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Proteçao social de Cidadania: inclusão de idosos e pessoas com deficiência no Brasil, França e Portugal. Aldaiza Sposati, (org) –São Paulo: Cortez, 2004. O livro inicia mostrando que tratará da proteção social a partir dos preceitos da Constituiçao federal que coloca a assistência como parte da seguridade social o famoso “tripé da seguridade”, (saúde, assistência, seguridade social), e traz ainda que esta proteção social executada pela assistência social, que redistribui as contribuições entre indivíduos que não conseguem prover o mínimo social, em especial idosos e deficientes, é um pilar da Justiça Social. A autora traz algumas teorias sobre Justiça social, como a dos libertaríamos corrente filosófica que trata o termo como idéia de liberdade individual para eles a sociedade somente poderá ser justa se as pessoas forem livres, caso e Estado se proponha a usar mecanismos de distribuição de renda para diminuir as desigualdades, ele estaria violando o direito que o individuo possui de liberdade para escolher se quer ou não usar seus recursos para o auxílio aos mais desprovidos. A teoria utilitarista do bem-estar coletivo, tem como filosofia que o Estado será justo quando contribuir para maximização da utilidade coletiva, porém é considerada uma doutrina consequêncialista, voltada para as conseqüências das ações, o que pode levar a justiça social a um impacto negativo, pelo fato de a distribuição de renda produzir efeitos econômicos negativos, podendo gerar desemprego, enfraquecimento da economia, e acomodação das pessoas beneficiadas. Estas são algumas das teorias abordadas na obra, porem é a partir da análise destas varias teorias que a autora chega a um conceito, em especial das teorias de J.Rawls, A.Sen e M. Fleurbaey.

Proteção Social de Cidadania

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Proteao social de Cidadania: incluso de idosos e pessoas com deficincia no Brasil, Frana e Portugal. Aldaiza Sposati, (org) So Paulo: Cortez, 2004.O livro inicia mostrando que tratar da proteo social a partir dos preceitos da Constituiao federal que coloca a assistncia como parte da seguridade social o famoso trip da seguridade, (sade, assistncia, seguridade social), e traz ainda que esta proteo social executada pela assistncia social, que redistribui as contribuies entre indivduos que no conseguem prover o mnimo social, em especial idosos e deficientes, um pilar da Justia Social.A autora traz algumas teorias sobre Justia social, como a dos libertaramos corrente filosfica que trata o termo como idia de liberdade individual para eles a sociedade somente poder ser justa se as pessoas forem livres, caso e Estado se proponha a usar mecanismos de distribuio de renda para diminuir as desigualdades, ele estaria violando o direito que o individuo possui de liberdade para escolher se quer ou no usar seus recursos para o auxlio aos mais desprovidos.A teoria utilitarista do bem-estar coletivo, tem como filosofia que o Estado ser justo quando contribuir para maximizao da utilidade coletiva, porm considerada uma doutrina consequncialista, voltada para as conseqncias das aes, o que pode levar a justia social a um impacto negativo, pelo fato de a distribuio de renda produzir efeitos econmicos negativos, podendo gerar desemprego, enfraquecimento da economia, e acomodao das pessoas beneficiadas.Estas so algumas das teorias abordadas na obra, porem a partir da anlise destas varias teorias que a autora chega a um conceito, em especial das teorias de J.Rawls, A.Sen e M. Fleurbaey.Esta pode ser assim analisada como um conjunto de mecanismos de redistribuio de rendas que tem por misso beneficiar os menos protegidos pela eficcia do sistema econmico, ampliar o leque de possibilidades oferecidas aos indivduos no curso de sua vida, favorecer a igualdade de chances, reduzir ou apagar as desigualdades ligadas a fatores negativos que reduzem as potencialidades (capabilidades) de certos indivduos e, assim, contribuir para a realizao do bem-estar individual e do bem-estar coletivo.(Spozati,2004,p22)Com o crescimento da globalizao em 1980, houve um fortalecimento das idias neoliberais, muito difundidas na poca, e um enfraquecimento da legitimidade da proteo social, o que no deixa de ser uma ironia, pois neste momento que h maior necessidade de proteo social, justamente pelo fato de os neoliberais buscarem a diminuio de direitos conquistados pelos trabalhadores e sociedade.Nesta poca passou a ocorrer um crescimento das desigualdades, a mo-de-obra foi substituda por modernas mquinas que faziam o trabalho autonomamente, gerando desemprego e abrindo possibilidade de flexibilizao do emprego, como terceirizao, temporrios, trabalho parcial ou por encomenda, o que leva a diminuio dos salrios, perca dos direitos trabalhistas conquistados, aumento da pobreza e tambm leva essa massa de desempregados necessidade de proteo social.O conceito de