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i FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO FRANCISCO FONSECA PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS PARA ATIVIDADES TURÍSTICAS NO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA DA BOCA, EM ARARUNA – PB João Pessoa – PB 2007

Proposta de Sistema de Gestão de Riscos para Atividades Turísticas no P.E. Pedra da Boca, Araruna-PB

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Este trabalho apresenta conceitos do que existe de mais recente sobre a segurança para praticantes de atividades que integrem o homem e o meio ambiente, especificamente os condutores e usuários do turismo de aventura no Parque Estadual da Pedra da Boca no município de Araruna – PB, contemplando os aspectos da engenharia de segurança e da gestão dos riscos na prática de atividades ao ar livre. O turismo é a atividade de maior crescimento econômico no mundo. O turismo de aventura, em seus pacotes, agrega atividades esportivas que envolvem certo grau de risco. Nos últimos anos, o número de acidentes e de incidentes vem crescendo, inclusive com vítimas fatais. São analisados neste trabalho aspectos que envolvem a elaboração de um sistema de gestão de segurança em unidades de conservação ambiental, conforme normas legais vigentes. Apresenta-se diretrizes para elaboração e implantação de sistemas de gestão dos riscos. São abordados os aspectos gerais de uma política de segurança para unidades de conservação; O planejamento da gestão de segurança é focado com a proposição de dois métodos de avaliação dos riscos. Palavras Chave: Gestão de Riscos, Segurança do Trabalho, Turismo de Aventura.

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FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM

ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

FRANCISCO FONSECA

PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS PARA ATIVIDADES TURÍSTICAS NO PARQUE

ESTADUAL DA PEDRA DA BOCA, EM ARARUNA – PB

João Pessoa – PB 2007

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FRANCISCO FONSECA

PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS PARA ATIVIDADES TURÍSTICAS NO PARQUE

ESTADUAL DA PEDRA DA BOCA, EM ARARUNA – PB

João Pessoa – PB 2007

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FRANCISCO FONSECA

PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS PARA ATIVIDADES TURÍSTICAS NO PARQUE

ESTADUAL DA PEDRA DA BOCA EM ARARUNA – PB

Monografia apresentada, como requisito parcial à obtenção do grau de especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, às Faculdades Integradas de Patos-FIP

Orientadora: Prof.(a) Dra. Nelma Mirian de Araújo

João Pessoa

2007

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FRANCISCO FONSECA

PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS PARA ATIVIDADES TURÍSTICAS NO PARQUE

ESTADUAL DA PEDRA DA BOCA EM ARARUNA – PB

Monografia aprovada em ________/________/________ Professora:___________________________________________ Dra. Nelma Mirian de Araújo (CEFET-PB) Orientadora

Examinadores:_______________________________________

_______________________________________

João Pessoa – PB 2007

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DEDICATÓRIA

A minha Mãe Djanira, com toda sua dedicação durante toda a minha trajetória. Ao meu pai Dehon. A minhas queridas e amadas Irmãs Ana Olívia e Ana Thereza, ao meu sobrinho “traquino” João Erle e a minha amada noiva Niedja Maria.

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AGRADECIMENTOS Agradeço ao Grande Arquiteto do Universo, pelas muitas bênçãos que tenho

recebido em todos os anos dessa minha existência; E que esse trabalho sirva para

glorificar o Nosso Pai que está nos céus.

Especialmente a minha orientadora, Professora Dra. Nelma Mirian de Araújo do

CEFET-PB, a quem faço reverência pelo grandessíssimo apoio e incentivo na

elaboração deste trabalho.

Ao Técnico de Segurança Luciano Santana Alves da Xerium Technologies

Brasil – Nortelas - PB, pelos ensinamentos transmitidos, e por demonstrar todo o seu

entusiasmo pela segurança no trabalho.

Ao meu amigo MSc. Adriano Pereira de Figueiredo da APF Eng. e Consultoria

Ambiental, um engenheiro exemplar e uma pessoa a ser seguida.

Aos meus amigos da NEBLINA Adventure Center : Ana Cecília Falcão, André

de Sena, Arthur Moura, Caetano Falcão, Edmilson Montenegro Fonseca, Perón de

Medeiros, Petley de Medeiros, João Henrique dos Santos Júnior (“O Fera”),

Stephenson Hallison e Wolgland Marques. Pessoas que motivam inspiração para

esse trabalho, e que não permitiram que nem o tempo, nem as distâncias, nem tão

pouco os destinos da vida, apagassem o valor da Amizade .

A todos que compõe a Fundação Francisco Mascarenhas, a Faculdades

Integradas de Patos e a Mendonça Consultoria pela cooperação .

A minha turma de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança: Adriano

Pereira, Aline Garcia, Antônio de Almeida Jr., Antônio Gomes Pereira. Jr., Chistovam

Alvarenga, Cristiane Grisi, Daniele Gomes de Jesus, Daniel Leão, Etiane Roberta

Bezerra da Rocha, Fisher Bekembawer Medeiros Jardim, Gabrielle de Melo

Rodrigues, Giordano, Giovanna Barbosa Costa, Gláucio de Lucena Cordeiro, Kenia

de Andrade Cavalcanti, Luis Eduardo de Vasconcelos Chaves, Marcos César Soares

Ramalho, Maria Eveline Almeida, Nilson Gouveia Lins, Rafaella Klostermann,

Renata Paiva da N. Costa, Roberta Fechine, Rosangela Evangelista Medrado. Os

quais, tive a honra de conhecer, e o prazer de compartilhar excelentes dias de

aprendizado.

Por fim, agradeço a Você que está lendo este meu trabalho de conclusão de

curso. Todo esse trabalho foi desenvolvido com o sentido único; chegar ao Seu

conhecimento.

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FONSECA, Francisco. Proposta de sistema de gestão de riscos para atividades

turísticas no Parque Estadual da Pedra da Boca em Araruna – PB. 2007. 109p.

Monografia de Conclusão de Curso de Engenharia de Segurança – Faculdades

Integradas de Patos, João Pessoa, 2007.

RESUMO

Este trabalho apresenta conceitos do que existe de mais recente sobre a segurança para praticantes de atividades que integrem o homem e o meio ambiente, especificamente os condutores e usuários do turismo de aventura no Parque Estadual da Pedra da Boca no município de Araruna – PB, contemplando os aspectos da engenharia de segurança e da gestão dos riscos na prática de atividades ao ar livre. O turismo é a atividade de maior crescimento econômico no mundo. O turismo de aventura, em seus pacotes, agrega atividades esportivas que envolvem certo grau de risco. Nos últimos anos, o número de acidentes e de incidentes vem crescendo, inclusive com vítimas fatais. São analisados neste trabalho aspectos que envolvem a elaboração de um sistema de gestão de segurança em unidades de conservação ambiental, conforme normas legais vigentes. Apresenta-se diretrizes para elaboração e implantação de sistemas de gestão dos riscos. São abordados os aspectos gerais de uma política de segurança para unidades de conservação; O planejamento da gestão de segurança é focado com a proposição de dois métodos de avaliação dos riscos.

Palavras Chave: Gestão de Riscos, Segurança do Trabalho, Turismo de Aventura.

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FONSECA, Francisco. Propose of system of risk management in activity of tourism in State Park of Pedra da Boca in Araruna - PB. 2007. 106p. Monograph of Finish of Course in Safety Engineering – Faculty Integranting of Patos, João Pessoa, 2007.

ABSTRACT

This work presents concepts of what it exists of more recent on the security for practitioners of activities that integrate the man and the environment, specifically the conductors and users of the adventure tourism in the State Park of Pedra da Boca in city of Araruna – PB - Brazil, contemplating the aspects of the security engineering and the management of the risks in the practical outdoors activities. The tourism is the activity of bigger economic growth in the world. The adventure tourism, have in its packages, sporting activities that involve one risk. In recent years, the number of accidents and incidents comes growing, as well as, the number the fatal victims. Aspects are analyzed in this work that involves the elaboration of a management system of security for units of conservation and protection environmental, following the Brazilian law. The guidelines for elaborations and implantation of management system risk are showing in this work. The general aspects of one politics of security for units of conservation are boarded; the planning of management security is analyzed among of two methods of evaluation of the risks. Key words: Management of Risks, Security of Work, Adventure Tourism.

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Lista de Figuras

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Pirâmide de atividades de aventura .......................................................................... 39 Figura 2 – Gráfico da análise de riscos combinando habilidade e isolamento ......................... 42 Figura 3 – Localização da Pedra da Boca – Araruna-PB ......................................................... 51 Figura 4 – Riscos de projeto ..................................................................................................... 57 Figura 5 – Perfil de andamento de projeto. .............................................................................. 60 Figura 6 – Esquema geral da estratégia SOBANE de gestão dos riscos .................................. 71 Figura 7 – Rubrica do método DEPARIS ................................................................................ 74 Figura 8 – Contorno das iso-linhas de fator de risco (FR) ....................................................... 87 Figura 9 – Gráfico de graduação da ordem do fator de risco do projeto - Perfil de análise ..... 91

Lista de Quadros LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Questões para o gerenciamento de projetos .......................................................... 46 Quadro 2 – Características dos níveis de estratégia SOBANE ................................................ 72 Quadro 3 – Resumo de DEPARIS para o rappel da Aroeira ................................................... 79 Quadro 4 – Probabilidade de exposição ................................................................................... 87 Quadro 5 – Probabilidade de controle ...................................................................................... 87 Quadro 6 – Probabilidade de detecção ..................................................................................... 88 Quadro 7 – Conseqüências da severidade potencial ................................................................. 88 Quadro 8 – Conseqüências das abrangência ............................................................................ 88 Quadro 9 – Medidas de controle conforme fator de risco ........................................................ 90 Quadro 10 – Fator de risco em escala de impacto .................................................................... 91

Lista de Tabelas

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fatores de Risco ...................................................................................................... 89 Tabela 2 – Tabela de correspondência entre OHSAS 18001, ISO 14001:1996 e ISO 9001:2000 ............................................................................................................................... 100

Lista de Equações

LISTA DE EQUAÇOES Equação 1 – Risco no turismo de aventura............................................................................... 32 Equação 2 – Probabilidade de evento ....................................................................................... 86 Equação 3 – Fator de risco ....................................................................................................... 86 Equação 4 – Probabilidade do fator de risco ............................................................................ 88 Equação 5 – Conseqüência do fator de risco ............................................................................ 89

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Lista de Abreviaturas e Siglas

ABETA Associação Brasileira de Empresas de Turismo de Aventura

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AS/NZS Australian and New Zealand Standard

BS British Standard

BSI British Standard Institute

DEPARIS Diagnóstico Participativo dos Riscos

EPC Equipamento de Proteção Coletiva

EPI Equipamento de Proteção Individual

ISO International Standardization Organization

IDEME Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba

NBR Norma Brasileira Regulamentadora

NR Norma Regulamentadora

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series

PEPB Parque Estadual da Pedra da Boca

PDCA Plan – Do – Check – Act (Plano – Implantação – Verificar – Ação)

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

SA Social Accountability

SAI Social Accountability Internacional

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoia às Micro e Pequenas Empresas

SESMT Serviço Especializado em Eng. de Segurança e Medicina do Trabalho

SOBANE Screening, Observation, Analysis, Expertise

UEPB Universidade Estadual da Paraíba

UERN Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

UFPB Universidade Federal da Paraíba

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

USP Universidade de São Paulo

WTO World Tourism Organization (Organização Mundial do Turismo)

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13

1.1 Estrutura do Trabalho ........................................................................................ 18 Objetivo Geral ................................................................................................................... 21 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 21

2 O TURISMO DE AVENTURA .................................................................................... 22 2.1 Operadora de Turismo de Aventura ............................................................... 23

2.1.1 Entrada da viagem ......................................................................................... 24 2.1.2 Recreação de aventura e turismo de aventura ......................................... 24 2.1.3 Local fixo e atividade móvel ......................................................................... 25

2.2 Perfil dos clientes de turismo de aventura ................................................... 25 2.3 Indústria do entretenimento ............................................................................. 26 2.4 Interação com outros setores .......................................................................... 28 2.5 Divulgação do Turismo de Aventura .............................................................. 28 2.6 O setor de aventura ............................................................................................. 29 2.7 Habilidade, isolamento, risco e recompensa, .............................................. 31 2.8 Evolução do Turismo de Aventura em Áreas Remotas ............................ 33 2.9 Estrutura das Operadoras de Turismo de Aventura .................................. 36 2.10 Atividades de Aventura ...................................................................................... 38 2.11 Riscos em atividades de aventura .................................................................. 41

3 NORMAS DE REFERÊNCIA ...................................................................................... 43 3.1 NBR 15.331 Turismo de aventura – Sistema de Gestão da Segurança 43 3.2 NR - 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais .......................... 46 3.3 Norma Regulamentadora - 21 – Trabalho a Céu Aberto ........................... 47 3.4 BS 8800 Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional ............................... 48 3.5 OHSAS 18.001 Sistema de Gestão para Segurança e Saú de Ocupacional ...................................................................................................................... 49 3.6 SA 8000 – Norma de responsabilidade social ............................................. 49

4 O PARQUE ESTADUAL DA PEDRA DA BOCA ................................................... 51 4.1 Situação Geográfica ........................................................................................... 51 4.2 Descrição do Parque Estadual da Pedra da Boca ...................................... 52 4.3 Esportes de Aventura ......................................................................................... 53 4.4 Turismo Cientifico ............................................................................................... 53 4.5 Turismo Escolar ................................................................................................... 54 4.6 Turismo Religioso ............................................................................................... 54 4.7 Turismo Contemplativo ..................................................................................... 54

5 GESTÃO DOS RISCOS .............................................................................................. 56 5.1 O projeto de gerenciamento de risco ............................................................. 57 5.2 Gerenciamento do risco .................................................................................... 60 5.3 Identificação do risco ......................................................................................... 60 5.4 Tratamento do Risco .......................................................................................... 61

5.4.1 Eliminação do Risco ...................................................................................... 61 5.4.2 Diminuição da exposição aos riscos ........................................................... 62 5.4.3 Mitigação de impacto .................................................................................... 62

6 DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS ........................................................................................................... 64

6.1 Política de segurança ......................................................................................... 65 6.1.1 Definição de uma Política de Segurança ................................................... 66 6.1.2 Intenções de uma Política de Segurança .................................................. 66 6.1.3 Formulação de uma Política de Segurança .............................................. 66

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6.1.4 Características de uma Política de Segurança ......................................... 67 6.1.5 Manutenção de uma Política de Segurança Flexível ............................... 69

6.2 Planejamento ........................................................................................................ 70 6.2.1 Estratégia SOBANE ...................................................................................... 70

6.2.1.1 Nível 1 - Diagnóstico Preliminar .......................................................... 72 6.2.1.2 Nível 2 – Observação ............................................................................ 72 6.2.1.3 Nível 3 – Análise .................................................................................... 73 6.2.1.4 Nível 4 - Perícia ...................................................................................... 74

6.2.2 Apresentação do método DEPARIS ........................................................... 74 7 METODOLOGIA ........................................................................................................... 76

7.1 Modelo da Pesquisa ............................................................................................ 76 7.2 Elaboração do Estudo de Caso ....................................................................... 77 7.3 Análise dos Resultados Obtidos ..................................................................... 77

8 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 79 8.1 Apresentação dos resultados .......................................................................... 79 8.2 Análise dos resultados ...................................................................................... 82

9 AVALIAÇÃO SEMI-QUANTITATIVA DOS RISCOS ............................................. 85 10 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 96 ANEXOS .................................................................................................................................. 99 APÊNDICES .......................................................................................................................... 101

APÊNDICE A – Modelo de Política de Segurança ................................................................ 102 APÊNDICE B – Método de DEPARIS aplicado – Rappel da Aroeira .................................. 104 APÊNDICE C – Folha de avaliação dos riscos em atividades elaborada .............................. 109

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1 INTRODUÇÃO

O turismo é a atividade comercial de maior crescimento econômico no mundo,

segundo a WTO (World Tourism Organization) órgão ligado ao comitê das Nações

Unidas, bem como é um setor capaz de levar o desenvolvimento social e cultural aos

moradores de uma determinada localidade. Por este entendimento apenas, turismo

é um relevante fator em termos de desenvolvimento de conflitos. Contudo, os

benefícios econômicos para as comunidades locais tornam o turismo uma atividade

atrativa.

No Brasil, os principais atrativos eram as praias e o calor do sol, após a reunião

da ECO 92, o foco de turismo foi modificando para o “ecoturismo”, que hoje

encontra-se divido em vários seguimentos, como: turismo rural, turismo ecológico e

turismo de aventura. Todos esses não usam cenários urbanos para atrair seus

clientes, esse mercado é voltado para quem gosta de desfrutar a vida em contato

com a natureza, com maior ou menor grau de emoção e dificuldade durante o

passeio.

Dado o crescimento turístico nos últimos dez anos no Parque Estadual da

Pedra da Boca (PEPB), o governo do Estado da Paraíba decidiu criar a área de

preservação em 2005, com uma área de 156 ha voltada para o desenvolvimento de

atividades turísticas que ligam o homem à natureza, tendo como cenário um

monumental parque de pedras, onde é possível a pratica de esportes e atividades

ao ar livre, e de contemplação à natureza.

A criação do Parque, sem sombra de dúvidas, é um marco para o

desenvolvimento do turismo na micro região do Curimataú Oriental. No entanto, a

forma como foi implantado deixa a desejar quando se menciona o planejamento e os

passos adotados para o desenvolvimento sustentável e seguro.

Ocorreu um crescimento no fluxo turístico sem que houvesse um plano de

ações a serem adotados. Devido a essa morosidade, o PEPB recebe a visita de

mais de 300 turistas por mês, sem que haja um controle nem a fiscalização dos

grupos que ali desembarcam.

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A falta de controle da demanda turística já gerou inúmeros acidentes com os

visitantes e operadores de atividades no parque, havendo registro de acidentes com

vítimas fatais. A vitima mais recente foi um adolescente de apenas 13 anos de idade

que estava no Parque em virtude de uma atividade extra-escolar realizada por uma

escola estadual da cidade de Araruna.

No Brasil, as atividades turísticas vêm tendo um destaque especial a partir da

criação do Ministério do Turismo, devido às tendências mundiais do comportamento

turístico, que hoje buscam novas experiências, aliadas ao contato com a natureza. O

crescimento do turismo de aventura e ecoturismo, e a demanda turística do Brasil,

fez com que o Ministério do Turismo considerasse o Turismo de Aventura um

segmento prioritário para que pudesse ser contemplado com investimentos maciços

e criado uma estrutura organizacional, tudo isso devido ao conjunto de riscos

inerentes às atividades realizadas. A preocupação do governo é em profissionalizar

e dar qualidade as operadoras para competir no mercado internacional, e mostrar

para o mundo que o Brasil oferece Turismo de Aventura com padrões de Segurança.

Baseado nessa necessidade de atender as exigências de segurança, a ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas) desenvolveu uma série de normas de

forma a fortalecer e qualificar o turismo de aventura no Brasil, de forma sustentável e

segura. A intenção do governo é difundir a boa prática do Turismo de Aventura pelo

país, através de um Sistema de Gestão da Segurança no Turismo de Aventura

através da NBR 15.331, e das Competências Mínimas do Condutor, através da NBR

15.285. Essas ações buscam estimular a prática segura de esportes de aventura

com empresas certificada e profissionais qualificados, sempre em busca da

minimização dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas junto à natureza.

Essas exigências do mercado mundial trouxeram a tona uma realidade

nacional da falta de qualificação dos profissionais envolvidos no Turismo de

Aventura. Os condutores da nossa realidade, Parque Estadual da Pedra da Boca,

não ficam em situação diferente do cenário nacional. A qualificação com as

Competências Mínimas para os Condutores de Turismo de Aventura não são

atingidas, nem tão pouco há pessoal qualificado para a realização de primeiros

socorros. As empresas que operam com o Turismo de Aventura, encontram-se em

um estado distante da certificação, com base nos requisitos mínimos estabelecidos e

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exigidos pela NBR 15.331, que nada mais é do que a certificação de um Sistema de

Gestão da Segurança para o Turismo de Aventura.

