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PROPOSTA DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA UMA SERRARIA DE VENDA E BENEFICIAMENTO MADEIREIRO Stallone Handson Pinheiro do Rosário Natal, Junho 2018 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Coordenação do Curso de Engenharia Ambiental

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PROPOSTA DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA UMA SERRARIA DE VENDA E BENEFICIAMENTO MADEIREIRO

Stallone Handson Pinheiro do Rosário

Natal, Junho 2018

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia

Coordenação do Curso de Engenharia Ambiental

Stallone Handson Pinheiro do Rosário

PROPOSTA DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA UMA SERRARIA DE VENDA E BENEFICIAMENTO

MADEIREIRO

Natal, Junho

Natal, Junho 2018

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental.

Orientadora: Prof.ª Larissa Caroline Saraiva Ferreira.

Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Karina Patrícia Vieira da Cunha.

Stallone Handson Pinheiro do Rosário

PROPOSTA DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA UMA SERRARIA DE VENDA E BENEFICIAMENTO MADEIREIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Monografia apresentada e aprovada em ___/___/___, pela seguinte, Banca Examinadora:

Prof.ª Larissa Caroline Saraiva Ferreira - Orientadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prof.º Marcos André Capitulino de Barros Filho - Avaliador Externo 1 Universidade Potiguar - UnP

Prof.ª Amanda Bezerra de Sousa - Avaliadora Interno 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Natal, Junho 2018

DEDICATÓRIA

Ao meu Pai Raul Ferreira do Rosário

Júnior, a minha Mãe Hiêda Pinheiro

do Rosário e ao meu irmão Hallyson

Henrique Pinheiro do Rosário, aos

quais dedico com muito amor.

AGRADECIMENTOS

Sou grato ao Deus que habita em mim e a todas as conquistas que Ele tem

me proporcionado ao longo dessa jornada, me ajudando e amparando quando eu

sempre precisei, por Ele nunca ter desistido de mim e por nunca ter me permitido

desistir.

Ao meu pai Raul Ferreira do Rosário Júnior, a minha mãe Hiêda Pinheiro do

Rosário e o meu irmão Hallyson Henrique Pinheiro do Rosário, que sempre me

apoiaram em busca dos meus sonhos e aos meus familiares que de alguma forma

contribuíram para que isto fosse possível.

Aos meus orientadores Prof.ª Larissa Caroline Saraiva Ferreira e a Prof.ª Dr.ª

Karina Patrícia Vieira da Cunha por todo o trabalho, ajuda, paciência, ensinamentos

e contribuições ao trabalho e a minha formação.

Aos funcionários e direção da empresa, fruto dessa pesquisa, que

possibilitaram a realização desse estudo e sempre se mostraram disponíveis a me

ajudar. Principalmente os funcionários da marcenaria pela colaboração com a coleta

de dados e ajuda.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Centro de Tecnologia e

aos amigos que lá fiz. Entre eles: Iraneide Demétrio dos Santos, por todos os nossos

momentos de descontração, a minha chefa da bolsa de apoio técnico Márcia Valéria

Alves, por todas as palavras de incentivo e compreensão, a Eusamar Coelho de

Lima e José Medeiros dos Santos pelas palavras de carinho e incentivos, a Larysse

Danielle da Costa Dantas e Sanje Adriano Silva da Costa por todas nossas trocas de

conhecimentos e amizade.

Minha eterna gratidão e amor a todos.

RESUMO

O Brasil apresenta, na atualidade, grande número de micro e pequenas empresas que vendem e produzem esquadrias ou outros produtos utilizando a madeira como matéria-prima. Essas empresas produzem grande quantidade e diversidade de resíduos madeireiros que quando mal gerenciados resultam em impactos negativos para o meio ambiente e para saúde pública. E para enfrentar esses novos desafios surgem os Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), instrumento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), como um marco regulatório no setor. Este trabalho teve por objetivo, através do estudo realizado em uma serraria de venda e beneficiamento madeireiro, identificar as não conformidades e principais desafios enfrentados pelo empreendimento na gestão dos resíduos sólidos madeireiros, visando obter informações pertinentes para a elaboração da proposta de um PGRS, atendendo às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa foi realizado o diagnóstico da geração de resíduos sólidos através de observações “in loco”, entrevistas com funcionários e análise de documentos. Aferiu-se que o modelo atual de gerenciamento de resíduos da empresa não possui adequada segregação, armazenamento e destinação. Não há valorização dos resíduos gerados e nem ações para redução de geração. Na segunda etapa, foram propostos programas e ações prioritárias para a redução de geração e maior valorização dos resíduos, os quais poderão ser aplicados em empreendimento ou em outras empresas do setor madeireiro de porte e características semelhantes, contribuindo para o atendimento à legislação ambiental e maior sustentabilidade na cadeia produtiva.

Palavras-chave: Madeireira. Gestão de resíduos. Política Nacional de Resíduos

Sólidos;

ABSTRACT

Brazil currently has a large number of micro and small companies that sell and produce frames or other products using wood as raw material. These companies produce a large quantity and diversity of wood waste that when poorly managed result in negative impacts on the environment and public health. And in order to face these new challenges, the Solid Waste Management Plans (PGRS), an instrument of the National Solid Waste Policy (PNRS), emerge as a regulatory framework in the sector. The objective of this study was to identify the nonconformities and main challenges faced by the enterprise in solid wood waste management, through a study carried out in a sawmill for sale and beneficiation of timber, in order to obtain pertinent information for the elaboration of a PGRS proposal, guidelines of the National Solid Waste Policy. The work was divided into two stages. In the first stage, the diagnosis of solid waste generation was performed through in situ observations, interviews with employees and document analysis. It was verified that the current model of waste management of the company does not have adequate segregation, storage and destination. There is no valuation of the generated waste and no actions to reduce generation. In the second stage, priority programs and actions were proposed to reduce generation and increase the value of waste, which could be applied to enterprises or other companies in the timber sector, with similar characteristics, contributing to compliance with environmental legislation and greater sustainability in the production chain.

Key words: Timber. Waste management. National Policy on Solid Waste.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Portas e janelas fabricadas na Empresa A.............................................16

Figura 02 – Fluxograma geral para caracterização e classificação de

resíduos......................................................................................................................18

Figura 03 – Entrada do setor da marcenaria..............................................................23

Figura 04 – Layout do setor da marcenaria................................................................23

Figura 05 – Equipamentos utilizados no processo de produção. (A) serra

esquadrejadeira; (B) serra circular de bancada; (C) plaina desempenadeira; (D)

plaina desengrossadeira; (E) tupia.............................................................................24

Figura 06 – Fluxograma dos processos de produção e resíduos gerados em cada

operação.....................................................................................................................25

Figura 07 – Resíduos madeireiros finos acumulados na base das máquinas...........27

Figura 08 – Resíduos madeireiros grossos dispostos sobre máquinas e encostados

nas paredes................................................................................................................27

Figura 09 – Resíduos madeireiros finos acondicionados em sacos de ráfia.............28

Figura 10 – Lixeiras de resíduos recicláveis do setor administrativo.........................28

Figura 11 – Latas de tintas vencidas sobre piso

impermeável...............................................................................................................29

Figura 12 – Big bag e sacos de ráfia do galpão de apoio..........................................29

Figura 13 – Vasilhame metálico localizado na rua do empreendimento....................30

Figura 14 – Resíduos grossos junto à parede do galpão de apoio............................31

Figura 15 – Caminhão transportador dos resíduos madeireiros................................32

Figura 16 – Aterro controlado do município funcionando como lixão........................33

Figura 17 – Dispositivos usados pelos marceneiros. (A) máscara de proteção; (B)

protetor auricular........................................................................................................34

Figura 18 – Recipientes coletores seguindo o padrão de cores estabelecido pela

Resolução do CONAMA nº 275/2001........................................................................36

Figura 19 – Locais para instalação dos recipientes coletores e baias.......................38

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Classificação dos resíduos de acordo com a sua granulometria..........24

Quadro 02 – Classificação e estimativa dos resíduos sólidos produzidos na

empresa......................................................................................................................26

Quadro 03 – Cronograma do Programa de treinamento de colaboradores e

educação ambiental do empreendimento..................................................................44

Quadro 04 – Plano de Contingência da Empresa A..................................................46

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Dados de identificação da Empresa A...................................................20

