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PROPOSTA DE UM MODELO DE
IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE
MEDIÇÃO DE DESEMPENHO: O CASO
DE UMA EMPRESA NA ÁREA DE
SAÚDE
Eduardo Gadotti Martins (PUC)
Edson Pinheiro de Lima (PUC)
As atuais configurações da economia mundial direcionam as empresas
a implantar programas e métodos voltados a uma melhoria de
resultados, sendo fundamental o uso de Sistemas de Medição de
Desempenho (SMD). Este trabalho, tem como objetivo propor um
modelo cujo propósito é garantir a qualidade na implantação de um
sistema de medição de desempenho, utilizando um conjunto de
processos, técnicas e ferramentas consolidados na literatura de SMD.
Todavia, poucos estudos têm abordado aspectos relacionados à
implantação de SMD, levando em conta um ponto de vista mais
organizacional. Especificamente não está claro como aplicar as
técnicas propostas, transformando teoria em prática efetiva. O
trabalho se fundamenta nos dados obtidos de um estudo de caso que
consistiu de uma aplicação do modelo, exemplificando e detalhando as
fases, durante a implantação de um sistema de medição de desempenho
em uma empresa da área de saúde. Dentro deste contexto os objetivos
foram alcançados quanto a sistematização da implantação do SMD.
Palavras-chaves: Sistema de Medição de Desempenho. Processo de
Implantação. Empresas de Saúde.
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
As organizações têm hoje o acesso às quantidades quase ilimitadas de dados: vendas,
tendências econômicas, dados da concorrência, comportamento de consumidor, eficiência,
cálculos financeiros, etc. Entretanto, muitos responsáveis pelas decisões nas organizações se
sentem perdidos. Têm montanhas de dados e mesmo assim tem dificuldade de fazer as
decisões apropriadas, ou não tem certeza, ou não compreendem onde estão realmente. As
organizações parecem gerar dados em uma taxa muito mais rápida do que todo o gerente pode
dominar, e na paralela a isso, a vida útil daqueles dados estão desmoronando. Além disso, a
medida de desempenho ao todo está tornando-se mais e mais cara. Para Fernandes (2004), a
informação, para ser bem utilizada pela empresa, necessita ser traduzida em uma linguagem
de uso comum e adequada para a análise e tomada de decisão.
As novas configurações da economia mundial (diminuição das barreiras do comércio
internacional, formação de blocos regionais, uso intensivo da tecnologia de informação e do
conhecimento, etc.) pressionam as empresas a implantar programas e métodos para melhorar
os resultados em várias dimensões críticas de desempenho (custos, qualidade, meio ambiente,
inovação tecnológica, produção etc.), sendo fundamental o uso de um Sistema de Medição de
Desempenho (SMD).
Flapper (1996) mostra que as medidas de desempenho têm sido vistas como um meio de
quantificar a eficiência e a eficácia da ação; Fry (1992) descreve as medidas como um meio
de controle; e Globerson (1985) observa que a falta de critérios de desempenho bem definidos
tornam difícil planejar e controlar.
Parece evidente que o sucesso da implantação e desenvolvimento de um novo modelo de gestão,
bem como de qualquer sistema que implique a participação e/ou envolvimento dos funcionários,
requer a confiança recíproca entre funcionários e empresa, entre funcionários e gerentes e
executivos etc (PEREIRA e MIRANDA, 2007). Muitos artigos foram escritos propondo
modelos de como projetar e implantar sistemas de medição de desempenho, no entanto,
poucos estudos têm abordado a questão de implantação com detalhes, de um ponto de vista
mais organizacional, como por exemplo “Extracting value from data – the performance
planning value chain” (NEELY, 2004). Especificamente, não está claro como aplicar as
metodologias propostas, transformando teoria em prática. Dessa forma, este trabalho pretende
garantir uma sistemática de implantação de sistema de medição de desempenho mais objetiva
e eficaz, utilizando ferramentas e técnicas propostas a partir do estudo de outros autores,
convergindo a um modelo detalhado de todas as fases deste processo. O estudo de caso
consistiu de uma análise da utilização dessa prática em uma empresa de produtos ortopédicos.
2. Implantação de sistemas de medição de desempenho
Bourne et al. (2002) perceberam em sua pesquisa que 3 fatores que diferenciaram o sucesso e
o fracasso de uma implantação de um SMD: Finalidade (explicito seu propósito para
empreender o projeto em termos de administrar melhor seus negócios, maior compromisso
dos gerentes), Estrutura e Cultura.
