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Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 16 de Janeiro de 2020 |Ano XIV l nº 887 50,00MT E Z Sai às quintas ONDE A NAÇÃO SE REENCONTRA AMBEZ Comercial TABELA DE PREÇOS Abertas assinaturas para 2020 MAIS INFORMAÇÕES Cell: 82 45 76 070 | 84 26 98 181 Email: [email protected] ZAMBEZE 2.300,00MT 2.900,00MT 4.450,00MT PERÍODO TRIMESTRAL SEMESTRAL ANUAL Obrigató rio cumprir! Promessas da campanha fazem crescer água na boca Advogados ganham cerca de 24 mil meticais por hora PGR gasta 100 milhões em defesa de Chang O povo continua meu patrão. Prometo trabalho, trabalho, trabalho.

Prometo trabalho, trabalho, trabalho. Obrigatório cumprir! · Prometo trabalho, trabalho, trabalho. Para o novo ciclo da sua governação Nyusi promete combate sem tréguas à corrupção

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Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 16 de Janeiro de 2020 |Ano XIV l nº 88750,00mt

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O n d e a n a ç ã O S e r e e nc O n t r aambEz

Comercial

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Obrigatório cumprir!

Promessas da campanha fazem crescer água na boca

Advogados ganham cerca de 24 mil meticais por hora

PGR gasta 100 milhões em defesa de Chang

O povo continua

meu patrão.

Prometo trabalho, trabalho, trabalho.

Para o novo ciclo da sua governação

Nyusi promete combate sem tréguas à corrupção

o presidente da república, Filipe Nyusi, garantiu que, no próximo ciclo da sua governação, não haverá tréguas no combate à corrupção em todas as suas vertentes. se-gundo Nyusi, não haverá pequenos nem grandes corrup-tos “tocáveis e intocáveis” e que no combate à corrupção o seu governo se distanciará dos que pretendem subs-tituir “a acção institucional da justiça por uma opera-ção de caça às bruxas”. Nyusi falava, nesta quarta-feira, pouco depois da sua investidura como chefe de estado.

No seu discur-so de tomada de posse, na “carismática” praça da In-

dependência, Filipe Nyusi prometeu continuar a colocar na agenda central as áreas de infra-estruturas económicas, de Energia, Turismo e Pesca.Nyusi prometeu dar atenção es-pecial ao sector da Agricultura e a industrialização de Moçam-bique. Todas estas actividades, segundo Nyusi, contribuirão de

forma significativa para a me-lhoria do emprego para jovens.Sobre o sistema da Justiça, Fi-lipe Nyusi prometeu promover sistemas inovadores de resolu-ção de conflitos, como media-ção e os tribunais comunitários para acelerar a implementação da “nossa” visão para o sector.“Continuaremos a defender um sistema de administração da justiça eficiente, imparcial, célere e inspirador de confian-ça ao povo na aplicação da lei de igual forma para todos.

Expandiremos a cobertura dos tribunais para o nível distrital, descentralizando, ao mesmo tempo, as competências dos tri-bunais provinciais para os tri-bunais distritais”, disse Nyusi.Nyusi prometeu igualmente promover o Estado de Direi-to, respeitando a separação e independência dos poderes “Legislativos, Executivo e Ju-dicial”. Disse também que a promoção da liberdade de ex-pressão, de opinião, de asso-ciação e o respeito pela diver-sidade e pluralismo de ideias continuarão a ser a sua marca.

Combate sem tréguas à corrupção

De salientar que o Presiden-te Filipe Nyusi voltou a rei-terar que, no próximo ciclo da sua governação, vai con-tinuar a combater à corrup-ção em todas as vertentes.“Continuaremos a exigir in-tegridade, ética e deontologia

profissional ao funcionário e agente do Estado para consoli-dar a cultura de transparência, prestação de contas e respon-sabilização a todos os níveis da administração da coisa pú-blica” prometeu Nyusi para de seguida acrescentar que “não haverá tréguas na nossa luta contra este mal. Não haverá pequenos e grandes corruptos, tocáveis e intocáveis. Nesse exercício de combate à corrup-ção nos distanciamos dos que pretendem substituir a acção institucional da justiça por uma operação de caça às bruxas”.

“Nyusi não fez um discurso de falsas promessas”, Mia Couto

Para o conceituado escritor mo-çambicano Mia Couto, o Presi-dente Nyusi foi verdadeiro, não fez um discurso de falsas pro-messas, ele percebe a limitação que o nosso país tem, do ponto de vista económico e do pon-to de vista da situação militar.

“O que ele oferece, penso que é um caminho sólido, único caminho que vejo, primeiro re-solver aquilo que tem que ser uma vontade para o consenso, não podemos continuar divi-didos desta maneira em que o simples facto de ser a maioria faz com que não se escute as minorias políticas, não pode haver esta ideia de uma maio-

DÁVIO DAVID

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 20202 | zambeze | DestAques |

ria política”, defendeu Couto.O caminho para a reconciliação nacional, para Mia Couto, é um caminho de atitude e de cultura. Segundo ele, não basta ser in-tenção política “tem que haver uma coisa que é assumida no quotidiano, isto é, onde eu olho para alguém que não é do meu partido político e saber que te-nho que escutar a essa pessoa, com vontade de escutar e de per-ceber que ele pode ter razão”.Sobre a ideia de exploração dos recursos minerais como forma de consolidação da paz e da reconciliação nacional, Mia Couto precisou que há ideia de que os recursos minerais são sempre uma maldição e que só correu bem na Noruega. “Acho que isso é uma desconsidera-ção, à partida, de que os africa-nos não podem fazer bem. Nós podemos fazer bem, temos um grande desafio para que a explo-ração do gás possa correr bem, mas acho que chegamos num momento certo, foi bom termos começado pelo gás e não pelo petróleo que é mais imediato, há uma possibilidade que esse recurso seja visto apenas como uma contribuição e não uma economia de Moçambique.Relativamente aos ataques “ter-roristas” na província de Cabo Delgado, Couto explicou ao Zambeze que a sua preocupa-ção é, até hoje, não se entender o que “eles são”, não podemos combater o que não entende-mos, para Mia Couto, a grande prioridade é percebermos quem são, o que querem e não é ape-nas um desafio militar, é um de-safio para entender o fenómeno.

“É necessária paz para desenvolver Moçambique”,

Armando Guebuza

Por seu turno, o antigo chefe de Estado, Armando Guebuza, disse aos jornalistas que, no segundo mandato de Nyusi, o governo de Moçambique vai consolidar a paz. “Se nós temos paz e trabalharmos no quadro

do manifesto que foi aprova-do, eu penso que os aspectos económicos vão encontrar uma solução mais rápida, apesar de não ser algo que se consegue de um dia para outro, mas se todos estivermos unidos, tra-balharmos unidos e falarmos livremente, vamos chegar lá”.

“Acções concretas para o combate à corrupção”, John

Kachimila

Entretanto, o veterano da luta de libertação nacional e antigo go-vernante, John Kachimila disse ao Zambeze que espera que o Presidente Nyusi cumpra com suas palavras no que tange ao combate cerrado à corrupção.Segundo Kachimila, o desafio de combate à corrupção anun-ciado por Nyusi é uma reali-dade e “a corrupção é um pro-blema e de facto, sem acções concretas, nada vai acontecer, esperamos que aquilo que já fi-zemos nos últimos três ou qua-tro anos sirvam de escola (…) é uma das agendas de Nyusi para o próximo ciclo de corrupção”.Quem também corroborou com a ideia de combate sem tréguas à corrupção, foi a activista so-cial Graça Machel, que disse aos jornalistas que no presente

mandato de Filipe Nyusi gosta-ria de ver o reforço das institui-ções públicas, que sejam fortes e capazes de exercer as suas funções constitucionais e le-gais para que a sociedade possa

funcionar com transparência.“Considero a luta contra à cor-rupção um factor muito im-portante, porque muitos dos poucos recursos que temos, estão a ser desviados para os fins para os quais não foram estabelecidos, portanto, para mim são três coisas (impor-tantes), muito trabalho para todos nós, reforço das nossas instituições e combate à cor-rupção”, disse Graça Machel.

“Partidos políticos devem se organizar”, Abdul Carimo

Quem também falou ao Zam-beze foi o Presidente da Co-missão Nacional de Eleições (CNE), Abdul Carimo. Se-gundo ele, os processos elei-torais são desafiantes em toda a parte do mundo, daí que se reserva cada vez mais o apri-morar a legislação eleitoral e, igualmente, aprimorar cada vez a implementação dessa legisla-ção, no sentido dos órgãos elei-torais possam ter o domínio da legislação e não só, os próprios partidos políticos devem se or-

ganizar melhor.Para Carimo, os partidos po-líticos não podem brincar as eleições, eles devem fazer um trabalho mais sério, porque “não se ganha uma eleição sem haver uma organização interna do partido, sem haver um gabi-nete eleitoral, jurídico, é neces-sário que os partidos políticos saibam que é preciso ter um gabinete de comunicação, re-quisitos mínimos para que um partido funcione no momento eleitoral”. De acordo com Abdul Carimo, é importante que, nos próximos pleitos eleitorais qualquer que seja o partido que queira con-correr para as eleições saiba que deve concorrer com maior

seriedade “de nada vale termos muitos partidos a se inscreve-rem e a concorrerem, mas que não tenham requisitos mínimos ou não reúnem os mínimos re-quisitos para uma campanha, por exemplo, ou para fiscalizar o processo eleitoral a nível de todas as mesas.

“Reconciliação nacional só com consolidação da

descentralização” - Emídio Xavier

Por seu turno, o autarca de Xai--Xai, Emídio Xavier, defende que a reconciliação nacional tem a ver com a consolidação do processo de descentraliza-ção do país. Diz que vai ajudar a devolver o poder e a capaci-

dade das comunidades locais a tomar algumas decisões so-bre as suas próprias vidas e destinos e isso poderá ajudar a dar autonomia as pessoas lá onde estão e terem recur-sos para tomada de decisão.Emídio Xavier afirma ainda que nesse arranque do novo ciclo de governação que é o segundo mandato do presidente Nyusi, o governo central deve se concentrar na consolidação da descentralização tanto na perspectiva da municipaliza-ção que consiste em dar mais competências aos municípios na perspectiva de provisão de serviços e na descentraliza-ção das receitas e taxas que são cobradas nas autarquias. “É preciso consolidarmos a questão do governador elei-to, secretário de estado, os órgãos de apoio e a relação entre os órgãos municipais e distritais. Esta é a expectativa que tenho para fortificamos e consolidarmos a reconcilia-ção nacional” referiu o autar-ca que também é vice-presi-dente da associação nacional dos municípios (ANAM).Refira-se que o Presiden-te Nyusi tomou posse dian-te dos deputados do partido Frelimo, os deputados e os representantes dos partidos da oposição simplesmente “gazetaram”, estiveram tam-bém presentes na cerimónia, diplomatas, vários chefes de Estado, com destaque para de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa; do Zimbabwe, Ermer-son Mnangagwa; de Angola, João Lourenço; da África do Sul, Cyril Ramaphosa; anti-go Presidente de Tanzânia, Benjamim M. Kapa; vice-pre-sidente de Uganda, Edward Ssekandi; primeiro-ministro de E-sewatini, Mandvulo Dla-mini; primeiro-ministro da Guiné- Equatorial, Francisco Asue; Presidente de Botswana, Mokgweetsi Masisi; da Zâm-bia, Mokgweetsi Masisi; entre outras personalidades.

zambeze | 3Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 | DestAques |

Meio a incertezas e indefinições do partido Renamo, na sequência de ameaças do líder da autoproclama-da Junta militar, mariano Nhongo, sob pretexto de que, se os deputados da renamo tomassem posse na 9ª legislatura da assembleia da república (ar), intensificaria os ataques, nos próximos dias, contra pessoas e bens nas estradas do centro do país, eis que os deputados decidiram pela tomada de posse, num gesto claro de ignorar, por completo, as amea-ças de Nhongo.

Contrariando o que a Renamo tem habituado aos moçambicanos, boicotar a ceri-

mónia de tomada de posse de seus deputados na Assembleia da República (AR), à seme-lhança da 7ª e 8ª Legislatura, sob a liderança do então líder daquela formação política, Afonso Dhlakama, na 9ª Le-gislatura, os deputados decidi-ram tomar posse, em cerimó-nia dirigida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, sob argumento de que tinham de o fazer, pois os moçambicanos os elegeram como representantes.

No entanto, a decisão dos deputados da Renamo acontece numa altura em que a Renamo vive momentos de cisão que deu origem a autoproclama-da Junta Militar, chefiada por

Mariano Nhongo, que outrora braço do então líder Afonso Dhlakama, que não reconhece a actual liderança da Renamo, na figura de Ossufo Momade.

Recorde-se que, dias antes da investidura dos deputados, Nhongo advertiu a Renamo que a tomada de posse pelos deputados seria a pior escolha do partido, ameaçando inten-sificar os ataques contra a po-pulação indefesa sem poupar a ninguém.

Desde a constituição da Junta Militar, a Renamo se tem afastado de qualquer ligação àquele grupo de guerrilheiros e do seu líder. Aliás, a própria Renamo chegou mesmo a cha-mar de desertores, e, baseado nestes argumentos, aparente-mente nunca foram desencade-adas acções para uma possível reconciliação.

Por seu turno, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, falando à imprensa, indicou que não havia impedimento para que os deputados tomas-sem posse na AR, argumentan-do ainda que mesmos nas legis-laturas passadas houve boicote dos deputados, porque também nenhum instrumento legal im-pede a decisão.

O presente plenário com-posto pelas bancadas da Freli-mo, Renamo e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), assinala-se pela in-clusão e desproporção acentu-ada dos assentos parlamentares

naquele lugar privilegiado para a busca de consensos sobre di-versas matérias da vida nacio-nal, para além da faixa etária que compreende 24 a 75 anos, quebrando a tradicional com-posição de idades acima dos 35 anos.

A casa do povo é novamen-te chefiada por uma mulher, a deputada Esperança Bias, eleita Presidente da AR com 179 vo-tos a favor, concorrendo como única candidata ao cargo de direcção da casa do povo. Ten-do prometido na sua primeira intervenção tudo fazer para a consolidação do papel legislati-

vo e fiscalizador da Assembleia da República.

Do total de 250 deputados que compõem a magna casa do povo, a Frelimo conseguiu ele-ger 184 deputados nas eleições de 15 de Outubro de 2019, cor-respondente a 73%, sendo que a bancada da Renamo, maior partido da oposição, elegeu 60 deputados, o que corresponde a 24% e, por último, o Movimen-to Democrático de Moçambi-que (MDM), que drasticamente decresceu ao eleger apenas 6 deputados, correspondentes a 2.4% respectivamente.

Desafia ao recém-constitu-ído parlamento o abandono ao egoísmo, pelos parlamentares, e sim labutar para a sua princi-pal função como órgão legisla-tivo do Estado, uma assembleia representativa de todos os cida-dãos moçambicanos que lhes conferiram autoridade para o mandato, cujo resultado deve reflectir uma melhoria de vida dos cidadãos.

A bancada da Frelimo apre-senta-se com 103 novos eleitos sem experiência política, tendo registado crescimento de mais 40 novos deputados comparan-do com a 8ª legislatura, ou seja, de 144 para 184. A Renamo decresceu de 89 deputados para 60, embora também apresente novos deputados, entretanto, o MDM é a bancada que conhe-ceu uma redução acentuada de representatividade, do total de 17 deputados na última legis-latura para apenas 6 deputados, apenas teve dois novos man-datários nestas eleições pelos círculos eleitorais de Sofala e Zambézia.

No entanto, o Presidente da República, Filipe Nyusi, ape-lou a que a bancada da Frelimo, com maioria expressiva, bus-casse ganhar, pelos argumentos as diversas matérias da vida so-cial dos moçambicanos.

Nyusi destacou como papel dos deputados a promoção do espírito da unidade nacional e da harmonia, o que só seria possível se estes relevassem as distinções de cores partidárias, pautassem pelo respeito pela diferença no debate de ideias, representando todos os moçam-bicanos naquela magna casa.

Os deputados devem ainda incidir atenções em assuntos que apoquentam os moçam-bicanos, desde a consolidação da paz, a conclusão do DDR, o que poderá garantir que todos

Mesmo com ameaças

Deputados da Renamo tomam posse na Assembleia da República

LuIs CuMBe & e. DA GRAÇA

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 20204 | zambeze | DestAques |

remem de forma harmoniosa.“Tenham sempre presente

que, acima das bancadas par-lamentares, está Moçambique, está o povo moçambicano que representais, está o interesse nacional dos moçambicanos e este deve prevalecer. Gostaría-mos de destacar a necessidade de melhoria contínua do paco-te eleitoral e dos instrumentos legais que permitam a materia-lização eficaz dos Acordos de

Paz assinados entre o Governo e a Renamo”

Uma Assembleia da República inclusiva e jovem

A IX legislatura afasta, por completo, o paradigma que nos fora habituado de depu-tados com idades superiores a 35 anos. Esta Assembleia, tal como no passado, o partido Re-namo apostara no jovem depu-tado Ivan Mazanga, desta vez, o partido Frelimo apostou com a mais nova deputada Mér-cia Viriato, eleita pelo círculo eleitoral da Província de Tete. Dentre vários projectos, Mér-cia Viriato apontou a educação

como o motor para o desen-volvimento do nosso país, pois sem ela será difícil o caminho para o sucesso.

“É fundamental que se in-centive a educação na camada jovem, porque é o caminho para o sucesso de qualquer nação independente da condi-ção física, porque todos somos iguais”, disse Viriato.

Mércia Viriato referiu ainda que se sente lisonjeada por se

tornar mandatária mais nova da Casa do Povo e acredita que vai alcançar muitos objectivos e ganhar mais experiências com os colossos da magna casa. Sobre o seu percurso político, Mércia Viriato diz que iniciou, recentemente, depois do con-vite feito pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, numa visita à casa dos seus pais no distrito de Massinga, província de Inhambane.

Hortência Sousa, deputada da Frelimo pelo círculo eleito-ral de Sofala, aposta na dina-mização da agricultura como uma das ferramentas para o contínuo desenvolvimento do pai, bem como a melhoria das

condições de infra-estruturas rodoviárias daquela província.

Sabir Maquegue, deputado da Frelimo pelo Círculo Eleito-ral da província da Zambézia, entende que a sua investidura como mandatário representa a confiança que os eleitores do seu círculo eleitoral deposita-ram nele. Daí que é sua respon-sabilidade levar as preocupa-ções do povo e encontrar uma solução para o desenvolvimen-to do país. O novo mandatário entende ainda que o país atra-vessa por uma crise económi-ca. Contudo, a sabedoria que o estadista Filipe Nyusi tem para com esta situação gera mais confiança de que a curto prazo pode se ultrapassar.

Relativamente aos pro-jectos de lei para a legislatura que arranca, Sabir Maque-gue entende que o país está a inaugurar um novo modelo de governação que se apelida des-centralização, o que significa que é preciso entender como este modelo vai funcionar para o desenvolvimento local consi-derando que em 2024 vai o país inaugurar a eleição dos admi-nistradores.

Entretanto, o deputado da Renamo pelo círculo eleitoral de Manica, Alberto Ferreira, entende que há moçambicanos que esperam dessa legislatu-ra a produção de leis que vão ao alcance dos problemas que enfermam o país. Para Alberto Ferreira, é preciso um trabalho excepcional, porque o país é muito rico em recursos naturais o que pode tirar Moçambique da pobreza extrema em que se encontra.

