Ele

admitiu que algumas térmicas foram acionadas para prover energia nesses dias de maior

consumo, mas enfatizou que "apenas algumas poucas" estão sendo utilizadas. Ainda de

acordo com ele, a utilização desse tipo de energia vem sendo feita porque o consumo acima

do normal exige providências especiais por parte do governo.

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No dia 20 de fevereiro encerrou-se o horário de verão. A economia de energia com

o horário de verão este ano, segundo MME, é estimada em 0,5%, o que corresponde a cerca

de 560 GWh no Sudeste e Centro-Oeste e de 226 GWh no Sul. Já a redução da demanda

deve ficar em 4,5% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste (1.900 MW), energia suficiente

para abastecer uma cidade com 5 milhões de habitantes. No Sul, a previsão é de 4,7% o que

representa 575 MW, correspondente a uma cidade com 1,5 milhão de pessoas.

1.3 – Oferta

Segundo o estudo feito pela Tendências Consultoria, baseado em dados oficiais para

um horizonte de cinco anos, os diversos projetos que devem entrar em funcionamento irão

gerar eletricidade suficiente para suportar um crescimento econômico de até 6,5% ao

ano.Trata-se de obras lançadas entre 2007 e 2009 que vão desde o mega complexo

hidrelétrico do Rio Madeira, até aquelas de pequeno porte, entre térmicas, pequenas

centrais hidrelétricas, usinas de biomassa e os leilões de eólica. Somados, serão 37,9 mil

MW a mais no sistema. O estudo não considera a hidrelétrica de Belo Monte, que ainda não

foi leiloada e ainda não tem data de inauguração, mas terá capacidade, sozinha, para mais

11 mil MW, a segunda maior do país depois de Itaipu."A situação até 2014 é bem folgada,

inclusive pela crise, que reduziu o consumo em 2009 e é como se tivesse nos dado um ano

a mais", explica o analista Walter de Vitto, responsável pelo estudo. "O risco que existe",

ressalva, "é de atraso na entrega desses projetos”.

Fontes próximas à Aneel observam que a agência começa a admitir a hipótese de

baixos investimentos em manutenção e operação das redes de distribuição de energia. No

fim do ano passado, o órgão regulador iniciou fiscalização específica no Rio, por conta de

um apagão na zona Sul. Este ano implementou uma nova metodologia de ressarcimento aos

consumidores que pode doer no bolso das distribuidoras. "Acreditamos que os baixos

investimentos em operação e manutenção sejam responsáveis pelos problemas", diz o

professor Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (GESEL), da UFRJ.

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2 – PLANEJAMENTO EMPRESARIAL

Com a entrada em operação do trecho Jauru-Vilhena, que liga Mato Grosso a

Rondônia, o antigo sistema isolado dos Estados do Acre (AC) e de Rondônia (RO) passou a

fazer parte do SIN. Essa interligação, realizada em 23 de outubro de 2009, reduz

significativamente o acionamento de usinas termelétricas locais e já produziu uma

economia de R$ 147 milhões, até o final de janeiro. Demais trechos do sistema Acre-

Rondônia ainda operam em circuito simples, apesar de terem sido planejados para entrar

em operação com duas linhas.

O atual estágio da interligação Acre e Rondônia ainda não representa toda a

capacidade de transmissão prevista para a interconexão desses estados. Como parte do

sistema ainda é alimentada por um único circuito radial (de Vilhena a Rio Branco), a

geração térmica de combustível fóssil ainda será necessária até a configuração final. Ela

prevê três circuitos entre Jauru e Porto Velho e a duplicação até Rio Branco, o que irá

melhorar as condições de suprimento. A expansão das fronteiras do SIN em direção à

região Norte compreende ainda dois grandes projetos: a interligação Tucuruí-Manaus-

Macapá e o sistema de escoamento da geração das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio

Madeira. Eles devem entrar em operação até 2012. A linha de transmissão Ji-

Paraná/Pimenta Bueno/Vilhena, que permitirá a interligação dos estados do Acre e de

Rondônia ao SIN. Atualmente são 1187,89 quilômetros de linhas de transmissão em 69

kV, 138 kV e 230 kV, e 1.786 MVA de capacidade de transformação. O gráfico 2 apresenta

uma ilustração da rota a ser seguida por esta linha de transmissão.

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Gráfico 2: Mapa da Interligação dos Estados do Acre e Rondônia ao SIN

Fonte: http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/pilares/transmissao/estados/rondonia/

O gás natural de Urucu, província petrolífera em plena selva Amazônica, já jorra em

Manaus desde novembro, depois de percorrer 660 km no gasoduto Urucu-Coari-Manaus.

