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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos: atividade e mecanismo de ação Diego Pereira de Souza Fortaleza-CE 2010

Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos ... · Departamento de Bioquímica e Imunologia- ICB Universidade Federal de Minas Gerais Examinador _____ Dr. Cleverson Diniz Teixeira

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA

Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos

laticíferos: atividade e mecanismo de ação

Diego Pereira de Souza

Fortaleza-CE

2010

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA

Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos

laticíferos: atividade e mecanismo de ação

Diego Pereira de Souza

Orientador: Prof. Dr. Márcio Viana Ramos

Fortaleza-CE

2010

Dissertação submetida à

Coordenação do Programa de Pós-

Graduação em Bioquímica da

Universidade Federal do Ceará,

como requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em

Bioquímica.

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ii

Esta dissertação foi apresentada ao Curso de pós-graduação em

Bioquímica da Universidade Federal do Ceará como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre em Bioquímica, outorgado pela

Universidade Federal do Ceará, e encontrar-se-á disposição na Biblioteca

Central da referida Universidade.

A transcrição ou utilização de qualquer trecho deste trabalho é permitida,

desde que seja feito de acordo com as normas da ética científica.

Dissertação aprovada em: ____/____/____

__________________________________________

Diego Pereira de Souza

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. Márcio Viana Ramos Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Universidade Federal do Ceará Orientador

___________________________________________

Prof. Dr. Carlos Edmundo Salas Bravo Departamento de Bioquímica e Imunologia- ICB

Universidade Federal de Minas Gerais Examinador

___________________________________________

Dr. Cleverson Diniz Teixeira de Freitas Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Universidade Federal do Ceará Examinador

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iii

À memória de

Ananias Azevedo de Souza.

.

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iv

FINANCIAMENTO

Este trabalho foi realizado com o suporte das seguintes instituições:

Universidade Federal do Ceará, através do Laboratório de Bioquímica e

Biologia de Proteínas Vegetais, coordenado pelo Prof. Dr. Márcio Viana

Ramos, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade

Federal do Ceará.

Universidade Federal de Minas Gerais, através do Laboratório de Biologia

Molecular de Produtos Naturais, coordenado pelo Prof. Dr. Carlos Edmundo

Salas Bravo, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade

Federal de Minas Gerais.

Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Ceará (FUNCAP)

Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO)

International Foundation for Science (IFS)

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v

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Márcio Viana Ramos pela competência e valorização

acadêmica que sempre procurou semear em mim. Agradeço a confiança e

paciência (muita paciência). Por me fazer acreditar em um futuro grandioso.

Pela sua obstinação em viabilizar meu crescimento como estudante e pessoa.

Pela orientação. Por ter acreditado em mim e pela amizade.

Ao Prof. Dr. Carlos Edmundo Salas Bravo pela valiosa orientação

científica e apoio incondicional em tudo que precisei. Por ter aberto as portas

do seu laboratório, até mesmo as portas da sua própria casa. Agradeço pela

disponibilidade em me ajudar, desde a minha chegada em MG até a saída.

Espero um dia poder retribuir tudo.

A Profa. Dra. Miriam T. P. Lopes pelo apoio enquanto estive em MG, por

ter aberto sua casa e exporto sua própria família.

Ao Dr. Cléverson Diniz pela co-orientação e participação em todas as

etapas da realização desse trabalho. Pelo incentivo que sempre me deu e por

seu emprenho e amizade ao longo da minha vida acadêmica, bem como

contribuir com meu desenvolvimento intelectual

Ao Dr. Marco T. R. Gomes pelo orientação e por está sempre disposto a

esclarecer dúvidas e fornecer valiosas sugestões para a complementação do

presente trabalho.

Ao Ms. Fabiano Teixeira por seu companheirismo e sua imensa

disponibilidade em me ajudar em qualquer hora. Pela co-orientação nesse

trabalho. Por me ensinar a driblar as dificuldades. Pela amizade.

Aos professores do Departamento de Biologia e de Bioquímica e

Biologia Molecular. Pelas valiosas contribuições na minha formação acadêmica

e como cidadão.

Page 7: Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos ... · Departamento de Bioquímica e Imunologia- ICB Universidade Federal de Minas Gerais Examinador _____ Dr. Cleverson Diniz Teixeira

vi

Aos amigos de Laboratório de Biologia e Bioquímica de Proteínas

Vegetais do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular – UFC. Pela

ótima e agradável convivência e amizade. A Danielle Aragão e Raquel Sombra

pela amizade inconfundível. Ao Jefferson Soares pelos grandiosos

ensinamentos e amizade. A Eliane Silva, Mariana Giovenardi, Mayara

Janaguba, e Cristina Quitina pela amizade e por sempre estarem dispostos a

me ajudar.

Aos amigos do Laboratório de Biologia Molecular de Produtos Naturais

do Departamento de Bioquímica e Imunologia –ICB da UFMG pelo apoio e

amizade.

A minha família (Priscilla, Delan, Dione, Helena, Ananias) pelo amor,

carinho, compreensão e apoio a mim concedido.

“que possamos continuar unidos em todos

os momentos das nossas vidas”

Page 8: Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos ... · Departamento de Bioquímica e Imunologia- ICB Universidade Federal de Minas Gerais Examinador _____ Dr. Cleverson Diniz Teixeira

vii

"A natureza, assim parece, é o nome popular

Para milhares e milhares e milhares

De partículas jogando seu jogo infinito

De “bilhares” e “bilhares” e “bilhares”"

Piet Hein

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viii

RESUMO

Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos: atividade e

mecanismo de ação

Um relevante número de espécies vegetais é descrito como plantas produtoras de um fluido leitoso comumente denominado de látex. Nestas espécies, o látex é sintetizado e armazenado sob pressão em um sistema de canais formados por células altamente especializadas denominadas de laticíferas, cujos citoplasmas estão presentes todas as estruturas eucariontes em meio à água, borracha e inúmeras moléculas, muitas das quais específicas deste conteúdo. Muitos estudos têm sugerido que moléculas produzidas nestes fluidos participam da defesa vegetal. Neste trabalho, o látex de 5 espécies foi coletado e processado em laboratório para obtenção de suas frações protéicas e estas foram avaliadas quanto a atividade sobre fungos fitopatogênicos através de ensaios de inibição da germinação de esporos e crescimento de hifas. Proteínas do látex de Calotropis procera (PLCp), Cryptostegia grandiflora (PLCg) e Carica candamarcensis (P1G10) apresentaram atividade antifúngica enquanto que Plumeria rubra (PLPr) e Euphorbia tirucalli (PLEt) não apresentaram atividade sobre qualquer dos fungos avaliados (Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium oxysporum, Fusarium solani, Rhizoctonia solani, Neurospora sp. e Aspergillus niger). A atividade inibitória das frações protéicas se correlacionou diretamente com a presença de atividade proteolítica do tipo cisteínica presente nas amostras de PLCp, PLCg e P1G10. A atividade antifúngica foi aumentada na presença de DTT, um ativador destas proteases, e foi diminuída ou eliminada quanto às amostras foram pré-tratadas com iodoacetamida (IAA), um inibidor específico de proteases cisteínicas. Além disso, a atividade antifúngica foi observada quando papaína, uma protease cisteínica purificada do látex de Carica papaya foi avaliada, mas tripsina e quimotripsina, duas proteases serínicas não apresentaram atividade. Através de cromatografia em coluna de Mono-S Sepharose acoplada ao sistema de FPLC, uma protease cisteínica foi isolada de PLCg. A proteína purificada (Cg24-I) apresentou massa molecular de 24,118 KDa. A Cg24-I apresentou atividade proteolítica máxima em pH 8,0 e foi inibida por IAA e E-64, utilizando azocaseína e BANA como substratos, respectivamente. Cg24-I inibiu a germinação de F. solani e foi capaz de alterar a permeabilidade das membranas dos esporos na concentração de 28,12 µg/ml. Esse conjunto de resultados sugere que proteinases cisteínicas de fluidos laticíferos participam da defesa das plantas contra fungos fitopatogênicos e que o provável mecanismo de ação destas proteínas seja a alteração da permeabilidade da membrana plasmática destes microrganismos. A descrição de atividade antifúngica de proteases cisteínicas oriundas de fluidos laticíferos não é ainda descrita em detalhes na literatura, sendo este um trabalho original.

