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ESCOLA TÉCNICA CONGONHAS TÉCNICO DE RADIOLOGIA MÓDULO I Proteção Radiológica

Protecao radiologica[1]

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ESCOLA TÉCNICA

CONGONHAS

TÉCNICO DE RADIOLOGIA

MÓDULO I

Proteção Radiológica

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ÍNDICE Proteção Radiológica.....................................................................................................03

1. Princípios de Proteção Radiológica.............................................................................03

2. Exposições Ocupacionais............................................................................................05

3. Unidades de Radiação.................................................................................................05

4. Orientações Gerais em Proteção Radiológica.............................................................07

5. Radioproteção..............................................................................................................09

6. Unidades de Radiação.................................................................................................10

7. Monitoração e Controle de Trabalhadores..................................................................13

8. Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes...............................................................17

9. Efeitos da Radiação.....................................................................................................18

10. Conceito de Radiação................................................................................................20

11. Característica das Ondas Eletromagnéticas...............................................................20

12. Transferência de Energia...........................................................................................21

13. Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes............................................................22

14. Proteção na Área do Diagnóstico por Imagem em Saúde.........................................25

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PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

Vladimir Jardim Filho

Quando pensamos no uso de proteção radiológica para nos defendermos da radiação, logo pensamos em equipamentos sofisticados e alta tecnologia. Tudo isso pode ser substituído adotando-se por princípio a consciência no trabalho realizado. São três os fatores principais envolvidos na proteção radiológica: • Tempo de exposição • Blindagem adequada • Distância da fonte de radiação. A radiação não pode ser percebida pelos órgãos de nossos sentidos. O que percebemos são seus efeitos, que podem se manifestar no futuro, se medidas de p'roteção radiológica não forem adequadamente adotadas no presente. 1. Princípios de proteção radiológica Os fundamentos da proteção radiológica obedecem ao princípio As Low As Reasonably Achievable (ALARA), expressão que pode ser traduzida como “tão baixo quanto possivelmente exequível” numa referência à utilização de doses mínimas suficientes para o cumprimento de suas finalidades. Os organismos nacionais e internacionais que regulam as normas de proteção radiológica estabeleceram princípios para que todos os profissionais que lidam com radiações ionizantes, pacientes e público em geral, possam conviver de uma forma segura e harmoniosa com essa forma de energia. Os princípios são: justificativa, otimização e limitação de dose. Estão definidos na Portaria Federal nº 453, de 2 de junho de 1998, da ANVISA, (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Princípio da justificativa "O princípio básico de proteção radiológica estabelece que nenhuma prática ou fonte adscrita a uma prática deve ser autorizada a menos que produza suficiente benefício para o indivíduo exposto ou para a sociedade, de modo a compensar o detrimento que possa ser causado”. Em outras palavras, isso significa que só se admite o uso de radiação se for suficiente para produzir algum benefício. Em hipótese nenhuma a radiação poderá ser utilizada com outra finalidade. Princípio da otimização "O princípio da otimização estabelece que as instalações e as práticas devem ser planejadas, implantadas e executadas de modo que a magnitude das doses individuais, o número de pessoas expostas e a probabilidade de exposições acidentais sejam tão baixos quanto razoavelmente exeqüiveis (princípio ALARA), levando-se em conta fatores sociais e econômicos, além das restrições de dose aplicáveis”. Esse princípio estabelece que devemos, sempre que possível, utilizar a menor dose de radiação. O princípio da otimização deve ser rigorosamente observado, planejado e calculado para evitar exposições desnecessárias aos indivíduos. Recomendações práticas para otimização da dose:

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• Usar filtro na janela do tubo • Usar limitadores de campo: cones, cilindros, diafragmas e colimadores • Campo de radiação o menor possível; apenas o suficiente para cobrir a área de interesse • Usar saiote plumbifero, sempre que possível, para proteção das gônadas • Não trabalhar com distância do foco da ampola até a pele inferior a 30cm • Usar ecrans intensificadores de luz verde e velocidade rápida • Realizar calibração periódica dos equipamentos • Evitar a repetição de radiografias • Realizar manutenção periódica no sistema de processamento (evita a perda de radiografia nessa etapa do

exame) • Sempre que possível, utilizar técnica de alto kVp e baixo mAs.

Práticas recomendadas para proteção ao trabalhador: • Submeter-se periodicamente a exame clínico geral • Realizar hemograma completo com contagem de plaquetas • Afastar-se de atividades radiológicas, sempre que forem detectadas alterações hematológicas • Biombos e barreiras - efetuar a exposição sempre protegido por biombos • Usar, sempre que necessário, avental de chumbo, como em exames em leito, UTIs, etc. • Manter-se o mais distante possível da fonte de radiação • Não se expor à radiação primária, mesmo sob a proteção de aventais • Utilizar permanentemente os dosímetros individuais (dosímetro fotográfico, dosimetro

termoluminescente – TLD - e canetas dosimétricas). A intensidade da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância. Quanto mais distante da fonte, menor a dose de radiação recebida pelo profissional.

Onde I = intensidade da radiação e D = distância da fonte.

- Exemplos de intensidade de radiação em relação à distância da fonte.

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Quando o trabalhador realiza exames no leito do paciente utilizando um aparelho de raios X portátil, é aconselhável utilizar o disparador com fio longo; assim, diminuirá muito a dose recebida. Princípio da limitação de dose "Os limites de dose individuais são valores de dose efetiva ou de dose equivalentes, estabelecidos para exposição ocupacional e exposição do público decorrentes de práticas controladas, cujas magnitudes não devem ser excedidas”. A tabela a seguir apresenta os limites admissíveis para o Indivíduo Ocupacionalmente Exposto (IOE). Tabela 1 Limites primários de doses equivalentes (Norma CNEM-3.0 1), em milisievert

2. Exposições ocupacionais As exposições ocupacionais normais de cada indivíduo, decorrentes de todas as práticas, devem ser controladas de modo que os valores dos limites não sejam excedidos. O controle deve ser realizado da seguinte forma:

• A dose efetiva média anual não deve exceder 20mSv em qualquer período de cinco anos consecutivos, não podendo exceder 50mSv em nenhum ano.

• A dose equivalente anual não deve exceder 500mSv para extremidades e 150mSv para o cristalino. 3. Unidades de radiação As grandezas mais utilizadas em proteção radiológica são: Atividade (A) É o número de desintegrações radioativas por unidade de tempo. No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de radiação é o Becquerel. Ao indicarmos esse tipo de unidade de radiação, não podemos deixar de mencionar o tempo de meia-vida (tempo necessário para uma fonte radioativa decair pela metade). Exposição (X) É a capacidade dos raios X ou raios gama de produzirem ionizações no ar. Mede a produção de carga elétrica total produzida em um quilograma de ar. No SI, a unidade utilizada é C/Kg (carga elétrica por unidade de massa). Dose absorvida (D) A grandeza "dose absorvida" engloba todos os tipos de radiações ionizantes e é válida também para qualquer tipo de material absorvedor. Ela pode ser definida como a quantidade de energia transferida na matéria por unidade de massa. No SI, a unidade utilizada é:

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A taxa de dose absorvida pode ser escrita levando em conta a dose absorvida por unidade de tempo (Gy/h). Dose equivalente (H) As grandezas definidas anteriormente levam em conta a energia absorvida pela matéria no ar ou pelo tecido humano, não considerando os efeitos produzidos pela radiação. A dose equivalente considera os seguintes fatores:

a - Tipo de radiação ionizante b - Energia transferida c - Distribuição da radiação do tecido. Com esses fatores, podemos avaliar o dano biológico causado pela radiação ionizante. A dose equivalente é diretamente proporcional à dose absorvida (D), fator de qualidade (Q) e fator de

modificação (N).

