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PROPOSTA E AVALIAÇÃO DE UM MÉTODO ADAPTATIVO DE CORTE DE
CARGA
Samuel Souza da Silva Júnior
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Elétrica, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
Elétrica.
Orientadora: Tatiana Mariano Lessa de Assis
Rio de Janeiro
Março de 2017
iii
Silva Júnior, Samuel Souza da
Proposta e Avaliação de um Método Adaptativo de
Corte de Carga/ Samuel Souza da Silva Júnior – Rio de
Janeiro: UFRJ/COPPE, 2017.
XIII, 111 p. il.; 29,7 cm
Orientadora: Tatiana Mariano Lessa de Assis
Dissertação (Mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa
de Engenharia Elétrica, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 101-104.
1. Método adaptativo de corte de carga. 2. Controle
de frequência. 3. Proteção de subfrequência. I. Assis,
Tatiana Mariano Lessa de. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Elétrica.
III. Título.
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Samuel e Maria, que com amor e apoio me permitiram chegar até aqui.
São os maiores responsáveis por minhas conquistas. Meu amor por vocês é
imensurável. Aos meus irmãos, Jaqueline e Roberto (em memória), pelo afeto por mim.
À minha namorada, Danielle, pelo amor, compreensão e companheirismo que foram
fundamentais para minha dedicação a esta dissertação. À sua família, em especial, a
Juju e a Patrícia, pelos momentos de alegria e carinho.
À minha orientadora, professora Tatiana Mariano Lessa de Assis, pelo privilégio de sua
orientação. Obrigado pela confiança, dedicação, paciência, ensinamentos e
oportunidades ao longo de toda minha formação acadêmica.
A todos os professores do DEE e PEE da UFRJ, que de alguma maneira contribuíram
com minha formação. De modo especial, aos professores Glauco, Sebastião e Toni
pelos profundos ensinamentos e amizade.
A todos os meus amigos, de graduação, de mestrado, do LASPOT, que de alguma
forma me apoiaram na realização deste trabalho. Meu mais sincero obrigado.
À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES,
pelo suporte financeiro.
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
PROPOSTA E AVALIAÇÃO DE UM MÉTODO ADAPTATIVO DE CORTE DE
CARGA
Samuel Souza da Silva Júnior
Março/2017
Orientadora: Tatiana Mariano Lessa de Assis
Programa: Engenharia Elétrica
Este trabalho trata da avaliação de métodos adaptativos de alívio de carga.
Entendem-se como métodos adaptativos, esquemas de alívio de carga que são capazes
de, através da monitoração do estado da rede, estimar o desbalanço entre a carga e a
geração do sistema e adaptar o montante de carga a ser rejeitado. São apresentados
métodos encontrados na literatura para estimação do déficit de potência, distribuição do
corte de carga e as considerações assumidas durante a execução do esquema de alívio de
carga. As considerações apresentadas são utilizadas para o desenvolvimento de um novo
método adaptativo. Os requisitos e desafios na implantação de uma proteção adaptativa
centralizada são comentados, sobretudo, na utilização dos sistemas de medição fasorial
sincronizada. Por fim, o método proposto é avaliado em diferentes sistemas benchmark
IEEE, de forma que a importância de cada consideração apresentada seja ilustrada e sua
aplicabilidade em sistemas de diferentes portes seja testada. A simulação é realizada no
domínio do tempo, com o uso da toolbox do Matlab© para análise de sistema de
potência PSAT.
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
PROPOSAL AND EVALUATION OF AN ADAPTIVE LOAD SHEDDING
METHOD
Samuel Souza da Silva Júnior
March/2017
Advisor: Tatiana Mariano Lessa de Assis
Department: Electrical Engineering
This work deals with the evaluation of adaptive methods of load shedding. It is
understood as adaptive methods, load shedding schemes that are able, through
monitoring the state of the network, to estimate the unbalance between the load and the
generation of the system and to adapt the amount of load to be rejected. Methods found
in the literature to estimate the power deficit, load cut distribution and the
considerations assumed during the execution of the load shedding scheme are presented.
The considerations presented are used for the development of a new adaptive method.
The requirements and challenges in the implementation of a centralized adaptive
protection are discussed, especially, in the use of synchronized phasor measurement
systems. Finally, the proposed method is evaluated in different IEEE benchmark
systems, so that the importance of each presented consideration is illustrated and its
applicability in systems of different sizes is tested. The simulation is performed in the
time domain, using the power systems analysis toolbox PSAT for Matlab©.
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... X
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XII
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................. XIII
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 1
1.1 MOTIVAÇÃO .............................................................................................. 1
1.2 OBJETIVO .................................................................................................. 2
1.3 MÉTODOS ADAPTATIVOS DE ALÍVIO DE CARGA ........................................ 2
1.4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 4
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................. 5
CAPÍTULO 2 CONTROLE DE FREQUÊNCIA EM SISTEMAS DE ENERGIA
ELÉTRICA ...............................................................................................................6
2.1 CONTROLE CARGA-FREQUÊNCIA .............................................................. 6
2.2 REGULAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................... 8
2.3 CONTROLE PRIMÁRIO DE FREQUÊNCIA ...................................................... 9
2.3.1 Regulador Isócrono ........................................................................ 11
2.3.2 Regulador Com Queda de Velocidade ........................................... 12
2.4 CONTROLE SECUNDÁRIO DE FREQUÊNCIA ............................................... 16
2.5 ESQUEMA DE ALÍVIO DE CARGA .............................................................. 17
CAPÍTULO 3 PROTEÇÃO ADAPTATIVA DE ALÍVIO DE CARGA POR
SUBFREQUÊNCIA ..................................................................................................... 19
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 19
3.2 AVALIAÇÃO DO DESEQUILÍBRIO CARGA E GERAÇÃO .............................. 20
3.2.1 Modelo para Estimação do Déficit de Potência.............................. 20
3.2.2 Influência do Modelo da Carga ...................................................... 23
3.2.3 Influência das Fontes Alternativas na Execução do Corte de Carga
26
3.2.3.1 Imprecisão da Inércia Equivalente .............................................. 26
3.2.3.2 Variações no Déficit de Potência Durante o Corte de Carga ...... 28
3.3 DISTRIBUIÇÃO DO ALÍVIO DE CARGA ...................................................... 30
viii
3.3.1 Método de Distribuição Baseado no Afundamento de Tensão ...... 30
3.3.2 Método de Distribuição Baseado no Rastreamento do Fluxo de
Potência 31
3.3.3 Método de Distribuição Baseado na Sensibilidade da Frequência . 35
3.3.3.1 Determinação das Mudanças na Geração ................................... 35
3.3.3.2 Cálculo dos Fatores de Sensibilidade ......................................... 39
3.3.4 Exemplo de Avaliação dos Métodos de Rastreamento do Fluxo de
Potência e da Sensibilidade .................................................................................... 40
3.4 CONSIDERAÇÃO DA ATUAÇÃO DOS REGULADORES DE VELOCIDADE ...... 42
3.5 MÉTODO PROPOSTO ................................................................................ 46
3.5.1 Monitoração do Limite de Corte por Barra de Carga ..................... 47
3.5.2 Consideração do Tempo de Recuperação da Frequência ............... 48
3.5.3 Fluxograma Completo do Método Proposto .................................. 51
CAPÍTULO 4 REQUISITOS E DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DOS
MÉTODOS ADAPTATIVOS DE ALÍVIO DE CARGA ......................................... 53
4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 53
4.2 REQUISITOS NA ESTIMAÇÃO DO DÉFICIT DE POTÊNCIA ........................... 55
4.3 REQUISITOS NA DISTRIBUIÇÃO DO CORTE DE CARGA ............................. 57
CAPÍTULO 5 SIMULAÇÕES E RESULTADOS ................................................. 61
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 61
5.2 APLICAÇÃO NO SISTEMA MODIFICADO IEEE 13 NODE TEST FEEDER ...... 63
5.2.1 Modelagem da Carga ...................................................................... 65
5.2.2 Ilhamento do Sistema ..................................................................... 67
5.2.3 Variações do Despacho Durante o Corte de Carga ........................ 70
5.2.3.1 Variação da Geração Solar ......................................................... 71
5.2.3.2 Variação da Geração Eólica ........................................................ 72
5.2.4 Imprecisão na Inércia Equivalente do Sistema ............................... 74
5.2.5 Método Adaptativo Versus Método Tradicional de Alívio de Carga
78
5.3 APLICAÇÃO NO SISTEMA MODIFICADO IEEE 39 BARRAS ....................... 81
5.3.1 Avaliação dos Métodos de Distribuição de Corte de Carga ........... 83
5.3.2 Análise do Tempo de Recuperação da Frequência ......................... 88
5.4 APLICAÇÃO NO SISTEMA MODIFICADO IEEE 118 BARRAS ..................... 92
ix
5.5 AVALIAÇÃO DA LATÊNCIA NA ATUAÇÃO DO MÉTODO DE ALÍVIO DE
CARGA 95
CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ............................... 98
6.1 CONCLUSÕES ........................................................................................... 98
6.2 TRABALHOS FUTUROS ........................................................................... 100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 101
ANEXO A MODELAGEM MATEMÁTICA DOS GERADORES
ALTERNATIVOS EMPREGADOS NAS SIMULAÇÕES .................................... 105
A.1 MODELAGEM PARA O GERADOR EÓLICO............................................................ 105
A.2 MODELAGEM PARA O PAINEL FOTOVOLTAICO ................................................... 108
A.3 MODELAGEM PARA A CÉLULA A COMBUSTÍVEL ................................................ 109
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: FAIXA DE OPERAÇÃO DE FREQUÊNCIA [12] ................................................................. 7
FIGURA 2: MALHA DE CONTROLE DE VELOCIDADE .................................................................... 10
FIGURA 3: DIAGRAMA DE BLOCOS DO REGULADOR ISÓCRONO .................................................. 11
FIGURA 4: RESPOSTA NO TEMPO DO REGULADOR ISÓCRONO ..................................................... 11
FIGURA 5: SISTEMA ELÉTRICO COM REGULAÇÃO ISÓCRONA ...................................................... 12
FIGURA 6: DIAGRAMA DE BLOCOS DO REGULADOR COM QUEDA DE VELOCIDADE .................... 13
FIGURA 7: RESPOSTA NO TEMPO DO REGULADOR COM QUEDA DE VELOCIDADE ....................... 13
FIGURA 8: CARACTERÍSTICA EM REGIME PERMANENTE REGULADOR COM ESTATISMO ............. 14
FIGURA 9: DIVISÃO DE CARGA ENTRE DUAS UNIDADES GERADORAS ......................................... 15
FIGURA 10: MALHAS DE CONTROLE PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DE VELOCIDADE ....................... 16
FIGURA 11: CARACTERÍSTICA EM REGIME PERMANENTE DA REGULAÇÃO PRIMÁRIA E
SECUNDÁRIA ....................................................................................................................... 17
FIGURA 12: JANELA DE TEMPO DA ESTIMATIVA DO DÉFICIT DE POTÊNCIA ................................. 21
FIGURA 13: SISTEMA IEEE 9 BARRAS ........................................................................................ 22
FIGURA 14: FREQUÊNCIAS DO SISTEMA IEEE 9 BARRAS ............................................................ 22
FIGURA 15: DERIVADA DAS FREQUÊNCIAS DO SISTEMA IEEE 9 BARRAS .................................. 23
FIGURA 16: DERIVADA DA FREQUÊNCIA AO OCORRER UM DÉFICIT DE POTÊNCIA ADICIONAL ... 29
FIGURA 17: PRINCÍPIO DO COMPARTILHAMENTO PROPORCIONAL .............................................. 32
FIGURA 18: MODELO DA REDE ELÉTRICA COM ACOPLAMENTO MÚTUO ENTRE AS CARGAS ....... 36
FIGURA 19: CIRCUITO EQUIVALENTE ACOPLADO DE PORTA SIMPLES ........................................ 38
FIGURA 20: SISTEMA EXEMPLO PARA AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS RFP E SF ............................. 41
FIGURA 21: FREQUÊNCIAS DO SISTEMA IEEE 9 BARRAS PARA DOIS MÉTODOS ADAPTATIVOS DE
ALÍVIO DE CARGA ............................................................................................................... 45
FIGURA 22: DERIVADA DA FREQUÊNCIA PARA O SISTEMA IEEE 9 BARRAS COM MÉTODO AR . 46
FIGURA 23: SISTEMA EXEMPLO PARA LIMITAÇÃO DO CORTE DE CARGA .................................... 47
FIGURA 24: FLUXOGRAMA PARA O LIMITADOR DE CORTE POR BARRA DE CARGA ..................... 48
FIGURA 25: PSEUDOCÓDIGO PARA IMPEDIR O RETORNO LENTO DA FREQUÊNCIA ...................... 49
FIGURA 26: FILOSOFIA DO CORTE ADICIONAL DE CARGA PARA ACELERAR A RECUPERAÇÃO DE
FREQUÊNCIA ....................................................................................................................... 50
FIGURA 27: FLUXOGRAMA COMPLETO DO MÉTODO PROPOSTO .................................................. 52
FIGURA 28: ESTRUTURA BÁSICA DE UM WAMS ......................................................................... 54
FIGURA 29: AQUISIÇÃO DE DADOS PARA A ESTIMATIVA DO DESBALANÇO DE POTÊNCIA .......... 56
FIGURA 30: AQUISIÇÃO DE DADOS PARA A EXECUÇÃO DO MÉTODO AT .................................... 57
FIGURA 31: AQUISIÇÃO DE DADOS PARA A EXECUÇÃO DO MÉTODO RFP .................................. 58
FIGURA 32: AQUISIÇÃO DE DADOS PARA A EXECUÇÃO DO MÉTODO SF ..................................... 59
xi
FIGURA 33: FLUXOGRAMA DO BLOCO DE INTEGRAÇÃO NO DOMÍNIO DO TEMPO ....................... 62
FIGURA 34: SISTEMA MODIFICADO IEEE 13 NODE TEST FEEDER .............................................. 64
FIGURA 35: INFLUÊNCIA DO MODELO DA CARGA NA ESTIMAÇÃO DO DÉFICIT ........................... 66
FIGURA 36: FREQUÊNCIA DO SISTEMA APÓS O ILHAMENTO ........................................................ 68
FIGURA 37: ALOCAÇÃO DO CORTE POR CARGA QUANDO CONSIDERADO MÉTODO SF. .............. 69
FIGURA 38: FREQUÊNCIA E DESPACHO MECÂNICO PARA O CASO DA FIGURA 36 ....................... 70
FIGURA 39: FREQUÊNCIA DO SISTEMA APÓS O ILHAMENTO E PERDA DE GERAÇÃO SOLAR ........ 71
FIGURA 40: DERIVADA DA FREQUÊNCIA DO SISTEMA APÓS O ILHAMENTO E PERDA DE GERAÇÃO
SOLAR ................................................................................................................................. 72
FIGURA 41: FREQUÊNCIA DO SISTEMA APÓS O ILHAMENTO E PERDA DE GERAÇÃO EÓLICA ....... 73
FIGURA 42: ALOCAÇÃO DO CORTE DE CARGA POR ETAPA PARA O CASO DA FIGURA 41 ............ 74
FIGURA 43: FREQUÊNCIA DO SISTEMA COM IMPRECISÃO DA INÉRCIA EQUIVALENTE ................ 75
FIGURA 44: FREQUÊNCIA DO SISTEMA PARA DIFERENTES ESTIMATIVAS DE INÉRCIA
EQUIVALENTE ..................................................................................................................... 76
FIGURA 45: ETAPAS DE CORTE POR VALOR INICIAL DA INÉRCIA EQUIVALENTE ......................... 77
FIGURA 46: FREQUÊNCIA DO SISTEMA COM INÉRCIA SUPERESTIMADA ...................................... 78
FIGURA 47 MÉTODO ADAPTATIVO VERSUS MÉTODO TRADICIONAL APÓS O ILHAMENTO ........... 79
FIGURA 48: MÉTODO ADAPTATIVO VERSUS MÉTODO TRADICIONAL APÓS O ILHAMENTO E PERDA
DE GERAÇÃO SOLAR ............................................................................................................ 80
FIGURA 49: SISTEMA MODIFICADO IEEE 39 BARRAS ................................................................ 81
FIGURA 50: CARACTERÍSTICA VERSUS DÉFICIT OBSERVADO ............................................. 82
FIGURA 51: DISTRIBUIÇÃO DO CORTE DE CARGA POR MÉTODO .................................................. 84
FIGURA 52: FREQUÊNCIA DO SISTEMA PARA DIFERENTES DISTRIBUIÇÕES DE CORTE DE CARGA 85
FIGURA 53: FLUXO DE POTÊNCIA NA INTERLIGAÇÃO 1-2 ........................................................... 86
FIGURA 54: TENSÃO MÉDIA EM TODAS AS BARRAS DE CARGA ................................................... 87
FIGURA 55: FREQUÊNCIA DO SISTEMA NEW ENGLAND COM MÉTODO SF .................................... 88
FIGURA 56: DERIVADA DA FREQUÊNCIA DO SISTEMA NEW ENGLAND COM MÉTODO SF ............ 89
FIGURA 57: DERIVADA DA FREQUÊNCIA DO SISTEMA NEW ENGLAND COM MÉTODO ADAPTATIVO
TEMPORIZADO ..................................................................................................................... 90
FIGURA 58: MÉTODO ADAPTATIVO VERSUS MÉTODO ADAPTATIVO TEMPORIZADO VERSUS
MÉTODO TRADICIONAL NO SISTEMA NEW ENGLAND .......................................................... 90
FIGURA 59: SISTEMA MODIFICADO IEEE 118 BARRAS. RETIRADO DE [28] ............................... 93
FIGURA 60: FREQUÊNCIA DO SISTEMA MODIFICADO IEEE 118 BARRAS PARA DIFERENTES
CASOS ................................................................................................................................. 94
FIGURA 61: FREQUÊNCIA DO SISTEMA DA FIGURA 34 PARA DIFERENTES VALORES DE ATRASO 96
FIGURA 62: FREQUÊNCIA DO SISTEMA DA FIGURA 59 PARA DIFERENTES VALORES DE ATRASO 97
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: AJUSTES DO ERAC PARA AS REGIÕES SE/CO E S. .................................................... 18
TABELA 2: RASTREAMENTO DOS FLUXOS DO SISTEMA DA FIGURA 17. ...................................... 32
TABELA 3: CENÁRIOS PARA O SISTEMA EXEMPLO DA FIGURA 20............................................... 41
TABELA 4: RESULTADOS DOS MÉTODOS NO SISTEMA DA FIGURA 20. ........................................ 41
TABELA 5: ETAPAS DO CORTE DE CARGA ................................................................................... 43
TABELA 6: RESULTADOS PARA A APLICAÇÃO DOS MÉTODOS ADAPTATIVOS DE ALÍVIO DE CARGA
NO SISTEMA IEEE 9 BARRAS .............................................................................................. 45
TABELA 7: DESLIGAMENTO DAS UNIDADES GERADORAS POR SUBFREQUÊNCIA [12] [24] ......... 49
TABELA 8: INSTANTE DE AQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES POR MÉTODO DE DISTRIBUIÇÃO .......... 59
TABELA 9: CARREGAMENTO DO SISTEMA IEEE 13 NODE TEST FEEDER .................................... 65
TABELA 10: RESULTADOS DO ALÍVIO DE CARGA PARA O CASO DA FIGURA 36 .......................... 68
TABELA 11: RESULTADOS DO ALÍVIO DE CARGA PARA O CASO DA FIGURA 39 .......................... 72
TABELA 12: RESULTADOS DO ALÍVIO DE CARGA PARA O CASO DA FIGURA 41 .......................... 73
TABELA 13: RESULTADOS DO ALÍVIO DE CARGA PARA O CASO DA FIGURA 43 .......................... 75
TABELA 14: VALORES DA CONSTANTE DE INÉRCIA EQUIVALENTE PARA O CASO DA FIGURA 4477
TABELA 15: RESULTADOS DO ALÍVIO DE CARGA PARA O CASO DA FIGURA 46 .......................... 78
TABELA 16: AJUSTES PARA O MÉTODO TRADICIONAL ................................................................ 79
TABELA 17: MONTANTE CORTADO POR MÉTODO PARA O CASO DA FIGURA 47 ......................... 79
TABELA 18: MONTANTE CORTADO POR MÉTODO PARA O CASO DA FIGURA 48 ......................... 80
TABELA 19: DESBALANÇO DE POTÊNCIA E MONTANTE CORTADO POR MÉTODO DE DISTRIBUIÇÃO
DE ALÍVIO DE CARGA .......................................................................................................... 85
TABELA 20: CARREGAMENTO INICIAL E FINAL PARA O CASO DA FIGURA 52 ............................. 87
TABELA 21: RESULTADOS DO CORTE DE CARGA PARA O CASO DA FIGURA 58 ........................... 91
TABELA 22: RESULTADOS PARA APLICAÇÃO DO MÉTODO ADAPTATIVO TEMPORIZADO NO
SISTEMA NEW ENGLAND ...................................................................................................... 92
TABELA 23: MONTANTE CORTADO E DESBALANÇO ESTIMADO PARA O CASO DA FIGURA 60 .... 95
TABELA A.1: PARÂMETROS DO GERADOR SÍNCRONO DIRETAMENTE CONECTADO .................. 108
TABELA A 2: PARÂMETROS DO PAINEL FOTOVOLTAICO ........................................................... 109
TABELA A 3: PARÂMETROS DA CÉLULA A COMBUSTÍVEL ........................................................ 111
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
AT Método de Distribuição Baseado no Afundamento de Tensão, p. 30
CAG Controle Automático de Geração, p. 16
CB Carregamento Base, p. 66
ERAC Esquema Regional de Alívio de Carga, p. 18
GD Geração Distribuída, p. 64
PDC Phasor Data Concentrator, p. 54
PMU Phasor Measurement Unit, p. 1
PSAT Power System Analysis Toolbox, p. 61
RFP Método de Distribuição Baseado no Rastreamento do Fluxo de
Potência, p. 30
ROCOF Rate of Change of Frequency, p. 56
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition, p. 55
SEP Sistemas Especiais de Proteção, p. 2
SF Método de Distribuição Baseado na Sensibilidade da Frequência, p.
