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Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2011 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS Conselho Federal de Contabilidade, CFC. Brasília, DF - 2012

Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2011cfc.org.br/wp-content/uploads/2018/04/16_cpc_pronunciamentos_2011.pdf · CPC 37 Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade

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Pronunciamentos Tcnicos Contbeis2011

COMIT DEPRONUNCIAMENTOSCONTBEIS

Conselho Federal de Contabilidade, CFC. Braslia, DF - 2012

Coordenadorias do CPC

De 7 de maio de 2010 a 3 de novembro de 2011

OperaesNelson Mitimasa Jinzenji - Coordenador Idsio da Silva Coelho Jnior - Vice-coordenador

TcnicaEdison Arisa Pereira - CoordenadorErnesto Rubens Gelbcke - Vice-coordenador

Relaes InstitucionaisAlfried Plger - CoordenadorHaroldo Reginaldo Levy Neto - Vice-coordenador

MembrosCarlos Henrique CarajoinasDilma EguchiEliseu MartinsReginaldo Ferreira Alexandre

Relaes InternacionaisNelson Carvalho CoordenadorMaria Clara Cavalcante Bugarim - Vice-coordenadora

De 4 de novembro de 2011 a 15 de fevereiro de 2012

OperaesNelson Mitimasa Jinzenji - Coordenador Eliseu Martins - Vice-coordenador

TcnicaEdison Arisa Pereira - CoordenadorErnesto Rubens Gelbcke - Vice-coordenador

Relaes InstitucionaisAlfried Plger - CoordenadorHaroldo Reginaldo Levy Neto - Vice-coordenador

MembrosCarlos Henrique CarajoinasDilma EguchiReginaldo Ferreira AlexandreVernica Cunha de Souto Maior

Relaes InternacionaisNelson Carvalho CoordenadorIdsio da Silva Coelho Jnior - Vice-coordenador

A partir de 16 de fevereiro de 2012

OperaesVernica Cunha de Souto Maior - Coordenador Eliseu Martins - Vice-coordenador

TcnicaEdison Arisa Pereira - CoordenadorErnesto Rubens Gelbcke - Vice-coordenador

Relaes InstitucionaisAlfried Plger - CoordenadorHaroldo Reginaldo Levy Neto - Vice-coordenador

MembrosCarlos Henrique CarajoinasPaulo Giovanni ClaverReginaldo Ferreira AlexandreAdeildo Osrio de Oliveira

Relaes InternacionaisNelson Carvalho CoordenadorIdsio da Silva Coelho Jnior - Vice-coordenador

Reviso TcnicaHlio Jos Corazza

Jos Luis Corra Gomes

RevisoMaria do Carmo Nobrega

Projeto grfico/ DiagramaoLaerte S. MartinsMarcus Hermeto

Pronunciamentos

Comit de Pronunciamentos Contbeis

Pronunciamentos tcnicos contbeis 2011/ Comit de Pronunciamentos Contbeis. -- Braslia: Conselho Fede-ral de Contabilidade, 2012.

Publicao eletrnica. 1113 p.

1. Pronunciamentos Tcnicos Contabilidade - Brasil. 2. Orientaes Tcnicas Contabilidade. I. Ttulo.

CDU 657(81)(083.74)

Ficha Catalogrfica elaborada pela Bibliotecria Lcia Helena Alves de Figueiredo CRB 1/1.401

COMIT DEPRONUNCIAMENTOSCONTBEIS

Apresentao

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que juntamente com a Abrasca, Apimec Nacional, BM&FBovespa, Fipecafi e Ibracon formam o Comit de Pronunciamentos Contbeis (CPC), lana a quarta edio do livro Pronunciamentos Tcnicos Contbeis (ano 2011) e a terceira edio das Interpretaes e Orientaes Tcnicas Contbeis (ano 2011).

Nos ltimos anos, a Contabilidade brasileira tem conquistado perante a sociedade o reconhecimento que sempre mereceu. Em 2010, a sano da Lei n. 12.249 concedeu ao CFC algumas prerrogativas, entre elas, a de editar Normas Brasileiras de Contabilidade. Foi, sem dvida, uma grande conquista da profis-so, alm do reconhecimento da sua importncia para o desenvolvimento social e econmico do Pas.

Com o processo de convergncia, o CFC, em parceria com diversos organismos nacionais e internacio-nais, est capacitando, por meio de seminrios de aplicao das International Financial Reporting Stan-dards IFRS, disseminadores das novas prticas contbeis para que todos os profissionais brasileiros conheam essa nova realidade. Saliente-se que as Normas Brasileiras de Contabilidade convergidas s normas internacionais trazem significativos benefcios, especialmente no que tange uniformizao dos procedimentos e critrios de avaliao adotados quando comparados com os dos demais pases. No cenrio econmico mundial, com a adoo das IFRS, o Brasil se internacionaliza por meio das empresas e dos grandes negcios.

Os Pronunciamentos Tcnicos e as Interpretaes e Orientaes Tcnicas que compem a presente edi-o representam o resultado do esforo despendido pelo CPC no processo de convergncia das normas brasileiras ao padro internacional. Ressalte-se que todos os Pronunciamentos Tcnicos emitidos pelo CPC so submetidos a audincias pblicas, o mesmo ocorrendo com as Interpretaes e Orientaes, sempre que esse procedimento for julgado conveniente e indispensvel.

Boa Leitura.

Juarez Domingues Carneiro

Presidente do CFC

ndice Pg.

Pronunciamentos TcnicosCPC 00 Estrutura Conceitual para a Elaborao e Divulgao de Relatrio Contbil-Financeiro 7

CPC 01 Reduo ao Valor Recupervel de Ativos 49

CPC 02 Efeitos das Mudanas nas Taxas de Cmbio e Converso de Demonstraes Contbeis 87

CPC 03 Demonstrao dos Fluxos de Caixa 107

CPC 04 Ativo Intangvel 133

CPC 05 Divulgao sobre Partes Relacionadas 169

CPC 06 Operaes de Arrendamento Mercantil 189

CPC 07 Subveno e Assistncia Governamentais 209

CPC 08 Custos de Transao e Prmios na Emisso de Ttulos e Valores Mobilirios 225

CPC 09 Demonstrao do Valor Adicionado 247

CPC 10 Pagamento Baseado em Aes 269

CPC 11 Contratos de Seguro 301

CPC 12 Ajuste a Valor Presente 323

CPC 13 Adoo Inicial da Lei n. 11.638/07 e da Medida Provisria n. 449/08 347

CPC 14 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensurao e Evidenciao (Fase I) 369

CPC 15 Combinao de Negcios 371

CPC 16 Estoques 425

CPC 17 Contratos de Construo 439

CPC 18 Investimento em Coligada e em Controlada 457

CPC 19 Investimento em Empreendimento Controlado em Conjunto (Join Venture) 473

CPC 20 Custos de Emprstimos 491

CPC 21 Demonstrao Intermediria 503

CPC 22 Informaes por Segmento 529

CPC 23 Polticas Contbeis, Mudana de Estimativa e Retificao de Erro 547

CPC 24 Evento Subsequente 563

CPC 25 Provises, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes 575

CPC 26 Apresentao das Demonstraes Contbeis 603

CPC 27 Ativo Imobilizado 637

CPC 28 Propriedade para Investimento 657

CPC 29 Ativo Biolgico e Produto Agrcola 679

CPC 30 Receitas 697

CPC 31 Ativo No Circulante Mantido para Venda e Operao Descontinuada 723

CPC 32 Tributos sobre o Lucro 747

CPC 33 Benefcios a Empregados 793

CPC 35 Demonstraes Seperadas 851

CPC 36 Demonstraes Consolidadas 863

CPC 37 Adoo Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade 883

CPC 38 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensurao 931

CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentao 997

CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciao 1027

CPC 41 Resultado por Ao 1051

CPC 43 Adoo Inicial dos Pronunciamentos Tcnicos CPC 15 a 41 1103

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CPC

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PRONUNCIAMENTO TCNICO CPC 00 (R1)

Estrutura Conceitual para Elaborao e Divulgao de Relatrio Contbil-Financeiro

COMIT DEPRONUNCIAMENTOSCONTBEIS

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Sumrio do Pronunciamento Conceitual Bsico

Estrutura Conceitual para Elaborao eDivulgao de Relatrio Contbil-Financeiro

Observao: Este sumrio, que no faz parte do Pronunciamento, est sendo apresentado apenas para identificao dos principais pontos tratados, possibilitando uma viso geral do assunto.

Prefcio

O IASB est em pleno processo de atualizao de sua Estrutura Conceitual, que est sendo conduzido em fases. medida em que um captulo finalizado, itens da Estrutura Conceitual para Elaborao e Apresentao das Demonstraes Contbeis, que foi emitida em 1989, vo sendo substitudos. Quando finalizada, haver um nico documento, denominado Estrutura Conceitual para Elaborao e Divulga-o de Relatrio Contbil-Financeiro (The Conceptual Framework for Financial Reporting), que abran-ger outros relatrios alm das demonstraes contbeis. IASB e FASB esto trabalhando em conjunto nesses novos documentos.

Esta verso da Estrutura Conceitual inclui dois captulos da primeira fase do projeto da Estrutura: cap-tulo 1, Objetivo da elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro de propsito geral; e captulo 3, Caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira til. O captulo 2 (ainda no editado) tratar do conceito relativo entidade que divulga a informao; e o 4 contm o texto remanescente da antiga Estrutura Conceitual.

O CPC adenda a este Prefcio as seguintes observaes:

No Captulo 1: posicionamento mais claro de que as informaes contidas nos relatrios contbil-finan-ceiros se destinam primariamente aos seguintes usurios externos: investidores, financiadores e outros credores, sem hierarquia de prioridade; posicionamento tambm mais claro de que prover prontamente informao fidedigna e relevante pode melhorar a confiana do usurio e assim contribuir para a promo-o da estabilidade econmica.

No Captulo 3: mudanas no sentido de definir que apenas duas so as caractersticas qualitativas fundamentais das demonstraes contbeis a obrigatoriamente serem sempre observadas: relevncia e representao fidedigna; as demais so caractersticas qualitativas de melhoria da qualidade das de-monstraes contbeis: comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade, menos crticas, mas ainda assim altamente desejveis.

A caracterstica qualitativa confiabilidade foi redenominada de representao fidedigna.

A caracterstica essncia sobre a forma foi formalmente retirada da condio de componente separado da representao fidedigna, por ser considerado isso uma redundncia. A representao pela forma legal que difira da substncia econmica no pode resultar em representao fidedigna, conforme citam as Bases para Concluses. Assim, essncia sobre a forma continua, na realidade, bandeira insubstitu-vel nas normas do IASB.

