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Proteção contra o choque elétrico Fazendo a diferença

Proteção Contra o Choque Elétrico

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choque eletrico

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Proteo contra o choque eltricoFazendo a diferena

Carla Aparecida de Lima Batista

Sumrio

Introduo3Definio4Histrico5Interruptor de corrente de fuga6Concluso7Referncias8

ndice de figurasFigura 1: Pessoa eletrocutada3Figura 2: Definio de choque eltrico4Figura 3: Sinalizao de aviso7

IntroduoMuitas vezes a ocorrncia de um choque eltrico fatal, em instalaes eltricas prediais, atribuda ao azar, ao acaso ou ao destino. Porm, quem trabalha pela preveno de acidentes deve saber que essas causas metafsicas no podem ser consideradas na investigao de um evento dessa natureza. Se considerarmos que um acidente uma disfuno de um sistema de gesto da segurana, temos que identificar as causas e bloque-las. E este bloqueio tem que ocorrer antes do acidente.Os conceitos bsicos de anlise de riscos nos ensinam que todos os perigos de uma instalao, processo ou tarefa devem ser identificados, os riscos avaliados e com base no resultado, as medidas de controle devem ser escolhidas e adotadas. Outro ensinamento importante diz respeito ao entendimento que todo acidente possui mltiplas causas. Esse ensinamento teve origem na investigao de inmeros eventos em todo o mundo, desde os mais simples at os mais complexos, como os casos dos acidentes industriais ampliados. No tarefa fcil eliminar todas as causas provveis de um acidente. At porque nem sempre se identificam todas elas. Entretanto, a experincia acumulada, o histrico e as probabilidades estudadas so elementos que ajudam nesta tarefa. Esses aspectos de carter geral sobre a anlise dos riscos e dos acidentes foram apresentados para fundamentar a aplicao desses conceitos na proteo contra choques eltricos em instalaes eltricas de baixa tenso.

Figura 1: Pessoa eletrocutada

DefinioSabendo que o choque eltrico o efeito da passagem da corrente eltrica pelo corpo humano, natural se imaginar que as medidas de preveno estejam relacionadas a impedir esta passagem. Dentro dessa lgica, os equipamentos de proteo individual, como o caso das luvas e calados isolantes de borracha, tm por objetivo aumentar a resistncia passagem da corrente eltrica no caso de um contato com um circuito energizado. Nas instalaes eltricas prediais, entretanto, essa recomendao de uso de equipamentos de proteo individual inaplicvel quando se trata da proteo dos usurios. Ou seja, no se espera exigir que as pessoas estejam utilizando esses aparatos em suas casas, escritrios, escolas ou mesmo nas vias pblicas. Tambm no parece vivel recomendar distncia dos equipamentos e instalaes, uma vez que a interao com uma enorme diversidade de equipamentos eltricos tarefa rotineira e obrigatria no dia-a-dia de qualquer pessoa. Ora, se a proteo no pode estar nas pessoas, ela deve estar obrigatoriamente nos prprios equipamentos e nas instalaes eltricas. Em ambos os casos, as normas tcnicas brasileiras estabelecem requisitos voltados proteo contra os choques eltricos. Como no se pretende esgotar o assunto neste artigo, vamos abordar uma dessas medidas de proteo que faz uma grande diferena: a proteo diferencial. Antes de explicar a aplicao deste tipo de proteo vamos abordar alguns fundamentos tericos e histricos. Diversos estudos sobre os efeitos fisiolgicos da passagem de corrente eltrica pelo corpo humano constataram que a associao entre a intensidade da corrente eltrica e o tempo determinam a gravidade da consequncia. E esses valores so muito pequenos, da ordem de milsimos de ampres, no caso da corrente, e de milsimos de segundos, no caso do tempo.

Figura 2: Definio de choque eltrico

HistricoUm dos precursores desses estudos foi o professor Charles Dalziel[footnoteRef:1] (1904-1986), do Departamento de Engenharia Eltrica da Universidade da California (Berkeley). Em um trabalho meticuloso de pesquisa, incluindo experimentos com voluntrios, sob rigoroso mtodo de segurana, o professor Dalziel tornou-se uma referncia, a partir da dcada de 40, produzindo artigos, palestras e apresentando trabalhos. Os dispositivos de proteo existentes eram eficazes para a sobrecarga e curto-circuitos, mas no protegiam as pessoas do contato com partes energizadas. Ele percebeu a necessidade de desenvolver um dispositivo que pudesse proteger as pessoas dos efeitos do contato com circuitos energizados e isso se tornou o seu principal objetivo, ou seja, criar um dispositivo que pudesse interromper a corrente de fuga antes que ela fosse grande o suficiente para causar danos fisiolgicos. O desafio estava nas caractersticas necessrias de sensibilidade, velocidade de ao, confiabilidade, tamanho e custo. [1: Professor da Universidade de Harvard]

