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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ TANY RAZERA PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DA ASSITÊNCIA EDUCACIONAL ÀS CADEIAS PÚBLICAS E ÀS PENITENCIÁRIAS NO ESTADO DO PARANÁ Cascavel – PR 2009

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DA ASSITÊNCIA … · reflexão sobre a problemática que envolve o sistema prisional no Brasil e no mundo. Por fim, são apresentadas possibilidades de

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

TANY RAZERA

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DA ASSITÊNCIA EDUCACIONAL ÀS CADEIAS PÚBLICAS E ÀS PENITENCIÁRIAS NO ESTADO DO PARANÁ

Cascavel – PR 2009

TANY RAZERA

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DA ASSITÊNCIA EDUCACIONAL ÀS CADEIAS PÚBLICAS E ÀS PENITENCIÁRIAS NO ESTADO DO PARANÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Formulação e Gestão de Políticas Públicas, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Cascavel/PR. Orientadora: Elizandra da Silva

UNIOESTE - CASCAVEL Jan - 2009

“Ninguém conhece verdadeiramente uma nação até que tenha estado

em suas prisões.”

(Nelson Mandela)

 

RESUMO

O presente trabalho sugere como idéia um repensar sobre o tratamento praticado com detentos em presídios nacionais. Locais estes insaciáveis por transformações sócio-políticas e econômicas que favoreçam o desenvolvimento de uma estrutura apropriada, com um verdadeiro trabalho reeducativo e ressocializante, e que auxiliem, sobretudo, o resgate da cidadania. Verifica-se que a necessidade de políticas públicas para o interior dos cárceres brasileiros, que realmente surtam resultados, que defendam os direitos dos presos e que possam reduzir a taxa de analfabetismo, de modo a aumentar as taxas de detentos freqüentadores da escola, durante o cumprimento de suas penas. Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados recursos bibliográficos tais como leis, decretos, consultas a teóricos do Direito Penal, enfim, referências bibliográficas a fim de contribuírem para uma reflexão sobre a problemática que envolve o sistema prisional no Brasil e no mundo. Por fim, são apresentadas possibilidades de enriquecimento da assistência à educação do preso, através da elaboração de um projeto. Tais possibilidades se resumem na aplicação de diferentes modalidades de ensino nos presídios: educação formal através de professores contratados da rede pública de ensino; educação formal através de programas de educação à distância; e educação não-formal através da inclusão da comunidade universitária pública regional. Palavras-chave: Execução Penal, Educação, Estado do Paraná.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

1.1 Tema e Problema ............................................................................................................. 10

1.2 Objetivos ............................................................................................................................ 11

1.2.2 Objetivo Geral ......................................................................................................................... 11

1.2.3 Objetivos Específicos ........................................................................................................... 11

1.3 Justificativa ....................................................................................................................... 12

1.4 Metodologia ....................................................................................................................... 13

2 REVISÃO TEÓRICA .............................................................................................. 14

2.1 O sistema prisional brasileiro ...................................................................................... 14

2.1.1 Execução Penal ..................................................................................................................... 14

2.1.2 Estabelecimentos penais  ................................................................................................... 15

2.1.3 Perfil das prisões e dos presos no Brasil  ...................................................................... 16

2.1.4 Panorama Paranaense  ....................................................................................................... 19

2.1.5 Os direitos dos condenados ............................................................................................... 22

2.2 A Educação no sistema prisional ............................................................................... 24

2.2.1 O que é Educação? .............................................................................................................. 24

2.2.2 O direito da assistência educacional dos presos ......................................................... 25

2.2.3 A questão da educacão prisional ...................................................................................... 27

2.3 Experiência no Brasil e no mundo ............................................................................. 31

2.3.1 A Educação prisional do estado do Paraná .................................................................. 35

3 PROPOSTA PARA ENRIQUECIMENTO DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL AOS PRESOS DO PARANÁ .................................................................................... 38

3.1 Apresentação .................................................................................................................... 38 

3.1.1 Escolarização formal através de professores da rede pública de ensino ............ 38 

3.1.2 Escolarização formal através de programas de educação à distância ................. 39 

3.1.3 Escolarização não-formal através da comunidade acadêmica ............................... 40 

3.2 Objetivos  ........................................................................................................................... 42

3.3 Metodologia ....................................................................................................................... 42

3.4 Resultados esperados ................................................................................................... 47

3.5 Avaliação dos resultados .............................................................................................. 48

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 51

ANEXO I - Projeto de Lei sobre Assistência à Educação dos presos ................ 55

 

 

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – População carcerária mundial ................................................................. 17

Tabela 2 – Situação processual dos presos do Paraná ............................................ 20

Tabela 3 – Estabelecimentos penais do Paraná ....................................................... 21

Tabela 4 – Estrutura da educação formal nas unidades prisionais do Paraná .......... 36

Tabela 5 – Nível de escolaridade dos presos do Paraná .......................................... 37

Tabela 6 – Quadro de escolarização dos estabelecimentos penais do Paraná ........ 39

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome

APED Associações Pedagógicas Descentralizadas

CCC Casa de Custódia de Curitiba

CCL Casa de Custódia de Londrina

CDPSJP Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais

CDR Centro de Detenção e Ressocialização

CDRLDA Centro de Regime semi-aberto de Londrina

CDRPQA Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara

CEEBJA Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos

CEREJA Centro de Referência em Educação de Jovens e Adultos

COT Centro de Observação e Triagem

CMP Complexo Médico Penal

CPA Colônia Penal Agrícola

CPI Comissão Parlamentar de Inquérito

DEPEN Departamento Penitenciário

DIED Divisão de Educação do Departamento Penitenciário do PR

ENCEJA Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens

e Adultos

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

LEP Lei de Execução Penal

MEC Ministério da Educação Nacional

NAES Núcleo Avançado de Estudos Supletivo

ONU Organização das Nações Unidas

PCE Penitenciária Central do Estado

PEF Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu

PEL Penitenciária Estadual de Londrina

PEM Penitenciária Estadual de Maringá

PEP Penitenciária Estadual do Paraná

PEPG Penitenciária Estadual de Ponta Grossa

PFP Penitenciária Feminina do Paraná

PIC Penitenciária Industrial de Cascavel

PIG Penitenciária Industrial de Guarapuava

PROUNI Programa Universidade para Todos

RAPG Regime Semi-Aberto de Ponta Grossa

SEED Secretaria de Estado de Educação

SEJU Secretaria da Justiça

UNESCO United Nations Education Science and Culture Organization

10

 

1 INTRODUÇÃO

1.1 Tema e Problema

O cárcere é uma instituição totalitária, que, com o passar do tempo, deforma a pessoa e acentua seus desvios morais. Os Códigos costumam assegurar aos presos direitos que são inerentes à perda da liberdade, mas eles vivem num mundo em que desaparecem os valores que existiam em seu meio, desde a opção sexual até qualquer outra iniciativa pessoal que não se enquadre nos estreitíssimos limites de um regulamento que tem como objetivo castrar, inibir. A condição de encarceramento pode até ser melhorada; mas na essência, a prisão continuará a mesma, um atentado à condição humana (CARVALHO FILHO, 2002 citado por ALVES, 2003)

Não é difícil constatar os problemas advindos na sociedade mundial atual.

Dificuldades como desemprego, miséria, corrupção, desrespeito ao meio ambiente,

crime organizado, falta de saúde e educação, violência e outros, reinam no dia-a-dia.

Dentre tantos, a criminalidade cresce a cada dia, agravando, por conseqüência, o

sistema carcerário como um todo. A incapacidade política em promover efetivas

ações e programas referentes a esta problemática é ainda contestável e

inconcebível.

O sistema carcerário tem o objetivo, de acordo com a Lei de Execução

Penal (LEP) e o Código Penal brasileiros, de recuperar, ressocializar os presos e

prepará-los para retornarem ao mercado de trabalho, hábeis para o convívio social.

Percebe-se, entretanto, ao examinar a realidade prisional e os procedimentos

disciplinares dos presídios nacionais, uma incompatibilidade se compará-la com o

objetivo que estabelece a lei. Tem se mostrado, pois, insuficiente e os presídios

podem ser considerados como cenários de constantes violações dos direitos

humanos (BRASIL, 1984; BRASIL, 1940).

O termo ressocialização surgiu com as ciências sociais comportamentais

e para Capeller citado por Julião (2006), se refere à reintegração social da pessoa,

enquanto sujeito de direito. Diante disso, há uma idéia que se contrapõe e em

partes, parece irônica: encarcerar um sujeito, muitas vezes privando-o de liberdade,

com a finalidade de reintegrá-lo a sociedade. Indaga-se, portanto, como ficar atrás

11

 

das grades, em situações precárias de saneamento e sem assistência alguma, pode

proporcionar algum beneficio ao indivíduo e prepará-lo para voltar à vida externa aos

muros.

É necessário, portanto, uma assistência aos presos, para que possam

restabelecer seus direitos a liberdade com um mínimo de dignidade, tratados de

possíveis desvios psicológicos, atribuindo-lhes assistência médica, dentária,

psicológica e educacional, este, inclusive, já estampado logo no primeiro artigo da

Lei de Execução Penal (BRASIL, 1984).

Com base nesta situação que vem se intensificando no decorrer dos anos,

discute-se neste trabalho, a partir de uma pesquisa bibliográfica, os direitos do preso

à educação. Procura-se estabelecer o contexto legal e social nos quais se insere a

educação nos presídios brasileiros e apresenta uma reflexão, em vários planos e

aspectos, sobre a possível instituição de uma assistência educacional aos presos,

voltado ao estado do Paraná.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Propor a implantação da assistência educacional às cadeias públicas e às

penitenciárias no estado do Paraná.

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

- realizar levantamento sobre a realidade educacional dos presos;

- investigar modelos educacionais existentes para os presos;

- apresentar proposta para implantação da assistência educacional aos

detentos.

12

 

1.3 Justificativa

A educação e a cultura são direitos de todo ser humano, conforme o

artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DECLARAÇÃO

UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948). Ainda, a resolução de 1990 do

Conselho Econômico e Social das Nações Unidas que trata da educação nas

prisões recomenda que todos os presos devem ter acesso à educação, inclusive

programas de alfabetização, educação fundamental, formação profissional,

atividades recreativas, culturais, educação física, dentre outros (ONU, 1990).

