20
PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade José Guilherme da Silva Gomes [email protected] (LATEC/UFF) Resumo: Em produtos gráficos de segurança não há seguridade ao menos que os mais altos padrões de qualidade sejam aplicados durante a produção, resultando em um produto acabado conforme as especificações. Qualquer impressão de baixa qualidade ou falta de compreensão do processo de produção, inevitavelmente enfraquece a segurança do produto. Quanto mais pobre a qualidade e maior o desvio da especificação mais fácil se torna a falsificação desses produtos. A essência da impressão de segurança é a capacidade de reproduzir o processo de impressão de forma consistente e de uma maneira que não pode ser produzida por técnicas de impressão comerciais. Como em qualquer processo produtivo, defeitos são gerados, mas o mesmo não pode ser classificado como “tolerável” ou “rejeitado”, eles devem ser graduados nos termos de sua severidade. E esta tarefa se torna ainda mais complicada quando a localização do defeito tem que ser levado em consideração. É uma prática comum aceitar uma pequena pinta escura quando a mesma é localizada em uma área de baixo valor, próximo à borda de uma cédula, mas este defeito se torna inaceitável se a mesma ocorre na área do “portrait” ou em algum elemento de segurança. Neste sentido, este artigo tem como objetivo propor uma metodologia de avaliação de defeitos para cédulas no qual é impresso em uma gráfica de segurança, buscando alcançar os muitos benefícios da aplicação da metodologia. Palavras-chaves: impresso de segurança, classificação de defeito, gestão da qualidade. ISSN 1984-9354

PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE

DEFEITOS EM CÉDULAS

Área temática: Gestão da Qualidade

José Guilherme da Silva Gomes

[email protected] (LATEC/UFF)

Resumo: Em produtos gráficos de segurança não há seguridade ao menos que os mais altos padrões de qualidade

sejam aplicados durante a produção, resultando em um produto acabado conforme as especificações. Qualquer

impressão de baixa qualidade ou falta de compreensão do processo de produção, inevitavelmente enfraquece a

segurança do produto. Quanto mais pobre a qualidade e maior o desvio da especificação mais fácil se torna a

falsificação desses produtos. A essência da impressão de segurança é a capacidade de reproduzir o processo de

impressão de forma consistente e de uma maneira que não pode ser produzida por técnicas de impressão comerciais.

Como em qualquer processo produtivo, defeitos são gerados, mas o mesmo não pode ser classificado como “tolerável”

ou “rejeitado”, eles devem ser graduados nos termos de sua severidade. E esta tarefa se torna ainda mais complicada

quando a localização do defeito tem que ser levado em consideração. É uma prática comum aceitar uma pequena pinta

escura quando a mesma é localizada em uma área de baixo valor, próximo à borda de uma cédula, mas este defeito se

torna inaceitável se a mesma ocorre na área do “portrait” ou em algum elemento de segurança. Neste sentido, este

artigo tem como objetivo propor uma metodologia de avaliação de defeitos para cédulas no qual é impresso em uma

gráfica de segurança, buscando alcançar os muitos benefícios da aplicação da metodologia.

Palavras-chaves: impresso de segurança, classificação de defeito, gestão da qualidade.

ISSN 1984-9354

Page 2: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

2

1 SITUAÇÃO PROBLEMA

A indústria gráfica é um setor muito competitivo, onde a qualidade dos produtos é um fator crucial na

obtenção e manutenção dos clientes. Um produto, segundo GARVIN (1992), possui as seguintes

dimensões no aspecto da qualidade: desempenho, características, confiabilidade, conformidade,

durabilidade, manutenção, estética e qualidade percebida.

No que tange a dimensão conformidade, que é quão perto o produto está de sua especificação, a

indústria gráfica, na sua maioria, utiliza-se da inspeção visual (produto vs. padrão) como ferramenta

para assegurar a qualidade do produto.

Uma avaliação de um impresso é feita tradicionalmente através de uma inspeção visual (método

qualitativo) comparando um padrão determinado pelo cliente versus o produto em questão. A

presença ou ausência de um atributo visual de um impresso (borrões, “spots”, textos falhados,

variação de cor e marcas estranhas) levaria à rejeição ou o aceite do trabalho.

