34
Violência, sociabilidades juvenis e gênero em contexto de “pacificação”. Um retrato (duvidoso) a partir da mídia. RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO A “juvenilização da violência” é um fenômeno de ampla discussão no Brasil e em outros países. Os jovens, geralmente de sexo masculino, são as principais “vitimas” da violência como também os que as perpetram, segundo lógicas de engajamento em “condutas de risco” ou segundo outro fenômeno ligado à violência: a “juvenilização da criminalidade” (Peralva, 1996). Assim, diversas perspectivas indagam as sociabilidades juvenis a partir de lógicas sociais levando ao desenvolvimento de “condutas de risco”. Está proposição ancora-se na crença de que diante de um contexto de dificuldades encontradas pelos jovens, sobretudo em relação à inserção no mercado de trabalho, ao acesso a bens de consumo e à imersão deles em um contexto de risco de morte onipresente, ou seja, num contexto marcado pela violência resultante tanto da instituição policial como da comercialização ilegal de drogas, há certa “familiaridade com o risco”: No seio da juventude, e mais particularmente da juventude pobre, o sentimento de que as condutas de 1

Proposição Violência Juventude

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A “juvenilização da violência” é um fenômeno de ampla discussão no Brasil e em outros países. Os jovens, geralmente de sexo masculino, são as principais “vitimas” da violência como também os que as perpetram, segundo lógicas de engajamento em “condutas de risco” ou segundo outro fenômeno ligado à violência: a “juvenilização da criminalidade” (Peralva, 1996). Assim, diversas perspectivas indagam as sociabilidades juvenis a partir de lógicas sociais levando ao desenvolvimento de “condutas de risco”. Está proposição ancora-se na crença de que diante de um contexto de dificuldades encontradas pelos jovens, sobretudo em relação à inserção no mercado de trabalho, ao acesso a bens de consumo e à imersão deles em um contexto de risco de morte onipresente, ou seja, num contexto marcado pela violência resultante tanto da instituição policial como da comercialização ilegal de drogas, há certa “familiaridade com o risco”:

Citation preview

Violncia, sociabilidades juvenis e gnero em contexto de pacificao. Um retrato (duvidoso) a partir da mdia.

RESUMO

ABSTRACTINTRODUOA juvenilizao da violncia um fenmeno de ampla discusso no Brasil e em outros pases. Os jovens, geralmente de sexo masculino, so as principais vitimas da violncia como tambm os que as perpetram, segundo lgicas de engajamento em condutas de risco ou segundo outro fenmeno ligado violncia: a juvenilizao da criminalidade (Peralva, 1996). Assim, diversas perspectivas indagam as sociabilidades juvenis a partir de lgicas sociais levando ao desenvolvimento de condutas de risco. Est proposio ancora-se na crena de que diante de um contexto de dificuldades encontradas pelos jovens, sobretudo em relao insero no mercado de trabalho, ao acesso a bens de consumo e imerso deles em um contexto de risco de morte onipresente, ou seja, num contexto marcado pela violncia resultante tanto da instituio policial como da comercializao ilegal de drogas, h certa familiaridade com o risco:No seio da juventude, e mais particularmente da juventude pobre, o sentimento de que as condutas de risco talvez constitussem, elas prprias, uma modalidade eficaz de resposta ao risco. Tratar-se-ia de antecipar o risco, de se apropriar dele, para melhor subjug-lo. (Peralva, 2000: 127). A socializao violncia (Fachinetto, 2010) nos jovens apresenta um ntido recorte de gnero, tal como mostra o Mapa da violncia de 2013. A violncia em mulheres jovens ocorre, em sua maioria, no mbito domestico. A taxa de homicdio feminino representa aproximadamente

8% do total de homicdios. Observa-se, no somente uma taxa maior para o gnero masculino por homicdios, mas diferenas referentes ao local de ocorrncia. Os homicdios masculinos, por exemplo, prevalecem no espao pblico e esto, hoje, fortemente relacionados criminalidade; j os homicdios femininos acontecem em geral no espao privado, e esto mais relacionados s inter-relaes familiares e privadas (Schraiber, Gomes, Couto, 2005). Assim, a casa seria o espao tpico da violncia contra a mulher, diferenciando-se da rua, espao de sociabilidade e por consequncia, de relaes que se objetivam na violncia, nos rapazes. Porm, esses polos da violncia segundo o sexo das pessoas, podem ser relativizados, pois novas modalidades de violncia urbana comeam a serem associadas s mulheres jovens. Como demonstra o trabalho precursor de Tatiana Moura (2007) sobre mulheres e violncia armada no Rio de Janeiro. A autora reverbera que o argumento, amplamente difundido, de que os homens so as principais vitimas e algoz da violncia urbana legitima a ausncia de mulheres e meninas nas pesquisas e aes sobre violncia urbana, e especificamente sobre a violncia armada. Segundo a autora:

Reconhecer que mulheres e meninas tm a ver com violncia armada pressupe olhar para alm de frmulas estabelecidas (criadas precisamente para categorizar ou dar nome ao que mais visvel, e nada mais alm disso), bem como tentar entender as caractersticas e dinmicas dessas outras formas de participao, vitimizao e respostas. (Moura, 2007: 14-15)A pesquisa de Paula Damasceno em territrios pacificados no Rio de Janeiro mostra.......De acordo com o Mapa da violncia de 2013: Homicdios e juventude no Brasil, a taxa de homicdios em jovens de entre 15 a 24 anos vem crescendo desde a primeira edio do Mapa, em 1996, passando de 42,4 por 100 mil jovens, para 53,4, em 2011. O homicdio hoje a principal causa de morte no natural de jovens brasileiros. No que concerne juventude carioca, o relatrio produzido pela UNICEF intitulado Meninos do Rio: Jovens, violncia armada e polcia nas favelas cariocas (2009) coloca em evidncia ndices alarmantes de mortalidade. A taxa de homicdios de jovens do sexo masculino do Rio de Janeiro 4 a 5 vezes maior que a taxa mdia do Estado, que uma das mais altas do Brasil, sendo o pas um recordista regional, e portanto mundial, em assassinatos. O documento salienta que as maiores vtimas de homicdios entre os jovens da cidade so aqueles identificados como negros e pardos. Ademais, quando olhamos os homicdios segundo os dados da polcia pelas reas Integradas de Segurana Pblica do Rio de Janeiro, temos taxas de 5 a 12 homicdios por 100 mil habitantes em bairros da Zona Sul da cidade e de 40 a 60 por 100 mil em bairros da Zona Norte e Zona Oeste. Isto , nas zonas perifricas da metrpole os homicdios tendem a ser at cinco vezes mais frequentes que nas reas com maior renda per capita. Nesse sentido, a ordem social e a violncia incorporada nos corpos e traduz problemticas especificas de sade individual e coletiva (Fassin, 2000). Ao longo de dcadas, a privao em distintos nveis de direitos de cidadania como parte de um processo de desqualificao moral e poltica da populao favelada, colocou esses grupos em uma posio de vulnerabilidade social e intensa sujeio diante dos agentes do Estado. Vrios pesquisadores j demonstraram que certas formas de gesto pelo Estado desses territrios marginalizados implicaram tolerncia e naturalizao de prticas que em outros territrios da cidade seriam altamente condenveis e, at mesmo, inconcebveis (Machado, 2004; Leite, 2007; Ribeiro, Dias e Carvalho, 2008; Leeds, 2009). Ao analisar as estratgias de visibilidade e atuao poltica de moradores de favelas cariocas contra a violncia policial, Farias (2007), por exemplo, prope pensar a representao dos favelados como "populao matvel (sobretudo desde a dcada de 1990). A proposta terica da Antropologia das Margens (Das e Poole, 2004) argumenta que as populaes que se configuram como marginalizadas em diferentes contextos constituem-se dessa forma por meio de um envolvimento com o Estado caracterizado pela transformao de excees em regras. Farias (2007) aponta que essas configuraes especficas podem envolver a percepo das margens como espaos ocupados por populaes insuficientemente socializadas; como espaos em que dinmicas variadas de interao entre os indivduos e o Estado (seja por documentos, prticas e/ou discursos) os tornam espaos de tolerncia a violaes de direitos; ou ainda, como um territrio localizado entre corpos, leis e disciplinas (2007:61). Essas representaes sobre os moradores de favelas parece cristalizar-se sobretudo nos homens jovens.