Tabela 02 – Dados do responsável técnico pela elaboração do PGRS do

empreendimento.........................................................................................................20

Tabela 03 – Divisão dos trabalhadores de acordo com o setor.................................21

Tabela 04 – Ações e prazos de Implantação da Empresa A.....................................47

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CIAVE – Centro de Informações Antiveneno

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

EPI – Equipamento de Proteção Individual

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO – International Organization for Standardization

MMA – Ministério do Meio Ambiente

NBR – Norma Brasileira

NR – Norma Regulamentadora

PGRS – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PMGIRS – Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

RS – Resíduos Sólidos

SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................14

2 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................15

2.1 Área de Estudo.....................................................................................................15

2.2 Elaboração do Plano............................................................................................16

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................20

3.1 Plano de gerenciamento de resíduos sólidos......................................................20

3.1.1 Etapa I - Descrição do Empreendimento ou Atividade...............................20

3.1.1.1 Dados da Instituição............................................................................20

3.1.1.2 Dados do responsável pela implementação do PGRS........................20

3.1.1.3 Caracterização da Instituição..............................................................21

3.1.1.4 Descrição das atividades desenvolvidas.............................................22

3.1.2 Etapa II - Diagnóstico atual do manejo dos resíduos sólidos.....................23

3.1.2.1 Características físicas dos resíduos sólidos gerados..........................23

3.1.2.2 Fluxograma dos processos de produção e resíduos gerados em cada

operação..........................................................................................................24

3.1.2.3 Classificação e quantificação dos resíduos gerados na

unidade............................................................................................................26

3.1.2.4 Gerenciamento atual dos resíduos gerados na unidade.....................26

3.1.2.5 Utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI)..................34

3.1.3 Etapa III - Proposta de Gerenciamento.......................................................35

3.1.3.1 Criação do cargo de gerente de resíduos e auxiliar de

gerente.............................................................................................................35

3.1.3.2 Ações a serem adotadas quanto ao manejo de RS............................35

3.1.3.3 Programa de minimização de resíduos...............................................41

3.1.3.4 Programa de manutenção preventiva de máquinas e

ferramentas......................................................................................................42

3.1.3.5 Programa de treinamento de colaboradores e educação

ambiental.........................................................................................................43

3.1.3.6 Programa de monitoramento contínuo................................................44

3.1.3.7 Plano de contingência.........................................................................44

3.1.4 Etapa IV - Metas para a implantação do PGRS..........................................47

3.1.4.1 Ações e prazos de Implantação..........................................................47

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................48

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................49

14

1 INTRODUÇÃO

Os resíduos sólidos (RS) são um dos maiores problemas da atualidade, tendo

em vista que sua crescente produção no mundo está diretamente relacionada ao

crescimento populacional e o desenvolvimento econômico. Além disso, a geração, o

descarte e a disposição final inadequada também ocasionam vários impactos, sejam

eles ambientais, de saúde pública, socais e econômicos. Devido a isso, há uma

necessidade do gerenciamento adequado desses resíduos, visto que necessitam de

um destino final sustentável, técnico e ambientalmente correto (GONÇALVES et al.,

2010).

Para enfrentar os novos desafios trazidos pela crescente produção de

resíduos sólidos, surge a Lei Federal n° 12.305:2010 (BRASIL, 2010), que institui a

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) como um marco regulatório no setor.

Essa lei prevê a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de

hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o

aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a destinação

ambientalmente adequada dos rejeitos. Além disso, institui a responsabilidade

compartilhada dos geradores de resíduos, e impõe que os estabelecimentos

comerciais e de prestação de serviços que gerem resíduos perigosos ou gerem

resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza,

composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder

público municipal elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

Os Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, instrumento da PNRS,

são elaborados com objetivo de orientar o gerenciamento dos resíduos sólidos

produzidos nas dependências das empresas sempre observando o conteúdo mínimo

estabelecido pela PNRS e deve considerar a seguinte ordem de prioridade: não

geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e

disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).

Vale salientar que o PGRS de uma empresa não pode ser uma ação pontual

e fora do contexto, do pensamento e da práxis empresarial. Ele precisa estar

integrado à estrutura organizacional da mesma. Deve ser inserido como uma nova

ação dentro do que já existe, caso a empresa possua algum programa de qualidade,

sejam certificações ISO, seja Sistema de Gestão Ambiental – SGA, 5S ou outros

(ROS & MAZONI, 2006).

15

Dentre os diversos tipos de resíduos produzidos nas atividades humanas

estão os resíduos oriundos das serrarias que são aqueles resultantes direta ou

indiretamente do beneficiamento da madeira, tais como tocos, pontas, aparas, peças

com defeito, serragem, pó, entre outros. Estes resíduos por serem constituídos de

diferentes tamanhos e formas podem ser perigosos quando dispostos de forma

inadequada.

De acordo com o Guia para elaboração dos Planos de Gestão de Resíduos

Sólidos, estima-se que no Brasil somente na colheita e processamento mecânico

nas serrarias são gerados em torno de 85.000.000 m3/ano de resíduos madeireiros,

quando mal manejados esses resíduos podem apresentar um grande potencial de

geração de impactos negativos (BRASIL, 2011).

O grande volume de desperdícios no beneficiamento da madeira é

extremamente relevante, pois comprometem a sustentabilidade econômica,

ambiental e social (LOPES, 2016). Do ponto de vista econômico o desperdício

contribui com a baixa eficiência, ou seja, aumenta os custos do produto final e reduz

os lucros da empresa. Do ponto de vista ambiental, intensifica a exploração florestal

devido a maior demanda por madeira, geração de passivos ambientais, problemas

de saúde pública, quando queimados ou depositados em terrenos baldios a céu

aberto, cursos d’água, beiras de estradas, entre outros. Enquanto que do ponto de

vista social, extingue a geração de empregos que poderiam ser gerados oriundos da

utilização desses resíduos.

Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo elaborar uma proposta

de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) para uma empresa de

venda e beneficiamento madeireiro localizada no município A, no Estado do Rio

Grande do Norte (RN), em conformidade com as leis e resoluções vigentes.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Área de Estudo

O estudo abrange uma serraria de venda e beneficiamento madeireiro

localizada no município A, no Estado do Rio Grande do Norte. A empresa produz

uma elevada quantidade de resíduos madeireiros (tocos, pontas, aparas, peças com

defeito, serragem e pó), papel, plástico, tintas, vernizes e cola, entre outros resíduos.

16

A produção média anual da empresa está em torno de 336 unidades de

portas, 224 unidades de janelas e cerca de 120 unidades de outros produtos como

porteiras, cruz, cochos para gados, comportas, etc (Figura 01).

Figura 01 – Portas e janelas fabricadas na Empresa A.

Fonte: Autoria própria, 2018

2.2 Elaboração do Plano

Foi realizada uma pré-avaliação das instalações da empresa, através de

visitas in loco, para coletar dados como: tipos de serviços prestados, produtos

fabricados, forma de armazenamento da matéria-prima, secagem da madeira,

formas de destinação e aproveitamento dos resíduos, condições de segurança do

trabalho, entre outros. Durante as visitas foi possível também identificar as ações

que estão sendo tomadas pela administração quanto ao manuseio dos resíduos,

desde a sua geração até a disposição final, incluindo as etapas de

acondicionamento, identificação, armazenamento, tratamento, coleta interna e

externa, além do transporte interno e externo.

Para a estruturação das informações que devem constar no Plano, a presente

pesquisa baseou-se no modelo disponível na Cartilha do Plano de Gerenciamento

de Resíduos Sólidos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), publicada em 2014.

Além de consultar a Lei Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a

Política Nacional de Resíduos Sólidos.

O método utilizado para a classificação dos resíduos gerados na serraria

baseou-se na ABNT NBR 10.004:2004 - Classificação de resíduos, norma da ABNT

17

(Associação Brasileira de Normas Técnicas). A Norma classifica os resíduos sólidos

em três classes:

Classe I - resíduos perigosos. São aqueles que em função das suas

características físicas, químicas ou infecto-contagiosas representam riscos à

saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou

acentuando seus índices; ou ao meio ambiente, quando manejados de

maneira inadequada. Podem ser classificados como perigosos em função

de características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade

ou patogenicidade, ou constam nos anexos “A” e “B” da norma;

Classe II A - resíduos não perigosos, não inertes. Podem ter propriedades

de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água;

Classe II B - resíduos não perigosos, inertes. Não possuem nenhum de

seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de

potabilidade da água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004, pág. 3).

