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Proposta para uma Avaliação Psicológica Fundamentada na Experiência setembro/2014 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia Edição Especial nº 008 Vol.01/2014 set/2014 PROPOSTA PARA UMA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA FUNDAMENTADA NA EXPERIÊNCIA Regina Sonia Gattas F. do Nascimento - [email protected] Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Ana Cristina Resende [email protected] Pontifícia Universidade Católica de Goiás Goiânia, GO, 20 de outubro de 2013 Resumo Avaliação Psicológica pode ser utilizada em situações diversas, buscando respostas específicas. Este artigo focaliza a Avaliação Psicológica a partir de uma visão clínica e psicodinâmica, como um processo de grande importância para a compreensão da pessoa considerando-a em sua singularidade e em sua complexidade. Considerou-se neste artigo várias questões importantes em um processo de avaliação psicológica, dentre elas: a necessidade de se ter pressupostos teóricos coerentes com o trabalho desenvolvido; a flexibilidade do avaliador; questões preponderantes levantadas no inicio do processo; o tempo médio de uma avaliação; a importância da observação e da entrevista; a relevância do uso dos testes psicológicos; como escolher bem um teste; a questão da rotulação com ou sem o uso dos testes; o relato escrito dos resultados e os conhecimentos necessários para se realizar um bom psicodiagnóstico. No texto também se diferencia a avaliação em que são obtidos resultados de testes para uma classificação da pessoa, de um trabalho em que se procura compreender a pessoa de forma holística, em um processo dinâmico. Ressalta-se que para qualquer trabalho nesta área, a escuta e a leitura do material deve ter pressupostos teóricos coerentes com o trabalho desenvolvido. Palavras-chave: Avaliação de Psicológica; Psicodinâmica; Testes Psicológicos. O uso de testes psicológicos teve o seu início no final do século XIX, porém grandes avanços foram, em sua maioria, concebidos conforme o paradigma das ciências naturais (WERLANG, VILLEMOR AMARAL & NASCIMENTO, 2010), modelo que dava destaque às medidas e que conferiu à psicologia um status de ciência. Os testes também se apoiavam no método classificatório, seguindo o padrão médico (PLAZA, 1989). Esse modelo poderia basear-se numa classificação simples do indivíduo ou numa classificação nosológica. O grande desenvolvimento dos testes psicológicos ocorreu nas duas grandes guerras do século XX, quando os testes foram muito necessários, o que fez alavancar as pesquisas na área e a criação de novos instrumentos. Na época da 2ª guerra houve um avanço da psicologia clínica e a atividade principal era a avaliação psicológica (WEINER, 1983). Os EUA fizeram um investimento massivo nos testes psicológicos para serem usados tanto em seleção de

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Proposta para uma Avaliação Psicológica Fundamentada na Experiência setembro/2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia – Edição Especial nº 008 Vol.01/2014 set/2014

PROPOSTA PARA UMA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA FUNDAMENTADA NA EXPERIÊNCIA

Regina Sonia Gattas F. do Nascimento - [email protected]

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Ana Cristina Resende – [email protected]

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Goiânia, GO, 20 de outubro de 2013

Resumo

Avaliação Psicológica pode ser utilizada em situações diversas, buscando respostas específicas. Este artigo focaliza a Avaliação Psicológica a partir de uma visão clínica e psicodinâmica, como um processo de grande importância para a compreensão da pessoa considerando-a em sua singularidade e em sua complexidade. Considerou-se neste artigo várias questões importantes em um processo de avaliação psicológica, dentre elas: a necessidade de se ter pressupostos teóricos coerentes com o trabalho desenvolvido; a flexibilidade do avaliador; questões preponderantes levantadas no inicio do processo; o tempo médio de uma avaliação; a importância da observação e da entrevista; a relevância do uso dos testes psicológicos; como escolher bem um teste; a questão da rotulação com ou sem o uso dos testes; o relato escrito dos resultados e os conhecimentos necessários para se realizar um bom psicodiagnóstico. No texto também se diferencia a avaliação em que são obtidos resultados de testes para uma classificação da pessoa, de um trabalho em que se procura compreender a pessoa de forma holística, em um processo dinâmico. Ressalta-se que para qualquer trabalho nesta área, a escuta e a leitura do material deve ter pressupostos teóricos coerentes com o trabalho desenvolvido.

Palavras-chave: Avaliação de Psicológica; Psicodinâmica; Testes Psicológicos.

O uso de testes psicológicos teve o seu início no final do século XIX, porém grandes avanços foram, em sua maioria, concebidos conforme o paradigma das ciências naturais (WERLANG, VILLEMOR AMARAL & NASCIMENTO, 2010), modelo que dava destaque às medidas e que conferiu à psicologia um status de ciência. Os testes também se apoiavam no método classificatório, seguindo o padrão médico (PLAZA, 1989). Esse modelo poderia basear-se numa classificação simples do indivíduo ou numa classificação nosológica.

O grande desenvolvimento dos testes psicológicos ocorreu nas duas grandes guerras do século XX, quando os testes foram muito necessários, o que fez alavancar as pesquisas na área e a criação de novos instrumentos. Na época da 2ª guerra houve um avanço da psicologia clínica e a atividade principal era a avaliação psicológica (WEINER, 1983). Os EUA fizeram um investimento massivo nos testes psicológicos para serem usados tanto em seleção de

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pessoal, quanto em serviços de atendimento clínico e para serviços de inteligência que avaliavam as pessoas que trabalhariam em serviço secretos no exterior. Neste período foram feitas avaliações psicológicas utilizando centenas de testes e foram testados vários procedimentos delineados para desempenhar uma avaliação. Praticamente todos os homens que tinham algum potencial para ir a guerra foram avaliados nessa época.

À medida em que a Segunda Guerra Mundial progredia, maior era o número de psicólogos convocados para trabalhar nos hospitais militares. Diante da falta de psicólogos para preencher essas posições, criaram-se programas de formação em psicologia clínica que forneciam bolsas para os doutorandos e para os seus departamentos nas universidade. A identidade da psicologia clínica, naqueles dias, estava em grande parte representada pela avaliação psicológica, e a maioria dos programas de doutorado nos Estados Unidos incluía um substancial treinamento no uso de testes psicológicos. Os psicólogos clínicos, a maior parte do tempo, forneciam dados de testes padronizados para facilitar e suportar um diagnóstico diferencial e fazer o planejamento do tratamento (WEINER & GREENE, 2008).

Neste modelo de psicodiagnóstico o uso dos testes era fundamental e sobre o qual não havia nenhum questionamento e, conforme Macedo (2004), trouxe grande credibilidade à psicologia. Sem dúvida este uso contribuiu para amplo conhecimento das pessoas, suas reações, comportamentos, capacidades e manifestações da personalidade e grandes avanços foram conseguidos nas pesquisas dos testes em geral e mesmo com as técnicas projetivas, o que vem conferindo maior aceitação dos testes em meios científicos, acadêmicos e de atuação profissional.

A avaliação psicológica, que contempla diversas outras denominações – como psicodiagnóstico, diagnóstico psicológico, estudo de caso, exame psicológico, psicotécnico, perícia psicológica, exame criminológico – conforme a orientação epistemológica (TRINCA, 1984) ou de origem, também inclui diversos modos de atuação. Para se diagnosticar uma pessoa pode-se observar seus comportamentos (no caso de crianças esta observação inclui conhecer a criança por meio do brincar com as caixas lúdicas), pode-se trabalhar com dinâmicas de grupo, com a escuta e intervenções verbais, ou única e exclusivamente com entrevistas, pode-se até mesmo – muito recentemente – fazer avaliações por meio de testes em computador. Também o modo com que se faz a avaliação está vinculado ao modelo teórico que sustenta esta avaliação.

Tomaremos como base a definição do Conselho Federal de Psicologia, que diz que A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos” (Resolução 007/2003 - www.pol.org.br: legislação/resoluções).

Esta avaliação deverá gerar conhecimento sistemático sobre o funcionamento psicológico da pessoa, de tal forma que se possa tomar decisões e orientar ações para os envolvidos no processo (PRIMI, NASCIMENTO & SOUZA, 2004, p. 21).

