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Projetos sociais e práticaseducativas
Ano XVIII boletim 10 - Junho de 2008
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SUMÁRIO
PROJETOS SOCIAIS E PRÁTICAS EDUCATIVAS
Proposta pedagógica ............................................................................... 03Itamar Silva
PGM 1 – PROJETOS E MOVIMENTOS SOCIAIS
PGM 2 – NOVAS LINGUAGENS NO ESPAÇO DA ESCOLA
PGM 3 – A TEMATIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA
PGM 4 – NOVOS MARCOS SOCIAIS: IDENTIDADES E DIVERSIDADES
PGM 5 – PROJETOS SOCIAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO............................08Apontamentos para uma reflexão inicialApontamentos para uma reflexão inicial
Patrícia Lânes Araújo de Souza
ANEXO:
Texto - A voz e a vez da periferia..............................................................18Ana Maria Miguel
PROJETOS SOCIAIS E PRÁTICAS EDUCATIVAS 2 .
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PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA
PROJETOS SOCIAIS E PRÁTICAS EDUCATIVAS
Itamar Silva1
“Eu acho muito importante para quem trabalha com jovens em áreas empobrecidas,
favelas, conjuntos, que não olhe o jovem, o adolescente como o ‘coitadinho’, ou como
potencial marginal. É importante olhar para ele e ver um cidadão. Um cidadão que tem
condições e que precisa de oportunidades na sociedade brasileira, porque o que acontece
é que muita gente vai com muita boa vontade para essas áreas, mas acaba que, ao invés de
ajudar a promoção desse adolescente, ele acaba ‘achatando’ a sua condição de cidadão,
porque não está olhando para ele como um ser de direito, está olhando para ele como
alguém que precisa de uma ajuda, de uma bengala para poder não cair no abismo. Então,
acho que a primeira coisa é essa, todo trabalho que se enfrenta, e acho importante que
quem vai fazer um trabalho social tenha na cabeça que vai encontrar aí cidadãos, vai
encontrar aí cidadãos plenos de direito e que precisam alargar a sua base de atuação na
sociedade brasileira. Isso é importante.” (Itamar Silva. Juventude e cidadania. Entrevista
para o programa Salto para o Futuro/TV Escola. Disponível na home page:
www.tvbrasil.org.br/salto).
Durante a semana de 16 a 20 de junho de 2008, o programa Salto para o Futuro / TV Escola
(SEED/MEC) exibirá a série Projetos sociais e práticas educativas, que pretende colocar em
debate experiências no âmbito da educação formal e não-formal em comunidades das
chamadas “periferias”. Ao problematizar o próprio conceito de periferia, o objetivo da série é
valorizar as vozes e as ações dos projetos sociais e suas interlocuções com a sociedade emgeral e com a escola, em particular.
Os projetos sociais foram e são inovadores, contestadores e, hoje, são legitimadores de uma
inclusão social, de uma cidadania pleiteada por todos... Essas novas linguagens, cada vez
mais, invadem o espaço formal da escola.
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É certo que o momento político requer atitudes proativas da sociedade civil. Contudo, surgem
alguns desafios, como estes: Como os projetos sociais provenientes de grupos que atuam em
periferias, favelas, comunidades e outros espaços alternativos podem ser incluídos no projeto
pedagógico das escolas? O que deve ser feito para que essas experiências não fiquem restritas
a iniciativas particulares de um professor ou mesmo de um pequeno grupo de professores?
Como avaliar o impacto dos projetos sociais? Que mudanças são efetivamente alcançadas?
Qual o ciclo de vida dos projetos sociais?
A formação continuada de professores se revela como necessidade permanente e imediata no
trato de temas e linguagens novas que adentram a escola.
As séries do programa Salto para o Futuro permitem-nos uma mirada longitudinal para os
projetos sociais. São 18 anos registrando experiências por todo o Brasil. Por isso, é possível
discutir a contribuição e os desafios desses projetos na sua relação com a escola e com a
comunidade de onde eles se originam.
A proposta da série Projetos sociais e práticas educativas é, a partir de diversos vídeosapresentados em séries do programa Salto para o Futuro, refletir sobre:
- Os limites e convergências na construção da cidadania plena por meio dos projetos sociais e
dos movimentos sociais, no espaço da escola. Como os professores, os alunos e a comunidade
estão construindo novas possibilidades de gestão?
- As novas linguagens que invadem o espaço formal da escola.
- A tematização da violência e as conseqüências de buscar – e de entender – as raízes do
problema.
- As identidades, diversidades, liberdades – como educar a sociedade para os novos marcos
sociais?
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- Os projetos sociais superaram os preconceitos e dificuldades nas relações de gênero?
Estamos diante de uma geração de novos jovens homens e novas jovens mulheres?
A série Projetos sociais e práticas educativas, que será
apresentada de 16 a 20 de junho de 2008 no programa Salto
para o Futuro/TV Escola (SEED/MEC) vai debater estes temas,
entre outros:
PGM 1 – Projetos e movimentos sociais
O primeiro programa pretende trazer para o debate os projetos sociais, os movimentos sociais
e a escola, refletindo sobre os limites e convergências na construção da cidadania plena, a
partir dos vídeos:
1. Projeto Catiri – pesquisa dos alunos da Escola Municipal Joaquim da Costa Ribeiro, no Rio
de Janeiro, sobre os moradores que residem perto e que sobrevivem do lixão (da série
Educação Ambiental , veiculada em 2005); 2. ONG Sociedade Cultural Posse Nova República
– João Pessoa. Trabalho baseado nos 4 elementos do Hip-Hop – brack dance, grafite, MC e
DJ, além dos projetos de Inclusão digital e Poesia (da série Educação e movimentos sociais,
veiculada em 2005); 3. Grupo Juvenil Força Ativa, de São Paulo – Interface com escolas e
comunidades – manifestações culturais ligadas ao Rap (da série Protagonismo juvenil,
veiculada em 2000).
PGM 2 – Novas linguagens no espaço da escola
O segundo programa pretende debater as novas linguagens que invadem o espaço formal da
escola. Como os professores, os alunos e a comunidade estão construindo novas
possibilidades de gestão? Serão apresentados os vídeos: 1. Oficina de Rap no Colégio Valter
Orlandini, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. O professor de Educação Física que, em
parceria com componentes do grupo O Clã, promove oficina de Rap, incentivando a dança e
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também as rimas das improvisações, propondo a valorização da cultura afrodescendente (da
série Poesia e escola, veiculada em 2007); 2. Núcleo de Cultura do Colégio Guadalajara, no
Rio de Janeiro: Cultura afro-brasileira – oficinas em parceria com a escola. Projetos: Parteiras
de história – contação de história (preconceitos e discriminação); Capoeira; Oficina de dança;
Banco de textos (da série Currículo e relações raciais, veiculada em 2006); 3. Musical:
Penha, alegrias, dores e luto – Escola Municipal Leonor Coelho Pereira, Penha, Rio de
Janeiro; Aula de teatro, com trilha sonora do compositor Zé Kéti – Tema: História da vida na
comunidade (da série Multiculturalismo e educação, veiculada em 2002).
PGM 3 – A tematização da violência
O terceiro programa tem como proposta discutir a tematização da violência e as
conseqüências de buscar e de entender as raízes do problema. Serão apresentados os vídeos:
1. Centro Cultural AfroReggae (da série Protagonismo juvenil , veiculada em 2000); 2. Teatro
da laje – Cena do espetáculo Romeu e Julieta – Grupo de teatro da Escola Municipal Leonor
Coelho Pereira, Penha / Rio de Janeiro (da série Juventudes em rede, veiculada em 2007); 3.