30
WAMPAC Wide-Area Monitoring Protection and Control, p. 2
WAMS Wide-Area Monitoring System, p. 1
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 Motivação
Como consequência do aumento do consumo de energia e da dificuldade de expansão
da rede de transmissão e da geração, os sistemas elétricos de potência estão operando
cada vez mais próximos de seus limites de estabilidade [1]. Este fato introduz a
necessidade de revisão dos esquemas clássicos de proteção, tais quais os esquemas
tradicionais de alívio de carga, buscando além de garantir uma operação segura, uma
maior exploração dos limites da rede elétrica.
A implantação dos sistemas de monitoramento em ampla área (do Inglês Wide-Area
Monitoring Systems - WAMS) apresenta-se como uma evolução dos sistemas de
aquisição de dados da rede. Os WAMS utilizam as unidades de medição fasorial
sincronizadas (do Inglês Phasor Measurement Unit - PMU) na obtenção de informações
da rede elétrica. As PMUs são capazes de medir fasores de corrente e tensão
sincronizados com alta precisão, por meio de uma referência comum provida por
sistemas de posicionamento global (GPS) [2].
2
O WAMS é capaz de promover uma monitoração dinâmica e confiável da rede elétrica,
possibilitando a implantação e melhoria de esquemas de controle e proteção dos
sistemas de potência, resultando nos chamados sistemas de proteção e controle em
ampla área (do Inglês Wide-Area Monitoring Protection and Control- WAMPAC), em
contraste com os sistemas especiais de proteção (SEP).
Os SEPs são baseados na execução de ações de controle e proteção após a detecção
direta de estágios pré-definidos do sistema (conforme os esquemas tradicionais de corte
de carga). Em contrapartida, os sistemas WAMPAC atribuem medidas de controle e
proteção adaptativas, baseadas na monitoração da reposta das variáveis do sistema a
distúrbios arbitrários [3].
A principal motivação deste trabalho é a elaboração de um sistema de proteção em
ampla área na implantação de um esquema adaptativo de alívio de carga, protegendo o
sistema contra subfrequência.
1.2 Objetivo
O objetivo deste trabalho é propor um método de alívio de carga que seja capaz de
proteger sistemas de grande porte e sistemas ilhados. O método deve considerar as
variações de carga ocasionadas pela mudança na tensão, a presença de fontes de geração
sem inércia e as variações de potência durante a sua execução.
É almejada a reprodução e avaliação de características de métodos adaptativos de corte
de carga presentes na literatura, passando pelas diferenças e desafios na estimação do
déficit de potência, assim como da alocação do corte de carga.
1.3 Métodos Adaptativos de Alívio de Carga
A frequência de um sistema de energia elétrica é determinada pela velocidade de
rotação dos geradores síncronos conectados ao mesmo [4]. Qualquer desbalanço entre a
potência mecânica de entrada de um gerador síncrono e sua potência elétrica de saída
(excetuando as perdas da máquina) ocasionará variações em sua velocidade, resultando
em variações na frequência elétrica [4]. Distúrbios que acarretam sobregeração, por
consequência sobrefrequência, são contornados por meio do redespacho de potência dos
geradores [5], não possuindo maiores dificuldades em retomar um ponto de equilíbrio,
mesmo que seja necessária a implantação de esquemas de alívio de geração. Em
3
contrapartida, distúrbios que causam sobrecarga, ou déficit de geração, por
consequência subfrequência, são mais difíceis de serem resolvidos e podem acarretar
blecautes de grandes proporções.
Em condições normais de operação, as variações da carga são atendidas por meio dos
reguladores de velocidade dos geradores síncronos [6]. Entretanto, ao ocorrer um déficit
de potência significativo, tal qual a perda de um gerador de grande porte, de linha de
interligação ou um aumento repentino da carga, a frequência do sistema pode decair
rapidamente, impossibilitando a atuação dos reguladores de velocidade em tempo hábil,
devido à sua operação relativamente lenta [7]. Nessas situações, para interromper a
queda da frequência e trazê-la à faixa de valores aceitáveis de operação, é indispensável
a utilização de um método de alívio de carga, para a manutenção da integridade do
sistema.
O método de alívio de carga mais comumente utilizado nos sistemas de energia elétrica,
denominado na literatura como método tradicional [8], se baseia na instalação de relés
automáticos de subfrequência, ajustados para diferentes patamares de frequência, nos
alimentadores das subestações. O montante de carga a ser cortado e os locais do corte,
por patamar de frequência, já são previamente definidos, independentemente do grau do
distúrbio que ocasionou o déficit de potência [5]. O problema com esse esquema é que o
montante pré-estabelecido de carga a ser cortado, muitas vezes, pode não ser igual ao
déficit de potência real do sistema. Portanto, a frequência pode continuar caindo, caso o
valor pré-estabelecido para rejeição de carga seja menor que o real, ou apresentar um
sobressinal, caso o valor pré-estabelecido seja maior que o real [5].
Para contornar os problemas supracitados do esquema tradicional, garantindo a
manutenção da estabilidade de frequência e visando o mínimo de corte de carga
possível, avançou-se no desenvolvimento dos chamados métodos adaptativos de alívio
de carga. Os métodos adaptativos são capazes de, em sua maioria, a partir da
monitoração da taxa de variação da frequência, estimar o déficit de potência real do
sistema e adaptar o alívio de carga ao desbalanço determinado, tendendo a minimizar o
montante de carga a ser cortado. Portanto, a elaboração de métodos adaptativos de
alívio de carga representa uma evolução nos conceitos de proteção, monitoração e
controle da rede elétrica.
4
Este trabalho trata da avaliação destes métodos adaptativos, abordando principalmente
os desafios e requisitos na estimação do déficit de potência e na distribuição do corte de
carga no sistema.
1.4 Revisão Bibliográfica
O conceito de proteção adaptativa contra subfrequência não é recente na literatura. Uma
concisa revisão bibliográfica é apresentada, com algumas importantes publicações sobre
o assunto.
Em [1], TANG et al. apresentam um método adaptativo que leva em consideração tanto
a estabilidade de frequência quanto a estabilidade de tensão no corte de carga,
abordando também a distribuição do corte de potência reativa por meio do método do
rastreamento do fluxo de potência. O corte de potência reativa pode mostrar-se com
maior dificuldade em relação ao corte de potência ativa, exigindo a presença de
dispositivos de compensação controlados, dificultando o processo.
Em [5], GIRGIS et al. tratam da estimação da frequência de um sistema elétrico e de
sua taxa de variação em sobrecargas instantâneas de potência. É proposto um filtro de
Kalman adaptativo, de forma que a frequência e a sua taxa de variação média possam
ser estimadas na presença de harmônicos, distorções e oscilações de sincronismo nas
amostras da forma de onda da tensão.
Em [7], KETABI et al. tratam de um método adaptativo de alívio de carga que é
independente da inércia do sistema e variações de geração durante o corte de carga, na
estimação do déficit de potência. Entretanto, a dependência da carga com a tensão não é
considerada, podendo acarretar erros consideráveis na estimação do desbalanço de
potência, especialmente em sistemas que apresentem afundamentos de tensão durante o
distúrbio que originou o desbalanço.
Em [8], RUDEZ et al. apresentam um método adaptativo que considera a dependência
da carga com a tensão na estimação do déficit de potência. Um termo que leva em conta
a capacidade de aumento de potência pela regulação de frequência do sistema é
acrescido ao cálculo do déficit de carga, levando à diminuição do montante rejeitado.
Porém, o método apresentado não lida com imprecisões na estimativa da constante de
inércia do sistema, nem com variações de geração durante a execução do corte de carga.
5
Em [9], ANDERSON et al. propõem o ajuste dos relés de subfrequência do sistema de
maneira adaptativa ao distúrbio. O corte de carga só é realizado para desbalanços de
potência maiores que os distúrbios que não causem afundamento crítico de frequência.
Tais valores de distúrbios são definidos com base na resposta do sistema com modelo
reduzido, e o montante de carga a ser rejeitado é definido com base na taxa de variação
da frequência. Um fator dificultoso para a aplicação do método é a definição do
distúrbio “aceitável”, que não ocasione o afundamento da frequência abaixo dos valores
limites de operação transitória, uma vez que o valor deve ser calculado a priori para
diferentes configurações de estado da rede.
Em [10], TERZIJA apresenta um método adaptativo baseado na determinação do
desbalanço de potência através de duas etapas: a determinação da frequência e sua taxa
de variação por meio de um algoritmo de Newton não recursivo e a determinação do
desbalanço de potência através do modelo linearizado reduzido do sistema. Os
resultados evidenciam que a frequência e sua taxa de variação podem ser obtidas através
de amostras da forma de onda da tensão dos geradores e aplicadas na estimação do
déficit de potência, todavia, uma análise do efeito da distribuição do corte de carga no
sistema não é realizada.
1.5 Estrutura da Dissertação
Essa dissertação está dividida em 6 capítulos. No Capítulo 2, apresentam-se,
sucintamente, os artifícios utilizados para o controle de frequência elétrica em um
sistema de potência. No Capítulo 3, a fundamentação teórica dos métodos adaptativos
de alívio de carga é apresentada. Os conceitos de estimação do déficit de potência e
alocação do corte de carga são explorados e utilizados na proposta de um novo método
adaptativo. No Capítulo 4 os requisitos e desafios necessários para a implantação do
método proposto são discutidos. No Capítulo 5, o método proposto é avaliado
considerando sistemas benchmark IEEE com diferentes características. No Capítulo 6,
as conclusões gerais e trabalhos futuros são apresentados.
6
CAPÍTULO 2
CONTROLE DE FREQUÊNCIA EM
SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA
2.1 Controle Carga-Frequência
O controle da frequência de um sistema de energia elétrica é primordial para a sua
manutenção da operação. Os equipamentos presentes em um sistema de potência são
especificados para trabalharem com frequência próxima à nominal da rede elétrica (60
Hz, no caso brasileiro). A operação fora dos limites aceitáveis (Figura 1), mais
especificamente para casos de subfrequência, pode ocasionar danos como: esforços
torcionais excessivos em turbinas e geradores, aumento da corrente de magnetização em
transformadores e motores de indução [11], etc. O controle da frequência elétrica do
sistema é essencial, tanto para manter a frequência próxima de seu valor nominal,
promovendo adequada qualidade de energia e operação da rede, quanto para prevenir
desligamentos em cascata, ocasionados pela atuação da proteção individual dos
equipamentos.
7
Figura 1: Faixa de operação de frequência [12]
A frequência do sistema elétrico é estritamente relacionada com o balanço entre a carga
e a geração, e determinada pela velocidade de rotação elétrica dos geradores síncronos.
Quando consideradas em valores por unidade (pu), as grandezas de velocidade de
rotação e frequência elétrica da máquina são numericamente iguais [11], sendo
consideradas sinônimos neste texto.
A equação de oscilação da máquina síncrona (2.1) descreve o seu comportamento
eletromecânico [11]. Para o equilíbrio do sistema, ou seja, para que a frequência
mantenha-se constante, com derivada nula, é necessário que a potência mecânica seja
igual à potência elétrica das cargas. Em outras palavras, é necessário que a geração seja
igual à carga, mais as eventuais perdas do sistema.
(2.1)
Sendo:
– Constante de inércia da máquina i, em s;
– Taxa de variação da velocidade da máquina i, em pu/s;
– Potência mecânica da máquina i, em pu;
- Potência elétrica da máquina i, em pu.
As cargas de um sistema elétrico de potência possuem tanto uma parcela ativa de
potência quanto uma parcela reativa. É evidente que o equilíbrio entre carga e geração
deve ser estabelecido para ambas as parcelas, todavia, a frequência do sistema é mais
8
sensível às variações de potência ativa das cargas [6]. Entretanto, deve-se destacar que,
devido à dependência das cargas com a tensão, há um acoplamento entre as potências
ativa e reativa [8].
O balanço entre a geração e carga no sistema é denominado um quase equilíbrio [5],
pois a demanda elétrica está continuamente mudando, necessitando que os geradores do
sistema possuam um controle de geração, alterando sua potência mecânica, de forma a
manter o equilíbrio e controlar a frequência elétrica em seu valor nominal.
Este tipo de controle de geração pode ser denominado um controle clássico de
frequência, onde o equilíbrio de potências da equação (2.1) é propiciado pela mudança
da potência mecânica, de acordo com as variações na potência elétrica, ou seja, a
geração tende a seguir a carga. Entretanto com o avanço das chamadas redes e cargas
inteligentes, a manutenção do balanço carga-geração pela resposta da demanda surge
como um novo paradigma no controle de frequência [13].
Contudo, nesta seção são abordados, concisamente, os artifícios utilizados para o
controle de frequência tradicional em um sistema de potência, ou seja, o controle
realizado pelas máquinas síncronas. Os conceitos de regulação própria, regulação
primária, regulação secundária e alívio de carga são apresentados.
2.2 Regulação Própria
A regulação própria do sistema diz respeito à sua capacidade inerente de alcançar um
novo ponto de equilíbrio carga-geração, ou seja, a capacidade de se autorregular. Este
fato deve-se à dependência da carga com a frequência, onde observa-se, em geral, uma
tendência natural de diminuição da potência ativa da carga com o decaimento da
frequência [14].
A potência elétrica da carga, quando considerada sua dependência com a frequência, é
dada pela equação (2.2).
(2.2)
Sendo:
– Parcela da carga invariante com a frequência, em pu;
9
– Constante de amortecimento de carga, em %;
– Variação de frequência, em pu.
Valores típicos para a constante de amortecimento estão na faixa de 1% a 2% [14]. Um
valor de 2% significa que, para cada 1% de mudança na frequência, a carga do sistema
irá sofrer uma variação de 2%. Portanto, caso o sistema não possua um controle de
velocidade ativo, sua resposta a uma mudança no carregamento dependerá apenas de
sua constante de inércia e de sua constante de amortecimento, limitando a manutenção
da estabilidade de frequência às pequenas variações de carga.
2.3 Controle Primário de Frequência
Para contornar a limitação da regulação própria do sistema, os geradores contam com
mecanismos automáticos que atuam ao enxergar um desbalanço de potência,
conduzindo o sistema a um novo ponto de equilíbrio. Tais mecanismos são
denominados reguladores de velocidade e compreendem a chamada Regulação Primária
ou Controle Primário de Frequência [14].
Os reguladores de velocidade atuam no controle da potência mecânica dos geradores.
Ao observarem um desvio na frequência do sistema causado por um desbalanço de
potência, os reguladores atuam no sentido de contrabalanceá-lo. Por exemplo, uma
derivada positiva de frequência indica que o segundo termo da igualdade da equação
(2.1) é positivo, ou seja, a potência mecânica é maior que a carga elétrica, ocasionando
o aumento de velocidade da máquina. Os reguladores de velocidade nesse caso atuariam
no sentido de diminuir a potência mecânica nas turbinas, corrigindo o valor da
frequência. O mesmo pensamento pode ser estendido para o caso onde a potência
elétrica é maior que a mecânica, fazendo com que os reguladores aumentem o despacho
para prevenir que a frequência caia.
Para os estudos de estabilidade de frequência, pode-se assumir que a taxa de variação da
frequência é diretamente proporcional ao desbalanço de potência e inversamente
proporcional à constante de inércia da máquina [9]. Para um mesmo valor de
desbalanço, a taxa de variação da frequência será menor quanto maior a constante de
inércia da máquina. A equação (2.1) é elaborada para uma única máquina, porém
conforme será descrito na Seção 3.2.1, esta pode ser aplicada para um equivalente de
10
todas as máquinas síncronas de um sistema, ficando a análise da influência do tamanho
do sistema semelhante à influência do tamanho da inércia da máquina.
A Figura 2 apresenta o esquema simplificado dos principais componentes de uma malha
de controle de velocidade de um gerador síncrono.
Figura 2: Malha de controle de velocidade
Sendo:
– Frequência elétrica, em pu;
– Frequência de referência, em pu;
– Sinal de variação de potência para a turbina, em pu;
– Variação de potência mecânica, em pu;
– Variação de potência elétrica, em pu.
