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ISSN 2176-1396 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA PARA O RECONHECIMENTO, PREVENÇÃO E COMBATE DO Aedes aegypti Henrique José Polato Gomes 1 - PUCPR Keila Renê Bastos 2 - PUCPR Eixo Didática Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo Com o intuito de levar a conscientização sobre os perigos oferecidos pelo Aedes aegypti às crianças da Educação Municipal em Pinhais PR, esse projeto de pesquisa foi desenvolvido objetivando uma atividade lúdica eficiente, voltada para a educação infantil. Inicialmente, um questionário foi realizado com docentes da unidade escolar para verificar as ações planejadas pela prefeitura e/ou realizadas dentro da autonomia da própria escola, além de buscar verificar se ações dessa natureza foram trabalhadas na formação inicial dos/das docentes. Com base nessas respostas, especialmente na identificação de uma formação inicial falha, foi planejada e aplicada uma atividade lúdica sobre a dengue baseada na brincadeira tradicional “polícia e ladrão”, com a intenção que a mesma despertasse o interesse e trabalhasse o tema com os estudantes desse nível de ensino. Após a atividade, foi entregue um folder educativo para os alunos e, depois de algumas aulas, uma pesquisa a ser entregue para os pais, buscando verificar se a atividade foi efetiva em provocar a sensibilização, mudando os comportamentos inclusive fora do ambiente escolar. A análise dos dados recolhidos através das entrevistas com professores e com a direção da escola, bem como a dos questionários respondidos pelos pais dos estudantes e observação das aplicações, foi possível perceber que, embora algumas atitudes sejam desconhecidas e/ou pouco tomadas, a comunidade escolar demonstra conhecimento da importância do combate ao vetor e da estimulação das crianças nesse sentido. A atividade também surtiu impacto nas crianças, visto que os pais relataram a mudança de comportamento e a “fiscalização” por parte deles nas atitudes familiares no cuidado e prevenção à Dengue. Palavras-chave: Atividade lúdica. Dengue. Ensino Fundamental I. 1 Doutorando em Genética. Biólogo e Mestre em Genética pela Universidade Federal do Paraná. Professor Assistente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: [email protected] 2 Formada em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: [email protected].

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ISSN 2176-1396

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA PARA O

RECONHECIMENTO, PREVENÇÃO E COMBATE DO Aedes aegypti

Henrique José Polato Gomes1 - PUCPR

Keila Renê Bastos2 - PUCPR

Eixo – Didática

Agência Financiadora: Não contou com financiamento

Resumo

Com o intuito de levar a conscientização sobre os perigos oferecidos pelo Aedes aegypti às

crianças da Educação Municipal em Pinhais – PR, esse projeto de pesquisa foi desenvolvido

objetivando uma atividade lúdica eficiente, voltada para a educação infantil. Inicialmente, um

questionário foi realizado com docentes da unidade escolar para verificar as ações planejadas

pela prefeitura e/ou realizadas dentro da autonomia da própria escola, além de buscar verificar

se ações dessa natureza foram trabalhadas na formação inicial dos/das docentes. Com base

nessas respostas, especialmente na identificação de uma formação inicial falha, foi planejada

e aplicada uma atividade lúdica sobre a dengue baseada na brincadeira tradicional “polícia e

ladrão”, com a intenção que a mesma despertasse o interesse e trabalhasse o tema com os

estudantes desse nível de ensino. Após a atividade, foi entregue um folder educativo para os

alunos e, depois de algumas aulas, uma pesquisa a ser entregue para os pais, buscando

verificar se a atividade foi efetiva em provocar a sensibilização, mudando os comportamentos

inclusive fora do ambiente escolar. A análise dos dados recolhidos através das entrevistas com

professores e com a direção da escola, bem como a dos questionários respondidos pelos pais

dos estudantes e observação das aplicações, foi possível perceber que, embora algumas

atitudes sejam desconhecidas e/ou pouco tomadas, a comunidade escolar demonstra

conhecimento da importância do combate ao vetor e da estimulação das crianças nesse

sentido. A atividade também surtiu impacto nas crianças, visto que os pais relataram a

mudança de comportamento e a “fiscalização” por parte deles nas atitudes familiares no

cuidado e prevenção à Dengue.