“Moçambique continua uma periferia seja económica e política, não tem capacidade de participar num contexto glo-bal económico, daí que o gás pode introduzir nesta grande dinâmica uma global emanci-pação. Temos que fazer as leis

para facilitar a vida tornando Moçambique mais democrático e fazer que as instituições fun-cionem e não estejam ancora-das às decisões unilateralmente partidárias”, explicou Alberto Ferreira, acrescentando que é preciso olhar para o país numa amplitude real.

A sua investidura, segun-do Ferreira, deve servir para responder aos desejos do povo moçambicano que é o legítimo dono do poder. Questionado se há possibilidades de as propos-

tas da Renamo serem aprova-das na assembleia, consideran-do o voto da maioria, Alberto Ferreira respondeu que o par-tido Frelimo tem privilégios de ter números altos. Contudo, não deve ser por essa via que se deve olhar. Segundo Alberto Ferreira, há que se ter em conta as contribuições de cada repre-sentante, porque democracia não significa maioria, mas o res-peito pela minoria e qualidade das contribuições.

“O objectivo é o desenvol-vimento do país, o que significa que não devemos nos desviar em coisas pequenas. As ideias

não devem carregar cores par-tidárias” – disse, acrescentan-do que as diferenças na forma de pensar não significam que é contra o desenvolvimento.

O chefe da bancada da Rena-mo, Viana Magalhães, diz que o partido decidiu tomar posse como forma de não defraudar o eleitorado que depositou a con-fiança. Contudo, não concorda com os resultados das últimas eleições. Viana Magalhães afir-ma que a Renamo vai continu-ar com a postura acutilante que

vem tendo, porque o seu propó-sito é defender o povo. Sobre a maioria qualificada da Frelimo, Viana Magalhães diz que é um desafio enorme, porque há um receio de regressarmos a ditadu-ra devido a maioria exagerada da Frelimo.

“Vimos o chefe do estado a afirmar que se deve desconstruir a ideia de que, por ser a maio-ria, vai fazer valer todas suas vontades, porque o interesse e dos moçambicanos – oxalá que esse discurso seja reflectido na prática”disse e acrescenta dando que a agenda da manifestação contínua.

zambeze | 5Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 | DestAque |

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 20206 | zambeze

Finda a febre das festas que agita muita gente no final de cada ano, estamos no dealbar de um novo ano.

Um ano acabou por-tanto, 365 dias, cerca de 8.760 horas, ou por outras palavras, mais de 31.536.000 segundos decor-reram. O Sol nasceu e ofereceu--nos o seu brilho, igual núme-ro de dias que o ano teve, sem fim-de-semana, nem feriado.

Cada um de nós que faça uma introspecção e veja quanto desse tempo foi passado no entretenimen-to lícito, e quanto foi passado no entretenimento ilícito, quanto des-perdiçamos na moleza, no repouso exagerado e noutras coisas fúteis e, contabilizado esse tempo, quanto nos restou para nos dedicarmos a Deus.

Cada coração palpitou regu-larmente e com precisão, cerca de 40.000.000 de vezes, sofisticada-mente programado, melhor que o mais sofisticado dos computadores e não só! A sua manutenção é au-tomática. Simplesmente espantoso!

Num ano, os nossos pulmões aspiraram cerca de 11.000.000 de vezes, e expiraram outras tantas ve-zes, renovando assim o oxigénio, tão necessário à purificação do sangue bombeado do coração para as arté-rias. A respiração não parou nem por

um instante. A actividade do sistema circulatório / respiratório, devida-mente programada, não se baralha nem por um segundo, pois de outra forma o cérebro entraria em colapso, originando disfunções em cadeia, o que por sua vez levaria à morte.

Num ano consumimos cer-ca de uma tonelada de alimen-tos e o sistema digestivo também não parou e nem sequer levantou qualquer objecção devido a esse trabalho contínuo, sem descanso.

Mas será que agradecemos a Deus, prostrando-nos perante Ele, por todos essas graças e favores? E por todos esses “aparelhos” que foram subjugados a nosso favor, sem paragem nem fadiga, sem remune-ração e sem necessidade de manu-tenção, será que estamos gratos?

Num ano, ganhamos milhões de meticais, cada um consoante o seu ordenado ou capacidade. Quanto desse dinheiro gastamos em entrete-nimentos, em paródias e em prazeres mundanos? Quanto gastamos em agrado das nossas mulheres e filhos? Quanto para as nossas necessidades diárias? E no fim vejamos, quanto gastamos para agradar a Deus?

Certa vez, na casa do Profeta Muhammad (S.A.W.), foi dego-lado um cabrito, e a sua carne distribuída. Mais tarde o Profeta

perguntou à Aisha (RTA), sua esposa, o que havia sido retido desse cabrito, e ela respondeu: “Nada, apenas uma perna”, Então o Profeta retorquiu: “Não! Guar-dou-se tudo, menos uma perna”!

No ano recentemente findo o Sol nasceu e brilhou em média, 365 vezes. E o Profeta Muhammad (S.A.W.) diz que, por cada articu-lação que temos, devemos pagar caridade por cada dia em que o Sol nasce. Portanto, num ano devemos praticar aproximadamente 130.000 caridades. Será que cumprimos com essa recomendação, ou pelo menos fizemos intenção de cumprir?

Se de facto alguém cumpriu, então que agradeça a Deus por isso, e que implore por firmeza e aumento, pois os corações dos Humanos estão entre dois dedos de entre os dedos de Deus, e Ele vira-os como quem num ano tivesse feito quase 1.800 swalaats (orações) obrigatórios. A questão é: quantas delas deixamos, desleixando-nos, com pretextos válidos e inválidos?

E quantas delas cumprimos na mesquita, em congregação, com hu-mildade e concentração? E será que ao longo do ano recentemente findo, recitamos o Qur’án com alguma me-ditação, doze vezes em doze meses, ou pelo menos seis vezes, isto é, em

meses alternados? É bom que saiba-mos que até o Qur’án se apresentará perante Deus no Dia da Ressurrei-ção, queixando-se de ter sido aban-donado por nós, os muçulmanos.

E será que no ano terminado, demos a devida atenção às ligações uterinas, tratando bem os nossos pais, implorando a Deus a seu favor? Será que praticamos caridade a seu favor? Será que transmitimos a al-guém a mais simples recomendação da parte do Profeta (S.A.W)? Será que meditamos, um pouco que fosse, na criação dos Céus e da Terra, e no seu Sistema tão perfeito e sincroni-zado? Meditamos em nós mesmos, de onde viemos e para onde vamos?

Durante o ano passado pen-samos nos esfomeados quando nos estivéssemos a refastelar com pantagruélicos manjares, seguidos das mais diferentes sobremesas e frutas diversas? Pensamos nas viúvas, nos órfãos, nos doentes, nos deficientes e nos detidos?

De facto, os registos, tanto do bem como do mal cometidos no ano 2019, já foram encerrados, e só serão abertos no Dia do Juízo Final. Ganhou quem ganhou e perdeu quem perdeu! Vamos agora pro-meter e jurar a Deus que de futuro pautaremos por uma melhor atitude. Que em 2020 abster-nos-emos dos

erros cometidos ao longo de 2019.Cada um de nós deve fa-

zer o seu próprio balanço, pois só assim é que poder-se-á cor-rigir para o resto da sua vida.

Cada dia da nossa vida que vai passando, aproxima-nos mais da nossa morada eterna. Portanto, cada um de nós que veja o que já preparou para o derradeiro dia, pois depois desse dia o percurso será longo, pelo que se deve en-vidar todo o esforço para que o farnel não se revele insuficiente.

Este Mundo é um local de pas-sagem, pois ninguém aqui ficará eternamente, e sem dúvidas que che-gará um dia em que o deixaremos. Porquê então todo esse desleixo em relação ao Outro Mundo? Porquê então os cortes de relações e as disputas com este e aquele, só por causa deste Mundo que é passageiro?

Porquê o rompimento de rela-ções uterinas, o abandono do pai, da mãe, do irmão, e a concentra-ção na acumulação de riquezas, descurando a atenção em relação aos progenitores e aos irmãos? Será que não conseguimos tirar lições da alternância entre o dia e a noite, o fim dos dias e dos anos?

A todos, Votos de um Próspero 2020!

| OpInIãO |

AlmAdinA Sheikh Aminuddin Mohamad

As contas do ano

Era, então, que o seu menino a salvava. Penteava a mãe, dizia ele, para que ela nunca morresse. Nesses cuidados, a vizinha ficava curada das suas pequenas doenças. Mais do que curada: Margarida ficava eterna

Na realidade não há adultos,Há apenas jovens envelhecidos.J o s é E m í l i o P a c h e c oDeus me dê a felicidade das

pequenas doenças, era o que pedia a nossa vizinha Margarida Maral-to. Na penumbra da sala, sentada num desgastado sofá, a senhora tricotava uma camisola de lã, sem saber para qual dos filhos a peça de roupa se destinava. Depois se vê, dizia. É consoante o tamanho em que ficar, acrescentava. Falava como se a obra mandasse nela.

Margarida costurava enquanto Júlio, o mais novo dos filhos, a pente-ava com uma escova de madrepéro-la. Júlio era o meu amigo preferido. Uma e outra vez, assisti àquela encenação e vi como, no final, o meu amigo recolhia os cabelos tomados no chão para os erguer de encontro à luz da janela. Cada cabelo brilhava como se fosse um fio de lã tricotando nuvens. Naquele momento, Júlio amarrava no céu os cabelos da mãe.

Margarida Maralto espreitava pela janela, mas não eram nuvens

que ela queria ver. Esperava pela chegada do marido. Sabia que ele a estava a trair com outra, algures num quarto da cidade. Margarida tinha os olhos em maré vaza. Mas fazia de conta de que não havia espera, de que não havia marido, de que não havia cidade. E de que ela mesmo deixava de haver. Era, então, que o seu menino a salvava. Penteava a mãe, dizia ele, para que ela nunca morresse. Nesses cui-dados, a vizinha ficava curada das suas pequenas doenças. Mais do que curada: Margarida ficava eterna.

Certa vez, Júlio dirigiu-se a mim para que convencesse a sua mãe a não incomodar Deus com as suas disparatadas encomendas. A mãe sorriu, condescendente: a vantagem da pequena enfermidade, explicou ela, é que acontece sem causa nem culpa. Adoecemos porque foi essa a nossa escolha. No falso sofrimento da pequena doença esquecemos as verdadeiras e incuráveis dores com que nascemos e iremos mor-rer. Outra vantagem: não se gasta em remédios. Para nos curarmos basta o conforto dos outros. E beijava o filho enquanto vaticinava: tivesse ela sucessivas pequenas doenças e seria feliz a vida inteira.

De regresso a casa, eu relatava

aos meus pais o que se passara na residência anexa. Não estranhes, sossegava a minha mãe. A vizinha Margarida nascera assim, já era mãe quando viu pela primeira vez a luz. Ainda criança, carregou sozinha nos pequenos braços a infância dos seus irmãos. Por isso, ela agora se devota-va tanto aos filhos. Aos sábados, en-trava em casa com os braços cheios: vejam meninos, trouxe arrufadas. Anunciava-se como portadora da maior fortuna. Poupara toda a se-mana e dos seus dedos quiromantes tinham nascido umas tantas moe-das. Sentadas na cozinha, a massa das arrufadas presa entre os dentes, as crianças riam-se de coisa nenhu-ma. E agora que os filhos todos já tinham saído de casa, restava-lhe Júlio com a sua infatigável escova de madrepérola. A minha presença, dizia-me ela à despedida, ajudava-a a varrer a saudade desses ausentes.

Até que um dia se descobriu que Júlio sofria do coração. Uma válvula, disseram. Eu não queria ouvir: doía-me saber que Júlio estava doente. E doía-me mais ainda saber que o coração tem peças. Primeiro, neguei. Havia um erro. O médico não conhecia realmente o meu amigo para lhe diagnosticar um defeito cardíaco. O coração de Júlio

era infinito. Aos poucos, porém, o diagnóstico foi ficando verdade. Júlio ria-se sorvendo o ar com pe-quenos goles. E ficava cansado só de sonhar. Até que a alma se tornou um peso. Incapaz de correr, Júlio aban-donou o seu lugar como avançado de centro da nossa equipa. Restou--lhe o papel de árbitro. No primeiro jogo, porém, ele quase desmaiou quando tentou soprar no apito. E nunca mais assinalou nenhuma falta.

Um dia foi a vida quem assi-nalou falta contra Júlio Maralto. A minha mãe acordou-me cedo e levou-me pela estrada de asfalto que nos conduziu ao cemitério. Os meus dedos cravados nos dedos dela, a mão e a mãe, tão próximos os seres, tão gémeas as palavras.

Contemplei Júlio deitado num caixão e os olhos dele estavam se-miabertos, os olhos dele pediam que os salvássemos daquela imobi-lidade. Nenhum dos adultos sabia corresponder a esse desesperado apelo. Só eu levei para casa aqueles olhos dele, arfantes e semiabertos.

No canto do cemitério, a mãe de Júlio estava sentada numa cadeira e parecia uma rainha, as costas direi-tas, o olhar suspenso no infinito. As pessoas debruçavam-se sobre ela e dedicavam-lhe o impossível conforto

de gestos e palavras. Margarida Ma-ralto permanecia alheia. Quando me aproximei, porém, ela segurou-me no braço e fixou-me longamente para murmurar: agora é que viver já não tem cura. Uma lágrima amea-çava soltar-se no meu rosto quando Margarida deu um jeito nos cabelos e perguntou: estou bem penteada? A minha mãe abraçou-a sem conseguir articular palavra. Foi a vizinha que a consolou: nós sabemos, somos mulhe-res, quem é morto sempre aparece…

Agora, todas as tardes, vou vi-sitar Margarida, mirrada dentro do vestido negro. Naquele corpo, tão magro e escasso, não cabem nem pequenas nem grandes doenças. Já contei todos os meus ossos, anuncia como um relato dos seus afazeres diários. E conclui: os ossos que traz no corpo são os que bastam, uns para sustentar lembranças, outros para devolver à terra. Contempla os muros como se esperasse que eles florissem e ergue o pescoço para dizer que está pronta. Empunho a escova e penteio os seus cabelos cada dia mais brancos. A vizinha não demora a adormecer. E eu me retiro, pé ante pé, para não interromper as eterni-dades da vizinha Margarida Maralto.

( C r ó n i c a p u b l i c a d a ex traída na VISÃO 1399)

As pequenas doenças da eternidadeMia Couto

zambeze | 7Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 | OpInIãO |

Moçambique, desde que é um Estado soberano, há 45 anos, não tem, internamente, motivos para se orgulhar, o mesmo que os moçambicanos não têm nenhum motivo de se orgulhar dos programas de/para paz e desenvolvimento. Desde essa altura, o país e os moçambicanos só têm passado por dissabores e sofrimento.

Se a guerra tem sido o pão amassado pelo diabo e que ali-menta os moçambicanos, pode se pensar que ela é que é a causa de todos os males sociais e eco-nómicos de que se padece, mas nem tal merece algum crédito, porque a guerra, na maioria das vezes, é uma consequência de políticas adoptadas pelos gover-nos, por isso, importa verificar até que ponto, no nosso país, as políticas adoptadas não teriam sido os factores para a guerra se não que elas sejam em si a pró-pria guerra. Para tal, nos vamos servir, como apoio ou baliza de análise comparativa, a governa-ção daquele que, no seu país e no seu povo e na comunidade internacional, é assumido como o promotor de paz e de desenvol-vimento. Referimo-nos a Nelson Mandela, o maior prisioneiro do mundo em luta pela liber-dade e igualdade do seu povo, o sul-africano, e que, quando se tornou no seu primeiro presi-dente eleito democraticamente, colocou como agenda número 1, a reconciliação nacional, ou seja, a criação de condições para se evitar a guerra e assim se promover o desenvolvimento.

O factor temporal, em que nos tornamos independentes, que foi na época de Guerra Fria e que se apode alegar como razão de os dirigentes moçambicanos não terem seguido os passos

de governação de Mandela que governou sem aquele conflito mundial, não pode ser responsa-bilizado, pois, no mesmo tempo em que Mandela já governava, os nossos governantes de então e os subsequentes nunca optaram por lhe seguir os rastos para se evitar o descalabro em que vivemos. Igualmente, o argumento de que Moçambique não é África do Sul e tem de seguir os seus passos, sem que se negue a soberania deste país, pode se afirmar que a humildade não é nenhum acto de baixa auto--estima, mas, pelo contrário, é um acto de inteligência para quem assim aja. Assim, aprender dos outros que mais sabem e seguir-lhes os seus passos, mais assim vale do que o orgulho e a vaidade de marchar por si, por caminhos e metas desastrosas. Aliás, a estratégia governativa e a forma de ser de Mandela foram seguidas por muitos dirigentes africanos e do mundo, apesar de mesmo antes dele se realizarem.

Mandela não era tribalista

O tribalismo, em África, con-tinua sendo um cancro e grande factor de conflitos de todo o tipo e a liderança política deve ter em conta este condicionante e assim tomar as devidas medidas para que indivíduos, as populações e outras organizações não se assu-mam dominadas por alguma tri-bo. Conta Mandela que, estando ele na prisão, “o Órgão Supremo [do ANC] foi objecto de alguma controvérsia por causa da sua composição étnica: todos os seus membros eram de origem xosa [a tribo de Mandela] … Lembro--me de estar a trabalhar, no pátio, numa tarde soalheira, e de haver alguns homens da secção geral

a trabalhar no telhado por cima de mim. Gritaram-me: ‘[Velho], porque só falas xosas?’. Esta acusação doeu-me. Olhei para cima e respondi: ‘Como é que me podem acusar de descriminação? Somos um só povo’.Pareceram satisfeitos com a resposta, mas aquelas palavras não me saíram da cabeça …Entretanto, resol-vemos que o Órgão Supremo deveria ter um quinto membro rotativo. Em regra, este não era xosa … e, para o fim, as críticas foram-se desvanecendo até desaparecerem discretamente”.

Tal como aconteceu com este órgão, em que todos eram da

mesma tribo, na Frelimo e na governação deste partido, a lide-rança estava nas mãos de uma só tribo, a tsonga, corporizada em Mondlane, Samora, Chissano e Guebuza, num período longo de 52 nos (1962 a 2014). Foram 4 presidentes sucessivos do partido que se afirmava anti-tibralista, sendo os três últimos presi-dentes da República. Durante estes períodos, mesmo desde a luta armada, desencadearam-se violências armadas sustentadas por lideranças tribais, cujo mo-tivo de mobilização assentava na tribo. Esta realidade de liderança baseada na mesma tribo deve ter feito com que as populações de outras tribos se sentissem inconfortáveis, pois receberam a mensagem da sua incompe-tência para dirigir os destinos do partido e do governo. E deste privilegio tribal, assistimos hoje a uma província (Gaza), de que têm origem os tsongas, como um espaço de maior intolerância política e que ostenta nos seus dísticos de campanha eleitoral que “Gaza é 100% da Frelimo” e o seu candidato presidencial e presidente do partido se admira visivelmente alegre e afirma que “vocês nunca mudam”. Pode se então questionar: Como é que não foi possível estabelecer uma estratégia anti-tribal que satisfizesse a vontade de todos, alternando-se, propositada-mente a liderança numa base tribal como fez Mandela? Neste momento em que o presidente Nyusi, de etnia maconde, está no seu segundo e último mandato, já se discute a sucessão partidá-ria numa base étnica. Como se vai gerir esta situação de modo a não trazer mais conflito no partido e a violência no país?