Em busca de mais gás na Amazônia, a Petrobras prepara-se para um novo desafio: explorar

a reserva de Juruá, a 170 km de Urucu. Outro gasoduto será necessário para levar o gás de

Juruá até as zonas de consumo. Como na obra do Urucu-Manaus, terá de cruzar rios,

igarapés, morros e mata virgem. O trajeto previsto tem mais de 120 km entre o campo de

Araracanga/Juruá, que fica no município de Carauari, e a base de processamento de óleo e

gás do Polo Arara, em Urucu. Em dezembro, a companhia obteve a licença ambiental;

agora, começa a ir ao mercado para fazer as primeiras licitações de fornecimentos de

serviços e equipamentos.

2.1 – Investimento

O BNDES espera que os investimentos no setor de energia elétrica cheguem a R$

92 bilhões no quatriênio 2010-2013. Isso significa, segundo estudo do BNDES, um

crescimento médio de 6,3% ao ano. O montante é 35,7% superior aos R$ 68 bilhões

investidos entre 2005 e 2008. O segmento vai representar um terço dos R$ 274 bilhões em

investimento para os próximos anos. O principal destaque é a hidrelétrica do rio Madeira,

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Santo Antônio e Jirau, que receberão cerca de R$ 20 bilhões no período. O estudo inclue

também a hidrelétrica de Belo Monte, prevista para ser licitada até abril, que deve ter R$ 8

bilhões empregados. Já a usina nuclear de Angra 3 tem uma previsão de investimentos de

R$ 4 bilhões para o período de 2010 a 2013. O banco lista outros 70 projetos de energia

eólica que necessitarão de R$ 8 bilhões nos próximos anos.

A Chesf investirá R$ 633 milhões na expansão do seu sistema de transmissão de

energia elétrica neste ano. O valor será aplicado na construção de nove subestações e nove

linhas de transmissão, totalizando 1.411 km de novas LT's e 374 km de LT's recapacitadas.

Assim, serão adicionados 4.743 MVA em transformação e 433 MVAr de compensação à

sua rede. Isto corresponde a mais de 10% da capacidade de transformação instalada de seu

sistema. A construção reforçará o abastecimento elétrico na região Nordeste, nos estados do

Piauí, Ceará, Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba.

A Eletrosul conclui em junho a recapacitação das linhas de transmissão Salto

Osório-Pato Branco-Xanxerê e Salto Osório-Xanxerê, na região sudoeste do Paraná. Com

investimento de R$ 32 milhões, a obra vai aumentar a capacidade de transmissão entre as

principais bacias da Região Sul, Iguaçu e Uruguai, dos atuais 318 MVA para 450 MVA. O

reforço consiste na substituição de 324,4 km de cabos por outros com maior capacidade e

reforço das torres. "É uma obra muito importante para o sistema de transmissão do estado,

que se torna mais robusto e confiável tanto em situações normais quanto em casos de

emergência", comenta o gerente da Regional de Manutenção da Eletrosul na Região Oeste,

Ronaldo Lessa.

A Eletronorte vai investir cerca de R$ 62 milhões nos reforços das instalações da SE

São Luis II (500/230 kV), no Maranhão, num prazo de 28 meses, seguindo o cronograma

estabelecido pela Aneel. A empresa será remunerada com Receita Anual Permitida de R$

5,12 milhões. Com o aporte, será instalado um compensador estático em 230 kV, um

módulo de conexão de compensador também em 230 kV, com arranjo barra dupla a cinco

chaves, que aumentarão a capacidade de transmissão da SE e a confiabilidade do sistema. A

SE São Luis II atualmente atende 1,2 milhão de habitantes de quatro municípios - Paço do

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Lumiar, Raposa, São José de Ribamar e São Luis. Ainda para este ano, a Eletronorte prevê

investir mais R$ 227,5 milhões em reforços.

A Copel vai investir R$ 17 milhões na ampliação da subestação de Tangará,

localizada na região Industrial de Arapongas (PR). A planta, em 34 kV, terá um setor de

138 kV e um novo transformador com potência de 42 MVA. As obras já começaram e a

previsão de término é para primeiro semestre de 2011. Cerca de 580 indústrias e 713

estabelecimentos comerciais são atendidos pela subestação Tangará. Na última semana, a

Copel divulgou o balanço de 2009 com índice de crescimento de seu mercado de 3,1%.