Concordamos com Muniz et al. (2012) que a avaliação psicológica é um procedimento que está inserido em todas as áreas de atuação profissional do psicólogo, tais como na Psicologia Clínica, Psicologia da Saúde e/ou Hospitalar, Psicologia Escolar e Educacional, Neuropsicologia, Psicologia Forense, Psicologia do Trabalho e das Organizações, Psicologia do Esporte, Social Comunitária, Psicologia do Trânsito, Orientação e ou Aconselhamento Vocacional/Profissional. Antes mesmo de se iniciar uma intervenção psicológica, seria necessário que se fizesse a análise do funcionamento do(s) indivíduo(s) para lidar da forma mais adequada com suas demandas.

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Em resumo, esta prática hoje considerada de grande importância, é realizada em situações específicas, em que seja necessário a ampliação, refinamento ou esclarecimento de um problema (NASCIMENTO, 2001). Podemos dizer que o raciocínio clínico a permeia, em qualquer situação profissional em que esteja inserida. Este raciocínio pode contribuir com melhor compreensão do trabalho que se realiza.

De acordo com Cunha (2000), Psicodiagnóstico se diferencia de Avaliação Psicológica. Para esta autora, a avaliação psicológica é considerada uma atividade com objetivos bem definidos realizada para encontrar respostas a questões claramente propostas. Neste sentido, seguindo sua linha de raciocínio, poderíamos dizer que quando se administra testes para saber se uma pessoa está psicologicamente apta para dirigir, ou para tirar um certificado de porte de armas, o psicólogo trabalhará no sentido de dizer se o perfil é adequado ou não para estas atividades. Já o psicodiagnóstico é concebido como um tipo específico de avaliação psicológica realizada em situação clínica. Ou seja, o psicodiagnóstico é definido como o uso clínico de testes para a avaliação psicológica e esta é considerada uma atividade de uso exclusivo do psicólogo (ANACHE & REPPOLD, 2010; TRINCA, 1984; WEINER, 1983).

O cuidado que se deve ter neste caso é para não confundir o Psicodiagnóstico, ou a Avaliação Psicológica com o diagnóstico, uma vez que este se resume a uma classificação, um modo reducionista, que não é necessariamente uma tarefa simples, enquanto que o psicodiagnóstico ou avaliação psicológica aponta para a complexidade do ser humano e quase sempre envolve o uso de testes psicológicos, objetivos e/ou projetivos. Os testes objetivos normalmente são designados para a avaliação de recursos intelectuais, de habilidades específicas, de características de personalidade por meio do autorrelato ou para um exame neuropsicológico. Esses instrumentos colocam a pessoa diante de uma situação geralmente mais simples e familiar onde ela normalmente sabe o que se espera dela.

Os testes denominados projetivos são voltados para avaliar manifestações não necessariamente aparentes, em relação às quais a pessoa pode não ter um conhecimento consciente, ou está hesitante em admitir quando perguntada sobre elas diretamente. Esses instrumentos propiciam a compreensão das características subjetivas de uma pessoa de um modo complexo e considerando-a de um modo único, ampliando a compreensão da pessoa e da psicopatologia de um modo complexo (BORNSTEIN, 2011; McWILLIAMS, 2011).

O desenvolvimento das abordagens teóricas da psicologia trouxe a possibilidade de se conhecer as pessoas por meio de outros instrumentos, que não os testes psicológicos. Por exemplo, a psicanálise contribuiu para o desenvolvimento do uso das caixas lúdicas no diagnóstico de crianças, bem como trouxe para o centro do diagnóstico a compreensão da transferência e contratransferência, o conceito de inconsciente e a prática da entrevista, com o reconhecimento de um discurso manifesto e de um discurso latente, na mesma fala. Do mesmo modo, outras abordagens teóricas, como a fenomenologia, elegeram a entrevista como instrumento privilegiado. Para estes teóricos, o psicodiagnóstico, tal como um processo com objetivos definidos e delimitados nem sempre ocorre. Porém não temos dúvida que todo o trabalho psicológico, especialmente o clínico, deve se iniciar com um bom diagnóstico psicológico, o que claro, vai incluir uma compreensão fundamentada em conceitos de uma determinada abordagem teórica da psicologia.

Neste texto vamos nos ater ao psicodiagnóstico como um processo específico, focando principalmente o trabalho com o uso de testes e que pode ser utilizado por profissionais de qualquer linha teórica no âmbito da psicologia. Entendemos que neste processo deve ocorrer o levantamento de uma queixa, ou o reconhecimento do pedido de tal procedimento, a escolha de instrumentos para a realização do processo, as entrevistas que serão realizadas e a finalização do processo, com os encaminhamentos e a avaliação do prognóstico. Para que estas etapas sejam efetivadas, devemos iniciar nosso percurso com algumas questões

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importantes: qual o objetivo desse diagnóstico, para quem estamos dirigindo nosso trabalho e qual a melhor maneira de realizá-lo. Mas primeiro, devemos ter paradigmas e fundamentações que orientem qualquer trabalho.

Vamos antes de iniciar este relato acentuar o que entendemos por psicodiagnóstico, ou avaliação psicológica. Embora possa se atribuir diferentes significados tomando cada uma das expressões (CUNHA, 2000), no presente texto utilizaremos ambos os termos como sinônimos, dado que por nossa orientação, os preceitos aqui utilizados podem ser aplicados em qualquer avaliação psicológica, incluindo o psicodiagnóstico, como definido por Cunha (2000). Compreendemos o psicodiagnóstico como um processo delimitado, com início, meio e fim, que deve responder a uma solicitação, seja de aprofundamento em um diagnóstico, seja de orientação, seja para definição de questões de guarda familiar e outras. Este processo inclui uma escuta fundamentada em pressupostos teóricos e deve ter procedimentos teoricamente coerentes com esta fundamentação. Estes procedimentos podem ou não incluir o uso de testes psicológicos, mas nosso olhar recairá sobre esta metodologia com o uso dos testes. Etapa Inicial do Processo de Psicodiagnóstico

Iniciamos nosso trabalho reconhecendo a demanda inicial: essa avaliação é compulsória, ou seja, proveniente de um profissional que encaminha (médico, psicólogo, administrador, educador, advogado, juiz, advogado), ou é proveniente de uma demanda do próprio indivíduo ou de sua família?; como a demanda dessa avaliação é formulada pelo solicitante, pelo examinando e por mim?; como essa solicitação de avaliação chegou?; por que estou fazendo esta Avaliação Psicológica e o que se espera como resultado deste processo?

Todos esses aspectos afetam a participação dos envolvidos no processo de avaliação e por este motivo devem estar claros para o avaliador que deverá administrar todos eles para que o psicodiagnóstico atinja o seu objetivo final, seja ele para fins judiciais, escolares ou para integrar avaliação psiquiátrica, seja uma solicitação psicológica para prorrogação de psicoterapia, ou para avaliar os resultados de psicoterapia, seja um processo de identificação de forças e fraquezas com a consequente descrição do desempenho do examinando, um diagnóstico diferencial, um processo voltado para a indicação de recursos terapêuticos e prever a possível resposta aos mesmos, ou um entendimento dos psicodinamismos do examinando, ou uma prevenção em que se avalia riscos, ou um prognóstico que determinará o provável curso de um caso com base em sua compreensão atual.

Se pensarmos nas diversas situações de avaliação, especialmente nas clínicas, não devemos trabalhar de forma rígida, de modo que todas as avaliações sigam um mesmo procedimento. A avaliação psicológica não deve ser nunca realizada de forma mecânica, mas sempre levar em conta o caso individual que estamos avaliando, bem como o meio cultural em que está inserido. Esta proposta não implica que não existem critérios científicos para o trabalho.

A pessoa em questão deve ser o centro organizador de nosso processo. Precisamos avaliar a condição do sujeito para estar nesta situação, para interagir ou responder de modo válido e para compreender a situação em que ele se encontra, as instruções dos procedimentos ou testes, as consequências da sua participação, os seus direitos e os limites destes.

Pensar sobre a situação da pessoa que será avaliada e sobre sua queixa nos leva ao planejamento de um procedimento. Podemos definir algumas etapas necessárias a uma avaliação psicológica: entrevista, observação, avaliação com testes, compreensão e integração dos dados, entrevista devolutiva e a elaboração de um documento psicológico (laudo ou relatório).