Mandela não era de vitórias retumbantes

Cá entre nós, o termo “re-tumbante” tem um significado político e um sabor amargo, pois quem assim o pronuncia expressa a vontade de esmagar o opositor e comporta o orgulho e vaidade e desprezo pela oposição e, como não podia deixar de ser, os resultados destas vitórias retumbantes nunca trouxeram nenhuma paz e desenvolvimento do país. Promoveram a guerra e o atraso no desenvolvimen-to. É um termo pronunciado orgulhosamente pelos sempre vencedores, a Frelimo, e agora, contra todas as expectativas que nem o diabo acreditaria, as vitó-rias foram retumbantes mesmo onde nunca os próprios vence-dores haviam imaginado ganhar.

Mandela conta que [nas pri-meiras eleições livres e demo-cráticas], arrecadámos 62,6% de votos a nível nacional. No ANC, houve algumas pessoas que ficaram desapontados por não termos alcançado o pata-mar dos 2/3, mas eu não fui uma delas. Até fiquei aliviado. Se tivéssemos alcançado os 2/3 e a possibilidade de elaborar uma constituição sem restrições impostas por outros, as pessoas diriam que tínhamos criado uma constituição do ANC e não uma constituição para a África do Sul”. São palavras e comportamento de um grande homem de que, efectivamente, não se pode esperar que nenhum outro o possa ter, mas que se pode imitar, desde que se tenha a coragem suficiente. Se assim for, podiam se evitar as retumbâncias e a violência e o atraso no desen-volvimento social e económico.

alberto lote tCheCo

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Seguir Mandela para a paz e desenvolvimento de Moçambique?(1)

Se a guerra tem sido o pão amas-sado pelo diabo e que alimenta os moçambicanos, pode se pensar que ela é que é a causa de todos os males sociais e económicos de que se pade-ce, mas nem tal merece algum crédito, porque a guerra, na maio-ria das vezes, é uma consequên-cia de políticas adoptadas pelos governos

Ma p u t a d a s Francisco Rodolfo

Temos Deputa-dos da Assem-bleia da Repúbli-ca das anteriores legislaturas que nunca foram à “Praça dos He-róis”, não vão à “Ponta Verme-lha” nas recep-ções a convite do Chefe de Estado e sua excelen-tíssima esposa. Só reconhecem o Governo de Moçambique no “cheque” ou transferência que vai para a conta mensal de venci-mento…

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 20208 | zambeze

Já entramos no Ano Novo, 2020!...

O que nos vai trazer? É o que todo o mundo questiona. Nós fi-zemos um interregno nas nossas cavaqueiras, que durante o ano foram sucedendo nos cafés de Maputo e fizemos um retiro para a Praia de Bilene, na Província de Gaza. Choramos ao longo de trajecto: amendoim e milho (semeado) tudo queimado (no Sul), Norte e Centro com chuva a mais. É o país real…

Constatámos ao longo do trajecto, dia 29.12.2019, por exemplo, que um autocarro da Transportadora Nhancale, saído do Maputo, no dia da nossa ida “vomitava” tanto fumo que é inadmissível, mas curiosamente passou por muitos “Postos de Controlo”, com PT (Polícia de Trânsito).

Mas curiosamente a ques-tão do fumo (poluição) é tão prejudicial que os que querem ultrapassar chegam ao destino “gripados”, mas debitam a maka para a Dr.ª Nazira Abdula, ministra das “Doenças”, essa ministra que correu à gazela, à velocidade de Filipe NYUSI, no mandato que enterramos na quarta-feira histórica, dia 15 de Janeiro de 2020.

Sobre a poluição do auto-carro do Transporte Nhancale, só o meu amigo Cassamo Lalá, na sua “Coluna” do Ambiente Rodoviário no ZAMZEZE é que pode esmiuçar os prejuízos, pois as estatísticas rezam que tivemos 1.600 mortos em acidentes de

viação num só ano. Uma nota e “recado” para Filipe Jacinto NYUSY: se não valeria a pena manter um Conselho Nacional de Viação, que a mais alto nível deve proteger os moçambicanos de tantas mortes nas estradas, propondo legislação com puni-ções severas?...

O panorama é desolador: 1.600 mortos em acidentes. Causas: Carta de condução à porta de cavalo, pneus care-cas, excesso de velocidade, poluição ambiental (fumo no escape), fadiga dos motoristas, irresponsabilidade: (conduzir embriagado), deficiência mecâ-nica das viaturas, ultrapassagens com linha contínua nas curvas perigosas, motoristas sem carta profissional a conduzir machi-bombos, viatura de passageiros sem seguros, em suma “cada um conduz como quer e como lhe apetece”. Inadmissível em sociedades civilizadas…

Consequências: os prejuí-zos matérias são incalculáveis. Quantos paralíticos (ir ver nas fisioterapias), quantas viúvas e crianças órfãos ficaram, é as-sunto para o futuro Conselho de ministros a sair, quando o presidente da república Fili-pe Jacinto NYUsi, depois da investidura, ver no “seu bloco--notas” que a problemática dos acidentes de viação não podem ser transformados em mera estatística dos zelosos porta-vozes da prm (polícia da república de moçambique). É vida de pessoas, é economia…

Quem permite que camiões circulem para cima de pontes com carga que os engenheiros

quando chegam lá afirmam bo-quiabertos: “não é possível!...” Quando se arrebenta uma ponte, cuja construção data do período colonial, é porque nós “fiscali-zamos mal” (deixamos andar).

O exemplo de Cabo Delga-do é fresco, é sintomático. Sete distritos isolados por causa de carga que tem de ir a mais: dá para dizer basta! Não se resolve com seminário de reflexão, mas com medidas administrativas: Cometer irregularidade e pagar uma multazita quando a vida das pessoas está em jogo não pode continuar. Precisa de seminário para alterar a multa que poderia ir até à apreensão do veículo?...

Temos a Assembleia da Re-pública que saiu a 13 de Janeiro de 2020, para legislar. Que as-suma as suas responsabilidades e não ir ao pódio e transformar a Assembleia da República em “Escolinha de Barulho”.

Temos Deputados da Assem-bleia da República das anteriores legislaturas que nunca foram à “Praça dos Heróis”, não vão à “Ponta Vermelha” nas recepções a convite do Chefe de Estado e sua excelentíssima esposa. Só reconhecem o Governo de Moçambique no “cheque” ou transferência que vai para a conta mensal de vencimento…

Não iam porque: “Não reco-nhecem o Governo do dia.” Go-verno de Moçambique. Chamam “Governo do dia” e querem dar exemplo à nossa Juventude, que quer aprender a partir da “Casa do Povo” os princípios de ética,

da moral, porque podem fazer a “política” sem serem “mal-criados”…

Por isso, depois da tomada de posse os deputados da Assem-bleia da República, que façam o favor de pensar no povo que os elegeu e depositam em vós confiança para dar um contributo valioso para que a PAZ reine na nossa bela “Pátria Amada”. Queremos que, em 2020, os moçambicanos merecem a paZ para desenvolver o país e acabar com a pobreza…

É de lá que queremos cami-nho de solução para a maka de Cabo Delgado e a maka com a marca “Mariano Nhongo” no Centro, porque nesta terra chega de matanças de irmão para irmão.

Queremos: traBalHo e mais traBalHo!...

N.a. – Constituiu uma gran-de manifestação de pesar o funeral realizado no passado dia 28 de Dezembro de 2019, pelas 14 horas e velório às 13 horas de alzira Francisco Xavier, mãe de Emília Dias e Professor (UEM) Geraldo Dias. Na ocasião foram enaltecidas as qualidades humanas e exemplo de luta pela vida da finada, que viveu longos anos no Bairro de Chipangara, na Cidade da Bei-ra. Alzira Francisco Xavier foi esposa de Paulino Dias Chanda-mela, ex-funcionário dos CFM, pessoa muito conhecido em Chi-pangara. À Familia Nhampossa e Maduela os nossos pêsames. Riquiem in pace tia Alzira!..

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Grafismo: NOVOmedia, SARLFotografia: José Matlhombe Revisão: AM

Expansão: Adélio Machaieie (Chefe), Cell: 82-578 0802(PBX) 82-307 3450Publicidade: Esmeralda do Amaral Cell: 82-457 6070 | 84-269 8181 | 82-307 3450 (PBX) [email protected] Impressão: Sociedade do Notícias S.A

Editor: Egídio Plácido | Cell: 82 592 4246 ou 84 771 0584(E-mail. [email protected])

Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido e Luís Cumbe

Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá, Francisco Rodolfo e Samuel Matusse

Colaboradores: Dávio David e Elton da Graça

Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544(E-mail: munguambe2 @hotmail.comRegistado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002

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| OpInIãO |

2020: os moçambicanos merecem a PAZ para desenvolver o país e acabar com a pobreza…

zz 1.600 Mortos em acidentes de viação num ano: Onde está o “Conselho Nacional de Viação”?... zz Requiem in pace Alzira Francisco Xavier (Maduela)

zambeze | 9Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020

O país abre uma nova página. Uma página política a todos os níveis grandiosa e grande, tendo em conta a dimensão da ansiedade social que tal alimenta no seio da população do Rovuma ao Maputo. Os deputados da Assembleia da República e o PR já entraram em fun-ções. O país navega noutros mares e noutras marés. A partir de hoje dia 16 de Janeiro, os moçambicanos curvam-se perante o novo estadista e as expectativas, aos cogumelos, prenunciam esperança. Os novos in-quilinos querem um Moçambique em paz, unido do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, um país de todos os 23 milhões de habitantes, não havendo quem é mais dono da terra que o outro. Filipe Nyusi, autorizado desde hoje a pegar o testemunho, assumiu durante a campanha que o seu compromisso reside no povo e que a sua missão só terminará, depois de respondida parte das preocupações. A Frelimo e o seu presidente iniciam hoje o seu programa de mudanças, a esperança de todos os moçambicanos que eventual-mente deve assegurar o crescimento de Moçambique.

Durante o tempo de campanha, Filipe Nyusi pre-parou-se para a construção da sua visão sobre o que se pretende seja Moçambique com a sua governação e concluiu que a solução de todos os problemas deste país reside no povo, salientando ter desenhado um programa de verdade, com realismo, alegando que a um povo não se engana e não se promete o impossível.

Filipe Nyusi alicerça que o seu compromisso é com o crescimento económico sustentável e busca de melhores oportunidades de emprego para todos e também a ga-rantia da distribuição da riqueza, acrescentando que esta é uma missão que terminará somente com o emprego e habitação condigna para todos os jovens, melhor acesso a água potável e saneamento do meio, transporte público eficaz e uma resposta às necessidades da saúde, justiça social e equidade, definindo a agricultura como um dos sectores prioritários da sua governação, factos aliados às recentes descobertas de recursos naturais que abrem oportunidades para o crescimento de Moçambique.

O discurso de Filipe Nyusi tem alicerces no percurso histórico como Povo e como Nação que levará Moçambi-que a um novo patamar de harmonia e desenvolvimento, daí que ressalva ser com elevada honra e maior humil-dade que assume a Alta Magistratura do Estado e da Nação, como Presidente da República de Moçambique. O novo PR defende a coabitação política, destacando que pouco importa a opção política, ideológica ou religiosa

de cada um. “Assumo as minhas funções como Presi-dente de todos os moçambicanos, disposto e disponível a escutar todos os sectores da opinião pública”, disse o PR, reiterando que “como disse na minha campanha, o povo é o meu patrão. O meu compromisso é de servir o povo moçambicano como meu único exclusivo patrão. O meu compromisso é o de respeitar e fazer respeitar a Constituição e as Leis de Moçambique. E eu estou pronto e estou confiante que juntos iremos construir o bem--estar do nosso povo e um futuro risonho para as nossas crianças. Represento uma nova geração, uma geração que recebe um legado repleto de enormes sucessos e de exaltantes desafios. Repousa sobre todos nós, de todas as gerações, a responsabilidade de preservar as conquistas alcançadas pelo nosso povo. Esse percurso foi liderado por homens visionários e comprometidos com a causa da liberdade e do bem-estar dos moçambicanos. A nossa história é rica em conquistas que fizeram de Moçambi-que um caso de sucesso, citado e respeitado em todo o Mundo. Estou consciente da necessidade de se reforçar o papel das instituições da Justiça e da Lei e Ordem para que o nosso povo, tão pacífico e trabalhador, deixe de viver ciclicamente num clima de medo e de insegurança.

Lutarei para que os moçambicanos sejam os donos e a razão de ser da economia, assegurando uma crescente integração do conteúdo local e a participação efectiva dos moçambicanos nos projectos de investimento, em espe-cial na exploração de recursos naturais. O meu Governo vai assumir-se como parceiro estratégico na afirmação de uma classe empresarial moçambicana mais ampla e robusta. Quero que o nosso Estado e os moçambicanos em geral sejam os verdadeiros donos das riquezas e potencialidades da nossa pátria. Como chefe de Estado, primarei pela abertura ao diálogo construtivo com todas as forças políticas e organizações cívicas para promover a concórdia. Podem estar certos, caros compatriotas, que tudo farei para que, em Moçambique, jamais, irmãos se voltem contra irmãos seja a que pretexto for. Defenderei de forma vigorosa os direitos humanos, em particular o direito à vida e às liberdades fundamentais do homem”. Ponto final. Um discurso que se repete e que cria ex-pectativa a todos os níveis, reforçando a ideia mãe de que nada nos impede que saibamos trilhar o caminho da dignidade e justiça e da humanidade incarnados no simbolismo de um só povo, uma só nação, defendendo intransigentemente, sem subterfúgios ou ambiguidades a democracia. Viva o povo, o patrão do novo presidente!

Editorial

| OpInIãO |

Fato-macaco para cumprir promessas!

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202010 | zambeze | OpInIãO |

Analistas afirmam estarmos perante uma ditadura

Expectativa sobre IXª Legislatura divide opiniões

arrancou esta semana a iXª legislatura da assembleia da república, um acto que foi marcado pela tomada de posse dos 250 deputados eleitos nas eleições de 15 de Ou-tubro de 2019. esta legislatura é marcada pela saída de alguns deputados bastantes interventivos na legislatura passada, como é o caso de ivan mazanga e muhammed Yassine pela renamo e edmundo Galiza matos Jr., pela bancada parlamentar da Frelimo. ainda nesta legisla-tura entraram no parlamento, estreitando-se como de-putados, mércia Viriato Castela, uma menina com de-ficiência nos membros superiores, e Alberto Ferreira, renomado académico da praça.

Esperança Bias, de-putada que entra mais uma vez pela Frelimo, estreia-se como presidente

da Assembleia da Repúbli-ca, eleita no primeiro dia da sessão, substituindo Verónica Macamo, que vinha presidindo aquele órgão desde 2010.

O novo figurino da Assem-bleia da República em termos de distribuição de assentos, comparativamente às anterio-res legislaturas, teve mudanças profundas, onde as duas banca-das dos partidos da oposição, juntas não fazem, pelo menos 40%. Nesta legislatura, o par-tido Frelimo meteu no parla-mento 184 deputados dos quais

107 são estreantes. A Renamo é representada por 60 deputados, um decréscimo de cerca de 30 assentos comparativamente à legislatura passada. O MDM por sua vez, dos 17 deputados que tinha na legislatura passa-da, baixou para 6 deputados apenas.

Na ocasião, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que a Assembleia da República tem o condão de, nesta legis-latura, apresentar uma grande desproporção dos deputados ao nível das bancadas parlamenta-res, entretanto, apelou aos de-putados a promover o espírito da unidade nacional, a concór-dia, fraternidade e harmonia sem distinção da cor política.

Expectativa de analistas sobre a nona legislatura

O oficial de programas do Instituído para a Democracia Multipartidária (IMD), Dércio Alfazema, diz que esta legisla-tura inicia num contexto em que o país espera ver efectivado o acordo de paz. A nossa expec-tativa é que o parlamento seja exemplar em demonstrar aos moçambicanos o compromisso com esta agenda. Os deputados podem fazer isso se mostran-do mais abertos ao diálogo e busca de consensos em relação a questões estruturantes. Por exemplo, havendo necessidade de se rever a constituição, seria desejável que houvesse con-senso e que não fosse por via de maioria. “A questão da legisla-ção eleitoral, que tem sido bas-tante melindrosa, deve ser na base do consenso. As questões relacionadas a terra, ambiente e investimentos no sector ex-tractivo devem requerer muito diálogo e devem as decisões políticas ser aprovadas ter sem-pre em vista o bem-estar da po-pulação” disse.

Assim, segundo Alfazema, o parlamento deve ser também

um exemplo na promoção da integridade. A fiscalização não pode ser uma visita às institui-ções e aos empreendimentos. Há necessidade de se questio-nar e averiguar se as leis estão a ser respeitadas e se os direitos das pessoas estão a ser respei-tados. Nos casos de suspeita de gestão danosa do bem público, o parlamento não deve hesitar em apurar, denunciar e encami-nhar as instâncias competentes.

Relativamente ao novo figurino da AR onde a oposi-ção junta não chega aos 40%, Alfazema diz que esta situa-ção demonstra claramente um desequilíbrio de forças. Mas, historicamente, a oposição sempre esteve em minoria no parlamento. O risco é do par-tido maioritário e que tem a maioria qualificada não permi-tir o debate e recorrer sempre a ditadura do voto. Ainda assim, de acordo com a fonte, conti-nuamos a acreditar que o bom senso e o interesse superior da população vai prevalecer e o diálogo e o consenso vai ser a via preferencial para a tomada das decisões. O perfil da actual presidente da AR e das chefias das bancadas é de pessoas mais serenas e abertas. Isto poderá ajudar muito na interacção e na busca de consensos. A própria liderança do partido Frelimo tem sido insistente em reco-mendar o diálogo e busca de consensos.

Mas ainda assim, a oposi-ção pode também recorrer a espaços não formais para fazer passar as suas ideias. Temos a comunicação social, comícios populares, redes sociais que podem servir de vias alternati-vas para expor as suas ideias e posicionamentos em relação a diferentes matérias.

Em termos de diversidade, o oficial de programas do IMD afirma este ser um parlamento bastante rico em termos de di-versidade.

“Temos vários grupos so-ciais representados. Isto de-monstra que os nossos partidos estão a ouvir a voz da sociedade civil e tendem a ser mais abertos e inclusivos. Agora é preciso que estes grupos tenham espa-ço para influenciar as políticas em favor dos grupos que repre-sentam. Por exemplo, batemos

o recorde em termos de presen-ça de mulheres. Temos pessoas com deficiência. Temos jovens e pessoas idosas. Eles represen-tam os seus partidos, mas tam-bém há uma expectativa que venham influenciar as leis e po-líticas a ser aprovadas em favor destes grupos sociais”, disse Alfazema para quem o mode-lo de funcionamento das ban-cadas não facilita muito isso, mas é possível romper algumas barreiras e registar progressos. “Não interessa que estes grupos estejam apenas representados quando no fim as leis não vão lhes proteger”.