A caracterstica prudncia (conservadorismo) foi tambm retirada da condio de aspecto da repre-sentao fidedigna por ser considerada inconsistente com a neutralidade. Subavaliaes de ativos e superavaliaes de passivos, com consequentes registros de desempenhos posteriores inflados, so considerados incompatveis com a informao que pretende ser neutra.

Objetivo e alcance

1. O objetivo do Pronunciamento Conceitual Bsico Estrutura Conceitual para Elaborao e Divulgao de Relatrio Contbil-Financeiro o de servir como fonte dos conceitos bsicos e fundamentais a serem utilizados na elaborao e na interpretao dos Pronunciamentos Tcnicos, na preparao e utilizao das demonstraes contbeis das entidades comerciais, industriais e outras de negcios e tambm para a elaborao de outros relatrios.

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2. O documento tomado como fonte para esta Estrutura o The Conceptual Framework for Financial Reporting (IASB BV 2011 Blue Book), emitido pelo IASB International Accounting Standards Board, com as mnimas alteraes possveis. importante notar que, por ser o original um documento destina-do a uma validade mundial, de natureza a mais geral possvel e considera determinados conceitos que podem, ou no, ser suportados por normas especficas nacionais. Assim, por exemplo, esta Estrutura Conceitual admite a figura da Reavaliao de Ativos quando cita a figura da manuteno do capital fsico (item 4.57 e seguintes). Todavia, a Lei das Sociedades por Aes, aps a modificao instituda pela Lei n. 11.638/2007, no mais admite esse procedimento a partir de 2008. Nesse caso, como essa uma das alternativas de manuteno de capital, e no a nica, apesar dessa meno no documento a Reavaliao espontnea de ativos no mais poder ser realizada no Brasil enquanto viger a Lei atual. Isso no contraria, absolutamente, as normas do IASB, j que a opo pela utilizao da manuteno do capital financeiro entre ns est totalmente dentro das regras daquela organizao, e as duas opes so aceitas pelo IASB. Assim, tanto a Lei das Sociedades por Aes vigente at 2007 quanto a posterior esto em conformidade com as normas internacionais de contabilidade preconizadas pelo IASB, mesmo uma aceitando, e outra no, a reavaliao de ativos.

3. Em outras situaes tambm se vem nesta Estrutura diversas alternativas, como quando se discutem os critrios de avaliao ou bases de mensurao de ativos como no item 4.55. A meno a diversas alternativas no permite que simplesmente a entidade ou o profissional contbil escolham qualquer critrio em cada situao especfica. necessrio analisar a situao e as normas especficas para decidir por qual base de mensurao em cada situao real. Ou seja, este documento conceitual e no resolve, por si s, uma situao em particular quando esta est prevista em documento especfico. Ele se destina a servir de fundamento elaborao dos Pronunciamentos Tcnicos, sua constante reviso, elaborao e anlise e utilizao das demonstraes contbeis. Sozinho, somente pode ser utilizado para soluo de casos prticos na inexistncia de normas especficas.

Objetivo do relatrio contbil-financeiro de propsito geral

4. Esta Estrutura Conceitual define que o objetivo das demonstraes contbeis fornecer informaes cont-bil-financeiras da entidade que sejam teis a investidores existentes e em potencial, a credores por emprsti-mos e a outros credores, quando da tomada de deciso ligada ao fornecimento de recursos para a entidade.

5. As expectativas de investidores, credores por emprstimos e outros credores em termos de retorno dependem da avaliao destes quanto ao montante, tempestividade e s incertezas associados aos fluxos de caixa futuros de entrada para a entidade. Alm disso, para avaliar as perspectivas da entidade em termos de entrada de fluxos de caixa futuros, esses usurios necessitam de informao acerca de recursos da entidade, reivindicaes contra a entidade, e o quo eficiente e efetivamente a admi-nistrao tem cumprido com suas responsabilidades no uso dos recursos da entidade. Os relatrios contbil-financeiros so direcionados a ajudar a atender a essas necessidades. Entretanto, relatrios contbil-financeiros de propsito geral no atendem e no podem atender a todas as informaes de que necessitam os usurios, que precisam considerar informao pertinente de outras fontes.

6. Relatrios contbil-financeiros auxiliam a estimar, mas no so elaborados para mostrar o valor econ-mico da entidade. E tambm no so elaborados para atender primariamente a rgos reguladores e outros usurios que no sejam investidores, credores por emprstimo e outros credores.

7. Os relatrios contbil-financeiros so em larga escala baseados em estimativas, julgamentos e mode-los, e no em descries ou retratos exatos. A Estrutura Conceitual estabelece os conceitos que devem amparar tais estimativas, julgamentos e modelos. Assim como a maioria dos objetivos, a viso contida na Estrutura Conceitual do que sejam a elaborao e a divulgao do relatrio contbil-financeiro ideal improvvel de ser atingida em sua totalidade, pelo menos no curto prazo, visto que se requer tempo para a compreenso, aceitao e implementao de novas formas de analisar transaes e outros eventos.

Recursos econmicos, reivindicaes e suas mudanas

8. Informao sobre a natureza e os montantes de recursos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao pode auxiliar usurios a identificarem a fraqueza e o vigor financeiro da entidade que reporta a informao, inclusive para auxiliar a avaliar sua liquidez e solvncia, suas necessidades em termos de financiamento adicional e o quo provavelmente bem sucedido ser seu intento em anga-riar esse financiamento.

9. Informao sobre as mudanas nos recursos econmicos e reivindicaes ajuda a avaliar adequada-mente a performance da entidade, mostrando o quo diligente a administrao tem sido no desempenho

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de suas responsabilidades (funo confirmatria); so do mesmo modo teis para predio de retornos futuros da entidade sobre os seus recursos econmicos (funo preditiva).

Performance financeira refletida pelo regime de competncia e pelos fluxos de caixa

10. O regime de competncia retrata com propriedade os efeitos de transaes e outros eventos e cir-cunstncias sobre os recursos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao nos perodos em que ditos efeitos so produzidos, independentemente dos recebimentos e paga-mentos. Fornece melhor base de avaliao da performance passada e futura da entidade do que a informao puramente baseada em recebimentos e pagamentos em caixa ao longo desse mesmo perodo; e til para avaliar a capacidade passada e futura da entidade na gerao de fluxos de caixa lquidos.

11. Informaes sobre os fluxos de caixa da entidade tambm ajudam os usurios a avaliar a capacidade de a entidade gerar fluxos de caixa futuros lquidos, indicando como a entidade obtm e despende cai-xa, informaes sobre seus emprstimos e resgate de ttulos de dvida, dividendos e outras distribui-es para seus investidores, e outros fatores que podem afetar a liquidez e a solvncia da entidade.

12. Mas os recursos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao podem ainda mudar por outras razes que no sejam resultantes de sua performance financeira, como o caso da emisso adicional de suas aes. Informaes sobre esse tipo de mudana so necessrias para dar aos usu-rios uma completa compreenso do porqu das mudanas nos recursos econmicos e reivindicaes da entidade e as implicaes dessas mudanas em sua futura performance financeira.

Caractersticas Qualitativas Fundamentais das Demonstraes Contbeis

13. So duas as caractersticas qualitativas obrigatoriamente presentes nas Demonstraes Contbeis e reputadas como as mais teis para os usurios e as nicas denominadas de fundamentais: Relevn-cia e Representao Fidedigna.

14. A Relevncia diz respeito influncia de uma informao contbil na tomada de decises. As informa-es so relevantes quando fazem a diferena nas decises econmicas dos usurios, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados ou corrigindo as suas avaliaes anteriores (valor confirmatrio), ou ajudando-os nos processos para predizer resultados futuros (valor preditivo). A Relevncia depende da natureza e tambm da materialidade (tamanho) do item em discusso.

15. A Representao Fidedigna diz respeito a trs atributos: a informao precisa ser completa, precisa ser neutra e precisa ser livre de erro. Para ser completa, precisa conter o necesrio para que o usurio compreenda o fenmeno sendo retratado. Para ser neutra, precisa estar desprovida de vis na seleo ou na apresentao, no podendo ser distorcida para mais ou para menos. Ser livre de erro no significa total exatido, mas sim que o processo para obteno da informao tenha sido selecionado e aplicado livre de erros. No caso de estimativa, ela considerada como tendo representao fidedigna se, alm disso, o montante for claramente descrito como sendo estimativa e se a natureza e as limitaes do processo forem devidamente revelados.

16. A informao precisa concomitantemente ser relevante e representar com fidedignidade a realidade reportada para ser til.

Caractersticas Qualitativas de Melhoria

17. As caractersticas qualitativas que melhoram a utilidade da informao que relevante e que repre-sentada com fidedignidade so: Comparabilidade, Verificabilidade, Tempestividade e Compreensi-bilidade. Essas caractersticas podem tambm auxiliar na escolha quando de alternativas equivalentes em termos de relevncia e representao fidedigna.

18. A Comparabilidade a caracterstica que permite a identificao e compreenso de similaridades e diferenas entre os itens. diferente da consistncia que significa aplicao dos mesmos mtodos para os mesmos itens. Comparabilidade o objetivo, enquanto que a consistncia um auxlio na obteno desse objetivo. Comparabilidade implica tambm em fazer com que coisas diferentes no paream iguais ou coisas iguais no paream diferentes.

19. A Verificabilidade implica em diferentes observadores poderem chegar a um consenso sobre o retrato de uma realidade econmica, podendo, em certas circunstncias, representar uma faixa de possveis

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montantes com suas respectivas probabilidades. Pode ser direta ou indireta e, s vezes, se restringir anlise das premissas subjacentes a uma estimativa sobre o futuro.

20. Tempestividade significa estar a informao disponvel a tempo de influenciar o usurio em sua deciso.

21. Compreensibilidade significa que a classificao, a caracterizao e a apresentao da informao so feitas com clareza e conciso, tornando-a compreensvel. Mas no admissvel a excluso de informao complexa e no facilmente compreensvel se isso tornar o relatrio incompleto e distorcido. Os relatrios contbil-financeiros so elaborados na presuno de que o usurio tem conhecimento ra-zovel de negcios e que age diligentemente, mas isso no exclui a necessidade de ajuda de consultor para fenmenos complexos.

Restrio de Custo

22. A informao vital para um mercado mais eficiente e para a reduo do custo do capital para a econo-mia como um todo, mas o custo est sempre presente na gerao da informao. Assim, no possvel a gerao de toda a informao considerada relevante para o usurio, o que leva necessidade da anlise da relao entre esse custo e o benefcio da informao por parte dos rgos normatizadores.