A falta de estímulo para a busca da capacitação dos condutores e certificação

das empresas deve ser superada com os incentivos e parceria entre o Ministério do

Turismo, ABETA e o SEBRAE, que juntos vêm buscando incentivar a

competitividade entre as empresas com o desenvolvimento sustentável de micro e

pequenas empresas prestadoras de serviços de turismo de aventura. A parceria deu

origem ao Programa de Qualificação e Certificação do Turismo de Aventura –

Programa Aventura Segura.

Para que os níveis de exigência das normas sejam atingidos é necessário que

a equipe gestora do PEPB desenvolva um Plano de Gestão de Segurança, através

do Gerenciamento dos Riscos inerentes ao cenário do Parque. Segundo Araújo

(2004), a necessidade de prover as diversas atividades econômicas com

mecanismos capazes de administrar, de forma eficiente, a segurança do trabalho é

um anseio ressaltado tanto por pesquisadores como por empresários, trabalhadores

e o próprio governo. Essa necessidade torna-se cada vez mais evite quando se

efetua uma análise dos índices de acidentes.

É notório que algumas evoluções tecnológicas diminuíram sensivelmente os

riscos de um acidente, desde que essas novas tecnologias sejam empregadas de

forma correta.

A segurança de um sistema depende fundamentalmente da experiência acumulada, e como a produção esta sempre sujeita a certas exigências de prazos, qualidade e quantidade, que são incompatíveis com a fase de aprendizagem e de domínio de um novo processo. (ASSUNÇÃO e LIMA, 2003, p.1786).

Por essa perspectiva pode-se analisar que as novas exigências da ABNT

podem levar as operadoras e condutores a um período de defasagem, causado pelo

período de adaptação às novas técnicas a serem empregadas e à forma correta de

utilização dos EPIs ou EPCs .

A análise das situações de risco e a adoção de medidas para controlar esses

riscos é um trabalho que exige medidas técnicas, e a participação de pessoal

qualificado, devidamente treinado para buscar, de forma técnica, a eliminação dos

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riscos para os praticantes de Turismo de Aventura no Parque Estadual da Pedra da

Boca.

Dessa forma, com o propósito de colaborar para a melhoria das condições da

prática segura do Turismo de Aventura no Parque Estadual da Pedra da Boca, esta

monografia, apresenta conceitos, na evolução e a importância da engenharia de

segurança na implantação de um Sistema de Gestão de Riscos para as Atividades

Turísticas em Áreas de Preservação Ambiental. Neste trabalho são apresentadas

diretrizes que possibilitem a elaboração de sistema de gestão dos riscos como prevê

a NBR 15.331. Para isso, são estudados sistemas de planejamento de prevenção de

acidentes, e levantadas sugestões para a melhoria da implantação do

Gerenciamento de Segurança.

A publicação da NBR 15.331, que trata do Sistema de Gestão da Segurança

para o Turismo de Aventura, trouxe uma realidade nacional, a falta de requisitos

mínimos por parte das empresas operadoras de Turismo de Aventura, em atender

as exigências de segurança do mercado mundial.

As atividades de turismo envolvem os operadores e os clientes em uma

atmosfera diferente da rotina diária, principalmente para os clientes, turistas que, em

geral, procuram realizar atividades diferentes e adicionar a sua diversão, um pouco

mais de emoção. As operadoras, por sua vez, no sentido de agarrar esse setor do

mercado turístico, oferece em seus pacotes atividade de contato com a natureza. Na

Paraíba, essas atividades turísticas são realizadas com freqüência. Os pacotes

turísticos de aventura oferecem, entre outros: passeios a ilhas afastadas da costa,

descidas de cachoeiras no interior, caminhadas de longo percurso em regiões de

caatinga, travessias de bicicleta de mais de 60 Km, descida por corda em paredões

rochosos. Todas são atividades realizadas a uma distância de um centro de

tratamento médico adequado e, que requer um planejamento mínimo para evitar os

acidentes com os clientes e com os operadores.

A indústria do turismo tem como resultado final de sua produção a satisfação

do cliente. Satisfação em turismo é o resultado de uma série de fatores, que

começam do primeiro atendimento no balcão de negociações do pacote, até a

revelação das fotos para relembrar o passeio realizado. Segundo Steck (1999),

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o turismo também produz uma forma qualificada de serviço com diferentes tarefas, porém o grande número de desqualificação profissional no mercado do turístico não é apenas um julgamento negativo, mas porque eles são preenchidos pelo povo local que carece de treinamento.

Em se tratando de turismo de aventura, no estado da Paraíba, as operadoras

contratam guias locais, que na verdade são apenas pessoas que habitam a região

de exploração turística e que, como ninguém, conhecem os meandros das trilhas da

região e são peças fundamentais no tocante à sustentabilidade turística.

A premissa da sustentabilidade turística não pode ficar sobreposta ao requisito

segurança, pois não haverá o resultado de satisfação, quando ocorrer um incidente,

por menor que seja, nem tão pouco quando de fato ocorrer um acidente.

A necessidade de um profissional de segurança do trabalho no ramo de

turismo de aventura não se deve ao mero acaso do termo “indústria do turismo”, mas

com a finalidade de detalhar e especificar medidas que seja de segurança, e com

proteção ao produto, ao cliente, através de um projeto especificamente desenvolvido

para as operadoras de turismo, trabalhando em conjunto com as demais pessoas

envolvidas nas atividades turísticas de determinada região. Tudo deve ser realizado

de forma a garantir qualidade na prestação de serviços, segurança nas atividades

desenvolvidas e satisfação do turista.

Segundo Dias (2003),

as exigências de segurança são decorrentes das “demandas sociais (ambiente), demandas do cliente (qualidade, inclusive custo) e exigência dos trabalhadores (segurança profissional e saúde), como também exigências legais[...]”.

Acidentes envolvendo turistas têm sido assunto para alguns artigos de

publicação acadêmica em gerenciamento de segurança ou em literatura de turismo,

apesar dos problemas de segurança com turismo ter escala menor. Segundo Clift &

Page, (1996), o prejuízo potencial e a fatalidade prejudicam seriamente a indústria

do turismo e a economia de paises que investem no turismo.

Algumas publicações em jornais e revistas especializadas são feitas no Brasil

quando ocorre um acidente com vítima fatal, e essa noticia torna-se assunto para os

telejornais, que ganham proporções negativas para o “turismo de aventura”. Na

realidade, o que é apresentado pelos noticiários televisivos nada mais é do que a

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falta de um planejamento de gestão dos riscos envolvidos nas atividades turísticas

realizadas.

Desta forma, destaca-se a necessidade de medidas de segurança que

diminuam os acidentes nas atividades do turismo de aventura, de forma a agregar

valor ao pacote turístico com a garantia de um passeio seguro com operadores

qualificados. Para isso, verifica-se a necessidade de conhecer a realidade de outros

Parques Ecológicos brasileiros, a fim de propor soluções e recomendações para

reduzir e, na medida do possível, eliminar os riscos de acidentes nas atividades do

turismo de aventura.

Para análise do setor do turismo de aventura no Brasil, utilizou-se como

elemento de pesquisa o Parque Estadual da Pedra da Boca, no município de

Araruna, no norte da mesorregião do agreste paraibano, que se encontra com o

maior número de acidentes com vítimas fatais registrados no turismo de aventura da

Paraíba, entre os anos de 2000 e 2007.

O PEPB é a segunda Unidade de Conservação criada no estado, em números

não oficiais estima-se que cerca de 800 turistas por mês visitam o local, e desde

2000 com a criação do parque através de decreto governamental, vem aumentando

consideravelmente o número de visitas, inclusive com destaque para realizações de

matérias jornalísticas em nível nacional.

1.1 Estrutura do Trabalho

O trabalho está estruturado em nove capítulos. No primeiro capítulo são

apresentadas às justificativas e motivações para a escolha do tema da pesquisa e os

objetivos a que se destina esse trabalho.

No segundo capítulo, são apresentados os conceitos mais recentes sobre

turismo de aventura no Brasil e no mundo. Destaca-se nesse capítulo o

desenvolvimento de uma equação e uma análise gráfica de riscos em turismo de

aventura, através da combinação entre habilidade e isolamento.

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No terceiro capítulo, estão dispostas as normas de referência par o

gerenciamento de segurança no trabalho, com destaque da primeira norma de

gestão de risco do país, a NBR 15.331, e seus principais aspectos para o trabalho

de gestão dos riscos em atividades de turismo de aventura. É apresentado neste

capítulo a NR-9, que trata de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

No quarto capítulo, são apresentadas, de maneira geral, as características

físicas e geográficas do Parque Estadual da Pedra da Boca, bem como as

condições e os aspectos de exploração do turismo no local.

O quinto capítulo aborda os aspectos gerais sobre a gestão dos riscos, são

definidas as ferramentas, como: planejamento, organização, coordenação e

controle. São identificados, também, os fundamentos para o gerenciamento. A

identificação e o tratamento dos riscos são abordados de maneira geral. São

apresentadas, também, definições adotadas em um projeto de gestão de riscos.

No sexto capítulo são apresentadas diretrizes para a elaboração e implantação

de sistema de gestão de riscos em uma unidade de preservação ambiental. São

apontados aspectos da política de segurança, como a análise da escolha para

equilibrar a disponibilidade de uso versus a segurança necessária para garantir a

integridade física dos usuários. Neste capítulo é apresentado a necessidade da

participação dos atores que devem ter participação direta na formulação da política

de segurança. O planejamento de segurança é demonstrado através de uma

estratégia denominada de SOBANE, que usa a metodologia DEPARIS, para análise

e diagnósticos dos riscos.

No sétimo capítulo é apresentado o método DEPARIS, uma ferramenta de

diagnóstico geral dos riscos, sua elaboração, utilização, aplicação e análise do

entendimento sobre segurança em uma atividade produtiva.

No oitavo capítulo são apresentados os resultados e as discussões sobre a

aplicação do método DEPARIS, no rappel da Aroeira, no Parque Estadual da Pedra

da Boca.

O nono capítulo é a parte mais importante deste trabalho, destaca-se a

elaboração de um critério semi-quantitativo para a avaliação de riscos que envolvem

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as atividades de turismo de aventura. Esse método poder ser utilizado no processo

de planejamento dos riscos, já que apresenta uma aproximação entre análise

qualitativa e quantitativa. Trata-se de uma análise de avaliação que apresenta

resultados numéricos, permitindo a classificação dos riscos por meio de

probabilidade e conseqüência.

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OBJETIVO

Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo propor diretrizes para a elaboração e

implantação de um sistema de gestão de riscos para atividades de turismo de

aventura em órgãos ou instituições que prestam serviços nessa modalidade turística.

Objetivos Específicos

• Auxiliar na gestão do parque estadual na busca da elaboração de um

planejamento de proteção e segurança dos usuários;

• Estabelecer características técnicas e inovações tecnológicas a serem

implantadas;

• Apresentar medidas, prevista em norma e regulamentos técnicos para

a implantação de procedimentos recomendáveis de forma a garantir

uma melhoria significativa na segurança dos operadores e usuários do

turismo de aventura dentro de parques estaduais;

• Orientar para a realização de atividades que busquem a manutenção

dos sistemas de segurança;

• Atender as necessidades da sustentabilidade turística, acreditando que

seja uma ferramenta essencial para o desenvolvimento social da

região explorada, devido à atuação marcante dos moradores da região

nas atividades turísticas;

• Apresentar sugestões para elaboração de planejamento da gestão de

riscos treinando condutores para prevenção de acidentes;

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2 O TURISMO DE AVENTURA

O turismo de aventura vem crescendo rapidamente nos últimos anos. As

atividades com o contato entre homem e natureza vem incrementando a

comercialização turística. Segundo Buckley (2006), o produto comercial oferecido

atualmente pelas operadoras de turismo de aventura não são analisados de forma

subjetiva, nem apresentam uma coerência nem uma revisão compreensiva das

análises das atividades realizadas.

Ainda, segundo Buckely (2006), a diferença entre turismo natural, ecoturismo,

turismo de aventura, expedição comercial, recreação ao ar-livre e educação ao ar-

livre é obscura. O termo turismo de aventura é utilizado significativamente para a

comercialização desse tipo de turismo, onde o principal atrativo são as atividades ao

ar-livre, que são realizadas e desenvolvidas em terreno natural, geralmente

requerendo esportes ou equipamentos especializados e é uma atividade excitante

para o turista.

Segundo McKinson (2005), o turismo de aventura tem em sua programação

atividades de práticas esportivas com desafio e esforços físicos, passeios cheios de

surpresas e obstáculos a serem superados. O incremento atrativo comercial é o

contato do homem com a natureza.

Estas definições não mostram que o cliente opere o equipamento sozinho, o

turista pode ser simplesmente passageiro, como em uma descida em corredeiras

com bote (rafting) ou em uma descida por corda equipada com roldana sentada em

uma cadeirinha (tirolesa).

Não são apresentados nessas definições artificiais os demais aspectos sobre o

turismo de aventura. O comportamento humano particularizado na prática de

atividade esportivas ao ar-livre é a chave para os estudos contínuos dessa atividade.

Individualmente as pessoas têm varias e diferentes expectativas e experiências em

atividades ao ar-livre, a excitação é apenas uma das manifestações.

O turismo de aventura pode significar diferentes coisas para diferentes

pessoas. A distância da viagem e o tempo utilizado pode variar de pessoa para

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pessoa, e são variáveis contínuas nas atividades desenvolvidas ao ar-livre. O nível

de consciência, auto-suficiência e a posse de equipamentos é uma variável que dá

suporte ao que podemos denominar de grau da aventura.

Não há uma distinção definida entre aventura e “não-aventura”, entre turismo

comercial e recreação individual, entre ponto remoto e ponto localizado, e assim

segue as diferenças em turismo de aventura. Distinção semelhante entre o que pode

ou não pode ser significante, por varias perspectivas. Quando o assunto é nível de

aventura, as considerações podem variar de acordo com a condição individual, os

limites e as capacidades técnicas de cada um. O planejamento de uma viagem de

final de semana pode variar dependendo da condição individual, alguns podem

carregar mais utensílios não apropriados que outros.

O período para a prática do turismo de aventura não é bem definido, depende

da sua essência; as estações do ano definem bem a temporada de cada modalidade

esportiva a ser praticada. Por exemplo: a prática de rafting (descida de corredeira

com uma equipe utilizando um bote) é um tipo de turismo de aventura onde a

operadora providencia todos os equipamentos, o cliente necessita de ter a

consciência previa dos riscos e a principal atração é correr rápido para as margens

do rio. Escalada, caiaque oceânico, exploração de cavernas, balonismo, salto de

pára-quedas, parapenting, mountain biking, são outras atividades que podem ser

também consideradas turismo de aventura.

2.1 Operadora de Turismo de Aventura

Operadoras de turismo de aventura são as empresas legais que oferecem

serviços de passeio para um local onde o meio ambiente é propicio a realização de

uma ou mais modalidades esportivas.

As dificuldades impostas pelos acidentes geográficos que são apresentados ao

longo do percurso é o principal atrativo do turismo de aventura, é importante que

seja relembrado que a condição individual e o nível de exposição aos riscos desse

tipo de turismo determinam o tipo de dificuldade do passeio.

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Existe uma dificuldade de distinguir uma boa operadora de turismo de aventura

e um grupo que opera o turismo de aventura. Buckley (2006) particulariza três

dessas dificuldades, devem ser observadas e aplicadas na escolha da empresa para

a prática do turismo de aventura. A primeira é a determinação da entrada da viagem,

a segunda seria a distinção entre recreação de aventura e turismo de aventura e por

último temos distinção da atividade fixa e a atividade móvel.

2.1.1 Entrada da viagem

A entrada da viagem seria um portal de boas-vindas, um rito de introdução e

mudança de estilo entre a vida cotidiana e os desafios a serem enfrentados. Possui

também um caráter econômico, agrega valor ao pacote turístico. Uma atividade

turística de lazer com qualidade deve ter incluído uma parada noturna e/ou iniciar a

viagem com os participantes a partir daquela “hospedagem”. Essa entrada da

viagem também garante a participação da comunidade local e a fixação da

sustentabilidade turística.

No entanto, esta regra nem sempre é necessariamente aplicada, muitas

atividades de turismo comercial são realizadas com duração de apenas um dia.

Existe uma relutância em considerar estas atividades de um único dia, como sendo

uma atividade turística.

2.1.2 Recreação de aventura e turismo de aventura

No turismo de aventura o cliente paga a uma operadora para providenciar uma

experiência de aventura. Na recreação de aventura o participante é quem realiza

sua própria atividade.

O turismo comercial pode fornecer todos os equipamentos e roupas

especializadas que sejam necessárias aos clientes participantes, já que eles podem

não possuir, nem ter ciência dos equipamentos necessários para as atividades de

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aventura. Por outro lado, a operadora de turismo pode providenciar apenas o guia,

sendo os turistas proprietários de todos os equipamentos e com conhecimento do

seu devido uso. Um bom exemplo é uma atividade de caminhada ou uma expedição

a uma montanha onde um guia conduz os participantes ao destino.

2.1.3 Local fixo e atividade móvel

A linha de divisão não é muito clara. A casa de apoio para atividades de

montanha tem um local fixo, ao passo que as atividades de caminhada na montanha

são atividades móveis. Já a escalada é uma atividade móvel com local fixo para a

sua prática. As trilhas para caminhadas podem ser mudadas com certa facilidade

durante o passeio, o contrário não ocorre com a via de escalada, a rota sempre tem

que passar pelos grampos para garantir a segurança.

Caminhar na montanha e escalar certamente são atividades de lazer

excitantes, para ambas são necessárias a participação de especialistas na área,

consciente e equipado com material de fabricação confiável. No entanto, uma casa

de apoio no roteiro turístico, agrega um componente na estimativa da escala

econômica do turismo de aventura. A casa é uma figura que acrescenta muito se

associada a um estado de desenvolvimento real, quando incluída dentro do roteiro

turístico. Para tanto, torná-la um atrativo, independentemente de que os visitantes

realizem alguma atividade de aventura ou não, tornando a casa um local fixo para

uma simples visita.

2.2 Perfil dos clientes de turismo de aventura

Os moradores dos centros urbanos têm um estilo de vida agitado, sob o ponto

de vista da condição de relaxamento e reposição das energias. Muitas pessoas

desses centros urbanos são relativamente bem de vida, possuem dinheiro, mas nem

sempre têm tempo para o lazer. Elas vêem um ambiente deserto e a vida selvagem

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através dos programas de televisão e por revistas de viagem, apreciando as

maravilhas da natureza com certa distância, e ficam a imaginar a quantidade de

equipamento e a ousadia de algumas pessoas para produzir os documentários da

“vida selvagem”.

O fato de haver pessoas que levam uma vida urbanamente agitada, desperta,

em alguns, o desejo de mudanças, mesmo que por alguns instantes. O dinheiro é

uma das condições básicas para a prática de atividade ao ar livre, no entanto, não é

o suficiente, outras condições são necessárias, como: tempo para a organização da

atividade, treinamento adequado, equipamento de boa qualidade. Em geral os

praticantes de turismo de aventura são adultos, em idade produtiva que desejam ser

envolvidos em uma atmosfera arriscada, diferente do cotidiano. Esse é o perfil do

cliente que procura os serviços do mercado de turismo de aventura.

No passado quando se queria realizar alguma atividade ao ar livre, geralmente

as pessoas se associavam a clubes, ou formavam grupos com familiares e amigos

próximos, adquiriam os equipamentos, já que a disponibilidade para a locação era

difícil, e saiam em busca da sua aventura.