Palavras-Chave: látex, atividade antifúngica, proteinases cisteínicas

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ABSTRACT

Inhibitory proteins of plant pathogens in fluids latex: activity and

mechanism of action

Canal systems containing secretions, such as latex, are widely disseminated in

the plant kingdom. These fluids are chemically complex and exhibit intense

metabolism. Despite their origin, latex is the cytoplasm of specialized cells

growing intrusively into organized tissues and organs, forming an

interconnected network allowing latex exudation immediately after tissue

damage. Insecticidal effects of latex proteins have been described, however

minor studies were devoted to investigate antifungal activities in latex. In this

study proteins extracted from latex of Calotropis procera (Ait.) R.Br (PLCp),

Plumeria rubra L.(PLPr), Carica candamarcensis Hook F.(P1 G10),

Cryptostegia grandiflora (PLCg), and Euphorbia tirucalli L. (PLEt) were tested

for antifungal activity against six phytopathogens (Fusarium solani, F.

oxysporium, Aspergilus niger, Rhizoctonia solani, Neurospora sp. and

Colletrotricum gloerosporioides). PLCp, PLCg and P1G10 exhibited antifungal

activity and PLPr and PLEt were not efetive. Inhibitory activity of the protein

fractions correlated with the cysteine-type proteolytic activity found in these

fractions. The endogenous proteolytic activity and inhibitory activity on fungal

growth were both increased when samples were first activated with DTT, a

cysteine proteinase activator. Conversely, pre-treatment of samples with

iodoacetamide, an inhibitor of these proteases rendered all samples deficient of

both, proteolytic and antifungal activities. Antifungal of activity of cysteine

proteinases of latex origin was also confirmed when papain, obtained from latex

of Caryca papaya was tested while purified trypsin and chemotrysin, two serine-

type proteases were not antifungal. A cysteine proteinase was thus, purified

form PLCg by ion exchange chromatography on a Mono-S Sepharose matrix

monitored by a FPLC system. The protein, named Cg24-I exhibited molecular

mass of 26.118 KDa determined by MALDI spectrometry; maximum of

proteolysis at pH 8.0 and inhibited by iodoacetamide and E-64 when assayed

with azocazein or BANA as substrates. Cg24-I inhibited germination of F. solani

and altered membrane permeability of spores at a minimum concentration of 90

ng/ml. Results present here suggest that cysteine proteinases of laticifer fluids

are proteins with antifungal activity capable of damaging spore structure and

inhibiting hyphae growth. Reports of antifungal activity of latex proteases are

still scarce in literature and this work appears as an important contribution to

this field. Furthermore, this work gives important evidence for the multiple

defensive role of latex in plants.

Key-words: latex, antifungal activity, proteolytic activities, cysteine proteinase

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_______________________________________________________________

LISTA DE FIGURAS

_______________________________________________________________

Figura 1 Representação esquemática e anatomia dos dois

tipos de laticíferos

5

Figura 2 Efeito inibitório de proteínas laticíferas sobre o

crescimento de diferentes fungos fitopatogênicos

40

Figura 3 Ensaio de inibição da germinação de esporos de F.

solani utilizando a fração protéica do látex de C.

procera

43

Figura 4 Ensaio de inibição da germinação de esporos de F.

solani utilizando a fração protéica do látex de Cr.

grandiflora

44

Figura 5 Ensaio de inibição da germinação de esporos de F.

solani utilizando a fração protéica do látex de Ca.

cadamarcensis

45

Figura 6 Ensaio de inibição da germinação de esporos de F.

solani utilizando a papaína, tripsina e quimotripsina

46

Figura 7 Cromatografia em coluna de troca catiônica “Mono-S

Sepharose” acoplada ao sistema FPLC

47

Figura 8 Eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% na

presença de β mercaptoetanol dos picos eluídos da

cromatografia em coluna Mono-S Sepharose.

49

Figura 9 Perfil cromatográfico do PIII em cromatografia de

fase reversa em coluna C4

51

Figura 10 Zimograma e Espectrometria de Massa 53

Figura 11 Efeito de inibidores específicos na atividade

proteolítica presente no PIII, utilizando caseína ou

BANA

55

Figura 12 Efeito do pH na atividade proteolítica do PIII

utilizando caseína como substrato.

56

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Figura 13 Ensaio de inibição da germinação de esporos de F.

solani utilizando a protease CG24-I

57

Figura 14 Efeito da CG24-I sobre a permeabilidade da

membrana plasmática de esporos de F. solani

58

_______________________________________________________________

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xii

_______________________________________________________________

LISTA DE TABELAS

_______________________________________________________________

Tabela 1 Alguns hospedeiros e as doenças causadas por

fungos utilizados neste estudo

12

Tabela 2 Classes de proteínas antifúngicas 15

Tabela 3 Atividade antifúngica (IC50) de proteínas laticíferas de

C. procera, Cr. grandiflora, Ca. candamarcensis, P.

rubra e E. tirucalli

35

Tabela 4 Efeito inibitório das proteínas dos látices nativas e

tratadas com pronase

36

Tabela 5 Atividade proteolítica das proteínas laticíferas

estudadas utilizando azocaseína como substrato

38

Tabela 6 Atividade amidásica específica das frações de C.

grandiflora eluídas da coluna Mono-S Sepharose

50

Tabela 7 Purificação de uma protease de C. grandiflora 54

_______________________________________________________________

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ABREVIATURAS E DEFINIÇÕES

BANA N-benzoil-DL-arginina-2-naftilamida

BApNA N-α-benzoil-DL-arginina-p-nitroanilida

BSA Albumina Sérica Bovina

IC50 Concentração que inibe 50 % do crescimento de fungos

PLCg Proteínas do látex de Crypstostegia grandiflora

PLCp Proteínas do látex de Calotropis procera

PLPr Proteínas do látex de Plumeria rubra

PLEt Proteínas do látex de Euphorbia turucalli

P1G10 Fração protéica de Carica candamarcensis

DMACA 4-Dimetil-amino-cinamaldeído

DMSO Dimetilsulfóxido

DTT Dithiothreitol

EDTA ácido etilenodiamino tetra-acético

E-64 trans-epoxisuccinil-L-leucilamida-(4- guanidino)-butano

HCCA ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico

IAA Iodoacetamida

MALDI Matrix Assisted Laser Desorption Ionization

PEP Pepstatina

PMSF Fenilmetilsulfonilflúor

SDS Dodecil Sulfato de Sódio

TCA Ácido tricloro acetic

TOF Time of Fly

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xiv

SUMÁRIO

Item Título Página

RESUMO xiii

ABSTRACT ix

LISTA DE FIGURAS x

LISTA DE TABELAS xii

ABREVIATURAS E DEFINIÇÕES xiii

I INTRODUÇÃO 1

1.1 Defesa Vegetal 1

1.2 Látex 3

1.3 Evidencias de látices como defesa 6

1.4 Enzimas Proteolíticas 7

1.5 Proteases em Plantas Laticíferas 8

1.6 Proteinases Cisteínicas (EC 3.4.22) em Látices 10

1.7 Fungos e Proteínas Antifúngicas 11

II OBJETIVOS 16

III JUSTIFICATIVA 17

IV MATERIAL E MÉTODOS 18

MATERIAL 18

4.1 Reagentes

18

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xv

4.2 Material Vegetal 19

4.3 Fungos 19

MÉTODOS 20

4.4 Coleta e Fracionamento do Látex 20

4.5 Dosagem de Proteínas 21

4.6 Atividade Proteolítica Total 21

4.7 Ensaio para Detecção de Proteinases Cisteínicas 22

4.8 Ensaios Biológicos 22

4.8.1 Cultivo dos Fungos 22

4.8.2 Obtenção da Suspensão de Esporos 23

4.8.3 Ensaio de Inibição do Crescimento Fúngico em Meio Líquido 24

4.8.4 Ensaio de Inibição da Germinação de Esporos 25

4.8.5 Envolvimento de Proteínas na Atividade Antifúngica 25

4.8.6 Envolvimento das Proteinases Cisteínicas na Atividade

Antifúngica

26

4.8.7 Atividade Antifúngica de Proteinases Purificadas 27

4.9 Purificação de Proteinase com Atividade Antifúngica 27

4.9.1 Cromatografia em Coluna de Troca Catiônica “Mono-S

Sepharose” Acoplada ao Sistema FPLC

27

4.9.2 Concentração das Amostras por Ultrafiltração 28

4.9.3 Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) 28

4.9.4 Zimograma

29

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xvi

4.9.5 Determinação da Atividade Amidásica 30

4.9.6 Cromatografia em Coluna de Fase Reversa 30

4.9.7 Espectrometria de Massa 31

4.9.8 Efeito de Inibidores Específicos na Atividade Proteolítica da

Cg24-I

31

4.9.9 Avaliação da Atividade proteolítica da Cg24-I em diferentes

valores de pH

32

4.9.10 Avaliação do Efeito da Cg24-I Sobre a Germinação de

Esporos de F. solani

32

4.9.11 Avaliação do Efeito da Cg24-I Sobre a Permeabilidade da

Membrana Plasmática de F. solani.

33

V RESULTADOS 34

VI DISCUSSÃO 59

VII CONCLUSÃO 68

VIII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 69

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Souza, D. P., 2010. Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos... Resultados

1

1 - INTRODUÇÃO

1.1 Defesa Vegetal

Como um organismo séssil, uma planta não pode se mover para

escapar de ataques por predadores e invasores. Assim, as plantas

desenvolveram mecanismos complexos de defesa para se protegerem contra

patógenos e insetos, e contra estresses abióticos (DANGL & JONES, 2001;

TIFFIN & MOELLER, 2006). Ao mesmo tempo, alguns destes invasores

desenvolveram meios para superar os mecanismos de defesa de plantas,

como em um jogo de ping-pong de milhões de anos durante a evolução

(FERREIRA, et al, 2007). A cada inovação nos mecanismos de defesas

estabelecidos pelas plantas, novas maneiras para contornar essa defesa

evoluíram no invasores.