Em 1965, o professor Dalziel recebeu a patente do interruptor de corrente de fuga para a terra (ground-fault current interrupter - GFCI) que interrompia esta corrente antes de alcanar o valor de 5 milsimos de ampres.. Pouco tempo depois, reconhecendo a relevncia deste dispositivo, o Cdigo Eltrico Nacional (NEC) dos EUA foi modificado, passando a exigir a instalao do GFCI nos circuitos de banheiros, cozinhas, piscinas e tomadas externas.Carla Aparecida de Lima BatistaDesde ento, com inmeras melhorias e adaptaes feitas em normas de diversos pases, desenvolveram-se diferentes tipos de dispositivos com esse objetivo. O princpio de funcionamento deste dispositivo permanece o mesmo. Instalado no quadro de distribuio de circuitos, passam por ele os condutores das fases e do neutro. O somatrio vetorial das correntes que passam pelos condutores igual a zero, em condies normais. Quando houver uma falha de isolamento ou um contato que gere uma falha para a terra (corrente de fuga) esse resultado ser diferente de zero, e isso ser detectado pelo circuito eletromagntico, o que ir induzir uma corrente residual que provocar o desligamento do circuito, desde que a corrente de fuga atinja a corrente prevista de atuao do dispositivo.8

Interruptor de corrente de fugaNo Brasil, ele chamado de Dispositivo Diferencial Residual ou, simplesmente, Dispositivo DR. A nomenclatura dispositivo engloba os modelos de interruptor DR ou de interruptor DR integrado ao disjuntor. Sua utilizao est prescrita na NBR 5410, norma tcnica brasileira de instalaes eltricas de baixa tenso. Segundo a norma, ele uma proteo adicional contra choques eltricos e deve ser obrigatoriamente instalado nos seguintes casos: em circuitos que sirvam a pontos de utilizao situados em locais que contenham chuveiro ou banheira; em circuitos que alimentam tomadas situadas em reas externas edificao; em circuitos que alimentam tomadas situadas em reas internas que possam vir a alimentar equipamentos na rea externa e em circuitos que sirvam a pontos de utilizao situados em cozinhas, copas, lavanderias, reas de servio, garagens e demais dependncias internas normalmente molhadas ou sujeitas a lavagens. Em todos esses casos, o DR deve ser de alta sensibilidade, com corrente diferencial residual igual ou inferior a 30 mA. O conceito de utilizao obrigatria nesses locais, est vinculado caracterstica de baixa resistncia da pele na presena de gua ou umidade, o que provoca, no caso de contatos com partes energizadas, a circulao pelo corpo de correntes eltricas cuja intensidade pode causar sequelas graves ou fatalidades, mesmo em caso de circuitos alimentados em baixa tenso. O desempenho e confiabilidade desses dispositivos so caractersticas especificadas nas duas partes da norma brasileira e Mercosul NBR NM 61008 e sua fabricao e comercializao esto inseridas no Programa de Avaliao de Conformidade do INMETRO, que considera, alm da norma brasileira, as normas internacionais da IEC, aplicveis a esse tipo de dispositivo.

ConclusoInfelizmente, a norma regulamentadora de segurana em instalaes e servios em eletricidade (NR-10), revisada pelo Ministrio do Trabalho e Emprego em 2004, no mencionou explicitamente a obrigatoriedade do uso do Dispositivo DR. Entretanto, ele mencionado, com o nome de dispositivos a corrente de fuga como uma das medidas de controle do risco eltrico no anexo da NR-10 que define a programao mnima do curso bsico de segurana. Essa omisso no deve servir de respaldo para no utiliz-lo, at porque a prpria NR-10 estabelece a necessria observncia das normas tcnicas nacionais e internacionais cabveis. Retomando a abordagem inicial deste artigo, podemos concluir que as anlises de riscos que abordem a exposio dos trabalhadores ou de usurios ao contato com equipamentos ou instalaes eltricas de baixa tenso devem contemplar a utilizao de circuitos protegidos pelo dispositivo DR, especialmente, se essas instalaes ou equipamentos estiverem em reas externas sujeitas presena de gua, onde a utilizao deste importante recurso obrigatria.

Figura 3: Sinalizao de aviso

RefernciasRicardo Pereira de Mattos Engenheiro Eletricista e Engenheiro de Segurana. Professor em cursos de ps-graduao em engenharia de segurana do trabalho, no Rio de Janeiro, mantm um portal de informaes em Segurana e Sade no Trabalho, no endereo www.ricardomattos.com, incluindo um grupo de discusso voltado Segurana em Instalaes Eltricas