Dessa forma, a classificação dos resíduos seguiu os seguintes passos, de

acordo com a Figura 02, na qual verifica se o resíduo é perigoso, inerte ou não

inerte, de acordo com a norma ABNT NBR 10.004a:2004.

18

Figura 02 – Fluxograma geral para caracterização e classificação de resíduos.

Fonte: ABNT, 2004.

Além da classificação em relação à periculosidade, os resíduos gerados

foram classificados também conforme a sua categoria, sendo divididos como

resíduos perigosos, madeireiros e recicláveis. Para os resíduos madeireiros, que

19

possuem uma maior produção na empresa, foi preciso uma nova classificação em

relação a sua granulometria como resíduo grosso ou fino.

Os resíduos gerados devido ao serramento, lixamento, aplainamento e

fresamento com dimensões menores de 30 x 30 mm foram caracterizados como

resíduos finos, chamados pelo administrador do estabelecimento de serragem e pó.

Já as peças de refugo, descartadas por apresentarem defeitos, as aparas com

tamanhos diversos ou incompatíveis com os componentes dos produtos, tocos e

pontas foram classificados como resíduos grossos.

Os resíduos sólidos finos, devido às características granulométricas, foram

mais facilmente identificados. Enquanto que os resíduos grossos foram identificados

com a ajuda dos funcionários do setor de marcenaria, devido à lógica de descarte ou

aproveitamento em outro ciclo produtivo.

Para o processo de quantificação dos resíduos gerados foi necessário

consultar relatórios gerenciais da empresa, realizar entrevistas abertas e fechadas

com o administrador, buscando sempre informações sobre a forma de

gerenciamento da empresa que poderiam estar relacionadas aos resíduos

produzidos. Foram realizadas, também, entrevistas com os funcionários do setor da

marcenaria para melhor entendimento dos tipos e das quantidades geradas de

resíduos. Como o sistema de produção das peças é sob encomenda, as

quantidades de resíduos produzidos variam bastante conforme a demanda de

pedidos e vendas.

Durante a avaliação interna, para melhor entendimento dos tipos de resíduos

gerados em cada etapa de produção, ou célula produtiva, foi necessário elaborar o

layout do setor da marcenaria e uma análise detalhada dos fluxos de produção e dos

processos de transformação da madeira até o produto final. Também foram utilizados

registros fotográficos das instalações, equipamentos, tipos de resíduos produzidos e

seu armazenamento.

O fluxograma dos processos de produção foi elaborado através da descrição

do administrador e por observações in loco. Foi elaborado apenas um fluxograma

genérico para a produção de portas, janelas e portões devido ao fato da quantidade

de resíduos produzidos no processo de fabricação das peças serem semelhante,

não afetando a caracterização e quantificação dos resíduos gerados em cada

operação.

20

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

3.1.1 Etapa I - Descrição do Empreendimento ou Atividade

3.1.1.1 Dados da Instituição

A identificação da instituição foi realizada com base no modelo de

identificação (Tabela 01) disponível na Cartilha de PGRS do Ministério do Meio

Ambiente (MMA) publicada em 2014.

Nome da Instituição: Empresa A

Endereço: xxx

Telefone de contato: xxx E-mail: xxx

Nº de funcionários: 06

Área Construída (m2): 1.010 m2 (Prédio Sede + Galpão de Apoio)

Prédio próprio ou alugado: Próprio.

Edifício Sede ou não: Edifício Sede.

Idade do prédio: 41 anos

Observações: Além do edifício sede a empresa conta com um galpão de apoio em outro endereço.

Tabela 01 – Dados de identificação da Empresa A.

Fonte: Autoria própria, 2018.

3.1.1.2 Dados do responsável pela implementação do PGRS

O responsável técnico pela elaboração do PGRS, assim como a instituição,

também foi identificado com base no modelo de identificação disponível na Cartilha

de PGRS do MMA (Tabela 02).

Nome do Responsável pelo PGRS: Stallone Handson Pinheiro do Rosário

Cargo: Graduando em Engenharia Ambiental - UFRN Telefone: (084) 99666-6866 E-mail: [email protected]

Comissão responsável pela elaboração do PGRS: Prof.ª Larissa Caroline Saraiva Ferreira (Orientadora); Prof.ª Dr.ª Karina Patrícia Vieira da Cunha (Coorientadora);

Tabela 02 – Dados do responsável técnico pela elaboração do PGRS do

empreendimento.

Fonte: Autoria própria, 2018.

21

3.1.1.3 Caracterização da Instituição

A empresa, inaugurada em 15 de outubro de 1977, localiza-se no município A

- RN (Figura 03), distante 175 km de Natal, no litoral norte do Estado do Rio Grande

do Norte. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no

ano de 2017, a cidade possuía uma população de aproximadamente 31.859

habitantes e área territorial de 784.193 km².

A Empresa A é uma microempresa familiar de venda e beneficiamento

madeireiro que atua no mercado local e regional. Realiza atividades de fabricação

de esquadrias (portas e janelas) sob encomenda, e fornece diversos tipos de

materiais para a construção em geral. Atende a pessoas físicas e jurídicas de

diferentes segmentos (empresa salineira, empresa de carcinicultura, etc). A empresa

possui um catálogo próprio dos seus produtos ou podem ser elaborados de acordo

com os pedidos ou necessidade dos clientes.

As principais espécies de madeiras utilizadas na fabricação de seus produtos

são: Andiroba, Louro Vermelho, Massaranduba, Angelim, Ipê, Piquiá, Jatobá e

Maracatiara. A empresa possui licença de venda e beneficiamento concedida pelos

órgãos ambientais de fiscalização do Estado, IDEMA e IBAMA. Todo o material

utilizado pela empresa é certificado e licenciado, e é proveniente do Estado do Pará.

O material é transportando até a empresa por caminhões de frete.

A sede da empresa ocupa área construída de 290 m2, onde abriga o setor de

administração, setor de marcenaria, estoque e banheiro. Composta atualmente por

06 (seis) funcionários divididos em funções específicas, conforme Tabela 03. A

empresa conta também com um galpão de apoio, localizado em endereço distinto,

onde a maior parte da madeira é armazenada e disposta para secagem. O galpão

de apoio conta com a área de 720 m2.

SETOR Nº DE FUNCIONÁRIOS

Marcenaria 02

Separação de material/pedidos e entrega

02

Administração 02

Tabela 03 – Divisão dos trabalhadores de acordo com o setor.

Fonte: Autoria própria, 2018.

22

3.1.1.4 Descrição das atividades desenvolvidas

Para atender à necessidade dos seus clientes, a empresa possui um variado

estoque de peças em madeira (caibros, ripas, linha, frechal, tábuas, barrotes, entre

outros) para construção em geral. Além de vender material elétrico, hidráulico e

mecânico.

Sua maior atuação é no beneficiamento da madeira para a fabricação de

portas, portões, porteiras, janelas, comportas, cochos, entre outros. O setor da

marcenaria (Figura 03) é composto por diversos maquinários que são utilizados no

ciclo de produção das peças auxiliando no corte, lixamento, perfuração e montagem.

É o que mais produz resíduos sólidos na empresa.

Figura 03 – Entrada do setor de marcenaria.

Fonte: Autoria própria, 2018.

No setor de marcenaria existem os seguintes equipamentos: uma serra fita de

bancada, uma serra circular de bancada, uma serra esquadrejadeira, duas tupias,

uma furadeira de bancada, uma plaina desempenadeira, uma plaina

desengrossadeira, lixadeira de bancada, compressor de ar, duas lixadeiras e duas

furadeiras, localizadas de acordo com a Figura 04.

23

LEGENDA

S – serra circular de bancada;

C – serra fita de bancada;

E – serra esquadrejadeira;

T – tupia;

A – compressor de ar;

P – plaina desempenadeira;

D – plaina desengrossadeira;

M – Mesa;

WC – Banheiro;

R – depósito de máquinas.

Figura 04 – Layout do setor da marcenaria.

Fonte: Autoria própria, 2018.

O galpão de apoio como é utilizado apenas para o armazenamento da

madeira para secagem, não há grande desenvolvimento de atividades no local e a

produção de resíduos sólidos é ínfima se comparado ao produzido na sede da

empresa.

