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CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM ETEC RUBENS DE FARIA E SOUZA PROTEÇÃO E PREVENÇÃO EM ENFERMAGEM I 1º. SEMESTRE Compilação e Organização:

Proteção e Prevenção em Enfermagem I 2012

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CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

ETEC RUBENS DE FARIA E SOUZA

PROTEÇÃO E PREVENÇÃO EM ENFERMAGEM I

1º. SEMESTRE

Compilação e Organização:

Dra. Catharina Maria Buglia Koritiake

CORENSP- 15074

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MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

RELAÇÃO ENTRE SERES VIVOSOs seres vivos possuem características e propriedades que os diferenciam dos seres não-vivos, também chamados inorgânicos. Dentre elas podemos apontar como mais importantes: organização celular, ciclo vital, capacidade de nutrição, crescimento e reprodução, sensibilidade e irritabilidade, composição química mais complexa, dentre outras.Destas, selecionaremos algumas para seu conhecimento.• Organização celularExistem seres vivos de tamanhos e formas muito variadas. Mas somente os seres vivos, com exceção dos vírus, são formados por unidades fundamentais denominadas células - tão pequeninas que não são vistas a olho nu, mas através do microscópio.Os organismos formados por uma só célula são chamados unicelulares, tais como as amebas, giárdias e bactérias, também conhecidos como microrganismos. Concentram numa só célula todas as suas funções; assim, uma ameba é uma só célula e ao mesmo tempo um ser completo, capaz de promover sua nutrição, crescimento e reprodução.Porém, a maioria dos seres vivos são formados por milhares de células, motivo pelo qual são denominados pluricelulares ou multicelulares, como as plantas e os animais.• Ciclo vitalA maioria dos organismos vivos nascem, alimentam-se, crescem, desenvolvem-se, reproduzem-se e morrem – o que denominamos como ciclo vital.• NutriçãoOs alimentos são considerados os combustíveis da vida. Através deles os seres vivos conseguem energia para a realização de todas as funções vitais.Quanto à obtenção de alimentos, podemos separar os seres vivos em dois grupos:1- aqueles que sintetizam seus próprios alimentos, também conhecidos como autótrofos - caso das plantas e algas cianofíceas;2- aqueles incapazes de produzir seus próprios alimentos, como os animais que se alimentam de plantas ou de outros animais, chamados de heterótrofos. Reprodução

Existem basicamente dois tipos de reprodução: sexuada e assexuada.A reprodução sexuada é a que ocorre com o homem, pela participação de células especiais conhecidas por gametas. O gameta masculino dos seres vivos de uma mesma espécie funde-se com o feminino – fecundação –, dando origem a um novo ser a eles semelhante.Os gametas podem vir de dois indivíduos de sexos distintos, como o homem e a mulher, ou de um ser ao mesmo tempo masculino e feminino, o chamado hermafrodita, ou seja, o que possui os dois sexos – isto ocorre com a minhoca e com um dos parasitos do intestino humano, a Taenia sp, que causa a teníase e é popularmente conhecida como solitária.A reprodução assexuada é a forma mais simples de reprodução; nela, não há participação de gametas nem fecundação. Nesse caso, o próprio corpo do indivíduo, ou parte dele, como acontece com determinadas plantas, divide-se dando origem a novos seres idênticos – esse fenômeno ocorre com os parasitos responsáveis pela leishmaniose e doença de Chagas, por exemplo.• Sensibilidade e irritabilidadeA capacidade de reagir de diferentes maneiras a um mesmo tipo de estímulo é chamada de sensibilidade. Só os animais apresentam essa característica, porque possuem sistema nervoso.A irritabilidade, por sua vez, é própria de todos os seres vivos.Caracteriza sua capacidade de responder ou reagir a estímulos ou a modificações do ambiente, tais como luz, temperatura, força da gravidade, pressão, etc.Necessidades básicas para a sobrevivência e perpetuação dos seres vivosOs seres vivos estão sempre buscando a sobrevivência e perpetuação ou manutenção de suas espécies. Para tanto, precisam de energia, obtida principalmente através da respiração celular. Necessitam, também, de alimentos, oxigênio, água e condições ambientais ideais, tais como

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temperatura, umidade, clima, luz solar. Sobretudo, precisam estar bem adaptados e protegidos no ambiente em que vivem. Isto significa a possibilidade de, no mínimo, obter alimentos suficientes para crescerem e se reproduzirem.

Parasitologia e MicrobiologiaO essencial é que tenham alimentos, água e ar de boa qualidade.Preferencialmente, sem contaminação ou poluição.As plantas, através do processo de fotossíntese, sintetizam seus próprios alimentos a partir da água, gás carbônico e energia solar. Elas não precisam alimentar-se de outros seres vivos e são consideradas elementos produtores na cadeia alimentar, pois produzem compostos orgânicos, ricos em energia.Denominamos como cadeia alimentar a seqüência em que um organismo serve de alimento para outro: por exemplo, as gramíneas no pasto servem de alimento para os bovinos; e estes, para o homem.Na cadeia alimentar, os animais que se alimentam de plantas são chamados de herbívoros e considerados consumidores primários; os que se alimentam de animais herbívoros são os carnívoros ou consumidores secundários. E assim por diante.Finalmente, existem os decompositores - os fungos e as bactérias -, que atacam os animais e as plantas mortas, fazendo retornar à natureza os compostos simples orgânicos e inorgânicos. Esses organismos fixam o nitrogênio atmosférico e formam compostos capazes de ser assimilados pelos vegetais.Viram como as plantas já não podem mais ser consideradas seres produtores completos ou verdadeiros?Assim, concluímos que nem mesmo as plantas conseguem viver sozinhas, pois necessitam da presença de compostos nitrogenados no ambiente, que são elaborados pelos microrganismos decompositores.Esses seres que não conseguimos ver, pois são extremamente pequenos, acabam tornando-se essenciais às plantas e aos demais seres vivos.Entretanto, a cadeia alimentar é capaz de nos mostrar ainda mais: além da dependência entre os seres vivos existe também uma íntima ligação entre eles e o ambiente onde vivem.E quanto à perpetuação das espécies?O desejo de procriar, gerar filhos ou descendentes está consciente ou inconscientemente ligado ao objetivo de vida de todos os seres vivos, desde os microrganismos até o homem.Para o aumento ou manutenção do número de indivíduos de uma mesma espécie de ser vivo é fundamental que ocorra o processo de reprodução, não necessariamente obrigatório no ciclo vital, pois alguns animais podem viver muito bem e nunca se reproduzirem.

CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOSOs seres vivos são muito variados e numerosos. Para conhecê-los e estudá-los os cientistas procuram compreender como se relacionam e qual o grau de parentesco existente entre eles. Assim sendo, procura-se agrupá-los e organizá-los segundo alguns critérios previamente definidos.Isto é fácil de imaginar. Podemos comparar o processo de classificação com, por exemplo, a tarefa de organizar peças de vários jogos de quebra-cabeça, todas juntas e misturadas.Os seres vivos podem ser agrupados de acordo com suas semelhanças morfológicas, formas de alimentação, locomoção, reprodução, ciclo de vida, etc.Os maiores grupos resultantes do processo de evolução são os reinos. Cada reino divide-se em grupos menores, chamados filos, os quais, por sua vez, subdividem-se em subfilos. Os filos e subfilos agrupam as classes, que reúnem as ordens, que agrupam as famílias, que reúnem os gêneros.Por fim, os organismos mais intimamente aparentados são agrupados em uma mesma espécie.Atualmente, existem cinco reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia.

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REINO MONERAO reino Monera é formado por seres muito simples, unicelulares, cuja única célula é envolvida por uma membrana. O material genético (DNA) responsável por sua reprodução e todas suas características encontra-se espalhado no seu interior.A célula que não apresenta uma membrana envolvendo o material genético, ou seja, não possui um núcleo delimitado ou diferenciado do seu restante, é chamada de célula procariótica.Portanto, o reino Monera é formado por seres Procariontes, como as bactérias e algas azuis (cianofíceas). Muitas bactérias são capazes de causar doenças como hanseníase, tétano, tuberculose, diarréias e cólera.

REINO PROTISTAO reino Protista é constituído por seres também formados por uma só célula, porém com seu material genético protegido por uma membrana nuclear (célula eucariótica). Esses seres unicelulares, que apresentam estrutura um pouco mais complexa, são denominados Eucariontes.No reino Protista encontram-se os protozoários. Muitos deles vivem como parasitos do ser humano e de muitos mamíferos, sendo capazes de causar doenças graves - caso do Plasmodium falciparum, causador da malária - e as diarréias amebianas provocadas pelas amebas.

REINO FUNGIOs fungos se encontram no reino Fungi.Todos conhecemos as casinhas de sapo nos tocos de árvores ou terrenos úmidos - são os fungos.Não são considerados plantas porque não fazem fotossíntese; nem animais porque não são capazes de se locomover à procura de alimentos.Absorvem do ambiente todos os nutrientes que necessitam para sobreviver.Existem fungos úteis ao homem, como os cogumelos utilizados na alimentação e aqueles empregados no preparo de bebidas (cerveja) e produção de medicamentos (antibióticos). Porém, alguns fungos são parasitos de plantas e animais, podendo causar doenças denominadasmicoses. Algumas micoses ocorrem dentro do organismo (histoplasmose), mas a maioria desenvolve-se na pele, unhas e mucosas, como a da boca.

REINO ANIMALIAO reino Animalia é o que reúne o maior e mais variado número de espécies. Nele estão os homens, répteis, insetos, peixes, aves e outros animais. E também os vermes, que são parasitos e causadores de doenças como a ancilostomíase, conhecida como amarelão, e a ascariose, causada pelas lombrigas.E os ácaros? Vocês já ouviram falar neles? Eles também são animais?Sim, o filo artrópode inclui-se no reino animal e reúne os ácaros - que são transportados pelo ar e causam a sarna e alergias respiratórias - e os carrapatos (aracnídeos). Ambos parasitam o homem.Os insetos também são artrópodes. Sua importância em nosso curso reside no fato de que dentre eles estão as pulgas, que vivem como parasitos, prejudicando os animais e o homem. Existem ainda os insetos que transmitem doenças infecciosas para o homem, como os mosquitos transmissores da febre amarela, dengue, malária e os barbeiros transmissores da doença de Chagas.

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E os vírus? Se existem e são considerados seres vivos, onde se classificam?Os vírus não pertencem a nenhum reino. Não são considerados seres vivos, pois não são formados nem mesmo por uma célula completa.São parasitos obrigatórios, só se manifestam como seres vivos quando estão no interior de uma célula. Causam diversas doenças, como caxumba, gripe e AIDS, por exemplo.

FORMAS DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS SERES VIVOSComo já vimos na natureza todos os seres vivos estão intimamente ligados e relacionados em estreita interdependência.Lembram-se da cadeia alimentar? Ela nos mostrou claramente como isso é verdade.As relações entre os seres vivos visam, na maioria das vezes, a dois aspectos: obtenção de alimentos e de proteção.Na cadeia alimentar os seres vivos estão ligados pelo alimento. Há transferência de energia entre eles, que por sua vez estão também trocando energia e matéria com o ambiente, ligados ao ar, água, luz solar, etc.Imaginemos um bairro de nossa cidade. Nele existem animais domésticos (cães, gatos), aves (pássaros, galinhas), insetos, várias espécies de plantas, seres humanos, etc. - e não podemos esquecer daqueles que não enxergamos: as bactérias, os vírus e os protozoários. Todos à procurade, no mínimo, alimento e proteção em um mesmo ambiente.Não é difícil imaginar que essa convivência nem sempre será muito boa, não é mesmo?Como são muitos, e de espécies diferentes, convivendo em um mesmo lugar e relacionando-se, interagem e criam vários tipos de associação. Essas associações podem ser de duas formas: positivas ou harmônicas e negativas ou desarmônicas.

ASSOCIAÇÕES POSITIVAS OU HARMÔNICASNas relações harmônicas, as partes envolvidas são beneficiadas e, quando não existem vantagens, também não há prejuízos para ninguém. Todos se relacionam e convivem muito bem.O comensalismo, o mutualismo e a simbiose são tipos de relações harmônicas.No comensalismo, uma das espécies envolvidas obtém vantagens, mas a outra não é prejudicada. Como exemplo temos a ameba chamada Entamoeba coli, que pode viver no intestino do homem nutrindo-se de restos alimentares e jamais causar doenças para o hospedeiro.O mutualismo é a relação em que as espécies se associam para viver de forma mais íntima, onde ambas são beneficiadas. Como exemplos temos os protozoários e bactérias que habitam o estômago dos ruminantes e participam na utilização e digestão da celulose, recebendo, em troca, moradia e nutrientes.A simbiose é a forma extrema de associação harmônica. Nessa relação, as duas partes são beneficiadas, porém a troca de vantagens é tão grande que, depois de se associarem, esses indivíduos se tornam incapazes de viver isoladamente. Assim, temos os cupins, que se alimentamde madeira e para sobreviver necessitam dos protozoários (triconinfas). Esses protozoários habitam o tubo digestivo dos cupins e produzem enzimas capazes de digerir a celulose (derivada da madeira).Se houver um aumento na temperatura ambiente capaz de matar os protozoários, os cupins também morrem, pois não mais terão quem produza enzimas para eles.

ASSOCIAÇÕES NEGATIVAS OU DESARMÔNICASAs formas de relações desarmônicas mais comumente encontradas são: a competição, o canibalismo e as predatórias. Em nosso estudo, nos ateremos ao parasitismo, haja vista a importância de seu conhecimento no cuidado de enfermagem.No parasitismo, o organismo de um ser vivo hospeda, abriga ou recebe um outro ser vivo de espécie diferente, que passa a morar e a utilizar-se dessa moradia para seu benefício.Podemos comparar o fenômeno do parasitismo com um inquilino que mora em casa alugada e, além de não pagar aluguel, ainda estraga o imóvel. Uns estragam muito; mas a maioria estraga tão pouco que o proprietário nem se dá conta. Portanto, sempre haverá um lado obtendo vantagens sobre o outro, que acaba sendo mais ou menos prejudicado.

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Aquele que leva vantagem (inquilino), ou seja, quem invade ou penetra no outro, é denominado parasito. E o indivíduo que recebe ou hospeda o parasito é chamado de hospedeiro.O parasito pode fazer uso do organismo do hospedeiro como morada temporária, entretanto, na maioria das vezes, isto ocorre de forma definitiva. Utilizam o hospedeiro como fonte direta ou indireta de alimentos, nutrindo-se de seus tecidos ou substâncias.De modo geral, há o estabelecimento de um equilíbrio entre o parasito e o hospedeiro, porque se o hospedeiro for muito agredido poderá reagir drasticamente (eliminando o parasito) ou até morrer, o que causará também a morte do parasito. Então, nas espécies em que o parasitismo vem sendo mantido há centenas de anos, raramente o parasito provoca a doença ou morte de seu hospedeiro.

INFECÇÕES PARASITÁRIAS E A TRANSMISSÃO DOS AGENTES INFECCIOSOSCadeia de transmissão dos agentes infecciososPara que ocorram infecções parasitárias é fundamental que haja elementos básicos expostos e adaptados às condições do meio.Os elementos básicos da cadeia de transmissão das infecções parasitárias são o hospedeiro, o agente infeccioso e o meio ambiente.No entanto, em muitos casos, temos a presença de vetores, isto é, insetos que transportam os agentes infecciosos de um hospedeiro parasitado a outro, até então sadio (não-infectado). É o caso da febre amarela, da leishmaniose e outras doenças.Infecção - é a penetração, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no interior do corpo humano ou de outro animal.

Para cada infecção parasitária existe uma cadeia de transmissão própria. Por exemplo, o Ascaris lumbricoides tem como hospedeiro somente o homem, mas precisa passar pelo meio ambiente, em condições ideais de temperatura, umidade e oxigênio, para evoluir (amadurecer) até encontrar um novo hospedeiro.Qual a importância de conhecermos a cadeia de transmissão das principais infecções parasitárias?Sua importância está na possibilidade de agirmos, muitas vezes com medidas simples, no sentido de interromper um dos elos da cadeia, impedindo, assim, a disseminação e multiplicação do agente infeccioso.Conhecer onde e como vivem os parasitos, bem como sua forma de transmissão, facilita o controle das infecções tão indesejadas. Por exemplo, o simples gesto de lavar bem as mãos, após o contato com qualquer objeto contaminado, após usar o vaso sanitário e, obrigatoriamente, antes das refeições, pode representar grande ajuda nesse controle.

HospedeiroNa cadeia de transmissão, o hospedeiro pode ser o homem ou um animal, sempre exposto ao parasito ou ao vetor transmissor, quando for o caso.Na relação parasito-hospedeiro, este pode comportar-se como um portador são (sem sintomas aparentes) ou como um indivíduo doente (com sintomas), porém ambos são capazes de transmitir a parasitose.

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O hospedeiro pode ser chamado de intermediário quando os parasitos nele existentes se reproduzem de forma assexuada; e de definitivo quando os parasitos nele alojados se reproduzem de modo sexuado.A Taenia solium, por exemplo, precisa na sua cadeia de transmissão, de um hospedeiro definitivo, o homem, e de um intermediário, o porco.

Agente infecciosoO agente infeccioso é um ser vivo capaz de reconhecer seu hospedeiro, nele penetrar, desenvolver-se, multiplicar-se e, mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros.Os agentes infecciosos são também conhecidos pela designação de micróbios ou germes, como as bactérias, protozoários, vírus, ácaros e alguns fungos.Existem, porém, os helmintos e alguns artrópodes, que são parasitos maiores e facilmente identificados sem a ajuda de microscópios. Só para termos uma idéia, a Taenia saginata, que parasita os bovinos e também os homens, pode medir de quatro a dez metros de comprimento.Os parasitos são também classificados em endoparasitos e ectoparasitos.Endoparasitos são aqueles que penetram no corpo do hospedeiro e aí passam a viver. Portanto, o correto é dizer que o ambiente está contaminado, e não infectado.Ectoparasitos são aqueles que não penetram no hospedeiro, mas vivem externamente, na superfície de seu corpo, como os artrópodes - dentre os quais se destacam as pulgas, piolhos e carrapatos.