Ao longo do tempo, essa luta co-evolucionária entre invasores e plantas

estabeleceu uma das interações mais complexas e interessantes conhecidas

na biologia (TAYLOR, 1998). A interação planta – patógeno pode ser

considerada uma guerra aberta, onde as principais armas são as proteínas

sintetizadas em ambos os organismos (FERREIRA, et al., 2006).

As plantas apresentam estratégias multidimensionais de defesas contra

diversos predadores fitopatogênicos e herbívoros de múltiplas ordens e de

diversos tipos. Esta particularidade leva à classificação dessas defesas de

várias maneiras (UCHÔA, et al, 2002). A defesa física envolve a presença de

espinhos, acúleos, tricomas e tegumentos mais resistentes (LEQUEU, et al.,

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Souza, D. P., 2010. Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos... Resultados

2

2003; MEDEIROS, et al., 2003). A defesa química é um mecanismo de

proteção da planta que envolve a produção de compostos químicos, como

flavonóides, alcalóides, terpenóides, compostos fenólicos, inibidores de

proteinases, vicilinas, lectinas, proteínas inativadoras de ribossomos,

quitinases, proteases, ureases (GOMES, et al., 2005; BECKER-RITT, et al.,

2007; MCCAFFERTY, et al., 2008; FOLLMER, 2008).

As defesas de plantas ainda podem ser classificadas como induzidas ou

constitutivas. Os mecanismos naturais de proteção contra patógenos e

predadores que fazem parte do programa de desenvolvimento normal da planta

são referidos como resistência constitutiva. Além disso, os vegetais podem

ativar mecanismos protetores em resposta a alguma agressão ou infecção,

esse tipo de defesa é denominada de induzida ou adquirida (UCHÔA et al.,

2002, van Loon et al., 2006). Essa resposta induzida pode resultar em efetivos

mecanismos de resistência a doenças, quando ela é expressa pela planta

sistematicamente (KUC & HAMMERSCHMIDT, 1995). Nesse caso, os agentes

envolvidos induzem uma resposta do hospedeiro, não apenas em torno das

partes atingidas, como também em partes da planta distantes da área onde

ocorreu à injúria, sendo este processo denominado de imunização sistêmica

(DEAN & KUC, 1986; GOTTSTEIN & KUC, 1989).

Proteínas induzidas relacionadas à defesa vegetal foram relatadas pela

primeira vez em plantas de tabaco (van LOON, 1997). Essas proteínas

induzidas relacionadas à defesa são denominadas como proteínas

relacionadas à patogênese (PR-proteínas). O conceito de PR-proteínas foi

introduzido em 1980 para designar qualquer proteína codificada por uma planta

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Souza, D. P., 2010. Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos... Resultados

3

hospedeira, que foi induzida somente em situação relacionadas a infecções por

vírus, fungos ou bactérias, ataque por nematóides, insetos fitófagos e outras

formas de animais superiores, tais como herbívoros (ANTONIW, et al., 1980,

FERREIRA, et al., 2007). As famílias das PR-proteínas são enumeradas em

ordem de descobrimento e compreendem de proteínas com características

bioquímicas e biológicas similares. Exemplificando, temos as β-1,3-glucanases,

quitinases, inibidores de proteinases, proteinases, peroxidases e defensinas

que pertencem às famílias PR-2, PR-3 e PR-6, PR-7, PR-9 e PR-12,

respectivamente (FERREIRA, et al., 2007)

1.2 Látex

O termo látex é amplamente usado para descrever um líquido de

aspecto leitoso, presente em, aproximadamente, 20.000 espécies de plantas

de 40 famílias (DOMSALLA & MELZIG, 2008). Quando os vegetais sofrem

algum tipo de injúria física, o látex é liberado, e aglutina progressivamente,

impedindo que patôgenos penetrem na área danificada. Devido a essa e outras

observações, o látex tem sido amplamente relacionado com a defesa vegetal

contra a invasão de patógenos e insetos (FARREL, et al., 1991; BERNAYS &

CHAPMAN, 1994, HAGEL, et al., 2008). O látex também pode ter uma ação

colante imobilizando pequenos insetos ou mesmo uma lagarta (DUSSOURD,

1995). Entretanto, além deste efeito mecânico, a composição química do látex

parece ser também objeto de defesa, neste caso agindo quimicamente no

combate a fungos e insetos (GIORDANI, et al., 2002; RAMOS, et al., 2007).

Látex é uma suspensão aquosa ou emulsão de vários tipos de partículas

sintetizadas e armazenadas sob pressão em um sistema de canais formados

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Souza, D. P., 2010. Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos... Resultados

4

por células denominadas de laticíferos. Neste fluído são encontrados proteínas,

terpenos, alcalóides, vitaminas, lipídios, aminoácidos livres, amido, açúcares,

óleos, taninos, resinas, borracha e típicas estruturas sub-celulares, variando

seu teor de acordo com a espécie (MORCELLE, et al., 2004; DOMSALLA &

MELZIG, 2008). Geralmente, metabólitos específicos presentes no látex são

derivados do metabolismo primário do vegetal, que não são reaproveitados

pelas células (HAGEL et al., 2008). Embora o látex, na maioria das vezes,

apresente aspecto leitoso, este pode apresentar coloração amarelada ou

alaranjada, como em plantas pertencentes à família Papaveraceae, marrom-

amarelado em plantas do gênero Cannabis, ou pode ser límpido como em

Nerium oleander (KEKWICK, 2001).

O látex é secretado por estruturas especializadas, que são compostas

por uma única célula ou um enfileirado de células altamente especializadas,

chamadas de laticíferos. Os laticíferos podem ser divididos, considerando seus

aspectos anatômicos, em dois tipos: os articulados, que são formados por

células seqüenciais interrompidas pela parede celular, mas interconectadas; e

os não articulados, que são formados por uma única célula que cresce nos

espaços intercelulares e eventualmente se ramificam nos tecidos das plantas

de um modo similar às hifas de fungos (KEKWICK, 2001) (FIGURA 1). Em

algumas espécies, os laticíferos consistem de discretas cadeias de células (não

anastomizadas), enquanto outras podem ser conectadas lateralmente para

formar uma estrutura similar a uma rede (anastomizado) (HANGEL, et al.,

2008).

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Souza, D. P., 2010. Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos... Resultados

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Figura 1: Anatomia dos quatro tipos principais de laticíferos mostradas através

de cortes longitudinais de caule de oito espécies de plantas. O canal laticífero

está indicado pelo asterisco vermelho (HAGEL et al., 2008)

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Souza, D. P., 2010. Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos... Resultados

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1.3 Evidências do látex como defesa

Várias funções biológicas têm sido atribuídas aos laticíferos. Tem-se

sugerido há 100 anos, desde que o látex foi encontrado em plantas do semi-

árido, que os laticíferos podem ser uma reserva de água, mas nem todas as

plantas que contêm látex estão restritas a regiões secas. Possivelmente, a

justificativa mais aceita da presença de látex é seu envolvimento na defesa da

planta (KEKWICK, 2001).

A presença de glucanases e quitinases (VAN LOON & VAN STTRIEN,

1999), funcionaria como defesa contra fungos. Outro mecanismo proposto é a

proteção contra herbívoros através da presença de inibidores de proteinases

(SRITANYARAT et al., 2006), os quais podem inibir as enzimas digestivas

destes, causando uma disfunção nutricional (AZARKAN, et al., 2004).

Outro dado importante que corrobora a hipótese da função do látex

atuando como um mecanismo de defesa de planta, é que após injúrias

consecutivas de frutos imaturos de Carica papaya, a composição bioquímica do

látex sofre modificações. A papaína presente no látex passa a ser liberada

tanto com uma maior atividade proteolítica como em maior quantidade,

provavelmente para aumentar a defesa contra larvas de insetos. Em adição,

outras três substâncias têm suas concentrações aumentadas no látex desta

planta: uma proteína inibidora de tripsina, uma quitinase classe II e uma enzima

denominada glutaminil ciclase (AZARKAN, et al., 2004). Esta última, realiza a

ciclização da glutamina presente em cadeias polipeptídicas liberando como

subproduto a amônia, uma substância volátil que possui efeitos inibitórios sobre

alguns microorganismos (BANUELOS, et al., 2000).

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Diversos estudos foram realizados adicionando látex em dietas artificiais

para avaliar o papel na resistência. Por exemplo, proteínas do látex de

Calotropis procera adicionada em dietas artificiais provocaram efeitos

inseticidas contra o Callosobruchus maculatus, Anticarsia gemmatalis e

Ceratitis capitata (RAMOS, et al., 2007; RAMOS, et al., 2010).