Num outro desenvolvimen-to, o representante do IMD refere ser importante que, na diversidade que a compõe, a Assembleia tenha académicos, tratando-se de principal arena política nacional.

“Felizmente, o nosso par-lamento tem tido sempre pes-soas academicamente bem cotadas. O professor Ferreira é sem dúvida uma mais-valia. Ele sempre foi bastante in-terventivo. Mas temos outros tantos professores e acadé-micos nas outras bancadas. O mais importante é que os mes-mos usem todos os apetrechos académicos para enriquecer a qualidade do debate. Do con-trário, serão apenas mais um em defesa dos seus interesses pessoais e partidários e sem utilidade para a população” refere.

Enaltece igualmente o facto de também existirem na banca-da da Frelimo, quadros bastante experiências tais como os ex--primeiro-ministro (Aires Ali e Carlos do Rosário), ex-mi-nistros, ex-governadores, ex--presidentes da AR (Mulémbwè e Verónica Macamo), vários ex-conselheiros dos diferentes PR’s. “A questão é como estes vão ser uma mais-valia para elevar a qualidade dos debates e não serem apenas mais um de-putado”, alerta.

Mas lamenta o facto de o parlamento ser pobre na ela-boração de projectos de leis e espera que estes deputados qua-lificados venham ajudar as suas bancadas a transformar os mani-festos políticos em projectos de leis que beneficiem a população.

zambeze | 11Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 |nACIOnAL|

“Na IXª Legislatura, a Frelimo vai continuar com interesses partidários e não do povo” - Fidel Terenciano, PhD em Ciência Política

Fidel Terenciano, Doutor em Ciência Política, analisando a IXª legislatura que arrancou, afirmou que a AR continua sen-do uma casa onde as principais preocupações e aspirações do povo deveriam ser discutidas e analisadas de ponto a ponto. Entretanto, o que se prevê é uma súmula e continuidade das AR desde 1994, onde o partido maioritário Frelimo, e que com-pôs o governo do dia, vai mais se preocupar em efectivar os interesses dos partidários com cargos mais altos, em detrimen-to da população que, de facto, necessita de algumas benesses que têm sido distribuídas entre os grandes.

De acordo com Terenciano, pelo histórico sócio político de Moçambique, esta AR da legis-latura 2020-2024, vai continuar a operar da mesma forma que operou, o que se modifica é o modus vivendi, isto é, a com-posição das bancadas que vai influenciar as decisões, que ten-dencialmente serão da maioria da Frelimo.

Num outro desenvolvimen-to, o analista político afirma que a oposição voltou aos nú-meros quase idênticos de 2009. Isso é mau para a democracia, tendo em conta que estamos a caminhar para a consolidação da democracia, que exige antes de mais, uma multiplicidade de actores em processos de tomada de decisão.

“Pensei e esperava termos uma AR multicolor, que em par-te iria contribuir para o bom de-sempenho do governo dia. Aqui o bom desempenho deve ser percebido, como momento em que as decisões não são somen-te de um pequeno grupo, mas de vários grupos, representados obviamente na AR mas que de-cidem em primeiro lugar a partir do conflito, e em segundo lugar, achando consensos dentro desta conflitualidade”, disse.

Disse ainda que a multipli-cidade de actores nos proces-sos de tomada de decisão são sempre bem-vindos, porém, o problema começa quando esta multiplicidade tem como fim, satisfazer e a si mesmo em de-trimento dos outros.

“Os outros aqui, não no sen-tido do inimigo, mas dos que de facto me elegeram. Podemos criar espaços para n actores, in-cluir minorias, deficientes, mu-lheres, mas se estes não tiverem consciência de classe e de per-tença, não teremos tais decisões em favor destas minorias. Uma questão simples: quem elegeu estas minorias? Será que foram as minorias que tinham interes-

se em ter representantes lá na AR? Tivemos casos de minorias na AR, mas que nunca tiveram iniciativas de lei em favor das minorias. Por isso, a entrada do Professor Ferreira, poderá ser anulada pelo modus operandi da própria AR. Temos casos de Ronguane, Katupa, Venâncio, académicos (aqui pelo facto de terem a formação mais alta dos estudos), mas as suas acções e decisões na hora (h), anulam completamente a veia académi-ca”, refere.

Por fim, disse que a própria AR tem demais trabalho, por-que as expectativas populares são maiores e a Frelimo, princi-palmente, precisa trabalhar mais e mostrar que ganhou com uma maioria totalizante, o que sig-nifica que tem apoio político e popular.

“Não auguro expectativas se não agudizo o meu nível de frustração” - Bitone Viage,

analista político

Para o analista político Bi-tone Viage, a IX legislatura não apresenta boas expectativas. “Afirmar que auguro uma ex-pectativa em relação a esta le-gislatura estaria agudizar o meu nível de frustração, pois se sabe que do nosso parlamento, de-vido a sua configuração, onde quase sempre temos uma par-ticipação esmagadora por parte do partido Frelimo, em termos de distribuição de mandatos, o que faz com que à ideologia

partidária domine no lugar da consciência dos eleitos faz com que estes usem parlamento como um lugar para cultos de personalidades”.

Viage diz ser difícil acre-ditar que esta legislatura trará mudanças radicais em relação as legislaturas passadas, porém teria expectativas se, aquando da revisão do pacote eleitoral, se tivesse dado atenção ao sis-tema eleitoral, pois o actual sis-tema é, na verdade, um suicídio ao pensar diferente, a liberdade no processo de tomada de de-cisão, uma vez que as pessoas são eleitas em listas fechadas ou simplesmente partidárias, fazendo com que o parlamento em parte sirva duma extensão da célula partidária.

Comentando sobre a nova composição da AR em termos

de distribuição de assentos por bancadas, onde a oposi-ção junta não chega nos 40%, o analista político, mestre em Ciência Política, diz não se tra-tar de um novo figurino estatis-ticamente falando sendo que a VII legislatura ostentava quase uma distribuição de mandatos equivalentes a esta e isso fez com que a oposição não tivesse expressão alguma, sendo que o partido dominante, neste caso à Frelimo, tem o quórum neces-sário para fazer passar qualquer que seja a lei.

“Contudo, é preciso lamen-tar esse cenário, uma vez que é nocivo para a nossa jovem

democracia, pois a essência de todo parlamento reside no ba-lance of power, entre as partes que compõem legislativo, in-felizmente mais uma vez todo um povo irá assistir o desfile do monopólio do processo de tomada de decisão por parte do partido Frelimo. A oposição será totalmente infértil e inútil nessa legislatura”, afirma.

Entretanto, segundo a sua análise, é sempre bom ver no-vas caras, mas bom ainda é quando estas caras agregam um valor para a missão que de for-ma democrática lhes foi dada, infelizmente serão mais uma vez novas caras, mas que não terão utilidade alguma.

“Falei que, enquanto nos mantivermos com um sistema eleitoral de maioria simples, o nosso parlamento não passará dum simples quartel onde as pessoas vivem sob comando duma doutrina”, afirma.

Para Viagem, essas caras teriam uma valia se fossem abertamente eleitas, ou seja, eleitas por via dum sistema de Eleitoral de representação proporcional ou de dois tur-nos que consiste numa eleição aberta onde o eleitorado saberia a quem votar e que terei total legitimidade para o accoun-tability (prestação de contas). Com esta configuração as caras podem até ser novas, mas o co-mando será sempre partidário.

“Em termos de género tam-bém não vejo novidade algu-ma, pois as mulheres que aden-traram na legislatura não foram por critérios publicamente co-

nhecidos até diria duvidosos, não que queira as menosprezar, é preciso que as listas sejam abertas para que cada um dos eleitos veja o seu direito de par-ticipação a não ser ameaçado por qualquer que seja a doutri-na sobretudo a suposta discipli-na partidária que é um cancro para a liberdade de expressão e do processo decisório”, disse.

Em relação às pessoas com deficiências, Viage desejou parabéns, mas esperando que realmente estas não tenham sido vítimas duma estratégia política para venda duma ideia de inclusão, quer no ambiente interno como externo, que te-nha sido uma inclusão justa e meritória.

Sobre a entrada do Profes-sor Alberto Ferreira no parla-mento, pela bancada da Rena-mo, Viage afirma que esta não é a primeira legislatura que parlamento recebe académicos

como deputados, mas “infeliz-mente vimos como todos ter-minaram, na verdade, alguns por de facto reconhecerem que o nosso parlamento ainda não apresenta uma configuração que realmente possa trazer mu-danças no processo de tomada de decisões, muitos deles olha-ram meramente para o nosso parlamento como um espaço para a satisfação dos seus ape-tites privados, para realização dos seus interesses, olharam para o parlamento como se fosse um eldorado neste caso a terra prometida, que o digam deputados como Ismael Mussa, Muhammad Yassine e outros”.

Defendem constitucionalistas

Lei que criou IPAJ é inconstitucional

o jurista moçambicano simeão Cuamba defendeu, re-centemente, na capital que a lei que criou o instituto de patrocínio e assistência Jurídica (ipaJ) é anticonstitu-cional por discriminação. No seu entender, a assistência jurídica deve ser feita somente por advogados com man-dato forense e remunerados por fundos do estado.

De acordo com o Venerando Juiz Conselhei-ro do Conselho Constitucional,

Doutor Manuel Franque, que fez a apresentação da recen-te obra “Olhão à Constituição da República de Moçambi-que (CRM)” da autoria de Simeão Cuamba, a redacção do artigo 60 da Constituição cuja epígrafe é acesso aos Tri-bunais deve ser melhorada.

Segundo avançou Fran-que, o carácter remuneratório constitui forte estímulo para o exercício cabal e eficiente da profissão dos advogados en-quanto oficiosos públicos, en-quanto a Lei que criou o IPAJ (vocacionado para a defesa de pessoas carenciadas) é incons-titucional por discriminatória.

No que tange a assistência judiciária em que lida com a prestação de serviços de infor-mações e consulta jurídica a

cidadãos e instituições públicas ou privadas no sentido de acla-rar se a sua preocupação, afli-ção ou desejo tem cobertura e protecção legal, no patrocínio judiciário, uma representação mais ampla do advogado junto das instituições jurisdicionais, tal como esquadras da polícia, Ministério Publico, Tribunais, propõe-se que a prestação des-se serviço seja feita “somente por advogados mediante um mandato forense remunerado, sendo os seus honorários pagos por fundos do Estado, quando se trata de pessoas carentes”.

“Nesta ordem de ideias (Cuamba) propõe que o IPAJ seja transformado num ser-viço de solicitadoria, aliás, acrescenta como acontece na medicina, onde todos os cida-dãos, com ou sem posses são tratados por médicos, quer seja em hospitais públicos ou pri-vados”, disse Manuel Franque.

Constituição de Moçambique deve se inspirar no povo

moçambicano

Adiante, Manuel Franque ajunta que, em 2004, foi apro-vado uma nova Constituição que aprofundou os princípios fundamentais, direitos, de-veres, liberdades e garantias quer para a organização polí-tica quer económica e social.

Entretanto, afirma o au-

tor que a melhor opção para Moçambique seria de uma constituição do modelo fran-cês, com uma câmara alta a semelhança da África do sul que possui um Conselho provincial como o Senado, composto por dois membros oriundos de cada província.

“Apesar de reconhecer que não existe um modelo perfei-to de Constituição, mas su-

mariza que talvez ou melhor seria aquele que se inspire no modus vivendi, social, tradi-cional e consuetudinário de um povo e da boa gestão de pessoas e bens conforme a lei escrita ou não nos 10 manda-mentos da lei de Deus, Êxodo 20”, ajuntou Manuel Franque.

Noutro passo, segun-do Manuel Franque, o autor propõe que se melhore tam-bém a redacção do artigo 5 da CRM, cuja epígrafe ver-sa sobre a nacionalidade.

Nesta óptica, a boa noção de pátria e de nação, visto num contexto político, recomenda--se que para a materialização do verdadeiro nacionalismo “o cidadão deve fixar-se, ter ou fazer algo na povoação, viva como seu local de nascimen-to, naturalidade ou residência, designadamente casa própria, profissão, arte, emprego, etc., e ser exemplo de cidadania assente na vida social dig-na, ter respeito pelas institui-ções, autoridades e família”, acrescentou Manuel Franque.

Refira-se que a obra “Olhão” de Simeão Cuamba foi lançada no mês de Dezembro passa-do, contou com a presença do veterano da luta de libertação nacional Mariano Matsinha, entre outras personalidades.

Bang acusado de homicídio involuntário e pode pegar até dois anos de cadeia

O Ministério Pú-blico acusou a empresa Bang Entretenimen-to, representada

pelo empresário e promotor de espectáculos Adelson Mouri-nho, mais conhecido por Bang, de homicídio involuntário de cinco pessoas durante um evento alusivo ao Dia Interna-cional da Criança, em Maputo.

Para o crime de Homi-cídio Involuntário a mol-dura penal prevista no Có-digo Penal moçambicano é de um mês a dois anos.

“Tratando-se de eventos para crianças, era exigível maior cuidado da Bang En-tretenimento com aspectos de segurança. A promotora de eventos agiu com imperícia

e negligência, tendo como objectivo úni-co a obtenção de lu-cro”, lê-se na acusação.

As cinco pessoas, das quais duas meno-res, morreram após se-rem empurradas por uma multidão à porta do evento, que assina-lava as comemorações do Dia Internacional da Criança em Maputo.

A agitação terá sido causada por um acidente à porta do recinto Aqua Park, onde se realizava a festa, que incluía a actu-ação de vários músicos, ao mesmo tempo que havia um congestiona-mento automóvel, o que motivou um movimen-

to súbito da multidão.Na autópsia, se-

gundo a acusação, as autoridades moçambi-canas indicam que as vítimas morreram por asfixia, traumatismo provocado por lesões contundentes e com-pressão abdominal.

O MP moçambi-cano considera que agrava a responsabi-lidade penal da Bang Entretenimento o fac-to de ter prolongado o evento até à noite na presença de menores, embora o órgão reco-nheça como atenuantes a confissão e o auxílio prestado pela empresa nas despesas fúnebres.

O documento elenca ainda o desleixo e falta de considera-ção pelas questões de seguran-ça na organização do evento, assim como inobservância do regulamento de espectáculos como determinantes para criar tumultos na entrada do recinto.

Para o MP moçambica-no, a empresa organizadora preocupou-se em proteger os artistas e instalações, excluin-do os espectadores e, por isso, abriu apenas um portão para entrada e saída de pessoas e viaturas, o que deveria acon-tecer por acessos diferentes.

No processo, ao qual o empresário vai responder em liberdade por decisão do MP, foram arrolados 30 de-clarantes, entre familiares das vítimas e espectadores.

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202012 | zambeze

DÁVIO DAVID

|nACIOnAL|

Cinco distritos do norte da provín-cia moçambicana de Cabo Delgado estão sem electri-

cidade há dias devido à queda de uma torre de alta tensão, após a subida do nível da água no rio Messalo, disse fonte oficial.

“A torre caiu por volta das 20:40. (O leito do rio Messa-lo alargou-se, criou erosão e corroeu toda a base da torre”, disse o delegado da Electrici-dade de Moçambique (EDM) em Pemba, Gildo Marques, em declarações à agência Lusa.

No total, 15.200 clientes fo-

ram afectados nos distritos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Palma e Mocímboa da Praia, na sequência do mau tem-po que se regista na região.

Os distritos em causa são parte dos nove da província de Cabo Delgado que permanecem isolados há duas semanas na se-

quência do desabamento de uma ponte sobre o rio Montepuez, na Estrada Nacional 380, a princi-pal estrada no norte da região.

A reposição da corrente eléc-trica nos cinco distritos afecta-dos será feita dentro de dez dias devido a dificuldades de acesso à região, mas enquanto isso a EDM vai implementar “solu-ções alternativas”, entre as quais montagem de pórticos de ma-deira suficientemente altos para receber cabos eléctricos, avançou o delegado da EDM em Pemba.

A província de Cabo Delgado está a ser abalada pelo mau tempo desde finais de Dezembro, tendo sido afectadas cerca de 10 mil pessoas, além da destruição de várias infra-estruturas, com destaque para o desabamento da ponte sobre o rio Montepuez.

Moçambique emitiu um alerta laranja para todas as províncias do país, como forma de acele-rar a mobilização de recursos

para a assistência a vítimas e à reposição de danos, tendo em conta que a época chuvosa no país só termina em Abril.

Em Abril, alguns pontos da província de Cabo Delgado fo-ram atingidos pelo ciclone Ken-neth, que causou a morte a 45 pessoas e afectou outras 250 mil.

Um mês antes da passagem do Kenneth, o centro de Mo-çambique foi devastado pelo ciclone Idai, que provocou mais de 600 mortos e afectou cerca de 1,5 milhões de pessoas no centro do país, além de des-truir várias infra-estruturas.

Entre os meses de Novembro e Abril, Moçambique é ciclica-mente atingido por ventos cicló-nicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.

No total, 714 pessoas morreram durante o período chuvoso em 2018/2019, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth. (Lusa)

Cinco distritos isolados devido ao mau tempo em Cabo Delgado

Envolvendo portugueses em Moçambique

Marcelo e Nyusi avaliam casos por resolveros presidentes português e moçambicano analisa-ram terça feira última dois casos por resolver em mo-çambique de homicídio e desaparecimento de portu-gueses, num encontro oficial entre ambos, em Maputo.

“Passámos em revista” os dois casos, do homicídio de Inês Botas e do desapareci-mento de Américo Sebastião, disse aos jornalistas, no fi-nal do encontro, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.A conversa entre os chefes de Estado serviu “para ver quais são os passos” que foram dados e os que se seguem no processo, bem como para aprofundar “o que o judiciário está a fazer”, acrescentou, sem mais detalhes.O Presidente moçambicano reiterou a vontade de seguir os processos, até hoje incon-clusivos, o que tem motiva-do intervenções de familiares das vítimas e de diversas fi-guras do Estado português.Nyusi disse aos jornalistas que espera encontrar-se em breve, por exemplo, com a esposa de Américo Sebastião, depois de ter sabido que ela se encontra em Moçambique, para conti-nuar a acompanhar o assunto.“Hei de falar [com ela], temos

falado muitas vezes”, concluiu.Inês Botas foi raptada e assas-sinada em 28 de Dezembro de 2017 em Moçambique, onde trabalhava ao serviço da em-presa portuguesa Ferpinta, na zona da Beira, centro do país.Poucos dias após o crime, as autoridades judiciais da pro-víncia de Sofala, centro de Moçambique, decretaram a prisão preventiva de três sus-peitos, mas o julgamento con-tinua por se realizar e um dos suspeitos já fugiu da prisão.Américo Sebastião foi rap-tado em 29 de Julho de 2016 em Nhamapadza, província de Sofala, centro de Moçam-bique, desconhecendo-se até hoje o que lhe aconteceu.O empresário agrícola e ma-deireiro foram levados por desconhecidos numa viatura, quando se encontrava numa estação de serviço, numa altu-ra em que a zona era palco de confrontos entre as forças de defesa e segurança e o braço

armado da Resistência Nacio-nal Moçambicana (Renamo).“O Estado português tem pro-porcionado não só contactos permanentes” com os fami-liares, “mas também apoio, porque, tanto num caso como noutro” trata-se de “questões jurídicas”, detalhou na segunda--feira Marcelo Rebelo de Sousa.Questões jurídicas por esclare-cer que no caso do homicídio

de Inês Botas, em 2017, “dizem respeito aos tribunais, em ter-mos de lentidão do processo”, enquanto que sobre o desapare-cimento de Américo Sebastião, em 2016, estão em causa “as in-vestigações prévias à interven-ção do tribunal”, a cargo do Mi-nistério Público moçambicano.Marcelo sublinhou que Portugal tem tido no Presidente da Repú-blica, primeiro-ministro e minis-

tro dos Negócios Estrangeiros intervenientes “muito constan-tes no sentido de procurar pro-porcionar as melhores condições para o apuramento da verdade”.Os dois casos fizeram parte de uma nota publicada em 19 de Dezembro na página oficial da Presidência da República portu-guesa, em que o chefe de Esta-do se comprometeu a acompa-nhar a evolução dos processos.

zambeze | 13Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 |nACIOnAL|

Vila da Manhiça quer abastecer água 24 horas o município da vila da manhiça pondera alargar o for-necimento de água para 24 horas através da construção de dois subsistemas de abastecimento. segundo o au-tarca da manhiça, luís munguambe, a capacidade de consumo de água, actualmente situa-se entre os 81 a 83 metros cúbicos por hora.