Os Elementos das Demonstraes Contbeis

23. Ativo um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefcios econmicos para a entidade. Repare-se que a figura do controle (e no da propriedade formal) e a dos futuros benefcios econmicos esperados so essenciais para o reconhe-cimento de um ativo. Se no houver a expectativa de contribuio futura, direta ou indireta, ao caixa da empresa, no existe o ativo.

24. Passivo uma obrigao presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidao se espera que resulte na sada de recursos da entidade capazes de gerar benefcios econmicos.

25. Patrimnio Lquido o interesse residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos.

26. Receitas so aumentos nos benefcios econmicos durante o perodo contbil sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuio de passivos, que resultam em aumentos do pa-trimnio lquido e que no estejam relacionados com a contribuio dos detentores dos instrumentos patrimoniais (proprietrios da entidade).

27. Despesas so decrscimos nos benefcios econmicos durante o perodo contbil sob a forma da sada de recursos ou da reduo de ativos ou assuno de passivos, que resultam em decrscimo do patrimnio lquido e que no sejam relacionados com distribuies aos detentores dos instrumentos patrimoniais (distribuio de resultado ou devoluo de capital aos proprietrios da entidade).

28. Essas definies so bastante amplas e no distinguem as receitas propriamente ditas dos ganhos e nem as despesas propriamente ditas das perdas. Essa diviso no dada como vital pelo Pronuncia-mento, apesar de ele reconhecer que os ganhos e as perdas se referem a baixas no comuns de ativos destinados ao uso, ou derivam de fatores exgenos entidade ou possuem outras especificidades. dada, no documento, maior importncia sua evidenciao e segregao como itens no recorrentes na Demonstrao do Resultado do que diferena conceitual entre esses elementos, sendo menciona-do que como regra devem ser apresentados lquidos uns dos outros.

29. Note-se que no h, nesta Estrutura Conceitual, segregao entre receitas e despesas operacionais e no operacionais, muito menos a figura de resultados extraordinrios. O vital a segregao, na De-monstrao do Resultado, dos seus componentes que tendero a no ocorrer no futuro.

O Reconhecimento dos Elementos das Demonstraes Contbeis

30. As definies anteriormente mencionadas no indicam quando os ativos, passivos, receitas e despesas so reconhecidos contabilmente. Esse processo depende, fundamentalmente, da Probabilidade de Re-alizao de Benefcio Econmico Futuro e da Confiabilidade nessa Mensurao, alm de outros fatores. Se no houver a provvel realizao desses benefcios, ou se eles no puderem ser confiavelmente mensurados, no h como reconhecer ativos e receitas. Tambm h a obrigatoriedade de serem prov-veis as entregas de ativos para o reconhecimento dos passivos e das despesas. necessria sempre a presena de um custo ou de um valor confiveis.

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31. O ativo deve ser reconhecido quando for provvel que benefcios econmicos futuros dele provenientes fluiro para a entidade e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade.

32. O passivo deve ser reconhecido quando for provvel que uma sada de recursos detentores de bene-fcios econmicos seja exigida em liquidao de obrigao presente e o valor pelo qual essa liquidao se dar puder ser mensurado com confiabilidade.

33. A receita deve ser reconhecida quando resultar em aumento nos benefcios econmicos futuros relacio-nado com aumento de ativo ou com diminuio de passivo, e puder ser mensurada com confiabilidade.

34. A despesa deve ser reconhecida quando resultar em decrscimo nos benefcios econmicos futu-ros relacionado com o decrscimo de um ativo ou o aumento de um passivo, e puder ser mensurada com confiabilidade.

Mensurao dos Elementos das Demonstraes Contbeis e Conceitos de Ca-pital e Manuteno de Capital

35. Esta Estrutura Conceitual reconhece que os elementos patrimoniais podem ser reconhecidos pelo cus-to histrico, atualizado monetariamente ou no, custo corrente (reposio), valor realizvel ou valor presente dos futuros benefcios econmicos. O custo histrico a base mais comumente adotada, em combinao com as demais para certas situaes.

36. A escolha da base mais adequada depende do conceito de capital a ser mantido pela entidade. Quan-do o relevante a manuteno do capital financeiro (monetrio), lucro o que excede o capital finan-ceiro aportado pelos proprietrios. Esse conceito leva, normalmente, adoo do custo histrico para os elementos patrimoniais (principalmente os no monetrios) e incluso, no resultado, das variaes de preos de determinados elementos.

37. Quando o relevante a manuteno do capital fsico, lucro o que excede manuteno da capacidade fsica ou operacional inicial do perodo. Nesse caso, as variaes de preos dos ativos, por exemplo, so consideradas ajustes ao capital, e no lucros, como o caso das reavaliaes de ativos destinados ao uso.

38. Esta Estrutura Conceitual no define qual o conceito de capital a utilizar, apesar de reconhecer que o capital financeiro o mais utilizado. Assim, todos esses conceitos precisam ser aplicados luz das normatizaes e prticas contbeis especficas.

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PRONUNCIAMENTO TCNICO CPC 00PRONUNCIAMENTO CONCEITUAL BSICO (R1)

Estrutura Conceitual para Elaborao e Divulgaode Relatrio Contbil-Financeiro

Correlao s Normas Internacionais de Contabilidade The Conceptual Framework for Financial Reporting (IASB BV 2011 Blue Book)

ndice Item

PREFCIOINTRODUOFinalidade e statusAlcanceCAPTULOS1. Objetivo da elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro de propsito geral OB1 OB212. Entidade que reporta a informao3. Caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira til QC1 QC394. Estrutura conceitual (1989): texto remanescente

Premissa subjacente 4.1Elementos das demonstraes contbeis 4.2 4.36Reconhecimento dos elementos das demonstraes contbeis 4.37 4.53Mensurao dos elementos das demonstraes contbeis 4.54 4.56Conceitos de capital e manuteno de capital 4.57 4.65

TABELA DE EQUIVALNCIA

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Prefcio

O International Accounting Standards Board IASB est em pleno processo de atualizao de sua Es-trutura Conceitual. O projeto dessa Estrutura Conceitual est sendo conduzido em fases.

medida que um captulo finalizado, itens da Estrutura Conceitual para Elaborao e Apresentao das Demonstraes Contbeis, que foi emitida em 1989, vo sendo substitudos. Quando o projeto da Estrutura Conceitual for finalizado, o IASB ter um nico documento, completo e abrangente, denomi-nado Estrutura Conceitual para Elaborao e Divulgao de Relatrio Contbil-Financeiro (The Concep-tual Framework for Financial Reporting).

Esta verso da Estrutura Conceitual inclui dois captulos que o IASB aprovou como resultado da primeira fase do projeto da Estrutura, o captulo 1 Objetivo da elaborao e divulgao de relatrio contbil-finan-ceiro de propsito geral e o captulo 3 Caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira til. O captulo 2 tratar do conceito relativo entidade que divulga a informao. O captulo 4 contm o texto remanescente da antiga Estrutura Conceitual. A tabela de equivalncia, ao trmino desta publicao, evidencia a correspondncia entre os contedos do documento Estrutura Conceitual para a Elaborao e Apresentao das Demonstraes Contbeis e a atual Estrutura Conceitual para Elaborao e Divul-gao de Relatrio Contbil-Financeiro.

O CPC adenda a este Prefcio as seguintes observaes:

As modificaes introduzidas nesta Estrutura Conceitual por meio dos Captulos 1 e 3 foram elaboradas conjuntamente pelo IASB e pelo FASB (US Financial Accounting Standards Board).

No Captulo 1, o CPC chama a ateno para os seguintes tpicos que esto salientados nas Bases para Concluses emitidas pelos IASB e FASB para justificarem as modificaes e emitirem esta nova verso da Estrutura Conceitual:

(a) posicionamento mais claro de que as informaes contidas nos relatrios contbil-financeiros se destinam primariamente aos seguintes usurios externos: investidores, financiadores e outros credores, sem hierarquia de prioridade;

(b) no foram aceitas as sugestes enviadas durante a audincia pblica, feita por aqueles rgos, no sentido de que caberia, na Estrutura Conceitual, com o objetivo da denominada manuteno da estabilidade econmica, a possibilidade de postergao de informaes sobre certas altera-es nos ativos ou nos passivos. Pelo contrrio, ficou firmada a posio de que prover prontamen-te informao fidedigna e relevante pode melhorar a confiana do usurio e assim contribuir para a promoo da estabilidade econmica.

No Captulo 3, as principais mudanas tambm salientadas nas Bases para Concluses foram as seguintes:

Diviso das caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira em:

(a) caractersticas qualitativas fundamentais (fundamental qualitative characteristics relevncia e representao fidedigna ), as mais crticas; e

(b) caractersticas qualitativas de melhoria (enhancing qualitative characteristics comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade), menos crticas, mas ainda assim altamen-te desejveis.

A caracterstica qualitativa confiabilidade foi redenominada de representao fidedigna; as justificativas constam das Bases para Concluses.

A caracterstica essncia sobre a forma foi formalmente retirada da condio de componente separado da representao fidedigna, por ser considerado isso uma redundncia. A representao pela forma legal que difira da substncia econmica no pode resultar em representao fidedigna, conforme citam as Bases para Concluses. Assim, essncia sobre a forma continua, na realidade, bandeira insubstitu-vel nas normas do IASB.

A caracterstica prudncia (conservadorismo) foi tambm retirada da condio de aspecto da represen-tao fidedigna por ser inconsistente com a neutralidade. Subavaliaes de ativos e superavaliaes de passivos, segundo os Boards mencionam nas Bases para Concluses, com consequentes registros de desempenhos posteriores inflados, so incompatveis com a informao que pretende ser neutra.

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Introduo

Finalidade

As demonstraes contbeis so elaboradas e apresentadas para usurios externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas. Governos, rgos reguladores ou autoridades tributrias, por exemplo, podem determinar especificamente exigncias para atender a seus prprios interesses. Essas exigncias, no entanto, no devem afetar as demonstraes contbeis elaboradas segundo esta Estrutura Conceitual.

Demonstraes contbeis elaboradas dentro do que prescreve esta Estrutura Conceitual objetivam for-necer informaes que sejam teis na tomada de decises econmicas e avaliaes por parte dos usu-rios em geral, no tendo o propsito de atender finalidade ou necessidade especfica de determinados grupos de usurios.