A avaliação visual depende da percepção e de uma interpretação muito subjetiva. O avaliador (que

pode ser um impressor, inspetor da qualidade ou até mesmo o cliente) é influenciado por suas

experiências passadas e suas sensibilidades, portanto, um mesmo impresso avaliado por pessoas

diferentes pode ter resultados diferentes.

Todavia, se existisse um método pelo qual esses atributos pudessem ser entendidos e claramente ser

expressos a avaliação seria mais simples e exata, de tal forma que eliminaria as divergências de

interpretação entre avaliadores. Assim como uma medição de um peso (método quantitativo), existe

outro modo de avaliar um impresso, além do visual (método qualitativo)? Estas são as questões a

serem respondidas no desenvolver desta monografia.

2 OBJETIVO

O presente artigo tem como objetivo propor métodos de avaliação e tolerâncias para não-

conformidades em cédulas. A sua função é apontar possíveis defeitos que comprometam o impresso e

classificá-los de acordo com os níveis de qualidade previstos neste artigo, procurando auxiliar

inspetores de qualidade, impressores e clientes na avaliação de não-conformidades de materiais

impressos.

Vale ressaltar que este artigo foi desenvolvido de acordo com diversos documentos técnicos e normas

internacionais do setor gráfico. As referências bibliográficas destas normas podem ser encontradas na

seção específica.

3 ESTRATÉGIA DA PESQUISA

O rigor da qualidade pode ser classificado em três categorias: inferida, expressa não documentada, ou

expressa documentada. Níveis de qualidade inferidos são níveis para o qual não há requisitos

Page 3: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

3

explícitos para o que foi negociado. O cliente neste cenário baseia-se nos conhecimentos e

experiência do impressor para criar um produto no qual o impressor acredita ser o melhor projetado

para as necessidades do cliente (Rees & Chung, 2007).

Há três possibilidades para um nível de qualidade inferido. A primeira e a mais ideal possibilidade é

que o produto atende as expectativas do cliente. A segunda é que o produto excede as expectativas do

cliente, e a terceira é que o produto falha ao atender as expectativas do cliente. Enquanto que exceder

as expectativas do cliente soe positivo, os custos de se manter o nível de qualidade maior que o

exigido serão absorvidos pelo produtor. A falha em atender às expectativas resultará na rejeição ou

repetição do trabalho. Quando os níveis de qualidade são expressos, mas não documentado, os

requisitos expressos pelo cliente ou são ou não atendidos. O não cumprimento de qualquer situação

irregular sobre os requisitos abre a porta para renegociação de um acordo de compensação (Rees &

Chung, 2007).

O Programa da Garantia da Qualidade através de Atributos (QATAP) é um bom exemplo da terceira

categoria do nível da qualidade esperado. A terceira categoria representa a situação onde a qualidade

é expressa e documentada. No final dos anos setenta, o Departamento de Controle da Qualidade da

GPO estabeleceu o Programa da Garantia da Qualidade através de Atributos (QATAP) para fornecer

especificações e procedimentos de garantia da qualidade para seus materiais impressos. O programa é

dividido em cinco níveis de qualidade. Em cada nível, as exigências de qualidade do produto sejam

claramente identificados e descritos em termos de atributos definíveis e mensuráveis no contrato

(Materazzi & Meade, 1977).

A avaliação da qualidade de um impresso, tradicionalmente, é executada de maneira visual, quando

avaliado pelo cliente. A presença ou ausência de atributos visuais de impressão indesejadas dentro de

um produto final (por exemplo, manchas, má legibilidade de texto, excessiva variação de cor, marcas

estranhas) levaria à rejeição ou aceitação de um trabalho. O modelo de QATAP define os atributos e

os procedimentos de captação de dados, e permite a utilização de um sistema de demérito para

determinar se um trabalho cumpre os critérios de qualidade requeridos. Na prática, um demérito de

impressão é atribuído a atributos do produto impresso que são inadequados, inaceitáveis, ou que

deixar de cumprir os requisitos específicos. O modelo permite que a qualidade de impressão possa

ser transformada em números, que pode, então, ser utilizados para fins de gestão e controle.