ONG Pracatum, de Salvador, BA – Cursos de formação profissional: coral, percussão, teatro e
teclado, além de projetos que incluem a comunidade. Depoimento de Carlinhos Brown (da
série Debate: Violência, mediação e convivência na escola, veiculada em 2005).
PGM 4 – Novos marcos sociais: identidades e diversidades
O quarto programa vai apresentar e debater esta questão: Identidades, diversidades, liberdades
– como educar a sociedade para os novos marcos sociais? Serão mostrados os vídeos: 1. TVFavela, um projeto social que, através da mídia alternativa, registra os problemas sociais da
comunidade, dando voz aos moradores (da série Televisão: gêneros e linguagens, veiculada
em 2006); 2. ONG Instituto Imagem e Cidadania, que tem como objetivo articular os grupos
de jovens da região através da mídia impressa (da série Ensino Médio: entre jovens e
estudantes, veiculada em 2004); 3. Grupo musical Pêlos de cachorro – Banda de Rock, de
Belo Horizonte, MG, que discute a produção cultural na comunidade; FavRock – favela rock;
Rede de diversidades de agentes culturais e juvenis; Desenvolvimento de projetos culturais
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em Belo Horizonte, MG (da série Ensino Médio: entre jovens e estudantes, veiculada em
2004).
PGM 5 – Projetos sociais e relações de gênero
No quinto programa, será discutida esta temática: Os projetos sociais superaram os
preconceitos e dificuldades nas relações de gênero? Estamos diante de uma geração de novos
jovens homens e novas jovens mulheres? Serão mostrados os vídeos:1. Coletivo Hip-Hop
Chama – Belo Horizonte, MG; Articulação das redes – perspectiva do Hip-Hop - direitos da
juventude – trabalho com as comunidades – educadores e oficineiros; Articulação de PolíticasPúblicas de juventude no município (da série Juventudes em rede, veiculada em 2007); 2.
ONG Cria – Peça: Silêncios sentidos (da série Ensino Médio: entre jovens e estudantes,
veiculada em 2004); 3. Projeto Semear, da Escola Estadual Candido Portinari; Questões:
gravidez na adolescência, métodos contraceptivos, questão cultural, com a discussão dos
papéis de homens e mulheres na sociedade (da série Prevenir é sempre melhor , veiculada em
2000).
Enviamos em anexo o texto A voz e a vez da periferia, de Ana Maria Miguel, que aborda
temáticas que serão debatidas ao longo dos cinco programas.
Nota:
Jornalista, líder comunitário, fundador do Grupo Eco (formado por jovens
da comunidade do Morro Santa Marta, no Rio de Janeiro). É um dos
coordenadores do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas –
Ibase. Consultor desta série.
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PROGRAMA 5PROGRAMA 5
PROJETOS SOCIAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO
Apontamentos para uma reflexão inicialApontamentos para uma reflexão inicial
Patrícia Lânes Araújo de Souza1
De que “projeto” estamos falando?
“Projeto” é hoje uma daquelas palavras que pode dizer muitas coisas. Sua polissemia e sua
popularização fazem com que, quando se fala de projeto em um sentido específico, outras
pessoas podem estar entendendo outros tantos de seus sentidos possíveis. De cara, podemos
pensar em projeto social, projeto de vida, projeto de uma casa, etc. É por isso que inicio essa
breve reflexão anunciando que aqui estamos falando de “projetos sociais” e que, na
concepção por mim adotada, projeto social pode ser entendido como um conjunto de
atividades que busca transformar de alguma forma a realidade, reduzindo ou eliminando um
déficit, ou solucionando um problema. Essa modalidade de intervenção se popularizou a partir
da década de 1990, possuindo características bastante definidas, entre elas a realização de uma
série de atividades objetivando uma finalidade comum, tendo duração restrita em um período
no tempo. Esta dimensão geralmente está atrelada ao fato de haver um recurso definido para
tal ação (por vezes com possibilidade de renovação); trata-se também de ação focalizada em
determinado “público”, representado por um número “X” de indivíduos. Ganhando maior
força e visibilidade como modo de ação de organizações não-governamentais, os projetos
passaram a ter, nesta mesma década (e em tempos de expansão do neoliberalismo), status de
políticas públicas. Ou melhor, muitas políticas públicas governamentais passaram a ser
pensadas e realizadas a partir da lógica dos projetos sociais.
No caso de ações governamentais e não-governamentais voltadas para crianças,
adolescentes e, mais recentemente, para jovens, os projetos sociais tiveram papel central. Ao
mesmo tempo em que demarcam uma maneira de conceber e executar atividades voltadas
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para este público, esses projetos também acabam por fornecer uma “chave de expressão” para
aqueles(as) que buscam trabalhar com populações específicas. Tal chave permite delimitar um
objetivo, um conjunto de ações, metas e mecanismos de avaliação; ao mesmo tempo em que
acaba criando alternativas e gerando expectativas junto àqueles(as) que pretende inserir. Os
projetos voltados para os(as) jovens costumam ter características semelhantes quanto à sua
forma, ainda que haja muitas diferenças, dependendo dos objetivos e das temáticas tratadas.
Tais características revelam uma série de concepções sobre o que é “ser jovem” e sobre a
“juventude” em nossa sociedade. Aspectos como o controle do tempo livre dos(as) jovens; a
formação dos(as) mesmos(as) para desempenhar determinadas funções ou fazer certas
atividades; a preparação para a inserção no mercado de trabalho e algum tipo de
remuneração ou pagamento de uma “ajuda de custo” (as “bolsas”) são dimensões que
costumam estar vinculadas a ações voltadas para adolescentes e jovens denominadas
“projetos sociais”. De acordo com a socióloga Lívia de Tommasi:
“Geralmente a atenção da sociedade civil e do poder público pelo universo juvenil é
pautada pela visão dos jovens como problema social, vítimas ou causadores de violência e
protagonistas de atos criminosos, assim como pelo impacto de estatísticas sobre consumo
de drogas e difusão das DST/Aids. A maioria das ações desenvolvidas se propõe, assim, a‘ocupar os jovens em seu tempo ocioso’ pressupondo que o universo juvenil seja
constituído de indivíduos apáticos e sem interesses (...). Nesse panorama, a proposta de
considerar os jovens não mais como problema e sim como “parte da solução”, elaborada
pelas fundações e apropriada por muitas ONGs, tem operado uma mudança considerável
nas práticas de ação com jovens. Mas, partindo desse referencial, são outras as questões
críticas que surgem, como o risco de fazer recair sobre os ombros dos jovens a
responsabilidade de solucionar os complexos problemas sociais (...)” (TOMMASI, 2005, p.
251).
As mudanças e disputas em torno das concepções de juventude e de jovens (e as “questões
críticas” delas advindas) que cercam esses projetos (e que ajudam a ser conformadas por eles)
continuam ocorrendo, na medida em que avançam os debates (incluindo aqueles sobre as
Políticas Públicas de Juventude). Em linhas gerais, é possível dizer que, hoje, vem perdendo
força a percepção do(a) jovem como “problema social” e mesmo a idéia do(a) jovem como
“protagonista” ou “parte da solução” (como colocado acima por Lívia de Tommasi), na
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medida em que ganha espaço a percepção desses(as) jovens como “sujeitos de direitos”. As
ações previstas nas políticas e traduzidas pelos projetos sociais passariam a expressar direitos
e demandas a serem garantidos pelos governos e sociedade em articulação com os(as) jovens2.
