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PROPOSIÇÃO DE MODELO DE ENDEREÇAMENTO DE MATERIAIS PARA APLICAÇÃO EM EMPRESAS VAREJISTAS DE PEQUENO A MÉDIO PORTE Marcelo Coelho de Sousa (UNAMA) [email protected] Este artigo apresenta um estudo de caso da aplicação do endereçamento de materiais visando à utilização desta técnica em empresas de pequeno e médio porte para proporcionar a melhoria no desempenho da armazenagem de materiais. Para sua reallização foi feito um estudo do processo de armazenagem de materiais da empresa em questão e a partir deste feita uma proposição de modelo de endereçamento, uma vez que este modelo é de melhor adequação a realidade de empresas de pequeno ou médio porte. Desta forma, procurou-se mostrar todo o processo de implantação e os resultados obtidos a partir do endereçamento de materiais, como o aumento de produtividade, maior controle de informações e no gerenciamento de produtos, onde o conjunto destes gerou um aumento na operacionalização da armazenagem e redução de custos de armazenagem. Palavras-chaves: Logística,Armazenagem de Materias, Localização de Materiais. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

PROPOSIÇÃO DE MODELO DE ENDEREÇAMENTO DE … · O ponto chave para a concretização do endereçamento é a derradeira etapa do modelo de endereçamento para pequeno varejo proposto

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PROPOSIÇÃO DE MODELO DE

ENDEREÇAMENTO DE MATERIAIS

PARA APLICAÇÃO EM EMPRESAS

VAREJISTAS DE PEQUENO A MÉDIO

PORTE

Marcelo Coelho de Sousa (UNAMA)

[email protected]

Este artigo apresenta um estudo de caso da aplicação do

endereçamento de materiais visando à utilização desta técnica em

empresas de pequeno e médio porte para proporcionar a melhoria no

desempenho da armazenagem de materiais. Para sua reallização foi

feito um estudo do processo de armazenagem de materiais da empresa

em questão e a partir deste feita uma proposição de modelo de

endereçamento, uma vez que este modelo é de melhor adequação a

realidade de empresas de pequeno ou médio porte. Desta forma,

procurou-se mostrar todo o processo de implantação e os resultados

obtidos a partir do endereçamento de materiais, como o aumento de

produtividade, maior controle de informações e no gerenciamento de

produtos, onde o conjunto destes gerou um aumento na

operacionalização da armazenagem e redução de custos de

armazenagem.

Palavras-chaves: Logística,Armazenagem de Materias, Localização de

Materiais.

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1. Introdução

A crise mundial se faz presente no globo e todas as empresas estão sendo afetadas por esta, de

forma que o consumo tende a diminuir, o preço dos produtos tende a aumentar, o crédito fica

mais escasso e os fornecedores passam a solicitar um pagamento mais rápido, diminuição dos

prazos.

Portanto, nestes momentos muitos passam a olhar para a máquina empresarial, buscando por

excessos. Ao visualizar o estoque, percebe-se que, em muitos casos, grande parte do capital

da empresa encontra-se ali, produtos estocados, recursos humanos e tecnologia para controlar

tudo isto. Ao perceber isto, a tendência é regular o estoque, mas de que forma se não se tem o

capital disponível? Com a aplicação de técnicas de simples utilização e baixo custo auxiliando

o empreendedor em sua gestão de estoque. Controlar é preciso, mas fazer isto de forma ótima

é o grande diferencial.

Neste artigo é apresentado, um modelo prático para a aplicação do endereçamento de

materiais em empresas de pequeno porte, visando a agilidade na implantação deste processo e

o baixo custo. Além disto, é mostrado um estudo de caso de aplicação de endereçamento de

materiais para facilitar a gerência do estoque. Será mostrada também a teoria que embasa o

endereçamento de materiais.

2. Referencial Teórico

2.1 Armazenagem de Materiais

Segundo Moura (1997), “A função da atividade de estocagem é guardar, proteger e preservar

o material até que o mesmo seja querido para uso. Uma maneira de se ter uma operação

eficiente são o planejamento e o layout apropriado das dimensões da área de estocagem.”