O dano será tanto maior quanto maior for a densidade de ionização produzida pela radiação no meio. O fator de qualidade Q considera o dano causado pela radiação ionizante no tecido, por unidade de comprimento. Nessa unidade há uma comparação entre os diferentes tipos de radiações ionizantes. Com esse processo podemos verificar quantas vezes uma radiação causa maior dano do que outra. Tabela 2 Fator de qualidade para alguns tipos de radiação

O fator de modificação N é o produto de outros fatores predominantes. Para efeito de cálculo, o valor adotado é I. No SI, a unidade utilizada é o Sievert (SV). Tabela 3 Antigas e novas unidades

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Relação entre as unidades • Atividade => Ci (Curie) 1 Ci = 2,7 x 10 10 des/seg Beq (Bequerel) • Rõentgeri => 1 R = 2,58 x 10 -4 C/Kg • Dose absorvida => Rad ou Gy (Gray) 1 Rad = 0,01 Gy • Dose equivalente => REM ou Sv (Sievert) I Rem = 0,01 Sv 4. Orientações gerais em proteção radiológica Os trabalhadores das áreas de radiologia e de diagnóstico por imagem devem estar sempre preocupados com os mecanismos de proteção radiológica. Consciência profissional, responsabilidade e bom senso são características que se esperam desses profissionais. Alguns procedimentos simples são importantes na promoção da proteção contra as radiações. O fator distância é um deles. Como a radiação diminui de intensidade na relação inversa do quadrado da distância, quanto mais longe da fonte, menos radiação recebemos. Outro fator é o tempo de exposição. Alguns exames na área da radiologia utilizam fluoroscopia. Essa técnica deve ser usada com critério. O pedal ou disparador da escopia deve ser acionado pelo menor tempo possível para o cumprimento de suas finalidades. Alguns equipamentos possuem dispositivos de alarme que soam a cada cinco minutos do uso dessa técnica. Esses dispositivos servem apenas de alerta. A blindagem é a mais eficiente medida contra as radiações e pode ser classificada em primária e secundária. A primária está relacionada com barreira contra o feixe direto. A blindagem secundária está relacionada com a proteção à radiação espalhada. Apresentamos resumidamente procedimentos simples que ajudam a minimizar a exposição do trabalhador, do paciente e do público em geral: a) Aplicar as normas básicas de proteção: tempo, blindagem e distância b) Evitar a repetição de radiografias c) Nunca ficar na direção do feixe primário de radiação d) Utilizar, sempre que possível, avental plumbiferos, luvas plumbíferas, óculos plumbiferos e protetor de tireóide e) Usar sempre o dosímetro pessoal f) Evitar segurar o paciente na hora do exame g) Se for inevitável segurar o paciente, a pessoa que estiver realizando esse trabalho deverá obrigatoriamente usar avental pumblífero h) Usar, sempre que possível, o protetor de gônadas nos exames que incluem a pelve ou adjacências, desde que este não interfira no resultado do exame

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i) Só realizar exames em mulheres grávidas se expressamente solicitado pelo médico responsável e adotando-se as medidas de proteção para o caso j) Colimar o campo de exposição às dimensões da região anatômica de interesse. Qualificação profissional Nenhum indivíduo pode administrar, intencionalmente, radiações ionizantes em seres humanos, a menos que tal indivíduo seja um médico ou odontólogo qualificado para a prática, ou que seja um técnico ou tecnólogo habilitado na forma da lei e sob a supervisão de um médico ou odontólogo. Para desempenhar as atividades na área das técnicas radiológicas é necessário: a) Possuir formação de Técnico em Radiologia na área da saúde em pelo menos um dos setores de radiodiagnóstico, radioterapia e de medicina nuclear, e na área industrial no setor de radiografia industrial. b) Possuir formação de tecnólogo em radiologia na área da saúde em pelo menos um dos setores de radiodiagnóstico, radioterapia e de medicina nuclear e na área industrial no setor de radiografia industrial. Os ambientes Os ambientes do estabelecimento de saúde que empregam raios X diagnósticos devem estar em conformidade com as normas estabelecidas pelos Ministérios da Saúde para projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.

• As salas de raios X devem dispor de paredes, piso, teto e portas com blindagem que proporcione proteção radiológica às áreas adjacentes

• As blindagens devem ser contínuas e sem falhas • A blindagem das paredes pode ser reduzida acima de 21 Ocm do piso, desde que devidamente

justificado • Particular atenção deve ser dada à blindagem da parede com bucky mural para exame de tórax e às áreas

atingidas pelo feixe primário de radiação • Toda superfície de chumbo deve estar coberta com revestimento protetor, como lambris, pintura ou

outro material adequado • A cabine de comando deve ter dimensões e blindagem que proporcionem atenuação suficiente para

garantir a proteção do operador • Quando o comando estiver dentro da sala de raios X, é permitido que a cabine seja aberta ou que seja

utilizado um biombo fixado permanentemente no piso e com altura mínima de 21 Ocm, desde que a área de comando não seja atingida diretamente pelo feixe espalhado pelo paciente

• A sinalização deve ser visível na face exterior das portas de acesso, contendo o símbolo internacional da radiação ionizante acompanhado das inscrições: "Raios X, entrada restrita" ou "Raios X. Entrada proibida a pessoas não autorizadas".

• A sala deve ter sinalização luminosa vermelha acima da face externa da porta de acesso, acompanhada do seguinte aviso de advertência: "Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida". A sinalização luminosa deve ser acionada durante os procedimentos radiológicos, indicando que o gerador está ligado e que' pode haver exposição. Alternativamente, pode ser adotado um sistema de acionamento automático da sinalização luminosa, diretamente conectado ao mecanismo de disnaro dos raios X.

• Deve haver um quadro com as seguintes orientações de proteção radiológica, em lugar visível: "Não é permitida a permanência de acompanhantes na sala durante o exame radiológico, salvo quando estritamente necessário e autorizado"

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“Acompanhante, quando houver necessidade de contenção de paciente, exija e use corretamente vestimenta pliumbífera para sua proteção" "Nesta sala somente pode permanecer um paciente de cada vez" "Mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez: favor informar ao médico ou ao técnico antes do exame"

• Devem estar dispon eis vestimentas de proteção individual para pacientes, equipe e acompanhantes, e todos os acessórios necessários aos procedimentos previstos para a sala

• Junto ao painel de controle de cada equipamento de raios X, deve ser mantido um protocolo de técnicas radiográficas (tabela de exposição) especificando, para cada exame realizado no equipamento, as seguintes informacões: - Tipo de exame (espessuras e partes anatómicas do paciente) e respectivos fatores de técnica

radiográfica - Quando aplicável, parâmetros para o controle automático de exposição - Tamanho e tipo da combinação tela-filme - Distância foco-filme.

• Não é permitida a instalação de mais de um equipamento de Raios X por sala.

Realização de exames no leito A realização de exames radiológicos com equipamentos móveis em leitos hospitalares ou ambientes coletivos de internação, tais como unidades de tratamento intensivo e berçários, somente será permitida quando for inexeqüível ou clinicamente inaceitável transferir o paciente para uma instalação com equipamento fixo. Nesse caso, deve ser adotada uma das seguintes medidas:

a) Os demais pacientes que não puderem ser removidos do ambiente devem ser protegidos da radiação espalhada por uma barreira protetora (proteção de corpo inteiro) com, no mínimo, 0,5 mm equivalentes de chumbo; ou,

b) Os demais pacientes que não puderem ser removidos do ambiente devem ser posicionados de modo que nenhuma parte do corpo esteja a menos de 2 metros do cabeçote ou do receptor de imagem.

