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  Escola de Engenharia João Rui Santos Pires Gavião Proposta de reabilitação de edifícios de habitação de acordo com os padrões Passive House Plano de Dissertação Mestrado em Construção e Reabilitação Sustentáveis Trabalho efectuado sob a orientação do Professora Doutora Sandra Maria Gomes Monteiro da Silva Julho de 2011

Proposta de reabilitação de edifícios de acordo com os padrões Passive House

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O desafio passa por transportar o parque edificado existente para padrões de grande eficiênciaenergética e conforto e com custos acessíveis. O objectivo é a integração do conceito Passive Housena reabilitação de edifícios em Portugal.

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Escola de Engenharia

João Rui Santos Pires Gavião

Proposta de reabilitação de edifícios

de habitação de acordo com ospadrões Passive House 

Plano de DissertaçãoMestrado em Construção e Reabilitação Sustentáveis

Trabalho efectuado sob a orientação doProfessora Doutora Sandra Maria Gomes Monteiro da Silva

Julho de 2011

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RESUMO

O actual padrão de consumo energético, tendo em conta o recurso ao petróleo e os índices de

crescimento que tem registado, está na génese de muitos problemas com que a humanidade se

depara. As reservas de petróleo são finitas e caminham para a sua extinção. A segurança e as

condições do abastecimento energético têm em sido postas em causa. A actual concentração de CO₂ 

na atmosfera é já uma ameaça à estabilidade do planeta. Se esta tendência não for invertida, teremos

de nos adaptar a viver com uma temperatura média superior em 6°C. Nesse cenário, o equilíbrio do

planeta terá já sido totalmente posto em causa.

Mudar de paradigma energético não é só o desafio do futuro. No presente, têm de ser dadas

respostas firmes e traçados objectivos ambiciosos para que tal mudança se verifique. É fundamentalreduzir o consumo e alterar as fontes de energia.

Segundo Wolfgang Feist, “The best energy is less energy”. Feist defende que a eficiência energética

é a mais importante, mais económica e mais segura opção energética. O sector dos edifícios, como

grande consumidor de energia, tem um considerável potencial de poupança energética. O conceito

Passive House surge, assim, como uma resposta eficiente sob o ponto de vista energético,

económico e do conforto.

O desafio passa por transportar o parque edificado existente para padrões de grande eficiência

energética e conforto e com custos acessíveis. O objectivo é a integração do conceito Passive House 

na reabilitação de edifícios em Portugal. Deste modo, poderá ser dado um importante contributo

para a redução do consumo energético e das emissões de CO₂ e para a independência energética do

país.

Palavras-Chave: Reabilitação, Eficiência Energética, Passive House, Conforto Térmico, Qualidade

do Ambiente Interior

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ÍNDICE

1. Introdução 1

1.1 Enquadramento 11.2 Objectivos 2

2. Estado da Arte 3

2.1 O panorama energético mundial 3

2.2 As alterações climáticas 5

2.3 Cenários para o consumo energético e para as emissões de CO₂ 6

2.4 O sector dos edifícios 10

2.5 O panorama energético em Portugal 11

2.6 O ambiente construído em Portugal 13

2.7 Eficiência energética 16

2.8 A reabilitação em Portugal 21

2.9 Passive House 24

3. Metodologia 33

4. Identificação e Descrição das Tarefas 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução do consumo mundial de energia final, por região, em Mtep(Fonte: KWE Statistics, 2010)

3

Figura 2 - Evolução do consumo mundial de energia final, por fonte, em Mtep(Fonte: KWE Statistics, 2010)

4

Figura 3 - Evolução das emissões mundiais de CO₂, por região, em Mt(Fonte: KWE Statistics, 2010)

5

Figura 4 - Cenário de Referência - procura de energia primária a nível mundial, por fonte(Fonte: WEO, 2009)

7

Figura 5 - Cenário de Referência – evolução das emissões mundiais de GEE, por tipo de

gás(Fonte: WEO, 2009)

7

Figura 6 - Cenário de Referência e Cenário 450 – evolução das concentrações de GEE(Fonte: WEO, 2009)

8

Figura 7 - Cenário 450 – evolução das emissões de GEE, por tipo de gás(Fonte: WEO, 2009)

9

Figura 8 - Evolução do consumo total de energia primária em Portugal, por fonte, emKtep

(Fonte: DGEG, 2011)

11

Figura 9 - Evolução do consumo total de energia final em Portugal, por sector, em Ktep(Fonte: DGEG, 2011)

12

Figura10

- Evolução da dependência energética de Portugal, em percentagem(Fonte: DGEG, 2011)

13

Figura11

- Evolução do défice da dependência energética de Portugal, em percentagem doPIB(Fonte: DGEG, 2011)

13

Figura12

- Distribuição do stock habitacional na UE-25(Fonte: European Comission - Institute for Prospective Technological Studies,2008)

14

Figura13

- Evolução das reabilitações e construções novas em Portugal(Fonte: INE, 2010)

15

Figura14

- Peso do investimento na reabilitação, dentro do sector da construção, empercentagem

(Fonte: Euroconstruct, 2005)

23

Figura15

- Vista do alçado Sul da primeira Passive House, em Darmstadt, no Verão de1992

24

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(Fonte: Passivhaus Institut, 2006)

Figura16

- Vista geral da primeira Passive House, em Darmstadt, na Primavera de 2006(Fonte: Passivhaus Institut, 2006)

25

Figura

17

- Exemplo Passive House – edifício de habitação colectiva, em Innsbruck

(Áustria)(Fonte: João Gavião, 2011)

26

Figura18

- Exemplo de Passive House – edifício de habitação unifamiliar em Namakura(Japão)(Fonte: Key Architects, 2011)

27

Figura19

- Preservação de energia vs desperdício de energia(Fonte: Passivhaus Institut, 2006)

28

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LISTA DE ABREVIAÇÕES 

AQS -  Águas Quentes Sanitárias

CEPHEUS - 

Cost Efficient Passive Houses as European StandardsCO₂  -  Dióxido de Carbono

CO₂-eq. -  Dióxido de Carbono equivalente

DGEG -  Direcção-Geral de Energia e Geologia

ENE -  Estratégia Nacional para a Energia

EnerPHit -  Energy Retrofit with Passive House Components

EPBD -  Energy Performance of Buildings Directive

ETP -  Energy Technologies Perspectives

GEE -  Gases com Efeito de Estufa

Gt -  Gigatoneladas

IEA -  Agência Internacional de Energia

INE -  Instituto Nacional de Estatística

IPCC -  Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas

IPHA -  International Passive House Association

Ktep -  Quilo-toneladas equivalentes de petróleo

KWE -  Key World Energy

LEB - 

Low-Energy BuildingMt -  Milhões de toneladas

Mtep -  Milhões de toneladas equivalentes de petróleo

OCDE -  Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OMS -  Organização Mundial de Saúde

PEP -  Promotion of European Passive Houses

PHPP -  Passive House Plannign Package

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PNAC -  Programa Nacional para as Alterações Climáticas

PNAEE -  Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética

PNAER -  Plano de Nacional Acção para as Energias Renováveis

ppm -  partes por milhão

QAI -  Qualidade do Ar Interior

RCCTE -  Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios

RSECE -  Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização dos Edifícios

SCE-  Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos

Edifícios

Tep -  Toneladas equivalentes de petróleo

UE -  União Europeia

WEO -  World Energy Outlook

WWF -  World Wide Fund for Nature

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1.  Introdução

1.1 Enquadramento

Nas últimas décadas tem-se assistido ao aumento do consumo energético a nível mundial, apesar doabrandamento do consumo nos países mais ricos.

Um dos grandes problemas é o facto do consumo actual ainda estar dependente de fontes de energia

finitas, sobretudo do petróleo, cujas reservas caminham para o seu fim.

A escassez, aliada à dependência de um pequeno grupo de países produtores, são responsáveis por

problemas no abastecimento energético. Países como Portugal, muito dependentes do exterior, são

mais vulneráveis e estão mais expostos a esses problemas.

O crescimento do consumo energético, com o recurso às actuais fontes energéticas, implica o

crescimento das emissões de dióxido de carbono (CO₂). A actual concentração de CO₂ na atmosfera

é já uma ameaça à estabilidade do planeta. É, assim, fundamental reduzir o consumo e alterar as

fontes de energia.

O sector dos edifícios, como grande consumidor de energia, tem um considerável potencial de

poupança energética. Tornar os edifícios cada vez mais eficientes e com necessidades energéticascada vez menores é o caminho defendido pelas entidades europeias e internacionais.

Segundo o professor Wolfgang Feist, director do Passivhaus Institut, “The best energy is less

energy”, defendendo que a eficiência energética é a mais importante, mais económica e mais segura

opção energética.

O conceito Passive House, comprovado como eficiente sob o ponto de vista energético, confortável

e economicamente acessível, é já uma realidade. Ele está fortemente implantado na Europa Centrale é assumido como o caminho a seguir, a médio e longo prazo, pela União Europeia (UE) e pela

Agência Internacional de Energia (IEA).