Portanto, para se ter maior agilidade dentro do armazém, torna-se necessário realizar de forma

ótima o processo de armazenagem, uma vez que a armazenagem é o passo anterior à

separação de materiais.

Ainda no processo de armazenagem, segundo Moura (1997), esta pode ser realizada de acordo

com as características dos materiais, desta forma:

Armazenagem por agrupamento: materiais estocados de acordo com a forma

correspondente à lista de materiais ou outro tipo de agrupamento semelhante e

identificado pelas divisões das estantes, aplicável a baixo volume;

Armazenagem por Tamanho, peso e espécie de material: Os materiais são

dispostos de forma a facilitar sua movimentação, ou seja, entrada e saída destes

e manuseios;

Armazenagem por Separação entre Lote de Reserva e Lote Diário: estoques

armazenados em espaços distintos, o primeiro é responsável pelo

ressuprimento do segundo (lote diário) e o segundo realiza as movimentações

diárias.

No modelo que será proposto neste artigo, foi realizado o armazenamento de produtos

levando em consideração a freqüência de requisição dos mesmos e suas capacidades de

movimentação, ou seja, a dificuldade que o separador terá para movimentar este produto até o

ponto de venda. Ainda foi considerado que existirão localizações (endereços) onde o produto

será apenas armazenado em maiores quantidade de forma a suprir os endereços de

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movimentação diária.

Figura 1 – Consumo do tempo do Operador. Fonte: Tompkins Associates

De acordo com a figura 1, torna-se perceptível que grande parte do tempo do operador é

utilizado no deslocamento e busca dos produtos dentro do depósito. Exatamente por isto que a

localização de produtos facilita o trabalho do separador, pois os produtos estarão dispostos de

acordo com sua freqüência de requisição, além disto, será obedecida a regra de locação de

materiais.

Para a disposição de materiais nas estruturas de armazenagem, têm-se segundo Moura (1997),

os itens grandes e leves devem ser estocados acima do ombro, porque os itens são facilmente

identificados e os leves podem ser movimentados nessa posição. Os itens pequenos, com peso

médio, são mais bem movimentados entre o ombro e os quadris, de forma que o operário

possa ver em pequenas aberturas ou em caixas e seja capaz de levantá-los e estocá-los na

prateleira. Os itens maiores e pesados são mais bem estocados abaixo dos quadris, para que o

operário possa usar os músculos da perna para levantá-los.

3. Modelo Proposto para Endereçamento de Materiais

Após a realização da revisão teórica, foi desenvolvido um modelo para Endereçamento de

Materiais (figura 2). Neste modelo, será mostrado todo o passo a passo necessário para o

endereçamento de um armazém de forma que se possa aperfeiçoar o processo de separação e

agregar maior confiabilidade ao processo.

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Endereçamento de MateriaisQ

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e

Levantamento de Posição Atual do

Estoque

Balanceamento do

Estoque de Acordo com

Previsão de Demanda

Desenho de Estruturas de

Armazenagem

Contabilização de

Posições de

Armazenagem

Análise da Totalidade de

Endereços na Situação

Atual.

Dimensionamento de Endereços para

Estoque Balanceado.Inventário de Endereços.

Classificação de Endereços de Acordo

com a Curva ABC de Rotatividade.

Codificação de

Endereços.

Posicionamento dos

Produtos em seus Devidos

Endereços (Curva ABC).

1.1 1.2

1.3

2.1 2.2

2.3

3.1 3.2

4.1 4.2

4.3

Análise de Relatório de

Vendas do Último Ano e

Classificação ABC por

Rotatividade.

Figura 2: Modelo de Endereçamento Proposto. Fonte: Autor

Nos tópicos a seguir, cada uma dessas etapas do processo de endereçamento serão detalhadas.