Os reguladores de velocidade são responsáveis por atuarem ao observarem uma
variação entre a velocidade da máquina e a frequência ajustada como referência,
transformando tal variação em um sinal de comando para o sistema de admissão de água
ou vapor da turbina, aumentando ou diminuindo o despacho de potência mecânica para
o gerador, de forma a manter o equilíbrio entre potências da equação (2.1) e corrigir os
eventuais desvios de frequência. Portanto, apresentam papel importante no desempenho
tanto em regime permanente quanto transitório do controle primário de frequência. As
seções seguintes descrevem sucintamente modelos elementares de tais reguladores.
11
2.3.1 Regulador Isócrono
O diagrama de blocos simplificado de um regulador isócrono é apresentado na Figura 3.
Figura 3: Diagrama de blocos do regulador isócrono
Sendo:
– Ganho do regulador isócrono.
O regulador isócrono é um integrador matemático, portanto, a saída do sinal de controle
do bloco somente será zero quando a entrada do bloco for nula [14], ou seja, quando o
erro de velocidade da máquina for zero, implicando que a frequência retornou ao seu
valor nominal. A Figura 4 ilustra a característica no tempo de um regulador de
velocidade isócrono.
Figura 4: Resposta no tempo do regulador isócrono
Apesar de garantir que o erro de regime permanente da frequência seja igual à zero
(caso o sistema seja estável), o regulador isócrono piora a estabilidade transitória do
12
sistema [14]. Sua aplicação só é viável no caso particular onde um único gerador com
regulação supre toda a carga do sistema, conforme ilustrado na Figura 5.
Figura 5: Sistema elétrico com regulação isócrona
Um acréscimo de carga no sistema será acompanhado por um acréscimo de no
despacho do gerador, ou seja, a máquina com regulador isócrono de velocidade tende
assumir toda a variação de carga. A repartição da variação de carga entre os geradores,
em um sistema multimáquina com reguladores isócronos, é indeterminada [14]. Por
consequência, os reguladores não alcançam um ponto de equilíbrio devido à sua
natureza integradora, ocasionando uma instabilidade. Este fato impede a utilização de
reguladores isócronos em sistemas onde múltiplas máquinas exercem a regulação de
velocidade.
2.3.2 Regulador Com Queda de Velocidade
Para contornar a limitação dos reguladores isócronos em sistemas com mais de uma
unidade geradora exercendo a regulação de velocidade, utilizam-se os reguladores com
queda de velocidade ou estatismo [14].
O diagrama de blocos simplificado de um regulador com estatismo é apresentado na
Figura 6.
13
Figura 6: Diagrama de blocos do regulador com queda de velocidade
Sendo:
– Estatismo, em %;
⁄ – Constante de tempo do regulador com estatismo, em s.
A inserção do termo na realimentação do regulador isócrono (Figura 3) permite a
repartição estável da variação de carga entre os geradores com regulação com estatismo
de um sistema elétrico de potência. Em contrapartida, este tipo de regulação apresenta
um erro em regime permanente, conforme ilustrado na Figura 7.
Figura 7: Resposta no tempo do regulador com queda de velocidade
Sendo:
– Erro em regime permanente, em pu.
14
Considerando o sistema estável e aplicando o teorema do valor final à função de
transferência da Figura 6, conforme apresentado na equação (2.3), obtém-se o erro em
regime permanente do bloco de controle, dado pela equação (2.4).
(
)
(2.3)
(2.4)
A equação (2.4) pode ser reescrita na forma da equação (2.5), que representa o
comportamento em regime permanente do regulador com estatismo. O lugar geométrico
da equação (2.5) corresponde à reta da Figura 8.
(2.5)
Figura 8: Característica em regime permanente regulador com estatismo
Sendo:
– Despacho inicial, em pu;
– Frequência inicial, em pu;
– Frequência à plena carga, em pu;
– Frequência a vazio, em pu;
– Despacho máximo, em pu.
15
O entendimento do funcionamento em regime permanente do regulador com queda de
velocidade para uma única máquina pode ser expandido para o caso com mais de uma
unidade geradora regulando a frequência.
A Figura 9 apresenta a característica em regime permanente de duas unidades geradoras
ao repartir um acréscimo de carga .
Figura 9: Divisão de carga entre duas unidades geradoras
Cada unidade responde individualmente ao aumento de carga segundo suas
características, conforme as equações (2.6) e (2.7).
(2.6)
(2.7)
Sendo:
(2.8)
É importante salientar que as relações estabelecidas nesta seção foram feitas com base
em valores por unidade das grandezas. O estatismo normalmente é estabelecido em
relação à potência nominal da máquina associada ao regulador. Portanto, para uma
análise coerente, os valores devem ser colocados em uma mesma base de potência
(geralmente a base do sistema).
A parcela que cada gerador assume do aumento de carga é inversamente proporcional
ao seu estatismo, permitindo uma divisão estável do incremento de potência [14]. O erro
16
em regime permanente introduzido pelo regulador é corrigido através de mais uma etapa
de regulação, denominada regulação secundária.
2.4 Controle Secundário de Frequência
A regulação secundária, ou Controle Automático da Geração (CAG) [14], corrige o erro
de frequência deixado pela regulação primária através da inserção de um sinal de
referência no regulador de velocidade da máquina.
Devido à necessidade de anular o erro de frequência, um controlador com caráter
integrador é utilizado para adicionar o sinal de referência na malha de controle primário
de frequência [14], conforme ilustrado na Figura 10.
Figura 10: Malhas de controle primário e secundário de velocidade
Sendo:
– Ganho integral do controlador PI da malha do CAG;
– Ganho proporcional do controlador PI da malha do CAG;
– Sinal de referência da malha do CAG.
A regulação secundária é denominada de “regulação quase-estática”, devido ao fato do
seu tempo de atuação ser na ordem de minutos [11], de forma a assegurar que a
regulação primária já se encontra em regime permanente.
17
A Figura 11 representa a relação entre a frequência e o despacho de uma máquina com
regulação primária e secundária ao ocorrer um incremento de carga.
Figura 11: Característica em regime permanente da regulação primária e secundária
O sistema incialmente opera em equilíbrio no ponto 1. Ao ocorrer um incremento de
carga , a regulação primária atua ocasionando uma queda de velocidade, levando o
sistema para o ponto de equilíbrio 2. Em seguida, a regulação secundária atua mudando
a referência de velocidade da máquina, corrigindo o erro e levando o sistema para o
ponto 3, de volta à frequência nominal. Nota-se que a regulação secundária não altera as
características de estatismo do gerador (inclinação da reta).
A regulação secundária é um controle sistêmico, centralizado [11]. Utilizando o
conceito de área de controle, esta é utilizada, além do controle de frequência, para
aplicações como a regulação de intercâmbio entre áreas e despacho econômico,
conceitos que não fazem parte do escopo deste trabalho.
2.5 Esquema de Alívio de Carga
O alívio ou corte de carga é a última e mais custosa proteção do sistema contra a
instabilidade de frequência [15]. Seu alto custo remete ao fato de que a principal função
de um sistema de energia elétrica é fornecer energia para as cargas, portanto, a rejeição
destas é considerada uma medida drástica.
Como apresentado neste capítulo, os sistemas elétricos são providos de reguladores que
atuam para responder às variações de carga. Porém, em distúrbios que ocasionam déficit
18
significativo de potência, tais como a perda de um grande bloco de geração, a perda da
interligação entre áreas ou aumentos súbitos de carga, a frequência pode cair
rapidamente, de forma que a atuação dos reguladores, geralmente com resposta lenta
[7], seja insuficiente para garantir a estabilidade de frequência. Outro cenário crítico de
decaimento de frequência seria a operação próxima ao limite de capacidade do sistema,
onde a capacidade de regulação é reduzida, possibilitando que simples desbalanços
carga-geração provoquem instabilidade de frequência.
Nestes cenários, se torna crucial um esquema de alívio de carga (adaptativo ou
tradicional), para impedir que a frequência continue a cair, provocando a atuação da
proteção de subfrequência de turbinas e geradores e por consequência a perda total do
sistema.
No sistema brasileiro, o esquema de corte de carga tradicional é conhecido como ERAC
(Esquema Regional de Alívio de Carga). A sua filosofia é baseada na rejeição de cargas
em estágios graduais, com montantes e locais previamente estabelecidos,
independentemente da magnitude do distúrbio causador do déficit de potência. A
atuação do corte de carga é sensibilizada pelo cruzamento da frequência por valores
absolutos pré-estabelecidos e/ou pela sua taxa de variação, sendo papel dos agentes de
distribuição o levantamento das cargas disponíveis para o esquema em relação ao
horário e carregamento (leve, média e pesada), assim como, o seu corte isonômico [16].
A Tabela 1 apresenta os ajustes do ERAC, para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul
do sistema brasileiro obtidos na referência [16].
Tabela 1: Ajustes do ERAC para as regiões SE/CO e S.
Estágio Sudeste/CO Sul
Ajuste (Hz) Carga Rejeitada (%) Ajuste (Hz) Carga Rejeitada (%)
1º 58,5 7 58,5 7,5
2º 58,2 7 58,2 7,5
3º 57,9 7 57,9 10
4º 57,7 7 57,6 15
5º 57,5 7 57,3 15
19
CAPÍTULO 3
PROTEÇÃO ADAPTATIVA DE ALÍVIO
DE CARGA POR SUBFREQUÊNCIA
3.1 Introdução
Este capítulo apresenta alguns conceitos encontrados na literatura sobre a elaboração de
esquemas de proteção adaptativa de alívio de carga por subfrequência. São abordados os
seguintes pontos:
Avaliação do desequilíbrio entre a carga e geração no sistema, visando aumentar
a robustez da estimativa do déficit de potência pelo método adaptativo;
Distribuição do alívio de carga, apresentando diferentes métodos de seleção de
cargas para a rejeição;
Consideração do incremento de potência proporcionado pela atuação dos
reguladores de velocidade, buscando reduzir o montante total rejeitado pelo
esquema adaptativo;
Proposta de um método adaptativo, englobando os conceitos apresentados e
características sugeridas.
20
3.2 Avaliação do Desequilíbrio Carga e
Geração
Esta seção trata do cerne dos métodos adaptativos de alívio de carga: a sua capacidade
de estimar o déficit de potência real do sistema [9], visando restringir o montante de
carga que será rejeitado ao menor valor possível, de forma a promover a proteção do
sistema contra afundamentos críticos de frequência.
O modelo do sistema para estudos de estimação de déficit de potência, assim como a
influência da modelagem da carga, da presença de fontes de geração intermitentes e sem
inércia são discutidos nas próximas seções.
3.2.1 Modelo para Estimação do Déficit de
Potência
Conhecendo-se o problema que deve ser analisado, a parte inicial de qualquer estudo ou
análise é tentar definir o modelo matemático do sistema, restringindo-o aos fenômenos
observáveis, de influência e de interesse na janela de tempo do estudo [6].
No estudo de estimação do déficit de potência, o modelo de ordem reduzida para
reposta de frequência [17] é utilizado. O modelo é denominado de ordem reduzida, pois
desconsidera os fenômenos eletromagnéticos e de dinâmica muito lenta [17].
Portanto, o déficit de potência, no momento do distúrbio, pode ser estimado pela
equação (3.1).
(3.1)
Sendo:
– Déficit de potência no momento do distúrbio, em pu;
– Constante de inércia equivalente na base comum, em s;
– Derivada da frequência do centro de inércia do sistema no momento do
distúrbio, em pu/s.
21
A definição do “momento do distúrbio” deve ser analisada com cuidado, pois a equação
(3.1) somente é válida na janela de tempo dos fenômenos eletromecânicos [6].
Imediatamente após a ocorrência de um distúrbio na rede, a potência elétrica é fornecida
pelo campo magnético do gerador, em seguida pela inércia das máquinas e por último
pela reação dos reguladores [5], conforme ilustrado na Figura 12.
Figura 12: Janela de tempo da estimativa do déficit de potência
A equação (3.1) deriva da equação de oscilação para uma única máquina (2.1). Os
geradores do sistema são substituídos por um equivalente que agrupa todas as inércias
das máquinas síncronas do sistema, através da equação (3.2).
∑
(3.2)
Sendo:
– Número de máquinas síncronas no sistema.
Outro importante conceito diz respeito à frequência do centro de inércia definida pela
equação (3.3).
∑
∑
(3.3)
Em regime permanente a frequência é a mesma em todo o sistema elétrico, todavia, ao
ocorrer um distúrbio no balanço entre carga e geração, os geradores respondem
individualmente de acordo com a equação (2.1). Portanto, durante o regime transitório
as frequências de cada gerador não são necessariamente as mesmas, ocasionando
oscilações de sincronismo que dependem da inércia de cada máquina e de sua
proximidade elétrica ao local do distúrbio [8]. A utilização da frequência de centro de
22
inércia permite que tais oscilações sejam filtradas e representadas através da média
ponderada das frequências das máquinas.
Por exemplo, seja o sistema IEEE 9 Barras, apresentado na Figura 13, submetido a um
aumento de carregamento na Barra 3. A Figura 14 mostra a evolução das frequências de
cada máquina, assim como a frequência de centro de inércia.
Figura 13: Sistema IEEE 9 Barras
Figura 14: Frequências do sistema IEEE 9 Barras
A principal vantagem de se filtrar as oscilações de sincronismo reside na estimação do
déficit de potência [8]. Conforme apresentado em (3.1), o déficit é estimado com a
1 1.5 2 2.559.4
59.5
59.6
59.7
59.8
59.9
60
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
f1
f2
f3
fCOI
23
utilização da taxa de variação da frequência de centro de inércia, ou seja, sua derivada.
A Figura 15 ilustra o comportamento das derivadas das frequências das máquinas e da
derivada da frequência de centro de inércia.
Figura 15: Derivada das frequências do sistema IEEE 9 Barras
Observa-se que as derivadas das frequências das máquinas apresentam variações
bruscas de sinal e amplitude, ocasionadas pelas oscilações de sincronismo. Tais
variações ocasionam estimativas pouco acuradas para o déficit de potência do sistema,
diferentemente da estimativa realizada com a taxa de variação da frequência do centro
de inércia.
3.2.2 Influência do Modelo da Carga
Em [8] é apresentado um estudo sobre a exatidão do desbalanço de potência estimado
pela equação (3.1). RUDEZ et al. [8] evidenciam que a modelagem da carga é um fator
de fundamental influência na estimativa do déficit de potência.
Existem na literatura diversas modelagens propostas tanto para a potência ativa quanto
para a potência reativa da carga. Modelos para motores de indução, para cargas
termostáticas, para elos CC, modelos polinomiais, etc. são utilizados de acordo com o
estudo de interesse [11]. A utilização de um modelo matemático que represente o
comportamento físico das cargas de um sistema elétrico deve estar de acordo com a
análise realizada. Portanto, para estudos de proteção contra subfrequência, o IEEE [18]
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20-1.2
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
Tempo [s]
Derivada d
a F
requência
[H
z/s
]
f1
f2
f3
fCOI
24
propõe que o modelo utilizado para as potências ativa e reativa da carga, seja
dependente tanto da frequência quanto da tensão do sistema, conforme as equações (3.4)
e (3.5).
(3.4)
(3.5)
Adaptando-se os modelos ao estudo de estimação do desequilíbrio de potência, os
termos dependentes da frequência em (3.4) e (3.5) podem ser omitidos [8]. A frequência
considerada nas equações (3.4) e (3.5) é uma variável de estado mecânica, apresentando
variações lentas e de pequenas amplitudes. O desvio de frequência no momento do
distúrbio não acarreta grandes variações de potência ativa e reativa. Em contrapartida, a
tensão é uma variável algébrica elétrica, podendo apresentar variações rápidas e de
grandes amplitudes na janela de tempo de estimação, ocasionando variações nas
potências ativa e reativa [8]. Portanto, o desvio de potência causado pela tensão deve ser
corrigido na equação (3.1).
O déficit de potência estimado pela equação (3.1) pode ser estendido conforme a
equação (3.6).
(3.6)
Sendo:
- Potência mecânica no momento da estimação, em pu;
- Potência elétrica ativa no momento da estimação, em pu;
– Potência mecânica no momento do distúrbio, em pu;
– Variação da potência mecânica entre o momento do distúrbio e da
estimação, em pu;
–Potência elétrica ativa no momento do distúrbio, em pu;
– Variação da potência elétrica ativa entre o momento do distúrbio e da
estimação, em pu.
25
Assumindo a dinâmica lenta dos reguladores de velocidade e dos atuadores das turbinas,
a variação da potência mecânica em (3.6) pode ser considerada nula.
A carga pode ter sua dependência com a tensão matematicamente modelada conforme
as equações (3.7) e (3.8).
∑ (
)
(3.7)
∑ (
)
(3.8)
Sendo:
– Número de barras de carga;
– Tensão da Barra de carga no momento da estimação, em pu;
– Tensão da Barra de carga no momento do distúrbio, em pu;
– Coeficiente de dependência da potência ativa com a tensão;
- Potência reativa no momento da estimação, em pu;
– Potência reativa no momento do distúrbio, em pu;
– Coeficiente de dependência da potência reativa com a tensão.
Aplicando (3.7) em (3.6), obtém-se (3.9).
∑ (
)
(3.9)
Considerando a potência ativa conforme (3.10).
∑
(3.10)
Portanto, o erro na estimação do déficit de potência ocasionado pela variação de tensão
é dado por (3.11).
26
∑ *(
)
+
(3.11)
E o déficit de potência corrigido é dado por (3.12).
∑ *(
)
+
(3.12)
Uma observação importante acerca do modelo da carga é que apesar da equação (3.1)
levar em consideração apenas a potência ativa na estimação do déficit de potência, a sua
dependência com a tensão conforme (3.7) acopla as grandezas ativa e reativa [8].
3.2.3 Influência das Fontes Alternativas na
Execução do Corte de Carga
A equação (3.1) é amplamente utilizada na estimação do déficit de potência em muitos
métodos adaptativos presentes na literatura [1][5][7][8][10]. Um pré-requisito
considerado em sua utilização é que o sistema em análise possua pelo menos uma
máquina síncrona, de forma que a frequência do centro de inércia e a inércia equivalente
possam ser calculadas.
Em [7] é apresentado um método adaptativo que trata da influência do aumento da
inserção de fontes alternativas na execução do alívio de carga. Uma dificuldade
significativa na estimação do déficit de potência nesse cenário é a presença de fontes de
geração sem inércia, especialmente no cálculo da inércia equivalente do sistema e das
variações de potência durante o corte de carga. Esses pontos são discutidos nas
próximas seções.
3.2.3.1 Imprecisão da Inércia Equivalente
O aumento da inserção de fontes alternativas no sistema, sobretudo as conectadas à rede
por meio de conversores eletrônicos, tais como: painéis solares, geradores eólicos (full
converter), células a combustível, etc. ocasiona uma redução da inércia equivalente do
sistema [7]. Hipoteticamente, um sistema alimentado apenas por fontes conectadas à
rede via conversores eletrônicos é um sistema sem inércia.