No entanto, como em toda disputa, as perdas e os ganhos são relativos e diferentes percepções
tendem a conviver, não sem contradições, muitas vezes dentro de um mesmo projeto social ou
instituição3.
Por outro lado, com a proliferação dos projetos sociais (seja por parte das ONGs, fundações
empresariais e empresas, seja por parte dos governos) voltados para um tipo específico de
jovens – sobretudo os pobres, negros e moradores(as) de favelas e bairros de periferia – eles
passam a se tornar marcadores de identidades juvenis e, para alguns(mas) desses(as)
jovens, elemento decisivo em suas trajetórias. Para a antropóloga Regina Reyes Novaes os
projetos sociais:
“(...) podem contribuir para a superação de certas marcas de exclusão pelo aumento da
escolaridade, da capacitação profissional, da consciência étnica, de gênero, de
pertencimento local comunitário. Os projetos sociais tornam-se pontes para um
determinado tipo de inclusão social de jovens moradores de certas áreas marcadas pela pobreza e pela violência das cidades. Com eles, uma parcela dos jovens pode inventar
novas maneiras de sociabilidade e integração societária que resultem em determinadas
modalidades de inclusão” (NOVAES, 2006, p. 113/ 114).
Na análise de Novaes, considera-se que, inclusive para os(as) jovens que não têm acesso a
eles, “sua mera existência amplia o campo de negociação com a realidade” (p. 114). Nessa
mesma linha argumentativa, e em diálogo com Novaes, as pesquisadoras Fátima Cecchetto e
Simone Monteiro, da Fiocruz, em artigo recente sobre discriminação racial entre homens
jovens no Rio de Janeiro, se referem a estudos que revelaram que “(...) os ‘jovens de projeto’
apresentavam maior capital simbólico, traduzido pela postura assertiva e uma linguagem mais
ampliada sobre os direitos sociais, em comparação aos seus pares do mesmo círculo social
sem essa vivência” (CECCHETTO, MONTEIRO, 2006, p. 200). Ter ou não acesso aos
projetos cria diferenças entre os(as) jovens mais pobres de diversas áreas pobres da cidade, já
que a participação em determinado projeto social cria a possibilidade de inclusão em redes
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diferenciadas de sociabilidade que permitem a este(a) jovem se inserir em outros espaços
(inclusive em outros projetos). E, por outro lado, “um projeto chama outro”. De acordo com
Novaes, “a idéia de desenvolvimento local” implica criar sinergias, complementaridade e
integração dos projetos variados. Enquanto isso, jovens de outras áreas ficam cada vez mais
invisíveis. “No Rio de Janeiro, esta é uma queixa freqüente dos jovens das favelas e
comunidades pobres afastadas da Zona Sul, onde se concentra o maior número de projetos”
(2006, p. 114). Em outro sentido, mas totalmente articulada ao possível impacto de projetos
sociais nas trajetórias juvenis e nos diferentes espaços urbanos, a criação de projetos sociais
também passa a ser incluída no repertório de ações sociais dos próprios jovens. Passa a fazer
parte de seu campo de possibilidades atuar ou trabalhar em um projeto, mas também
“inventar” seu próprio projeto com a finalidade de mudar sua realidade ou a de seu bairro/
favela/ escola, etc.
Não se trata aqui de avaliar os projetos sociais – um campo tão amplo e complexo como
colocado inicialmente –, mas trazer para a reflexão o fato de que hoje eles conformam uma
maneira de se encarar a condição de pobreza (muitas vezes convertida em “vulnerabilidade”)
e a juventude. Nesse sentido, os projetos seriam, para muitos(as) jovens, uma forma de
acessar “novos recursos simbólicos e materiais que ampliam seu campo de possibilidades”
(NOVAES, 1998, p. 11). Desse modo, eles se constituem como alternativa possível de
inserção e remuneração para os(as) jovens pobres neles incluídos durante um período limitado
de suas vidas. Ao mesmo tempo, para governos, ONGs, grupos sociais, empresas, igrejas,
fundações, etc., os projetos sociais passam a ser uma modalidade possível para traduzir, tornar
reais e nomear as ações voltadas para determinados públicos.
Relações de gênero, construções sociais
As relações existentes entre mulheres e homens em nossa sociedade são construções sociais.
Isso quer dizer que não há papéis inerentes a indivíduos delineados apenas por sua
conformação biológica. De acordo com Joan Scott (1998), gênero é “a organização social da
diferença sexual. Ele não reflete a realidade biológica primeira, mas ele constrói o sentido
dessa realidade. A diferença sexual não é a causa originária da qual a organização social
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poderia derivar. Ela é, antes, a estrutura social movente, que deve ser analisada nos seus
diferentes contextos históricos” (p. 115). As questões de gênero e a construção social sobre o
que significa ser mulher ou ser homem em nossa sociedade, bem como os padrões vigentes de
feminilidade e masculinidade, atravessam todas as nossas relações. E a reprodução de
determinados papéis usualmente vinculados aos universos chamados feminino ou masculino
faz com que, por um lado, tenhamos que condicionar nossas vidas às possibilidades e
restrições que nos chegam junto ao fato de sermos mulheres ou homens. E, por outro lado,
que aqueles e aquelas que não estejam dentro do que se espera de uns ou de outras sejam
constantemente “lembrados(as)” que não estão cumprindo seu papel a contento (isso quando
não sofrem discriminações ou violências por isso). Frases como “lugar de mulher é na
cozinha” ou “homem não chora” continuam sendo repetidas quase que automaticamente e
elas muito nos dizem sobre o que nossa sociedade espera de mulheres e de homens.
Essa separação binária das condições dos indivíduos, em que à mulher cabe tudo o que a
sociedade percebe como “feminino” (como a “casa”, por exemplo) e ao homem tudo o que é
“masculino” (como a “rua”, por exemplo) abre pouca possibilidade para a ambigüidade, para
o que não é e não precisa ser uma coisa nem outra. Daí advêm, em parte, a discriminação e a
violência sofridas por homossexuais, travestis, transgêneros, etc. Olhar para o mundo a partir
da perspectiva das relações de gênero, onde os papéis não são naturalmente dados, mas
socialmente construídos, nos permite criar espaços para se discutir, construir alternativas ou
mesmo mudar o que a sociedade concebe como “homem”/ “mulher”; “feminino”/
“masculino”, etc. Se tais papéis e relações foram social e historicamente construídos, podem
ser questionados e mudados.
Nesse sentido, hoje (mas não é de hoje) contamos com uma ampla diversidade de
movimentos sociais, organizações não-governamentais e mesmo esferas governamentais que
procuram estratégias para questionar paradigmas e colocar na berlinda as amarras socialmente
construídas para o que concebemos como relações de gênero. A larga história dos
movimentos feminista e de mulheres e a mais recente consolidação dos movimentos
homossexuais ou LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) dão a
dimensão de que esses assuntos – muitas vezes confinados ao âmbito do privado ou da casa –
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estão cada vez mais tomando conta do público, ou da rua. Uma das estratégias para se chegar
às casas e às ruas são os projetos sociais.