Alba Zaluar (1994, 1999 e 2001), alerta sobre as associaes deterministas entre desigualdades sociais, pobreza e violncia recusando as explicaes reducionistas dacarncia. Segundo Zaluar, (2004), o aumento da violncia nos ltimos anos no pode ser devidamente analisado caso se ignore os mecanismos institucionais e do crime organizado postos em marcha no perodo, sobretudo em grandes cidades como o Rio de Janeiro. As novas modalidades de violncia que emergiram no Rio de Janeiro nas ltimas dcadas foram diretamente associadas expanso do trfico de drogas e a seus modos de atuao, o que conferiu s favelas o rtulo de focos irradiadores da violncia e da criminalidade (Leite, 2007). Essa percepo acerca do problema da violncia urbana implicou a noo de ser preciso construir polticas de segurana pblica mais eficientes. Segundo a autora, de um lado, surgiram propostas que defendiam uma combinao de polticas de promoo de cidadania como alternativas mais eficazes de atuao em segurana pblica; de outro, havia defensores da ideia de excepcionalidade e radicalidade da situao da violncia na cidade enquanto uma situao de guerra, excluindo da agenda a problemtica dos direitos humanos e civis dos favelados. Com o apoio ostensivo da grande mdia a metfora da guerra teria prevalecido, tal qual definida por Leite (2007).

Na configurao de atores sociais do tema que lidam com a violncia juvenil no cenrio brasileiro, encontra-se uma pea fundamental: a mdia. As informaes veiculadas pela mdia (escrita ou televisionada) redundam em imagens que estampam os jovens negros e pobres como altamente violentos e principais autores dos diversos tipos de violncias (moral, sexual, simblica, fsica, etc..); tais imagens produzem efeitos sociais considerveis. Elas reiteram a imagem de uma favela controlada pelo trafico, e portanto anula outras perspectivas possveis no debate poltico (Peralva, 2000). Legitimam-se aes violentas da policia nesses locais a partir justamente dessa metfora da guerra. Apesar de o jornalismo recorrer ao discurso de ser um retrato da realidade, quarto poder que publiciza a realidade que de outro modo seria de conhecimento restrito para o pblico, ele veicula interesses e valores relacionados aos detentores dos meios de comunicao (Barros, Marques e Santos, 2010). O jornalismo funciona como um filtro para a exposio da realidade e, dessa maneira, a mdia no informa sobre os fatos de maneira completa: h um recorte sobre o que dito. Esse recorte pode ser observado na escolha das questes veiculadas, que constata a ateno dada a alguns temas em razo de outros. Essa ateno, naturalizada ou proposital, aponta para que partes do cotidiano se deva enxergar. Esse tipo de ao desmonta a clssica ideia de que o jornalismo objetivo e serve apenas ao papel de relatar os fatos, sem nenhuma qualquer interveno do sujeito que redige a matria ou a edita.

A mdia simplifica os acontecimentos ao retrat-los, eliminando a complexidade dos fatos e criando uma imagem dividida em categorias polarizadas. Tal simplificao no considera os diversos fatores que compe os acontecimentos, nem as diversas leituras que so feitas destes. As categorizaes polarizadas dos acontecimentos e atores divididos em bem e mal, heri e bandido, guerra e paz - legitimam um discurso em detrimento de todos os outros, no s os tornando desconsiderveis como no abrindo espao para que esses sejam postos.

Ao analisar a cobertura da mdia preciso considerar que a mesma relata os eventos ocorridos a partir de uma determinada posio. As informaes e opinies formuladas nesse meio muitas vezes no esto em consonncia com as opinies e informaes passadas por outros atores sociais. Embora a mdia construa para si a imagem de informar sobre os acontecimentos em sua totalidade sendo essa construo legitimadora de seu discurso ela os retrata a partir de seu prprio ponto de vista, tal qual outros atores como os moradores de favelas, os policiais, os governantes tambm o fazem.

Dado o carter recente do modelo das Unidades de Polcia Pacificadora no Rio de Janeiro, os impactos das UPPs nas realidades sociais das favelas cariocas passaram por pouqussimas avaliaes acadmicas parciais e preliminares at o momento. A poltica das UPPs se divide em duas formas de atuao: as UPPs militares (que so seu carro-chefe) e as UPPs Sociais. As UPPs Sociais correspondem a um pacote de polticas sociais coordenadas pelo governo do Estado com vistas promoo do desenvolvimento social das reas ocupadas pelas UPPs militares, com o objetivo de atenuar a precariedade de servios pblicos essenciais nestas localidades. O fenmeno da pacificao de reas antes dominadas por faces criminosas, atravs de uma reconfigurao de suas relaes com o Estado e de uma tentativa de resignificao de seu lugar na cidade, colocam questes acerca de possveis transformaes nas formas de sociabilidade juvenil, as dinmicas de violncia, bem como nos modos de ser jovem nesses espaos. Tendo em vista esse cenrio, o processo recente de pacificao que vivem os habitantes desses territrios pacificados oferece uma rica oportunidade para refletirmos sobre as relaes entre violncia e juventude, assim como formas de sociabilidade, relaes de gnero, construo de si e polticas sociais no mbito do processo de pacificao daquela localidade. Neste artigo, a partir de uma analise cruzada das representaes veiculadas pela mdia confrontando-as com as observaes de uma pesquisa etnogrfica no Complexo do Alemo, aprofundaremos a questo da violncia em sua relao com as sociabilidades dos jovens e a partir das transformaes impulsionadas pela poltica de segurana.Ademais, analisaremos, depois de uma breve nota metodolgica, as representaes veiculadas na mdia do momento chave da ocupao - a entrada das foras da ordem no territrio como momento cristalizado na memria dos moradores do qual emergem diversas questes que ainda hoje esto presentes nas falas e prticas dos habitantes. Em seguida, trazemos para o bojo da discusso as representaes dos jovens na mdia, onde se encontra um eco nas relaes da Upp com os moradores dessa faixa etria e as novas violncias que emergiram. Por fim, discutiremos mudanas importantes que a instalao das Upps produz nos territrios e nas sociabilidades de seus moradores mais jovens.Um recorte pela analise da mdia, dentro de uma pesquisa etnogrfica.