1.4 Enzimas Proteolíticas

Proteases ou peptidases são enzimas que catalisam a hidrólise da

ligação peptídica. Elas podem ser divididas em exopeptidases e

endopeptidases de acordo com a posição da ligação peptídica na qual elas

agem. Deste modo, as exopeptidases podem agir unicamente sobre ligações

envolvendo aminoácidos carboxi- ou amino-terminais da cadeia peptídica,

sendo denominadas carboxi-peptidases ou amino-peptidases, respectivamente.

As endopeptidases ou proteinases (EC 3.4) têm a capacidade de agir sobre

todas as ligações peptídicas envolvendo outros aminoácidos que não os

terminais (BARRETT, 1986).

As proteinases são divididas segundo o resíduo de aminoácidos

presentes no sítio catalítico e ou seu mecanismo de catálise em: proteinases

serínicas (EC 3.4.21), que possuem um resíduo de serina no sítio ativo;

proteinases cisteínicas (EC. 3.4.22), que possuem um resíduo de cisteína que

participa da catálise enzimática; proteinases aspárticas (EC 3.4.23)

dependentes de um resíduo de aspartato que participa da catálise enzimática;

metaloproteinases (EC 3.4.24) que usam um metal (normalmente Zn2+) na sua

catálise (BARRETT, 1994). As proteases glutâmicas são encontradas em

fungos e possuem um resíduo de acido glutâmico no sítio catalítico

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(FUJINAGA, et al., 2004). Proteases treoninas requerem um resíduo de

treonina para sua atividade catalítica. Por fim, existem aquelas que não têm o

mecanismo de catálise decifrado, essas pertencem ao clã das proteinases

desconhecidas (LÖWE, et al.; 1995; RAWLINGS, et al., 2010). O grupo

hidroxila das proteinases serínicas e treoninas e o grupo sulfidrila das

proteinases cisteínicas agem como nucleófilos durante a catálise, enquanto a

água atua com nucleófilo nas proteinases aspárticas, glutâmicas e

metaloproteinases (SALAS, et al., 2008).

1.5 Proteases em Plantas Laticíferas

Enzimas proteolíticas em plantas estão envolvidas em todos os aspectos

do crescimento e desenvolvimento, incluindo a germinação, senescência e

morte celular programada, e o látex é uma importante fonte dessas enzimas

(DOMSALLA & MELZIG, 2008). A utilização do látex na medicina tradicional e

na indústria é bem conhecida. Atualmente, pesquisas de proteases presentes

em látices são direcionadas, principalmente, para aplicações comerciais

(GOLOVKIN, 2006) ou em relação a problemas alergênicos (RADAUER, 2007).

A presença de enzimas proteolíticas em látex de plantas de diversas

famílias é bastante conhecida. A função dessas proteases ainda não é bem

elucidada. Uma possibilidade é a degradação de proteínas durante o

desenvolvimento do laticífero ou o favorecimento da coagulação (DUBEY &

JAGANADHAM, 2002). Algumas plantas secretam imediatamente o látex

quando as folhas, caules ou frutos são injuriados (AGRAWAL, 2009). O látex

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escorre por alguns minutos até formar um coágulo em volta da área danificada.

A coagulação é um processo vital para a defesa das plantas contra possíveis

ataques de patógeno. O látex pode agir para proteger o meristema cambial e

os conteúdos dos tubos crivados de predadores, parasitas ou agentes

patogênicos. Assim, enzimas proteolíticas presentes no látex podem está

envolvidas nesse processo de coagulação (LIGGIERI, et al., 2004).

As proteases de látices são relacionadas à proteção de frutos em

processo de amadurecimento contra patôgenos. A presença de atividade

bactericida em látex de frutos de Carica papaya, Ficus glabrata, Ervatamia

coronaria e Tabernaemontana divaricata sugerem que as proteases agem na

proteção (PATEL & JAGANNADHAM, 2003). As enzimas proteolíticas têm

também um papel importante na fisiologia da planta. Eles não somente mantém

o “pool” de proteínas na célula, mas também estão envolvidas em vários

processos intra e extracelulares, como a senescência da folha, quebra de

proteínas de armazenamento, na germinação da semente, desenvolvimento e

amadurecimento dos frutos, mecanismos regulatórios, e outros. Tecidos que

são metabolicamente muito ativos tem abundância de atividade proteolítica

(PANDE, et al., 2006).

A maioria das proteases encontradas em látices pertence à família das

proteinases cisteínicas e serínicas. Somente alguns membros da família das

proteinases aspárticas são conhecidos e nenhuma metaloprotease foi descrita

em látex até agora (DOMSALLA & MELZIG, 2008).

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1.6 Proteinases Cisteínicas (EC 3.4.22) em Látices

No banco de dados MEROPS (http://merops.sanger.ac.uk/index.htm),

todas as proteases são anotadas de acordo com a classificação de RAWLINGS

e colaboradores (2010). Até janeiro de 2010, o MEROPS listava 155.000

sequências de proteases distribuídas em 205 famílias e 52 clãs. As proteinases

cisteínicas representam aproximadamente 17 % das sequências depositadas

no MEROPS, representadas em 72 famílias, pertencentes a 12 clãs.

A maioria das proteinases cisteínicas oriundas de látex pertencem à

família da Papaína (C1). Proteinases cisteínicas de plantas desempenham

importantes papéis nos processos intra e extracelulares, tais como

desenvolvimento e amadurecimento de frutos (BRADY, 1985); degradação de

proteínas de reserva durante a germinação de sementes (KEMBHAVI, et al.,

1993); ativação de zimogênios (TAYLOR & CUMING, 1993). Estão envolvidas

na maturação protéica, degradação e renovação de proteínas em resposta a

vários estímulos externos e também atuam na remoção de proteínas com

conformação anormal (WISNIEWSKI & ZAGDANSKA, 2001). Elas também

participam nos estágios do desenvolvimento vegetal, tais como morfogênese,

biogênese celular e senescência, bem como no processo de morte celular

programada (SOLOMON, et al., 1990; PALMA, et al., 2002). Além disso, elas

estão envolvidas na percepção, sinalização e resposta a estresses bióticos e

abióticos. (GRUDKOWSKA & ZAGDANSKA, 2004; KONNO, et al., 2004; van

der HOORN & JONES, 2004; GAVIRA, et al., 2007).

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Além da sua importância nos processos fisiológicos, proteinases

cisteínicas de plantas também recebem atenção especial da indústria

alimentícia e biotecnológica devido a propriedade de serem ativas em amplas

faixas de pHs e temperaturas. Elas também têm aplicações na indústria

farmacêutica para produção de drogas. Por exemplo, para cicatrização de

feridas e prevenção de infecção em queimaduras (STARLEY, et al., 1999;

SALAS et al., 2008).

1.7 Fungos e Proteínas Antifúngicas

Fungos são organismos surpreendentes, podendo usar praticamente

qualquer superfície (por exemplo, azulejo de banheiro, peles, folhas, matéria

em decomposição) para se desenvolverem. Infelizmente, eles são muito

eficientes em colonizar e utilizar plantas, seres humanos e animais como

substrato (COX & PERFECT, 1993). A classificação desses organismos

demonstra que cerca de 250.000 espécies de fungos habitam a superfície

terrestre, distribuídos essencialmente em todos os ecossistemas

(SELITRENNIKOFF, 2001). As plantas estão expostas a uma grande

quantidade de fungos patogênicos, embora não tenham sistema imune, elas

evoluíram uma grande variedade de potentes mecanismos de defesa, incluindo

a síntese de compostos de baixo peso molecular, proteínas e peptídeos com

atividade antifúngica (SELITRENNIKOFF, 2001). A tabela 1 mostra exemplos

de fungos fitopatogênicos usados nesse estudo.

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Tabela 1: Alguns hospedeiros e as doenças causadas por fungos utilizados

neste estudo.

Fungos Principais hospedeiros

Doenças causadas

Tecido/órgão injuriado

Referências

Hemibiotrófico

Colletotrichum gloeosporioides

Carica papaya Antracnose de mamão

Frutas Cia et al., 2007

Fusarium oxysporum

Mais de 100 espécies de plantas

Murcha vascular e podridão radicular

Raízes Agrios, 2005

F. solani Glycine max, Phaseolus vulgaris

Deterioração, murcha e podidão de raízes

Raízes Fu & Chang, 1999; Iqbal, et al., 2005;

Necrotrófico

Rhizoctonia solani Oryza sativa, Phaseolus vulgaris

Queima da bainha

Hipocótilos e raízes

Datta, et al., 1999;

Abeysinghe, 2007.

Aspergillus niger

Neurospora sp.

Uva, cebola e amendoim

Mofo negro Frutas Samson, et al., 2001

As proteínas antifúngicas são produzidas por muitos organismos

incluindo plantas superiores, gimnospermas, fungos, bactérias, insetos,

molusco e mamíferos (WANG & NG, 2001; SELITRENNIKOFF, 2001). Nas

plantas, elas estão envolvidas na defesa constitutiva e induzida do vegetal.

Sementes de plantas são especialmente ricas em proteínas antifúngicas, com

quantidades diversas vezes mais altas do que aquelas presentes em folhas e

flores (WANG & NG, 2001).