Meio ambienteMeio ambiente é o espaço constituído pelos fatores físicos, químicos e biológicos, por cujo intermédio são influenciados o parasito e o hospedeiro.Como exemplos, podemos apontar:• físicos: temperatura, umidade, clima, luminosidade (luz solar);• químicos: gases atmosféricos (ar), pH, teor de oxigênio, agentestóxicos, presença de matéria orgânica;• biológicos: água, nutrientes, seres vivos (plantas, animais).Anteriormente, vimos que as relações que se estabelecem a todo momento entre os seres vivos e os agentes infecciosos (parasitos) não são estáticas, definitivas; pelo contrário, são muito dinâmicas e exigem constantes adaptações de ambos os lados, tendendo sempre, para o bem das partes envolvidas, a aproximar-se do equilíbrio.Entretanto, sabemos que tanto o parasito quanto o hospedeiro sofrem influência direta do ambiente, o qual, por sua vez, também sofre constantes alterações, de ordem natural ou artificial, como as causadas pelo próprio homem.

Doenças transmissíveis e não transmissíveisNem todas as doenças que ocorrem em uma comunidade são transmitidas, ou passadas, de pessoa a pessoa (as “que se pega”). Existem também as que não se transmitem desse modo (as “que não se pega”).Após termos aprendido a diferenciar os seres vivos dos seres não-vivos, e conhecido o fenômeno parasitismo, podemos afirmar que todas as doenças transmissíveis, ou todas as infecções parasitárias (gerando ou não doenças), são causadas somente por seres vivos, chamados de agentes infecciosos ou parasitos. O sarampo, a caxumba, a sífilis e a tuberculose exemplificam tal fato.Quais seriam, então, as doenças não-transmissíveis?As doenças não-transmissíveis podem ter várias causas, tais como deficiências metabólicas (algum órgão que não funcione bem), acidentes, traumatismos, origem genética (a pessoa nasce com o problema). Como exemplos, temos o diabetes, o câncer e o bócio tireoidiano.Existem, ainda, doenças que possuem mais de uma causa, podendo, portanto, ser tanto transmissíveis como não-transmissíveis.Como exemplos, a hepatite e a pneumonia.

Parasitoses e doenças transmissíveis

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Não podemos confundir infecção parasitária com doença. O parasito bem sucedido é aquele que consegue obter tudo de que precisa para sobreviver causando o mínimo de prejuízo ao hospedeiro. Somente em alguns casos, a relação poderá ser nociva, em maior ou menor grau.Desse modo, surgem os hospedeiros parasitados, sem doença e sem sintomas, conhecidos como portadores assintomáticos.Será que os portadores assintomáticos oferecem algum tipo de risco para a comunidade?Realmente, sua presença é um sério problema. Como não percebem estar parasitados, não procuram tratamento, contribuindo, assim, para a contaminação do ambiente, espalhando a parasitose para outros indivíduos e, o que é pior, muitas vezes contaminando-se ainda mais.Entretanto, em outros casos, a curto ou longo prazo, o parasito pode causar prejuízos, enfermidades ou doença aos hospedeiros, tornando-os patogênicos. Desse modo, surgem as doenças transmissíveis.

Fatores que influenciam o parasitismo como causa das doenças infecciosasExistem fatores que acabam conduzindo à parasitose e definindo seu destino. Eles podem influenciar o fenômeno do parasitismo, contribuindo tanto para o equilíbrio entre parasito e hospedeiro, gerando, assim, o hospedeiro portador são, como para a quebra do equilíbrio - e ainfecção resultante acaba causando doenças.Os fatores mais importantes do parasitismo são os relacionados ao:a) parasito: a quantidade de parasitos que entram no hospedeiro (carga parasitária), sua localização e capacidade de provocar doenças;b) hospedeiro: idade, estado nutricional, grau de resistência, órgão do hospedeiro atingido pelo parasito, hábitos e nível sócio econômico e cultural, presença simultânea de outras doenças, fatores genéticos e uso de medicamentos;c) meio ambiente: temperatura, umidade, clima, água, ar, luz solar, tipos de solo, teor de oxigênio e outros. Muitos agentes infecciosos morrem quando mantidos em temperatura mais baixa ou mais elevada por determinado tempo. É o caso dos cisticercos (larvas de Taenia solium) em carnes suínas, que morrem quando estas são congeladas a 10ºC negativos, por dez dias, ou cozidas em temperatura acima de 60ºC, por alguns minutos.

Dinâmica da transmissão das infecções parasitárias e doenças transmissíveisAs infecções e doenças transmissíveis podem ser transmitidas de forma direta ou indireta.

Transmissão direta de pessoa a pessoaÉ a transmissão causada pelos agentes infecciosos que saem do corpo de um hospedeiro parasitado (homem ou animal) e passam diretamente para outro hospedeiro são, ou para si mesmo – caso em que recebe o nome de auto-infecção.Nesse modo de transmissão os agentes infecciosos são eliminados dos seus hospedeiros já prontos, evoluídos ou com capacidade de infectar outros hospedeiros. As vias de transmissão direta de pessoa a pessoa podem ser, dentre outras, fecal-oral, gotículas, respiratória, sexual.

Transmissão indireta com presença de hospedeiros intermediários ou vetoresOcorre quando o agente infeccioso passa por outro hospedeiro (intermediário) antes de alcançar o novo hospedeiro (definitivo) – caso da esquistossomose e da teníase (solitária). A ingestão de carne bovina ou suína, crua ou mal cozida, contendo as larvas da tênia, faz com que o indivíduo venha a ter solitária – a qual, ressalte-se, não é passada diretamente de pessoa a pessoa.A forma indireta também ocorre quando o agente infeccioso é transportado através da picada de um vetor (inseto) e levado até o novo hospedeiro – caso da malária, filariose (elefantíase) e leishmaniose.

Transmissão indireta com presença do meio ambienteNesse tipo de transmissão, ao sair do hospedeiro o agente infeccioso já tem uma forma resistente que o habilita a manter-se vivo por algum tempo no ambiente, contaminando o ar, a água, o solo, alimentos e objetos (fômites) à espera de novo hospedeiro.Nesse caso, incluem-se os protozoários que, expelidos através das fezes e sob a forma de cistos, assumem a forma de resistência denominada esporos.

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Por que devemos proteger os alimentos, mantendo-os sempre cobertos e bem embalados, e lavar muito bem as frutas e alimentos ingeridos crus antes de consumi-los?Uma das razões deve-se à existência dos vetores mecânicos, como as moscas, baratas e outros insetos, bons colaboradores dos parasitos, pois transportam os agentes (cistos, ovos, bactérias) de um lugar para outro, contaminando os alimentos e o ambiente.

Transmissão vertical e horizontalA transmissão vertical é aquela que ocorre diretamente dos pais para seus descendentes através da placenta, esperma, óvulo, sangue, leite materno - por exemplo, a transmissão da mãe para o feto ou para o recém-nascido. Podemos ainda citar como exemplos a rubéola, a AIDS infantil, a sífilis congênita, a hepatite B, a toxoplasmose e outras.

Percebem o perigo e com que facilidade a transmissão pode ocorrer?

Agora, podemos elaborar o conceito de fonte de infecção.

Fonte de infecção é o foco, local onde se origina o agente infeccioso, permitindo-lhe passar diretamente para um hospedeiro, podendo localizar-se em pessoas, animais, objetos, alimentos, água, etc.Se os agentes infecciosos passam de um hospedeiro para outro é porque encontram uma porta de saída, ou seja, uma via de eliminação ideal. Da mesma forma, também encontram no futuro hospedeiro as portas de entrada ideais, podendo penetrar de forma passiva ou ativa:- penetração passiva - ocorre com a penetração de formas evolutivas de parasitos, como ovos de Enterobius, cistos de protozoários intestinais e demais agentes infecciosos como bactérias ou vírus. Ocorre por via oral, mediante a ingestão de alimentos (com bactérias e toxinas) ou água,

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bem como por inalação ou picadas de insetos (vetores) - caso da Leishmania e do Plasmodium, causador da malária;- penetração ativa - ocorre com a participação de larvas de helmintos que penetram ativamente através da pele ou mucosa do hospedeiro, como o Schistosoma mansoni, Ancilostomídeos e oStrongyloides stercoralis.

Principais portas de entrada ou vias de penetração dos agentes infecciososAs portas de entrada de um hospedeiro são os locais de seu corpo por onde os agentes infecciosos penetram.A seguir, listamos as principais vias de penetração:a) boca (via digestória) - os agentes infecciosos penetram pela boca, junto com os alimentos, a água, ou pelo contato das mãos e objetos contaminados levados diretamente à boca. Isto acontece com os ovos de alguns vermes (lombriga), cistos de protozoários (amebas, giárdias), bactérias (cólera), vírus (hepatite A, poliomielite) e fungos;b) nariz e boca (via respiratória) - os agentes são inalados juntamente com o ar, penetrando no corpo através do nariz e ou boca, pelo processo respiratório. Como exemplos, temos: vírus da gripe, do sarampo e da catapora; bactérias responsáveis pela meningite, tuberculose e difteria (crupe);c) pele e mucosa (via transcutânea) – geralmente, os agentes infecciosos penetram na pele ou mucosa dos hospedeiros através de feridas, picadas de insetos, arranhões e queimaduras, raramente em pele íntegra. Como exemplos, temos: dengue, doença de Chagas e malária;d) vagina e uretra (via urogenital) - os agentes infecciosos penetram nos hospedeiros pelos órgãos genitais, por meio de secreções e do sêmen, nos contatos e relações sexuais. Assim ocorre a transmissão da sífilis, gonorréia, AIDS, tricomoníase, herpes genital e o papilomavírus humano.

• Eliminação pelo leiteComo o leite é produzido por uma glândula da pele, podemos aqui considerar os microrganismos eliminados através dele. O leite humano raramente elimina agentes infecciosos, mas isto pode vir a acontecer com os seguintes (dentre outros): vírus da caxumba, da hepatite B, HIV e o HTLV1. Com o leite de cabra e de vaca a eliminação é mais freqüente, principalmente nos casos de brucelose, tuberculose, mononucleose, Staphylococcus sp., Salmonellas sp. e outros agentes capazes de causar diarréias no homem.• Eliminação pelo sangueExistem muitos agentes infecciosos que têm preferência por viver no sangue e, assim, acabam saindo por seu intermédio quando de um sangramento (acidentes, ferimentos) ou realização de punção com agulhas de injeção, transfusões ou, ainda, picadas de vetores (insetos). Ressalta-se que ao picarem o homem para se alimentar os mosquitos adquirem adicionalmente muitos agentes infecciosos que serão posteriormente levados para outros indivíduos quando voltarem a se nutrir.

Ações nocivas dos agentes infecciosos e ectoparasitos sobre os seres vivosEmbora grande parte das infecções não apresente sintomas, muitas delas podem manifestar-se logo após a penetração do agente infeccioso (fase aguda). Outras, porém, vem a se manifestar bem mais tarde, permanecendo em estado de latência à espera de uma oportunidade, como a baixa de resistência do hospedeiro. Como exemplo, temos o herpes, a varicela, a tuberculose e a doença de Chagas.Em muitos casos, após a penetração do agente infeccioso há um período de incubação que perdura desde a penetração do microrganismo até o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas. É uma fase ‘silenciosa’, ou seja, sem manifestações clínicas. Pode variar de um agente infeccioso para outro, mas, geralmente, é bem menor que o período de latência. Por exemplo, a incubação da rubéola é de duas a três semanas; a da febre aftosa, de 2 a 5 dias; já o período de latência datoxoplasmose pode durar muitos anos.Após o período de incubação ou logo após a fase aguda (quando há muitos sintomas), a infecção pode acabar ou, em muitos casos, evoluir para um período chamado de fase crônica, no qual há uma diminuição dos sintomas.Citamos a seguir alguns exemplos de agentes responsáveis ou de doenças por eles provocadas, juntamente com os sinais e sintomas:

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- prurido (coceira) - ex.: oxiúros;- feridas, lesões e úlceras - ex.: leishmaniose, bactérias, ectoparasitos (miíase);- manchas, edemas (inchaço), descamações, tumorações - ex.: fungos, sarampo, escarlatina, meningite e doença de Chagas;- vesículas (bolhas) - ex.: herpes e catapora;- nódulos - ex.: carbúnculos;- lesões papulosas, elevadas, avermelhadas e com intensa coceira- ex.: ectoparasitos (piolhos, carrapatos) e larvas migrans (bicho geográfico).

Principais sinais e sintomas geraisNo mais das vezes, os sinais e sintomas gerais surgem após o período de incubação. Assim, podemos citar: febre (sarampo, meningite), tosse (tuberculose), dores de cabeça (cefaléia), queda da imunidade (queda da resistência – no caso da AIDS), mal-estar, desidratação (cólera), enjôos, vômitos e cólicas (amebas), diarréia (infecção bacteriana), dores musculares (mialgia) e insuficiência cardíaca (doença de Chagas), lesões e necrose no fígado e icterícia (pele amarelada – no caso da hepatite), anemia (ancilostomose), hemorragia (dengue), convulsão e cegueira (toxoplasmose), ascite (barriga d‘água - no caso da esquistossomose), alergias respiratórias (fungos, ácaros), etc.

AGENTES INFECCIOSOS E ECTOPARASITOS E SUAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEISOs vírus: características geraisOs vírus são considerados partículas ou fragmentos celulares capazes de se cristalizar até alcançar o novo hospedeiro. Por serem tão pequenos, só podem ser vistos com o auxílio de microscópios eletrônicos. São formados apenas pelo material genético (DNA ou RNA) e um revestimento (membrana) de proteína. Não dispõem de metabolismo próprio e são incapazes de se reproduzir fora de uma célula. Podem causar doenças no homem, animais e plantas.Outra característica importante é que são filtráveis, isto é, capazes de ultrapassar filtros que retêm bactérias.Principais doenças transmitidas pelos vírusOs vírus são responsáveis por várias doenças infecciosas, tais como AIDS, gripes, raiva, poliomielite (paralisia infantil), meningite, febre amarela, dengue, hepatite, caxumba, sarampo, rubéola, mononucleose, herpes, catapora, etc.Sua transmissão ocorre de várias formas:a) pela picada de mosquitos (vetores), como o Aedes aegypti infectado, responsável pela dengue e febre amarela;b) pela mordida de cães infectados, ocasionando a raiva;c) pela saliva e pelo trato respiratório, podendo gerar herpes, catapora, hepatite, sarampo, etc.;d) pelo sangue contaminado: provocando a AIDS e a hepatite B;e) há ainda a transmissão de vírus pelo leite materno, por via oral-fecal, pela urina, placenta, relações sexuais e lesões de pele (rubéola, HIV, vírus da hepatite B).Algumas doenças transmitidas por vírus são facilmente controláveis por meio de vacinas, como sarampo, rubéola, caxumba, raiva, poliomielite, febre amarela, hepatite e alguns tipos de meningite.Mesmo que não haja vacina e tratamento específico para muitas viroses, é importante, para se evitar a disseminação ou propagação da doença, que se faça o diagnóstico definitivo com o acompanhamento de um profissional de saúde.As formas de diagnóstico (descobrir qual é o microrganismo) mais comuns são realizadas por intermédio do exame de escarro, sangue, líquor (da medula) e secreções.

As bactérias: características gerais

Como vimos anteriormente, as bactérias são organismos muito pequenos, porém maiores que os vírus, mas visíveis somente ao microscópio. Apresentam formas variadas e pertencem ao reinoMonera, sendo, portanto, seres unicelulares – procariontes.As que têm formas arredondadas são chamadas de cocos, como o Streptococcus pneumoniae, capaz de causar a pneumonia no homem; as alongadas são denominadas bacilos, como o

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Clostridium tetani, responsável pelo tétano; as de forma espiralada recebem o nome de espirilos, como a Treponema pallidum, que causa a sífilis; as que se parecem com uma vírgula são conhecidas como vibriões, como o Vibrio cholerae, causador da cólera.Grande parte das bactérias, bem como os fungos, são organismos decompositores, portanto vivem no meio ambiente, fazendo a reciclagem da matéria orgânica. Outras atuam como parasitas, causando doenças - são as patogênicas; existem ainda aquelas que, embora vivam no organismode outro ser vivo, não causam doenças - são as comensais.Quem poderia imaginar que existem bactérias na pele e nas mucosas de pessoas sadias? E mais, participando da manutenção da saúde e de atividades normais dos indivíduos?Muitas bactérias fazem parte da flora normal humana, colonizando a pele, as mucosas do trato respiratório (boca, nariz) e o intestino.Sua presença tem importante papel na defesa do organismo, impedindo, por competição, a entrada de agentes infecciosos capazes de causar doenças. Quantos de nós, após o uso prolongado de antibióticos, já não tomamos iogurtes e compostos ricos em lactobacilos (bactérias comensais)? O objetivo é recuperar a flora bacteriana para a proteção de nossa mucosa e, assim, facilitar a digestão.Comparando-se com as bactérias de vida livre, são poucas as que causam doenças, mas dentre elas há algumas bastante agressivas.