Contudo, esta metodologia é aplicada para impressos de uma maneira em geral, e o impresso cédula

pertence a um grupo específico do mundo gráfico e possui peculiaridades bastante específicas. Para

tanto, em 1992 um trabalho em conjunto realizado pelo Banco Nacional Holandês (DNB) e a fábrica

impressora Joh. Enschedé desenvolveram uma metodologia a fim de descrever critérios de qualidade

bastante simples e práticos, de modo que todos os envolvidos na fabricação de uma cédula tivessem o

Page 4: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

4

mesmo conceito de tolerância para falhas de impressão. Esta metodologia relaciona falhas de

impressão admissíveis dentro de áreas dentro de uma cédula, visto que tem áreas mais sensíveis que

outras dentro de uma cédula (De Heiji, 2008).

Logo após a emissão das cédulas do EURO em 2002, o Banco Central Europeu adotou este método

para o controle de qualidade das cédulas do EURO, renomeando-o para “Modelo de Zoneamento”.

Figura 1 – Modelo de Zoneamento em uma cédula

Total

Pequeno

Furo

1 1 2 4

Pinta 0 1 2 3

Mancha 1 2 3 6

Máximo 2 4 7 13

Tabela 1 – Qualidade de Impressão definido pela quantidade de erros permitidos por área

Dentro do âmbito nacional a ABIGRAF elaborou um documento de avaliação de não conformidade

para impressos em offset. A sua função é apontar alguns possíveis defeitos que comprometam o

impresso e classificá-los de acordo com os níveis de qualidade dos produtos, procurando auxiliar

clientes e fornecedores na avaliação de não-conformidades de materiais impressos em sistema offset

(ABIGRAF, 2009).

Page 5: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

5

4 PROCESSO PRODUTIVO DE CÉDULAS

Para elucidar como funciona o processo de fabricação de uma cédula, nas próximas linhas seguirá

uma breve descrição de cada etapa do processo produtivo da confecção deste produto.

O processo de fabricação de cédulas está dividido em fases descritas na tabela abaixo, as quais se

relacionam conforme fluxo de processo apresentado mais adiante neste artigo.

1 CONTAGEM DE PAPEL EM BRANCO

2 IMPRESSÃO OFFSET

3 IMPRESSÃO CALCOGRÁFICA REVERSO E ANVERSO

4 IMPRESSÃO SERIGRÁFICA

5 APLICAÇÃO DE BANDA HOLOGRÁFICA

6 CRÍTICA DE ESTAMPAS IMPRESSAS

7 IMPRESSÃO FLEXOGRÁFICA

8 IMPRESSÃO TIPOGRÁFICA SEGUIDA DE ACABAMENTO

AUTOMATIZADO 9 ENTREGA AO COFRE

Tabela 2 – Processos de fabricação de cédulas

4.1 CONTAGEM DE PAPEL EM BRANCO Destina-se a conferir o quantitativo de folhas do papel utilizado na impressão, recebidas do

fornecedor, mediante ordem de produção liberada.

4.2 IMPRESSÃO OFFSET

Caracteriza-se pela impressão simultânea do anverso e reverso do papel, não requerendo, portanto, a

necessidade de duas "entradas" deste em máquina. Essa particularidade, inclusive, torna impressoras

dessa natureza adequadas para a impressão de registros coincidentes. Trata-se um dos elementos de

segurança, próprios de impressão de offset simultânea, onde a arte é impressa no papel em seu

anverso e reverso, compondo elemento artístico, normalmente figuras geométricas, cujo registro é

perceptível quando o impresso é observado com iluminação (por transparência).

4.3 IMPRESSÃO CALCOGRÁFICA REVERSO E ANVERSO

Esta fase do processo, realizada em impressoras calcográficas, tem como característica principal

conferir relevo ao impresso, tatilmente perceptível. Cabe ressaltar que esta impressão é direta.