As relações de gênero nos projetos
É possível articular os debates sobre projetos sociais e relações de gênero a partir de inúmeras
perspectivas e interseções. Aqui, pontuarei apenas uma delas: pensar os projetos sociais como
estratégias possíveis para o trabalho por parte de organizações e movimentos sociais que têm
como tema as relações de gênero. Neste caso, o projeto social aparece como estratégia de ação
para organizar determinadas idéias em torno de ações estruturadas que permitam trabalhar uma ou mais temáticas dentro de um determinado período de tempo e acessar recursos
específicos para esse fim4. Nos projetos que trabalham diretamente com questões de gênero, a
ênfase costuma recair, sobretudo, em atividades ligadas à sexualidade (direitos sexuais e
direitos reprodutivos) e, no caso específico dos(as) jovens, com ênfase nas atividades de
prevenção à Aids e às doenças sexualmente transmissíveis, bem como à prevenção da
gravidez na adolescência5. De acordo com a pesquisadora Dina Krauskopf, em artigo sobre a
juventude na América Latina e no Caribe: “Em geral, para os homens, enfatiza-se que têm que
se prevenir com relação às doenças sexualmente transmissíveis e, para as mulheres, que
devem se cuidar com relação à gravidez” (KRAUSKOPF, 2005, p. 181). Ou seja, muitos
projetos sociais que buscam tratar mais centralmente questões relativas às relações de gênero
acabam por reforçar estereótipos existentes sobre a sexualidade e os papéis sociais de
mulheres e de homens. Às mulheres cabe prevenir a gravidez (muitas vezes como esse papel
fosse apenas delas) e aos homens cabe a prevenção das DST e da Aids, já que sua vida sexual
é mais “ativa” e “diversificada” do que a das mulheres.
No entanto, muitas instituições e ONGs, sobretudo aquelas ligadas ou articuladas a
movimentos sociais como o feminista ou o LGBT, buscam em suas ações, traduzidas em
projetos sociais, questionar o lugar de mulheres e de homens e a conformação de papéis e
identidades de gênero em nossa sociedade. Nesses casos, as ações e iniciativas conformadas
como projetos sociais são estratégias encontradas por esses atores e atrizes para estabelecer
novos parâmetros no debate sobre qual é o lugar e o papel de homens e mulheres. É
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importante pontuar que, muitas vezes, esses projetos buscam ter como público preferencial as
mulheres jovens OU os homens jovens (variando conforme o perfil da entidade). Como
justificativa para esse fato aparece que muitas questões podem ser mais facilmente
trabalhadas e debatidas entre os(as) jovens do mesmo sexo. A presença de homens jovens, no
caso dos projetos voltados para mulheres jovens, ou vice-versa, pode ser um fator inibidor em
um contexto de debate de questões que se constituem socialmente como tabus. Ou seja, falar
com maior liberdade sobre questões de foro íntimo ou privado pode ser mais fácil entre
“iguais”.
No entanto, é relevante trazer para o debate o fato de que as relações de gênero – que
obrigatoriamente envolvem mulheres e homens – estejam sendo debatidas e trabalhadas de
modo segmentado: entre homens ou entre mulheres. Na verdade, muito mais entre mulheres
do que entre os homens. Os projetos “de gênero” têm sido, muitas vezes, utilizados como
sinônimo para projetos e ações voltados para mulheres. Isso porque são reconhecidas as
desvantagens históricas das mulheres em nossa sociedade, o que conforma hoje um campo
social de ações e financiamentos que busca dar resposta a esse cenário, através de ações das
mais diversas, mas que tratam, sobretudo, de aspectos ligados à saúde reprodutiva e sexual
das jovens e, mais raramente, à questão da violência contra a mulher e à preparação e à
inserção das mesmas no mercado de trabalho.
Muito mais recentes são os projetos que, por um lado, buscam chamar os jovens homens para
debater os padrões de masculinidade vigentes em nossa sociedade, procurando trabalhar
estereótipos consolidados que acabam por orientar nossas ações e compreensões do mundo
que nos cerca. Do mesmo modo, também são recentes as iniciativas que convidam mulheres e
homens jovens para um debate conjunto sobre as relações entre eles(as), questionando a
correlação usual entre “mulher” e “gênero”.
Certamente seria possível pensar a relação entre projetos sociais e relações de gênero de
muitas outras maneiras. Um bom campo de reflexão seria perceber de que forma projetos
sociais voltados para adolescentes e jovens – que não têm a questão de gênero como objetivo
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ou temática central – vêm lidando com as relações de gênero. Um rápido olhar sobre esse
campo nos faz intuir que ainda há muito a avançar.
Não é raro encontrar projetos sociais reconhecidos e com muita visibilidade (inclusive nos
meios de comunicação), sobretudo com ênfase na cultura, em que aos homens jovens são
oferecidas oficinas de música (aprender a tocar instrumentos), enquanto às mulheres jovens,
oficinas de dança, por exemplo. É importante que aos(às) jovens sejam dadas cada vez mais
alternativas e possibilidades de escolha e não seria o caso de “obrigar” os homens a fazerem
aulas de dança, enquanto as mulheres fariam aula de percussão, por exemplo. Mas sabemos
também que nossas escolhas, por mais livres que pareçam, são sempre frutos de nossa
inserção social e do que aprendemos em diferentes espaços como certo ou errado ou, neste
caso, como “coisa de mulher” e “coisa de homem”. De acordo com o sociólogo Pierre
Bourdieu (2003), nossas preferências e nossos gostos são produtos da nossa relação com a
sociedade na qual vivemos e espelham as estruturas nela presentes. Ao apreciarmos mais uma
atividade do que outra, estamos colocando em prática, não sem conflito, o que é valorizado
para os papéis sociais que exercemos nessa sociedade. As diferenças entre as preferências de
mulheres e homens jovens podem indicar também como jovens mulheres e homens
continuam sendo socializados de forma muito distinta.
Por esse motivo, seria importante que as reflexões sobre os papéis e relações de gênero não
estivessem circunscritos aos projetos sociais e políticas que têm neles sua ênfase,
extrapolando o debate de gênero para outras áreas e permitindo que as escolhas, até mesmo
pelas atividades oferecidas dentro dos próprios projetos, fossem feitas a partir de um processo
contínuo de reflexão e aprendizagem sobre o que é ser mulher e o que é ser homem nos mais
diversos espaços de nossa sociedade (casa, rua, escola, favela, televisão, projeto, etc.). Este
tipo de debate pode contribuir para que os(as) “jovens de projeto” possam transformar suas
experiências nos projetos sociais em projetos de vida mais ampliados e diversificados,
capazes de gerar novas configurações sociais e re-definir seu lugar na sociedade.
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sobre Juventud, jan.-jun. 2005, Ano 9, nº 22, México, DF, p. 246-267.
Notas:
Jornalista, especialista em Sociologia Urbana (UERJ) e mestre em Sociologia
(com concentração em Antropologia) pelo PPGSA/ IFCS/ UFRJ. Pesquisadora
do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e do
Observatório Jovem do Rio de Janeiro/ UFF.
2 E essa articulação pode-se dar de várias formas. Isso irá depender da
concepção de participação social que está inserida na criação do próprio
projeto ou da política em questão.
3 Para uma reflexão mais aprofundada sobre os diferentes paradigmas
que cercam o debate sobre as ações e políticas voltadas para a juventude
no Brasil, ver ABRAMO, Helena Wendel. O uso das noções de adolescência e
juventude no contexto brasileiro. In: FREITAS, Maria Virgínia de (org.).
