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Pastejo Rotacionado Sistema de Pastejo Rotacionado  Autor: Adilson de Paula Almeida Aguiar Prof. de Pastagens e Plantas Forrageiras I e Zootecnia III (Bovinocultura de corte e leite) da FAZU e de Agrostologia da Universidade de Uberaba e consultor de empresas de pecuária  1. Introdução            Um sistema de pastejo constitui uma combinação definida e integrada do animal, da planta, do solo e de outros componentes do ambiente e os métodos de pastejo  pelos quais o sistema é manejado para atingir resultados ou objetivos específicos (RODRIGUES e REIS, 1997)  Na maioria dos trabalhos sobre sistemas de pastejo, os autores procuraram comparar o contínuo com o rotativo, comumente conhecido por aqui como pastejo rotacionado. Nos últimos anos os termos: pastejo continuo e pastejo rotacionado foram substituídos pelos termos lotação continua e lotação rotacionada  (RODRIGUES e REIS (1997); HERLING et al., (2001); MARASCHIN (2001)), mas neste trabalho continuaremos a adotar a terminologia anterior devido à ainda maior familiaridade com esta.  No pastejo contínuo, a pastagem é utilizada sem descanso durante todo o ano, ou durante várias estações, podendo ser com carga fixa (o número de animais é fixo) ou com carga variável (o número de animais varia ao longo do ano, de acordo com a disponibilidade de forragem). No pastejo rotacionado, a pastagem é subdividida em um número variável de piquetes, que são utilizados um após o outro, podendo também ser com carga fixa ou variável. 1 / 71

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Pastejo Rotacionado

Sistema de Pastejo Rotacionado

 Autor:

Adilson de Paula Almeida Aguiar

Prof. de Pastagens e Plantas Forrageiras I e Zootecnia III (Bovinocultura de corte e leite) daFAZU e de Agrostologia da Universidade de Uberaba e consultor de empresas de pecuária

 1. Introdução

             Um sistema de pastejo constitui uma combinação definida e integrada do animal, daplanta, do solo e de outros componentes do ambiente e os métodos de pastejo   pelosquais o sistema é manejado para atingir resultados ou objetivos específicos (RODRIGUES eREIS, 1997)

 Na maioria dos trabalhos sobre sistemas de pastejo, os autores procuraram comparar ocontínuo com o rotativo, comumente conhecido por aqui como pastejo rotacionado. Nosúltimos anos os termos: pastejo continuo e pastejo rotacionado foram substituídos pelostermos lotação continua e lotação rotacionada   (RODRIGUES e REIS (1997); HERLING etal., (2001); MARASCHIN (2001)), mas neste trabalho continuaremos a adotar a terminologiaanterior devido à ainda maior familiaridade com esta. 

No pastejo contínuo, a pastagem é utilizada sem descanso durante todo o ano, ou durantevárias estações, podendo ser com carga fixa (o número de animais é fixo) ou com cargavariável (o número de animais varia ao longo do ano, de acordo com a disponibilidade deforragem). No pastejo rotacionado, a pastagem é subdividida em um número variável depiquetes, que são utilizados um após o outro, podendo também ser com carga fixa ou variável.

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Segundo EUCLIDES et al. (1989) qualquer sistema de pastejo engloba dois fatores: afreqüência de pastejo, que é determinada pelos dias de pastejo e dias de descanso, e aintensidade de pastejo, determinada pela pressão de pastejo. A manipulação destas variáveis determina o sistema de pastejo. Os sistemas de pastejo são agrupados em sistemas depastejo contínuos; diferidos; com descanso; rotacionados e sistemas combinados de pastejo.A manipulação das três principais variáveis do pastejo, número de animais, tempo de pastejo,intervalo de pastejos, determinam os seguintes métodos de pastejo: contínuo com carga fixa;continuo com carga variável; rotacionado com carga fixa; rotacionado com carga variável;pastejo rotacionado com dois grupos de animais; pastejo em faixa; pastejo diferido ou protelado; creep-grazing e "creep grazing   avançado"(VIEIRA, 1997).

 SIMÃO NETO et al. (1986), citou que os sistemas de pastejo rotacionado têm sidoaclamados como um dos meios de aumentar a produção de forragem há pelo menos quatroséculos. MARASCHIN (1986), reportou que o primeiro sistema de pastejo rotacionado,conduzido dentro de princípios de morfofisiologia do crescimento de plantas forrageiras parece ter sido desenvolvido na Alemanha no final de 1770 e depois introduzido na Inglaterra.

 Autores como Wheller (1962); Barreto (1976); Mannetje et al. (1976); Whiteman (1980);Blaser (1982); Thomas e Rocha (1985), citados por RODRIGUES (1988), compararam ossistemas de pastejo rotacionado e continuo, e chegaram a resultados bastante conflitantes econtrovertidos em relação aos méritos de cada um. Em alguns trabalhos houve uma melhoriana cobertura vegetal da pastagem, mas não teve influência sobre a produção animal. Emoutros trabalhos houve aumento na produção animal, mas não resultou em efeitos benéficos para a pastagem.

Segundo RODRIGUES e REIS (1997) um sistema de pastejo ideal é aquele que permite maximizar a produção animal sem afetar a persistência das plantas forrageiras. A escolha deum sistema de pastejo é bem mais complexa do que simplesmente se adotar algumastécnicas de manejo, haja vista que envolve uma série de variáveis interagentes, tais como aplanta forrageira, o animal, o clima e o solo. Além destas variáveis, estudos de Riewe (1965),citados por RODRIGUES (1988), demonstraram um efeito significativo da pressão de pastejosobre o desempenho animal independente do sistema de pastejo utilizado. Desse modo, qualquer sistema de pastejo poderá resultar em ótimo desempenho animal, pois o maisimportante é o consumo de energia, o qual está relacionado com a disponibilidade daforragem, proporção de folhas na pastagem, digestibilidade e consumo de forragem (RODRIG

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UES, 1988).  Então resta-nos saber qual é o melhor sistema de pastejo para atender as exigências decrescimento da planta forrageira e para melhorar a eficiência na colheita de forragem.Segundo SILVA (1995), o manejo das pastagens assume papel fundamental na produtividadeanimal, uma vez que é somente através do conhecimento, manipulação e alocação corretados fatores de produção, solo-clima-planta forrageira-animal, é que será possível obter produtividade e rentabilidade favoráveis dentro de qualquer sistema de produção animal.

           

 

2. Fatores que influenciam os resultados da produção animal nos sistemas de pastejo

 

2.1 - A  espécie  forrageira e o sistema de pastejo

                                                                                                                                                Segundo MARASCHIN (1986), o pastejo rotacionado deve ser adotado para plantas quenecessitam de um período de descanso para acumular e recuperar as reservas orgânicas;para permitir a regeneração da pastagem sem a interferência do animal e prevenir aeliminação das espécies mais aceitas pelos animais.

             Sobre a espécie forrageira, nos vários trabalhos revisados (CORSI, 1980); (CORSI, 1986); (MARASCHIN, 1986); (SIMÃO NETO et al., 1986); (BARRETO, 1976) parece que osautores estão de acordo que plantas eretas, de porte alto e com ritmo de crescimento acelerado, como as forrageiras das espécies Panicum maximum (Colonião, Tobiatã, Tanzânia, Mombaça), Pennisetum purpureum (Capim Elefante), Andropogon gayanus

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(Capim Andropogon), Hyparrhenia rufa(Capim Jaraguá) e Setariaspp, são mais adaptadas ao sistema de pastejo rotacionado, enquanto as forrageiras de portebaixo, estoloníferas ou semi-prostradas, se prestam mais ao sistema de pastejo contínuo.

Segundo MARASCHIN (1986), em plantas eretas, as melhores rebrotas são possíveis de ocorrer quando os períodos de pastejo são de curta duração (três a oito dias), pois permitemmelhor controle da condução de resíduo para valores desejáveis de índice de área foliar (IAF)e de glicídios de reserva.

 Em pastagens formadas por forrageiras de alto potencial de produção e manejadas empastejo contínuo, com baixa lotação, ocorre como conseqüência o pastejo desuniforme. Nestacondição é comum aparecerem áreas sub-pastejadas e super-pastejadas dentro de ummesmo pasto. Nas áreas super-pastejadas, onde os animais concentram o pastejo por haverrebrota constante, ocorre o aparecimento de plantas invasoras de hábito de crescimentorasteiro como o Gramão (Paspalum notatum), a Grama Paulista (Cynodon dactylon) e váriasinvasoras de folha larga. É comum também que essas áreas super-pastejadas fiquem com osolo descoberto, ocorrendo um encrostamento em sua superfície. Na maioria das situações,estas áreas super-pastejadas estão próximas aos bebedouros, saleiros e malhadouros dogado. Nas áreas sub-pastejadas, a forragem é rejeitada pelos animais porque fica envelhecidae lignificada. O pecuarista geralmente procura adotar algumas práticas conhecidas como "condicionadores de pastejo", na tentativa de obrigar os animais a consumirem aforragem envelhecida. A mudança de saleiros de lugar é uma das práticas mais utilizadas.Quando trabalhamos com forrageiras de porte baixo, de crescimento rasteiro, ou comforrageiras de crescimento lento, estes condicionadores ainda podem funcionar, mas quandoutilizamos forrageiras de porte alto, de crescimento ereto e com ritmo de crescimentoacelerado, esta prática é ineficiente.