4.4 IMPRESSÃO SERIGRÁFICA

Tintas especiais com mudanças de cores, tais como OVI – Optical Variable Ink, OVMI – Optical

Variable Magnetic Ink ou iridescência confere um brilho específico e características que as tornam

ideais para aplicação em impressos de segurança. O processo de impressão serigráfico oferece o mais

alto nível de precisão e economia para aplicação de uma gama completa de OVI, OVMI e iridescente

Page 6: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

6

e outras tintas opticamente variáveis. A característica única das tintas com mudanças de cores fazem

delas imediatamente reconhecida pelo público e extremamente difícil de reproduzir.

4.5 APLICAÇÃO DA BANDA HOLGRÁFICA

Processo de aplicação de dispositivos opticamente variáveis em banda e/ou localizado, pelo processo

de estampagem a quente (hot stamping). O adesivo é termicamente ativado durante o processo de

estampagem à quente com alta velocidade, precisão e qualidade.

4.6 CRÍTICA DE ESTAMPAS IMPRESSAS

Cabe ao processo de crítica a fase de inspeção visual e contagem (mecânica ou manual) das estampas

semi-acabadas, com o intuito de detectar possíveis não-conformidades na impressão e conferir o

quantitativo proveniente das etapas anteriores.

As estampas não conformes são encaminhadas ao setor de descaracterização e em seguida

descaracterizadas.

4.7 IMPRESSÃO FLEXOGRÁFICA

O envernizamento das cédulas aumenta a qualidade e segurança do produto em circulação, além de

estender sua vida útil no mercado. Este processo é realizado simultaneamente em ambos os lados da

folha pelo equipamento de aplicação de verniz, por meio de um sistema denominado impressão

flexográfica.

4.8 IMPRESSÃO TIPOGRÁFICA SEGUIDA DE ACABAMENTO

AUTOMATIZADO

Esta fase do processo é realizada em máquinas tipográficas e tem como característica a impressão

alfanumérica da cédula, onde a tinta depositada no grafismo dos caracteres (numeradores e clichês) é

transferida de forma direta para o papel. A impressão tipográfica obedece a regras estabelecidas com

o cliente.

Após a fase de impressão tipográfica, as cédulas passam pela fase de acabamento, onde as mesmas

são cortadas na dimensão especificada, embaladas e destinadas ao cofre de produto acabado, onde

esperam para serem entregues ao cliente.

Abaixo segue o macro-fluxograma do processo, onde os pontos em verde e amarelo são pontos no

processo onde a cédulas sofre algum tipo de controle da qualidade, portanto, são nestes pontos é que

sugere o emprego da metodologia proposta.

Page 7: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

7

Figura 3 – Fluxograma do Processo de fabricação de cédula – Parte I

Figura 4 – Fluxograma do Processo de fabricação de cédula – Parte II

Iniciar impressão

offset

Inspeção

Estampas boas?

Fazer marcação

apropriada e segregar

Empilha-mento

ID

SIM

NÃO

Receber matéria prima

Contar papel cédula

Início

Secar

Realizar impressão

calcográfica do reverso

Inspeção

Estampas boas?

Empilha-mento

Secar

SIM

Fazer marcação

apropriada e segregar

ID

NÃO

Inserir banda holográfica

Realizar impressão

calcográfica do anverso

ID - Itens inspecionados não conformes segregados para descaracterização.

Inspeção

Estampas boas?

Empilha-mento

SIM

Fazer marcação

apropriada e segregar

NÃO

ID

Inspeção

Estampas boas?

Empilha-mento

Secar

SIM

Fazer marcação

apropriada e segregar

ID

NÃO

Inspeção

Estampas boas?

Empilha-mento

Secar

SIM

Fazer marcação

apropriada e segregar

ID

NÃO

Realizar crítica nas estampas

Estampas boas?

Empilha-mento

SIM

Fazer marcação

apropriada e segregar

ID

NÃO

Crítica

1

1

Estampas boas?

Empilha-mento

SIM

Fazer marcação

apropriada e segregar

ID

NÃO

Imprimir Numeração

Tipográfica

Inspeção

Numeração Conforme?

Empilha-mento

SIM

Fazer marcação

apropriada e segregar

ID

NÃO

Realizar Acabamento

(Cortar e Individualizar)

Inspeção

Acabamento Ok?

SIM

Fazer marcação

apropriada e segregar

ID

NÃO

Embalar

Cofre

Fim

ID - Itens inspecionados não conformes segregados para descaracterização.