O processo de transformação de dados muitas vezes é desordenado ou disperso em sua forma
original para ser criado com qualidade deve ser considerado apenas as informações de “valor
agregado”, que habilita os usuários a tomar decisões mais eficazes (NEELY, 2004).
PPVC (Performance Planning Value Chain) foi projetado por Neely (1995) para enfatizar que
a analise do desempenho, uma analogia chave que usa freqüentemente, aquela do detetive: se
um detetive está investigando um crime ou a construção de um caso, ele não se baseia em
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uma única peça dos dados. Ao contrário, ele reúne todos os elementos disponíveis e tenta
juntar os pedaços da história ou seqüência de eventos. Assim, deve ser com a analise do
desempenho. Quando os analistas em uma organização estão construindo um caso devem
reunir todos os dados disponíveis e utilizá-lo para apresentar uma resposta coerente a uma
pergunta específica. Só então eles vão permitir que o conselho tenha o nível certo de
discussão. A Figura 1 apresenta o framework citado acima.
Figura 1 – Framework Performance Planning Value Chain de Andy Neely (1995) – Um modelo para
implantação de SMD
Este framework abrange várias etapas para extrair o valor de dados, conforme descrito a
seguir:
a) Desenvolver hipóteses: basicamente, esta fase é toda sobre a decidir: quais são as perguntas
que precisam de respostas?
b) Coletar dados: esta fase centra-se em responder: quais os dados que precisamos para
coletar? Não podemos levantá-los já? Como podemos reunir-la em uma maneira eficaz e
eficiente?
c) Análise dos dados: assim que tivermos todos os dados coletados direito através de um
processo que pode ser confiável, nesta fase, tenta responder à pergunta: O que os dados estão
nos dizendo?
d) Interpretação: uma vez que os quadros e gráficos foram cumpridos na etapa anterior, a
pergunta agora é: o que isso significa para o negócio?
e) Informar / comunicar idéias: agora que os dados foram analisados e alguns conhecimentos
adquiridos, a questão torna-se: como é a melhor forma de entregar a mensagem que tenham
concluído? Quem é meu público alvo e o que eles querem? Quais são os melhores canais para
entregar a minha mensagem?
f) Tomar decisões informadas e planejar / agir: é nesta fase que uma organização pode tomar
ações com base nas informações apresentadas e os conhecimentos adquiridos.
Assim o artigo conclui que em uma época, onde os dados estão se tornando abundante e
disponível a todos, cada vez mais reduzidos e custos acessíveis, e enquanto o ciclo de vida útil
dos dados é a gordura, a capacidade de rápida e efetivamente extrair valor dos dados, para
informar e facilitar a tomada de ação rápida, irá separar os vencedores dos perdedores. O
PPVC é projetado para mover a organização do trabalho com dados de forma eficaz com o
tratamento da informação e transformá-lo em valorizar o conhecimento e a experiência
sustentável para a vantagem competitiva.
De acordo com Neely, A.D., Richards, H., Mills, J.F., Platts, K.W. and Bourne, M.C.S.
(1997) as medidas de desempenham devem ser simples de entender; ter um impacto visual;
foco na melhoria, em vez de variância; visível a todos; ser derivadas da estratégia; fornecer
informações oportunas e precisas; especificar metas alcançáveis; basear-se em quantidades
que podem ser controlados, por parte do utilizador ou o usuário, em cooperação com os
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outros; ser claramente definidas; ser parte de um circuito fechado de gestão; ter um propósito
explícito; ser baseado em uma fórmula definida explicitamente; empregar relações ao invés de
números absolutos; fornecer feedback rápido; fornecer informações; ser preciso; ser objetivo.
A partir disto o modelo de Neely, A.D., Richards, H., Mills, J.F., Platts, K.W. and Bourne,
M.C.S. (1997) chamado Designing performance measures: a structured approach tem como
objetivo responder a seguinte questão: O que uma bem concebida medida de desempenho
deve constituir? Este framework propõe uma ficha (figura 2) que especifica o que uma bem
concebida medida de desempenho deve constituir. A ficha de registro pode ser usada para
projetar e auditar medidas de desempenho.
Titulo:
Proposta :
Monitorar o:
Meta:
Formula:
Frequência:
Quem Mede:
Fontes de Dados:
Quem atua sobre a medida:
O que fazer com os dados?
Comentarios:
EXEMPLO DE FICHA
Figura 2 – Ficha que especifica uma estrutura que pode ser usado para verificar se a medida realmente é bem
concebida ou para explorar melhor a medida (NEELY, A.D., RICHARDS, H., MILLS, J.F., PLATTS, K.W.