Já a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) determina que a

educação, que é dever da família e do Estado, tem como finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).

Mesmo diante de diversas determinações à implantação da educação

como um bem de todos, inclusive da população carcerária, sabe-se que em cadeias

públicas e em penitenciárias este direito muitas vezes não se aplica. Como

justificativa de reverter ou no mínimo suavizar este quadro e, por considerar que a

educação formal sozinha não consegue garantir a construção de uma sociedade

democrática, solidária e justa é que este trabalho propõe, através de parcerias,

buscar alternativas variadas para contribuir com a construção da humanização do

sistema carcerário.

13

 

1.4 Metodologia

O método utilizado no desenvolvimento deste trabalho foi dividido em

duas etapas:

Pesquisa Bibliográfica

Realizou-se levantamento bibliográfico, por meio de pesquisas de

materiais já elaborados, legislações e artigos com temas relacionados.

Desenvolvimento da Proposta

Com base na bibliografia levantada, foi formulada a proposta para a

implementação da assistência educacional em cadeias públicas e penitenciárias aos

presos do estado do Paraná.

O período de realização das coletas dos dados para a pesquisa

bibliográfica e para o desenvolvimento do projeto compreendeu desde agosto de

2008 até fevereiro de 2009.

14

 

2 REVISÃO TEÓRICA 2.1 O Sistema Prisional Brasileiro 2.1.1 Execução Penal

O Artigo 1º da Lei no 7.210, Lei de Execução Penal (LEP), determina que

o objetivo da execução penal é “efetivar as disposições de sentença ou decisão

criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado

e do internato” (BRASIL, 1984, p.01).

Para Mirabete (2007), a pena é o pagamento pelo mal praticado, imposta

por uma exigência ética, sendo que o castigo compensa o mal e dá reparação à

moral.

Segundo Foucault citado por Julião (2006, p.75), “as prisões não se

destinam a sancionar o infrator, mas a controlar o indivíduo, a neutralizar a sua

periculosidade, a modificar as suas disposições criminosas”.

Conforme Nucci (2008), algumas das finalidades da pena tangem além de

castigar a quem cometeu um crime, impedir uma vingança privada e suas

desastrosas conseqüências e contentar o inconsciente da sociedade na busca de

justiça. Ainda, reprimindo o criminoso, o Estado demonstra: a eficiência e a

legitimidade do Direito Penal; intimida quem pensa em delinqüir, que deixa de fazê-lo

para não enfrentar as conseqüências da punição; recolhe o delinqüente ao cárcere

para que não torne a ferir outras vítimas; e, objetiva a prevenção individual de

reeducação e ressocialização do sentenciado.

Porém, se a reabilitação social constitui uma das finalidades do sistema

de execução penal, é certo que os presos devem ter direito aos serviços que a

possibilitem, como os serviços de assistência que, devem, inclusive, ser

obrigatoriamente oferecidos como dever do Estado (NUCCI, 2008).

No Brasil, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciário

(CNPCP), com sede na Capital da República e subordinado ao Ministério da Justiça,

é o órgão soberano da Execução Penal. Tal conselho é composto por 13 membros,

nomeados através do ato do Ministério da Justiça, formado por Professores e

profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e Ciências

15

 

Correlatas, bem como por representantes da comunidade e dos Ministérios da área

social (MIRABETE, 2007).

A política de execução penal do Brasil, juntamente com os demais países

do Ocidente, está centrada na valorização das penas privativas de liberdade,

embora, cresça a discussão sobre a alternativa de investir em outros programas

(regime aberto e semi-aberto) (MIRABETE, 2007).

Com o fim da federalização da Execução Penal, a justiça e o sistema

policial estão organizados em níveis estaduais, de forma que cada governo possui

certo grau de autonomia na introdução de políticas públicas na execução penal.

Além disso, com a diversidade cultural, social e econômica das diversas regiões do

Brasil e das cidades, a realidade brasileira é bastante heterogênea, variando até

mesmo entre as unidades penais de uma mesma cidade (JULIÃO, 2007).

2.1.2 Estabelecimentos Penais

Os estabelecimentos penais são os lugares apropriados para o

cumprimento da pena nos regimes fechado, semi-aberto e aberto, bem como para

as medidas de segurança. Servem também para abrigar os presos provisórios,

exigindo-se a devida separação. Mulheres e pessoas maiores de sessenta anos

também devem ter locais especiais (BRASIL, 1984 citado por NUCCI, 2008).

Conforme a sua destinação, o estabelecimento deve conter áreas e

serviços voltados à assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva

dos presos. Aqueles destinados às mulheres terão ainda berçário, onde poderão

amamentar seus filhos. Determina a lei que deve haver divisão entre réus primários

e reincidentes, pois o primeiro tem melhores condições para responder ao processo

de reabilitação social do que o reincidente, além de facilitar o tratamento

penitenciário e as medias de vigilância do estabelecimento (NUCCI, 2008;

MIRABETE 2007).

Denomina-se penitenciária o presídio que abriga condenados sujeitos à

pena de reclusão, em regime fechado, conforme art. 87 da LEP. Deve haver cela

individual, com dormitório, aparelho sanitário e lavatório, em local salubre e área

mínima de seis metros quadrados. O artigo 90 da Lei determina que as

16

 

penitenciárias masculinas devam ficar afastadas de centro urbano, mas não tão

distantes a ponto de impedir o acesso das visitas (BRASIL, 1984).

Denomina-se cadeia pública o local destinado ao recolhimento de presos

provisórios (Art. 102), o que indica, mais uma vez, a necessidade de separação

entre aqueles que não podem ser considerados culpados, por inexistência de

sentença condenatória com trânsito em julgado e os já definitivamente julgados.

Atualmente, em lugar das cadeias, surgiram os chamados centros de detenção

provisória, que possuem maior número de vagas, porém, com estrutura semelhante

a do presídio (BRASIL, 1984 citado por NUCCI, 2008; BRASIL, 1984 citado por

MIRABETE, 2007).

Também existe a colônia penal, que pode ser classificada como agrícola,

industrial ou similar e é o estabelecimento destinado ao cumprimento de pena em

regime semi-aberto, sendo seus alojamentos coletivos. A casa do albergado é o

lugar para o cumprimento da pena em regime aberto, bem como para a pena de

limitação de fim de semana. Neste caso, o prédio deverá situar-se em centro urbano,

separado dos demais estabelecimentos, sem obstáculos físicos impeditivos de fuga.

O albergado fica fora o dia todo, trabalhando, e o regime conta com sua

autodisciplina e senso de responsabilidade (NUCCI, 2008).

O Brasil mantém aproximadamente 1283 estabelecimentos prisionais para

o cumprimento de penas, distribuídos em unidades estaduais, tais como: Cadeia

Pública, Penitenciárias, Casa do Albergado, Central de Penas Alternativas, Central

de Observação, Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, Colônia Penal

Agrícola, Industrial ou similar e Patronato (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/BRASIL,

2004).

2.1.3 Perfil das prisões e dos presos no Brasil

Conforme Marcial (2003), os crimes mais comuns no Sul e no Sudeste

brasileiro são relacionados a roubo e furto, enquanto que no Amazonas e no Acre o

crime mais comum é o tráfico de drogas. O estado do Alagoas é onde há mais

presos por homicídio, chegando ao número expressivo de 56,8% da massa

carcerária. Já na região do Nordeste e Centro-Oeste, a maioria das prisões ocorre

por assassinato. Na cidade de São Paulo encontra-se o maior número de presos por

17

 

habitantes e também a pior situação carcerária: 174 presos para cada grupo de

100.000 habitantes. Em Alagoas, por outro lado, há apenas 17 presos para cada

100.000 habitantes, porém, não são dados animadores, pois, apenas refletem a

impunidade que prevalece no Estado e, ainda, mais da metade dos presos

alagoanos são homicidas. Em termos de melhores condições carcerárias, o Rio

Grande do Sul se destaca, pois, não há preso em situação irregular no estado. E no

âmbito mundial, o Brasil se encontra como o 4º país com maior população

carcerária, perdendo para Estados Unidos, China e Rússia (Tabela 01).

Tabela 1 – População Carcerária Mundial

PAÍS POPULAÇÃO

CARCERÁRIA

Estados Unidos

2,299,116

China

1,565,771

Rússia

891,406

Brasil

440,013

Índia

373,271

México

222, 671 Fonte: MARCIAL (2003)

Para se ter uma idéia da má administração e das condições dos presídios

no Brasil, pode-se analisar a diferença de recursos investidos para a manutenção da

prisão em diferentes lugares no mundo. O Governo da Suécia, por exemplo,

despende US$ 61.000 dólares por ano para cada preso; Os Estados Unidos destina

US$ 25.000 a 30.000 dólares por ano para cada preso, para a manutenção da prisão

e salário para o prisioneiro. Já o Governo do Brasil destina US$ 4.300,00 dólares por

ano a cada preso. Cerca de seis vezes menos que o americano (MARCIAL, 2003).

Existem aproximadamente 10 milhões de pessoas na prisão e até agora,

não se tem um perfil claro e global dos (as) internos (as) do sistema penitenciário. O

que se sabe é que, em geral, o nível educativo dos detentos é mais baixo do que a

média da população e, que as pessoas pobres constituem a maior parte da

população das prisões (DE MAEYER, 2006).

18

 

Padre Valdir João, vice-coordenador da Pastoral Carcerária, em entrevista

para a revista ‘Estudos Avançados’, explica a existência de facções organizadas,

que surgiram devido à lacuna do Estado nas penitenciárias:

Por falta de estrutura nos presídios, elas [as facções] dão a assistência que o Estado não dá (...). Surgiu num primeiro momento, para se protegerem contra a violência e a tortura com que o Estado agia. Depois, para criar uma ordem entre os presos, pois havia extorsão, exploração e violência sexual de preso para com preso, então o crime se estruturou para impedir essa desordem toda (SILVEIRA, 2007, p.210).

Com a falta, por exemplo, de alimentação e material de higiene, quem

corre atrás são essas organizações, que trabalham com leis bem claras e

específicas: existe uma dimensão humanitária, são fraternos e se ajudam entre si,

mas quem comete o crime entre eles recebe a pena de morte, sem absolvição.