  Em um manejo racional do gado, os saleiros devem ficar localizados o mais próximo possível das aguadas e bebedouros para que haja um estímulo para a maior ingestão damistura mineral. Obrigar o animal a andar por longas distâncias para consumir o sal é umaatitude irracional. Em dias muito quentes, principalmente para animais cruzados ou de purosangue europeu, o consumo de sal ficará comprometido se os saleiros estiverem muitodistantes da água. COSTA e CROMBERG (1997) citaram que a localização da fonte deágua na pastagem define o grau de utilização da forragem, pois o gado prefere se alimentarem áreas até 200 m da água e pode evitar áreas a mais de 600 m. Os animais só passam autilizar a forragem a mais de 1,6 Km da água quando, de 40% a 50% da forragem próxima àágua foi consumida. Este dado sugere que em pastos com áreas menores, onde a fonte de

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água fica mais próxima para os animais, é mais fácil se conseguir pastejo uniforme.

O pecuarista ainda lança mão de outras estratégias como o uso de roçadeiras, ou o fogo, ou adivisão da pastagem com uso de cercas. Estas alternativas podem ser eficientes no curtoespaço de tempo, mas implicam na elevação de custos, no caso das roçadas e da divisão depastos, ou são prejudiciais ao solo, como no caso da queima, que diminui a maior riqueza dossolos tropicais: a matéria orgânica, componente que mais contribui para o desenvolvimento decargas negativas, aumentando a CTC do solo (VAN RAIJ, 1991); (CORSI e NUSSIO,1993). AGUIAR (1998)sugeriu que primeiro o pecuarista deve tentar uniformizar o pastejo juntando o gado em lotesmaiores e adotando o pastejo rotacionado, haja vista que esta alternativa não demanda investimentos, mas apenas a adoção de correto manejo da pastagem. Se após usar estaalternativa, o pastejo ainda continuar desuniforme, o pecuarista deverá fazer as divisões dospastos.

Nas plantas forrageiras tropicais, devido à sua elevada taxa de crescimento, ocorre umaqueda muito rápida do seu valor nutritivo e de sua digestibilidade com o avanço damaturidade. Como os animais têm preferência pelas rebrotas tenras em áreas já pastejadas,torna-se imperioso dividir as áreas das pastagens ou aumentar o rebanho para produzirpastejo uniforme (CORSI, 1980). Segundo este mesmo autor (1986), a uniformidade deutilização de pastagens de alta produção é uma necessidade para evitar a sua degradação esugere que o pastejo rotacionado pode se constituir no sistema adequado para alcançar auniformidade de pastejo desejada e proporcionar aumentos significativos de produtividadeanimal.

Pastejo desuniforme ainda provoca sobras de forragem que aumentam com o aumento na sua disponibilidade, em pastos muito grandes, quando a forragem envelhece, reduzindo a suadigestibilidade e quando a altura do pasto aumenta. A adoção de pastejo rotacionado rápido,com alta lotação animal, em menores áreas, contribui para a uniformização do pastejo eganhos em produtividade.

Outro aspecto relacionado à espécie forrageira é a maior adaptação das leguminosas aosistema de pastejo rotacionado. Segundo MARASCHIN (1986), a adoção de pastejorotacionado, com longos ciclos de pastejo (em torno de 56 dias) são determinantes para a

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perenidade da leguminosa na pastagem. SIMÃO NETO et al. (1986), também citou que o  pastejo rotacionado aumenta a proporção da leguminosa na pastagem, principalmente daquelasque possuem crescimento do tipo volúvel trepador, tais como a Centrosema, o Siratro, a SojaPerene, a Pueraria, entre tantas outras.

2.2 - A taxa de lotação animal e o sistema de pastejo

Em relação à taxa de lotação animal, MARASCHIN (1986); CORSI (1980); SIMÃO NETO etal., (1986) concluíram que o sistema de pastejo rotacionado só tem vantagens sobre ocontínuo se houver aumento na taxa de lotação animal na área, refletindo maior produção deforragem. Quando a taxa de lotação é baixa ou moderada, o pastejo contínuo tem sido similarou melhor que o rotacionado, mas, quando a taxa de lotação é alta, o rotacionado tem sidosuperior. CORSI (1980), afirmou que o sistema de pastejo só passa a ter significância quandoo nível de produção de forragem é alto. Para taxas de lotação de até 2,0 UA/ha parece nãohaver diferenças em produção entre os dois sistemas e nessa condição, o pastejo rotacionadoteria as vantagens adicionais de possibilitar melhor controle para o aproveitamento daforragem disponível e de sua qualidade. Acima de 2,0 UA/ha o rotacionado é melhor porque épossível controlar  o nível de desfolha e evitar o consumo da rebrota que ocorre em poucas horas após adesfolha, impedindo a redução do vigor da rebrota.

             MARASCHIN (2001) conclui a partir do trabalho de Hull et al., (1967) que os ganhospor animal sempre foram maiores para o pastejo continuo e que a taxa de lotação sempre foimaior no pastejo rotacionado e que o ganho por área foi maior com lotações medias nopastejo continuo e com lotações mais altas no pastejo rotacionado e afirmou que esta interação existe e deve ser considerada.

Tabela 1. Resposta animal a métodos de pastejo com lotações fixas e variáveis. Media de 3

                anos.

                                               Rotativo                                  Continuo

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Parâmetro                   Media     Alta     Equilibrada       Media     Alta     Equilibrada

Lotação                        7,25      10,69         7,25               7,25      10,69        7,25

Animais.dia/ha            1.050     1.552        1.282              938       1.274       1.058

GMD (g)                      520        460           530                690        580          740

Ganho/ha (kg)              547        669           665                645        591          843

En. Colh. Mcal/ha       1.380     1.330        1.750             2.030    1.370       2.860

Fonte: Hull et al., (1967) citado por MARASCHIN (2001)

            Este autor concluiu que no tratamento com lotação variável no pastejo continuo secolheu mais energia na forma de carcaça que no pastejo rotacionado evidenciando avantagem de um certo grau de pastejo seletivo para altos rendimentos por animal e por área.

            Em outro trabalho citado pelo mesmo autor, em pastagem exclusiva de gramínea adubada com nitrogênio sob três cargas e dois métodos de pastejo observou-se maior ganhomédio diário (GMD) para a lotação continua nas lotações medias e alta, sendo que o rotativofoi superior na lotação bem alta, corroborando com o que veio sendo comentado até aquineste trabalho.

 

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Tabela 2. Produção animal e carga animal de capim dos pomares sob pastejo rotativo e

                continuo com três lotações durante 5 anos.

Parâmetros                                                      Lotações

                                      Media              Alta               Bem Alta               Medias

                                                         Pastejo Rotativo

GMD (g)                         600                 548                    467                      557   

Animais.dia/ha                653                 752                    772                      726     

Ganho/ha (kg)                 479                 442                    382                      434

 

                                                          Pastejo Continuo

GMD (g)                         743                  630                    399                     590     

Animais.dia/ha                607                  651                    719                     660 

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Ganho/ha (kg)                 487                  439                    297                     407  

Fonte: VPI Research Bulletin, 45, 1969 citado por MARASCHIN (2001)

MARASCHIN (2001) chamou a atenção para o fato de que nos trabalhos sobre sistemas de pastejo até o inicio da década de 70 deu-se importância apenas  à lotação da pastagem eraramente se fez referencia a disponibilidade de forragem, porem, após este períodoaumentou-se à freqüência de trabalhos dando importância ao conceito de pressão de pastejoe resíduo após o pastejo. Neste sentido, o pastejo rotacionadopassaria a ser considerado como o sistema mais adequado que o continuo para manejar a pastagem combase nas características morfológicas e fisiológicas da planta forrageira. 

2.2.1 – O aumento na taxa de lotação no sistema rotativo

Segundo CORSI (1986), as vantagens do sistema de pastejo rotacionado sobre o contínuonão são sempre evidenciadas para as condições de clima temperado, onde a produção de forragem é menor quando comparado com a produção das forrageiras tropicais. Nos trabalhosde Wheeler (1962); Walton (1981); Riewe (1985), foi concluído que nas regiões de climatemperado, os sistemas de pastejo “per se” tem pequeno efeito sobre a produção animal(RODRIGUES, 1988).

MARASCHIN (1986), afirmou que em plantas forrageiras de porte baixo obtém-se produção animal semelhante tanto em pastejo contínuo quanto em pastejo rotacionado. E que empastagens nativas no Brasil e no mundo, o sistema rotacionado chega a ser 8,2% superior emganho líquido/ha.ano, comparado ao sistema contínuo.