Hoje a realidade é diferente, os equipamentos mais sofisticados e caros estão

disponíveis para locação, bem como a companhia de uma pessoa treinada para agir

de forma a garantir conforto, diversão e segurança ao cliente que busca sua

aventura. Ou seja, as pessoas não mais necessitam possuir seu próprio

equipamento ou sua própria equipe, precisam apenas confiar no plano de viagem

elaborado, na liderança e na proteção oferecida. Um conhecimento básico, um treino

leve e a necessidade de realizar uma atividade ao ar livre podem ser atendida.

2.3 Indústria do entretenimento

No passado, não havia uma comercialização maciça dos produtos fabricados e

desenvolvidos para a realização de atividades de aventura, nem tão pouco havia um

elo entre as fabricantes desses equipamentos com as operadoras de turismo, não

havia nenhuma interação logística.

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Com a indústria do entretenimento, a ligação entre as operadoras de turismo

de aventura e os fabricantes de equipamentos especializados foi estreitada. Hoje os

equipamentos são encontrados com relativa facilidade e as operadoras de turismo

de aventura sugerem e indicam os melhores equipamentos, bem como os locais

para aquisição desses equipamentos. Já é possível observar que alguns

equipamentos, como roupas, mochilas e acessórios, são oferecidos de brindes por

algumas operadoras.

O contexto social, de crescimento do turismo de aventura, impulsionou esse elo

entre fabricantes e operadoras. Podem-se ver inúmeros comerciais, dos mais

diversos produtos, usando como tema a vida ao ar livre e a pratica de esportes

ligado à aventura. As mensagens comerciais apresentam o desafio a ser superado e

a vida alternativa como diferencial para o produto apresentado. Toda essa exposição

leva o cliente a buscar produtos diferenciados, como roupas de tecido técnico,

relógios com bússola, calçados com maior aderência ou cano longo, carro com

tração nas quatro rodas, de forma que as pessoas que vivem no ambiente urbano

busquem de alguma forma, a “vida selvagem”.

O vestuário de um praticante de aventura é diferenciado, o estilo é perceptível,

a roupa é feita com um tecido tecnicamente elaborado para absorver o suor ou para

diminuir a sensação de baixa temperatura. Além disso, possui um desenho de corte

bem interessante. Esse estilo de roupa dá ao usuário um certo status, uma

particularidade em meio a sociedade em que vive. É uma forma de unir o estilo

urbano com o estilo aventureiro.

Os equipamentos são diferenciados por motivos óbvios, a prática de esportes

de aventura exige que os equipamentos garantam a segurança e a integridade física

do usuário, não é para criar um estilo. É impossível imaginar a subida ao cume do

Monte Everest, sem mencionar a qualidade e a tecnologia da roupa utilizada pelos

montanhistas, ou mesmo realizar escaladas sem o uso de uma corda dinâmica

(elástica) e confeccionada com uma capa com resistência abrasiva.

As tecnologias desenvolvidas para a fabricação de equipamentos e roupas

para a prática de esportes de aventura têm levado os fabricantes a criar centros de

pesquisa para garantir o máximo de conforte e a segurança quase que absoluta.

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2.4 Interação com outros setores

O setor de turismo de aventura vem crescendo rapidamente nos últimos

tempos, e vem ganhando destaque com pequenos artigos acadêmicos. Podemos

verificar o interesse dos especialistas de outras áreas correlatas. Trabalhos

científicos sobre educação ambiental, direito ambiental, recreação ao ar livre e

gerenciamento de áreas de preservação ambiental, além dos artigos sobre turismo,

de certa forma, pesquisadores de outras áreas dão substrato para a literatura do

turismo de aventura.

A visita a um jardim botânico ou área de preservação ambiental gera

contribuição econômica à região e busca o envolvimento da sociedade com a

necessidade de conservação daquela área, para garantir acesso desses bens às

gerações futuras. Para pessoas extremamente urbanas que realizam passeios em

jardins botânicos, as sensações fisiológicas causadas pelo contato com a natureza

podem ser consideradas como sensações similares as que são proporcionadas pelo

turismo de aventura.

O desenvolvimento, comercialização, gerenciamento, economia e negócios em

geral do turismo de aventura, ainda recebem poucas atenções do setor turístico

quando comparados aos demais setores do ramo. No ano de 2005, o Ministério do

Turismo apresentou algumas propostas de normalização e certificação do turismo de

aventura. Especialistas de diferentes áreas de atuação participaram e contribuíram

no desenvolvimento de normas para tornar as atividades econômicas do turismo de

aventura mais seguras para os usuários. Em algumas partes do mundo já existem

universidades para a formação de guias de turismo de aventura, são cursos de

graduação com tempo entre 3 e 5 anos para a formação do profissional.

2.5 Divulgação do Turismo de Aventura

Existe uma infinidade de convites destinados a pessoas que desejam participar

e compartilhar expectativas e experiências com certo grau de risco. As operadoras

de turismo de aventura divulgam as informações necessárias à venda do pacote por

folhetos e na internet, no entanto, são poucas as que descrevem o que realmente é

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o produto oferecido e qual é o grau de competência dos guias, o nível de

conhecimento e o tempo de experiência na operação daquela atividade.

No caso do Brasil, o turista que deseja o ramo da aventura, busca as

operadoras e, dependendo da especialização do esporte, da habilidade individual e

do preço de investimento, procura os locais mais visitados da temporada, como:

Chapada Diamantina e Lençóis Maranhenses. Outra forma comum, e mais prática, é

a realizada pelos mochileiros, que buscam os locais mais procurados da temporada

sem utilizar os serviços de uma operadora. Em qualquer uma das duas maneiras é

necessária a análise dos riscos inerentes à atividade, tanto operadoras quanto

aventureiros solitários, devem ter um plano de fuga, caso algo aconteça de diferente.

Comumente as operadoras divulgam seus pacotes, utilizando todos os canais

possíveis de comunicação, de acordo com as regras do mercado consumidor. As

propagandas são objetivas, buscam clientes com forte interesse em uma atividade

diferente, um final de semana excitante e recheado de adrenalina. O turismo de

aventura é vendido como uma atividade que contem riscos, porém, deve ser

lembrado que esses riscos são de certa forma calculados, em outras palavras, para

a operadora de turismo de aventura, o passeio realizado não passa de apenas mais

um dia de trabalho, já para o cliente, que pagou pelo pacote, o passeio realizado foi

um feito de bravura e coragem, o que certamente será divulgado por ele aos seus

amigos, que serão tentados a realizar a mesma aventura.

Grande parte das operadoras prefere fazer sua divulgação através de folhetos,

enfocando os dois principais produtos: aventura e natureza. Alguns folhetos

oferecem um local e uma atividade simples, outros oferecem um local extraordinário

e atividades de aventura bastante técnica. O mais importante aqui é notar que quase

sempre o serviço de aventura propriamente dito, é terceirizado. Ou seja, a operadora

que vende o pacote com sendo mais um produto, não tem controle dos processos

que envolvem as atividades, e em não ter controle desses processos, as operadoras

passam também à condição de cliente.

2.6 O setor de aventura

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Segundo Ruschmann (1997), o turismo de natureza caracteriza-se pelo

envolvimento físico de seus participantes durante a viagem e é divido em hard, com

participação intensa e o soft, com participação leve, sem grandes esforços físicos ou

utilização de técnicas especiais. Com base nessa definição podemos ter, a principio,

a idéia de que o turismo de aventura é hard, no entanto, dentro do setor de turismo

de aventura o termo soft seria aplicado a atividade com menor intensidade de

esforço físico, o esforço existe, porém em menor grau.

O negócio básico do setor de aventura é o que pode-se chamar de aventura

soft. O cliente se apresenta numa operadora e essa por sua vez providencia

transporte, equipamento, roupas especializadas, guias e treinamento suficiente para

a diversão dos clientes, com segurança e emoção. Comercialmente falando, em

ampla escala, a tendência do turismo de aventura é buscar o caminho da redução

dos riscos, utilizar áreas próximas aos grandes centros urbanos e com exigência de

menor habilidade requerida das atividades para ampliar o mercado de demanda.

Ao tempo em que o setor do turismo de aventura se expande, buscando um

maior fluxo de turista em massa, outros pontos se contrapõem a essa expansão: o

alto custo dos produtos necessários, a habilidade dos condutores, o grande risco

que envolve os clientes e, por fim, a operação para levar os turistas a pontos

remotos e áreas inóspitas.

As atividades mais remotas e arriscadas, produtos do turismo de aventura, são

as chamadas expedições, o ápice do turismo de aventura comercial. As expedições

são pacotes onde o cliente deve ter condicionamento físico suficiente e equipamento

adequando para, por exemplo, escalar o Everest. Com toda a certeza, também são

os pacotes mais caros, exige muito da experiência e da condição física do guia e as

condições meteorológicas devem estar favoráveis para o êxito da expedição.

Estruturalmente, o turismo de aventura apresenta-se na margem da indústria

do turismo. Em casos isolados de algumas atividades turísticas comerciais e em

alguns destinos, existe oferta opcional de aventura. Essas ofertas agregadas

ocorrem quando há uma pressão do mercado demandante e quando há um menor

custo de tecnologia empregado. A pressão do mercado ocorre geralmente quando

existe um número considerável de clientes jovens, essa demanda leva as

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operadoras a buscar os serviços de empresas que trabalhem com atividades de

aventura. O menor custo tecnológico é justamente o mais difícil de ocorrer, atividade

de risco requer pessoas qualificadas e equipamentos de ponta, além do mais,

conduzir pessoas para pontos remotos requer uma logística complexa, esses fatores

são determinantes para o aumento dos custos nos pacotes de turismo de aventura.

O negócio básico do turismo de aventura não apresenta grandes vantagens

financeiras, quando comparado às demais atividades do ramo. Já as vantagens

competitivas são fortes, podendo servir como diferencial dentro do mercado. A

competitividade comercial pode substancialmente ser resumida ao preço do pacote.

O menor preço, fatalmente recai sobre a segurança do cliente que pagou menos por

um equipamento de segunda linha e um guia sem habilidades.

Por isso, ao longo do tempo, as operadoras procuram oferecer acesso ao

turismo de aventura, por meio de atividades mais suaves, que requerem um menor

investimento tecnológico e ofereçam um menor grau de risco aos clientes. Exemplos

típicos podem ser vistos em muitas operadoras que oferecem a técnica de descida

por corda, conhecida como rappel, ou um passeio de rafiting com corredeiras de

classe 3, no máximo, sabendo que a escala se estende ate 5.

2.7 Habilidade, isolamento, risco e recompensa,

O fator crítico é o diferencial nas atividades de turismo de aventura, seja nas

atividades mais extremas, que têm um baixo fluxo turístico, ou nas atividades mais

básicas, onde o fluxo turístico desse ramo é mais acentuado. A exigência de

habilidade prévia em atividades extremas separa especialistas no turismo de

aventura das pessoas comuns, as operadoras de turismo procuram fazer dos seus

produtos um pacote acessível sem exigir do cliente habilidades, ajustando o pacote

ao mercado consumidor.

Sendo atividade extrema ou atividades leves, para qualquer um dos casos, é

necessário que o turista tenha uma habilidade prévia, por menor que seja, ao menos

um condicionamento físico adequando para a atividade.

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O fator isolamento é outro pré-requisito para o planejamento dos riscos nas

atividades ao ar-livre, quanto mais afastadas dos centros urbanos, maior é o risco.

Esse fator leva o cliente a reconhecer o privilégio de saber que é uma das poucas

pessoas que passaram por aquele local. Mesmo quando o local é um point, onde o

fluxo turístico visitante ao local é grande, ainda assim o fator isolamento é de grande

estima para os turistas. Dependendo do nível de habilidade do turista o local pode

ser reconhecido como um ponto remoto.

A combinação entre habilidade necessária (H) e isolamento (I) tem como

resultado o risco (R). Essa combinação é uma conseqüência, um fator inverso, que

pode ser apresentado como uma equação:

H

IR =

Equação 1 – Risco no turismo de aventura

Dessa forma, quanto maior for a habilidade menor é o risco. Quanto mais

isolado for o local, maior é o risco.

As operadoras de turismo de aventura devem ter alguns protocolos de

segurança para diminuir consideravelmente e, sempre que possível, eliminar os

risco.

A redução dos riscos é feita pela operadora de turismo, com: domínio do local

da atividade, guias habilidosos, suporte logístico, assistência de primeiros-socorros

qualificada e um plano de evacuação exeqüível e eficiente.

A redução dos riscos é a medida exata para diferenciar uma operadora de

turismo de aventura e um grupo de recreação de aventura. Qualquer operadora que

lida com o contato entre homem e natureza, deve ter um suporte de primeiros-

socorros e um plano de evacuação. As condições meteorológicas podem interferir

substancialmente no plano principal da atividade, surpresas podem acontecer, e

quem estiver mais preparada para eventualidade irá garantir a reputação e a

integridade física dos seus clientes.

A recompensa no turismo de aventura pode vir de várias formas, nem sempre é

necessário que a atividade tenha êxito. A recompensa é justamente o nível de

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33

satisfação do cliente. Há casos em que o cliente pode ficar insatisfeito com o nível

de exposição aos riscos, em outros o cliente pode achar que não correu risco algum.

O fato é que a recompensa pode ser percebida na satisfação do cliente em ter

participado de uma atividade diferente do normal.

O turista de aventura é um caçador de recompensas, embora ele saiba onde

quer chegar, o percurso é quem vai determinar a possibilidade de atingir o final.

Caso isso não seja possível, os motivos que não levaram ao final já são capazes de

justificar, e é resultado para uma grande história para os amigos.

2.8 Evolução do Turismo de Aventura em Áreas Remota s

Historicamente, as viagens aos pontos mais remotos, em locais onde o terreno

apresenta severas dificuldades para a travessia, quase sempre está associada a

uma exploração cientifica, ou uma expedição patrocinada, longe de ser o turismo

comercial. Atualmente, a oportunidade para fazer essas expedições é mais comum,

é possível adquirir um pacote turístico para uma ascensão em uma montanha de

mais de 8.000 m, uma descida de corredeiras classe 4, fazer a travessia de um

deserto. Hoje são acessíveis e fazem parte dos pacotes de algumas operadoras de

turismo de aventura comercial. No mundo inteiro existem áreas remotas onde há

uma população local, transporte adequado e acomodações confortáveis, tudo como

é estabelecido pela indústria do turismo comercial. Pode-se citar, como bons

exemplos à ilha de Fernando de Noronha e o acampamento base do monte Everest,

ambos são locais remotos, onde é possível encontrar conforto para diversos tipos de

turista.

Os caminhos, no qual o turismo de aventura tem desenvolvido, são diferentes

entre regiões. Amplamente quatro categorias de áreas para exploração do turismo

de aventura podem ser distinguidas, segundo Buckely (2006):

1. Áreas rurais e parques, uma região, onde é desenvolvida

tipicamente atividades de um dia, podendo ser acompanhado por um guia

turístico e dentro do alcance de serviços de resgate; poucas habitações

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são encontradas, devido à dureza do solo ou por fatores econômicos,

mas não por climas severos ou terrenos inóspitos. Exemplo: O Parque

Estadual da Pedra da Boca;

2. Áreas habitadas em desenvolvimento, com acessos construídos

ou meio de transporte desenvolvidos para dar acesso ao local, há abrigo

e comida de suprimento. Em geral são os pontos mais afastados no

mapa. Exemplos: O Pico do Jabre, ponto mais alto da Paraíba, a ilha de

Fernando de Noronha;

3. Áreas com raras habitações, não há acesso mecânico ou

transporte local, não há infra-estrutura de comunicação e tradicionalmente

existe apenas um estilo de vida de subsistência. Exemplo: as

comunidades existentes nos Lençóis Maranhenses;

4. Áreas inabitadas, são os locais de meio ambiente extremo:

oceano, pólos, alguns desertos, cumes das montanhas.

Na época da necessidade do desenvolvimento nacional, as expedições

científicas utilizavam diversos artifícios, que hoje são utilizados pelo turismo de

aventura comercial. Hoje são cada vez mais reconhecidas como desafios de

atividade de recreação e exploradas pelas empresas de turismo de aventura.

A esquadra de Cabral, em uma expedição comercial as Índias, descobriu o

nosso país. Segundo Freire (1982), a segunda expedição comandada por André

Gonçalves e Américo Vespuccio, saiu de Portugal em 22 de maio de 1501 e avistou

terras do Brasil em 16 de agosto do mesmo ano. Praticamente uma viagem de três

meses completos, uma verdadeira expedição de aventura. As entradas para

desbravar os sertões, realizada pelos bandeirantes que seguiam o caminho dos rios

para atingir regiões do interior do Brasil, também apresentam características do

turismo de aventura. Recentemente, a partir da década de 60, o lema: “o petróleo é

nosso”, moveu pesquisadores do país inteiro na busca e a realizar exploração em

alto mar, com expedições cientificas. A troca da bandeira nacional no pico da

Neblina com 3.014 m de altura, fronteira do Brasil com as Guianas, requer dos

montanhistas um bom preparo físico e equipamentos de alta performance, e é um

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dos roteiros opcionais de turismo de aventura. Essas atividades históricas servem

como fonte de inspiração para a elaboração de roteiros de turismo de aventura.

Em paises onde o turismo de aventura é explorado, como Nova Zelândia,

Canadá, E.U.A e Inglaterra, o nível de qualidade na prestação dos serviços

acompanha o nível de segurança. O risco das atividades oferecidas pode ser alto,

porém os serviços de salvamento, busca e resgate são disponíveis no mesmo grau.

Os guias possuem curso superior em atividades outdoor, as brigadas de resgate

estão sempre prontas e em grande efetivo, há disponibilidade de equipamentos e

veículos para realizar uma intervenção com presteza em tempo hábil.

Uma vez estabelecida uma demanda com fluxo turístico a um point de

atividades de aventura, o volume de visitas que necessita de cuidados diferenciados

aumenta. O turismo de aventura é caracterizado pelo grau de risco para a realização

das atividades e a engenharia de segurança deve buscar atuação neste campo para

fazer a análise desse risco e dar o tratamento devido para conter ou minorar o risco.

As operadoras de turismo de aventura devem ter em seu planejamento um

número de guias suficiente para atender a quantidade de clientes, diferentemente

dos outros ramos do turismo, onde um motorista, um guia e um auxiliar são

suficientes para controlar um grupo de 50 pessoas. Nas atividades ao ar-livre, o

número de guias que acompanha o grupo será diferente dependendo do tipo de

esporte a ser praticado e, também, pela quantidade, bem como pelo nível do grupo.

As expedições são o ápice na evolução das atividades do turismo de aventura,

são realizadas em terrenos tortuosos e em locais remotos. Os acessos a esses

locais são pouco usados, são atividades realizadas por empresas que investem alto

no turismo de aventura. Em geral, essas expedições são autônomas, as atividades

são realizadas com um apoio logístico independente, todos os equipamentos e infra-

estrutura são montados pelas empresas operadoras. Um bom exemplo são as

expedições realizadas ao monte Everest, onde as operadoras são responsáveis por

montar os acampamentos base e os avançados, cilindros de oxigênios são

transportados pelos guias de apoio e deixados em pontos estratégicos. Em fim, todo

um planejamento é executado para o êxito das atividades.

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36

A atuação da indústria do turismo no setor de aventura, com recepção,

acomodações e logística em locais remotos, tem efeitos práticos. Apesar de serem

pacotes caros, a explosão da demanda só passou a ocorrer depois da oferta de

condições de segurança ao cliente. As condições de segurança fazem a diferença

no fator humano, é a diferença entre continuar a aventura ou abandonar o objetivo.

Principalmente em ambientes remotos, o grau de habilidade em lidar com os

riscos, aliado a um planejamento logístico irá determinar o sucesso da expedição. O

planejamento deve conter em seu escopo a identificação, análise, avaliação e o

tratamento que deve ser dado a esses riscos envolvidos em cada etapa da

expedição. Ainda é necessário lembrar que um planejamento deve conter opções de

evacuação, em caso de algo não sair em conformidade com o plano principal. A

habilidade individual entra no planejamento como fator preponderante para a

segurança individual e para o grupo.