Após os primeiros passos na implementação do conceito em Portugal, conclui-se que é possível

obter edifícios confortáveis, com um consumo energético extremamente baixo e com impactos

ambientais reduzidos, e associados a um baixo custo do ciclo de vida.

O parque edificado em Portugal é dos mais recentes a nível europeu, resultado do crescimento dosector da construção, sobretudo, durante a década de 1990. A evolução das novas construções

apresenta uma queda acentuada desde o início do século.

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Se a este facto associarmos os consumos energéticos dos edifícios em Portugal e as necessidades de

obras de reparação, pode concluir-se que o caminho terá de passar pelo aumento do peso da

reabilitação no sector da construção.

O que se pretende com este trabalho é a integração do conceito Passive House na reabilitação de

edifícios em Portugal, aferindo as dificuldades e potencialidades deste processo.

1.2 Objectivos

O objectivo é elaborar uma proposta de reabilitação de um edifício sob o ponto de vista energético e

da qualidade do ambiente interior, integrando o conceito Passive House. Pretende-se definir uma

solução que garanta o conforto aos utilizadores, que seja eficiente do ponto de vista energético e

economicamente viável.

É fundamental perceber quais são as implicações do actual padrão de consumo energético a nível

mundial e, fundamentalmente, saber como actuar para mudar de paradigma.

É necessário também enquadrar a realidade do país, para perceber quais as suas potencialidades e

limitações. A estratégia passa por contribuir para a independência energética do país, actuando no

sector do parque edificado existente. As metas a estabelecer têm de ser ambiciosas, para que os

resultados obtidos possam ter capacidade de mudança.

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2.  Estado da Arte

2.1 O panorama energético mundial

2.1.1 

Os consumos energéticos a nível mundial

Nas últimas décadas tem-se assistido a um aumento do consumo energético a nível mundial. Em

1971 o consumo de energia final era 4.676 Mtep, tendo quase duplicado em 2008 para um consumo

de 8.428 Mtep (KWE Statistics, 2010). Exceptuando os períodos subsequentes às crises do petróleo,

em 1973 e em 1978/83, em que houve um decréscimo do consumo, o aumento foi uma constante. A

maior fatia corresponde ao conjunto dos países da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Económico (OCDE), com quase 43,8% da energia final consumida no mundo em

2008, apesar do peso do seu consumo energético ter vindo a diminuir de forma clara, 60,1% em

1973 (KWE Statistics, 2010).

O efeito da crise financeira de actual fez com que a procura descesse ou estagnasse na generalidade

dos países. No entanto, o contínuo crescimento económico da China e do correspondente

crescimento das suas necessidades energéticas, fez com que se mantivesse o ritmo de crescimento

do consumo energético global, tal como mostra a figura 1.

Figura 1 – Evolução do consumo mundial de energia final, por região, em Mtep (Fonte: KWE Statistics 2010)

O consumo energético da China (Figura 1) correspondeu a 16,4% da energia final consumida no

mundo em 2008 quando em 1971 correspondia a 7,9%.

Energia final

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Em relação aos tipos de energia consumida, com a excepção do carvão, verifica-se um aumento

generalizado de todas as formas de energia. O petróleo mantém-se como a fonte de energia mais

utilizada e há um significativo aumento da procura energética sob a forma de electricidade tal como

mostra a Figura 2.

Figura 2 – Evolução do consumo mundial de energia final, por fonte, em Mtep (Fonte: KWE Statistics 2010) 

2.1.2  Os riscos do actual padrão de consumo

Um dos grandes problemas no panorama energético mundial, reside no padrão de consumo

energético para responder às necessidades, de crescimento e desenvolvimento, dos países.

Se o consumo energético da população mundial fosse equivalente ao consumo médio de um

habitante de Singapura ou dos Estados Unidos, as reservas de petróleo seriam consumidas em 9

anos (WWF, 2011).

Outro problema é o facto do consumo actual ainda estar dependente de fontes de energia finitas e,por conseguinte, as reservas caminharem para o seu fim. As reservas, conhecidas, de petróleo e de

gás irão diminuir entre 40 e 60% em 2030 relativamente aos dias de hoje (WEO, 2009).

A dependência energética, sobretudo de petróleo, obriga os países produtores a encontrarem

soluções de curto prazo, como a pesquisa de novas reservas e a extracção em zonas arenosas.

Como a escassez de um produto aumenta o seu preço de comercialização, os elevados preços que

hoje em dia são praticados servem de amparo aos elevados preços de produção do crude, associadosa sondagens e extracções com custos elevados (Kunzig, 2009).

 

Energia final

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O preço do barril de petróleo deverá aumentar gradualmente atingindo valores médios próximos de

90 dólares em 2012 (Banco de Portugal, 2010). A IEA, em finais de 2008, estimou que o preço do

barril de petróleo seria de 120 dólares em 2030, valor que justificaria o esforço associado à sua

extracção da areia betuminosa (Kunzig, 2009).

A insegurança no abastecimento é outro factor de preocupação. Os países consumidores são cada

vez mais dependentes da energia de um pequeno número de países produtores. Estas preocupações

ficaram claras na Europa durante o impasse de fornecimento entre a Rússia e a Ucrânia.

Uma maior insegurança de curto prazo parece inevitável à medida que a diversidade geográfica da

oferta diminui e aumenta a dependência de rotas de fornecimento vulneráveis. Quanto maior for a

procura de petróleo e gás destas regiões, mais provável é que estas regiões estabeleçam preços

elevados e os mantenham, adiando o investimento e limitando a produção (Birol, 2009).

2.2 As alterações climáticas

2.2.1  As emissões de CO₂ 

O crescimento do consumo energético, com o recurso às actuais fontes energéticas, implica o

crescimento das emissões de dióxido de carbono (CO₂). As emissões de CO₂ em todo o mundo

correspondiam a um valor superior a 15 Gt de CO₂ em 1973. Em 2008, estas emissões quase que

duplicaram ao chegarem às 29 Gt (KWE Statistics, 2010).

Figura 3 – Evolução das emissões mundiais de CO₂ por região, em Mt (Fonte: KWE Statistics 2010)

Apesar das emissões a nível mundial terem aumentado neste período de tempo, o seu valor nos

países da OCDE manteve-se estável nos últimos anos. Com tendência contrária, encontram-se os

Emissões CO₂ (Mt

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países asiáticos e, sobretudo, a China que é já responsável por uma fatia significativa das emissões

totais tal como mostra a Figura 3. 

2.2.2  Os Gases com Efeito de Estufa e o aquecimento global 

O CO₂, originado pela acção humana, é o mais importante GEE, representando 77% do total dos

GEE (IPCC 2007). O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) refere que a

maior parte do aquecimento que se tem observado desde meados do século XX no planeta, deve-se,

muito provavelmente, a um aumento dos GEE de origem humana (IPCC 2007).

Está prevista a subida da temperatura global da superfície terrestre entre 1,4° e 5,8°C; o

aquecimento vai incidir sobre áreas mais extensas e sobre mais altas latitudes; a frequência de

situações climatéricas extremas será maior originando mais cheias e secas; haverá mais ondas de

calor; a frequência e intensidade de fenómenos como o El Niño irão aumentar; estima-se uma

subida do nível do mar entre 9 e 88 cm até ao fim do século (OMS, 2005).

A quantificação dos efeitos na saúde provocados pelas alterações climáticas é aproximada. No

entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que as alterações climáticas ocorridas

desde meados dos anos 70 possam causar 150.000 mortes por ano. A OMS concluiu também que

estes impactos têm uma clara tendência de aumentar no futuro (OMS, 2005).

2.3 Cenários para o consumo energético e para as emissões de CO₂ 

Existem vários cenários resultantes de diversos estudos, mais ou menos exigentes nas suas metas e

objectivos. São cenários que têm em conta as alterações climáticas, as emissões de gases com efeito

de estufa, os consumos energéticos, as medidas a definir por sector, os prazos, as exigências

financeiras necessárias para a implementação, entre outros factores. De seguida apresentam-se, de

forma breve, alguns desses cenários.

2.3.1  Cenário de Referência da IEA

A IEA definiu um Cenário de Referência no “World Energy Outlook (WEO) 2009”, com extensão

até 2030, que corresponde à evolução dos mercados energéticos globais sem que haja mudanças de

políticas ou de estratégia. Este cenário estima um crescimento médio anual da procura global de

energia primária de 1,5% até 2030, correspondendo a um aumento total de 40%, de 11.730 Mtep a

16.790 Mtep (WEO, 2009), tal como mostra a Figura 4.

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Figura 4 – Cenário de Referência da IEA – consumo mundial de energia final, por fonte (Fonte: WEO, 2009) 

Os resultados deste cenário reflectem o impacto da crise financeira de 2008 na procura energética,

 já que o Cenário de Referência do “WEO 2008” estimava um aumento total da procura até 2030 de

45% (WEO, 2008). O Cenário de referência tem como principais impulsionadores a China e a Índia,

seguidos dos países do Médio Oriente. Os países não membros da OCDE representam 80% deste

aumento (WEO, 2009).