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Tempo destinado à avaliação psicológica A duração de uma avaliação psicológica deve ser variável, de acordo com o caso,

porém assinalamos que deva ser breve. O tempo necessário para a compreensão da queixa, ampliação do que é observado e manifestado em uma entrevista inicial e para as orientações finais. Consideramos que este tempo não deve, via de regra, ser superior a algumas poucas semanas, o que deve ser mencionado no contrato com a pessoa.

Este período pode ser um pouco mais longo, no caso de avaliações de crianças, porque inclui entrevistas com os pais, algumas vezes professores ou orientadores, devolutiva para os pais e para as crianças. No caso de pais separados, devemos ainda entrevistá-los separadamente, pois além de não ser nossa intenção aproximá-los, esta participação conjunta pode acarretar sofrimentos a eles ou mesmo criar situações embaraçosas.

No trabalho com adolescentes, a inclusão dos pais é necessária, mas deve-se estudar bem qual o melhor momento de incluí-los. Dependendo da queixa, em uma entrevista anterior, para que depois não haja necessidade desta inclusão após os primeiros contatos com o adolescente. Porém, é muito variável esta proposta e depende da idade, de sua capacidade de compreensão da situação. Em caso de avaliações de adultos, a coleta de informações por meio de terceiros deverá ocorrer em casos muito particulares, especialmente quando se trata de incapaz. Neste caso, outros profissionais que atenderam o examinando podem fornecer outra perspectiva que poderá enriquecer a avaliação.

Estas condições de incluir mais do que um interessado no processo amplia o tempo do psicodiagnóstico. No entanto, o processo, mesmo assim, não deve ser mais longo do que 6 ou 7 sessões, lembrando que a avaliação psicológica é o início do procedimento de um atendimento psicológico, a partir do qual outros processos de intervenção poderão ser recomendados. A observação inicial

A observação pode ser considerada um procedimento específico para o diagnóstico e, em algumas abordagens, chega a ser considerada um método privilegiado de trabalho para diagnosticar. No caso é um procedimento com uma proposta definida e sistemática.

Porém, na modalidade de atendimento que é o foco deste trabalho, a observação é um modo de proceder que deve estar presente em todas as etapas da avaliação. Desde a entrevista inicial até a devolutiva, a observação é considerada uma ferramenta aliada na escuta do examinando. Nesta abordagem ela ocorre de maneira não sistemática.

Vários aspectos podem ser observados durante todo processo, tais como: se o examinando apresenta-se na hora marcada; se está em condições higiênicas adequadas; se o modo de se vestir é condizente com a situação; se ele resiste obstinadamente ou participa como um colaborador ativo e interessado; se é simpático e receptivo; se está ansioso, agitado ou tranquilo; se seu estado vígil está normal; se seu discurso é coerente; se ele responde diretamente ao que é perguntado; se são claras as suas comunicações ou confusas; se é uma pessoa ativa, que gesticula, fala bastante durante a entrevista e parece desinibido; se seu contato é fácil ou difícil, próximo ou distante; se sua aparência é de uma pessoa sofrida; se o seu rosto demonstra alguma alegria ou tristeza; se sua expressão indica algum traço, por exemplo, de agressividade; se sua expressão facial é coerente com os fatos de sua vida que relata; se sua orientação alopsíquica e autopsíquica estão perturbadas; se sua memória recente e remota estão preservadas; se tem fluência verbal; se suas respostas são rápidas e inteligentes; se suas histórias são improváveis e convincentes ao mesmo tempo; se ele se coloca como vítima; se tem uma explicação para tudo; se é insensível quando fala dos outros. Entrevistas

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Para um bom diagnóstico é necessária uma boa entrevista. Diversos motivos nos levam a eleger a entrevista para um primeiro encontro com a pessoa. Em primeiro lugar, é neste momento que a pessoa traz o seu pedido e nos informa o motivo de sua procura. Porém, além desta questão óbvia e bastante objetiva - que pode até ser indicada, por exemplo, pelo profissional que nos encaminha uma pessoa para avaliar - poderemos observar como esta lida com o problema ou queixa que nos traz. Ao observar sua fala, conheceremos sua relação com a queixa. Poderemos compreender o motivo latente de seu pedido. Por outro lado, a entrevista contribui com dados objetivos que poderão nos auxiliar na compreensão total do caso.

Para desenvolver uma boa entrevista temos que estabelecer uma atmosfera agradável e ter uma escuta, que poderíamos dizer, bem treinada. Esta escuta depende de fatores pessoais do psicólogo que a realiza, por exemplo, sua disponibilidade para o outro, sua sensibilidade ou sua capacidade empática, sua capacidade de diferenciar-se do outro, mas também de um treinamento bem feito e de uma fundamentação teórica para embasamento, uma vez que é uma escuta profissional e para tal deve ser qualificada.

Lembramos que situações específicas podem exigir procedimentos específicos. Não se pode criar regras que nunca serão modificadas, porque estamos sempre lidando com situações humanas. As entrevistas, sejam com familiares ou com o próprio interessado, devem sempre iniciar com a investigação da queixa e a partir deste levantamento realizar uma ampliação, seguindo algumas diretrizes de entrevistas não diretivas (BLEGER, 1980). Depois de uma entrevista mais aberta poderemos, se necessário, introduzir perguntas mais diretas, como encontramos em anamneses publicadas por editoras que produzem os testes psicológicos. Entrevistas na Avaliação Psicológica de Crianças

Quando se trata de avaliar uma criança, sabemos que seu repertório para discorrer sobre si é pequeno. Devemos portanto iniciar com entrevista aos pais ou responsáveis, procurando explorar as razões pelas quais a criança foi trazida para atendimento e as expectativas que os entrevistados possuem em relação a esta intervenção profissional. Trata-se, portanto, de uma investigação acerca das queixas que os adultos trazem, bem como a verificação das situações e comportamentos por meio dos quais o problema se manifesta.

Ao estabelecermos os primeiros contatos com a criança podemos lhe perguntar se sabe o motivo de sua presença naquele local e fazermos alguma perguntas próprias à sua idade. Porém o instrumento mais adequado para realizar as entrevistas deve ser a observação com a caixa lúdica, ou por meio da hora de jogo. É comum disponibilizar para a criança uma caixa de brinquedos com materiais estruturados e não estruturados, por exemplo, papel, lápis preto e de cor, giz de cera, tesoura, massa de modelar, borracha, cola, apontador, barbante, família de bonecos, família de animais selvagens e domésticos, soldados, carros de tamanhos diferentes, aviões, utensílios de cozinha, blocos de construção, trapinhos, giz, bola, quebra cabeça, telefone, quadro negro, alguns jogos (ABERASTURY, 1992; OCAMPO & ARZENO, 1976; ARZENO, 1995; WERLANG, 2000). Além dessa técnica sugere-se o “jogo do rabisco” de Winnicott (2005) ou ainda o desenhar e contar estórias, conforme Trinca (1997) no procedimento de “Desenhos-Estórias”.

É nas situações dos brinquedos, desenhos ou jogos que a criança procura se relacionar com o real, experimentando-o a seu modo, procurando construir e recriar sua realidade. Este tipo de situação é então, um meio de comunicação que permite ligar o mundo externo e o mundo interno, a realidade objetiva e a fantasia. O brincar é a forma de expressão própria da criança, assim como a linguagem verbal é para o adulto. Enquanto a verbalização é refinada pela maior influência do processo secundário (lógico-racional), que empresta lógica e controle à fantasia e ao material exposto, no brincar isto é minimizado e são incluídos mais elementos do processo primário. Assim, o psicólogo se aproxima mais do que se passa na intimidade e subjetividade da criança, principalmente por meio da análise do modo com que a criança

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escolhe os brinquedos e brincadeiras, das modalidades de brincadeira, da capacidade de personificação, da motricidade, da criatividade, da capacidade simbólica, da tolerância à frustração, da sua adequação à realidade, da forma como soluciona um desafio ou problema (WERLANG, 2009).