justia social tambm esta ligado a questo da possibilidade de escolha do individuo, a liberdade de progresso em sua vida. Devem-se promover os direitos bsicos do ser humano: econmicos, social, cultural. Considerados direitos adquiridos, por ser dever do Estado, para que se alcance as escolhas o que chamamos de proteo social que a autora considera como pilar da justia social.Assim, a proteo social aparece como um pilar da justia social: em primeiro lugar porque ela faz parte dos direitos econmicos, sociais e culturais (artigo 22 e 25, da Declarao de 1948 e artigos de 9 a 12 do Pacto Internacional de 1966) em seguida porque participa diretamente do respeito aos outros direitos do homem, pois o exerccio dos direitos civis e polticos supe um nvel de vida decente. (Spozati,2004,p29)Na contramo da proteo social vem a globalizao com seus mecanismos que tem como efeito o enfraquecimento e reduo dos investimentos neste seguimento redestributivo para mudar esta situao a autora prope que seja difundida a idia de que a proteo social faz parte dos direitos do homem e um objetivo comum de toda humanidade (Spozati,2004,p29).A Comisso Europia utiliza normalmente a expresso incluso social para designar a insero social ou profissional dos excludos ou sua integrao no mercado de trabalho e na sociedade. (Spozati,2004,p34).Na Europa como os nveis de desigualdade social estavam exorbitantes, o Estado passou a preocupar-se com a proteo social, tornando-se um item prioritrio para o governo, o que se nota com o incio da aplicao do mtodo aberto de coordenao (MAC), que auxiliava na luta contra a excluso social.Muitos elementos assinalam uma ameaa a de regresso social e muitas vezes de recuo do nvel da cobertura social (Irlanda e Pases Baixos). Trata-se principalmente da concorrncia salarial, fiscal e social reforada ainda mais pelo uso exclusivo do euro, pela ativao das despesas sociais, a privatizao dos sistemas de sade e aposentadoria e pela perspectiva da entrada de pases do Leste e da Unio Europia. (Spozati,2004,p34, 35).O risco de regresso social surge quando h uma grande disparidade salarial no pas, como no exemplo citado que ocorre a desvalorizao salarial dos trabalhadores pouco qualificados, enquanto por outro lado h aqueles bem pagos, isso pode resultar segundo a autora em novas necessidades sociais como: desemprego, necessidade de auxlio social, recolocao no mercado de trabalho entre outros.As polticas de emprego so conhecidas por ativao das despesas sociais que seguem uma lgica de solidariedade coletiva, so criadas estratgias pelo Estado como, por exemplo, no governo europeu para os desempregados que recebem a renda mnima, aps um tempo de recebimento do benefcio, fica o desempregado condicionado a aceitar um emprego, mesmo que inferior a sua qualificao, sob pena de perder o benefcio.Na Dinamarca e Frana, foram criados programas para jovens desempregados, que auxiliam na insero destes no mercado de trabalho, essas estratgias mostram a vontade do Estado em combater a pobreza e criar polticas de proteo social.O risco que correm esses pases em apostar neste tipo de poltica (de obrigao do retorno ao trabalho) esta no fato de ocorrer caso semelhante de quando foi aplicado nos EUA e Inglaterra, houve um desinteresse ao trabalho, a insero profissional foi insignificante, o que gerou mais desigualdades sociais.Quanto a privatizao da sade e aposentadoria, a sade se for privatizada haver uma segregao entre os com melhores condies de sade que seriam os elitizados, e a discriminao daqueles que tenham doenas mais graves, o que seria mais um ponto de regresso social.No caso de aposentadorias, se privatizar haver um aumento significativo da pobreza entre os idosos e deficientes, os idosos chegariam a idade de se aposentar com um valor insignificante de aposentadoria, por vrios motivos como pelo baixo valor de seus rendimentos profissionais, quanto mais pobre menos ele ter para investir em previdncia, o que traz este resultado no final, a autora destaca tambm que estes fundos so muito onerosos e se quebrarem trar grande prejuzo aos segurados, que antes era arcado pelo Estado e pelas empresas.A adeso dos pases do Leste uma ameaa, pelo fato de o Estado ter que ajudar financeiramente em sua recuperao econmica, a reduo das desigualdades e proteo social sacrificada para atender estes objetivos. A RMG Renda mnima garantida, foi implantada em todos os pases da Europa exceto a Grcia, e trata-se de um benefcio diferenciado, em que so calculadas em funo de complementar a renda de famlias em situao de necessidade.O RGI Renda mnima de insero, foi criada e esta sendo testada em alguns pases, baseada em alm do auxlio, programas de acompanhamento profissional e social, e tambm tem programas e recursos especficos para casos de incapacidade de ocupar emprego, como doenas graves, idoso e pessoa com deficincia.Quatro modelos de proteo social e luta contra excluso.1 modelo social-democrata escandinavo (Dinamarca, Finlndia e Sucia): lgica da universalidade com o fim de garantir uma renda a toda populao com a finalidade de reduzir as desigualdades de renda e ser mais equitativo, a cobertura social bem abrangente, com este benefcio melhoraram as taxas de pobreza, financiado por impostos.2 modelo liberal.