3.1.2 Etapa II – Diagnóstico atual do manejo dos resíduos sólidos

3.1.2.1 Características físicas dos resíduos sólidos gerados

As características físicas dos resíduos sólidos gerados variam de acordo com

o processo ao qual a matéria-prima passará durante o seu beneficiamento até o seu

produto final. Os resíduos foram classificados em finos e grossos, de acordo com a

sua granulometria (Quadro 01).

24

Resíduos Dimensões máximas Processo de origem

Finos (serragem e pó)

até 30 x 30 mm Operação de aplainamento, serramento, fresamento e

lixamento

Grossos (tocos, pontas, aparas e peças

com defeito)

acima de 30 x 30 mm Operações de serramento

Quadro 01 – Classificação dos resíduos de acordo com a sua granulometria.

Fonte: Autoria própria, 2018.

3.1.2.2 Fluxograma dos processos de produção e resíduos gerados em cada

operação

É possível identificar os equipamentos utilizados no processo de produção

(Figura 05) e o fluxograma dos processos de produção e resíduos gerados em cada

operação (Figura 06).

(A)

(C)

(D)

(B)

(E)

Figura 05 – Equipamentos utilizados no processo de produção. (A) serra

esquadrejadeira; (B) serra circular de bancada; (C) plaina desempenadeira; (D)

plaina desengrossadeira; (E) tupia;

Fonte: Autoria própria, 2018.

25

Figura 06 – Fluxograma dos processos de produção e resíduos gerados em cada

operação.

Fonte: Autoria própria, 2018.

As peças em madeira bruta chegam ao setor de marcenaria para serem

processadas e são, primeiramente, encaminhadas para a serra esquadrejadeira

para padronizar o comprimento dos montantes e das travessas das peças. Na etapa

seguinte, na serra circular de bancada, as tábuas são serradas nas larguras

desejadas. Em ambas as etapas são gerados resíduos grossos, finos e material de

aproveitamento. Em seguida, vão para a plaina desempenadeira, para as peças

obterem planos com 90°. Feito isso, são encaminhadas para a plaina

desengrossadeira para padronizar a espessura das peças, gerando em ambas as

etapas resíduos finos. Posteriormente, em uma das tupias, é feito o fresamento das

peças com as medidas definitivas das larguras das peças, gerando resíduos finos.

Na tupia, também, é feito os encaixes macho e fêmea, nos montantes e travessas,

que auxiliaram nos encaixes e montagem das peças. Em seguidas são feitas as

PRODUTO FINAL

7. Lixadeira (acabamento)Resíduos finos (pó de lixadeira)

6. Furadeira (fazer furações)Resíduos finos

5. Tupia (ajustar largura e fazer os encaixes)Resíduos finos

4. Plaina Desengrossadeira (ajuste da espessura)Residuos finos

3. Plaina Desempenadeira (deixar os planos 90º)Resíduos finos

2. Serra Circular de Bancada (ajustar a largura)Resíduos grossos, finos e material de aproveitamento

1. Serra Esquadrejadeira (cortar no comprimento)Resíduos grossos, finos e material de aproveitamento

MADEIRA BRUTA

26

furações necessárias para o encavilhamento e junção das peças e colagem. No

final, a operação de lixamento é realizada, gerando o pó de lixadeira.

3.1.2.3 Classificação e quantificação dos resíduos gerados na unidade

Foram identificadas as categorias de resíduos gerados na empresa. Além

disso, os resíduos foram classificados de acordo com a NBR 10.004:2004 (Quadro

02).

Categoria Resíduo Classificação

ABNT NBR 10.004:2004

Quant. Gerada

(mensal)

Resíduos Perigosos

Tintas, solventes, vernizes e colas usados e/ou vencidos

I 46,8 L

Resíduos Madeireiros

Resíduos Grossos (tocos, pontas, aparas e peças com defeito)

II A 480 kg

Resíduos Finos (serragem) II A 750 kg

Resíduos recicláveis

Papel comum II A 12 kg

Papelão II A 18 kg

Embalagens Plásticas II A 8 kg

Copos descartáveis II A 380 un.

Quadro 02 – Classificação e estimativa dos resíduos sólidos produzidos na empresa.

Fonte: Autoria própria, 2018.

3.1.2.4 Gerenciamento atual dos resíduos gerados na unidade

Após a identificação e classificação dos resíduos, este ponto irá contemplar as

ações que estão sendo adotadas atualmente quanto ao manuseio dos resíduos sólidos

gerados, desde a segregação até a disposição final, incluindo as etapas de

acondicionamento, identificação, armazenamento, tratamento, coleta interna e externa,

além do transporte interno e externo.

Etapa I – segregação, acondicionamento e identificação

No setor de marcenaria, à medida que a matéria-prima é beneficiada os

resíduos madeireiros são gerados e vão se acumulando na base e ao redor das

máquinas no decorrer do dia. A segregação dos resíduos madeireiros é feita

manualmente, com o auxílio de uma pá, por um dos funcionários do setor quando o

27

material acumulado atinge uma determinada quantidade que atrapalhe o uso das

máquinas pelos marceneiros, a segurança do operador ou ao final do dia (Figura

07). Não há recipiente específico para o acondicionamento dos resíduos grossos.

Eles acabam sendo acumulados sobre máquinas quebradas, em desuso, dispostos

no chão ou junto às paredes (Figura 08). Enquanto que o acondicionamento dos

resíduos finos é feito em sacos de ráfia (Figura 09).

Figura 07 – Resíduos madeireiros finos acumulados na base das máquinas.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Figura 08 – Resíduos madeireiros grossos dispostos sobre máquinas e encostados

nas paredes.

Fonte: Autoria própria, 2018.

28

Figura 09 – Resíduos madeireiros finos acondicionados em sacos de ráfia.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Os resíduos recicláveis gerados no setor administrativo são acondicionados

em recipientes plásticos (Figura 10). Este mesmo recipiente recebe, também, as

embalagens usadas de resíduos perigosos (recipientes vazios de tintas, vernizes e

solventes), que são de classes diferentes sem qualquer segregação quanto à

periculosidade.

Figura 10 – Lixeiras de resíduos recicláveis do setor administrativo.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Constatou-se também a presença de latas de tintas vencidas dispostas sobre

o piso impermeável da empresa em um dos corredores do setor de estoque sem

qualquer perspectiva de destinação (Figura 11).

29

Figura 11 – Latas de tintas vencidas sobre piso impermeável.

Fonte: Autoria própria, 2018.

OS resíduos sólidos gerados do galpão de apoio decorrentes da serragem da

madeira, limpezas do depósito ou de outras atividades são segregados no momento

da geração e acondicionados em big bag e sacos de ráfia (Figura 12).

Figura 12 – Big bag e sacos de ráfia do galpão de apoio.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Não há em nenhum dos recipientes mencionados na empresa a presença de

etiquetas de identificação do material acondicionado.

30

Etapa II – armazenamento interno e externo

Os resíduos madeireiros finos gerados no setor de marcenaria, após serem

coletados e acondicionados são armazenados temporariamente no setor. Não há

local específico para o armazenamento interno. Observou-se, em visita in loco, que

o armazenamento é realizado de maneira dispersa. Os sacos de ráfia com os

resíduos finos são armazenados em qualquer local que exista “espaço”, ou seja,

ficam espalhados no setor entre as máquinas, encostados na parede, entre outros.

Não há, também, local específico para o armazenamento interno dos resíduos

madeireiros grossos. A empresa não possui abrigo externo para armazenamento de

resíduos.

No setor administrativo não há local interno para contenção temporária dos

resíduos recicláveis e perigosos gerados. À medida que os recipientes enchem, os

resíduos são descartados em um vasilhame metálico que se encontra posicionado

na esquina da rua do estabelecimento. O vasilhame foi fornecido pela prefeitura do

município para que os comerciantes próximos depositem seus resíduos (Figura 13).

Figura 13 – Vasilhame metálico localizado na rua do empreendimento.

Fonte: Autoria própria, 2018.

No galpão de apoio, os resíduos madeireiros finos gerados são armazenados

temporariamente no local onde se encontra o big bag e os sacos de ráfia e os

resíduos grossos são armazenados em um local junto a uma das paredes do galpão

(Figura 14).