3.1. Diagnóstico do Estoque

No Diagnóstico do Estoque deve ser obedecida a seqüência de atividades, conforme a figura

2. Portanto, o primeiro passo será realizar o Levantamento da Posição do Estoque Atual

(atividade 1.1), esta atividade consiste em obter a quantidade de produtos em estoque na data

presente. A segunda atividade a ser executada será a Análise de Relatório de Vendas do

último ano e a classificação ABC por rotatividade (atividade 1.2), para esta atividade deve-se

obter o relatório de venda do último ano, após obter este histórico de vendas realiza-se a

classificação ABC por rotatividade, ou seja, classificam-se os produtos por quantidade de

vendas ocorridas.

Por último, deve-se realizar o Balanceamento de Estoque de Acordo com a Previsão de

Demanda (atividade 1.3), esta é a atividade crítica do diagnóstico do estoque. O

balanceamento de estoque consiste em calcular o estoque ideal com base na análise das

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vendas do último período (12 meses). Desta forma, calcula-se a demanda diária e mensal com

base nas vendas do período de doze meses e estima-se a quantidade de estoque necessária

para suprir a demanda somada ao estoque de segurança.

3.2. Diagnóstico de Endereços

Nesta etapa do endereçamento de armazéns, é de extrema importância que seja verificado o

modelo de estrutura que está sendo utilizado, ou seja, analisar as especificidades de cada

estrutura de armazenagem, pois realizar este levantamento evitará ter que recriar ou excluir os

códigos de endereçamento após sua criação, o que seria um retrabalho. Para fazer o desenho

das estruturas de armazenagem (atividade 2.1), é indicado fazer uma inspeção nas estruturas

de armazenagem, verificando: volume suportado em cada locação e quantidade de endereços

em cada estrutura (módulo). É de extrema importância que esta atividade seja realizada com

exatidão. Em seguida, deve-se realizar a contabilização de posições de armazenagem

(atividade 2.2), ou seja, contabilizar quantos endereços (códigos de locação) será criado. A

análise da totalidade de endereços na situação atual (atividade 2.3) é responsável pela

comparação entre a quantidade de endereços criados e a locação dos produtos atuais nestes

endereços, a fim de verificar se os endereços criados contemplam todos os produtos dos quais

a empresa possui estoque.

3.3. Dimensionamento

O dimensionamento de endereços para estoque balanceado (atividade 3.1) é a atividade que

vai mostrar a quantidade de endereços necessários para a otimização do estoque através do

balanceamento. Portanto, nesta etapa deve-se obter um relatório onde será mostrada a situação

de melhor desempenho de armazenamento de produtos relacionada com a quantidade de

endereços utilizados. Posterior a esta atividade, tem-se o inventário de endereços (atividade

3.2), que consiste no levantamento da informação pertinente a locação dos produtos,

mostrando onde cada produto pode ser alocado, considerando o tipo de endereço que será

utilizado para este produto (quádruplo, triplo, duplo ou inteiro), ressalta-se que as estruturas

de armazenagem, em sua maioria, possuem um padrão, desta forma, para criar endereços

quádruplos, triplos, duplos ou inteiros é necessária a utilização de uma estrutura separadora.

3.4. Posicionamento e Codificação

O ponto chave para a concretização do endereçamento é a derradeira etapa do modelo de

endereçamento para pequeno varejo proposto neste artigo. A primeira atividade desta etapa é

a classificação dos endereços de acordo com a curva ABC de rotatividade (atividade 4.1).