As emissões de CO₂

associadas ao consumo energético irão aumentar de 28,8 Gt em 2007 a 40,2em 2030, correspondendo a um aumento de quase 40% (WEO, 2009), tal como mostra a Figura 5.

Figura 5 – Cenário de Referência da IEA – emissões mundiais de GEE, por tipo de gás (Fonte: WEO, 2009) 

Três quartos do CO₂

extra serão emitidos pela China, Índia e Médio Oriente, sendo 97% daresponsabilidade de países não membros da OCDE. Este Cenário de referência alerta que se está a

Energia final

Emissões GEE (Gt CO₂-

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caminho da concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera na proporção de 1000 ppm de

CO₂-eq., implicando um aumento da temperatura média de 6°C (WEO, 2009).

2.3.2  O Cenário 450 da IEA 

O Cenário 450, presente no estudo “WEO 2009” da responsabilidade da IEA, detalha as medidas

que seriam necessárias para conseguir a redução dos gases com efeito de estufa na atmosfera para

450 ppm de CO₂-eq até 2030 (WEO, 2009).

Segundo Birol (2009), “o cenário 450 representa um enorme desafio. O nível de emissões mundial

em 2030 seria inferior às emissões previstas no cenário de referência para os países que não

pertencem à OCDE (Birol, 2009). Mesmo que os países da OCDE reduzam a emissões a zero,

sozinhos não conseguiriam colocar o mundo na trajectória deste objectivo (Birol, 2009). Isso

implicaria uma alteração de tecnologia - em termos de escala e de velocidade de desenvolvimento –

sem precedentes” (Birol, 2009).

O Cenário 450 corresponde à estabilização nas 450 ppm de CO₂-eq. a longo prazo, como mostra a

Figura 6, que só será alcançável com acções coordenadas no âmbito energético e das emissões

(WEO, 2009). Este cenário corresponde 50% de probabilidade de restringir o aumento da

temperatura média em 2°C (WEO, 2009).

Figura 6 – Cenário de Referência e Cenário 450 – evolução das concentrações de GEE (Fonte: WEO, 2009) 

Este Cenário indica que as emissões de CO₂, associadas ao consumo energético, irão aumentar de

28,8 Gt em 2007 a 30,9 Gt em 2020, decrescendo a partir desse momento até 26,4 Gt em 2030

Concentra ões de GEE ( m CO₂-e

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(WEO, 2009). A Figura 7 mostra também que será necessária uma redução significativa dos outros

GEE.

Figura 7 – Cenário 450 – evolução das emissões de GEE, por tipo de gás (Fonte: WEO, 2009) 

No Cenário 450 o maior contributo para a redução das emissões de CO₂ em 2030, em comparação

com o Cenário de Referência, está na eficiência energética, ao nível da utilização final,

nomeadamente no sector dos edifícios, da indústria e dos transportes (WEO, 2009).

Devido às acções e políticas agressivas a que obriga, neste cenário consumo energético aumenta

20% entre 2007 e 2030. É considerável a diferença para o Cenário de Referência, em que o

consumo energético aumenta 40%, entre 2007 e 2030 (WEO, 2009).

2.3.3  Outros cenários

Mesmo que as metas do Cenário 450 sejam alcançadas, tal não evitará a ocorrência de um aumento

significativo do nível do mar, extinção de espécies e aumento da frequência de desastres naturais

(IPCC, 2009).

As evidências paleoclimáticas e as alterações globais que estão a ocorrer mostram que concentração

actual de 385 ppm de co₂-eq. é já muito elevada para manter o clima ao qual a humanidade, a vida

selvagem e a restante biosfera estão adaptadas (Hansen et al., 2008). Uma meta mais ambiciosa

passaria pela redução até às 350 ppm de co₂-eq., sendo depois ajustável à medida que se adquire o

conhecimento científico e as evidências empíricas dos efeitos climáticos (Hansen et al., 2008).

Outro cenário, apresentado pelo World Wide Fund for Nature (WWF), em parceria com a Ecofys e

o Office for Metropolitan Architecture (OMA), é mais radical nos objectivos a atingir. Neste

Concentrações de GEE (ppm CO₂-eq)

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10

cenário é defendido que 95% de toda a energia utilizada tenha origem em fontes renováveis,

utilizando, para tal, apenas a tecnologia existente hoje (WWF, 2011). Para atingir este objectivo

seria necessário abandonar o paradigma actual de resposta às necessidades energéticas com

combustíveis fósseis, criando uma nova ordem nos mercados energéticos (WWF, 2011).

Os cenários apresentados no estudo “Energy Technology Perspectives (ETP) 2008” da

responsabilidade da IEA, estão mais centrados no papel particular da tecnologia, sobretudo no lado

da procura, e estende-se até 2050 (ETP, 2008). Os cenários de ambos os estudos, “WEO 2009” e

“ETP 2008”, da IEA são compatíveis, mas focalizam aspectos diferentes.

2.4 O sector dos edifícios

O sector dos edifícios é dos maiores consumidores de energia, tendo sido responsável por 38% do

consumo energético mundial, em 2005, com um valor de 2.900 Mtep. O consumo de electricidade

foi de 57% relativamente ao consumo total (ETP 2008).

Se não forem tomadas medidas o consumo energético nos edifícios crescerá 80%, sendo de 5.257

Mtep em 2050, sendo o sector residencial responsável por 58% do consumo, e o de serviços por

31%. O crescimento das emissões de CO₂ associadas será de 129%, passando de 8,8 Gt em 2005 a

20,1 Gt em 2050 (ETP, 2008).

O cenário da estratégia “Blue Map”, o mais ambicioso e exigente da IEA, revela o papel crucial

deste sector de actividade na capacidade de redução do consumo energético e das emissões de CO₂.

Este cenário antevê, em 2050, um consumo energético associado aos edifícios de 3.114 Mtep e um

total de emissões de C0₂ de 8,6 Gt, um valor inferior ao registado em 2005 (ETP, 2008).

Para se alcançar tais resultados, no sector dos edifícios a IEA definiu como prioritárias as seguintes

medidas (ETP, 2008):

  todos os edifícios novos a partir de 2015, em climas frios, deverão atingir os padrões

Passive House (em 2030 este objectivo deverá ser alargado aos edifícios em climas

moderados);

  deverá haver uma renovação dos edifícios existentes, de modo a atingir os padrões Passive

 House;

  deverá haver uma alteração nas fontes energéticas de abastecimento do edifício;

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  deverão ser aplicadas as melhores tecnologias existentes nos sistemas da envolvente do

edifício, nos sistemas de AVAC, na iluminação e equipamentos.

Este cenário exige que o sector dos edifícios adopte novas práticas e técnicas na construção, que

haja um investimento muito significativo em novas tecnologias. Obriga também à transferência do

conhecimento e tecnologias aplicadas nos novos edifícios na renovação dos edifícios existentes e

uma maior e melhor articulação entre os decisores, investidores, promotores, construtores e

instaladores e os consumidores (ETP, 2008).

A reduzida taxa de desactivação (desocupação e/ou demolição dos edifícios) do parque habitacional

nos países da OCDE é considerada pela IEA, um entrave na redução das necessidades de

aquecimento e arrefecimento, sobretudo nos cenários mais ambiciosos para a redução das emissões

de CO₂. É estimada a necessidade de renovação, tendo em vista os novos padrões energéticos, de

200 milhões de edifícios nos países da OCDE, para se alcançar os objectivos traçados a longo prazo

(ETP, 2008).

2.5 O panorama energético em Portugal

2.5.1  O consumo energético

O consumo energético em Portugal tem vindo a sofrer alterações. As fontes como o petróleo e o

carvão têm diminuído o seu peso, em contraponto às fontes renováveis e ao gás natural (Alves &

Silva, 2011).

A diversificação das fontes energéticas foi, e é, essencial na sustentabilidade dos recursos

energéticos e do ambiente. Esta diversificação é também vantajosa para a competitividade das

empresas e para a redução do desequilíbrio da balança corrente (Alves & Silva, 2011).

Energia primária

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Figura 8 – Evolução do consumo total de energia primária em Portugal, por fonte, em Ktep (Fonte: DGEG, 2011)

O consumo de energia primária, em Portugal, em 2009 foi de 24.142 Ktep, e o de energia final de

18.060 Ktep. (DGEG, 2011a). Em Portugal, o consumo de energia tem descido de forma constante

desde 2005, em que se atingiu o pico do consumo, tal como mostra a Figura 8.