27
A redução da inércia torna o sistema mais susceptível às variações de frequência. Como
mencionado na Seção 3.2.1, as amplitudes das variações de frequência são inversamente
proporcionais à inércia do mesmo, ocasionando com que sistemas com alta penetração
de fontes alternativas, conectadas por meio de conversores, sejam mais sensíveis aos
desbalanços no equilíbrio carga-geração.
Juntamente com a redução da inércia, a presença das fontes alternativas leva à
imprecisão no cálculo da inércia equivalente do sistema, fator determinante na
estimação do desvio de potência.
Assumindo-se uma imprecisão inicial no valor da inércia do sistema, a equação (3.1)
pode ser reescrita conforme (3.13).
(3.13)
Sendo:
– Déficit de potência inicial no momento do distúrbio, em pu;
– Constante de inércia equivalente inicial na base comum, em s.
A imprecisão no valor real da inércia do sistema ocasiona uma estimativa errada para o
déficit de potência. Portanto, tanto o valor da inércia quanto do desbalanço precisam ser
corrigidos.
Como dito na Seção 3.2.1, na janela de determinação do desequilíbrio carga-geração, a
taxa de variação da frequência é relacionada com o desvio de potência que o sistema
apresenta e à sua inércia. Consequentemente, conhecendo-se certo desequilíbrio ao qual
o sistema foi exposto e a taxa de variação da frequência pode-se determinar o valor da
inércia equivalente do sistema conforme a equação (3.14).
(3.14)
Sendo:
– Constante de inércia atualizada do sistema, em s;
– Desequilíbrio de potência no sistema, em pu;
28
- Variação da derivada da frequência de centro de inércia antes e após a
aplicação do desequilíbrio, em pu/s.
Portanto, para a atualização da inércia do sistema é necessário o conhecimento de e
. O valor de
é obtido através da monitoração da taxa de variação da
frequência do sistema. O valor de é obtido através da própria atuação do método de
alívio de carga sobre o sistema, ou seja, após a realização de um corte de carga. O
montante rejeitado, assim como a variação da derivada da frequência são medidos e
utilizados para atualizar o valor da constante de inércia, conforme apresentado em
(3.15).
(3.15)
Sendo:
– Montante de carga rejeitado na etapa , em pu;
– Derivada da frequência de centro de inércia após a aplicação do corte de
carga, em pu/s;
- Derivada da frequência de centro de inércia antes da aplicação do corte de
carga, em pu/s.
Com o valor de atualizado, pode-se corrigir o valor de através de (3.16).
(
)
(3.16)
Para a implementação de (3.15), o conceito de etapa de corte de carga deve ser
introduzido. Tal abordagem é realizada na Seção 3.4.
3.2.3.2 Variações no Déficit de Potência Durante o
Corte de Carga
O caráter intermitente de algumas fontes de energia alternativas, como a geração
fotovoltaica e eólica [7], ocasiona uma adversidade nos esquemas adaptativos,
principalmente durante a execução do corte de carga, após a estimação inicial do déficit
de potência.
29
A variação no despacho de potência ocasionada pela intermitência da fonte primária de
energia faz com que haja a necessidade de que o método seja capaz de atualizar o
desbalanço de potência em ocasiões de déficit de geração. Tais variações de despacho
são observadas como degraus negativos na taxa de variação da frequência [7], conforme
mostra a Figura 16.
Figura 16: Derivada da frequência ao ocorrer um déficit de potência adicional
Consequentemente, através da monitoração da derivada da frequência, podem-se
corrigir desvios adicionais, após a estimação inicial de desequilíbrio, utilizando-se a
equação (3.17).
(3.17)
Sendo:
– Déficit de potência corrigido, em pu;
– Variação da derivada da frequência de centro de inércia antes e após
o déficit adicional, em pu/s.
O déficit estimado em (3.17) leva em consideração a variação das cargas com a tensão,
a imprecisão da inércia do sistema e possíveis desbalanços de potência durante o corte
de carga. Após a determinação do montante a ser cortado, a próxima etapa dos métodos
adaptativos diz respeito à distribuição da rejeição de carga.
30
3.3 Distribuição do Alívio de Carga
Após a determinação do déficit de potência do sistema, uma importante decisão a ser
tomada diz respeito ao local onde ocorrerá o alívio de carga, em outras palavras, quais
cargas serão rejeitadas durante o processo de recuperação da frequência.
Na maioria dos sistemas de energia elétrica, as cargas são ranqueadas por sua
importância técnica e/ou econômica [7]. Naturalmente, cargas menos importantes são
cortadas antes de cargas mais importantes.
Neste trabalho, três métodos de distribuição do alívio de carga no sistema serão
comparados entre si. Os métodos avaliados podem ser identificados na literatura como:
baseado no afundamento da tensão (AT) [15], baseado no rastreamento do fluxo de
potência (RFP) [19] e baseado na sensibilidade da frequência (SF) [20]. Os métodos
utilizados são baseados apenas em diretrizes técnicas referentes à operação de sistemas
elétricos, portanto, análises de aspectos econômicos não serão tratadas neste texto.
Um importante aspecto considerado neste trabalho diz respeito à capacidade de corte de
uma carga específica. Ou seja, as cargas serão tratadas como grandezas contínuas.
Assim, uma carga de 1pu de potência poderá ter seu corte atribuído entre qualquer valor
racional entre 0 e 1pu. Tal consideração tende afastar os métodos de distribuição
empregados da realidade discreta das cargas. Esta idealização pode ser tornar menos
imprópria se for considerada uma visão macroscópica do sistema, como a rede de
transmissão, onde um barramento de carga pode significar todo um sistema de
distribuição, permitindo um corte de carga contínuo.
3.3.1 Método de Distribuição Baseado no
Afundamento de Tensão
Esse método de distribuição, apresentado em [15], advoga que o corte de carga deve ser
maior, relativamente, nas barras de carga com maiores afundamentos de tensão, na
ocorrência do déficit de potência.
Os geradores do sistema usualmente operam fornecendo tanto potência ativa quanto
reativa para a rede elétrica. Contingências que resultem na perda da geração, por
consequência, irão originar déficit de potência ativa, acarretando um decaimento da
31
frequência, e de potência reativa, ocorrendo afundamentos de tensão. Portanto, ao
priorizar o corte de carga nas barras com maiores afundamentos relativos de tensão,
tende-se a limitar o corte de carga próximo à região de ocorrência do distúrbio, evitando
a piora no perfil de tensões, a sobrecarga de linhas de transmissão e a redução do fator
de potência [15].
A equação (3.18) apresenta o cálculo do fator de divisão do déficit por carga, quando
considerado o método de afundamento da tensão.
∑
(3.18)
Sendo:
– Fator de distribuição de corte de carga, baseado no afundamento da
tensão;
– Número de barras de carga do sistema;
– Diferença entre os valores de tensão imediatamente após e antes do
distúrbio, na Barra de carga i.
3.3.2 Método de Distribuição Baseado no
Rastreamento do Fluxo de Potência
Este método de distribuição é baseado no princípio do rastreamento do fluxo de
potência em um sistema elétrico [21]. Originalmente proposto em [21] para aplicações
no mercado de energia, o método propõe traçar o fluxo de potência, tanto ativa quanto
reativa, em um sistema elétrico malhado, de forma a permitir a estimação da origem de
potência em cada nó do sistema.
A eletricidade é indistinguível no sistema elétrico, ou seja, o fluxo de potência se
distribui na rede com base em sua topologia e gradiente de tensão e, portanto, não é
possível definir com certeza para onde cada pu de potência irá fluir. O método apresenta
uma estimativa de como os fluxos se distribuem em um sistema malhado, com base no
princípio do compartilhamento proporcional. BIALEK [21] afirma que o princípio do
compartilhamento proporcional promove uma suposição do traçado do fluxo de
potência, não podendo ser provado ou refutado matematicamente.
32
Este princípio é baseado nas leis das correntes de Kirchhoff, atribuindo aos fluxos de
saída proporcionalidade aos fluxos de entrada. Seja o sistema exemplo com cinco nós
da Figura 17.
Figura 17: Princípio do compartilhamento proporcional
O nó i é suprido com 10pu de potência pelos nós j e k, sendo 40% suprido pelo nó j e
60% suprido pelo nó k. O princípio do compartilhamento proporcional diz que os fluxos
de saída irão carregar as informações de proporcionalidade do fluxo de entrada,
consequentemente, os fluxos de saída serão rastreados conforme a Tabela 2.
Tabela 2: Rastreamento dos fluxos do sistema da Figura 17.
A aplicação do método RFP na distribuição do corte de carga no sistema será descrita
sucintamente a seguir. É importante salientar que as perdas na rede de transmissão não
são consideradas na aplicação deste método no trabalho.
A potência de entrada em um nó “ ” genérico pode ser dada pela equação (3.19).
∑ | |
(3.19)
Sendo:
– Potência de entrada do nó “ ”, em pu;
Interligação Fluxo vindo de j Fluxo vindo de k
i-m 40% de 7pu = 2,8pu 60% de 7pu = 4,2pu
i-l 40% de 3pu = 1,2pu 60% de 3pu = 1,8pu
33
– Nó de origem “ ”;
– Conjunto de todos os nós eletricamente conectados com o nó “ ”;
– Fluxo de potência no sentido de “ ”, em pu;
– Potência gerada no nó “ ”, em pu.
Reajustando os termos, obtém-se (3.20).
∑
| |
(3.20)
Sendo:
– Potência de entrada do nó “ ”, em pu.
Considerando todos os nós do sistema a equação (3.20) pode ser escrita como (3.21).
[ ] (3.21)
Sendo:
– Matriz de distribuição, x ;
– Vetor com as potências de entrada em todos os nós, x , em pu;
– Vetor com a geração em todos os nós, x , em pu;
– Número de barras do sistema.
A matriz de distribuição é definida para todos os nós do sistema como (3.22).
[ ]
{
| |
(3.22)
A contribuição de cada nó que possua geração para uma determinada potência de saída
de uma barra qualquer do sistema pode ser obtida por (3.23).
[ ] (3.23)
34
Especificando a equação (3.23) para a potência fornecida por um gerador na Barra a
uma carga presente na Barra , obtém-se (3.24).
(3.24)
Sendo:
– Potência fornecida pelo gerador na Barra para a carga na Barra , em
pu;
– Carga da Barra , em pu;
– Vetor onde o elemento referente à Barra é um e o restante é zero, x ;
- Vetor onde o elemento referente à Barra é um e o restante é zero, x .
Correspondentemente, a potência fornecida por uma linha de interligação a uma
carga na Barra pode ser estimada por (3.25).
| |
(3.25)
Sendo:
– Potência fornecida pela interligação para a carga na Barra , em
pu.
Definindo a potência recebida pela carga pelos geradores e linhas em falha em (3.26).
∑
∑
(3.26)
Sendo:
– Potência fornecida para a Barra pelos geradores e linhas em falha,
em pu.
Portanto, a equação (3.27) apresenta o cálculo do fator de divisão o déficit por carga,
quando considerado o método RFP.
∑
(3.27)
35
Sendo:
– Fator de distribuição de corte de carga, baseado no rastreamento do fluxo
de potência.
O método RFP na distribuição do corte de carga propõe a rejeição das cargas que eram
alimentadas pelos geradores e/ou linhas que ocasionaram o desbalanço de potência, ou
seja, contingências que resultem numa redução da capacidade de geração ou
transmissão de potência [19], não sendo possível sua aplicação em casos de aumento
súbito de carregamento.
3.3.3 Método de Distribuição Baseado na
Sensibilidade da Frequência
Em [20] é apresentado um método de distribuição baseado na sensibilidade da
frequência de centro de inércia em relação às mudanças nas cargas.
A partir da topologia da rede, dos fasores de tensão dos geradores e suas características
de regulação, o método estima a sensibilidade da frequência em relação à mudança em
determinada carga, de forma a estabelecer o corte nas cargas que façam com que a
frequência se recupere mais rapidamente [20].
O método de distribuição é proposto em duas etapas: uma de determinação das
mudanças na geração devido às variações na carga e outra do cálculo da sensibilidade
da frequência de centro de inércia.
3.3.3.1 Determinação das Mudanças na Geração
A metodologia empregada para a determinação das mudanças na geração é derivada da
apresentada em [22]. WANG et al. apresentam um modelo do sistema denominado
circuito equivalente acoplado de porta simples, originalmente empregado em estudos de
estabilidade de tensão.
Seja o sistema elétrico em estudo representado pela Figura 18, onde as barras de
geração e de carga são consideradas fora da rede.
36
Figura 18: Modelo da rede elétrica com acoplamento mútuo entre as cargas
A rede elétrica da Figura 18 pode ter seu comportamento descrito matematicamente pela
equação (3.28).
[
] [
] [
] (3.28)
Sendo:
– Vetor com os fasores de corrente das cargas, x , em pu;
- Vetor com os fasores de corrente dos geradores, x , em pu;
– Vetor com os fasores de tensão das cargas, x , em pu;
– Vetor com os fasores de tensão das barras de ligação, x , em
pu;
- Vetor com os fasores de tensão dos geradores, x , em pu;
– Submatriz de admitâncias, em pu.
As barras de ligação não possuem geração ou carga, portanto não possuem injeção de
corrente. Aplicando-se a redução de Kron de modo a eliminar a linha referente à injeção
de corrente pelas barras de ligação, obtém-se a equação (3.29).
[
] *
+ [
]
(3.29)
Definindo-se a impedância própria de carga em (3.30).
37
(3.30)
Sendo:
– Matriz de impedância própria de carga, x , em pu.
Definindo-se a matriz de transformação de tensões em (3.31).
(3.31)
Sendo:
– Matriz de combinação entre fasores de tensão dos geradores, x .
O vetor de fasores de tensão nas barras de carga pode ser dado por (3.32).
(3.32)
Para uma carga na Barra a equação (3.32) se apresenta como.
[ ] ∑
(3.33)
Sendo:
∑
(3.34)
[ ] (3.35)
Sendo:
– Impedância de Thévenin da rede para a Barra , em pu;
– Tensão de Thévenin vista da Barra , em pu.
A tensão de Thévenin representa a contribuição de todos os geradores do sistema
para a carga, assim como a impedância equivalente representa o impacto de todas as
outras cargas na Barra [23]. Utilizando esses parâmetros, a representação da rede vista
como na Figura 18, pode ser substituída pelo circuito equivalente acoplado de porta
simples, conforme ilustrado na Figura 19.
38
Figura 19: Circuito equivalente acoplado de porta simples
A equação (3.35) pode ser estendida conforme (3.36).
(3.36)
A equação (3.36) representa a contribuição de cada tensão de barra de geração na tensão
equivalente de Thévenin de uma Barra de carga . A partir de (3.36), REDDY et al. [20]
estabelecem que a razão do incremento de potência gerada por um gerador na Barra
para uma mudança na carga da Barra , sobre a potência total que flui para a Barra
pode ser dada pela equação (3.37).
| |
| |
(3.37)
Sendo:
– Contribuição do gerador no aumento de potência de uma Barra ;
– Diferença angular entre e .
Portanto, a mudança no despacho de um gerador em relação à mudança em uma carga
é dada pela equação (3.38).
∑
(3.38)
39
Sendo:
– Mudança no despacho de potência pelo gerador , em pu;
– Mudança de potência na carga , em pu.
3.3.3.2 Cálculo dos Fatores de Sensibilidade
Após a determinação da mudança de despacho dos geradores para uma variação na
carga, é necessário o cálculo da sensibilidade da frequência em relação à devida
variação.
Seja o desvio de geração, ocasionada pela variação de carga, dada por (3.38). A
mudança na velocidade da máquina pode ser obtida considerando suas características de
regulação primária de velocidade, conforme a equação (3.39).
(3.39)
Sendo:
– Mudança na velocidade da máquina , ocasionada pela mudança na
geração, em pu;
– Estatismo do gerador , em pu na base comum.
O desvio ocasionado na frequência de centro de inércia pode ser obtido pela média dos
desvios individuais de todos os geradores do sistema, conforme (3.40).
∑
∑
(3.40)
Utilizando (3.38) e (3.39) em (3.40), a sensibilidade da frequência de centro de inércia
para uma variação em uma carga , pode ser estimada pela equação (3.41).
∑
∑
(3.41)
Sendo:
– Fator de sensibilidade da frequência em relação à mudança na carga .
40
Portanto, a equação (3.42) apresenta o cálculo do fator de divisão do déficit por carga,
quando considerado o método da sensibilidade da frequência em relação ao corte de
carga.
∑
(3.42)
Sendo:
– Fator de distribuição de corte de carga, baseado na sensibilidade da
frequência.
O método SF é baseado na resposta dos geradores que participam do controle primário
de frequência, consequentemente trata das máquinas síncronas, ao responderem a uma
variação de carga. Em regime permanente, a divisão da tomada de cargas é realizada
com base no estatismo de cada máquina, transitoriamente a resposta às variações
depende da proximidade elétrica ao distúrbio [20]. O método estima essa proximidade
pela utilização da equação (3.37) e estima a influência de cada máquina na frequência
de centro de inércia. Basicamente, o método tende a cortar as cargas eletricamente mais
próximas aos geradores que acarretam a maior mudança na frequência de centro de
inércia.
3.3.4 Exemplo de Avaliação dos Métodos de
Rastreamento do Fluxo de Potência e da
Sensibilidade
Diferentemente do método baseado no afundamento da tensão, onde apenas a variação
da tensão na barra de carga determina os fatores de distribuição do corte, os métodos de
distribuição do corte de carga RFP e SF possuem etapas que se propõem a estimar o
quanto da potência de determinada carga é suprida ou será atendida por determinados
geradores. Assim, esta seção visa exemplificar as diferenças conceituais entres ambos.
A diferença entre os dois métodos reside no instante de sua consideração. O método
RFP estima a origem, por gerador, da potência fluindo entre os ramos do sistema em
regime permanente. Em contrapartida, o método SF estima a origem da potência que irá
atender uma determinada variação de carga, em regime transitório eletromecânico.
41
O sistema ilustrado na Figura 20 é utilizado para exemplificar as diferenças entres os
métodos RFP e SF, sobretudo na estimação do atendimento da carga, em três cenários
distintos, conforme a Tabela 3. A carga do sistema é igual à 3pu de potência ativa,
considerando fator de potência unitário e o sistema sem perdas.
Figura 20: Sistema exemplo para avaliação dos métodos RFP e SF
Tabela 3: Cenários para o sistema exemplo da Figura 20.
A Tabela 4 apresenta os resultados da estimação da origem de potência segundo os
métodos RFP e SF.
Tabela 4: Resultados dos métodos no sistema da Figura 20.
A partir dos resultados pode-se afirmar que o método RFP estima a contribuição de
cada gerador para a carga baseado no resultado do fluxo de potência (regime
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
Potência Impedância Potência Impedância Potência Impedância
1 1pu 1 0,01pu 1 1pu 1 0,01pu 1 1,5pu 1 0,01pu
2 1pu 2 0,01pu 2 1pu 2 0,01pu 2 1pu 2 0,01pu
3 1pu 3 0,01pu 3 1pu 3 0,02pu 3 0,5pu 3 0,01pu
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
RFP SF RFP SF RFP SF
1 0,33 0,33 0,33 0,40 0,5 0,33
2 0,33 0,33 0,33 0,40 0,33 0,33
3 0,33 0,33 0,33 0,20 0,17 0,33
42
permanente), e o método SF estima a contribuição de cada gerador para uma variação
na carga baseada na proximidade elétrica.