Principais doenças transmitidas por bactériasAs infecções cutâneas mais comuns no homem são causadas por bactérias do grupo dos estafilococos - caso dos furúnculos ou abscessos, carbúnculo, foliculite (infecção na base dos pêlos) e acne.Podemos ainda citar as doenças causadas por estreptococos, tais como erisipelas, celulite e impetigo.A hanseníase é causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae, que afeta a pele e o sistema nervoso, causando deformações e falta de sensibilidade. O contágio ocorre pelo contato íntimo e prolongado com o indivíduo infectado.A pneumonia pode ser causada pelo S. pneumoniae ou por fungos. O S. pneumoniae é um habitante comum da garganta e nasofaringe de indivíduos saudáveis. A doença surge com a disseminação desse agente para outros locais: pulmões, seios paranasais (sinusite), ouvido (otite), faringe (faringite) e meninges (meningite). A infecção é causada pela aspiração do agente infeccioso ou por sua presença em fômites contaminados por secreções, principalmente devido à baixa resistência do indivíduo.A meningite é doença grave, caracterizada pela inflamação das meninges - membranas que envolvem a medula espinhal, o cérebro e os demais órgãos do sistema nervoso, protegendo-os. Pode ser causada por bactérias (e também por vírus) chamadas de meningococos, liberadas no ar pelas pessoas infectadas e, posteriormente, inspiradas por outras.A tuberculose é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, designação dada em homenagem a seu descobridor. Afeta o pulmão, mas pode atingir os rins, ossos e intestino. A transmissão ocorre pela aspiração e ou deglutinação da bactéria.Outra doença causada por bactéria transmitida pelo ar e ou saliva é a difteria. Conhecida por crupe, caracteriza-se pela inflamação na faringe (garganta), laringe e brônquios, podendo causar asfixia e morte. A principal proteção é a vacina.O tétano é uma doença muito grave, que pode até matar. É causada pelo bacilo Clostridium tetani, encontrado principalmente em solos contaminados com fezes de animais e do próprio homem infectado. Esse bacilo tem a capacidade de sobreviver, sob a forma resistente de esporo, por muitosanos no solo, penetrando no corpo quando há uma lesão (machucado) ou queimadura(s) na pele. Após penetrar, multiplica-se e libera toxinas que afetam o sistema nervoso, provocando fortes contrações musculares.O botulismo é outra doença importante, causado pelas toxinas do Clostridium botulinum, que também formam esporos. É uma intoxicação resultante da ingesta de alimentos condimentados, defumados, embalados a vácuo ou enlatados contaminados. Nesse tipo de alimento, em condições de anaerobiose, isto é, sem oxigênio, os esporos germinam, crescem e produzem a toxina. A pessoa intoxicada, após cerca de 18 horas de ingestão do alimento contaminado, sente distúrbios visuais, dificuldade em falar e incapacidade de deglutir.

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A morte ocorre por paralisia respiratória ou parada cardíaca.Por isso, devemos sempre cozinhar os alimentos, mesmo os enlatados, durante, no mínimo, 20 minutos antes de comê-los.As diarréias bacterianas são causadas por diversas bactérias (enterobactérias), tais como Salmonella, Shigella, Enterobacter, Klebsiella, Proteus e a Escherichia coli, transmitidas através de alimentos, água, leite, mãos sujas, saliva, fezes, etc. Algumas só provocam infecção quando a flora bacteriana não está normal, podendo inclusive causar infecção urinária. São responsáveis por infecções hospitalares e consideradas oportunistas em indivíduos debilitados.

A cólera é causada pelo Vibrio cholerae, que coloniza o intestino.Pela ação das toxinas há grande perda de água e de sais minerais dos tecidos para a luz intestinal, levando o indivíduo a ter fortes diarréias (“fezes em água de arroz”), vômitos e, conseqüentemente, desidratação.Se não houver tratamento a pessoa morre rapidamente, devido à paralisação dos rins. O socorro deve ser rápido e o tratamento é simples, bastando repor os líquidos e sais através de soro por via oral, nos casos mais simples, ou por via venosa, nos mais graves. A transmissão se dá por alimentos e água contaminados com fezes de indivíduos doentes.As doenças sexualmente transmissíveis causadas por bactérias são a sífilis e a gonorréia, as quais se transmite pelo contato sexual e ou por via congênita.A realização de exames de sangue, urina, secreções, escarros, líquor (da medula), etc. permite a identificação das bactérias responsáveis pelas doenças – das quais algumas podem ser evitadas com vacinas, por exemplo, a tuberculose, o tétano e a difteria.

Os fungos: características gerais

Os fungos - estudados no ramo da parasitologia chamado de micologia - são seres vivos que possuem organização rudimentar, sendo constituídos por talos, formados por uma oumais células. São encontrados nos meios terrestre e aquático. Muitos, juntamente com as bactérias, são decompositores; alguns são parasitos e outros são utilizados como alimento (cogumelos), embora, nesse caso, haja alguns tóxicos e venenosos. Existem espécies de fungos utilizados na produção de queijos, fermentação de pães, preparo de bebidas (vinho, cerveja, rum, whisky, gim), fabricação de medicamentos (antibióticos), produtos químicos (etanol, glicerol), etc.

Principais doenças transmitidas por fungosOs fungos que vivem como parasitas são capazes de provocar doenças chamadas de micoses, que podem ser de dois tipos:a) as superficiais, geralmente brandas, ocorrem com a disseminação e o crescimento dos fungos na pele, unha e cabelos. Assim, temos a dermatofise (tínea), esporotricose, candidíase (sapinho na boca), ptiríase, pé-de-atleta, etc.b) as profundas são menos freqüentes e envolvem órgãos internos, podendo representar risco de vida - como a histoplasmose, que afeta o pulmão e o baço. As micoses profundas ocorrem principalmente em indivíduos com baixa resistência, como os doentes de aids.Os fungos propagam-se pelo ar na forma de esporos, podendo ser inalados, deglutidos ou depositados na pele ou mucosas. A transmissão se dá pessoa a pessoa ou por meio de objetos, peças de vestuário, calçados, assoalhos ou pisos de clubes esportivos, sempre em lugares onde não há vigilância sanitária. A transmissão também pode ocorrer diretamente de animais - como o cão, gato e cavalo - para o homem.As espécies do gênero Candida podem ser encontradas nas condições de comensais, na pele, nas mucosas, no intestino e nos órgãos cavitários (boca, vagina e ânus). Em condições de baixa resistência do hospedeiro, podem causar doenças. Por isso, o ideal é que estejamos sempre com boa saúde e elevada resistência.

Os protozoários: características gerais

Os protozoários são seres unicelulares cuja maioria é extremamente pequena, ou seja, microscópica. A maior parte vive de forma livre em ambientes úmidos ou aquáticos, mas existem

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protozoários comensais (Entamoeba coli) e os que são parasitos do homem e capazes de causar doenças graves, como a malária e a doença de Chagas.Possuem formatos variados - esférico, oval e alongado - e alguns se locomovem através de flagelos, cílios ou projeções do próprio corpo (pseudópodes), mas também há aqueles que não se movimentam.Apresentam-se de duas formas distintas:• forma de trofozoíto (também conhecida como vegetativa) – é a forma ativa, que se reproduz, alimenta-se e vive no interior do hospedeiro;• forma de cisto e oocisto – são formas inativas e de resistência dos protozoários, encontradas nas fezes do hospedeiro.Para facilitar nosso estudo, separaremos os protozoários em grupos menores, em função da presença de estruturas por eles utilizadas na locomoção:• protozoários que se locomovem por meio de projeções celulares, denominadas pseudópodes: os sarcodíneos (amebas);• protozoários que se locomovem por meio de flagelos, denominados mastigóforos ou flagelados: Trypanosoma cruzi, Trichomonas e Giardia;• protozoários que se locomovem utilizando cílios, denominados ciliophoros ou ciliados: Balantidium coli;• protozoários que não possuem estruturas locomotoras: sporozoários (Plasmodium e Toxoplasma gondïi).Os protozoários parasitos do homem podem habitar os tecidos, incluindo o sangue (Tripanosoma cruzi), as cavidades genitais e urinárias (Trichomonas) e o intestino (giardia e amebas).

Principais doenças transmitidas por protozoários

Doença de ChagasUma das doenças mais importantes no Brasil, tem seu nome dado em homenagem a Carlos Chagas, seu descobridor. Causada por um protozoário flagelado chamado Trypanosoma cruzi, é uma doença grave e ainda não tem cura quando diagnosticada na fase crônica.A transmissão se faz através de insetos vetores, sendo os mais comuns do gênero Triatoma, os chamados triatomíneos. Esses insetos são popularmente conhecidos por “barbeiro” ou “chupança”. São hematófagos, isto é, só se alimentam de sangue, o que costumam fazer à noite. Durante o dia, escondem-se em fendas e frestas no chão ou nas paredes de casas muito simples, construídas de pau-a-pique, barro cru ou entre as palhas da cobertura dessas casas.Ao se alimentar, picam geralmente o rosto da pessoa e, enquanto se alimentam, defecam, eliminando os protozoários nas fezes. No local da picada surge uma irritação que provoca coceira e fere a pele, por onde os parasitos penetram. Ao penetrarem, alcançam a circulação sangüínea e vão para o esôfago, intestino, músculos e, principalmente, o coração. Nos músculos do coração, multiplicam-se e formam ninhos, prejudicando o funcionamento do órgão, levando à insuficiência cardíaca e mesmo à morte. Outras formas de transmissão são por transfusão sangüínea, compartilhamento de seringas contaminadas e via congênita (vertical).Por sua vez, os insetos contaminam-se ao se alimentar do sangue de pessoas ou de animais reservatórios (gambá, tatu, aves, morcegos, ratos, raposas e outros) parasitados.A forma ideal de evitar esse tipo de parasitose é substituir o tipo de moradia por casas de alvenaria, impossibilitando a instalação dos barbeiros.O diagnóstico para a identificação da parasitose é feito mediante exame de sangue, principalmente no início da infecção (fase aguda).

LeishmanioseEsta doença é causada pelo protozoário, também flagelado, do gênero Leishmania. Existem espécies que causam lesões na pele (“úlcera de Bauru”), a leishmaniose tegumentar americana. Há, entretanto, outras espécies que causam lesões na mucosa e a leishmaniose visceral ou Calazar (muito grave) - provocada pela L. chagasi, que compromete principalmente o fígado e o baço. A leishmaniose visceral caracteriza-se por um quadro de febre irregular, aumento do baço e do fígado, anemias e hemorragias.

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Como a doença de Chagas, a leishmaniose também é transmitida através de vetores, conhecidos por flebótomos (Lutzomyia) e popularmente identificados por: cangalhinha, birigüi, mosquito palha, asa dura, asa branca, catuqui, catuquira, murutinga, etc.Os flebotomíneos fêmeas são hematófagos e também têm o hábito de se alimentar ao anoitecer.A presença de animais reservatórios também representa significativo papel nessa doença, sendo os mais importantes o cão e o cavalo.A melhor forma de se evitar a leishmaniose é o combate aos mosquitos (vetores). Como isso é praticamente impossível nas zonas rurais e florestas, a maneira mais correta é proteger-se usando repelentes, mosquiteiros e roupas adequadas.A identificação do parasito (diagnóstico) na leishmaniose cutânea é feita através da biópsia ou raspagem das bordas das úlceras ou feridas na pele. No caso da leishmaniose visceral, pelo exame do sangue (testes sorológicos) ou através de punção de material aspirado do baço, medula óssea e gânglios linfáticos.

MaláriaA malária é causada (P. falciparum, P. vivax e P. malariae), que afeta milhares de pessoas emtodo o mundo, principalmente em regiões tropicais. No Brasil, sua prevalência acontece nos estados da Amazônia, Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.A transmissão ocorre com a picada de um vetor fêmea parasitada, do gênero Anopheles, que só se alimenta de sangue. Ao se alimentar, o mosquito injeta, junto com a saliva, os parasitos - os quais caem na corrente sangüínea e são levados até as células do fígado, invadindo a seguir as hemácias. Os mosquitos infectam-se quando sugam o sangue de uma pessoa doente, fechando o ciclo evolutivo da parasitose.Suas outras formas de transmissão são iguais às da doença de Chagas, sendo a transmissão congênita muito rara.O estado clínico caracteriza-se por acessos febris cíclicos, por exemplo, de 48 em 48 horas (febre terçã benigna) ou de 72 em 72 horas (febre quartã), dependendo da espécie envolvida.O combate e as formas de evitar a doença são semelhantes às anteriores; para sua prevenção muitas vacinas estão sendo testadas.O exame para a pesquisa do parasito é realizado no sangue e deve ser feito em todas as pessoas febris que moram em área endêmica de malária, e em todos os que lá estiveram. Sua realização é muito importante para se evitar as formas graves e fatais da doença.

Protozoários oportunistasAlguns esporozoários, como o Pneumocystis carinii e o Cryptosporidium sp., assumiram recentemente grande importância médica por serem parasitos oportunistas em pessoas comimunodepressão.Em pessoas saudáveis, a parasitose é completamente assintomática, mas em indivíduos com AIDS, por exemplo, o parasito pode causar graves problemas.O Pneumocystis carinii transmite-se pelas vias respiratórias e pode causar pneumonia. Já o Cryptosporidium sp. é transmitido através de carnes mal cozidas e água contaminada com fezes de indivíduos parasitados, podendo causar diarréias. Outro coccídio conhecido é a Isospora belli.A contaminação dos parasitos (com exceção do Pneumocystis carinii)ocorre por conta da eliminação de formas resistentes chamadas oocistos, que saem pelas fezes dos indivíduos parasitados. Esses oocistos são resistentes ao cloro e a muitos desinfetantes preparados à base de iodo, mas morrem com água sanitária e formol a 10%. Como os aidéticos parasitados eliminam grande quantidade de oocistos em suas fezes, devem ser atendidos com o maior cuidado: uso de luvas, lavagem e desinfecção das mãos, esterilização dos objetos e descontaminação das superfícies utilizadas.O exame dessas parasitoses é feito através das fezes do indivíduo infectado. No caso do Pneumocystis carinii, a pesquisa é feita através da lavagem brônquica ou no soro (sangue), pesquisando-se anticorpos ou antígenos circulantes.

ToxoplasmoseDoença causada pelo esporozoário Toxoplasma gondii, ocorre com muita freqüência na população humana sob a forma de infecção assintomática crônica. É também considerada infecção

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oportunista que se manifesta com gravidade sempre que o hospedeiro sofra um processo de imunodeficiência (AIDS, câncer, etc.).O gato parasitado é o hospedeiro definitivo do esporozoário e elimina os oocistos pelas fezes, contaminando o ambiente. Os oocistos podem, em condições ideais, se manter vivos até um ano e meio. Os ratos, coelhos, bois, porcos, galinhas, carneiros, pombos, homem e outros animais são considerados hospedeiros intermediários e infectam-se das seguintes maneiras:a) ao ingerir os oocistos eliminados pelos gatos, diretamente do ambiente. Esses hospedeiros vão desenvolver pseudocistos ou cistos em seus tecidos (músculos, carnes);b) ao se alimentar de carne crua ou mal cozida (leite e saliva são menos comuns) dos animais, hospedeiros intermediários, que têm os cistos ou pseudocistos em seus tecidos (músculos). Porexemplo, o boi ingere os oocistos no pasto e nós, ao comermos sua carne mal cozida, ingerimos o Toxoplasma gondii.A toxoplasmose pode ser também transmitida por via congênita (vertical), e nos primeiros três meses de gravidez pode causar aborto ou complicações graves para o feto.Acredita-se que mais de 60% da população já tenha mantido contato com o parasito, que é pouco patogênico, sendo a maioria dos portadores assintomáticos. Porém, dependendo do hospedeiro, a toxoplasmose pode tornar-se grave. Dentre outras formas, temos a toxoplasmose ocular - que causa lesões na retina, podendo levar à cegueira parcial ou total - e a toxoplasmose cerebral - que causa convulsões, confusão mental e quadros de epilepsia, confundindo o diagnóstico com o de um tumor.As formas de se evitar a doença são, principalmente, não se alimentar de carne crua ou mal cozida, e de seus derivados nas mesmas condições; manter boa higiene lavando as mãos após manipular os alimentos (carnes) ou após contato com o solo, tanques, caixas de areias (eventualmente poluídos por gatos) e com os próprios gatos, que retêm nos pêlos os oocistos.Os gatos domésticos devem alimentar-se de rações ou alimentos previamente cozidos, evitando-se carnes cruas e a caça de roedores. As fezes e forrações dos seus leitos devem ser eliminadas diariamente e as caixas de areia, lavadas duas vezes por semana, com água fervente.A pesquisa ou o diagnóstico da toxoplasmose é realizado pela análise do líquor ou, mais freqüentemente, por testes sorológicos.

TricomoníaseO responsável pela tricomoníase é o protozoário flagelado chamado Trichomonas vaginalis, que se aloja na vagina e na uretra e próstata do homem.Muitos portadores são assintomáticos, mas na mulher a infecção pode causar corrimento abundante, coceira, dor e inflamação na mucosa do colo uterino e vagina (cervicites e vaginites). No homem, as infecções costumam ser benignas, mas podem provocar secreção pela manhã e coceiras.O diagnóstico é feito através da pesquisa do parasito em secreções vaginais, na mulher, e em secreção uretral ou prostática e sedimento urinário, no homem.A tricomoníase é considerada doença venérea, pois é transmitida por meio de relações sexuais. Devido à falta de higiene, a transmissão também pode ocorrer por intermédio de instalações sanitárias (bidês, banheiras, privadas, etc.), roupas íntimas e de cama.O controle ou forma de se evitar a parasitose baseia-se na educação sanitária, no tratamento dos casos (tratando-se sempre o casal), uso de camisinhas nas relações sexuais, boa higiene, etc.

GiardíaseA giardíase, existente no mundo inteiro, é causada pelo protozoário flagelado chamado Giardia lamblia. Sua forma vegetativa (trofozoito) é encontrada no intestino delgado, principalmente no duodeno, e infecta com muita freqüência crianças menores de dez anos. Geralmente, a infecçãoé assintomática, mas quando o número de parasitos é grande e as condições do hospedeiro favorecem (idade, resistência etc.), pode causar diarréias (com fezes claras, acinzentadas, mal cheirosas e muco) com cólicas, náuseas, digestão difícil, azia, etc.O indivíduo infectado elimina nas fezes, de forma não-constante, os cistos já maduros, que contaminam a água e os alimentos (verduras, frutas e legumes).