Demonstraes contbeis elaboradas com tal finalidade satisfazem as necessidades comuns da maio-ria dos seus usurios, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstraes contbeis para a tomada de decises econmicas, tais como:

(a) decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais;(b) avaliar a administrao da entidade quanto responsabilidade que lhe tenha sido conferida e

quanto qualidade de seu desempenho e de sua prestao de contas;(c) avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados e proporcionar-lhes outros benefcios;(d) avaliar a segurana quanto recuperao dos recursos financeiros emprestados entidade;(e) determinar polticas tributrias;(f) determinar a distribuio de lucros e dividendos;(g) elaborar e usar estatsticas da renda nacional; ou(h) regulamentar as atividades das entidades.

As demonstraes contbeis so mais comumente elaboradas segundo modelo baseado no custo hist-rico recupervel e no conceito da manuteno do capital financeiro nominal. Outros modelos e conceitos podem ser considerados mais apropriados para atingir o objetivo de proporcionar informaes que sejam teis para tomada de decises econmicas, embora no haja presentemente consenso nesse sentido.

Esta Estrutura Conceitual foi desenvolvida de forma a ser aplicvel a uma gama de modelos contbeis e conceitos de capital e sua manuteno.

Finalidade e status

Esta Estrutura Conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a elaborao e a apresentao de demonstraes contbeis destinadas a usurios externos. A finalidade desta Estrutura Conceitual :

(a) dar suporte ao desenvolvimento de novos Pronunciamentos Tcnicos, Interpretaes e Orienta-es e reviso dos j existentes, quando necessrio;

(b) dar suporte promoo da harmonizao das regulaes, das normas contbeis e dos proce-dimentos relacionados apresentao das demonstraes contbeis, provendo uma base para a reduo do nmero de tratamentos contbeis alternativos permitidos pelos Pronunciamentos, Interpretaes e Orientaes;

(c) dar suporte aos rgos reguladores nacionais;(d) auxiliar os responsveis pela elaborao das demonstraes contbeis na aplicao dos Pronun-

ciamentos Tcnicos, Interpretaes e Orientaes e no tratamento de assuntos que ainda no tenham sido objeto desses documentos;

(e) auxiliar os auditores independentes a formar sua opinio sobre a conformidade das demonstra-es contbeis com os Pronunciamentos Tcnicos, Interpretaes e Orientaes;

(f) auxiliar os usurios das demonstraes contbeis na interpretao de informaes nelas contidas, elaboradas em conformidade com os Pronunciamentos Tcnicos, Interpretaes e Orientaes; e

(g) proporcionar aos interessados informaes sobre o enfoque adotado na formulao dos Pronun-ciamentos Tcnicos, das Interpretaes e das Orientaes.

Esta Estrutura Conceitual no um Pronunciamento Tcnico propriamente dito e, portanto, no define normas ou procedimentos para qualquer questo particular sobre aspectos de mensurao ou divul-gao. Nada nesta Estrutura Conceitual substitui qualquer Pronunciamento Tcnico, Interpretao ou Orientao.

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Pode haver um nmero limitado de casos em que seja observado um conflito entre esta Estrutura Conceitual e um Pronunciamento Tcnico, uma Interpretao ou uma Orientao. Nesses casos, as exi-gncias do Pronunciamento Tcnico, da Interpretao ou da Orientao especficos devem prevalecer sobre esta Estrutura Conceitual. Entretanto, medida que futuros Pronunciamentos Tcnicos, Interpre-taes ou Orientaes sejam desenvolvidos ou revisados tendo como norte esta Estrutura Conceitual, o nmero de casos de conflito entre esta Estrutura Conceitual e eles tende a diminuir.

Esta Estrutura Conceitual ser revisada de tempos em tempos com base na experincia decorrente de sua utilizao.

Alcance

Esta Estrutura Conceitual aborda:

(a) o objetivo da elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro;(b) as caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira til;(c) a definio, o reconhecimento e a mensurao dos elementos a partir dos quais as demonstra-

es contbeis so elaboradas; e (d) os conceitos de capital e de manuteno de capital.

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CAPTULO 1: OBJETIVO DO RELATRIO CONTBIL-FINANCEIRO DE PROPSITO GERAL

ndice Item

INTRODUO OB1OBJETIVO, UTILIDADE E LIMITAES DO RELATRIO CONTBIL-FINANCEIRO DE PROPSITO GERAL OB2 OB11INFORMAO ACERCA DOS RECURSOS ECONMICOS DA ENTIDADE QUE RE-PORTA A INFORMAO, REIVINDICAES E MUDANAS NOS RECURSOS E REIVINDICAES OB12 OB21Recursos econmicos e reivindicaes OB13 OB14Mudanas nos recursos econmicos e reivindicaes OB15 OB21

Performance financeira refletida pelo regime de competncia (accruals) OB17 OB19Performance financeira refletida pelos fluxos de caixa passados OB20Mudanas nos recursos econmicos e reivindicaes que no so resultantes da performance financeira OB21

CAPTULO 1: OBJETIVO DO RELATRIO CONTBIL-FINANCEIRO DE PROPSITO GERAL

Introduo

OB1. O objetivo da elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro de propsito geral constitui o pilar da Estrutura Conceitual. Outros aspectos da Estrutura Conceitual como o conceito de entidade que reporta a informao, as caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira til e suas restries, os elementos das demonstraes contbeis, o reconhecimento, a mensurao, a apresen-tao e a evidenciao fluem logicamente desse objetivo.

Objetivo, utilidade e limitaes do relatrio contbil-financeiro de propsito geral

OB2. O objetivo do relatrio contbil-financeiro de propsito geral1 fornecer informaes contbil-financei-ras acerca da entidade que reporta essa informao (reporting entity) que sejam teis a investidores existentes e em potencial, a credores por emprstimos e a outros credores, quando da tomada deci-so ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Essas decises envolvem comprar, vender ou manter participaes em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dvida, e a oferecer ou disponibilizar emprstimos ou outras formas de crdito.

OB3. Decises a serem tomadas por investidores existentes e em potencial relacionadas a comprar, vender ou manter instrumentos patrimoniais e instrumentos de dvida dependem do retorno esperado dos investimentos feitos nos referidos instrumentos, por exemplo: dividendos, pagamentos de principal e de juros ou acrscimos nos preos de mercado. Similarmente, decises a serem tomadas por credo-res por emprstimos e por outros credores, existentes ou em potencial, relacionadas a oferecer ou disponibilizar emprstimos ou outras formas de crdito, dependem dos pagamentos de principal e de juros ou de outros retornos que eles esperam. As expectativas de investidores, credores por emprs-timos e outros credores em termos de retorno dependem da avaliao destes quanto ao montante, tempestividade e incertezas (as perspectivas) associados aos fluxos de caixa futuros de entrada para a entidade. Consequentemente, investidores existentes e em potencial, credores por emprstimo e outros credores necessitam de informao para auxili-los na avaliao das perspectivas em termos de entrada de fluxos de caixa futuros para a entidade.

OB4. Para avaliar as perspectivas da entidade em termos de entrada de fluxos de caixa futuros, investido-res existentes e em potencial, credores por emprstimo e outros credores necessitam de informao acerca de recursos da entidade, reivindicaes contra a entidade, e o quo eficiente e efetivamente a administrao da entidade e seu conselho de administrao2 tm cumprido com suas responsabilida-des no uso dos recursos da entidade. Exemplos de referidas responsabilidades incluem a proteo de recursos da entidade de efeitos desfavorveis advindos de fatos econmicos, como, por exemplo, mu-danas de preo e de tecnologia, e a garantia de que a entidade tem cumprido as leis, com a regulao e com as disposies contratuais vigentes. Informaes sobre a aprovao do cumprimento de suas responsabilidades so tambm tieis para decises a serem tomadas por investidores existentes, credores por emprstimo e outros que tenham o direito de votar ou de outro modo exeram influncia nos atos praticados pela administrao.

OB5. Muitos investidores, credores por emprstimo e outros credores, existentes e em potencial, no po-dem requerer que as entidades que reportam a informao prestem a eles diretamente as informaes de que necessitam, devendo desse modo confiar nos relatrios contbil-financeiros de propsito geral, para grande parte da informao contbil-financeira que buscam. Consequentemente, eles so os usurios primrios para quem relatrios contbil-financeiros de propsito geral so direcionados.

OB6. Entretanto, relatrios contbil-financeiros de propsito geral no atendem e no podem atender a to-das as informaes de que investidores, credores por emprstimo e outros credores, existentes e em potencial, necessitam. Esses usurios precisam considerar informao pertinente de outras fontes, como, por exemplo, condies econmicas gerais e expectativas, eventos polticos e clima poltico, e perspectivas e panorama para a indstria e para a entidade.

1 Ao longo de toda a Estrutura Conceitual, os termos relatrio contbil-financeiro e elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro referem-se a informaes contbil-financeiras com propsito geral, a menos que haja indicao especfica em contrrio.

2 Ao longo de toda a Estrutura Conceitual, o termo administrao refere-se tanto diretoria executiva quanto ao conselho de administrao ou rgos similares, a menos que haja indicao especfica em contrrio.

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OB7. Relatrios contbil-financeiros de propsito geral no so elaborados para se chegar ao valor da entidade que reporta a informao; a rigor, fornecem informao para auxiliar investidores, credores por emprstimo e outros credores, existentes e em potencial, a estimarem o valor da entidade que reporta a informao.

OB8. Usurios primrios individuais tm diferentes, e possivelmente conflitantes, desejos e necessidades de informao. Este Comit de Pronunciamentos Contbeis, ao levar frente o processo de produo de suas normas, ir procurar proporcionar um conjunto de informaes que atenda s necessidades do nmero mximo de usurios primrios. Contudo, a concentrao em necessidades comuns de informao no impede que a entidade que reporta a informao preste informaes adicionais que sejam mais teis a um subconjunto particular de usurios primrios.

OB9. A administrao da entidade que reporta a informao est tambm interessada em informao cont-bil-financeira sobre a entidade. Contudo, a administrao no precisa apoiar-se em relatrios contbil--financeiros de propsito geral uma vez que capaz de obter a informao contbil-financeira de que precisa internamente.

OB10. Outras partes interessadas, como, por exemplo, rgos reguladores e membros do pblico que no sejam investidores, credores por emprstimo e outros credores, podem do mesmo modo achar teis relatrios contbil-financeiros de propsito geral. Contudo, esses relatrios no so direcionados pri-mariamente a esses outros grupos.