3.4 Consideração da Atuação dos Reguladores
de Velocidade
Um método adaptativo de corte de carga efetivo deve obedecer a duas regras gerais [8]:
Minimizar o corte de carga no sistema;
Manter a frequência do sistema dentro dos limites aceitáveis de operação.
Para atender a necessidade de minimizar o corte de carga, o método deve ser capaz de
considerar o aumento de potência dos geradores, devido à atuação da regulação
primária, durante a sua execução. RUDEZ et al. [4] propõem a realização do corte em
etapas, de maneira que, após a rejeição de carga em cada etapa, a taxa de variação da
frequência diminua, dando tempo para o incremento de geração no sistema.
RUDEZ et al. [4] afirmam que três fatores principais devem ser estudados na atuação
do corte de carga no sistema:
Definição do número de etapas de corte;
Definição do montante rejeitado por etapa de corte;
Condição de ativação para cada etapa de corte.
A definição do número de etapas e as condições de corte possuem uma pequena
influência na execução do método adaptativo [4][9] e são determinadas, arbitrariamente,
dentro da faixa de valores aceitáveis de operação.
O número de etapas, usualmente, é compreendido entre 4 a 6 passos [9], não sendo
muito reduzido e nem elevado, de maneira a propiciar o incremento de geração e tempo
de atuação entre etapas consecutivas de corte, respectivamente. Por sua vez, as
condições de corte devem estar situadas na faixa de operação transitória da frequência
(Figura 1), entre os valores aceitáveis de regime permanente e limite de afundamento de
frequência.
Em contrapartida, o montante a ser cortado por etapa pode influenciar no total de carga
rejeitada pelo método. Assumindo-se que ocorra um déficit de potência que ocasione
43
uma grande taxa de variação inicial para a frequência, concentrar um corte maior nas
primeiras etapas pode reduzir o total rejeitado em comparação com esquemas com corte
reduzidos nos primeiros passos, mesmo que para um desbalanço estimado igual. Isto se
deve a uma maior redução da derivada da frequência ao cortar mais carga,
possibilitando tempo de atuação para a regulação primária, evitando a sensibilização
pela próxima condição de corte [4]. O contrário é observado na ocorrência de um déficit
de potência reduzido, esquemas que cortem menos cargas podem apresentar um total
rejeitado menor. Em [4], é apresentado um estudo sobre a distribuição do montante a ser
cortado por etapa, de forma a minimizar o valor rejeitado total. Tal abordagem não é
realizada neste trabalho.
Os ajustes, para o número de etapas de corte, o montante a ser rejeitado e as condições
de ativação, assumidos para a execução do método adaptativo de alívio de carga
proposto, são oriundos da referência [8] e apresentados na Tabela 5.
Tabela 5: Etapas do corte de carga
O alívio de carga é realizado em 4 etapas, sendo sensibilizado pelo cruzamento da
frequência pelos valores absolutos de condição de corte. O montante a ser rejeitado por
etapa é determinado percentualmente em relação ao valor do déficit de potência
estimado pela equação (3.17).
Apesar da realização do corte em etapas possibilitar o incremento de geração no
sistema, esta por si só não garante que o montante cortado será menor que o déficit
estimado. O método deve possuir um termo que considere que o incremento ocasionado
durante a execução do alívio de carga é capaz de prevenir a queda de frequência e
retorná-la à faixa aceitável de operação, e por consequência interromper qualquer corte
de carga programado.
Seja a inequação (3.43) a descrição matemática da condição de parada do corte de carga
pelo critério do aumento de geração do sistema.
Etapa Montante a ser cortado Condição de corte
1 35% do Déficit Estimado 0,980 pu – 58,80 Hz
2 30% do Déficit Estimado 0,975 pu – 58,50 Hz
3 20% do Déficit Estimado 0,972 pu ~ 58,32 Hz
4 15% do Déficit Estimado 0,968 pu ~ 58,08 Hz
44
(3.43)
Sendo:
– Somatório da carga rejeitada até a etapa , em pu;
– Déficit de potência na etapa , em pu.
Se a inequação (3.43) for verdadeira, o método deve interromper qualquer corte
programado de carga. A inequação (3.43) estabelece que, se o déficit em uma etapa
qualquer do corte, for menor que o déficit inicial menos o montante cortado até o
momento da avaliação, o método deve parar. Isto implica que o aumento de geração
proveniente da regulação primária é capaz de levar o sistema para um mesmo estado no
qual o corte de carga levaria.
Reajustando os termos da inequação (3.43).
(3.44)
(3.45)
Portanto, para a parada do corte de carga pelo incremento de potência do sistema, os
critérios da inequação (3.46) têm que ser atendidos.
(3.46)
Sendo:
- Derivada da frequência no momento do distúrbio, em pu/s;
- Derivada da frequência no momento da etapa de corte , em pu/s;
– Total percentual de carga que será cortado no fim da etapa , em %.
Por exemplo, seja o sistema IEEE 9 Barras da Figura 13 submetido a um aumento de
carga ativa de 1,1pu. A Figura 21 ilustra o comportamento da frequência do centro de
inércia para dois métodos adaptativos de corte de carga distintos: um que leva em
45
consideração o aumento de potência promovido no sistema durante a execução do corte
de carga (atuação da regulação - AR) e outro que não considera (S/AR).
Figura 21: Frequências do sistema IEEE 9 Barras para dois métodos adaptativos de alívio
de carga
A Tabela 6 apresenta os valores estimados para o déficit de potência e os respectivos
cortes de carga por etapa.
Tabela 6: Resultados para a aplicação dos métodos adaptativos de alívio de carga no
sistema IEEE 9 Barras
Observa-se que os dois métodos evitaram a 4º etapa de corte devido ao
reestabelecimento da frequência. Entretanto o método AR evitou um corte
desnecessário de carga (3º etapa) através da condição (3.46).
A Figura 22 mostra a evolução da derivada da frequência do centro de inércia para o
caso com método AR.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 2058.2
58.4
58.6
58.8
59
59.2
59.4
59.6
59.8
60
60.2
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
S/ AR
AR
Esquema Déficit estimado
(pu)
1º Etapa de corte
(pu)
2º Etapa de corte
(pu)
3º Etapa de corte
(pu)
S/ AR 1,1278 0,3947 0,3383 0,2256
AR 1,1278 0,3947 0,3383 ----
46
Figura 22: Derivada da frequência para o sistema IEEE 9 Barras com método AR
A condição (3.46) pode ser interpretada visualmente pelos limites estabelecidos na
Figura 22. Antes da realização do corte em cada etapa, é verificado se a derivada da
frequência já se encontra em uma posição igual ou inferior a que se encontraria em uma
eventual etapa posterior do corte de carga. Em caso afirmativo, o corte de carga é
interrompido, conforme observado na Figura 22, com a 3ª etapa.
3.5 Método Proposto
Após a introdução dos conceitos de estimação do déficit de potência, de distribuição do
corte de carga no sistema e da avaliação da atuação dos reguladores de velocidade, esta
seção vai tratar das considerações assumidas no método adaptativo de alívio de carga
proposto e empregado nas análises deste trabalho.
O método desenvolvido neste trabalho trata da junção dos métodos propostos em [7] e
[8], no tocante à estimação do déficit de potência, dos métodos propostos em [15], [19]
e [20], no que diz respeito à distribuição do corte de carga no sistema e da consideração
do aumento de potência introduzido pela regulação primária durante a execução do
alívio de carga, visando diminuir o montante de carga que será rejeitado, conforme
apresentado em [8].
47
Além disso, algumas considerações adicionais ao método são inseridas, destacando-se a
consideração de um termo que visa a monitorar o limite físico de corte por barra de
carga e um termo que avalia o tempo de retorno da frequência à sua faixa aceitável de
operação. Tais considerações adicionais são discutidas nas próximas seções.
3.5.1 Monitoração do Limite de Corte por Barra
de Carga
Os métodos de distribuição AT e SF possuem o empecilho de não considerarem o limite
de corte na barra de carga. Basicamente, os fatores de distribuição (3.18) e (3.42) podem
alocar um corte de carga maior do que o carregamento existente na barra.
Seja o sistema exemplo da Figura 23.
Figura 23: Sistema exemplo para limitação do corte de carga
Supondo a abertura do disjuntor Dj - 01 e que o gerador não tenha a capacidade de
assumir todo o carregamento, um método de alívio de carga é necessário para
manutenção da estabilidade de frequência. O método do afundamento da tensão irá
tender a concentrar o corte na carga (considerando-se a “radialidade” do sistema, a
passividade das cargas e fator de potência unitário) sem considerar o seu carregamento
inicial. Por sua vez, o método da sensibilidade irá tender a concentrar o corte na carga
, devido à proximidade elétrica ao gerador , novamente sem considerar o limite
permitido de corte.
Para corrigir o problema supramencionado o método desenvolvido nesse trabalho conta
com um termo que considera o limite físico permitido por corte em determinada barra,
seguindo a lógica descrita no fluxograma da Figura 24.
48
Figura 24: Fluxograma para o limitador de corte por barra de carga
3.5.2 Consideração do Tempo de Recuperação da
Frequência
Os métodos adaptativos reproduzidos e encontrados na literatura [1][5][7][8][10]
objetivam impedir o decaimento da frequência e retorná-la aos limites aceitáveis de
regime permanente, buscando realizar o menor corte de carga possível. Porém, estes
métodos não consideram o tempo de retorno da frequência à sua faixa aceitável de
operação.
A aplicação dos métodos adaptativos em sistemas ilhados e/ou com alta penetração de
fontes alternativas conectadas por conversores eletrônicos (sem inércia) não apresenta
lentidão na recuperação da frequência após o corte de carga. Todavia a aplicação em
sistemas de grande porte (alta inércia equivalente) e/ou em sistemas com alto
carregamento, quase sem capacidade de regulação, pode apresentar uma lentidão
considerável no retorno da frequência ao valor nominal.
A Tabela 7 foi construída com base nas faixas aceitáveis de frequência de operação das
unidades geradoras no sistema [12] [24].
49
Tabela 7: Desligamento das unidades geradoras por subfrequência [12] [24]
Observa-se que a frequência não pode se manter abaixo de determinados valores
durante um intervalo definido de tempo. A não consideração destes valores no corte de
carga resultaria no desligamento destes geradores e por consequência em uma falha
sistêmica.
Conforme apresentado na Tabela 7, a frequência apresenta um intervalo de tempo
permitido para valores abaixo de 58,5Hz e 57,5Hz. Todavia, como apresentado na
Tabela 5, o valor limite de ativação de uma etapa do corte de carga é 58,08Hz,
consequentemente, o método implementado deve possuir um termo que monitore,
apenas, o intervalo de tempo que a frequência se encontra abaixo de 58,5Hz.
O pseudocódigo apresentado na Figura 25 é implementado na execução do método
adaptativo de alívio de carga proposto para impedir que a frequência se encontre abaixo
do valor de 58,5 Hz (0,975 pu) durante 10s.
Figura 25: Pseudocódigo para impedir o retorno lento da frequência
Sendo:
Tipo de Geração Frequência (Hz) Desligamento por subfrequência
Hidrelétrica/ Térmica
58,5 Acima de 10s
57,5 Acima de 5s
57,0 Instantâneo
Eólica 58,5 Acima de 10s
56,5 Instantâneo
Geração Distribuída
58,5 Acima de 10s
57,5 Acima de 5s
56,5 Instantâneo
50
– Intervalo de tempo no qual a frequência se encontra abaixo de 58,5Hz
(0,975 pu), em s;
– Frequência do sistema quando o intervalo abaixo de 58,5Hz é de 9s, em pu;
– Desvio de frequência entre 58,5Hz e , em pu;
– Derivada da frequência no instante de medição de , em pu/s;
– Etapa do corte de carga;
– Corte adicional de carga para que a frequência não se encontre
abaixo de 58,5Hz durante 10s, em pu.
A Figura 26 apresenta a filosofia utilizada na formulação do pseudocódigo da Figura
25.
Figura 26: Filosofia do corte adicional de carga para acelerar a recuperação de frequência
Sendo:
– Instante que a frequência cruza o valor de 0,975pu, em s;
– Instante que a frequência sensibiliza a possível atuação de um corte
adicional de carga, em s;
– Instante idealizado para o cruzamento da frequência para que as
proteções de subfrequência dos geradores não atuem, em s.
51
Se a frequência de centro de inércia for menor que 58,5Hz (0,975 em pu) durante um
intervalo de tempo igual a 9s, um corte de carga adicional para acelerar o crescimento
da frequência pode ser executado. O cruzamento da frequência no instante desejado
para que as proteções de subfrequência dos equipamentos não atuem é aproximado
linearmente, ou seja, o sistema deve apresentar uma derivada que possibilite a
eliminação do desvio de frequência ) em 1s. O corte adicional de carga só é
realizado se a derivada observada ( ) for menor que o desvio de frequência
) e se a segunda etapa de corte já foi realizada (ajuste de 58,5Hz), evitando
rejeições desnecessárias de carga e uma ordem prioritária de atuação. Portanto, o corte
adicional de carga é utilizado para mudar a derivada da frequência e acelerar sua
recuperação, sendo desnecessário para impedir que a frequência continue a cair.
3.5.3 Fluxograma Completo do Método Proposto
As considerações apresentadas ao longo deste capítulo foram utilizadas para a proposta
de um novo método adaptativo de alívio de carga.
O método proposto assume, simultaneamente, diferentes considerações apresentadas na
literatura na elaboração de métodos adaptativos de alívio de carga, além de apresentar
dois novos termos na execução do esquema, como a monitoração do limite de corte por
barra de carga, assim como, a consideração do tempo de recuperação da frequência a
sua faixa aceitável de operação.
A Figura 27 apresenta o fluxograma do método adaptativo de alívio de carga proposto
com todas as considerações discutidas nas seções anteriores.
52
Figura 27: Fluxograma completo do método proposto
53
CAPÍTULO 4
REQUISITOS E DESAFIOS NA
IMPLANTAÇÃO DOS MÉTODOS
ADAPTATIVOS DE ALÍVIO DE CARGA
4.1 Introdução
Este capítulo trata dos requisitos necessários para a aplicação do método adaptativo de
alívio de carga apresentado na Seção 3.5.3.
A utilização do conceito de sistema de monitoramento em ampla área (WAMS) é
fundamental na implementação de esquemas de controle adaptativos, tais como os de
alívio de carga. A Figura 28 apresenta uma estrutura básica de um WAMS.
54
Figura 28: Estrutura básica de um WAMS
As unidades de medição fasorial (PMUs) são capazes de fornecer a magnitude e o
ângulo de fase das correntes e tensão (de sequência positiva), em um referencial de
tempo comum, no ponto de instalação. Os PMUs possibilitam a realização da
monitoração da dinâmica da rede elétrica [2].
O concentrador de dados (do inglês Phasor Data Concentrator - PDC) é responsável
por recolher as informações provenientes das PMUs, rejeitar dados incorretos, alinhar a
aquisição com o tempo e criar um registro coerente de dados do sistema de potência
[25]. Os PDCs, através do processamento e do gerenciamento das informações, criam
uma latência na comunicação. O intervalo de tempo entre a aquisição de medidas pelas
PMUs, a comunicação e o processamento de dados pelos PDCs é da ordem de 30ms –
80ms [26].
Por fim, a aquisição dos dados pelo centro de controle permite a execução dos esquemas
centralizados adaptativos de alívio de carga.
As PMUs devem promover a observabilidade total do sistema. Isto significa a
possibilidade de estimação do módulo e do ângulo de fase das tensões e correntes em
todas as barras e ramos da rede elétrica, respectivamente. A alocação das PMUs em
todas as barras do sistema resultaria num custo elevado e em uma redundância de
medição, portanto, propõe-se a utilização de técnicas de minimização associadas com
estimação de estados, onde, simplificadamente, a função a ser minimizada é o número
55
de PMUs instaladas e a função restrição é que o sistema se mantenha totalmente
observável [25].
O método adaptativo de corte de carga é uma proteção centralizada, sendo o desbalanço
de potência e o local de corte calculados por meio dos dados de entrada do sistema de
monitoração. Por outro lado, a rejeição de carga é realizada nos alimentadores das
subestações, de forma que o controle centralizado deve possuir a capacidade de enviar o
sinal de rejeição das cargas para os relés presentes nas subestações, exigindo um sistema
de automação e comunicação, rápido, robusto e eficiente.
Os requisitos na utilização do WAMS na estimação do déficit de potência e dos
métodos de distribuição do corte de carga são apresentados e analisados nas seções
seguintes.
4.2 Requisitos na Estimação do Déficit de
Potência
Os requisitos para a estimação do desbalanço de potência, segundo a equação (3.17),
compreendem a monitoração da frequência de centro de massa, sua taxa de variação, a
inércia das máquinas e a modelagem da carga.
O desbalanço estimado considera a taxa de variação da frequência de centro de inércia.
Segundo as equações (3.2) e (3.3), é necessário saber quais máquinas síncronas estão
em funcionamento, suas constantes de inércia, possibilitando o cálculo tanto da inércia
equivalente quanto da frequência de centro de massa.
A estimativa das máquinas síncronas em operação, e as suas respectivas constantes de
inércia, pode se dar por um sistema de monitoração, como o sistema de supervisão e
aquisição de dados (do inglês Supervisory Control and Data Acquisition - SCADA),
não necessitando de medição sincronizada. O sistema SCADA é utilizado somente na
estimativa inicial dos valores, sua latência na comunicação, na ordem de 2s - 4s [27],
inviabiliza a sua utilização durante a execução do esquema de alívio de carga.
A frequência utilizada na equação (3.3) corresponde à velocidade de rotação das
máquinas síncronas, medidas individualmente e sincronizadas, portanto o sistema
WAMS é utilizado.
56
Os PMUs são capazes de estimar a frequência e a sua taxa de variação (do inglês Rate
of Change of Frequency - ROCOF) na barra em que estão instalados, porém, um fator
complicador é que quando considerado o sistema de medição fasorial, a frequência é
definida como a velocidade de rotação dos fasores, sendo calculada como a derivada
primeira do ângulo da barra [2]. Por consequência, a ROCOF é calculada como a
derivada segunda. As medições são sensíveis à presença de conteúdo harmônico e ruído
na forma de onda da tensão, e de descontinuidades provocadas pelas mudanças de
estado na rede, como curtos-circuitos, abertura de linhas, ações de controle e proteção
[26]. Existem na literatura [25] técnicas capazes de filtrar os sinais indesejados e de
lidar com as descontinuidades na estimação da frequência e da ROCOF pelas PMUs,
não sendo objetos de estudo neste texto.
As PMUs nas barras de carga podem ser utilizadas para monitorar as correntes e tensões
no barramento, de forma a promover a modelagem da carga de acordo com a variação
da tensão [8], permitindo a definição dos coeficientes e das equações (3.7) e (3.8)
respectivamente, e monitorar a variação de tensão para a correção do desbalanço
estimado.