Para este ano, a companhia pretende investir R$ 1,34 bilhão, com foco na área de

distribuição, que demandará R$ 761,8 milhões dos recursos.

A Celpa estima levar energia a cerca de 200 pessoas na Ilha de Marajó a partir de

julho. Por conta de dificuldades logísticas na região, a empresa desenvolveu um projeto

para a instalação de uma usina a vapor, que vai gerar cerca de 50 kW a partir da queima de

resíduos de uma fábrica de vassouras na localidade de Santo Antônio, que fica na cidade de

Breves, às margens do rio Itaquara. O protótipo, em parceria com a Universidade Federal

do Pará, demandou investimentos de R$ 900 mil.

O grupo colombiano ISA pretende investir US$ 1,8 bilhão em projetos em execução

no Brasil e no Peru este ano. Segundo o gerente da companhia, Luís Fernando Alarcón, a

empresa tem interesse principalmente em um projeto no sul do Peru que demandará grande

investimento para reforçar o sistema de transmissão de energia elétrica do país. O braço da

empresa ISA Capital do Brasil, que controla a Cteep informou que vai recomprar todos os

bônus emitidos no exterior com vencimento em 2017, que totalizam US$ 354 milhões. A

operação faz parte de um processo de reestruturação de dívidas em moeda estrangeira da

companhia.

A EDP Bandeirante, distribuidora do Grupo EDP, irá investir cerca de R$ 1,3

milhão na melhoria da rede de distribuição de energia elétrica em Guararema (SP). Só na

recuperação do circuito de rede parcialmente destruído pelas últimas chuvas na Avenida

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Ademar de Barros, a empresa irá aplicar cerca de R$ 700 mil. A previsão é de que as obras

sejam concluídas ainda no primeiro semestre de 2010.

A Ceron investirá quase R$ 120 mil no projeto Comunidades de Aprendizado em

Gestão Energética Municipal, que tem o objetivo de reduzir o desperdício de energia

elétrica. Atuando em 20 municípios de Rondônia, a meta da companhia é economizar 1.400

MWh/ano, o equivalente ao consumo de 840 residências. A metodologia do projeto abrange

os problemas mais comuns de desperdício de energia elétrica em municípios de até 30 mil

habitantes. Os técnicos eletricistas das prefeituras aprendem conceitos de eficiência

energética e noções de trabalho em equipe, entre outros temas. As localidades participantes

já economizaram, juntas, mais de 3.200 MWh/ano, o que equivale ao consumo de uma

cidade de quase 8 mil habitantes. O projeto é parte do Programa de Eficiência Energética da

Agência Nacional de Energia Elétrica, e foi aprovado devido ao trabalho conjunto da Ceron

com o Programa de Conservação de Energia Elétrica na Gestão Energética Municipal,

operado pela Eletrobrás.

A Tractebel Energia planeja investir R$ 2,2 bilhões em 2010, segundo Manoel

Zaroni, presidente da companhia. O foco da empresa será a entrada em operação da

hidrelétrica de Estreito (1.087 MW). A usina foi repassada pela GDF Suez a empresa no

fim do ano passado e tem previsão de entrada em operação no primeiro trimestre de 2011.

Por isso, boa parte do investimento da companhia será para pagar a parte da GDF Suez,

40,07%, no empreendimento. O ano de 2010 será marcado ainda pela entrada em operação

da pequena central hidrelétrica Areia Branca e da térmica a cogeração de biomassa

Andrade. O investimento previsto para esse ano é significativamente maior do que o

registrado no ano passado. Com os novos empreendimentos, a perspectiva é que a

capacidade instalada pule dos 6,4 GW atuais para 8,6 GW em 2013.

A Light lançou dia 10/02 o Programa Rio Energia 2016, que visa desenvolver

projetos de cogeração e infraestrutura energética no Rio de Janeiro, voltados principalmente

para a demanda da Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas de 2016. De acordo com a Light

Esco, o consumo adicional anual de energia, somente na área de concessão da companhia,

deve atingir os 1.555 GWh em 2016. Além disso, os próximos seis anos deverão demandar

13

investimentos em projetos públicos e privados no Rio de cerca de R$ 78 bilhões. "Isso

mostra o enorme potencial de negócios em energia para o desenvolvimento da cidade e do

estado", afirma o Superintendente da Light Esco, Marco Antonio Donatelli. A Light vai

investir R$ 700 milhões em 2010, dos quais R$ 200 milhões serão aplicados na redução de

perdas, de acordo com o vice-presidente de Relações com Investidores da empresa, Ronnie

Vaz Moreira. Segundo ele, entre os investimentos para combate as perdas, está prevista a

instalação de 122 mil medidores eletrônicos. O objetivo da companhia é reduzir em 500

GWh as perdas elétricas neste ano, reduzindo o índice para abaixo da meta regulatória de

38,68%, definida pela nova metodologia da Aneel. Em 2009, a Light fechou este indicador

em 42,4%. Segundo Moreira, o programa de combate às perdas da companhia foi

prejudicado no ano passado pela demora Inmetro em autorizar a instalação destes

medidores.