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A transmissão ocorre pela ingestão dos cistos (pela água ou alimentos) que não morrem com o uso de cloro na água, sobrevivendo por cerca de dois meses no ambiente. Portanto, a água para beber deve ser sempre filtrada ou fervida. Contudo, a transmissão também acontece quando moscas e insetos, ao pousar em materiais contaminados (com fezes), espalham os cistos para os alimentos. Além disso, pode também pode ocorrer através do sexo anal-oral.Para se evitar sua transmissão deve-se lavar muito bem os alimentos que serão ingeridos crus, bem como tomar água filtrada ou fervida, cultivar bons hábitos de higiene e somente defecar em privadas ou fossas.Sua comprovação é feita mediante exame nas fezes. Entretanto, o resultado pode ser muitas vezes, negativo, devido a inconstância na eliminação dos cistos pela giárdia. Sendo assim, o teste deverá ser repetido em intervalos menores de tempo, bem como após o tratamento, para o controle da cura.

AmebíaseA amebíase é causada por um protozoário chamado Entamoeba histolytica, encontrado praticamente em todos os países, sendo mais comum nas regiões tropicais e subtropicais (incluindo o Brasil), devido não só às condições climáticas mas, principalmente, às precárias condições sanitárias e ao baixo nível socioeconômico das populações que nelas vivem.A forma trofozoítica habita no intestino grosso do hospedeiro infectado, mas pode parasitar, através da circulação sangüínea, o fígado, pulmão e cérebro. A maioria das infecções são assintomáticas, porém o equilíbrio entre parasito e hospedeiro pode ser quebrado - por vários motivos já comentados - e o parasito (trofozoíto) pode invadir a mucosa do intestino, causando lesões importantes (úlceras em “botão”). As diarréias amebianas provocam, em média, 10 ou mais evacuações diárias, líquidas, com muco e sangue, acompanhadas de cólicas abdominais.A transmissão ocorre com a eliminação de cistos encontrados nas fezes de pessoas parasitadas, o que contamina o ambiente. Sua transmissão, diagnóstico e prevenção (maneiras de evitar a doença) são iguais aos da giardíase.Um comentário à parte com relação às amebas comensais (E. coli,Iodamoeba butschlii e outras): elas podem ser encontradas no intestino do homem, sem, porém, causar-lhe mal algum; tal fato, entretanto, deve servir de alerta para que o portador tome os cuidados necessários quanto a sua forma de transmissão - a mesma das amebas patogênicas (através de fezes). Logo, as formas parasitarias podem não encontrar-se nas fezes naquele momento, mas podem aparecer em outra ocasião.

FONTE DE INFECÇÃO RELACIONADA A ARTIGOS HOSPITALARES

Denominam-se artigos hospitalares os materiais empregados com o objetivo de prevenir danos à saúde das pessoas ou de restabelecê-la, necessários aos cuidados dispensados. Eles têm grande variedade e as mais diversas finalidades, podendo ser descartáveis ou permanentes, e esterilizáveis ou não.A equipe de enfermagem tem importante papel na manutenção dos artigos hospitalares de sua unidade de trabalho, seja em ambulatórios, unidades básicas ou outros setores em que esteja atuando. Para sua previsão e provisão, deve-se levar em consideração as necessidades de consumo, as condições de armazenamento, a validade dos produtos e o prazo de esterilização. Os artigos permanentes devem ter seu uso assegurado pela limpeza, desinfecção, descontaminação e esterilização.Classificação de artigos hospitalaresOs artigos utilizados nos serviços de saúde são classificados em três categorias, propostas pela primeira vez por Spaulding, conforme o grau de risco de provocar infecção nos pacientes.

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Precauções padrão

As precauções-padrão devem ser utilizadas no atendimento de todos os pacientes sempre que houver risco de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, peles não-íntegras e mucosas.São ações das precauções-padrão:- lavar as mãos: antes e após o contato com o paciente; após descalçar as luvas, pois nelas pode haver pequenos furos ou ocorrer contaminação durante a remoção; após contato com sangue, secreções e excreções, equipamentos e artigos contaminados; entre a realização de procedimentos com o mesmo paciente, como curativo, aspiração traqueal, coleta de sangue, etc.; entre a manipulação de um paciente e outro; entre a realização do mesmo procedimento em pacientes diferentes, como esvaziamento de urina do sistema de drenagem fechado;- utilizar luvas estéreis antes da execução de procedimento asséptico e luvas de procedimento sempre que existir a possibilidade de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, mucosa, pele não-íntegra e artigos, equipamentos e superfícies contaminados; retirar as luvas imediatamente após o uso e antes de tocar em outro paciente ou qualquer material ou superfície, como caneta, telefone, papeleta, maçaneta de porta, etc.;- usar avental limpo não-estéril ou impermeável (quando necessário) nos casos de risco de contato com respingos de líquidos corporais e/ou sangue; retirá-lo após o término do procedimento;- utilizar máscara, protetor de olhos e protetor de face sempre que realizar procedimentos sujeitos a risco de respingos de líquidos corporais e/ou sangue. Como, por exemplo, aspiração de secreção traqueal;- manter os cuidados adequados com os artigos e equipamentos de uso em pacientes, no tocante à limpeza, desinfecção ou esterilização;- prevenir acidentes com materiais perfurocortantes: ter cuidado com o uso, manipulação, limpeza e descarte de agulhas, bisturis e similares; não remover as agulhas contaminadas das seringas; não realizar o reencape das agulhas; usar recipiente apropriado para o descarte de materiais perfurocortantes;- realizar o controle ambiental: fazer a limpeza e descontaminação de superfícies ambientais e mobiliário, quando contaminados com sangue e/ou líquidos corporais;- cuidar das roupas usadas: utilizar luvas de procedimento ao manusearas roupas sujas de sangue, líquidos corporais, secreções e excreções, evitando o contato direto com pele e mucosas, bem como com a própria roupa;- utilizar quarto privativo nos casos em que haja risco de contaminação ambiental.

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Medidas de precaução-padrão

Precauções de contatoAs precauções de contato são indicadas para pacientes colonizados ou infectados por microrganismos veiculados por contato direto ou indireto (ex: objetos), que tenham grande importância epidemiológica - como infecção por agentes multirresistentes.Além das medidas de precaução-padrão, as precauções de contato envolvem as medidas de uso de quarto privativo ou comum para pacientes que apresentem a mesma doença ou microrganismo; o uso de avental na possibilidade de risco de contato das roupas do profissional com área ou material infectante quando da realização de higiene do paciente com diarréia, incontinência fecal/urinária e ferida com secreção não-contida pelo curativo; manutenção do paciente no quarto/enfermaria, evitando sua saída; uso exclusivo de artigos e equipamentos pelo paciente; limpeza e desinfecção ou esterilização dos mesmos após a alta do paciente. Os familiares devem ser orientados quanto aos cuidados a serem tomados para evitar risco de contaminação.

Medidas de precaução de contato

Precauções respiratóriasAs precauções respiratórias para aerossóis exigem as medidas de utilização das precauções-padrão; quarto privativo, sendo obrigatórios: manter a porta fechada; utilizar máscara apropriada (tipo N95) ao prestar cuidados a pacientes com suspeita ou doençaconfirmada de transmissão por aerossóis; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja necessidade de transportá-lo, colocar máscara comum tipo cirúrgica.

Medidas de precaução respiratória

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As precauções respiratórias para gotículas necessitam de medidas de utilização das precauções-padrão; quarto privativo ou comum para pacientes com a mesma doença; uso de máscara comum, tipo cirúrgica, por todas as pessoas que entrem no quarto no período de transmissão da doença - sendo necessário desprezá-la à saída do quarto; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja necessidade de transportá-lo, colocar máscara comum tipo cirúrgica no mesmo.Precauções empíricasAs precauções empíricas são indicadas para os casos de pacientes sem diagnóstico definitivo, porém com indícios de infecção por agentes que necessitem de precauções. Devem permanecer até que haja confirmação ou esclarecimento do diagnóstico. Nestes casos inserem-se:- precauções de contato: diarréias agudas de etiologia infecciosa, erupção vesicular, abcessos ou feridas com exsudato que extravase a cobertura;- precauções para aerossóis: erupção vesicular, tosse com febre e infiltração de lobo pulmonar em qualquer local em paciente HIV positivo;- precauções para gotícula: meningite, exantema petequial e febre.

O QUE É LÁTEX?É um líquido leitoso produzido por células produtoras de látex da árvore Hevea braziliensis e contém polisopreno, lipídeos, fosfolipídios e proteínas. Vários produtos são produzidos a partir do látex de borracha natural, tais como luvas, balões, condons e brinquedos. Produto químico como a amônia é adicionada antes do processamento do látex para prevenir o crescimento bacteriano e agir como anticoagulante para prevenir sua degradação. Durante o processamento são adicionados outros aditivos químicos (aceleradores e antioxidantes) que vão conferir propriedade elástica, resistência e durabilidade ao látex processado.

TIPOS DE REAÇÃO AO LÁTEXTrês tipos de reações podem ocorrer em indivíduos que utilizam produtos de látex de borracha natural:

Dermatite irritante de contatoÉ uma reação inflamatória não alérgica e é a reação mais comum. As causas principais que levam os usuários a desenvolverem este tipo de desconforto estão relacionadas a freqüente lavagem das mãos, uso de sabões anti-sépticos, secagem incompleta das mãos e ao talco presente nas luvas. Os sintomas mais freqüentes são pele seca e avermelhada, fissuras, descamação e coceira.

Dermatite alérgica de contato ou hipersensibilidade tardia do Tipo IVÉ uma reação provocada pelas substâncias químicas aditivadas ao látex durante a sua manufatura, principalmente aceleradores e antioxidantes. A dermatite alérgica de contato é uma resposta tardia mediada por linfócitos T. Estas duas ocorrências, dermatite irritante de contato e dermatite alérgica de contato, podem ser confundidas, pois os sinais clínicos são muito semelhantes. As reações de dermatite alérgica iniciam aproximadamente 24 a 48 horas depois do contato e progride para bolhas cutâneas, eritema freqüentemente associado com edema. Estes achados clínicos são localizados inicialmente, podem persistir por semanas e espalhar-se perifericamente, além da área alcançada pelas luvas. As reações persistem ou retornam quando o indivíduo sensibilizado entra em contato novamente com o agente causador. Diferentemente da dermatite irritante de contato, que desaparece quando cessa o contato direto com a substância irritante, a dermatite alérgica de contato pode estender-se além da área de contato direto com alérgeno.

Hipersensibilidade imediata do Tipo IÉ a reação mais séria provocada pelo látex. É mediada por imunoglobulina E (IgE) anti-látex e, portanto, é uma reação sistêmica de hipersensibilidade às proteínas do látex. Os sintomas variam dependendo da susceptibilidade do sujeito para o antígeno e as condições de exposição. Os sintomas cutâneos variam de urticária localizada a severa e generalizada. Rinite, conjuntivite, bronco-espasmo, hipotensão, taquicardia e anafilaxia são reações sistêmicas mais severas. A exposição pode ocorrer por contato com a pele ou membranas mucosas e pela inalação ou contato com partículas de proteínas aderidas ao pó das luvas transportadas pelo ar.

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 GRUPOS DE RISCOIndivíduos com alto risco para alergia ao látex incluem:

Trabalhadores da área da saúde Pacientes com espinha bífida Pacientes com anormalidades no trato geniturinário Pacientes que sofreram vários procedimentos cirúrgicos Trabalhadores da indústria da borracha Indivíduos que são atópicos (aqueles com tendência hereditária para reações

alérgicas imediatas)

PREVALÊNCIASão poucos os estudos para se conhecer a prevalência da hipersensibilidade imediata ao látex ou do Tipo I na população geral, isto é, nos indivíduos fora dos grupos considerados de risco. Um estudo americano (1996) encontrou uma prevalência de IgE antilátex de 6,4% em amostras de soro de 1000 doadores de sangue.Na Itália (1999) foi verificada uma prevalência de IgE antilátex de 3,5% em 1025 doadores de sangue. Neste dois estudos foram excluídas as amostras de trabalhadores da área da saúde. Nos trabalhadores da área da saúde (laboratório, dentistas, enfermagem, médicos) a prevalência varia de 3% a 17%; em pacientes com espinha bífida a prevalência varia de 18% a 68%; em pacientes atópicos (asma, rinite, eczema) a prevalência é de 6,8%; em pacientes que sofreram vários procedimentos cirúrgicos a prevalência é de 6,5% e em trabalhadores da indústria da borracha a prevalência é de 11%.

DIAGNÓSTICOO diagnóstico de hipersensibilidade do Tipo I ao látex é baseado na história clínica e teste de laboratório in vivo verificado através do teste de lancetamento da pele (“prick” test) ou in vitro por método de detecção de IgE antilátex no soro, como o ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay).Para se diagnosticar a dermatite alérgica de contato está disponível um “patch” teste que é aplicado na pele e contêm os aditivos químicos encontrados no látex.

REAÇÃO CRUZADA COM ALIMENTOS As alergias a múltiplos alimentos, principalmente frutas, estão também associadas com alergia a produtos de borracha natural de látex. Alergênicos comuns ao látex e alimentos têm sido identificados. As frutas de maior associação são: pêssego, banana, kiwi, abacate e castanha.

TRATAMENTOPara indivíduos com hipersensibilidade do Tipo I a única maneira de prevenir sintomatologia é evitar utilizar ou entrar em contato com produtos de látex de borracha natural. Oferecer um ambiente seguro aos profissionais significa disponibilizar luvas de matéria-prima que não seja de látex de borracha natural, como luvas de nitrile ou vinil. As luvas de látex mesmo sendo submetidas a processos de manufatura especiais para obter produtos com baixos níveis de proteína não são consideradas seguras devido à impossibilidade de extração total das proteínas. O uso de luvas com talco também devem ser desencorajados para prevenir a sensibilização de novos trabalhadores.Os profissionais da saúde que apresentam hipersensibilidade tardia do tipo IV aos aditivos químicos devem ser diagnosticados precisamente e devem evitar marcas de luvas que causam reação alérgica, pois diferentes produtos apresentam potencial alergênico diferente. Medidas para se reduzir dermatite irritante inclui medidas como evitar o uso de

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luvas com talco; melhorar a qualidade de papel-toalha utilizado para enxugar as mãos e deve ser considerada também a qualidade dos sabões anti-sépticos.

IMUNIZAÇÃOCom o intuito de reduzir a aquisição de doenças após algum contato acidental, é fundamental o procedimento de vacinação em profissionais de saúde para aquelas doenças imunopreviníveis. No quadro apresentam-se recomendações quanto às vacinas a serem administradas aos profissionais de saúde.

Obs.: Outras vacinas dependendo das características da região, da população a ser atendida e do profissional podem ser indicadas vacinas anti-amarílica (febre amarela), anti-hepatite A, anti-meningocócica quadrivalente (A/C/Y/W 135), anti-poliomielite, anti-rábica, contra febre tifóide, anti-varicela, contra Influenza ou anti-pneumocócica.

INFECÇÃO HOSPITALAR

Infecção é o nome que se dá à invasão no organismo de microorganismos patogênicos com reação orgânica característica. A passagem da infecção de uma pessoa para outra dá – se o nome de infecção cruzada.

1- Controle de infecçãoPara que haja controle das infecções faz – se necessário respeitar o “processo de eliminação de microorganismos de modo que se evite ao máximo o perigo de infecção “(assepsia).São princípios de assepsia : Manipular o material esterilizado sempre com o auxilio de pinça ou luvas Empregar anti-sépticos na pele antes de cirurgias e injeções Orientar o cliente sobre os cuidados (nunca falar próximo à lesão e ao material esterilizado)

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Lavar as mãos antes e depois de atender o cliente

2 – Os germes se encontram no ar Diminuir ao máximo o tempo de exposição materiais e feridas Preparar o ambiente ao executar qualquer técnica asséptica: fechar janelas, evitar correntes de

ar e poeiras.

3- A umidade facilita a proliferação e o crescimento de germes Não usar materiais úmidos que estejam expostos a muito tempo As feridas que drenam necessitam de troca de curativos cada vez que estiverem úmidas Se há contra indicação para mudar o curativo freqüentemente, estes devem ser reforçados com

campos ou gazes estéreis para evitar a passagem de germes para a ferida Máscaras quando usadas, deve ser sempre trocadas quando úmidas.

4 – Os líquidos fluem para baixo como resultado da ação da gravidade As mãos molhadas devem permanecer para cima

5- A flora microbiana das vias respiratórias podem com freqüência contaminar feridas e materiais esterilizados Não falar ao manipular material estéril ou feridas Usar máscara nos casos mais delicados (bloco cirúrgico, berçário patológico) ou quando

houver suspeita de infecção respiratória. O que é? A infecção hospitalar é aquela que não estava presente e nem em incubação ( se desenvolvendo sem se manifestar, em "silêncio") no momento em que o paciente internou no hospital.

Infecção comunitária A infecção comunitária é aquela que já estava presente no momento em que o paciente internou no hospital. Pode até estar em incubação ( se desenvolvendo sem se manifestar, em "silêncio") e aparecerem os sintomas após a internação.

Tipos de infecções hospitalares Os principais tipos de infecção são: - Infecções urinárias; - Infecções cirúrgicas; - Infecções respiratórias; - Sepses (Infecções presentes no sangue) Quem está sob maior risco de adquirir infecções? Os seguintes grupos de pessoas estão sob maior risco de adquirir infecções, independentemente de hospitalares ou comunitárias. - Pessoas nos extremos das faixas etárias, ou seja, recém nascidos e idosos. Os recém nascidos por sua imunidade ainda não completamente desenvolvida e os idosos em função de que os diversos sistemas do organismo aos poucos vão reduzindo sua perfeita capacidade funcional. - Pessoas com determinados tipos de doenças, como Diabéticos, Leucêmicos, pessoas com Câncer.