Segundo Moura (1997), os endereços podem ser classificados de acordo com a facilidade de

movimentação proporcionada, para facilitar a compreensão segue a figura 3 abaixo:

Figura 3 - Classificação dos Endereços. Fonte: Moura (1997)

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A partir da classificação de acordo com o tamanho e peso dos materiais, para completar a

classificação dos endereços, deve-se levar em consideração a proximidade dos materiais das

áreas de recebimento e expedição. A área de expedição é o local delimitado onde os materiais

que já se encontram separados e que serão encaminhados para a venda ou entrega, se

encontram alocados. Enquanto a área de recebimento é uma área física na qual os materiais

recebidos são colocados, inspecionados e identificados. (MOURA 1997). Para exemplificar a

classificação de endereços de acordo com a rotatividade é importante observar a figura 4

abaixo:

Figura 4: Rotatividade dos Materiais. Fonte: Moura (1997)

Ao observar a figura 4, acima, percebe-se que as zonas foram classificadas como zonas de

alta, média e baixa classificação o que corresponde, dentro de uma classificação ABC a:

Zona de Alta Movimentação: Onde se encontram materiais com maior

rotatividade, classificados e identificados pela letra A;

Zona de Média Movimentação: Onde se encontram materiais com média

rotatividade, classificados e identificados pela letra B;

Zona de Baixa Movimentação: Onde se encontram materiais com baixa

rotatividade, classificados e identificados pela letra C;

A atividade subseqüente é codificação de endereços (atividade 4.2), nesta atividade os

endereços receberão um nome, ou seja, um código para identificá-los. Ao citar a localização

de materiais, é necessário citar Moura (1997) e seu método universal de seis dígitos, pois

através deste tornou-se possível codificar endereços dentro dos armazéns de forma a

proporcionar maior facilidade na movimentação de materiais.

O modelo proposto neste artigo tem seu foco no pequeno varejo, ou seja, uma realidade

diferenciada onde raramente encontram-se equipamentos de movimentação ou estruturas de

armazenagem mais complexas que a estrutura porta-palete.

Portanto, o modelo de codificação dos endereços funcionará de acordo com o ilustrado na

figura 5, abaixo:

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CD Rua Módulo Andar Apartamento

N. A. N. N. N

Código de Endereço

Figura 5: Exemplo de Endereço

Sendo N numérico e A alfabético.

a) CD – é nomeado como CD o almoxarifado onde aquele material se encontra. A utilização

deste se dá devido à maioria das lojas de pequeno varejo possuir um código interno em

seus sistemas que denomina cada almoxarifado. O código deste se dá pela utilização de

dois algarismos e um ponto. Exemplo: 01,;

b) Rua – é nomeada como Rua a vias de movimentação internas de um armazém. O código

desta se dá através da utilização de letras alfabéticas e um ponto, como por exemplo: A.;

B. Caso a quantidade de ruas supere as letras do alfabeto é recomendado fazer uso de

algarismos antecedendo as letras;

c) Módulo – os módulos são representados na figura 6 e são codificados por algarismos

seguidos de um ponto, por exemplo: 01.;

Figura 6 – Módulo (estrutura porta-palete)

d) Andar – os andares são constituídos pelas alturas que compõe um módulo. Os andares são

codificados por algarismos seguidos de um ponto. Exemplo: 01.;02.

e) Apartamento – os apartamentos são os menores espaços dentro de uma estrutura de um

porta-palete, estes seriam as caixas em azul na figura 6. Os apartamentos são codificados

por algarismos apenas. Exemplo: 01; 02; 03 etc.

Os códigos gerados são impressos em etiquetas e afixados em seus respectivos endereços.

Passada a etapa de codificação, segue-se para a etapa de posicionamento dos produtos em

seus devidos endereços (atividade 4.3), nesta atividade deve-se posicionar cada produto em

seu devido endereço, de acordo com as classificações realizadas anteriormente. Ë importante

ressaltar que um erro nesta etapa pode ocasionar um grande retrabalho, uma vez que tornaria

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necessário realocar os materiais.

4. Estudo de Caso

Para demonstrar a aplicabilidade do modelo proposto, foi realizado o estudo de caso em uma

empresa de varejo do segmento de materiais de construção. O intuito deste estudo de caso é

mostrar as principais vantagens e desvantagens da utilização deste modelo de endereçamento

de materiais proposto.