Segundo Luís Mun-guambe, a autar-quia da Manhiça quer sair dos actu-ais 81 e 83 nos sis-

temas um e dois para uma ca-pacidade de abastecimento de 208 metros cúbicos por hora. A efectivar-se esse projecto a vila municipal da Manhiça po-derá aumentar o preço de con-sumo de água por metros cúbi-cos, dado que os equipamentos irão trabalhar mais tempo em relação a situação actual em que o abastecimento de água regista interrupções. “Com esse novo projecto, acredito que os munícipes vão poder com água regar seus jardins, não vão mais sofrer

interrupções constantes-é um ganho para Manhiça” disse, acrescentando que a estiagem que se avizinha pode vir a ser motivo para o surgimento das doenças de origem hídricas daí que o município da Manhi-ça olha para o saneamento e a água como a grande aposta para o mandato que iniciou este ano.Relativamente a recolha de lixo, Luís Munguambe diz que há uma preocupação da edili-dade adquirir mais um camião porta-contentor de modo a re-forçar a capacidade e evitar que, quando avaria o outro ca-mião, haja situações de caos na recolha de lixo. A fonte diz que é um imperativo adquirir mais um meio de recolha de lixo,

porque os munícipes estão cada vez mais a aderir ao conceito de depósito de lixo em contentores espalhados ao nível dos bairros.Autarquia de Xai-Xai vai im-plementar Plano de Urbaniza-ção no Posto Administrativo da Praia de Xai-Xai O Governo autárquico de Xai--Xai, província de Gaza, vai proceder a implementação do Plano Geral e Parcial de Ur-banização no posto adminis-trativo da Praia de Xai-Xai em 2020 cuja implementação tem a duração de quatro anos. Trata-se de um instrumento que vai dar origem a novas áreas de habitação, serviços adminis-trativos e da expansão da zona turística de Xai-Xai, respecti-vamente. O plano cuja aprovação pela Assembleia Autárquica foi por unanimidade, incluindo as ban-cadas da oposição, da Renamo e do MDM, a sua implantação será de forma gradual, segundo

o Presidente daquela autarquia, Emídio Xavier, que falava ao Zambeze, tendo indicado ain-da que na mesma sessão foram aprovados outros instrumen-tos, com destaque para o Plano Económico e Social do ano em curso (PES - 2020).Num outro desenvolvimen-to, Xavier indicou que, para o presente ano, a edilidade espe-ra iniciar a construção de um mercado grossista, que poderá ter uma dimensão pouco menor comparando ao mercado gros-sista do Zimpeto, da capital Maputo. A construção desta infra-estru-tura surge como resposta a ne-cessidade de reverter a situação do mercado grossista a funcio-nar ao relento.“É um plano para quatro anos e à medida que se vai solicitando espaço para equipamentos so-ciais, vamos avançar em fases na sua implementação”, indi-cou Xavier.

O plano cuja aprovação pela Assembleia Au-tárquica foi por unanimidade, in-cluindo as banca-das da oposição, da Renamo e do MDM, a sua im-plantação será de forma gradual, segundo o Pre-sidente daquela autarquia

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202014 | zambeze

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José MatlhoMbe

zambeze | 15Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 |COMeRCIAL|

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202016 | zambeze | CentRAIs|

Esperança Bias com ficha limpa no MIREMNova Presidente da Assembleia da República

apesar da posição estratégica que ocupava, esperança Bias não caiu na tentação de acumular licenças de áreas ricas em minerais preciosos e conseguiu sair do mi-nistério dos Recursos Minerais (MIREM) com uma ficha limpa.

Formada em Eco-nomia pela Uni-versidade Eduardo Mondlane (UEM), Esperança Bias en-

trou para o sector de minas em 1983, através da Empresa Na-cional de Minas, e mais tarde trabalhou para a empresa Gemas e Pedras Lapidadas. Em 1991, entra para o Ministério dos Re-cursos Minerais, onde assume sucessivamente as funções de Directora Adjunta do Carvão, Directora Adjunta de Economia e Directora de Economia, em 1998.

No último mandato de Joa-quim Chissano, Esperança Bias é nomeada vice-Ministra dos Recursos Minerais, cargo que exerceu até 2004. Quando Ar-mando Guebuza chegou à Pre-sidência da República em 2005 promoveu Esperança Bias para Ministra dos Recursos Minerais, cargo que ocupou durante 10 anos. A sua liderança no Minis-tério coincidiu com o boom dos recursos naturais: por um lado os enormes jazigos de carvão de Tete e, por outro, os triliões de pés cúbicos de gás natural que eram anunciados na Bacia do Rovuma. A descoberta de re-cursos atraiu empresas multina-cionais para Moçambique, com

destaque para as mineradoras Vale, Riversdale, Rio Tinto, Jin-dal, e as petrolíferas Anadarko e Eni.

Liderou reformas legais

Para garantir uma governa-ção transparente no sector dos recursos minerais e de hidrocar-bonetos (petróleo e gás), Espe-rança Bias liderou as reformas legais que culminaram com a aprovação da Lei de Minas (Lei 20/2014, de 18 de Agosto) e da Lei de Petróleos (Lei 21/2014, de Agosto). Além de regular o sector, as duas leis reforçam a necessidade da publicação dos contratos mineiros e de hidro-carbonetos, um dos marcos mais importantes para a transparência na indústria extractiva. Foi tam-bém na liderança de Esperança Bias que Moçambique aderiu à Iniciativa de Crédito, um pro-grama global que visa melhorar a governação nos países ricos em recursos minerais e hidrocar-bonetos através da divulgação de informações importantes do sector, como os pagamentos das empresas e as receitas colecta-das pelo Governo. A iniciativa funciona também como um fó-rum de diálogo entre o Governo, empresas da indústria extractiva

e sociedade civil, o que ajuda os cidadãos a formularem opiniões informadas sobre a forma como são geridos os recursos e as res-

pectivas receitas. No âmbito da implementação

da ITIE, o Ministério dos Recur-sos Minerais lançou, em 2013, o portal de cadastro mineiro, uma plataforma que divulga informa-ções sobre contratos, concessões mineiras, certificados mineiros, licença de prospecção e pesqui-sa, licença de reconhecimento e autorização de recursos minerais para a construção civil. Os gran-des projectos de carvão de Tete, das areias pesadas de Moma, e de gás natural da Bacia de Ro-vuma tiveram avanços significa-tivos durante os dois mandatos de Esperança Bias como Minis-tra dos Recursos Minerais. Na verdade, foram cerca de 20 con-tratos mineiros e de exploração de hidrocarbonetos que a antiga Ministra assinou, além de milha-res de licenças e certificados mi-neiros. Entretanto, há pontos ne-gativos que marcaram a gestão de Esperança Bias no Ministério dos Recursos Minerais, a come-çar desde logo pelos excessivos benefícios fiscais concedidos às multinacionais do sector extrac-tivo, minimizando os ganhos do Estado e das comunidades resi-dentes em locais onde eram im-plantados os mega-projectos.

Em muitos casos, a conces-são de áreas mineiras era feita sem salvaguardar os interesses das comunidades, situação que muitas vezes resultava em confli-tos entre os locais e as empresas concessionárias. Os problemas de reassentamento das comuni-dades afectadas pelos projectos de carvão da Vale, Riversdale e da Jindal, todos em Tete, do-cumentam a falta de atenção do sector público em proteger os di-reitos e interesses dos moçambi-canos, os verdadeiros donos dos recursos. O processo de atracção de investimento não foi acompa-nhado por programas de capa-city building que iriam conferir aos gestores públicos melhor do-mínio do sector e das suas dinâ-micas. Sem capacidade técnica para quantificar os seus recursos, o Estado dificilmente estaria em melhores condições de negociar contratos com empresas inter-nacionais, algumas exímias em manipular a informação.

No âmbito da implementa-ção da ITIE, o Ministério dos Recursos Minerais nem sempre publicava todas as informações consideradas relevantes para o conhecimento público. A Mi-nistra sempre invocava o prin-

zambeze | 17Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 | CentRAIs|

Esperança Bias com ficha limpa no MIREMcípio de confidencialidade para não divulgar os contratos da indústria extractiva. Devido ao incumprimento de alguns princí-pios da iniciativa, Moçambique perdeu a confiança dos parceiros internacionais e os recursos que disponibilizavam através do pro-jecto MAGTAP. Tais recursos destinavam-se a financiar a ela-boração de relatórios, sua disse-minação, bem como a realização de reformas propostas na matriz de recomendações.

Desordem em zonas mais prósperas

No subsector de minerais e pedras preciosas, a Ministra não conseguiu pôr ordem na corrida para a ocupação das zonas mais prósperas, sobretudo em Cabo Delgado e Manica, províncias com registo de sobreposição de áreas e muitos conflitos entre titulares de licenças e as asso-ciações locais. Milhares de li-cenças mineiras foram atribuídas a empresas sem competência técnica e capacidade financeira para desenvolver as actividades. Os beneficiários eram maiorita-riamente pessoas ligadas à elite política da Frelimo interessadas

aNÚCio de VaGas

m.a.C. procura maquinistas “B”

Categoria : Formação e ensino;Local : Tete – Beira (Linha de Sena);Local : Tete – Nacala (Corredor logistico Norte);Publicado por: Midwest ÁfricaR.H. Dra Fatima Serrão| Midwest África Corporation.

Email para Candidaturas: [email protected] Midwest Africa Corporation em parceria com a Vale Moçambique, anúcia a abertura do concurso de Recrutamento e Selecção de Can-didatos ao Curso de Maquinistas “B”. A indicação vem da direcção de Recursos Humanos da Midwest África Corporation, que necessita de preencher 45 vagas.1-de acordo com o documento os candidatos têm de ter:Nacionalidade moçambicana;12° Ano de escolaridade concluído ou Equivalente;Disponibilidade de deslocação para locais acima citados;Idade compreendida entre os 20 aos 35 anos de idade;É exigido o domínio da língua inglesa e conhecimentos de informática básica;Não possuir antecedentes críminais;Aptidão física comprovada.2-sobre o processo de selecção, a midwest africa Corporation, destaca que:“Todos os candidatos que transitarem da fase de pré-candidatura (triagem documental) serão submetidos a um processo de selecção técnica que compreenderá entre outras técnicas provas de conheci-mento geral e testes Psico-técnicos”, seguindo-se nova selecção até preencher as 45 vagas.O prazo de candidaturas termina a de 15 de Janeiro de 2020 as inscri-ções/Candidaturas dos interessados devem ser entregues/ e ou enviadas para o e-mail acima citado ou que passará a ser, até essa data junto dos Serviços de Recursos Humanos da Midwest África Corporation.Email: [email protected]: A formação tem a duração máxima de 60 dias.Citar a fonte pelo qual teve acesso a informação, jornal, internetCitar: Maquinistas “B”.soBre a empresa:m.a.C - midwest África Corporation, empresa de capitais privados, sediada em Tete, Moatize, Minas de Benga - vocacionada na pesquisa, extração, processamento e transporte do carvão mineral aos diferentes terminais portuários (Centro - Beira e Norte - Nacala-Porto)...

Comercial

em traficar as licenças para obter ganhos imediatos. Foi iniciativa do Ministério dos Recursos Mi-nerais o polémico concurso para atribuição de concessões minei-ras de carvão a moçambicanos. Até hoje pouco se sabe sobre o desfecho do processo, designa-damente os moçambicanos que ganharam as licenças de explo-ração do carvão e os termos dos contratos assinados com o Esta-do. Apesar da posição estratégi-ca que ocupava, Esperança Bias não caiu na tentação de acumular licenças de áreas ricas em mine-rais preciosos e conseguiu sair do Ministério dos Recursos Mi-nerais com uma ficha limpa.

Desafios da nova Presidente da Assembleia da República

A economista com carreira feita no sector dos recursos mi-nerais vai agora dirigir o mais alto órgão legislativo do país, sendo por isso a segunda figura mais importante na hierarquia do Estado. Esperança Bias tem des-de logo o desafio de dirigir um Parlamento desequilibrado do ponto de vista de representati-vidade política: a Frelimo domi-na com 184 deputados, contra 60 da Renamo e 06 do MDM. A Presidente da Assembleia da República deverá fazer “jogos de equilíbrio” para evitar que a maioria qualificada da Freli-mo sufoque o debate político através da ditadura de voto. A legislatura que agora começa coincide com o momento deci-sivo dos projectos de produção de gás da Bacia do Rovuma. Do Parlamento espera-se uma fis-calização efectiva do Governo no uso e gestão dos biliões de dólares de receitas que deve-rão começar a entrar durante o mandato 2020-2024. Além de reforçar a fiscalização das ac-ções do Executivo, Esperança Bias tem o desafio de garantir que a Assembleia da República está aberta a ouvir e a aceitar as contribuições da sociedade ci-vil, sobretudo quando se trata de debate de propostas legislativas que mexem com a vida da Na-ção. São disso exemplos as pro-postas de Orçamento de Estado, do Plano Económico e Social, e do esperado projecto de criação do Fundo Soberano.

(Subsídios retirados com de-vida vénia do CDD)

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202018 | zambeze

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Organizou luta até à morte entre amantes para decidir com qual ficar

Uma mulher e o seu amante foram presos pelo assassi-nato “brutal”

do ex-marido desta, que foi esfaqueado até à morte num beco em Stratford, no leste de Londres, Inglaterra. A suspei-ta é acusada de ter organizado uma luta até à morte entre os dois homens para decidir qual deles merecia ficar com ela.Asta Juskauskiene, de 35 anos, foi casada com Giedruis Juskauskas, de 42. A mulher tem quatro filhos, um dos quais (uma menina) é fruto da relação com Giedruis, de quem se di-vorciou em Dezembro de 2018. Asta começou a encontrar-se com Mantas Kvedaras, um jo-vem de 25 anos que conheceu na Internet depois de este ter sido libertado da prisão na Lituânia.Apesar do divórcio, a mulher continuou a ter encontros se-xuais com Giedruis, ao mesmo tempo que tinha Mantas como amante. Os dois homens rei-vindicavam a mulher como “sua”, então ela decidiu aca-bar a discussão ao organizar uma luta “medieval” até à morte num beco em Stratford.O amante, Mantas Kvedaras, voou para o Reino Unido cinco dias antes da “luta” para ficar em casa de Asta, em Dartford. No dia 17 de Junho de 2019, o ex--marido, Giedruis Juskauskas,

foi esfaqueado 35 vezes no corpo e pescoço e deixado no local a sangrar até à morte. Kvedaras confessou o homicí-dio. Durante o crime, Asta fi-cou em casa a cuidar dos filhos.A mulher foi acusada de or-ganizar o homicídio do ex--marido e foi condenada após julgamento de cinco sema-nas no tribunal de Kingston Crown. O juiz anunciou que Juskauskiene e Kvedaras vão ouvir a sentença juntos no próximo dia 7 de Fevereiro.Segundo o procurador Hugh Davies, Asta teria falado sobre o encontro dos amantes com a sua amiga Jurgita Sulciene. “O objectivo era que os homens resolvessem a discussão com violência, num duelo medie-val”, disse Davies, citado pela imprensa britânica. “De formas diferentes, cada um dos ho-

mens sentiu que tinha reivindi-cações sobre Asta Juskauskie-ne. A situação chegaria a este ponto, inevitavelmente”.“Giedrius Juskauskias e Man-tas Kvedaras encontraram-se obviamente por acordo e não por acaso: nenhum deles esta-va perto de onde moravam e os registos telefónicos mostram que houve uma comunicação repetida entre eles durante o dia 16 de Junho, enquanto viajavam de sítios diferen-tes para o local do encontro. Juskauskiene é uma figura ma-nipuladora e controladora, de-terminante na orquestração des-tes eventos”, afirmou Davies.“Ela sabia de antemão que Mantas Kvederas pretendia usar violência e causar fe-rimentos graves a Giedrius. E ela incentivou, ajudou e teve intenção de o fazer”.

Restaurante nos EUA cobra 38 centavos por “perguntas estúpidas”

Um restaurante de Denver, no Colorado, Es-tados Unidos, elaborou uma

lista de “perguntas estúpidas” feitas aos seus empregados e começou a cobrar 38 centavos por cada uma que os clientes façam. Um dos “contempla-dos” resolveu publicar a factu-ra no Instagram e rapidamente a publicação tornou-se viral.São 0,38 dólares por importu-nar os empregados com aquilo que os donos do Tom’s Diner consideram ser “perguntas estúpidas”. Vem tudo discri-minado na factura deste res-taurante, que é um clássico de Denver, muito querido da po-pulação, que até já se juntou para impedir a sua demolição.Esta parece ser mais uma das

várias publicações que, pon-tualmente, surgem nas redes sociais de facturas de restau-rantes postadas por clientes, que normalmente se insurgem contra os preços praticados. Neste caso porém não é tanto o valor da conta, mas o inédito da situação, que fez com que o post se tenha tornado viral.E, para que ninguém ponha em causa os critérios de classifi-cação das perguntas, o Tom’s Diner discrimina na ementa os exemplos de questões “es-túpidas”. Ou seja, os clientes estão previamente avisados.Esta insólita medida ficou co-nhecida após a publicação da factura por um cliente, que se identifica no instagram como “Copendejo”, que, no entan-to, não revela qual a “pergun-ta estúpida” que formulou.