Ao longo de 12 meses de investigao, entre junho 2012 e junho 2013, nossa equipe de pesquisa desenvolveu um trabalho de campo etnogrfico que foi realizado em uma rea do Complexo do Alemo composta por trs comunidades: Canitar, Casinhas e Grota. Nossos interesses de investigao e a viabilidade metodolgica da pesquisa conduziram a delimitao dessas reas como lcus de pesquisa. Constatamos haver um nmero reduzido de estudos sobre as comunidades que compem o Complexo do Alemo e a grande visibilidade e valor simblico que lhe tem sido atribudo nos discursos das mdias sobre os processos de pacificao das zonas mais empobrecidas da cidade.

Nesse sentido, tratava-se para ns de investigar essa rea em pacificao de grande visibilidade nacional e internacional seja pela violncia descrita nas mdias, ou pelo desenvolvimento de infraestruturas tursticas em algumas de suas favelas. A ns, interessava, sobretudo, nos afastar de pontos de vista maniquestas acerca dos novos e complexos fenmenos em curso nas comunidades do Alemo (UPP, turismo na favela, etc.) para compreender a perspectiva dos jovens moradores sobre eles. Com esse objetivo, foram realizadas observaes sistemticas em diversos espaos de sociabilidade dos jovens ( ONGs, praas frequentadas, sadas noturnas, ao redores de escolas e clubes, etc.) durante o perodo. Foram entrevistados 15 jovens, entre 15 e 24 anos, recrutados em diversos espaos pelos quais os pesquisadores circularam. De acordo com as exigncias do Comit de tica em pesquisa do IMS/UERJ, foi apresentado para todos participantes da pesquisa um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, explicando os objetivos gerais da investigao e garantindo o sigilo dos dados coletados e anonimato dos informantes.

Porm a insero da anlise miditica dentro da pesquisa fez-se necessria devido s diferenas observadas no campo entre o discurso emitido pelos moradores e os meios de comunicao, relatando diferentes recortes dos fatos ocorridos na localidade. O objetivo analisar os diversos discursos e enfoques construdos e propagados a partir da mdia durante a entrada das foras de segurana no Complexo do Alemo e no perodo posterior, durante a realizao da pesquisa, buscando compreender quais as vises inseridas na abordagem da imprensa sobre os temas escolhidos e qual a relao com a viso dos moradores sobre esta abordagem.

Dada a visibilidade dada pela mdia ao processo de pacificao do Complexo do Alemo, decidimos pela realizao paralela ao campo de um clipping de matrias veiculadas em grandes portais de comunicao. Os 157 artigos coletados e analisados foram publicados entre Junho de 2012 a Fevereiro de 2013. Nos primeiros meses, 20 portais foram acompanhados por dois pesquisadores da equipe; mas, a partir da constatao do maior alcance de leitores de alguns sites, fizemos um recorte selecionando os 5 portais de notcias mais populares: R7, Jornal do Brasil, O Globo, O Dia e G1. Um dado bastante relevante que esses portais apresentam pontos de vista diferentes acerca dos eventos noticiados.

A partir do ms de agosto de 2012, as reportagens foram divididas em categorias que contemplavam diferentes aspectos do modo como a comunidade retratada nos meios de comunicao, com foco nos discursos sobre os jovens. Isso nos permitiu contrastar algumas representaes e discursos construdos pela mdia com as de nossos informantes em campo.

O momento da pacificao ocupao. Diversas maneiras de dizer a violncia

Durante o ms de novembro de 2010, a mdia deu enfoque a uma onda de crimes orquestrados por uma organizao criminosa que culminou na ocupao dos complexos do Alemo e da Penha pelas foras de segurana do Estado. Segundo as mdias analisadas durante a pesquisa, a partir do dia 20/11/2010 diversos crimes aconteceram na cidade do Rio de Janeiro e na regio metropolitana em reao a implantao de Unidades de Polcia Pacificadora em comunidades da cidade. O portal R7, em matria publicada em 24/11, retrata cronologicamente os crimes acontecidos naquela semana como parte de uma guerra do Rio contra o Trfico. Segundo a reportagem,Em resposta implantao das UPPS (Unidades de Polcia Pacificadora), a onda de violncia no Rio comeou no fim da noite de sbado (20), com ataque na rodovia Rio-Mag (BR-116), na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Desde ento, os moradores do Rio de Janeiro no tiveram mais paz. O terror continuou no domingo e se intensificou nos dias seguintes. Na quarta-feira (24), os bandidos passaram o dia espalhando medo pela cidade. Veculos foram queimados e cabines da polcia metralhadas.

A partir do dia 25 de novembro de 2010, os meios de comunicao intensificaram a justificativa da ocupao de comunidades devido aos ataques ocorridos. No UOL, uma matria aponta que especialistas afirmam a necessidade da implantao de UPPs nos subrbios da cidade, como nas favelas do Complexo do Alemo, Mar, Juramento, Manguinhos, entre outras.Decorridas das notcias sobre os crimes da cidade, seguiram vrias outras sobre o porqu da onda de violncia, matrias com breves entrevistas com autoridades da segurana pblica no Rio, contendo falas do Secretrio de Segurana do Rio e de comandantes da PM. Os mesmos alegavam que a onda de violncia foi uma ao planejada por vrios chefes de faces de grandes comunidades do Rio para que o projeto de pacificao de comunidades dominadas por faces do trfico de drogas no avanasse. Essas matrias foram datadas do dia 24/11 a 26/11 de 2010. As matrias que se seguiram relatavam as aes da fora de segurana pblica contra as aes criminosas, e as da entrada efetiva das foras de segurana pblicas no Alemo. As notcias que seguem dos dias 26/11 at as primeiras semanas de dezembro, acompanham passo-a-passo as aes da secretaria de segurana pblica.

O discurso da onda de violncia legitimou a ocupao dos Complexos do Alemo e da Penha, transformando o ocorrido numa disputa entre lados polarizados. Como analisado por Pechux (1997), as palavras e expresses assumem diferentes sentidos segundo as posies sustentadas por aqueles que as utilizam. Nesse sentido, ao analisar as reportagens publicadas na revista Veja antes e durante a ocupao das comunidades, Affonso (2012) expe os discursos blicos relacionados UPP na mdia. Devido a este discurso, no contexto da pacificao, expresses como cidade libertada, batalha do bem contra o mal e guerra contra o crime denotam o sentido que a revista busca dar, legitimando a violncia policial para combater a violncia do crime organizado. Segundo a autora, essas notcias promovem o silenciamento das resistncias, conflitos e contradies existentes nos discursos destacados.

Das 157 reportagens recolhidas durante a pesquisa, 51% delas fazem referncia a crimes e conflitos armados, alm da interveno dos policiais da UPP no dia-a-dia da comunidade. Essa porcentagem denota o grande interesse miditico nas relaes de poder dentro do Complexo do Alemo. Porm, essas relaes so simplistas e implicam a luta de policias e traficantes, sem indagar as relaes entre policiais e diversos fragmentos das pessoas que ali moram, nem as mudanas de iterao entre os prprios moradores nesses momentos de reorganizao da vida quotidiana no territrio. Durante a anlise possvel observar a repetio de termos chave que podem ser percebidos como indicadores da posio dos veculos de mdia sobre os temas abordados.