O maior consumidor de energia é o sector dos transportes, cuja variação no consumo tem sido

muito reduzida na última década, seguido do sector da indústria, que tem apresentado a maior

redução no consumo, tal como mostra a Figura 9. O sector dos edifícios (serviços e doméstico)

representa, ao todo, cerca de 31% do consumo energético nacional.

Figura 9 – Evolução do consumo total de energia final em Portugal, por sector, em Ktep (Fonte: DGEG, 2011)

2.5.2  A dependência externa 

A redução do consumo de energia tem efeito directo no que diz respeito à dependência energética

relativamente ao exterior, que se mantém elevada. Em 2009 a dependência energética portuguesa

era de cerca de 81%, ao passo que em 2005 era de cerca 89%, tal como mostra a Figura 10 (DGEG,

2011a).

Esta elevada dependência, associada a questões ambientais e económicas, explicam a aprovação,

nos últimos 20 anos, de um conjunto alargado de medidas de política pública no sector energético.

Estas medidas têm-se centrado na aposta da utilização de fontes de energia renovável e em ganhos

de eficiência energética (Alves & Silva, 2011).

Energia final

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Figura 10 – Evolução da dependência energética de Portugal, em percentagem (Fonte: DGEG, 2011)

Apesar da diminuição da dependência energética desde 2005, o seu peso no PIB revela outro

panorama, tal como mostra a Figura 11. A evolução do défice da dependência energética, que

atingiu 4,9% do PIB em 2008, está relacionada com as variações do preço das matérias-primas

(Freitas et al., 2009).

Figura 11 – Evolução do défice da dependência energética de Portugal, em percentagem do PIB (Fonte: DGEG, 2011) 

2.6 O ambiente construído em Portugal

2.6.1  A explosão do sector da construção

Em Portugal verificou-se uma explosão na construção ao longo das décadas de 1980 e 1990, com

um crescimento acentuado do mercado imobiliário. Tal como mostra a Figura 12, em 2008, o

Dependência energética

 

Défice da dependência energética (% do

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14

número de edifícios construídos após 1981 correspondia a cerca de 44% do total de edifícios,

definindo Portugal como um dos países europeus com o parque edificado mais recente. De acordo

com o Instituto Nacional de Estatística (INE), no ano de 1981 existiam 2.507.706 edifícios, em

1991 existiam 2.861.717, em 2001 existiam 3.160.043 edifícios e em 2011 3.550.823 edifícios

(INE, 2011).

Figura 12 – Distribuição do stock habitacional na EU-25 (Fonte: European Comission - Institute for Prospective

Technological Studies, 2008) 

Tal crescimento do parque edificado deveu-se, certamente, ao clima de optimismo geral

(estabilidade política, adesão à Comunidade Económica Europeia, descida das taxas de juro,

crescimento económico acelerado) conjugado com a escassez de habitação devida ao atraso

estrutural que Portugal sofria (Thames, 2008).

A taxa média contratada nos empréstimos à habitação era de 16,6% em 1993, ao passo que em 1999

reduziu-se para um valor de apenas 5,0%. Combinando a variação da taxa de juro, com a inflação

média anual, passou-se de uma taxa de juro real de 10,1% em 1993 para 2,7% em 1999 (Thames,

2008). A concessão de crédito habitação, pelas várias instituições do mercado, passou de um

montante acumulado de 9.421,7 milhões de euros em 1993 para 42.122,9 milhões de euros em1999, o que corresponde a taxas de crescimento anuais superiores a 25% (Thames, 2008).

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Este foi um período ímpar para o sector da construção e do mercado imobiliário. Desde então tem-

se registado uma queda acentuada, em 2000 foram concluídos 107.900 fogos, ao passo que em 2006

o valor foi de 70.010 (Thames, 2008).

2.6.2  O parque habitacional 

Em 2009, o parque habitacional português foi estimado em 3,5 milhões de edifícios e 5,7 milhões

de fogos, crescendo, face ao ano anterior, 0,8% e 1,0% respectivamente (INE, 2010). Em termos do

número de edifícios, a região do Norte possui 35,0% do total, o Centro 31,2%, enquanto a região de

Lisboa possui 12,5%. As restantes regiões representam, em conjunto, 21,3% do total de edifícios

existentes em Portugal (INE, 2010). As habitações são divididas em apartamentos (46,2%),

vivendas rurais (38,3%) e vivendas urbanas (15,4%), sendo cerca de 18% reservadas para usos

sazonais ou secundários, e 11% para habitações de férias (INE, 2010).

Das 40.395 obras concluídas durante 2009, 64,7% corresponderam a edifícios em construções

novas para habitação familiar, dos quais 88,1% eram moradias. Apesar da grande predominância de

edifícios em construções novas, 77,9% do total, verifica-se que a reabilitação na edificação é uma

aposta crescente no sector da construção, com as Alterações, Ampliações e Reconstruções a

ganharem importância relativa face aos anos anteriores (INE, 2010). Apesar do número das obras de

reabilitação não sofrer grandes variações, o seu peso relativo tem crescido muito devido à queda

acentuada da construção nova desde 1999, tal como mostra a Figura 13.

Figura 13 – Evolução das reabilitações e construções novas em Portugal (Fonte: INE, 2010) 

Total de

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As necessidades de reparação atingiam cerca de 38,1% dos edifícios e 2,9% apresentavam um

elevado estado de degradação, em 2001 (INE, 2010). O valor estimado dos fogos a exigir médias,

grandes ou muito grandes reparações rondava os 800 000 (INE, 2010).

2.6.3  O consumo energético dos edifícios 

No que diz respeito ao consumo de energia associado aos edifícios, e de acordo com a Direcção-

Geral de Energia e Geologia (DGEG), os edifícios foram responsáveis por 30% do consumo total de

energia final do país e aproximadamente 65% dos consumos de electricidade, em 2009 (DGEG,

2011b). O sector residencial foi responsável por 18% dos consumos de energia final, e por cerca de

30% dos consumos de electricidade (DGEG, 2011b).

No sector residencial, 50% do consumo energético deve-se às cozinhas e águas quentes sanitárias

(AQS), 25% do consumo é destinado ao aquecimento e arrefecimento e os restantes 25% à

iluminação e equipamentos (Almeida, 2010).

2.7 Eficiência energética

2.7.1  Eficiência energética

As preocupações com o consumo energético e as primeiras medidas de poupança integradas naspolíticas energéticas dos países desenvolvidos, ficaram a dever-se sobretudo ao primeiro choque

petrolífero ocorrido em 1973 (DGEG, 2008). São exemplo de medidas de ampla abrangência, a

limitação de velocidade dos transportes rodoviários e o estabelecimento da hora de Verão /Inverno.

A redução do consumo de energia tornou-se imprescindível e para atingir esse objectivo houve que

recorrer à racionalização dos consumos e à supressão dos consumos supérfluos (DGEG, 2008).

A UE definiu a eficiência energética como uma das grandes prioridades devido a três razões

principais: a segurança de abastecimento, pois a dependência externa seria de 70% em 2030 se nada

fosse feito; a protecção do ambiente, uma vez que a produção e utilização de energia são

responsáveis por 94% das emissões de CO₂; as opções na oferta de energia são limitadas, sendo que

a União Europeia pode actuar na procura energética, forçando a diminuição do consumo energético

(Almeida, 2010).

2.7.2  Eficiência energética nos edifícios 

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O sector dos edifícios, como atrás se referiu, é um grande consumidor de energia. Tem também um

grande potencial de poupança energética, sendo, deste modo, um sector estratégico para a mudança

de paradigma do consumo energético.

A IEA definiu, como medidas onde se podem introduzir melhorias no sector edifícios, os seguintes

pontos (IEE, 2009):

  estabelecer requisitos para uma maior eficiência energética nos edifícios;

  aumentar os apoios aos edifícios energeticamente passivos, segundo padrões Passive House, 

e aos edifícios quase zero em energia;

  aumentar os esforços para promover janelas e vidros energeticamente eficientes.

A IEA, no âmbito da cimeira dos G8 em Hokkaido em 2008, recomenda ainda a definição de

pacotes de medidas para promover a eficiência energética nos edifícios existentes (IEEP, 2009).

O Parlamento Europeu, na resolução relativa à eficiência energética em 31 de Janeiro de 2008,

recomendou à Comissão Europeia, no que diz respeito aos requisitos do desempenho dos edifícios,

o seguinte (PE, 2008):

  atender ao facto dos sistemas de mini-bombas de calor e energia serem os mais eficientes e

definir os requisitos mínimos para a seu desempenho;

  propor que todos os novos edifícios sejam construídos de acordo com os padrões Passive

 House a partir de 2011 e que os sistemas de aquecimento e arrefecimento sejam passivos a

partir de 2008;

  considerar as soluções arquitectónicas para aquecimento e arrefecimento passivo, na

promoção da eficiência energética.