Em trabalhos realizados na Nova Zelândia, McMeekan (1960), citado por SIMÃO NETO et al. (1986), comparou primeiro o pastejo rotacionado com o pastejo contínuo numa mesma

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lotação. Quando a lotação foi elevada em 25%, a produção animal/ha foi 13% superior com opastejo rotacionado. A tabela abaixo, retirada do trabalho de BARRETO (1976), demonstra os dados deste trabalho.

Tabela 3. Pastejo rotacionado versus pastejo contínuo com gado leiteiro.

                                                                Por vaca                                          Por ha  

                                               Gordura                  Relativo                Gordura           Relativo

                                                    Kg                                                      Kg       

Pastejo contínuo                          130                        100                       239                   100

Pastejo rotacionado                     147                         113                       271                   113

Diferença                                      17                           13                         32                     13

Fonte: BARRETO (1976)

No Brasil, em condições subtropicais, PRIMO et al (1973), obteve uma diferença de 19,5% emfavor do pastejo rotacionado, em pastagens consorciadas de Azevém, Trevo Branco e

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Cornichão, durante 4 anos de trabalho.

Tabela 4. Comparação entre pastejo rotacionado e pastejo contínuo no Rio Grande do Sul    durante 4 anos.

                                         Ganho/an.     Duração      Ganho/dia/an.       Lotação     Ganho/ha

                                              Kg               dias                 Kg                    an./ha           Kg

Contínuo                              105,1             100                1,051                   3,1             333,2

Rotacionado                         102,3             100                1,023                    4,0             398,2

Fonte: PRIMO et al (1973). 

McCAUGHEY (1994) comparou a eficiência no uso de água do solo pelo sistema radicular de

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plantas forrageiras exploradas em sistemas de pastejo contínuo e rotacionado e obteve raízesmais saudáveis e mais desenvolvidas com o segundo sistema. As raízes foram mais eficientesna absorção de água e a produção de forragem foi 10% maior que no contínuo, o que resultouem maior produção/ha. Este dado é muito importante principalmente para os técnicos quetrabalham em regiões semi-áridas ou sujeitas a veranicos freqüentes e de longa duração

Em pastagens tropicais consorciadas com Colonião e Siratro, Stobbs, citado por MARASCHIN (1986), obteve uma produção 48% superior com a adoção de pastejo rotacionado, comparadocom o pastejo contínuo. Blaser et al (1969), citado por RODRIGUES (1988), tambémobservaram uma vantagem na produção de leite e de carne quando as pastagens foramutilizadas em rotação. Os benefícios obtidos com o sistema rotacionado foram atribuídos asmaiores quantidades de forragem produzida e armazenada.

MARASCHIN (1986) afirmou que o pastejo rotacionado não supera o contínuo no ganho/animal, mas tem condições de manter uma lotação maior e que no Brasil, o rotacionadoproduz 20% a mais por ha. A campo existem propriedades espalhadas nos Estados de SãoPaulo, Minas, Bahia, Pará, Goiás e Mato Grosso do Sul que têm conseguido desde 1994índices semelhantes aos reportados na literatura, com aumentos na taxa de lotação animalque variou de 17 a 39% (em média 25%) com a adoção do sistema de pastejo rotacionado.Este aumento na lotação animal está muito próximo dos dados que foram encontrados naliteratura, que variaram de 8,2%, em pastagens nativas, a até 50%, em pastagens cultivadas (passando por intervalos de 10; 13; 19,5; 20; 48%), dando uma média de 24%.

Pode parecer que 20 a 25%, seja um pequeno aumento na lotação animal, mas dependendodo número de animais existentes na propriedade, no início dos trabalhos, poderá ser bastanterepresentativo a quantidade de animais que deverão ser adquiridos a mais. Por exemplo, emuma fazenda com aproximadamente 30.000 animais de recria e engorda, correspondendo a22.000 UA (animais com peso vivo de 330 Kg). Um aumento de 20% na lotação animal desuas propriedades representará mais 4.400 UA ou mais 6.000 animais de 330 Kg. Comonormalmente são abatidos 12.000 animais/ano (40% do rebanho), o número de animaisabatidos/ano saltaria para 14.400, uma diferença de 2.400 animais a mais ou 38.400 arrobas a mais por ano, considerando um peso de abate de 480 Kg (16 @).

A maioria destes trabalhos de campo foi realizada com forrageiras do gênero Brachiaria sp  mas com forrageiras das espécies Panicum maximum(principalmente com o capim colonião) e Andropogon gayanus

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, temos conseguido até dobrar a taxa de lotação nos primeiros anos e em média temosaumentado em até 50% em 4 anos. Geralmente estas forrageiras são sub utilizadas empastejo contínuo, devido o pastejo ficar desuniforme, como já foi comentado neste trabalho.Com pastejo desuniforme, as perdas ocorrem onde os animais super pastejam a forragem,porque não permitem que a forrageira desenvolva de acordo com o seu potencial decrescimento e com o potencial que o solo permite em termos de nutrientes disponíveis, e asperdas reais que ocorrem nas áreas sub pastejadas devido ao envelhecimento da forrageira.Por isso, quando adotamos o pastejo rotacionado é possível obter-se melhores resultados emtermos de aumento na lotaçãoanimal quandocomparamos com forrageiras de crescimento estolonífero e sub-prostado, como Brachiaria spp e Cynodonspp.     

Todo o aumento alcançado após a adoção do pastejo rotacionado é devido basicamente aoaumento na eficiência de colheita da forragem pelos animais devido à uniformidade de pastejoe não devido ao aumento na produção de forragem que se consegue apenas através dareciclagem de nutrientes na pastagem, como preconizam alguns. É bom chamar a atençãopara o fato de que o aumento na lotação da pastagem, através da adoção de qualquer sistemade pastejo, sempre estará condicionado à fertilidade do solo. Se um tipo de solo tem potencialpara fornecer nutrientes para um determinado nível de produção e, esta não está sendoalcançada devido a erros no manejo da pastagem, com a adoção de pastejo rotacionado bemconduzido será alcançado algum aumento na lotação, devido ao aumento da eficiência nacolheita de forragem, mas, se o solo é de baixa fertilidade natural ou encontra-se com afertilidade já esgotada, em pastagens onde a forrageira geralmente está rapada, pouco ounenhum aumento da lotação poderá ser obtido através da simples adoção do sistema depastejo rotacionado.

A produção de forragem só pode ser aumentada com a introdução de nutrientes no sistema, através da adubação da pastagem ou através da fixação de nitrogênio pela forrageira,principalmente pelas leguminosas. O impacto do aumento na eficiência do pastejo sobre oaumento na lotação só dura até uniformizar o pastejo. A partir daí temos que optar ou poradubar para aumentar a produção ou reduzir a lotação

Após a avaliação destes dados parece ficar evidente que o sistema de pastejo rotacionadodeve ser adotado, principalmente, em condições de exploração intensiva da pastagem,

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quando a produção de forragem é alta, o que se consegue em pastagens recém-implantadasou adubadas intensivamente, com espécies forrageiras de alto potencial de produtividade e decrescimento ereto.

Mas e nas situações onde a forragem cresce lentamente e permanece com um porte baixo praticamente o ano inteiro. Pelo Brasil Central é comum observarmos uma paisagem bemcaracterística que são as pastagens rapadas, principalmente de Brachiara spp. Será quenesta condição a adoção do pastejo rotacionado possibilitaria a intensificação da produção dapastagem? CORSI (1980), afirmou que em situações onde a rebrota é lenta, devido àeliminação freqüente dos meristemas apicais, ocorrem sérios prejuízos para a produtividadeda planta forrageira e abrevia a sua persistência na pastagem. Nesta condição, a freqüênciade pastejo deve ser diminuída, o que possibilita períodos de descanso adequados para aplanta forrageira. Esta medida só poderá ser tomada se for adotado o sistema de pastejorotacionado.

 2.3 - O sistema de pastejo e o controle da demanda e do suprimento de forragem emum sistema de produção a pasto

 Segundo SILVA e PEDREIRA (1997) métodos baseados em lotação contínua apresentam-secomo estratégias de pastejo onde se tem pouco controle sobre o nível de consumo individualde MS de forragem. No entanto, em situações onde existe falta ou excesso de forragem, a possibilidade de controle efetivo na lotação contínua é menor do que nos métodos baseadosem pastejo rotacionado, que permitem, também, o racionamento ou introdução de estratégiasde conservação de forragem nas situações citadas acima.

HOLMES (1996) citou que o uso de pastejo contínuo ou rotacionado tem relativamente poucoefeito sobre a produção de leite por hectare quando a produção de forragem é suficiente parasatisfazer os requerimentos de alimentos das vacas, mas que nos sistemas intensivos deexploração de pastagens da Nova Zelândia, onde os animais utilizam os pastos o ano todo, éfreqüentemente necessário limitar a ingestão diária de forragem através do dimensionamentoda área de pasto utilizada a cada dia. Isto pode ser feito com maior facilidade através dosistema de pastejo rotacionado, o qual é utilizado na maioria das fazendas produtoras com oobjetivo de permitir o manejo racional do pastejo.

