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Daniela Alves Leme – MA10 – RA 00077278 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO OPTATIVA – DIREITO ELEITORAL PROPAGANDA POLÍTICA Propaganda é uma forma de propagar, disseminar, vender uma ideia, uma mensagem, um conhecimento ou teoria. A propaganda política nada mais é que o meio de difundir as ideias e concepções do partido político, bem como angariar simpatizantes com vistas à conquista ou manutenção do poder. Para Cândido 1 , fiel à letra do art. 36 da Lei das Eleições (LE), existem três tipos de propaganda política: a intrapartidária, a partidária e a eleitoral. Já Gomes 2 defende existirem quatro tipos: a intrapartidária, a partidária, a eleitoral e a institucional. Propaganda intrapartidária (art. 36, § 1º da Lei nº 9.504/1997) É aquela que ocorre no âmbito partidário, ou seja, é a propaganda realizada dentro do partido político junto aos filiados, visando, principalmente, divulgar o nome de pré-candidatos que pretendem disputar cargos eletivos. Essa propaganda é realizada na quinzena anterior às convenções partidárias e deverá ser feita por meio de mensagens eletrônicas, cartas e distribuição de panfletos. Além disso, “não se veda o uso de faixas e cartazes para realização de propaganda intrapartidária, desde que em local próximo da realização das prévias, com mensagem aos filiados” (TSE, Cta 1.673/DF, Rel. Min. Felix Fischer, DJ de 1.9.2009). A lei proíbe a divulgação da propaganda intrapartidária por meio de rádio, televisão e outdoor, por serem meios de comunicação de massa (art. 36, § 1º, da LE), sujeitando o infrator à sanção prevista no art. 36, § 3º, da LE, e podendo, ainda, ser caracterizada como propaganda eleitoral extemporânea ou antecipada. Oportunamente, vejamos alguns julgados do TSE a respeito: 1 CÂNDIDO, Joel José. Direito eleitoral brasileiro. 15. ed. São Paulo: EDIPRO, 2012, p. 177. 2 GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 333.

Propaganda Política

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Daniela Alves Leme MA10 RA 00077278PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE SO PAULO

FACULDADE DE DIREITOOPTATIVA DIREITO ELEITORAL

PROPAGANDA POLTICAPropaganda uma forma de propagar, disseminar, vender uma ideia, uma mensagem, um conhecimento ou teoria. A propaganda poltica nada mais que o meio de difundir as ideias e concepes do partido poltico, bem como angariar simpatizantes com vistas conquista ou manuteno do poder.Para Cndido, fiel letra do art. 36 da Lei das Eleies (LE), existem trs tipos de propaganda poltica: a intrapartidria, a partidria e a eleitoral. J Gomes defende existirem quatro tipos: a intrapartidria, a partidria, a eleitoral e a institucional.

Propaganda intrapartidria (art. 36, 1 da Lei n 9.504/1997)

aquela que ocorre no mbito partidrio, ou seja, a propaganda realizada dentro do partido poltico junto aos filiados, visando, principalmente, divulgar o nome de pr-candidatos que pretendem disputar cargos eletivos. Essa propaganda realizada na quinzena anterior s convenes partidrias e dever ser feita por meio de mensagens eletrnicas, cartas e distribuio de panfletos. Alm disso, no se veda o uso de faixas e cartazes para realizao de propaganda intrapartidria, desde que em local prximo da realizao das prvias, com mensagem aos filiados (TSE, Cta 1.673/DF, Rel. Min. Felix Fischer, DJ de 1.9.2009).