2.9 Estrutura das Operadoras de Turismo de Aventura

O turismo de aventura comercial possui um leque de opções de atividades

esportivas que podem ser exploradas. Portanto, são necessários que se

caracterizem as atividades em diferentes níveis e cada uma com seus riscos, em

cada pacote deve ser analisado os conhecimentos e capacidades de cada membro

que compõe o grupo, alguns podem ser peritos que anseiam por desafios maiores,

outros podem ser novatos que desejam novas experiências.

Estruturalmente, os pacotes de turismo de aventura podem permitir que o

cliente seja essencialmente passageiro, como: em uma decida de rafting, ou uma

ponte tirolesa, ou em um salto duplo de pára-quedas. Ou se os clientes podem

participar ativamente das atividades, como: navegar em caiaque duplo, escalar,

realizar caminhadas de longo ou curto percurso, fazer passeio de bicicleta, etc.

Existem operadoras que, devido à exigência das atividades envolvidas no

pacote turístico, oferecem treinamento em academias para dar preparo físico ao

cliente, consultas com o nutricionista para a elaboração de uma evolução nutricional

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adequada e treinamentos específicos e periódicos com equipamentos e técnicas a

serem empregadas nas atividades turísticas. Essa preocupação com o cliente ocorre

a partir do momento em que durante o planejamento, verifica-se o nível de

exposição aos riscos e o tratamento dado é o de elevar o nível de qualidade dos

clientes para garantir a segurança de todo o grupo em ambientes remotos. Esse

nível de estrutura permite que a operadora durante a realização das atividades,

tenha uma preocupação em apenas guiar o cliente, para atingir o objetivo do

passeio.

No Brasil, a maioria das operadoras que exploram o turismo de aventura, são

empresas terceirizadas ou pessoas que prestam esse tipo de serviço. Uma agência

de turismo oferece os pacotes aos clientes nos grandes centros urbanos e conduz

esses clientes para o local das atividades de aventura. Existe uma parceria entre

agência de turismo e operadora de aventura. Um contrato de risco para a

credibilidade da agência de turismo, pois em boa parte dos casos a agência passa a

ser mais um cliente, justamente por desconhecer os processos que envolvem a

operação de atividades a serem desenvolvidas.

Em geral, para esses casos de terceirização, pode ser oferecido um

treinamento de poucas horas, antes mesmo da saída para as atividades. Na grande

maioria dos casos, o treinamento é resumido a uma breve explicação da atividade a

ser desenvolvida, poucos minutos antes da sua realização. Dois exemplos podem

ser dados: a técnica de descida por corda (o rappel) ou o salto de bungee jump,

onde o cliente conhece superficialmente a atividade, no entanto, nunca operou, ou

desconhece os procedimentos de segurança para garantir sua integridade física.

A distinção entre um grupo habilidoso e um grupo bem equipado deve ser

considerada quando se pensa em nível de segurança da aventura. A experiência do

guia e da própria equipe, analisando individualmente cada membro, deve ser

considerada, pois é da capacidade individual que o grupo pode realizar a atividade

de lazer com segurança. Na formação de uma equipe, o grupo deve ter um líder, que

pode ter um apoiador ou mais, para providenciar equipamentos, auxiliar o líder como

guia e abastecer o grupo durante o passeio. Novamente, a discussão entre

operadora de turismo dotada de guias e apoiadores, e um grupo similar com

“características” de empresa de turismo que realiza pacotes agendados, e realiza

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turismo idêntico a uma companhia. A escolha da operadora ou do grupo similar é

uma decisão pessoal do cliente que pode incidir na segurança do passeio.

Estruturalmente é necessário que as operadoras possuam pessoal com título

acadêmico, pessoal devidamente treinado e qualificado para trabalhar com turismo

de aventura, nas diferentes áreas de atuação. As operadoras devem ter, ao menos,

uma preocupação em possuir nos seus quadros de recursos humanos, pessoas com

cursos técnicos, capazes de atuar nas áreas de: preservação ambiental, resgate,

primeiros socorros, orientação com bússola, história natural, geografia, biologia e

tudo mais que puder demonstrar a capacidade de lidar com o cenário da aventura.

A estrutura de uma operadora de turismo de aventura, além das funções

administrativas comuns a qualquer empresa do mesmo ramo, deve, ainda, possuir

guias profissionais treinados, capacitados e experientes para conduzir os clientes

com firmeza e segurança. Deve possuir os equipamentos necessários à realização

das atividades em quantidade suficiente para os clientes e com qualidade para

atender as necessidades dos esforços solicitados. Outro ponto importante são as

opções oferecidas aos clientes, mais que quantidade para a escolha, é importante o

agendamento das atividades, períodos para a realização dos passeios, isso

demonstra que a operadora tem um planejamento tático desenvolvido para cada

temporada do ano.

2.10 Atividades de Aventura

A operadora de turismo deve oferecer um pacote com uma estrutura capaz de

atender os níveis de segurança exigido. Por outro lado, o cliente deve possuir o perfil

adequado para se integrar ao grupo com determinado destino turístico de aventura.

A estrutura oferecida pela operadora e o perfil adequado do cliente são itens

que determinam a quantidade de visitantes a um local de turismo de aventura.

Quanto menor forem as exigências de segurança e de habilidades do cliente, maior

é a quantidade de praticantes e visitantes de um determinado local de prática de

turismo de aventura. O contrário também acontece, quanto maior forem as

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exigências de segurança e quanto maior é a necessidade de habilidades do cliente,

menor é o fluxo de visitantes ao local turístico.

Buckley (2006) propôs uma pirâmide de atividades de aventura, um gráfico

para demonstrar a quantidade do fluxo de turismo de aventura em locais para a

prática das modalidades esportivas versus a qualificação e o perfil do cliente.

Algumas modificações foram feitas para a melhor compreensão.

Passeios a destinos Passeios a destinos Passeios a destinos Passeios a destinos

comuns de aventura com comuns de aventura com comuns de aventura com comuns de aventura com

excursões multiplasexcursões multiplasexcursões multiplasexcursões multiplas

Passeios com emoções - Passeios com emoções - Passeios com emoções - Passeios com emoções -

parques ecologicosparques ecologicosparques ecologicosparques ecologicos

Aventura PreparadaAventura PreparadaAventura PreparadaAventura Preparada

Aventura Aventura Aventura Aventura

QualificadaQualificadaQualificadaQualificada

Aventura EspecializadaAventura EspecializadaAventura EspecializadaAventura Especializada

Locais RemotosLocais RemotosLocais RemotosLocais Remotos

Locais ExtremosLocais ExtremosLocais ExtremosLocais Extremos

0%

20%

40%

60%

80%

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Qua

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ação

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ível

de

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ntur

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Volume de PraticantesVolume de Praticantes

Figura 1- Pirâmide de atividades de aventura Fonte: adaptada de Buckley (2006)

Passeios a destinos comuns de aventura com excursõe s múltiplas, a base

da pirâmide (nível-1), são os pacotes turísticos oferecidos com destino a parques

naturais e reservas ecológicas, onde é permitido o passeio por trilhas, o desfrute de

belas paisagens e o contato com a natureza. Em geral, essas atividades são

realizadas em áreas próximas de cidades, o que diminui os riscos. No entanto, essa

proximidade aumenta o fluxo e a quantidade de pessoas que necessitam de atenção

especial, afinal o ambiente é de contato com a natureza e nem todos os clientes

possuem experiência com o meio ambiente natural.

Passeios com emoções em parques ecológicos (nível-2), são os pacotes

oferecidos com mais atividades além de uma caminhada em área preservada,

podem ser agregados ao passeio técnicas como o rappel¸ tirolesa, rafting, e outras

atividades que apresentem pequeno grau de risco na realização. As características

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do local para esse tipo de passeio são ambientes conhecidos e que apresentam

uma infra-estrutura para a montagem e suporte das práticas esportivas.

No nível-3 tem-se as aventuras preparadas , que são atividades

cuidadosamente elaboradas para causar maior impacto no cliente, caminhadas um

pouco mais longas, travessias de rios pouco caudalosos, ascensões a cumes de

serras e outras atividades que pareçam ser desafiadoras, não pela exposição ao

risco, mas pela exaustão que podem causar ao cliente. Nessas atividades são

utilizadas áreas bem conhecidas pela operadora, não necessariamente são

próximas às cidades, mas há sempre recursos e infra-estrutura necessária para a

realização das atividades.

Nas aventuras qualificadas , no nível-4, fazem parte desse grupo pessoas que

tenham um curso básico nas práticas esportivas a ser em desenvolvida, bom

preparo físico, além de equipamento próprio para a realização da atividade. As áreas

escolhidas para esse tipo de cliente são ligeiramente inóspitas, pode ser que haja

necessidade de planejamento tático, pernoite e suprimentos para a aventura. Nesse

nível já é possível notar a necessidade de uma estrutura organizacional maior, a

realização de pré-expedições para reconhecimento do local, escolha de rotas de

fuga e qualificação e habilidades individuais dos membros da equipe.

O nível-5, aventura especializada, requer planejamento tático, suprimentos,

uma estrutura de apoio maior que as atividades anteriores e uma qualificação

adequada do grupo que compõe a expedição. Nesse nível já há profissionalismo dos

membros da equipe, formada por especialistas de alto grau de conhecimento e

experiência. Os locais para a realização das atividades são de difícil acesso,

exigindo dos membros da equipe um excelente preparo físico e técnicas apuradas.

Os locais remotos, no nível-6, são aventuras profissionais. As necessidades

para a realização dessas atividades são as maiores e mais qualificadas possíveis. O

planejamento é feito com anos de antecedência, o grupo é treinado e qualificado em

ambientes semelhantes aos do local da aventura, os equipamentos são de ponta e

mesmo com toda a estrutura exigida nem sempre a aventura se completa.

Os locais extremos , nível-7, diferenciam-se dos locais remotos por um único

detalhe: a quantidade de pessoas que atingem o objetivo. Nesse nível, a diferença

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está nas condições do tempo para a realização das atividades, o que fatalmente

indica a possibilidade do sucesso, e no melhor condicionamento físico, técnico e

psicológico do cliente. Essas combinações levam o cliente aos locais mais extremos

da aventura, com o retorno em segurança.

2.11 Riscos em atividades de aventura

Na seção 2.7 foi apresentada uma equação como proposta para a análise dos

riscos em atividades de aventura. Analisando a pirâmide de atividades de aventura,

adaptada a partir da proposta de Buckley (2006), observa-se a existência de sete

níveis de locais para a prática de turismo de aventura. Considerando que as

habilidades do praticante podem ser distribuídas em cinco categorias, sendo elas:

1 Amador : o praticante ocasional, o típico turista que procura uma

atividade de lazer, nunca teve oportunidade de entrar em contato com a

atividade esportiva;

2 Iniciante : a pessoa que já detém um conhecimento através de

um contato breve com a atividade esportiva;

3 Praticante : é aquele que regularmente pratica a atividade

esportiva e possui um curso básico para a prática do esporte;

4 Especialista : podemos considerar como sendo o praticante com

técnicas mais apuradas e curso mais avançados;

5 Profissional : é a pessoa que vive a atividade, um guia ou

instrutor da modalidade.

Com essa proposição de categorias de habilidades, os riscos em atividades de

aventura podem ser apresentados através de um gráfico que demonstra o

crescimento do risco à medida que é combinada a habilidade individual com o local

escolhido para a prática do turismo de aventura.

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R is c o e m A v e n tu r a

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Nív

el d

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abili

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e I

sola

men

to

Is o la m e n t o H a b i l i d a d e R is c o

Figura 2 – Gráfico da análise de riscos combinando habilidade e isolamento

A figura 2 apresenta um ponto de equilíbrio entre habilidade e isolamento,

quando esses requisitos se equivalem, tem-se um risco de fator unitário. Para cada

nível de local tem-se uma probabilidade do risco ocorrer. É importante ressaltar que,

de acordo com a análise dos riscos propostas a partir do gráfico, no sexto e sétimo

nível, nos locais remotos e extremos, o profissionalismo não é requisito para diminuir

os riscos, não há ponto de equilíbrio, os fatores externos, como as condições

meteorológicas, são responsáveis por aumentar os níveis de riscos, e, de qualquer

maneira, o perigo é constante, não há como ter garantias de sucesso absoluto.

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3 NORMAS DE REFERÊNCIA

As normas proposta podem apontar as medidas a serem adotadas para a

elaboração e implantação de um sistema de gestão dos riscos em estruturas

organizacionais de qualquer porte. Observa-se a existência de diversos tipos de

sistemas de gestão de riscos, adotados e elaborados em vários países, em geral

elas se completam e são cópias adaptadas para a realidade onde é empregado o

modelo de gestão.

Nesse capítulo serão apresentadas, de forma detalhada, as normas legais e

algumas publicações sobre Gerência de Segurança em organizações. Normalmente

este tema é abordado pelo título de Gestão dos Riscos ou Gestão de Segurança e

Saúde no Trabalho. A necessidade de administração eficiente passa pelo

gerenciamento dos riscos que envolvem as atividades. Garantir a segurança e a

integridade física dos clientes internos e externos de uma organização econômica

não é um processo simples, mas o que se espera do gestor é uma antecipação para

evitar o acidente. As normas aqui apresentadas têm o objetivo de nortear as

diretrizes apresentadas no Capítulo 6 desta monografia.

3.1 NBR 15.331 Turismo de aventura – Sistema de Ges tão da Segurança

A Norma Brasileira Registrada (NBR) 15.331 (ABNT, 2006) oferece

informações para a prática da gestão dos riscos em atividades de aventura, a norma

não é um fim em si mesma, como a própria norma sugere. Ela deve funcionar

concomitantemente com outros sistemas de gestão, podendo ser de qualidade ou

ambiental.

O sistema de gestão de segurança pode ser adotado por operadoras de

turismo de aventura para demonstrar o comprometimento com a integridade física e

a saúde dos usuários. Entenda-se por operadora não só as agências que

comercializam o pacote turístico, mas também as organizações públicas ou

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instituições privadas que administram áreas de conservação ambiental ou, ainda,

qualquer tipo de atividade econômica que explore o turismo de aventura.

Através de pesquisa na ABNT, observa-se a particularidade deste tipo de

norma, não há registrado o desenvolvimento de norma para atender os Sistemas de

Gestão da Segurança em outro setor econômico, grande parte das informações e

estudos elaborados para a concepção desta norma tem como base a literatura

internacional, onde existem sistemas de gestão de risco em atividades de aventura

desenvolvidos há alguns anos.

Uma grande preocupação na concepção dessa norma é atender a questão da

segurança em atividades do turismo de aventura, de tal forma que ela se complete e

atenda os requisitos da gestão ambiental. As atividades de turismo de aventura são

realizadas com o contato direto entre homem e meio ambiente natural, e as

agressões ambientais não são permitidas para este tipo de atividade econômica. A

demarcação de áreas proibidas com indicativos de alerta é um impacto ambiental

que deve ser evitado, devido o uso de cores fortes que não fazem parte da

paisagem. Esse exemplo mostra como a NBR 15.331 é diferenciada em termos de

engenharia de segurança, onde comumente em locais que apresentem maior risco,

placas e telas com cores chamativas serviriam bem para atender às necessidades

de segurança.

O modelo de gestão de segurança proposto pela norma baseia-se no principio

da ISO para estruturas organizacionais, dividido em cinco princípios fundamentais

que têm como referência básica o ciclo PDCA.

O primeiro princípio é o da Política de Segurança, onde a organização mostra

suas intenções de fazer o que for necessário para garantir o compromisso com a

gestão de segurança.

O segundo princípio é o Planejamento, nesta fase deve ser formulado e

apresentado um plano, em forma de documento com vistas a atender o primeiro

princípio, o da Política de Segurança.

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O terceiro princípio é o de Implantação e Operação, onde a organização deve

usar mecanismos para viabilizar a concretização das metas de Política de

Segurança.

O quarto princípio é o da Verificação e Ação Corretiva, nesta fase a

organização realizará um monitoramento e avaliará o desempenho e as metas

atingidas da Política de Segurança.

O quinto princípio é a Análise Crítica, onde o conselho gestor irá redefinir ou

implantar algo em uma das quatro fases anteriores, a crítica tem o sentido de

melhoramento.

Todos os cinco princípios em que se baseia a norma são finalizados no último

estágio e estendidos para uma busca da Melhoria Continua. Dessa forma o sistema

de gestão de segurança é abordado como uma estrutura organizacional que tem a

preocupação com a revisão contínua dos seus princípios. Esse tipo de modelo

proposto conduz à participação de todos os indivíduos envolvidos no sistema de

gestão, de modo a atribuir responsabilidades individuais na melhoria da segurança.

Dentro da Política de Segurança proposta pela norma são abordados dez itens

para nortear a construção de uma política de gestão da segurança. Alguns pontos

podem ser acrescentados do ponto de vista da engenharia de segurança. Por

exemplo: apontar que as ações de prevenção se sobrepõem às ações de reparação,

essa dicotomia, prevenção versus reparação busca estimular e incentivar as

operadoras de turismo de aventura a adotarem as políticas de segurança, podendo

ser estabelecido instrumentos de certificação de qualidade na gestão dos riscos.

Ainda pelo ponto de vista da engenharia de segurança, outro item a ser contemplado

na Política de Segurança é a capacitação dos recursos humanos, falta a indicação

para a formação de instrutores para ações educativas junto a operadoras, e até

mesmo na capacitação de guias ou condutores comprometidos com a gestão de

segurança.

O planejamento sugerido pela norma é dividido em quatro fases: identificação,

análise, avaliação e tratamento dos riscos. Tem como base as normas de

gerenciamento em projetos de risco elaborado pela Padronização Australiana e

Neozelandesa a AS/NZS 4360 publicada pela primeira vez em 1995 e modificada

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em 2004. Esse modelo é consistente, por isso é utilizado por grande parte dos

profissionais e órgãos ou instituições que trabalham com gestão de riscos, são

usadas como diretrizes em projetos de risco. Os passos do processo de

gerenciamento são sete e, segundo Cooper (2005), para cada um dos passos há um

questionamento para melhor compreensão e desenvolvimento dos passos:

Quadro 1 – Questões para o gerenciamento de projetos Passos do Gerenciamento de riscos Questionamentos gerenciais

Estabelecer o contexto O que nós queremos realizar? Identificar riscos O que pode acontecer? Analisar riscos O que é estabelecido pelo projeto principal? Avaliar riscos O que é mais importante? Tratar riscos O que vamos fazer a cerda disso? Monitorar e revisar Como agir para manter sob controle? Comunicar e consultar Quem está envolvido no processo?

Fonte: Cooper (2005)

Os passos de monitoramento e revisão, bem como comunicação e consulta,

são ligados aos outros cinco passos para garantir que cada fase do gerenciamento

esteja sendo acompanhada por pessoas com responsabilidades atribuídas em cada

passo e seja garantido o processo de melhoria continua.

O objetivo principal do gerenciamento de riscos é identificar e gerir de forma

significativa o risco. Isto envolve fases complexas, com monitoramento e revisão de

processos continuamente. Uma boa base para o gerenciamento dos riscos é o

gerenciamento das atividades ou monitoramento dos processos. A norma expõe

amplamente as formas de análise e evolução dos riscos.

3.2 NR - 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambien tais

A Norma Regulamentadora (NR) número-9 é a norma que estabelece a

obrigatoriedade da elaboração e implantação de um programa de prevenção de

riscos ambientais para garantir a integridade física dos trabalhadores em um

ambiente de trabalho devidamente constituído, considerando a proteção ao meio

ambiente e os recursos naturais.

A norma regulamentadora deve ser utilizada em conjunto com a NBR 15.331,

pois ela estabelece parâmetros mínimos com diretrizes gerais. Os agentes

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ambientais compatíveis com a prática de atividades de turismo de aventura são os

físicos, químicos e biológicos. Pode-se considerar como agente de risco físico as

ações não ionizantes provocadas pelo sol. A exposição aos agentes químicos fica

por conta da absorção através da pele de substâncias urticantes, caso haja contato.