5. Radioproteção Radioproteção é o conjunto de medidas que têm como objetivo proteger o ser humano e o meio ambiente de possíveis efeitos prejudiciais causados pela radiação ionizante. A radiação ionizante, ao atingir o tecido, age sobre os átomos e moléculas, provocando sua divisão em íons, isto é, átomos ou grupos de átomos com sinais elétricos contrários, o que significa que os tecidos podem sofrer alterações em sua estrutura química. No organismo

humano essa ação ionizante age prioritariamente sobre os cromossomos com rupturas, perda ou com recombinações anormais, e seus efeitos manifestam-se durante a divisão celular, causando assim a evolução anormal ou a morte celular.

Para que o profissional compreenda a necessidade de proteger a si próprio e ao paciente das radiações ionizantes durante um exame radiológico, é necessário conhecer alguns conceitos básicos sobre medidas de radioproteção. Durante o disparo, particularmente, as radiações ionizantes podem ser classificadas como:

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Radiação primária: radiação emitida diretamente do tubo, que atravessa a janela central e inferior da calota, atingindo o objeto a ser radiografado. Radiação secundária: radiação emitida pelo objeto atingido pela reação primária. Ao atingir o objeto, a radiação (primária) choca-se com s átomos, projetando a radiação secundária em todas as direções. Radiação de fuga: os raios X produzidos são emitidos praticamente todas as direções dentro do tubo, sendo que os utilizados nos exames são apenas os que atravessam a janela da calota, formando o feixe útil. Raios X que passam pela calota são chamados de radiação de fuga, os que em nada contribuem para as informações da imagem radiográfica. 6. Unidades de Radiação

Para que seja possível compreender as unidades de radiação, é necessário conhecer seu significado, suas siglas, subdivisões e conversões.

• Atividade (A): pode ser definida como o número de átomos que se desintegram por unidade de tempo. Essa grandeza, no Sistema Internacional (SI), é medida pelo Becquerel.

• Becquerel (Bq): unidade internacional que mede a grandeza da atividade (desintegração por unidade de tempo). Essa medida foi estabelecida para substituir a medida Curie (Ci).

• Roentgen (R): quantidade de radiação capaz de produzir determinado número de íons (átomos com carga elétrica) em uma certa quantidade de ar, ou seja, é a unidade de medida da exposição à radiação no ar. Essa unidade foi substituída pelo Coulomb por quilograma (C/kg) - 1 R = 1 Rad= 1 =rem3.

• Curie (Ci): unidade internacional estabelecida para medir a grandeza da atividade, tendo sida substituída pelo Becquerel (Bq).

• Gray (Gy): unidade que substituiu o Rad. Sua equivalência é a seguinte: 1 Gray = 100 rad = 1 Sv. • Sievert (Sv): unidade dosimétrica de dose equivalente: 1 Sv = 100 rem 100rad= 1 Gy. • Rad: unidade aplicada exclusivamente à dose absorvida pelo tecido do paciente. Essa unidade foi

substituída pelo Gray (Gy), sendo que: 1 rad= 0,01 Gy= 1 rem. • Rem: também utilizada para medir a dose absorvida pelo tecido, mas usada exclusivamente para

profissionais (radiologistas, tecnólogos e técnicos) devidamente monitorados com dosímetros de leitura indireta. Sua equivalência é: 1 rem = 1 rad = 0, 01 Sv = 0, 01 Gy.

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• mGy: subunidade de Gray (Gy). • mSv: subunidade de Sivert (Sv): 1 mSv = 0, 1 rem = 100 mrem. • mRad: subunidade de Rad. • mRem: subunidade de Rem, sendo que: 1 mrem = 0, 01 mSv.

Conversão das Unidades A conversão das unidades é feita da seguinte maneira:

• de rad para Gy: divide-se por 100; • de Gy para rad: multiplica-se por 100; • de rem para Sv: divide-se por 100; • de Sv para rem: multiplica-se por 100; • de rem para mSv: multiplica-se por 10; • de mSv para rem: divide-se por 10; • de mSv para mrem: multiplica-se por 100; • de mrem para mSv: divide-se por 100; • de Sv para rad: multiplica-se por 100; • de rad para Sv: divide-se por 100.

Grandezas Dosimétricas Básicas Assim como existem medidas de comprimento, energia, força, massa et que são exemplos de grandezas físicas, cujas unidades, no SI, são, respectivamente: metro (m), joule (j), Newton (N) e grama (g), existem também chamadas grandezas dosimétricas, dentre as quais destacam-se:

• Exposição: grandeza que mede a quantidade de ionização no ar produzida pelos raios X. Foi a primeira grandeza dosimétrica adotada pela física nessa área.

• Kerma: grandeza equivalente à exposição conveniente para uso nas calibrações dosimétricas. • Atividade: número de átomos que se desintegram por unidade de tempo. • Dose absorvida: expressa a energia absorvida em um determinado ponto do corpo (órgão ou tecido).

No tratamento com radioterapia, a dose média absorvida pelo tumor é de 2 Gy (equivalente a 200 rad) em cada aplicação.

• Dose equivalente: grandeza equivalente à dose absorvida no corpo humano, modificada de modo a constituir uma avaliação do efeito biológico da radiação (grandeza dosimétrica especial para fins de proteção radiológica). A dose equivalente anual a que um indivíduo submete-se devido à radiação natural é, em média, 1 mSv ou 100 rem.

• Dose efetiva: destina-se ao uso em radioproteção, incluindo a avaliação de riscos em termos gerais, fornecendo uma base para estimar a probabilidade de efeitos estocásticos apenas para doses absorvidas muito abaixo do limiar para efeito determinístico.

Exposições e Limites Ocupacionais

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Os limites ocupacionais são definidos pela CNEN e atingem todos os técnicos, médicos radiologistas, estudantes, aprendizes e estagiários cujas atividades ocupacionais envolvam o emprego de radiação ionizante. As exposições ocupacionais normais de cada indivíduo, decorrentes de todas as práticas, devem ser controladas. Para que os limites não sejam excedidos, devem ser controlados da seguinte maneira:

• a dose efetiva média anual não deve exceder 20 mSv em qualquer período de cinco anos consecutivos, não podendo exceder, em nenhum ano, 50 mSv;

• a dose equivalente anual não deve exceder 500 mSv para extremidades e 150 mSv para cristalino; • nenhum trabalhador deve ser exposto à radiação sem que haja necessidade, conheça todos os riscos e

esteja devidamente treinado para o desempenho seguro de suas funções. Mulheres grávidas (trabalhadoras ocupacionais) Para mulheres grávidas existem alguns requisitos adicionais, a fim de que não haja perigo de expor o feto à radiação sem controle:

• a gravidez deve ser comunicada ao chefe do serviço de radiologia assim que for confirmada; • as condições de trabalho devem ser revistas para garantir que a dose superfície da área abdominal não

exceda 2 mSv durante o período restante da gravidez, diminuindo, dessa forma, a probabilidade de que a dose adicional do embrião ou feto exceda 1 mSv;

• gestantes não devem trabalhar em áreas controladas; • mulheres com capacidade reprodutiva não devem receber dose superior 10 mSv no abdome, em

qualquer período de três meses consecutivos; • a dose acumulada no feto durante o período de gestação não deve exceder a 1 mSv (100 mrem).

Menores de 18 anos Indivíduos (homens e mulheres) menores de 18 anos não podem trabalhar com radiações ionizantes, exceto:

• se estiverem em treinamento profissional; • se tiverem entre 16 e 18 anos, sendo estudantes ou estagiários. As exposições devem ser controladas de

modo que a dose efetiva anual não exceda 6 mSv e a dose equivalente anual não exceda 150 mSv para extremidades e 50 mSv para o cristalino.