Segundo SILVA e PEDREIRA (1996), a produção de forragem não pode ser medida emsistemas de pastejo contínuo como o "acúmulo líquido de forragem", que é o

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método convencional usado em estudos agronômicos, porque parte do crescimento daforragem é continuamente removida pelos animais em pastejo. Se a taxa bruta de produção deforragem for igual à soma da remoção pelo pastejo e das perdas de tecidos por senescência emorte, não serão observadas mudanças líquidas no estoque de forragem no pasto.

Dado ao maior grau de gerenciamento dispensado, é mais fácil fazer bem feito quando se usao pastejo rotacionado, pois qualquer erro cometido pode ser corrigido tão logo seja percebido(VIEIRA, 1997).

 3. O manejo do pastejo rotacionado

 Neste sistema de manejo da pastagem, após a ocupação de cada piquete, por um período detempo variável de alguns dias, quando sua vegetação é desfolhada total ou parcialmente, opiquete permanece em descanso, sem a presença dos animais, para a recuperação de suafolhagem, completando o ciclo de pastejo.

 3.1 - Período de ocupação e período de permanência

 Segundo GOMIDE (1997), o período de ocupação do piquete corresponde ao período depermanência dos animais no piquete, quando o pastejo é praticado por um só grupo deanimais. Quando é ocupado por dois grupos de animais, o período de ocupação correspondeà soma dos períodos de permanência de cada grupo. Este autor sugeriu que o período deocupação deve ser o mais curto possível para aumentar a eficiência de uso da forragem epara prevenir uma segunda desfolha do perfilho durante o período de ocupação, o quecomprometeria a sua recuperação por esgotar as reservas orgânicas.

Segundo SANTOS et al., (1998), o período de ocupação vai depender do ritmo de crescimento das plantas e da estrutura disponível. Quanto menor for o período de ocupaçãoda pastagem, maior será o controle do homem sobre o pasto, mas por outro lado maior será anecessidade de infra-estrutura, como cercas, aguadas, saleiros. Sendo assim os períodos deocupação próximos de um dia deverão ser adotados apenas em sistemas de uso intensivo da

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pastagem quando as adubações, principalmente com nitrogênio, aceleram o ritmo decrescimento da planta. Já nas áreas mais extensivas este período poderá ser estendido a até uma semana.

Sob o ponto de vista do animal, o período de permanência influencia no consumo de forragem, sendo que períodos mais curtos deverão ser adotados, principalmente para animaismais exigentes. A tabela abaixo demonstra a influência do período de permanência na área depastejo, sobre o consumo de forragem.

Tabela 5. Influência do período de permanência no piquete ou pasto sobre o consumo de

                massa verde e matéria seca.

Consumo de             massa verde (Kg)

          MS (%)

  MS (kg)

No 1 o dia de pastejo

            68

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           21,4

    14,5

Alguns dias mais tarde

           54,5

           22,0

    12,0

Após consumo de 50% da forragem

           35,5

           24,0

      8,5

Após consumo de 75% da

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forragem

           15,0

          28,0

       4,0

Fonte: KLAPP (1971).

 O período de permanência influencia o desempenho animal, pois quanto mais curto melhorserá o desempenho já que evita se assim uma maior flutuação no valor nutritivo da forragementre o início e o final do pastejo. MATOS e DEREZ (1995) citaram que em um trabalho deCóser, foram observadas flutuações nas produções diárias de leite, que aumentavam com o período de permanência dos piquetes. A menor flutuação ocorreu com período depermanência de apenas um dia.

            O valor nutritivo da forragem consumida é maior no primeiro dia de permanênciaquando comparado com os dias seguintes e este fato está associado com a maiordisponibilidade de forragem e maior seletividade de folhas com alta concentração de

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nutrientes. Quando o período de permanência por piquete é de três dias, a produção de leiteaumenta do primeiro para o segundo dia e cai no terceiro dia. Com um período depermanência de cinco dias, a produção aumenta do primeiro para o terceiro dia e abaixa noquinto dia de pastejo. Na tabela anterior observa-se que à medida que o período depermanência aumenta, o animal passa a colher menores quantidades de forragem. Aqualidade da forragem também vai diminuindo devido a uma redução na relação folha:caule jáque os animais pastejam seletivamente as folhas.

 RODRIGUEZ (1996) quantificou a variação na produção de leite de acordo com o período depermanência por piquete. Este autor citou um trabalho onde no tratamento com um dia depermanência a produção de leite foi   8% e 7% maiores, no período chuvoso e seco,respectivamente, comparado com dois dias de permanência.Para reduzir os períodos de permanência e ocupação dos piquetes torna-se necessário oaumento no número de piquetes em uma fazenda.

             Apesar destes resultados tem sido questionado que os aumentos no desempenhoanimal eram baixos para justificar todo o trabalho e investimento em mais divisões, mascorredores e alocação de bebedouros e saleiros, principalmente em sistemas de baixaprodutividade. Desse modo o período de ocupação por piquete e o numero de piquetesdeveriam ser determinados pela velocidade de crescimento da pastagem de forma que seevitasse o consumo da rebrota que é mais rápida em pastagens produtivas que apresentamalta taxa de expansão foliar após o pastejo. A Tabela abaixo foi apresentada pessoalmente pelo Professor Moacyr Corsi   em conferencias e fornece subsídios para determinar operíodo de ocupação e o numero de piquetes com base na taxa de rebrota e na expectativa doseu consumo.

Tabela 6. Efeito do ritmo de crescimento do pasto sobre a necessidade de divisão da

                pastagem (30 dias de descanso)

Kg MS/                                                   Dias retorno          Dias de             Número

    

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 ha/dia            Cm/dia         UA/ha            na planta           Ocupação          piquetes

 

   20                   0,5                 1                    30,0                   30,0                    2

   40                   1,0                 2                    15,0                   15,0                    3

   60                   1,5                 3                    10,0                   10,0                    4

   80                   2,0                 4                     7,5                     7,5                     5

  100                  2,5                 5                     6,0                     6,0                     6

  120                  3,0                 6                     5,0                     5,0                     7

Densidade = 40 kg MS/cm/ha; consumo de 10 kg MS/UA/dia; 50% de eficiência de pastejo;animal retorna à planta com 15 cm rebrota.

Penati et al., 2000 citado pessoalmente por CORSI.

             Os dados da tabela acima sugerem que o período de ocupação pode ser longoquando a expansão de rebrota é baixa e nesta condição o numero de piquetes é pequeno

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chegando a ser apenas dois o que daria um sistema de pastejo alternado, mas, a divisão daárea num numero grande de piquetes já seria justificada em situações em que a expansão darebrota seja muito alta e para impedir o seu consumo o período de ocupação deve ser curto.Em trabalhos de pesquisa e de campo em Minas Gerais, Goiás e Bahia, em pastagens doscapins Mombaça e Tanzânia se têm medido a rebrota a cada semana dentro do período dedescanso e no período de descanso total e temos obtido entre 1,5 e 3,0 cm de rebrota/dia emtodo o período de descanso, mas na primeira semana logo após o pastejo a rebrota tem

alcançado expansões de 6 a 8 cm/dia (dados não publicados). Considerando que o animalvolta a planta quando a rebrota atinge 15 cm, os períodos de ocupação por piquete nãodeveriam ser maiores do que 2 dias, justificando um maior numero de divisões.  

3.2 - Período de descanso  

Segundo GOMIDE (1997) tem sido proposta a definição do período de descanso em função do intervalo de tempo de aparecimento de duas folhas sucessivas, conhecido como filocrono.

Os perfilhos das plantas forrageiras conseguem manter um número relativamente constantede folhas e, após ser atingido esse número, sempre que surgir uma folha nova a mais velha irádesaparecer. Isso significa que quando a folha não é colhida em um determinado espaço detempo, ela inevitavelmente senesce e morre (SANTOS et al., 1998). Segundo RODRIGUES eREIS (1995) em muitos capins cada folha tem um tempo limitado de vida, de tal forma que, namedida em que o perfilho continua a crescer em altura, as folhas basais mais velhas tendem asenescer e morrer progressivamente. O acúmulo de material morto, proveniente dasenescência e morte de folhas, tem reflexos negativos sobre o valor nutritivo da forragemdisponível e sobre a eficiência com que o ruminante colhe a forragem (GOMIDE, 1997).  CORSI (1993) comentou que a importância da longevidade das folhas não reside somente namanutenção da qualidade da MS, mas desempenha papel fundamental no sentido dedeterminar o intervalo entre pastejos ou período de descanso da pastagem

Desse modo, para reduzir as perdas por senescência, é necessário conhecer o tempo de vidadas folhas e planejar os períodos de descanso da pastagem de tal forma que a maior partedas folhas tenha chance de ser colhida pelo menos uma vez

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Na Tabela 7 tem a compilação de dados feita por GOMIDE (1997) e PEDREIRA et al., (2001)mostrando intervalos de aparecimento de folhas e numero de folhas verdes por perfilho dealgumas espécies forrageiras tropicais.