2.2 – Financiamento

Diretores da Luzboa S.A estiveram na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas

Gerais (BDMG), em Belo Horizonte, para assinar o contrato de financiamento com o

Banco para a construção de duas pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s), nos municípios

de Oliveira, no Centro-Oeste do Estado, e Nepomuceno, no Sul de Minas. Do investimento

total de R$ 18,5 milhões, R$ 12,1 milhões estão sendo financiados pelo BDMG, com

recursos do BNDES FINEM. Localizada no município de Oliveira, no rio Jacaré, a PCH

Oliveira está em fase final dos testes de operação, com capacidade instalada de 2,8 MW, o

suficiente para iluminar uma cidade de 12 mil habitantes. Para este projeto o investimento é

de cerca de R$ 12,1 milhões, com R$ 7,6 milhões financiados pelo BDMG. A PCH Couro

do Cervo está sendo implantada no ribeirão São João, município de Nepomuceno. O

objetivo é a geração de energia elétrica hidráulica, com capacidade instalada de 1,5 MW.

Na PCH Couro do Cervo, o investimento total é de R$ 6,4 milhões, dos quais R$ 4,5 serão

financiados pelo BDMG. Estas duas unidades serão responsáveis por uma redução de,

aproximadamente, 90 mil toneladas de CO2 pelo período em que a energia já se encontra

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vendida, contribuindo desta forma para o desenvolvimento sustentável do Estado de Minas

Gerais.

A carteira do BNDES para energia eólica conta atualmente com 12 parques que

somam cerca de 1 GW de capacidade e R$ 5 bilhões em investimentos. Destes, R$ 3,2

bilhões serão financiados pelo banco. Já estão contratados oito parques com 676 MW

capacidade - 374 MW em operação - e que demandarão desembolsos de R$ 2 bilhões para

um investimento integral de R$ 3,4 bilhões, informou o gerente do Departamento de

Energia Elétrica, Luis André D´Sá Oliveira. Vestas e Siemens assinaram acordo que

estipula que as empresas atinjam conteúdo local de 60% num prazo de três anos - partindo

de um mínimo de 40% - para que o BNDES possa financiar 80% do valor dos

equipamentos. A carteira de projetos eólicos do Banco do Nordeste conta o gerente

Henrique Tinoco, conta com nove parques que representarão um desembolso de R$ 1,08

bilhão.

A Chesf receberá R$ 40 milhões em financiamento do Banco do Nordeste Brasileiro

para obras de transmissão. Serão beneficiadas as unidades Cabo de Santo Agostinho,

Condado, Ipojuca e Petrolândia, em Pernambuco; Paulo Afonso e Teixeira de Freitas, na

Bahia; Campina Grande, na Paraíba; e Assu, no Rio Grande do Norte. Além desse

financiamento, o consórcio Nordeste, formado pela Chesf e pela ATP Engenharia, entregou

ao BNB, na última quinta-feira, 18 de fevereiro, uma carta consulta no valor de R$ 200

milhões para financiar a construção de uma linha de transmissão de reforço.

2.3 – Projetos Futuros

A empreiteira Camargo Corrêa recebeu o aval do Palácio do Planalto para constituir

uma superelétrica na área de distribuição de energia. A construtora assumiu no ano passado

o comando da CPFL e conta agora com o apoio do governo para comprar o controle da

Eletropaulo e da AES Sul, além de adquirir da Previ e do BB a sua participação no grupo

Neoenergia. Se concretizadas as duas operações, a empreiteira terá nas mãos uma gigante

que abastecerá mais de um terço do mercado nacional, incluindo praticamente todo o

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Estado de São Paulo e três Estados do Nordeste. No caso de uma união entre CPFL,

Eletropaulo e Neoenergia, a maior sinergia estaria na ligação entre as duas primeiras,

principalmente devido à proximidade geográfica.