Mesmo que uma porcentagem reduzida, próximo dos 10% dos presidiários

participem de tais organizações, ela acaba por controlar grande parte da população

de detentos (SILVEIRA, 2007).

Magnabosco (1998) confirma que o estado em que vivem os detentos é

calamitoso, surgindo problemas sérios, inclusive, de promiscuidade, pois, a

abstinência sexual resulta em conseqüências graves no comportamento dos

reclusos. Além disso, de 10% a 20% dos presos brasileiros podem estar

contaminados com o vírus da AIDS.

O mesmo autor cita como os principais problemas enfrentados nas

prisões brasileiras a superlotação, a deterioração da infra-estrutura carcerária, a

corrupção dos próprios policiais, a abstenção sexual e a homossexualidade, o

suicídio, a presença de tóxico, a falta de apoio de autoridades governamentais, as

rebeliões, a má administração carcerária, a falta de apoio de uma legislação digna

dos direitos do preso-cidadão, a falta de segurança e pessoal capacitado para

realizá-la e a reincidência. Tais dificuldades demonstram que o Brasil está

aniquilando qualquer possibilidade de que venham a se recuperar e ao mesmo

tempo, desperdiça dinheiro (MAGNASCOLO, 1998).

Guimarães et al (2007, p.18) salientam que a maioria dos presos são

jovens oriundos das camadas sociais mais pobres, negros e já marginalizados

socialmente, filhos de famílias desestruturadas, que não tiveram acesso à educação

19

 

nem à formação profissional: “São pessoas que já estavam em uma situação

delicada e se não encontrarem as devidas condições necessárias nos presídios,

jamais poderão voltar à sociedade como cidadãos de bem.”

A superlotação dos presídios é também um problema atual em

penitenciárias e cadeias. Não há dúvida de que são desaconselháveis as prisões de

grandes dimensões, sejam destinadas ao cumprimento em regime fechado ou semi-

fechado, não convindo exceder sua capacidade de abrigar 350 condenados, limite

máximo geralmente indicado pelos estudos penitenciários. As colônias européias,

por exemplo, têm capacidade reduzidíssima, de 80 a 150 presos aproximadamente

(MIRABETE, 2007).

Nucci (2008) alega que quando o presídio está superlotado, a

ressocialização torna-se muito mais difícil, dependente quase que exclusivamente da

boa vontade individual de cada sentenciado.

Conforme dados da Revista Estudos Avançados (2007), no Brasil, o total

de presos até junho de 2007 era de 419.551, entre homens e mulheres, nos

diferentes regimes. Entre os anos de 2000 a 2007, houve um aumento de 80,2%

desta população. Um em cada três presos está em situação irregular, ou seja,

deveriam estar em presídios, mas encontram-se confinados em delegacias ou em

cadeias públicas (MARCIAL, 2003).

2.1.4 Panorama Paranaense

Até o ano de 2006, o estado do Paraná possuía 5.002 réus primários, 2.387

reincidentes e 1.460 provisórios. Até 2005, 8.406 indivíduos cumpriam pena em

diversos estabelecimentos prisionais do estado. Em dezembro de 2007 este número

passou para 11.209, conforme dados constantes na Tabela 02. Percebe-se,

portanto, um aumento gradativo a cada ano, assim como ocorre em todo o território

nacional (DEPEN/PR, 2007).

20

 

Tabela 2 – Situação Processual dos Presos no Paraná

Fonte: DEPEN/PR, 2007.

Através da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (SEJU), o Paraná

conta com um Complexo Penal do Estado, o qual aloja os presos do estado, assim

distribuídos: 10 unidades de segurança máxima, dentre estas, quatro são

Penitenciárias Terceirizadas e duas, Industriais; conta com um Centro de

Observação e Triagem (COT), um Complexo Médico Penal (CMP), duas unidades

de Regime Semi-aberto, duas Casas de Custódia e dois Patronatos (DEPEN, 2004).

Segue um breve panorama de alguns dos estabelecimentos penais do Paraná na

Tabela 03 (PAINHAS, 2007).

21

 

Tabela 3 – Estabelecimentos Penais do Paraná NOME TIPO CAPACIDADE/ TOTAL DE PRESOS

TRABALHANDO Casa de Custódia De

Curitiba (CCC) Segurança máxima. Presos provisórios. Sexo Masculino.

410 presos. Alojava 493 até jun/2007. Total de 137 presos trabalhando.

Casa de Custódia de Londrina (CCL)

Segurança Máxima. Presos provisórios. Sexo Masculino.

288 presos. Alojava 382 presos até jul/2007. Total de 35 presos trabalhando.

Penitenciaria Estadual de Foz do Iguaçu (PEF)

Regime fechado. Sexo masculino. 480 presos. Alojava 535 presos até jul/2007. Total de 129 presos trabalhando.

Penitenciária Central do Estado (PCE)

Regime fechado de segurança máxima, a presos do sexo

masculino.

1400 presos. Alojava 1489 presos até jul/2007. Total de 376 presos trabalhando.

Centro de Detenção e Ressocialização de

Piraquara (CDRPQA)

Regime fechado e de segurança máxima. Sexo Masculino.

960 presos. Alojava 858 presos até jul/2007. Total de 160 presos trabalhando.

Complexo Médico Penal (CMP)

Regime fechado. Sexo Masculino e Feminino. Presos provisórios

condenados por medida de segurança ou com tratamento

psiquiátrico e ambulatorial.

350 presos.

Total de 175 presos trabalhando.

Penitenciária Estadual de Londrina (PEL)

Regime Fechado. Sexo Masculino.

504 presos. Alojava 549 presos até jul/2007. Total de 17 presos trabalhando.

Penitenciária Estadual de Maringá (PEM)

Regime Fechado. Sexo Masculino.

360 presos. Alojava 366 presos até jul/2007. Total de 177 presos trabalhando.

Penitenciária Estadual de Ponta Grossa

(PEPG)

Regime Fechado. Sexo Masculino.

410 presos. Alojava 407 presos até jul/2007. Total de 148 presos trabalhando.

Regime Semi-Aberto de Ponta Grossa (RAPG)

Segurança Média. Regime semi-aberto. Sexo Masculino.

90 presos. Alojava 117 presos até jul/2007. Total de 68 presos trabalhando.

Penitenciária Feminina Do Paraná (PFP)

Segurança Máxima. Sexo Feminino, condenadas ou

provisórias.

340 presas. Alojava 307 até jul/2007. Total de 83 presas trabalhando.

Colônia Penal Agrícola (CPA)

Segurança Média. Sexo Masculino. Regime semi-aberto.

Condenados e Provisórios.

900 presos. Alojava 850 até jul/2007. Total de 736 presos trabalhando.

Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais (CDPSJP)

Regime Fechado. Segurança Máxima. Presos provisórios.

960 presos. Continha 850 até jul/2007. Total de 129 presos trabalhando.

Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC)

Regime fechado. Sexo Masculino. 360 presos. Alojava 334 presos até jul/2007. Total de 215 presos trabalhando.

Penitenciária Industrial De Guarapuava (PIG)

Regime Fechado. Sexo Masculino.

240 presos. Alojava 220 até jul/2007. Total de 126 presos trabalhando.

Centro de Regime semi-aberto de Londrina

(CDRLDA)

Sistema fechado. Sexo Masculino.

960 presos. Alojava 850 até jul/2007. Total de 112 presos trabalhando.

Penitenciária Estadual do Paraná (PEP)

Regime Fechado. Sexo Masculino.

543 presos. Alojava 717 até jul/2007. Total de 232 presos trabalhando.

Fonte: PAINHAS (2007).

22

 

Para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do sistema carcerário,

com base em visitas realizadas no Presídio Federal de Catanduvas, na Penitenciária

Industrial de Cascavel e no Centro de Detenção e Ressocialização de São José dos

Pinhais, os presídios do Paraná estão acima da média nacional, pois, não há

superpopulação, há respeito à disciplina e os presos são orientados ao trabalho e

alguns, até à educação. Mesmo assim, um grande problema paranaense ainda está

ligado ao fato de que mesmo havendo 12 mil presos em penitenciárias, ainda

existem 12 mil em cadeias públicas (PAINHAS, 2007).

Conforme dados da Depen/PR, a população carcerária paranaense é

extremamente jovem: 57,5% encontram-se na faixa de 18 a 30 anos. Outro dado

relevante é o baixíssimo nível de escolaridade: 55,2% não possuem o Ensino

Fundamental completo. Em relação às atividades produtivas realizadas antes do

ingresso no sistema penal, 34,7% declaram pertencer à área da construção civil; e

25,2% à área de serviços (DEPEN/PR, 2009).

Esse quadro fornece informações importantes para o planejamento das

políticas públicas no sistema penal no Paraná, pois, de acordo com os dados, tem-

se um preso jovem, com pouca escolaridade e sem nenhuma qualificação

profissional (DEPEN/PR, 2009).

2.1.5 Os direitos dos condenados

Segundo dispõe o artigo 41 da LEP, são direitos do preso: alimentação

suficiente e vestuário; atribuição de trabalho e sua remuneração; previdência social;

constituição de pecúlio; proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho,

o descanso e a recreação; exercício das atividades profissionalizantes, intelectuais

artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;

assistência material, saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; proteção contra

qualquer forma de sensacionalismo; entrevista pessoal e reservada com o

advogado; visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias

determinados; chamamento nominal; igualdade de tratamento salvo quanto às

exigências da individualização da pena; audiência especial com o diretor do

estabelecimento; representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de

direito; contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura

23

 

e de outros meios de informação que não comprometem a moral e os bons

costumes; recebimento de atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob

pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente (BRASIL, 1984).

A LEP determina que se o réu é detido através de, por exemplo, prisão

preventiva, prisão em flagrante, prisão para recorrer, antes de ser julgado pela

sentença condenatória e ficando recolhido em estabelecimento penitenciário,

mesmo que separado dos demais, deve submeter-se às mesmas regras que regem

a execução penal, quando compatíveis com a natureza de sua prisão. Tem direito,

pois, de ter asseguradas as suas integridades físicas e morais, bem como a mesma

assistência que o sentenciado definitivo possui (alimentação, educação, vestuário,

auxílio médico, etc.). Outros enfoques foram surgindo com o tempo, tais como a

possibilidade do preso provisório trabalhar, acumulando tempo para utilizar no

desconto de eventual pena aplicada em condenação futura, o que é chamado de

remição e outras possibilidades. Outro aspecto importante é com relação ao direito

de voto: durante o período de cumprimento da pena, mesmo em regime aberto ou

semi-aberto, o sentenciado não pode votar e ser votado. Porém, quanto aos presos

provisórios, é certo que mantêm este direito, mas na prática, não tem sido possível

assegurar-lhes este direito, devido à inviabilidade de instalação de sessões eleitorais

no interior dos presídios (NUCCI, 2008).