O Parlamento Europeu aprovou, em Maio de 2010, a revisão da “Energy Performance of Buildings

Directive” (EPBD), que está actualmente em vigor. A revisão da EPBD introduz as seguintes

novidades (Holl, 2010):

  o seu âmbito incide sobre todos os edifícios independentemente do seu tamanho;

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  todos os novos edifícios deverão ser edifícios com necessidades quase nulas de energia no

final de 2020, no sector público deverá acontecer no final de 2018, devendo as restantes

necessidades de energia ser cobertas por fontes de energia renováveis;

  requisitos mínimos de desempenho energético para todos os edifícios existentes que soframqualquer renovação energética relevante;

  reforço do papel e qualidade dos certificados de desempenho energético;

  incentivos financeiros para investimentos ao nível da eficiência energética no sector dos

edifícios.

A nova Directiva para o Desempenho Energético de Edifícios (EPBD) deverá ser transposta pelos

Estados-Membros até 2012 e assume-se como a principal ferramenta europeia para aumentar aeficiência energética (Holl, 2010). 

2.7.3  Enquadramento legislativo em Portugal

Em Portugal, os primeiros requisitos térmicos foram definidos em 1990 com a publicação do

Decreto-Lei n.º 40/90, de 6 de Fevereiro originando o Regulamento das Características de

Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE). Passados oito anos foi a vez do Regulamento dos

Sistemas Energéticos e de Climatização dos Edifícios (RSECE), com a publicação do Decreto-Leinº 119/98, de 7 de Maio (RCCTE, 1990; RSECE; 1998).

Entre 1994 e 1999 vigorou o Programa Energia, financiado por fundos comunitários, com a

pretensão de contribuir para a redução da dependência externa do nosso sistema energético através

do incentivo à conservação e eficiência energética em todos os sectores de actividade, visando a

diminuição da intensidade energética do país (DGEG, 2008).

Em 2005, foi definida a Estratégia Nacional para a Energia através da Resolução do Conselho deMinistros n.º 169/2005 de 24 de Outubro, com o objectivo da diversificação dos recursos primários,

nomeadamente com uma maior utilização das fontes de energias renováveis, e dos serviços

energéticos, da promoção da eficiência energética e da redução de emissões de CO₂ (ENE, 2005).

Em 2006, na sequência da transposição para Portugal da Directiva Comunitária 2002/91/CE sobre a

eficiência energética nos edifícios, foram publicados (EPBD, 2002; SCE, 2006; RSECE, 2006;

RCCTE, 2006):

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  o Decreto-Lei n.º 78/2006 de 4 de Abril, que implementa o Sistema Nacional de

Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE);

  o Decreto-Lei n.º 79/2006 de 4 Abril, aprova o Regulamento dos Sistemas Energéticos e de

Climatização dos Edifícios (RSECE) substituindo o Decreto-Lei nº 119/98;

  o Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 Abril, aprova o Regulamento das Características de

Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE), substitui o Decreto-Lei nº 40/90.

O SCE tem como objectivos (SCE, 2006):

  assegurar a aplicação regulamentar, nomeadamente no que respeita às condições de

eficiência energética, à utilização de sistemas de energias renováveis e, ainda, às condições

de garantia da qualidade do ar interior, de acordo com as exigências e disposições contidas

no RCCTE e no RSECE;

  certificar o desempenho energético e a qualidade do ar interior nos edifícios; identificar as

medidas correctivas ou de melhoria de desempenho aplicáveis aos edifícios e respectivos

sistemas energéticos, nomeadamente caldeiras e equipamentos de ar condicionado, quer no

que respeita ao desempenho energético, quer no que respeita à qualidade do ar interior.

O RSECE estabelece (RSECE, 2006):

  as condições a observar no projecto de novos sistemas de climatização;

  os limites máximos de consumo de energia nos grandes edifícios de serviços existentes;

  os limites máximos de consumos de energia para todo o edifício e, em particular, para a

climatização, previsíveis sob condições nominais de funcionamento para edifícios novos ou

para grandes intervenções de reabilitação de edifícios existentes que venham a ter novos

sistemas de climatização abrangidos pelo presente Regulamento, bem como os limites de

potência aplicáveis aos sistemas de climatização a instalar nesses edifícios;

  as condições de manutenção dos sistemas de climatização, incluindo os requisitos

necessários para assumir a responsabilidade pela sua condução;

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20

  as condições de monitorização e de auditoria de funcionamento dos edifícios em termos dos

consumos de energia e da qualidade do ar interior;

  os requisitos, em termos de formação profissional, a que devem obedecer os técnicos

responsáveis pelo projecto, instalação e manutenção dos sistemas de climatização, quer em

termos da eficiência energética, quer da qualidade do ar interior (QAI).

O RCCTE estabelece as regras a observar no projecto de todos os edifícios de habitação e dos

edifícios de serviços sem sistemas de climatização centralizados de modo que: as exigências de

conforto térmico, seja ele de aquecimento ou de arrefecimento, e de ventilação para garantia de

qualidade do ar no interior dos edifícios, bem como as necessidades de água quente sanitária,

possam vir a ser satisfeitas sem dispêndio excessivo de energia (RCCTE, 2006). As regras definidasno RCCTE visam também a minimização das situações patológicas nos elementos de construção

provocadas pela ocorrência de condensações superficiais ou internas, com potencial impacte

negativo na durabilidade dos elementos de construção e na qualidade do ar interior (RCCTE, 2006).

Em 2008 foi definido o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética – Portugal Eficiência

2015 (PNAEE), através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 80/2008 de 20 de Maio

(PNAEE, 2008). O PNAEE é um plano de acção agregador de um conjunto de programas e medidas

de eficiência energética, com um horizonte temporal até ao ano de 2015 (PNAEE, 2008).

O PNAEE está enquadrado na Directiva n.º 2006/32/CE, que visa obter uma economia anual de

energia de 1% até ao ano de 2016, tomando como base a média de consumos de energia final,

registados no quinquénio 2001 -2005 (aproximadamente 18.347 Tep) (PNAEE, 2008).

O PNAEE abrange quatro áreas específicas, objecto de orientações de cariz predominantemente

tecnológico: Transportes, Residencial e Serviços, Indústria e Estado. O PNAEE estabelece,

adicionalmente, três áreas transversais de actuação: comportamentos; fiscalidade; incentivos efinanciamentos (PNAEE, 2008).

O PNAEE estabeleceu a meta de reduzir, até 2015, 10% do consumo energético de Portugal, o

equivalente à poupança de 1.792.000 Tep (PNAEE, 2008).

De acordo com a ADENE, até final de 2010, Portugal conseguiu poupar um total acumulado de

657.000 Tep, representando uma execução acumulada de 37% face à meta para 2015.

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21

Em 2010, foi definida a nova Estratégia Nacional para a Energia (ENE), tendo como horizonte o

ano de 2020, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 29/2010 de 15 de Abril,

actualizando a ENE definida em 2005 (ENE, 2010).

A ENE 2020 tem como objectivos (ENE, 2010):

  reduzir a dependência energética do País face ao exterior para 74 % em 2020, produzindo,

nesta data, a partir de recursos endógenos, o equivalente a 60 milhões de barris anuais de

petróleo, com vista à progressiva independência do País face aos combustíveis fósseis;

  garantir o cumprimento dos compromissos assumidos por Portugal no contexto das políticas

europeias de combate às alterações climáticas, permitindo que em 2020 60 % da

electricidade produzida e 31 % do consumo de energia final tenham origem em fontes

renováveis e uma redução do 20 % do consumo de energia final nos termos do Pacote

Energia -Clima 20 -20 -20;

  reduzir em 25 % o saldo importador energético com a energia produzida a partir de fontes

endógenas gerando uma redução de importações de 2.000 milhões de euros;

  criar riqueza e consolidar um cluster energético no sector das energias renováveis em

Portugal, assegurando em 2020 um valor acrescentado bruto de 3.800 milhões de euros e

criando mais 100.000 postos de trabalho a acrescer aos 35 000 já existentes no sector e que

serão consolidados. Dos 135.000 postos de trabalho do sector, 45.000 serão directos e

90.000 indirectos. O impacto no PIB passará de 0,8 % para 1,7 % até 2020;

  desenvolver um cluster industrial associado à promoção da eficiência energética

assegurando a criação de 21.000 postos de trabalho anuais, gerando um investimento

previsível de 13 000 milhões de euros até 2020 e proporcionando exportações equivalentes a400 milhões de euros;

  promover o desenvolvimento sustentável criando condições para o cumprimento das metas

de redução de emissões assumidas por Portugal no quadro europeu.

2.8 A reabilitação em Portugal

2.8.1  A reabilitação

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22

A reabilitação visa conferir aos edifícios existentes uma melhoria significativa de qualidade, quer

em relação ao seu estado actual, quer em relação à qualidade à data da sua construção. Em

contrapartida, o termo conservação aplica-se a operações de menor envergadura que se destinam a

conferir a edifícios não degradados uma qualidade equivalente à da data da sua construção

(Almeida, 2011).