A Figura 29 ilustra simplificadamente a aquisição de dados para a estimação do déficit
de potência.
Figura 29: Aquisição de dados para a estimativa do desbalanço de potência
57
4.3 Requisitos na Distribuição do Corte de
Carga
Nesta seção os requisitos da aquisição de dados para a implementação dos métodos de
distribuição de alívio de carga, apresentados na Seção 3.3, são descritos.
A Figura 30 ilustra o esquema simplificado da aquisição de dados para a execução do
método de distribuição AT.
Figura 30: Aquisição de dados para a execução do método AT
A implantação do método AT é relativamente simples, quando comparada com os
métodos RFP e SF. Para o cálculo dos fatores de distribuição do corte de carga é
necessário o conhecimento da variação da tensão, antes e pós-distúrbio, nos terminais
dos barramentos de carga, sendo tal informação provida pelas PMUS.
A Figura 31 apresenta a sequência esquemática para aquisição de dados para a
implementação do método de distribuição RFP.
58
Figura 31: Aquisição de dados para a execução do método RFP
O sistema SCADA é utilizado em conjunto com o WAMS. O SCADA fornece os dados
da topologia da rede, basicamente, as interligações existentes e o fluxo de potência. As
PMUs das barras de geração e das barras de carga fornecem o despacho e o consumo de
potência, respectivamente, por meio da monitoração dos fasores de tensão e corrente. O
processamento dos dados permite a elaboração da matriz de distribuição de fluxos. As
PMUS das barras de geração fornecem o estado da rede, informando a possível perda de
geração (ou linha de interligação). Por fim, os fatores de distribuição podem ser
calculados.
A Figura 32 apresenta a topologia do esquema de aquisição de dados para elaboração do
método de distribuição SF.
59
Figura 32: Aquisição de dados para a execução do método SF
O sistema SCADA fornece a topologia da rede para o cálculo da impedância própria
e da matriz de transformação , além das máquinas em operação, juntamente com
suas características de regulação e inércia. As PMUs são utilizadas para aquisição da
tensão nos terminais dos geradores. Com os dados obtidos é possível o cálculo dos
fatores de sensibilidade e de distribuição do alívio de carga.
Uma importante análise a ser realizada diz respeito ao instante de obtenção de cada
informação, em relação ao instante de ocorrência do distúrbio , na execução dos
métodos de distribuição, conforme apresentado na Tabela 8.
Tabela 8: Instante de aquisição de informações por método de distribuição
O método AT necessita das informações da rede elétrica pré e pós-distúrbio para a sua
execução. O método RFP necessita das informações da rede em um instante anterior ao
evento que ocasionou desbalanço de potência. O método SF é utilizado após o distúrbio
de potência, com a configuração da rede no momento do corte de carga.
Método Instante de Aquisição de Informações
AT 0 e 0
+
RFP 0
SF 0+
60
Com relação à aquisição de dados, o método AT se mostra como o de mais simples
execução, pois os métodos RFP e SF necessitam de informações em conjunto entre o
sistema SCADA e WAMS, lidando com um processamento de dados maior e operações
matemáticas mais custosas computacionalmente.
Com relação ao instante de aquisição de dados, o método SF se mostra com vantagem
sobre os demais, necessitando de armazenamento menor de informações. O método AT
e, principalmente, o RFP precisam armazenar dados da rede elétrica constantemente,
para serem empregados no caso de um possível distúrbio.
61
CAPÍTULO 5
SIMULAÇÕES E RESULTADOS
5.1 Introdução
A implementação do método apresentado na Figura 27 foi realizada na toolbox para
análises de sistemas de potência – PSAT (do inglês Power System Analysis Toolbox) do
Matlab©. O PSAT é um software gratuito e open source, com ampla utilização
acadêmica em diversos países [28], contando com rotinas de fluxo de potência, análise
de bifurcação, fluxo de potência ótimo, análise a pequenas perturbações, simulação no
domínio do tempo, entre outras [28].
A justificativa pela escolha do PSAT deve-se a sua possibilidade de permitir ao usuário
que reproduza uma lógica de programação, baseada em “condições e ações” no domínio
do tempo, através do um carregamento de um arquivo de perturbação.
A Figura 33 ilustra o fluxograma simplificado do bloco de integração no domínio do
tempo do PSAT.
62
Figura 33: Fluxograma do bloco de integração no domínio do tempo
Sendo:
– Instante de tempo, em s;
– Passo de integração, em s;
– Instante de tempo final da simulação, em s;
– Interação do processo de resolução do sistema;
63
– Número máximo de interações do processo de resolução do sistema.
Como observado na Figura 33, o arquivo de perturbação é avaliado a cada passo de
integração, permitindo ao usuário a aquisição das variáveis da rede elétrica e a liberdade
de elaboração de diversas lógicas de atuação, dentre elas, métodos adaptativos de alívio
de carga.
Como mencionado na Seção 3.5, o método adaptativo de alívio de carga proposto nesta
dissertação compreende uma junção de métodos existentes na literatura e com algumas
novas considerações. A importância de cada consideração apresentada no Capítulo 3, e
assumida no fluxograma da Figura 27, será avaliada em três diferentes sistemas, sendo
eles:
Microrrede, baseada no sistema modificado IEEE 13 Node Test Feeder
[7];
Sistema modificado IEEE 39 Barras New England [29];
Sistema modificado IEEE 118 Barras [29].
5.2 Aplicação no Sistema Modificado IEEE 13
Node Test Feeder
O diagrama unifilar do sistema modificado IEEE 13 Node Test Feeder é apresentado na
Figura 34.
64
Figura 34: Sistema Modificado IEEE 13 Node Test Feeder
O objetivo da utilização deste sistema na análise dos métodos adaptativos de alívio de
carga é demonstrar os desafios encontrados na manutenção da frequência em sistemas
com geração distribuída (GD), após um possível ilhamento da rede principal.
Sistemas de distribuição ilhados, geralmente apresentam baixa inércia devido ao
possível número reduzido de máquinas síncronas e do tipo de geração dos
empreendimentos de GD. Conforme mencionado na Seção 3.2, sistemas com baixa
inércia são mais sensíveis às variações de potência na rede elétrica, fator complicador
quando associado à intermitência da geração das fontes alternativas empregadas em GD,
sobretudo a geração fotovoltaica e eólica. Portanto, neste cenário de alta sensibilidade às
variações de frequência, a aplicação de um método de alívio de carga rápido, robusto e
confiável pode ser essencial para a manutenção da frequência frente a distúrbios que
ocasionem déficit de geração.
A Tabela 9 apresenta o carregamento do sistema em regime permanente.
65
Tabela 9: Carregamento do sistema IEEE 13 Node Test Feeder
Os parâmetros da rede elétrica (dados de linhas e transformadores) foram retirados da
referência [7]. Os dados dinâmicos do gerador síncrono (17,5MVA), seu regulador de
tensão e de velocidade podem ser encontrados em [6]. Os modelos elétricos para
simulação dinâmica do gerador eólico, do painel fotovoltaico e da célula a combustível
foram retirados da biblioteca de modelos do PSAT [28] e se encontram no Anexo A
desta dissertação.
Apenas o gerador síncrono (Barra 8) exerce controle de frequência na microrrede. A
turina eólica, o painel fotovoltaico e a célula a combustível operam com potência
constante durante a simulação dinâmica.
5.2.1 Modelagem da Carga
Para efeitos de simulação, a carga possui suas parcelas, ativa e reativa, modeladas como
impedância constantes. Implicando que os coeficientes e , das equações (3.7) e
(3.8) respectivamente, sejam numericamente iguais a dois.
A Figura 35 ilustra o comportamento do déficit estimado pela equação (3.1) e o déficit
corrigido pela equação (3.12), quando considerada a carga como impedância constante,
ao ocorrer o ilhamento do sistema. O ilhamento é simulado por meio da abertura do
Resultados do fluxo de carga
Barra Pgen (MW) Qgen (MVAR) Pload (MW) Qload (MVAR)
Carga 1 - - 0,3 0,17
Carga 2 - - 1,5 0,6
Carga 3 - - 3,2 1,0
Carga 4 - - 0,7 0,3
Carga 5 - - 1,5 -
Carga 6 - - 4,0 -
Sistema Elétrico 7 3,0 1,24 - -
Gerador Síncrono 8 4,534 1,24 - -
Gerador Eólico 9 2,0 0 - -
Célula Combustível 10 0,5 0,14 - -
Painel Solar 11 1,5 0 - -
66
disjuntor de acoplamento da microrrede com o sistema equivalente, que liga as Barras 6
e 7 na Figura 34.
Figura 35: Influência do modelo da carga na estimação do déficit
Sendo:
– Potência pré-distúrbio, fornecida pelo sistema, em MW;
– Déficit estimado pela equação (3.1), em MW;
– Déficit corrigido pela equação (3.12), em MW.
O resultado da Figura 35 foi obtido considerando o aumento do carregamento base (CB)
do sistema com fator de potência constante, e intercâmbio de potência ativa pré-
ilhamento invariável (o aumento de potência afundamento de tensão ocasionando ativa
é provido pelo gerador síncrono). Ao ocorrer o ilhamento, o déficit de potência reativa
provoca a queda do valor das cargas. Com o carregamento diminuído, a frequência
apresenta uma taxa de variação menor. Este fato é nocivo à estimação do desvio de
potência por (3.1), uma vez que o desequilíbrio estimado será menor que o real, e com a
atuação do esquema de alívio de carga há a tendência do reestabelecimento das tensões
pré-distúrbio e por consequência o aumento do carregamento, podendo tornar a atuação
do corte de carga ineficaz.
CB 1.3 CB 1.5 CB 1.7 CB2.9
2.95
3
3.05D
éficit E
stim
ado [
MW
]
P
Sist
Pdef
Pdefcor
67
A atuação do esquema de alívio de carga na microrrede será realizada para os seguintes
casos, descritos em detalhes nas seções subsequentes:
Ilhamento do sistema;
Ilhamento do sistema seguido pela variação de despacho dos geradores
de fontes alternativas;
Ilhamento do sistema considerando a imprecisão da inércia equivalente
do sistema;
Ilhamento do sistema considerando atuação do método adaptativo de
corte de carga versus método tradicional de alívio de carga.
O método de distribuição de corte de carga empregado em todas as simulações foi o
método baseado na sensibilidade da frequência (SF).
5.2.2 Ilhamento do Sistema
O método proposto tem sua aplicação avaliada quando considerado o ilhamento da
microrrede do sistema principal, ou seja, a abertura do disjuntor entre as Barras 6 e 7.
Originalmente, o ponto de operação é caracterizado pela importação de 3MW pela
microrrede.
A Figura 36 ilustra o comportamento da frequência de centro de inércia após o
ilhamento no instante t=0,1s.
68
Figura 36: Frequência do sistema após o ilhamento
A Figura 36 mostra que após o ilhamento, a microrrede não possui a capacidade de
manter a frequência do sistema sem um esquema de alívio de carga.
A Tabela 10 apresenta os resultados para a atuação do método adaptativo de alívio de
carga.
Tabela 10: Resultados do alívio de carga para o caso da Figura 36
A Figura 37 ilustra o fator de distribuição de rejeição de carga na microrrede, quando
considerado o método SF.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1055
56
57
58
59
60
61
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
Sem alívio de carga
Mét. Adaptativo
Déficit
estimado
(MW)
Erro
Relativo
(%)
1º Etapa
de corte
(MW)
2º Etapa
de corte
(MW)
3º Etapa
de corte
(MW)
4º Etapa
de corte
(MW)
Montante de
carga
rejeitado
(MW)
2,977 0,7667 1,042 0,912 0,576 0,447 2,977
69
Figura 37: Alocação do corte por carga quando considerado método SF.
Praticamente todo o corte (99,52%) tende a ser alocado na carga presente na Barra 6,
devido à sua proximidade elétrica ao único gerador (Barra 8) responsável pelo controle
de frequência no sistema.
A resposta da frequência na Figura 36, para o caso com alívio de carga, apresenta um
pequeno sobressinal. Esse fato mostra que o corte de carga foi maior que o necessário
para manter a frequência dentro da faixa aceitável da Figura 1. O método proposto
possui uma consideração do aumento de potência ocasionado pela geração do sistema,
portanto, este sobressinal não deveria acontecer. Esta divergência é explicada pela
inércia do sistema, que é drasticamente reduzida após a desconexão da microrrede com
o sistema principal. Assim, ocorre o rápido decaimento da frequência e por
consequência a atuação do método de alívio de carga. A atuação rápida do método de
alívio de carga (~1,2s –Figura 36) não consegue observar o incremento de potência do
regulador de velocidade do gerador síncrono, devido a sua atuação lenta, conforme
apresentado na Figura 38.
Carga 1 Carga 2 Carga 3 Carga 4 Carga 5 Carga 60
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Alo
cação d
o c
ort
e d
e c
arg
a [
%]
70
Figura 38: Frequência e despacho mecânico para o caso da Figura 36
Ao final da quarta etapa de corte (t=1,19s) do método adaptativo de alívio de carga, o
regulador de velocidade do gerador síncrono aumentou, aproximadamente, 8% o valor
da potência mecânica em relação ao despacho no momento do distúrbio, sendo incapaz
de interromper o alívio de carga.
5.2.3 Variações do Despacho Durante o Corte de
Carga
As considerações assumidas na Seção 3.2.3.2 com relação às variações do despacho
ocasionadas pelas fontes alternativas de energia com fonte primária de potência
intermitente são avaliadas nessa seção.
O distúrbio de inicialização do esquema de alívio de carga continuará sendo
representado pelo ilhamento do sistema no instante t=0,1s. São representadas as
variações de potência dos geradores eólico e solar, sem simultaneidade, durante a
execução do método no instante t=0,45s.
Para ilustrar a importância da atualização do déficit de potência durante a execução do
esquema de alívio de carga, dois métodos serão reproduzidos:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100.95
1
1.05
1.1
Tempo [s]
Potê
ncia
Mecânic
a [
pu]
e F
requência
[pu]
P
Mec Ger
Sinc
fCOI
71
Método similar ao apresentado em [8], ou seja, não considera variações
do déficit estimado durante o corte de carga e nem sequer imprecisões no
valor da inércia equivalente, denominado nas simulações LS1;
Método proposto no fluxograma da Figura 27, denominado nas
simulações como LS2.
5.2.3.1 Variação da Geração Solar
A Figura 39 ilustra o comportamento da frequência do centro de inércia da microrrede,
quando utilizado dois métodos adaptativos distintos de corte de carga. No instante
t=0,45s ocorre a perda de 0,75MW de geração solar na Barra 11.
Figura 39: Frequência do sistema após o ilhamento e perda de geração solar
Conforme observado na Figura 39, o método LS1, que não considera variações do
déficit estimado, é incapaz de proteger o sistema contra o afundamento da frequência.
Em contrapartida o método LS2, através da monitoração da derivada da frequência,
consegue observar, estimar e atualizar o valor de novos desequilíbrios durante a
execução do corte de carga.
A Figura 40 apresenta a derivada da frequência para o caso da Figura 39. Observa-se a
existência de um degrau negativo no instante t=0,45s devido à redução da geração solar.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1055
56
57
58
59
60
61
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
LS1
LS2
72
Figura 40: Derivada da frequência do sistema após o ilhamento e perda de geração solar
A Tabela 11 apresenta o resultado de execução do corte de carga para o caso da Figura
39.
Tabela 11: Resultados do alívio de carga para o caso da Figura 39
Como observado pela Figura 40 e pela Tabela 11 o déficit de potência ocasionado pela
redução da geração solar ocorre entre a segunda e a terceira etapa do corte de carga. Até
o instante de aplicação do evento de mudança da geração solar os métodos são
relativamente iguais.
5.2.3.2 Variação da Geração Eólica
A Figura 41 apresenta o comportamento da frequência da microrrede ao ocorrer a perda
total da geração eólica presente na Barra 9 (2MW) no instante t=0,45s, após o ilhamento
do sistema.
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
Tempo [s]
Derivada d
a F
requência
[H
z/s
]
LS1
LS2
Esquema
Déficit
estimado
inicial
(MW)
Déficit
estimado
atualizado
(MW)
1º Etapa
de corte
(MW)
2º Etapa
de corte
(MW)
3º Etapa
de corte
(MW)
4º Etapa
de corte
(MW)
LS1 2,977 ---- 1,042 0,893 0,595 0,447
LS2 2,977 3,834 1,042 0,912 1,2685 0,6105
73
Figura 41: Frequência do sistema após o ilhamento e perda de geração eólica
Observa-se que o método adaptativo de alívio de carga LS2 é capaz de proteger o
sistema contra o afundamento crítico de frequência.
A Tabela 12 apresenta o resultado de execução do corte de carga para o caso da Figura
41.
Tabela 12: Resultados do alívio de carga para o caso da Figura 41
Conforme apresentado na Figura 37, utilizando-se o método de distribuição SF,
praticamente todo o corte deveria ser realizado na carga da Barra 6. Para o caso da
Figura 41, o déficit estimado (5,133MW) é maior que a carga presente na barra (4MW),
portanto, a utilização do limitador proposto na Seção 3.5.1 é essencial. A Figura 42
apresenta a alocação do corte de carga por etapa para o caso da Figura 41.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1055
56
57
58
59
60
61
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
LS1
LS2
Esquema
Déficit
estimado
inicial
(MW)
Déficit
estimado
atualizado
(MW)
1º Etapa
de corte
(MW)
2º Etapa
de corte
(MW)
3º Etapa
de corte
(MW)
4º Etapa
de corte
(MW)
LS1 2,977 ---- 1,042 0,893 0,595 0,447
LS2 2,977 5,133 1,042 0,912 2,356 0,823
74
Figura 42: Alocação do corte de carga por etapa para o caso da Figura 41
5.2.4 Imprecisão na Inércia Equivalente do
Sistema
O parâmetro do sistema elétrico com maior influência sobre a estimação do déficit de
potência é a inércia equivalente das máquinas [7]. Portanto, é avaliada a consequência
de uma consideração pouco acurada para o valor da inércia equivalente na estimativa do
déficit de potência. Novamente, os métodos LS1 e LS2 serão comparados.
O comportamento da frequência de centro de inércia, quando considerada uma
estimativa inicial para a inércia equivalente do sistema de metade do valor real, pode ser
observado na Figura 43.
Carga 1 Carga 2 Carga 3 Carga 4 Carga 5 Carga 60
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
Alo
cação d
o c
ort
e d
e c
arg
a p
or
eta
pa [
MW
]
1 etapa
2 etapa
3 etapa
4 etapa
75
Figura 43: Frequência do sistema com imprecisão da inércia equivalente
O método LS1 não prevê a atualização e correção, tanto do valor da inércia do sistema
quanto do déficit estimado. Por outro lado, o método LS2 é capaz de corrigir o valor da
inércia após a aplicação de uma etapa de corte de carga, através de (3.15), e atualizar o
valor do desvio de potência, através de (3.16).
A Tabela 13 apresenta o resultado de execução do corte de carga para o caso da Figura
43.