Juventude e adolescência no Brasil: referências conceituais. São
Paulo: Ação Educativa, 2005.
4 Neste sentido, o formato “projetos sociais” também ganha maior força e
legitimidade, na medida em que é a partir dele que é possível acesso a
muitos tipos de financiamento, governamentais e não governamentais, pois
esse passa a ser código de comunicação entre financiadores e financiados.
5 Para um debate aprofundado sobre sexualidade, gravidez na adolescência
e trajetórias juvenis ver HEILBORN, Maria Luiza, AQUINO, Estela M. L.,
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BOZON, Michel, KNAUTH, Daniela Riva. O aprendizado da sexualidade:
reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros . Rio de Janeiro:
Fiocruz e Garamond Universitária, 2006.
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ANEXOANEXO
A VOZ E A VEZ DA PERIFERIA
Ana Maria Miguel 1
“O longo processo de enculturação das classes populares no capitalismo sofre desde
meados do século XIX uma ruptura, mediante a qual obtém sua continuidade: o
deslocamento da legitimidade burguesa ‘de cima para dentro’, isto é, a passagem dos
dispositivos de submissão ao consenso. Esse ‘salto’ contém uma pluralidade de
movimentos entre os quais os de mais longo alcance serão a dissolução do sistema
tradicional de diferenças sociais, a constituição das massas em classe e o surgimento deuma nova cultura de massa” (MARTIN-BARBERO, 2006).
O centro constitui-se pela concentração de atividades de comercialização de bens e serviços e
também pode ser determinado por integrar aqueles que detêm o capital, que detêm o poder.
Para os que são subordinados a esse capital e a esse poder restam os espaços periféricos e as
favelas. No Brasil, mais especificamente em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o
processo de urbanização intensificou-se a partir de 1930, e de lá para cá tem sido contínuo e
acelerado. Esse crescimento urbano é resultado de um intenso crescimento demográfico, na
sua maior parte fora de qualquer organização ou padronização, o que leva a maioria da
população, até os dias de hoje, a estar sujeita às precárias condições de moradia, saneamento
básico, acesso a bens culturais e assistência à saúde. Outro ponto importante para pensar os
contrastes entre centro e periferia está vinculado à questão da visibilidade, ficando o centro
sempre no lugar do visível e a periferia na invisibilidade. Para Itamar Silva2, em entrevista ao
programa Salto para o Futuro para a série Espaços de encontro: corporeidade e
conhecimento, “(...) as favelas e as periferias fazem parte das cidades, são expressão da
diversidade territorial, econômica e social. E o olhar para a periferia ainda é um olhar de
desesperança, onde poucos investimentos do poder público são feitos ou então chegam muito
tempo depois dos investimentos realizados nas áreas ‘nobres’ da cidade” 3.
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E, complementando o pensamento de Itamar Silva, podemos citar um trecho do artigo Planeta
de Favelas, de Emir Sader:
“Na periferia das cidades cresce um setor que representa a maioria da população da
humanidade: as crianças e os jovens pobres... Seu destino interessa pouco ou nada às elites,
porque são excedentes do mercado de trabalho capitalista (...)” (SADER, 2006).
Apesar de todo o cenário de desigualdade que enfrentam as favelas e periferias, na última
década vem crescendo e se afirmando um importante fenômeno para a cultura brasileira, que é
o aparecimento das vozes da periferia urbana em todos os lugares do país. Uma periferia que,
segundo Hermano Vianna, “se cansou de esperar a oportunidade que nunca chegava, e que
viria de fora (...)” (Revista Raiz). Há muitos grupos culturais surgidos nas periferias. Só no
Rio de Janeiro podemos destacar: CUFA – Central Única das Favelas, AfroReggae, TV
Morrinho, Nós do Morro, Se essa rua fosse minha, Casa de Cultura da Baixada. Esses grupos
criam diferentes olhares para a sua realidade, através de suas músicas, projetos sociais e
produções de vídeos. Criam também possibilidades e expectativas de vida para os jovens e
para as pessoas da comunidade. Muitos dos jovens que participam desses projetos são alunos
de escolas públicas. Mas nem sempre esses espaços dialogam. No programa Salto para o
Futuro, uma das propostas é promover esse encontro a partir de suas séries temáticas, por
meio de uma abordagem interdisciplinar, dialogando com todos os atores envolvidos: os
jovens produtores de cultura, professores e especialistas.
A afirmação de Martin-Barbero vem ao encontro dos objetivos desses movimentos juvenis
com os quais temos tido contato desde o final da década de noventa. Grupos de jovens que
têm como proposta discutir e criar projetos nas áreas de saúde, tecnologia, cultura, meio
ambiente, entre outros. Muitos desses projetos têm, como fator de mediação, a mídia em suas
diversas expressões. São produzidos vídeos, jornais impressos, páginas na internet, que
divulgam o trabalho desenvolvido nas comunidades e, cada vez mais, fora delas, através de
diferentes estratégias. Todo esse processo tem sido fundamental para a construção de
identidades e representa uma nova cultura de massa, que cria possibilidades de ampliar o
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cenário midiático e diversifica os atores, como disse MV Bill4 em entrevista ao programa para
a série Complexidade e seus reflexos na educação5:
“A gente é um povo sem referência, entendeu? Se você olhar na televisão assim, você não
se vê, cara. Já estão criando até as cotas para universidade, cotas pra poder incluir 20%
de preto em elenco de novela, de cinema... pra mim, do jeito que tá, colocar 20% de preto
em novela e em teatro, filme, acho que vai ser 20% a mais de escravo, de empregado, de
motorista, porque é a mesma história que eles vão estar contando. Acho que contando
outras histórias, deixando de contar a história do empresário, do estudante de classe
média que não quer estudar mais, a gente vai começar a incluir o índio, o preto, o
desdentado, o branco pobre que não está dentro do padrão de beleza, o nordestino...”
“Periferia é periferia. Em qualquer lugar”6.
Essa nova possibilidade de referência, que cita MV Bill, já faz parte de diversos vídeos que
são produzidos para as séries do Salto para o Futuro que, em sua diversidade temática, vem,
ao longo de seu percurso, registrando essa variedade de expressões culturais. São projetos
nascidos nas periferias e favelas de vários estados brasileiros e alguns hoje já são conhecidos
e reconhecidos até internacionalmente. Por meio desse texto, vou resumidamente relatar
quatro desses encontros periféricos.
Em 1999, conhecemos, em Novos Alagados, uma favela de palafitas, na periferia de Salvador,
BA. Estávamos gravando para a série Prevenir é sempre melhor 7, uma parceria do Ministério
da Saúde e do Ministério da Educação, vinculada à Coordenação Nacional de DST/Aids.