Trabalhadores (estudantes, aprendizes e estagiários) menores de 18 anos, cujas atividades envolvam o emprego de radiação, não devem receber, durante o período de um ano, doses superiores aos limites para indivíduos do público. A exposição ocupacional é proibida a menores de 16 anos. Indivíduos do público Indivíduos do público são quaisquer membros da população não expostos à radiação ocupacionalmente. As exposições normais desses indivíduos, decorrentes de todas as práticas, devem ser restringidas de modo que a dose efetiva anual não exceda 1 mSv. A saber: indivíduos do público são os trabalhadores, estudantes e estagiários que encontram-se fora das áreas restritas da instalação.

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7. Monitoração e Controle de Trabalhadores Dosímetro Individual A dosimetria pessoal visa determinar o nível de doses de radiação recebida pelo trabalhador, como decorrência de seu trabalho. Os trabalhadores ocupacionais (radiologistas, tecnólogos e técnicos) mantêm, diariamente constante contato com fontes de radiação. O grau de exposição à radiação depende do tipo de atividade na qual estão diretamente emprenhados. Para que as doses a que esses profissionais estão expostos sejam medidas de forma precisa e controlada, é necessário o uso de um aparelho individual chamado dosímetro, o qual pode ser de bolso, pulseira ou anel. O dosímetro pode conter filme ou DTL. Este último é o mais utilizado, por conta de suas características e sua praticidade. O dosímetro DTL (dosímetro termoluminescente) é fabricado com um material sensível, o fluoreto de lítio, em forma de cristal, pó ou, mais freqüentemente, de um pequeno disco. Quando exposto à radiação, o fluoreto de lírio armazena energia em forma de elétrons excitados na rede cristalina. Quando os dosímetros são enviados para leitura, são aquecidos e os elétrons excitados voltam ao seu estado fundamental, emitindo luz visível (ultravioleta), a qual é medida de acordo com sua intensidade, sendo proporcional à dose da radiação recebida pelo cristal ou disco. O uso dos dosímetros por parte de radiologistas, tecnólogos, técnicos e estagiários é regido por regras definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), as quais devem ser rigorosamente obedecidas. São elas:

• Profissionais que trabalham com raios X diagnósticos devem utilizar, durante a jornada de trabalho e enquanto permanecerem na área controlada, dosímetro individual de leitura indireta, que deverá ser obrigatoriamente trocado a cada mês.

• O dosímetro individual deve ser utilizado apenas no serviço ao qual foi designado. • Os dosímetros individuais destinados a medir a dose efetiva devem ser utilizados na parte do corpo em

que houver maior exposição às radiações. • Enquanto o avental plumbífero estiver sendo utilizado, o dosímetro individual deve ser colocado do lado

externo do avental. • Nos casos em que as extremidades do corpo possam estar sujeitas a doses relativamente altas, será

necessário o uso adicional de um dosímetro especial: dosímetro de extremidade.

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• Na ausência do usuário, o dosímetro individual deve ser guardado em local seguro, mantido sob temperatura amena e umidade baixa e afastado de fontes de radiação ionizante, sempre junto ao dosímetro padrão.

• Quando houver suspeita de exposição acidental, o dosímetro individual deve ser imediatamente enviado para algum serviço autorizado de leitura dosimétrica.

• Quanto a pessoas que trabalham em mais de um serviço de radiologia, os responsáveis por cada serviço devem adotar as medidas necessárias para garantir que o total das exposições ocupacionais de cada trabalhador nunca ultrapasse os limites permissíveis.

Além da monitoração para trabalhadores (monitoração ocupacional), existe também a monitoração de área, que avalia e controla as condições radiológicas das áreas de uma instalação, incluindo medição de grandezas relativas a campos externos à radiação, contaminação de superfícies e cominação atmosférica. Dosímetro Padrão Juntamente ao grupo de dosímetros de uma instituição, segue sempre um dosímetro especial chamado dosímetro padrão; que é igual aos outros, exceto pelo fato de funcionar como referência no sistema de leitura, ou se as doses indicadas no laudo mensal são calculadas medindo-se o dosímetro de cada usuário e subtraindo-se o valor da dose acumulada no dosímetro padrão - ele é a referência zero para todo o grupo. Sua finalidade pode ser resumida da seguinte maneira: os dosímetros são enviados pelo correio, e, ao chegarem na instituição (hospital ou clínica), são encaminhados ao setor de radiologia para sua utilização no período indicado. Durante todo esse percurso dosímetros estão sujeitos não apenas à exposição da radiação natural, mas também a um possível transporte junto a materiais radioativos, o qual poderia alterar as doses, dando indicações de que as mesmas não são provenientes do trabalho. Portanto, após a leitura do dosímetro de cada usuário, será descontada a leitura do dosímetro padrão. Todos os dosímetros devem ser guardados juntamente com o dosímetro padrão. Controle de Trabalhadores O controle de trabalhadores não é feito somente com o uso de dosímetro individual. Logo após a leitura de cada dosímetro, a empresa de radioproteção responsável por essa leitura vai se encarregar do envio de um documento constando o total mensal de dose equivalente de cada trabalhador, além de notificar o setor radiológico caso haja qualquer alteração acima dos níveis permissíveis. Há ainda um controle médico, realizado na própria instituição hospitalar ou clínica, o qual inclui exames pré-ocupacionais, periódicos, especiais e pós-ocupacionais.

• Para monitoração individual, existe um nível de registro que deve representar 1/10 do limite anual, aplicado de acordo com o período de tempo ao qual a monitoração se refere (mensal).

• O nível de investigação para monitoração individual de trabalhadores deve ser 3/10 do limite anual, aplicado de acordo com o período de tempo ao qual a monitoração se refere (mensal).

• Em áreas controladas, os indivíduos autorizados devem ser monitorados individualmente. Os profissionais devem estar sempre sujeitos a controle médico, incluindo exames a seguir:

• Exame pré-ocupacional: para verificar se o trabalhador encontra-se em condições normais de saúde para iniciar o seu trabalho, devendo incluir seu histórico médico e radiológico sobre as exposições anteriores.

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• Exame periódico: deve ser realizado conforme a natureza da função e a dose recebida pelo indivíduo. • Exame especial: para todos aqueles que tenham recebido doses acima dos limites primários

estabelecidos pela CNEN, ou sempre que o médico julgar necessário. • Exame pós-ocupacional: deve ser realizado logo após o término da ocupação e, conforme o resultado

obtido, solicitar exames médicos suplementares. Na ocorrência de exposição acidental ou de emergência, as doses do trabalhador serão avaliadas imediatamente e para cada trabalhador deve haver um registro médico e radiológico atualizado, o qual deve ser conservado por toda sua vida ou por até 30 anos, mesmo que ele já tenha falecido. Controle dos Equipamentos Radiológicos Os equipamentos radiológicos devem estar em conformidade com os padrões estabelecidos pela CNEN:

• A blindagem da calota do tubo deve garantir ao trabalhador um nível mínimo de radiação de fuga, tanto na calota, quanto por meio do mecanismo de colimação.

• O feixe útil de radiação deve possuir uma filtração total permanente de no mínimo de 2,5mm de alumínio ou 0,03 mm de molibdênio em aparelhos de mamografia.

• Todo aparelho radiológico deve possuir diafragma regulável com localização luminosa a fim de que seja limitado o campo de radiação apenas à parte ou partes do interesse clínico. Os aparelhos dotados de DFF poderão possuir colimação regulável sem localização luminosa, desde que o campo da radiação seja devidamente identificado.