Quando se trata de pena privativa de liberdade, restringe-se apenas o seu

direito de ir e vir e os direitos convexos, como não ter prerrogativa integral à

intimidade (NUCCI, 2008), desta forma, portanto, mesmo diante da falta de

liberdade, é direito do preso, e deve cumprir-se a assistência à educação.

Lamentavelmente, o Estado tem dado pouca atenção ao sistema carcerário nas últimas décadas, deixando de lado a necessária humanização do cumprimento da pena, em especial no tocante à privativa de liberdade, permitindo que muitos presídios se tenham transformado em autênticas masmorras, bem distantes à integridade física e moral dos presos, direito constitucionalmente imposto (NUCCI, 2008, p.989).

24

 

2. 2 A Educação no Sistema Prisional

2.2.1 O que é Educação?

Entende-se por educação, conforme Peliano (2008), como o ato de

orientar, acompanhar, nortear e de trazer de "dentro para fora" as potencialidades do

indivíduo. De Mayer (2006) complementa que a educação dá significado ao passado

e proporciona ferramentas para se formular um projeto individual.

Em um sentido amplo, a educação de uma pessoa reflete toda a sua

existência em toda a sua duração e em todos os seus aspectos. Assim, educação é

formação do homem pela sociedade, ou seja, o processo pelo qual a sociedade atua

constantemente sobre o desenvolvimento do ser humano. Trata-se de um processo,

um fato existencial e social, é um fenômeno cultural. É um fato histórico, “refere-se

ao modo como o homem se faz ser homem” (PINTO, 1984, p. 30).

A lei 9.394, que estabelece a Lei de Diretrizes e Bases, determina em seu

artigo 37 que a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não

tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade

própria. E complementa que os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente a

estas pessoas, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as

características do aluno, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante

cursos e exames (BRASIL, 1996).  

De Mayer (2006) estabelece os objetivos da educação a jovens e adultos:

desenvolvimento da autonomia e do senso de responsabilidade, que acabam por

fortalecer a capacidade de lidar com as transformações que ocorrem na economia,

na cultura e na sociedade. Além disso, move a participação criativa e crítica do

cidadão em sua comunidade, permitindo que as pessoas controlem seus futuros e

enfrentem os desafios que se encontram à sua frente.

25

 

2.2.2 O direito da assistência educacional dos presos

Existem atualmente próximo de 10 milhões de internos no sistema

penitenciário em todo o mundo que é afetado pelo problema da falta de educação

nas prisões. Todavia, normalmente, os pais, amigos e familiares desta população de

detentos também se encontram excluídos da educação formal. E muito

provavelmente, os filhos dos prisioneiros também deixaram, ou ainda deixarão, de

fazer parte do sistema educacional, pois, não recebem apoio e influência familiar.

Assim, o problema com relação a falta de educação abrange muito mais do que

apenas o detento, são mais de setenta milhões de pessoas diretamente ligadas ao

impacto da falta de assistência educacional na prisão (DE MAYER, 2006).

Como enunciado no Art. 26 da Declaração Universal dos Direitos do

Homem e do Cidadão de 1948, o direito à educação não restringe idade, gênero ou

condição social e jurídica, desde que, seja dela carente quantitativa e

qualitativamente:

Art. 26º Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz (DECLARAÇÃO DE DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO, 1948).

Deste modo, o Estado deverá prover a educação inclusive aos presos, a

fim de que os mesmos, ao serem postos em liberdade, possam continuar sem

dificuldade sua preparação (MIRABETE, 2007).

Conforme o item 77 das Regras Mínimas da Organização das Nações

Unidas (ONU) para o tratamento de reclusos, adotado em agosto de 1955, devem

ser tomadas medidas no sentido de melhorar a educação de todos os reclusos.

Ainda, conforme Marcão (2008), a educação de analfabetos e jovens deve ser

obrigatória e deve de preferência estar integrada com o sistema educacional do

26

 

país, para que após sua libertação, o preso possa sem dificuldades continuar o

processo educacional.

A lei no 5.692 de 1971 determina que os detentos têm direito a cursos

primários e secundários, denominados posteriormente pela Lei de Diretrizes e

Bases, de Ensino Fundamental e Médio, respectivamente. Portanto, a tarefa do

Estado não se resume simplesmente a propiciar a instrução dos presos em sua

alfabetização, mas proporcionar-lhes o ensino por todo o 1º grau. A freqüência à

escola ou a participação nas atividades que a substituem é matéria a ser definida

pela lei local e complementada, eventualmente, por regulamentos de cada

estabelecimento penal (BRASIL, 1971 citado por MIRABETE, 2007).

Dispõe a lei que o ensino do primeiro grau também deve integrar-se no

sistema escolar da unidade federativa. Deve atender a seus requisitos, modalidades

e características e ser ministrado por pessoas que possuam a capacidade técnica

exigida para tanto, de acordo com as normas correspondentes ao ensino prestado

na rede escolar pública ou privada. Desta forma, tem o mesmo valor do ensino

ministrado nos estabelecimentos públicos ou particulares credenciados, de acordo

com o que dispuser a legislação local, habilitando o condenado a concluir o estudo

quando for posto em liberdade, ou, se isto se fez na prisão, a ingressar no curso no

2º grau (MIRABETE, 2007; MARCÃO, 2008).

Determina-se na lei 5.692, inclusive, que o ensino profissional, este

facultativo, seja ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. A

habilitação profissional é uma das exigências das funções utilitárias da pena, pois

facilita a reinserção do condenado no convívio familiar, comunitário e social, a fim de

que não volte a delinqüir e contribui para manter ou aumentar a capacidade do preso

para ganhar a vida honesta quando adquirir a liberdade. Nesta hipótese, ao iniciar-

se o cumprimento da pena privativa de liberdade, deve ser feita uma previsão

quanto à sondagem de aptidões do condenado, iniciando-se o ensino para a

instrução profissional, tendo-se em vista o tempo em que o condenado deverá

permanecer preso (BRASIL, 1971 citado por MIRABETE, 2007).

É ainda obrigatória a existência em cada estabelecimento penitenciário de

uma biblioteca para uso de todos os presos e internados, devendo ser provida de

livros instrutivos, recreativos e didáticos (MIRABETE, 2007).

De Maeyer (2006) complementa algumas justificativas para a educação

na prisão:

27

 

a) garantir um mínimo de ocupação para os internos;

b) ter certeza de que a segurança e a calma dos presídios estejam

garantidas;

c) oferecer mão-de-obra barata para o mercado de trabalho;

d) construir um novo homem ou uma nova mulher, quebrando a má

personalidade, a fim de reduzir a reincidência; dentre outras.

Para Marcial (2003), a educação tem por objetivo formar a pessoa

humana do recluso, segundo sua própria vocação, para reinserí-lo na comunidade

humana, no sentido de sua contribuição na realização do bem comum. O tratamento

reeducativo é uma educação tardia do recluso, que não a obteve na época oportuna.

Para o autor, a liberação do detento sem o prévio preparo, como o tratamento

reeducativo, e sem a colaboração da sociedade no papel de reinserção social, é

traumatizante e fator de delinqüência.

Conforme Julião (2006), no que se refere à ressocialização, a educação

pode assumir um papel de destaque, pois, além da instrução escolar e da formação

social adquirida, o preso pode vir a mudar sua visão de mundo, formando um senso

crítico e melhorando seu comportamento na vida carcerária e posteriormente, na sua

vida exterior.

2.2.3 A questão da educação prisional

Em qualquer parte do mundo ocidental, quando se fala em propostas de programas de ressocialização para a política de execução penal, pensa-se em atividades laborativas e de cunho profissionalizante bem como atividades educacionais, culturais, religiosas e esportivas (JULIÃO, 2006, p. 79)

Os direitos à educação e ao trabalho estão vinculados à formação e

desenvolvimento da personalidade do recluso. Estes são de grande significado, pois

são considerados reeducativos e humanitários, colaboram na formação da

personalidade do recluso, ao criar-lhe hábito de autodomínio (MARCIAL, 2003).

Educação e trabalho são duas importantes categorias que permeiam toda

a discussão sobre programas de ressocialização no sistema penitenciário. Enquanto

28

 

uns valorizam o trabalho, outros valorizam a educação. Hoje, há outro grupo que

acredita que a educação e o trabalho devem andar juntos, estar articulados

(JULIÃO, 2006).

Os programas educativos nas prisões enfatizam, atualmente, por demais

o desenvolvimento de competências voltadas ao trabalho. A princípio, esta escolha é

bastante justificável, pois além de possibilitar ao preso a sua reinserção social, o

mesmo tem sua renda com o trabalho prestado, que abrange serviços de produção,

manutenção, artesanato, dentre outros. Entretanto, a realidade é diferente desta

formação em oficinas uma vez que demonstrou poucos resultados convincentes no

que se refere à formação dos detentos e sua absorção e qualificações para o

mercado de trabalho (RANGEL, 2007).

Ainda, o sistema penitenciário mantém o trabalho com uma remuneração

mínima ou sem remuneração, o que retira do trabalho sua função formativa ou

pedagógica e o caracteriza como castigo ou trabalho escravo (MARCIAL, 2003).

Painhas (2007) apresenta alguns problemas referentes à instituição do

trabalho no cárcere, pois estas geralmente acontecem através de contrato com

empresas terceirizadas. O autor alega que muitas empresas possuem interesse em

proporcionar o trabalho profissionalizante dentro do presídio, onde procuram a farta

e barata mão de obra do sistema penal, porém, muitas estão próximas a falência, ou

enfrentando diversos problemas no mercado. Isto porque, o sistema penitenciário

oferece alguns problemas às empresas, dentre os quais, a sempre constante

possibilidade de uma rebelião, a grande rotatividade de sua mão de obra, que pode

causar a quebra de produtividade.