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Uma grande variedade de sequências de aminoácidos de proteínas

antifúngicas é descrita (NG, 2004). Selitrennikoff (2001) descreveu 13 classes

de proteínas antifúngica (Tabela 2), classificando principalmente em relação ao

seu mecanismo de ação (por exemplo, quitinases, β- glucanases), a sua

estrutura (rica em glicina) ou na sua similaridade com proteínas conhecidas

(proteínas do tipo taumatina) (WANG, et al., 2005).

Os alvos estruturais das proteínas antifúngicas vão desde a parte mais

exterior da célula fúngica, como a parece celular, membrana plasmática e,

finalmente a diversos alvos intracelulares (THEIS & STAHL, 2004). Assim,

essas proteínas exibem uma ampla variedade de mecanismos de ação,

incluindo, por exemplo, inibição da síntese da parede celular ou alteração da

estrutura, formação de poros e canais na membrana, danos nos ribossomos,

inibição da síntese de DNA e inibição do ciclo celular. Contudo, o modo de

ação da maioria dessas proteínas ainda não foi elucidado (SELITRENNIKOFF,

2001; NG, 2004).

Quitinases (EC 3.2.1.14) já foram isoladas de látex de Hevea

brasiliensis, Carica papaya e na maioria das vezes estão associados a

processos de defesa (AZARKAN, et al., 2004). Elas são o segundo principal

grupo de proteínas antifúngicas. Elas catalisam a clivagem das ligações β-1,4-

glicosídica que unem as unidades de N-acetil-D-glicosamina presentes na

quitina, principal componente do exoesqueleto dos insetos bem como da

parede celular da maioria dos fungos (GOORMACHTIG, et al., 1998).

Proteínas do tipo taumatina são proteínas antifúngica que também já

foram purificada de látex, como por exemplo, uma proteína de 22,1 kDa isolada

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látex de Carica papaya (LOOZE, et al., 2009). Osmotina e proteínas do tipo

taumatina (TL), agem através de interação especifica com a membrana

plasmática que resulta na formação de poros. Essas proteínas também

apresentam atividade β-1,3-glucanase (KITAJIMA & SATO, 1999).

Uma das principais classes de proteínas presente em tecidos de plantas,

incluem os inibidores de proteases serínicas, cisteínicas, aspárticas e

metaloproteases. Inibidores de proteases serínicas são considerados

bifuncionais, pois também inibem outras enzimas com a α-amilase

(SELITRENNIKOFF, 2001). Um inibidor de proteinase do tipo Kunitz foi isolado

de látex de Carica papaya (AZARKAN, et al., 2006a).

Como novas proteínas com grande potencial antifúngicas estão

constantemente sendo descobertas, o número de proteínas que não se

enquadram em nenhuma das 12 classes é crescente. Entre elas, proteínas

bem conhecidas tais como lectinas, ribonucleases, desoxoribonucleases,

peroxidases e proteases (AZARKAN, et al., 2006b).

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Tabela 2: Classes de proteínas antifúngicas

Fonte: FERREIRA, et al., 2007

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2 – OBJETIVOS GERAIS

Avaliar o papel de proteínas laticíferas, especialmente de proteinases

cisteínicas, na defesa da planta contra fungos fitopatogênicos.

2.1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a ação do látex de Calotropis procera, Cryptostegia grandiflora,

Carica candamarcensis, Plumeria rubra e Euphorbia tirucalli sobre os

fungos Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium oxysporum, Fusarium

solani, Rhizoctonia solani, Neurospora sp. e Aspergillus niger.

Examinar o envolvimento de proteases cisteínicas na atividade antifúngica

de fluidos laticíferos.

Purificar e caracterizar uma protease de látex com atividade antifúngica.

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3 – JUSTIFICATIVA

O ataque de patôgenos é um dos principais fatores de perda na

produção na agricultura. O uso de agrotóxicos químicos tem várias

características negativas que vão desde problemas de contaminação

ambiental, mortalidade de espécies não-alvo, resistência e surgimento de

novas pragas, até o alto custo econômico para sua aquisição e aplicação.

Muitas alternativas ao uso de agrotóxicos químicos têm sido propostas.

Dentre elas, a utilização de produtos naturais tem sido promissora. Dentro

desse contexto, é crescente a pesquisa por proteínas vegetais que poderiam

ser utilizadas como ferramentas biotecnológicas para tal fim.

Nesse contexto, as plantas laticíferas têm um grande potencial, pois são

reconhecidamente fontes de proteínas relacionadas à defesa vegetal.

Com base no problema exposto, o efeito tóxico de proteínas dos látices

de Calotropis procera, Cryptostegia grandiflora, Carica candamarcensis,

Plumeria rubra e Euphorbia tirucalli foi avaliado sobre seis fungos fitopatôgenos

causadores de grandes perdas em importantes culturas brasileira.

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4 - MATERIAL E MÉTODOS

MATERIAL

4.1 Reagentes

Os meios de cultura Sabouraud Dextrose Agar (SDA) e Yeast Peptone

Dextrose (YPD) foram obtidos da DIFCO e Himedia, respectivamente.

Azocaseína, N-Benzoil-arginina-naftilamida (BANA), Benzoil-arginina-

nitroanilida (BApNA), Trans-Epoxisuccinil-Leucilamido-3-Metil-Butano (E-64),

Tripsina (E.C. 3.4.21.4), Quimotripsina (E.C. 3.4.21.1) e Papaína 2x

cristalisada (E.C. 3.4.22.2), Caseína, Cisteína, Marcadores de Massa

Molecular, Pronase de Streptomyces griseus , Persulfato de Amônio,

Membrana de diálise com poro de exclusão de 8.000 Da foram obtidos de

Sigma ou Sigma-Aldrich Co. USA.

Ditiotreitol (DTT), Dodecil sulfato de sódio (SDS),

etilenodiaminotetraacetico (EDTA), foram obtidos da Amersham Bioscience,

USA. Azul de bromofenol foi obtido da Acros Organics, USA. Albumina Sérica

Bovina Fração V foi obtida de INLAB, Brasil. Triton X-100 foi obtido da USB

Corporation, Cleveland, OH USA. Os demais reagentes foram de grau

analítico.

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4.2 Material Vegetal

Plantas saudáveis e não cultivadas de Calotropis procera (Ait.) R.Br.,

Cryptostegia grandiflora R. Br., Plumeria rubra L. (todas Apocynaceae) e

Euphorbia tirucalli L. (Euphobiaceae) existentes nas proximidades de

Fortaleza–Brasil, foram utilizadas como fontes de látex fresco. Todas as

plantas foram identificadas pelo botânico Prof. Edson de Paula Nunes. Uma

exsicata de C. procera (N. 32663), Cr. grandiflora (N. 040409), P.rubra (N.

15018) e E. tirucalli (N. 38702) foi depositada no Herbário Prisco Berreza da

Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-Ceará.

Látex de fruto de Carica candamarcensis foi utilizado para obtenção da

fração P1G10. A fração P1G10 foi gentilmente cedida pelo Dr. Prof. Carlos

Edmundo Salas Bravo do Departamento de Bioquímica e Imunologia, Instituto

de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais.

4.3 Fungos

Os fungos fitopatogênicos, Fusarium solani, Fusarium oxysporum,

Neurospora sp., Rhizoctonia solani, Aspergillus niger e Colletotrichum

gloeosporioides, foram obtidos da micoteca mantida pelos Laboratórios de

Proteínas Vegetais de Defesa e de Toxinas Vegetais, ambos do Departamento

de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Ceará, Brasil.

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MÉTODOS

4.4 Coleta e Fracionamento do Látex

O látex de C. procera foi coletado de plantas saudáveis através de

incisões nos ápices caulinares em tubo do tipo Falcon contendo água destilada

para produzir uma mistura de 1:1 (v/v). Os látices de Cr. Grandiflora, P. rubra e

E. tirucalli foram coletados de ramos finais em água como descrito acima. A

mistura (látex e água) foi cuidadosamente agitada durante a coleta para

minimizar os efeitos a coagulação. As amostras foram centrifugadas a 5000 g

por 10 minutos a 4 ºC. O precipitado contendo grande parte de borracha foi

descartado e o sobrenadante foi extensivamente dialisado contra água

destilada utilizando membranas com poros de 8000 Da. O material retido nas

membranas foi novamente centrifugado nas mesmas condições descritas

acima. Os sobrenadantes límpidos e livres de borracha foram liofilizados,

chamados de proteínas do látex de Calotropis procera (PLCp), de Cryptostegia

grandiflora (PLCg), de Plumeria rubra (PLPr) e de Euphorbia tirucalli L. (PLEt),

e usados nos ensaios subseqüentes. Esse procedimento elimina compostos

insolúveis em água e de baixa massa molecular.