Tabela 13: Resultados do alívio de carga para o caso da Figura 43
Conforme observado na Tabela 13, ao considerar o valor da inércia equivalente a
metade do valor real, o déficit estimado pelo esquema LS1 também será 50% menor,
propagando o erro para as etapas seguintes do corte, invalidando a utilização do
esquema. O método LS2 utiliza o valor inicial para uma primeira estimação do
desequilíbrio e, após o primeiro corte, o valor é corrigido. As etapas seguintes são
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1055
56
57
58
59
60
61
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
LS1
LS2
Esquema
Déficit
estimado
inicial
(MW)
Déficit
estimado
atualizado
(MW)
1º Etapa
de corte
(MW)
2º Etapa
de corte
(MW)
3º Etapa
de corte
(MW)
4º Etapa
de corte
(MW)
LS1 1,489 ---- 0,521 0,446 0,298 0,224
LS2 1,489 2,953 0,521 1,392 0,594 0,446
76
corrigidas de modo a obedecer ao critério estabelecido pela Tabela 5, onde a primeira
etapa deve eliminar 35% do déficit estimado, a segunda 65%, a terceira 85% e por
último todo o déficit estimado.
A Figura 44 apresenta o comportamento da frequência do sistema quando o método
adaptativo de corte de carga LS2 é empregado considerando-se diferentes estimativas
iniciais para a inércia do sistema.
Figura 44: Frequência do sistema para diferentes estimativas de inércia equivalente
Pode-se afirmar, através da observação da Figura 44, que a eficácia do método LS2 é
independente das variações da inércia do sistema.
A Tabela 14 apresenta os valores dados como estimativa inicial para a constante de
inércia equivalente do sistema, para o caso da Figura 44, os valores atualizados pelo
método adaptativo durante a execução do alívio de carga e o erro relativo em relação ao
valor real da constante de inércia equivalente.
0 1 2 3 4 5 6 7 858
58.5
59
59.5
60
60.5
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
0.5H
0.7H
H
1.3H
1.5H
77
Tabela 14: Valores da constante de inércia equivalente para o caso da Figura 44
Os resultados apresentados na Tabela 14 ilustram a robustez do método em relação às
variações da constante de inércia equivalente.
O corte de carga por etapa para o caso da Figura 44 é ilustrado na Figura 45.
Figura 45: Etapas de corte por valor inicial da inércia equivalente
Observa-se que o método tende a manter a soma do montante das duas primeiras etapas
de corte fixa (65% do déficit estimado). Valores de inércia menores que o real levam a
um corte menor que o necessário na primeira etapa (déficit estimado menor). Em
contrapartida, superestimar o valor da inércia acarreta um corte maior na primeira etapa.
Uma estimativa relativamente excessiva para a inércia inicial pode levar a eliminação
das etapas sucessivas de corte de carga e, em um caso mais extremo, a rejeição
desnecessária de carga, conforme apresentado na Figura 46.
Estimativa para Constante de
Inércia Equivalente (s)
Correção da Constante de Inércia
Equivalente (s)
Erro Relativo
(%)
0,3H 1,26 2,5014 0,7395
0,5H 1,7639 2,5039 0,6373
H 2,52 2,5061 0,5531
1,3H 3,2761 2,5085 0,457
1,5H 3,78 2,51 0,3968
0.5 H 0.7 H H 1.3 H 1.5 H0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
Potê
ncia
ativa [
pu]
1 etapa
2 etapa
3 etapa
4 etapa
78
Figura 46: Frequência do sistema com inércia superestimada
A Tabela 15 apresenta o resultado de execução do corte de carga para o caso da Figura
46.
Tabela 15: Resultados do alívio de carga para o caso da Figura 46
O método LS2 estima um déficit de potência aproximadamente três vezes maior que o
real. Por consequência, na primeira etapa, é realizado um corte de carga maior que o
necessário e a frequência do sistema apresenta um sobressinal.
5.2.5 Método Adaptativo Versus Método
Tradicional de Alívio de Carga
O método adaptativo proposto nessa dissertação (Figura 27) foi comparado com um
método tradicional de alívio de carga baseado nos ajustes do ERAC para as regiões
Sudeste, Centro Oeste e Sul do sistema brasileiro, conforme a Tabela 16.
0 1 2 3 4 5 6 7 858.5
59
59.5
60
60.5
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
3.0 H
Déficit estimado (MW) 1º etapa de corte (MW)
8,976 3,145
79
Tabela 16: Ajustes para o método tradicional
A Figura 47 ilustra o comportamento da frequência do sistema quando aplicados os
métodos de alívio de carga, após o ilhamento da microrrede, no instante t=0,1s.
Figura 47 Método adaptativo versus método tradicional após o ilhamento
Ambos os métodos são capazes de proteger o sistema contra o afundamento da
frequência. A Tabela 17 apresenta o montante de carga rejeitado nos dois esquemas.
Tabela 17: Montante cortado por método para o caso da Figura 47
Os dois métodos apresentaram pouca diferença entre os totais de carga rejeitados, sem
significar que o método tradicional possua alguma capacidade de estimar o desbalanço
Etapa Ajuste (Hz) Carga Rejeitada (%)
1º 58,5 14,5
2º 58,2 14,5
3º 57,9 17
4º 57,7 22
5º 57,5 22
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1057.5
58
58.5
59
59.5
60
60.5
61
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
Tradicional
Adaptativo
Esquema Montante Cortado (MW)
Tradicional 3,013
Adaptativo 3,086
80
de potência. Este fato deve-se a proximidade de valores entre o déficit causador do
afundamento de frequência e da carga cortada pelo método tradicional. O método
adaptativo apresenta um maior afundamento de frequência, devido ao fato do montante
estimado ser cortado em etapas, de forma a permitir que a regulação primária atue
(impossibilitada na microrrede, ver Figura 38), ou seja, busca-se reduzir a atuação sobre
o sistema.
A Figura 48 apresenta a comparação entre os métodos, adaptativo e tradicional, quando
considerado o caso do ilhamento da microrrede seguido da perda de 0,75MW de
geração solar na Barra 11, no instante t=0,45s.
Figura 48: Método adaptativo versus método tradicional após o ilhamento e perda de
geração solar
Observa-se novamente a capacidade de ambos os métodos de prevenirem o colapso de
frequência. Entretanto, conforme apresentado na Tabela 18, o método adaptativo
apresenta um corte de carga cerca de 13% menor sobre o sistema, diminuindo o
sobressinal da frequência.
Tabela 18: Montante cortado por método para o caso da Figura 48
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1057.5
58
58.5
59
59.5
60
60.5
61
61.5
62
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
Tradicional
Adaptativo
Esquema Montante Cortado (MW)
Tradicional 4,405
Adaptativo 3,834
81
5.3 Aplicação no Sistema Modificado IEEE 39
Barras
A Figura 49 apresenta o diagrama unifilar do sistema modificado IEEE 39 Barras,
também conhecido como New England. Este sistema é utilizado para a avaliação da
aplicabilidade dos métodos adaptativos de corte de carga em um equivalente de rede de
transmissão [29].
Figura 49: Sistema Modificado IEEE 39 Barras
82
A variação de frequência em um sistema de transmissão é completamente diferente da
observada em sistemas ilhados, como a microrrede da Figura 34. Por trata-se de um
sistema multimáquina, a inércia equivalente do sistema New England é maior do que a
apresentada pelo sistema IEEE 13 Node Test Feeder, provocando excursões de
frequências menores no sistema de transmissão do que na microrrede, para um mesmo
desbalanço de potência. A Figura 50 ilustra o comportamento do desvio de frequência
com relação ao déficit observado para o sistema New England e para a microrrede.
Figura 50: Característica
versus déficit observado
A Figura 50 foi obtida considerando-se a equação (3.1), ou seja, a dependência das
cargas com a tensão conforme (3.12) é ignorada. Portanto, a relação entre o déficit
observado em um sistema e a sua taxa de variação da frequência apresentada é
proporcional à inércia do mesmo.
Os dados de fluxo de potência, parâmetros da rede elétrica e os dados para simulação
dinâmica dos geradores, reguladores de tensão e velocidade foram retirados da
referência [29]. O sistema IEEE 39 Barras original foi modificado para a aplicação
simplificada do método de distribuição SF. A topologia e a numeração das barras foram
alteradas, de tal forma que a equação da rede se apresente conforme (3.28), ou seja, com
sub-redes de geração, carga e barras de interligação. Para isto, as barras que
compartilhassem geração e carga foram separadas por meio da criação de barras
fictícias e conectadas por meio de linhas com reatância desprezível, de maneira que o
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
df/dt [pu/s]
Déficit e
stim
ado [
pu /
base 1
00M
VA
]
Microrrede
New England
83
resultado do fluxo de carga original não fosse alterado. Tal modificação aumentou o
número de barras do sistema para 40.
O evento simulado, para ocorrência de subfrequência no sistema, foi a perda do gerador
conectado à Barra 20 (Figura 49) no instante t=0,1s. No ponto de operação inicial, o
gerador fornecia 650MW de potência ativa, aproximadamente 11% de toda a carga do
sistema. Para que o sistema New England apresente um afundamento crítico de
frequência, o caso base do fluxo de carga foi alterado de forma que o sistema apresente-
se com carregamento próximo ao nominal do sistema, com capacidade de regulação de,
aproximadamente, 316 MW.
O método proposto no fluxograma da Figura 27 é avaliado, sobretudo na utilização dos
diferentes métodos de distribuição do alívio de carga no sistema. Em seguida, é
analisada a necessidade de se monitorar o tempo de retorno da frequência à sua faixa de
valores aceitáveis para regime transitório.
5.3.1 Avaliação dos Métodos de Distribuição de
Corte de Carga
Nesta seção, almeja-se traçar as influências e diferenças, entre os métodos de
distribuição do alívio de carga, nas grandezas elétricas do sistema.
A Figura 51 apresenta os fatores de distribuição de corte por barra de carga no sistema
New England, quando aplicado os métodos apresentados na Seção 3.3, para o evento de
perda do gerador da Barra 20.
84
Figura 51: Distribuição do corte de carga por método
Conforme apresentado, o método de distribuição baseado no afundamento de tensão
(AT) prioriza o corte nas barras com maiores variações relativas de tensão, buscando
limitar o corte de carga na região próxima ao distúrbio. O método baseado no
rastreamento do fluxo de potência (RFP) tende a concentrar o alívio nas cargas que
eram alimentadas pelo gerador que causou o desbalanço de potência. Por sua vez, o
método baseado na sensibilidade da frequência (SF) procura estabelecer o corte nas
cargas eletricamente mais próximas aos geradores com as maiores capacidade de
regulação de frequência.
Conforme observado na Figura 51, o método AT distribui o corte nas cargas de maneira
quase uniforme, devido à severidade do evento ocasionar variações em todas as barras
de carga. O método RFP concentra o corte somente nas Barras 2, 3, 4 e 5, por serem as
barras alimentadas pelo gerador em falha, motivo pelo qual o corte pelo método AT ser
ligeiramente maior nestas barras de carga. Assim como o método AT, o método SF
distribui o corte de carga de maneira quase uniforme, porém diferentemente do método
AT, isto se deve a similaridade assumida entre os modelos de geradores e reguladores
de velocidade.
A Figura 52 ilustra o comportamento da frequência de centro de inércia do sistema
quando o método de alívio de carga da Figura 27 é aplicado.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 180
10
20
30
40
50
60
Barras de Carga
Cort
e e
m r
ela
ção a
o d
éficit [
%]
AT
RFP
SF
85
Figura 52: Frequência do sistema para diferentes distribuições de corte de carga
O déficit de potência estimado por todos os métodos é igual. A diferença observada na
Figura 52 reside no montante cortado por cada método, conforme apresentado na Tabela
19.
Tabela 19: Desbalanço de potência e montante cortado por método de distribuição de
alívio de carga
Os métodos AT e SF não necessitam cortar todo o déficit estimado para impedir o
decaimento da frequência, devido à recuperação da frequência pelo incremento de
potência do sistema. Pode-se observar que para o mesmo montante cortado, a frequência
do sistema apresenta uma recuperação mais rápida para o caso com método SF,
confirmando as considerações assumidas para o mesmo. O método RFP além de
necessitar rejeitar todo o montante estimado como desbalanço para impedir o
afundamento da frequência, apresenta a recuperação mais lenta dentre os três métodos
avaliados. Para entender melhor este fenômeno, é interessante a análise de outras
grandezas elétricas da rede. Por exemplo, a Figura 53 apresenta o fluxo de potência
ativa entre as Barras 1 e 2 do sistema New England durante a execução dos esquemas de
0 10 20 30 40 50 6058
58.2
58.4
58.6
58.8
59
59.2
59.4
59.6
59.8
60
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
AT
RFP
SF
Método de Distribuição Déficit Estimado (MW) Montante Cortado (MW)
AT 666,24 566,30
RFP 666,24 666,24
SF 666,24 566,30
86
alívio de carga. Segundo o método RFP, esta interligação é o principal elo de
fornecimento de potência dos geradores conectados as Barras 18 e 25 para a carga na
Barra 2.
Figura 53: Fluxo de potência na interligação 1-2
Ao ocorrer a perda do gerador da Barra 20, o fluxo de potência ativa na interligação 1-2
tende a aumentar. Com a atuação do esquema com método RFP, o fluxo é reduzido pela
rejeição da carga conectada à Barra 2. Este raciocínio pode ser estendido às outras
barras de carga que são priorizadas na distribuição pelo método RFP (Barras 3, 4 e 5).
A redução do carregamento das linhas de interligação, em associação com a rejeição
excessiva em algumas barras de carga provoca a elevação das tensões, conforme
demonstrado na Figura 54.
0 10 20 30 40 50 600.5
1
1.5
2
2.5
3
Tempo [s]
Flu
xo d
e p
otê
ncia
ativa [
pu]
AT
RFP
SF
87
Figura 54: Tensão média em todas as barras de carga
A Figura 54 apresenta a tensão média das barras de carga no sistema New England
quando aplicados o método adaptativo de alívio de carga com diferentes métodos de
distribuição de corte. Observa-se que o método RFP promove uma elevação das tensões
nas barras de carga. A dependência da carga com a tensão conforme (3.7) e (3.8)
acarreta o crescimento do carregamento do sistema. Com isso, o método RFP necessita
de um corte maior de carga para impedir o decaimento da frequência e apresenta uma
recuperação mais lenta de frequência.
O fato da tensão, após a execução do esquema de alívio de carga com método RFP, se
apresentar mais elevada que nos outros dois métodos de distribuição provoca uma
ambiguidade na análise de qual método apresenta menor corte de carga para impedir o
afundamento da frequência. Os valores apresentados na Tabela 19 foram obtidos
somando-se os cortes de carga em cada etapa por método. A Tabela 20, por sua vez,
apresenta uma análise por carregamento final.
Tabela 20: Carregamento inicial e final para o caso da Figura 52
0 10 20 30 40 50 600.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
1.04
Tempo [s]
Tensão m
édia
[pu]
AT
RFP
SF
Método de
Distribuição
Carregamento Inicial
(MW)
Carregamento Final
(MW)
Diferença
(MW)
AT 6080,4 5480,23 600,17
RFP 6080,4 5559,50 520,90
SF 6080,4 5466,03 614,37
88
Como os pontos de operação após a execução dos métodos não são os mesmos,
considera-se o resultado apresentado na Tabela 19 como o mais aceitável para a análise
de montante cortado por método.
5.3.2 Análise do Tempo de Recuperação da
Frequência
Na Figura 52 pode-se observar que o método SF foi o que apresentou melhor resultado
quando comparado o tempo de recuperação da frequência. A Figura 55 reproduz
novamente o resultado obtido apenas para o método mencionado.
Figura 55: Frequência do sistema New England com método SF
Apesar de apresentar o menor tempo de retorno à faixa aceitável de operação (Figura 1)
e impedir que o sistema entre em colapso pelo afundamento da frequência, o método
adaptativo não possui uma consideração que aumente a taxa de variação da frequência
caso esta apresente um retorno lento. Conforme apresentado na Tabela 7, caso a
frequência do sistema se mantenha transitoriamente abaixo de 58,5Hz por 10s, as
unidades de geração são desligadas por meio de suas proteções de subfrequência,
ocasionando uma falha sistêmica. Para corrigir o problema supracitado, um corte de
carga adicional é elaborado conforme descrito no pseudocódigo da Figura 25.
0 10 20 30 40 50 6058.2
58.4
58.6
58.8
59
59.2
59.4
59.6
59.8
60
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
89
A Figura 56 ilustra o comportamento da derivada da frequência para o caso da Figura
55.
Figura 56: Derivada da frequência do sistema New England com método SF
Observa-se que, aproximadamente no instante t=6s, o método adaptativo foi capaz de
anular a derivada de frequência do sistema e impedir o seu afundamento crítico.
Todavia, devido à alta inércia e capacidade de regulação reduzida do sistema, o
incremento positivo da taxa de variação é demorado, acarretando uma recuperação lenta
da frequência.
Aplicando-se o método adaptativo da Figura 27 com o pseudocódigo da Figura 25
implementado, a derivada da frequência apresenta-se conforme ilustrado na Figura 57.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
Tempo [s]
Derivada d
a F
requência
[H
z/s
]
90
Figura 57: Derivada da frequência do sistema New England com método adaptativo
temporizado
A Figura 58 apresenta a comparação da recuperação da frequência, quando considerada
a perda do gerador da Barra 20, entre os esquemas de alívio de carga adaptativo,
adaptativo temporizado (com consideração do tempo de recuperação) e tradicional.
Figura 58: Método adaptativo versus método adaptativo temporizado versus método
tradicional no sistema New England
A Tabela 21 apresenta os resultados do corte de carga para o caso da Figura 58.
0 5 10 15 20 25 30 35 40
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
Tempo [s]
Derivada d
a F
requência
[H
z/s
]
0 10 20 30 40 50 6058
58.5
59
59.5
60
60.5
61
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
Adaptativo
Adaptativo Temp.
Tradicional
91
Tabela 21: Resultados do corte de carga para o caso da Figura 58
O método adaptativo temporizado apresenta-se em um meio termo entre o método
adaptativo e o método tradicional. Se a condição de tempo de retorno não for
sensibilizada, os métodos adaptativos e temporizado são iguais, conforme visto na
Figura 58.
O corte de carga proposto é denominado adicional e adaptativo, pois:
Corte adicional ao esquema de alívio de carga, desnecessário para
impedir o afundamento da frequência;
Adaptativo a qualquer contingência ou sistema.
A Tabela 22 apresenta os resultados da aplicação do método adaptativo com
consideração do tempo abaixo de 58,5Hz, quando considerada a perda de cada gerador
do sistema New England (sem simultaneidade), em comparação com método adaptativo
sem o pseudocódigo da Figura 25.
Esquema Montante Cortado (MW) Sobressinal (%)
Adaptativo 566,30 0
Adaptativo Temp. 615,36 0,5786
Tradicional 821,46 1,3139
92
Tabela 22: Resultados para aplicação do método adaptativo temporizado no sistema New
England
Observa-se a capacidade do corte proposto de preservar o sistema de desligamentos das
unidades geradoras pela atuação de suas proteções de subfrequência.