Page 8: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

8

5 CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS

A classificação de defeitos qualifica a importância da não-conformidade para cada nível de qualidade

do produto. O grau do defeito determinará a aceitação ou a rejeição do produto final (Paladini, 1997).

Os defeitos são classificados em três categorias:

Variação Tolerável: são desvios da conformidade, que embora sejam defeitos, não impedem a

utilização ou afetem a informação do produto;

Variação Grave: são desvios da conformidade os quais são menos sérios que as variações

críticas, e resultam de alguma forma, na redução da usabilidade do produto ou afetam a informação;

Variação Crítica: são desvios da conformidade que seriamente afetam a usabilidade do produto

ou afetam drasticamente a informação.

6 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DEFEITOS

Nas avaliações apresentadas neste artigo, uma seqüência sempre será seguida nas avaliações dos

defeitos:

1) A primeira avaliação sempre será visual, quando for constatado algum defeito, será necessária

uma próxima avaliação para definir se o defeito é tolerável ou não;

2) Na segunda abordagem será necessário o uso de instrumentos simples de medição, tais como:

lupa graduada, gabaritos e ou escalas milimétricas para mensurar o tamanho do defeito e assim

classificá-lo;

3) Por último, se não for possível mensurar ou classificar o defeito apontado com os instrumentos

mencionados acima, deve-se fazer uso de instrumentos mais sofisticados para determinar a

severidade do defeito. Instrumentos deste tipo são: microscópio digital, Densitômetro e escala digital

microscópica, etc.

Figura 5 – Seqüência de Avaliação de Defeitos

Page 9: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

9

5.1 MANCHAS, PINTAS E FUROS

Definição: manchas, pintas e furos são pequenas deformidades, ou outras imperfeições em um

impresso que é originado no processo de impressão.

Exemplos: respingos de tinta, pintas causadas por blanqueta suja, sujeira, etc.

Instrumentos: 1) Avaliação Visual

2) Lupa graduada ou gabaritos

Procedimento: avaliar as manchas, as pintas e furos de acordo com as seguintes tabelas:

CLASSIFICAÇÃO DIÂMETRO

TOLERÁVEL X < 1mm

GRAVE 1mm ≤ X ≤ 3mm

CRÍTICO X > 3mm

Tabela 2 – Classificação de manchas, pintas e furos

Baseado no modelo de zoneamento utilizado no EURO, segue o zoneamento realizado na cédula de

R$100 onde as áreas em vermelho são aquelas que contêm características de segurança, áreas em

amarelo são aquelas que contêm texto e as áreas em azul são as áreas de fundo, as quantidades

máximas de defeito estão distribuídas de acordo com a zona conforme a imagem e tabela abaixo:

Figura 6 – Zoneamento da cédula R$100 – Anverso

Page 10: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

10

Figura 7 – Zoneamento da cédula R$100 – Reverso

Furo,

pinta e

manchas

< 1 mm

Total

Pequeno

Furo 1 1 2 4

Pinta 0 1 2 3

Mancha 0 1 2 3

Máximo 1 3 6 10

Tabela 3 - Quantidade de manchas, pintas e furos toleráveis em regiões da cédula

5.2 MARCAS INDESEJÁVEIS

Definição e Exemplos: marcas estranhas são defeitos indesejáveis que não são manchas, pintas e

furos definidos na avaliação acima. Exemplos: borrão, linhas devido a arranhões na chapa, repinte,

marcas de óleo, manchas devido à limpeza, sobre-entintagem, etc.

Existem duas categorias de desvios para marcas estranhas, os quais são:

Categoria 1 - marcas que podem ser lidas pelo densitômetro e que cobrem uma área maior que 6.4

mm na sua menor dimensão

Categoria 2 - Marcas que não são abrangidas pela categoria 1. São classificadas pela sua gravidade

como a seguir:

Marcas leves – marcas que são visíveis sob condições de visualização padrão e que levemente

diminuem a aparência do produto. Ex.: marcas menores que 6,5mm2

Page 11: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

11

Marcas médias – marcas que são visíveis sob condições de visualização padrão e que

moderadamente diminuem a aparência do produto. Ex.: marcas entre que 6,5mm2 – 13,0 mm