A maior dificuldade desses procedimentos menos estruturados é a avaliação do material levantado, uma vez que depende da experiência clínica do psicólogo e da sua capacidade de observação e interpretação. Na análise, segundo Araújo (2007), levam-se em conta os aspectos evolutivos, o desenvolvimento emocional, inibição/sociabilidade, bem como os conteúdos inconscientes expressos nos jogos – defesas, fantasias, ansiedades, agressividade e a capacidade adaptativa, criativa e simbólica da criança. Entendendo o uso dos testes psicológicos

O teste psicológico é um instrumento de avaliação, de uso privativo do psicólogo, que

tem como objetivo obter, num mínimo de tempo, um máximo de informações sobre o examinado. Na avaliação psicológica os testes são instrumentos objetivos e padronizados de investigação do comportamento e dos aspectos implícitos do funcionamento psicológico, tanto relativamente aos aspectos cognitivos quanto da esfera afetiva, podendo discriminar as manifestações sadias, quanto a presença de desvios e comprometimentos. Os testes psicológicos são processos de medida de diferenças e semelhanças entre indivíduos. “São procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos (…) nas suas mais diversas formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção dos instrumentos” (Resolução CFP nº 005/2012). São também definidos como “procedimentos sistemáticos que municiam o processo amplo e complexo da Avaliação Psicológica, com dados úteis e confiáveis” (PRIMI, NASCIMENTO & SOUZA, 2004, p. 21).

Entre estudiosos da área de avaliação, o teste psicológico pode ser considerado como o instrumento mais sofisticado e científico considerando todos os instrumentos disponíveis para uma avaliação psicológica. Esta sofisticação é reconhecida por três motivos. Primeiro, porque requer a representação dos fenômenos psicológicos e de seus construtos teóricos em elementos observáveis. Segundo, porque requer a aplicação de métodos científicos e o uso de modelos matemáticos na representação dos processos psicológicos em sua construção. Finalmente, porque são peças importantes no desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia. Por esses motivos, ao se tratar do uso dos testes psicológicos, não se está falando de um tema restrito a uma determinada área, mas sim dos fundamentos mais gerais da própria Psicologia (AMBIEL & PACANARO, 2011; PRIMI, 2010).

Acrescentamos que os instrumentos nem sempre são somente objetivos (como as escalas, inventários psicológicos, ou testes de avaliação de habilidades específicas e de inteligência), mas incluem uma série dos chamados projetivos, que compreendem maior grau de subjetividade na aplicação e na interpretação (como o método de Rorschach, HTP ou TAT), mas também considerados válidos e padronizados para nosso país, o que indica que também têm rigor científico.

Como já mencionado, os testes tiveram um amplo desenvolvimento após a segunda guerra mundial. Porém, o grande período de crescimento gerou um descrédito no uso dos instrumentos de avaliação psicológica, provocada por seu uso abusivo e descontrolado. Mas não apenas o mau uso provocou um declínio no uso dos testes. O aparecimento de novos campos de trabalho, pois nesta época também a psicologia ganhou terreno em diversas outras modalidades de trabalho, como nas diversas abordagens de psicoterapia, abarcando terreno

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em atendimentos que extrapolaram os consultórios, inserindo-se em outras áreas, tais como nos hospitais, na psicologia forense, e no trabalho dentro das empresas, ampliando seu campo de atuação e modalidades de procedimento. Com a expansão de novas frentes de trabalho para os psicólogos, muitos foram ocupando os novos espaços e deixando a avaliação psicológica. Ou ainda, os novos psicólogos passaram a se dividir em muitas atividades e não mais se concentraram na avaliação.

Passados alguns anos em que se pode observar este declínio, algumas publicações e pesquisas se dedicaram a discutir o assunto. Entre estas citamos Wade, Baker Morton e Baker (1978) que fizeram um levantamento quanto se utilizavam os testes e quais eram mais usados, ou indicados, levando-se em consideração a atividade profissional dos pesquisados. Posteriormente, Piotrowski, Sherry e Keller (1985) conduziram um novo estudo sobre o tema. Estes concluíram que em sua amostra a atividade de psicodiagnóstico continuava sendo considerada uma área de importância na psicologia clínica. Os testes que foram mencionados como os mais usados são as escalas Wechsler (WISC e WAIS), o método de Rorschach, o TAT, o MMPI (este não usado no Brasil), técnicas de desenho e o HTP, o Bender e outros. Estes testes são os mesmos mencionados na pesquisa de Wade et al. (1978). Contudo, os psicólogos que responderam dedicavam a maior do tempo de trabalho em psicoterapia do que em avaliação psicológica. Nos anos 70, do século XX, época em que se acentuaram muito críticas aos testes psicológicos, ainda as pesquisas indicavam a valorização do conhecimento na área por estudantes de psicologia. Pode-se dizer que se ampliaram as atividades possíveis para os psicólogos, porém entre estas, também surgiram novas áreas para avaliação, como é o caso da psicologia forense, ou na área da saúde, como em neuropsicologia, gerontologia, áreas em que o diagnóstico psicológico pode contribuir para melhor determinar as intervenções necessárias. Apesar de Weiner ter se pronunciado de forma pessimista em 1972 quanto ao crescimento e à valorização das avaliações psicológicas, ele faz uma revisão e acredita que esta área retomou um processo de evolução (WEINER, 1983). Depois desta época, pouco se tem focalizado esta questão em artigos científicos, o que a nosso ver indica que a área está em franco desenvolvimento.

No Brasil encontramos situação semelhante. Os testes psicológicos vêm ganhando terreno e status entre os psicólogos, o que, sem dúvida, reflete na sociedade como um todo. O Conselho Federal de Psicologia com a RESOLUÇÃO CFP N.º 002/2003 (atualizada na resolução 005/2012), que define e normatiza o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos, instituída, dentre outros motivos, para melhorar a qualidade dos testes psicológicos, ao considerar as questões de validade, precisão e normatização dos instrumentos para a realidade brasileira, de início provocou uma grande crise entre aqueles que se utilizam dos testes, mas com o tempo foi recebendo notoriedade e sendo melhor avaliada.

Os testes ganharam credibilidade. Tanto o psicodiagnóstico, quanto os instrumentos de exame psicológico, que denominaremos testes, vêm acompanhando o desenvolvimento da psicologia e ganhando maior rigor e profundidade, com postura de trabalho cada vez mais amadurecida (Nascimento, 2001). O uso dos instrumentos sejam objetivos, sejam projetivos, em diversos tipos de avaliação indica o reconhecimento da importância do psicodiagnóstico. O frequente uso dos métodos projetivos é uma indicação de uma postura de humanização e refletem o reconhecimento de quanto estes enriquecem o processo de psicodiagnóstico (Dana, 2010).

No Brasil, podemos observar esta melhora no crescimento das produções científicas dedicadas à área, do aumento dos psicólogos nas 2 associações nacionais dedicadas aos testes psicológicos – Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRo) e Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP). Observamos também o surgimento de novos testes psicológicos. No entanto, temos verificado que em nosso país nem sempre os mais utilizados são os mesmos que aparecem nas pesquisas americanas. Por exemplo, em

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levantamento realizado por Padilha, Noronha e Fagan (2007) indicam que os mais utilizados são em maior frequência o HTP, IFP, TAT e Raven. Este estudo realizado em Santa Catarina evidenciou que os testes são pouco utilizados em função da deficiência no ensino na área. Manfredini e Arginon (2010), também ressaltam as dificuldades no ensino das técnicas de avaliação psicológica. No entanto, para um bom diagnóstico, não é apenas necessário que os testes sejam adequados, bem escolhidos e com critérios psicométricos aprovados pela comunidade científica da área (validade, precisão e normas apropriadas), mas também é necessário que os psicólogos tenham bom conhecimento e treinamento para trabalhar com os instrumentos e obter informações precisas e confiáveis. Por que os testes nos ajudam?

O objetivo primordial do uso dos testes psicológicos deve ser o de beneficiar as pessoas envolvidas na avaliação, promovendo a saúde e o desenvolvimento psíquico dos indivíduos e da sociedade como um todo (RESENDE; GARCIA, 2008). Acreditamos que podemos chegar a resultados semelhantes aos dos testes psicológicos utilizando outros métodos e técnicas de coleta de informações, porém o uso dos destes pode melhorar muito a nossa compreensão. Afinal, são instrumentos construídos de acordo com normas científicas bem estabelecidas e sofisticadas, que são padronizados e seus resultados nos dirigem ao conhecimento de determinada característica da pessoa. Desde que bem escolhido, poderá responder às nossas indagações, em tempo muito mais curto do que se pode chegar por meio de entrevistas ou observações.