Palavras-chave: Atividade lúdica. Dengue. Ensino Fundamental I.

1 Doutorando em Genética. Biólogo e Mestre em Genética pela Universidade Federal do Paraná. Professor

Assistente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: [email protected] 2 Formada em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

E-mail: [email protected].

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Introdução

O Aedes (Stegomyia) aegypti (descrito por Linnaeus em 1762) pertence ao Reino

Animalia, Filo Arthropoda, Classe Insecta, Ordem Diptera, Família Culicidae, grupo este

grande e abundante da ordem citada. Gênero Aedes, Subgênero Stegomyia, Espécie Aedes

aegypti, exótico invasor originário do continente africano (MONTEIRO, 2014), sua dispersão

pelo mundo ocorreu da África indo da costa leste do continente em direção as Américas e

depois do oeste sentido Ásia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b). O Aedes (Stegomyia)

albopictus (descrito por Skuse em 1894) é responsável pela transmissão da dengue na Ásia,

porém, até então, não havia associado aos casos de dengue no Brasil (MONTEIRO, 2014).

Foi provavelmente durante o período da escravatura que ocorreram os primeiros

registros do Aedes aegypti no Brasil. A primeira epidemia de febre amarela foi registrada no

Brasil em 1685 no Recife, e, no ano seguinte, o Aedes aegypti foi identificado na Bahia como

provável vetor da doença, sendo responsável por cerca de 25.000 doentes e 900 óbitos. 164

anos mais tarde, novos registros são feitos em Salvador onde foi responsável por 2.800 mortes

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Posteriormente, o mosquito instalou-se no Rio de Janeiro e provocou a primeira

epidemia de Febre Amarela no estado, causando mais de 9.600 doentes e 4.160 óbitos no

total. Entre 1850 e 1899, se dispersou pelo país levando a epidemia consigo do Rio Grande do

Sul até o Amazonas, seguindo o rumo da navegação marítima. Apenas em 1881 o médico

Carlos Finlay comprovou que o Aedes aegypti era realmente o transmissor da Febre Amarela

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011; MONTEIRO, 2014).

Com base nos achados de Finlay, Emílio Ribas inicia na cidade de Sorocaba, em 1901,

a primeira campanha contra a Febre Amarela, adotando medidas específicas contra o Aedes

aegypti; em 1903 Oswaldo Cruz, nomeado Diretor-Geral de Saúde Pública, criou o Serviço de

Profilaxia da Febre Amarela e então a mesma foi eliminada do Rio de Janeiro em 1909, antiga

capital federal. Contudo, entre 1928 e 1929 uma nova epidemia de Febre Amarela apareceu

no Rio de Janeiro com 738 casos, levando o professor Clementino Fraga a organizar uma

campanha contra a doença, visando o combate do mosquito transmissor durante a fase larval.

O Serviço de Profilaxia da Febre Amarela só foi estendido a todo o território nacional em

1931 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011; MONTEIRO, 2014).

É descoberto no ano de 1938 que outros mosquitos silvestres como Haemagogus

(Conopostegus) capricornii (descrito por Lutz em 1904) e Haemagogus (Conopostegus)

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leucocelaenus (descrito por Dyar e Shannon em 1924) podem ser transmissores naturais da

Febre Amarela. Também se comprova os Haemagogus spegazzinii (descrito por Brethes em

1912), Aedes scapularis (descrito por Rondani em 1848), Aedes fluviatilis (descrito por

Meigen em 1818) e Sabethes cloropterus (descrito por Humboldt em 1819) como

transmissores silvestres da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011; MONTEIRO, 2014).

Após a erradicação do Anopheles gambiae (descrito por Giles em 1926) – mosquito

transmissor da malária e que infestava grande parte do nordeste – foi proposta a erradicação

do Aedes aegypti, a qual foi presumivelmente alcançada em 1955. Em 1958, na Conferência

Sanitária Pan-americana, nosso país declara o Aedes aegypti erradicado de seu território

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Em 1967, houve uma nova constatação da presença do Aedes aegypti em 24

municípios do Estado do Pará; mas em 1973, o vetor foi novamente considerado erradicado.