- Pessoas sob "Stress". - Pessoas com necessidade de drogas imunossupressoras como Quimioterápicos, Corticosteróide (corticóides) - Pessoas com alteração de suas barreiras naturais. - Pessoas com problemas neurológicos afetando suas respostas reflexas. - Pessoas desnutridas. - Pessoas obesas (maior risco para infecção cirúrgica) - Fumantes (maior risco para infecções cirúrgicas e respiratórias)Defesas: - Imunidade celular (defesas gerais desenvolvidas pelo organismo, levadas através do sangue e fluídos) - Imunidade passiva: passada da mãe para o filho pela placenta ou pelo leite

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- Imunidade ativa: adquirida após ter uma doença e ficar imune à ela adquirida através de vacina.

Como as pessoas podem evitar o risco de adquirir infecções: - O risco tanto de infecções hospitalares como de comunitárias pode ser minimizado através de cuidados básicos de higiene física e mental.- Manter uma alimentação saudável e equilibrada. - Manutenção de boa higiene corporal. - Realizar higiene das mãos sempre que estiverem sujas e antes de se alimentar, preparar alimentos e após as eliminações.-Realizar regularmente a escovação dos dentes após se alimentar e antes de dormir. - Manter roupas limpas. - Cuidar do sono e repouso (evita o "stress". Além disto, durante o sono são liberadas enzimas responsáveis pela regeneração de tecidos).- Manter higiene ambiental, sanitária e destino adequado do lixo. - Manter condições emocionais equilibradas evitando o "stress". - Realizar exames preventivos para diagnóstico precoce das doenças, a fim de tratar precocemente de doenças predisponentes.- Realizar exercícios sistematicamente a fim de manutenção dos sistemas em suas melhores condições de funcionamento de acordo com sua faixa etária.

Transmissão das infecções hospitalares: As infecções hospitalares se desenvolvem pela combinação de diferentes fatores:a) defesas individuais (conforme descritas acima) b) grau de agressividade dos microorganismos (micróbios) c) modo de transmissão da doença (forma do microorganismo entrar no organismo humano).- Transmissão por contato - Transmissão pelo ar - Transmissão por vetores - Transmissão por fonte comum. Transmissão por contato: O principal modo de transmissão das infecções hospitalares é através da transmissão por CONTATO com sujeira e secreções e eliminações de outras pessoas ou com materiais sujos com estas secreções e eliminações.

Transmissão pelo ar: Além do contato as infecções podem se transmitir dentro do hospital através do AR. Dependendo do tipo de doença pode ser apenas pela respiração (mais raro) ou por espirro ou tosse. Pessoas com gripe ou outras infecções muito transmissíveis, como o Sarampo e Tuberculose se transmitem desta forma. Observação: existe um equívoco comum sobre a forma de transmissão de pneumonias (infecções respiratórias inferiores). Na maioria das vezes são adquiridas por CONTATO com mãos do pessoal ou material e não pelo ar. Pode ser também por diminuição da capacidade de defesa do organismo do paciente, principalmente quando ele não se movimenta ou se movimenta pouco.

Transmissão por vetores: Locais sujos também podem ser atrativos de insetos e roedores, causando a transmissão de doenças através destes vetores de infecção.

Transmissão por fonte comum: Quando diversos pacientes se submetem ao mesmo tipo de tratamento ( como nos casos famosos da água de hemodiálise contaminada) ou a alimentos contaminados (salada de maionese contaminada por exemplo) diz-se que a transmissão da infecção ocorre por uma fonte comum do mesmo microorganismo e/ ou suas toxinas

Como o hospital pode evitar o risco a seus pacientes:

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1) Contratação de equipe especialmente designada para elaborar, instituir e manter um programa de prevenção e Controle das Infecções Hospitalares, conforme é exigido por lei. 2) Assegurar e dar condições para que este programa funcione adequadamente.

PRINCIPAIS MEDIDAS PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES HOSPITALARES

O principal modo de evitar a transmissão das infecções hospitalares é, portanto LAVAR AS MÃOS antes e após o contato com os pacientes e após as eliminações. A LIMPEZA do ambiente e dos materiais que o paciente irá utilizar é outro dos modos de evitar a propagação das infecções. Apenas a limpeza é suficiente para materiais que entram em contato com a pele ou material de copa e cozinha, exatamente como em casa. Um tratamento com soluções químicas (ou aquecimento por fervura) de alguns materiais, conhecido como DESINFECÇÃO é necessário para diversos tipos de materiais. Alguns deles sofrem este processo porque são reutilizáveis por outros pacientes. Este tipo de tratamento é feito em algumas ocasiões, também em casa, quando são fervidas as mamadeiras de recém nascidos, por exemplo. A ESTERILIZAÇÃO de materiais é necessária principalmente quando as barreiras da pele e tecidos mucosos são rompidos, como no caso de materiais utilizados em cirurgias. Alguns materiais são comprados já esterilizados, como seringas e agulhas para injeções, por exemplo. Nestes casos o hospital deve se assegurar que o método utilizado pela indústria garante a qualidade do material e do método utilizado. A VACINAÇÃO de pessoal suscetível à doenças de alta transmissibilidade, como Sarampo, por exemplo, é fundamental para evitar a transmissão destas doenças no período em que ela ainda não tiver se manifestado (em incubação). O CONTROLE DE QUALIDADE de todos os processos de aquisição de materiais, procedimentos invasivos e rotinas garantem a minimização dos riscos relacionados a estes aspectos. Materiais de baixa qualidade prejudicam um processo adequado, podendo levar a falhas expondo o paciente. Estudos bem conduzidos têm mostrado a importância da implantação de práticas de higiene das mãos na redução das taxas de infecções, e a maioria absoluta dos especialistas em controle de infecções concorda que a higienização das mãos é o meio mais simples e eficaz de prevenir a transmissão de microrganismos no ambiente assistencial.Em uma recente publicação, Pittet (2000) notou que a maioria dos estudos sobre lavagem das mãos mostra taxas de aderência entre 16% e 81%. E relatou que, na sua experiência, quanto maior a necessidade de higiene das mãos, menos elas são efetivamente lavadas; em outras palavras, quanto mais ocupado é um profissional da área da saúde, torna-se menos provável que ele lave as mãos. Entre eles incluíam-se os profissionais de unidades de terapia intensiva. Neste trabalho, a média de aderência à recomendação de higiene das mãos variou de acordo com a categoria profissional e com algumas condições de trabalho, por exemplo: médicos lavam menos as mãos do que enfermeiras, os auxiliares de enfermagem lavam menos do que enfermeira, e a menor aderência à lavagem das mãos esteve relacionada ao gênero masculino, a trabalhar em unidade de terapia intensiva, a trabalhar no final de semana, ao usar aventais e luvas, ao estar envolvido com atividades com alto risco de contaminação cruzada, e quanto maior for o número de oportunidades para higiene de mãos por hora de cuidado a pacientes, menor será sua aderência. Algumas das razões citadas para o descumprimento desta prática incluíam: irritação e resseca mento da pele - ocasionado pelo uso excessivo ou pela falta de emolientes na fórmula da solução - falta de sabão e papel toalha, excesso de trabalho, as necessidades do paciente são prioridade, a higiene das mãos pode interferir na relação com paciente, falta de conhecimento e/ou ceticismo

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quanto ao real valor, ausência de exemplos de colegas ou superiores e ausência de informação científica de impacto definitivo, falta de tempo, colocação inadequada de pia.

Quando feito corretamente, a lavagem de mãos exige, aproximadamente, 60 segundos para ir até a pia, lavar durante um tempo apropriado, secar as mãos, e voltar ao paciente. Freqüentemente, o procedimento inteiro é completado entre oito a 20 segundos com remoção de microorganismos adquiridos. A pele pode servir como reservatório de microorganismos. Daí se deve a importância da higiene das mãos na prevenção da transmissão das infecções hospitalares, tendo como base a capacidade da pele em abrigar microrganismos e transferi-los de uma superfície para a outra - por contato direto, pele com pele - ou indireto, por meio de objetos. A utilização de água e sabão pode reduzir a quantidade de microorganismos presentes nas mãos e, por vezes, interromper a transmissão de doenças veiculadas através do contato. A aplicação de produtos anti-sépticos, em especial de agentes com base alcoólica, pode reduzir ainda mais os riscos de transmissão, pela intensificação da redução microbiana ou por favorecer um aumento na freqüência de higiene das mãos.A importância da higiene das mãos é recomendada no anexo da portaria 2616/98 do Ministério da Saúde, que instrui sobre o programa de controle de infecções hospitalares. A presença de pias também é comentada na RDC nº 50, que orienta a necessidade de pias para lavagem das mãos nas seguintes proporções: uma pia para cada dois leitos e duas pias para duas enfermarias. O tamanho e a profundidade da pia devem ser adequados para que o profissional não encoste as mãos nas superfícies durante a lavagem. Portanto, esta deve ser uma decisão a ser realizada em parceria com profissional engenheiro e/ou arquiteto. Vale ressaltar que, por vezes, as áreas próximas às pias estão repletas de equipamentos, dificultando o acesso dos profissionais da saúde.As torneiras utilizadas podem ser manuais ou automatizadas (pressão ou fotossensível). Quando se faz a opção por manuais, temos de insistir na prática de fechar a torneira com papel tolha. Muita atenção deve ser dada à vazão de água pretendida - com o objetivo de impedir gastos desnecessários e garantir segurança. As torneiras de pressão são muito úteis, pois têm fechamento automático e o profissional não contamina as mãos após a lavagem. A melhor opção do tipo de torneira deve respeitar a realidade de cada instituição.Quando avaliado o custo de produtos para higiene das mãos, os administradores normalmente optam pelo mais acessível nem sempre o mais adequado. Porém, a análise de custo-benefício sugere que prevenindo uma única infecção, justifica a aquisição de produtos mais aceitáveis pela equipe - mesmo sendo aparentemente mais caros. Os produtos para a lavagem de mãos devem ser de excelente qualidade, principalmente o sabão, evitando as irritações de pele. O grande desafio, nos dias atuais, é a adequação das técnicas já desenvolvidas, aplicando os produtos disponíveis à necessidade de cada instituição, de acordo com o grau de complexidade das ações assistenciais ali desenvolvidas. Não existe nenhuma evidência determinando vantagens da aplicação generalizada de anti-sépticos comparados ao sabão comum e, tampouco, determinando qual o melhor anti-séptico. Preparações com efeito residual não são recomendadas em situações de rotina - exceto

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para alguns procedimentos invasivos, em unidades de terapia intensiva, unidades com isolamento freqüente de bactérias multirresistentes e situações de surtos. O gel-alcoólico ou outras preparações a base de álcool não remove sujidade, porém, é mais efetivo do que água e sabão na eliminação microbiota transitória e mesmo na redução da microbiota permanente. Entretanto, não apresenta ação residual. Parece ser uma alternativa à lavagem das mãos, quando não estão grosseiramente sujas. Os agentes anti-sépticos degermantes comumente utilizados para higiene das mãos são PVP-I e gluconato de clorexidina 2%.

Percentual de infecções hospitalares que podem ser aceitos:

1. A taxa de infecções hospitalares nunca chegará a zero. Isto só poderia ocorrer se as pessoas se tornassem perfeitas, ou seja com defesas naturais funcionando com perfeição garantidos pelos hábitos perfeitos de manutenção da saúde.

2. Diferentes hospitais podem possuir taxas de infecção completamente diferentes, sendo que algumas muito maiores do que outras. Isto ocorre porque os hospitais atendem diferentes grupos de pessoas com diferentes suscetibilidades e práticas. Além disto, hospitais com maiores tecnologias costumam atender pacientes mais graves e realizam maior número de procedimentos que ultrapassam as barreiras naturais.

No Brasil não existe um percentual que possa ser definido como "ACEITO" já que não existem estudos representativos. Em 1994 foi realizado pelo Ministério da Saúde que detectou em 90 hospitais uma taxa de infecção de 13%. O estudo não foi muito bem aceito. Um dos motivos é de que o número aproximado de instituições no país aproximadamente 55 vezes maior que o estudado. Embora os dados possam ser considerados, isto deve ser feito com muito cuidado.

COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

PORTARIA N° 2.616, DE 12 DE MAIO DE 1998

O Ministro de Estado da Saúde, Interino, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, inciso II da Constituição, e Considerando as determinações da Lei n° 9.431, de 6 de janeiro de 1997, que dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção pelos hospitais do país, de programa de controle de infecções hospitalares;   Considerando que as infecções hospitalares constituem risco significativo à saúde dos usuários dos hospitais, e sua prevenção e controle envolvem medidas de qualificação da assistência hospitalar, de vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do Estado, do Município e de cada hospital, atinentes ao seu funcionamento;  Considerando que o Capítulo I art. 5° e inciso III da Lei n° 8.080 de 19 de setembro de 1990, estabelece como objetivo e atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), "a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da Saúde com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas";  Considerando que no exercício da atividade fiscalizadora os órgãos estaduais de saúde deverão observar, entre outros requisitos e condições, a adoção, pela instituição prestadora de serviços, de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes, pacientes e dos circunstantes (Decreto n° 77.052, de 19 de janeiro de 1976, art. 2°, inciso IV);  Considerando os avanços técnico-científicos, os resultados do Estudo Brasileiro da Magnitude das Infecções Hospitalares, Avaliação da Qualidade das Ações de Controle de Infecção Hospitalar, o reconhecimento mundial destas ações como as que implementam a melhoria da qualidade da assistência à Saúde, reduzem esforços, problemas, complicações e recursos;  Considerando a necessidade de informações e instrução oficialmente constituída para respaldar a formação técnico-profissional, resolve: 

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Art. 1° Expedir, na forma dos anexos I, II, III, IV e V, diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares. Art. 2° As ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções dos hospitais, compõem o Programa de Controle de Infecções Hospitalares.  Art. 3° A Secretaria de Políticas de Saúde, do Ministério da Saúde, prestará cooperação técnica às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a fim de orientá-las sobre o exato cumprimento e interpretação das normas aprovadas por esta Portaria.  Art. 4° As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde poderão adequar as normas conforme prevê a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.  Art. 5° A inobservância ou o descumprimento das normas aprovadas por esta Portaria sujeitará o infrator ao processo e às penalidades previstas na Lei n° 6.437, de 20 agosto de 1977, ou outra que a substitua, com encaminhamento dos casos ou ocorrências ao Ministério Público e órgãos de defesa do consumidor para aplicação da legislação pertinente (Lei n° 8.078/90 ou outra que a substitua).  Art. 6° Este regulamento deve ser adotado em todo território nacional, pelas pessoas jurídicas e físicas, de direito público e privado envolvidas nas atividades hospitalares de assistência à saúde.  Art. 7° Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.  Art. 8° Fica revogada a Portaria n° 930, de 27 de agosto de 1992. BARJAS NEGRI Programa de Controle de Infecção Hospitalar  

ANEXO I ORGANIZAÇÃO l. O Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) é um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares.  2. Para a adequada execução do PCIH, os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar.  2.1. A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. 2.2. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores. 2.2.1. O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela direção do hospital. 2.3. Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços: 2.3.1. serviço médico; 2.3.2. serviço de enfermagem;  2.3.3. serviço de farmácia; 2.3.4. laboratório de microbiologia;  2.3.5. administração. 2.4. Os hospitais com número de leitos igual ou inferior a 70 (setenta) atendem os números 2.3.1 e 2.3.2. 2.5. Os membros executores da CCIH representam o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e, portanto, são encarregados da execução das ações programadas de controle de infecção hospitalar;  2.5.1. Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis) horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.  2.5.l.1. Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro. 2.5.1.2. A carga horária diária, dos membros executores, deverá ser calculada na base da proporcionalidade de leitos indicado no número 2.5.1.  2.5.1.3. Nos hospitais com leitos destinados a pacientes críticos, a CCIH deverá ser acrescida de outros profissionais de nível superior da área de saúde. Os membros executores terão acrescidas 2 (duas) horas semanais de trabalho para cada 10 (dez) leitos ou fração; 

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2.5.1.3.1. Para fins desta Portaria, consideram-se pacientes críticos: 2.5.1.3.1.1. pacientes de terapia intensiva (adulto, pediátrico e neonatal); 2.5.1.3.1.2. pacientes de berçário de alto risco; 2.5.1.3.1.3. pacientes queimados; 2.5.1.3.1.4. pacientes submetidos a transplantes de órgãos;  2.5.1.3.1.5. pacientes hemato-oncológicos; 2.5.1.3.1.6. pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. 2.5.1.4. Admite-se, no caso do número 2.5.1.3., o aumento do número de profissionais executores na CCIH, ou a relativa adequação de carga horária de trabalho da equipe original expressa no número 2.5.1; 

2.5.1.5. Em hospitais com regime exclusivo de internação tipo paciente-dia, deve-se atender aos números 2.1, 2.2 e 2.3, e com relação ao número 2.5.1, a carga de trabalho dos profissionais será de 2 (duas) horas diárias para o enfermeiro e 1 (uma) hora para os demais profissionais, independente do número de leitos da instituição.  2.5.1.6. Os hospitais poderão consorciar-se no sentido da utilização recíproca de recursos técnicos, materiais e humanos, com vistas à implantação e manutenção do Programa de Controle da Infecção Hospitalar.  2.5.1.7. Os hospitais consorciados deverão constituir CCIH própria, conforme os números 2 e 2.1, com relação aos membros consultores, e prover todos os recursos necessários à sua atuação.  2.5.1.8. O consórcio deve ser formalizado entre os hospitais componentes. Os membros executores, no consórcio, devem atender aos números 2.5.1, 2.5.1.1, 2.5.1.2, 2.5.1.3 e 2.5.1.4. 