Os agentes biológicos podem vir por parasitas como a sanguessuga ou por fungos

advindos da umidade nos pés, por exemplo.

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deve ser examinado

anualmente, devido suas metas de curto prazo, o que dá objetividade e maior

possibilidade de alcance. O programa contempla a avaliação por meio de uma

comissão ou conselho. Neste caso, deve haver um corpo formado por pessoas com

qualificação técnica para julgar os procedimentos adotados para o programa.

De um modo geral, o programa busca a antecipação dos riscos, e implantação

das medidas adequadas para contornar os riscos. A norma sugere uma avaliação

quantitativa para mensurar a exposição aos riscos. As medidas de proteção devem

seguir hierarquicamente; em primeiro lugar deve-se eliminar os riscos quando não

for possível, deve-se tentar a redução ao máximo.

A utilização de EPIs é abordado pela norma. São apontados as necessidades

da escolha adequada para cada tipo de atividade, a capacitação para a utilização

correta do equipamento de proteção individual e manutenção adequada para um

bom desempenho para quando forem exigidos esforços ao EPI.

Responsabilidades são atribuídas para os atores que compõem o ambiente,

tanto os gestores quanto os usuários, guias e clientes, todos devem participar no

cumprimento do PPRA, possibilitando a interrupção das atividade quando da

possibilidade grave de risco.

3.3 Norma Regulamentadora - 21 – Trabalho a Céu Abe rto

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A norma aponta a necessidade de um abrigo, mesmo sendo rústico, a intenção

é a de proteger o usuário das intempéries, diminuindo a intensidade das lesões e

maus súbitos que possam ocorrer.

3.4 BS 8800 Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional

Elaborado pela British Standard Institute (BSI) a norma procura integrar o

gerenciamento de saúde e segurança ocupacional com a administração de outros

processos da empresa. Possui diretrizes bastante genéricas que podem ser aplicada

em organizações de grande porte bastante complexas, ou em organizações de

pequeno porte com baixo risco. Um dos principais focos da norma é o

estabelecimento de uma imagem responsável para o mercado consumidor.

A BS 8800 é uma norma inglesa que é integralmente ajustável às Normas

Regulamentadoras brasileiras, e pode ser complementada com outros sistemas de

gestão como: qualidade e ambiental.

Como a norma define princípios de gerenciamento e comportamento, uma

política de segurança deve ser adotada para dar início ao processo de gestão. É

importante lembrar, mais uma vez que, a política é determinada pela alta gestão da

organização e deixa claro o comprometimento com a segurança. A política sugerida

pela norma deve conter: reconhecimento que segurança é parte integrante do

desempenho da organização; o comprometimento com o alto nível de desempenho;

a utilização de ferramentas adequadas para o funcionamento da gestão de

segurança; estabelecimento de metas; a divulgação em todos os níveis de

interessados; a participação coletiva dos envolvidos e é claro a busca da melhoria

continua.

A BS 8800 sugere a implantação de análise inicial para diagnosticar o

desempenho do sistema de gestão. O segundo passo é a formatação de uma

política de segurança. Na seqüência tem-se a elaboração de um planejamento para

avaliar os riscos, identificar os requisitos legais que podem ser aplicados, utilizar

meios de mensuração dos resultados e acompanhamento de melhoria contínua. Na

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quarta fase responsabilidades são atribuídas durante o controle do sistema de

segurança. O quinto e mais importante passo é a documentação que sai como

resultado dos passos anteriores e deve estar acessível a todos. Por fim, com vista

na melhoria continua, a verificação e adoção de ações corretivas rápidas e eficazes.

3.5 OHSAS 18.001 Sistema de Gestão para Segurança e Saúde Ocupacional

A OHSAS 18.001, apesar da sigla não é uma norma britânica, ela é publicada

pela BSI, quem possui os direitos de cópia. A OHSAS 18.001 foi elaborada por treze

instituições de padronização distribuídas pelo mundo. A tradução da sigla OHSAS é

“séries de especificações para avaliação de saúde e da segurança”. Entrou em vigor

no ano de 1999, as especificações foram criada para atender à necessidade de um

padrão reconhecido para a saúde ocupacional e segurança a partir do qual as

empresas pudessem ser avaliadas e certificadas pela gestão de segurança.

Não são estabelecidos critérios para o desempenho de Saúde e Segurança do

Trabalho, também não é contemplado pela norma detalhamento para o projeto de

um sistema de gestão. A aplicação correta da OHSAS 18.001, não exime a

organização de acompanhar as exigências legais vigentes.

Essa norma foi desenvolvida para ser compatível com a gestão da qualidade

ISO 9.001 e com a gestão ambiental ISO 14.001, para facilitar a integração entre os

sistemas. Nos anexos é apresentada a tabela – 7, que mostrando a correspondência

entre esses três sistemas de gestão.

3.6 SA 8000 – Norma de responsabilidade social

A responsabilidade social contribui para a sustentabilidade de um determinado

setor econômico, o comprometimento em resolver problemas sociais é um atrativo

para tomar a sociedade como parceira no empreendimento, uma vantagem

competitiva que chama a atenção do Estado e outras instituições econômicas.

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A responsabilidade social nasce de projetos, como: meio ambiente, educação,

geração de emprego e renda e apoio cultural. Em geral, esta norma atende às

necessidades da declaração universal dos direitos humanos.

A norma SA 8000 foi elaborada pela SAI (Social Accountability Internacional)

na cidade de Londres em uma convenção internacional, e tem como objetivo

possibilitar que organizações desenvolvam políticas de gerenciamento de

oportunidades do exercício da cidadania, através de conformidades com requisitos

estabelecidos.

Segundo Oliveira (2002), entre os requisitos estabelecidos pela norma, pode-se

citar: a não exploração do trabalho infantil; a concessão de um ambiente de trabalho

seguro, saudável e agradável, adotando medidas de prevenção a acidentes e

doenças ocupacionais e; deve ser assegurado a remuneração do trabalho para

atender às necessidades básicas do trabalhador.

Essa norma apresenta subsídios para a exploração do desenvolvimento

sustentável, que tem como base a preservação da qualidade dos sistemas

ecológicos, a necessidade de um crescimento econômico para atender às

necessidades sociais e a manutenção dos recursos par as gerações futuras.

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51

51

4 O PARQUE ESTADUAL DA PEDRA DA BOCA

4.1 Situação Geográfica

Localizado no Município de Araruna, micro região do Curimataú Oriental,

dentro do Agreste paraibano com coordenadas geográficas 35º44’12’’ de Longitude

Oeste de Greenwich e 6º31’18’’ de Latitude Sul, com uma altitude de 580 metros

acima do nível do mar.

Araruna faz fronteira ao Norte com o município de Passa e Fica do vizinho

estado do Rio Grande do Norte, Sul e Oeste com o município de Cacimba de Dentro,

a Leste com o município de Campo de Santana e Riachão. Fazendo parte do

complexo da Borborema, o município tem, em suas formas de relevo, duas serras,

Araruna e Confusão. Estas vão originar os processos erosivos formadores das

diversas simbologias existentes no Parque Estadual.

Figura 3 – Localização da Pedra da Boca – Araruna-PB

Fonte: PERH, 2006

As temperaturas variam entre 18° e 28°, com clima q uente e úmido,

característico de um Brejo serrano, com uma precipitação pluviométrica em torno

dos 1.200 mm (IDEME,1997). O clima frio e um ambiente sempre provido de chuvas

orográficas permitem o desenvolvimento de culturas de várias espécies agrícolas.

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O Parque Estadual Pedra da Boca (PEPB), está situado em uma cota

altimétrica de 334 m, possuindo um clima mais quente que as demais áreas do

município a qual pertence. Segundo Ferreira (2004), a vegetação mais característica

é a de Caatinga, a área tem, em algumas partes, elevadas matas densas e úmidas

características de Caatinga Serrana, o que também acontece nos seus vales e

vertentes.

Uma pequena comunidade reside, atualmente, no entorno do PEPB. Por sua

mobilidade migratória, contam-se em média dezoito famílias, em um local que já fora

bastante próspero e povoado.

Toda a terra em volta do PEPB está dividida entre um número mímimo de

pequenos proprietários, cerca de 6 famílias, e uma grande extensão pertencente a

pessoas que residem em João Pessoa - PB e Natal-RN, dando foro às famílias que

não têm terra própria.

Desde 1995, ano em que se efetiva a visitação no PEPB, com a prática

extencionista de atividades dos alunos, e com a comunidade, da Faculdade UNIPÊ,

o lugar vem tomando notoriedade e se tornando, a cada dia bastante conhecido e

divulgado pelos seus freqüentadores.

4.2 Descrição do Parque Estadual da Pedra da Boca

Criado a partir de Decreto Estadual nº 20.339 de 07 de fevereiro de 2000. Com

uma área total de 157,26 hectares de terreno totalmente irregular em sua topografia.

Há dentro do parque um Santuário, uma construção moderna, com arquitetura

em forma de arena para a devoção do catolicismo, sob a responsabilidade da

Arquidiocese de Guarabira, pólo regional próximo ao parque. A edificação é

equipada com banheiros, lanchonetes e amplo estacionamento. As romarias

acontecem no dia 13 de cada mês.

As trilhas que serpenteiam a área do parque não estão devidamente

catalogadas por falta de uma estrutura adequada de controle. Segundo Ferreira

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(2004) as trilhas mais utilizadas são: a trilha da Aventura, a trilha do Letreiro, a trilha

do Forno, a trilha da Mata do Gemedouro e a trilhas do Coração.

O acesso ao parque se dá por uma estrada de barro, que tem início dentro da

cidade de Passa e Fica, no vizinho estado do Rio Grande do Norte. Em períodos de

inverno rigoroso, o rio Calabouço que divide os dois estados dificulta o acesso ao

parque devido à amplitude das áreas alagadas, da profundidade e velocidade que

apresenta o rio.

4.3 Esportes de Aventura

As modalidades esportivas exploradas e desenvolvidas no parque são:

montanhismo em geral, caminhadas de longo ou pequeno percurso, técnicas

verticais de descida por corda (rappel), exploração de caverna (caving), mountain

bike, corridas de aventura e de orientação. Essas atividades são praticadas por

pessoas que chegam ao parque em dupla ou em grupos bem maiores. O perfil dos

turistas são os mais diversos, com níveis de habilidade, em muitos casos, baixo. O

condicionamento físico, em geral, é duvidoso. Os guias ou instrutores, em geral, são

apenas práticos na modalidade esportiva. E, a maioria dos usuários utiliza

equipamentos de segunda linha. Todos os fatores propensos a um acidente, podem

ser diagnosticados, na grande maioria dos visitantes.

4.4 Turismo Cientifico

Segundo Ferreira (2004), o parque é visitado por pesquisadores de diversos

lugares, já foram registradas as presenças de professores da USP, UFRN, UFRJ,

UERN, UFPB e UEPB. Todos em busca de subsídios para suas pesquisas, devido

às características da diversidade da fauna e flora da Caatinga de altitude, inclusive

com a descoberta de espécies endêmicas na região.

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4.5 Turismo Escolar

As escolas de ensino fundamental e médio da região realizam atividades extra-

classe, utilizam o parque como laboratório para a extensão ao ensino acadêmico.

As instituições de ensino fundamental e médio dos municípios próximos ao

Parque, realizam visitas para que os alunos tenham contato com as formações

rochosas, com a fauna e com a flora do Parque Estadual da Pedra da Boca.

As visitas agendadas têm a intenção de enriquecer o conteúdo das disciplinas

de geografia e biologia.

4.6 Turismo Religioso

Há indícios de que na década de 30, muito antes da criação do parque, o local

já era visitado por romeiros, devotos de N.S. de Fátima.

Uma estátua de N.S. de Fátima foi colocada em uma das pedras que compõe o

cenário do parque, a imagem da Santa atrai multidões sempre no dia 13 de maio e

nos últimos anos no dia 13 de novembro, são procissões realizadas pela

Arquidiocese de Guarabira.

O cortejo é acompanhado por mais de 10.000 romeiros a cada ano, esse

número tende a aumentar graças a construção de um Santuário, uma estrutura em

concreto armado, em formato de arena elaborada para o turismo religioso.

4.7 Turismo Contemplativo

O parque é ponto de visita de turistas que gostam apenas de observar a

paisagem, é o chamado turismo contemplativo.

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Alguns dos turistas realizam pequeníssimas caminhadas para obter uma

melhor visão para uma foto.

A observação e o uso dos sentidos são os atrativos, a contemplação a

natureza é motivo principal desse tipo de turista. Sentir o ar puro, os ventos e poder

desfrutar de uma bela paisagem.

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5 GESTÃO DOS RISCOS

A gestão dos riscos facilita o cumprimento para atingir os bons resultados de

um projeto, dependem apenas da perspicácia, conhecimento e confiança para a

escolha da melhor decisão tomada. Entenda-se como projeto, os pacotes e roteiros

oferecidos ao turista de aventura.

A gestão dos riscos é um processo que usa quatro ferramentas da

administração com o intuito de minimizar os efeitos adversos de acidente.

As atividades do turismo de aventura têm um alto grau de incertezas,

principalmente devido a sua execução, essas incertezas de eventos ou condições

são adversárias aos objetivos das atividades, a gestão dos riscos em atividades de

aventura serve para transformar as incertezas em aliadas, de forma a promover uma

maior qualidade e satisfação na prestação do serviço de aventura.

As ferramentas administrativas utilizadas na gestão dos riscos são:

1 Planejamento: reconhecer e tratar os riscos para fazer um melhor

aproveitamento das oportunidades e estabilizar as ameaças;

2 Organização: mobilizar de forma adequada os recursos humanos

e materiais envolvidos na atividade;

3 Coordenação: direcionar as atividades, analisando os riscos

inerentes, gerenciando os recursos aplicados no desenvolvimento da

atividade;

4 Controle: conhecer e acompanhar os passos do desenvolvimento

sem perder a direção até o resultado final, é a principal ferramenta na

gestão dos riscos de uma atividade.

A ferramenta administrativa de controle deve ser bastante enfocada em turismo

de aventura, pois como já foi mencionada em capítulos anteriores, a maioria das

agências de turismo não detêm o controle dos passos no desenvolvimento da

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atividade. No entanto, para a gestão dos riscos em atividades de aventura, ela é,

sem sombra de dúvidas, a principal ferramenta da gestão dos riscos.

Segundo Cooper (2005), o suporte para melhor decisão sobre um plano é dado

pelo desenho dos processos, modificação do plano de contingenciamento e

melhoramento na alocação dos recursos.

O gerenciamento dos riscos fornece estrutura para evitar surpresas, através de

ferramentas para diminuir os riscos. Pode ser utilizada em qualquer setor de

produção econômica e em qualquer tamanho de projeto.

Um determinado risco pode ter origem ainda quando da concepção do projeto.

As informações e dados sobre o projeto (pacote turísticos) a ser implantado devem

ser bem definidas, as considerações podem ser as mais amplas possíveis para se

ter um panorama vasto da gestão. Os riscos de um projeto podem ter três

ramificações diferentes: riscos técnicos, riscos de gestão e riscos comerciais.

Figura 4 – Riscos de projeto Fonte: Project Mangement Institute – PMBOK, 2000.

5.1 O projeto de gerenciamento de risco

Segundo Cooper (2005), o risco pode ser considerado anteriormente na fase

de planejamento do projeto, e o gerenciamento das atividades de risco pode ser

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observado continuamente em cada parte do projeto. O plano de gerenciamento dos

riscos pode ser uma parte integral de uma organização.

Identificação, análise e avaliação do risco, contribuem significativamente para o

sucesso do projeto.

É importante que o projeto seja aceito pelas partes interessadas nas atividades

de risco, todo o processo deve ser conduzido de forma transparente e com efetiva

comunicação entre as partes.

Três fundamentos para gerenciamento de projetos são apresentados por

Cooper (2005):

1 Identificação, análise e avaliação prévia, e desenvolvimento de

planos para a manipulação dos riscos;

2 Atribuição de responsabilidades ao grupo, quando necessário,

implementação de novas práticas, procedimentos e sistemas;

3 Garantir que os custos para a redução dos riscos são

compatíveis com a importância do projeto e riscos envolvidos.

Algumas definições devem ser apontadas dentro de um projeto de riscos,

segundo Cooper (2005), temos:

Risco é a exposição a uma conseqüência incerta. Uma mudança para algum

acontecimento que terá impacto sobre o projeto.

Gerenciamento dos Riscos processo e estrutura adotados pelo gestor para

conter os efeitos adversos ao projeto;

Processo de Gestão dos Riscos é a sistemática aplicada para gerir os

conflitos das tarefas estabelecidas durante a execução do projeto;

Identificação dos Riscos é o processo de determinação do que, como e

quando algo diferente a cerca do projeto pode acontecer;

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Análise dos Riscos é o uso sistemático de informações disponíveis para

determinar como especificamente muitos eventos podem ocorrer, e apresentar a

magnitude de suas conseqüências;

Tratamento dos Riscos estabelecimento e implantação de condutas de

respostas para os riscos.

Outras definições são apontadas por Araújo (2004):

Perigo uma ou mais condições de uma variável com o potencial necessário

para causar danos;

Segurança é frequentemente definida como “isenção de perigos”. Entretanto, é

praticamente impossível a eliminação completa de todos os perigos. Segurança é,

portanto, um compromisso acerca de uma relativa proteção de exposição a perigos.

É o antônimo de nível de perigo;

Nível de perigo expressa uma exposição relativa a um perigo, que favorece a

sua materialização em danos;

Dano é a gravidade da perda humana, material ou financeira que pode resultar

se o controle sobre um perigo é perdido;

Causa é a origem de caráter humano ou material relacionado com o evento

catastrófico (acidente), pela materialização de um perigo, resultando em dano;

Perda é o prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de

ressarcimento por seguro ou por outros meios;

Sinistro é o prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de

ressarcimento por seguro ou por outros meios;

Incidente qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos.

A adoção de um projeto de riscos deve ser feita quando há incertezas sobre o

futuro, isso pode ocorrer devido às mudanças inerentes no andamento do projeto,

onde são envolvidos recursos humanos e materiais.

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Por se tratar de uma gestão de riscos de segurança, o fator humano tem peso

preponderante na gestão da segurança, nesse sentido devemos adotar a figura do

prevencionistas, que segundo Malchaire (2003) apresenta a seguinte definição:

Prevencionistas são pessoas com determinada formação em segurança e

saúde e que desenvolveram uma motivação particular para reconhecer, prevenir,

avaliar e reduzir os riscos.

5.2 Gerenciamento do risco

Um projeto de gestão de riscos deve ser elaborado para entrar em

funcionamento de forma gradativa, em fases.

Segundo Cooper (2005), um projeto de gerenciamento de riscos é iniciado e

tem diferentes estágios, onde o início de uma fase depende da antecessora, como

mostra a figura a seguir:

Figura 5 – Perfil de andamento de projeto.

Fonte: Cooper, 2005

O objetivo do gerenciamento dos riscos é identificar e gerir significativamente o

risco. Em muitos casos o projeto de riscos é envolvido em outro processo de gestão.

5.3 Identificação do risco

Segundo Cooper (2005) a identificação do risco deve ser um processo

compreensivo, um risco que não é identificado não pode ser tratado. O processo é

estruturado usando elementos essenciais de análise sistemática do risco, em cada

área do projeto. Uma grande quantidade de técnicas pode ser utilizada para a

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identificação dos riscos, mas o brainstorming é o método preferido por ter uma

metodologia flexível e eficaz.

A identificação dos riscos pode utilizar informações, como: dados históricos,

análise teórica, dados de análise empíricos, coleta de informações de outros projetos

de gestão e informações de campo.

5.4 Tratamento do Risco

O tratamento do risco envolve: identificação das opções para redução da

probabilidade ou conseqüência do caso extremo; determinação do custo - beneficio

da opção de tratamento; escolha da melhor opção; e desenvolvimento de um plano

detalhado de risco.

Um plano de ação deve ser desenvolvido e implementado para tratar de forma

particularizada o risco.