O termo reabilitação pode ainda ser aplicado aos edifícios em duas acepções distintas (Almeida,

2011):

  beneficiação, operações que conferem a edifícios não degradados uma qualidade superior à

que possuíam aquando da sua construção;

  recuperação, operações que incidem sobre edifícios degradados devido à não realização de

obras periódicas, ou sobre edifícios construídos segundo padrões abaixo do regulamentar

(deste ponto de vista, clandestinos).

A reabilitação térmica e energética de edifícios é uma das vias mais promissoras para a correcção de

situações de inadequação funcional, proporcionando a melhoria do conforto dos utilizadores

(DGEG, 2004). Permite reduzir o consumo de energia para aquecimento, arrefecimento, ventilação

e iluminação, contribuindo para o objectivo estratégico de redução das necessidades energéticas doPaís e correcção de patologias devido à presença de humidade. (DGEG, 2004).

2.8.2  Mudança de paradigma no sector da construção

Embora absorva anualmente acerca de 25.000 milhões de euros, a construção é uma actividade de

reduzido valor acrescentado, e o seu contributo para o PIB é relativamente pequeno, inferior a 6%

(Cóias, 2008).

Em termos ambientais, os impactos negativos da construção nova são múltiplos e em cadeia:

provoca a destruição ou redução do desempenho ambiental dos terrenos; obriga à extracção de

matérias-primas; consome uma multiplicidade de produtos; produz detritos e entulhos; mais

emissões de CO₂ associadas a expansão no território das zonas construídas (Cóias, 2008).

Em termos sociais, a construção, quando associada à expansão urbana, não favorece a integração e

mobilidade sociais, nem a preservação dos valores culturais, a criação e expansão de subúrbios-

dormitório arrasta a desertificação da cidade antiga e o abandono do centro histórico (Cóias, 2008).

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Proposta de reabilitação de edifícios de habitação de acordo com os padrões Passive House 

23

A pressão do sistema financeiro e dos promotores imobiliários para escoar a produção de casas

novas resultou, por seu turno, no actual sobre-endividadamento das famílias (Cóias, 2008)

Qualquer rumo que seja definido, tendo em vista a optimização dos recursos económicos,

ambientais e a coesão social passará pela mudança de paradigma no sector da construção e da

promoção imobiliária.

Se se juntar os consumos energéticos dos edifícios em Portugal e as necessidades de obras de

reparação, pode concluir-se que o caminho terá de passar pelo aumento do peso da reabilitação no

sector da construção.

2.8.3  O peso actual da reabilitação

O estado de degradação de grande parte do parque habitacional português obriga a que se tenha um

olhar diferente sobre esta situação. Em Portugal, apenas cerca de 23% (INE, 2010) do investimento

feito no sector da construção de edifícios foi destinado à reabilitação do edificado existente, ao

passo que a média europeia (dos 19 países do Euroconstruct) se situa perto dos 45%, como mostra a

Figura 14.

É nas obras destinadas ao Comércio que a reabilitação teve um maior peso no ano de 2009: cerca de

43,2%. A Indústria apresenta também um peso considerável das obras de reabilitação, que

correspondem a 31,0% do total de obras concluídas em 2009 para esse destino (INE, 2010).

Figura 14 – Peso do investimento na reabilitação, dentro do sector da construção, em percentagem (Fonte:

Euroconstruct, 2005)

Na Europa, o sector da conservação e reabilitação é a componente produtiva mais dinâmica e a quetem registado maiores crescimentos. Tal crescimento deve-se às crescentes exigências dos

consumidores europeus em termos de conforto, segurança e utilização de novas tecnologias nos

Peso da reabilitação (%)

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Proposta de reabilitação de edifícios de habitação de acordo com os padrões Passive House 

24

últimos 20 anos e o comportamento menos cíclico deste segmento face à conjuntura económica

(Almeida, 2011).

2.8.4  Os programas de incentivo à reabilitação

Ao longo dos últimos 30 anos têm sido realizados vários esforços para promover a reabilitação em

Portugal. A constatação dos problemas urbanos cedo suscitou diferentes formas de intervenção de

entre as quais se destacam os esforços feitos para reabilitação do parque habitacional através dos

seguintes programas – RECRIA (Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis

Arrendados - Decreto-Lei nº4/88, de 6 de Junho); REHABITA (Regime de Apoio à Recuperação

Habitacional em Áreas Urbanas Antigas - Decreto-Lei 105/96, de 31 de Julho); RECRIPH (Regime

Especial de Comparticipação e Financiamento na Recuperação de Prédios Urbanos em Regime de

Propriedade Horizontal - Decreto-Lei nº106/96, de 31 de Julho) e SOLARH (Programa de Apoio

Financeiro Especial Para a Reabilitação de Habitações - Decreto-Lei nº 7/99, de 8 de Janeiro)

(Madeira, 2009).

No entanto, os programas criados neste domínio revelaram-se ineficazes. Tal ineficácia decorre não

só de dificuldades de ordem administrativa e burocrática, mas das relativas à incapacidade para

considerar questões importantes como as características físicas e construtivas dos fogos, o seu

estado estrutural, a viabilidade técnico-económica das intervenções e o impacte sobre a qualidadede vida da população e na melhoria dos centros urbanos onde se inserem (Madeira, 2009).

2.9  Passive House

2.9.1  O desenvolvimento do conceito

Passive House é um conceito construtivo, independente de qualquer linguagem ou tendência

arquitectónica, que define um padrão que é, simultaneamente, eficiente sob o ponto de vista

energético, confortável, economicamente acessível e ecológico. No entanto, é mais do que apenas

um edifício de baixo consumo energético.

De uma forma sucinta, uma Passive House tem de responder fundamentalmente a três requisitos. O

primeiro é um limite de energia, para aquecimento e arrefecimento, o segundo é um requerimento

de qualidade, relativo ao conforto térmico, e o terceiro é um conjunto definido de sistemas passivos

preferenciais que permitem cumprir o limite energético e de qualidade sem um custo elevado

(Elswijk & Kaan, 2008).

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25

O conceito Passive House teve origem num projecto de investigação iniciado em 1988, através da

colaboração do professor sueco Bo Adamson e do professor alemão Wolfgang Feist (IPHA, 2010).

O seu desenvolvimento foi ancorado na construção em 1990 dos primeiros protótipos Passive

House em Darmstadt (Figuras 15 e 16), que foram habitados no ano seguinte. Estes edifícios foram

alvo de monitorização e análise dos resultados (Passipedia, 2010).

Figura 15 – Vista do alçado Sul, no Verão de 1992, da primeira Passive House em Darmstadt (Fonte: Passivhaus

Institut, 2006)

Figura 16 – Vista geral, na Primavera de 2006, da primeira Passive House em Darmstadt (Fonte: Passivhaus Institut,

2006)

Na sequência desta colaboração é fundado pelo professor Wolfgang Feist o Passivhaus Institut, em1996, sediado em Darmstadt. Este instituto definiu a Passive House como “um edifício, cujo

conforto térmico (ISO 7730) pode ser alcançado somente pelo pós-aquecimento ou pós-

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arrefecimento da massa de ar fresco, que terá de atingir os requisitos da qualidade do ar interior,

sem necessitar de uma adicional recirculação do ar” (Passipedia, 2010).

Esta definição é puramente funcional, não associando valores numéricos e é válida em qualquer

condição climatérica, mostrando que a Passive House é um conceito fundamental e que permite a

sua adaptação a situações concretas.

2.9.2  A implementação do conceito

Existem, actualmente, perto de 20.000 edifícios construídos segundo os padrões Passive House em

todo o mundo. Originário da Alemanha, é neste país que o conceito se encontra mais desenvolvido.

Actualmente, a construção de Passive Houses está também disseminada pelo Norte e Centro da

Europa, em especial na Áustria, (Figura 17) (IPHA, 2010).

Os principais obstáculos à implementação do conceito nos diversos países estão relacionados com o

pouco conhecimento do conceito no seio da indústria da construção, com as limitadas capacidades

técnicas dos empreiteiros e construtores e com a dificuldade de aceitação do conceito no mercado

(PEP, 2008). Estes três factores acabam por estar relacionados entre si, sendo difícil quebrar este

ciclo vicioso.

Figura 17 – Exemplo Passive House – edifício de habitação colectiva, em Innsbruck (Áustria), concluído em 2009

(Fonte: João Gavião, 2011) 

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Proposta de reabilitação de edifícios de habitação de acordo com os padrões Passive House 

27

Para tentar eliminar estas barreiras, têm sido envidados esforços, por parte da União Europeia, na

divulgação, promoção e implementação de Passive Houses nos países membros, através de diversos

projectos.