Os testes são instrumentos auxiliares da avaliação psicológica e são utilizados quando é preciso fundamentar o trabalho com material fidedigno, passível de reaplicação, que chegue a conclusões confiáveis em curto espaço de tempo para uma tomada de decisões. Algumas vezes pode-se enriquecer uma avaliação, com uma produção que vá além da entrevista, de observações, análise de documentos ou de materiais construídos pelo examinando, ou outras formas de se conhecer uma pessoa (PRIMI, NASCIMENTO & SOUZA, 2004, p. 21), mesmo que seja para comprovar aquilo que estamos pensando a respeito da pessoa e que dê consistência para as nossas respostas.

Pode-se argumentar que com grande valor de confiabilidade, associado ao alcance das técnicas de avaliação psicológica, o resultado pode evidenciar alguns aspectos com medidas precisas, como é o caso de instrumentos para avaliação de aspectos cognitivos e com um grande alcance de conhecimento a respeito dos aspectos psicodinâmicos da pessoa em questão. Além do mais, temos diversos instrumentos que podem captar o indivíduo de um modo amplo e profundo, possibilitando uma compreensão das manifestações aparentes, ou dos sintomas a partir da dinâmica subjacente. Podemos com os testes psicológicos compreender a pessoa de um modo único, incluindo todas as suas manifestações, sejam os impulsos ou defesas, seus afetos, seu modo de abordar o mundo e suas experiências. O que é escolher bem um teste?

A primeira questão a analisar é quais são os construtos que o teste se propõe a avaliar e se são semelhantes ao que pretendemos avaliar no examinando. É difundido o conhecimento que alguns testes também podem ser boas ferramentas para outras possibilidades de uso, além das expressas em seus manuais. Isto, por vezes, pode ser um fato, mas falta-nos embasamento para confirmar este uso. É a partir de hipóteses de alguns profissionais que, por sua experiência, notaram que se pode realizar algumas inferências de alguns testes psicológicos, como, por exemplo, avaliar aspectos afetivos a partir de testes que possuem objetivos definidos para avaliar habilidades, desenvolvimento ou outras manifestações psicológicas.

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Estes conhecimentos que são difundidos apenas verbalmente têm que ser rigorosamente testados, justificados e publicados para que se tenha confiança nas interpretações que serão realizadas. Um bom instrumento para avaliar determinada característica de uma pessoa deve ter embasamento teórico e científico.

A segunda questão consiste em analisar as características psicométricas ou científicas dos testes que pretendemos utilizar. Ou seja, temos que levar em consideração os estudos de validade, a precisão e a existência de normas específicas e atualizadas para a região a que o examinando pertence, ou no mínimo verificar a existência de normas do teste para a população brasileiras. Ainda neste contexto, verificar se o manual apresenta informações claras a respeito dos padrões de aplicação, correção e interpretação dos resultados.

A terceira questão consiste em verificar se o teste será adequado para a pessoa que está sendo avaliada. Ou seja, considerar se a idade, o sexo, a escolaridade, o nível socioeconômico, a presença de alguma deficiência, e se a nacionalidade do examinando está de acordo com a população para a qual o teste foi desenvolvido (WESCHSLER, 2001). Às vezes as normas não foram feitas para o grupo de pessoas a que pertence nosso examinando. Por exemplo, é um teste para crianças e a pessoa que avaliamos é adolescente, ou vice-versa. É um teste que demanda certos conhecimentos adquiridos em escola e nosso examinando mal frequentou a escola. Ou ainda, temos um teste que demanda habilidades motoras e nosso examinando apresenta limitações neste sentido. Outras vezes, é um teste que facilita a utilização de estratégias defensivas ao responder e nosso examinando não está disposto a se manifestar livremente. Devemos ainda ressaltar a questão cultural relacionada aos instrumentos. Dana (1984, 1998) e outros autores (OKASAKI, 1998; CUÉLLAR, 1998) também mencionaram o fato de que resultados de um teste podem apresentar viés quando aplicado a pessoas de diferentes origens. A interpretação destes instrumentos a partir de referenciais culturais diversos pode ocasionar a consideração de patologia onde não há, ou vice-versa. Portanto, pode-se concluir que um teste não é sempre bom, mas ele é bom para ser utilizado em determinada circunstância e com determinada pessoa. Para desenvolver esta habilidade, é necessário que o psicólogo tenha experiência na atividade da avaliação psicológica.

É importante também verificar se há necessidade de equipamentos especiais para a aplicação do teste e se já foi adquirido esse material. Outra questão decisiva na escolha do teste é avaliar a questão do tempo e dos recursos financeiros para se realizar uma avaliação. Por exemplo, um teste como o Método de Rorschach pode fornecer informações preciosas a respeito da personalidade dos candidatos. Mas por outro lado, trata-se de um teste que deve ser aplicado individualmente, que requer um tempo médio de 80 minutos por candidato somente para a aplicação, e um tempo semelhante para codificar e lançar os dados em um programa que auxilia no levantamento dos dados quantitativos, e que demanda psicólogos altamente preparados para manuseá-lo (administrar, codificar, interpretar). Dessa forma, se tenho algumas dezenas de candidatos para serem avaliados em um processo de seleção ou concurso, o tempo e o custo dessa avaliação podem ser proibitivos.

Atendendo a estes quesitos, teremos um instrumento que, em tempo muito abreviado, poderá nos responder às questões propostas no início da avaliação. No entanto, para escolhermos o instrumento mais adequado para uma pessoa, para poder optar por um que de fato vai poder responder às questões que temos em dada situação, necessitamos de conhecimento a respeito dos testes psicológicos. Tem momentos que é necessário responder com testes que têm valor de predição. Em outros momentos são necessários instrumentos que aprofundem nossa compreensão do caso. É preciso saber escolher o melhor instrumento para a situação específica. Se bem escolhido teremos um instrumento eficaz para a nossa necessidade.

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Algumas avaliações psicológicas têm um procedimento padrão, como é o caso do exame que deve ser realizado para os departamentos estaduais de trânsito, e para vários exames de concursos públicos. Para estes, temos que seguir um modelo pré-definido. Mas este modelo é definido por alguém, sempre um psicólogo, que deve estar preparado para fazer esta escolha. No caso de exame para porte de arma, os psicólogos têm algumas diretrizes não totalmente fechadas. No caso devem ou podem fazer algumas escolhas.

Em algumas outras situações, como em caso de avaliações para processos jurídicos não temos pré-definidos os instrumentos que serão utilizados - depende de situações que podem ser diversas, a quem estamos prestando o serviço e qual o objetivo desta avaliação e dos quesitos a serem respondidos com a avaliação - mas sabemos que é uma situação em que os testes têm que ser muito bem escolhidos. Pensando em situações clínicas, já foi mencionado no texto que o trabalho na avaliação psicológica deve ser específico para o caso. Desta maneira não se pode definir a priori quais os melhores testes.

A avaliação psicológica não deve se estender por muito tempo, pois também como já explicitado neste texto, é apenas o início do trabalho com determinada pessoa. Soma-se a isto, muitas vezes há pressa em se concluir a avaliação, seja por questões de ordem prática como, por exemplo, para apresentar um laudo para um juiz, seja por questões do próprio examinando, como em casos em que se faz necessária uma orientação para pais ou para a escola, em situações em que há necessidade de se encaminhar para outros profissionais – como o neurologista ou psiquiatra -, etc. Isto nos remete à concepção que considera que para que seja feito um bom psicodiagnóstico, não é necessário um grande número de testes, mas sim um bom conhecimento dos mesmos e uma boa escolha.

Desta forma, o importante é escolher bem os instrumentos que serão utilizados. Para isto, é necessário que o instrumento seja de bom domínio do profissional que o utilizará. Não se pode considerar apenas que seja um bom instrumento, mas também se o psicólogo está preparado para utilizá-lo.

Para finalizar este item, salientamos que para a escolha de um teste tem que se fundamentar na demanda e no contexto. O instrumento deve responder à demanda proposta. Eventualmente, pode ocorrer que não se consiga atingir o objetivo. O psicólogo deve estar preparado para resolver a situação de outra maneira. Para tanto, sua formação em técnicas de exame psicológico deve ser ampla, equiparando os psicólogos brasileiros à comunidade internacional.