A lei probe a divulgao da propaganda intrapartidria por meio de rdio, televiso e outdoor, por serem meios de comunicao de massa (art. 36, 1, da LE), sujeitando o infrator sano prevista no art. 36, 3, da LE, e podendo, ainda, ser caracterizada como propaganda eleitoral extempornea ou antecipada.Oportunamente, vejamos alguns julgados do TSE a respeito:Recurso especial eleitoral. Representao por propaganda eleitoral extempornea (art. 36, da Lei n. 9.504/97). Configurao. Veiculao, em emissora de rdio, de propaganda intrapartidria dirigida populao em geral. [...] NE: Conforme a orientao jurisprudencial do Tribunal Superior Eleitoral, a propaganda intrapartidria deve limitar-se ao mbito partidrio e configura-se como propaganda eleitoral extempornea quando atinge toda a comunidade. (TSE, Ac. de 3.5.2011 no REspe n 43736, Rel. Min. Crmen Lcia)Consulta. Partido poltico. Prvias eleitorais. 2. A divulgao das prvias no pode revestir carter de propaganda eleitoral antecipada, razo pela qual se limita a consulta de opinio dentro do partido. 1) A divulgao das prvias por meio de pgina na internet extrapola o limite interno do Partido e, por conseguinte, compromete a fiscalizao, pela Justia Eleitoral, do seu alcance. 2) Tendo em vista a restrio de que a divulgao das prvias no pode ultrapassar o mbito intrapartidrio, as mensagens eletrnicas so permitidas apenas aos filiados do partido. 3) Nos termos do art. 36, 3 da Lei n 9.504/97, que pode ser estendido por analogia s prvias, no se veda o uso de faixas e cartazes para realizao de propaganda intrapartidria, desde que em local prximo da realizao das prvias, com mensagem aos filiados. 4) Na esteira dos precedentes desta e. Corte que cuidam de propaganda intrapartidria, entende-se que somente a confeco de panfletos para distribuio aos filiados, dentro dos limites do partido, no encontra, por si s, vedao na legislao eleitoral. 5) Assim como as mensagens eletrnicas, o envio de cartas, como forma de propaganda intrapartidria, permitido por ocasio das prvias, desde que essas sejam dirigidas exclusivamente aos filiados do partido. 6) Incabvel autorizar matrias pagas em meios de comunicao, uma vez que ultrapassam ou podem ultrapassar o mbito partidrio e atingir, por conseguinte, toda a comunidade. 3. Os eleitores no filiados ao partido poltico no podem participar das prvias sob pena de tornar letra morta a proibio de propaganda extempornea. (TSE, Cta 1673/DF, Rel. Min. Felix Fischer, DJ de 1.9.2009). Propaganda partidria (art. 36, 2 da Lei n 9.504/1997, arts. 45 a 49 da Lei n 9.096/1995 e Res. TSE 20.034/1997)

A propaganda partidria aquela destinada a expor sociedade programa, a ideologia e os projetos do partido poltico. A finalidade precpua da propaganda partidria est ligada diretamente a promover, tornar conhecido o partido, e no os candidatos.Vrios so os julgados do c. TSE dispondo nestes termos, a saber:1. O lanamento de crticas em programa partidrio ainda que desabonadoras ao desempenho de filiado frente da administrao admitido quando no ultrapasse o limite da discusso de temas de interesse poltico-comunitrio, vedada a divulgao de ofensas pessoais ao governante ou imagem de partido poltico, no exalte as qualidades do responsvel pela propaganda e no denigra a imagem da agremiao opositora, sob pena de configurar propaganda eleitoral subliminar, veiculada em perodo no autorizado pela legislao de regncia. (TSE, Ac. de 28.6.2011 na Rp n 118181, Rel. Min. Nancy Andrighi.)

7. Na linha da jurisprudncia desta Corte, admissvel a participao de filiados com destaque poltico durante a veiculao de programa partidrio, desde que nela no ocorra publicidade de teor eleitoral ou exclusiva promoo pessoal. 8. A propaganda partidria, ainda que ressaltando a atuao de notria filiada, se limitou a divulgar a posio do partido em relao a temas poltico-comunitrios: educao e meio ambiente. (TSE, Ac. de 25.4.2012 na Rp n 125198, Rel. Min. Nancy Andrighi, red. designado Min. Marcelo Ribeiro; no mesmo sentido o Ac. de 2.4.2009 no AAG n 7860, Rel. Min. Marcelo Ribeiro.)