Um dos projectos foi o Cost Efficient Passive Houses as European Standards (CEPHEUS), que

durou quatro anos, entre Janeiro de 1998 e Dezembro de 2001 (Feist, 2001). Este projecto teve

como propósito demonstrar a capacidade do conceito ser concretizado por diferentes equipas em

diferentes locais e fomentar a criação de massa crítica e de redes de trabalho para o seu

desenvolvimento. O CEPHEUS permitiu a construção de 221 fogos (estava prevista a construção de

250) de acordo com os padrões Passive House em cinco países (Alemanha, Áustria, Suíça, França e

Suécia), procedendo à sua monitorização e análise dos resultados obtidos (Feist, 2001).

Já o projecto “Promotion of European Passive Houses” (PEP), suportado parcialmente pela

Comissão Europeia, teve como objectivo fornecer apoio a todos os intervenientes no processo

construtivo, alargando a rede de intervenientes e, ao mesmo tempo, introduzindo e disseminando o

conceito nos países participantes (Elswijk & Kaan, 2008). O PEP durou três anos, teve início em

Janeiro de 2005 e terminou em Janeiro de 2008, e teve a participação de um conjunto mais alargado

de países europeus relativamente ao CEPHEUS (Elswijk & Kaan, 2008). A experiência do PEP

permitiu estabelecer as bases para a discussão da implementação do conceito em países com climas

mais quentes (Elswijk & Kaan, 2008).

Paralelamente ao PEP, desenvolveu-se o projecto “Passive-On”, que procurou difundir o conceito

em climas quentes da Europa, que decorreu de Janeiro de 2005 a Setembro de 2007 (Passive-On,

2007). Portugal foi um dos países participantes neste projecto, a par da Espanha, França, Itália e

Reino Unido, em que se alargou a definição do conceito Passive House através da definição de um

limite para as necessidades de arrefecimento (Passive-On, 2007).

Tem também vindo a ser feito um esforço para alargar o conceito a regiões fora do continente

europeu, sendo exemplo disso a construção de Passive Houses nos Estados Unidos (Califórnia), na

Coreia do Sul, no Japão (Figura 18) ou no Chile. Estes exemplos e estas experiências de introdução

e desenvolvimento do conceito foram destacados na 15ª Conferência Internacional Passive House,

que decorreu em na cidade austríaca de Innsbruck, em 27 e 28 de Maio de 2011.

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28

Figura 18 – Exemplo de Passive House – edifício de habitação unifamiliar em Namakura (Japão), concluído em 2009

(Fonte: Key Architects, 2011) 

2.9.3  Padrões da Passive House  

A IEA considera os com padrões Passive House como o próximo passo a dar nos códigos

construtivos, após os Low-Energy Buildings (LEB). Um edifício Passive House não deveultrapassar os 15 kWh/m² anuais para aquecimento e para arrefecimento, ao passo que aos LEB

estão associados valores entre 60 a 80 kWh/m² para aquecimento (ETP, 2008).

Em relação aos edifícios convencionais a poupança apresentada é ainda mais expressiva: uma

Passive House utiliza apenas 10% da energia consumida num edifício convencional oferecendo

ainda uma maior qualidade do ar interior (Kaan, 2008).

Para além da poupança energética e da melhoria dos níveis de conforto, um dos principais factoresresponsáveis pelo sucesso da implementação de Passive Houses é o baixo custo adicional, em

relação a construções convencionais. De acordo com os valores médios, apurados na construção de

Passive Houses, o acréscimo no custo de construção não ultrapassa os 10% no caso de moradias

isoladas, os 8% em moradias em banda e edifícios multifamiliares e 5% em edifícios de escritórios

e escolas (IPHA, 2010).

Apesar de ser adaptável ao clima, de ser um conceito aberto e em desenvolvimento, possui

requisitos muito específicos relativos aos valores e metas considerados fundamentais para se poder

considerar um edifício como Passive House.

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29

As necessidades de aquecimento não poderão exceder 15kWh/(m²a). Em alternativa, a carga de

aquecimento não poderá exceder os 10W/m². As necessidades de arrefecimento não poderão

exceder 15kWh/(m²a) (IPHA, 2010). A estanquidade ao ar, que terá de ser verificada por entidade

independente, e deverá cumprir o teste de pressurização, 50 Pa, com um valor, das fugas do ar,

inferior a 0,6 renovações por hora (IPHA, 2010). A necessidade de energia primária para a

totalidade do aquecimento, arrefecimento, AQS e electricidade não deverá ser superior a

120kWh/(m²a) (IPHA, 2010). O critério de conforto da temperatura interior no inverno estabelece

um valor mínimo de 20 °C, utilizando a referenciada quantidade de energia (IPHA, 2010).

2.9.4  Os princípios fundamentais

Figura 19 – Preservação da energia vs desperdício de energia (Fonte: Passivhaus Institut, 2006)

A procura da eficiência energética no edifício, que é o que está na origem do conceito Passive

 House, poderá ser comparada com o exemplo que se apresenta na Figura 19. A tarefa de “manter o

café quente” pode ser conseguida das seguintes formas: através da utilização, em contínuo, de

electricidade no caso da jarra da cafeteira; ou evitando as perdas de calor no caso da garrafa termo.

Os edifícios Passive House têm de procurar ser livres de pontes térmicas, conseguindo a

continuidade completa da camada de isolamento térmico. O objectivo de é reduzir ao máximo as

pontes térmicas de modo à sua contabilização ser irrelevante. Há limitações evidentes na aplicação

desta ideia, nomeadamente na reabilitação (IPHA, 2010).

Independentemente dos sistemas construtivos, terá de se garantir uma elevada estanquidade ao ar,

evitando que o ar seja conduzido, pelo vento ou variações de temperatura, através da envolvente

exterior.

Associada à estanquidade do ar, está a ventilação. A ventilação deverá ser contínua, nos períodos

mais exigentes (no caso dos climas frios acontecerá em quase 3/4 do ano), de modo a garantir a

qualidade do ar interior. Deverão no entanto ser definidos sistemas altamente eficientes de baixo

consumo, com baixas taxas de renovação (0,3 renovações por hora), com baixo nível acústico

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30

(inferior a 25dB) e que permitam fazer a recuperação do calor entre o ar extraído e o ar insuflado,

com uma eficiência superior a 75% (IPHA, 2010)

No caso da taxa de renovação, 0,3 renovações por hora, fica demonstrada a necessidade da

adaptação do conceito Passive House à realidade de cada país. Em Portugal a taxa de renovação

imposta é de 0,6 renovações por hora (RCCTE, 2006).

Nos climas frios é frequente a utilização de sistemas compactos de ventilação, com recuperação de

calor e bomba de calor, para AQS e para o aquecimento ambiente, quando necessário.

O aquecimento, em geral, é assegurado de forma passiva, recorrendo à energia emitida pelos ganhos

internos (equipamentos, iluminação, ocupantes) e pelos ganhos através da radiação solar. Por

exemplo, uma sala com 24m² terá uma necessidade máxima de aquecimento de 240W. Esta

necessidade pode ser suprida, a título de exemplo, pela presença de 3 pessoas na sala, por 8 velas

acesas ou por 3 lâmpadas incandescentes.

Outra preocupação fundamental está relacionada com as portas e janelas, não só no que diz respeito

às características dos vidros e da caixilharia, mas também na sua aplicação, que terá de ser definida

de modo a minimizar a existência de pontes térmicas e, ao mesmo tempo, assegurar a estanquidade

ao ar.

2.9.5  A certificação Passive House 

Para que um edifício Passive House seja certificado, ou seja, tenha a garantia “Quality-Approved

Passive House”, terá de ser certificado na fase de projecto e, posteriormente no final da obra. Acertificação será feita pelo Passivehaus Institut ou por outra entidade credenciada pelo Passivehaus

Institut (PHPP, 2007).

Só edifícios que cumpram os requisitos poderão ser certificados. Os requisitos variam consoante o

edifício, havendo critérios diferentes para edifícios novos de uso residencial, de uso não residencial

e foi já estabelecido o processo piloto de certificação de reabilitações de edifícios existentes (PHPP,

2007).

Toda a validação dos dados e análise do projecto e das soluções e, por conseguinte, dos resultados

obtidos, é feita através do “Passive House Planning Package” (PHPP). O processo passa pela

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31

certificação de projectistas certificados e por verificadores de projecto certificados, com o intuito de

criar redes e parcerias, entre promotores, construtores, utilizadores, projectistas, consultores.

A certificação também abrange os produtos ou sistemas construtivos, permitindo deste modo

garantir aos projectistas e construtores a utilização de sistemas previamente testados e avaliados

segundo os padrões Passive House. Naturalmente, os sistemas certificados surgem a partir do

momento em que o sistema está implantado ou em fase avançada de implantação, como resposta do

mercado às necessidades.

2.9.6  A reabilitação nos padrões Passive House 

Actualmente, está em fase de avaliação o processo de certificação “Quality-Approved Energy

Retrofit with Passive House Components” (EnerPHit) de reabilitação de edifícios. A fase piloto

decorreu desde o início de 2010 até à data da Conferência Internacional de Innsbruck. Nesta fase, a

certificação só ocorre em edifícios localizados nos climas frios e moderados da Europa Central,

para uma mais fácil e ágil verificação da certificação (Bastian, 2011).