Tabela 7. Taxas e intervalos de aparecimento de folhas de gramíneas tropicais

Espécies             Taxa de aparecimento    Intervalo        Folhas/              Autor

                              folhas.d-1 . perfilho     dias/folha       perfilho

Andropogon g.                                                                     5         Pinto et al., (1993)

B. brizantha                0,19-0,15               5,3*-6,7**       5 a 7      Corsi et al, 1994

B. decumbens              0,18-0,15               5,5 - 6,8 **      5 a 7      Corsi et al., 1994

B. humidicola              0,25-0,16               4,0*-6,2**       5 a 7      Corsi et al., 1994

B. decumbens                  0,12                        8,3***           4          Gomide et al., 1997

Cynodon spp                                                                     10,7       Oliveira et al., (1998)

cv Coastcross              0,13-0,31                                        5,6         Pinto (2000)

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cv Florakirk                 0,11-0,31                                        5,8         Pinto (2000)

cv Tifton 85                0,09-0,33                                        5,4         Pinto (2000)    

P.maximum

Colonião                                                                             4,6         Pinto et al., (1993)   

Vencedor                         0,19                        5,3                 6          Gomide, 1997

Mombaça                        0,12                        4,3                 4          Gomide, 1997

Tanzânia                                                                              4          Gomide, 1997

Tanzânia                      0,10-0,12                                                      Beretta (1999)

Tanzânia                          0,10                                            4,8         Rosseto (2000)

Tobiatã                         0,08-0,12                                                     Teixeira (1998)

Centenário                                                                           4            Gomide, 1997    

Guiné                                0,23                       2,4                5            Pinto, 1993

P. purpureum

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cv Roxo                         0,30-0,60                                                     Carvalho et al., (1996)

cv Mott                         0,13-0,17                                    5,4-6,8      Almeida et al., (1997)

cv Guaçu                          0,14                                            7,1          Rosseto (2000)          

Setaria anceps                  0,42                        9**               7            Pinto, 1993

Uruchloa mosanbicensis                                                   4 a6          McIvor, 1984

  Setaria anceps            0,42                          9**          Pinto, 1

primavera, ** verão, *** outono.

Fonte: Adaptado de GOMIDE (1997) e de PEDREIRA et al., (2001)

            AGUIAR et al., (1998) obteve em um ensaio com seis cultivares de Panicum maximum, durante o final do verão e no outono,os seguintes dados: no tratamento adubado obteve 4,48 folhas/perfilho e 5,10 dias para osurgimento de cada folha, o que resulta em 23 dias para iniciar o amarelecimento da primeirafolha. Para o tratamento não adubado estes valores são, respectivamente, 4,00 X 6,43 = 26 dias para iniciar o amarelecimento da primeira folha, valores estes que se aproximam dosencontrados por GOMIDE (1997). 

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Tabela 8. Taxa de expansão e aparecimento de folhas nos perfihos de cultivares de

                Panicum Maximum com e sem adubação.

                        Taxa de expansão           Aparecimento de folhas         Folhas/perfilho                     

                                Cm/dia                              Dias/folha                           Número

Cultivares      Adubado  Não adubado     Adubado   Não adubado   Adubado  Não adubado

Tanzânia            0,92            0,61                 4,30             5,21               4,80             4,00

Vencedor           0,98            0,83                 5,00              6,61              4,20             3,80

Centenário         0,96            0,96                 5,30              6,90              3,80             3,40

IZ-5 aruana        0,97            0,61                 4,90              6,60              3,70             3,30

Tobiatâ              1,05            0,85                  5,20              6,20              5,00             4,80

IZ-1                    0,61           0,59                  5,90              7,10              5,40             5,00

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Média                 0,91           0,74                  5,10              6,43              4,48              4,0               

Fonte: AGUIAR et al., (1998)

            A partir destes dados se conclui que, as espécies de plantas forrageiras tropicais,mantém em seus perfilhos de 4 a 7 folhas verdes com intervalo de aparecimento de folhasentre 4 e 7 dias, o que levaria a recomendações de períodos de descansos variando entre 16a 49 dias dependendo da espécie e da época do ano.

            É evidente que o período de descanso determinado a partir dos parâmetros dias/folhae folhas/perfilho deve levar em consideração as variáveis: genótipo, nível de inserção dasfolhas e fatores de meio como luz, temperatura, disponibilidade de água e de nutrientes nosolo, estação do ano e intensidade de desfolha, sendo a luz e a temperatura os fatoresclimáticos determinantes das taxas de aparecimento e alongamento de folhas. Assim ointervalo entre o aparecimento de folhas sucessivas pode demorar menos de uma semana noverão e mais de um mês no inverno e o período de vida de uma folha pode ser de um mês noverão a dois meses no inverno (PEDREIRA et al., 2001)

            Entretanto, alguns resultados de pesquisa têm sugerido que para espécies tropicais oos parâmetros dias/folha e folha/perfilho não são adequados para determinar o período dedescanso já que o ponto de inflexão na curva sigmóide de crescimento destas espécies sóocorre por volta de 150 a 180 dias quando a forragem é de baixa qualidade. Alem disso, nãofuncionaria para plantas tropicais porque a folha nova que surge é maior e mais pesada que afolha que senesce e morre ao passo que em temperadas o tamanho da folha é o mesmo.Então, o período de descanso em tropicais deveria ser determinado pela qualidade da forragem.

            Segundo Parsons e Penning (1998) citados por SANTOS et al., (1999) o melhorbalanço entre fotossíntese, produção e senescência é obtido quando a forragem é colhida aoatingir a máxima taxa de acumulo liquido mas que deveria ser considerado também quequando a taxa de acumulo se mantém elevada, mas a presença de hastes começa a limitar o

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consumo de forragem o manejo deve ser direcionado   para a reduzir a participaçãodas hastes na produção. Estes autores compararam freqüências de pastejos de 28, 38 e 48dias com os Capins Mombaça e Tanzânia e chegaram as seguintes conclusões:  a massa de forragem aumentou com o intervalo de pastejos em ambas as cultivares, com aumentos mais expressivos quando se passou de 28 para 38 dias;  em termos de acumulo total de forragem ao longo de toda a estação de crescimento nãohouve vantagem em reduzir a freqüência de pastejo já que com 28 e 38 dias o numero deciclos de pastejo durante a estação de crescimento foi maior, como se observa na Tabela 9; amaior taxa de acumulo de MS ocorreu em novembro/dezembro e janeiro/fevereiro, indicandoque nestes períodos deve-se trabalhar com maiores freqüências de pastejos ou lotaçõesanimais maiores (Tabela 10) e dessa forma seria possível evitar o aumento das perdas de forragem e o acumulo do resíduo pós-pastejo, o que prejudicaria a qualidade da dieta e arebrota da planta; a relação folha:haste da cultivar Mombaça reduziu com o aumento dointervalo de pastejos de 28 para 48 dias e a participação das folhas foi menor em abril/maiodecorrente da predominância de perfilhos reprodutivos na época do florescimento já para acultivar Tanzânia, a participação de folhas aumentou com o intervalo de pastejos atédezembro, o que foi atribuído à reduzida taxa de alongamento das hastes aliada a elevada taxa de alongamento das folhas neste período, indicando que o maior período de descansofavoreceu mais o acumulo de folhas que de hastes; em janeiro fevereiro não houve influenciamas em fevereiro/abril ocorreu redução na relação folha:haste quando o intervalo de pastejopassou de 28 para 38 dias (Tabela 11).

Tabela 9. Efeito da freqüência de pastejo sobre a massa de forragem por pastejo (Kg/ha)

                das cultivares Mombaça e  Tanzânia

Freqüência                              Massa de forragem por pastejo

de pastejo                                          

   (dias)                               Mombaça                                             Tanzânia         

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              -             (Kg MS/ha)         (t MSha/*)              (Kg MS/ha)          (t MS/ha*)

28                              5.731                   38                          4.486                      30

 

38                              7.999                   39                          5.772                      28

 

48                              8.904                   34                          6.757                      26

*Estação de crescimento de 185 dias 

Fonte: Adaptado de SANTOS et al., (1999)

Tabela 10. Massa de forragem por pastejo (Kg/ha) e taxa de acúmulo de MS, das

                  cultivares Mombaça e Tanzânia nas quatro épocas do ano estudadas

Época                               Massa de forragem                    Taxa de acúmulo de

do ano                               por pastejo (Kg/ha)                 matéria seca (Kg/ha.dia)     

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      -                            Mombaça          Tanzânia            Mombaça          Tanzânia

27/9 a 13/11/95                   -                       -                      129,8                  79,8

14/11 a 31/12/95             6.352                5.324                  167,4                 128,2

0

1/1 a 17/2/96                 9.603                7.366                  195,7                 150,1

18/2 a 5/4/96                   7.395                5.274                  134,5                  96,1

0

6/4 a 23/5/96                 6.713                4.733                     -                       -

Fonte: Adaptado de SANTOS et al., (1999)

Tabela 11. Relação folha:haste da cultivar Mombaça nas quatro épocas do  ano e efeito da

                  freqüência de pastejo e da época do ano na relação folha:haste da cultivar

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                  Tanzânia

Época do                              Mombaça                                        Tanzânia

ano                               Relação folha:haste                   Freqüência de pastejo (dias)

           

             -                                      -                                 28                38                48

14/11 a 31/12/95                       1,87                            1,39              1,61             1,89     

1/1 a 17/2/96                             1,14                            1,17              1,10             1,05                  

18/2 a 5/4/96                             1,13                            1,42              1,10             1,02  

6/4 a  23/5/96                            0,71                            1,00              0,76             0,39

  Fonte: SANTOS et al., (1999)

            Segundo SANTOS et al., (1998), a maior parte dos sistemas de pastejo rotacionadono Brasil utiliza número e tamanho fixo de piquetes, o que dificulta a adoção de períodos dedescanso diferentes. Dessa forma torna-se necessária a busca de alternativas que permitamcontrolar o crescimento da planta e maximizar o aproveitamento da forragem sem complicar a

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rotina de trabalho na propriedade.