Durante a identificação das responsabilidades e avaliação dos processos,

contidas dentro da política de segurança, os responsáveis pelo tratamento devem ter

uma abordagem estratégica de gerenciamento dos riscos de modo a observar:

1. Eliminação dos riscos;

2. Diminuição da exposição aos riscos;

3. A prevenção dos riscos;

4. Mitigação dos impactos.

5.4.1 Eliminação do Risco

Prevenções estratégicas são adotadas para reduzir substancialmente a

probabilidade da ocorrência do risco.

Segundo Buckley (2005), a prevenção inclui:

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1. Maiores detalhes no planejamento;

2. A seleção de possibilidades alternativas;

3. Uso de sistemas de engenharia;

4. Mudança de procedimentos;

5. Permissão de trabalhos;

6. Proteções de segurança física;

7. Manutenções Preventivas;

8. Revisão de operações;

9. Treinamento e conscientização.

5.4.2 Diminuição da exposição aos riscos

Em geral essa é a principal forma de gerenciamento dos riscos, atribuição de

responsabilidades para garantir um melhor controle e gerenciamento das atividades

desenvolvidas.

O risco é avaliado, identificando como eles podem surgir, e a partir dessa

identificação, uma série de procedimentos são construídos e elaborados para guiar

cada parte do desenvolvimento da atividade de forma gerencial para contornar o

risco.

Para a gestão dos riscos em turismo de aventura, essa forma de tratamento é

uma maneira de transferência de responsabilidade, mecanismos e protocolos de

procedimentos são elaborados e lançados aos usuários. Desde que haja uma

competência dos usuários e o local da atividade tenham os dispositivos necessários

a garantir a segurança, o tratamento do risco terá alta probabilidade de eficiência.

5.4.3 Mitigação de impacto

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Segundo Buckley (2005), a mitigação de impacto tem a finalidade de minimizar

as conseqüências dos riscos. Em outras palavras, o que se pode dizer é que o risco

permanecerá; existe a probabilidade de outros riscos aparecerem. De fato, o que

pode ser feito é a redução das conseqüências. A redução é feita por uma prevenção

estratégica de riscos. Porém, o risco principal continua presente, de forma

“silenciosa”. A estratégia para a redução de impactos inclui:

1. Plano de contingenciamento;

2. Barreiras estruturais de engenharia;

3. Separação ou re-locação de uma atividade ou recursos;

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6 DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS

Um sistema de gestão de riscos é uma ferramenta da engenharia de segurança

para a prevenção de acidentes, e pode ser amplamente usada em operadoras do

turismo de aventura, deste que haja um comprometimento da gerência em se

antecipar aos riscos.

O tratamento aos riscos no segmento de turismo de aventura, tem caráter de

urgência, considerando o elevado nível de acidentes registrados com ampla

divulgação em rede nacional de televisão. A NBR 15.331 foi criada para contribuir na

diminuição dos números de acidentes e incidentes no setor turístico.

Como já foram apresentados de maneira geral, os investimentos para a

comercialização do turismo de aventura são altos, os equipamentos são

especializados e diferenciados para garantir a segurança, e os guias devem ter um

nível de instrução e conhecimentos necessários para atender as solicitações em um

ambiente natural. Além de tudo isso, o turismo de aventura é o setor com menor

índice de procura do ramo, ou seja, o tempo de retorno dos investimentos é

relativamente longo.

Devido aos elevados custos envolvidos para a operacionalização de um pacote

turístico de aventura, dificilmente as agências de turismo procuram implementar um

sistema de gestão de riscos dentro da empresa, mesmo porque, em grande parte o

serviço de turismo de aventura é terceirizado a uma empresa prestador de serviços.

Uma saída para o efetivo comprometimento das agências, seria a adoção e

implantação do Sistema de Gestão dos Riscos por parte das Unidades de

Conservação Ambiental, ou seja, o destino de aventura deve possuir e exigir níveis e

padrões estabelecidos para garantir a integridade física do usuário.

As diretrizes para a implantação de um Sistema de Gestão de Riscos nas

Atividades de Turismo de Aventura no Parque Estadual da Pedra da Boca será

descrito a seguir.

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6.1 Política de segurança

A administração de qualquer órgão, empresa ou instituição implica

necessariamente na tomada de decisões, a escolha de determinadas medidas irão

apontar quão segura ou insegura é a forma de gerenciamento adotada. Boas

decisões sobre segurança são determinadas quando existem estabelecidas as

metas. Enquanto não forem determinadas as metas o uso efetivo de qualquer

ferramenta de segurança não terá resultado algum, pois não se tem conhecimento

de quais os pontos devem ser avaliados nem tão pouco se conhece as restrições a

serem impostas.

Segundo McKinson (2007), os objetivos de uma Política de Segurança são

avaliados pelas escolhas analisadas e contrapostas de forma a determinar um

balanço entre as opções propostas. De modo geral devem partir de três

determinantes:

a) Serviços oferecidos x Segurança fornecida: os serviços ofertados

para os clientes já possuem um risco inerente. Há possibilidade de

serviços oferecidos onde o risco é mais elevado, cabendo ao gestor a

eliminação ou torná-lo mais seguro;

b) Facilidade de uso x Segurança: os serviços mais comuns e

fáceis de utilização, deveria permitir o acesso a qualquer cliente que se

disponha a fazer uso sem a devida comprovação de habilidades prévias,

ou seja, não haveria restrições. Solicitar dos clientes uma habilidade

prévia torna o serviço menos conveniente, no entanto, mais seguro.

c) Custo da segurança x Risco da perda: os custos podem ser

diferentes para cada medida a ser adota: pode exigir desembolso de

dinheiro para a implantação de medidas físicas de segurança; ou apenas

exigir a divulgação de um ato legal. O risco também possui níveis que

podem aumentar ou diminuir as perdas, um ato institucional pode

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aumentar a perda de clientes, mas pode elevar o nível de satisfação de

outros e atrair outro tipo de cliente.

Os objetivos, depois de avaliados e analisados de forma a equilibrada por um

corpo técnico competente, devem ser amplamente divulgados e comunicados a

todos os usuários e operadores, através de um conjunto de regras de segurança,

chamado de Política de Segurança.

6.1.1 Definição de uma Política de Segurança

Política de Segurança é a expressão formal das intensões da administração

através de regras pelas quais é fornecido acesso aos serviços, apropriando o nível

de risco envolvido.

6.1.2 Intenções de uma Política de Segurança

A principal intenção de uma Política de Segurança é informar aos usuários e

operadoras as obrigações a serem cumpridas para garantir a proteção e integridade

física de todos. Os mecanismos para alcançar os requisitos de segurança devem ser

especificados.

6.1.3 Formulação de uma Política de Segurança

Para que uma Política de Segurança se torne efetivamente apropriada, ela

deve ter aceitação dos usuários dos serviços prestados. É importante também, que

haja um suporte da administração para complementar o processo de implantação da

política de segurança, estando sujeito a não alcançar o impacto desejado caso não

se tenha um envolvimento maciço.

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Deve haver o envolvimento de alguns atores durante a criação e revisão dos

documentos de Política de Segurança, quais sejam:

a) A administração da unidade de conservação;

b) Os representantes do porder público responsável pela unidade

de conservação;

c) Os representantes das operadoras de turismo;

d) Representantes das entidade de classe de usuários dos serviços;

e) Os representantes da comunidade local;

f) A equipe técnica de engenharia e segurança.

Esses representantes, de forma geral, agregam conhecimento e podem discutir

sobre pontos críticos e conflitantes, como: orçamento, qualificação de pessoal,

medidas legais, opções de novos serviços, contenção ou ampliação do fluxo

turístico, formas de divulgação, realização de eventos e todas as atividades que

podem ser exploradas, mantendo a preservação ambiental e a segurança dos

usuários.

A participação desses atores é importante para que a aceitação da política de

segurança atingida as metas com rapidez.

6.1.4 Características de uma Política de Segurança

As características de uma boa política de segurança podem ser classificadas

pelas seguintes ações:

a) Implementação através de medida administrativa, com a

publicação das regras de segurança a todos os usuários;

b) Exigência do cumprimento das regras de segurança, com a

possibilidade de sanções ao não cumprimento, por parte do usuário;

c) Definição clara das áreas de atuação e das responsabilidades

dos atores.

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As ações apresentadas são medidas administrativas, que de preferência

devem ser complementadas com as seguintes medidas:

a) Distribuição de manuais e guias de comportamento dos

usuários e procedimentos a serem adotados pelas operadoras,

especificando os requisitos mínimos exigidos para a boa conduta de

segurança na unidade de conservação;

b) A fiscalização deve ser permanente. O monitoramento de

ações e atividades desenvolvidas pelos usuários e operadoras deve ter

um acompanhamento, podendo ser através de uma medida de controle

durante a entrada e/ou a saída da unidade de conservação;

c) Uma exposição para definir os direitos, os privilégios,

obrigações e condutas para a manutenção da unidade de conservação. É

preciso que seja uma explanação, de preferência em um local apropriado

ou na entrada da unidade de conservação. Deve servir também como um

“cartão de boas vindas”;

d) Na medida do possível, deve ser apresentado ao usuário um

protocolo de ações e condutas em caso de incidentes, para onde se

dirigir, quem procurar, quais são os meios de comunicação: freqüência do

rádio ou um sinal sonoro;

e) Devem ser apresentados em mapas os pontos remotos, com

dificuldade de acesso e os pontos obscuros, onde o acesso para um

possível resgate é praticamente nulo;

f) Garantir a manutenção dos serviços da unidade de

conservação. À participação solidária entre a administração da unidade

de conservação e os usuários. Os usuários podem auxiliar a

administração mantendo as trilhas abertas e colaborando na renovação e

recuperação dos equipamentos para a prática das atividades;

g) Disponibilizar uma forma de contato com a administração da

unidade de conservação de forma que o usuário demonstre seu nível de

satisfação e faça sugestões ou reclamações.

Uma parte dessas ações, como a fiscalização e as sanções, deve ser

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considerada pelas leis vigentes, para garantir o cumprimento e evitar problemas

judiciais.

A Política de Segurança, depois de estabelecida, deve ser claramente

comunicada aos usuários e operadoras, sendo registrada através de documento

assinado pelos atores, confirmando a plena consciência e que concordam com os

termos da política estabelecida.

A assinatura do documento é uma das partes mais importantes e, com toda

certeza, até chegar essa fase, talvez, muitos conflitos terão sido gerados. No

entanto, o recolhimento das assinaturas é a garantia legal para a segurança dos

usuários da unidade de conservação.

Por fim, a Política de Segurança deve ser revisada regularmente para verificar

se há absorção e suporte por parte dos usuários, para garantir o sucesso às

necessidades de segurança.

6.1.5 Manutenção de uma Política de Segurança Flexível

Para que a Política de Segurança seja viável em longo prazo, é necessária

uma flexibilidade considerável, devendo ser pertinente e independente de regras e

interesses políticos-econômicos.

Os dispositivos para a atualização da Política de Segurança devem ser

estabelecidos de forma clara.

Sempre que possível, a Política deve expressar quais são as expectativas e os

resultados esperados para a existência de cada regra a ser cumprida.

A melhor Política de Segurança é aquela em que as regras são concisas,

objetivas, curtas e diretas. O risco de não ter a política estabelecida cresce quando

as ações são extensas e de difícil disseminação.

No apêndice A é apresentada uma política de segurança proposta para a

unidade de conservação Parque Estadual Pedra da Boca.

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6.2 Planejamento

A fase do planejamento deve ser formulada e apresentada em forma de

documento, com vistas a atender a Política de Segurança. Este documento tem o

objetivo de trazer elementos que permitam evitar, resolver e minimizar os problemas

relacionados aos riscos.

6.2.1 Estratégia SOBANE

Como primeira opção de trabalho é apresentado a metodologia DEPARIS

(Diagnósticos Participativos dos Riscos), onde a situação de trabalho é

sistematicamente revisada e todos os aspectos que condicionam a facilidade, a

eficácia e satisfação no trabalho são discutidas, com o intuito de pesquisar medidas

concretas de prevenção (Malchaire, 2003). Esse método tem uma característica de

fácil compreensão, para os usuários e operadores, as primeiras avaliações dos

riscos e melhorias são feitas por quem realmente atua no setor a ser avaliado. O

método DEPARIS é parte do nível 1 de uma estratégia de prevenção dos riscos

divididos em quatro níveis, chamada de SOBANE, com abordagens progressivas

para as situações de trabalho e exposição aos riscos.

Segundo Malchaire (2003) a estratégia geral de gestão dos riscos SOBANE

(Screening, OBservation, ANalysis, Expertise) possui quatro níveis: Diagnóstico

preliminar; Observação; Análise e Perícia. As abordagens progressivas para

coordenar com a colaboração entre gestores e trabalhadores (clientes) busca a

realização de uma prevenção mais rápida, mais eficaz e menos custosa.

O diagnóstico preliminar , onde os fatores de riscos são detectados e

reconhecidos, e são colocadas na prática as soluções mais evidentes;

No nível da observação , os problemas que não foram resolvidos são

novamente discutidos de forma mais profunda, analisando os fatores de riscos

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separadamente, as causas e as soluções são discutidas de maneira detalhada;

No nível análise deve ser apresentado onde e quando é necessário se recorrer

a um prevencionista para realizar as medições indispensáveis e desenvolver

soluções específicas;

Por último, a perícia onde em casos mais raros um especialista se torna

indispensável para estudar e resolver um problema específico.

Para o estudo de caso apresentado neste trabalho, adotou-se o Parque

Estadual da Pedra da Boca como local para a realização da pesquisa. O método

adotado auxilia na implantação da segurança, colaborando na manutenção da

integridade física de todos os usuários, colocando em prática os princípios gerais da

prevenção de acidentes, como: evitar os riscos; avaliar os riscos; combater os riscos

na fonte e adaptar as normas de segurança aos usuários.

O documento elaborado deve ser dirigido para todos os tipos usuários, de

modo que todos sejam responsáveis por colocarem em prática as técnicas de

prevenção. A eliminação dos riscos ou a redução a um nível aceitável só é possível

quando existem os meios disponíveis para a realização de um trabalho bem feito,

porém no nível de turismo de aventura, os dados não são suficientes, ou, nem

mesmo foram feitas estatísticas para avaliação precisa dos riscos.

A estratégia SOBANE obedece ao esquema da figura abaixo:

Figura 6 – Esquema geral da estratégia SOBANE de gestão dos riscos Fonte: Malchaire, 2003

As características dos quatro níveis da estratégia SOBANE são apresentadas

pelos critérios da tabela abaixo:

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Quadro 2 – Características dos níveis de estratégia SOBANE Nível 1

Diagnóstico Nível 2

Observação Nível 3 Análise

Nível 4 Perícia

Quando? Todos os casos Se problema Casos difíceis Casos complexos

Como? Observação simples

Observação qualitativa

Observação quantitativa

Mediações especializadas

Custo? Leve

(“10 minutos”)

Leve

(“2 horas”)

Médio

(“2 dias”)

Elevado

(“2 semanas”)

Por quem? Pessoa da empresa

Pessoas da empresa

Pessoas da empresa e

prevencionistas

Pessoas da empresa,

prevencionistas e peritos

Competência: Situação de trabalho Saúde no trabalho

Muito elevada

leve

Elevada média

Médio

Elevado

Leve

Especializada Fonte: Malchaire, 2003

6.2.1.1 Nível 1 - Diagnóstico Preliminar

Objetivo : identificar os principais problemas e dar um tratamento ao risco com

soluções simples. São analisados os problemas que podem induzir o usuário ao

erro, como: trilha fechada, grampos de escalada mal posicionados, bicos de pedra

cortante, lacas de pedra preste a cair, colméias na via, ponto com erosão e solo

escorregadio, etc.

Atores : essa avaliação pode ser realizada com uma comissão de “pré-

expedição” ou até mesmo pelos usuários que estejam usando o local.

Método : a ferramenta simples de análise do risco, a observação in loco pelo

guia, a exposição ao risco no momento da realização da atividade. No entanto, o

mais próximo do ideal é o uso de uma lista de controle estabelecida pelo setor de

atividade.

6.2.1.2 Nível 2 – Observação

Objetivo : os problemas que não foram solucionados no nível 1 fazem parte

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73

deste nível, ou seja, há um aprofundamento, medições podem ser realizadas para

garantir a eficácia da observação. Problemas que parecem constituir um risco e

devem ser tratados prioritariamente, como: a instalação de um grampo para diminuir

o fator de queda, a exigência de um cabo guia para rappel em determinado local, a

instalação de uma corda de serviço para auxiliar em subidas íngrimes, a abertura de

trilhas alternativas, a instalação de placas indicativas, etc.

Atores : há uma necessidade de conhecimento mais especifico da situação em

estudo sob os mais diferentes aspectos, em condições normais de trabalho ou nas

condições anormais. Os fatores de risco deverão ser considerados nesta fase a

partir da competência dos atores e da participação da gestão envolvidas. Nesse

nível já é necessário à presença de um prevencionista.

Método : continua o uso da ferramenta simples de análise do risco, o essencial

é induzir o usuário à reflexão sobre os diferentes aspectos da situação, deve ser

estabelecido quais os fatores parecem constituir um risco importante e devem ser

tratados em primeiro instante.

6.2.1.3 Nível 3 – Análise

Objetivo : quando os níveis de diagnóstico preliminar e observação, não

permitem a redução dos riscos em níveis aceitáveis, a análise dos componentes e a

pesquisa de soluções devem ser utilizadas.

Atores : com o auxilio de prevencionistas usuários do local, os prevencionistas

externos de outros locais de similar atuação, são convidados a dar solução aos

problemas apresentados.

Método : é necessária a avaliação de danos, exposição, risco, e análise da

situação especifica. Podem ser utilizados instrumentos de medição para a

otimização dos problemas.

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74

74

6.2.1.4 Nível 4 - Perícia

Deve ser realizada por pessoas especialistas na área de segurança do trabalho

com a assistência de prevencionistas para apontar detalhes. Em situações

complexas a perícia se faz necessária.

Segundo Malchaire (2003), é importante que se diga que essa estratégia foca

principalmente, a participação dos usuários, ele é o responsável técnico, o centro da

ação de prevenção. Esse método é simples, pois prevê a auto-gestão, e o período

de aplicação é de curto prazo.

6.2.2 Apresentação do método DEPARIS

O método é composto por rubricas que estão no apêndice - B abordando

aspectos das situações de exposição aos riscos. A intenção das rubricas é analisar

do geral para o particular, partindo da organização geral, espaço de trabalho, a

segurança e as ferramentas e meios de atuação.

Nesse método cada rubrica é composta de campos distintos, compostas por

uma breve descrição da situação desejada e uma lista de aspectos que devem ser

controlados. Em outro campo são anotados o que pode ser feito. Em outra parte da

rubrica são feitas as conclusões para dar suporte a um prevencionista na busca da

solução desejada. A pontuação numérica foi evitada escolhendo um esquema de

figuras intuitivo de cores para a situação satisfatória, medida com possíveis

melhorias e com situação perigosa.

Figura 7 – Rubrica do método DEPARIS Fonte: Malchaire, 2003

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75

Dentre os procedimentos para aplicação do DEPARIS é necessário que os

gestores informem aos usuários os objetivos e a necessidade do engajamento de

todos na gestão dos riscos, a realização de reuniões para análise e controle

periodicamente. A rubrica serve apenas para dar suporte e facilitar as discussões,

cria uma estrutura para o debate, não serve apenas para preenchimento dos

quadros.

Os participantes devem ser conduzidos a refletir sobre os custos das soluções

desejadas, e quais os impactos que elas podem causar aos usuários de modo geral,

para isso um breve julgamento pode ser feito através de um esquema, também,

intuitivo, como: zero investimento (0), investimento barato ($), investimento médio

($$), investimento caro ($$$). Por fim os usuários são conduzidos a informar quem

dá a solução, como é essa solução e quando essa solução será implementada.