OB11. Em larga extenso, os relatrios contbil-financeiros so baseados em estimativas, julgamentos e mode-los e no em descries ou retratos exatos. A Estrutura Conceitual estabelece os conceitos que devem amparar tais estimativas, julgamentos e modelos. Os conceitos representam o objetivo que este Comit de Pronunciamentos Contbeis e os elaboradores dos relatrios contbil-financeiros devem se empe-nhar em alcanar. Assim como a maioria dos objetivos, a viso contida na Estrutura Conceitual do que sejam a elaborao e a divulgao do relatrio contbil-financeiro ideal improvvel de ser atingida em sua totalidade, pelo menos no curto prazo, visto que se requer tempo para a compreenso, aceitao e implementao de novas formas de analisar transaes e outros eventos. No obstante, o estabele-cimento de objetivo a ser alcanado com empenho essencial para que o processo de elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro venha a evoluir e tenha sua utilidade aprimorada

Informao acerca dos recursos econmicos da entidade que reporta a informa-o, reivindicaes e mudanas nos recursos e reivindicaes

OB12. Relatrios contbil-financeiros de propsito geral fornecem informao acerca da posio patrimonial e financeira da entidade que reporta a informao, a qual representa informao sobre os recursos econmicos da entidade e reivindicaes contra a entidade que reporta a informao. Relatrios con-tbil-financeiros tambm fornecem informao sobre os efeitos de transaes e outros eventos que alteram os recursos econmicos da entidade que reporta a informao e reivindicaes contra ela. Ambos os tipos de informao fornecem dados de entrada teis para decises ligadas ao fornecimen-to de recursos para a entidade.

Recursos econmicos e reivindicaes

OB13. Informao sobre a natureza e os montantes de recursos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao pode auxiliar usurios a identificarem a fraqueza e o vigor financeiro da entidade que reporta a informao. Essa informao pode auxiliar os usurios a avaliar a liquidez e a solvncia da entidade que reporta a informao, suas necessidades em termos de financiamento adicional e o quo provavelmente bem sucedido ser seu intento em angariar esse financiamento. Informaes sobre as prioridades e as exigncias de pagamento de reivindicaes vigentes ajudam os usurios a predizer de que forma fluxos de caixa futuros sero distribudos entre aqueles com rei-vindicaes contra a entidade que reporta a informao.

OB14. Diferentes tipos de recursos econmicos afetam diferentemente a avaliao dos usurios acerca das perspectivas da entidade que reporta a informao em termos de fluxos de caixa futuros. Alguns fluxos de caixa futuros resultam diretamente de recursos econmicos existentes, como, por exemplo, contas a receber. Outros fluxos de caixa resultam do uso variado de recursos combinados com vistas produo e venda de produtos e servios aos clientes. Muito embora fluxos de caixa no possam ser identificados com recursos econmicos individuais (ou reivindicaes), usurios dos relatrios contbil-financeiros precisam saber a natureza e o montante dos recursos disponveis para uso nas operaes da entidade que reporta a informao.

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Mudanas nos recursos econmicos e reivindicaes

OB15. Mudanas nos recursos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao resultam da performance financeira da entidade (ver itens OB17 a OB20) e de outros eventos ou transaes, como, por exemplo, a emisso de ttulos de dvida ou de ttulos patrimoniais (ver item OB21). Para poder avaliar adequadamente as perspectivas de fluxos de caixa futuros da entidade que reporta a informao, os usurios precisam estar aptos a distinguir a natureza dessas mudanas.

OB16. Informaes sobre a performance financeira da entidade que reporta a informao auxiliam os usurios a compreender o retorno que a entidade tenha produzido sobre os seus recursos econmicos. Informaes sobre o retorno que a entidade tenha produzido servem como indicativo de quo diligente a administrao tem sido no desempenho de suas responsabilidades para tornar eficiente e eficaz o uso dos recursos da entidade que reporta a informao. Informaes sobre a variabilidade e sobre os componentes desse retorno tambm so importantes, especialmente para avaliao das incertezas associadas a fluxos de caixa futuros. Informaes sobre a performance financeira passada da entidade que reporta a informao e sobre o quo diligente a administrao tem sido no desempenho de suas responsabilidades so do mesmo modo teis para predio de retornos futuros da entidade sobre os seus recursos econmicos.

Performance financeira refletida pelo regime de competncia (accruals)

OB17. O regime de competncia retrata com propriedade os efeitos de transaes e outros eventos e cir-cunstncias sobre os recursos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao nos perodos em que ditos efeitos so produzidos, ainda que os recebimentos e pagamentos em caixa derivados ocorram em perodos distintos. Isso importante em funo de a informao sobre os recur-sos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao, e sobre as mudanas nesses recursos econmicos e reivindicaes ao longo de um perodo, fornecer melhor base de avaliao da performance passada e futura da entidade do que a informao puramente baseada em recebimentos e pagamentos em caixa ao longo desse mesmo perodo.

OB18. Informaes sobre a performance financeira da entidade que reporta a informao durante um perodo que so reflexos de mudanas em seus recursos econmicos e reivindicaes, e no da obteno adi-cional de recursos diretamente de investidores e credores (ver item OB21), so teis para avaliar a capa-cidade passada e futura da entidade na gerao de fluxos de caixa lquidos. Essas informaes servem de indicativos da extenso em que a entidade que reporta a informao tenha aumentado seus recursos econmicos disponveis, e dessa forma sua capacidade de gerar fluxos de caixa lquidos por meio de suas operaes e no pela obteno de recursos adicionais diretamente de investidores e credores.

OB19. Informaes sobre a performance financeira da entidade que reporta a informao durante um perodo tambm podem ser indicativos da extenso em que determinados eventos, tais como mudanas nos preos de mercado ou nas taxas de juros, tenham provocado aumento ou diminuio nos recursos econmicos e reivindicaes da entidade, afetando por conseguinte a capacidade de a entidade gerar a entrada de fluxos de caixa lquidos.

Performance financeira refletida pelos fluxos de caixa passados

OB20. Informaes sobre os fluxos de caixa da entidade que reporta a informao durante um perodo tam-bm ajudam os usurios a avaliar a capacidade de a entidade gerar fluxos de caixa futuros lquidos. Elas indicam como a entidade que reporta a informao obtm e despende caixa, incluindo informa-es sobre seus emprstimos e resgate de ttulos de dvida, dividendos em caixa e outras distribui-es em caixa para seus investidores, e outros fatores que podem afetar a liquidez e a solvncia da entidade. Informaes sobre os fluxos de caixa auxiliam os usurios a compreender as operaes da entidade que reporta a informao, a avaliar suas atividades de financiamento e investimento, a ava-liar sua liquidez e solvncia e a interpretar outras informaes acerca de sua performance financeira.

Mudanas nos recursos econmicos e reivindicaes que no so resultantes da performance financeira

OB21. Os recursos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao podem ainda mudar por outras razes que no sejam resultantes de sua performance financeira, como o caso da emisso adicio-nal de suas aes. Informaes sobre esse tipo de mudana so necessrias para dar aos usurios uma completa compreenso do porqu das mudanas nos recursos econmicos e reivindicaes da entidade que reporta a informao e as implicaes dessas mudanas em sua futura performance financeira.

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CAPTULO 2: A ENTIDADE QUE REPORTA A INFORMAO

[a ser acrescentado futuramente]

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CAPTULO 3: CARACTERSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAO CONTBIL-FINANCEIRA TIL

ndice Item

INTRODUO QC1 QC3CARACTERSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAO CONTBIL-FINANCEIRA TIL QC4 QC34Caractersticas qualitativas fundamentais QC5 QC18

Relevncia QC6 QC11Materialidade QC 11Representao fidedigna QC12 QC16Aplicao das caractersticas qualitativas fundamentais QC17 QC18

Caractersticas qualitativas de melhoria QC19 QC34Comparabilidade QC20 QC25Verificabilidade QC26 QC28Tempestividade QC29Compreensibilidade QC30 QC32Aplicao das caractersticas qualitativas de melhoria QC33 QC34

RESTRIO DE CUSTO NA ELABORAO E DIVULGAO DA INFORMAO CONTBIL-FINANCEIRA TIL QC35 QC39

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CAPTULO 3: CARACTERSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAO CONTBIL-FINANCEIRA TIL

Introduo

QC1. As caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira til, discutidas neste captulo, iden-tificam os tipos de informao que muito provavelmente so reputadas como as mais teis para in-vestidores, credores por emprstimos e outros credores, existentes e em potencial, para tomada de decises acerca da entidade que reporta com base na informao contida nos seus relatrios contbil--financeiros (informao contbil-financeira).

QC2. Os relatrios contbil-financeiros fornecem informao sobre os recursos econmicos da entidade que reporta a informao, sobre reivindicaes contra a entidade que reporta a informao e os efeitos de transaes e outros eventos e condies que modificam esses recursos e reivindicaes. (Essa informao referenciada na Estrutura Conceitual como sendo uma informao sobre o fenmeno econmico). Alguns relatrios contbil-financeiros tambm incluem material explicativo sobre as ex-pectativas da administrao e sobre as estratgias para a entidade que reporta a informao, bem como outros tipos de informao sobre o futuro (forward-looking information).

QC3. As caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira til3 devem ser aplicadas informa-o contbil-financeira fornecida pelas demonstraes contbeis, assim como informao contbil--financeira fornecida por outros meios. O custo de gerar a informao, que uma restrio sempre presente na entidade no processo de fornecer informao contbil-financeira til, deve ser observado similarmente. No entanto, as consideraes a serem tecidas quando da aplicao das caractersticas qualitativas e da restrio do custo podem ser diferentes para diferentes tipos de informao. Por exemplo, aplic-las informao sobre o futuro (forward-looking information) pode ser diferente de aplic-las informao sobre recursos econmicos e reivindicaes existentes e sobre mudanas nesses recursos e reivindicaes.

Caractersticas qualitativas da informao contbil-financeira til

QC4. Se a informao contbil-financeira para ser til, ela precisa ser relevante e representar com fidedig-nidade o que se prope a representar. A utilidade da informao contbil-financeira melhorada se ela for comparvel, verificvel, tempestiva e compreensvel.

Caractersticas qualitativas fundamentais

QC5. As caractersticas qualitativas fundamentais so relevncia e representao fidedigna.

Relevncia

QC6. Informao contbil-financeira relevante aquela capaz de fazer diferena nas decises que possam ser tomadas pelos usurios. A informao pode ser capaz de fazer diferena em uma deciso mesmo no caso de alguns usurios decidirem no a levar em considerao, ou j tiver tomado cincia de sua existncia por outras fontes.

QC7. A informao contbil-financeira capaz de fazer diferena nas decises se tiver valor preditivo, valor confirmatrio ou ambos.

QC8. A informao contbil-financeira tem valor preditivo se puder ser utilizada como dado de entrada em processos empregados pelos usurios para predizer futuros resultados. A informao contbil-financeira no precisa ser uma predio ou uma projeo para que possua valor preditivo. A informao contbil--financeira com valor preditivo empregada pelos usurios ao fazerem suas prprias predies.