31

Figura 14 – Resíduos grossos junto à parede do galpão de apoio.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Etapa III – coleta e transporte interno

A coleta e o transporte interno dos resíduos madeireiros (grossos e finos) são

realizados pelos próprios funcionários do setor, a depender das características dos

resíduos, de forma manual com o auxílio de uma pá.

Os resíduos sólidos recicláveis e perigosos do setor administrativo são

coletados, também de forma manual, por um dos funcionários do setor e

transportados para a área externa onde se encontra o vasilhame metálico fornecido

pela prefeitura.

A periodicidade da coleta interna dos resíduos madeireiros e recicláveis varia

conforme a sua geração.

O resíduo madeireiro gerado no galpão de apoio é tão irrisório que a coleta é

realizada no momento da geração do resíduo com o auxílio de uma pá e/ou

vassoura e transportado até o big bag contendo os demais resíduos. O administrator

relatou, em visitas in loco, que costuma ir aos finais de semana ao galpão realizar a

coleta de resíduos gerados que não foram possíveis de serem coletados na semana.

Etapa IV – coleta e transporte externo

Em relação aos resíduos advindos do beneficiamento da madeira, grossos e

finos, atualmente são coletados pelos funcionários do setor de forma manual e

transportados por caminhão próprio da empresa. O veículo utilizado para o

transporte é um caminhão com carroceria do tipo F4000 (Figura 15). O transporte do

32

material até sua disposição final ocorre geralmente às segundas-feiras ou em dias

que a empresa tem entrega de material fora da cidade e passa próximo ao lixão do

município.

Figura 15 – Caminhão transportador dos resíduos madeireiros.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Os resíduos recicláveis e perigosos, produzidos no setor administrativo, são

transportados por uma empresa de serviço público de limpeza urbana. A empresa

responsável pela limpeza pública do município é a Viva Limpeza Urbana. A

frequência de coleta desses resíduos é de 02 vezes por semana (segunda e quarta-

feira), os resíduos são coletados por funcionários da Viva e transportados por um

caminhão coletor compactador, que também é responsável por coletar todo o lixo,

de mesmas características, da cidade.

A coleta dos resíduos gerados no galpão de apoio e realizado por um dos

funcionários, de forma manual, a periodicidade do transporte externo varia conforme

com o setor de marcenaria. O transporte também é realizado pelo caminhão da

serraria.

Etapa V – tratamento

Não há tratamento interno prévio a nenhum dos resíduos sólidos gerados na

empresa, ao qual se incluem os de classe I e II, antes de serem coletados e

posteriormente destinados.

33

Etapa VI – destinação e disposição final

Atualmente a empresa não adota nenhum sistema de coleta seletiva ou de

logística reversa. A disposição final dos resíduos gerados pelo beneficiamento da

madeira, entre eles os resíduos grossos e finos, são o antigo aterro controlado da

cidade que atualmente funciona como lixão (Figura 16). O aterro controlado fica

localizado as margens da BR 406, distante 12 km da cidade.

Figura 16 – Aterro controlado do município funcionando como lixão.

Fonte: http://municipioemdia.blogspot.com.br, 2011.

Em conversas com o administrador da empresa foi relatado que por muito

tempo este material era destinado a empresas de cerâmica, padarias, criadores de

galinha, entre outros. As empresas de cerâmica e padarias utilizavam esses

resíduos nos seus fornos de queima, contribuindo com o aumento do poder

calorífico. Já os criadores de galinha usavam os resíduos em seus aviários.

O recolhimento do material era sempre de responsabilidade da empresa

interessada pelo material, uma vez que a serraria não cobrava pelo resíduo

fornecido.

Atualmente o material não é mais fornecido devido ao não comprometimento

dessas empresas em ir buscá-lo periodicamente. Foi relatado, pelo administrador,

que muitas empresas não iam recolher o material nos dias combinadas e isso

gerava um acúmulo do material na empresa que não tinha onde armazená-los por

muito tempo. Além de que o acúmulo desse material gerava riscos aos funcionários

do setor.

34

3.1.2.5 Utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Os funcionários do setor de marcenaria não utilizavam EPI em algumas

atividades. Em conversa com os marceneiros foi relatado que a empresa fornece os

dispositivos, porém, em algumas atividades eles não os usam por acharem que os

equipamentos atrapalham durante a realização da atividade.

Os dispositivos mais utilizados por eles são: máscara de proteção e

protetores auriculares (Figura 17). Ambos os dispositivos são utilizados durante a

serragem e o lixamento da madeira, devido ao barulho e ao pó gerado. O uso de

avental de carpinteiro e luvas também não foram constatados.

(A)

Fonte:https://produto.mercadolivre.com.br/M

LB-868233545-mascara-de-proteco

(B) Fonte:http://www.aguado.com.br/produtos/

mostra/95/abafador--protetor-auricular

Figura 17 – Dispositivos usados pelos marceneiros. (A) máscara de proteção; (B)

protetor auricular;

As vestimentas geralmente utilizadas pelos marceneiros são camisa,

bermuda, geralmente jeans, e chinelos. Indagados pelo fato de não usarem

fardamento eles alegaram que não faziam “questão de usar tal dispositivo por

dificultar sua locomoção nas atividades diárias e serem muito quentes”.

Segundo o administrador da empresa e funcionários nunca houve acidentes

com elevada gravidade, com afastamentos do trabalho por mais de 15 dias. Os

acidentes mais comuns são cortes de pequena profundidade, sem necessidade de

sutura, arranhões ou farpas de madeira na pele. A empresa não possui caixa de

primeiros socorros, apenas um frasco de antisséptico guardado em um dos armários

do setor administrativo.

35

3.1.3 Etapa III - Proposta de Gerenciamento

As propostas a serem adotadas pelo empreendimento foram baseadas nas

irregularidades observadas, em visitas in loco, na fase de diagnóstico. Além de

buscar ações que estejam sempre em conformidade com as legislações ambientais

pertinentes quanto ao manejo de resíduos sólidos.

O intuito dessas ações é corrigir erros e falhas do atual gerenciamento, propor

melhorias, evidenciar as ações corretas adotas no atual gerenciamento, evitar

desperdícios e principalmente evitar problemas futuros através de ações

preventivas.

3.1.3.1 Criação do cargo de gerente de resíduos e auxiliar de gerente

A criação do cargo de gerente de resíduos e auxiliar de gerente se faz

necessário para que o PGRS tenha efetiva atuação na empresa. Para isso é preciso

que funcionários internos sejam responsáveis pelo manejo e gerenciamento dos

resíduos sólidos gerado em cada setor da empresa.

É desejável que os funcionários escalados para desenvolver os cargos

tenham boa conscientização sobre a importância ambiental que o cargo exige. Além

de contribuírem com a segurança do ambiente de trabalho e com a organização do

processo de produção.

3.1.3.2 Ações a serem adotadas quanto ao manejo de RS

Os procedimentos propostos a seguir deverão ser tomados pela

administração da empresa quanto ao manejo dos resíduos, desde a sua geração até

a disposição final, incluindo as etapas de acondicionamento, identificação,

armazenamento, tratamento, coleta interna e externa, além do transporte interno e

externo. Desse modo, serão adotados para cada etapa, os seguintes procedimentos:

Etapa I – segregação, acondicionamento e identificação

As medidas propostas para as etapas de segregação, acondicionamento e

identificação dos resíduos, serão baseadas de acordo com os tipos de resíduos

gerados. Ações pontuais contribuirão com a eficiência dessas medidas.

36

Em relação aos resíduos madeireiros, ao qual nos referimos aos resíduos

grossos e finos, algumas mudanças serão necessárias, especialmente na etapa de

acondicionamento.

Para os resíduos grossos, entre eles tocos, pontas, aparas e peças com

defeitos o seu acondicionamento será feito em vasilhames metálicos ou plásticos,

identificados, para o material de reuso o acondicionamento será em baias

construídas na área do estoque de esquadrais, de forma que não ofereça risco aos

marceneiros que circulam no setor durante as suas atividades. Quanto ao

acondicionamento dos resíduos finos não há nada a ser proposto por ser o saco de

ráfia uma forma adequada e economicamente viável de segregação e

acondicionamento do material.

Para os resíduos recicláveis do setor administrativo, em sua maioria

composto por papel, papelão, copos descartáveis e embalagens plásticas, a

proposta seria segregá-los em recipientes coloridos seguindo o padrão de cores

estabelecido pela Resolução do CONAMA nº 275:2001 para posterior coleta

seletiva.