A Lei Orgnica dos Partidos Polticos (Lei n 9.096/1995) traz, no seu art. 45, como objetivos da propaganda partidria: (i) difundir os programas partidrios; (ii) transmitir mensagens aos filiados sobre a execuo do programa partidrio, dos eventos com este relacionados e das atividades congressuais do partido; (iii) divulgar a posio do partido em relao a temas poltico-comunitrios; e (iv) promover e difundir a participao poltica feminina, dedicando s mulheres o tempo que ser fixado pelo rgo nacional de direo partidria, observado o mnimo de 10% (dez por cento).A Constituio Federal de 1988 garante aos partidos polticos o acesso gratuito ao rdio e televiso, na forma da lei (art. 17, 3), sendo vedada a veiculao de propaganda paga (art. 45, 6 da Lei n 9.096/1995).Importante frisar que os partidos tm acesso gratuito ao espao para propaganda, contudo, a veiculao da propaganda no gratuita, pois as emissoras de rdio e televiso recebem seu pagamento na forma de compensao fiscal (art. 52 da Lei n 9.096/1995; art. 99 da Lei n 9.504/1997 e Decreto n 7.791/2012).A transmisso realizada em mbito nacional e estadual, entre as 19h30min e as 22h, sendo feita de duas formas: em cadeia e em inseres (art. 45 da Lei n 9.096/1995). A propaganda partidria deixa de ser veiculada apenas no segundo semestre do ano em que ocorrem eleies (art. 36, 2 da Lei n 9.504/1997).As inseres sero autorizadas: (i) pelo Tribunal Superior Eleitoral, quando solicitadas por rgo de direo nacional de partido; e (ii) pelo Tribunal Regional Eleitoral, quando solicitadas por rgo de direo estadual de partido (art. 46, 6, da Lei n 9.096/1995).No pedido, devem constar: (i) indicao das emissoras geradoras, acompanhada, imprescindivelmente, dos respectivos endereos e nmeros para envio de comunicao; (ii) prova do direito transmisso, mediante certido da Mesa da Cmara dos Deputados, comprobatria da bancada eleita naquela Casa.Na propaganda partidria gratuita, so vedadas: (i) a participao de pessoa filiada a partido que no o responsvel pelo programa; (ii) a divulgao de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos; e (iii) a utilizao de imagens ou cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que distoram ou falseiem os fatos ou a sua comunicao (art. 45, 1, da Lei n 9.096/1995).O desvirtuamento dos objetivos da propaganda partidria ser punido com a cassao do direito de transmisso no semestre seguinte, quando a infrao ocorrer nas transmisses em bloco. Quando a infrao ocorrer nas transmisses em inseres, ser punida com a cassao de tempo equivalente a cinco vezes o tempo da insero ilcita, tambm no semestre seguinte (art. 45, 2, I e II da Lei n 9.096/1995).So formas de desvirtuamento da propaganda partidria: (i) a participao de pessoa filiada a partido que no o responsvel pelo programa; (ii) a divulgao de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos; e (iii) a utilizao de imagens ou cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que distoram ou falseiem os fatos ou a sua comunicao (art. 45, 1, I a III da Lei n 9.096/1995).Obviamente, a forma de desvio mais encontrada o item que se refere divulgao de propaganda de candidatos, como podemos ver nos julgados a seguir:3. Configura propaganda eleitoral antecipada, alm de ocorrer o desvirtuamento da propaganda partidria, a veiculao de imagem e enaltecimento de pr-candidatos a governador e a senador, no mbito de inseres partidrias transmitidas no semestre anterior ao incio do perodo eleitoral. (TSE, Ac. de 25.4.2012 na Rp n 114624, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, red. designado Min. Marcelo Ribeiro).

Eleies 2010. Propaganda partidria. Desvirtuamento em promoo pessoal de filiado com finalidade eleitoral. 1. A propaganda partidria no se limitou ao propsito de difundir o programa do partido, pois, ainda que de maneira dissimulada, explorou as qualidades do filiado, possvel candidato, visando a futuro pleito eleitoral. Tal circunstncia suficiente para caracterizar desvirtuamento da propaganda partidria em propaganda eleitoral antecipada. (TSE, Ac. de 24.3.2011 no AgR-AgR-AI n 339108, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior).