Os problemas da avaliação psicológica decorrem basicamente de deficiências na formação profissional e, por este motivo, a solução consiste em aprimorar a formação do psicólogo em avaliação psicológica, incluindo no currículo dos cursos de Psicologia temas e conteúdos que reflitam ou fundamentem tal aprimoramento, permitindo assim que o psicólogo seja capaz de avaliar a qualidade dos instrumentos que utiliza e que saiba fazer uso adequado dos mesmos (NORONHA et al, 2002)

Diagnosticar não é rotular Os testes padronizados foram introduzidos como um meio de compensar a não-

confiabilidade, a subjetividade e o viés potencial de tradicionais procedimentos como as cartas de recomendação, as entrevistas, as médias de notas escolares, por exemplo. Quando todas as fontes de informação do indivíduo são combinadas (entrevistas, vivências e cultura, pelo menos), os escores dos testes detectam com mais precisão e objetividade o ponto central das habilidades e dificuldades do indivíduo (RESENDE; GARCIA, 2008). No caso de tratamentos clínicos se o diagnóstico não é preciso o suficiente, corre-se o risco de não objetivar a definição de estratégias eficientes de terapêutica (ANASTASI; URBINA, 2000).

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Uma criança que deixa de ser diagnosticada ou avaliada adequadamente em seu contexto escolar pode acabar sendo excluída por falta de orientação e atenção personalizada às suas necessidades. Um paciente que tem indicações médicas para realizar uma cirurgia bariátrica corre riscos ainda maiores de problemas pós-cirúrgicos se uma avaliação psicológica não for realizada visando uma melhor preparação e recuperação da cirurgia. Uma pessoa que tem à sua disposição um trabalho de orientação vocacional, que associa a aplicação de alguns testes psicológicos a outras técnicas, tem a oportunidade de pensar em si mesmo, refletir sobre o seu dia a dia, discriminar suas preferências e até mesmo ter uma compreensão mais ampla de seus conflitos, como também pode ampliar seu conhecimento sobre suas habilidades ou interesses facilitando a tarefa - por vezes difícil - de escolher uma profissão (RESENDE; GARCIA, 2008).

Qualquer conhecimento pode ser usado para o bem e para o mal. O diagnóstico psicológico pode ser utilizado para ajudar pessoas, promover o autoconhecimento e informa-las sobre suas oportunidades, ou ser um instrumento de rótulo e exclusão. Portanto, fazer ou deixar de fazer um diagnóstico pode ter os mesmos efeitos danosos, vai depender do efeito provocado no examinando – o de inclusão ou de exclusão do seu grupo social (ROVINSKI, 2006). Quando avaliamos as consequências sociais do diagnóstico por meio de testes psicológicos, precisamos avaliar cuidadosamente as consequências sociais de não se diagnosticar, e dessa forma ter de confiar em outros procedimentos, ainda menos precisos do que os testes para a tomada de decisão. Incluindo a compreensão

Entendemos a avaliação psicológica como um trabalho dinâmico e integrador da pessoa, bem como da pessoa em situação. A classificação simples trata-se do exame que compara a amostra de comportamento do examinando com os resultados de grupos de outros sujeitos com características sociodemográficas equivalentes. Os resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente, como em uma avaliação de nível intelectual. Por sua vez, a classificação nosológica é a verificação das hipóteses iniciais, tomando como referência critérios diagnósticos para a classificação dos indivíduos conforme a classificação das doenças. Esse tipo de classificação representa as informações básicas sobre as quais se construirão os estudos epidemiológicos, o planejamento e a organização de vários serviços de saúde. Porém em um processo de avaliação psicológica deve ir muito além quando se trata de um trabalho dinâmico de psicodiagnóstico, que visa uma orientação, um processo de compreensão e um aprofundamento em questões psicológicas. É o trabalho que podemos chamar de clínico, entendendo aqui um procedimento que focaliza a pessoa como única. Clínico não indica que este procedimento ocorra apenas em consultórios, sejam públicos ou privados. Podemos entender a situação clínica como o enfoque em que cada pessoa é considerada em sua dimensão completa e complexa, em que os aspectos parciais têm uma configuração diversa quando inseridos no conjunto das características globais do indivíduo. Este modo de compreensão inclui a capacidade emocional e social da pessoa e a compreensão dinâmica de seus sintomas (PDM TASK FORCE, 2006).

O Manual de Diagnóstico Psicodinâmico (PDM, sigla em inglês) oferece um modelo de compreensão de um indivíduo, que inclui algumas capacidades das pessoas. Podemos seguir este modelo para uma avaliação, que abrange a compreensão de uma pessoa a partir de: sua habilidade para perceber a si mesmo e aos outros de forma complexa, estável e precisa; sua habilidade para manter relações satisfatórias com os outros, incluindo relações próximas; seu modo de experienciar e manifestar seus afetos; sua capacidade para controlar os impulsos e usar defesas de um modo adaptativo; sua competência para responder de acordo com um código de moral maduro; sua capacidade de percepção da realidade e de se restabelecer sem

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dificuldades em de situações negativas, assim como sua disponibilidade de recursos para enfrentar situações estressantes (PDM TASK FORCE, 2006; BORNSTEIN, 2011).

Para compreender a dinâmica individual de uma pessoa em uma avaliação psicológica devemos integrar os dados das entrevistas, das observações, do vínculo estabelecido com a pessoa, com a consideração relativa à situação para a qual estamos realizando aquela avaliação. Se a estes dados eu tiver referência de resultados de testes psicológicos utilizados como um dos itens da avaliação, a margem de segurança será maior, especialmente se os instrumentos forem padronizados e evidenciarem bons resultados psicométricos (validade, precisão), como mencionado. Os números levantados por meio dos resultados dos testes não responderão às nossas questões quando estamos diante do cliente e temos que dar alguma orientação ao caso. Esses números precisam de uma interpretação e de uma compreensão. É importante ressaltar que nenhum resultado de teste tem vida própria. Dados obtidos em entrevista e nas observações são elementos fundamentais para a compreensão dos dados obtidos nos testes.

Quando o trabalho é realizado com técnicas projetivas, o trabalho é mais complexo. Estes instrumentos apresentam respostas que devemos interpretar que contêm elementos subjetivos e objetivos. Em parte podemos compreender e avalia-las de acordo com regras bem definidas e em parte encontramos material subjetivo que extrapola regras estruturais e abrangem processos de simbolização, de fantasia e de livre associação. Para este material se torna mais difícil ter regras de avaliação, mas é o que enriquece a interpretação da dinâmica individual.

Em função do acima exposto, pode-se perguntar de onde virão as respostas às indagações do psicodiagnóstico: da psicologia ou da estatística? A resposta a esta questão é que quando fazemos uma avaliação psicológica não trabalhamos com a estatística ou com a psicometria, dado que esta não tem por objetivo interpretar dados, mas fornecer resultados confiáveis. Nós temos que compreender a pessoa, sua fala, sua mensagem, seu consciente e seu inconsciente: por que é este o material que está nos trazendo agora? Por que está falando isto para mim? Por que está respondendo assim a este teste? Portanto fazer uma avaliação psicológica implica em conseguir uma compreensão dinâmica e individual da pessoa, usando os referenciais das pesquisas que temos na área, o que nos dá maior objetividade ao trabalho, mas também utilizamos a nossa compreensão psicológica para dar sentido ao que os dados psicométricos trazem de conhecimento. O psicólogo que realiza uma avaliação psicológica deve dar sentido aos números obtidos nesse processo por meio de testes.

É preciso destacar que em uma avaliação psicológica o diagnóstico nosológico pode fazer parte dos resultados obtidos em testes, mas não corresponde ao resultado final do procedimento. É importante conhecer os diferentes diagnósticos e poder fazê-los, mas nosso trabalho implica em ampliar estes dados, inter-relacioná-los entre si, descrever todas as características das pessoas que são avaliadas, evidenciar o diagnóstico nosológico incluindo as demais características do examinando, evidenciar o prognóstico e os encaminhamentos em função dos resultados obtidos. Estes dados podem ser encontrados nas avaliações do material de testes psicológicos. A partir desses dados pode-se construir estratégias de encaminhamento.