Três anos mais tarde, 1976, foram descritos novos registros, desta vez no estado da Bahia,

com o mosquito se disseminando entre 1978 e 1984 por grande parte do país. Os únicos locais

não atingidos nesse momento foram o estremo sul e a região amazônica (MONTEIRO, 2014).

Em 1986, pela primeira vez no Brasil, foi registrado foco de Aedes albopictus, no

estado do Rio de Janeiro. Oito anos depois, dos 26 estados brasileiros, 18 estavam infestados

por Aedes aegypti e 6 por Aedes albopictus, estando apenas o Amapá e o Amazonas livres

desses vetores. Porém, cerca de quatro anos mais tarde, todos os estados brasileiros já

possuíam registros de Aedes aegypti, enquanto Aedes albopictus estava presente em 12

estados. Dos 5.507 municípios brasileiros existentes, 3.535 estavam infestados, sendo que

1.946 Municípios apresentaram transmissão da dengue (MONTEIRO, 2014).

A Diretriz Nacional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009) cita a dengue como um dos

principais problemas de saúde pública do mundo. A Organização Mundial da Saúde estima

que 2,5 bilhões de pessoas estejam sob o risco de contrair dengue e que ocorram

aproximadamente 50 milhões de casos por ano, sendo que cerca de 550 mil casos deste total

necessitem de hospitalização e 20 mil morram em consequência da doença. A dengue nas

Américas tem mostrado uma tendência ascendente nas últimas décadas o que acarretou ao

governo de um grande número de programas de erradicação ou de controle.

O aumento de prováveis casos de dengue de 2014 para 2015 foi aproximadamente de

280%, passando de 589.107 casos para 1.649.008 com o aumento de óbitos indo de 473 para

863. O Paraná registrou 22.701 casos com 12 falecimentos em 2014 para 49.726 casos com

25 óbitos em 2015 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a), mesmo com a incidência da

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sazonalidade e com a temperatura do estado não sendo as ideais para proliferação do Aedes

aegypti (SERPAL et al., 2006). Nos locais com essas características, a incidência maior de

casos costuma estar entre dezembro e maio, pelas questões climáticas um pouco favoráveis

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a).

Há várias leis de combate ao vetor da dengue. Pinhais conta com duas leis de caráter

municipal: a lei 1.485 de 2013 (PINHAIS, 2013), institui a semana de combate à dengue na

penúltima semana do mês de novembro; a lei 1.611 de 2014 (PINHAIS, 2014), dispõe sobre a

prevenção à proliferação do mosquito no município de Pinhais. Já o estado do Paraná dispõe

da Lei 17.675 de 2013 (BRASIL, 2013), que estabelece mensalmente (todo dia nove) o dia

“D” de combate contra a dengue e, em âmbito nacional, temos a Lei 12.235 de 2010 (Brasil,

2010) que instituiu o dia 19 de novembro como dia nacional de combate à dengue.

A Educação Ambiental que precisa ser feita para prevenção e profilaxia dessa doença

deve, para ter alguma valia, ser concomitantemente analisada com as medidas de prevenção

citadas na Diretriz Nacional para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009, p. 90):

O objetivo é incentivar a divulgação de medidas de prevenção de dengue, como

forma de incentivar a população a adotar hábitos e condutas capazes de evitar a

proliferação do mosquito transmissor. Dessa forma, recomenda-se que as mensagens

de comunicação para esse cenário envolvam conteúdos educacionais e informativos.

Pode-se concluir que fazer um trabalho de conscientização sobre a profilaxia de uma

doença considerada letal já é uma forma de Educação Ambiental, pois preza a qualidade de

vida além de conservar o meio ambiente, tendo em vista que ambos os mosquitos citados não

são naturais de nosso país.

A larva deste inseto é aquática, a fêmea, hematófaga, põe os ovos muito próximos a

linha d'água, tanto em locais naturais quanto artificiais. Os ovos eclodem quando submersos,

as larvas se alimentam de algas e resíduos orgânicos e as pupas deste espécime são aquáticas

e ágeis assim como as larvas. Os indivíduos adultos não se deslocam longe do local de

origem, raramente se afastando mais que algumas centenas de metros do local de onde

emergiram (Triplehorn & Jonnson, 2011).