AND BOURNE, M.C.S. 1997).
Os estudos Neely et al. (1997) demonstraram a validade e utilidade prática do Framework.
A ficha de registro é valiosa porque facilita a concepção de medidas de desempenho e
encoraja os projetistas de tais medidas a considerar as implicações do comportamento das
medidas em configurações específicas.
3. Metodologia da Pesquisa
A metodologia estruturada para implantação de um Sistema de Medição de Desempenho bem
sucedido foi baseada nos estudos apresentados, convergindo aos passos pré-definidos
demonstrados na figura 3. Muitos artigos foram escritos sobre como projetar e implementar
sistemas de medição de desempenho, no entanto, poucos estudos têm abordado as questões na
prática da implantação.
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Figura 3 – Modelo Proposto para implantação de um Sistema de Medição de Desempenho bem sucedido.
3.1 Alinhamento e Desdobramento
Define-se alinhamento estratégico como "o nível de concordância dentro de uma organização
sobre a importância relativa de custo, qualidade, entrega e flexibilidade para alcançar os
objetivos operacionais da organização" (ROBINSON, A.G., STERN, S., 1998).
Ao formular a estratégia corporativa, por exemplo, Ansoff (1965) e Andrews (1971)
enfatizaram a importância do alinhamento da estratégia da organização com uma avaliação
interna da empresa e uma avaliação externa das oportunidades e ameaças.
De acordo com Malina, M.A. and Selto, F.H. (2004) a estratégia da empresa pode influenciar
a concepção do SMD e uma organização escolhe as medidas para o seu SMD (inicialmente e
posteriormente).
Sendo assim nesta etapa deve se verificar primeiro se esta definida a Visão, Missão e Politica
das áreas da empresa, ou seja, a estratégia da empresa, e observar se esta alinhada com o
mercado. É importante ressaltar o trabalho de Joshi et al. (2003), na qual foi demonstrado que
é fundamental garantir que haja o comprometimento da Direção/Gerência através do
alinhamento entre o Gerente Geral e Gerente de Produção, porque se os dois não tiverem
comprometimento com o Sistema de Medição de Desempenho o mesmo não será eficaz no
seu propósito. Pode se realizar isto a partir de reuniões periódicas de avaliação com a
apresentação para a Direção, conforme será novamente citado no item 3.3.
Depois desta verificação se deve realizar um desdobramento da estratégia da empresa em
objetivos e indicadores, sem se preocupar em se os dados podem ser levantados, conforme
figura 4.
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Figura 4 – Modelo de desdobramento para alinhar o Sistema de Medição de Desempenho com a estratégia da
empresa.
3.2 Coleta de dados e Analise Critica
Esta fase centra-se em responder: quais os dados que precisamos para coletar? Não podemos
levantá-los já? Como podemos reunir os dados de uma maneira eficaz e eficiente? É por esta
razão que esta etapa se torna importante. As ferramentas utilizadas aqui devem ser
selecionadas para assegurar que as organizações sigam uma abordagem sistêmica.
A maioria das organizações tem dificuldades nesta fase, pois possuem toneladas de dados e
dentro deles poucos têm confiança nos dados.
Há sempre problemas com as fontes de dados, como por exemplo: os dados coletados, os
pontos de coleta de dados e etc. Isto geralmente é devido à falta de credibilidade e/ou falta
transparência destes dados. Não é raro observar duas pessoas discutindo acaloradamente sobre
alguma dimensão de desempenho e depois descobrir que a causa de sua discordância foi à
indefinição de uma medida. Sendo assim nesta fase pode se aplicar as fichas já apresentadas
de Neely et al. (1997), pois além de realizar uma verificação se realmente a medida é bem
concedida, conseguirá fazer avaliação da fórmula e obtenção dos dados.
Esta analise critica proporciona um processo coerente, que reúne um conjunto de
competências para analisar e interpretar informações complexas a partir de uma variedade de
fontes e garantir a apresentação das informações técnicas para não-especialistas.
3.3 Ciclo de Melhoria: Levantamento / Interpretação / Comunicação / Planejamento e
Ação
A fase de levantamento é simplesmente uma atualização periódica dos dados já definidos.