2

Marcas pesadas – marcas que são visíveis sob condições de visualização padrão e que seriamente

diminuem a aparência do produto. Ex.: marcas maiores que 13,0 mm2

Instrumentos: 1) Avaliação Visual;

2) Lupa graduada ou gabarito;

3) Densitômetro

Procedimentos:

Categoria 1:

a) Use o densitômetro com o filtro que dê a maior leitura

b) Medir três áreas onde há a maior densidade. Faça a média e determine a classificação do defeito

de acordo com o zoneamento da cédula:

Em áreas em vermelho não poderá conter marcas estranhas

Em áreas em amarelo e azul poderá conter 1 mancha < 0,01 de variação de densidade

Categoria 2:

a) Visualmente inspecionar as marcas sob condições de visualização padrão;

b) Com auxílio de lupa graduada, gabarito ou microscópio digital mensurar a marca indesejável e

classificá-la de acordo com o critério mencionado acima, respeitando o limite de quantidade de

marcas indesejáveis segundo tabela abaixo

Marcas

Indesejáveis Total

Leve 0 1 2 3

Média 0 0 0 0

Pesada 0 0 0 0

Máximo 0 1 2 3

Tabela 4 – Quantidade de marcas indesejáveis toleráveis em cada zona da cédula

Page 12: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

12

5.3 QUALIDADE E UNIFORMIDADE DO TEXTO

Avaliação: os textos impressos na cédula, incluindo a numeração tipográfica, serão avaliados de duas

formas:

a) Variação da densidade do texto em relação à especificação;

b) Variação da dimensão do texto em relação à especificação

Instrumentos: 1) Avaliação Visual;

2) Microscópio Digital;

3) Lupa Milimetrada

Procedimento:

a) Variação do texto (ou tipo) em relação à especificação:

Medir a densidade do caractere do texto (ou numeração tipográfica) em suspeição e classificá-

la de acordo com a tabela abaixo:

TOLERANCIA – DENSIDADE CLASSIFICAÇÃO

X < ± 0,09 TOLERÁVEL

± 0,1 ≤ X ≤ ± 0,15 GRAVE

X > ± 0,15 CRÍTICO

Tabela 5 – Classificação de defeito do texto ou numeração tipográfica (Densidade)

b) Variação da dimensão do texto em relação à especificação:

Medir o tamanho do caractere do texto (ou numeração tipográfica) em suspeição e classificá-la de

acordo com a tabela abaixo:

TOLERANCIA – DIMENSÃO CLASSIFICAÇÃO

X < 0,08 mm TOLERÁVEL

Page 13: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

13

0,08 mm ≤ X ≤ 0,10 mm GRAVE

X > 0,10 mm CRÍTICO

Tabela 6 – Classificação de defeito do texto ou numeração tipográfica (Densidade)

6 DADOS ESTATÍSTICOS

Para confirmar a aplicabilidade desta metodologia, este artigo faz-se uso de dados estatísticos de

defeitos apontados no ano de 2015 da produção da cédula, estes dados foram obtidos através do

Departamento de Cédulas da empresa em estudo. O gráfico mostra que 85% dos defeitos encontrados

no processo produtivo de cédulas no ano de 2015 poderiam ser avaliados pela metodologia proposta

neste artigo. Isto confirma a grande aplicabilidade da metodologia no processo produtivo em estudo,

segue o gráfico abaixo com os números:

33,50%

16,58%

13,12%

8,85% 8,75%6,77%

3,92%2,80%

1,83% 1,14% 1,03% 0,82% 0,22% 0,17% 0,17% 0,12% 0,10% 0,10% 0,01%0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