A fração P1G10 cedida pelo Dr. Carlos Edmundo Salas Bravo (UFMG)

foi obtida da seguinte maneira: o látex foi coletado através de diversas incisões

no fruto imaturo, armazenado e estocado a – 20ºC. Em seguida, o látex foi

liofilizado e armazenado. A fração P1G10 foi obtida a partir de látex liofilizado

usando cromatografia de filtração em gel em coluna Sephadex G-10

(TEIXEIRA, et al.,2008)

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4.5 Dosagem de Proteínas

O teor de proteínas solúveis das amostras estudadas foi determinado

pelo método colorimétrico descrito por BRADFORD (1976). A partir de 100 μl,

da amostra em diferentes concentrações, foram adicionados 2,5 ml do

reagente de Bradford. As misturas foram levemente agitadas e após 10

minutos foram feitas as leituras das absorbâncias a 595 nm. A concentração de

proteínas foi estimada em relação a uma curva padrão obtida com albumina

sérica bovina (BSA).

4.6 Atividade Proteolítica Total

A atividade proteolítica das proteínas laticíferas de C. procera, Cr.

grandiflora, P. rubra, E. tirucalli e Ca. Candamarcensis já foi determinada

previamente (TEIXEIRA, et al., 2008; RAMOS, et al., 2009). Nesse estudo a

atividade proteolítica das frações foram quantificadas na tentativa de

correlacionar atividade proteolítica endógena com a inibição do crescimento

fúngico. Para isso, foi utilizada a metodologia descrita por Xavier-Filho (1989).

Azocaseína foi utilizada como substrato não específico para avaliação da

atividade proteolítica total. Essa proteína, ao sofrer degradação por proteases,

libera um composto denominado de “azo” que funciona como cromóforo, sendo

detectado por espectrofotômetro em comprimento de onda 420 - 440 nm. A

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reação consistiu de 50 µl (1 mg/ml em acetato de sódio 50 mM pH 5,0) das

proteínas do látex C. procera, Cr. grandiflora, Ca. candamarcensis, P.rubra e E.

tirucalli (pré-incubadas com 40 µl de DTT 3 mM por 10 min a 37 °C), 200 µl de

azocaseina 1 % e o volume ajustado para 500 µl com tampão acetato de sódio

50 mM pH 5,0. Após 60 min a 37 ºC, a reação foi parada com adição de 300 µl

de ácido tricloroacético (TCA) 10 %. Os tubos foram centrifugados (5.000 x g

por 10 min a 25 °C) e 400 µl do sobrenadante foram alcalinizados com 400 µl

de uma solução de hidróxido de sódio 2 N e a absorbância medida por

espectofotômetro (Ultrospec 1000 Amersham Pharmacia) a 420 nm. Uma

unidade de atividade foi definida como a quantidade de enzima capaz de

aumentar a absorbância em 0,01.

4.7 Ensaio para Detecção de Proteinases Cisteínicas

Ensaio para detecção de proteinases cisteínica foi realizado com

azocaseina como descrito acima, porém as amostras foram pré-incubadas com

iodoacetoamida (IAA) 20 mM por 30 minutos.

4.8 Ensaios Biológicos

4.8.1 Cultivo dos Fungos

O cultivo dos fungos foi realizado em 25 mL de Sabouraud Dextrose

Agar (SDA) estéril, distribuídos em placas de Petri (100 x 15 mm), mantidos em

câmara de germinação do tipo B.O.D., a 27 ± 2 ºC, umidade de 70% e

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fotoperíodo de 12 horas. O meio de cultura era constituído de 65 g de SDA

dissolvido em 1 litro de água destilada e autoclavado por 20 minutos, a 120 ºC,

1,5 kgf. Os fungos eram renovados mensalmente através da transferência de

pellets de uma placa contendo os fungos para outra placa contendo apenas

meio de cultura SDA. Todos os procedimentos foram realizados em câmara de

fluxo laminar contendo chama de fogo.

4.8.2 Obtenção da Suspensão de Esporos

A obtenção das suspensões de esporos foi realizada segundo Melo e

colaboradores (2005), com algumas modificações. Após os fungos terem

tomado todo diâmetro da placa de Petri, cerca de 15 dias após o repique

(cultura fresca), essas foram abertas em capela de fluxo laminar e 10 ml de

água destilada foram adicionados aos meios de culturas contendo os

respectivos fungos. Com auxilio de uma alça de Drigalski (previamente

flambada), movimentos suaves na superfície do micélio foram realizados para a

liberação dos esporos. As suspensões obtidas foram filtradas em malhas finas

de nylon estéreis para a retirada das hifas remanescentes. O filtrado resultante

foi denominado de suspensão padrão de esporos. Para a realização dos

ensaios de inibição de crescimento e da germinação de esporos, as

suspensões contendo os esporos foram ajustadas para uma concentração de 2

x 105 esporos/ml. Os esporos foram contados com o auxílio de uma câmara de

Neubauer em microscópio óptico (Olimpus System Microscope BX 60).

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4.8.3 Ensaio de Inibição do Crescimento Fúngico em Meio Líquido e

Determinação da IC50

Os ensaios de inibição do crescimento foram realizados conforme a

metodologia descrita por Broekaert e colaboradores (1990), com algumas

adaptações. Os ensaios foram desenvolvidos em placas de microtitulação de

poliestireno de fundo chato (estéreis) de 96 poços. Cada poço continha 10 μl

de uma suspensão de esporos (2x105 esporos/ml) e 90 μl de meio YPD (“Yeast

Peptone Dextrose”). Após 16 h na ausência de luz, a 27 ºC, 100 μl das

amostras foram adicionados. Os controles negativos e positivos para inibição

do crescimento foram o tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,0, e o peróxido

de hidrogênio 200 mM, respectivamente. Todas as amostras foram filtradas em

membranas de 0,22 μm. O crescimento fúngico foi monitorado através de

leituras de absorbância a 620 nm, em intervalos de 12 ou 24 horas, até um total

de 48 ou 72 horas, em leitor de ELISA (Biotrak II Plate Reader, Amersham

Biosciences).

As concentrações protéicas capazes de reduzir em 50 % o crescimento

fúngico do controle (acetato de sódio 50 mM, pH 5,0), após 48 h de ensaio,

foram representadas como IC50. Os valores foram representados em

micrograma de proteína por mililitro, a partir de três ensaios realizados

independentemente.

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4.8.4 Ensaio de Inibição da Germinação de Esporos

O efeito das frações sobre a germinação dos esporos foi avaliado de

acordo com o método descrito por Ji e Kúc (1996), adaptado para uso de

placas de polietileno reticuladas. Uma alíquota de 10 µl da suspensão de

esporos (2,0 x 105 esporos/mL) foi incubada com 10 µl das amostras (pré-

incubadas ou não com DTT ou IAA). Como controles foram utilizados tampão

acetato de sódio 50m M, pH 5,0 estéril, BSA 5 mg/ml, peróxido de hidrogênio

200 mM e DTT 3mM. As placas de germinação foram mantidas a 27 ºC, por 24

horas, na ausência de luz, conservando a umidade do local por meio de um

papel de filtro embebido de água. Decorrido o tempo de germinação, o material

foi visualizado em microscópio óptico (“Olimpus System Microscope BX 60”).

Foram considerados germinados os esporos que apresentaram tubo

germinativo de, ao menos, duas vezes o seu comprimento.

4.8.5 Envolvimento de Proteínas na Atividade Antifúngica

Para avaliar o envolvimento de proteínas na atividade antifúngica

encontrada, as frações foram fervidas durante 30 min ou digerida com enzimas

proteolíticas.

As proteínas do látex (150 mg dissolvidos em 50 ml de água destilada)

foram incubadas em banho-maria por 30 min a 98 °C. Após o resfriamento, a

mistura foi centrifugada a 5.000 x g por 10 min a 25 °C e o sobrenadante

resultante foi liofilizado.

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A outra forma utilizada para avaliar o envolvimento de proteínas na

atividade encontrada foi promover a digestão destas com uma mistura de

proteases de Streptomyces griseus (Pronase), que clivam inespecificamente as

ligações peptídicas. Para tanto, as proteínas do látex (200 mg) foram

dissolvidas em 20 ml de tampão Tris-HCl 50 mM pH 7,5 e incubadas com 2 mg

da pronase dissolvida em 1 ml do mesmo tampão. Após 24 h de incubação a

37 °C em banho-maria. As amostras foram dialisadas, liofilizadas.

4.8.6 Envolvimento das Proteinases Cisteínicas na Atividade Antifúngica

Para avaliar o efeito das proteinases cisteínicas dos fluidos laticíferos

nas atividades antifúngicas, o látex de C. procera e Cr. grandiflora foram

coletado em água contendo IAA 20 mM. Após coleta do látex, a

suspensão foi centrifugada por 10 min a 4 ºC a 5.000 x g. O sobrenadante foi

exaustivamente dialisado contra água destilada durante três dias a 4 ºC e

novamente centrifugado, nas mesmas condições descritas acima. A fração

P1G10 de Ca. candamarcensis dissolvida em água destilada contendo IAA e

deixada por 30 minutos.

Azocaseína foi utilizada como substrato não específico para investigar a

atividade proteolítica total presente nas frações inibidas com IAA. A reação foi

realizada como descrito no item 4.6.