Uma reviso das matrias publicadas os dias anteriores entrada das foras de ordem no Complexo do Alemo, em 2010, permitem observar uma lgica de simplificao dos processos urbanos e de segurana. H uma utilizao de descries dicotmicas entre o bem e o mal, a guerra e a paz, como supracitado, que aparece no momento forte anterior pacificao como legitimao do discurso que promove a poltica publica das UPP. Essa polarizao pode ser observada durante a anlise do material recolhido sobre a ocupao do Complexo do Alemo pelas foras do Estado. A palavra violncia repete-se 18 vezes a cada 10 matrias. Nessas notcias, a fora que o vocbulo violncia passa ao leitor quando usado para caracterizar as situaes que ocorrem antes e durante o processo de ocupao do Complexo do Alemo de medo do crime da violncia que a populao sofre decorrente das aes criminosas e de esperana da ao violenta de represso do crime, por parte do Estado, que a populao sofre. Assim, um dos jornalistas da Globo dizia:

Naquela hora, eu s ficava pensando nos moradores: antes ali no era o Rio de Janeiro, era uma cidade paralela, com as suas leis, com as suas ordens impondo todo tipo de terror queles moradores. No somente o discurso sobre a violncia na favela legitima a entrada da poltica publica de segurana, mas, sobretudo ela cria um tipo de poltica baseada na utilizao da represso e da fora, pois produz um consenso na medida em que os moradores so vitimizados e eles devem ser libertados. Assim, como a fala do jornalista supracitada, a ao policial aparece como uma ao integradora das populaes. A imagem da favela como uma cidade paralela e como uma populao morando no terror reificam as representaes de um outro dentro da cidade, um outro que pode tambm se tornar contra a cidade (Peralva, 2000). Neste sentido, ora o outro vitima, ora tratado como algoz. A partir da vitimizao legitimam-se as estratgias polticas e militares de interveno, como algoz justificam-se a represso e a invaso do territrio.

Durante o trabalho de campo com os moradores, encontramos posies diversas em quanto ao domnio do territrio pelo trafico e, se vrias pessoas valorizavam o fato de se sentir mais tranquilos desde a pacificao, eles geralmente desconstroem o paralelo entre pacificao e liberao.

Uma moradora diz: todo mundo l fora pensa que aqui dentro morvamos dominados pelo crime, que tnhamos que dar dinheiro para eles (...) aqui ningum era dominado por ningum, aqui sempre fomos livres (5/10/12).Dessa maneira, a mdia participa na construo da figura da vtima nos moradores das favelas, e o fazendo extirpa-lhe os direitos humanos e de ao, pois eles so confinados a um nico papel e identidade de vtima. Assim, o poder de ao e de interveno recai em outro ator - a policia militar -, que possu direito absoluto, pois est baseado em razes humanitrias (Fassin, 2010).

Ao relatar os procedimentos da polcia no Complexo do Alemo, os meios de comunicao optam por utilizar a palavra pacificao. Esse termo, oriundo da poltica de Policiamento Comunitrio, faz oposio ao perodo anterior ao da entrada das foras de segurana na comunidade, que retratado como um momento de total ausncia do Estado, dominado pela violncia e o terror. Ao utilizar o termo pacificao em oposio violncia, a mdia considera que a entrada dos policiais instaura certa harmonia na localidade. No entanto, os relatos de entrevistados durante a pesquisa mostram outro ponto de vista sobre a atuao dos sujeitos locais:

A UPP pra mim no pacificao, uma ocupao. (...) com esses dois anos que vem ocorrendo de ocupao na Vila Cruzeiro, a segurana do Estado, ela vem chegando com uma fora grande dentro da comunidade. Sendo que no a segurana que a comunidade quer, porque o que acontece, dentro da comunidade o morador abordado de formas agressivas, de formas absurdas. (Elton, 20 anos)

As prprias notcias publicadas referentes a confrontos entre policiais e traficantes dentro do Complexo do Alemo tambm contradizem a ideia de pacificao empregada pela mdia e denotam novos problemas de insegurana e de violncias, como veremos aqui em baixo. Dentre as reportagens recolhidas, 42 falam sobre conflitos armados ocorridos na comunidade. O caso mais divulgado foi o da morte da policial Fabiana Aparecida de Souza, em julho de 2012, um ms aps a instalao da primeira UPP no Alemo. Na matria publicada pelo Jornal do Brasil sobre o ocorrido, moradores relataram o clima de insegurana.Moradora na Nova Braslia desde que nasceu, a dona de casa Mariana Vaz de Sousa, de 28 anos, lembrou dos momentos de pnico que viveu ao lado do filho, de 3 anos, durante o tiroteio. Faz muito tempo no ouvia tantos tiros aqui na favela, foi uma coisa horrvel. Me joguei no cho e deitei sobre meu menino, recordou. Mas pior do que os tiros a volta desse monte de policial armados at os dentes, revistando todo mundo, e nem sempre da forma mais educada. (Jornal do Brasil, 24/07/2012)

Esses fatos demonstram uma viso alternativa ao termo utilizado pela imprensa e a percepo de parte dos moradores do Complexo do Alemo, sobretudo nos jovens, sobre as Unidades de Polcia Pacificadora. A atuao dos agentes de segurana indicada como violenta e abusiva e o processo de pacificao identificado como um processo de ocupao. Os moradores fazem essa distino entre os dois termos por acreditar que apesar da reconfigurao do territrio ocorrida aps a entrada da polcia, certas nuances do antigo momento ainda so percebidas. Elas se referem na maneira em que a polcia se colocou na localidade, mantendo a estrutura de verticalizao do poder imposta pelo trfico, reprimindo e contendo os habitantes, e na persistncia de prticas que deveriam ser abolidas com a pacificao, como o trfico de drogas e os constantes conflitos armados.

Em um dos meios selecionados, o Jornal do Brasil, possvel observar uma diferente postura na abordagem dos acontecimentos e da atuao da UPP. Denominado como veculo formador de opinio, possui um histrico de cobertura e anlises crticas, utilizando-se mais comumente de dados estatsticos do que os jornais tidos como populares, como o O Dia. (RAMOS; PAIVA, 2005). Alm disso, o jornal o meio pesquisado que menos noticiou acontecimentos ocorridos na comunidade. Essa escolha de pautas que privilegia reportagens mais crticas se deve ao fato do pblico do jornal ser notadamente mais elitizado e distante dos fatos (RAMOS; PAIVA, 2007). Essa postura observada em reportagens como a publicada no dia 21/08/2012, com o ttulo Novo ataque na UPP da Nova Braslia mostra trfico de drogas enraizado. A reportagem chama ateno para os casos de violncia ocorridos no Complexo do Alemo aps a implantao das Unidades de Polcia Pacificadora e conta com a entrevista de um policial militar da regio, que afirma que:"O prprio Beltrame [Secretrio de Segurana Pblica do Rio de Janeiro] sabe, e diz isso, que o trfico no acabou. Quem somos ns para contrari-lo?", questionou ele, que depois comentou a implementao das Unidades de Polcia Pacificadora. "Tiraram os empregos de traficantes, mas no ofereceram nada em troca. Ficamos ns expostos raiva dos jovens sem perspectiva, esperana ou oportunidades. O tiro quase um alerta, e a tendncia piorar". (Jornal do Brasil, 21/08/2012).