A Paraíba deve ser o primeiro estado brasileiro a ter uma usina termossolar. O

pioneirismo do estado é resultado de um dos sete protocolos de intenções assinados pelo

governador, José Maranhão, esta semana. A usina termossolar de Coremas terá capacidade

de geração de 50 MW e a sua construção vai gerar cerca de 2 mil empregos no município

de Coremas. Serão investidos no empreendimento cerca de R$ 400 milhões. As condições

estruturais existentes e os incentivos oferecidos pelo governo do estado dentro da política

de crescimento industrial foram as razões pelas quais a Paraíba foi o estado escolhido para

a instalação da usina.

Deve entrar em funcionamento até o final deste ano a primeira usina elétrica movida

a ondas do Brasil, instalada na área do Porto de Pecém, na cidade de Fortaleza (CE). Trata-

se de um projeto-piloto, desenvolvido pela UFRJ, que usa a movimentação do mar para

mover as turbinas e, a partir disso, gerar energia. As primeiras obras para abertura da área

de 200 metros quadrados a ser ocupada começaram a ser feitas neste mês, bem como as

negociações para compra das turbinas e equipamentos necessários, orçadas em R$ 12

milhões. A estrutura da usina será suficiente para gerar 100 quilowatts, o equivalente ao

consumo médio de 60 residências, o que pode ser utilizado para fornecer para o projeto Luz

Para Todos ou para o abastecimento de parte do complexo vizinho ao Porto de Pecém.

Até o final do ano a malha de gasodutos deve dobrar, passando de 5.000

quilômetros em 2003 para 10.000 quilômetros. Atualmente, o país tem 9.217 quilômetros

de gasodutos. O investimento na expansão da malha já soma R$ 26 bilhões durante o

governo Lula. "Em relação a linhas de transmissão, fizemos, em sete anos, 30% de tudo que

já tinha sido construído em mais de 123 anos do setor no país" - comparou Lula.

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3 – ELETROBRÁS

A Eletrobrás estuda há quatro meses a sua entrada no mercado de transmissão de

energia nos EUA. Seu presidente, José Antônio Muniz, informou que analisa ativos para

comprar e descarta participar de leilões. "Este ano não dará tempo, mas no próximo já

teríamos condições", disse. Ele ressaltou que a Eletrobrás pode contribuir com o projeto de

interligação dos EUA, pois tem expertise na área. "O sistema interligado nacional talvez

seja o maior do mundo. Já nos EUA, há pouca integração.” Também faz parte do plano de

internacionalização da Eletrobrás buscar a integração da América Latina.

A Eletrobrás espera realizar, ainda neste primeiro semestre, uma capitalização de

US$ 2 bilhões. A ação ainda precisa de aprovação do governo. Segundo afirmou hoje o

presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz, a operação servirá de hedge (proteção) para

a receita gerada em dólar, proveniente de Itaipu, e impedirá que se repitam as perdas

financeiras devido ao câmbio, a serem registradas no balanço da companhia em 2009.

Seguindo sua política de internacionalização, a Eletrobrás pretende participar dos

leilões de compra de energia que serão realizados no Peru no primeiro trimestre deste ano.

De acordo com o superintendente de Operações no Exterior, Sinval Gama, a empresa

observa os preços da concorrência para avaliar a viabilidade econômica dos

empreendimentos. O país vizinho passa por um período de pouca contratação em leilões.

Gama avalia que o preço-teto da energia tem afugentado os investidores. "Os

empreendedores do Peru não estão satisfeitos com o preço que está sendo ofertado, mais ou

menos US$ 50/MWh. Este não é um bom valor. É por isso que o mercado lá está parado",

comenta o executivo. Previstas para março, as licitações serão realizadas nos moldes das

concorrências brasileiras, o que pode atrair empresas que atuam no Brasil.

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4 – LEILÕES

Depois de mais de duas décadas de discussão, o governo federal autorizou, no inicio

do mês de fevereiro, o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, que deverá

ocorrer no começo de abril. A licença ambiental foi emitida com 40 condicionalidades e a

exigência de investimentos extraordinários de R$ 1,5 bilhão por parte dos construtores.

Esse valor poderá elevar o custo da energia gerada na usina, previsto anteriormente por

bancos de investimento em cerca de R$ 70 por MWh. Essa quantia poderá elevar o valor

total das medidas compensatórias para além dos R$ 2,5 bilhões antes previstos pela EPE

para os custos socioambientais do projeto.