QC9. A informao contbil-financeira tem valor confirmatrio se retro-alimentar servir de feedback ava-liaes prvias (confirm-las ou alter-las).

3 Ao longo de toda esta Estrutura Conceitual, os termos caractersticas qualitativas e restrio iro se referir a caractersticas qualitativas da informa-o contbil-financeira til e restrio da informao contbil-financeira til.

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QC10. O valor preditivo e o valor confirmatrio da informao contbil-financeira esto inter-relacionados. A informao que tem valor preditivo muitas vezes tambm tem valor confirmatrio. Por exemplo, a informao sobre receita para o ano corrente, a qual pode ser utilizada como base para predizer re-ceitas para anos futuros, tambm pode ser comparada com predies de receita para o ano corrente que foram feitas nos anos anteriores. Os resultados dessas comparaes podem auxiliar os usurios a corrigirem e a melhorarem os processos que foram utilizados para fazer tais predies.

Materialidade

QC11. A informao material se a sua omisso ou sua divulgao distorcida (misstating) puder influenciar decises que os usurios tomam com base na informao contbil-financeira acerca de entidade especfica que reporta a informao. Em outras palavras, a materialidade um aspecto de relevncia especfico da entidade baseado na natureza ou na magnitude, ou em ambos, dos itens para os quais a informao est relacionada no contexto do relatrio contbil-financeiro de uma entidade em parti-cular. Consequentemente, no se pode especificar um limite quantitativo uniforme para materialidade ou predeterminar o que seria julgado material para uma situao particular.

Representao fidedigna

QC12. Os relatrios contbil-financeiros representam um fenmeno econmico em palavras e nmeros. Para ser til, a informao contbil-financeira no tem s que representar um fenmeno relevante, mas tem tambm que representar com fidedignidade o fenmeno que se prope representar. Para ser representao perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter trs atributos. Ela tem que ser completa, neutra e livre de erro. claro, a perfeio rara, se de fato alcanvel. O objetivo maximizar referidos atributos na extenso que seja possvel.

QC13. O retrato da realidade econmica completo deve incluir toda a informao necessria para que o usurio compreenda o fenmeno sendo retratado, incluindo todas as descries e explicaes neces-srias. Por exemplo, um retrato completo de um grupo de ativos incluiria, no mnimo, a descrio da natureza dos ativos que compem o grupo, o retrato numrico de todos os ativos que compem o gru-po, e a descrio acerca do que o retrato numrico representa (por exemplo, custo histrico original, custo histrico ajustado ou valor justo). Para alguns itens, um retrato completo pode considerar ainda explicaes de fatos significativos sobre a qualidade e a natureza desses itens, fatos e circunstncias que podem afetar a qualidade e a natureza deles, e os processos utilizados para determinar os nme-ros retratados.

QC14. Um retrato neutro da realidade econmica desprovido de vis na seleo ou na apresentao da informao contbil-financeira. Um retrato neutro no deve ser distorcido com contornos que possa receber dando a ele maior ou menor peso, nfase maior ou menor, ou qualquer outro tipo de manipula-o que aumente a probabilidade de a informao contbil-financeira ser recebida pelos seus usurios de modo favorvel ou desfavorvel. Informao neutra no significa informao sem propsito ou sem influncia no comportamento dos usurios. A bem da verdade, informao contbil-financeira relevan-te, por definio, aquela capaz de fazer diferena nas decises tomadas pelos usurios.

QC15. Representao fidedigna no significa exatido em todos os aspectos. Um retrato da realidade econ-mica livre de erros significa que no h erros ou omisses no fenmeno retratado, e que o processo utilizado, para produzir a informao reportada, foi selecionado e foi aplicado livre de erros. Nesse sentido, um retrato da realidade econmica livre de erros no significa algo perfeitamente exato em to-dos os aspectos. Por exemplo, a estimativa de preo ou valor no observvel no pode ser qualificada como sendo algo exato ou inexato. Entretanto, a representao dessa estimativa pode ser considera-da fidedigna se o montante for descrito claramente e precisamente como sendo uma estimativa, se a natureza e as limitaes do processo forem devidamente reveladas, e nenhum erro tiver sido cometido na seleo e aplicao do processo apropriado para desenvolvimento da estimativa.

QC16. Representao fidedigna, por si s, no resulta necessariamente em informao til. Por exemplo, a entidade que reporta a informao pode receber um item do imobilizado por meio de subveno governamental. Obviamente, a entidade ao reportar que adquiriu um ativo sem custo retrataria com fidedignidade o custo desse ativo, porm essa informao provavelmente no seria muito til. Outro exemplo mais sutil seria a estimativa do montante por meio do qual o valor contbil do ativo seria ajus-tado para refletir a perda por desvalorizao no seu valor (impairment loss). Essa estimativa pode ser uma representao fidedigna se a entidade que reporta a informao tiver aplicado com propriedade o processo apropriado, tiver descrito com propriedade a estimativa e tiver revelado quaisquer incertezas que afetam significativamente a estimativa. Entretanto, se o nvel de incerteza de referida estimativa

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for suficientemente alto, a estimativa no ser particularmente til. Em outras palavras, a relevncia do ativo que est sendo representado com fidedignidade ser questionvel. Se no existir outra alter-nativa para retratar a realidade econmica que seja mais fidedigna, a estimativa nesse caso deve ser considerada a melhor informao disponvel.

Aplicao das caractersticas qualitativas fundamentais

QC17. A informao precisa concomitantemente ser relevante e representar com fidedignidade a realidade reportada para ser til. Nem a representao fidedigna de fenmeno irrelevante, tampouco a repre-sentao no fidedigna de fenmeno relevante auxiliam os usurios a tomarem boas decises.

QC18. O processo mais eficiente e mais efetivo para aplicao das caractersticas qualitativas fundamentais usualmente seria o que segue (sujeito aos efeitos das caractersticas de melhoria e restrio do custo, que no so considerados neste exemplo). Primeiro, identificar o fenmeno econmico que tenha o potencial de ser til para os usurios da informao contbil-financeira reportada pela entida-de. Segundo, identificar o tipo de informao sobre o fenmeno que seria mais relevante se estivesse disponvel e que poderia ser representado com fidedignidade. Terceiro, determinar se a informao est disponvel e pode ser representada com fidedignidade. Dessa forma, o processo de satisfazer as caractersticas qualitativas fundamentais chega ao seu fim. Caso contrrio, o processo deve ser repetido a partir do prximo tipo de informao mais relevante.

Caractersticas qualitativas de melhoria

QC19. Comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade so caractersticas qualitati-vas que melhoram a utilidade da informao que relevante e que representada com fidedignidade. As caractersticas qualitativas de melhoria podem tambm auxiliar a determinar qual de duas alternati-vas que sejam consideradas equivalentes em termos de relevncia e fidedignidade de representao deve ser usada para retratar um fenmeno.

Comparabilidade

QC20. As decises de usurios implicam escolhas entre alternativas, como, por exemplo, vender ou manter um investimento, ou investir em uma entidade ou noutra. Consequentemente, a informao acerca da entida-de que reporta informao ser mais til caso possa ser comparada com informao similar sobre outras entidades e com informao similar sobre a mesma entidade para outro perodo ou para outra data.

QC21. Comparabilidade a caracterstica qualitativa que permite que os usurios identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenas entre eles. Diferentemente de outras caractersticas qualitativas, a comparabilidade no est relacionada com um nico item. A comparao requer no mnimo dois itens.

QC22. Consistncia, embora esteja relacionada com a comparabilidade, no significa o mesmo. Consistncia refere-se ao uso dos mesmos mtodos para os mesmos itens, tanto de um perodo para outro consi-derando a mesma entidade que reporta a informao, quanto para um nico perodo entre entidades. Comparabilidade o objetivo; a consistncia auxilia a alcanar esse objetivo.

QC23. Comparabilidade no significa uniformidade. Para que a informao seja comparvel, coisas iguais precisam parecer iguais e coisas diferentes precisam parecer diferentes. A comparabilidade da infor-mao contbil-financeira no aprimorada ao se fazer com que coisas diferentes paream iguais ou ainda ao se fazer coisas iguais parecerem diferentes.

QC24. Algum grau de comparabilidade possivelmente obtido por meio da satisfao das caractersticas qualitativas fundamentais. A representao fidedigna de fenmeno econmico relevante deve possuir naturalmente algum grau de comparabilidade com a representao fidedigna de fenmeno econmico relevante similar de outra entidade que reporta a informao.

QC25. Muito embora um fenmeno econmico singular possa ser representado com fidedignidade de mlti-plas formas, a discricionariedade na escolha de mtodos contbeis alternativos para o mesmo fen-meno econmico diminui a comparabilidade.

Verificabilidade

QC26. A verificabilidade ajuda a assegurar aos usurios que a informao representa fidedignamente o fen-meno econmico que se prope representar. A verificabilidade significa que diferentes observadores,

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cnscios e independentes, podem chegar a um consenso, embora no cheguem necessariamente a um completo acordo, quanto ao retrato de uma realidade econmica em particular ser uma representao fidedigna. Informao quantificvel no necessita ser um nico ponto estimado para ser verificvel. Uma faixa de possveis montantes com suas probabilidades respectivas pode tambm ser verificvel.

QC27. A verificao pode ser direta ou indireta. Verificao direta significa verificar um montante ou outra representao por meio de observao direta, como, por exemplo, por meio da contagem de caixa. Verificao indireta significa checar os dados de entrada do modelo, frmula ou outra tcnica e recal-cular os resultados obtidos por meio da aplicao da mesma metodologia. Um exemplo a verificao do valor contbil dos estoques por meio da checagem dos dados de entrada (quantidades e custos) e por meio do reclculo do saldo final dos estoques utilizando a mesma premissa adotada no fluxo do custo (por exemplo, utilizando o mtodo PEPS).

QC28. Pode no ser possvel verificar algumas explicaes e alguma informao contbil-financeira sobre o futuro (forward-looking information) at que o perodo futuro seja totalmente alcanado. Para ajudar os usurios a decidir se desejam usar dita informao, normalmente necessrio divulgar as premissas subjacentes, os mtodos de obteno da informao e outros fatores e circunstncias que suportam a informao.

Tempestividade

QC29. Tempestividade significa ter informao disponvel para tomadores de deciso a tempo de poder influen-ci-los em suas decises. Em geral, a informao mais antiga a que tem menos utilidade. Contudo, certa informao pode ter o seu atributo tempestividade prolongado aps o encerramento do perodo contbil, em decorrncia de alguns usurios, por exemplo, necessitarem identificar e avaliar tendncias.