A proliferação e disseminação do Aedes aegypti foi e continua sendo facilitada devido

às condições atuais da vida urbana, que levaram a redução de áreas naturais e a criação de

focos propícios para o seu desenvolvimento; além disso, o combate contra ele apresenta

inúmeras limitações. A abordagem do assunto pelos meios de comunicação e pelas

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instituições de ensino deve mudar para práticas habituais e facilitadoras a ajudar a sensibilizar

sobre como evitar a proliferação do mosquito (TAUIL, 2002).

A intenção desse projeto de pesquisa foi estimular os alunos dos anos iniciais do

ensino fundamental I à prevenção de possíveis criadouros de Aedes aegypti através de uma

atividade lúdica, além de mostrar aos pais a necessidade de tornar essa atividade um hábito.

Essa modalidade foi escolhida pelo fato de ser um artifício que possibilite uma posição ativa

dos/as estudantes; isto é, que sejam participativos em relação à sua aprendizagem, visto que

atividades lúdicas são um ótimo recurso do educador para estimular seus alunos na construção

de novos conhecimentos (SHOREDER & PRUNER, 2010). Esse tipo de implementação de

projetos se justifica porque visa o incentivo aos cuidados contra a proliferação de um

mosquito causador de uma doença grave e porque tem intenção de sensibilizar que alunos

para que os mesmos, juntamente com seus pais, sejam responsáveis nos cuidados de sua

residência.

Materiais e métodos

Foram necessários para a realização deste projeto de pesquisa o total de cento e

cinquenta termos de ciência, enviados aos pais/responsáveis dos alunos envolvidos antes da

execução da atividade juntamente com mais cento e cinquenta questionários que buscavam

identificar, inicialmente, o conhecimento dos mesmos acerca das atividades relacionadas ao

Aedes aegypti fornecidas pelo município e escola para as crianças; posteriormente, buscava

verificar como a atividade lúdica aplicada repercutiu no cotidiano da família.

Ainda antes das aplicações da atividade, seis professores/as da unidade de ensino

escolhida receberam questionários na forma de entrevistas impressas, com o objetivo de

identificar medidas educacionais da escola e do município sobre o assunto, além de aspectos

relacionados à sua formação universitária. Também foram entregues a todos os estudantes

dois itens: um folder sobre os lugares de reprodução do mosquito e um adesivo semelhante ao

folder, mas que caracterizava o aluno como agente mirim.

A primeira etapa de desenvolvimento do projeto consistiu em executar entrevistas com

o intuito de conhecer como ocorrem e quais são as atividades educativas relacionadas à

prevenção de possíveis criadouros de Aedes aegypti disponibilizadas para as crianças pela

prefeitura e pela escola. Inicialmente, foi feito um levantamento das políticas públicas

realizadas pelo município de Pinhais, PR. Posteriormente, ocorreram as entrevistas com os/as

professores/as que atuam no ensino fundamental I das turmas em que esse projeto foi

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aplicado. Essas entrevistas foram realizadas e, em um momento seguinte, analisadas e

tabuladas. Seus resultados utilizados como base para a realização de uma atividade que

buscava uma ligação eficiente entre as áreas educação e saúde, e, que pode ser efetivamente

aplicada às crianças.

A atividade lúdica desenvolvida e aplicada, uma variante do tradicional “polícia e

ladrão”, tinha por objetivo levar o movimento contra o Aedes aegypti para algumas turmas

das escolas. Os materiais necessários para a execução da mesma são: 20 pares de asas de EVA

ou material semelhante, que são usadas para identificar as crianças que atuarão como

mosquitos; seis pneus; um vaso de planta; um pote de ração de cachorro e duas garrafas pet.

A aplicação requer uma área em que as crianças possam correr e se divertir. Por isso, a

mesma ocorreu na área externa das instituições escolhidas, com turmas de cerca de 30 alunos

e funcionando da seguinte forma:

1. Os alunos participantes foram divididos em dois grupos – cerca de seis alunos

atuavam como os mosquitos Aedes aegypti e o restante como os moradores da cidade –

equivalente aos policiais e ladrões, respectivamente, da brincadeira clássica. Na brincadeira

original, uma vez que o policial captura o ladrão, este fica preso temporariamente em uma

“cadeia”. Na adaptação proposta, os mosquitos perseguem os moradores e os mandam para o

hospital – análogo à cadeia da brincadeira base – quando os pegam;

2. Três alunos foram escolhidos aleatoriamente dentre os “moradores da cidade” para

representaram os agentes de saúde, cuja função é pegar os mosquitos. Se um mosquito é pego

ele sai da brincadeira temporariamente.