Nessa comunidade, no meio de muita miséria, encontramos a Sociedade 1° de Maio, uma
associação de moradores que desenvolve um trabalho de educação popular. O seu fundador,
Antonio Lazzarotto, relatava que: “O segredo do trabalho de saúde está ligado ao
entusiasmo dos jovens porque, pela primeira vez, tem um grupo que se interessa por ele e um
grupo com que ele pode se comunicar, numa linguagem que é dele mesmo(...)”. Essa
associação, além de oferecer oficinas de arte, música, dança para jovens, mantinha uma
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parceria com os agentes de saúde da comunidade. A associação e os agentes de saúde, juntos,
promoviam um trabalho de prevenção ao uso de drogas. Retratavam, através de esquetes,
situações vivenciadas por alguns jovens da comunidade que, na época, já relatavam um
grande consumo de pedras de crack, além do alto consumo de álcool. Paralelamente a essa
proposta teatral, se constituía, na época, o Grupo Bagunçaço que, através da percussão feita
com instrumentos construídos com latas, tampas, galões de tinta reciclados, produzia um som
da melhor qualidade e transformava os materiais em belos e eficientes instrumentos de
percussão. O grupo fazia shows na comunidade e no entorno.
Em 2001, fizemos nosso segundo registro dos projetos do Grupo Cultural AfroReggae, de
Vigário Geral, zona norte do Rio de Janeiro, para a série Educação, Direito e Cidadania8.
Nesse vídeo, a proposta era gravar o grupo teatral Trupe da Saúde, que utilizava a linguagem
circense para levar a diversos espaços públicos esquetes que abordavam o tema. Na época da
gravação, o grupo havia produzido um esquete sobre os direitos contidos no artigo 227 do
Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo o coordenador da Trupe, Marco Antonio
Guimarães: “A proposta da Trupe da Saúde é trabalho interno e externo. Externo, como o
citado acima, e interno, pois a proposta é criar um espaço de acolhimento, de convivência e
construir uma forma de esses jovens lidarem com as dificuldades que têm e criarem
mecanismos de mediação para lidar com essas dificuldades, que são maiores do que as que
vivem os jovens de classe média”.
Em 2005, subimos o Morro do Pereirão, em Laranjeiras, zona sul da cidade do Rio de Janeiro,
para registrar o projeto da TV Morrinho, para a série Espaços de encontro: corporeidade e
conhecimento9. Lá encontramos jovens que montaram uma maquete com tijolos, pequenos
bonecos e brinquedos, conhecida como Morrinho, que representa as casas, escadarias e ruas
do complexo de favelas da cidade do Rio de Janeiro. Essa brincadeira começou porque os
meninos queriam ficar longe de algumas ações de violência que aconteciam na comunidade,
como o uso e o tráfico de drogas e, assim, criaram o seu próprio “Morrinho”, como nos
relatou José Carlos da Silva Pereira, um dos criadores da maquete: “Tinha muitos garotos se
envolvendo com drogas e tal, e a gente não queria se envolver muito com isso. A gente fez o
morrinho, mais pra ficar brincando mesmo, pra não olhar pra lá, olhar pra cá”.
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O Morrinho já ganhou reconhecimento dentro e fora da comunidade, sendo levado até para
exposições fora do país. A partir dessa maquete, foi criada a TV Morrinho, que produz vídeos
que retratam, através da brincadeira, a vida na comunidade. E esse brincar já faz parte de
outras produções artísticas, como o DVD “O silêncio que precede o esporro”, do Grupo O
Rappa10, que trouxe novas expectativas de futuro para os jovens: “A gente começou a ver que
fizemos mesmo e ´tava se tornando uma forma de trabalho, de divulgação. Estava sendo
considerado dentro da tua comunidade. Todo mundo te respeitando, dando parabéns, dando
maior valor, aí muda, muda a fisionomia, muda o pensamento... pegar uma câmera digital,
uma beta e gravar o que você criou, a gente não sabia fazer isso. Não sabia editar no
computador, hoje eu sei... com essa função de você criar uma coisa e um cara que já
conhece, lá de baixo, trazer, você ensina a ele o que você tem, as suas qualidades e ele
ensina as qualidades que ele tem pra você. Aí você fecha com ele e acabou o mundo (...)”
(depoimento de Nelcirlan Souza).
Em 2006, para a série Conto e Reconto: literatura e (re)criação11, encontramos, em São João
de Meriti, na Baixada Fluminense, a Cia. de Jovens Griôts, um grupo de jovens empenhados
em conhecer e disseminar as culturas africanas. Jovens que fazem da contação de histórias
uma forma de entender o mundo. Antes de levarem o que sabem para as pessoas, os Jovens
Griôts pesquisam, lêem, ouvem a voz da experiência, ou seja, entrevistam as pessoas mais
idosas da comunidade. Esse grupo faz parte da Casa de Cultura da Baixada, no Rio de Janeiro.
Nessas gravações, presenciamos novas histórias, histórias de grupos de jovens que, apesar de
toda a diversidade, buscam formas de romper com uma lógica perversa que tenta reduzir sua
auto-estima em relação à sua origem popular, advinda das periferias e das favelas. É o
empenho para sair do lugar do “coitadinho”, ou daquele que tem o potencial para marginal,
para assumir o lugar de direito, o lugar de cidadão. É evidente que esses projetos sociais não
dão conta da questão fundamental e estrutural da sociedade brasileira, que é a desigualdade.
Esses projetos são importantes, porque ajudam a construir espaços que possibilitam que venha
à tona a potencialidade dessas juventudes. Porém, é importante que estejam sempre
direcionados à construção de políticas públicas que sejam capazes de enfrentar, efetivamente,
a questão da desigualdade social.
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“É com palavras e atos que nos inserimos no mundo humano; e esta inserção é como um
segundo nascimento, no qual confirmamos e assumimos o fato em bruto do nosso
aparecimento físico original” (ARENDT, 2007).
Retomando a proposta desse texto, muitos dos jovens que participam desses projetos são
alunos de escolas públicas. Então, qual é a responsabilidade desta instituição na criação de
espaços de diálogos, para não ficar excluída dessa produção que faz parte da vida cotidiana de
seu público? E para contribuir com a diminuição da desigualdade social?
Seja na grande mídia ou em programas educativos, a presença de produções culturais
desenvolvidas por jovens de periferia tornou-se cada vez mais freqüente. Especificamente no
Salto para o Futuro, a apresentação desses projetos está voltada para a formação continuada
de professores da Educação Básica, que acompanham as séries temáticas. A proposta é que
eles possam conhecer esses projetos, avaliá-los e refletir sobre as contribuições que podem
trazer para a sua prática pedagógica, visando a uma educação para diversidade. Este é um dos
principais focos do programa. A escola, como um local privilegiado para as trocas e para
ampliar as possibilidades de contato, também tem, como função básica, a valorização da
racionalidade científica, o que, muitas vezes, pode fazer com que educadores dêem poucovalor às produções culturais e às vivências cotidianas dos próprios alunos. Podemos dizer que
a racionalidade científica está relacionada ao que Boaventura de Sousa Santos chama de
“monocultura do saber e do rigor”:
“(...) a idéia de que o único saber rigoroso é o saber científico; portanto, outros
conhecimentos não têm a validade nem o rigor do conhecimento científico. Essa
monocultura reduz de imediato, contrai o presente, porque elimina muita realidade que fica
fora das concepções científicas da sociedade, porque há práticas sociais que estão baseadas
em conhecimentos populares... E, como tal, todas as práticas sociais que se organizam
segundo esse tipo de conhecimento não são críveis, não existem, não são visíveis...”
(SANTOS, 2007).
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A escola, como espaço de tensão e de cooperação, pode investir nesta cooperação para
envolver os alunos no processo pedagógico. A cooperação suscita a idéia de organização do
trabalho, a partir da definição de regras que são construídas coletivamente.