Para solucionar este problema alguns piquetes podem ser separados para a confecção desilagem ou fenos nas épocas em que fosse necessário reduzir o intervalo entre pastejos.Assim os animais rodariam mais rápido no restante dos piquetes. Neste sentido, o uso decercas móveis provisórias seria uma ferramenta interessante para se manter faixas que seriampastejadas diariamente dentro dos piquetes cercados por cercas fixas. Outra alternativa seriaalterar a lotação do pasto conforme a sua produção, mantendo o mesmo intervalo entrepastejos. Dessa forma, seria possível maximizar o aproveitamento da forragem produzida e evitar o crescimento excessivo do pasto.

3.3 - Resíduo pós-pastejo e pressão de pastejo

            Pressão de pastejo é um valor relativo que busca expressar a quantidade deforragem disponível para os animais e é dada em Kg de forragem por 100 Kg de peso vivo animal e resíduo pós-pastejo representa a quantidade de forragem que fica no pasto após asaída dos animais. É importante lembrar que a pressão de pastejo e o resíduo pós-pastejoexercem um efeito marcante sobre o desempenho animal, pois deles depende o consumo totalde matéria seca e a qualidade da dieta.

            Em sistemas intensivos de exploração, com níveis de nitrogênio acima de 300Kg/ha/ano associados a uma alta eficiência na colheita da forragem disponível (níveis acimade 60%) é melhor adotar 4% de pressão de pastejo para manter resíduos pós-pastejo baixossem a presença de hastes. Em sistemas com nível médio de adubação podem ser adotadaspressões de pastejo de 5 a 6% (40% a 50% de aproveitamento).   Na Tabela 12observa-se que na pressão de pastejo de 9% apenas 33% da forragem disponível foiconsumida ao passo que a eficiência de consumo de forragem chegou a 85% quando apressão de pastejo foi da ordem de 3%.

Tabela 12. Eficiência do consumo de forragem em função da pressão de pastejo

Eficiência

de consumo  de

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forragem (%)                                                             PP (kg MS/100 kg)

85                                                                                            3

49                                                                                                     6

33                                                                                             9

Fonte: COMBELLAS e HODGSON (1979)

            Existem poucos dados de pesquisa com plantas tropicais correlacionando desempenho animal com resíduo pós-pastejo, porém acredita-se que valores em torno de1.500 a 2.500 Kg/ha de MS de resíduo sejam suficientes para se obter um bom desempenhoanimal, sem que as perdas de forragem sejam altas. Nos sistemas com altos níveis deadubação os resíduos pós-pastejo devem ser mais baixos para possibilitar a penetração de luzna base da touceira como forma de estimular o perfilhamento basal, já que este é a base deexploração para rebrotas vigorosas em sistemas intensivos de uso para a maioria dasespécies forrageiras tropicais . Em sistemas sem adubação ou com baixos níveis defertilizantes, os resíduos devem ser mais altos para causar menos stress à planta já que ascondições para a rebrota não são tão favoráveis. Adotando altas pressões de pastejo commenores resíduos pós-pastejo, não causa prejuízo aos animais já que a intensidade dapressão de pastejo provoca mudanças na morfologia da planta forrageira, que passa adesenvolver seus perfilhos mais na posição horizontal colocando as folhas e seus pontos de crescimento em posição mais difícil de serem eliminados pelo pastejo. Dessa forma, mesmocom baixas alturas de resíduo pós-pastejo, os animais ainda colhem muitas folhas que sãomantidas até o perfil inferior da pastagem.

            Entretanto, PAGGOTTO (2001) observou em capim Tanzânia submetido a diferentesintensidades de desfolha uma sensível redução no crescimento radicular imediatamente apóso pastejo, principalmente nas desfolhas mais intensas que determinaram uma menor taxa decrescimento e um período mais longo para a retomada do crescimento do sistema radicular,indicando que os resíduos pós pastejos devem ser mais pesados que aqueles 1.500 a 2.000

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Pastejo Rotacionado

kg de MS/ha se for levado em conta o crescimento radicular e da parte aérea após cadapastejo.

Tabela  13.  Crescimento pós-desfolha do sistema radicular de capim Tanzânia irrigado

                    submetido a três resíduos pós-pastejo (kg MSV/há) no período de primavera

Resíduo

pós-pastejo

Kg MSV/ha                         _______________ Dias após o pastejo __________________

                                                3                      12                     21                      30

                                            ____________ Crescimento de raízes (mg/dm3) ___________

1.000                                        -                   0,005                  0,03                   0,09     

2.500                                        -                   0,015                 0,095                 0,175

4.000                                    -                0,03                 0,08                 0,22

Fonte: Adaptado de CORSI, MARTHA JUNIOR, PAGGOTTO (2001)

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Pastejo Rotacionado

            Ainda segundo estes autores o peso do resíduo pós-pastejo e a influencia deste sobrea biomassa de raízes teria grande importância no fornecimento de nitrogênio (N) para ocrescimento da parte aérea e citaram que após uma semana após a desfolha o decréscimo noconteúdo de N nas raízes e nas folhas foi de 47 e 43%, respectivamente, sinalizando a maiorremobilização de reservas nitrogenadas da planta que ocorre rapidamente e de forma intensaapós a desfolha na busca do restabelecimento da cobertura vegetal e na retomada da atividade fotossintética. Ainda citaram que 70 a 80% do N presente na parte aérea da plantana primeira semana após o corte ou pastejo, pode ser proveniente da translocação a partir deraízes e hastes seno o restante proveniente da absorção de N a partir do solo.  

3.4 - Pastejo com dois grupos de animas ou pastejo de “desponte” e de “rapadores”

            É um procedimento adequado quando se trabalha com categorias animais possuindoexigências nutricionais diferentes sendo o beneficio maior para categorias mais produtivasquando constituem o lote desponte. Tem sido adotado em fazendas de leite com o lotedesponte sendo constituído por vacas em lactação e o lote rapador por vacas secas e ouanimais de recria; em fazendas de gado de corte com vacas premíparas na frente e multíparasatrás, ou com bois em terminação na frente e animais de recria atrás. Entretanto, os resultadosmédios da produção do pastejo com dois lotes de animais não têm sido diferentes quandocomparado com resultados obtidos com o pastejo de um único lote, nem no ganho animal enem no ganho por área, indicando assim que a adoção do pastejo com dois grupos de animaissó é justificada quando as exigências entre as categorias animais pastejando a área foremmuito diferentes de forma que justifique o aumento de trabalho e o período de ocupação emcada pasto ou piquete.

            Na Tabela 14 observa-se que o ganho de peso dos animais do lote desponte foi 67%mais alto mas o ganho médio e a produtividade da área não foram significativamentediferentes quando se comparou com o sistema de apenas um lote.

Tabela 14. Ganho de peso e produção por hectare de misturas com trevo branco em

                  pastejo rotativo com dois grupos de animais.

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Pastejo Rotacionado

Parâmetro                  ______________  Dois grupos  _____________          Um grupo

                                   Desponte            Rapadores            Media/Total        

GMD (g)                        612                      367                        490                         485

Animais/ha                     2,3                       2,3                          4,6                         4,4

Ganho/ha (kg)               523                       317                         840                        816

Fonte: VPI Research Bulletin, 45, 1969 citado por MARASCHIN (2001)

4. A implantação do pastejo rotacionado

Quando o projeto vai ser implantado desde o início, com a implantação dos piquetes, écomum o pecuarista querer saber qual deve ser a forma dos piquetes. Na literatura arecomendação mais encontrada é de que a forma deve ser a mais quadrada possível ouretangular, sendo que o comprimento não deve ultrapassar em três vezes a medida da largura.Os dados indicam que pastos ou piquetes com estas formas são pastejados maisuniformemente.  As formas em pizza ou em leque, chegando nas áreas onde ficam osbebedouros e os saleiros (áreas de lazer ou de descanso) devem ser evitadas, pois há umatendência de ocorrer pastejo desuniforme, com super-pastejo próximo a estas áreas.Atualmente muitos projetos de pecuária estão sendo desenvolvidos com o uso de irrigaçãocom pivô central e ainda não se tem uma forma de divisão dos piquetes que não seja empizza, com todos os piquetes chegando a uma área de lazer no centro onde fica o pivô.