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Na interpretação, uma vez que os quadros e gráficos foram cumpridos nas etapas anteriores, a
pergunta agora é: o que isso significa para o negócio? É aqui que o pensamento detetive
torna-se crucial. Em ambientes em movimento rápido, os analistas de informação ao conselho
geral produzem gráficos e tabelas equivocadamente e deixam a interpretação real para a
reunião do conselho. Assim, esta fase é crucial e tenta lidar com a questão fundamental:
Realmente esta medida está correta? Isto pode ser observado com discrepâncias nas variações
das medidas nos gráficos.
A terceira fase do ciclo é chamada de informar / comunicar idéias. Agora que os dados foram
analisados e alguns conhecimentos adquiridos, a questão torna-se: como é a melhor forma de
entregar a mensagem que tenham concluído? Qual é meu público alvo e o que eles querem?
Quais são os melhores canais para entregar a minha mensagem? Grande e análise de
informações valiosas poderiam ser perdidos se a mensagem não é entregue. É, portanto,
prudente, uma vez que algumas idéias foram identificadas sejam apresentados em um canal de
distribuição adequados para o público que se dirigem. CA.Robinson e Stern (1998), sugerem
que o alinhamento estratégico é alcançado quando os interesses e as ações de todos os
funcionários da empresa estão focados nos objetivos principais da empresa. Sendo assim nesta
fase deste ciclo pode ser apresentado pelos gestores/gerência periodicamente para a direção a
fim de garantir o alinhamento da equipe garantindo que o SMD tenha um ciclo de melhoria e
que realmente seja eficaz. A figura 5 mostra um exemplo de visualização utilizada neste
modelo.
Figura 5 – Modelo de apresentação dos indicadores
Tomar decisões e planejar: é nesta fase que uma organização pode tomar ações com base nas
informações apresentadas e os conhecimentos adquiridos. Armado com as idéias das fases
anteriores, as questões nesta fase incluem: como podemos agir com base nesses dados? Como
é que vamos priorizar nossas ações? Este é o lugar onde todo o trabalho feito até agora pode
ser transferido para ações destinadas a gerar valor para a organização.
3.4 Revisar e Avaliar Mercado
Na etapa anterior todas as fases são definidas como um ciclo por causa da sugestão do
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trabalho de Neely et al. (1997), onde destacou que há necessidade de rever com freqüência o
SMD. Atualmente com a globalização qualquer fato no mercado mundial pode ocasionar
alterações no mercado da sua empresa, sendo assim a avaliação da estratégia deve ser
reformulado, nestes momentos o SMD deve ser avaliado novamente. Este é só um exemplo,
mas outros fatores também podem influenciar o SMD, assim o modelo propõe que seja
definida uma periodicidade de avaliação da estratégia e/ou do SMD, através de uma reunião
da direção e gestão, comparando as metas e objetivos com o mercado atual.
4. A Empresa Pesquisada
A empresa que foi selecionada para o estudo é uma empresa que está no mercado da saúde na
área de ortopedia. A empresa foi selecionada devido a ter quatro anos de existência e não ter
um Sistema de Medição de Desempenho. Nestes quatro anos de existência apenas no ano de
2008 a empresa elaborou sua MISSÃO, VISÃO e POLITICAS definindo uma estratégia para
alcançar seus objetivos.
A implantação do processo ocorreu nas seguintes fases:
a) Desdobramento da estratégia da empresa para objetivos e indicadores.
b) Elaboração das fichas de Neely et al. (1997) para verificar a coleta de dados.
c) Criação do modelo gráfico dos indicadores e levantamento dos dados.
d) Analise dos dados pelos gestores das áreas para garantir que esteja expressando a real
situação.
e) Reunião de apresentação dos indicadores com desenvolvimento de planos de ação.
f) Giro do ciclo, mensal com analise das ações anteriores se surtiu efeito nos resultados.
A implantação do processo se deu inicio de Setembro de 2009 e foi concluído em 2 meses.
4.1 Resultados
a) Desdobramento da estratégia da empresa para objetivos e indicadores: os objetivos da
Empresa são divulgados através do Desdobramento da Estratégia e traduzidos em metas
mensuráveis, sendo analisados posteriormente. Deve-se sempre ter a precaução de desdobrar
efetivamente as metas e também os meios. É comum as empresas desenvolverem apenas as
metas, esquecendo-se dos meios básicos para o alcance destas metas. A Figura 6 mostra um
exemplo empregado na empresa.