Em seguida, ensaio de inibição do crescimento fúngico com as frações

desprovidas de atividade proteolítica do tipo cisteínica foi realizado como

descrito anteriormente.

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4.8.7 Atividade Antifúngica de Proteinases Purificadas

Papaína, tripsina e quimotripsina foram utilizadas para evidenciar o

papel de proteinases na ação antifúngica encontrada nas proteínas dos látices.

As enzimas foram dissolvidas em tampão fosfato de sódio 50 mM pH 6,0

(papaína) ou em tampão Tris-HCl 50 mM pH 7,5 (tripsina e quimotripsina) e

utilizadas nas concentrações de 1 mg/ml. Ensaios de inibição da germinação e

inibição do crescimento foram realizados como descrito anteriormente.

4.9 Purificação de uma Proteinase com Atividade Antifúngica

4.9.1 Cromatografia em Coluna de Troca Catiônica “Mono-S Sepharose”

Acoplada ao Sistema FPLC:

A fração Proteínas do Látex de Cryptostegia grandiflora (PLCg) foi

submetida à cromatografia de troca catiônica, usando uma coluna “Mono-S

Sepharose” acoplada ao sistema FPLC. A coluna foi previamente equilibrada

com o tampão tetraborato do sódio 25 mM e EDTA 5 mM (pH 9,2). As

proteínas foram eluídas com um gradiente não linear de cloreto de sódio (0,1

mM a 400 mM) em tampão de equilíbrio. O fluxo foi de 1 ml/min e as frações

foram coletadas de acordo com os picos de densidade ótica em 280 nm. Os

picos semelhantes das cromatografias foram reunidos e concentrados no

sistema de ultrafiltração a 4 °C.

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4.9.2 Concentração das Amostras por Ultrafiltração

Os picos obtidos da cromatografia de troca catiônica em “Mono-S

Sepharose” foram coletados e concentrados em sistema de ultrafiltração. Os

picos foram submetidos a uma pressão contra uma membrana com poro de

exclusão de 10 kDa. Após a redução do volume para aproximadamente 3 mL, a

amostra era suspendida com 100 ml de água milli-Q para livrar as frações do

excesso de sal, esse procedimento foi repetido 3 vezes. No final, cerca de 2 ml

das frações eram recuperadas e estocadas a -20°C.

4.9.3 Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE)

SDS-PAGE foi conduzida de acordo com Laemmli (1970). As amostras

foram preparadas com tampão de amostra Tris-HCl 0,0625 M, pH 6,8 contendo

SDS 2% e 2-mecaptoetanol 5% para uma concentração final de 2 mg/mL,

aquecidas a 100ºC por 5 minutos em banho maria e centrifugadas a 5000 g por

5 minutos. Após resfriadas, foram adicionados cristais da sacarose e 3µl de

azul de bromofenol 0,1% (m/v) às amostras, logo em seguida foram aplicadas

em gel poliacrilamida (gel de concentração 5 % e de separação 12,5 %) na

presença de SDS (PAGE-SDS). As corridas eletroforéticas foram realizadas à

temperatura ambiente a 25 mA por um período entre 90 e 120 minutos. As

bandas protéicas foram coradas com Coomassie Brillint Blue (R-250) 0,1% em

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solução aquosa com ácido acético e metanol (6:1:3 v/v/v). O gel foi descorado

com a mesma solução na ausência do corante.

4.9.4 Zimograma

Para detectar a atividade proteolítica em gel, a amostra foi submetida a

eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5 %). Logo após a migração, a

proteína foi eletrotransferida para um gel de poliacrilamida (10 %) contendo

gelatina 0,1 %, usando Bio-Rad Mini-TransferTM. A eletrotransferência foi

realizada a 24 V durante 25 minutos. Depois da transferência, o gel foi

incubado em uma solução de Triton X-100 2,5 % em água a 25 ºC sob agitação

por 40 min. Em seguida, o gel foi incubado em tampão de ativação (tampão

acetato de sódio pH 5.0 contendo DTT 3 mM). A atividade proteolítica ocorreu

durante 30 minutos a 37 ºC e o gel foi corado em uma solução de Coomassie

Brilliant Blue R-250 0,2 %. A atividade enzimática foi detectada como bandas

transparentes nos géis.

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4.9.5 Determinação da Atividade Amidásica

A atividade amidásica específica dos picos obtidos da coluna “Mono-S

Sepharose” foi determinada utilizando o substrato sintético BAPNA. 10 µg das

frações eram incubados a 37°C com 1 mL de tampão de ativação (tampão

fosfato de sódio 25 mM, pH 8,0; cisteína 5 mM e EDTA 2 mM) juntamente com

3 µL da solução de BAPNA 100 mM. Após surgimento de uma cor amarela, a

reação era paralisada com 60 µL de solução de ácido acético 60% (v/v). A

determinação da concentração molar de para-nitro-anilida liberada (quantidade

de produto formado) era feita através da densidade ótica em 405 nm e sua

relação com o coeficiente de extinção molar desta substância, que é 8800 M-

1.cm-1 (BAEZA, et al., 1990). A atividade amidásica específica foi expressa em

concentração molar de produto formado por unidade de massa da enzima em

um determinado tempo, mais especificamente, nM produto x min-1 x µg-1

enzima.

4.9.6 Cromatografia em Coluna de Fase Reversa

Para avaliara pureza das amostras purificadas e dessalinização das

mesmas, foi utilizada uma coluna de fase reversa (C4-Vydac) acoplada ao

sistema HPLC. Foram aplicadas de 100 µg a 125 µg das frações por

cromatografia. As cromatografias foram feitas em TFA 0,1% (v/v) e a eluição

das amostras foi realizada em gradiente não linear de acetonitrila. Foi usado o

mesmo programa para o aumento do gradiente em todas as cromatografias. A

concentração de acetonitrila variava de 0% a 54% nos 20 minutos iniciais.

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Posteriormente, era aumentada gradativamente até 81% em 30 minutos,

permanecendo nesta concentração até o final da cromatografia. O fluxo era de

1 ml/min e as frações foram coletadas de acordo com os picos de densidade

ótica em 280 nm.

4.9.7 Espectrometria de Massas

Foi utilizado um espectrômetro de massas do tipo MALDI/TOF (Autoflex

III Smartbeam, Bruker Daltonics, Brender, Germany) para as análises da

massa molecular e o grau de pureza da amostra. A análise foi realizada com

0,5 µL da amostra e 0,5 µL da matriz ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico em

acetonitrila 50% e ácido trifluoroacético 0,3%, utilizando uma placa MTP

Anchorchip 600/384 (Bruker Daltonics). A mistura foi deixada a 25 °C por 1 h

para completa cristalização da matriz, antes da análise no espectrômetro de

massas. O aparelho foi calibrado com padrões externos (Protein Calibration

Standard - Bruker Daltonics).

4.9.8 Efeito de Inibidores Específicos na Atividade Proteolítica da Cg24-I

A natureza da atividade proteolítica da enzima purificada Cg24-I foi

identificada usando diferentes inibidores para tipos específicos de proteases.

10 µg da enzima foi pré incubadas separadamente por 30 min a 25 ºC na

presença de 20 µL dos seguintes inibidores: iodoacetamida 20 mM, E-64 0,18

mM, PMSF 5 mM, pepstatina 10 µM e EDTA 10 mM. Os ensaios foram

realizados como descrito no item 4.6, porém substituindo azocaseína por

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caseína. A atividade remanescente foi medida por absorbância a 280 nm

(Ultrospec 1000 Amersham Pharmacia).

4.9.9 Avaliação da Atividade proteolítica da Cg24-I em diferentes valores

de pH

A atividade proteolítica da enzima foi monitorada em diferentes valores

de pH, usando tampões específicos na concentrações de 50 mM: glicina (pH

3), acetato de sódio (pH 4,0 e 5,0), fosfato de sódio (pH 6,0 e 7,0) e Tris-HCl

(pH 8,0, 9,0 e 10,0). As atividades proteolíticas foram determinadas a 37 ºC

utilizando caseína 1 % como substrato.

4.9.10 Avaliação do Efeito da Cg24-I Sobre a Germinação de Esporos de F.

solani

O ensaio de inibição de germinação de esporo de F. solani foi realizado

como descrito no item 4.8.4. Alíquotas de 10 µl das suspensões de esporos (2

x 105 esporos/ml) foram incubadas com 10 µl da Cg24-I em diferentes

concentrações.

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4.9.11 Avaliação do Efeito da Cg24-I Sobre a Permeabilidade da Membrana

Plasmática de F. solani.

O corante iodeto de propídio foi usado para avaliar a integridade das

membranas do fungo F. solani na presença de Cg24-I. O ensaio foi realizado

como descrito na sessão 4.8.4, com algumas modificações. Uma solução de

iodeto de propídio 1 mM foi adicionada à suspensão de esporos (pré-incubada

com Cg24-I por 30 minutos) por 30 minutos a 37 ºC. As suspensões foram

transferidas para lâminas e visualizadas em microscópio óptico (“Olimpus

System Microscope BX 60”). Foram considerados esporos permeabilizados

aqueles em que os núcleos se apresentaram fluorescentes (vermelhos).