3. Haviam “piques” para ambos os grupos; isto é, locais onde os mosquitos não

poderiam ser pegos (pneus, vasos, potes e garrafas) e locais onde as pessoas não poderiam ser

picadas (uma casa “protegida”, representada por uma casinha própria da Escola).

4. Cada aluno “picado” por um o Aedes aegypti vai para o “hospital” e fica uma

rodada lá. O mesmo voltava na próxima rodada como mosquito, que se destacavam dos outros

alunos por usarem asas feitas em EVA.

5. A atividade foi planejada para levar em média 45 minutos desde a explicação inicial

sobre o funcionamento e regras da brincadeira, atividade propriamente dita, até o desfecho da

mesma após uma discussão para levar em conta o que as crianças acharam e se elas chegaram

a conclusão esperada e a entrega do folder.

A ideia central do combate ao vetor da dengue é a eliminação de possíveis criadouros

do mosquito. Com o tempo, os alunos perceberiam que os mosquitos sempre estariam em

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maior número, visto que os agentes de saúde nunca conseguiriam pegar todos e as pessoas

infectadas voltavam como mosquitos na próxima rodada, representando a sua rápida

proliferação. Assim, esperava-se que os alunos percebessem que apenas fugir dos mosquitos

não é a melhor estratégia.

Assim, com o número de mosquitos aumentando a cada rodada e os agentes de saúde

sobrecarregados, esperava-se que as crianças, após algumas rodadas, percebessem sem

orientação que só seria possível ganhar o jogo acabando com os focos de criadouro; visto que,

sem eles, os mosquitos perderiam o esconderijo e poderiam ser pegos pelos agentes. A

brincadeira só seria acabada quando todos os moradores estivessem contaminados ou quando

todos os mosquitos e os locais em que estes poderiam ficar a salvo estivessem eliminados.

Caso algumas rodadas se passassem e os agentes não percebessem que precisavam acabar

com os “piques” dos mosquitos ao invés dos mesmos, a brincadeira poderia ser pausada para

uma reflexão que pudesse leva-los até esse entendimento.

Ao encerramento da atividade cada participante recebeu dois itens: um folder

preparado especificamente para despertar o interesse das crianças com a intenção de fixar a

necessidade de evitar que o mosquito Aedes aegypti se prolifere; e, um adesivo (semelhante

ao mosquito do folder) do agente mirim que prova a participação dos alunos.

Com a intenção de avaliar as aplicações da atividade, foram enviados questionários de

cunho qualitativo (SILVA & MENEZES, 2005) aos pais dos alunos participantes. Os mesmos

tinham como função permitir o melhoramento de futuras atividades com o mesmo interesse.

As indagações presentes buscaram saber os comentários e a vontade das crianças em repetir

as ações referentes ao combate do mosquito em suas casas, sendo elas e seus responsáveis os

agentes de saúde.

Resultados e discussão

Inicialmente, foram feitas 6 entrevistas com alguns professores da escola, sendo quatro

com professoras regentes de turma, uma com o professor de educação especial, que

acompanha os alunos de inclusão, e outra com a diretora da instituição.

Essa entrevista consistiu em um levantamento de um breve perfil do profissional e do

seu conhecimento sobre atividades que a escola ou a prefeitura tenham desenvolvido a

respeito do tema em questão. Ela foi complementar a aplicação de um questionário com

perguntas referentes ao tema.

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Na média, os professores entrevistados têm 12,83 ± 4,17 anos de atuação nessa escola.

Nenhum dos docentes entrevistados afirmou ter algum contato com essa temática em seus

cursos de graduação e todos afirmaram que a abordagem mudou de 2015 para 2016. Os

demais resultados mais relevantes e quantificáveis da entrevista estão compilados nos gráficos

abaixo.

Gráfico 1 - Respostas para pergunta sobre campanhas e /ou orientação da prefeitura ou da escola.

Fonte: Os autores. 2016.

Gráfico 2 - Respostas para a pergunta sobre as campanhas e projetos dos/as docentes.