Existem diversas formas de se fazer um psicodiagnóstico. Por um lado, o psicodiagnóstico depende dos objetivos a que se propõe e, por outro, do referencial teórico e da formação do profissional que o realiza. Do nosso ponto de vista, o objetivo do psicodiagnóstico é chegar a uma descrição e compreensão da personalidade total do paciente e/ou de seu grupo familiar, da maneira mais completa e profunda possível, por meio de uma abordagem dinâmica, complexa e integrada. Esta atividade está sendo compreendida dentro de sua concepção mais corrente, como uma atividade com duração limitada.

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Convergência, divergência e integração entre as informações coletadas na avaliação

Nem sempre todos os dados coletados durante um processo de avaliação psicológica, por meio dos diferentes instrumentos (entrevistas, observações, testes objetivos e projetivos/expressivos, dinâmicas de grupo, escuta ou intervenções verbais) se convergem e apontam todos para a mesma direção. Muitas vezes há a necessidade de se fazer opções delicadas para se chegar a uma conclusão coerente. Neste caso, o psicólogo deve saber a qual dos elementos deverá dar mais peso, especialmente se os resultados não mostram convergência.

Além da divergência entre entrevista e observação e resultados de testes, algumas vezes também há incoerência entre os resultados de testes objetivos e projetivos que avaliam aspectos da personalidade. Caso exista correlação entre esses dois tipos de instrumentos (objetivos e projetivos), acredita-se que os achados substanciam ou fortalecem a correlação entre os métodos como também entre teorias. A convergência entre eles pode intensificar potencialidades ou vulnerabilidades na personalidade do examinando. Se os dois tipos de instrumentos indicam a presença dos mesmos aspectos saudáveis na personalidade, o examinando, provavelmente, possui uma boa tolerância ao estresse e pode funcionar bem, mesmo em situações pouco familiares e desafiadoras. Se os dois tipos de instrumentos apontam a presença de dimensões disfuncionais semelhantes, intensifica ainda mais a probabilidade de baixa tolerância ao estresse e dificuldade de lidar adequadamente com as circunstâncias, mesmo em situações familiares e simples. Por outro lado, achados divergentes identificam características diversas e podem sugerir conclusões contrárias. No entanto, os achados divergentes entre dois tipos de instrumentos metodologicamente diferentes, que avaliam características de personalidade semelhantes não seriam, necessariamente, contraditórios. Neste caso, os dois tipos de dados revelariam como as pessoas respondem aos diferentes tipos de situações. Segundo Weiner e Greene (2008), em pessoas cujos testes projetivos sugerem distúrbios psicológicos, enquanto seus questionários de autorrelato não evidenciam isto, tratam-se de pessoas que se sentem mais confortáveis em situações mais estruturadas, familiares, em que elas sabem o que é esperado delas, do que em situações pouco estruturadas, imprevisíveis, em que seria muito difícil identificar o que se espera delas, e por este motivo se desorganizam. Inversamente, se a pessoa revela um distúrbio aparente em medidas objetivas ou de autorrelato, mas não o evidencia na medida projetiva, isto pode identificar uma pessoa que funciona mais eficientemente em situações relativamente pouco estruturadas, mais exigentes e desafiadoras do que em situações altamente estruturadas. Dessa forma, possíveis explicações para achados divergentes podem acrescentar informações que não teriam emergido dos instrumentos em si. O impacto diferencial de como uma pessoa provavelmente se sente e se comporta nas duas situações de testagem pode ser um dos aspectos responsáveis por estas divergências (Weiner & Greene, 2008).

Enquanto para o pesquisador uma correlação baixa pode ser motivo de preocupação ou de dúvida sobre a validade dos instrumentos individuais, deve-se ressaltar que, na prática clínica, a divergência entre os dados coletados pelos instrumentos, justifica uma abordagem de métodos múltiplos. O uso de diferentes instrumentos produz um grande número de informações diversificadas de um caso particular. Tais informações são integradas por um processo de julgamento clínico e transmitem aspectos muito importantes sobre o examinando em diferentes situações (PETOT; JOCIC, 2005).

Deve-se determinar os instrumentos que serão utilizados em uma avaliação clínica a partir de pelo menos uma entrevista realizada com a pessoa que irá ser avaliada. Todos os aspectos relatados nas queixas devem ser explorados em algum tipo de avaliação. Por

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exemplo, em um caso de criança, cuja queixa é dificuldade escolar – queixa esta muito comum -, mesmo tendo motivos para se considerar que o motivo desta dificuldade seja de ordem emocional, uma avaliação de aspectos cognitivos poderá contribuir para melhor compreensão do grau das dificuldades que a criança apresenta. No sentido inverso, um mau desempenho da criança em situação de teste de nível mental deve ser considerado à luz do desempenho da criança em atividades lúdicas ou em suas manifestações verbais. Por vezes temos crianças que, apesar de apresentar um pobre desempenho nos testes psicológicos, apresentam grande desenvoltura nas sessões de observação lúdica, em seus desenhos ou em seus relatos. Nesses casos, se o teste foi bem escolhido, adequado às características da criança, não podemos justificar esse mau desempenho às características do teste. Tampouco podemos utilizar este resultado para considerar como um padrão de desempenho da criança. Cabe ao psicólogo a compreensão deste desencontro para um diagnóstico fiel, para orientações adequadas e para colaborar para elucidação da queixa. Em muitas outras situações ocorrem discrepâncias com relatos de entrevista.

Porém, por vezes, não há discrepância aparente com relação aos resultados dos testes, mas pode-se supor, mesmo que seja por sinais contratransferenciais, que algo não está coincidindo com a observação da pessoa. Nestes casos, consideramos apropriado fazer avaliações com testes com característica diversa do que já foi utilizado. Por exemplo, trabalhou-se com um método verbal de investigação, como um Rorschach ou um TAT. Sugere-se então trabalhar com um instrumento não verbal, como por exemplo, um HTP ou um Palográfico. Situações desta natureza costumam ocorrer em ocasiões em que a avaliação é determinada por outros, como em casos de avaliações forenses ou em situações de concursos. Informações verbais aos avaliados, ou a suas famílias

A comunicação oral dos resultados e o informe escrito constituem etapas

imprescindíveis do psicodiagnóstico e direito do examinando. Na prática, é precisamente esse direito que promove o rapport e a confiança no profissional escolhido (CUNHA, 2000).

Esta questão da informação – por escrito ou oral - dos resultados da Avaliação Psicológica pode ser esclarecida pelo Código de Ética, como um dos deveres fundamentais do psicólogo. Na alínea “g” do Art. 1º. deste código encontramos: “Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário”.

Todos os que se submetem a algum tipo de avaliação devem ter o direito de saber o que se constatou a seu respeito. Existem algumas situações, especialmente quando há um grande número de pessoas envolvidas, como em casos de concursos públicos, em que os informes sobre os resultados são apenas fornecidos por escrito. Mas todos os que solicitarem, poderão ter acesso a estes dados. Este procedimento tem sido geralmente intermediado por psicólogos.

No entanto, em situações clínicas, as denominadas entrevistas devolutivas devem ser sempre realizadas. Estas entrevistas nem sempre são formalmente definidas como as últimas de um psicodiagnóstico. Existem muitos dados que podem ir sendo devolvidos parcialmente, durante as entrevistas – mesmo as de aplicação dos testes –. Para alguns psicólogos as conclusões a respeito das pessoas podem ser fornecidas no momento em que o psicólogo compreende o que se passa com a pessoa, não importa se mesmo durante a aplicação dos testes. São os denominados psicodiagnósticos interventivos (CONSTANCE FISHER, 1998, 2000, 2011; DONATELLI, 2013) .

Para efeito deste texto, focalizaremos a entrevista devolutiva realizada no final do processo. Nesta etapa da avaliação, serão elaboradas pelo consultante junto com psicólogo que realizou o processo. É um momento em que ambos poderão esclarecer os resultados dos

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testes. Da parte do psicólogo, muitas vezes é um momento para dar vida aos resultados encontrados, ampliando o que tem indicado em suas interpretações, à luz daquilo que a pessoa avaliada acrescenta nesta entrevista (que não é necessariamente apenas uma), integrando também às informações trazidas nas entrevistas iniciais.