• Todo aparelho deve ser dotado de um mecanismo que identifique quando o eixo do feixe de radiação está perpendicular ao plano receptor da imagem (filme).

• A mesa de comando deve conter um indicador visual do tubo selecionado, para os equipamentos que possuem mais de um tubo.

• Em aparelhos móveis, o cabo disparador deve ter no mínimo 2 m de comprimento. • O suporte do tubo ajustável deve manter o tubo estável durante a exposição.

Os equipamentos de fluoroscopia devem possuir, além dos requisitos descritos anteriormente:

• Um intensificador de imagens. • Um dispositivo visível para selecionar um tempo total de fluoroscopia, não devendo exceder 5 minutos

sem que este dispositivo seja novamente reajustado. Tal dispositivo deve ser dotado de um alarme sonoro para que seja indicado o final do tempo pré-selecionado e continuar soando durante a emissão dos raios X.

• Um conjunto de diafragmas reguláveis, definindo assim o feixe útil. • Uma cortina plumbífera com localização ínfero-lateral para a proteção do trabalhador das radiações

secundárias formadas pelo choque com o objeto radiografado, • Um mecanismo que impeça que a distância foco-pele seja inferior a 38 cm para qualquer equipamento

fixo e 30 cm para qualquer equipamento móvel. • Um mecanismo que garanta que o feixe de radiação seja completamente restrito à área do filme utilizado

(receptor de imagem). • Um sinal sonoro contínuo sempre, que o controle de "alto nível" estiver acionado.

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Controle dos Ambientes Os ambientes nos quais os equipamentos são instalados devem obedecer a alguns requisitos especiais, de modo a evitar que os efeitos das fontes de radiação ionizante ultrapassem a área. Para que haja segurança nos locais adjacentes e para o próprio operador, as salas de exames radiológicos devem estar de acordo com as normas do CNEN:

• Paredes, piso, teto e portas blindados, garantindo proteção radiológica às áreas adjacentes. • Todas as blindagens da sala de exames devem ser continuas e apresentar falhas. • A blindagem das paredes (chumbo ou barita) pode ser reduzida acima de 2,10 m do piso, desde que seja

justificado. • A blindagem da parede que contém a "estativa vertical" deve ser reforçada por ser irradiada

continuamente pela radiação primária em exames de tórax e outros. • Sempre que a blindagem for plumbífera, toda a superficie desta deve ser coberta com revestimento

protetor como lambris, pintura etc. • A cabine onde se encontra a mesa de comando deve possuir dimensões e blindagem que proporcionem

atenuação suficiente e garantem proteção ao trabalhador durante o disparo. Além disso, deve permitir ao trabalhador, durante o disparo, boa comunicação e total observação visual do paciente (visual ou eletrônica).

• No caso em que a mesa de comando encontra-se dentro da sala de exames, será permitido que a cabine seja aberta ou que seja utilizado um biombo de chumbo que será fixado permanentemente no piso com altura mínima de 2,10 m. Nesse caso, a cabine de comando não poderá ser atingida diretamente pelo feixe de radiação secundária.

• A cabine deve estar posicionada de modo que nenhum indivíduo possa entrar na sala durante o disparo sem que seja notado pelo trabalhador.

• Deve haver sinalização visível na face externa das portas de acesso o símbolo internacional da radiação ionizante, além das seguintes inscrições: "Raios X, entrada restrita” ou "Raios X entrada proibida a pessoas não autorizadas". Deve haver também uma sinalização luminosa Vermelha acima da face exterior das portas de acesso, com o seguinte aviso: “quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida”.

• Deve haver um quadro, em local visível, com as seguintes orientações: "Não é permitida a permanência de acompanhantes na sala durante exame radiológico, salvo quando estritamente necessário e autorizado”; "Acompanhante, quando houver necessidade de contensão de paciente, exija e use corretamente a vestimenta plumbífera para sua proteção”; “Mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez, favor informarem ao médico ou ao técnico antes do exame".

• Dentro da sala, deve haver um quadro em lugar e tamanho visíveis paciente, com o seguinte aviso: "Nesta sala somente pode permanecer u paciente de cada vez".

• Dentro da sala deve haver parâmentos de proteção individual para paciente, equipe e acompanhantes; além de todos os demais acessórios aos prece mentos previstos para a sala e, ainda, suportes apropriados para abrigar os aventais plumbíferos, para evitar que sua parte funcional seja danificada.

• Juntamente à mesa de comando de cada aparelho de raios X deve haver um protocolo de técnicas radiográficas (tabela de exposição) especificando, para cada exame realizado, informações como: tipo de exame, espessura da parte do paciente a ser radiografada, com as respectivas dosagens básicas de kV e mAs.

• A sala de exames deve abrigar somente o equipamento e acessórios indispensáveis aos procedimentos radiológicos a que se destinam.

• É terminantemente proibida a instalação de mais de um equipamento de raios X por sala.

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A câmara escura deve ser planejada e construída de acordo com os seguintes requisitos básicos:

• Tamanho proporcional a quantidade de radiografias e ao fluxo de trabalho previstos no serviço. • Vedação apropriada contra a luz do dia ou luz artificial, com atenção especial à porta passa-chassis. • O(s) interruptor(es) de luz clara eleve(m) estar posicionado(s) de modo a evitar acionamentos acidentais.

Exaustor(es) de ar mantendo sempre a pressão positiva no ambiente. • Paredes com revestimento resistente à ação das substâncias químicas utilizadas junto aos locais sujeitos

a sofrer respingos de tais substâncias. • Piso anti-corrosivo, impermeável e antiderrapante. • Sistema de iluminação de segurança com lâmpadas e filtros apropriados aos tipos de filmes utilizados,

com localização superior a 1,20 m do local de onde se manipulam os filmes. • No caso de câmara escura com "revelação manual”, esta deve ser provida de cronômetro, termômetro e

tabela de revelação para que seja garantido o processamento nas condições em que o fabricante dos produtos químicos impõe.

• As caixas de filmes radiográficos devem ser alocadas adequadamente e sempre mantidas na posição vertical, longe das fontes de radiação e em condições de temperatura e umidade compatíveis com as especificações do fabricante.

8. Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes Apesar de a radiação ionizante não poder ser vista, ouvida ou sentida, seus efeitos possuem caráter nocivo às células vivas. O dano causado pela radiação pode ser acumulativo, isto é, embora grande parte dos prejuízos causados sejam reparados com o passar do tempo, ainda pode existir uma pequena fração que não se restaura. Dessa forma, quando um organismo recebe repetidas doses de radiação, a parte que não foi regenerada pode ter os seus danos aumentados, sendo que o mais importante ocorre no DNA. Essas lesões são reparadas pela própria célula sem deixar seqüelas. Desse modo, a quantidade final de danos acumulados pode ser maior do que a de uma dose individual. Assim, quando o dano não é reparado corretamente, pode ocorrer a morte da célula, a incapacidade de reproduzir ou a sua transformação em uma célula viável, porém, com suas características modificadas. Fatores que Influenciam a Magnitude dos Efeitos Biológicos Os grandes responsáveis pelo agravamento dos efeitos causados pela radiação em nosso organismo são:

• Taxa de exposição: quanto maior for a radiação administrada, maior será seu efeito. Quando a dose é dividida em pequenas frações administrada por um longo período, a tendência é diminuir um gama dos efeitos produzidos por essa radiação.

• Área exposta: quanto maior for a área exposta, maior será seu efeito. Isso significa que quando uma parte do corpo é bloqueada contra a radiação diminuem-se os danos causados.