A empresa objeto deste estudo é uma empresa de pequeno porte com atuação em toda a região

metropolitana de Belém, além de alguns municípios no estado do Pará. A situação atual da

mesma é composta por três armazéns e uma loja. A equipe dos armazéns possui doze

colaboradores e não faz uso de equipamentos de movimentação, ou seja, toda a movimentação

de materiais é feita de forma manual. As estruturas de armazenagem são porta-paletes.

O propósito é diminuir os erros de separação que vinham acontecendo, aperfeiçoar a hora

trabalhada dos colaboradores envolvidos e desenvolver uma metodologia consistente afim de

que os produtos sejam de fácil identificação por qualquer funcionário, uma vez que na

situação atual os produtos são localizados de acordo com a memória dos colaboradores, ou

seja, quando ocorre uma ausência os demais trabalhadores encontram sérios problemas para

encontrar os materiais, aumentando o tempo de separação e também aumentando

drasticamente o índice de produtos trocados ou não encontrados.

4.1. Metodologia

4.1.1. Funcionamento do Processo dentro Armazém

Primeiramente, foi necessário compreender o funcionamento do processo de separação e

movimentação de mercadorias dentro do armazém, após o levantamento das etapas

envolvidas neste processo, foi desenvolvida a figura 7, que mostra o passo a passo desde a

venda do produto até sua entrega ao cliente:

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Requisição de

Mercadoria

Venda

Separação do

Material

Divergência entre

Estoque Físico e

Estoque Sistema?

Carregamento

Acionar Setor de

Logística

Liberação da

Venda

NãoSim

Modo de Entrega

Imediata

Posterior

Análise de

Movimentação e

Vendas do Item

Furo de estoque?

NãoSim

Baixa da

mercadoria do

Almoxarifado

Depósito

Não liberação da

Venda.

Ajuste do Sistema

TÉRMINO

TÉRMINO

Estoque suficiente no

Salão?

Não

Sim

Movimentação da

mercadoria para o

Salão.

Movimentação da

Mercadoria até o

Cliente.

Emissão do

Canhoto no

Depósito

respectivo.

Finalização da

Venda

Separação da

Mercadoria

TÉRMINO

Figura 7 – Descrição do Processo de venda e disponibilização para entrega. Fonte: Autor

4.1.1. Estudo de Tempos Cronometrados

Após mapear o processo de venda e disponibilização para a entrega, foi feito um estudo de

tempos cronometrados, onde segundo Laugeni (2006), o estudo de tempos cronometrados foi

desenvolvido por Taylor quando este estruturou a administração científica, o objetivo é de

medir a eficiência individual no momento de execução das tarefas, através deste estudo torna-

se possível estabelecer padrões de execução.

Para realização deste estudo foram escolhidos sete produtos com maior rotatividade, ou seja,

produtos que são vendidos com bastante freqüência. Após a escolha dos produtos, um

funcionário que de outro setor foi selecionado para realizar a separação dos produtos através

de identificação visual e outro funcionário foi selecionado para realizar a separação dos

produtos através de identificação com o código de endereçamento. A tabela 1, mostra os

tempos cronometrados de cada funcionário.

Produtos Sem Código de

Endereço (tempo

em minutos)

Com Código de

Endereço (tempo

em minutos)

Ganho Percentual

BUCHA RED 40X32 S AMANCO 3 1 33%

JOELHO 90 100MM ESG AMANCO/KRONA 2 1 50%

JUNCAO 45 50X50 ESG AMANCO 3 1 33%

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LIXA DAGUA 100 3M/CARBORUNDUM/NORTON 5 1 20%

PLAFON BRANCO TIPO A SUPERNIKO 2 1 50%

SUPORTE ZINCADO P/CALHA TIGRE PVC DN125 3 1 33%

CABO FLEX WEST/GOLF 2.5MM AZUL MT 3 1 33%

Tempo Total 21 7 33%

Fonte: Autor

Tabela 1 – Análise de Tempos Cronometrados

4.1.2. Treinamento da Equipe

A equipe do armazém foi devidamente treinada, através de reuniões e treinamentos in loco

para realizar a leitura dos códigos de endereçamento. Devido o endereçamento tornar mais

fácil o dia a dia desses funcionários, o aprendizado foi rápido e de forma bastante satisfatória.