A empresa não possui coletores coloridos, havendo assim a necessidade de

comprá-los. Estes devem ser adquiridos com base nas observações de rotina

quanto à caracterização e a frequência de geração de resíduos no setor

administrativo. Logo, a proposta seria a aquisição de recipientes coletores na cor

azul (papel/papelão) e vermelha (plástico) devido à alta produção desse material

(Figura 18).

Figura 18 – Recipientes coletores seguindo o padrão de cores estabelecido pela

Resolução do CONAMA nº 275/2001.

Fonte: https://www.marfimetal.com.br/produto/kit-duas-lixeiras-25-litros-coleta-seletiva/

37

A segregação dos resíduos sólidos dessa forma acaba incentivando a

reciclagem desses materiais, diminuindo a quantidade de resíduos encaminhados

para lixões e aterros sanitários, contribuindo assim com a redução do crescente

impacto ambiental, além de ser uma ação ambientalmente adequada.

As latas de tintas vencidas e/ou usadas devido ao seu tamanho e formato

serão acondicionadas empilhadas sobre piso impermeável, porém em local seguro e

identificado. Estes resíduos por serem passíveis de logística reversa, deverão

permanecer armazenados até serem coletados por uma empresa especializada e

posteriormente destinados.

Para os resíduos que não se enquadram nos coletores acima, ou seja,

resíduos de coleta comum seriam acondicionados no balde preto que já existe na

empresa identificado como “Resíduo Comum”.

Etapa II – armazenamento interno e externo

Os resíduos madeireiros produzidos no setor de marcenaria devem possuir

um local para armazenamento temporário, de preferência em um local livre e de fácil

acesso. Propõe-se que o local de armazenamento dos resíduos madeireiros finos e

grossos (tocos, pontas, aparas e peças com defeitos) sejam próximos a entrada do

setor de marcenaria (Figura 18) como forma de otimizar o deslocamento dos sacos

de ráfia e dos vasilhames até o veículo transportador do material nos dias de coleta.

É preciso que seja realizado limpeza no local e remoção das máquinas em desuso.

Outro ponto muito importante é que com o armazenamento dos resíduos

madeireiros finos na entrada do setor, evita-se que nos dias de coleta do material, os

trabalhadores envolvidos nesta atividade transitem no setor atrapalhando os

marceneiros, diminuindo assim os riscos de acidentes.

Os resíduos grossos de reuso seriam então armazenados internamente nas

baias que serão construídas na área do estoque das esquadrias.

Como não há no setor administrativo um ambiente para contenção temporária

dos resíduos recicláveis gerados será necessário destinar um local para a instalação

dos coletores coloridos. Propõe-se que estes sejam instalados na área anexa do

estoque de material (Figura 19) onde possuem bastantes espaços livres, de fácil

circulação. Os resíduos permaneceriam neste local até que seja realizada a coleta

seletiva. Os resíduos perigosos devem ser armazenados também neste local em

38

uma área sinalizada e de fácil acesso e, posteriormente, serem passíveis de

logística reversa.

Os resíduos comuns não recicláveis, que são passíveis de coleta

convencional, após serem coletados internamente, devem ser transportados

manualmente por um dos funcionários do setor até o vasilhame metálico

disponibilizado pela prefeitura, onde permanecem armazenados até serem coletados

externamente e posteriormente destinados.

Para os resíduos madeireiros gerados no galpão de apoio à proposta de

melhoramento seria apenas em relação ao armazenamento dos resíduos grossos

que pode permanecer no local atual, porém é preciso que a disposição do material

seja de forma organizada e segura.

LEGENDA

– Recipientes coletores de resíduos

madeireiros;

– Armazenamento dos resíduos

perigosos;

– Recipientes coletores de resíduos

recicláveis;

– Baias para o armazenamento do

material de reuso.

Figura 19 – Locais para instalação dos recipientes coletores e baias.

Fonte: Autoria própria, 2018.

39

Etapa III - coleta e transporte interno

Os resíduos madeireiros (grossos e finos) devem ser coletados e

transportados pelos funcionários para o local sugerido na etapa anterior sempre que

necessário para que o acúmulo desse material não atrapalhe o desenvolvimento das

atividades do setor da marcenaria.

Para os resíduos perigosos, propõe-se que a coleta seja realizada sempre

que tiver um recipiente do produto vencido ou vazio apto para ser transportado para

o local determinado na etapa anterior.

A coleta dos resíduos recicláveis deve ser realizada sempre que os

recipientes estiverem cheios e transportados internamente para local seguro.

Já os resíduos comuns não recicláveis, propõe-se que estes sejam coletados

de acordo com a rotina de coleta externa realizada pela empresa de limpeza pública

do município. Esta ação evitaria o acúmulo de resíduos no vasilhame metálico,

deixando-os expostos a animais e a catadores que circulam no local e acabam

espalhando os resíduos na rua.

Etapa IV - coleta e transporte externo

Para os resíduos de coleta seletiva, propõe-se que a coleta desse material

seja realizada através de contrato com cooperativas de catadores que recolha esse

tipo de resíduo, conforme solicitado pelo IDEMA. O transporte do resíduo é de

responsabilidade da cooperativa contratada, em carro adequado. Recomenda-se

que a frequência de coleta desse material deva ser estabelecida de uma forma que

seja favorável para ambas às partes, o que pode ser acordado entre a empresa e a

cooperativa contratada.

Para os resíduos passiveis de logística reversa, a frequência de coleta deve

variar de acordo com a demanda dos resíduos disponíveis nos recipientes, os quais

serão controlados pelo gerente de resíduos juntamente com o auxiliar que deverão

comunicar ao responsável pela empresa sempre que for necessário solicitar a coleta

externa destes resíduos. O transporte deverá ser realizado por veículos próprios

para esse tipo de atividade, que deverá atender todas as exigências da legislação

para transporte desse tipo de resíduo.

Em relação à coleta pública ou convencional, que é o tipo de coleta externa

que será destinada aos resíduos comuns não recicláveis, permanecerá sendo

40

realizada da forma que é feita atualmente, isto é, pela empresa responsável pela

limpeza pública, que realiza a coleta semanal em dias específicos da semana de

acordo com o cronograma de bairro deles.

Para os resíduos gerados pelo beneficiamento da madeira, propõe-se que a

coleta e transporte externo sejam realizados quinzenalmente ou sempre que houver

necessidade, evitando assim, acúmulo desnecessário de resíduos, como vem

ocorrendo atualmente. O transporte externo continua sendo feito pelo caminhão da

empresa e devem continuar sendo destinados ao lixão da cidade.

Etapa V - Destinação e disposição final

Seguindo ao estabelecido no Art. 3º, inciso VII e VIII, da PNRS (BRASIL,

2010), a disposição e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos

sólidos da empresa deve ser feita observando normas operacionais específicas de

modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e minimizar os

impactos ambientais adversos. Baseado nisso, propõe-se que para os resíduos

sólidos comuns não recicláveis possam ser destinados a um aterro sanitário.

Sabemos que o município possui apenas um aterro controlado que

atualmente funciona como lixão, porém com esforços das autoridades do município

essa realidade pode ser revertida.

No Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PEGIRS, 2012)

existe a discussão de um consórcio público para a construção do aterro sanitário do

Vale do Açu que eliminará os lixões de vários municípios da região, e dará o

tratamento e a disposição final adequada ao lixo de acordo com Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS). O consórcio será integrado por 23 municípios ao qual o

município A está incluído.

Para os resíduos sólidos perigosos, a logística reversa deve ser aplicada e

estimulada. A empresa pode incentivar seus clientes para que após o uso dos

produtos perigosos (tintas, solventes, vernizes e colas), adquiridos no

estabelecimento, retornem com os recipientes vazios para a empresa para terem

uma destinação ambientalmente correta. Estes resíduos serão encaminhados aos

seus fabricantes para que possam ter destinação correta.

Os resíduos comuns recicláveis devem ser destinados às cooperativas de

materiais recicláveis. Atualmente a cidade possui uma cooperativa, a Associação de

41

Catadores de Materiais Recicláveis que recolhem esses resíduos porta a porta. A

empresa pode firmar contrato com a cooperativa para destinar seus resíduos.