• Variação de sensibilidade celular: as células jovens que se dividem rapidamente e que ainda não tenham especializado suas funções são mais sensíveis à radiação do que aquelas que não se reproduziram e que já têm funções altamente especializadas. Os diversos tipos de células do corpo podem ser classificados de acordo com sua sensibilidade à radiação: - mais sensíveis: glóbulos brancos, glóbulos vermelhos, óvulos e espermatozóides imaturos;

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- sensibilidade intermediária: células epiteliais, em particular as que formam a base do aparelho gastrintestinal; - mais resistentes: células nervosas e musculares.

9. Efeitos da Radiação Efeitos Somáticos Os efeitos somáticos afetam somente a pessoa irradiada e podem ser classificados em duas categorias: efeitos em curto prazo (agudos) e efeitos em longo prazo (tardios).

• Efeitos em curto prazo: são observados em horas, dias ou semanas, após a irradiação. Eles podem ser produzidos apenas com uma grande quantidade de radiação, absorvida em uma grande área do corpo e em curto período. O indivíduo irradiado pode sentir náuseas, vômitos, hemorragias, infecções fortes, diarréia, perda de cabelo etc.

• Efeitos em longo prazo: são observados depois de anos; podem ser causados por grandes exposições em curto espaço de tempo ou por pequenas exposições em longo período. São eles: aumento na incidência de câncer, indução de cataratas, certa anormalidade durante o desenvolvimento do embrião e redução da vida média.

Efeitos Genéticos (Hereditários) Os efeitos genéticos são aqueles que podem surgir quando os órgãos genitais (reprodutores) são expostos às radiações ionizantes, afetando as futuras gerações do indivíduo irradiado, isto é, as radiações são absorvidas pelas células dos testículos (espermatozóides) ou dos ovários (óvulo), podendo ocorrer uma alteração da informação genética codificada, tendo como consequência alguma mutação genética. Se o espermatozóide ou óvulo que sofreu a mutação for, mais tarde, utilizado na concepção, o dano será incorporado ao embrião, e quando suas células se multiplicarem, esse dano fatalmente será reproduzido. Como resultado, todas as células do recém-nascido contêm as informações genéticas danificadas, incluindo aquelas que anos mais tarde irão se tornar células reprodutivas. Quando a criança amadurece e se reproduz, a transferência dessa informação genética alterada será inevitável, podendo continuar por muitas gerações. Algumas dessas mutações chegam a ser letais antes do nascimento do organismo, enquanto outras podem produzir defeitos físicos nas crianças ou simplesmente aumentar a suscetibilidade a determinadas doenças crônicas e anormalidades bioquímicas que não podem ser facilmente observadas. É importante salientar que, durante a gravidez, quaisquer dessas conseqüências vão depender do estágio da gestação quando ocorrer a exposição e da quantidade de radiação recebida. Efeitos Determinísticos Trata-se daqueles para os quais existe um limiar de dose necessária para ocorrência e cuja gravidade aumenta com a dose. Por exemplo: a morte de um número elevado de células pode levar ao colapso do tecido, deixando este de exercer suas funções no organismo. Efeitos Estocásticos São aqueles para os quais não existe um limiar de dose para sua ocorrência, cuja probabilidade é uma função da dose. A gravidade desses efeitos é independente da dose. Por exemplo: uma única célula modificada pode reproduzir, gerando um clone de células modificadas que pode, eventualmente, resultar em um câncer (efeito

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somático); uma única célula modificada pode transmitir aos descendentes informações hereditárias incorrer (efeito hereditário). Doença da Radiação Ionizante Essa doença pode ser definida como uma intoxicação local e geral do organismo, produzida pela energia ionizante e caracterizada pelos seguintes fatos:

• sintomas gerais: cefaléia, vertigem, debilidade, alterações do tato e do olfato; • sintomas gastrintestinais: anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, etc.; • sintomas cardiovasculares: taquicardia, arritmia, queda de pressão sanguínea etc.; • alterações do quadro sangüíneo: leucopenia, trombocitopenia, aumento do índice de sedimentação; • perturbações psíquicas: irritabilidade, fobias, insônia etc.; • baixas defesas orgânicas (inibição na formação de anticorpos): forte propensão de infecções,

estomatites, gengivites, faringites, amidalites, gastrites, abscessos pulmonares, broncopneumonias etc. Sensibilidade dos Órgãos A sensibilidade dos órgãos do corpo humano está diretamente relacionada ao tipo de células que os compõem. Por exemplo: se as células formadoras do sangue são as mais sensíveis, devido à sua taxa de reprodução ser bem rápida, os órgãos formadores do sangue são os mais sensíveis à radiação; as células musculares e as células nervosas são relativamente muito mais resistentes à radiação e, conseqüentemente, os músculos e o cérebro são menos afetados. A taxa de reprodução das células que formam um órgão não é o único critério para determinar a sensibilidade geral. A importância relativa do órgão para o bem-estar do corpo também é importante. Um exemplo de sistema celular muito sensível à radiação é um tumor maligno. A camada externa de células se reproduz rapidamente e também apresenta um bom suprimento de oxigênio e sangue. As células são mais sensíveis quando estão se reproduzindo e a presença de oxigênio aumenta ainda mais a sensibilidade à radiação. As células com oxigenação insuficiente tendem a ser inativas, tais como as células localizadas no interior do tumor maligno. Quando esse tumor é exposto à radiação, a camada externa de células que estão se dividindo é destruída, fazendo com que o tumor diminua seu tamanho, Caso o tumor receba uma alta dose para destruí-lo completamente, o paciente também pode morrer. Assim, diariamente é aplicada uma dose baixa, possibilitando que o tecido tenha chance de se recuperar de qualquer dano enquanto, gradualmente, diminui o tumor altamente sensível. Sensibilidade do Embrião O embrião em desenvolvimento também é composto de células que dividem rapidamente, isto é, com bom suprimento de sangue e ricas em o gênio. Assim como a sensibilidade de um tumor, um embrião sofre sérias conseqüências com a exposição aos raios X. Sensibilidade do Corpo Inteiro A sensibilidade à radiação do corpo inteiro depende dos órgãos, cuja se sensibilidade, conseqüentemente, depende das células mais sensíveis. Vale lembrar que os órgãos mais sensíveis são aqueles envolvidos com a formação do sangue e com o sistema gastrintestinal.

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Os efeitos biológicos no corpo inteiro dependem de vários fatores. Se u indivíduo já é suscetível a infecções e recebe uma alta dose de radiação, pode ser ainda mais afetado por ela do que uma pessoa saudável que tenha recebido a mesma quantidade de radiação. Os fatores que podem acarretar efeitos biológicos são: dose total, tipo de célula, tipo de radiação, idade, estágio da divisão celular, parte do corpo exposto, estado geral da saúde, volume de tecido exposto e intervalo de tempo em que a dose é recebida. Exames em que é recomendada a proteção das gônadas Abdome, coluna lombar, sacro, cóccix, bacia, quadris, fêmur, urografia excretora, mielografia, EED, trânsito intestinal, enema opaco e colecistografia. O ambiente de diagnóstico por imagem na área da saúde pode produzir agressões, inclusive de caráter irreversível, aos trabalha dores, pacientes e indivíduos do público. No entanto, tais agressões podem ser evitadas, se medidas preventivas e de planejamento forem previamente adotadas. A biossegurança aplicada ao setor de diagnóstico por imagem envolve quatro aspectos importantes: 1. Proteção radiológica 2. Proteção contra radiações não-ionizantes 3. Proteção contra contaminação por agentes patogênicos 4. Proteção ambiental. 10. Conceito de radiação Podemos definir como radiação o transporte de energia através do espaço, o que pode se dar em forma de ondas ou partículas. As radiações podem ser classificadas em ionizantes, quando apresentam a propriedade de extrair elétrons de átomos, caso dos raios X, raios gama, entre outros, e não-ionizantes, quando sua energia for insuficiente para “arrancar” o elétron do átomo, caso da luz visível, ultra-sons e ondas de radiofreqüência. Os raios X são ondas eletromagnéticas de curto comprimento de onda que apresentam a propriedade de arrancar elétrons da matéria. Constituem, portanto, uma forma de radiação ionizante. As radiações ionizantes apresentam energia proporcional ao seu comprimento de onda, o que lhes confere diferentes poderes de penetração. 11. Características das ondas eletromagnéticas As ondas eletromagnéticas são originadas por meio de uma combinação de campos elétricos e magnéticos que “viajam” no espaço. Tais ondas não precisam de um meio material para se propagar, diferentemente das ondas mecânicas que dependem da matéria para sua propagação. Por exemplo, o som é uma onda mecânica que não se propaga no vácuo. As principais características das ondas eletromagnéticas são: • Se movem no vácuo com velocidade da luz • Se movem em linha reta • Quando da interação com a matéria, elas são absorvidas ou espalhadas • Sua interação com a matéria pode resultar em reflexão ou difusão. São exemplos de ondas eletromagnéticas: ondas de rádio e televisão, microondas, infra vermelho, luz, raios X e raios gama.