Os projetos anteriormente apresentados têm como base a construção de processos de
colaboração, o que faz com que cada participante aproprie-se do seu trabalho e, com isso,
exerça a sua cidadania. Uma relação em que o diálogo é peça fundamental para a manutenção
desses projetos.
Mas afinal, o que ganham as escolas que ouvem as vozes da periferia, ou seja, da maioria deseus alunos?
“Somente o diálogo, que implica num pensar crítico, é capaz, também, de gerá-lo. Sem ele,
não há comunicação e sem esta, não há verdadeira educação (...). A educação autêntica não
se faz de A para B ou de B para A, mas de A com B, mediatizados pelo mundo” (FREIRE,
1998).
Entre os diversos registros que fizemos, citarei um exemplo de escola que tem na base de sua
proposta pedagógica a constituição de uma educação autêntica:
Para compor um dos vídeos da série Complexidade e seus reflexos na educação, no programa
intitulado No caminho da paz, fomos à cidade de São Paulo, gravar a proposta pedagógica da
Escola Estadual Professor Giulio David Leone12 que, além do currículo oficial, construiu um
projeto com oficinas de teatro, grafite, hip-hop e meio ambiente, o que mudou o espaço
escolar que, antes, era marcado por um alto nível de violência. A escola buscou parcerias para
repensar o seu projeto político-pedagógico. O principal objetivo era reverter uma situação que
a diretora Marlene Freitas nos descreveu como caótica: “A evasão era assim mais de 30% em
quase todas as séries e a repetência chegava a 50%... Com a proposta de trabalhar a cultura
da paz, em 1998 nós tínhamos reduzido para 0,5%, tanto a repetência, quanto a evasão.”
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A professora Rita de Cássia Lopes, incomodada com as pichações nos muros e nas paredes da
escola, convocou uma reunião com os alunos para buscar uma solução para este problema. O
que ela não esperava é que esse encontro trouxesse novos horizontes para a sua própria
carreira. Foram criadas oficinas de grafite, que se tornaram um espaço de expressão para os
alunos e para ela, que começou a pesquisar essa forma de expressão artística e até a grafitar. O
trabalho das oficinas, realizadas em conjunto com os alunos e professores, foi o caminho
encontrado para projetos de vida e de futuro, como nos relata o aluno Sidney Ferreira:
“Cheguei em 2000 e já estou dando aula, ensinando o pouco que sei para os outros sobre o
brack.”
No depoimento do professor de música Alan Santos, temos uma reflexão sobre o papel e os
limites da escola nessa tarefa: “Agora eu não seria ingênuo de dizer que um projeto como
esse resolve o problema da agressividade dentro da escola ou mesmo da comunidade em que
a gente vive. O problema é um tanto maior, ele é um problema de âmbito social, de origem
social”.
Em entrevista ao programa para a série Multiculturalismo e educação, o professor Muniz
Sodré13 traz para a discussão a seguinte questão: “É preciso adaptar o currículo à diversidade
dos bairros, dos territórios, para evitar a evasão escolar, que é enorme nas periferias das
cidades... Mas você também não pode abandonar, deixar de dar o código da cultura
erudita... O respeito à diversidade cultural envolve o cuidado com os níveis de vida de
professores e alunos e com as expectativas de compreensão do mundo que essas pessoas têm.
É preciso que a escola aprenda com o entorno, isso é, é preciso uma formação permanente. E
que os alunos e pais de alunos e famílias de alunos participem disso.”
Dando um ‘salto’ para além dos programas educacionais, temos atualmente algumas
expressões da periferia na grande mídia, como os seriados Cidade dos homens, Antonia e
Central da Periferia14. Mas como a periferia chegou à TV aberta? Para Hermano Vianna,
antropólogo, diretor e um dos idealizadores do programa Central da Periferia15, “(...)
minorias são maiorias, mas ainda dependem de alguns poucos para aparecerem na mídia. O
Central da Periferia existe porque pessoas como eu, Regina Casé e Guel Arraes nos
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interessamos pelos fenômenos excluídos... Os grupos culturais que mostramos nesse
programa não dependem disso para sobreviver, pois não esperaram que o centro
apresentasse novidades. Inventaram novas culturas (muitas vezes usando tecnologia de
ponta) que podem trazer novos caminhos para o futuro do centro... O Central da Periferia
não pretende descobrir nada, não vai revelar nenhum novo talento desconhecido. A grande
maioria das atrações musicais do programa é formada por ídolos de massa, já consagrados
pelas multidões das periferias. Ou são projetos sociais que influenciam decisivamente a vida
de suas favelas, e contam com os apoios internacionais. Mas que, em sua maioria, nunca
apareceram na TV em rede nacional.”
Para Ivana Bentes16, são admiráveis essas produções, mas é preciso ficar atento e ter um olhar
reflexivo para essa exposição da periferia na grande mídia porque “(...) o perigo é a gente
transformar pobreza em folclore ou em gênero cultural, naturalizar isso, achar que ‘puxa, é
legal ser pobre’. Aceitar essa domesticação do racismo, do preconceito, da desigualdade e
criar o pobre criativo e feliz, mas fora da universidade, sem disputar emprego com garotos
de classe média. Enfim, o pobre ‘limpinho’ do discurso higienista, pronto para o consumo,
sem um sobressalto ético, sem perceber a violência física e simbólica à qual esses jovens são
submetidos”.
Esse questionamento de Ivana Bentes é um estímulo para refletirmos sobre o que dizem as
vozes da periferia e como esses discursos e projetos podem ser capturados para o bem ou para
o mal, sem querermos ser maniqueístas. Acreditamos que, enquanto também captador dessas
vozes e com a intencionalidade de sempre ter espaços para elas nos vídeos, o programa Salto
para o Futuro cumpre seu papel de contribuir para a democratização da comunicação e para a
formação de sujeitos críticos, sejam eles professores, alunos, especialistas...
Não achamos somente belos os projetos advindos das favelas e periferias. Achamos dignos.
Não é belo entrar em um dos barracos de Novos Alagados e encontrar uma adolescente de 13
anos, grávida de 8 meses, deitada em uma esteira no chão, porque não há móveis na casa para
todos da família. Não é belo também, ao sairmos de Vigário Geral, sabermos que a qualquer
momento um daqueles jovens que entrevistamos no projeto cultural AfroReggae pode ser
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morto pela facção da favela vizinha, enfim, não há beleza nas condições extremas de pobreza,
mas há muita dignidade nas pessoas que moram nesses lugares e produzem belezas. Há
também belas cenas cotidianas, que podemos ver no site do Observatório de Favelas, no
projeto Imagens do Povo17, que precisam ser mostradas, belos sorrisos que continuam não só
na esperança, mas na tentativa de diminuir a avassaladora desigualdade social que impede a
maioria dos jovens dessas comunidades de ter acesso aos bens culturais.
“O bagulho é doido e o processo é lento” (MC G3)1818
Ao participar de várias etapas da produção dos programas, ao selecionar as falas e atéalgumas imagens, a equipe pedagógica19 procura levar aos professores que acompanham as
séries informações que contribuam para sua formação e que proporcionem, através da
interatividade do programa, uma forma de trocar experiências, incitando a reflexão crítica da
atividade educacional dentro e fora do espaço escolar. Objetivamos destacar, também, uma
relação dialógica entre professores e alunos. Uma relação que proporcione a mediação e abra
espaços para os conflitos e que os consensos sejam conseqüência dessa prática e não um
esquema linear e autoritário. Esperamos ajudar a construir uma história com histórias eruditas,
populares, individuais e coletivas e que essas histórias possam trazer visibilidade aos desejos
dos que ali estão se relacionando. E, ainda, que possam reverter as práticas de silêncio e
exclusão.