COMPETÊNCIAS 3. A CCIH do hospital deverá: 3.1. elaborar, implementar, manter e avaliar programa de controle de infecção hospitalar, adequado às características e necessidades da instituição, contemplando, no mínimo, ações relativas a:  3.1.1. implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares, de acordo com o Anexo III; 3.1.2. adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e controle das infecções hospitalares;  3.1.3. capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição, no que diz respeito à prevenção e controle das infecções hospitalares;  3.1.4. uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares; 3.2. avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros executores da CCIH;  3.3. realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas imediatas de controle; 3.4. elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à autoridade máxima de instituição e às chefias de todos os setores do hospital, a situação do controle das infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na comunidade hospitalar;  3.5. elaborar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando limitar a disseminação de agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de medidas de precaução e de isolamento;  3.6. adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e ao tratamento das infecções hospitalares;  3.7. definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição;  3.8. cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento, com vistas a obter capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao controle das infecções hospitalares;  3.9. elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; 3.10. cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer, prontamente, as informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes; 

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3.11. notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao organismo de gestão do SUS, os casos diagnosticados ou suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica (notificação compulsória), atendidos em qualquer dos serviços ou unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os serviços de saúde coletiva;  3.12. notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções associadas à utilização de insumos e/ou produtos industrializados.  4. Caberá à autoridade máxima da instituição: 4.1. constituir formalmente a CCIH; 4.2. nomear os componentes da CCIH por meio de ato próprio; 4.3. propiciar a infra-estrutura necessária à correta operacionalização da CCIH; 4.4. aprovar e fazer respeitar o regimento interno da CCIH; 4.5. garantir a participação do Presidente da CCIH nos órgãos colegiados deliberativos e formuladores de política da instituição, como, por exemplo, os conselhos técnicos, independente da natureza da entidade mantenedora da instituição de saúde;  4.6. garantir o cumprimento das recomendações formuladas pela Coordenação Municipal, Estadual/Distrital de Controle de Infecção Hospitalar;  4.7. Informar o órgão oficial municipal ou estadual quanto à composição da CCIH, e às alterações que venham a ocorrer; 4.8. fomentar a educação e o treinamento de todo o pessoal hospitalar. 5. À Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, do Ministério da Saúde, compete: 5.1. definir diretrizes de ações de controle de infecção hospitalar; 5.2. apoiar a descentralização das ações de prevenção e controle de infecção hospitalar; 5.3. coordenar as ações nacionais de prevenção e controle de infecção hospitalar; 5.4. estabelecer normas gerais para a prevenção e controle das infecções hospitalares; 5.5. estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle de infecção hospitalar; 5.6. promover a articulação com órgãos formadores, com vistas à difusão do conteúdo de conhecimentos do controle de infecção hospitalar;  5.7. cooperar com a capacitação dos profissionais de saúde para o controle de infecção hospitalar; 5.8. identificar serviços municipais, estaduais e hospitalares para o estabelecimento de padrões técnicos de referência nacional; 5.9. prestar cooperação técnica, política e financeira aos Estados e aos Municípios, para aperfeiçoamento da sua atuação em prevenção e controle de infecção hospitalar;  5.10. acompanhar e avaliar as ações implementadas, respeitadas as competências estaduais/distrital e municipais de atuação, na prevenção e controle das infecções hospitalares;  5.11. estabelecer sistema nacional de informações sobre infecção hospitalar na área de vigilância epidemiológica; 5.12. estabelecer sistema de avaliação e divulgação nacional dos indicadores da magnitude e gravidade das infecções hospitalares e da qualidade das ações de seu controle;  5.13. planejar ações estratégicas em cooperação técnica com os Estados, Distrito Federal e os Municípios; 5.14. acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar. 6. Às Coordenações Estaduais e Distrital de Controle de Infecção Hospitalar, compete: 6.1. definir diretrizes de ação estadual/distrital, baseadas na política nacional de controle de infecção hospitalar; 6.2. estabelecer normas, em caráter suplementar, para a prevenção e controle de infecção hospitalar; 6.3. descentralizar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar dos Municípios; 6.4. prestar apoio técnico, financeiro e político aos municípios, executando, supletivamente, ações e serviços de saúde, caso necessário;  6.5. coordenar, acompanhar, controlar e avaliar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar do Estado e Distrito Federal;  6.6. acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar; 

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6.7. informar, sistematicamente, à Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, do Ministério da Saúde, a partir da rede distrital, municipal e hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos.  7. Às Coordenações Municipais de Controle de Infecção Hospitalar, compete: 7.1. coordenar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar na rede hospitalar do Município; 7.2. participar do planejamento, da programação e da organização da rede regionalizada e hierarquizada do SUS, em articulação com a Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar;  7.3. colaborar e acompanhar os hospitais na execução das ações de controle de infecção hospitalar; 7.4. prestar apoio técnico às CCIH dos hospitais; 7.5. informar, sistematicamente, à Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar do seu Estado, a partir da rede hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos. 

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO II CONCEITOS E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DAS INFECÇÕES HOSPITALARES 1. Conceitos básicos. l.1. Infecção comunitária (IC): 1.1.1. é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital.  1.1.2. São também comunitárias: 1.1.2.1. a infecção que está associada com complicação ou extensão da infecção já presente na admissão, a menos que haja troca de microrganismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova infecção;  1.1.2.2. a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS);  1.1.2.3. As infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro) horas. 1.2. Infecção hospitalar (IH): 1.2.1. é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.  2. Critérios para diagnóstico de infecção hospitalar, previamente estabelecidos e descritos.  2.1. Princípios: 2.1.1. o diagnóstico das infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de: 2.1.1.1. evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário; 2.1.1.2. resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados.  2.1.1.3. evidências de estudos com métodos de imagem; 2.1.1.4. endoscopia; 2.1.1.5. biópsia e outros. 2.2. Critérios gerais: 2.2.1. quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado como infecção hospitalar;  2.2.2. quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão; 

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2.2.3. são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados durante este período;  2.2.4. as infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro) horas;  2.2.5. os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem infecção hospitalar. Nestes casos, a Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e/ou o hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele hospital.  3. Classificação das cirurgias por potencial de contaminação da incisão cirúrgica. 3.1. as infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado;  3.2. a classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com as seguintes indicações:  3.2.1. Cirurgias Limpas - são aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos digestivo, respiratório ou urinário;  3.2.2. Cirurgias Potencialmente Contaminadas - são aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa.  3.2.3. Cirurgias Contaminadas - são aquelas realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência de supuração local. Na presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção, ou grande contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária também se incluem nesta categoria.  3.2.4. Cirurgias Infectadas - são todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de processo infeccioso (supuração local) e/ou tecido necrótico. 

ANEXO III VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS DAS INFECÇÕES HOSPITALARES l. Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares é a observação ativa, sistemática e contínua de sua ocorrência e de sua distribuição entre pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições que afetam o risco de sua ocorrência, com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle.  2. A CCIH deverá escolher o método de Vigilância Epidemiológica mais adequado às características do hospital, à estrutura de pessoal e à natureza do risco da assistência, com base em critérios de magnitude, gravidade, redutibilidade das taxas ou custo;  2.1. São indicados os métodos prospectivos, retrospectivos e transversais, visando determinar taxas de incidência ou prevalência. 3. São recomendados os métodos de busca ativos de coleta de dados para Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares. 4. Todas as alterações de comportamento epidemiológico deverão ser objeto de investigação epidemiológica específica. 5. Os indicadores mais importantes a serem obtidos e analisados periodicamente no hospital e, especialmente, nos serviços de Berçário de Alto Risco, UTI (adulto/pediátrica/neonatal) Queimados, são;  5.1. Taxa de Infecção Hospitalar, calculada tomando como numerador o número de episódios de infecção hospitalar no período considerado e como denominador o total de saídas (altas, óbitos e transferências) ou entradas no mesmo período; 

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5.2. Taxa de Pacientes com Infecção Hospitalar, calculada tomando como numerador o número de doentes que apresentaram infecção hospitalar no período considerado, e como denominador o total de saídas (altas, óbitos e transferências) ou entradas no período;  5.3. Distribuição Percentual das Infecções Hospitalares por localização topográfica no paciente, calculada tendo como numerador o número de episódios de infecção hospitalar em cada topografia, no período considerado e como denominador o número total de episódios de infecção hospitalar ocorridos no período;  5.4. Taxa de Infecções Hospitalares por Procedimento, calculada tendo como numerador o número de pacientes submetidos a um procedimento de risco que desenvolveram infecção hospitalar e como denominador o total de pacientes submetidos a este tipo de procedimento.  Exemplos: Taxa de infecção do sítio cirúrgico, de acordo com o potencial de contaminação. Taxa de infecção urinária após cateterismo vesical.  Taxa de pneumonia após uso de respirador. 5.5. Recomenda-se que os indicadores epidemiológicos dos números 5.1. e 5.2. sejam calculados utilizando-se no denominador o total de pacientes dia, no período.  5.5.1. O número de pacientes dia é obtido somando-se os dias totais de permanência de todos os pacientes no período considerado. 5.6. Recomenda-se que o indicador do número 5.4 pode ser calculado utilizando-se como denominador o número total de procedimentos dia.  5.6.1. O número de pacientes dia é obtido somando-se o total de dias de permanência do procedimento realizado no período considerado. 5.7. Outros procedimentos de risco poderão ser avaliados, sempre que a ocorrência respectiva o indicar, da mesma forma que é de utilidade o levantamento das taxas de infecção do sítio cirúrgico, por cirurgião e por especialidade.  5.8. Frequência das Infecções Hospitalares por Microrganismos ou por etiologias, calculada tendo como numerador o número de episódios de infecção hospitalar por microrganismo e como denominador o número de episódios de infecções hospitalares que ocorreram no período considerado.  5.9. Coeficiente de Sensibilidade aos Antimicrobianos, calculado tendo como numerador o número de cepas bacterianas de um determinado microorganismo sensível a determinado antimicrobiano e como denominador o número total de cepas testadas do mesmo agente com antibiograma realizado a partir das espécimes encontradas.  5.10. Indicadores de uso de antimicrobianos. 5.10.1. Percentual de pacientes que usaram antimicrobianos (uso profilático ou terapêutico) no período considerado. Pode ser especificado por clínica de internação. É calculado tendo como numerador o total de pacientes em uso de antimicrobiano e como denominador o número total de pacientes no período.  5.10.2. Freqüência com que cada antimicrobiano é empregado em relação aos demais. É calculada tendo como numerador o total de tratamentos iniciados com determinado antimicrobiano no período, e como denominador o total de tratamentos com antimicrobianos iniciados no mesmo período.  5.1.1. Taxa de letalidade associada a infecção hospitalar, é calculada tendo como numerador o número de óbitos ocorridos de pacientes com infecção hospitalar no período considerado, e como denominador o número de pacientes que desenvolveram infecção hospitalar no período.  5.12. Consideram-se obrigatórias as, informações relativas aos indicadores epidemiológicos 5.1, 5.2, 5.3 e 5.11, no mínimo com relação aos serviços de Berçário de alto risco, UTI (adulto/pediátrica/neonatal) e queimados  6. Relatórios e Notificações 6.1. A CCIH deverá elaborar periodicamente um relatório com os indicadores epidemiológicos interpretados e analisados. Esse relatório deverá ser divulgado a todos os serviços e à direção, promovendo-se seu debate na comunidade hospitalar.  6.2. O relatório deverá conter informações sobre o nível endêmico das infecções hospitalares sob vigilância e as alterações de comportamento epidemiológico detectadas, bem como as medidas de controle adotadas e os resultados obtidos. 

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6.3. É desejável que cada cirurgião receba, anualmente, relatório com as taxas de infecção em cirurgias limpas referentes às suas atividades, e a taxa média de infecção de cirurgias limpas entre pacientes de outros cirurgiões de mesma especialidade ou equivalente.  6.4. O relatório da vigilância epidemiológica e os relatórios de investigações epidemiológicas deverão ser enviados às Coordenações Estaduais/ Distrital/Municipais e à Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde, conforme as normas específicas das referidas Coordenações.  Programa de Controle de Infecção Hospitalar 

ANEXO IV LAVAGEM DAS MÃOS 1. Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando-se sabão/detergente, seguida de enxágüe abundante em água corrente.  2. A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares. 3. O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após contatos que envolvam mucosas, sangue ou outros fluidos corpóreos, secreções ou excreções.  4. A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto necessária, durante a assistência a um único paciente, sempre que envolver contato com diversos sítios corporais, entre cada uma das atividades.  4.1. A lavagem e anti-sepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre antes dos procedimentos cirúrgicos. 5. A decisão para a lavagem das mãos com uso de anti-séptico deve considerar o tipo de contato, o grau de contaminação, as condições do paciente e o procedimento a ser realizado.  5.1. A lavagem das mãos com anti-séptico é recomendada em; - realização de procedimentos invasivos; - prestação de cuidados a pacientes críticos; - contato direto com feridas e/ou dispositivos invasivos, tais como catéteres e drenos. 6. Devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo de incorporar a prática da lavagem das mãos em todos os níveis da assistência hospitalar.  6.1 A distribuição e a localização de unidades ou pias para lavagem das mãos, de forma a atender à necessidade nas diversas áreas hospitalares, além da presença dos produtos, é fundamental para a obrigatoriedade da prática.  Programa de Controle de Infecção Hospitalar 

ANEXO V RECOMENDAÇÕES GERAIS 1. A utilização dos anti-sépticos, desinfetantes e esterilizantes seguirá as determinações da Portaria n° 15, de 23 de agosto de 1988, da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS)/ do Ministério da Saúde e o Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde/ MS, 2ª edição, 1994, ou outras que as complementem ou substituam.  1.1. Não são recomendadas, para a finalidade de anti-sepsia, as formulações contendo mercuriais orgânicos, acetona, quaternário de amônio, líquido de Dakin, éter e clorofórmio.  2. As normas de limpeza, desinfecção e esterilização são aquelas definidas pela publicação do Ministério da Saúde, Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde, 2ª edição, 1994 - princípios ativos liberados conforme os definidos pela Portaria n° 15, SVS, de 23 de agosto de 1988, ou outras que a complementem ou substituam.  3. As normas de procedimentos na área de Microbiologia são aquelas definidas pela publicação do Ministério da Saúde - Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Hospitalar, lª edição, 1991, ou outras que as complementem ou substituam.  4. As normas para lavanderia são aquelas definidas pela publicação do Ministério da Saúde - Manual de Lavanderia Hospitalar, lª edição, 1986, ou outras que as complementem ou substituam.  5. A Farmácia Hospitalar seguirá as orientações contidas na publicação do Ministério da Saúde - Guia Básico para a Farmácia Hospitalar, lª edição, 1994, ou outras que as complementem ou substituam. 

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Esterilização

Esterilização é a destruição de todas as formas de vida microbiana (vírus, bactérias, esporos, fungos, protozoários e helmintos) por um processo que utiliza agentes químicos ou físicos (1,2).A prática da esterilização visa a incapacidade de reprodução de todos os organismos presentes no material a ser esterilizado, causando a morte microbiana até que a probabilidade de sobrevivência do agente contaminante seja menor que 1:1.000.000, quando um objeto pode então ser considerado estéril (2) . O esporo bacteriano (forma mais resistente aos agentes esterilizantes) é o parâmetro utilizado para o estudo microbiológico da esterilização, ou seja, para se assegurar a esterilização de um artigo todos os esporos devem ser destruídos.

ESTERILIZAÇÃOUM BREVE HISTÓRICO

Juliana Capellazzo RomanoA descoberta das bactérias como causadoras de doenças foi uma das principais descobertas da clínica médica. A ciência microbiológica foi fundada no século XIX e até então progredia lentamente durante anos: No século IV a. C., Aristóteles já alertava Alexandre (o Grande) a ferver água para evitar doenças e escreveu: "às vezes são formados animais na terra putrefeita, às vezes em plantas e às vezes no fluido de outros animais". A maioria dos intelectuais então aderiu à teoria da geração espontânea, que persistiu por muitos anos.Com a introdução da anestesia em 1842 por Long e em 1846 por Morton, as cirurgias eletivas começaram a surgir, pois até esta época os procedimentos cirúrgicos realizados eram principalmente os executados em período de guerras. Assim, ocorreu um aprimoramento nas técnicas e procedimentos cirúrgicos, porém a mortalidade por infecção de ferida era muito alta.Até 1865 a taxa de infecção por amputação durante a guerra era de 25 a 90%. Em Paris, no ano de 1870, essa taxa chegava próxima a 100%. Os pacientes morriam geralmente do que era denominado de "alguma gangrena hospitalar".Observações realizadas antes do século XIX verificavam que pessoas sadias ficavam doentes se entravam em contato mais íntimo com uma pessoa doente, especialmente em ambiente hospitalar.Na metade do século XVI, Girolamo Fracastoro publicou "De Contagione", delineando a transmissão de doenças através do contato direto, da manipulação de pertences de pessoas infetadas ou através de transmissão a distância. A importância de limpeza, particularmente a lavagem das mãos, começou a ser especulada.No final do século XVII, no Hospital Manchester Lying, os médicos Charles White e Thomas Kirkland tentaram implantar controles de engenharia, limpeza e ventilação adequados para os pacientes. Vários anos depois, no Hospital de Rotunda em Dublin, Robert Collins introduziu o tratamento com calor para as roupas de cama, o que resultou em uma diminuição das infecções. Estas simples soluções não foram aceitas e foram descartadas, tal era a força da teoria de geração espontânea. Em 1863, Nealaton demonstrou o uso efetivo de álcool em feridas, mas, novamente, a idéia revolucionária não foi aceita pela Sociedade Cirúrgica de Paris. Em 1744, o primeiro halógeno a ser descoberto foi o cloro, que foi utilizado como um agente alvejante. Mais tarde, em 1823, sua efetividade como um desinfetante e desodorizante foi mostrada por Labarraque e novamente, em 1850, por Semmelweis. O iodo foi avaliado semelhantemente por Pasteur & Koch. A influência de microbiologia começou a ser sentida em meados do século XVII quando foram descritos organismos muito pequenos para serem vistos a olho nú. A maioria conservadora assegurou que estes organismos foram produzidos através de geração espontânea.