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O poder de penetração das radiações varia conforme sua energia e seu comprimento de onda, grandezas essas inversamente proporcionais. Quanto maior a energia, maior seu poder de penetração e menor seu comprimento de onda. Veja o quadro a seguir:

12. Transferência de energia Quando a radiação atravessa a matéria, transfere toda ou parte de sua energia para o átomo com quem interagiu. Essa transferência de energia pode ocorrer por meio de excitação ou ionização. No processo de ionização, a radiação interage com os elétrons da camada orbital. O elétron recebe energia e ejeta-se do átomo (Figura 2).

Outro processo de transferência de energia ocorre quando o elétron não possui energia suficiente para sair do átomo. Então ele recebe energia e “salta” para uma órbita de maior energia e, quando retorna para sua órbita de origem, libera energia em forma de radiação (calor ou luz). Esse processo de absorção de energia serve de parâmetro para a radioproteção, porque a absorção pelas células do corpo pode gerar danos biológicos, e a absorção pelos materiais leva a um estudo de blindagem e cálculo de barreiras.

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13. Efeitos biológicos das radiações ionizantes O organismo humano é formado por um aglomerado de células. O conjunto de células forma as moléculas, que, por sua vez, formam os tecidos. Estes formam os sistemas. O conjunto articulado e harmônico dos diversos sistemas forma o indivíduo. Veja o esquema:

As células do corpo humano podem ser divididas em dois grandes grupos: células somáticas e células germinativas. As células somáticas são responsáveis pela parte estrutural e funcional do indivíduo, enquanto as células germinativas são responsáveis pela transferência das características hereditárias de pais para filhos. As células germinativas estão envolvidas nos mecanismos de reprodução e localizam-se nas gônadas. Um dos efeitos mais importantes das radiações ionizantes é a mutação celular. Quando a mutação ocorre em células somáticas, sua manifestação ocorre apenas no indivíduo mutante; no entanto, mutações que ocorrem em células germinativas podem ser transmitidas para sucessivas gerações. É fato que as radiações ionizantes são capa zes de produzir danos biológicos aos seres vivos. Quando uma pessoa sofre exposição às radiações de forma descontrolada, ela pode apresentar anemia, perda do número de plaquetas, queda de cabelo, dermatite, esterilidade e espondilite anquilosante, entre outras manifestações. O corpo humano interage diferentemente quando recebe uma dose de radiação. A esse processo denominamos radiosensibilidade celular, que pode ser classificada do seguinte modo: • Células sensíveis: nesta categoria podemos incluir as células germinativas imaturas, células embrionárias, glóbulos brancos (particularmente linfócitos) e glóbulos vermelhos. • Sensibilidade intermediária: células viscerais e epiteliais. • Células resistentes: células nervosas e musculares. A radiosensibilidade celular segue, em linhas gerais, uma relação inversamente proporcional à especialização celular. Quanto mais especializada a célula, menos sensível a radiações. Indivíduos jovens e, em especial, indivíduos na fase embrionária são mais suscetíveis aos efeitos das radiações. O princípio que justifica esse mecanismo está definido na Lei de Bergonie e Tribondeau, cujo enunciado é: “A radiosensibilidade das células é diretamente proporcional à sua capa cidade de reprodução e inversamente proporcional ao seu grau de especialização”. Como a radiação pode danificar uma célula? A radiação pode danificar a célula pelos mecanismos direto e indireto: - Mecanismo direto: a radiação pode agir diretamente com a molécula de DNA, danificando o material genético. - Mecanismo indireto: as moléculas da água são quebradas pela radiação, tornando-as um radical livre. Esse processo, chamado radiólise da água, é de extrema importância, uma vez que 70% de nosso corpo é constituí do por água. Veja o esquema a seguir:

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Todo o processo acontece por conta da ionização. Quando um elétron é arrancado de seu átomo (molécula), os danos causados pela ionização podem ser minimizados se seu portador adotar uma dieta rica em alimentos que possuam vitamina C (laranja, limão, tomate, acerola, caju, couve, agrião, etc.) e vitamina E (amendoim, castanha, óleos vegetais, alface, ervilha, milho, etc.). Essas vitaminas constituem fontes geradoras de elétrons que agem de forma a estabilizar os radicais livres, tornando-os moléculas estáveis. Os efeitos biológicos das radiações podem ser classificados em estocásticos e determinísticos. Estocásticos Não apresentam dose limiar, ou seja, o efeito pode ocorrer em função da dose absorvida (Figura 4). Determinísticos

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Apresentam um limiar de dose, cuja gravidade aumenta com o aumento da dose recebida (Figura 5).

Os efeitos biológicos das radiações podem ser divididos em somáticos e hereditários. Os efeitos somáticos ocorrem no próprio indivíduo exposto à radiação, o que pode ocorrer imediata ou tardiamente à dose recebida. Nesses indivíduos, podemos citar como efeito grave o desenvolvimento de câncer. Os efeitos hereditários são transmitidos para futuras gerações por meio de alterações do código genético (DNA), lembrando que essas alterações cromossômicas ocorrem nos gametas masculinos (espermatozóides) e gametas femininos (óvulos). Podemos citar como efeito hereditário a ausência da íris do olho, hemofilia, daltonismo, albinismo e síndrome de Down. Efeitos somáticos Os efeitos somáticos podem se manifestar imediata ou tardiamente. Os efeitos imediatos possuem um curto período de latência (tempo em que o indivíduo é irradiado até o aparecimento de algum dano biológico). Podemos citar a alta exposição à radiação, que pode causar radiodermite, vômito, falência de alguns órgãos e, no caso de atingir a região das gônadas, a esterilização do indivíduo (Tabela 1).