O sistema educacional tem muitas possibilidades para enfrentar esse processo, essa
construção muitas vezes é demorada, não acompanhando o ritmo em que acontece a “vida lá
fora”. Mas não é possível desistir ou negar que os tempos são diferentes, que há muitas vozes
a serem ouvidas.
Não é preciso gostar de tudo o que os alunos dizem, mas podemos exercer o que é mais
importante numa relação: respeitar, e aí, quem sabe, criar cumplicidades, um clima de
confiança e proximidade, que muito contribui para uma educação autêntica. Segundo Rosa
Fisher, “(...) abrir-se ao acontecimento, ao inesperado, àquilo que não nos oferece garantias
talvez seja matéria em total falta nas práticas educacionais em nosso tempo”.
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A escola não deve mais perder essa oportunidade, pois as vozes continuarão a encontrar a sua
vez, mesmo fora do espaço escolar, mas se for junto com ele, as chances de se criar uma
sociedade mais justa e menos desigual tornam-se maiores.
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UERJ, publicado em 21 de junho de 2006.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Renovar a teoria crítica e reinventar a
emancipação social. São Paulo: Editora Boitempo, 2007.
VIANNA, Hermano. Manifesto de Hermano. Revista Raiz, publicado em 21 de
dezembro de 2006.
______________ . Central da Periferia. Texto de divulgação publicado em 08 de abrilde 2006.
Notas:
Analista Educacional do Programa Salto para o Futuro/TV Escola
(SEED/MEC).
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2 Jornalista, líder comunitário, fundador do Grupo Eco (formado por jovens
da comunidade do Morro Santa Marta, no Rio de Janeiro). É um dos
coordenadores do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas –
Ibase.
3 As entrevistas concedidas para o Programa Salto para o Futuro podem
ser conhecidas na íntegra na página do Salto: www.tvebrasil.com.br/salto
4 Cantor, compositor e escritor.
5 O Debate: Complexidade e seus reflexos na Educação traz para a discussão
as seguintes questões: Estamos vivendo um momento de questionamento das
instituições e dos sistemas fechados de conhecimento. O reconhecimento do
pensamento complexo permeando todas as atividades humanas tem enorme
repercussão na educação. Esta série de programas discute suas
conseqüências e propõe alternativas curriculares, transdisciplinares e
transculturais. O consultor da série é Ubiratam D’Ambrósio – Professor
Emérito da Universidade de São Paulo.
6 Música do grupo Racionais MC’s.
7 A série Prevenir É Sempre Melhor busca promover a informação adequada
para professores abordarem os conteúdos sobre sexualidade, doenças
sexualmente transmissíveis, Aids e drogas nas escolas, por meio da prática
pedagógica participativa com alunos adolescentes, destacando-se a
informação, a vivência e a reflexão, que possibilitem a adoção de
comportamentos seguros. As consultoras da série são Vera Lopes dos Santos
e Cledy Eliana dos Santos – Assessoras Técnicas da Coordenação Nacional de
DST e Aids/ Ministério da Saúde.
8 A série Educação, Direito e Cidadania é composta de cinco programas
dedicados a refletir sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, seus
fundamentos, seus princípios, a concepção de cidadania aí formulada, a
educação como um dos direitos fundamentais para o exercício destacidadania e o papel da escola como um dos agentes importantes no
esclarecimento e na promoção destes direitos. O que está em questão, nesta
série, não é apenas o conjunto de normas e regras que disciplinam o assunto,
mas a reflexão sobre cidadania e direitos humanos e sua relação com a
educação. A consultora da série é Ester Maria de Magalhães Arantes –
Professora da Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro
9 A série Espaços de encontro: corporeidade e conhecimento tem como
objetivo socializar as discussões acerca dos valores e sentidos atribuídos
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historicamente à corporeidade e ao conhecimento, destacando as
contribuições dos espaços formais e informais de educação nesse contexto.
Discute também o investimento da Sociedade Civil para o enfrentamento das
desigualdades sociais, no âmbito das redes de convivência, tendo como
objetivo contribuir para a construção de conhecimentos e práticas educativas
e sociais. Os consultores da série são a psicóloga Margarida Serrão, de
Salvador, BA, e Wilson Costa, coordenador da Fundação Gol de Letra, do Rio
de Janeiro.
10 O Rappa, grupo musical – DVD – O silêncio que precede o esporro – TV
Morrinho – vídeo: Os peixinhos assassinos, de Lauro.
11 A série Conto e reconto: literatura e (re)criação propõe que os contos
sejam redescobertos na escola e componham uma parte significativa docurrículo, ao longo do Ensino Fundamental, desde a Educação Infantil até os
ciclos finais. Com isto em mente, optamos pela análise de diferentes
facetas do conto, buscando-as tanto nos estudos relativos à tradição oral,
quanto naqueles ligados à tradição literária. As consultoras da série são
Márcia Cabral. professora adjunta no Departamento de Estudos Aplicados
ao Ensino da Faculdade de Educação – UERJ e doutora em Teoria e História
Literária (IEL-UNICAMP) e Rosa Helena Mendonça, supervisora pedagógica
do programa Salto para o Futuro/TV Escola (SEED/MEC), mestre em
Educação – PUC-Rio.
12 A Escola Estadual Giulio David Leone fica no bairro de Capão Redondo, na
periferia de São Paulo.
13 Muniz Sodré – professor da ECO/UFRJ, atualmente diretor da Biblioteca
Nacional, no Rio de Janeiro, RJ.
14 Todos produzidos em parceria com uma produtora independente - a O2
Filmes - e com a realização da Central Globo de Produções.
15 Texto publicado em diversos jornais na estréia do programa Central daPeriferia.
16 Texto publicado na revista on line Brasil de Fato -
www.brasildefato.com.br/agencia/entrevista
17 Observatório de Favelas do Rio de Janeiro -
www.observatoriodefavelas.org.br/imagensdopovo
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18 Mc G 3 - CD – O baile do jacaré – “O bagulho é doido e o processo é
lento”.
19 É importante registrar que a equipe pedagógica é composta por
profissionais de diferentes áreas: Pedagogia, Antropologia, Letras e
Psicologia, o que enriquece muito o nosso trabalho, o nosso olhar e a nossa
escuta.
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TV ESCOLA/ SALTO PARA O FUTURO
Diretor de Produção de Conteúdos e Formação em Educação a Distância Demerval Bruzzi
Coordenador-geral da TV Escola Érico da Silveira
Coordenadora-geral de Capacitação e Formação em Educação a DistânciaSimone Medeiros
Supervisora Pedagógica Rosa Helena Mendonça
Acompanhamento Pedagógico Ana Maria Miguel
Coordenação de Utilização e Avaliação Mônica Mufarrej Fernanda Braga
Copidesque e Revisão Magda Frediani Martins
Diagramação e Editoração Equipe do Núcleo de Produção Gráfica de Mídia Impressa – TV Brasil Gerência de Criação e Produção de Arte
Consultor especialmente convidado Itamar Silva
E-mail: [email protected] Home page: www.tvbrasil.org.br/salto Rua da Relação, 18, 4o andar - Centro.CEP: 20231-110 – Rio de Janeiro (RJ)Junho de 2008
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