Em relação aos resíduos provenientes do beneficiamento da madeira, propõe-

se que sejam incentivados a reutilização, a compostagem, o aproveitamento

energético desse material ou outras destinações ambientalmente adequadas.

Retornar o fornecimento desse material às empresas de cerâmicas e padarias para

aproveitamento energético. Além de buscar parcerias com outras empresas como

pet shops, empresas de jardinagem e hortas municipais. Buscar na região empresas

e/ou fazendas produtoras agrícolas que tenham interesse em utilizar esses resíduos,

especialmente o resíduo fino, na compostagem.

É importante que a destinação dos resíduos madeireiros para outras

empresas seja realizada através de contrato que ampare ambas as partes. Deve ser

estipulado, em contrato, o tipo de material recolhido, a periodicidade, os dias de

coleta, o horário, o responsável pela coleta, o veículo coletor, entre outros. Nessa

modalidade evita-se que sejam gerados problemas futuros quanto à gestão desses

resíduos pela empresa.

A empresa deve incentivar seus marceneiros na reutilização de aparas e

peças com pequenos defeitos em outros processos de produção. Vale ressaltar que

a reutilização de peças com defeitos não pode comprometer a qualidade final do

produto.

3.1.3.3 Programa de minimização de resíduos

A implantação de um programa de minimização de resíduos sólidos parte da

necessidade de se adotar novos hábitos no sentido de atender não só a legislação

vigente, como também com a gestão desses resíduos. É preciso ter uma nova

mentalidade e consciência acerca da diminuição desses resíduos que se preocupe

principalmente com a diminuição dos possíveis impactos ao meio ambiente.

O programa tem como metas a implantação de técnicas que visem diminuir a

geração de resíduos na fonte e o seu reaproveitamento. Segundo Figuerêdo (2006),

a minimização de materiais envolve qualquer ação que resulte tanto na utilização

racional, segura e ambientalmente adequada de insumos, métodos e processos,

como na consideração de que em muitos materiais residuais gerados possui

potencial de reaproveitamento. Assim, o objetivo primeiro da minimização é buscar

42

não gerar ou então reduzir a geração do material residual na fonte e, em segundo

lugar, procurar reutilizar, reciclar ou recuperar aqueles materiais de geração

inevitável.

Dessa maneira, o programa de minimização deve adotar as seguintes

estratégias:

Adote um copo: procurar adotar um copo descartável (ou levar o seu

copo/xícara de vidro ou plástico) para consumação de água e/ou café.

Reutilização das folhas impressas e/ou catálogos antigos que se acumulam

no setor administrativo, podendo ser produzido alguns blocos de anotações

ou ser usado para embalar pequenos produtos;

Reutilização de resíduos recicláveis gerados, especificamente as caixas de

papelão, para a guarda e organização de produtos no estoque;

Realização de controle de qualidade dos produtos fabricados, evitar a

devolução/troca do mesmo pelos clientes;

Adoção de critérios dimensionais na aquisição de matéria-prima, a fim de

evitar desperdícios e geração de resíduos;

Adotar critérios de qualidade junto ao seu fornecedor;

Adoção de uma ficha de controle de estoque do tipo PEP’s (Primeiro a Entrar,

Primeiro a Sair) para evitar a obsolescência de tintas, vernizes, solventes e

colas devido ao prazo de validade.

Fiscalização das Gerências: gerentes e auxiliares sempre adotando uma

postura de exemplo para seus subordinados no tocante à utilização dessas

medidas básicas;

3.1.3.4 Programa de manutenção preventiva de máquinas e ferramentas

Como o foco do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos deve ser a

diminuição da geração de resíduos sólidos ações que visem essa redução sempre

serão bem-vindas. Em relação aos equipamentos a adoção de medidas preventivas

como, manutenção periódica das máquinas, afiação dos discos de corte, trocas de

peças desgastadas e lubrificação são algumas das ações que devem ser realizadas

periodicamente, em períodos pré-determinados ou conforme necessidade.

43

A adoção de um programa de conservação de máquinas seria algo benéfico

para gerir esse problema, pois esses fatores refletem diretamente no aumento da

geração de resíduos, devido à baixa eficiência de corte.

3.1.3.5 Programa de treinamento de colaboradores e educação ambiental

O treinamento dos colaboradores auxilia as empresas, pois qualificam seus

funcionários para exercer com competência determinada tarefa. Marras 2001 p. 145

afirma que “treinamento é um processo de assimilação cultural a curto prazo, que

objetiva repassar ou reciclar conhecimento, habilidades ou atitudes relacionadas

diretamente à execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho”. Baseado nisso,

surge o programa de treinamento de colaboradores e educação ambiental que se

manifesta com o intuito de contribuir com as questões ambientais da empresa, e

com a implantação do PGRS. Segundo Marinho et al. (2011), não basta apenas

dispor de rotas de tratamento de resíduos se as pessoas não são parte ativa e

integrante da gestão dos mesmos.

O treinamento dos colaboradores se dará através de palestras educativas,

oficinas e minicursos que englobem toda a temática dos resíduos sólidos

(classificação, identificação, segregação, gerenciamento, destinação final,

importância da coleta seletiva, da logística reversa, entre outros temas), segurança

do trabalho e outros temas propostos pelos funcionários. Para que os funcionários

se sintam entusiasmados com o aprendizado, os treinamentos devem possuir

atribuições claras e serem apresentados de forma dinâmica e interativa, e assim,

tornem-se conscientes do cumprimento da política ambiental sobre resíduos sólidos

(SANTOS, 2017).

A empresa poderá trabalhar o programa, conforme o cronograma do Quadro

03, visando sempre à conscientização em relação aos procedimentos que deverão

ser adotados para a efetivação do PGRS e a minimização das quantidades de

resíduos madeireiros, demonstrando, assim, sua responsabilidade para com o meio

ambiente.

44

DATA PÚBLICO ALVO TEMÁTICA

Semana 01 Funcionários Palestra sobre a Política Nacional de Resíduos

Sólidos (PNRS)

Semana 02 Funcionários Palestra sobre o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS)

Semana 03 Funcionários Palestra sobre o Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos (PGRS)

Semana 04 Funcionários Palestra sobre impactos relacionados ao

desmatamento.

Semana 05 Funcionários Palestra sobre Segurança do Trabalho e

Primeiros Socorros.

Semana 06 Funcionários Minicurso sobre Educação Ambiental.

Semana 07 Funcionários Tema proposto pelos funcionários.

Semana 08 Funcionários Treinamento sobre o PGRS da empresa.

Semana 09 Funcionários

Treinamento sobre o novo gerenciamento de resíduos sólidos da empresa (de acordo com o

PGRS, realização da capacitação dos funcionários para a correta execução de suas

funções).

Semana 10 Clientes Distribuição de cartilha sobre consumo de

madeira e impactos.

Quadro 03 – Cronograma do Programa de treinamento de colaboradores e

educação ambiental do empreendimento.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Entre os benefícios causados pelo programa de treinamento de funcionários

podemos destacar:

Redução de custos de produção;

Desperdícios por erro humano;

Ambiente de trabalho agradável;

Diminuição dos riscos de acidentes;

Entrosamento entre os funcionários;

Empresa mais competitiva;

Elevação na produtividade;

Maior conscientização ambiental;

3.1.3.6 Programa de monitoramento contínuo

Visando checar e avaliar periodicamente se a implantação do PGRS está

sendo executado em conformidade com o planejado, surge o programa de

monitoramento contínuo. As informações serão consolidadas por meio de relatórios

gerenciais, que contribuirão com eficiência e eficácia da aplicação do PGRS,

aprimorando a execução e corrigindo eventuais erros.

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A atuação do gerente de resíduos e do auxiliar de gerente será fundamental

para a eficiência do programa de monitoramento, visto que será deles a

responsabilidade de monitorar todas as etapas do gerenciamento dos resíduos no

empreendimento, elaborar relatórios semestrais (ou anuais), contemplando sempre

os resultados dos treinamentos e capacitações realizadas na empresa. Sempre que

houver alguma atualização na legislação, resolução ou alguma norma for publicada

ou retificada, será função do gerente de resíduos adequar as medidas adotadas pela

empresa a essa atualização.