No passado, vários autores citaram que as produções adicionais obtidas com pastejorotacionado, normalmente, não justificavam as despesas extras com implantação de cercas,

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Pastejo Rotacionado

instalações de água e sombra (MARASCHIN, 1986); (BARRETO, 1976).  Uma maneira deeconomizar com a implantação de fontes de água e saleiros é a construção de "áreas delazer" ou "área de descanso", que são comuns a todos os pastos ou piquetesde um módulo (unidade de manejo formada por vários pastos ou piquetes que é manejadacom um ou dois grupos de animais) através de um corredor, ou na divisão de quatro pastos.Nestas áreas, os animais encontram a fonte de água, os saleiros e sombra, onde podemdescansar e ruminar. Na implantação destas áreas consideramos uma área de 5,0 m2

/UA e 3 cm lineares de área de chegada/UA e 4 cm para vacas paridas, nos saleiros. Estarecomendação de área de chegada ao saleiro é encontrada na literatura, embora temosobservado a campo que esta referência perde a importância em situações onde se coloca salseco e fresco todos os dias nos saleiros, onde a fonte de água está próxima do saleiro e ondeas áreas de lazer são bem posicionadas. Quando se adota pastejo rotacionado passa a serpossível colocar o sal praticamente todos os dias, pois o número de pastos para ser olhadodiminui.

As divisões dos pastos ou piquetes devem ser feitas com cercas elétricas, pois o custo deimplantação tem sido 4 vezes mais baixo quando comparado com o custo para a implantaçãode cercas convencionais (Tabela 15).

Tabela 15. Comparação de investimentos para construir 1 km de cerca convencional e de

                 cerca elétrica.

Item

Valor unitário (R$)

Cerca convencional

Unidades/km

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Pastejo Rotacionado

Sub-total

Cerca convencional

(R$)

Cerca elétrica

Sub-total cerca elétrica (R$)

Esticador

20

5

100,0

5

37 / 71

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Pastejo Rotacionado

100,0

 

Postes

7,0

250

1.750,0

50 (20 em 20 m)

350,0

 

Arame

100

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Pastejo Rotacionado

5

500,0

2

200,0

 

Mão-de-obra/esticador

7,0

5

35,0

5

35

 

39 / 71

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Pastejo Rotacionado

Mão-de-obra/poste

1,4

250

350,0

50

70

 

Total/km

 

 

2.735

 

40 / 71

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Pastejo Rotacionado

755

 

Fonte: Fazenda Santa Albertina, março de 2002.

O custo ainda pode ser mais baixo aproveitando-se o arame e as lascas de cercasconvencionais já existentes na propriedade, pois estes são os materiais mais caros. O menor investimento em cercas elétricas por hectare é conseguido em divisões de grandes áreas,devido a menor necessidade de isoladores de canto (tipo castanha), esticadores, colchetes,lascas ou postes, etc, e, pela diluição dos custos destes materiais e do eletrificador em ummaior número de hectares.  

A vida útil da cerca elétrica é estimada em 8 anos (NEHMI FILHO et al.,1997), masacreditamos que pode ser muito maior do que as cercas convencionais, pois nas cercaselétricas, os animais não se encostam para coçarem ou tentam ultrapassá-las, pois respeitamo choque.

5. Ciclagem de nutrientes sob sistema de pastejo rotativo

            Cada vez mais é maior o interesse em se estudar os níveis de nutrientes minerais

reciclados no sistema da pastagem e como são distribuídos. Este interesse está sendodespertado devido ao ressurgimento de sistemas baseados no manejo intensivo da pastagematravés da simples subdivisão e adoção de pastejo rotacionado. Durante o 14o Simpósiosobre manejo da pastagem, em Piracicaba, 1997, três trabalhos apresentados abordaram otema "reciclagem de nutrientes nas pastagens" (MONTEIRO e WERNER, 1997);(AGUIAR, 1997); (CORSI e MARTHA JÚNIOR, 1997). Segue adiante um resumo dos dadosapresentados nestes trabalhos.

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Pastejo Rotacionado

            O produtor brasileiro, provavelmente devido a sua cultura extrativista em relação àpecuária, demonstra muito interesse e é facilmente convencido a utilizar sistemas de produçãobaseados apenas na fertilidade natural do solo e na reciclagem de nutrientes promovida pelarotação de pastagens em piquetes de pequena área, com alta concentração de animais porum curto período de tempo. ROMERO (1994) comentou que a concentração dos animais emlotes grandes favorece a deposição de elevadas quantidades de dejeções que fornecem elementos nutritivos importantes para as plantas, micro e mesofauna do solo. Este autor citouque as excreções em grande volume estimulam o desenvolvimento de organismos do solo  e um crescimento rápido de biomassa microbiana. O processo é rápido e quando acabam osresíduos, a microflora morre, liberando nutrientes a partir dos seus constituintes celulares. Estamassa microbiana fornece 45 a 88 Kg de N/ha/ano e 20 a 51 Kg de P/ha/ano. Dentro destecontexto, torna-se importante definir para o produtor por quanto tempo e qual o nível deprodutividade animal que o sistema suportará sem que ocorra um colapso na produção(CORSI e MARTHA JÚNIOR, 1997).

            Quando se considera o animal no sistema de pastejo, as alterações na fertilidade dosolo passam a ser menos previsíveis, porque há grande influência do manejo (pressão depastejo, lotação animal), da topografia do terreno, do tipo de animal, etc. A quantidade denutrientes exportados através de produtos animal, em sistemas de pastejo, é muito reduzidaem relação ao total reciclado. Segundo MONTEIRO e WERNER (1989; 1997) até 90 % dosnutrientes minerais retornam à pastagem através das excreções dos animais em pastejo. Umsistema leiteiro produzindo 8.000 Kg de leite/ha/ano exporta o equivalente a 42, 8 e 11 Kg deN, P e K, respectivamente. Em sistemas de produção de corte (500 Kg de peso vivo/ha/ano)esses valores seriam respectivamente 12, 4 e 1 Kg/ha/ano (CORSI e MARTHA JÚNIOR,1997).

Em uma pastagem de Brachiaria humidicola, sob condições de ambiente amazônico Teixeira(1987), citado por COSTA et al., (2000) avaliou a exportação dos nutrientes ,fósforo, potássio,cálcio e magnésio e obteve como resultado que 69% do fósforo, 99,14% do potássio, 79% docálcio e  98,55% do magnésio consumido na forragem e na mistura mineral retornaram aosolo (Tabela 16), corroborando com os valores citados por MONTEIRO e WERNER (1997) eCORSI e MARTHA JUNIOR (1997).

Tabela 16.  Quantidades de P, K, Ca, Mg consumidas e estocadas nos animais em

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Pastejo Rotacionado

                   pastagens de b. humidicola

Elemento

Consumo gramínea

Consumo sal

Total (kg/há)

Estocado nos animais

% exportada

Retorno ao solo

P

2,32

3,61

5,93

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Pastejo Rotacionado

1,87

31

4,06

K

51,33

0,0

51,33

0,44

0,86

50,89

Ca

44 / 71

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Pastejo Rotacionado

6,42

9,53

15,95

3,3

21

12,65

Mg

6,57

0,32

6,89

0,1

45 / 71

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Pastejo Rotacionado

1,45

6,79

Total

66,64

13,46

80,1

5,71

 

74,39

O estocado nos animais corresponde a produtividade de 256 kg de peso vivo/ha/ano.

Fonte: Adaptado de Teixeira (1987), COSTA et al., (2000)

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Pastejo Rotacionado

Resultados como estes poderiam sugerir que sistemas de produção na pastagem seriam auto-sustentáveis, exigindo baixas quantidades de fertilizantes e corretivos para reporem asperdas exportadas no produto animal. Entretanto, os animais sob pastejo interferemsignificativamente alterando a distribuição e a eficiência no aproveitamento de nutrientesreciclados.

            MONTEIRO e WERNER (1997) citaram que a distribuição das dejeções depende defatores como a taxa de lotação animal, a forma de pastejo, a área de descanso e a quantidadee frequência de excreção. Segundo estes autores, um bovino adulto defeca de 2 em 2 horas eurina de 3 em 3 horas, cobrindo 0,09 m 2 e 0,28 m2, respectivamente. O animal defecade 11 a 18 vezes/dia e urina de 8 a 12 vezes/dia, sendo que 25 % destas dejeções podem terefeitos inexpressivos quanto à reciclagem de nutrientes em sistemas intensivos de produção de leite, devido à deposição dessas em estábulos, sob as sombras, corredores e áreas debebedouro (CORSI e MARTHA JÚNIOR, 1997). Além destas perdas, o restante das dejeçõescobre uma porção muito variável da pastagem. SILVA (1995) citou que a proporção da área dopasto coberta por urina e fezes pode ser de apenas 5 %. CORSI (1989) comentou que énormal que apenas 12 % da área da pastagem receba as dejeções dos animais, e que osoutros 88 % da área fiquem submetidos ao mesmo sistema onde a forragem é cortada etransportada para outro local, como é o caso das áreas destinadas à fenação e ensilagem. MONTEIRO e WERNER (1997) citaram que apenas 35,5 % da área total da pastagem são cobertas pelas dejeções de bovinos ao final de 1 ano (11,8 % da área com fezes e 23,7 % comurina).