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VISÃO POLÍTICAS OBJETIVOS INDICADORES
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POLÍTICA DA QUALIDADE
Desenvolver seus colaboradores Treinar seus colaboradores
Atender as expectativas dos clientes Pesquisa de satisfação dos Distribuidores e
Cliente Final
Diversificar sua linha de produtos Ampliar a quantidade/linha de produtos
Especializar sua linha de produtos Aperfeiçoar a equipe da Engenharia
Inovar sua linha de produtos Quantidade de produtos inovadores
Garantir o mais alto grau de qualidade e segurança
Quantidade de reclamações de clientes
Melhoria Continua
Índice de Refugo
Disponibilidade de Processos
Produtos Fornecidos dentro do Prazo de Entrega
Prazo de Entrega e Qualidade dos Fornecedores
POLÍTICA DE COMERCIAL Buscar a Satisfação dos Acionistas Faturamento
Figura 6 – Desdobramento da estratégia em indicadores para o Sistema de Medição de Desempenho.
b) Elaboração das fichas: Esta é a fase de maior dificuldade, sendo elas:
Falta dados para criar o indicador: há a necessidade de criar formulários e/ou implementar
sistemas para medir o objetivo.
Muitos dados com dificuldades de extrair: por causa da quantidade há demora na
extratificação.
Assim com a utilização das fichas se faz uma avaliação dos indicadores verificando realmente
o que é necessário para medir. A Figura 7 mostra 2 dos resultados do preenchimento das
fichas com base no desdobramento e em anexo seguem as fichas completas.
Titulo: 1.1 Pesquisa de satisfação dos Distribuidores e Cliente Final
Proposta : Garantir a satisfação dos clientes
Monitorar o: Objetivo da Qualidade: Atender as expectativas dos Clientes
Meta: 95%
Formula:
Para o Distribuidor: (Média dos Itens de Atendimento * PESO 4 + Média dos Itens de Qualidade do Produto *
PESO 5 + Média dos Itens de Imagem * PESO 1)
Para Cliente Final: (Média dos Iten Instrumental * PESO 4 + Média dos Iten Manuseio de Implantes * PESO 3
+ Média dos Iten Utilização da caixa * PESO 1 + Média dos Iten Geral * PESO 2)
Frequência: 6 meses
Quem Mede: Supervisor Comercial
Fontes de Dados: Pesquisa de satisfação dos clientes (distribuidor) e Registro de Participação em Cirurgia
Quem atua sobre a medida: Engenheiro da Qualidade
O que fazer com os dados? Estudar os dados e criar plano de ação para melhoria nos itens destacados
Comentarios:
OBJETIVO DA QUALIDADE: 1. ATENDER AS EXPECTATIVAS DOS CLIENTES
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Titulo: 2.1 Treinar seus colaboradores
Proposta :QUALIFICAR SEUS COLABORADORES EM SUAS FUNÇÕESPARA GARANTIR MELHORIA CONTINUA NO
PRODUTO
Monitorar o: OBJETIVO DA QUALIDADE: DESENVOLVER SEUS COLABORADORES
Meta: 30 HORAS ANOS COLABORADOR
Formula: Horas de treinamento por colaborador por ano
Frequência: Mensalmente
Quem Mede: SUPERVISOR DO TH
Fontes de Dados: Planilha Excel Indicador de Desenvolvimento dos colaboradores
Quem atua sobre a medida: Supervisor de TH
O que fazer com os dados? Através do FORM TH N°001
Comentarios:
OBJETIVO DA QUALIDADE: 2. DESENSOLVER SEUS COLABORADORES
Figura 7 – Fichas de exemplo com a avaliação dos indicadores para os objetivos Atender as Expectativas dos
Clientes e Desenvolver seus Colaboradores.
c) Criação do modelo gráfico dos indicadores e levantamento dos dados: A forma de
apresentação foi inspirada na figura 5. Os gráficos devem facilitar aos executivos a
comunicação da visão da empresa a todos os níveis hierárquicos, envolvendo diretamente
todos os colaboradores na realização dos objetivos estratégicos da empresa.
Para Meyes (1994), Neely et al. (1996), Eccles & Pyburn (1992), e Bititci, (1995), um sistema
de indicadores de desempenho deve conter dados para monitorar o passado e planejar o
futuro. Os indicadores de desempenho tradicionais e os não financeiros devem ser integrados
dentro de um sistema único, onde se deve considerar informações dos vários sistemas para
fornecer o nível necessário de dados em termos de acuracidade e confiabilidade. Ao longo do
tempo, o desenho de qualquer sistema de indicadores de desempenho deve refletir as
operações básicas do suporte organizacional, sempre lembrando da importante relação
intrínseca entre indicadores de desempenho e estratégia.