O MME publicou no dia 4 de fevereiro, no DOU, a Portaria nº 54, que define prazo

de cadastro e habilitação para empreendedores que pretendam propor a inclusão de

aproveitamentos ou projetos hidrelétricos no Leilão de Contratação de Energia Proveniente

de Novos Empreendimentos, denominado "A-5". O Leilão A-5 será realizado ainda no

primeiro semestre de 2010. A energia elétrica proveniente de PCHs e de UHEs será objeto

de CCEAR na modalidade por quantidade de energia com prazo de duração de 30 anos.

O anúncio da realização de um leilão para a contratação de energia proveniente de

PCHs, usinas a biomassa e centrais eólicas é vista por associações do setor elétrico como

um passo importante para o desenvolvimento dessas fontes, já que a realização de certames

regulares é uma unanimidade entre os agentes. "É uma importante sinalização para o

segmento. Espero que isso faça parte de uma política efetiva envolvendo também

financiamentos diferenciados e aspectos mais amplos, como a questão da conexão ao

sistema", afirmou Zilmar de Souza, assessor de bioeletricidade da Unica. Segundo ele, as

usinas de biomassa têm condições de se organizar rapidamente para atender à demanda a

ser contratada pelo governo. "O setor tem esse vigor. Em 2010 devemos agregar 2.000mW

ao sistema. Agora vai depender das condições do leilão e de quanto será contratado".

Um leilão para os sistemas isolados, específico para a fonte biomassa, deverá

acontecer até o dia 9 de abril. Os contratos terão início de suprimento nos anos de 2011 a

2013. O lastro para venda de energia pelos empreendimentos participantes do leilão será

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definido por portaria da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do

MME, a partir das informações declaradas pelo empreendedor. O contrato de

comercialização de energia será celebrado na modalidade de quantidade de energia e

potência associada, com prazo de suprimento de 15 anos.

De acordo com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício

Tolmasquim, já está confirmado um novo leilão de energia de reserva para este ano no qual

poderão ser comercializados energia da biomassa, PCHs e também de origem eólica. O que

animou o governo foi o sucesso do leilão do ano passado em que se comercializou 1.800

MW de capacidade instalada de energia eólica. Tolmasquim diz que o plano decenal de

energia deverá trazer um projeto com uma boa quantidade anual de energia alternativa. A

venda de energia eólica no mercado livre se tornou possível depois que o primeiro leilão do

governo estabeleceu um patamar de preço para esse tipo de energia e que se mostrou

competitivo com outros tipos de energia incentivada.

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5 – TERMOELÉTRICAS

A confortável situação dos reservatórios de acumulação de água das usinas

hidrelétricas do país não impediu que ONS precisasse recorrer à geração térmica

convencional para complementar o abastecimento, especialmente nas regiões Sudeste e

Centro-Oeste. No dia 2, a geração térmica convencional média foi de 2.472 MW,

equivalente a 4,11% da carga total fornecida pelo SIN. No dia 10 de novembro, quando

aconteceu um blecaute nacional, as térmicas estavam gerando 970 MW, ou 1,77% da carga

fornecida. O calor e a atividade industrial têm deslocado o pico de consumo, que acontece

normalmente entre 18h30 e 20h, para o meio da tarde. Mesmo na média, o consumo está

alto. No dia 2, a carga foi de 60.155 MW médios, bem acima dos 55,5 mil MW previstos

como média deste ano.

A substituição do óleo combustível e do diesel pelo gás natural nas termoelétricas

de Manaus vai permitir que, anualmente, 1,2 milhões de toneladas de gás carbônico deixem

de ser liberadas na atmosfera. O benefício ambiental é grande, pois parte do gás de Urucu

que não era reinjetado nos poços vinha sendo queimado na atmosfera no processo de

produção de petróleo. O presidente da Eletrobrás, empresa que faz a conversão das

térmicas, José Antonio Muniz Lopes, afirmou que está correndo contra o tempo para

concluir a tarefa nas sete térmicas até 30 de setembro. A partir dessa data a Petrobras não

vai mais fornecer óleo combustível para termelétricas da região.

5.1 – Energia Nuclear

A Areva assinou contrato de cinco anos no valor de US$ 32,7 milhões com as

Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para fazer a conversão de concentrado de urânio

(yellowcake) em hexafluoreto de urânio sob estado gasoso - etapa anterior ao

enriquecimento do urânio. O contrato visa assegurar o fornecimento de combustível para as

usinas termonucleares Angra I e II (2007 MW, ao todo). Para abastecer a futura usina de

Angra 3, a INB pretende ser autossuficiente em todo o ciclo do combustível nuclear, desde

a extração à transformação do urânio em pastilhas. Hoje, a empresa já é capaz

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tecnologicamente disso, mas o enriquecimento ainda é feito em pequena escala na Fábrica

de Combustível Nuclear, em Resende (RJ).