Além disso, todas as mercadorias e produtos que adentrarem ou saírem

do presídio devem passar por rigorosa vistoria da segurança. Outra situação

problemática, é que a empresa deve estar preparada para enfrentar ao entrar para o

sistema penitenciário a questão da sazonalidade, pois se a mesma ficar uma época

do ano sem produzir dentro do sistema penal pode perder toda a sua linha de

produção, pois, os presos que a compõe, ao ficarem parados, sem trabalhar e sem

remuneração, procuram outras atividades laborativas (PAINHAS, 2007).

Deste modo, cabe avaliar sobre a implantação da prática não só do

trabalho profissionalizante aos presos, mas também a assistência educacional, cuja

importância já foi salientada. Verifica-se inclusive, que a reincidência dos

penitenciários no Brasil atinge números alarmantes. Portanto, uma reavaliação da

29

 

pena privativa de liberdade ou da ressocialização ocorrente no sistema carcerário,

sobretudo o trabalho profissionalizante, se faz prioritária. O simples encarceramento

sem um mínimo programa socioeducativo, tem se mostrado insuficiente para

recuperar um número mínimo de internos. Isto acarreta em um aumento significativo

de investimento para a sociedade, pois se tem o custo multiplicado para manter este

reincidente na prisão, além de prejudicar a condição de vida destes sujeitos

(JULIÃO, 2006).

Conforme o Art. 83 da LEP, todo estabelecimento penal, conforme a sua

natureza deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a

dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva. Logo, é primordial

que hajam em tais estabelecimentos escola ou oferta de cursos especializados, em

sistema de convênio (BRASIL, 1984 citado por MIRABETE, 2007).

Conforme Rangel (2007), não há fórmulas ou exemplos exatos a serem

seguidos para uma viável educação carcerária. Através de pesquisas o autor

constatou que programas de educação que deram certo, geralmente estão

relacionados com a implantação simultânea de diferentes estratégias, no plano de

administração judiciária, como a junção de programas de trabalho profissionalizante

e educacional, e no acompanhamento dos detentos após sua libertação, por

exemplo. Ficar atento as populações de risco tem-se por resultado, uma melhoria na

qualidade de vida do preso e uma baixa reincidência destes na prisão. Trata-se,

portanto, de uma educação fora dos muros do presídio, no âmbito comunitário

(RANGEL, 2007).

Um problema que deve ser tratado ao se implantar a assistência

educacional no cárcere é cuidar das práticas educativas abordadas, pois, podem ser

incompatíveis com a realidade do prisioneiro (JULIÃO, 2006). Os materiais didáticos

utilizados em alguns cursos em que se praticam a educação no mundo, como é o

caso da Europa, são destinados a crianças mesmo que saibam que são materiais

inapropriados e ineficazes. Ou ainda, para Rangel (2007), o material recebido é para

trabalhos em grupos, quando na verdade, no caso das prisões, a atenção individual

seja uma pedagogia importante. “Ninguém, em sã consciência, planejaria um

programa de ensino sem levar em conta a idade dos alunos, seu nível de

maturidade intelectual e emocional, seus interesses e, evidentemente, seus

antecedentes sociais” (BERNSTEIN 1997, p. 145).

30

 

O uso de conteúdos e métodos deve ser adaptado para a população

prisional, pois como indica Julião (2006, p.85), “é importante lembrar que a maioria

dos detentos viveu fracassos no sistema escolar e que as mesmas metodologias,

transportadas para a prisão, estão fadadas a produzir o mesmo resultado”.

Ainda, outro obstáculo muitas vezes encontrado quando se fala em

ensinar o preso, segundo Rangel (2007), está relacionado com as confrontações

que as administrações presidiárias encontram com a falta de motivação dos presos

em participar de atividades na detenção. Uma boa alternativa seria recompensá-los

com a redução da pena, a liberdade condicional ou com uma remuneração

simbólica. Na Europa, por exemplo, alguns países que disponibilizam atividades

educativas, a recompensa aos presos é percebida por eles como muito positiva. Em

países da Europa Ocidental, alguns presídios oferecem uma remuneração simbólica

a quem participa das atividades. Esta opção é interessante, pois contrabalança a

concorrência entre o trabalho e os estudos. Assim, conforme aconselha o autor,

deve-se levar em consideração a opinião e as preferências dos detentos. Há

aqueles que sentem necessidade de recolher dinheiro na prisão através do trabalho

e adquirir uma renda temporariamente fixa, ou aqueles que dão preferência a

educação visando à saída.

Conforme Julião (2006), a remição de parte da pena pelo trabalho é

reconhecida através da lei. Embora não seja prevista na lei, alguns estados

brasileiros como o Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro e o Mato Grosso do Sul, já

adotam há tempos o sistema de um dia de pena por dezoito horas de estudo.

Entretanto, o tema educação é interpretado na LEP distintivamente pelos diversos

estados no Brasil. Enquanto alguns insistem na implementação de ações e políticas

de incentivo à educação como prática na execução penal, outros, pouco ou nada

fazem para isso. Caberia, desta forma, ao governo do estado adotar a remição ao

estudo igualmente aos outros estados brasileiros acima citados.

Ainda, há a possibilidade de distribuir diplomas de valor simbólico aos

detentos que participam de cursos de curta duração, assim como algumas

administrações européias. Além de esta alternativa ser de grande valia ao preso que

a recebe, atuando como uma motivação para a participação das atividades

educativas é uma forma de pressionar as autoridades. Isto porque ao apresentarem

relatórios e balanços sobre a produtividade e a demanda de cursos educacionais e

31

 

salientarem a amplitude das realizações através dos certificados, fortalecem e

legitimam os pedidos de meios financeiros suplementares (RANGEL, 2007).

Deste modo, vale frisar, que disponibilizar ao preso um material didático

adequado para a sua faixa etária e para o seu nível educacional e usar de recursos

para motivá-lo a estudar, tal como a remição, são opções viáveis e que facilitariam a

inserção de um programa educacional nos presídios, tanto nas penitenciárias como

nas cadeias públicas (RANGEL, 2007).

Por fim, vale frisar que o encarceramento é visto aos olhos da sociedade

dos gestores públicos do mundo inteiro, como uma maneira punitiva e não como

uma forma de ressocialização e muito menos, como um direito universal. Assim, a

educação nas prisões acaba ficando em segundo plano, sendo muitas vezes cortada

ou reduzida. A prova disso é a falta de investimentos voltados a este setor, o que

reflete pouca ou nenhuma importância concedida (RANGEL, 2007).

Assim, cabe a decisão do governo para determinar a implantação desta

assistência, tanto no âmbito estadual como federal. Ainda, programas de assistência

educacional ao preso podem conceder ao governo uma legitimidade internacional e

reforçaria a coesão nacional.

2.3 Experiências do Brasil e do mundo

Vários países da Europa aprovaram leis que garantem o direito dos

presos à educação. A Bulgária, por exemplo, adotou um sistema rígido e bastante

normativo. A Bélgica e a Espanha possibilitaram um leque de alternativas e métodos

de formação, de sensibilização e de expressão ao preso através de atividades de

educação não-formal (RANGEL, 2007).

Integrar os detentos nos processos de votação do país e conseqüentemente,

de participação social, pode ser uma situação que parece dar certo, pois proporciona

um maior interesse dos políticos e maior investimento no sistema prisional do país.

Na maioria dos países da Europa, por exemplo, os detentos têm direito ao voto,

dentre os quais, dezoito países (dentre eles, a Espanha, a Irlanda, os Países Baixos)

não impõem qualquer restrição a este direito. Várias organizações européias

propõem que os detentos sejam motivados a votar para que adquiram,

progressivamente, o conhecimento e a consciência civil e exerçam sua cidadania. O

32

 

direito de votar e o acompanhamento das eleições e candidatos pode provocar

interesse para os assuntos que ultrapassam sua sobrevivência na prisão e incentiva

a participar de outras atividades na prisão e posteriormente na sociedade (RANGEL,

2007).

Para Rolim (2005) um grande problema relacionado à educação no

sistema prisional atual do Brasil, está relacionado com a falta de projetos de

construção de presídios federais ou estaduais com ambientes destinados a

formação educacional. A busca por soluções para esta realidade criminal manifestou

a elaboração de vários projetos, alguns deles irrealizáveis. Outros ainda são

passíveis de realização, entretanto, não são levados a sério com o passar dos anos

pelo poder público e acabam ficando estancados, com precários investimentos.

Exemplo destes projetos é Cidade Penitenciária do Rio de Janeiro que

idealizou em 1937, formas de regeneração ao preso segundo o modelo de uma

prisão moderna. Pretendia-se dar ao prisioneiro condições de uma vida mais

saudável no interior do cárcere, proporcionando assistência médica e dentária,

prática do esporte, da educação e do trabalho. A idéia da penitenciária modelo foi

colocada em questão, porque o ambiente e a conduta que o preso deveria seguir em

estabelecimento deste tipo não condizia com a situação de sua vida extra-muros.

Projetos como esse, terminaram esquecidos frente à necessidade de vagas em

vários presídios brasileiros (MARCIAL, 2003).

Ao longo dos anos de 2005 e 2006, a partir de parceria entre os

ministérios da Educação, Justiça e a Representação da UNESCO no Brasil, com

patrocínio do governo do Japão, o projeto ‘Educando para a Liberdade’ proporcionou

informação e/ou o acesso a diferentes níveis de educação e formação à população

prisional brasileira. A proposta inicial do projeto contemplava a possibilidade de

investimento em quatro estados (Ceará, Paraíba, Goiás e Rio Grande do Sul),

escolhidos também pelo compromisso que seus governos estaduais assumiram

formalmente para com os objetivos do programa, naquela década (UNESCO, 2006).

Dentre várias formações, Seminários e Congressos que o projeto tornou

possível, houve também a realização do projeto ‘Teatro do Oprimido’ nas prisões.

Após oficinas de capacitação na metodologia do teatro-fórum, os diversos atores do

sistema produziam peças de teatro trazendo à tona situações de opressão que

fazem parte de seus cotidianos. As produções eram apresentadas em eventos

33

 

públicos dentro e fora das prisões, inaugurando um acontecimento prisional em que

a autoridade e a sociedade também se faziam presentes (UNESCO, 2006).