Mulher transforma-se em cobra por roubar dinheiro do seu marido

Menina de 17 anos sequestra avião e bate em prédio

Uma mulher de 36 anos de idade, no bair-ro de Natiki-ri, no norte de

Moçambique, transformou--se em cobra, aparentemente, por ter subtraído da carteira do seu marido 2.000,00Mt (dois mil meticais) na noi-te da última sexta-feira (10).O caso estranho está a domi-nar as conversas de café e de esquina na cidade de Nam-pula, e o marido da “mulher – cobra” encontra-se foragido.Segundo contaram ao Ikweli fontes próximas do evento, na manhã de sábado (11), quando a senhora foi ao rio Muepelu-me lavar roupa em companhia de outras mulheres começou-se a notar uma transformação do

seu corpo, facto que fez com as companheiras fugissem do local e solicitassem a intervenção das autoridades tradicionais locais.Carlos Simão, um dos resi-dentes de Muthita, disse ao Ikweli que se apercebendo da situação, pela agitação popu-lar, dirigiu-se ao local, onde encontrou a “mulher – co-bra” a seguir o leito do rio.“Senhor jornalista, esta situação é de lamentar”, disse Simão, para depois apontar que “essas nossas mulheres de hoje gostam muito de dinheiro e isto que estamos a ver hoje é uma das consequências”.A senhora Sandra Ali con-tou, também, que a mulher após se transformar em co-bra se fixou numa ponte so-bre o mesmo rio, onde vá-rias pessoas acorreram para

verem o acontecimento insólito.O líder comunitário local, Mi-guel Rui, avançou a nossa re-portagem que quando chegou ao sítio, a mulher ainda era metade pessoa e metade cobra.“De seguida liguei para os meus superiores para lhes por a par da ocorrência”, disse o régulo Rui, para depois contar que “a mu-lher já estava a seguir o rio para a zona onde tem uma barragem com muita água. Até mesmo eu que sou líder não sei o que fazer, porque já tentamos pro-curar o tal marido junto com a família, e ele já não existe, e nem se quer o telefone dele chama”.Os vizinhos do casal viram--se obrigados a abandonarem as suas casas, com o medo de a “mulher – cobra” fazer--lhes algum mal. (Ikweli)

Uma adolescente de 17 anos protagonizou um episódio in-comum ao tentar sequestrar um avião de pequeno porte e bater com a aeronave em um prédio de um aeroporto. O aci-dente aconteceu no estado da Califórnia, nos Estados Unidos.Após conseguir ligar o motor do avião , a adolescente começou a

manobrar a aeronave e acabou colidindo com a barra que de-limita o território do aeroporto e em um dos prédios do local. Ao entrarem na aeronave, policiais encontraram a jo-vem sentada no assento do piloto com fones de ouvi-do. Apesar do susto, nin-guém se feriu no acidente.

zambeze | 19Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 |CIênCIA e teCnOLOGIA|

Mostra Nasa

Fumaça de incêndios na Austrália deve dar a volta completa ao mundo

Cientistas criam as primeiras “máquinas vivas” com células de animais

Uma equipa de investigadores norte-americanos conseguiu criar os primeiros exemplares vivos de máquinas, desenvolvi-das com tecido animal. Poderão ser usados na medicina ou até no campo ambiental.Por trás da investigação, finan-ciada pelo departamento de de-fesa dos EUA, estão dois biólo-gos, Michael Levin e Douglas Blackiston, e dois especialistas em robótica, Josh Bongard e Sam Kriegman. Os cientistas usaram células retiradas do coração de rãs. O material foi depois processado em super-computadores que ajudaram a chegar à forma mais promisso-ra de as agregar e tentar prever o seu comportamento.O resultado foi uma máquina biológica, com um milímetro de diâmetro, com centenas de células, capaz de se movimen-tar numa direcção determinada pelos cientistas. “Não se trata de um robot tradicional ou de uma espécie animal. É um novo tipo de artefacto: um organismo vivo e programável”, salientou Josh Bongard.O supercomputador utilizado na investigação é da Universidade

de Vermont, no Canadá, sendo o trabalho acompanhado por cien-tistas da Universidade de Tufts, no Estado do Massachusetts, nos EUA. “Podemos conceber muitas aplicações para estes ro-bots, que outras máquinas não conseguem fazer”, disse Michal Levin, responsável pelo Centro de Biologia Regenerativa e De-senvolvimento, na Universidade de Tufts. “Poderão ser usados para recolher compostos desa-gradáveis ou até radioactivos, colectando microplásticos nos oceanos ou viajar nas artérias para remover obstruções”, ex-plicou o cientista.Os organismos reconfiguráveis que as células formaram, que têm também a capacidade de se reconstituírem se forem corta-dos, podem mover-se coerente-mente e explorar um meio aquá-tico durante dias ou semanas ou mover pequenos grãos para um local, espontânea e colectiva-mente.“É um passo no sentido de usar organismos desenhados por computador para administrar medicamentos de forma inteli-gente”, afirmou Bongard.

Fumaça dos enormes incêndios na Austrá-lia vai, em breve, dar uma volta ao redor da Terra antes de retornar ao país, diz a Nasa, a agência espacial americana.Chamas gigantes têm devastado a costa leste australiana há meses, empurrando fumaça para o oceano Pacífico. A Nasa

diz que a fuligem gerada por volta do dia de Ano Novo cruzou a América do Sul, tornando o céu de algumas regiões turvo. A expectativa é que essa fumaça continue o seu deslocamento até “completar uma volta completa pelo planeta”, diz a Nasa.

Cientistas descobrem origem da “Grande Divisão” do Sistema Solar

Cientistas dos Estados Unidos e do Japão descobriram a ori-gem da “Grande Divisão”, uma cisão do sistema solar logo após a formação do Sol e que teve grandes efeitos na forma-ção de planetas e asteróides.A conclusão é de um estudo pu-blicado na revista “Nature As-tronomy”, no qual os cientistas dizem que uma estrutura de gás e poeira em forma de anel eri-giu um disco ao redor do Sol e dividiu o sistema solar em duas regiões com uma composição diferenciada.Assim, de um lado estavam os planetas rochosos, como a Terra ou Marte, e do outro, os conhecidos como “jovianos”, entre os quais Júpiter e Saturno.Segundo os investigadores, a “Grande Divisão” actualmente já não tem a estrutura original, mas é um “trecho de espaço vazio” localizado perto de Jú-piter, além do que os astróno-mos chamam “cintura de aste-róides”.Na parte mais próxima do Sol a partir dessa linha, mui-tos planetas tendem a ter uma abundância relativamente bai-xa de moléculas de carbono, enquanto na parte do sistema

que vai para Júpiter quase tudo é composto de matéria rica em carbono.“A explicação mais provável para essa diferença de compo-sição é que ela emergiu de uma estrutura intrínseca desse disco de gás e poeira”, disse o profes-sor da Universidade do Colora-do em Boulder (EUA), Stephen Mojzsis.Como nas montanhas terres-tres, uma grande fractura drena a água para um lado ou para o outro, explicou Mojzsis, adian-tando que as diferenças de pres-são causadas por esse anel de material cósmico teriam sido responsáveis pela separação dos materiais no sistema solar.Muitos cientistas assumiram que Júpiter era responsável por essa dicotomia, já que o pla-neta é tão grande que poderia ter agido como uma barreira gravitacional, impedindo que rochas e poeira de fora do sis-tema solar se dirigissem para o Sol.No entanto, Mojzis e a sua equipa descobriram que, em-bora Júpiter seja grande, pro-vavelmente nunca o foi a ponto de impedir o bloqueio completo do fluxo de material

rochoso.Os cientistas também alerta-ram que essa barreira no espa-ço não era perfeita, pelo que materiais voláteis ricos em carbono pudessem ter passado por ela e chegado ao nosso pla-neta, fornecendo água e mate-riais orgânicos.A “Nature Astronomy” tam-bém destaca um trabalho da Universidade de Birminghan, no Reino Unido, no qual cien-tistas internacionais descobri-ram uma colisão antiga da nossa galáxia, a Via Láctea, com uma outra menor, designada por “Gaia-Enceladus”.Os cientistas estudaram uma única estrela na constelação de “Indus”, que conseguiram datar através das suas oscilações natu-rais, detectadas nos dados forne-cidos pelo satélite “Exoplanets in Transit” (TESS), lançado pela NASA em 2018, e recolhi-dos pela sonda espacial “Gaia”, da Agência Espacial Europeia.O processo, conhecido como “astrosismologia”, revelou que a estrela nasceu nos estágios ini-ciais da Via Láctea, mas a sua colisão com “Gaia-Enceladus” alterou o seu movimento na nossa galáxia.

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202020 | zambeze |DespORtO|

Chico MiocheO ministro da defesa canarinha

aos 36 anos de idade, Chico é o defesa que ganhou todas as provas nacionais, desde que encarou o futebol como seu ganha-pão. Ganhou campeonatos, venceu taças e hoje é 2º capitão do Costa do sol. Foi jogador da selecção nacional nos sub-20 e depois dos mambas. mioche é um defesa com muita experiência, por isso teve a sorte de ganhar todas as provas do desporto -rei.

Encontramo-lo na sua zona, precisamente n o E s t á d i o d e Hulene a assistir o torneio infantil,

vulgo Bebec, que decorre naquele bairro e lhe pedimos um dedo de conversa, o que aceitou sem pensar duas vezes.

Sempre bem-disposto , sorridente e com um pouco de humor à mistura, Chico M i o c h e , d e s e u n o m e , começou por dizer que “estou feliz, porque ajudei o Costa do Sol a ser campeão”, risos.

Jogando como defesa central, Chico começou a jogar a bola no ut – escola, no longínquo ano de 2000, no famoso Estádio de Hulene em Maputo, sob orientação dos misteres Paulo Pelembe e Caló Mazivila, até 2007.

Do Fut - escola, Mioche foi

jogar pelo 1º de Maio de Maputo, onde ficou de 2008 a 2009 e, em 2010, rumou para o Atlético Muçulmano onde assinou contrato por uma época apenas, jogando como defesa central.

No ano seguinte, Mioche rumou para o Ferroviário da Bei ra onde , t ambém, permaneceu por uma época, tendo regressado a Maputo, desta vez, para representar a Liga Muçulmana (agora Liga Desportiva) de Maputo, onde começou com as glórias.

Início das glórias

Em 2012, Chico Mioche assina contrato com a Liga Muçulmana que veio terminar em 2016, era o início de glórias.

Naquele clube, o grande Mioche ganha dois campeonatos, duas taças de Moçambique,

duas Super - Taças e uma taça do BNI, consecutivamente.

Chico na selecção nacionalDevido das suas qualidades

na defensiva, Chico é chamado pelo mister João Chissano para representar a selecção nacional.

Segundo disse Chico, “ não foi fácil jogar como titular na selecção nacional, porque na altura, estava lá o Mexer, Dário Khan e Zainadine, mas, mesmo assim, o mister João Chissano punha-me a jogar como defesa central com o Mexer e fiz muitos jogos. O balneário era dos melhores e isso facilitou a minha integração no grupo trabalho”, disse Chico para depois acrescentar que “gostei muito de jogar com o Mexer, porque nos entendíamos muito bem e aprendi muitas coisas com ele”, disse Mioche.

Sai da Liga frustradoO nosso interlocutor disse

que saiu da Liga frustrado com o seu treinador, na altura, o Dário Monteiro. Aliás, foi na Liga Muçulmana onde Dário Monteiro terminou a sua carreira, tendo sido colega do Chico. Depois de terminar a

sua carreira, Dário Monteiro foi convidado para ser treinador principal daquela colectividade e logo afastou o Chico do onze inicial. Chico passou a ser um jogador indesejável do mister e, por muitas vezes, não era convocado e, se fosse, não era utilizado, recorda-se Chico com amargura, acrescentando que “não sei porque é que Dário fez aquilo, porque eu não faltava aos treinos e não lhe desrespeitava como mister”.

Durante esse tempo Chico teve problemas sociais e, para superar esses problemas, nessa altura, Chico diz que “ tive muito apoio da minha mãe, meus irmãos e da minha esposa Nilza e me deram forças para esquecer dos problemas e continuar com o trabalho”, disse Chico.

Antes de Dário Monteiro ser mister, Chico diz que “ jogamos juntos pela selecção nacional, eu como defesa central e ele como avançado”.

A par t i r dessa a l tu ra , nunca mais foi chamado para representar as cores nacionais até à data, mas, segundo suas palavras, “ainda estou em boa forma e, se o mister me chamar para a selecção, irei sem problemas, porque ainda estou em altura e me sinto bem, disse Chico acrescentando q u e “ n ã o tenho lesões

e gos to de treinar e jogar a bola”, disse Mioche confiante

O nosso interlocutor disse ainda que “não era a primeira vez que jogava pela selecção nacional, pois o fizera quando estava no 1º de Maio, convocado pelo mister José Augusto, pa ra jogar nos sub-20” .

Chico no Costa do Sol

Vendo-se prejudicado pelo seu mister na altura, Dário Monteiro, Chico decide não renovar o contrato com a Liga Muçulmana e, em 2017, ruma para o Costa do Sol onde se encontra até hoje.

Logo no primeiro ano, 2 0 1 7 , v e n c e a Ta ç a d e Moçambique e a Super-Taça, a mesma proeza repetiu-se no seu segundo ano, 2018.

Em 2018 e 2019, Mioche vence o torneio Mavila Boy.

Em 2019, ajudou o Costa do Sol a ganhar o Moçambola tendo marcado golos decisivos.

Chico ainda não ganhou nada individualmente, mas t e m 1 2 g o l o s m a r c a d o s durante a sua careira, oito dos quais pelo Costa do Sol e quatro pela Liga Muçulmana.

Chico Mioche foi um dos primeiros, tal como o seu treinador Horácio Gonçalves, a renovar o contrato da época desportiva de 2020 e agradece aos que confiaram nele, pois, segundo disse, em 2017, quando assinou pelo clube muitas vozes diziam que já era velho e que não faria nada se não prejudicar a equipa e provou o contrário pelo seu trabalho em campo. Chico nunca jogou fora do país.

Chico Mioche: Jogador de futebol

Clube: Costa do SolPosição: Defesa Cen-tral Nr. da camisola: 3

Cargo: 2º Capitão Golos marcados no C. do Sol: 8

Total de golos mar-cados na carreira: 12

golosEstado civil: Solteiro (mas vive maritalmente) e pai de dois filhos (casal)Idade: 36 anosAltura: 1,77mPrato preferido: FeijoadaBebida: Sumo Música: SoulOutras Modalidades: BasqueteFuturo: Ser treinador de futebolDiversão: Música e futebol

JOsé MAtLhOMBe

Chico com abraçadeira de capitão

zambeze | 21Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 |DespORtO |

O último pecado

Bancada Central

A bíblia reza sobre a última ceia, na qual Je-sus reuniu à mesa os seus discípulos, incluin-do Judas que viria a traí-lo e com eles parti-lhou o pão que simbolizava a carne do filho de Deus e o vinho que representava o seu sangue.

Nem me atrevo a enveredar pelo mérito dos escritos bíblicos do cristianismo, mas, com a permissão do abuso (sou muçulma-no), recorri aos mesmos para me debruçar sobre mais um resva-lo da direcção cessante da FMF, federação moçambicana de fute-bol. Um descaminho ao qual me permito apelidar de PECADO.No início de Dezembro de 2019 a selecção masculina de fu-tebol SUB-20 de Moçambique preparava-se para represen-tar o país num torneio regional designado COSAFA, que jun-ta combinados nacionais da região austral de África, com a inclusão de alguns convidados de outras regiões do continente.Dário Monteiro estava à cabeça da referida selecção, convida-do por Alberto Simango Junior, o então presidente da FMF. De volta ao país natal depois de uma experiência como treinador da equipa SUB-23 da Académica de Coimbra, em Portugal, Dá-rio assumiu o comando técnico do aflito Grupo Desportivo Ma-puto e, em paralelo, a liderança do combinado nacional SUB-20.Mas o que o segundo maior goleador de sempre da selecção A de Mo-çambique ignorava era a ratoeira em que se estava, patrioticamente, a meter. Trabalhou com um adjunto oficioso e não oficial, sem qual-quer vínculo contratual com a FMF, ou estaria condenado a orien-tar os rapazes sozinhos. Uma federação totalmente descredibilizada não conseguia, sequer, um campo para os pupilos de Dário Monteiro treinarem, a menos que o próprio usasse do seu charme e bom nome para o conseguir junto a alguns clubes. E não faltou um episódio no qual em pleno estádio da Machava, pertença do clube Ferroviário de Maputo, a meio de uma sessão de treinos antes da viagem para o já referido torneio da COSAFA, Dário e os seus rapazes foram escorra-çados do campo, porque, afinal, não tinham a devida permissão para lá estarem... haverá algo mais humilhante para treinador e jogadores?

por acaso há!Um dia antes do jogo de estreia aconteceu a viagem de autocarro para Joanesburgo, na África do Sul e a posterior ligação por via aérea com Lusaka, na Zâmbia, palco do torneio. Foram 9 horas de autocarro, mais 4 de avião, mais não se sabe quantas do aero-porto ao local da acomodação. Mas qual acomodação? Não havia hotel para os moçambicanos! Enfim, por volta da meia-noite lá se arranjou uma pensão para acomodar um grupo de rapazes física e psicologicamente violentados por DEZANOVE horas de viagem e tão esfomeados como os mosquitos que naquela noite fizeram deles um banquete de luxo naquela instalação de paupérrima qualidade.E algumas horas depois, lá estavam eles, vestidos a rigor com as co-res da selecção nacional de Moçambique para defenderem a honra nacional e serem severamente criticados, porque perderam com e--Swatine por 2-0, num jogo onde, logicamente, as pernas desobede-ciam à cabeça depois de 19 horas de viagem e menos de metade des-se tempo de repouso. No rescaldo da participação na referida prova houve mais uma derrota por 1-0 diante de Angola, dois dias depois, novas críticas como é da praxe e um triunfo sobre as Seicheles por 3-2 na última partida motivou desabafos: “Se aqueles miúdos não tives-sem brincado nos primeiros jogos pá, perder com a Swázi mesmo...”Afinal QUEM BRINCA não são os jogadores nem as respectivas equipas técnicas; há gente graúda que brinca mal e expõe os compa-triotas a situações tristes, por vezes ridículas e quase sempre desdig-nificantes. E enquanto NÓS, jornalistas moçambicanos, continuar-mos a agir como adeptos e alternadamente como meninos de recados coniventes e complacentes seremos tão maus brincalhões como eles. Esse foi um de muitos pecados cometidos pela direcção cessante da FMF e rogo ao meu amigo Feizal Sidat, o novo (de novo) senhor da casa-mãe do futebol moçambicano que faça TUDO o que estiver ao seu alcance para que o episódio de Dezembro passado, com a selecção SUB-20, não tenha sido apenas mais um, mas seguramen-te O ÚLTIMO PECADO da federação moçambicana de futebol.

Henrique aly

Adiado julgamento de corrupção no atletismo mundial

Barcelona não despedia um treinador há 17 anos

Foi adiado o julgamento do antigo homem forte do atletismo mun-dial. O senegalês Lamine Diack é acusado pela justiça francesa de corrupção e lavagem de dinheiro,

num complexo esquema que envolvia também o seu filho, Papa Massata, e outras quatro pes-soas. Um conjunto de falhas processuais levou a protelar o processo, pelo menos, até junho.Diack presidiu a antiga Associação Interna-cional de Federações de Atletismo entre 1999 e 2015. É suspeito de ter adiado a suspensão de 23 atletas russos, identificados por dopa-gem, para que pudessem participar nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e nos Mun-

diais de Atletismo em Moscovo, em 2013.Ao que tudo indica, os atletas pagariam entre 100 mil e 600 mil euros para atra-sar a respetiva sanção. Ao todo estão em causa cerca de 3,5 milhões de euros.O caso espoletou em 2014, quando a agente de uma corredora russa, LiliyaShobulhova, revelou o pagamento de 450 mil euros à fe-deração russa para que o seu nome fosse reti-rado de uma lista de suspeitos de doping. La-mine Diack, que enfrenta uma pena de até 10 anos de prisão, terá também canalizado parte dos fundos obtidos para apoiar a oposição nas eleições presidenciais no Senegal em 2012.