Na mesma reportagem, um morador da comunidade afirma que os mesmos traficantes que faziam o trfico de drogas antes da entrada das foras de segurana continuam agindo, mantendo o clima de insegurana e a instabilidade no local. a mesma rapaziada, s que com armas menores. Eles traficam nos mesmos lugares. Esse PM baleado ou no sabia onde pisava, ou passou l na hora que no deveria ter passado (...) Nunca tive medo do trfico, e nem terei hoje. Mas eles tm de sair daqui o quanto antes. Digo isso para quem quiser ver eouvir. Ningum mais suporta viver sob os olhares ameaadores. (Jornal do Brasil, 28/08/2012).Segundo outra reportagem publicada pelo jornal em 21/09/2012, dois policiais acusados de saquear uma casa no Complexo do Alemo foram expulsos da corporao. Os abusos cometidos por policiais foram denunciados desde a ocupao da comunidade, como exposto em matria da Carta Capital em dezembro de 2010. Na ocasio, o secretrio de Segurana Pblica do Rio de Janeiro se posicionou sobre as denncias afirmando que (...) mais importante a libertao dessas pessoas. Tem de combater o policial que desviou, mas o ganho para as quase 4 mil pessoas existe e muito grande. A gente no pode comear a valorizar outras coisas e deixar para trs a conquista que a populao teve". O discurso do secretrio alinha-se com o discurso miditico de que a pacificao seria um bem maior, minimizando as ilegalidades possivelmente ocorridas no processo. Assim, o monoplio da violncia pela polcia legitimado pela mdia, invisibilizando a ilegitimidade de algumas aes da mesma, inclusive a letalidade delas (Cano, 1997). Dificultando a consolidao de um debate publico e de uma agenda poltica sobre a questo (Bueno, 2012). A letalidade das aes policiais alarmante em relao aos jovens. O nmero de mortos desse grupo em confrontos com a polcia pode ser considerado uma cifra trgica (Cecchetto et al, 2012). Farias (2007:67) aponta que, em distintas escalas (municipal, estadual e federal), o Estado e seus agentes se fazem presentes de modos diferenciados nas reas marginalizadas do Rio de Janeiro e que sua atuao nesses territrios difere da atuao nos demais espaos da cidade. Pode-se tomar como exemplo, das lgicas distintas que pautam a ao estatal no asfalto e nos morros, os chamados mandados de busca coletivos e os autos de resistncia. |Eles se apresentam como prticas cujo objetivo privilegiado a gesto das populaes e territrios marginalizados. Embora comum, o mandado de busca coletivo um instrumento ilegal que as polcias civil e militar frequentemente utilizam para entrar em qualquer casa nas favelas cariocas, sem que seja necessria a autorizao ou presena dos que nelas habitam. Em geral, a prtica pode implicar danos ao patrimnio dos moradores, saques, agresses fsicas e humilhaes. Esse tipo de ao to rotinizada que, muitas vezes, a polcia nem se quer, de fato, requeria o mandado de busca coletivo, simplesmente invadia as casas; como se naquele territrio no se fossem vigentes as leis que regulam a vida nos demais espaos da cidade. como se morar em favela conferisse aos indivduos um estatuto de no cidados ou de cidados precrios (Leite, 2007), o que seria legitimado pelo conjunto de esteretipos e representaes acerca desses espaos e de seus habitantes enquanto graves ameaas segurana da cidade e principais responsveis por suas mazelas. Como veremos, essas representaes recaem geralmente nos jovens.Representaes da juventude: Crime e diferenciao por estrato social. A juvenilizao da criminalidade aparece, desde finais dos anos 80 no Rio de Janeiro, ligada ao comercio varejista de drogas ilcitas por jovens e adolescentes e ao acesso cada vez mais fcil s armas de fogo. Segundo vrios autores (Zaluar, 1993, Peralva, 2000, Adorno, 1995) a entrada dos jovens na criminalidade estaria tambm relacionada com a democratizao da cultura de massas e a valorizao de smbolos e padres de consumo prprios da juventude.

O crime um tema privilegiado da mdia e esta tem um papel importante na construo da criminalidade, como conjunto de representaes sociais ao redor do que constitui o marginal e o crime. Adorno (1995) salienta o fato de uma espetacularizao do crime pela mdia ao ponto que se comparado com o crescimento populacional nas ltimas dcadas no Brasil, o aumento da criminalidade estaria superdimensionado. Existiria assim, por parte da mdia, a alimentao de um panico social ao redor de uma juventude criminosa.Baseadas em sondagens de opinio e sobretudo em observao de notcias veiculadas na mdia cotidiana, muitas anlises tenderam a acentuar o predomnio de representaes sociais que fortaleciam verdadeiro pnico social. (Adorno et al. 1999:65).

Ao descrever a juventude, a mdia aciona diferentes adjetivos para a caracterizao dos jovens pobres moradores de favela em relao aos de classe mdia. Tal diferenciao fica evidente quando o tpico em pauta versa sobre juventude, violncia e ilegalidades. Cabe dizer que essas representaes no so nicas da mdia e que as cincias sociais participaram tambm dessa concatenao da violncia juvenil s camadas populares. Como explica Misse (2006) a maioria dos trabalhos realizados na dcada dos anos 80 no Brasil desenvolveram argumentos que associavam pobreza e criminalidade. Contudo, a mdia se fez a herdeira desses trabalhos, mas no tanto procurando explicaes ao crime como fizeram os trabalhos acadmicos, mas identificando diferentemente os atos criminosos de jovens segundo a origem social, e caracterizando diferencialmente os jovens envolvidos neles.

Uma maneira simples de desconstruir essa correlao entre pobreza e crime a constatao de que a maioria dos pobres no opta pela carreira criminal. Segundo Misse (2006) trata-se de uma maior visibilidade social, aonde a mdia tem papel fundamental, das aes criminais nas camadas populares que nas camadas medias e altas. Porm, necessrio compreender como se produz essa invisibilizao na mdia, quais so os instrumentos discursivos e simblicos de tal tratamento diferencial da informao.

Observando duas matrias que relatam crimes cometidos por jovens no Complexo do Alemo, podemos compreender melhor esse discurso. Na primeira, jovens de classe mdia foram apreendidos por praticarem assaltos na comunidade, j na segunda um jovem foi preso por suposto envolvimento na morte de uma policial da UPP. Ao tratar dos jovens de classe mdia a mdia os caracteriza como adolescentes, no-adultos, caracterizados a partir da diferenciao queles que no o so (adolescente x homens). Na segunda notcia o foco da abordagem distinto, antes a adolescncia estava em destaque como fator principal da notcia, agora o destaque dado ao crime. Os jovens so tratados como menores e a relao no se estabelece, como antes, pela fase da vida na qual eles se encontram. Nesse exemplo, a caracterizao como menor parece indicar muito mais que o individuo no atingiu a maioridade, no sendo considerado pela lei plenamente capaz.