A aproximação dos dois ministérios (Educação e Justiça) possibilitou

também que o Programa ‘Brasil Alfabetizado’ desse tratamento diferenciado para os

alfabetizadores atuantes no sistema penitenciário e previsse a necessidade de uma

abordagem metodológica diferenciada. Além disso, estimulou a inclusão dos

estabelecimentos penitenciários na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio

(Enem), o que não apenas tem auxiliado o MEC a avaliar o perfil dos educandos que

concluíram a educação básica, mas tem também proporcionado a alguns deles o

acesso à universidade por meio do ‘Programa Universidade para Todos’ (Prouni).

Em 2006, por exemplo, o Enem foi aplicado em estabelecimentos penais de oito

estados do país, alcançando 141 unidades prisionais. Outro aspecto positivo do

programa ‘Educando para a Liberdade’ foi a decisão de dar prosseguimento à

parceria entre o governo federal e a UNESCO nesta temática, no momento em que o

projeto originário, financiado com recursos do Japão, tinha chegado ao fim

(UNESCO, 2006).

Por fim, em um período de apenas dois anos, o Governo Federal passou

a investir recursos em quase metade dos estados do país, na melhoria dos sistemas

públicos de EJA (Ensino de Jovens e Adultos) nas prisões. Além disso, o projeto deu

suporte para consolidar uma forte posição em favor da remição da pena pelo estudo

no Brasil, tanto pela inclusão do tema nos seminários, discussões e debates em todo

o país, bem como pela elaboração de um projeto de lei que busca consagrar

expressamente esta possibilidade na lei de execução penal (Anexo 01). Esse projeto

de lei busca valorizar a conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante

o cumprimento da pena, premiando-a com o acréscimo da metade do tempo a remir,

acumulado em função das horas de estudo, desde que certificada pelo órgão

competente do sistema de educação. Atualmente, o projeto de lei encontra-se nos

seus últimos ajustes formais junto ao Gabinete do Ministro da Justiça, para que

então seja remetido à Casa Civil da Presidência da República e daí ao Congresso

Nacional (UNESCO, 2006).

Outro resultado que vale ser salientado, foi a mudança de padrões na

aplicação dos recursos públicos específicos para a educação nas prisões, com

compartilhamentos de recurso da Depen (MJ) e do MEC para a celebração dos

34

 

convênios com os estados, o que significou mais investimentos na área, com maior

cobertura geográfica e melhores critérios de aplicação (UNESCO, 2006).

Na Penitenciária Federal em Campo Grande em Mato Grosso do Sul, a

oferta de atividades educacionais iniciou-se em agosto de 2007 através de uma

importante parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Mato Grosso do Sul,

por meio da Escola Estadual Pólo Professora Regina Lucia Betine. Cabe registrar o

excelente trabalho dos Agentes Penitenciários Federais da Divisão de Reabilitação

da Penitenciária Federal em Campo Grande/MS, frente às articulações necessárias

para a oferta da Assistência Educacional, que disponibilizou duas profissionais para

ministrar as aulas de alfabetização e de ensino fundamental para um grupo de 16

presos (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2009).

Em dezembro de 2007, vinte e três presos custodiados na Penitenciária

Federal em Campo Grande/MS realizaram o ENCEJA – Exame Nacional para

Certificação de Competências de Jovens e Adultos, aplicado pelo Ministério da

Educação e direcionado às pessoas que não concluíram o ensino fundamental ou o

ensino médio. Importa registrar que a oferta de educação no âmbito do Sistema

Penitenciário Federal alia-se às discussões e proposições do II Seminário Nacional

Pela Educação nas Prisões, realizado no mês de outubro de 2007 em Brasília – DF,

na construção de uma política pública integrada e cooperativa, marco para um novo

paradigma de ação, tanto no âmbito da Educação de Jovens e Adultos quanto da

Administração Penitenciária (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2009).

Alguns agentes penitenciários federais foram formados para trabalhar

como agentes de leitura e para cuidar da biblioteca da Penitenciária Federal em

Catanduvas/PR e em Campo Grande/MS. E no ano de 2008 foi realizado o concurso

‘Escrevendo a Liberdade’, promovido pela Depen em parceria com o MEC, o Centro

de Referência em Educação de Jovens e Adultos (CEREJA) e a UNESCO, a fim de

incentivar a produção textual de internos e internas dos diversos estabelecimentos

penais do país (podiam participar presos provisórios, condenados e pessoas sob

medida de segurança). Os três primeiros lugares eram premiados (MINISTÉRIO DA

JUSTIÇA, 2009).

35

 

2.3.1 A Educação no sistema prisional do estado do Paraná

A divisão de Educação do Departamento Penitenciário do Paraná (DIED)

conta com o processo de escolarização no sistema prisional conforme dados do

Depen/PR. O programa se iniciou com um acordo de ação conjunta em fevereiro de

1982 entre a Secretaria de Estado da Justiça (SEJU) e a Secretaria de Estado da

Educação (SEED). O acordo proporcionou aos presos e aos funcionários do sistema

penitenciário do Paraná escolarização no âmbito do 1º e 2º graus, através da

modalidade de ensino supletivo e a escola foi implantada como um Centro de

Orientação e Aprendizagem. Mais tarde, esse Centro passou a ser um Núcleo

Avançado de Estudos Supletivos – NAES Dr. Mário Faraco, a partir da Resolução

2088 de 1987.

Após consecutivas mudanças no nome, passou a se chamar Centro

Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos – CEEBJA Dr. Mario Faraco –

Ensino Fundamental e Médio com o surgimento da LDB de 1996. E o Centro atende

hoje a oito unidades prisionais, incluindo Curitiba e região metropolitana.

A construção de diversas penitenciárias nos municípios do interior do

estado exigiu a ampliação deste processo também para outras regiões, conforme

Tabela 04. Atualmente, conta-se com quatro CEEBJAS (com uma estrutura técnico-

administrativa completa) e cinco APED (Ações Pedagógicas Descentralizadas), que

são estruturas vinculadas a outros CEEBJAS dos municípios e que funcionam, nas

unidades penais, apenas com professores e uma coordenação pedagógica.

Com a organização destas ações e parcerias o Departamento

Penitenciário se reestruturou a Divisão de Educação (DIED), subordinando-a à

direção da Escola Penitenciária, para coordenar a política e os programas da área

educação. As unidades penais também contam com pedagogas, servidoras do

Departamento Penitenciário.

36

 

Tabela 4 – Estrutura da educação formal nas unidades prisionais no Paraná

Unidade escolar Penitenciárias atendidas Presos Professores Servidores

técnicos Servidores

administrativos

Alunos matriculados

no Ensino Fundamental*

Alunos matriculados

no Ensino Médio*

CEEBJA Dr.Mário Faraco

PCE 1486

47 8 6

237 72

PFP 360 113

CDRP 918 93 49

PEP 718 142

CPA 1329 485 189

CMP 453 134 12

CCC 498 19 20

CRAF 93 27 4

TOTAL 1250 346

CEEBJA Prof Odair Psaqualini

PEPG 411 15 3 3

277 31

CRAPG 119 72 20

TOTAL 299 51

CEEBJA Dr. Manoel Machado

PEL 898 21 5 2

203 50

CDR/LDA 586 380 98

TOTAL 583 148

CEEBJA Tomires Moreira de Carvalho

PEM 367 18 2 2 165 46

APED de Guarapuava

Penitenciária Estadual de Guarapuava

238 10

133 7

CRAG 277 104

TOTAL 237 7

APED de Cascavel

Penitenciária Estadual de Cascavel

325 10 1

169 52

CDRCAS 775

APED de Foz do Iguaçu PEF 518 5 1 109 33

APED de Francisco Beltrão CDRFRB Em fase de

implantação

* Dados de maio/2008 Fonte: DEPEN, 2009

Em termos de analfabetismo nos estabelecimentos prisionais, houve uma

diminuição de 3,5% do número de analfabetos presidiários no estado do Paraná,

porém, este índice é ainda bastante insignificante (Tabela 05).

37

 

Tabela 5 – Nível de Escolaridade dos presos do Paraná

Fonte: DEPEN/PR, 2007.

38

 

3 PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL ÀS CADEIAS PÚBLICAS E AS PENITENCIÁRIAS NO ESTADO DO PARANÁ.

3.1 Apresentação

Através de uma possível parceria entre a Secretaria de Estado da Justiça

(SEJU) e a Secretaria de Estado da Educação (SEED), o presente projeto aponta

como possibilidades para o processo de escolarização no sistema prisional:

- escolarização formal através de professores da rede pública de ensino

nos estabelecimentos penais onde ainda não acontece;

- escolarização formal através de programas de educação a distância;

- educação não-formal através da participação da comunidade

acadêmica.

3.1.1 Escolarização formal através de professores da rede pública de ensino

É bastante escasso de ser constatada a escolarização formal obrigatória e

regular nos estabelecimentos penais do país. A Penitenciária Industrial de Cascavel

(PIC) e o CDR (Centro de Detenção e Socialização), também em Cascavel, são

apropriados exemplos desta modalidade educacional, onde os detentos participam

de aulas todas as manhãs, de segunda a quinta-feira pela manhã, com folga na

sexta-feira.

No início de 2007, representantes do Ministério da Educação, da

Secretaria Estadual de Educação do Paraná e da Secretaria Municipal de

Catanduvas/PR, visitaram a Penitenciária Federal em Catanduvas/PR com o objetivo

de conhecer a Unidade e iniciar a discussão sobre as possibilidades de oferta de

Educação de Jovens e Adultos no Sistema Penitenciário Federal (MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO, 2009).

Mesmo com projetos em andamento, ainda não é satisfatória a pequena

quantia de presos que estudam no estado do Paraná (Tabela 06). Faz-se importante

abranger, portanto, mais cidades do estado, senão todas, a adequarem seus

presídios e cadeias com aulas regulares do Ensino Fundamental e Médio.

39

 

Tabela 6 – Quadro de escolarização nos estabelecimentos penais do Paraná FASE MATRICULADOS ESTUDANDO CONCLUINTES *

ALFABETIZAÇÃO 89 89 0 FASE I ** 985 833 4 FASE II *** 1758 1375 135 ENSINO MÉDIO 663 480 109 TOTAL 3495 2917 274

* Em 30/04/2008 ** Corresponde ao Ensino Fundamental de 1ª a 4ª Série *** Corresponde ao Ensino Fundamental de 5ª a 8ª Série Fonte: DEPEN, 2009

3.1.2 Escolarização formal através de programas de educação à distância

A educação a distância é definida, conforme a lei 2.494, como uma forma

de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos

didáticos organizados, apresentados em diferentes suportes de informação,

utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de

comunicação (BRASIL, 1998).