Os requisitos Passive House para edifícios reabilitados são menos exigentes que os prescritos para

edifícios novos, devido às particularidades inultrapassáveis de cada edifício existente. No entanto há

edifícios reabilitados que conseguem cumprir os requisitos dos edifícios novos, mas esses casos são

excepções.

A certificação EnerPHit requer que as necessidades de aquecimento não sejam superiores a 25

kWh/(m²a) (EnertPHit, 2010). Os limites para as necessidades de arrefecimento não foram

incorporados nesta fase piloto. Em relação à estanquidade ao ar, o objectivo mantém-se em 0,6

renovações por hora, mas foi estabelecido um limite máximo de 1 renovação por hora. O valor

limite para as necessidades de energia primária, para a totalidade do aquecimento, arrefecimento,

AQS e electricidade, é de 120 kWh/(m²a), podendo ser superior tendo em conta as necessidade deaquecimento (EnerPHit, 2010). A obtenção dos valores é válida a partir do PHPP.

Os resultados têm originado poupanças de energia que variam entre os 80 e os 95% (E-Retrofit,

2007). As necessidades de aquecimento são reduzidas de valores tipicamente entre os 150 e os 280

kWh/(m²a) para menos de 30 kWh/(m²a) (E-Retrofit, 2007).

2.9.7   Passive House em Portugal

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32

O conceito Passive House surgiu para responder aos requisitos dos países da Europa Central. Nos

países do Sul da Europa, apesar de se tratar de climas amenos ou quentes, continuam a existir

consideráveis necessidades de aquecimento, às quais se juntam as necessidades de arrefecimento.

Um contributo importante para o estudo da viabilidade e para a introdução da Passive House nos

países do Sul da Europa foi o programa Passive-On, atrás referido. Este programa permitiu elaborar

uma proposta para a aplicação do conceito Passive House em climas quentes da Europa. As

diferenças situam-se na introdução de um valor limite para as necessidades de arrefecimento de

15kWh/(m²a) e na introdução de um critério de conforto de temperatura no Verão (a temperatura

operativa dos espaços permanece entre a banda de conforto definida na norma EN 15251, ou abaixo

dos 26 °C, se existir um sistema principal de arrefecimento activo) (Passive-On, 2007).

Na secção do Passive-On relativa ao caso de estudo português, o projecto consistiu em definir um

modelo simplificado de um edifício de habitação, com 110 m², localizado em Lisboa.

As necessidades anuais de aquecimento da Passive House proposta para Lisboa foram estimadas em

16,9 kWh/(m²a), das quais 11 kWh/(m²a) são fornecidas pelo sistema de painéis solares, que, para

além de AQS, contribuem para o aquecimento ambiente através do aumento da área de captação de

painéis e de um sistema hidráulico de calor a baixa temperatura (Passive-On, 2007). As

necessidades de arrefecimento são 3,7 kWh/(m²a). A soma das necessidades de aquecimento earrefecimento são 9.6 kWh/m²a (Passive-On, 2007). De acordo com a regulamentação térmica, os

limites para as necessidades de aquecimento e arrefecimento para esta casa, são 73.5 e 32

kWh/m2.ano, respectivamente (Passive-On, 2007).

O estudo concluiu que as estratégias adoptadas para a implementação de uma casa Passive House,

no clima de Lisboa podem ter sucesso, em ambos os limites de necessidades energéticas e os níveis

de conforto. Outra conclusão é a viabilidade económica da Passive House em Portugal. O

acréscimo do custo das medidas propostas, do equipamento e das soluções construtivas, é de 57

 €/m², com um período de retorno do investimento estimado em 12 anos (Passive-On, 2007).

A estratégia neste estudo diferiu da implementada nos países com climas mais frios, não tendo sido

definido um sistema de ventilação mecânica. Foram adoptadas soluções para optimizar os ganhos

solares na estação de aquecimento e de ventilação natural para o arrefecimento (Passive-On, 2007).

Apesar das soluções de arrefecimento totalmente passivas serem viáveis numa Passive House em

Portugal, verifica-se que esta é mais sensível às alterações que possam ocorrer, nomeadamente na

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ventilação controlada pelos utilizadores e nas variações de temperatura e das condições climáticas

que possam ocorrer (Schnieders, 2009).

Por um lado, construir Passive Houses em climas mais quentes é uma tarefa mais difícil do que nos

climas do centro da Europa. Isto deve-se às preocupações que devem ser tidas em consideração na

estação de arrefecimento, já que o contributo dos ganhos solares tem um peso muito significativo

nestas localizações. Por outro lado, é uma tarefa mais fácil já que os requisitos são menos exigentes,

abrindo o leque de possíveis soluções construtivas e projectuais (Schnieders, 2009).

As conclusões relativas à implementação do conceito Passive House no Sudoeste da Europa, são de

que é possível obter edifícios confortáveis, com um consumo energético extremamente baixo e com

impactos ambientais reduzidos, e associados a um baixo custo de ciclo de vida (Schnieders, 2009).

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34

3.  Metodologia

A metodologia que será utilizada, para alcançar os objectivos propostos, é a seguinte: a escolha do

edifício sobre o qual será elaborado o projecto de reabilitação; a análise detalhada do edifício; a

elaboração do projecto de reabilitação e a análise do projecto e dos resultados obtidos.

A realização das tarefas que se apresentam a seguir será feita tendo em conta a disponibilidade das

instalações, dos recursos, dos meios informáticos, do equipamento laboratorial e do arquivo

bibliográfico e de documentação da Universidade do Minho.

4.  Identificação e Descrição das Tarefas

Tarefa 1: Pesquisa bibliográfica

A tarefa 1 procurará dar sequência à pesquisa bibliografia levada a cabo para a elaboração do Plano

de Dissertação.

Tarefa 2: Revisão do estado da arte

A tarefa 2 procurará dar sequência ao estado da arte que se realizou no Plano de Dissertação e

incidirá, sobretudo, em exemplos, práticas e soluções de reabilitação de edifícios.

Tarefa 3: Selecção do edifício a reabilitar

A tarefa 3 passará pela análise do parque edificado em Portugal de modo a poder ser definido um

padrão que sirva de referência para seleccionar o edifício. Pretende-se que o tipo de edifício

seleccionado tenha uma representação elevada no panorama nacional, para demonstrar a

importância da intervenção. A definição do padrão terá em conta a localização geográfica, o ano de

construção, a função, a tipologia, o número de pisos, os sistemas construtivos.

Tarefa 4: Análise detalhada do edifício

A tarefa 4 procurará definir o retrato, o mais completo possível, do edifício seleccionado. A análise

incidirá sobre os aspectos energéticos, da QAI, das condições de luminosidade, funcionais e

construtivos do edifício. Terá de ser realizado, caso não exista, o levantamento arquitectónico e das

diferentes infra-estruturas, o levantamento dos sistemas de iluminação, de aquecimento e

arrefecimento e dos electrodomésticos existentes no edifício.

Tarefa 5: Realização do projecto de reabilitação

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35

A tarefa 5 incidirá sobre o edifício seleccionado e será executada sobre os levantamentos atrás

referidos, e terá em consideração a análise realizada. As soluções e sistemas adoptados no projecto

terão em conta os requisitos e exigências legislativas de Portugal, bem como terão de ter resposta no

mercado nacional ou, preferivelmente, regional. O projecto de reabilitação terá de adequar as

soluções às exigências e requisitos dos padrões Passive House.

Tarefa 6: Análise do projecto

A tarefa 6 incidirá sobre o projecto de reabilitação executado, tendo em conta os sistemas

construtivos e os equipamentos definidos. A análise incidirá sobre os aspectos energéticos. Será

realizada, também, a análise económica da proposta. Pretende-se obter resultados que possam ser

comparados a nível internacional.

Tarefa 7: Discussão dos resultados e conclusões

A tarefa 7 incidirá sobre os resultados da análise do projecto. Pretendendo concluir sobre a

relevância da implementação do conceito Passive House em Portugal, na vertente da reabilitação.

Serão também aqui apresentadas as conclusões finais e os trabalhos futuros.

Tarefa 8: Escrita da dissertação

A tarefa 8 terá início após o início da revisão do estado da arte e acompanhará as restantes tarefas

da dissertação.

Calendarização das tarefas

A data para o início das tarefas é Outubro de 2011. A calendarização é apresentada no quadro

seguinte:

Meses

Tarefas 

Outubro2011

Novembro2011

Dezembro2011

Janeiro2012

Fevereiro2012

Março2012

Abril2012

Maio2012

Junho2012

Tarefa 1

Tarefa 2

Tarefa 3

Tarefa 4

Tarefa 5

Tarefa 6

Tarefa 7

Tarefa 8

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