Como Silvia Ramos e Anabela Paiva (2007) revelam, h certo consenso na mdia no que concerne a representao dos jovens da periferia e das favelas, tendendo a estigmatiz-los. Geralmente aparecem os aspectos mais desviantes e espetaculares dos jovens das favelas (Correa Maia, 2007), contribuindo para representaes que no retratam a realidade das juventudes - e aqui o plural programtico e analtico que moram nesses territrios. Porm, o que no suficientemente dito, que os discursos mediticos tendem a invisibilizar o fato de que trata-se de jovens ou adolescentes, e prefere a utilizao de termos pejorativos como o de bandidos, ou os termos policiais e jurdicos de menor. Esta distino, no vocabulrio, no um mero problema discursivo, ele acarreta significaes e interpretaes diferenciadas para um mesmo ato, segundo o segmento social do ator que o produz. Se para Bourdieu (1983) a juventude s uma palavra, quer dizer, uma construo ideolgica, ela deve ser desconstruda, pois ela no est isolada do qual ela se distingue, a juventude aparece mais como uma esfera contendo mltiplas delimitaes e classificaes sociais. Ao mesmo tempo, essas definies tem um impacto nas praticas sociais e nas identificaes dos atores. Vemos que nas categorizaes sociais, os jovens pobres aparecem como menores, realando a lgica de punio, e nos casos de jovens de classe meia ou alta, so tratados pela mdia como adolescentes, apelando compreenso dos leitores.

Assim, o apelo a adolescncia parece significar uma demanda de compreenso ao leitor- auditor, da no responsabilidade completa do autor, pois ele estaria numa fase da vida definida pela imaturidade e a perturbao, assim como apela-se circunstancialidade do ato e no a uma identificao substancial do autor. O discurso miditico cria uma relao de familiaridade com esses adolescentes. O registro discursivo a partir da categoria de adolescente implica certa patologizao que justifica as medidas de ordem mdica, psicolgica e pedaggica.

Em casos de bandidos - onde a idade pode ser verificada como dentro dos 15-24 anos o sujeito substancialmente identificado com o ato acometido. Ele um outro que no precisa ser reeducado, mas punido (Foucault, 1978). Os registros discursivos so da esfera penal e sustenta medidas corretivas ou repressivas.

Neste sentido, h um deslocamento evidente segundo a nfase no estrato social. Como observamos, na primeira matria essa caracterstica parece realada pela atitude do jovem - encarada como um desvio de sua classe. J na segunda no h meno alguma a esse fato, mas fica subentendido que se trata de jovens pobres e moradores de favela. O pressuposto que permite essa abordagem o de que o jovem pobre est mais sujeito criminalidade. Na anlise percebe-se outro vis quando a mdia trata de jovens moradores do Complexo do Alemo e demais comunidades pacificadas. Como apontado por Silva (2008), a juventude, sobretudo a juventude negra, pobre e moradora de periferia, estigmatizada pela mdia e tratada como um problema que precisa ser resolvido pela interveno do Estado. Assim, grande parte das reportagens que tratam do tema juventude fala de uma juventude problemtica e violenta, que necessita de respostas violentas do Estado.

Os jovens que tivemos contato durante a pesquisa relataram os efeitos dessa estigmatizao. Dentre os relatos, destacam-se dois aspectos: os controles de seus itinerrios quotidianos no bairro e o controle de suas atividades de lazer, especialmente a proibio dos bailes funks dentro da comunidade. A proibio, em comunidades onde operam as Upps, ancora-se na normativa de fiscalizao segundo a lei estadual 5.265. So os jovens que pertencem a famlias mais pobres do bairro que lamentam com mais nfases a proibio dos bailes funk, pois eles eram prticas de lazer democratizadas, pois, era gratuito e de livre acesso:Estefanie (18 anos) conversa com uma das pesquisadoras: Ela me responde que no tem mais baile funk, que muito ruim isso. Que antes era muito bom, pois tinha um bem perto da casa dela. Na quadra da Canitar, era s sair da casa dela e j estava no funk. Agora tem que ir bem longe para danar. A Manguinhos, Jacaresinho, etc. Ento o pessoal no vai mais. Ela repete muitas vezes vai fazer o que? e logo se diz muito descontente com a pacificao. Ela corrige vrias vezes a pesquisadora e diz de maneira enftica que uma ocupao. Ao mesmo tempo no para de repetir vai fazer o que?. Ela diz que tem mais medo agora que antes. Que se sente mais insegura agora. E que depois do inicio da ocupao no melhorou nada, e que tambm no se acalmou no. uma guerra, mesmo. (21/08/12).

Cabe salientar que atravs do funk que os jovens encontram estratgias de reivindicao, tal como observado por Facina (2009). Segundo a autora, no funk h um apelo contra a criminalizao e o desvendamento dos mecanismos de represso. Dentro desses mecanismos de criminalizao: Um dos atores mais ativos a a mdia, colocada ao lado de autoridades que exercem seu poder atravs da violncia fsica (pai e polcia). Isso aponta para a percepo da ligao estreita entre violncia simblica e violncia fsica: o apanhar da mdia abre espao para que se possa apanhar da polcia. (Facina, 2009). Novas oportunidades versus novas violncias nos espaos de sociabilidade.As matrias relacionadas a incentivos a bens culturais tiveram grande destaque na mdia depois do momento da pacificao e sobretudo durante os meses de agosto a outubro de 2012, perodo onde as notcias sobre crimes e ilegalidades tiveram pouca exposio em relao ao perodo posterior. Esse momento se inclui na poca que ocorreram as eleies municipais no Rio de Janeiro. De acordo com reportagem do Jornal do Brasil, essa foi a primeira eleio realizada no Complexo do Alemo livre da influncia do trfico de drogas. Esse destaque demonstra a existncia de uma agenda miditica, que busca evidenciar certos aspectos em detrimento a outros em ocasies que isso se faa necessrio. A inaugurao do telefrico como meio de transporte integrador das diversas comunidades que compem o Complexo, a inaugurao da praa do Conhecimento e de um cinema, Cine Carioca 3-D, na favela Nova Braslia , ou ainda o deslocamento de eventos esportivos e culturais da cidade para aqueles territrios demostram de uma certa vontade politica de visibilidade da pacificao posta em marcha. Tal como Mendona (2011) afirma, a mdia colabora com o processo de construo de imagens que materializam, de maneira representativa, a "pacificao" dos territrios. Nesse sentido, se pode aventar que a abordagem miditica do processo de ocupao do Complexo do Alemo e seus desdobramentos apontam para uma legitimao do discurso oficial emitido pelo Estado. Ao reproduzir esse discurso sem promover questionamentos acerca dele, os meios de comunicao reduzem a discusso e reafirmam os preconceitos e esteretipos comuns na cobertura de favelas e periferias. Observa-se uma dicotomia no discurso miditico. De um lado salientado o processo de mudana pelos quais as comunidades pacificadas esto passando e a abertura para que novas relaes se estabeleam naqueles locais, porm, mesmo aps esse processo os meios de comunicao prosseguem dando enfoque aos mesmos temas e reforando os esteretipos vitimizantes e criminalizantes. Essa constatao concatena com a tese de Ramos e Paiva (2007), onde afirmam que o jornalismo historicamente relaciona esses locais apenas a aes policiais e a misria, excluindo todas as outras relaes construdas neles.Essa excluso das relaes construdas nesses espaos esta ligada negao do que j existia ali e se torna visvel pela produo de novos espaos e bens culturais sem articulaes com os espaos e bens culturais j existentes. As consequncias disso so por um lado, a no adeso dos jovens s propostas institucionais e, por outro, a maior distancia entre os jovens e as organizaes institucionais. Foram observados durante o trabalho de campo vrios eventos promovidos pelas Ongs atuantes no bairro, pelo telefrico, ou por outros agentes culturais exteriores e o que chamou nossa ateno foi a fraca adeso dos jovens da comunidade. Dentro das mudanas positivas descritas pela mdia, destacado o maior investimento em projetos sociais de Ongs e associaes no Complexo do Alemo desde a entrada das Upps. Porm, as trajetrias dos jovens e a inscrio em programas e polticas sociais permite ver a fragmentao das experincias que os jovens fazem do Estado e da sociedade civil. Mas essa fragmentao no relacionada com uma suposta experincia anmala ou fragmentada deles, mas com a prpria organizao e configurao fragmentada de uma rede de polticas e programas os quais tm relativa descontinuidade e esto geralmente desconexos entre si.