5. Resultados

5.1. Controle da Informação

Após a aplicação do modelo, foi observado o controle da informação dentro do armazém, ou

seja, a informação de onde se encontravam os produtos ficava a encargo dos funcionários e,

uma vez que estes poderiam faltar ou rescindir contrato com a empresa, esta informação era

facilmente perdida, ocasionando um grande atraso para que os outros funcionários

adquirissem este conhecimento.

5.2. Maior Controle de Produtos

O sistema foi adequado para controlar os prazos de validade por endereço, ou seja, os

produtos que antes se encontravam dispersos pelo armazém passaram a ser armazenados em

conjunto, facilitando o controle de prazos e o FIFO (First In, First Out).

5.3. Aumento de Produtividade

O endereçamento gerou um aumento na produtividade, que está mostrado na tabela 2, abaixo:

Sem Código de

Endereço

Com Código de

Endereço

Minutos Trabalhados/Dia Separações/Dia Separações/Dia

480 23 69

10 Separadores 229 686

Fonte: Autor

Tabela 2 – Comparação entre Separações

Desta forma, ao considerar a média diária de vendas finalizadas de 202 produtos por dia,

percebe-se que o quadro funcional de 10 trabalhadores supera em 27 separações diárias a

média. A situação torna-se mais favorável ao endereçamento no momento em que é realizada

a comparação entre a média diária separada com código de endereço e a média diária de

vendas finalizada (202 produtos), pois de acordo com esta análise tem-se uma capacidade

ociosa de 7 funcionários, que em termos financeiros representam (tabela 3):

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Tabela Resultados do Endereçamento

Salário do Separador + Encargos R$ 910,00

Capacidade Ociosa 7 funcionários

Ganho com Endereçamento/Mês R$ 6.370,00

Fonte: Autor

Tabela 3 – Resultados com o Endereçamento

Portanto, o endereçamento trouxe um benefício de R$6.370,00 por mês. Considerando um

prazo de implantação de dois meses, é perceptível o ganho advindo do endereçamento, ainda

mais se for considerado que as despesas são apenas por parte das etiquetas e mão de obra para

implantação das atividades.

6. Considerações Finais

O modelo de endereçamento proposto visa aperfeiçoar resultados principalmente em

pequenos varejos, pois nesses casos, em sua maioria, a movimentação de produtos é manual e

não há controle de informações.

Com a proposta apresentada, espera-se que as empresas de varejo de pequeno porte possam

fazer uso deste modelo para gerenciar seus estoques, pois a forma como este modelo foi

proposto gera a possibilidade de implantação deste em qualquer empresa gerando as soluções

aqui demonstradas.

Para casos em que a complexidade da logística supere a situação dos pequenos varejos, o

modelo de endereçamento proposto não abrangerá todas as variáveis do processo, o que pode

ocasionar a má gestão de estoque.

Portanto, espera-se que o conteúdo deste proporcione uma melhoria na gestão de estoques e

proporcione uma possibilidade de utilização da ferramenta de endereçamento que na

atualidade só se faz necessária em processos muito complexos, porém a sua utilidade

Referências

MOURA, R.A. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. 4ed. São Paulo: IMAM,

1997. v.1. p.229 – 244.

MARTINS, P.G. Administração da Produção. 2 ed. Ver. Aum. E atual. São Paulo: Saraiva, 2006.

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. Porto Alegre:

Bookman, 2006.

ARBACHE, Fernando et al. Gestão de logística, distribuição e trade marketing. 3. ed. Rio de Janeiro, 2007.

Série marketing.

ARNOLD, J. R.T. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.

CHING, Hong. Gestão de estoque na cadeia de logística integrada: supply chain. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

LEVY, Michel; WEITZ, Barton. Administração de varejo. São Paulo: Atlas, 2000.

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