Fonte: Os autores. 2016.

A partir dos resultados, é possível perceber que os cursos de graduação não

contemplam esse tipo de temática e que o desenvolvimento de projetos ainda ocorre de forma

muito latente. Contudo, esse dado não é completamente inesperado, tendo em vista que esse

tema entrou em voga recentemente. É possível perceber também que, mesmo alguns

professores estando na escola há cerca de 12 anos, há discordância sobre perguntas em que

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não deveria ocorrer respostas divergentes, como nas perguntas relacionadas à existência de

orientações ou campanhas da prefeitura e da escola; enquanto alguns professores alegam a

existência de instrução da escola ou do município, outros apontam o contrário. No entanto, a

maior parte alega que sim, houve alguma espécie de instrução sobre o assunto. Ainda assim,

ela não parece suficiente para sensibilização dos professores, visto que metade deles não fez,

ao menos até o momento da aplicação do questionário, algum trabalho relacionado a este

tema. Da mesma forma, quatro professores alegaram que a escola/prefeitura oferece estímulo

para a aplicação deste conteúdo, mas existem palestras educativas promovidas pelos agentes

de combate a endemias do Município, que buscam a sensibilização dos estudantes sobre o

tema. Após essas palestras, professores e alunos comumente realizam pesquisas nos

laboratórios de informática e produzem folders, cartazes e desenhos. Os pais também estão

envolvidos neste processo (PINHAIS, 2015a). E estes trabalhos ficam expostos na sede da

Secretaria de Saúde do município na semana de combate à dengue (PINHAIS, 2015b).

Os docentes também concordaram em unanimidade que a abordagem sobre o assunto

mudou de 2015 para 2016, principalmente devido à epidemia na cidade de Paranaguá no

começo de 2016. O fato de, mesmo com todas essas informações, o número de trabalhos e

atividades realizadas ser baixo, justifica mais uma vez a realização do presente trabalho; além

disso, o professor de educação especial demonstrou-se preocupado com a futura abordagem às

crianças com microcefalia quando as mesmas entrarem em idade escolar.

Após a realização das entrevistas, a diretora permitiu a efetuação da parte lúdica deste

projeto com as turmas de 2º e 3º ano, pois as turmas de 4º e 5º ano já estavam elaborando

atividades sobre o assunto, usando o tema da dengue como assunto para a criação de textos no

estilo carta e confeccionando mosquiteiros de garrafas pet.

A aplicação se deu da seguinte maneira: foi desenvolvida numa turma do 2º ano

(crianças de 7 a 8 anos, em média) e seguiu conforme a metodologia já descrita. Antes da

aplicação prática, foram feitas algumas perguntas sobre o assunto em sala de aula para

verificação dos conhecimentos prévios. Os alunos demostraram conhecimentos fundamentais

sobre aspectos básicos da prevenção dos criadouros do Aedes aegypti, como por exemplo que

ele se desenvolve em água parada e que o ovo é pequeno, que o mosquito praticamente não

faz barulho ao voar e que é diurno. Depois do diagnóstico da turma, foi usado um momento

para a explicação das regras da brincadeira.

A turma possuía 32 alunos, os quais se dividiram inicialmente da seguinte maneira: 6

mosquitos e 3 agentes de saúde. A escola possuía uma “casinha de boneca” na área gramada

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próxima à quadra coberta, que foi usada como casa protegida; escorados nas árvores próximas

foram colocados objetos que acumulavam água – pneus, vasos de plantas, garrafas pet e

vasilhames diversos (figura 1); na primeira rodada os mosquitos venceram, isto é, pegaram

todos os moradores e não foram pegos pelos agentes. Após a esta rodada, a turma foi reunida

(figura 2) e foram feitas perguntas aos agentes sobre a dificuldade da brincadeira e se não

haveria algum jeito fácil de eliminar os mosquitos. Disseram, sem orientação, que era preciso

acabar com a água parada. Após isso foi iniciada a segunda rodada e algumas tentativas de

eliminar o mosquito depois, as crianças perceberam que eliminando os focos de água parada o

mosquito não teria mais onde se esconder e eventualmente seria pego pelos agentes de saúde.

Figura 1 - “Pique” do mosquito.

Fonte: Os autores. 2016.