As bases legais para a modalidade de educação à distância, no Brasil,

foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e

regulamentada por demais Decretos e Portarias (BRASIL, 1996). O decreto 5.622

determina em quais níveis educacionais a educação a distância poderá ser ofertada,

dentre os quais se incluem a educação básica e a educação de jovens e adultos.

Inclusive, prevê o artigo 19 do mesmo decreto que a educação básica a distância

deve também contemplar cidadãos que estejam em situação de cárcere dentre

outras situações (BRASIL, 2005).

A Coordenação Geral de Reintegração Social e Ensino da Diretoria de

Políticas Penitenciárias, do Departamento de Penitenciária Nacional (DEPEN), em

parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) elaborou o

projeto intitulado ‘Formação de Agentes Penitenciários em Educação a Distância’.

Este projeto se iniciou em 2007 e tem o intuito de promover ações que valorizem os

agentes penitenciários federais, preparando-os para atuarem como mediadores e

apoio pedagógico na execução de cursos a distância voltados a internos

(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2009).

40

 

Trata-se de uma modalidade educacional nos presídios bastante

incipiente, havendo registros apenas de inícios de projeto no estado do Paraná, na

Penitenciária Federal de Cantanduvas/PR. Em 2007, a convite da Coordenação

Geral de Tratamento Penitenciário, representantes de Brasília e do SENAI do

Paraná visitaram a Penitenciária de Catanduvas/PR com o objetivo de mapear as

possibilidades de atividades profissionalizantes (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2009).

Foi elaborado a partir daí, o projeto “Iniciação Profissional de Detentos a

Distância” (Processo nº 08016.008279/2007-97 - Convênio nº 121/2007), que tem

como principal objetivo oportunizar ações de educação profissional para os internos

do Sistema Penitenciário Federal. Os cursos contarão com a mediação de Agentes

Penitenciários Federais já capacitados como monitores pelo projeto ‘Formação de

Agentes Penitenciários em Educação a Distância’. A iniciação dos cursos a distância

ocorrerão através de iniciação profissional em Manutenção Automobilística e

Alimentos Seguros e através de cursos da área transversal, como Educação

Ambiental, Empreendedorismo, Tecnologia da Informação, Higiene e Conservação

Alimentar, Jardinagem e como abrir seu próprio negócio (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,

2009).

Desta forma, cabe salientar, o quão oportuno se torna abranger esta

modalidade educacional nos estabelecimentos penais do estado do Paraná, já que

os mesmos possuem credibilidade e reconhecimento por precisarem passar pela

aprovação do Ministério da Educação (MEC). Também, o governo federal possui

alguns programas de educação à distância que podem ser acessados através de

meios de comunicação e ser igualmente utilizados gratuitamente, como o Programa

Escola Técnica Aberta do Brasil, o e-Proainfo e o Rived (MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO, 2009).

3.1.3 Educação não-formal através da participação da comunidade acadêmica

No Artigo 20 da LEP, as atividades educacionais aos presos podem ser

objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou

ofereçam cursos especializados. Trata-se de um aspecto em que a comunidade

pode contribuir para a tarefa de reinserção social do condenado (BRASIL, 1984

citado por MIRABETE, 2007). Uma proposta de grande valia aqui formulada é apoiar

41

 

a inserção da comunidade universitária ao interior das penitenciárias e cadeias

públicas.

Todos os acadêmicos nos últimos anos dos cursos superiores devem, de

acordo com o plano pedagógico de cada curso, executar, de alguma forma, estágios

com ou sem remuneração, a fim de que coloquem em prática o conteúdo teórico já

apreendido. Deste modo, os acadêmicos, prestes a concluir o ensino superior,

poderiam executar seu estágio obrigatório através do ensino não-formal no presídio,

colaborando com a educação prisional. Aliás, pode também haver colaboração

através de projetos de extensão ou de Iniciação Científica.

Trabalhos sobre temas como drogas, AIDS e alcoolismo por acadêmicos

de biologia, medicina e enfermagem, que são situações reais comprovadas nestes

estabelecimentos fechados, apresentando formas de como enfrentar essas doenças,

pode favorecer a redução da reincidência e melhorar a saúde e redução da

disseminação de doenças. Sabe-se que a educação para a saúde é uma

necessidade absoluta e trabalhá-la de forma não-formal seria bastante útil, tanto por

parte do preso, que convive com precárias situações de saneamento, tanto para a

administração pública, que terá mais facilidade e menores custos em tratar e investir

na saúde do presídio. Trata-se, portanto, de uma educação primordial para a vida

toda do cidadão.

Outra hipótese é ainda trabalhar com informática nas prisões, uma vez

que é difícil ignorar hoje em dia as tecnologias da informática, até mesmo no meio

carcerário. Entretanto, sabe-se que o computador não substitui o docente (RANGEL,

2007). O aluno do curso de fisioterapia e educação física pode proporcionar aulas

voltadas à prática de esportes, exercícios físicos e reeducação postural, por

exemplo. Os acadêmicos de biologia, história, matemática, letras, geografia,

química, por exemplo, lecionariam a disciplina correspondente à educação regular

determinada pelo MEC através de aulas de reforço ou de enriquecimento escolar.

Acadêmicos também da área da assistência social, serviço social podem contribuir

com apoio psicológico e social e a análise sobre as condições dos ambientes.

Desta forma, o benefício seria em todos os âmbitos: nos presídios, onde

os presos teriam acesso à assistência educacional, podendo finalmente exercer

seus direitos como cidadãos; os acadêmicos universitários, que teriam

estabelecimento já pré-definido para realizar seus estágios obrigatórios e ainda,

estariam fazendo parte e auxiliando na ressocialização dos presos; e o governo

42

 

estadual, que também executando seu dever para com a população carcerária,

estaria diminuindo os custos com a contratação de professores para educar os

presos e ainda, a médio e em longo prazo, minimiza a reincidência dos presos que

por conseqüência, também diminui os investimentos com o sistema carcerário.

3.2 Objetivos da proposta de implantação da assistência educacional

- Colocar em prática a determinação da Lei de Execução Penal (LEP),

que determina o direito da assistência educacional dos presos;

- Contribuir para o processo de ressocialização e qualificação profissional

dos presos, proporcionando-lhes condições de resgate a dignidade e valores;

- Oportunizar conhecimento, acesso à informação e à cultura;

- Propiciar atendimento e acompanhamento de serviços médico, dentário

e psicológico aos presos;

- Mobilizar e envolver os universitários em causas sociais da comunidade

em que estão inseridos;

- Possibilitar que os presos usufruam as habilidades da comunidade

universitária.

3.3 Metodologia

A fim de melhor efetivar o aprendizado, basicamente, a execução de um

exame de nivelamento para se determinar o nível escolar que cada interno se

encontra ou a pesquisa sobre a real escolaridade dos presos, deve ser realizada

antes do início das atividades educacionais. O exame de nivelamento pode,

inclusive, ser realizado juntamente com o exame criminológico pelo qual o preso

deve passar como estabelece a LEP (BRASIL, 1984). Desta forma, o ensino

atenderá cada qual a partir do seu conhecimento já estabelecido.

Para o desenvolvimento do projeto faz-se necessário o acesso dos

detentos a um espaço físico adequado, em salas no interior de penitenciárias ou

cadeias públicas.

43

 

Todo o processo deverá ser desenvolvido numa seqüência bem

elaborada de atividades voltadas à elevação da auto-estima, ressocialização familiar

e comunitária, desenvolvimento de capacidades e aprendizagem. É importante

desenvolver nestes ambientes o trabalho pedagógico com a abordagem de

conteúdo técnico-prático, retomando ou criando, em alguns casos, atitudes positivas,

salientando a necessidade da disciplina, da responsabilidade, do respeito, como

elementos fundamentais para a inclusão na vida social, como bem aconselha o

Ministério da Educação Nacional (2009).

- Escolarização formal através de professores da rede pública de ensino

Em contato com gestores e funcionários públicos do Núcleo de Educação

Regional de Cascavel, no Estado do Paraná, com a pedagoga da Penitenciária de

Cascavel e com a secretária do diretor da cadeia pública da referida cidade, foi

constatado que o Governo do Paraná já dispõe vagas de docentes no concurso do

estado para as cadeias e penitenciárias. O diretor da unidade de Cascavel, por

exemplo, faz a solicitação ao MEC para abrir certa quantidade de vagas para

professores que queiram dar aula na respectiva unidade. Ao se admitir o

profissional, este pode escolher em qual estabelecimento quer lecionar, ora em

qualquer outro bairro, ora nos presídios. Para aquele docente que escolher cadeias

públicas ou penitenciárias, será acrescido em sua folha pagamento o adicional de

periculosidade.

Desta forma, cabe apenas ao diretor da unidade regional em questão

formalizar o pedido juntamente com a Secretaria do Estado de Educação para

admitir professores da rede pública de ensino, e disponibilizar a educação formal,

aos presidiários.

- Escolarização formal através de programas de educação à distância

O Decreto 5.622 de 2005 prevê a forma como pode ser atribuída a

educação à distância nos diferentes estabelecimentos educacionais do Brasil

(BRASIL, 2005).

O artigo 3º do referido decreto determina que a matrícula nos cursos à

distância do ensino fundamental para jovens e adultos, médio e educação

44

 

profissional serão realizadas independentemente de escolarização anterior,

mediante avaliação que define o grau de desenvolvimento e experiência do

candidato e permita sua inscrição na etapa adequada. Quem regulamentará tal

avaliação será o respectivo sistema de ensino escolhido (instituições públicas ou

privadas) por contrato firmado com o estabelecimento penal (BRASIL, 2005).

Assim, a unidade poderá fazer convênio ou contrato com uma

determinada instituição (pública ou privada, conforme determina o decreto) e através

de televisores disponibilizar o acesso às aulas aos presos.