Para ter garantida a transmisso da propaganda partidria, os partidos devem requerer Justia Eleitoral, at o dia 1 de dezembro do ano anterior transmisso (Res. TSE 20.034/1997). E a no observncia da data-limite impe a perda do direito de veiculao da propaganda (TSE, Cta n 1145/DF, Res. N 22.010/2005, Rel. Min. Humberto Barros). Propaganda eleitoral (arts. 240 a 256 do Cdigo Eleitoral; arts. 36 a 58-A da Lei 9.504/1997 e Res. TSE n 23.404/2014)

Propaganda eleitoral aquela em que partidos polticos e candidatos divulgam, por meio de mensagens dirigidas aos eleitores, suas candidaturas e propostas polticas, a fim de se mostrarem os melhores para os cargos eletivos a que disputam, conquistando, assim, voto dos eleitores.De modo geral, livre o exerccio da propaganda, desde que realizada na forma e no perodo regulamentados pela legislao eleitoral (art. 41 da Lei n 9.504/1997).Ressalva-se a proibio expressa de alguns tipos de propaganda (art. 243 do Cdigo Eleitoral e Lei n 5.700/1971) que atentam contra a segurana nacional e a ordem pblica. So elas: (i) de guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem poltica e social ou de preconceitos de raa ou de classes; (ii) que provoque animosidade entre as Foras Armadas ou contra elas, ou delas contra as classes e instituies civis; (iii) de incitamento de atentado contra pessoa ou bens; (iv) de instigao desobedincia coletiva ao cumprimento da lei de ordem pblica; (v) que implique oferecimento, promessa ou solicitao de dinheiro, ddiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza; (vi) que perturbe o sossego pblico, com algazarra ou abusos de instrumentos sonoros ou sinais acsticos; (vii) por meio de impressos ou de objeto que pessoa inexperiente ou rstica possa confundir com moeda; (viii) que prejudique a higiene e a esttica urbana ou contravenha a posturas municiais ou a outra qualquer restrio de direito; (ix) que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como rgos ou entidades que exeram autoridade pblica; e (x) que desrespeite os smbolos nacionais.De modo geral, o perodo da propaganda eleitoral se inicia em 6 de julho do ano da eleio e perdura at a vspera do pleito, conforme tipo da propaganda (art. 36, caput, da Lei n 9.504/1997). Alm disso, a proibio de realizar propaganda antes de 5 de julho atinge todas as pessoas, independentemente da aspirao pessoal em disputar a eleio a que ela se destina. (TSE, Ac. de 5.8.2010 no R-Rp n 134631, Rel. Min. Henrique Neves). Propaganda institucional (art. 37, 1 da CF)

Segundo Gomes, a propaganda institucional um tipo de propaganda poltica e deve ser realizada para divulgar de maneira honesta, verdica e objetiva os atos e feitos da administrao, sempre se tendo em foco o dever de bem informar a populao. Para configurar-se, deve ser custeada com recursos pblicos e autorizada por agente pblico.A funo da propaganda institucional promover a instituio, devendo ter carter educativo, informativo e de orientao social, podendo ser feita por qualquer meio de publicidade.A propaganda institucional no pode ser utilizada como meio de promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos, sob pena de transformar-se em propaganda eleitoral.

CNDIDO, Joel Jos. Direito eleitoral brasileiro. 15. ed. So Paulo: EDIPRO, 2012, p. 177.

GOMES, Jos Jairo. Direito eleitoral. 8. ed. So Paulo: Atlas, 2012, p. 333.

A transmisso em cadeia caracteriza-se por suspender a programao da emissora para que a mensagem v ao ar simultaneamente em todos os canais.

A insero a mensagem intercalada na programao normal da emissora.

A Lei Eleitoral permite a manuteno da propaganda na internet, exclusivamente nos sites, blogs, site interativo ou social, ou outros meios eletrnicos de comunicao do candidato, ou no site do partido ou coligao (art. 7 da Lei n 12.034/2009).

GOMES, Jos Jairo. Direito eleitoral. 8. ed. So Paulo: Atlas, 2012, p. 389.

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