Figura 2 - Pausa entre rodadas para perguntas as crianças-agentes sobre a dificuldade de eliminar os mosquitos.

Fonte: Os autores. 2016.

A segunda aplicação ocorreu em uma turma de 3º ano contendo 31 alunos (em média,

crianças de oito a nove anos). Houve verificação sobre a profilaxia básica contra a

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proliferação do mosquito e novamente as crianças disseram que já sabiam, alegando as

mesmas respostas da turma anterior. Na sequência foi usado um momento para a explicação

das regras da brincadeira, que sofreu algumas modificações em comparação a brincadeira

anterior: o número de mosquitos foi reduzido de seis para três e o número de agentes de três

para um na rodada inicial, para que a brincadeira pudesse durar menos tempo do que na turma

anterior e assim cansar menos as crianças, ter essa flexibilidade em propor alterações para

facilitar a atividade é importante para o melhoramento desta (MACEDO et al., 2000). Foi

utilizada a mesma área na primeira aplicação com os focos estabelecidos nos mesmos locais.

Novamente os mosquitos venceram e, na reunião antes da segunda rodada, a criança

que era o agente, quando questionada se não teria uma outra maneira além de pegar a criança-

mosquito, perguntou se poderia acabar com os piques e, sozinho, explicou para a turma.

Nessa nova rodada o número de mosquitos e agentes voltaram ao original planejado, seis e

três respectivamente. A atividade seguiu mais fluída, mas, assim como na primeira turma,

apenas os agentes acabaram com os focos.

Em uma turma do 2º ano foi feita a terceira aplicação, que seguiu o modelo da segunda

aplicação, começando em sala para saber o nível de conhecimento das crianças, que fora

semelhante aos anteriores. A rodada inicial também seguiu semelhante às anteriores; as

diferenças começaram na reunião antes da segunda rodada, em que a criança que era o agente

de saúde perguntou se poderia ter os amigos dele como agentes também. A iniciativa foi

considerada válida e, assim, o número de agentes subiu para quatro; o grupo de agentes

perguntou se poderiam acabar com a água dos focos-pique e tendo a resposta afirmativa, eles

se reuniram para montar uma estratégia, assim como os mosquitos se reuniram para montar

suas estratégias; a brincadeira recomeçou depois de uma conversa com as outras crianças. Os

agentes de saúde decidiram reunir os pneus em um único lugar, além de virar a água das

garrafas e virar os pratos dos vasos. Quando conseguiram executar a captura dos mosquitos

remanescentes, os alunos se reuniram e comemoraram juntos.

A quarta e última aplicação foi novamente, com uma turma de 3º ano contendo 33

alunos e um professor de educação especial. Após a preparação em sala de aula, na qual as

perguntas para saber o nível de conhecimento prévio dos alunos sobre a profilaxia do inseto

foram feitas, eles foram instruídos das regras e levados para a área externa da escola. A

atividade seguiu muito parecida com a segunda aplicação, a única diferença foi que, ao

termino da brincadeira, o professor de educação especial disse que entre os alunos havia um

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garoto autista e estranhou a presença dele passar despercebida, já que, dentre os mosquitos da

segunda rodada, foi aquele que mais pegou crianças e foi o último a ser pego.

Ao termino de cada aplicação foi entregue um adesivo símbolo do agente mirim e um

folder (figura 3) contendo um desenho para as crianças pintarem e procurarem esses locais em

casa com a ajuda de um adulto. Também foi explicado que seria enviado na agenda um

questionário para os pais responderem sobre a prevenção ao Aedes aegypti e também sobre a

reação da criança em casa depois da aplicação da atividade.

Figura 3 - Folder sobre Aedes aegypti.

Fonte: Os autores. 2016.

Das 131 crianças que participaram da atividade e que levaram o questionário para a

casa via agenda escolar, apenas 33,59% dos questionários, 44 deles, voltaram respondidos

após 1 semana de atividades. Os resultados mais significantes dos questionários estão

dispostos nos gráficos abaixo:

Gráfico 3 - Respostas para a pergunta sobre os hábitos de vistoria da própria residência.

Fonte: Os autores. 2016.

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Gráfico 4 - Respostas dos pais para a pergunta que questionava se ele já havia ajudado em alguma atividade

escolar sobre dengue.