Durante o trabalho de campo conhecemos em profundidade trs instancias levando a cabo projetos culturais e sociais com jovens do bairro. Mesmo tendo surgido em momentos diferentes e tendo gestes e organizaes diversas, assim como tambm linhas de financiamento de instancias diferentes, uma das caractersticas comuns observadas foi a no perenidade dos projetos, os quais dependem de financiamentos aleatrios e no durveis. Observar, como uma ONG do bairro, cujas atividades acompanhamos durante o trabalho de pesquisa, teve que parar com diversas atividades por problemas de fundos. O que deve ser ressaltado o fato de os jovens transformaram o espao em um lugar privilegiado de sociabilidade:Uma coordenadora de uma ONG nos diz que tem muitas crianas que vo mesmo sem atividades, para se encontrar l. Sobretudo aqueles da turma de msica, vo l, pegam o violo e falam entre eles. Ela diz que aproveitam que ali est menos quente que nas casas deles. Ela diz tambm que, sobretudo so os mais jovens que vo mesmo sem atividades. interessante ver como alguns se apropriaram o lugar e de que maneira. (Caderno de campo, 05/10/12)

Muitos programas sociais de ONGs esto determinados pelos financiamentos que no permitem uma perenidade das atividades, para pagar professores, aluguel, etc. Essa deriva dos programas sociais foi posta em evidencia por vrios trabalhos, mas o que no foi suficientemente sublinhado e que esses programas fecham as portas, muitas vezes quando j se criou uma forte demanda, que eles mesmos criaram. Essa dinmica de demanda criada e oferta cortada se traduz no campo em situaes emotivas onde os jovens, por identificar os pesquisadores com alguma das ONG, pediam informaes sobre cursos ou para eles mesmos proporcionarem os cursos fechados. O modo de atuao entre as diversas instancia parece bastante desintegrado. Cada ONG, associao ou projeto atuando de maneira restrita e isolada. Muitas vezes deparvamo-nos com o desconhecimento da existncia entre elas, mesmo quando atuavam em espaos geograficamente prximos ou em atividades da mesma rea. As parcerias estabelecidas entre elas so ainda escassas. A esse panorama de disperso dos projetos e programas scios ou culturais agregou-se um novo ator institucional que so as Upps Sociais. Estas aparecem ainda, em 2012, dois anos depois da pacificao como uma instancia fantasmtica, a qual ningum sabe bem como, onde e com quem vai atuar.

No referente s praticas de sociabilidade dos jovens entrevistados, novas violncias se desenvolveram em torno dos relacionamentos com a polcia das Upps. A presena continua dos agentes da ordem nos espaos de sociabilidade e de circulao quotidianos dos jovens so vivenciadas como novas modalidades da violncia policial dentro da favela.

Os jovens retratam essas dinmicas do relacionamento violento entre os policias e os jovens do bairro, os quais se baseiam em uma desconfiana mutua e no controle exacerbado e abuso da autoridade por parte de policiais: () Tem pessoas que esto sendo mais revoltadas com a UPP aqui dentro, entendeu? Que proibiu muita coisa, no pode ver ningum fumando um cigarro de maconha que j d tapa na cara, entendeu? No assim que se age com as pessoas. A se liga o som alto j quer gritar: porra, desliga esse caralho.... Desculpa [risos]. E no sei o que, xingando todo mundo. A qualquer dedinho que faz assim: Po, policial..., j quer entortar a mo, jogar spray de pimenta... assim. No tem nenhum exagero no que eu to falando. assim, tendeu? E eles so muito assim, so grossos. Eles passam aqui, se ficar olhando eles para, quer te revistar.Adanilton me diz que mudou muito a sua vida desde que est l. Ele tem medo, no sai de noite se eles vm algum caminhando na madrugada eles matam sem querer saber quem (Caderno de campo, 21/08/12).

Cabe ressaltar que as mesmas imagens produzidas na mdia, sobre os jovens favelados, se desdobram em prticas cotidianas pelos policiais ali presentes. Porm, foi observado que os jovens moradores tm uma viso crtica dessas prticas, pois eles so as principais vitimas e mostram o desdobramento das representaes de gnero que sustentam tais praticas. Como diz uma jovem: Eles acham que todos os homens so traficantes, n, e eles acham que tambm na favela, qualquer mulher dentro da favela pra eles no presta, tendeu? Passa, eles mexe mesmo, chama de gostosa, e se voc falar ih, que foi?, eles ainda quer falar besteira. Ih, eu passo serinha. Eu no vou falar pra tu que eles no mexe comigo, mexe, eu no gosto, no gosto mesmo, mas fazer o que(...)Cabe salientar, em relao ao recorte de gnero, que essas relaes de violncia com a polcia so experimentadas tanto pelos homens, quanto pelas mulheres jovens. Nesse sentido, mesmo se as representaes sobre os meninas e as meninas do bairro que sustentam as prticas dos policiais podem ser diferenciadas segundo esteretipos de gnero o jovem como traficante e a jovem que no presta h uma certa simetria nas maneiras como as relaes entre eles e os policiais se desenvolvem. Uma jovem conta como foi revistada: Entrevistador: Voc j foi revistada?Helena: J. No revistada de passar a mo. De abrir minha bolsa, vasculhar tudo... Uma vez tava tendo uma confuso ali embaixo, tava um monte de policial, e eu to toda descendo com a minha carteira, eu sempre ando com uma carteira na mo com meus documentos, uma abbora que eu tenho, assim, grande... A to eu descendo assim e com o telefone que no sei que l, amor, to indo pra, falando com meu namorado, a o cara pegou no meu brao: Espera aqui. A eu: Que que foi?. A eu fui desliguei o telefone e botei no bolso. A o cara falou, o policial: Que no sei o que, abre essa carteira a.... No, ele nem falava abre carteira, falava ta indo pra onde?, gritando. A eu: To saindo.. A ele: T saindo da favela por qu?. A eu, assim mesmo, caraca... E segurando no meu brao, falando com gente ali assim, gritando, e todo mundo gritando, e segurando no meu brao... Eu ai, meu Deus, vou ficar aqui agora, esperando. A o cara foi, segurando no meu brao, eu: T machucando, moo. T me machucando.. A ele: Abre essa carteira a.. A eu abri a carteira, a fui, mostrei meus documentos. Ele olhou, tal, tava com a minha certido, xrox da minha certido, a original da minha identidade e, se eu no me engano, e meu comprovante de residncia. Eu tava com os documentos mesmo. A sendo que tava dentro da carteira, a ele: Ta saindo da favela com todos os teus documentos?. A eu: Tem algum problema?. No reponde a autoridade!. A eu: T bom.. () foi o policial que foi preso outro dia por dar tapa na cara dos outros a. Deu tapa na cara da mulher ali embaixo e foi preso. Sem jeito. Foi o mesmo policial, um carequinha. A ele gritando comigo, a a polcia falou: Libera ela, libera ela, libera ela.. A ele foi, me liberou, pegou a carteira de novo, abriu, no sei o que, vasculhou, deixou tudo embolado na minha carteira... T bom, obrigado. A eu peguei, sa andando assim, a fechei. A sa olhando pra trs, a fui, e ele olhando pra minha cara, maior confuso. E todo mundo que passava eles parava.Para os jovens, algumas prticas e gestos cotidianos se vm modificados com a presena policial e os conflitos que ela desperta. Os espaos mudam, so ocupados por outras pessoas. Fica ento a memria de outros agentes e atividades que ocupavam os territrios. Alguns espaos do bairro se transformam em smbolos, motins de guerra, ocupados antigamente pelo inimigo. Como a quadra do Canitar.