As mudanças de treinador são mais do que frequentes no futebol, mas

também nisso o Barcelona é uma excepção: o afastamento de Ernesto Valverde, substi-tuído por Quique Setién nesta segunda-feira, quebra um “je-jum” de 17 anos. É verdade. Por incrível que pareça, desde 2003 que o Barcelona não des-pedia um treinador. O último foi Louis van Gaal, substituído na altura por Radomir Antic. A partir daí todos os técnicos saíram em final de contrato: Frank Rijkaard, Pep Guardio-la, Gerardo Martino e Luis Enrique. Tito Vilanova teve de abandonar o cargo devido a doença, em 2013, e acabaria por falecer no ano seguinte.

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202022 | zambeze

O ex-Presidente de An-gola, José Eduardo dos Santos, pode estar na mira da justiça dos Es-tados Unidos da Améri-ca. A notícia é avançada pelo semanário angola-no Novo Jornal, que dá conta que autoridades americanas teriam tenta-do accionar mecanismos para congelar bens do ex--Presidente de Angola.O ex-Presidente de An-gola, José Eduardo dos Santos, pode enfrentar um processo-crime movido pelas autoridades norte-americanas pelo seu alegado envolvimento em actos de corrupção.De acordo com o semanário Novo Jornal, o ministério angolano das Relações Exteriores descarta o envolvimento do executivo do Presi-dente João Lourenço na possível tomada de decisão das autoridades norte-americanas.A notícia, que está a merecer comentários de vários sectores da so-ciedade civil angolana, surge depois do arresto das contas e acções empresariais de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente, e do seu marido, por alegadas dívidas ao Estado angolano.No combate à corrupção, João Lourenço tem solicitado a coopera-ção de outros Estados com vista ao repatriamento de dinheiro pú-blico desviado para o exterior do país por altas figuras durante o regime de José Eduardo dos Santos.

| InteRnACIOnAL |

Angola de Lourenço está a repetir os erros de Angola de dos Santos

Os economistas Manuel Ennes Ferreira e Alves da Rocha apre-sentam semana

passada um livro sobre Ango-la com a mensagem central de que o país está a repetir os erros cometidos entre 2012 e 2017.Os economistas Manuel Ennes Ferreira e Alves da Rocha apre-sentam um livro sobre Angola com a mensagem central de que o país está a repetir os erros cometidos entre 2012 e 2017.“A mensagem central é que de tudo aquilo que é dito há sempre uma esperança de que as coisas possam ser alteradas relativamente ao que se foi pas-sando, mas o que é desesperante concluir é que desde 2012 até à actualidade há uma repetição das mesmas questões fundamentais e que, particularmente na legisla-tura de 2012 a 2017, não houve praticamente quaisquer altera-ções, isso é terrível, estar a bater nas mesmas teclas, reconhecen-do os problemas, identificando--as, e ser como estar a mandar à barro à parede sem se ligar nada”, disse Manuel Ennes Ferreira.Falando à Lusa na véspera da

apresentaçã do livro em coau-toria com Alves da Rocha, com o título ‘Angola - Dois Olhares Cruzados’, Ennes Ferreira sa-lienta que “é desesperante e frus-trante ler as crónicas e ter uma sensação de ‘deja vu’” e aponta que os mesmos temas “apare-cem em 2012, em 2015 e em 2018 e isso não é nada bom”.O livro reúne as crónicas dos dois economistas, publicadas em Portugal pelo Semanário

Ex-Presidente de Angola na mira dos EUA?

Reformas dolorosas do FMI em Angola vão originar greves e protestos

A c o n s u l t o r a EXX Africa considera que as “reformas dolorosas” exi-

gidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em An-gola vão levar a mais greves e protestos num contexto de fra-co crescimento da economia e com inflação à volta de 20%.

“As reformas dolorosas exigidas pelo programa do FMI vão começar a surtir efeito, es-peramos mais greves e protes-tos, incluindo de trabalhadores com mão de obra qualificada nas cidades e de funcionários públicas que estão expostos a qualquer abrandamento eco-nómico por via dos cortes sala-riais e da elevada inflação, que deve rondar os 20% nos próxi-mos três anos”, lê-se no rela-tório assinado pelo director da consultora, Robert Besseling.

No relatório, com o títu-lo “Líderes do Estado-sombra de Angola põem em perigo a agenda de privatização”, envia-do aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a EXX África es-creve que “o FMI está a for-çar a aplicação de disciplina orçamental que inclui medidas impopulares como a redução

dos subsídios aos combus-tíveis e uma acentuação da desvalorização do kwanza”.

A comunidade internacio-nal, aponta, está a acompanhar atentamente a implementa-ção do programa de apoio fi-nanceiro do FMI, no valor de 3,7 mil milhões de dólares, cerca de 3 mil milhões de eu-ros, que “serviu de âncora ao enquadramento das políticas de Angola e aumentou a con-fiança na economia do país”.

No entanto, apontam, An-gola só deverá regressar ao crescimento económico no pró-ximo ano e “as privatizações, por si só, não serão suficientes para fazer a economia em re-cessão voltar ao crescimento”.

Entre os exemplos de in-

dicadores económicos que mostram as dificuldades, a consultora salienta que “a produção de petróleo não de-verá ser suficiente para fazer regressar o crescimento eco-nómico” devido ao declínio dos poços actuais e à falta de investimentos, que dificulta a exploração de novos poços.

“À medida que os poços mais antigos se esgotam, a pro-dução económica deve ter-se reduzido em 2,6% em 2019 e 3,6% em 2020, com um cres-cimento modesto a chegar em 2021 depois da reestrutura-ção económica e depois de as reformas impostas pelo FMI começarem a ter um impacto positivo na economia”, con-clui o director da EXX África.

Económico e pelo Expresso, e em Angola pelo Expansão, e na apresentação afirma-se que “como a História só é compre-endida pela análise do enca-deamento dos factos no tem-po, seleccionámos textos que

cobrem o período perdido do desenvolvimento económico e social da anterior legislatu-ra (2012-2017) e que desem-bocam na actual legislatura”.Segundo o economista luso--angolano, “para compreender o que se hoje se passa, porque os problemas permanecem, era bom verificar o que se passou ao longo dos últimos anos”, e foi assim que sur-giu a ideia do livro que será apresentado na quarta-feira.“Não é preciso ser economista para ler o livro, percebe-se que há um desejo imenso de tentar identificar pontos que necessa-riamente têm de ser alterados para o país ir a algum lado, e por isso ninguém nos pode atacar de ser um documento panfletário ou de bota-abaixo, é sustentado e as considerações que lá são feitas são chamadas de atenção, às vezes com alguma mágoa que transparece na própria leitura e o

texto fica mais duro, mas a ideia foi sempre contribuir para que se pudesse alterar alguma coi-sa”, garante o co autor do livro.Questionado sobre se, des-de 2017 até hoje, houve uma mudança real em Angola, En-nes Ferreira respondeu que a alteração prende-se mais com a retórica e o enquadra-mento do que propriamen-te com mudanças concretas.“Mais no plano da retórica, como antes se dizia, iam fazer isto e aquilo, mas as coisas continuam a ter um grau desesperante de repetição, e é a diversificação, e é isto e aquilo, mas depois as medidas de política económica e toda aquela articulação que deverá levar o país para um ca-minho que se espera seja de be-nefício para a população, a sen-sação é muito frustrante, parece a repetição numa nova legislatu-ra com um novo quadro, e isso dói, como é evidente”, concluiu.

zambeze | 23Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 | InteRnACIOnAL |

Reino Unido exige pedido de “desculpa” a Teerão Detenção de embaixador

O ministro dos Negócios Es-trangeiros do Reino Unido, DominicRaab, classificou como “ilegal” a breve deten-ção do embaixador britânico em Teerão e exigiu um pedi-do de “desculpa” e “garan-tias” ao Irão de que não ocor-rerá um incidente semelhante.De acordo com a agência Efe, o ministro dos Negócios Es-trangeiros britânico afirmou, durante uma intervenção na Câmara dos Comuns, em Lon-dres, que a detenção do embai-xador daquele país, RobMacai-re, em Teerão (capital do Irão) era “ilegal” e, por essa razão exigiu um pedido de “des-culpa” do Governo iraniano.O porta-voz do primeiro-minis-tro britânico tinha afirmado que

a breve detenção de RobMacai-re era “uma violação inaceitável da Convenção de Viena” e pe-diu ao embaixador iraniano em Londres, HamidBaeidinejad, garantias de que acções deste

género não voltam a acontecer.Macaire, que foi detido breve-mente sábado passado, argu-mentou que esteve presente no evento, anunciado como uma vigília em memória das

vítimas do acidente do avião civil ucraniano abatido “por engano” pelas forças armadas iranianas, mas saiu quando os manifestantes começaram a gritar palavras de ordem.O Ministério das Relações Exteriores do Irão amea-çou, entretanto, expulsar o embaixador britânico na ca-pital iraniana se ocorresse outro “erro” em Londres, mantendo a acusação ao di-plomata de ter participa-do num “comício ilegal”.De acordo o comunicado emi-tido por Teerão, citado pela agência France-Presse, é pe-dida a “cessação imediata de toda a acção intervencionista e provocativa da embaixada britânica” na capital, alertan-

do que “não se limitará a con-vocar o embaixador [britâni-co] se essa atitude persistir”.Manifestantes queimaram, no domingo, uma bandeira britânica e outra israelita do lado de fora da embaixada britânica em Teerão, gritan-do “morte à Grã-Bretanha”.Apesar de inicialmente ne-gar, o Irão admitiu que as suas forças armadas derru-baram o avião da UkraineIn-ternational Airlines a 08 de janeiro com um míssil, ma-tando 176 pessoas, a maio-ria iranianas e canadianas.O Irão enfatizou que, no momento do ataque, a sua defesa estava alerta para um possível “conflito to-tal” com os Estados Unidos.

Campanha eleitoral acabou e sou Presidente eleito da Guiné-Bissau

Umaro Embaló categórico

Umaro sissoco embaló, dado como o vencedor da segunda volta das presi-denciais guineenses, diz que a campanha eleitoral acabou e que é o presiden-te eleito da Guiné-Bissau.

De regresso ao país após um pé-riplo por vários países africanos, Umaro Sissoco

Embaló defendeu, em breves declarações no aeroporto de Bissau, que agora o momento é de unir forças para resgatar a imagem da Guiné-Bissau.O major-general não se re-feriu à polémica à volta dos resultados eleitorais, alvo de contestação na justiça pelo seu adversário na segun-da volta das presidenciais, Domingos Simões Pereira.Ladeado por dirigentes do Movimento para a Alternân-cia Democrática (Madem--G15),Umaro Sissoco Embaló disse estar a falar para todos os guineenses “independentemen-te dos partidos a que pertencem”.“Como costumo dizer a elei-ção de Umaro Sissoco Em-baló é um desígnio nacional.

Nesta segunda República, não podemos falhar” observou.E acrescentou: “Já estamos quase no chão. Essa é a espe-rança do povo guineense, nós

não a podemos defraudar”.Umaro Sissoco Embaló indi-ciou também ter estado fora do país em missão de agrade-cimento aos amigos e agora

homólogos e adiantou que vai visitar Portugal no fim-de--semana para se encontrar com o primeiro-ministro, António Costa, no sábado, e com Marce-

lo Rebelo de Sousa no domingo.Com os dois, Umaro Sis-soco Embaló vai tratar do “estreitamento das rela-ções” com a Guiné-Bissau.Segundo os resultados provisó-rios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), Umaro Sissoco Embaló, apoia-do pelo Madem-G15, venceu o escrutínio com 53,55% dos votos, enquanto Domingos Si-mões Pereira, apoiado pelo Par-tido Africano para a Indepen-dência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), conseguiu 46,45%.O candidato Domingos Simões Pereira contestou a veraci-dade dos resultados junto do Supremo Tribunal de Justiça, que considerou que a ausên-cia dos autos da ata de apura-mento nacional dos resultados das presidenciais o impedia de conhecer o “mérito da causa”.O Supremo Tribunal de Jus-tiça ordenou à CNE para completar os procedimen-tos previstos na lei eleitoral e elaborar a ata de apuramen-to nacional dos resultados.A CNE disse que a acta esta-va feita, mas carecia de assi-naturas e convocou para hoje uma reunião da plenária para completar o procedimento.

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202024 | zambeze

Mais 80 autocarros a caminho de MaputoDe 40 lugares e movidos a gás natural

A Agência Me-tropolitana de Transportes de Maputo (AMT) vai, brevemen-

te, importar um total de 80 autocarros de 40 lugares cada, movidos a gás natural, a serem alocados a operadores privados de transporte público de passa-geiros.Para a materialização deste pro-pósito, a AMT tem já assegura-do um financiamento misto de cerca de 3.5 milhões de dóla-res norte-americanos, segundo garantiu o ministro dos Trans-portes e Comunicações, Carlos Mesquita, durante a sua recente visita à Agência Metropolitana de Transportes de Maputo.Este projecto resulta de um me-morando de entendimento cele-brado, em Outubro do ano pas-sado, entre a AMT e o sector privado, visando a promoção

do uso de gás natural veicular.Com estes meios prevê-se a abertura de novas rotas da área metropolitana de Ma-puto, nas zonas da Matola, Boane, Namaacha, Maputo,

Marracuene, Bobole, Manhi-ça e Magude.O investimento vai flexibili-zar ainda mais a mobilidade urbana, para além de concor-rer para a redução da emissão

de cerca de 10.500 toneladas de gases tóxicos, prejudiciais à saúde humana e à camada de ozono, por ano.No decurso da visita, Car-los Mesquita fez um balanço

positivo do novo sistema de mobilidade urbana introdu-zido em Maputo, tendo ape-lado ao envolvimento activo do sector privado, para maior eficiência do serviço.O transporte urbano de passa-geiros na área metropolitana de Maputo, que compreende para além da capital do país, os municípios de Matola e Boane, bem como o distri-to de Marracuene, conheceu grandes melhorias no ano passado, com destaque para a introdução do transporte pú-blico 24 horas por dia.“O desempenho da Agência Metropolitana de Transpor-tes de Maputo é positivo. Os resultados de 2019 mostram que as metas foram alcança-das. O Governo vai continu-ar a acarinhar este tipo de iniciativas”, frisou o gover-nante.

| nACIOnAL |

Situação das mulheres melhora mas repressão sobre activistas continua

Direitos Humanos segundo HRW

a organização não-governamental Human rights Wa-tch (HrW) elogiou o progresso feito nos direitos das mu-lheres em moçambique, mas considerou que a violência sobre activistas e jornalistas é ainda elevada, principal-mente no norte do país.

“Tem havido um progresso significativo nos direitos das mulheres e raparigas moçam-bicanas”, lê-se na edição deste ano do relatório da HRW sobre os direitos humanos, que apon-ta, no entanto, as dificuldades de controlo da zona norte do país, que levou as autoridades a tentarem impedir a presença de jornalistas e de activistas que documentem os ataques de grupos armados.“Os jornalistas e activistas con-tinuam a enfrentar intimidação e assédio e tem havido uma fal-ta de responsabilização pelos crimes do passado”, escrevem os peritos da HRW no capítu-lo do relatório dedicado a Mo-çambique, no qual salientam ataques e detenções de vários jornalistas no norte do país, o cerco à sede da organização Centro de Integridade Pública

no seguimento da campanha contra o pagamento das chama-das ‘dívidas ocultas’ e as irre-gularidades no processo elei-toral que reelegeu Filipe Nyusi como Presidente de Moçambi-que, em Outubro passado.Em Março, refere a organiza-ção, “as autoridades perturba-ram uma marcha organizada por uma escola primária para assinalar o carnaval e dias de-pois o presidente da Câmara de Maputo rejeitou o pedido do grupo activista Fórum Mulher para uma marcha contra a vio-

lência doméstica no Dia Inter-nacional da Mulher”.“Apesar de os relatos de ata-ques e raptos a pessoas albi-nas terem decaído desde 2015, muitas famílias com filhos al-binos continuam a viver com medo, algumas impedindo mesmo os filhos de irem à es-cola”, escreve-se no relatório, que pormenoriza que “muitos albinos na província de Tete enfrentam discriminação, es-tigma e rejeição na escola, na comunidade e muitas vezes mesmo na família”.

Sobre o processo eleitoral que deu a vitória a Nuysi, a HRW lembra as acusações de irre-gularidades e sustenta que “a União Europeia disse que os observadores identificaram al-gumas irregularidades e más práticas no dia das eleições e durante o processo de apura-mento dos resultados, incluin-do enchimento das urnas, votos múltiplos, invalidação intencio-nal de votos a favor da oposição e alterações dos resultados das mesas de voto, com acrescento fraudulento de votos”.

Apesar de os rela-tos de ataques e raptos a pessoas albinas terem de-caído desde 2015, muitas famílias com filhos albi-nos continuam a viver com medo, algumas impe-dindo mesmo os filhos de irem à escola”

zambeze | 25Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 | nACIOnAL |

PGR paga mais de 100 milhões de meticais aos advogados do “caso Chang”

A decisão do Go-verno moçam-bicano de en-trar na disputa pela extradição,

para Moçambique, do ex-mi-nistro das Finanças, Manuel Chang, está a custar milhões de meticais aos cofres do Es-tado. Desde Julho de 2019, o Governo já pagou, pelo me-nos, 23 milhões de rands (o equivalente a mais de 100 mi-lhões de meticais) à firma Ma-bunda Incorporated Attorneys At Law, escritório sul-africano de advogados que representa a Procuradoria-Geral da Repú-blica (PGR) em tribunais da República da África do Sul (RSA) no caso Chang. Manuel Chang encontra-se detido na África do Sul desde Dezembro de 2018 sob man-dado de prisão das autoridades de justiça dos Estados Unidos da América (EUA), que o acu-sam da prática de crimes de

conspiração financeira. Chang desde a sua detenção que está a contestar a pretensão das autoridades judiciárias norte--americanas que pretendem que a República da África do Sul o extradite para os EUA. Em Julho de 2019, através da PGR, o Governo de Moçam-bique contratou o já referido escritório de advogados sul--africano para representar o Estado moçambicano no pro-cesso de extradição que corre nos trâmites da República da África do Sul. O contrato entre a Mabunda Incorporated Attorneys At Law e a PGR foi celebrado a 30 de Julho de 2019, com uma duração de um ano, ten-do a PGR pago de imediato 3 milhões de rands (mais de 13 milhões de meticais), con-forme factura submetida pelo referido escritório, cuja cópia publicamos em anexo. A con-tratação da já referida firma de

advogados tinha como objec-tivo inicial contestar os recur-sos apresentados pelo actual ministro da Justiça da RSA, Ronald Lamola e do Fórum de Monitoria de Orçamento (FMO), que tinham solicitado ao Tribunal Supremo da da RSA a revisão da decisão do antigo ministro da Justiça da África do Sul, Michael Ma-sutha, de extraditar Manuel Chang para Moçambique. Adicionalmente, o escritório de advogados contratado deveria “aderir a meios alternativos, in-cluindo fazer recurso aos canais diplomáticos para persuadir as autoridades da RSA a extraditar o Sr. Chang para Moçambique”. Entretanto, após o Tribunal Su-premo da RSA ter decidido anular a decisão de extradição de Chang para Moçambique, a 1 de Novembro de 2019, o es-critório teve de intervir com a finalidade de solicitar a revisão da referida decisão. Para esta fase do processo, cobrou 20 milhões de rands (89 milhões de meticais). O CIP tem na sua posse uma cópia de uma soli-citação de pagamentos enviada pelo escritório de advogados à PGR datada de 19 de Dezembro de 2019. No documento, a Ma-bunda Incorporated Attorneys At Law informa à PGR que, para contestar a decisão do Tri-bunal Supremo sul-africano no caso Manuel Chang, teria que interpor dois recursos: um ao Tribunal Superior de Recurso daquele país, pedindo “autori-zação para recorrer da decisão” e outro ao respectivo Tribunal Constitucional. Para cada re-curso interposto, a PGR deveria pagar 10 milhões de rands, tota-lizando 20 milhões de rands. A PGR aceitou o preço e solicitou

à Direcção Nacional de Conta-bilidade Pública a transferência de 20 milhões de rands (89,6 milhões de meticais) à Mabunda Incorporated Attorneys At Law, em ofício datado de 22 de De-zembro de 2019.O Centro de Integridade Públi-ca (CIP) é contra a pretensão do Governo moçambicano de extraditar Manuel Chang para Moçambique. Entende que Ma-nuel Chang deve ser extraditado e julgado nos EUA e, posterior-mente, transferido para Moçam-bique, onde também deverá ser julgado. A informação de que o Governo moçambicano já pro-cedeu ao pagamento de, pelo menos, 100 milhões de meticais para tentar a extradição de Ma-nuel Chang para Moçambique

vem cimentar a nossa convicção de que extraditar o antigo minis-tro das Finanças para Moçambi-que é uma decisão que só pode ser justificada pela necessidade do mesmo de não ver revelada mais informação sobre as dívi-das ocultas que um julgamento de Manuel Chang nos EUA iria trazer a público. O CIP defende que o Governo moçambicano deve desistir da sua pretensão de tentar a todo custo que Manuel Chang seja extraditado para Mo-çambique. Pelo que deve con-centrar esforços na recuperação dos activos com que os arguidos do processo das dívidas ocultas ilicitamente se apropriaram, in-cluindo Manuel Chang, contra quem deve ser aberto um proces-so autónomo em Moçambique.