Fonte: Os autores. 2016.

Gráfico 5 - Respostas dos pais referentes ao aprendizado gerado pela atividade, caso a resposta anterior fosse

positiva.

Fonte: Os autores. 2016.

Gráfico 6 - Respostas dos pais para a pergunta sobre a percepção da possível mudança de abordagem do assunto.

Fonte: Os autores. 2016.

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Gráfico 7 - Respostas para a pergunta sobre o possível comentário das crianças após a atividade lúdica.

Fonte: Os autores. 2016.

Gráfico 8 - Respostas para a pergunta sobre a extensão da atividade que deveria ocorrer na residência com

auxílio dos familiares.

Fonte: Os autores. 2016.

O hábito de vistoriar sua residência aparentemente se faz presente no cotidiano dos

pais/responsáveis dos alunos, pois 42 das 44 respostas foram positivas.

Assim como os professores, os pais/responsáveis também não entraram em acordo

absoluto sobre a existência de atividades escolares relacionadas ao Aedes aegypti e/ou dengue

em momentos anteriores. Das 28 respostas afirmativas para esta questão, 27 relatam ter

aprendido algo de interessante durante o auxílio nas buscas de informações para a atividade;

como, por exemplo, detalhes sobre o inseto, seu ciclo de vida, sua história, além de mais

informações sobre a dengue e as outras doenças que o mesmo também pode transmitir. Sobre

a mudança na abordagem educacional, 38 respostas afirmaram mudanças, mesmo que dos 44

questionários, 16 apontem a ausência de trabalhos escolares sobre o assunto.

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Considerando que apenas 5 (11,36%) crianças não comentaram sobre a atividade em

casa, esta foi considerada produtiva, levando em conta que 39 dos pais/responsáveis

comentaram terem gostado de ter a presença da criança auxiliando na vistoria ou que acharam

importante estimular as crianças a evitarem possíveis criadouros em casa.

Considerações Finais

Após a realização das atividades e análise dos resultados, foi possível perceber que,

mesmo com uma atividade simples e de caráter lúdico, os estudantes demonstraram muitos

conhecimentos a respeito desse tema e conseguiram chegar sozinhos no objetivo da atividade

didática, que era que percebessem que “correr” atrás do mosquito não é a melhor estratégia

para eliminá-lo; isto é, que é mais importante acabar com os focos de reprodução e demais

criadouros, do que adotar estratégias que simplesmente eliminem o vetor já adulto. Vale

ressaltar que atividades lúdicas como esta são de extrema relevância no processo ensino-

aprendizagem, visto que trabalham dentro de um aspecto concreto e desenvolvem o interesse

conhecimento. Além disso, é importante evidenciar que, embora a atividade não tivesse sido

pensada para alunos de inclusão, o aluno autista conseguiu se integrar plenamente.

Com relação aos questionários enviados às famílias, as respostas que voltaram

demonstraram que provavelmente há campanhas efetivas contra a dengue, já que 95,45% das

respostas afirmam que os responsáveis teriam o hábito de vistoriar suas casas. Além disso,

pôde-se perceber que a atividade teve um impacto positivo nas crianças, já que elas

comentaram ter gostado e estimularam os pais a realizarem novas vistorias. No entanto, para

que esse resultado fosse mais confiável, seria interessante que mais respostas voltassem, visto

que o número de questionários respondido foi – e é tradicionalmente – baixo.

O questionário/entrevista aplicado aos professores, embora tenha demonstrado

algumas incongruências, mostra que a abordagem desse tema mudou e que é necessário que

realizem atividades relacionadas a esse assunto. É interessante ressaltar que a contradição das

respostas sobre as campanhas existentes não é perceptível na resposta dos questionários vindo

dos pais e responsáveis, visto que os mesmos disseram ter o hábito de vistoriar sua casa.

Finalmente, usar um assunto da atualidade e montar uma atividade lúdica para

estimular certas ações nas crianças é uma tarefa pedagogicamente válida e de fácil execução,

tendo em vista que faz uso de uma brincadeira comum entre as crianças para desenvolver

capacidades e noções. Métodos de aprendizagem como esse pode e deveriam ser mais

empregados nas escolas, em diferentes níveis de ensino.

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