3.1.3.7 Plano de contingência

O Plano de Contingência é um planejamento preventivo e alternativo para

atuação durante um evento que afeta as atividades normais da organização, como

sinistro, perda, dano, entre outros. Visa prover a organização de procedimentos e

responsabilidades, com objetivos de orientar as ações durante um evento

indesejado. Sendo assim, o PGRS deve incluir em sua estrutura o plano de

contingência para que seus colaboradores saibam como enfrentar tais situações

indesejadas.

Durante o desenvolvimento de suas atividades diárias os funcionários da

empresa acabam sendo expostos a inúmeras situações de riscos de acidentes, de

perigo eminente e emergência. Logo, o plano de contingência deve contemplar as

medidas necessárias a serem tomadas durante eventualidades e que devem ser

efetivas, de fácil e rápida execução. Além disso, devem especificar medidas

alternativas para o controle e minimização de danos causados ao meio ambiente e

ao patrimônio quando da ocorrência de situações anormais envolvendo quaisquer

das etapas do gerenciamento dos resíduos.

Portanto, para que seus funcionários saibam suas responsabilidades e como

proceder em eventos indesejados, foram identificados possíveis cenários que podem

ocorrer na empresa no desenvolvimento das atividades diárias quanto ao manuseio

de equipamentos e máquinas e nas etapas de gerenciamento de resíduos sólidos e

propostas de ações a serem tomadas em caso de ocorrência (Quadro 04).

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ETAPAS OCORRÊNCIAS AÇÕES

Ac

on

dic

ion

am

en

to e

Arm

azen

am

en

to

Extravio do recipiente de acondicionamento do resíduo, por manuseio incorreto ou deficiência do material que o compõe.

Remoção do resíduo para outro recipiente específico (conforme o tipo de resíduo).

Co

leta

e T

ran

sp

ort

e

Paralisação da realização da coleta seletiva.

Buscar contato diretamente com outras cooperativas de catadores de materiais recicláveis da cidade ou região, de modo a verificar o interesse destas em coletar os resíduos recicláveis diretamente na empresa.

Paralisação da realização da coleta de logística reversa.

Celebrar contrato emergencial com alguma empresa especializada na coleta destes resíduos pelo tempo necessário a essa paralização.

Op

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Derramamento de produtos químicos ou inflamáveis no chão da empresa.

Identificar o produto vazado, isolar a área contaminada e em seguida limpá-la, utilizando os EPI’s necessários para a correta realização da atividade, e promover a ventilação do local. Obs.: Se o produto for tóxico, monitorar a área antes de liberá-la.

Respingo de produto químico nos olhos do funcionário.

Lavar os olhos atingidos, por 15 minutos, com água fria. Em seguida encaminhar a vítima ao atendimento médico de emergência. Obs.: Informar o produto químico envolvido no acidente ao médico.

Inalação de produto tóxico pelo funcionário.

Ligar imediatamente para o SAMU 192, para pedir socorro e, em seguida para o Centro de Informações Antiveneno (CIAVE), através do número 0800 284 4343, para receber uma orientação dos profissionais enquanto o socorro médico chega;

Cortes não profundos e/ou arranhões

Deve-se deixar sangrar um pouco e verificar se ficaram farpas de madeira na pele. Lavar com água corrente e desinfetar antisséptico, protegendo o ferimento com gaze esterilizada. Se houver sangramento ou hemorragia, pressionar o ferimento até cessar.

Cortes profundos ou fraturas.

É preciso manter a calma e controlar a hemorragia imediatamente. Se houver um pedaço de madeira ou outro objeto cravado no corte não tente retirá-lo, pode provocar uma hemorragia maior. Ligar imediatamente para o SAMU 192, para pedir socorro.

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Queimaduras térmicas, provocadas por chamas, ou maquinas e equipamentos quentes

Devem ser resfriadas com água e nunca com gelo. Recomenda-se um jato fraco de água levemente morna ou fria, demoradamente, sobre a zona queimada. Encaminhar para atendimento médico.

Quadro 04 – Plano de Contingência da Empresa A.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Todas as ocorrências devem ser comunicadas imediatamente ao gerente de

resíduos ou ao auxiliar de gerente.

3.1.4 Etapa IV - METAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO PGRS

3.1.4.1 Ações e prazos de Implantação

Quanto à implantação do PGRS, será necessária a realização de algumas

adequações, tais como: a aquisição de recipientes coletores adequados para o

acondicionamento dos resíduos, aquisição de vasilhames metálicos, modificações

na forma de armazenamento dos resíduos, entre outros.

Para isso, foram estabelecidos prazos para a implantação das ações

propostas no Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da empresa, conforme

podemos observar na Tabela 04.

Ações Prazos* (dias)

Aquisição de aventais de carpinteiro; 30

Aquisição de caixa de primeiros socorros; 30

Início do programa de treinamento de colaboradores e educação ambiental do empreendimento;

30

Aquisição de recipientes coletores coloridos para o adequado acondicionamento dos resíduos gerados no setor administrativo;

60

Aquisição de vasilhames metálicos para o adequado acondicionamento dos resíduos grossos (tocos, pontas e aparas) gerados no setor de marcenaria;

60

Aquisição de sacos de ráfia para o acondicionamento dos resíduos sólidos finos;

60

Construção de baias para armazenamento dos resíduos grossos (peças de aproveitamento) do setor de marcenaria;

120

Tabela 04 – Ações e prazos de Implantação da Empresa A.

Fonte: Autoria própria, 2018.

_______ * Os prazos serão iniciados a partir do momento da entrega do PGRS ao proprietário do estabelecimento.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou a avaliação da atual

forma de gerenciamento dos resíduos sólidos provenientes das atividades

desenvolvidas na Empresa A, ficando evidente que a empresa não possui

gerenciamento adequado dos seus resíduos, que precisam ser corrigidos e

adequados de acordo com o estabelecido pelas legislações ambientais em vigência

e com a implantação do PGRS.

O modelo de PGRS estruturou de forma simples e embasada nas diretrizes

da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ações prioritárias para a redução de

geração e a maior valorização na destinação dos resíduos, sendo uma contribuição

para a Empresa A e para outras empresas de venda e beneficiamento madeireiro,

elaborarem seus PGRS buscando sempre realizar ações para uma maior

sustentabilidade no uso da madeira a fim de torná-la ambientalmente adequada,

auxiliando na redução dos riscos de impacto ao meio ambiente e à saúde dos

próprios funcionários.

É importante ressaltar que este documento auxiliará na implantação das

proposições sugeridas no decorrer dos próximos meses, que devem seguir as

orientações contidas no mesmo.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004/2004 - Resíduos Sólidos- Classificação. Rio de Janeiro, 2004a. 71 p. BRASIL. Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília-DF. DOU – Diário Oficial da União, 2010. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Guia para elaboração dos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos. Brasília, 2011. 256 p. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/estruturas/srhu_urbano/_arquivos/guia_elaborao_plano_de_gesto_de_resduos_rev_29nov11_125.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2018. FIGUERÊDO, D. V. Manual para gestão de resíduos químicos perigosos em instituições de ensino e pesquisa. 1. ed. Belo Horizonte: Conselho Regional de Química de Minas Gerais, 2006. p 23. GONÇALVES, M. S.; KUMMER, L.; SEJAS, M. I.; RAUEN, T. G.; Bravo, C. E. C. Gerenciamento de resíduos sólidos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Francisco Beltrão. Paraná: Revista Brasileira de Ciências Ambientais, mar. 2010. LOPES, Mariana de Araújo. Gerenciamento de resíduos madeireiros em pequenas indústrias de produtos de madeira de maior valor agregado. 2015. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2016. doi:10.11606/D.11.2016.tde-04052016-110319. Acesso em: 2018-02-27. MARRAS, P.J. Administração de recursos humanos: do Operacional ao Estratégico. 4. ed. São Paulo: Futura, 2001. MARINHO, Claudio Cardoso et al. Gerenciamento de resíduos químicos em um laboratório de ensino e pesquisa: a experiência do Laboratório de Limnologia da UFRJ. Eclet. Quím. [online]. 2011, vol.36, n.2, pp.85-104. ISSN 0100-4670. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-46702011000200005 Relatório Síntese – Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte - PEGIRS/RN. Natal (RN): Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos - SEMARH, 2012. 158p. ROS, D.C.; MAZONI, P. Porquê e como elaborar o Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, Brasília-DF,2006. 52f SANTOS, Arthur Felipe Freire. Proposta de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos para a central analítica do NUPPRAR/UFRN. 2017. 71f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.