Assim os gráficos foram elaborados indicando os seguintes itens como indispensáveis na sua
formulação:
Meta: definir uma meta baseada na estratégia.
Indicação de qual sentido do gráfico resulta em um resultado positivo: é importante, pois
às vezes o sentido “menor” traz resultados positivos, como por exemplo, refugos, quanto
menor melhor.
Aparência: pouca poluição visual.
Média: para avaliação linear da medida
Descrição do objetivo e indicador: deixar claro o objetivo e o indicador medido.
Freqüência de medição: identificar a frequência de avaliação
Comparação com outros anos: como já apresentado anteriormente é necessário monitorar o
passado para planejar o futuro, assim foi incluído nos indicadores os resultados dos anos
anteriores, não aparecendo na figura 5 por não existir dados dos outros anos, afinal está
sendo implantado neste momento o SMD.
Ações propostas: apresentar o novo planejamento para melhorar e/ou manter o
desempenho, tal como as ações anteriores criando assim uma avaliação de acertividade
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sobre os resultados.
d) Analise dos dados pelos gestores das áreas para garantir que esteja expressando a
real situação: É importante ressaltar que a verificação garante a credibilidade dos dados. Às
vezes os dados extraídos podem estar incorretos. Um exemplo encontrado nesta empresa foi
que o prazo de entrega do fornecedor retirado do sistema não era o correto, era recebida a
mercadoria e carimbado com a data correta, mas no sistema era lançado a data de recebimento
como a data de entrega do pedido para a área de compras e isto às vezes demorava 2 dias.
Assim antes das reuniões, os gráficos eram apresentados para os gestores de nível
supervisional e gerencial para que fizessem as suas verificações.
e) Reunião de apresentação dos indicadores com desenvolvimento de planos de ação: Foi
determinada que a apresentação dos resultados tivesse a presença da direção, gerentes e
supervisores onde os responsáveis pela verificação dos dados da fase anterior apresentavam
os seus respectivos indicadores.
Um indicador sem acompanhamento e parâmetros de comparação passa a ser simples
números sem expressão nenhuma. A partir do momento em que se é inserido uma meta, os
resultados podem ser comparados e de nada vai adiantar você traçar as metas se não agir para
cumpri-las. Sendo assim o acompanhamento regular de um plano de ação que é elaborado
pelos responsáveis pelos indicadores é fundamental para saber se você está na direção de sua
meta ou se afastando dela. Na figura 5 mostra também que este plano de ação foi ilustrado
diretamente no gráfico da empresa para facilitar a visualização.
f) Giro do ciclo mensal com analise das ações anteriores: A freqüência de apresentação dos
resultados foi determinada como mensalmente.
g) Revisar e Avaliar o Mercado: Esta etapa foi definida dentro da análise critica da direção,
item obrigatório dentro das normas regulatórias ISO, aproveitando que a empresa tem um
sistema de gestão da qualidade baseado na norma ISO 9001:2008, ISO 13485, RDC 59 e
Marcação CE. Sendo assim a periodicidade de avaliação foi definida em 6 meses.
5. Conclusão
Em uma época, onde os dados estão se tornando abundante e disponível a todos, com custos
acessíveis, e enquanto o ciclo de vida útil dos dados é a gordura, a capacidade de rápida e
efetivamente extrair valor dos dados, para informar e facilitar a tomada de ação rápida irá
separar os vencedores dos perdedores.
O modelo é projetado para mover a organização do trabalho, através de dados, de forma
eficaz, com o tratamento da informação e valorizando o conhecimento e a experiência
sustentável como vantagem competitiva. A partir das pesquisas realizadas dentro da literatura
convergiu-se em um modelo de implantação.
Com os resultados obtidos com o estudo de caso conseguiu-se detalhar e exemplificar as
diversas etapas da implantação do SMD, com baixo tempo. Além disto, o SMD implantado
mostrou que os objetivos para o sucesso do negócio foram elaborados: através do
desdobramento da estratégia em indicadores, medindo o que realmente agrega valor; da
definição de uma freqüência de analise da estratégia com base no mercado; da garantia do
comprometimento de todos, criando uma cultura de melhoria e da estruturação de todo o
processo.
Pela dificuldade de encontrar empresas aptas a implantar um SMD, afinal a maioria já possui
modelos implantados, é que foi realizado um estudo de caso único.
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Para trabalhos futuros pode mencionar o aprofundamento da elaboração dos objetivos e do
projeto de pesquisa a fim de avaliar melhor a influência da metodologia.
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