Esse método serve bem para se ter um diagnóstico preliminar junto às pessoas

que operam com atividade. No entanto ela é meramente qualitativa, o engenheiro de

segurança terá apenas uma idéia subjetiva do risco.

No capítulo oito é apresentado um resultado realizado com o método

DEPARIS, realizado com usuários do Parque Estadual da Pedra da Boca. Os

resultados são apresentados utilizando 10 rubricas, desse estudo resultaram

algumas ações que necessitam da avaliação de uma pessoa com conhecimentos

mais apurados sobre segurança.

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76

7 METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho optou-se por uma pesquisa exploratória,

empírica, empregando um estudo de caso no Parque Estadual da Pedra da Boca, no

município de Araruna – PB, no sentido de verificar a aplicação de algum sistema de

gestão dos riscos no desenvolvimento de atividades de turismo de aventura. Utilizou-

se de uma revisão bibliográfica para tomar como referência para a identificação de

caso e da unidade a ser analisada.

O estudo de caso procurou verificar o nível de entendimento e compreensão

dos usuários sobre gestão de segurança. Procurou-se ainda, verificar a

compatibilidade da implantação de um sistema de gestão de riscos com a realidade

profissional dos usuários, condutores locais e guias de operadoras de turismo de

aventura, bem como procurou adequar às necessidades de segurança para a prática

de atividades de aventura realizadas dentro do PEPB. Verificou-se, ainda, se a

implantação do Sistema de Gestão de Riscos é atendida pelas empresas que

exploram as atividades turísticas no local.

7.1 Modelo da Pesquisa

De acordo com os objetivos gerais desse trabalho, em princípio pode-se dizer

que o estudo tem natureza qualitativa. Segundo Barbosa (2005) apud Dias (2000),

uma pesquisa qualitativa pode ser observada uma vez que esta não busque coletar

resultados quantificáveis e que não se utilize de métodos estatísticos na fase de

coleta de dados.

A realização de pesquisas qualitativas exige uma capacidade de interpretação,

onde o pesquisador assume o papel de tradutor do ambiente pesquisado.

O modelo utilizado para a pesquisa se justifica, pois os levantamentos feitos

apontam à dificuldade que os usuários têm em quantificar o risco de uma atividade

de aventura, sendo mais fácil para os usuários descrever. A partir da visão e

aspectos individuais colhidos na pesquisa, é que se baseia o estudo de caso.

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77

7.2 Elaboração do Estudo de Caso

Considerou-se o método DEPARIS como sendo o de melhor aplicação, devido

à dificuldade de compreensão dos usuários do PEPB, sobre o tema gestão de

riscos.

Utilizou-se o método DEPARIS em entrevistas realizadas individualmente com

oito usuários do Parque Estadual da Pedra da Boca que realizam frequentemente

atividades de turismo de aventura. Foram abordados nas entrevistas, o gestor da

Unidade de Conservação, dois condutores locais, três guia de operadora de turismo

e dois usuário que freqüenta o PEPB.

Para o estudo de caso, de acordo com o método, adotou-se uma atividade de

turismo de aventura, no caso o rappel da aroeira. Foram elaboradas 10 rubricas de

DEPARIS, as quais foram devidamente preenchidas pelos entrevistados.

Optou-se pela atividade rappel, por se tratar de uma técnica de descida por

corda, muito utilizada pelos escaladores para transpor obstáculos, e, no entanto,

muitas pessoas utilizam essa técnica como um esporte, sem ter conhecimento mais

profundo sobre métodos de “auto-resgate”, tipos de ancoragem e procedimentos

necessários à boa descida por corda. Além disso, é de conhecimento dos

escaladores, que o rappel é a atividade que mais causa acidentes e mortes nas

atividades de montanha.

7.3 Análise dos Resultados Obtidos

Os resultados de DEPARIS são bastante variáveis, em alguns casos

observados, os entrevistados se limitam a uma constatação de insatisfação sobre

um determinado aspecto. Em outros casos, são apresentadas soluções bastante

genéricas.

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As rubricas são elaboradas de forma que haja uma redundância parcial entre

elas. Sendo assim, alguns aspectos devem ser observados várias vezes. No

entanto, buscou-se evitar as redundâncias e permitir que as rubricas fossem

complementares umas as outras, sendo a separação total entre elas uma situação

indesejável. A idéia principal do modo de elaboração das rubricas é que seja um

conjunto de aspectos onde elas se interagem, interferem, se reforçam e se

neutralizam.

De maneira geral, os aspectos apresentados nas rubricas de DEPARIS, são

importantes para o envolvimento dos usuários no processo de implantação de um

sistema de gestão de riscos, melhorando o entendimento e a compreensão

necessárias a melhoria contínua da segurança.

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8 RESULTADOS E DISCUSSÕES

8.1 Apresentação dos resultados

Dos oito conjuntos de rubricas aplicadas, todos os usuários que se depuseram

a preencher as rubricas apresentaram dificuldades no entendimento do que deveria

ser colocado na rubrica. Todos foram devidamente orientados, individualmente,

sendo as dúvidas e questionamentos retirados no momento do preenchimento.

A amostra pode ser considerada excelente, pois abrange os diversos tipos de

atores do Parque Estadual da Pedra da Boca, desde a direção da Unidade de

Conservação, passando pelas operadoras e guias do local, até o simples usuário

que visita o parque.

Mesmo com a grande subjetividade com que cada pessoa percebe a questão

da segurança nas rubricas propostas, os dados foram compilados. Como critério,

utilizou-se as sugestões mais similares e unânimes, bem como as expressões de

pensamentos e idéias de maior relevância.

Os resultados são demonstrados conforme sugere o método DEPARIS, através

do resumo das dez rubricas propostas.

Quadro 3 – Resumo de DEPARIS para o rappel da Aroeira 1- A ZONA DE PRÁTICA DE AVENTURA

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • Instalação de proteção fixa para montagem de uma linha de vida; • Demarcação do local da zona de espera.

Aspectos a estudar com mais detalhes: a instalação de uma linha de vida permanente.

!

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2- A ORGANIZAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • Delimitação do local trabalho e zona de espera; • Instalação de sinalizadores coloridos; • Interdição em dias chuvosos.

Aspectos a estudar com mais d etalhes: medidas administrativas de interdição.

3 – O LOCAL DA ATIVIDADE

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • Manutenção e limpeza do local; • Seguir as normas de segurança das técnicas empregadas para a atividade.

Aspectos a estuda r com mais detalhes: adoção de medidas administrativas para verificar as habilidades dos usuários.

4- OS RISCOS DE ACIDENTE

Gravidade Onde?; Quando?; O que fazer? Aranhões 0 + ++ +++ Durante a descida, caso haja escorregão.

Contusão 0 + ++ +++ Em um movimento brusco ou devido a irregularidade da parede.

Corte 0 + ++ +++ Não há possibilidade apontada pelos entrevistados

Desmaio 0 + ++ +++ Devido a forte emoção ou por falta de glicose.

Fratura 0 + ++ +++ Em caso de queda ou escorregão

Picadas 0 + ++ +++ Na espera, ao final do rappel.

Projeções 0 + ++ +++ No deslocamento entre espera e saída do rappel.

Queda 0 + ++ +++ No deslocamento entre espera e saída do rappel.

Queda de objetos 0 + ++ +++ Na descida, no balanço da corda ou movimento dos que esperam a vez.

Queimaduras 0 + ++ +++ Não há possibilidade apontada pelos entrevistados Urticantes 0 + ++ +++ Não há possibilidade apontada pelos entrevistados Outros 0 + ++ +++

Aspectos a estudar com mais detalhes: Exigir o uso de EPI para todos os usuários e montagem de linha de vida.

5 – AS FERRAMENTAS E MATERIAIS PARA A ATIVIDADE

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • Utilização de material homologado; • Disponibilização de equipamentos a todos os usuários, para que não haja

movimentação nem troca de equipamentos entre usuários. Aspectos a estudar com mais detalhes : verificar a forma de distribuição dos equipamentos dentro das operadoras de turismo.

!

!

!

!

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6 – A TÉCNICA EMPREGADA

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • Adoção de um procedimento padrão para a atividade no local; • Uso de corda dupla; • Adoção de auto-blocante; • Instalação de outra parada para uma corda de serviço.

Aspectos a estudar com mais detalhes: exigir dos usuários o conhecimento de técnicas de “auto-resgate”.

7 – O NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE A ATIVIDADE

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • Capacitar os usuários dentro das normas nacionais; • Não permitir o acesso como sendo a primeira experiência.

Aspectos a estudar com mais detalhes: definir entre facilidade de uso versus segurança

8 – A RELAÇÃO ENTRE GUIA(S) E CLIENTE(S)

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • Deve ser feita uma apresentação prévia, antes mesmo da caminhada, do que é o

rappel da Aroeira; • O guia deve ter boa apresentação pessoal e saber expor todos os detalhes da

atividade. Aspectos a estudar com mais detalhes: verificar a norma com relação às informações mínimas. Formatar um curso de capacitação dos guias e condutores locais.

9 – O AMBIENTE SOCIAL LOCAL E GERAL

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • O guia/condutor deve ter um auxiliar pronto para retornar a base, caso necessário;

Aspectos a estudar com mais detalhes: exigir número mínimos de condutores/guias por grupo

10 – O CONTEÚDO DA ATIVIDADE

O que fazer de concreto para melhorar a situação? • Deve ser de acordo com o perfil do grupo; • Deve ser realizadas avaliações qualitativas da atividade.

Aspectos a estudar com mais detal hes: verificar a quem é permitido o acesso a atividade.

!

!

!

!

!

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Síntese do estudo DEPARIS no rappel da Aroeira 1- A zona de prática de aventura

2- A organização para a realização

3- O local da atividade

4- Os riscos de acidente

5- As ferramentas e materiais para a atividade

6- A técnica empregada

7- O nível de conhecimento sobre a atividade

8- A relação entre guia(s) e cliente(s)

9- O ambiente social local e geral

10- O conteúdo da atividade

8.2 Análise dos resultados

Em relação aos resultados apresentados, pode-se observar o seguinte:

As ações concretas para melhoria são muitas vezes repetitivas, as anotações

feitas pelos usuários são semelhantes entre si. Quase sempre não são apresentadas

novas propostas, além das que estão apresentadas no campo da rubrica onde existe

a situação desejada, apontada pelo autor da rubrica.

As observações mais palpáveis a nível de engenharia de segurança podem ser

feitas a partir da rubrica 4, que aborda os riscos de acidente. A maioria das

respostas aponta pouca ou nem uma gravidade de risco ou conseqüência. De modo

geral, os riscos de acidente, no esquema de avaliação por cores, o rappel da Aroeira

é considerado, sem riscos, de acordo com a maioria das respostas. A exceção de

um entrevistado todos os demais assinalaram a exclamação com a indicação na cor

verde, o que significa dizer que, de acordo com os usuários abordados, o local é

seguro e propício para a prática sem riscos de lesão ou conseqüências mais graves.

Com relação à rubrica 6, que trata das técnicas empregadas para o rappel, a

exceção de um dos entrevistados, os demais não observaram à necessidade de

!

!

!

!

!

!

!

!

!

!

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técnicas adequadas para a prática da atividade, nem tão pouco a necessidade de

conhecimento avançado para sair de uma situação de risco.

Um ponto positivo, com relação à questão de segurança, pode ser observado

na rubrica 9, que trata do ambiente social local e geral, todos os usuários foram

unânimes em apontar a necessidade do guia/ condutor ter um auxiliar para retornar

a base, caso algum membro do grupo desista da descida por corda.

Em virtude da diversidade do que foi apresentado, verifica-se ambigüidade

entre as respostas dos usuários. Na ausência de conhecimento técnico sobre a

questão de planejamento de um sistema de gestão de segurança, os usuários

utilizam conhecimentos adquiridos com o tempo de prática.

Na diversidade das respostas, observa-se claramente, a repetição da situação

desejada, proposta na rubrica. Em quase toda a totalidade, os entrevistados não

foram capazes de apontar novos itens para garantir a segurança, ou melhorar de

forma definitiva o contexto atual do local.

Em nenhuma das 10 rubricas elaboradas, os usuários assinalaram a cor

vermelha para as situações propostas nas rubricas, não que essa indicação fosse

desejada, mas mesmo com relação aos riscos de acidentes, os usuários não tem a

devida noção do que vem a ser as conseqüências de um pequeno descuido em uma

atividade de rappel em uma área afastada de um centro médico.

Acredita-se que o método DEPARIS apresenta bons resultados quando já

existe um sistema de gestão de riscos devidamente implantado, pois os usuários

seriam abordados para sugerirem novas propostas para a melhoria continua do

processo de gestão de riscos.

Para um planejamento de gestão dos riscos de uma atividade de aventura é

necessário o uso de critérios menos subjetivos, que de certa forma, apontem os

reais riscos e o nível de conseqüência que a atividade pode gerar.

Em virtude dessa necessidade de uma análise mais precisa do planejamento

da gestão de riscos, fez-se uso de uma análise semi-quantitativa, com uso de

probabilidades numéricas e que apresenta resultados mais objetivos, com ações

mais consistentes para garantir a integridade física dos usuários nas atividades de

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aventura que possam vir a ser realizadas no Parque Estadual da Pedra da Boca, e

são apresentadas no capítulo 9 deste trabalho.

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9 AVALIAÇÃO SEMI-QUANTITATIVA DOS RISCOS

O método DEPARIS, aplicado ao estudo de caso analisado, demonstrou o nível

de entendimento de alguns atores no tocante a gestão dos riscos em atividades de

aventura.

A avaliação qualitativa, como a aplicada neste trabalho, apresenta respostas

variadas, com soluções genéricas. A necessidade da aplicação de métodos mais

eficientes para o planejamento da gestão dos riscos nas atividades desenvolvidas

para o turismo de aventura, requer a participação de um especialista na área de

engenharia de segurança, para a aplicação de modelos semi-quantitativos.

Nesse intuito este capítulo é dedicado à elaboração de um método de

avaliação semi-quantitativa como sugere a norma 15.331.

A realização de qualquer atividade de turismo de aventura tem um grau de

incerteza, seja quanto aos seus resultados, ou quanto a sua execução, ou ainda

quanto ao seu planejamento. Essas incertezas de eventos ou condições, podem

trazer benefícios ou serem adversárias aos objetivos das atividades.

Diversos métodos podem ser utilizados no processo de planejamento dos

riscos. A avaliação semi-quantitativa dos riscos é um método muito utilizado, pois

através de elementos de avaliação onde, como e por quem é realizada uma

determinada tarefa é possível apresentar resultados numéricos para a classificação

dos riscos. Um método quantitativo é mais complexo e requer uso de números

específicos de probabilidade e distribuição do impacto.

Segundo Buckley (2005), as análises semi-quantitativas dos riscos faz uma

aproximação entre a análise qualitativa e quantitativa em termos de complexidade,

elas não usam diretamente a probabilidade ou a estimativa de impactos, as análises

semi-quantitativas começam com uma escala qualitativa, depois é transformada em

valores numéricos para usar como indicadores de mensuração indireta da

probabilidade do evento negativo ocorrer.

Para dar início ao processo de análise semi-quantitativa é necessário a

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determinação de parâmetros para a avaliação quanto ao risco. A probabilidade do

risco pode ser estimada por uma identificação de elementos qualitativos que terão

uma classificação numérica. Trata-se de uma técnica que envolve uma mistura de

qualidade e quantidade.

Segundo Buckley (2005), o fator de risco será descrito como uma avaliação de

probabilidades convertidas em medidas numéricas. Os valores numéricos são uma

média adotada para uma dada probabilidade do risco (P), da mesma forma a

avaliação das conseqüências (C) é analisada numericamente. O fator de risco (FR) é

medido a partir dos valores do risco combinados com as conseqüências.

Matematicamente, o cálculo da probabilidade de ocorrer um evento pode ser

dada por:

)(*)()()()( BprobAprobBprobAprobAouBprob −+=

Equação 2 – Probabilidade de evento

Analogamente para a determinação do fator de risco considerando as

probabilidades e as conseqüências, tem-se:

)*( CPCPFR −+=

Equação 3 – Fator de risco Fonte: Buckley, 2005

Os valores de (P) e (C) serão adotados entre 0 (baixo) e 1 (alto) para

representar o reflexo da probabilidade do risco e da severidade das conseqüências e

os seus respectivos impactos. Desta forma, o fator de risco (FR) também

apresentará valores entre 0 e 1.

Os valores de (P) e (C) podem ser representados em forma de um gráfico,

considerando a plotagem do contorno de um gráfico de iso-risco, tem-se a

representação de acordo com a figura abaixo:

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1 6 11S1

S2

S3

S4

S5

S6

S7

S8

S9

S10

S11

Probabilidade (P)

Con

sequ

enci

a (C

)

0-0.2 0.2-0.4 0.4-0.6 0.6-0.8 0.8-1

Figura 8 – Contorno das iso-linhas de fator de risco (FR) Fonte: Buckley, 2005

Pelo gráfico, quanto mais abaixo e a esquerda os valores estiverem, na zona

azul clara, menor é o fator de risco, à medida que os valores variam, cresce também

o fator de risco, chegando a níveis intoleráveis na zona vermelha, pontos mais à

direita e superior do gráfico.

Para a análise do projeto, a metodologia de classificação do fator de risco e

seus impactos, são adotados três critérios para a probabilidade (P): exposição (e),

controle (c) e detecção (d). Dois critérios são considerados para as conseqüências

(C): severidade potencial (s) e abrangência (a), de acordo com as tabelas a seguir:

Quadro 4 – Probabilidade de exposição Exposição (e)

Freqüência com que às pessoas ou ambiente interagem com o perigo ou aspecto Peso Classificação Descrição 0,1 Eventualmente Se a freqüência de exposição e/ou duração da exposição ocorrer

de forma esporádica ou eventual; 0,2 Frequentemente Se a freqüência de exposição e/ou duração de exposição ocorrer

de forma não continua, porem rotineira; 0,3 Continuamente Se a freqüência de exposição e/ou duração da exposição ocorrer

de maneira continua ou durante a jornada de aventura.

Quadro 5 – Probabilidade de controle Controle (c)

Ação existente que elimine ou minimize a interatividade com o perigo ou aspecto Peso Classificação Descrição 0,1 Eficaz Existência de dispositivo físico que venha a garantir que mesmo

havendo distração do(s) envolvido(s), impeça a ocorrência de uma lesão, doença, dano ou impacto;

0,2 Precária Existência de dispositivo (físico ou procedimento específico) que possa evitar e/ou atenuar a lesão, doença, dano ou impacto, mas que ainda dependa da atitude ou atenção do(s) envolvido(s), não bloqueando totalmente o risco ou impacto;

0,3 Inexistente A não existência de dispositivo (físico ou procedimento específico) que possibilite a atenuação e/ou que evite a ocorrência da lesão, doença, dano ou impacto.

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Quadro 6 – Probabilidade de detecção Detecção (d)

Nível de facilidade de identificação do perigo ou aspecto associado Peso Classificação Descrição 0,1 Fácil Qualquer pessoa, sem nenhum treinamento específico ou

conhecimento da atividade, é capaz de identificar o perigo ou aspecto existente no equipamento, sistema, atividade ou local de realização da atividade;

0,2 Moderada São perigos ou aspectos possíveis de serem identificados através de análise realizada por pessoas com treinamentos específicos e/ou conhecimentos da atividade;

0,3 Difícil O perigo ou aspectos é identificado apenas de maneira reativa (acidente ou incidente) ou pelo uso de metodologias e/ou monitoramento específico.

Quadro 7 – Conseqüências da severidade potencial Severidade Potencial (s)

Avalia o potencial da conseqüência (lesão, dano ou impacto) caso o evento indesejado aconteça. Peso Classificação Descrição 0,1 Baixa Se a lesão, dano ou impacto for inexistente ou desprezível, no

máximo lesões superficiais, queimaduras de 1º ou 2º graus pontual (2cm²), cortes arranhões menores, lesões típicas de primeiros-socorros, desconforto temporário, irritações e incômodos.