O artigo 2º do decreto define que os cursos à distância que conferem

certificado ou diploma de conclusão do ensino fundamental para jovens e adultos, do

ensino médio e da educação profissional serão oferecidos por instituições públicas

ou privados especificamente credenciados para esse fim, conforme exigências pelo

Ministro de Estado da Educação e do Desporto e terão validade para todo o território

nacional. E o artigo 4º coloca que os cursos a distância poderão aceitar transferência

e aproveitar créditos obtidos pelos alunos em cursos presenciais, da mesma forma

que as certificações totais ou parciais obtidas em cursos a distância poderão ser

aceitas em cursos presenciais (BRASIL, 2005).

O investimento desta modalidade seria o custo ao firmar o contrato com a

instituição portadora das aulas, um aparelho de televisão (preferível, acima de 14’

dependendo da quantidade de detentos participantes), um aparelho de vídeo/DVD e

um agente para manusear o vídeo quando solicitado.

Com relação ao rendimento do aluno para fins de promoção, certificação

ou diplomação, será realizado através de exames presenciais, de responsabilidade

da Instituição credenciada para ministrar o curso à distância, segundo

procedimentos e critérios definidos no projeto autorizado (BRASIL, 2005).

Caberá ao Poder Público divulgar, periodicamente, a relação das

Instituições credenciadas, recredenciadas e os cursos ou programas autorizados

para escolha dos estabelecimentos penais formarem convênios e contratos.

Além da existência de cursos oferecidos por instituições públicas ou

privadas ao decorrer dos períodos (geralmente um ano), o Governo Federal possui

programas de aprendizagem a distância que podem ser utilizados como instrumento

de ensino nos estabelecimentos prisionais e utilizados gratuitamente através da

Internet pelos detentos.

45

 

Trata-se do e-ProInfo e do Programa ‘Escola Técnica Aberta do Brasil’. O

primeiro é um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem, através da Internet, que

promove cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de

pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao

processo ensino-aprendizagem. O site do Participante permite que pessoas

interessadas se inscrevam e participem dos cursos e diversas outras ações

oferecidas por várias Entidades conveniadas. É através dele que os participantes

têm acesso a conteúdos, informações e atividades organizadas por módulos e

temas, além de poderem interagir com coordenadores, instrutores, orientadores,

professores, monitores e com outros colegas participantes. Há um conjunto de

recursos disponíveis para apoio às atividades dos participantes, entre eles, Tira-

dúvidas, Notícias, Avisos, Agenda, Diário e Biblioteca (MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO, 2009).

A iniciativa do MEC, por sua vez, em criar o programa ‘Escola Técnica

Aberta do Brasil’ visa levar cursos técnicos a regiões distantes das instituições de

ensino técnico, incentivando jovens e adultos a concluírem o ensino médio. A

abertura de editais é feita objetivando que municípios, estados e o Distrito Federal,

ou instituições públicas (Universidades, Centros de Educação, Escolas Técnicas)

apresentem propostas de adequação de escolas de ensino fundamental, ensino

médio e escolas técnicas para que as mesmas sediem os cursos de educação

profissional técnica de nível médio, na modalidade a distância. As propostas são

enviadas ao Ministério da Educação, que constituirá Comissão responsável pela

análise e seleção. Desta maneira, os governos expandem a oferta de educação

profissional de acordo com as necessidades dos arranjos produtivos locais, visando

o desenvolvimento regional (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2009).

- Educação não-formal, através da participação da comunidade acadêmica

Os acadêmicos podem proporcionar mecanismos como cursos,

acompanhamento da saúde e bem-estar dos internos, palestras multidisciplinares,

aulas de reforço e enriquecimento à educação básica, atividades físicas, trabalho em

grupo, dentre outras atividades. O projeto abrange acadêmicos de universidades

públicas do estado do Paraná que cursam o último ano dos cursos:

46

 

- Medicina;

- Odontologia;

- Enfermagem;

- Fisioterapia;

- Farmácia;

- Serviço Social;

- Assistente Social;

- Ciências Sociais;

- Psicologia;

- Pedagogia;

- Ciências Biológicas;

- Informática;

- Letras;

- Matemática

- Artes;

- Gastronomia;

- Nutrição;

- Economia Doméstica;

- Economia;

- Direito;

- Educação Física;

-Fonoaudiologia.

A Universidade deve contatar com a penitenciária ou a cadeia pública da

região para a definição de um cronograma prévio para determinar os dias e horários

das visitas e definição das atividades a serem desenvolvidas. É necessário

investigar, portanto, antecipadamente através de questionários, quais são as

atividades de interesse dos presos.

Dependerá também da especificidade de cada penitenciária e cadeia

pública a determinação de qual será a regularidade das atividades e encontros.

Recomenda-se, nos estabelecimentos onde não há assistência educacional regular,

a realização de 02 a 03 visitas da comunidade acadêmica por semana, com duração

de no máximo 2 horas cada visita. Já nos estabelecimentos onde é proporcionada a

assistência educacional, as visitas podem ocorrem com uma menor intensidade.

Os acadêmicos das diversas áreas de habilidades acima citadas, devem

se dispor em grupos de no mínimo 04 a 05 alunos para a realização das visitas e

devem passar pelo procedimento de segurança e periculosidade dos presídios antes

do contato com os internos. Além disso, é indicado que os grupos de acadêmicos se

revezem entre si na aplicação das atividades. Abaixo há a relação de propostas de

atividades:

47

 

• Cursos:

- Curso de línguas (Letras);

- Curso de digitação e/ou informática básica (Informática);

- Curso de Culinária (Gastronomia);

- Cursos de Pintura e/ou Artes Plásticas (Artes);

• Palestras:

- Meio Ambiente (Ciências Biológicas);

- Doenças Sexualmente Transmissíveis/ Higiene/ Primeiros Socorros

(Medicina/ Enfermagem)

- Economia (Administração/ Economia),

- Direitos da mulher/ Direitos Universais do homem/ Direito

Constitucional/ Direito Administrativo (Direito);

• Atendimento:

- Médico (Medicina);

- Dentário (Odontologia);

- Readequação de postura (Fisioterapia);

- Farmacêutico (Farmácia);

- Psicológico (Psicologia);

• Demais atividades:

- Atividades Físicas/ Prática de esportes (Educação Física);

- Alongamento/ Bem-estar (Fisioterpia); dentre outras.

3.4 Resultados esperados

- Disponibilização da assistência à educação ao maior número possível

de internos do estado do Paraná;

- Ampliação do nível de conhecimento dos internos, bem como ampliar

dons e aptidões;

- Estimulação o incentivo e a auto-estima dos internos;

- Melhoria na maneira de interagirem na comunidade em que

vivenciarão futuramente e na convivência atual, com outros internos;

- Quebrar barreiras da comunidade em relação aos apenados;

48

 

- Elevação da capacidade dos internos para uma efetiva reinserção

social.

3.5 Avaliação dos resultados

A avaliação dos resultados do projeto será realizada através de:

- Observação do comportamento e manifestações dos internos;

- Questionários aplicados trimestralmente aos internos, sobre as

vantagens e interesses das atividades já realizadas, no caso do projeto de educação

informal desenvolvido por acadêmicos;

- Anotação da freqüência dos internos;

- Entrevista pessoal, diálogos com os internos;

- Relatórios das atividades desenvolvidas, no caso do projeto de

educação informal desenvolvido por acadêmicos.

Já a avaliação do desempenho do estudante para fins de promoção,

conclusão de estudos e obtenção de diplomas ou certificados, pode ser atribuído

conforme designa o Decreto 5.622 (BRASIL, 2005): I - cumprimento das atividades programadas; e II - realização de exames presenciais. § 1o Os exames citados no inciso II serão elaborados pela própria instituição de ensino credenciada, segundo procedimentos e critérios definidos no projeto pedagógico do curso ou programa.

49

 

CONCLUSÃO

Auxiliar na conquista da realização pessoal dos detentos, no exercício da

cidadania e na preparação para o trabalho, são finalidades bastante plausíveis para

proporcionar educação aos internos de estabelecimentos penais no Brasil e no

mundo. Ainda, é claro, do fato de este ser um direito de qualquer cidadão,

independentemente de suas condições: é lei e cabe ao estado suprir tal

necessidade.

Há de se concordar que a superpopulação dos presídios em vários

estados do Brasil pode significar aumento das taxas de analfabetismo, já que o

número de detentos aumenta a cada ano e como conseqüência, o número de

pessoas que estão fora da escola. Deste modo, ocorre a diminuição, a médio e

longo prazo, do nível educacional nacional, estabilizando o número de analfabetos

ou ainda, contribuindo para o aumento de analfabetos no país. Mais um bom motivo

para se investir na educação do preso.

A verdade é que o Poder Público, com seus bilhões arrecadados em

faixas tributárias anuais, nem sempre disponibiliza o suficiente para o setor

penitenciário, pois, o detento é nada mais do que um excluído da sociedade, um

marginalizado.

Contudo, sabendo que em pleno século XXI pouco se faz para reverter as

condições das precárias e lotadas cadeias públicas, das penitenciárias com o

mínimo de higienização e das altas taxas de reingressos, pode-se verificar que a

atenção do poder público e da sociedade civil atual está atenta para manifestar seus

interesses, investimentos, parcerias e projetos a fim de melhorar a situação do

quadro atual da educação no sistema prisional. Para tanto, é preciso disposição e

até mesmo coragem para explorar as fronteiras nas quais reside o que já se

encontra esquecido. E, na medida em que órgãos de governos e a população se

engaja na concepção e implementação de uma política pública para o atendimento

especial a esse público fragilizado, ampliam-se no país as possibilidades e as

esperanças de um futuro diferente.

O presente trabalho é apenas uma forma de como a sociedade civil e a

comunidade universitária podem contribuir para a problemática no sistema prisional

do Brasil: na escrita de projetos e principalmente, no posterior auxilio a

50

 

implementação deste, na prática. Cabe agora a mobilização e a boa vontade de

todos os setores envolvidos.

Mesmo assim, vale lembrar que a educação nas prisões brasileiras é questão

que não pode ser respondida sem a concordância dos setores de Justiça e

Educação. Do contrário, a cidadania continuará sendo negada e a condição de

egresso e de ressocialização dos presidiários será sinônimo de total desamparo.

51

 

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ANEXO I – Projeto de Lei sobre Assistência à Educação dos presos

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