            Além da distribuição das dejeções ser desuniforme pela pastagem, temos ainda queconsiderar as perdas que ocorrem por volatilização (N), lixiviação (N e K), fixação (P) e erosãosuperficial.

            Os nutrientes que são facilmente absorvidos pelos animais, como o nitrogênio e opotássio, são excretados essencialmente pela urina. Na urina lançada ao solo pode haverperdas de 30 % do N, em condições úmidas e de baixa temperatura;   e até 70 % emcondições seca e quente (MONTEIRO e WERNER, 1989); (RODRIGUES e RODRIGUES,1987). A urina que consegue penetrar no solo e escapar às perdas é considerada uma fonte prontamente disponível de nutrientes.

            Os nutrientes, fósforo, cálcio, magnésio, cobre, ferro, manganês, zinco e enxofre, sãomais excretados nas fezes. Para que os nutrientes das fezes fiquem disponíveis às plantas énecessário que haja a incorporação e decomposição das fezes. Os besouros coprofagos(besouros que se alimentam de fezes) são muito importantes no processo pois incorporam as

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Pastejo Rotacionado

fezes em até 24 horas, acelerando o processo de reciclagem (RODRIGUES e RODRIGUES,1987).

            MARTINS (1996) demonstrou como ocorrem as perdas de nutrientes na pastagem eatribuiu a estas perdas o empobrecimento contínuo do solo e a redução no crescimento daspastagens a uma taxa de aproximadamente 6 % ao ano.

Tabela 17. Perdas de nutrientes em pastagens que podem ocorrer anualmente

 

Nutriente

Perdas

N

P

K

 

-----------------------%-------------------------

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Pastejo Rotacionado

Retido no corpo do animal

9

10

1

Acúmulo no malhador

 

 

 

(15% do tempo)

11

12

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Pastejo Rotacionado

13

Erosão superficial

3

15

3

Volatilização

15

0

0

Fixação em argila e

 

50 / 71

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Pastejo Rotacionado

 

 

Matéria Orgânica

0

19

0

Lixiviação

5

0

0

 

51 / 71

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Pastejo Rotacionado

 

 

 

Total de perdas por ano

43

56

17

Fonte: MARTINS (1996)

A distribuição das fezes pode cobrir de 1 a 46% da área da pastagem mas a concentração de nutrientes na área de dejeção é elevada, atingindo valores de 1.040 Kg de N, 480 Kg de K2O e640 Kg de P2O5, considerando para o bolo fecal cobertura de 0,05 m2 e a urina 0,25 a 0,5 m2, o que faz 1 ha receber 1.000 Kg de N, 1.100 Kg de K2O e 35 Kg de S. Devido a esta alta concentração somente em torno de menos de 30% dos

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Pastejo Rotacionado

nutrientes podem ser recuperados pela planta em áreas que recebem excretas porque aplanta não consegue absorver tudo (Tabela 18).

Tabela 18. Taxa de recuperação aparente de nutrientes a partir do bolo fecal de bovinos (%

                   em peso, em relação ao total defecado no bolo fecal)

Nutriente

% recuperado a partir do bolo fecal de bovinos

N

28

P

15

S

23

53 / 71

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Pastejo Rotacionado

K

65

Ca

39

Mg

17

Fonte: Williams e Haynes (1995), citados por CORSI e MARTHA JUNIOR (1997)

            Considerando a distribuição desuniforme das dejeções e as perdas que ocorrem comos nutrientes minerais na pastagem, podemos inferir   que seja imprescindível a suaadubação para evitar a queda na produção de forragem e manter a perenidade da plantaforrageira. CORSI e MARTHA JÚNIOR (1997) calcularam que em um sistema comprodutividade inicial de 9 t de MS/ha há uma redução de mais de 40 % na produtividade emquatro anos, devido às perdas de N. A lotação animal passaria de 1 UA/ha para cerca de 0,5 UA/ha neste período.

Conclusões

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Pastejo Rotacionado

- Qualquer sistema de pastejo poderá resultar em ótimo desempenho animal, pois o maisimportante é o consumo de energia, o qual está relacionado com a disponibilidade daforragem, proporção de folhas na pastagem, digestibilidade e consumo de forragem.

- O sistema de pastejo rotacionado só tem vantagens sobre o contínuo se houver aumento nataxa de lotação animal na área, refletindo maior produção de forragem. Para taxas de lotaçãode até 2 UA/ha parece não haver diferenças em produção entre os dois sistemas e nessacondição, o pastejo rotacionado teria as vantagens adicionais de possibilitar melhor controlepara o aproveitamento da forragem disponível e de sua qualidade.

- A campo temos propriedades que obtiveram um aumento na lotação animal que variou de 17a 39% (em média 25%) com a adoção do sistema de pastejo rotacionado. 

- Todo esse aumento é devido basicamente ao aumento na eficiência de colheita da forragempelos animais devido à uniformidade de pastejo e não devido ao aumento na produção de forragem.  A produção de forragem só pode ser aumentada com a introdução de nutrientes nosistema, através da adubação da pastagem ou através da fixação de nitrogênio pelaforrageira, principalmente pelas leguminosas.

- Em situações onde a rebrota é lenta, devido à eliminação freqüente dos meristemas apicais,ocorrem sérios prejuízos para a produtividade da planta forrageira e abrevia a sua persistênciana pastagem. Nesta condição, a freqüência de pastejo deve ser diminuída, o que possibilitaperíodos de descanso adequados para a planta forrageira. Esta medida só poderá ser tomadase for adotado o sistema de pastejo rotacionado.

- Em situações onde existe falta ou excesso de forragem, a possibilidade de controle efetivo nalotação contínua é menor do que nos métodos baseados em pastejo rotacionado, que permitem, também, o racionamento ou introdução de estratégias de conservação de forragemnas situações citadas acima.

- As divisões dos pastos ou piquetes devem ser feitas com cercas elétricas, pois o custo deimplantação tem sido 4 vezes mais baixo quando comparado com o custo para a implantação

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Pastejo Rotacionado

de cercas convencionais.

- Em um manejo racional do gado, os saleiros devem ficar localizados o mais próximo possíveldas aguadas e bebedouros para que haja um estímulo para a maior ingestão da misturamineral.

- A localização da fonte de água na pastagem define o grau de utilização da forragem, pois ogado prefere se alimentar em áreas até 200 m da água e pode evitar áreas a mais de 600 m. Este dado sugere que em pastos com áreas menores, onde a fonte de água fica mais próximapara os animais, é mais fácil se conseguir pastejo uniforme.

- O período de ocupação vai depender do ritmo de crescimento das plantas e da estruturadisponível. Períodos de ocupação próximos de um dia deverão ser adotados apenas emsistemas de uso intensivo da pastagem quando as adubações, principalmente com nitrogênio, aceleram o ritmo de crescimento da planta. Já nas áreas mais extensivas este período poderáser estendido a até uma semana. Como forma de orientação ao produtor, a taxa de lotaçãopoderá ser usada como parâmetro para se determinar os períodos de ocupação de cadapiquete. Assim, em sistemas que exploram taxas de lotação abaixo de 5 UA/ha podem ser adotados ciclos de pastejo com até 7 dias de ocupação. Já com 5 a 8 UA/ha podem seradotados períodos de 2 a 3 dias de ocupação e, para mais de 8 UA/ha ser de apenas 1 dia deocupação por piquete.

- Sob o ponto de vista do animal, o período de permanência influencia no consumo deforragem, sendo que períodos mais curtos deverão ser adotados, principalmente para animaismais exigentes.

- Em sistemas intensivos de exploração, com níveis de nitrogênio acima de 300 Kg/ha/anoassociados a uma alta eficiência na colheita da forragem disponível (níveis acima de 60%) é melhor adotar 4% de pressão de pastejo para manter resíduos pós-pastejo baixos sem apresença de hastes. Em sistemas com nível médio de adubação podem ser adotadaspressões de pastejo de 5 a 6% (40% a 50% de aproveitamento) e em sistemas extensivos,principalmente em solos de baixa fertilidade, deve ser de 7 a 9%. 

- Considerando a distribuição desuniforme das dejeções e as perdas que ocorrem com os

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Pastejo Rotacionado

nutrientes minerais na pastagem, podemos inferir  que seja imprescindível a sua adubaçãopara evitar a queda na produção de forragem e manter a perenidade da planta forrageira.

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