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Foi em 1861, quando Louis Pasteur demonstrou que a putrefação é uma fermentação causada pelo crescimento de microorganismos, que a doutrina de geração espontânea foi finalmente contestada. A aplicação clínica da efetividade da lavagem das mãos, do uso de princípios epidemiológicos e da antissepsia foi demonstrada claramente por Oliver Wendell Holmes, em Boston, em 1843 e por Ignaz Semmelweis em 1847, no Allgemeines Krankenhaus, em Viena, Áustria.Cientistas perceberam que havia uma analogia entre a fermentação dos experimentos de Pasteur e o processo de putrefação que se dava após amputação dos membros. Em 1867 foi introduzido o uso de fenol como um agente antimicrobiológico para esterilização do ar nas salas de operação e como um curativo de ferida cirúrgica. A mortalidade por amputação caiu de 45 para 15 por cento. A técnica foi aprovada nos Estados Unidos na primeira reunião oficial da Associação Cirúrgica Americana em 1883. Em 1877, John Tyndall, um físico inglês, reconheceu a forma calor-resistente das bactérias, o esporo, e desenvolveu métodos de esterilização para lidar com isto. O bacteriologista francês e colaborador de Louis Pasteur, Charles Chamberland, construiu o primeiro esterilizador a vapor em 1880. Semelhante a um "fogão de pressão", ficou conhecido como a "Autoclave de Chamberland". Em 1880, Robert Koch descobriu o uso de culturas sólidas, as bactérias isoladas em colônias puras e as associou com doenças específicas. A bacteriologia tinha se tornado uma ciência.Aluna do 4o ano de Graduação em Enfermagem - UNICAMP - bolsista de iniciação científica da FAPESPORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Helena Baena de Moraes Lopes - Professora Assistente Doutora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas – UNICAMP

Esterilização por meios físicos Vapor saturado sob pressão Calor seco

Radiação ionizante Radiação não ionizante

Esterilização por meios químicosFormaldeído GlutaraldeídoÓxido de etileno Peróxido de hidrogênioÁcido peracético Plasma de peróxido de hidrogênio

Esterilização por vapor saturado sob pressãoO processo de esterilização pelo vapor saturado sob pressão é o método mais utilizado e o que maior segurança oferece ao meio hospitalar.O vapor pode ser obtido em vários estados físicos, sendo as mais comuns:

Vapor saturado: é a camada mais próxima da superfície líquida, encontra-se no limiar do estado líquido e gasoso, podendo apresentar-se seca ou úmida. Vapor úmido: é normalmente formado quando o vapor carrega a água que fica nas tubulações.Vapor super aquecido: vapor saturado submetido à temperaturas mais elevadas.

Para a esterilização o tipo de vapor utilizado é o vapor saturado seco, uma vez que o vapor úmido tem um excesso de água que torna úmidos os materiais dentro da esterilizadora; já o vapor super aquecido é deficiente de umidade necessária para a esterilização. O vapor saturado seco é capaz de circular por convecção permitindo sua penetração em materiais porosos.A produção do vapor utilizado na esterilização requer alguns cuidados como a água utilizada para a produção do vapor, esta deve estar livre de contaminantes em concentração que possa interferir no processo de esterilização, danificar o aparelho ou os produtos a serem esterilizados.Os equipamentos utilizados para este método de esterilização são as autoclaves. Estas constituem-se basicamente de uma câmara em aço inox, com uma ou duas portas, possui válvula de segurança, manômetros de pressão e um indicador de temperatura. Elas podem ser divididas em dois tipos:Autoclave gravitacional: o ar é removido por gravidade, assim quando o vapor é admitido na câmara, o ar no interior desta, que é mais frio (mais denso), sai por uma válvula na superfície

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inferior da câmara. Pode ocorrer a permanência de ar residual neste processo, sendo a esterilização comprometida principalmente para materiais densos ou porosos.Autoclave pré-vácuo: o ar é removido pela formação de vácuo, antes da entrada do vapor, assim quando este é admitido, penetra instantaneamente nos pacotes.As autoclaves podem ainda ser do tipo horizontal ou vertical. As do tipo horizontal possuem paredes duplas, separadas por um espaço onde o vapor circula para manter o calor na câmara interna durante a esterilização; as do tipo vertical não são adequadas pois dificultam a circulação do vapor, a drenagem do ar e a penetração do vapor devido à distribuição dos pacotes a serem esterilizados, que ficam sobrepostos.

Tempo mínimo de exposição (em minutos) para esterilização pelo vapor, segundo a temperatura

Artigos hospitalares / Acondicionamento

Autoclave(gravidade)

121O C

Vácuo132O C

Alto vácuo132O C

ESCOVA DE FIBRA SINTÉTICA-embrulhadas individualmente, em papel ou campo de algodão cru.

30  15  4

ROUPAS-embrulhadas em campo de algodão cru. 30  15  4

INSTRUMENTOS METÁLICOS-em bandejas metálicas, embrulhadas em campo de algodão cru (duplo);-envolvidos individualmente em compressas ou campo simples, embrulhados em campo duplo.

30

30

15

15

4

4

AGULHAS OCAS COM LUME ÚMIDO-embaladas em tubo de vidro, com tampa de algodão.  30  15 4

LUVAS DE BORRACHA-embrulhadas em papel ou campo de algodão cru. 20 15  4

CATÉTERES, DRENOS E TUBOS DE BORRACHA COM LUME ÚMIDO-envolvidos individualmente, em algodão cru ou papel.

 30 15  4

BANDEJAS, CUBAS E OUTROS MATERIAIS SEMELHANTES-embrulhadas em campo de papel ou algodão cru.

30 15  4

SERINGAS DE VIDRO, DESMONTADAS-embrulhadas individualmente, em papel ou algodão cru  30 15 4

Prevenção de riscos operacionais

Para o manuseio das autoclaves, embora existam diferentes modelos e cada um deles possua seu próprio manual de instrução de uso, alguns cuidados são fundamentais para a prevenção de acidentes:- manter as válvulas de segurança em boas condições de uso;

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- não abrir a porta da autoclave enquanto a pressão da câmara não se igualar à pressão externa; ao abrir a porta da autoclave proteger o rosto para evitar queimaduras, explosões ou implosões dos frascos de vidro;- utilizar luvas de amianto para a retirada dos artigos metálicos da câmara;- verificar periodicamente o funcionamento de termostatos, válvulas de segurança;- não forçar a porta para abrir quando esta emperrar;- a porta da autoclave deve possuir uma trava de segurança para que esta não abra enquanto houver pressão no interior da câmara. TestesÉ fundamental a realização de testes biológicos para controle e comprovação da esterilização.A esterilização através do calor seco pode ser alcançada pelos seguintes métodos:Flambagem: aquece-se o material, principalmente fios de platina e pinças, na chama do bico de gás, aquecendo-os até ao rubro. Este método elimina apenas as formas vegetativas dos microrganismos, não sendo, portanto considerado um método de esterilização. Incineração: é um método destrutivo para os materiais, é eficiente na destruição de matéria orgânica e lixo hospitalar.Raios infravermelhos: utiliza-se de lâmpadas que emitem radiação infravermelha, essa radiação aquece a superfície exposta a uma temperatura de cerca de 180O C.Estufa de ar quente: constitui-se no uso de estufas elétricas. É o método mais utilizado dentre os de esterilização por calor seco.O uso do calor seco, por não ser penetrante como o calor úmido, requer o uso de temperaturas muito elevadas e tempo de exposição muito prolongado, por isso este método de esterilização só deve ser utilizado quando o contato com vapor é inadequado. Cabe observar também que o uso de temperaturas muito elevadas pode interferir na estabilidade de alguns materiais, como por exemplo o aço quando submetido a temperaturas muito elevadas perde a têmpera; para outros materiais como borracha e tecidos além da temperatura empregada ser altamente destrutiva, o poder de penetração do calor seco é baixo, sendo assim a esterilização por este método inadequada.Os materiais indicados para serem esterilizados por este método são instrumentos de ponta ou de corte, que podem ser oxidados pelo vapor, vidrarias, óleos e pomadas.Como o processo de esterilização em estufas de ar quente é o método mais utilizado dentre os de esterilização por calor seco, iremos descrever o equipamento utilizado neste método, que é a estufa ou forno de Pasteur. Estes são equipados com um termômetro que mostra temperatura do interior da câmara; um termostato, onde se programa a temperatura desejada; uma lâmpada que mostra a situação de aquecimento ou a estabilização da temperatura interna da câmara; algumas com um ventilador para promover a circulação do ar, garantindo um aquecimento rápido e uniforme na câmara (estufas de convecção mecânica). Não há um controlador de tempo, este controle é feito pelo operador do aparelho.As estufas podem ser divididas em dois tipos: as de convecção por gravidade e a de convecção mecânica.As estufas de convecção por gravidade possuem uma resistência elétrica na parte inferior da câmara e um orifício na parte superior onde ocorre a drenagem do ar frio que é empurrado pelo ar quente à medida que o ar esquenta dentro da câmara. Neste processo qualquer obstáculo que esteja no caminho dificulta a circulação do ar, interferindo na uniformidade da temperatura na câmara.As estufas de convecção mecânica possuem um dispositivo que produz movimento do ar quente, favorecendo a circulação do ar uniformemente e limitando a variação da temperatura nos vários pontos da câmara em 1o C. Este tipo de estufa reduz o tempo necessário para que se atinja a temperatura ideal para a esterilização.

Tempo de esterilização

Temperatura (o C) Tempo de Exposição * 

180 30 minutos

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170 1 hora

160 2 horas

150 2 horas e 30 minutos

140 3 horas

121 6 horas

*Sem inclusão do tempo de aquecimento

ESTERILIZAÇÃO POR RADIAÇÃO IONIZANTEDefiniçãoA radiação ionizante é um método de esterilização que utiliza a baixa temperatura, portanto que pode ser utilizado em materiais termossensíveis.Certos átomos possuem a propriedade de emitirem ondas ou partículas de acordo com a instabilidade de seus núcleos, esta propriedade é chamada de radioatividade. Alguns elementos, como o Rádio e o Urânio, são naturalmente radioativos pois possuem seus núcleos instáveis, outros são produzidos artificialmente, como o Cobalto 60 e Césio 137.A radiação ionizante é assim quando possui a capacidade de alterar a carga elétrica do material irradiado por deslocamento de elétrons.Para fins de esterilização industrial as fontes de raios beta e gama são as utilizadas.

Radiação BetaEste tipo de radiação é conseguida através da desintegração natural de elementos como o Iodo 131 ou Cobalto 60, ou ainda artificialmente por meio de máquinas aceleradoras de elétrons (eléctron beam).O eléctron beam é utilizado para a esterilização de materiais plásticos de baixa espessura.

Radiação GamaÉ produzida pela desintegração de certos elementos radioativos, o mais utilizado é o Cobalto 60. Os raios gama possuem grande penetração nos materiais.

UtilizaçãoEste tipo de esterilização é utilizada, especialmente, em artigos descartáveis produzidos em larga escala (fios de sutura, luvas e outros)

 Mecanismo de açãoA ação antimicrobiana da radiação ionizante se dá através de alteração da composição molecular das células, modificando seu DNA. As células sofrem perda ou adição de cargas elétricas.Existem fatores ambientais, físicos e alguns compostos que influenciam na resposta celular à radiação aumentando ou diminuindo sua sensibilidade a esta. Há também microrganismos que são mais resistentes à radiação, como os esporos bacterianos; as leveduras e fungos têm resistência considerada média e os gram negativos têm baixa resistência à radiação.

 Vantagens- Possui alto poder de penetração.

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- Atravessa embalagens de papelão, papel ou plástico.- O material que se esteriliza não sofre danos físicos ou outros que podem ocorrer nos demais processos.

Desvantagens- Custo elevado.- Necessidade de pessoal especializado.- Necessidade de controle médico constante para o pessoal que trabalha.- Conhecimentos escassos sobre o assunto nesta área - esterilização.

ProteçãoA exposição à radiação ocupacional tem seus limites estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN - e as normas técnicas para seu uso são regulamentadas pelo Estado de São Paulo.O uso de dosímetros (de uso pessoal) é necessário para que se avalie a exposição do indivíduo à radiação. Estes dosímetros registram a radiação acumulada. Além da utilização de dosímetros, testes laboratoriais e avaliações clínicas devem ser realizadas periodicamente para se detectar alguma complicação ou alteração clínica.

* Aluna do 4o ano de Graduação em Enfermagem - UNICAMP - bolsista de iniciação científica da FAPESP**Enfermeira, Especialista em Central de Material Esterilizado (CME) e Centro Cirúrgico, Supervisora Técnica da CME do Hospital de Clínicas da UNICAMP ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Helena Baena de Moraes Lopes - Professora Assistente Doutora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP

Bibliografia ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ESTUDOS E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (APECIH). Esterilização

de Artigos em Unidades de Saúde. São Paulo, 1998. COSTA, A.O.; CRUZ, E.A.; GALVÃO, M.S.S.; MASSA, N.G. Esterilização e desinfecção:  Fundamentos básicos,

processos e controles. São Paulo. Cortez, 1990.

Radiação não ionizanteDefiniçãoAs radiações não ionizantes, a luz ultravioleta, são aquelas menos energéticas.A luz ultravioleta compreende a porção do espectro que vai de 150 a 3900 A, porém o comprimento de onda que possui maior atividade bactericida está ao redor de 2650 A.A luz solar tem poder microbicida em algumas condições, pois a energia radiante da luz do sol é composta basicamente de luz ultravioleta e na superfície terrestre o comprimento de onda desta varia de 2870 a 3900 A, as de comprimento mais baixo são filtradas pela camada de ozônio, pelas nuvens e pela fumaça. Mecanismo de açãoA radiação não ionizante é absorvida por várias partes celulares, mais o maior dano ocorre nos ácidos nucléicos, que sofrem alteração de suas pirimidas. Formam-se dímeros de pirimida e se estes permanecem (não ocorre reativação), a réplica do DNA pode ser inibida ou podem ocorrer mutações.

MECANISMOS DE REATIVAÇÃO

Foto ReativaçãoApós uma exposição à radiação não ionizante, uma suspensão bacteriana terá ainda uma pequena parte de células viáveis, ou seja, capazes de formar colônias. Se a suspensão bacteriana após ser exposta à luz ultravioleta, ser então exposta à luz visível, a parte de células que restam ainda viáveis será maior. Este fenômeno ocorre devido a uma enzima fotodependente, que realiza a clivagem dos dímeros de timina do DNA, recuperando sua estrutura normal; então células que

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foram aparentemente lesadas sofrem uma reativação à luz visível, esta reativação, porém nunca atinge 100% das células (APECIH, 1998).

Reativação no EscuroAlguns microrganismos podem ainda realizar um processo de reparação da estrutura do DNA, através de um mecanismo que requer uma seqüência de reações enzimáticas. Uma enzima endonuclease dímero-específica e uma exonuclease dímero-específica extraem o dímero de pirimidas formado. A parte retirada é restaurada por outras enzimas, a DNA-polimerase que sintetiza o segmento faltante, e a DNA-ligase que restabelece o posicionamento do segmento.AplicaçõesA radiação ultravioleta não pode ser utilizada como processo de esterilização. Fatores como matéria orgânica, comprimento de onda, tipo de material, tipo de microrganismo e intensidade da radiação interferem na sua ação germicida. Além disso, a radiação não ionizante não tem poder de penetração, age apenas sobre a superfície onde os raios incidem e não atravessam tecidos, líquidos, vidros, nem matéria orgânica. Alguns autores relatam ainda que o vírus HIV tem alta resistência à luz ultravioleta.

A aplicação da luz ultravioleta em hospitais se restringe à destruição de microrganismos do ar ou inativação destes em superfície.

ESTERILIZAÇÃO POR FORMALDEÍDODefiniçãoO formaldeído é um gás incolor, possui odor irritante característico, cáustico para a pele. Quando em concentrações superiores a 20mg/l polimeriza-se formando o paraformaldeído, um precipitado branco. Este, quando aquecido, libera formaldeído.Comercialmente é encontrado em solução aquosa a 38-40% em peso, e contém de 8-15% de metanol como estabilizante (para evitar a polimerização).

FORMULAÇÕESAQUOSA: a 10%, possui agentes tensoativos, antioxidantes, seqüestrantes, dissolvidos em glicerina. Não libera vapores irritantes e conserva as propriedades germicidas do formaldeído.ALCOÓLICA: a 8%, possui agentes tensoativos, antioxidantes, seqüestrantes e etanol a 70%.

Mecanismo de açãoA atividade germicida do formaldeído se deve à aquilação de radicais amino, carboxil, oxidril e sulfidril de proteínas e ácidos nucléicos microbianos, formando pontes metilênicas ou etilênicas, o que impedem que esses compostos celulares realizem suas funções.O formaldeído tem ação lenta. Quando em concentração de 5%, necessita de 6 a 12 horas para agir como bactericida e de 18 horas, a 8%, para agir como esporicida.O formaldeído tem função fungicida, viruscida e bactericida. Se agir por 18 horas tem ação esporicida.IndicaçõesÉ utilizado para esterilização de artigos críticos: cateteres, drenos e tubos de borracha, náilon, teflon, PVC e poliestireno - em ambas as

formulações; laparoscópios, artroscópios e ventriloscópios, enxertos de acrílico - apenas na formulação

aquosa.