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202026 | zambeze |eCOnOMIA|

Indústria Extractiva

Comunidades continuam vítimas de cabra-cega na gestão dos fundos as comunidades afectadas pela indústria extractiva continuam a ser vítimas do jogo de cabra-cega protagonizado pelo governo na gestão do fundo do desenvolvimento comunitário designado 2.75%.

A gestão que devia ser fei-ta pelas comunidades tal como acontece na recei-ta resultante da explora-ção florestal. Mas a prá-

tica mostra que os legítimos donos do fundo são meros expectadores e cum-pridores de reuniões que o governo lo-cal convoca anualmente quando o valor é canalizado. O processo participativo para a implementação dos programas destinados ao desenvolvimento comu-nitário não raras vezes é antecedido por conselhos consultivos de localidades. Contudo, decisões são tomadas ao ní-vel dos conselhos consultivos distritais ou seja o governo decide tudo; desde a gestão até a definição do que deve ser prioridade para a sua efectivação. A organização da sociedade civil refere que existe uma boa intenção da parte do governo na promoção do desenvol-vimento comunitário resultante do im-posto dos 2.75%.O problema assenta na captura dos órgãos locais na gestão do fundo em detrimento dos donos que são as comunidades. Camilo Nhacale, activista e director da Kuwuka/JDA ex-plicou que a percentagem do fundo já é problemático na sua concepção, segun-do o responsável daquele organismo de advocacia ambiental e das comunida-des a lei de minas estabelece que uma percentagem das receitas advindas da indústria extractiva deve reverter-se a favor das comunidade e sublinha que a percentagem deverá ser definida atra-

vés da lei orçamental. “Primeiro fala de percentagem e ter-mina por aí, depois faz endossamento de que a percentagem será definida na lei orçamental”, começou por explicar. Afirmou ainda que, de 2013 a esta parte, as leis orçamentais são anuais ou seja o dispositivo define que os 2.75% de re-ceitas é sobre um imposto de produção. Sabendo que, no capítulo da indústria extractiva, existem vários impostos co-brados pelo governo – a questão que se

eLtOn DA GRAÇA

Matrículas para 2020A escola Comunitária luís Cabral- eClC, informa aos alunos, pais, encarregados de educação e ao público em geral, que ainda tem vagas para matricular novos ingressos da 7ª, 8ª, 9ª, 10ª, 11ª e 12ª classe por apenas 600,00 meticais.

Podendo obter mais informações na secretaria daquela escola, sita na sede do bairro luís Cabral, entrando a partir da Junta ou Maquinague ou contactar através dos telemóveis: 847700298 ou 826864465 ou ainda 871232355.

Comercial

coloca é o porque de os 2.75%? A jus-tificação é de um imposto de produção, porque sempre que houver produção, o governo vai cobrar e repartir os 2.75% só que os critérios usados limitam-se apenas na sua descrição, ou seja, pouco se co-nhece a forma calculada para se chegar a uma percentagem tão irrisória.Para Camilo Nhacale, o imposto de pro-dução é a taxa exigida sobre os volumes produzidos pela empresa que deve pagar ao governo e dependendo do minério há percentagens estabelecidas, o que não acontece ao imposto destinado ao de-senvolvimento comunitário. Por exem-plo, há lugares que se beneficiam de va-lores que variam entre setecentos mil, dois milhões e trinta milhões de meti-cais em função do que foi a produção.A forma como é canalizado o fundo su-gere a ideia de que seja proveniente do orçamento do Estado, porque os méto-dos para a sua utilização obedecem a lei de procurement, logo se trata de um fundo destinado as comunidades que é gerido por outrem. Aliás, Nhacale che-

ga a afirmar que o fundo dos 2.75% foi um mecanismo inteligente encontrado pelo governo para evitar possíveis re-beliões das comunidades pois o fundo deixa uma mensagem segundo a qual os recursos extraídos estão a trazer be-nefícios para o desenvolvimento desta região afectada.A criação de uma comissão de gestão dos fundos comunitários é apontado pelo director da Kuwuka/JDA como solução para evitar desonestidades nas placas de obras. Nhacale diz que no distrito de Govuro, na província de Inhambane, foi construído um cartório notarial para os registos. Sem vergonha na cara, faz notar, o governo, ao in-vés de explicar na placa de obras que o orçamento é resultante do fundo do desenvolvimento comunitário, assu-miu como se fosse do orçamento do estado-isso baralha. Se o governo tem interesse no desenvolvimento das co-munidades que seja um fiscalizador das actividades que forem a ser executadas pelas comunidades.

zambeze | 27Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 |eCOnOMIA|

eLtOn DA GRAÇA

Pensionistas do INSS submetem-se à Prova de Vida

Houve precipitação na aprovação dos contratos de exploração do petróleo

Entre 1 de Abril e 30 de Junho deste ano

Defende jurista João Macie

Terá lugar de 1 de Abril a 30 de Junho de 2020, em todo o país, a Prova Anual de

Vida (PAV) dos pensionistas, ao abrigo do nº 1 do artigo 83 do Regulamento da Segurança Social Obrigatória, aprovado pelo Decreto nº 51/2017, de 9 de Outubro.Para o efeito, brigadas técnicas

do INSS irão atender os pensio-nistas durante aquele período nos locais a serem, previamen-te, indicados nas cidades e nos distritos.Para a realização da PAV, os titulares das pensões, designa-damente os pensionistas de ve-lhice, de invalidez e de sobre-vivência, devem ser portadores do bilhete de identidade e do cartão de pensionista. A PAV

irá abranger a nível nacional, cerca de 90 mil pensionistas. Para os pensionistas que, em ra-zão de seu estado de saúde, esti-verem incapacitados de se deslo-car aos locais indicados, o INSS irá prestar atendimento domi-

ciliário, devendo para o efeito informar os serviços da Segu-rança Social mais próximos.A não realização da PAV im-plicará a suspensão do paga-mento das pensões, pelo que o INSS exorta aos pensionistas

para aderirem ao processo.De referir que, desde o ano de 2018, a PAV dos pensionistas decorre de forma biométrica, no quadro da modernização e informatização dos serviços do INSS.

o advogado João estrela macie não tem dúvidas de que o país se precipitou na aprovação dos contratos para exploração do petróleo, considerando que, na altura, moçambique se ressentia da falta de pessoas especializadas para essas matérias.

As contratações de exploração mineira foram e continuam a ser apressadas,

porque, primeiro, não havia ne-nhum curso para área de petró-leo e gás, segundo João Macie não houve transparência para que houvesse participação de outras pessoas para melhor dar sua opinião.“Tinha que ter havido um corpo de juristas para poder negociar e antes disso devia haver inves-tigação na área, bem como a busca de experiências de outros países para posteriormente ce-

lebração dos contratos” disse, acrescentando que daquilo que foi avançado, é de que não ha-via experiência tanto que nos contratos, umas das questões

colocadas é a capacitação de moçambicanos” explicou.Recuando ao passado, Macie explicou que o estado moçam-bicano desde sua independência sobreviveu sem petróleo e pode continuar a levar a vida que an-tes tinha, porque há muitos re-cursos que podem ser aprovei-tados para o efeito e aponta o turismo de praia e savana como algumas das alternativas para o desenvolvimento sem necessá-rio atacar os jazigos.Esta pressa que houve na con-tratação do petróleo que se pa-recia uma bênção segundo Ma-cie, hoje, está a revelar-se que não é, porque não há retornos que se reflectem na economia. Como sugestão, João Macie afirma que o país dispõe de muito tempo para concepção dos programas de exploração do gás e petróleo tal como ou-tros países. Para a fonte que vimos a aludir, não tem muita

lógica que países como Estados Unidos da América e outros em que tenham vários intelectuais continue a não explorar seus recursos minerais, enquanto jazem nos subsolos, daí que in-siste na ideia de precipitação na assinatura dos contratos.João Estrela Macie defende a necessidade de não aprovação de novos contratos para explo-ração de novos jazigos e acres-centa que o país, já que iniciou com a corrida de exploração dos recursos, precisa reverter

os contratos, porque até então não são partilhados de modo a permitir a participação pública. Salienta a fonte que há mo-çambicanos competentes mes-mo sem estarem preparados na área da indústria extractiva. Contudo, na base do direito são capazes de sugerirem recomen-dações e eliminar algumas la-cunas caso existam só que para lograr esses objectivos os con-tratos precisam ser expostos como na auscultação pública para aprovação da lei.

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 202028 | zambeze | CuLtuRA|

Nascido em Ju-lho de 1948, na então Lourenço Marques, João Paulo Macamo,

de seu nome completo, é tido como um dos principais e mais importantes intérpretes musi-cais da nossa praça. Iniciou-se na música na década 60, inte-grando várias bandas como Djambo e o conjunto Arco-Ìris, onde chegou a ser baterista.Em finais de 1967 é convida-do a integrar o agrupamento “Mártires”, que depois adop-tou o nome de “Os Monstros”, na qual passa a ser o vocalista principal.Foi nesta banda e ao lado de nomes como João Pais, tam-bém já falecido, que João Paulo tornou-se num dos mais im-portantes vocalistas do nosso país. Basta recordar que com “Os Monstros” ele actuou em todas as províncias do nosso país e faz digressões por alguns países do continente africano e pela Europa.

Em 1978 emigrou para a vi-zinha África do Sul, onde deu continuidade à sua carreira.Anos depois “JP”, como era conhecido e tratado em roda de amigos, regressa a Moçambi-que onde continua a emprestar a sua voz, cantando temas de gerações anteriores à sua, da sua própria geração e ainda dos mais jovens músicos do mundo musical.Nas noites de concerto que se realizam nas “casas de pasto”, com particular realce para o “Café Gil Vicente” e o “África--Bar”, locais onde ele muito frequentava, João Paulo reavi-vava a memória de muita gen-te, rebuscando na sua “gaveta” canções há muito esquecidas de grandes nomes do Jazz e do Blues. Vai daí que ele se tenha tornado numa figura ímpar no nosso cenário artístico, ganhan-do, deste modo, o epíteto de “Blues-Man”.João Paulo foi um músico com características ímpares, entre-tanto, pouco entendido na sua

sociedade. Ele regressa ao pó com toda a sua bagagem de co-nhecimentos, restando somente os pedaços que foi espalhando na roda de amigos e nos concer-tos em que participava.Antes de entrar para o mundo da música, onde singrou, João Paulo passou pelos relvados

Recordar é viver

João Paulo (JP) e os Monstros na memória de todos...

do então Sporting de Lourenço Marques, o actual Maxaquene, como júnior. Abandonou o fute-bol depois de ter contraído uma grave lesão, o que levou a mãe a impedi-lo de continuar a jogar. Para compensar este desaire, e porque nascera numa família religiosa, fazendo parte do coro juvenil da Igreja Missão Suíça, João Paulo decide aprofundar os seus dotes de músico, fazen-do ensaios e a ir buscar os dotes técnicos naquele que considera ter sido o seu mestre: Gabriel Chiau. Era um princípio de uma carreira brilhante na qual ainda jovem teve a oportunidade de estar ao lado de figuras como Eneas Comiche, Inácio Magaia, Joel Libombo. Mas também o fervor musical alia-se à Igreja e as gentes da sua comunidade em Marracuene. Esse fervor acabou se aliando a literatura e a arquitectura que muito admira-va. Mais tarde procura trabalhar com famosos conjuntos como o Djambu, onde chegou a ser um dos integrantes, João Domingos, também por onde passou.

a paixão pelo soul music

A paixão pelo soul music inicia quando um tio seu lhe ofereceu um disco do lendário blues-man norte-americano Ray Charles e de um outro músico argelino. Foi quando o músico começou a ganhar consciência de quão penosa era a colonização a que os moçambicanos estavam sub-metidos pelos portugueses. Isso acontece numa altura em que, ganhando consciência política, o músico começa a ouvir falar e a ler Patrice Lumumba, Kwa-me Nkrumah e o poeta sene-galês Leopold Sedar Senghor. Tudo isto aliado fez com que o músico adoptasse um estilo de música com tendências afro--americanas.Na década 70, e ao lado de fi-guras como Arlindo Malote, Adolfo Macaringue, António Manjate, João Pais e Máximo Marcelo, João Paulo funda a banda “Os Monstros”, desin-tegrando-se assim o conjunto “Mártires”.Esta banda de jovens irreve-rentes da década 60-70 torna--se, em tão pouco tempo, numa das chamas vivas do soul-mu-sic.Percy Sledje, James Brown, Otis Redding, Frank Sina-tra, John Lee Hooker, Louis Armstrong, Ray Charles são algumas das figures que “Os Monstros” vão buscar para fa-zerem parte do seu rico e vasto repertório.Deste modo, esta rapaziada passa a ser constantemente chamada para tocar em luga-res de elite da então cidade de Lourenço Marques. Liceus e pavilhões, Casa do Algar-ve, nos Maristas, Parque José Cabral (Parque dos Continua-dores) são alguns dentre os vá-rios locais que “Os Monstros” passam a frequentar.Aliás, basta recordar que esta foi a primeira banda de negros a conseguir actuar em locais onde só tocavam brancos, por-que frequentados somente por eles. A partir daí passam a ri-valizar com outros conjuntos como “AEC-68”, “Impacto” e “Alta Tensão”.E porque esta rapaziada já lia histórias da Negritude, do Pan--Africanismo e do Naciona-lismo, começa a nascer n’Os Monstros a ideia do naciona-lismo moçambicano, passando a usar a sua música como um instrumento de luta pela causa dos direitos cívicos e raciais, à despeito do que acontecia nos Estados Unidos da América. Nessa altura começa a morrer o complexo de inferioridade no seio dos jovens negros mo-çambicanos.

zambeze | 29Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 | CuLtuRA|

E combate inveja

Khaya Nyasica, a misteriosa árvore que atrai turistas

Morreu Eugénio Barreiros, músico dos Jafumega

Eugénio Barreiros, músico dos Jafu-mega, morreu, aos 60 anos. A notícia foi confirmada ao

JN pela agente da banda.Segundo informou Isabel Dan-tas, ainda não estão determina-das as causas da morte do mú-sico que, com os irmãos Pedro e Mário Barreiros, mais José Nogueira, Álvaro Marques e Luís Portugal, formaram os Ja-fumega, nos anos 80.A banda tornou-se numa das mais populares dessa década e produziu vários êxitos que

ainda perduram no cancionei-ro popular, como “Nó cego”, Latin’América” ou “Ribeira”.Em Agosto do ano passado, os Jafumega tocaram no festival “O Sol da Caparica” e têm um concerto marcado para 2020, na Feira de São Mateus, em Setembro.Eugénio era o mais velho dos irmãos Barreiros, nascido em Fevereiro de 1959. Antes dos Jafumega, os três formaram os Mini Pop, uma banda ado-lescente dos anos 70, em que Eugénio Barreiros era também vocalista.

Uma equipa de jornalistas que fazia cobertura da campanha eleitoral do can-

didato da Frelimo, Filipe Nyusi, no ano passado maravilhou-se com a protegida e rara árvore de nome científico Khaya Nya-sica que supostamente deixa cair folhas uma vez por ano.Encontramo-la algures entre os distritos de Nicoadala e Mor-rumbala, na província da Zam-bézia. Segundo reza a história Khaya Nyasica, de nome local Umbaua-Moogano, somente

deixa cair suas folhas medici-nais uma vez por ano.Segundo apuramos no local Khaya Nyasica tem uma idade aproximada de 250 anos, com uma altura de 43 metros e 55 centímetros, sendo que o diâ-metro da base mede 2,93 me-tros.Segundo Carlitos Alberto, guarda tradicional, a Khaya Nyasica também tem poderes espirituais contra inveja.Alberto contou aos jornalis-tas “curiosos” que turistas da vizinha África do Sul são fre-quentes por aquelas bandas,

mas também turistas de outros pontos do mundo.“As folhas não caem constan-temente, caem uma vez por ano, ano passado só caíram quatro folhas, tive que entregar ao dono, um privado, trabalho como guarda há quatro anos”, explicou Carlitos Alberto.As folhas, o caule, a fruta, bem como as suas raízes servem para tratamento tradicional “basta deixar na sua casa, são usados para combater inveja, basta fazer bafo, você vai me dizer chefe”, garantiu Alberto. De acordo com a nossa fonte,

os amigos do alheio também fazem suas incursões por ali. Na calada da noite, munidos de facas, pás ou enxadas extraem parte do caule ou das raízes “veja esses cortes, as pessoas vem roubar as raízes de noite, por isso não fico longe”.Segundo Alberto, o modo de

preparar o dito tratamento tra-dicional contra invejosos é sim-ples, somente lava-se as folhas ou raízes, ferve-se, depois faz--se um bafo, entretanto, alertou que “não se deve manter rela-ções sexuais no próprio dia ou no dia anterior”.

Dávio David

zambeze | 31Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020 | ZAMBeZe RIR|

De pé, da esquerda à direita: Sebastião Mabote, Alberto Chipande , Joaquim Chissano, Trindade, Eduardo Mondlane, Samora Machel e Francisco Manyanga. De joelhos , da esquerda à direita: Olímpio Vaz, Eduardo Coloma, Uria Simango e Alberto Sithole

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