5.2 – Gás Natural

O mercado de GNL do Sul de Minas deverá crescer anualmente cerca de 500 mil

m3/d a partir de 2011, com a entrada em operação do gasoduto Paulínia-Jacutinga, afirmou

o gerente geral de Implementação de Empreendimento de Gás e Energia da Petrobras,

Marcelo Restum. A expectativa é que até o fim do ano o volume de gás contratado para a

região atinja 250 mil m³/dia. Para atender a demanda, a Petrobras construiu em Jacutinga

(MG) um ponto de entrega com capacidade para 1,25 milhões de m³/dia. O novo gasoduto

atenderá principalmente a demanda industrial da região. Com capacidade de transporte de 5

milhões m³/dia e 93 km de extensão, o ramal contou com investimentos da ordem de R$

275 milhões. Com os dois gasodutos - Paulínia-Jacutinga e Gasbel II - a Petrobras amplia

em quatro vezes a capacidade de transporte de gás natural para Minas Gerais, que passa de

3,2 milhões m³/dia para 13,2 milhões m³/dia.

A Petrobras decidiu rever o cronograma de produção de suas plataformas de gás

natural na Bacia de Santos, nos campos de Mexilhão e Uruguá-Tambaú, que entram em

operação este ano. Segundo a diretora de Gás e Energia da estatal, Graça Foster, a

perspectiva é de que o pico de produção seja transferido do período 2010/2011 para 2014,

devido à retração na demanda nacional. Juntos, os dois campos vão produzir um total de 18

milhões de metros cúbicos por dia. "Vamos postergar o ramp-up destas unidades, na

medida em que existam alternativas mais vantajosas para atender a demanda por gás no

País, como é o caso do Gás Natural Liquefeito (GNL), que estamos importando

constantemente para Pecém, aproveitando os bons preços atuais existentes no mercado

internacional”.

O Brasil em breve se tornará autossuficiente na oferta de gás natural e não

dependerá mais das importações do combustível da Bolívia. O anúncio foi feito, durante o

mês, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a inauguração do Gasduc III,

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gasoduto de 179 quilômetros de extensão que ligará Cabiúnas, em Macaé, à refinaria

Reduc, em Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. Lula lembrou a crise que o

Brasil viveu há três anos com a Bolívia. No impasse, as importações de gás daquele país

ficaram ameaçadas. De acordo com o presidente, a partir desse momento, o governo

decidiu trabalhar para não ter que depender mais do fornecimento de outro país. “Hoje, nós

precisamos do gás da Bolívia, mas não somos dependentes apenas do gás da Bolívia”.

A Petrobras produziu menos gás natural em 2009 e queimou quase o dobro do

volume em relação a 2008. Segundo dados estatísticos ANP, atualizados até o mês de

dezembro, o País produziu em média 57,921 milhões de m3 por dia em 2009, volume 2%

menor do que em 2008. Deste total, 9,38 milhões de m3 foram queimados por dia, volume

56,5% maior do que em 2008. Em julho do ano passado, a estatal atingiu o recorde absoluto

de queima, com média mensal de 13 milhões de m3. O volume médio diário de gás

queimado em 2009 também é recorde em um ano. Da produção nacional, o total destinado

ao mercado consumidor (térmico, industrial, residencial e automotivo) chegou a 28,169

milhões de m3 por dia, o que equivale a uma queda de 18,5% em relação ao ano de 2008.

Neste item, vale lembrar também que a companhia reduziu em 2009 a importação média de

gás boliviano de 30 milhões de m3 diários para 21,5 milhões.

5.3 – Petrobras

No dia 2 de fevereiro o ONS enviou a Petrobras pedido para a geração térmica de

3.234 MW. Segundo a diretora de Gás e Energia da companhia, Maria das Graças Foster,

para gerar o montante total foram necessários 17 milhões de m3 de gás natural. A Petrobras

tem um Termo de Compromisso firmado com a Aneel de fornecimento prioritário de gás

para termelétricas.

Nos últimos anos, o Brasil investiu pesadamente em blocos marítimos com grande

potencial de extração de gás, mas, no início deste mês, a Petrobrás anunciou o adiamento,

de 2010 para 2014, da extração máxima do insumo do Campo de Mexilhão, na Bacia de

Santos. Reduziu-se, portanto, o interesse da Petrobrás em investimentos em gás. A

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empresa, temerosa da falta de retorno no prazo desejado, está mais interessada em outros

projetos. Ainda assim, a estatal mantém presença avassaladora no mercado do gás, o que

explica a maratona dos empresários aos Ministérios, ao Congresso, à agência reguladora e

aos órgãos da defesa da concorrência, na tentativa de criar concorrência e favorecer a queda

de preços.