DesvantagensO uso do formaldeído tem como desvantagens: perde atividade com a presença de matéria orgânica; odor forte e irritante; a formulação alcoólica corroi metais, danifica lentes, instrumentos ópticos, artigos plásticos e de borracha; deixa resíduos tóxicos em equipamentos;

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possui alta toxicidade. No ar sua concentração máxima permitida é de 1ppm por 30 minutos, podendo após esse limite provocar irritação de mucosas, dermatite, asma, bronquite e pneumonite; é considerado carcinogênico pelo National Institute of Occupational Safety Health (NIOSH).

Cuidados com o uso Primeiramente o artigo deve ser lavado cuidadosamente e depois seco para evitar que não altere a concentração do produto esterilizante; o material pode então ser imerso na solução, o recipiente que contém a solução deve ser tampado; marcar a hora de início do processo; o recipiente deve permanecer fechado durante todo o processo - 30 minutos para desinfecção e 18 horas para esterilização; para manusear os materiais, usar luvas ou pinças, se possível utilizar máscara; enxaguar abundantemente os artigos com água ou soro fisiológico estéreis ou álcool, tomar cuidado para evitar contaminação do material; durante o manuseio do produto, ter cuidado para evitar ingestão acidental do mesmo.

ESTERILIZAÇÃO COM FORMALDEÍDO GASOSO E VAPOR DE BAIXA TEMPERATURA

Este método de esterilização é praticamente desconhecido no Brasil, porém é muito difundido em alguns países da Europa, como a Suécia. É chamado de LTSF (Low Temperature Steam and Formaldehyde Sterilization).A esterilização por este método ocorre através de formaldeído gasoso na presença de vapor saturado, é preciso que a mistura destes componentes esteja uniformemente distribuída na câmara da autoclave.O processo consiste na entrada de vapor e gás de formaldeído através de pulsos na autoclave, após a entrada da mistura há um período de manutenção da esterilização permitindo que o gás se difunda pela carga de materiais. Ocorre então o período de retirada do gás da câmara da autoclave, este acontece por evacuações e jatos de vapor ou ar. Realiza-se então a fase de secagem.O processo dura cerca de 2 horas a 65oC, se a temperatura for mais elevada o tempo de duração do processo diminui.IndicaçõesEste método deve ser utilizado para materiais que não podem ser expostos ao calor - materiais termosensíveis - como equipamentos elétricos, endoscópios.

ESTERILIZAÇÃO POR GLUTARALDEÍDODefiniçãoO glutaraldeído é um dialdeído saturado - 1,5 pentanedial. Em solução aquosa apresenta pH ácido e não é esporicida. As formulações que são utilizadas possuem outros componentes para que a solução passe a ter esta ação. As formulações encontradas são: solução ativada: é adicionada uma substância ativadora, o bicarbonato de sódio, que torna a solução alcalina (pH 7,5 a 8,5), tendo então atividade esporicida. solução potencializada: utiliza uma mistura isomérica de álcoois lineares, possui um pH de 3,4 a 3,5. Essa mistura à temperatura ambiente possui função esporicida baixa e se aquecida a 60oC torna-se esporicida em exposição por 6 horas.

Mecanismo de açãoO glutaraldeído tem potente ação biocida, é bactericida, virucida, fungicida e esporicida. Sua atividade é devida a alquilação de grupos sulfidrila, hidroxila, carboxila e amino dos microrganismos alterando seu DNA, RNA e síntese de proteínas. A atividade esporicida se deve ao fato do glutaraldeído reagir com a superfície do esporo, provocando o endurecimento das camadas externas e morte do esporo.

Indicações

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Pode ser utilizado para a esterilização de artigos termo-sensíveis que não possam sofrer esterilização pelos processos físicos como: enxertos de acrílico, cateteres, drenos e tubos de poliestireno.O glutaraldeído tem sido muito utilizado para desinfecção de alguns equipamentos como endoscópios, conexões de respiradores, equipamentos de terapia respiratória, dialisadores, tubos de espirometria e outros; para este fim o tempo de exposição é de 30 minutos. Ele não é utilizado como desinfetante de superfície por seu custo ser elevado e por ser muito tóxico.

Cuidados no usoO material a ser esterilizado deve ser muito bem lavado e seco, se estiver infectado realizar desinfecção prévia. Feito isso o material pode então ser colocado na solução de glutaraldeído tomando-se os seguintes cuidados: imergir totalmente o material na solução, evitar a formação de bolhas, o recipiente no qual os materiais serão imersos deve estar esterilizado e deve ser preferencialmente de vidro ou plástico; tampar o recipiente, e marcar o início da esterilização; manusear os materiais com uso de luvas ou pinças e máscara, se possível; enxaguar por três vezes os materiais após a esterilização, utilizando água ou soro fisiológico estéreis, tomando cuidado para se evitar contaminação dos materiais; o material deve ser utilizado imediatamente.O tempo de esterilização é preconizado pelo fabricante e varia de 8 a 10 horas.VantagensA utilização do glutaraldeído apresenta as seguintes vantagens: pode ser utilizado na descontaminação de artigos infectados antes da esterilização, pois age na presença de matéria orgânica; não altera materiais como plástico e borracha, nem dissolve o cimento de lentes de instrumentos ópticos e não interfere na condutividade elétrica de equipamentos de anestesia gasosa, pois possui em sua formulação antioxidantes; não é contaminado por microrganismos; não descolora os materiais; à temperatura ambiente mantém sua estabilidade; por ser menos volátil que o formaldeído, libera menos vapores irritantes e odor forte; não é irritante para pele e mucosas, mas pode provocar dermatite de contato.

ToxicidadeO limite máximo de glutaraldeído no ar é de 0,2 ppm, podendo então causar irritação nos olhos, garganta e nariz.Uma ventilação adequada, fechamento hermético dos recipientes onde se realizam as esterilizações podem minizar esses efeitos. Após a esterilização o enxague cuidadoso é muito importante para se evitar reações nos pacientes decorrentes de resíduos de glutaraldeído.

* Aluna do 4o ano de Graduação em Enfermagem - UNICAMP - bolsista de iniciação científica da FAPESP**Enfermeira, Especialista em Central de Material Esterilizado (CME) e Centro Cirúrgico, Supervisora Técnica da CME do Hospital de Clínicas da UNICAMP ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Helena Baena de Moraes Lopes - Professora Assistente Doutora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP

ESTERILIZAÇÃO POR ÓXIDO DE ETILENO

DefiniçãoO óxido de etileno C2H4O é um gás incolor à temperatura ambiente, é altamente inflamável. Em sua forma líquida é miscível com água, solventes orgânicos comuns, borracha e plástico.

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Para que possa ser utilizado o óxido de etileno é misturado com gases inertes, que o torna não-inflamável e não-explosivo. As misturas utilizadas são:

Carboxide: 90% de dióxido de carbono e 10% de óxido de etileno; Oxifume-12: 88% de diclorofluormetano (freon) em peso e 12% de óxido de etileno; Oxifume-20: 80% de dióxido de carbono em peso e volume de gás e 20% de óxido de etileno;

Oxifume-30: 70% de dióxido de carbono em peso e volume de gás e 30% de óxido de etileno.A umidade relativa é de suma importância na esterilização por óxido de etileno. Alguns enfoques são dados a esta importância da umidade na esterilização por óxido de etileno, um deles é o fato de que o aumento da umidade relativa aumenta o poder de esterilização do óxido de etileno. Outro enfoque dado a essa importância é que ocorrem reações químicas entre o óxido de etileno e unidades biológicas, essas reações são ligações covalentes e portanto não se dissociam, para isso a ionização deve ocorrer em um solvente polar; assim a água funciona nesta reação como meio de reação ou solvente.Outro aspecto da importância da umidade neste tipo de esterilização é o fato de que a água e o agente esterilizante promovem reciprocamente a permeabilidade através de embalagens de filme plástico, dependendo de sua característica polar ou apolar. O óxido de etileno funciona como transportador através de filmes não polares e hidrófobos; já a água favorece a passagem de óxido de etileno através de filmes polares (celofane e poliamida, por exemplo).Mecanismo de açãoO óxido de etileno reage com a parte sulfídrica da proteína do sítio ativo no núcleo do microrganismo, impedindo assim sua reprodução.IndicaçõesA utilização do óxido de etileno na esterilização é hoje principalmente empregada em produtos médico-hospitalares que não podem ser expostos ao calor ou a agentes esterilizantes líquidos: instrumentos de uso intravenoso e de uso cardiopulmonar em anestesiologia, aparelhos de monitorização invasiva, instrumentos telescópios (citoscópios, broncoscópios, etc.), materiais elétricos (eletrodos, fios elétricos), máquinas (marcapassos, etc.), motores e bombas, e muitos outros.Este tipo de esterilização contribui para a reutilização de produtos que inicialmente seriam para uso único, assim a prática deste tipo de esterilização evidencia vantagens econômicas, porém a segurança de se reesterilizar estes produtos ainda é questionada. Cuidados no usoA esterilização por óxido de etileno, como os demais métodos, exige limpeza prévia do material, esta deve ser rigorosa. O acondicionamento dos produtos também é questão importante e deve ser adequado ao tipo de esterilização e ao artigo.A esterilização é realizada em equipamento semelhante a uma autoclave e o ciclo compreende as seguintes fases:- elevação da temperatura: até aproximadamente 54oC, a eficiência da esterilização aumenta com o aumento da temperatura, diminuindo o tempo de exposição;- vácuo: de cerca de 660mmHg, assim se reduz a diluição do agente esterilizante e fornece condições ótimas de umidificação e aquecimento;- umidificação: é introduzido o vapor na câmara até atingir umidade relativa de 45 a 85%. A fase de umidificação depende do tamanho e densidade da carga;- admissão do gás: a mistura gasosa sob pressão e concentração pré-determinada é introduzida na câmara;- tempo de exposição: depende do tipo de embalagem, do volume e densidade da carga e se o esterilizador possui circulação de gás. Para esterilIzadores industriais o tempo pode variar de 3 a 16 horas;- redução da pressão e eliminação do gás: devem ser tomados cuidados para proteger os operadores do equipamento, para diminuir resíduos nos produtos e para preservar a integridade da embalagem;- aeração: este período é necessário para que o óxido de etileno residual possa ser reduzido a níveis seguros para a utilização dos artigos nos pacientes e para o manuseio pela equipe, é

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realizado utilizando ar quente em um compartimento fechado específico para esse fim, o tempo desse período depende da composição e tamanho dos artigos, do sistema de aeração, da forma de penetração de temperatura na câmara, do preparo e empacotamento dos artigos e do tipo de esterilização por óxido de etileno. Este período pode variar de 6 horas a 7 dias.ToxicidadeO óxido de etileno é irritante da pele e mucosas, provoca distúrbios genéticos e neurológicos. É um método, portanto, que apresenta riscos ocupacionais.Existem alguns relatos de exposições agudas de humanos a altas concentrações de óxido de etileno, onde foram observadas reações como náusea, vômitos e diarréia (CAWSE et al, 1980 apud APECIH).Há também na literatura estudos que revelam alterações no número e tipo de aberrações cromossômicas em grupos de pessoas expostas a concentrações de 1 a 40 ppm de óxido de etileno, em relação a pessoas não expostas (RICHAMOND et al, 1985 apud APECIH).Os limites estabelecidos de tolerância ao óxido de etileno são:- no ar, a concentração máxima para a qual pode-se ficar exposto é de 1 ppm ou 1,8 mg/m3 para um dia de 8 horas de trabalho;- a exposição ao gás a uma concentração de 10 ppm é por, no máximo, 15 minutos.Cuidados especiaisPara o manuseio de artigos esterilizados por óxido de etileno, antes de passado o período de aeração, deve-se utilizar luvas de borracha butílica. Outro cuidado importante é durante o transporte dos materiais após a esterilização, o carro de transporte deve ser puxado e não empurrado e esse transporte deve ser realizado o mais rápido possível.No caso de ocorrência de vazamento do gás, alguns cuidados devem ser observados:

se entrar em contato com os olhos lavar com bastante água corrente por 15 minutos; se cair sobre a pele lavar imediatamente com água e sabão. Isolar a roupa contaminada; em caso de exposição por muito tempo, levar a pessoa exposta a local arejado e administrar oxigênio se necessário.

Observação: mulheres em idade fértil e gestantes não devem realizar qualquer atividade relacionada com óxido de etileno.

ESTERILIZAÇÃO POR PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

DefiniçãoPeróxido de hidrogênio ou água oxigenada é um agente oxidante e a uma concentração de 3 a 6% tem poder desinfetante e esterilizante, porém pode ser corrosivo para instrumentais.Mecanismo de açãoA ação do peróxido de hidrogênio se deve ao ataque da membrana lipídica, DNA e outros componentes das células, pelos radicais livres tóxicos que o peróxido produz. Alguns microrganismos aeróbios são capazes de produzir catalase ou superóxido dismutase, assim eles se protegem da atividade microbicida transformando o peróxido de hidrogênio em oxigênio e água. Para se evitar esse efeito o peróxido de hidrogênio utilizado para esterilização é de concentração maior e possui estabilizantes.

IndicaçõesPode ser utilizado como opção para esterilização de materiais termo-sensíveis. É usado na desinfecção e esterilização de superfícies planas e sólidas, na esterilização de capilares hemodializadores, na desinfecção de lentes de contato e outros.Está indicado na desinfecção de nebulizadores o que é feito através de nebulização de peróxido de hidrogênio a 7,5% por 30 minutos. É também utilizado para desinfecção de materiais contaminados pelo HIV, a uma concentração de 6%, numa imersão por 15 a 30 minutos.

ToxicidadePossui baixa toxicidade uma vez que é degradado em água e oxigênio.

Cuidados no uso O artigo a ser esterilizado necessita de limpeza prévia;

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o produto é corrosivo, portanto necessita de cuidados no manuseio; a solução deve ser utilizada logo após sua preparação e armazenada protegendo-a da luz; não deve ser usada em artigos de cobre, zinco, alumínio e bronze.

ESTERILIZAÇÃO POR ÁCIDO PERACÉTICO

DefiniçãoConsiste em uma mistura equilibrada entre água, ácido acético e peróxido de hidrogênio. É um produto tóxico e corrosivo. Mecanismo de açãoO ácido peracético age de forma semelhante aos agentes oxidantes como o peróxido de hidrogênio. Tem ação esporicida em temperaturas baixas e mesmo em presença de matéria orgânica.IndicaçõesEste método pode ser aplicado a artigos termo-sensíveis, porém que possam ser totalmente mergulhados no líquido. Materiais de alumínio anodizado não podem sofrer este processo de esterilização por apresentarem incompatibilidade.Os materiais esterilizados por este meio devem ser utilizados imediatamente.

ESTERILIZAÇÃO POR PLASMA DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

DefiniçãoO plasma é um estado físico da matéria definido como uma nuvem de íons, elétrons e partículas neutras, as quais são altamente reativas. É um estado diferente dos demais conhecidos (líquido, gasoso e sólido) e vem sendo chamado de quarto estado da matéria.O plasma é produzido através da aceleração de moléculas de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e ácido peracético, por uma forte carga elétrica produzida por um campo eletromagnético (microondas ou radiofreqüência). Os elétrons dessas moléculas são então "jogados" fora de seus átomos, aceleram partículas carregadas, recombinam-se com outros átomos ou elétrons, retornam para a baixa energia e produzem brilho visível.Mecanismo de açãoOcorre interação entre os radicais livres gerados pelo plasma e as substâncias celulares como enzimas, fosfolipídeos, DNA, RNA e outros, impedindo o metabolismo ou reprodução celular.IndicaçõesEste método de esterilização é utilizado como alternativa para artigos sensíveis a altas temperaturas e à umidade e vem sendo estudada sua característica ecologicamente viável, pois é um sistema de esterilização atóxico, com processo ambiental saudável.Este processo pode ser aplicado em materiais como alumínio, bronze, látex, cloreto de polivinila (PVC), silicone, aço inoxidável, teflon, borracha, fibras ópticas, materiais elétricos e outros. Não é oxidante.O plasma de peróxido de hidrogênio não deve ser utilizado para derivados de celulose, uma vez que o processo se dá a baixas pressões. A esterilização por este método exige embalagens que não contenham em suas formulação celulose. São utilizadas embalagens de Tyvek siliconizado (poliolefinas), Mylar (polietileno em tripla camada) e um polipropileno 100% repelente a líquido, com características de resistência, penetração e impermeabilidade específicos. Os indicadores biológicos utilizados para avaliação do processo também requerem atenção especial, pois originalmente são feitos com fita de celulose impregnados com esporos de bacilos.Ciclo de esterilizaçãoVácuo: é a primeira fase do ciclo, é realizada através de uma bomba de vácuo;injeção: nesta fase, uma ampola de peróxido de hidrogênio é injetada na câmara sob a forma de vapor. Cada ampola contém 1,8 ml de peróxido a 58% e é o suficiente para um ciclo de esterilização. A concentração dentro da câmara torna-se de 6mg/l de peróxido de hidrogênio;difusão: o vapor de peróxido é difundido por toda a câmara e materiais. O tempo dura 44 minutos;

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plasma: nesta fase acontece a formação do plasma, que ocorre mediante a aplicação de energia de radiofreqüência no eletrodo da câmara. Esta fase dura cerca de 15 minutos;ventilação: interrompe-se a emissão de energia e é injetado ar no interior da câmara, voltando assim a pressão atmosférica nesta em cerca de 4 minutos.VantagensEste processo tem como vantagens o fato de realizar a reação química com as unidades celulares muito rapidamente, viabilizando o processo de esterilização em curto espaço de tempo; o fato de a ativação do gás de peróxido se dar por alguns minutos e depois voltar ao estado normal sem deixar resíduos e, no final do processo, ter como produtos de degradação oxigênio e água, não necessitando de período de aeração. Além disso, o processo não requer equipe específica, nem controle exaustivo de monitorização.

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