Compreensibilidade

QC30. Classificar, caracterizar e apresentar a informao com clareza e conciso torna-a compreensvel.

QC31. Certos fenmenos so inerentemente complexos e no podem ser facilmente compreendidos. A ex-cluso de informaes sobre esses fenmenos dos relatrios contbil-financeiros pode tornar a infor-mao constante em referidos relatrios mais facilmente compreendida. Contudo, referidos relatrios seriam considerados incompletos e potencialmente distorcidos (misleading).

QC32. Relatrios contbil-financeiros so elaborados para usurios que tm conhecimento razovel de ne-gcios e de atividades econmicas e que revisem e analisem a informao diligentemente. Por vezes, mesmo os usurios bem informados e diligentes podem sentir a necessidade de procurar ajuda de consultor para compreenso da informao sobre um fenmeno econmico complexo.

Aplicao das caractersticas qualitativas de melhoria

QC33. Caractersticas qualitativas de melhoria devem ser maximizadas na extenso possvel. Entretanto, as caractersticas qualitativas de melhoria, quer sejam individualmente ou em grupo, no podem tornar a informao til se dita informao for irrelevante ou no for representao fidedigna.

QC34. A aplicao das caractersticas qualitativas de melhoria um processo iterativo que no segue uma ordem preestabelecida. Algumas vezes, uma caracterstica qualitativa de melhoria pode ter que ser diminuda para maximizao de outra caracterstica qualitativa. Por exemplo, a reduo temporria na comparabilidade como resultado da aplicao prospectiva de uma nova norma contbil-financeira pode ser vantajosa para o aprimoramento da relevncia ou da representao fidedigna no longo pra-zo. Divulgaes apropriadas podem parcialmente compensar a no comparabilidade.

Restrio de custo na elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro til

QC35. O custo de gerar a informao uma restrio sempre presente na entidade no processo de ela-borao e divulgao de relatrio contbil-financeiro. O processo de elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro impe custos, sendo importante que ditos custos sejam justificados pelos benefcios gerados pela divulgao da informao. Existem variados tipos de custos e be-nefcios a considerar.

QC36. Fornecedores de informao contbil-financeira envidam grande parte de seus esforos na coleta, no processamento, na verificao e na disseminao de informao contbil-financeira, mas os usurios em ltima instncia pagam por esses custos na forma de retornos reduzidos. Usurios de informao

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contbil-financeira tambm incorrem em custos de anlise e interpretao de informao fornecida. Se a informao demandada no fornecida, os usurios incorrem em custos adicionais de obteno da informao por meio de outras fontes ou por meio de sua estimativa.

QC37. A elaborao e divulgao de relatrio contbil-financeiro que seja relevante e que represente com fidedignidade o que se prope representar auxilia os usurios a tomarem decises com grau de con-fiana maior. Isso resulta em funcionamento mais eficiente dos mercados de capitais e em custo menor de capital para a economia como um todo. O investidor individual, o credor por emprstimo ou outro credor tambm se beneficiam desse processo por meio de decises assentadas na melhor informao. Entretanto, no possvel para relatrios contbil-financeiros de propsito geral fornecer toda e qualquer informao que todo usurio repute ser relevante.

QC38. Na aplicao da restrio do custo, avalia-se se os benefcios proporcionados pela elaborao e divulgao de informao em particular so provavelmente justificados pelos custos incorridos para fornecimento e uso dessa informao. Quando da aplicao da restrio do custo no desenvolvimento do padro proposto de elaborao e divulgao, o rgo normatizador deve procurar se informar junto aos fornecedores da informao, usurios, auditores independentes, acadmicos e outros agentes sobre a natureza e quantidade esperada de benefcios e custos desse padro. Em grande parte dos casos, as avaliaes so baseadas na combinao de informao quantitativa e qualitativa.

QC39. Em funo da subjetividade inerente ao processo, as avaliaes de diferentes indivduos acerca dos custos e benefcios da elaborao e divulgao de itens particulares de informao contbil-financeira devem variar. Dessa forma, o rgo normatizador deve procurar tomar por base os custos e benef-cios com relao elaborao e divulgao de modo geral, e no somente em relao a entidades individuais que reportam a informao. Isso no quer dizer que as avaliaes de custos e benefcios sempre so justificadas pelas mesmas exigncias de divulgao para todas as entidades. Diferenas podem ser apropriadas em decorrncia dos tamanhos variados das entidades, das diferentes formas de captao de capital (publicamente ou privadamente), das diferentes necessidades de usurios ou de outros fatores.

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CAPTULO 4: ESTRUTURA CONCEITUAL (1989): TEXTO REMANESCENTE

ndice Item

PREMISSA SUBJACENTE 4.1Continuidade 4.1ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES CONTBEIS 4.2 4.36Posio patrimonial e financeira 4.4 4.7Ativos 4.8 4.14Passivos 4.15 4.19Patrimnio lquido 4.20 4.23Performance 4.24 4.28Receitas 4.29 4.32Despesas 4.33 4.35Ajustes para manuteno de capital 4.36RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES CONTBEIS 4.37 4.53Probabilidade de futuros benefcios econmicos 4.40Confiabilidade da mensurao 4.41 4.43Reconhecimento de ativos 4.44 4.45Reconhecimento de passivos 4.46Reconhecimento de receitas 4.47 4.48Reconhecimento de despesas 4.49 4.53MENSURAO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAES CONTBEIS 4.54 4.56CONCEITOS DE CAPITAL E DE MANUTENO DE CAPITAL 4.57 4.65Conceitos de capital 4.57 4.58Conceitos de manuteno de capital e determinao do lucro 4.59 4.65

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CAPTULO 4: ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAO E APRESENTAO DAS DEMONSTRAES

CONTBEIS: TEXTO REMANESCENTE

O texto remanescente da Estrutura Conceitual para a Elaborao e Apresentao das Demonstraes Cont-beis anteriormente emitida no foi emendado para refletir quaisquer alteraes implementadas pelo Pronun-ciamento Tcnico CPC 26 Apresentao das Demonstraes Contbeis (a IAS 1 que o espelha foi revisada pelo IASB em 2007).

O texto remanescente ser atualizado quando forem revisitados conceitualmente os elementos das demons-traes contbeis e suas bases de mensurao.

Premissa subjacente

Continuidade

4.1. As demonstraes contbeis normalmente so elaboradas tendo como premissa que a entidade est em atividade (going concern assumption) e ir manter-se em operao por um futuro previs-vel. Desse modo, parte-se do pressuposto de que a entidade no tem a inteno, nem tampouco a necessidade, de entrar em processo de liquidao ou de reduzir materialmente a escala de suas operaes. Por outro lado, se essa inteno ou necessidade existir, as demonstraes contbeis podem ter que ser elaboradas em bases diferentes e, nesse caso, a base de elaborao utilizada deve ser divulgada.

Elementos das demonstraes contbeis

4.2 As demonstraes contbeis retratam os efeitos patrimoniais e financeiros das transaes e outros eventos, por meio do grupamento dos mesmos em classes amplas de acordo com as suas carac-tersticas econmicas. Essas classes amplas so denominadas de elementos das demonstraes contbeis. Os elementos diretamente relacionados mensurao da posio patrimonial e financeira no balano patrimonial so os ativos, os passivos e o patrimnio lquido. Os elementos diretamente relacionados com a mensurao do desempenho na demonstrao do resultado so as receitas e as despesas. A demonstrao das mutaes na posio financeira usualmente reflete os elementos da demonstrao do resultado e as alteraes nos elementos do balano patrimonial. Assim, esta Estru-tura Conceitual no identifica qualquer elemento que seja exclusivo dessa demonstrao.

4.3. A apresentao desses elementos no balano patrimonial e na demonstrao do resultado envolve um processo de subclassificao. Por exemplo, ativos e passivos podem ser classificados por sua natureza ou funo nos negcios da entidade, a fim de mostrar as informaes da maneira mais til aos usurios para fins de tomada de decises econmicas.

Posio patrimonial e financeira

4.4. Os elementos diretamente relacionados com a mensurao da posio patrimonial e financeira so os ativos, os passivos e o patrimnio lquido. Estes so definidos como segue:

(a) ativo um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefcios econmicos para a entidade;

(b) passivo uma obrigao presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidao se espera que resulte na sada de recursos da entidade capazes de gerar benefcios econmicos;

(c) patrimnio lquido o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos.

4.5. As definies de ativo e de passivo identificam suas caractersticas essenciais, mas no procuram es-pecificar os critrios que precisam ser observados para que eles possam ser reconhecidos no balano patrimonial. Desse modo, as definies abrangem itens que no so reconhecidos como ativos ou como passivos no balano patrimonial em funo de no satisfazerem os critrios de reconhecimento discutidos nos itens 4.37 a 4.53. Especificamente, a expectativa de que futuros benefcios econmicos

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fluam para a entidade ou saiam da entidade deve ser suficientemente certa para que seja observado o critrio de probabilidade do item 4.38, antes que um ativo ou um passivo seja reconhecido.

4.6. Ao avaliar se um item se enquadra na definio de ativo, passivo ou patrimnio lquido, deve-se aten-tar para a sua essncia subjacente e realidade econmica e no apenas para sua forma legal. Assim, por exemplo, no caso do arrendamento mercantil financeiro, a essncia subjacente e a realidade econmica so a de que o arrendatrio adquire os benefcios econmicos do uso do ativo arrendado pela maior parte da sua vida til, em contraprestao de aceitar a obrigao de pagar por esse direito valor prximo do valor justo do ativo e o respectivo encargo financeiro. Dessa forma, o arrendamento mercantil financeiro d origem a itens que satisfazem definio de ativo e de passivo e, portanto, devem ser reconhecidos como tais no balano patrimonial do arrendatrio.

4.7. Balanos patrimoniais elaborados de acordo com os Pronunciamentos Tcnicos, Interpretaes e Orientaes vigentes podem incluir itens que no satisfaam s definies de ativo ou de passivo e que no sejam tratados como parte do patrimnio lquido. As definies estabelecidas no item 4.4 devem, por outro lado, subsidiar futuras revises a serem promovidas nos documentos vigentes, bem como na formulao de Pronunciamentos Tcnicos, Interpretaes e Orientaes adicionais.

Ativos

4.8. O benefcio econmico futuro incorporado a um ativo o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade. Tal potencial pode ser produtivo, quando o recurso for parte integrante das atividades operacionais da entidade. Pode tambm ter a forma de conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa ou pode ainda ser capaz de reduzir as sadas de caixa, como no caso de processo industrial alternativo que reduza os custos de produo.