5.4 Aplicação no Sistema Modificado IEEE
118 Barras
A Figura 59 apresenta o sistema modificado IEEE 118 Barras. Este sistema é utilizado
para ilustrar a robustez e eficiência da aplicação do método adaptativo de alívio de carga
em um sistema de médio porte [29].
Perda de geração Adaptativo (s) Adap. Temp. (s)
Gerador 2 22,90 10,08
Gerador 3 18,58 9,99
Gerador 4 15,86 9,94
Gerador 5 11,82 10,00
Gerador 6 15,74 10,00
Gerador 7 33,07 9,92
Gerador 8 23,93 9,95
Gerador 9 30,95 9,84
93
Figura 59: Sistema Modificado IEEE 118 Barras. Retirado de [29]
O sistema 118 Barras apresenta 19 geradores síncronos. Seus dados de ponto de
operação, parâmetros da rede elétrica e modelos para estudos dinâmicos foram retirados
da referência [29]. Conforme o sistema New England, o sistema 118 Barras foi
modificado para a simplificação da atuação do método SF. As mesmas considerações
94
apresentadas para o caso do sistema 39 Barras foram realizadas, resultando no aumento
do número de barras do sistema para 136, todavia sem alterar o ponto de operação
original.
O evento causador do desbalanço de potência é a perda dos geradores conectados às
Barras 25 e 26 no instante t=0,1s. O déficit de potência causado pelo distúrbio é igual a
640,8MW. Os geradores restantes do sistema apresentam uma capacidade de regulação
de frequência igual a 817,1MW.
O comportamento da frequência do sistema após o distúrbio é avaliado sem considerar
nenhum método de alívio de carga (S/LS), a atuação de um método adaptativo sem o
termo que monitora a regulação primária de frequência (S/AR – Seção 3.4), a atuação
de um método adaptativo com o termo que monitora a atuação da regulação (AR) e a
atuação do método adaptativo completo (AR & Temp), apresentado na Seção 3.5.3.
A Figura 60 apresenta os resultados obtidos para a frequência do sistema, quando
considerados os métodos mencionados acima.
Figura 60: Frequência do sistema modificado IEEE 118 Barras para diferentes casos
Apesar dos geradores do sistema apresentarem a capacidade de aumentarem os seus
despachos e compensarem o desbalanço provocado pelo distúrbio, é observado que o
sistema sem um esquema de alívio de carga (S/LS) apresenta um afundamento
transitório crítico de frequência (abaixo de 57Hz [12]), ocasionado pela severidade do
0 10 20 30 40 50 6052
53
54
55
56
57
58
59
60
61
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
S/ LS
S/ AR
AR
AR & Temp
95
desequilíbrio e a resposta lenta dos reguladores de velocidade. A aplicação do método
adaptativo, sem as considerações de monitoração da atuação da regulação primária (S/
AR), mostrou-se capaz de proteger o sistema contra o afundamento da frequência,
porém o montante cortado pode ser reduzido. O método adaptativo com as
considerações realizadas na Seção 3.4 (AR) mostra-se capaz de proteger o sistema
contra subfrequência e reduzir o corte de carga realizado em relação ao método anterior
(S/AR), todavia o intervalo de tempo permitido, abaixo dos valores de frequência
instituídos em [12] é violado. O método apresentado na Seção 3.5.3 (AR & Temp)
mostrou-se capaz de impedir o colapso do sistema pela perda da estabilidade de
frequência, contudo o valor do montante rejeitado de carga teve que ser aumentado para
contorna-se o empecilho do tempo de retorno. A Tabela 23 apresenta o total da carga
cortada por esquema empregado e o desbalanço estimado no caso da Figura 60.
Tabela 23: Montante cortado e desbalanço estimado para o caso da Figura 60
5.5 Avaliação da Latência na Atuação do
Método de Alívio de Carga
As simulações realizadas nas seções anteriores consideraram a atuação instantânea do
método adaptativo de alívio de carga. Conforme o fluxograma da Figura 33, o PSAT
“lê” a lógica de atuação do método adaptativo e resolve o sistema algébrico-diferencial
no mesmo passo de integração. Tal procedimento afasta a simulação realizada de um
ambiente real de controle, uma vez que a atuação do método é sujeita a certa latência,
conforme: o atraso de comunicação entre as PMUs e o centro de controle, o tempo de
processamento das considerações assumidas na execução do método, o tempo de
comunicação entre o centro de controle e as subestações e por último, o tempo de
operação dos disjuntores dos alimentadores. Para simular esta latência é inserida uma
Esquema Montante cortado (MW)
Sem alívio de carga 0
S/ AR 390,39
AR 232,48
AR & Temp 312,93
Déficit “Real” (MW) 640,8
Déficit Estimado (MW) 600,6
96
lógica de atuação com retardo em relação aos passos de integração da simulação no
domínio do tempo.
A influência desse atraso será avaliada para dois sistemas distintos: a microrrede e o
sistema IEEE 118 Barras.
Os eventos causadores do distúrbio de potência, para ambos os sistemas, são os mesmos
apresentados nas análises em suas respectivas seções.
A Figura 61 e a Figura 62 ilustram o comportamento da frequência da microrrede e do
sistema 118 Barras, respectivamente, quando considerado diferentes valores de atraso
na atuação do método adaptativo de alívio de carga.
Figura 61: Frequência do sistema da Figura 34 para diferentes valores de atraso
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1056.5
57
57.5
58
58.5
59
59.5
60
60.5
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
0ms
50ms
80ms
100ms
150ms
200ms
97
Figura 62: Frequência do sistema da Figura 59 para diferentes valores de atraso
A microrrede mostra-se com maior sensibilidade ao tempo de atuação do método de
alívio de carga devido à sua maior sensibilidade às variações de frequência do que o
sistema 118 Barras, devido à sua inércia reduzida.
A microrrede apresentou um tempo crítico (frequência acima de 57Hz) de latência na
ordem de ~160ms, enquanto o sistema 118 Barras apresentou um tempo crítico na
ordem de ~1800ms.
0 5 10 1556.5
57
57.5
58
58.5
59
59.5
60
60.5
Tempo [s]
Fre
quência
[H
z]
0ms
100ms
200ms
300ms
400ms
500ms
600ms
98
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES E TRABALHOS
FUTUROS
6.1 Conclusões
A proteção adaptativa de alívio de carga mostra-se como uma possível melhoria dos
esquemas clássicos de corte de carga. A evolução dos sistemas de monitoração e
aquisição de dados da rede elétrica, conforme o WAMS, capazes de acompanhar e
reproduzir informações do estado dinâmico do sistema elétrico de potência, propiciam a
atuação de esquemas de alívio de corte que exploram os limites de estabilidade da rede.
Os resultados obtidos neste trabalho vão de encontro ao objetivo almejado no Capítulo
1. Foi realizada a implementação, com sucesso, de um método adaptativo de alívio de
carga, baseado em diferentes diretrizes presentes na literatura a respeito do estudo. A
importância de cada consideração assumida na elaboração do método foi avaliada,
através da simulação no domínio do tempo em diferentes sistemas.
A utilização do sistema modificado IEEE 13 Node Test Feeder, com inserção de fontes
alternativas, foi essencial para exemplificar a atuação do método reproduzido em redes
99
com alta sensibilidade de frequência. A importância da correção do desbalanço de
potência devido à dependência da carga com a tensão foi visualizada através da análise
do cálculo do déficit de potência para diferentes carregamentos do sistema.
Os efeitos da possível mudança no déficit de potência durante a execução do corte de
carga, exemplificadas pela intermitência das fontes alternativas, assim como a
imprecisão da inércia equivalente puderam ser analisados, evidenciando a necessidade
de o método adaptativo corrigir tais situações.
A limitação do alívio de potência por barra de carga proposta mostrou-se eficiente. A
comparação entre o método adaptativo desenvolvido e um esquema tradicional de alívio
de carga evidenciou o caráter mitigatório do método adaptativo em relação ao método
tradicional, sobretudo na atuação sobre o sistema (corte de carga). Além de ilustrar a
robustez e eficiência do método adaptativo, similar ao esquema tradicional.
O sistema modificado IEEE 39 Barras ou New England foi utilizado para exemplificar a
reprodução do método adaptativo em um sistema equivalente de transmissão. Com a
estimação do desbalanço de potência já consolidada através da aplicação do método na
microrrede, o sistema New England foi utilizado para ilustrar as diferenças ocasionadas
pelos métodos de distribuição do alívio de carga, apresentados na literatura. A
afirmação de qual método de distribuição de alívio de carga apresenta o melhor
desempenho técnico depende das grandezas elétricas em estudo. O método baseado no
afundamento da tensão (AT) mostrou-se eficiente e robusto quando aplicado no sistema,
possuindo um desempenho mediano entre os outros dois métodos simulados. O método
baseado no rastreamento do fluxo de potência (RFP) mostrou-se com o pior resultado
quando considerado o tempo de retomada da frequência, contudo apresentou o melhor
perfil de tensões após a execução do esquema de alívio de carga, sendo indicado para
aplicações de corte de carga baseado em subfrequência e subtensão. O método baseado
na sensibilidade da frequência (SF), em relação às mudanças nas cargas, mostrou-se
com o melhor tempo de recuperação da frequência. Contudo, ao se considerar a
simplicidade de implantação, menor esforço computacional e processamento de dados,
o método AT mostra-se com superioridade em relação aos demais métodos.
A análise do tempo de recuperação da frequência evidencia a necessidade da existência
do corte de carga adicional. A consideração proposta mostrou-se adaptativa a diferentes
distúrbios no sistema.
100
A aplicação do método reproduzido no sistema modificado IEEE 118 Barras ilustrou a
importância das considerações assumidas de: atuação da regulação primária e do tempo
de subida da frequência.
Os sistemas IEEE utilizados e a reprodução no PSAT apresentaram a possível
aplicabilidade, com sucesso, do método adaptativo de alívio de carga em sistemas de
diferentes portes. Todavia, a análise da filosofia da atuação em tempo real evidencia a
necessidade de melhoria nos sistemas de comunicação e processamento para a
implementação do método, sobretudo em redes com alta sensibilidade de variação de
frequência.
6.2 Trabalhos Futuros
Alguns pontos e questionamentos, na execução e aplicação dos métodos adaptativos,
encontrados durante a elaboração deste trabalho não puderam ser respondidos ou
avaliados, ficando as suas análises para trabalhos posteriores. Assim, propõem-se como
trabalhos futuros os seguintes assuntos:
Extensão dos métodos de distribuição do alívio de potência considerando
a descontinuidade no corte de carga;
Extensão dos métodos de distribuição do alívio de potência considerando
indicadores econômicos e técnicos;
Avaliação e elaboração de esquemas adaptativos de proteção em
conjunto, como subtensão-subfrequência;
Análise das variações transitórias na forma de onda da tensão na
estimativa da frequência pelos PMUs;
Avaliação da aplicação do método adaptativo de corte de carga proposto,
em um ambiente de controle e proteção em tempo real.
101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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measurement under transient conditions”, IEEE Transactions on Power Systems,
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Area Stability and Voltage Control System: R&D and Online Demonstration”,
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103
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in Eletric Utility Deregulation and Restructuring and Power technologies
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[20] REDDY, C.P., CHAKRABARTI, S., SRIVASTAVA, S.C., “A Sensitivity-
Based method for Under-Frequency Load-Shedding”, IEEE Transactions on
Power Systems, v. 29, n. 2, pp. 984-985, March. 2014.
[21] BIALEK, J., “Tracing the Flow of Electricity”, IEE Proceedings-Generation
Transmission Distribution, v. 143, n. 4, pp. 313-320, July. 1996.
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Power Systems, v. 26, n. 4, pp. 2154-2163, Nov. 2011
[23] WANG, Y., PORDANJANI, I.R., LI, W., et al “Strategy to Minimise the Load
Shedding Amount for Voltage Collapse Prevention”, IET Generation,
Transmission & Distribution, v. 5, Iss. 3, pp. 307-313, 2011
[24] ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, Procedimentos de Rede –
Módulo 3 – Acesso às Instalações de Transmissão – Submódulo 3.6 – Requisitos
Técnicos Mínimos para a Conexão às Instalações de Transmissão, Versão
vigente: Revisão 1.1, 2010.
[25] PHADKE, A.G., THORP, J.S., Synchronized Phasor Measurements and Their
Applications. NY, USA: Springer, 2008
[26] IEEE, Synchrophasor Data Transfer for Power Systems Std, IEEE Std.
C37.118.2-2011, 2011.
[27] BLUME, S.W., Eletric Power System Basics for the Nonelectrical Professional,
Second Edition. IEEE, Inc. John Wiley & Sons, Inc. 2017
[28] PSAT – Power System Analysis Toolbox, Documentation for PSAT, version
2.1.8, Jan. 2013.
[29] KIOS – Center for Intelligent systems & Networks, Dynamic IEEE Test
Systems. Disponível em:
104
http://www.kios.ucy.ac.cy/testsystems/index.php/dynamic-ieee-test-systems.
Acesso em: Set. 2016.
105
ANEXO A
MODELAGEM MATEMÁTICA DOS
GERADORES ALTERNATIVOS
EMPREGADOS NAS SIMULAÇÕES
Este anexo trata da modelagem matemática para a simulação dinâmica das unidades
geradoras, de fontes alternativas, empregadas na dissertação e presentes na biblioteca de
dados do PSAT. São apresentados os sistemas algébrico-diferenciais utilizados na
modelagem dos seguintes dispositivos:
Gerador eólico;
Painel fotovoltaico;
Célula a combustível.
A.1 Modelagem para o Gerador Eólico
O modelo utilizado para gerador eólico foi o síncrono conectado à rede por meio de
conversores. Assumindo-se as equações elétricas do gerador em regime permanente, a
tensão pode ser dada no eixo d-q conforme:
106
(A.1)
(A.2)
Onde o fluxo de campo permanente é utilizado para representar o circuito do rotor.
As potências ativa e reativa no estator podem ser dadas como:
(A.3)
(A.4)
Enquanto, que a potência ativa e reativa injetadas na rede dependem somente das
correntes do lado da rede do conversor, conforme:
(A.5)
(A.6)
As tensões do conversor são funções do módulo e fase das tensões da rede, conforme:
(A.7)
(A.8)
Assumindo um conversor sem perdas e fator de potência unitário, as potências de saída
do gerador podem ser dadas por:
(A.9)
(A.10)
A potência reativa injetada na rede é controlada pelo conversor por meio da corrente
(A.11)
(A.12)
As equações (A.9) - (A.12) são as equações algébricas do gerador diretamente
conectado, enquanto , , e são as variáveis algébricas.
A equação eletromecânica do gerador é dada como:
107
(A.13)
(A.14)
A relação entre os fluxos no estator e as correntes no gerador pode ser dada como:
(A.15)
(A.16)
O torque mecânico é modelado conforme:
(A.17)
A potência extraída do vento é dada por:
(A.18)
O coeficiente de potência é aproximado conforme:
(
)
(A.19)
Com:
(A.20)
Devido à sua velocidade em relação aos transitórios eletromecânicos, a dinâmica do
conversor é simplificada, sendo modelado como uma fonte de corrente ideal, onde e
são as variáveis de estado e utilizadas para o controle da velocidade do rotor e do
controle de tensão e potência reativa, respectivamente.
As equações diferenciais do conversor são:
(A.21)
( )
(A.22)
Sendo:
108
(A.23)
Sendo a característica potência-velocidade que maximiza a captura de
potência do vento pelo aerogerador.
Finalmente, o controle do ângulo de pitch é realizado pela equação diferencial abaixo:
( )
(A.24)
A Tabela A.1 apresenta os parâmetros utilizados na modelagem do gerador síncrono
diretamente conectado por meio de conversores.
Tabela A.1: Parâmetros do gerador síncrono diretamente conectado
A.2 Modelagem para o Painel Fotovoltaico
O modelo utilizado para painel fotovoltaico nas simulações não possui controle da
tensão terminal. A tensão na conexão com a rede é dada por:
(A.25)
(A.26)
A injeção de potência no sistema é dada por:
Parâmetro Descrição Unidade
Resistência do estator p.u.
Reatância de eixo direto p.u.
Reatância de eixo em quadratura p.u.
Fluxo de campo permanente p.u.
𝑚 Inércia do rotor kWs/kVA
Ganho do controle de pitch -
Constante de tempo do controle de pitch s
Ganho do controle de tensão -
Constante de tempo do controle de tensão s
𝜖 Constante de tempo do controle de potência ativa s
109
(A.27)
(A.28)
O ponto de operação das correntes é definido com base nas referencias de potência ativa
e reativa, conforme:
*
+ [
]
*
+ (A.29)
As equações diferenciais do conversor são:
(A.30)
(A.31)
A Tabela A 2 apresenta os parâmetros utilizados na modelagem do painel fotovoltaico
sem controle de tensão terminal.
Tabela A 2: Parâmetros do painel fotovoltaico
Parâmetro Descrição Unidade
Potência ativa de operação MW
Potência reativa de operação Mvar
Constante de tempo do inversor de eixo d s
Constante de tempo do inversor de eixo q s
A.3 Modelagem para a Célula a Combustível
O funcionamento da célula a combustível é modelado através das equações abaixo:
(A.32)
(A.33)
(A.34)
(A.35)
110
(
(
√
)
)
(A.36)
Utilizando a célula a combustível com controle de potência constante, a corrente é
dada por:
(A.37)
A conexão com a rede é assumida ser feita por um conversor ideal e por um
transformador com reatância . A tensão do lado CA é regulada pela modulação de
amplitude 𝑚 do inversor, conforme:
��
𝑚( ) 𝑚
𝑚
(A.38)
As potências na rede CA são dadas por:
(A.39)
(A.40)
Sendo:
𝑚
(A.41)
√
(A.42)
Portanto:
(
𝑚 )
(A.43)
Finalmente:
√ (
𝑚 )
(A.44)
A tensão de referência e o valor inicial da modulação de amplitude do inversor 𝑚
são inicializados com base no resultado do fluxo de potência, conforme:
111
𝑚
√
(
)
(A.45)
𝑚
(A.46)
A Tabela A 3 apresenta os parâmetros utilizados na modelagem da célula a combustível.
Tabela A 3: Parâmetros da célula a combustível
Parâmetro Descrição Unidade
Constante de tempo de resposta elétrica s
Constante de tempo de resposta do fluxo de hidrogênio s
Constante molar do hidrogênio -
Constante -
Constante de tempo de resposta do fluxo de água s
Constante molar da água -
Constante de tempo de resposta do fluxo de oxigênio s
Constante molar do oxigênio -
Razão entre hidrogênio e oxigênio -
Constante de tempo do processo de combustível s
Utilização ótima de combustível -
Resistência de perdas ôhmicas
Número de células em série p.u.
Potencial padrão ideal V
Constante dos gases J/(mol K)
Temperatura absoluta do gás K
Constante de Faraday C/mol
Constante de tempo de dinâmica da célula s
Potência de referência p.u.
Tensão de referência p.u.
Potência CC base MW
Tensão CC base kV
Reatância do transformador p.u.
𝑚 Ganho do controle de tensão -
Constante de tempo do controle de tensão s