0,3 Média Se a lesão ou impacto resultar em lacerações, queimaduras de 2º grau localizadas (>2cm²), fraturas menores, contusões, torções ou entorses, dermatites, doenças de incapacitação para a atividade;

0,5 Alta Se houver potencial para decorrer amputações, fraturas múltiplas, queimaduras generalizadas de 2º ou 3º graus, envenenamento, lesões incapacitantes ou fatais.

Quadro 8 – Conseqüências das abrangência

Abrangência (a) Avalia o número de pessoas possíveis de sofrer as conseqüências, ou a extensão do impacto caso o evento

venha ocorrer. Peso Classificação Descrição 0,1 Ampla Se a lesão, dano potencial ou impacto decorrente é limitada a

apenas uma pessoa no exercício das suas atividades ou ao ambiente de fácil acesso;

0,2 Limitada Se a lesão, dano potencial ou impacto abranger mais de uma pessoa ou o ambiente tem acesso complicado.

0,3 Isolada Se a lesão, dano potencial ou impacto abranger, outras pessoas fora do local da atividade ou o ambiente tem acesso difícil ou remoto.

Para cada atividade a ser analisada, os cinco critérios devem ser classificados

e pontuados de acordo com o peso de cada classificação. Para as probabilidades

tem-se:

dceP ++=

Equação 4 – Probabilidade do fator de risco

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Para as conseqüências, tem-se:

asC +=

Equação 5 – Conseqüência do fator de risco

Fazendo uso da Equação 3 para análise das possíveis combinações

apresentadas com os pesos adotados para as probabilidades e as conseqüências,

tem-se como resultados:

Probabilidade (P) 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 Conseqüência (C) 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

Fator de Risco (FR)

0.44 0.51 0.58 0.65 0.72 0.79 0.86 0.52 0.58 0.64 0.70 0.76 0.82 0.88 0.60 0.65 0.70 0.75 0.80 0.85 0.90 0.68 0.72 0.76 0.80 0.84 0.88 0.92 0.76 0.79 0.82 0.85 0.88 0.91 0.94 0.84 0.86 0.88 0.90 0.92 0.94 0.96 0.92 0.93 0.94 0.95 0.96 0.97 0.98

Tabela 1 – Fatores de Risco

A Equação 3 é capaz de detectar itens com alta probabilidade ou baixas

conseqüências, o contrario também pode ser detectado, ou até mesmo (P) e (C)

com mesmo peso. A existência de itens ignorados em primeiro plano é fortemente

reduzida pela disposição dos elementos da equação. Na Tabela 1 tem-se os

possíveis resultados das combinações entre os critérios de classificação de uma

determinada atividade, nota-se que na medida em que crescem os valores de (P) e

(C) o fator de risco aproxima-se do valor unitário, o que indica um fator de risco

inaceitável com conseqüências catastróficas.

Os critérios de avaliação dos resultados do fator de risco foram elaborados por

equações matemáticas de probabilidade, uma tabela com níveis de medida de

controle conforme a escala de probabilidade do risco, e a escala de impactos

causados estão propostas adiante. No Quadro 9 são apresentados cinco níveis de

reconhecimento do risco, são considerados o valor numérico do fator de risco, a

escala de probabilidade de ocorrência, a escala de impacto das conseqüências

causadas pelo risco e na última coluna, são apresentados, de forma geral, as

medidas de controle que podem ser adotas em cada nível do fator de risco.

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90

Quadro 9 – Medidas de controle conforme fator de risco Nível Fator de Risco Escala de

Probabilidade Escala de Impacto

Medidas de Controle

1 FR<0,56 Raro Insignificante � Registrar para controle estatístico; � Não é necessário ação; � Nenhum registro documental precisa ser mantido.

2 0,57<FR<0,69 Improvável Baixo � Nenhum controle adicional é necessário; � Pode-se implementar uma ação mais econômica (isolamento, auxílio visual, avisos preventivos de forma verbal); � Efetuar monitoramento para garantir que a ação está mantida.

3 0,70<FR<0,85 Possível Moderado � Devem ser feitas medidas de controle para a redução ou eliminação do risco ou impacto; � Medidas de controle com data definida para conclusão e nome do responsável; � Se a conseqüência do risco ou aspecto for extremamente prejudicial, uma avaliação mais detalhada pode ser necessária para estabelecer mais precisamente a probabilidade da ocorrência de prejuízo, como meio para determinar a necessidade e medidas de controle de melhoras; � Alertar o pessoal da área e envolvidos sobre o(s) risco(s) ou impacto(s); � Procedimentos de controle operacional e/ou planos de emergência são necessários.

4 0,86<FR<0,92 Provável Alto � Não iniciar/continuar as atividades até que o risco ou impacto tenha sido reduzido ou eliminado; � Recursos consideráveis podem ter que ser apropriados para reduzir o risco ou impacto; � Quando as atividades se encontrarem em andamento, uma ação urgente dever ser implementada; � Alertar o pessoal da área sobre o risco ou impacto enquanto a ação está sendo implementada; � Sinalizar e isolar o local se necessário; � Procedimentos de controle operacional, planos de emergência são prioritários.

5 FR>0,93 Certo Catastrófico � Não iniciar e nem continuar a atividade nesta condição até que o risco ou impacto tenha sido reduzido ou eliminado; � Caso não seja possível reduzir o risco ou impacto, deve permanecer proibido; � Procedimentos de controle operacional, planos de emergência são prioritários.

Os valores apresentados na Tabela 1 podem ser representados, de acordo

com a escala de impactos e com os níveis do fator de risco apresentados no

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Quadro-10, conforme disposto abaixo:

Quadro 10 – Fator de risco em escala de impacto

Insignificante Insignificante Baixo Baixo Moderado Moderado AltoInsignificante Baixo Baixo Moderado Moderado Moderado Alto

Baixo Baixo Moderado Moderado Moderado Moderado AltoBaixo Moderado Moderado Moderado Moderado Alto Alto

Moderado Moderado Moderado Moderado Alto Alto CatastróficoModerado Alto Alto Alto Alto Catastrófico Catastrófico

Alto Catastrófico Catastrófico Catastrófico Catastrófico Catastrófico Catastrófico

Ris

coCombinação de probabilidade e conseqüência

O fator de risco e a classificação do perfil do impacto podem somente indicar o

nível de atenção no gerenciamento dos riscos e servir como um guia para

propriedades no gerenciamento.

0.44

0.510.52

0.580.60

0.640.65

0.680.7

0.72

0.750.76

0.790.80

0.820.84

0.850.86

0.88

0.910.92 0.93

0.940.95

0.960.97 0.98

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Insignificante Baixo Moderado Alto Catastrófico Figura 9 – Gráfico de graduação da ordem do fator de risco do projeto - Perfil de análise

É importante que os riscos sejam quantificados, documentados e devidamente

tratados, uma fase imprescindível é a ampla divulgação a todos os envolvidos nas

atividades turísticas.

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10 CONCLUSÃO

A implantação de um sistema de gestão de riscos em unidades de conservação

ambiental apresenta um caráter bastante diferenciado no comportamento do fluxo

turístico. Em princípio, pode-se esperar uma queda no número de visitantes devido

às exigências aplicadas, no entanto, essa fase é necessária para a melhoria da

qualidade dos serviços prestados em turismo de aventura. O fator de segurança

certamente apresenta maior influência no comportamento do turista e na escolha do

destino turístico.

A exigência de gestão dos riscos nas unidades de conservação implicará na

necessidade de adaptação às normas pelas empresas e agências que operam o

turismo de aventura. Com isso, os ganhos na gestão serão facilitados, devido à

obtenção de resposta das empresas que exploram esse tipo de turismo. Outro fato

importante é que as operadoras irão perceber as vantagens da gestão dos riscos

como diferencial competitivo e até mesmo para garantir a sua reputação em um

mercado bastante competitivo.

A aplicação da metodologia DEPARIS com sua abordagem progressiva das

situações de trabalho, com avaliação e diagnóstico de forma participativa, utilizando

como fontes de consulta operadores, usuários e condutores do Parque Estadual da

Pedra da Boca, demonstrou uma fragilidade no conhecimento sobre gestão dos

riscos.

Acredita-se que os objetivos propostos no início deste trabalho foram

alcançados, através da elaboração de diretrizes para dar suporte aos gestores de

unidades de conservação ambiental para a implantação de um sistema de gestão de

riscos com sua Política de Segurança e com o seu Planejamento dos Riscos,

melhorando, assim, a qualidade na prestação dos serviços de turismo de aventura.

A importância da adoção da Política de Segurança na Gestão de Riscos em

atividades de aventura, é de grande valia, devido à possibilidade de atribuição de

responsabilidades dos diversos atores que realizam a gestão e que fazem à

exploração comercial da unidade de conservação. A segurança e integridade física

do turista passam a ser de responsabilidade de todos, tanto da unidade de

conservação que disponibiliza as áreas com condições adequadas para a prática

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das atividades, quanto da agência ou operadora que oferece o pacote turístico com

pessoal especializado na realização das atividades. Não se pode deixar de

mencionar que o turista que adquire o pacote e visita a unidade de conservação

também se torna responsável na gestão dos riscos a partir do preenchimento do

formulário padrão de dados pessoais, que contem informações mínimas do pacote

adquirido.

No desenvolvimento do trabalho e com a pesquisa realizada, verificou-se a

grande necessidade de treinamento e capacitação de todos os usuários, para

incorporação e propagação da cultura da segurança em turismo de aventura. É de

fundamental importância que seja elaborada e implantada uma Política de

Segurança para fundamentar que a segurança no turismo é obrigação de todos os

usuários do Parque Estadual da Pedra da Boca.

Foi possível observar que há necessidade de capacitar e preparar os

condutores do parque, focando a preocupação da gestão dos riscos no

planejamento e formação dos grupos de passeio, em geral os grupos ultrapassam o

número de seis turistas para um único condutor. Existe um grande interesse dos

condutores em melhorar o atendimento ao turista, isso é uma porta aberta para a

implantação de uma gestão dos riscos participativa, e atende à necessidade do

princípio da sustentabilidade turística.

A avaliação dos riscos pelo método semi-quantitativo desenvolvido para esse

trabalho, serve para agilizar o processo de Planejamento dos Riscos e adotar

medidas na velocidade e na eficiência que é sugerido pelo método. A técnica

desenvolvida pode ser utilizada em qualquer tipo de atividade explorada pela

unidade de conservação, dentre elas: trilhas, vias de escaladas, técnicas verticais,

corredeiras, etc. O importante é aplicar a metodologia para busca a segurança nas

atividades realizadas dentro da unidade de conservação.

A participação de um profissional em engenharia de segurança no trabalho é

imprescindível na gestão dos riscos em atividades de aventura. Apesar de não existir

nem uma exigência legal, o planejamento e desenvolvimento da técnica de

avaliação, bem como a forma de implantação de políticas de segurança é atribuição

de um profissional de engenharia de segurança. A NBR 15.331 é uma norma de

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gestão de riscos para a segurança, e não faz nenhuma menção à importância do

acompanhamento de um profissional de segurança no trabalho, mesmo porque, de

acordo com a NR-4, que trata dos serviços especializados em engenharia de

segurança e em medicina do trabalho, na parte de classificação nacional de

atividades econômicas, no item de código nº 63.3-Atividades de Agências de

Viagens e Organizadoras de Viagem, que classifica com grau de risco 1 (um) essa

atividade. Para efeitos de dimensionamento do SESMT, esse grau de risco, exige a

participação de um técnico de segurança no trabalho a partir 501 profissionais

atuando na área ou setor produtivo. Em nível do que está disposto neste trabalho, é

possível afirmar a necessidade da modificação das normas pertinentes à gestão dos

riscos em atividades de aventura, bem como a reformulação e adequação da NR-4.

A NBR 15.331 pode ser utilizada em consonância com a NR-9, de programas

de prevenção de riscos ambientais. Sabendo que esta norma regulamentadora visa

à antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência dos riscos que

possam existir dentro do ambiente de trabalho. A estruturação básica de PPRA tem

as características de uma gestão dos riscos, onde devem ser realizados

planejamentos anuais, estabelecido uma metodologia de ações, divulgação de

dados e com uma metodologia de avaliação. Tudo deve ser descrito em um

documento, e devem estar de acordo gestores e usuários. De preferência, a

formatação de um PPRA deve ser acompanhada da assinatura de um responsável

técnico, profissional de engenharia de segurança no trabalho e/ou por um fiscal do

ministério do trabalho.

Considerando as análises feitas neste trabalho verifica-se a necessidade de

pesquisa e aplicação de:

• Políticas de segurança voltadas para as operadoras de turismo

de aventura, com a convicção fundamental de que a segurança é um

valor comercial essencial;

• Elaboração e detalhamento de protolocos de segurança nos

projetos de gestão dos riscos nas atividades de turismo de aventura, tais

como: passos e check-list para a descida por corda (rappel) e caminhadas

de pequenos percursos e todas as demais atividades de turismo de

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aventura;

• Avaliação dos riscos nas atividades realizadas pelos

condutores e guias locais, identificando as opiniões e pontos de vista de

quem de fato opera a atividade e detém menor grau de instrução,

buscando a solução e implantação de medidas de proteção para a

melhoria imediata de forma contínua;

• Fixação de diretrizes para a elaboração do cronograma de

implantação de medidas de proteção, capacitação, divulgação e

implantação da gestão dos riscos conforme solicitado na NBR15.331;

• Implantação de programas de treinamento e capacitação dos

usuários, distinguindo as palestras para cada categoria de habilidades:

amador, iniciante, praticante, especialista e profissional;

• Criação de um certificado de garantia de segurança e

preocupação na integridade física do usuário;

• Atualização e complementação das Normas Técnicas vigentes

em nosso país, visando à adequação da gestão dos riscos e

acompanhamento por um profissional devidamente preparado e habilitado

para acompanhar a elaboração e implantação das exigências de

segurança.

Com as recomendações e conclusões apresentadas, espera-se que essa

pequena contribuição no setor de turismo de aventura seja mais um passo na

evolução da segurança dos usuários dessa modalidade turística. Ainda há muito que

fazer para a adoção da gestão dos riscos pelas operadoras de turismo de aventura.

No entanto, as discussões e soluções aqui apresentadas buscam o crescimento das

condições e garantias de segurança do turista, para o aumento do volume do fluxo

turístico nesse setor.

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ANEXOS

ANEXOS

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Tabela 2 – Tabela de correspondência entre OHSAS 18001, ISO 14001:1996 e ISO 9001:2000

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APÊNDICES

APÊNDICES

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102

APÊNDICE A – Modelo de Política de Segurança

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APÊNDICE B – Método de DEPARIS aplicado – Rappel da Aroeira

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APÊNDICE C – Folha de avaliação dos riscos em atividades elaborada

Parque Estadual da Pedra da Boca - Araruna/PBChefia do ParqueDepartamento de Eng. de Segurança

Atividade:

Elemento:

Peso Pontuação

0,1

0,2

0,3

0,1

0,2

0,3

0,1

0,2

0,3

0,1

0,3

0,5

0,1

0,2

0,3

0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.80.3 0.44 0.51 0.58 0.65 0.72 0.79 0.860.4 0.52 0.58 0.64 0.70 0.76 0.82 0.880.5 0.60 0.65 0.70 0.75 0.80 0.85 0.900.6 0.68 0.72 0.76 0.80 0.84 0.88 0.920.7 0.76 0.79 0.82 0.85 0.88 0.91 0.940.8 0.84 0.86 0.88 0.90 0.92 0.94 0.960.9 0.92 0.93 0.94 0.95 0.96 0.97 0.98

Data: Revisor(a): Data:

Folha de avaliação dos Riscos em AtividadesFolha de avaliação dos Riscos em AtividadesFolha de avaliação dos Riscos em AtividadesFolha de avaliação dos Riscos em Atividades

Ampla

Limitada

Isolada

Indicador de ProbabilidadeDescrição

Eficaz

Precária

Inexistente

Se a lesão, dano potencial ou impacto decorrente é limitadaa apenas uma pessoa no exercício das suas atividades ouao ambiente de fácil acesso;

Se a lesão, dano potencial ou impacto abranger mais deuma pessoa ou o ambiente tem acesso complicado.

Se a lesão, dano potencial ou impacto abranger, outraspessoas fora do local da atividade ou o ambiente temacesso difícil ou remoto.

Eventualmente

Frequentemente

Continuamente

Fácil

Moderada

Difícil

Baixa

Existência de dispositivo (físico ou procedimento específico) que possa evitar e/ou atenuar a lesão, doença, dano ou impacto, mas que ainda dependa da atitude ou atenção do(s) envolvido(s), não bloqueando totalmente o risco ou impacto;

A não existência de dispositivo (físico ou procedimento específico) que possibilite a atenuação e/ou que evite a ocorrência da lesão, doença, dano ou impacto.

Avaliador(a):

Moderado

Alto

Catastrófico

2

3

4

5

Baixo

Combinação de (P) e (C) ≤ 0,56

≤ 0,69

≤ 0,85

Indicador de ConsequenciasSe a lesão, dano ou impacto for inexistente ou desprezível,no máximo lesões superficiais, queimaduras de 1º ou 2ºgraus pontual (2cm²), cortes arranhões menores, lesõestípicas de primeiros-socorros, desconforto temporário,irritações e incômodos.Se a lesão ou impacto resultar em lacerações, queimadurasde 2º grau localizadas (>2cm²), fraturas menores,contusões, torções ou entorses, dermatites, doenças deincapacitação para a atividade;

Se houver potencial para decorrer amputações, fraturasmúltiplas, queimaduras generalizadas de 2º ou 3º graus,envenenamento, lesões incapacitantes ou fatais.

Média

Alta

Critérios Classificação

Pro

babi

liida

des

Conseqüências

≤ 0,92

≥ 0,93

Insignificante

Ava

lia o

pot

enci

al d

a

cons

eqüê

ncia

(le

são,

dan

o ou

impa

cto)

cas

o o

even

to

inde

seja

do a

cont

eça.

1

Somatório das Consequencias do Risco (C)

Indicador de Fator de Risco

Sev

erid

ade

Pot

enci

al (

s)A

bran

gênc

ia (

a)

Ava

lia o

núm

ero

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pess

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eqüê

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vent

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nha

Det

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o (d

)

Somatório das Probabilidades do Risco (P)

O perigo ou aspectos é identificado apenas de maneirareativa (acidente ou incidente) ou pelo uso de metodologiase/ou monitoramento específico.

Nív

el d

e fa

cilid

ade

de

iden

tific

ação

do

perig

o ou

aspe

cto

asso

ciad

o

Qualquer pessoa, sem nenhum treinamento específico ouconhecimento da atividade, é capaz de identificar o perigoou aspecto existente no equipamento, sistema, atividade oulocal de realização da atividade;

São perigos ou aspectos possíveis de serem identificadosatravés de análise realizada por pessoas com treinamentosespecíficos e/ou conhecimentos da atividade;

Exp

osiç

ão (

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Con

trol

e (c

)

Fre

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rativ

idad

e co

m

o pe

rigo

ou a

spec

to

Se a freqüência de exposição e/ou duração da exposiçãoocorrer de forma esporádica ou eventual;

Se a freqüência de exposição e/ou duração de exposiçãoocorrer de forma não continua, porem rotineira;

Se a freqüência de exposição e/ou duração da exposiçãoocorrer de maneira continua ou durante a jornada deaventura.

Existência de dispositivo físico que venha a garantir que mesmo havendo distração do(s) envolvido(s), impeça a ocorrência de uma lesão, doença, dano ou impacto;

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F676p Fonseca, Francisco Proposta de sistema de gestão de riscos para atividades

turísticas no Parque Estadual da Pedra da Boca, em Araruna-Pb./ Francisco Fonseca. – João Pessoa, 2007.

109p.: il. Orientadora: Nelma Mirian de Araújo. Monografia (especialização) Faculdades Integradas de

Patos. 1. Engenharia de segurança. 2.Turismo. 3. Gestão de riscos.

UFPB/BC CDU: 62:614.8(043.2)