(Reino unido e Irlanda); o oposto do escandinavo, preocupa-se com o critrio de necessidade bastante seletivo, tem como finalidade diminuir a pobreza, pouco abrangente e depende de ter recursos para tal, financiado por impostos.3 o modelo Continental (Alemanha, Frana, Benelux, ustria); tem como objetivo segurana, tendo por finalidade salvaguardar o nvel de vida dos segurados, contributivo, o benefcio proporcional a renda, os alemes possuem uma poltica de assistncia social muito generosa e preventiva. Na ustria, a pobreza no um tema de muita importncia, eles investem um pouco na preveno da pobreza entre os idosos, e tem grande onerosidade com o auxlio social. J os demais pases, se preocupam criando programas de luta contra a excluso, o que demonstra boa vontade em relao com a temtica.4 modelo dos pases da Europa do Sul (Espanha, Grcia, Itlia, Portugal); a cobertura social bem menor que dos outros pases europeus, taxa de pobreza alta, eles so limitados pela onerosidade das penses e aposentadorias e pela falta de articulao entre os dispositivos de garantia de recursos, acabam caindo na prtica do clientelismo.Nos pases que possuem maior cobertura social percebido a maior diminuio da pobreza, este foi o impacto dos benefcios sociais sobre a pobreza relativa, como mostram os nmeros.A taxa de pobreza (porcentagem de pobres dentro da populao) na Dinamarca, por exemplo, era de 29% antes dos benefcios sociais e passou a 8% depois deles (1997). (Spozati,2004,p44)O tratado de Amisterd (1997), tem seus artigos a luta contra a excluso e pobreza como objetivo em comum entre os pases que fazem parte, para concretizar tal objetivo eles utilizaram o mtodo de MAC- mtodo aberto de coordenao, e criaram um comit para esta finalidade, este comit servira de referncia para que os pases possam elaborar seus planos e atingir a meta.

Concluso: o desafio da incluso das pessoas e das famlias ser longo e difcil de empreender. O MAC no ser suficiente. Ser preciso contar tambm com o direito europeu para combater eficazmente a excluso e construir a Europa social. Nada de srio ser realizado, a menos que a questo da reduo das desigualdades sociais seja colocada no mesmo patamar no desempenho econmico, e enquanto o comit de proteo social no tiver se tornado o alter ego do Comit de poltica econmica na preparao das grandes orientaes estratgicas da Unio. (Spozati,2004,p53)Cap 3 minimos de cidadania e incluso social: contributos para anlise de percurso e atualidade dos minmos sociais em Portugal.Os mnimos sociais foram estabelecidos com uma viso restritiva e minimalista das necessidades humanas, visando garantir um padro de sobrevivncia biofisiolgico(...) 2004.A definio dos apoios sociais como mecanismo de proteo social possuem duas perspectivas:Lgica da necessidade: garantir a sobrevivncia dos mais desfavorecidos com apoio assistencial principalmente sobre alimentao e moradia.Lgica do estatuto: contraria a anterior, o apoio social ocorre com a idia de justia e dever da sociedade para os mais necessitados, exemplo, quando o rendimento mnimo, auxilio governamental, deve ser inferior ao salrio mnimo.A critica se da por que o Estado utiliza prioritariamente a lgica do estatuto, que na verdade prev aos necessitados menos que o salrio mnimo que j precrio por si s, portanto, ele usa isso apenas como uma forma de manter o status quo social e no um meio de servir ao interesse dos pobres.Conquanto, o autor desconsidera que esta forma de oferecer o mnimo social, possa ser considerado um instrumento eficaz na luta contra a excluso social.A perspectiva de Spozati, (...) uma proposio de mnimos sociais no quadro de uma poltica de proteo social que visa a cobertura de garantias numa base no contributiva, na perspectiva da extenso dos direitos sociais ao portadores de no direitos.Neste entendimento, a institucionalizao de mnimos sociais no significa a padronizao das piores situaes detectadas, mas a perspectivao, numa lgica igualitria, de um padro bsico de vida e necessidades. Assim, o mnimo social, deve ser concebido como ponto de mutao da situao de excluso para a incluso e construdo na base da discrepncia e distribuio entre as piores e as melhores condies de vida da populao, num determinado contexto social concreto e assim estabelecer a escala de qualificao de condies de vida. (Spozati,2004,p63)Em Portugal a instituio dos mnimos sociais, se deu de maneira tardia, at 1974 eles dispunham de uma ajuda temporria e precria, no previsvel e discricionria, esta realidade mudou aps a revoluo de Abril de 1974, quando inicia o processo de institucionalizao de uma rede universal de proteo social, esta era uma rede no contributiva.