4.9. A entidade geralmente emprega os seus ativos na produo de bens ou na prestao de servios capazes de satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores. Tendo em vista que esses bens ou servios podem satisfazer esses desejos ou necessidades, os consumidores se predispem a pagar por eles e a contribuir assim para o fluxo de caixa da entidade. O caixa por si s rende servios para a entidade, visto que exerce um comando sobre os demais recursos.

4.10. Os benefcios econmicos futuros incorporados a um ativo podem fluir para a entidade de diversas maneiras. Por exemplo, o ativo pode ser:

(a) usado isoladamente ou em conjunto com outros ativos na produo de bens ou na prestao de servios a serem vendidos pela entidade;

(b) trocado por outros ativos;(c) usado para liquidar um passivo; ou(d) distribudo aos proprietrios da entidade.

4.11. Muitos ativos, como, por exemplo, itens do imobilizado, tm forma fsica. Entretanto, a forma fsica no essencial para a existncia de ativo. Assim sendo, as patentes e os direitos autorais, por exemplo, so considerados ativos, caso deles sejam esperados que benefcios econmicos futuros fluam para a entidade e caso eles sejam por ela controlados.

4.12. Muitos ativos, como, por exemplo, contas a receber e imveis, esto associados a direitos legais, incluindo o direito de propriedade. Ao determinar a existncia do ativo, o direito de propriedade no essencial. Assim, por exemplo, um imvel objeto de arrendamento mercantil ser um ativo, caso a entidade controle os benefcios econmicos que so esperados que fluam da propriedade. Embora a capacidade de a entidade controlar os benefcios econmicos normalmente resulte da existncia de direitos legais, o item pode, contudo, satisfazer definio de ativo mesmo quando no houver con-trole legal. Por exemplo, o conhecimento (know-how) obtido por meio da atividade de desenvolvimento de produto pode satisfazer definio de ativo quando, mantendo esse conhecimento (know-how) em segredo, a entidade controlar os benefcios econmicos que so esperados que fluam desse ativo.

4.13. Os ativos da entidade resultam de transaes passadas ou de outros eventos passados. As entidades normalmente obtm ativos por meio de sua compra ou produo, mas outras transaes ou eventos podem gerar ativos. Por exemplo, um imvel recebido de ente governamental como parte de programa para fomentar o crescimento econmico de dada regio ou a descoberta de jazidas minerais. Transa-es ou eventos previstos para ocorrer no futuro no do origem, por si s, ao surgimento de ativos. Desse modo, por exemplo, a inteno de adquirir estoques no atende, por si s, definio de ativo.

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4.14. H uma forte associao entre incorrer em gastos e gerar ativos, mas ambas as atividades no so necessariamente indissociveis. Assim, o fato de a entidade ter incorrido em gasto pode fornecer uma evidncia de busca por futuros benefcios econmicos, mas no prova conclusiva de que um item que satisfaa definio de ativo tenha sido obtido. De modo anlogo, a ausncia de gasto relacionado no impede que um item satisfaa definio de ativo e se qualifique para reconhecimento no balano patrimonial. Por exemplo, itens que foram doados entidade podem satisfazer definio de ativo.

Passivos

4.15. Uma caracterstica essencial para a existncia de passivo que a entidade tenha uma obrigao presente. Uma obrigao um dever ou responsabilidade de agir ou de desempenhar uma dada tarefa de certa maneira. As obrigaes podem ser legalmente exigveis em consequncia de contrato ou de exigncias estatutrias. Esse normalmente o caso, por exemplo, das contas a pagar por bens e servios recebidos. Entretanto, obrigaes surgem tambm de prticas usuais do negcio, de usos e costumes e do desejo de manter boas relaes comerciais ou agir de maneira equitativa. Desse modo, se, por exemplo, a entidade que decida, por questo de poltica mercadolgica ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos, mesmo quando tais defeitos tenham se tornado conhecidos depois da expirao do perodo da garantia, as importncias que espera gastar com os produtos j vendidos constituem passivos.

4.16. Deve-se fazer uma distino entre obrigao presente e compromisso futuro. A deciso da administra-o de uma entidade para adquirir ativos no futuro no d origem, por si s, a uma obrigao presente. A obrigao normalmente surge somente quando um ativo entregue ou a entidade ingressa em acordo irrevogvel para adquirir o ativo. Nesse ltimo caso, a natureza irrevogvel do acordo significa que as consequncias econmicas de deixar de cumprir a obrigao, como, por exemplo, em funo da existncia de penalidade contratual significativa, deixam a entidade com pouca, caso haja alguma, liberdade para evitar o desembolso de recursos em favor da outra parte.

4.17. A liquidao de uma obrigao presente geralmente implica a utilizao, pela entidade, de recursos incorporados de benefcios econmicos a fim de satisfazer a demanda da outra parte. A liquidao de uma obrigao presente pode ocorrer de diversas maneiras, como, por exemplo, por meio de:

(a) pagamento em caixa;(b) transferncia de outros ativos;(c) prestao de servios;(d) substituio da obrigao por outra; ou(e) converso da obrigao em item do patrimnio lquido.

A obrigao pode tambm ser extinta por outros meios, tais como pela renncia do credor ou pela perda dos seus direitos.

4.18. Passivos resultam de transaes ou outros eventos passados. Assim, por exemplo, a aquisio de bens e o uso de servios do origem a contas a pagar (a no ser que pagos adiantadamente ou na entrega) e o recebimento de emprstimo bancrio resulta na obrigao de honr-lo no vencimento. A entidade tambm pode ter a necessidade de reconhecer como passivo os futuros abatimentos baseados no volume das compras anuais dos clientes. Nesse caso, a venda de bens no passado a transao que d origem ao passivo.

4.19. Alguns passivos somente podem ser mensurados por meio do emprego de significativo grau de esti-mativa. No Brasil, denominam-se esses passivos de provises. A definio de passivo, constante do item 4.4, segue uma abordagem ampla. Desse modo, caso a proviso envolva uma obrigao presen-te e satisfaa os demais critrios da definio, ela um passivo, ainda que seu montante tenha que ser estimado. Exemplos concretos incluem provises para pagamentos a serem feitos para satisfazer acordos com garantias em vigor e provises para fazer face a obrigaes de aposentadoria.

Patrimnio lquido

4.20. Embora o patrimnio lquido seja definido no item 4.4 como algo residual, ele pode ter subclassifica-es no balano patrimonial. Por exemplo, na sociedade por aes, recursos aportados pelos scios, reservas resultantes de retenes de lucros e reservas representando ajustes para manuteno do capital podem ser demonstrados separadamente. Tais classificaes podem ser relevantes para a tomada de deciso dos usurios das demonstraes contbeis quando indicarem restries legais ou de outra natureza sobre a capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma os

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seus recursos patrimoniais. Podem tambm refletir o fato de que determinadas partes com direitos de propriedade sobre a entidade tm direitos diferentes com relao ao recebimento de dividendos ou ao reembolso de capital.

4.21. A constituio de reservas , por vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar entidade e seus credores uma margem maior de proteo contra os efeitos de prejuzos. Outras reservas podem ser constitudas em atendimento a leis que concedem isenes ou redues nos impostos a pagar quando so feitas transferncias para tais reservas. A existncia e o tamanho de tais reservas legais, estatu-trias e fiscais representam informaes que podem ser importantes para a tomada de deciso dos usurios. As transferncias para tais reservas so apropriaes de lucros acumulados, portanto, no constituem despesas.

4.22. O montante pelo qual o patrimnio lquido apresentado no balano patrimonial depende da men-surao dos ativos e passivos. Normalmente, o montante agregado do patrimnio lquido somente por coincidncia corresponde ao valor de mercado agregado das aes da entidade ou da soma que poderia ser obtida pela venda dos seus ativos lquidos numa base de item-por-item, ou da entidade como um todo, tomando por base a premissa da continuidade (going concern basis).

4.23. Atividades comerciais e industriais, bem como outros negcios so frequentemente exercidos por meio de firmas individuais, sociedades limitadas, entidades estatais e outras organizaes cujas es-truturas, legal e regulamentar, em regra, so diferentes daquelas aplicveis s sociedades por aes. Por exemplo, pode haver poucas restries, caso haja, sobre a distribuio aos proprietrios ou a outros beneficirios de montantes includos no patrimnio lquido. No obstante, a definio de patri-mnio lquido e os outros aspectos dessa Estrutura Conceitual que tratam do patrimnio lquido so igualmente aplicveis a tais entidades.

Performance

4.24. O resultado frequentemente utilizado como medida de performance ou como base para outras me-didas, tais como o retorno do investimento ou o resultado por ao. Os elementos diretamente relacio-nados com a mensurao do resultado so as receitas e as despesas. O reconhecimento e a mensu-rao das receitas e despesas e, consequentemente, do resultado, dependem em parte dos conceitos de capital e de manuteno de capital adotados pela entidade na elaborao de suas demonstraes contbeis. Esses conceitos esto expostos nos itens 4.57 a 4.65.

4.25. Os elementos de receitas e despesas so definidos como segue:

(a) receitas so aumentos nos benefcios econmicos durante o perodo contbil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuio de passivos, que resultam em aumentos do patrimnio lquido, e que no estejam relacionados com a contribuio dos deten-tores dos instrumentos patrimoniais;

(b) despesas so decrscimos nos benefcios econmicos durante o perodo contbil, sob a forma da sada de recursos ou da reduo de ativos ou assuno de passivos, que resultam em decrscimo do patrimnio lquido, e que no estejam relacionados com distribuies aos deten-tores dos instrumentos patrimoniais.

4.26. As definies de receitas e despesas identificam suas caractersticas essenciais, mas no so uma tentativa de especificar os critrios que precisam ser satisfeitos para que sejam reconhecidas na de-monstrao do resultado. Os critrios para o reconhecimento das receitas e despesas esto expostos nos itens 4.37 a 4.53.

4.27. As receitas e as despesas podem ser apresentadas na demonstrao do resultado de diferentes ma-neiras, de modo a serem prestadas informaes relevantes para a tomada de decises econmicas. Por exemplo, prtica comum distinguir os itens de receitas e despesas que surgem no curso das atividades usuais da entidade daqueles que no surgem. Essa distino feita considerando que a origem de um item relevante para a avaliao da capacidade que a entidade tem de gerar caixa ou equivalentes de caixa no futuro. Por exemplo, atividades incidentais como a venda de um investimento de longo prazo so improvveis de voltarem a ocorrer em base regular. Quando da distino dos itens dessa forma, deve-se levar em conta a natureza da entidade e suas operaes