Para a pessoa que foi avaliada, a entrevista final é um momento para refletir sobre os dados levantados, junto com o psicólogo, considerando que este tenha o cuidado de não provocar ansiedades excessivas, mas não deixar de acrescentar informações que o paciente ainda não tenha. É o momento em que se contribui para a tomada de decisões quanto às ações que deverão ser implementadas. Mas para que este trabalho seja efetivo, é importante que se consiga que o sujeito ou sua família tenham insight sobre estes resultados que estão sendo transmitidos. Para que isto aconteça, o trabalho tem que ser feito acompanhando o processo de reflexão que a pessoa avaliada possa ir assimilando passo a passo e possivelmente fazendo uma compreensão transversal com a queixa apresentada, ou com informações fornecidas no início do processo. A pessoa avaliada ou sua família poderão também, a partir das reflexões acrescentar mais dados que poderão enriquecer a compreensão final, em uma compreensão conjunta. Resultados soltos nem sempre trazem esta possibilidade de crescimento, mas ocorrem apenas como uma informação.

Com crianças também devemos ter a possibilidade de retornar alguns dados do que foi avaliado durante o processo. Neste caso, deve-se ter o cuidado com a linguagem, que deve ser acessível à sua idade. Consideramos interessante que primeiramente se converse com os pais ou responsáveis, de tal forma que as recomendações que forem realizadas sejam, de fato, viáveis para a família – como a mudança de escola, recomendação de psicoterapia ou psicopedagogia, ou outros encaminhamentos. Com a criança já se vai apresentar as decisões que foram tomadas junto com a família. É importante ter clareza que a criança tem condições de compreender estas informações. Sua reação, no entanto, é diversa daquela dos adultos. É importante que o psicólogo esteja atento em seu comportamento, quando a criança dará mostras do que compreendeu. Por vezes, sua reação aparece em comportamentos manifestos, outras vezes poderá aparecer em um desenho, ou mesmo em brincadeiras que fará em seguida. Para que isto aconteça, é fundamental que se apresente a caixa lúdica na entrevista devolutiva com a criança. Dependendo de sua reação, talvez seja necessária nova conversa com os pais.

Com adolescentes, deve-se decidir o momento e o modo de se trazer a devolutiva, o que pode, em parte, depender da idade do jovem. Em geral, uma boa tática é fazer a devolutiva do adolescente junto com os seus pais. Porém, existem momentos em que é necessária uma boa entrevista com estes pais, onde questões familiares levantadas no processo de avaliação precisarão ser trabalhadas. Para tomar esta decisão, o adolescente deve estar bem preparado, para que a confiança que ele depositou no psicólogo não seja perdida e que em função disto ele pode não aceitar dar continuidade a um trabalho com psicólogo. Por vezes, caso seja necessária uma intervenção um pouco mais prolongada, pode ser interessante que outro colega faça este trabalho com a família, após uma devolutiva conjunta onde isto será indicado.

Relato escrito dos resultados do psicodiagnóstico

Este é o momento do psicodiagnóstico em que o psicólogo apresenta as conclusões de seu trabalho e revela sua competência profissional por meio de documentos que atendam às necessidades do solicitante por meio de relatórios ou laudos psicológicos, que não exponham a pessoa examinada e se limitem a fornecer as informações solicitadas. Ou seja, apresenta as informações buscadas quando de sua solicitação, prestando contas acerca das tarefas realizadas com o examinando (CUNHA, 2000).

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Para que este relato escrito seja científica e eticamente adequado, é necessário que esteja de acordo com a Resolução nº 007/2003 do Conselho Federal de Psicologia, que institui o Manual de elaboração de documentos decorrentes de avaliação psicológica, independentemente do contexto em que é gerado. Anache e Reppold (2010) enfatizam que as informações produzidas pelo psicólogo devem ser sustentadas pela orientação teórica e metodológica adotada no processo de avaliação psicológica, e não em inferências baseadas em seus valores pessoais ou religiosos, ou em preconceitos, ou ainda em pressupostos baseados em características físicas, mentais ou sociais do examinando, sob pena de responder jurídica e eticamente por seus atos, por meio de regulamentação disposta no Código de Processamento Disciplinar (Resolução CFP nº 006/2007). Concordamos com as autoras que tanto a forma, quanto o conteúdo dos relatórios devem zelar pela qualidade técnica e científica dos registros e utilizar linguagem “precisa, clara, inteligível e concisa, deve-se restringir pontualmente às informações necessárias, recusando qualquer tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade do documento específico” (p. 75).

É importante enfatizar que se tenha como pontos de referência as perguntas iniciais e os objetivos da avaliação psicológica. O conteúdo da comunicação é definido tanto pelas questões específicas, formuladas no início do processo, como pela capacidade de entendimento do examinando. A terminologia e a linguagem devem ser adequadas a sua faixa etária, profissão, nível sociocultural e intelectual e as suas condições emocionais. Salienta-se que mesmo crianças submetidas a exame devem ser comunicadas acerca dos resultados (bem como são comunicadas no início do processo as razões de estarem em exame) e, do mesmo modo, o conteúdo, a forma e a linguagem utilizados na comunicação devem ser ajustados para serem compreendidos por estas (CUNHA, 2000). A redação do parecer pode ser mais adequada se for feita após a discussão dos resultados com o examinando e sua família, quando esta participa das entrevistas. Os elementos trazidos nas entrevistas devolutivas vão ampliar a compreensão do caso, o que será incluído no relatório.

Salientamos ainda o cuidado necessário para que informações confidenciais não constem de relatórios que serão entregues a outras pessoas. Este é o caso quando devem ser encaminhados laudos a instituições como escolas, Polícia Federal - para fornecimento de parecer para porte de arma, à Justiça - em casos de avaliações forenses -, a empresas que solicitam pareceres sobre funcionários. O psicólogo avaliador deve ser absolutamente fiel aos resultados da avaliação. Contudo, as informações que constam destes pareceres devem ater-se ao que está sendo avaliado para aquela situação, ao que é importante para que estas instituições tomem decisões a respeito da pessoa que está sendo avaliada. Deve-se ter o cuidado para que outras informações que não acrescentem dados a estas decisões sejam manifestas no parecer, de tal forma que não se exponha a pessoa tornando publica a sua privacidade. Conhecimentos necessários para se fazer um bom diagnóstico

Um bom psicodiagnóstico exige amplos conhecimentos em psicologia. Falamos bastante dos testes, mas para interpretá-los é necessário um conhecimento abrangente que possibilite uma boa interpretação. Neste ponto temos que mencionar a formação do psicólogo. Quando tocamos neste tema, não podemos apenas focalizar a questão do preparo para o uso dos métodos de exame psicológico – que não é menos importante – mas temos que pensar nos conhecimentos necessários para a compreensão da queixa da pessoa e dos resultados de um teste. Esses conhecimentos incluem a compreensão aprofundada de teorias da personalidade, psicopatologia, psicologia social e do desenvolvimento, até mesmo conhecimento do sistema educacional e da escola em que a criança se encontra e conhecimento básico em psicometria e domínio de técnicas de investigação psicológica. Além destes conhecimentos, é importante que as questões levantadas no processo sejam compreendidas por uma teoria psicológica que

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dê sentido ao que se avalia, que a escuta e a leitura sejam o eixo condutor da compreensão da pessoa e de sua família (se for o caso).

Concluindo, a tarefa de fazer um psicodiagnóstico é uma atividade do psicólogo que deve contribuir para a compreensão da pessoa, um trabalho que podemos dizer artesanal, em que cada caso deve ser tomado em sua totalidade, mas de forma completamente individual, onde elementos do que podemos denominar trabalho nomotético (relativo às normas) devem-se integrar com elementos idiográficos (consideração ao individual) de uma forma clara e em um conjunto coerente e profundo. Muitos conhecimentos são necessários a este trabalho, que ao mesmo tempo se propõe com atividades objetivas, mas que interagem com interpretações profundas e complexas. Não menos importante é a capacidade de entrar em relação com a pessoa avaliada. Lembramos que os testes não substituem qualquer informação advinda da interação entre examinando e psicólogo. Neste sentido, um preparo específico deve ser dedicado para que o psicólogo possa exercer adequadamente sua função, quando se trata de fazer uma avaliação psicológica.

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