A Petrobras vai lançar, a partir de 16 de março, uma nova modalidade de leilão de

gás natural para as distribuidoras interessadas em comprar, por preços menores que os

contratados, volumes adicionais do insumo. Agora, além do leilão padrão, haverá

negociações semanais adicionais nas quais as distribuidoras poderão adquirir novos

volumes de gás. A estatal já realiza leilões de gás natural desde o ano passado, e as

distribuidoras obtiveram, em média, uma redução de 41% nos preços em comparação aos

contratos de longo prazo que têm com a estatal.

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6 – OUTROS INSUMOS

As concessionárias que utilizarem, mesmo que parcialmente, a energia proveniente

de lixões terão preferência na contratação de serviço de eletrificação, de acordo com o PL

494/09. O texto recomenda que a União incentive a adoção de projetos que possibilitem a

reciclagem e o aproveitamento alternativo do lixo urbano. O PL prevê que sejam

estabelecidas, em municípios com mais de 200 mil habitantes, metas para a substituição

progressiva de lixões por aterros sanitários, pré-requisito para projetos de geração de

energia elétrica a partir dos gases de decomposição do lixo urbano.

No Brasil, 46% das fontes de energia são renováveis, enquanto que a média mundial

é de apenas 13%. Os dados estão no Boletim de Economia e Política Internacional do Ipea

divulgado dia 9 de fevereiro. Segundo o relatório, o país só alcançou este estágio graças à

produção de eletricidade por hidrelétricas, que corresponde a 15% do total de energia

renovável, uso de lenha e carvão vegetal (comum nas termelétricas), com 12%, e,

sobretudo, pela utilização de produtos da cana-de-açúcar, com 16%. Outras formas de

energia renovável respondem por 3%.

6.1 – Energia Eólica

A capacidade de geração de energia eólica no Brasil aumentou 77,7% em 2009, em

relação ao ano anterior. Com isso, o país passou a ter uma capacidade instalada de 606

MW, contra os 341 MW de 2008. Os dados, divulgados pelo Conselho Global de Energia

Eólica (GWEC, na sigla em inglês), mostram que o Brasil cresceu mais do que o dobro da

média mundial: 31%. O crescimento brasileiro foi maior, por exemplo, que o dos Estados

Unidos (39%), o da Índia (13%) e o da Europa (16%), mas menor que o da China, (107%).

O Brasil também cresceu menos do que a média da América Latina, cujo aumento foi de

95%, puxado, em grande parte, pelas expansões de capacidade do México (137%), Chile

(740%), da Costa Rica (67%) e Nicarágua (que saiu de zero para 40 MW).

O Brasil responde por cerca da metade da capacidade instalada para geração eólica

de energia na América Latina. Para o diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia

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Eólica (ABEEólica), Pedro Perrelli, o desenvolvimento do parque eólico do país só não é

maior porque o Brasil tem muita capacidade hidrelétrica instalada e potencial. "A energia

eólica é importante, porque ela é complementar a esse potencial hidráulico. Inclusive

porque ela não consome água, que é um bem cada vez mais escasso e vai ficar cada vez

mais controlado", disse Perrelli. De acordo com a ABEEólica, a capacidade instalada de

energia eólica no Brasil deve crescer ainda mais nos próximos anos.

6.2 – Biomassa

Um projeto da Cogen, em parceria com a Unica e com entidades do setor

sucroalcooleiro, pretende viabilizar a implantação de 1 mil MW por ano de energia

proveniente da biomassa entre 2011 e 2020, totalizando 10 mil MW. De acordo com o

presidente da Cogen, Carlos Roberto Silvestrin, para se chegar aos números pretendidos,

serão necessários investimentos entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões. Somente nesse ano, já

estão programados pelo menos dois leilões que incluem a biomassa: o leilão de reserva -

que conta também as eólicas e as PCHs - e o leilão de biomassa para o sistema isolado.

Para Silvestrin, a expectativa para o leilão de reserva, que deverá ocorrer no segundo

trimestre, é muito boa porque há uma retomada dos investimentos em bioeletricidade. Ele

disse ainda que a fonte tenha plenas condições de concorrer com as PCHs no leilão de

reserva.