Na quadra, onde antes tinha as baladas funk, h agora algumas crianas jogando futebol e uma mulher policial que sorri quando nos v e continua olhando para as crianas. Ela est armada e vigia o espao para ele no ser ocupado para outro fim. (caderno de campo, 31/09/12)

Essa violncia simblica no sentida apenas em espaos pblicos do bairro, mas em espaos considerados privados. Uma jovem nos diz:

Uma vez eu tava na casa de uma amiga ali no beco, ali na..., era beco, n, a eu tava l, tava at de top, a gente tava de biquni, tava tomando banho de mangueira, ali mesmo na porta da casa dela. A eles chegaram, a eu fiquei at o fim, a gente de biquni, a eles pegaram, jogaram um monte de lenol pro cho, abriram armrio, fizeram isso pra procurar as coisas, quebraram tijolo, pra ver se tinha alguma coisa(...).De um lado, a mdia tende a maximizar os avanos em termos de oferta em projetos sociais, bens culturais e espaos de sociabilidade para os jovens do Complexo do Alemo. Do outro lado, os jovens se sentem constrangidos em utilizar os antigos espaos do bairro, hoje transfigurados pela presena policial. Essa presena, tal como vimos, problemtica, e em ltima instncia geradora de novas violncias no bairro. Podemos ento nos perguntar como esse controle cotidiano, nas circulaes e as novas violncias emergentes das interaes do dia a dia no bairro, modificaram as relaes sociais dos jovens. Uma analise rpida das aes dos programas sociais implantados no bairro permite ver que fora criada uma demanda muito forte, por parte dos jovens, em relao ao acesso cultura e a outros modelos culturais. Tal demanda est relacionada com a possibilidade de circular em diversos mundos. Acreditamos que limitar esses jovens aos limites da favela torna-se um decrscimo em relao ao capital relacional e intensifica ainda mais a territorializao das relaes e o trincheiramento em pontos e buracos do bairro (Misse, 1999, 2008). Consideraes finais.... Apesar dessa baixa proporo, vale salientar que no ano de 2012 acima de 4,5 mil mulheres foram vtimas de homicdio. Nos ltimos 32 anos de 1980 a 2011, morreram assassinadas 96.612 mulheres. Nos ltimos dez anos, morreram praticamente a metade desse total.

Desde a construo do telefrico, o Complexo do Alemo se tornou um ponto turstico da cidade, como sinalam vrias notas em jornais de grande circulao (ver, por exemplo, o artigo Favelas com UPP so pontos tursticos da vez do dia 3/12/11 (em HYPERLINK "http://oglobo.globo.com/rio/favelas-com-upp-sao-pontos-turisticos-da-vez-3378301" \l "ixzz2Ws51r1tV"http://oglobo.globo.com/rio/favelas-com-upp-sao-pontos-turisticos-da-vez-3378301#ixzz2Ws51r1tV). Esse dado foi constatado por nossa pesquisa. As visitas tursticas parecem, contudo, concentrarem-se no prprio telefrico, reforando uma viso de fora e de longe sobre o quotidiano do bairro.

HYPERLINK "http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/veja-a-cobertura-completa-da-onda-de-crimes-no-rio-20101124.html"http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/veja-a-cobertura-completa-da-onda-de-crimes-no-rio-20101124.html

HYPERLINK "http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2010/11/25/armas-e-soldados-do-trafico-estao-no-suburbio-e-upps-precisam-ir-para-la-diz-especialista.htm"http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2010/11/25/armas-e-soldados-do-trafico-estao-no-suburbio-e-upps-precisam-ir-para-la-diz-especialista.htm

Esse termo, como observado por Orlandi (2008), utilizado desde o incio do sculo XX. quela poca, foi utilizado pelo Servio de Proteo aos ndios (SPI), rgo responsvel por conter a resistncia dos ndios tomada de suas terras. O discurso paternalista que exclua os indgenas buscava apagar a memria da resistncia e pacific-los.

HYPERLINK "http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/24/morte-de-pm-em-upp-devolve-medo-e-tensao-ao-complexo-do-alemao/"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/24/morte-de-pm-em-upp-devolve-medo-e-tensao-ao-complexo-do-alemao/

HYPERLINK "http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/08/21/novo-ataque-na-upp-da-nova-brasilia-mostra-trafico-de-drogas-enraizado/" http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/08/21/novo-ataque-na-upp-da-nova-brasilia-mostra-trafico-de-drogas-enraizado/

HYPERLINK "http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/09/21/pm-expulsa-dois-policiais-por-saque-no-complexo-do-alemao/"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/09/21/pm-expulsa-dois-policiais-por-saque-no-complexo-do-alemao/

HYPERLINK "http://www.cartacapital.com.br/sociedade/moradores-acusam-policiais-de-abuso-no-alemao/"http://www.cartacapital.com.br/sociedade/moradores-acusam-policiais-de-abuso-no-alemao/

Mesmo se desde h alguns anos apareceu na mdia o problema da criminalidade em jovens de classe media e alta, o que abunda so os questionamentos procurando compreender esse fenmeno (os ttulos de matrias abundam em interrogaes do tipo: como pode ser? num movimento inesperado, jovens de classe media entram no trfico, como entra um jovem de classe media no crime?. Essa inteno de compreenso por parte da mdia se distingue de quando trata-se de jovens de camadas populares.

HYPERLINK "http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/rj-jovens-de-classe-media-sao-apreendidos-por-assaltos-no-alemao,fbe1ac68281da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html"http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/rj-jovens-de-classe-media-sao-apreendidos-por-assaltos-no-alemao,fbe1ac68281da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

HYPERLINK "http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/24/morte-de-pm-em-upp-devolve-medo-e-tensao-ao-complexo-do-alemao/"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/24/morte-de-pm-em-upp-devolve-medo-e-tensao-ao-complexo-do-alemao/

Com a promulgao do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) em 1990, o termo menor foi substitudo pelos termos criana ou adolescente. Considera-se que o termo menor discriminatrio e estigmatizante, reproduzindo o conceito de incapacidade na infncia. O termo adolescente seria mais apropriado para caracterizar uma fase de desenvolvimento do ser humano que possui caractersticas e especificidades prprias.

De acordo com uma reportagem do JB no dia 30/08, o Cine Carioca registrou em julho de 2012 a maior frequncia de um cinema brasileiro. A sala de projeo da Prefeitura do Rio mantm o preo do ingresso inteiro a R$8.

1