BO FI FT SG FR NR FE ED DG FV ES ER NF SO AM NE NT EO SI

DEFEITOS DECED - 2015

Gráfico 1 – Defeitos Produção do Real – 2015

Page 14: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

14

Sigla Defeito Avaliação

AM AMASSADA -

BO BORRÃO Marcas Estranhas

ED ESTAMPA DOBRADA -

EO ESTAMPA COM ÓLEO Marcas Estranhas

ER ESTAMPA RASGADA -

FI FALHA DE IMPRESSÃO Marcas Estranhas

FR FOLHAS COM REPINTE

Marcas Estranhas, Pinta, Mancha

FT FORA DE TONALIDADE *RT 001/2015 e 003/2015

ES ESTAMPA SUJA

Marcas Estranhas, Pinta, Mancha

FE FORA DE

ENQUADRAMENTO -

SG SEGREGADAS

Marcas Estranhas, Pinta, Mancha

DG DEGOLA -

NF NUMERO FALHADO Qualidade e Uniformidade

do Texto

NE NUMERO ENTUPIDO Qualidade e Uniformidade

do Texto

NR NOTA RASGADA -

SO SUJA/OLEO Marcas Estranhas

FV FALHA DE VERNIZ -

SI SEM IMPRESSÃO Marcas Estranhas

NT NUMERO TROCADO -

Tabela 7 – Correlação entre defeito e tipo de avaliação

*RT001/2015 e 003/2015 são relatórios técnicos da empresa em estudo que abordam avaliação de cor

em impressos gráficos

7 CONCLUSÃO

A indústria gráfica recebe significativa influência da dinâmica competitiva do mercado, requerendo

posicionamento estratégico e tecnológico para agregar valor e vantagem competitiva em suas

operações. A classificação de defeitos propicia um entendimento melhor do processo, desta forma,

supre a gerência de informações para implementar ações de melhoria contínua na mitigação das

causas destes defeitos. Ademais, esta metodologia propicia um entendimento equânime entre vários

setores do processo produtivo que possui a tarefa de controlar a qualidade do produto, eliminando

assim divergências de análise entre setores e, até mesmo, uma divergência entre a relação fornecedor

Page 15: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

15

vs. cliente. A empresa que foi objeto de estudo deste artigo, mostrou-se compatível para implantação

da metodologia onde a mesma tem uma abrangência determinante dentro da rotina do controle da

qualidade.

Portanto, a adoção desta metodologia em todas as fases de impressão da cédula, é um meio de

minimizar a subjetividade que existe na avaliação dos defeitos existentes. Com esta ferramenta a

gráfica em estudo será capaz de classificar os defeitos de acordo com a sua severidade e em conjunto

levando-se em conta as regiões mais sensíveis dentro de uma cédula.

8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Associação Brasileira da Indústria Gráfica. Estudo Setorial da Indústria Gráfica no Brasil. São Paulo,

SP: ABIGRAF, 2009.

Chung, R., & Rees, M. (2007). A Survey of digital and offset print quality issues. Rochester Institute

of Technology - RIT Scholar Works

De Heiji, H.A.M.; “Quality Marks in Banknote Design”, De Nederslandsche Bank N.V, Eurosystem

Materials Committee, Athens 27-28 May 2008

GARVIN, D. A. Gerenciando a Qualidade: a visão estratégica e competitiva. Tradução de João

Ferreira Bezerra de Souza. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992

GPO Contract Terms (QATAP): Quality Assurance though attributes program for printing and

binding. Washington: GPO, 2002. Disponível em: http://www.gpo.gov/pdfs/customers/qatap.pdf

Manual de Avaliação Técnica de Não-Conformidade em Impressão Offset: Associação Brasileira de

Tecnologia Gráfica (ABTG), 2016.

Disponível em

http://www.abtg.org.br/download/7k7n9l2i2d3y862y3a629j3g6l5w6s328e2v6s658y313

Materazzi, A. R., & Meade, C. B. (1977). GPO’s Quality Assurance Through Attributes

Program. TAGA Proceedings, 1977.

PALADINI, Edson Pacheco, Qualidade total na prática – implantação e avaliação de sistema de

qualidade total. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

Page 16: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

16

ANEXO I ZONAS DE CRITICIDADE

(R$2, R$5, R$10, R$20, R$50)

ANVERSO

REVERSO

Page 17: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

17

ANVERSO

REVERSO

Page 18: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

18

ANVERSO

REVERSO

Page 19: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

19

ANVERSO

REVERSO

Page 20: PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E … · 2017-01-03 · PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM CÉDULAS Área temática: Gestão da Qualidade

XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016

20

ANVERSO

REVERSO

1