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Os efeitos tardios possuem um período de latência bastante longo. Às vezes, somente após vários anos o indivíduo pode apresentar algum dano em decorrência de exposição à radiação. Convém esclarecer que, cada vez que nos referimos aos efeitos da radiação, sempre utilizamos as expressões “pode ocorrer” e “pode apresentar”, pois se trata de probabilidades. Efeitos hereditários Esse tipo de efeito é transmitido de pais a filhos e ocorre quando a região das gônadas foi atingida. Como sabemos, é nessa região que carregamos nosso material genético por meio do DNA. Quando atingido pela radiação, esse código é alterado, passando uma informação “errada”. A célula, por sua vez, acaba se reproduzindo de forma desordenada. 14. Proteção na área do diagnóstico por imagem em saúde Proteção radiológica Os principais mecanismos ligados às radiações ionizantes, relacionados com a proteção de pacientes e profissionais que atuam na área do diagnóstico por imagem, são analisados em detalhes no capítulo que trata exclusivamente da proteção radiológica. Proteção contra radiações não-ionizantes Atualmente, os departamentos de diagnóstico por imagem não lidam apenas com fontes de radiação ionizante. Outras formas de energia, como ondas eletromagnéticas de radiofreqüência e ondas de ultra-som também são amplamente utilizadas. Por isso, medidas preventivas e de planejamento devem ser implementadas visando a segurança das pessoas envolvidas nessas áreas. Ondas eletromagnéticas de radiofreqüência As ondas eletromagnéticas de radiofreqüência estão presentes no setor de ressonância magnética. Essa forma de energia pode ser considerada um tipo de poluição invisível que interfere no funcionamento de aparelhos eletrônicos e na saúde do homem. Um dos efeitos mais preocupantes das ondas eletro magnéticas está

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relacionado ao aquecimento dos tecidos biológicos. O excesso desse tipo de radiação pode provocar queimaduras e até mesmo parada cardíaca. Pesquisas em universidades dos Estados Unidos com pessoas continuamente expostas à radiofreqüência relatam distúrbios, como cansaço e perda de memória, e aumento na incidência de câncer. Essas pesquisas são alvo de questionamento por parte da comunidade científica internacional. A esse respeito, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que os riscos levantados “demandam urgência no desenvolvimento de programas que levem a um consenso científico que possibilite a clarificação desses assuntos”. Como o aquecimento é maior em objetos metálicos, pacientes que apresentam próteses precisam ser monitorados durante o procedimento de ressonância magnética (RM). Durante o exame, é conveniente o operador estabelecer um bom nível de comunicação com pessoas portadoras de próteses metálicas. Os limites estabelecidos para a exposição à radiofreqüência são medidos com base na taxa de absorção específica expressa em watts/kg, que depende da massa do paciente, do campo elétrico induzido, da densidade do tecido e de sua condutividade. Dessa forma, a massa do paciente informada no momento que antecede o exame é importante para a segurança deste, pois limita o depósito de radiofreqüência à sua massa corporal. Nos EUA, os níveis da taxa de absorção recomendada são os seguintes: • 0,4 watt/kg para o corpo todo • 3,2 watt/kg para a cabeça • 8,0 watt/kg para as extremidades. Com essas taxas, admite-se aumento da temperatura na cabeça de 1 grau. No tronco, de 2 graus, e nas extremidades, de 3 graus. Efeitos do campo magnético na ressonância magnética Os estudos sobre eventuais efeitos adversos decorrentes de altos campos magnéticos sobre células biológicas realizados até o momento não conseguiram provar nenhuma relação de dano real para campos de até 2T (T = Tesla = unida de campo magnético). Há, no entanto, uma certa cautela por quem trabalha nessa área, porque não se sabe se no longo prazo pode ha ver alguma manifestação. O que há de concreto nesse segmento é o envolvimento com uma brutal força de atração de objetos metálicos ferromagnéticos (ferro, níquel e cobalto). Acidentes envolvendo objetos ferrosos têm sido observados com freqüência nesses setores. Objetos que possuem grande massa são for temente atraídos pelo sistema, com relatos de acidentes graves que ocasionaram trauma crânio-encefálico seguido de morte. Ambientes de ressonância magnética necessitam de sinalização de alerta contra perigos potenciais representa dos pelo alto campo magnético e pelo uso da radiofreqüência nesse setor. Pacientes portadores de marca-passo, clips de aneurismas e neuroestimuladores apresentam contra-indicação ao exame de ressonância magnética e terão de ser submetidos a investigação por outros métodos. Proteção contra ondas de ultra-som Desde que utilizados nos limites de sua aplicação, os ultra-sons empregados em diagnóstico médico não causam danos biológicos significativos aos pacientes, tampouco aos profissionais que operam essas fontes. Quando os ultra-sons atravessam o tecido biológico, são absorvidos e podem produzir um aumento na temperatura local. A taxa de absorção dos ultra-sons aumenta com sua freqüência. O calor produzido pelas ondas de US nas circunstâncias do diagnóstico por imagem é perfeitamente tolerado e não produz maiores conseqüências. Outro efeito verificado por essas ondas é a cavitação, alteração relacionada com a formação de bolhas nos meios líquidos. Há um certo risco associado ao colapso dessas bolhas que, ao se romperem, liberam uma energia que pode promover ruptura de ligações moleculares, com conseqüente surgimento de radicais livres.

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Proteção contra agentes patogênicos O ambiente hospitalar é rico em microrganismos patogênicos. A contaminação de pacientes e de profissionais que atuam em hospitais constitui um dos fatores de maior preocupação por parte dos administradores dessas instituições e das autoridades sanitárias. Setores hospitalares relacionados à intervenção são os que exigem os maiores cuidados, como é o caso do centro cirúrgico, das unidades de tratamento intensivo e do pronto-atendimento. No setor de diagnóstico por imagem, o serviço de hemodinâmica é o que exige maior preocupação em virtude da natureza intervencionista dos exames ali realizados. Nos demais serviços de diagnóstico, a preocupação está ligada aos procedimentos radiológicos de caráter invasivo, normalmente os exames que utilizam meio de contraste. Os cuidados com assepsia em todos os seg mentos do ambiente hospitalar devem ser rigorosos. O profissional das técnicas radiológicas deve adotar até mesmo os procedimentos de assepsia mais elementares, como lavagem das mãos antes e após o manuseio de pacientes em procedimentos de intervenção, pacientes de unidades de tratamento intensivo e os pacientes provenientes do pronto atendimento, que apresentem riscos potenciais. Proteção ambiental Por várias razões, o ambiente hospitalar é inóspito para os profissionais que nele trabalham. A presença de agentes patogênicos no contato direto com os pacientes, bem como com o instrumental, equipamentos e acessórios, talvez seja uma das agressões que proporcionalmente causam menos danos. Os profissionais da área da saúde, em geral, costumam ter mais cons ciência dos riscos da contaminação às doenças contagiosas do que dos riscos decorrentes da exposição a radiações ionizantes. O departamento de radiologia produz formas de agressão que exigem, no mínimo, cautela e atenção. O primeiro grande problema é que as radiações ionizantes em pequenas doses não doem, não deixam seqüelas, e muitos até ignoram a potencialidade de seus riscos. Os pequenos danos causados pela exposição às radiações de baixas intensidades são acumulativos e, potencialmente, podem atingir o limiar para a manifestação de uma doença mais grave, às vezes irremediável em um determinado momento da vida do indivíduo. Alguns mecanismos legais procuram impor limites de jornada de trabalho aos profissionais que atuam nessa área, visando resguardar a própria saúde, mas, infelizmente, questões socioeconômicas impedem o cumprimento dessas normas e, com freqüência, encontramos profissionais submetendo-se a duas, três ou mais jornadas legais de trabalho. Outro aspecto que atinge os trabalhadores que atuam em centros de diagnósticos por imagem e que merece maior atenção está relacionado aos constantes atos de esforços físicos desempenhados por eles. Com freqüência estão envolvidos com atividades de transporte de pacientes em cadeiras de rodas, macas e, destes dispositivos para a mesa de exames, com posterior retorno dos pacientes a seus meios originais de transporte. A freqüência dessa atividade, de forma descontrolada e muitas vezes não valorizada, tem levado um grande número de profissionais ao afastamento temporário de suas funções. Somente com um estudo planejado, envolvendo rodízio de pessoal e o uso de acessórios que possam minimizar os esforços, pode-se ter melhor controle dessas atividades.