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5- RESULTADOS

O potencial antifúngico das proteínas do látex de Calotropis procera

(PLCp), Cryptostegia grandiflora (PLCg), Carica candamarcensis (P1G10),

Plumeria rubra (PLPr) e Euphorbia tirucalli (PLEt) foi testado sobre os fungos

Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium oxysporum, Fusarium solani,

Rhizoctonia solani, Neurospora sp. e Aspergillus niger. As concentrações

protéicas que reduziram o crescimento dos fungos em 50% do valor do controle

(tampão acetato de sódio 50 mM pH 5,0), após 48 horas de ensaio, foram

representadas como IC50. Considerou-se que se o valor de IC50 fosse menor

que 100 µg/ml, atividade antifúngica era tida como muito forte; de 100 a 500

µg/ml, atividade antifúngica forte; de 500 a 1000 µg/ml, atividade antifúngica

moderada; de 1000 a 1500 µg/ml, atividade antifúngica fraca; acima de 1500

µg/ml, foi considerada inativa (MINCOFF, et al., 2006).

C. procera (PLCp), Cr. grandiflora (PLCg) e Ca. candamarcensis

(P1G10) exibiram atividade antifúngica de forte a muito forte contra os fungos

Rhizoctonia solani, Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium solani (Tabela 3).

Contra o fungo Fusarium oxysporum as proteínas de Cr. grandiflora (PLCg) e

C. procera (PLCp), exibiram atividade antifúngica muito forte com IC50 de 29,4

± 2,1 e 21,5 ± 1,5 µgProteína/ml, respectivamente.

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Tabela 3: Atividade antifúngica (IC50) de proteínas laticíferas de C. procera, Cr. grandiflora, Ca. candamarcensis, P. rubra e E.

tirucalli.

Atividade antifúngicaa (IC50 µgProteína/ml)

Fungos

C. procera Cr. grandiflora Ca. candamarcensis P. rubra E. tirucalli

Colletotrichum gloeosporioides 455,0 ± 9,3 447,5 ± 8,1 137 ± 4,3 Ib I

Fusarium oxysporum 29,4 ± 2,1 21,5 ± 1,5 NDc I I

Fusarium solani 134,5 ± 8,1 35,0 ± 2,9 56,1 ± 6,5 I I

Rhizoctonia solani 20,7 ± 1,6 9,8 ± 1,2 25,3 ± 2,4 I I

Neurospora sp. 549,9 ± 14,3 119,4 ± 15,9 40,2 ± 3,2 I I

Aspergillus Níger 1368,0 ± 11,2 282,8 ± 6,4 104 ± 3,4 I I

aCrescimento fúngico foi medido turbidimetricamente (como descrito em métodos) na presença de tampão acetato de sódio 50 mM

pH 5,0 (100 % de crescimento) ou diferentes concentrações de proteínas laticíferas. As concentrações protéicas que reduziram o

crescimento para 50 % do valor do controle depois de 48 horas foram representadas como IC50. Os valores são médias ± DP de

pontos em triplicatas.

bI: Inativa na dose máxima testada (5 mg/ml).

cND: Não determinado

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A atividade antifúngica de PLCg e P1G10 foi forte contra o fungo

Aspergillus niger, enquanto PLCp exibiu atividade fraca. As proteínas laticíferas

de P. rubra (PLPr) e E. tirucalli (PLEt) não foram ativa contra nenhum dos

fungos testados, nem mesmo na dose de 5 mg/ml (Tabela 3).

O possível envolvimento de proteínas nas atividades antifúngicas foi

testado tratando as frações PLCp, PLCg e P1G10 com um mistura de

proteases inespecíficas (Pronase). Em todos os ensaios de inibição do

crescimento, as proteínas laticíferas que foram tratadas com pronase perderam

a atividade antifúngica (Tabela 4). Estes resultados suportam a hipótese do

envolvimento de proteínas nesta atividade biológica.

Tabela 4: Efeito inibitório das proteínas dos látices de C. procera, Cr.

grandiflora e Ca. candamarcensis nativas e tratadas com pronase.

Fungos Crescimento Fúngico (%)

PLCp PLCg P1G10

Nativa Pronase Nativa Pronase Nativa Pronase

C. gloeosporioides 14,1 ± 3,7 100 15,1 ± 3,0 100 39,3 ± 5,5 100

F.oxysporum 31,3 ± 0,5 100 40,9 ± 2,2 100 ND* ND

F solani 13,2 ± 2,6 100 15,1 ± 3,0 100 27,2 ± 1,2 100

R solani 8,4 ± 5,9 100 14 ± 1,5 100 17,8 ± 2,2 100

Neurospora sp. 15,5 ± 4,4 94 ± 6,5 17,5 ± 6,5 94,6 ± 6,9 37,1 ± 1,5 97 ± 2,3

A niger 61,5 ± 3,3 96,3 ± 6,6 54,3 ± 11,3 98,3 ± 5,8 49,3 ± 5,8 98 ± 1,0

ND*: Não determinado. Ensaios realizados na concentração de 2,5 mg/ml em

tampão acetato de sódio pH 5,0

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Fluidos laticíferos são bastante conhecidos pela grande quantidade de

proteinases, entre elas proteinases cisteínicas. O látex de C. procera, Cr.

grandiflora, Ca. Candamarcensis e P. rubra apresentam atividade proteolítica

do tipo cisteínica (TEIXEIRA, et al., 2008; RAMOS, et al., 2009). As atividades

proteolíticas específicas dos fluidos laticíferos de C. procera (PLCp), Cr.

grandiflora (PLCg), Ca. candamarcensis (P1G10) e P. rubra (PLPr) foram 2,41

± 0,09, 4,77 ± 0,42, 4,54 ± 0,15 e 0,75 ± 0,02 AU/μgProteína, respectivamente

(Tabela 5). As proteínas do látex de E. tirucalli (PLEt) não apresentaram

atividade proteolítica nas condições experimentais testadas (10 mg/ml).

Quando as frações protéicas foram incubadas com iodoacetamida (IAA),

inibidor específico e irreversível de proteinases cisteínicas, a atividade

proteolítica foi perdida em todos os látices testados, exceto para P. rubra que

apresentou atividade proteolítica (0,27 ± 0,01 AU/μgProteina) mesmo depois do

tratamento com IAA.

Houve uma correlação entre a atividade antifúngica e a quantidade de

atividade proteolítica nas frações testadas. As amostras que exibiram forte

atividade proteolítica também mostraram alta toxicidade contra os fungos

fitopatogênicos testados.

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Tabela 5: Atividade proteolítica das proteínas laticíferas estudadas utilizando

azocaseína como substrato.

Amostras protéicas

(Proteínas Laticíferas)

Atividade

Proteolítica

(AU/μgProteína)

Atividade Proteolítica

na presença de IAA

(AU/μgProteína)

C. procera (PLCp) 2,41 ± 0,09* 0

Cr. grandiflora (PLCg) 4,77 ± 0,42 0

P. rubra (PLPr) 0,75 ± 0,02 0,27 ± 0,01

Ca. candamarcensis

(P1G10)

4,54 ± 0,15 0

E. tirucalli (PLEt) Nd+ -

Papaína 1,54 ± 0,09 0

Tripsina 6,02 ± 0,21 -

Quimotripsina 2,56 ± 0,54 -

+Nd= Não detectado. IAA; Iodoacetamida.

Ensaio realizado em tampão acetato de sódio 50 mM pH 5,0.

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O envolvimento de proteinases cisteínicas na atividade antifúngica de

PLCp, PLCg e P1G10 foi testado quando as frações foram incubadas na

presença de DDT (um eficiente ativador de proteinase cisteínica) ou de IAA

(Figura 2). O efeito antifúngico das frações analisadas foi substancialmente

aumentado depois do tratamento das frações com DDT, sugerindo o

envolvimento de proteinases cisteínicas na atividade antifúngica. Além disso,

as atividades antifúngicas de PLCp, PLCg e P1G10 foram drasticamente

reduzida quando as foram pré-tratadas com IAA, comparada com as amostras

correspondentes que tinham sido ativadas com DTT para obter máxima

atividade antifúngica. Somente o DDT e IAA não exibiram toxicidade nas

concentrações que foram analisados. O fato que a fração PLPr apresentou

atividade proteolítica e não afetou o crescimento dos fungos pode ser atribuído

a baixa de atividade proteolítica dessa fração, quando comparada com as

outras frações ativas contra os fitopatôgenos. Esse resultado também suporta a

hipótese que a atividade proteolítica pode está envolvida na atividade

antifúngica.

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40

Figura 2: Efeito inibitório de proteínas laticíferas sobre o crescimento de

diferentes fungos fitopatogênicos. Pap: Papaína 0,5 mg/ml. Ensaios realizados na

concentração de 2,5 mg/ml em tampão acetato de sódio pH 5,0.

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41

Esses resultados em conjunto apóiam a hipótese da ocorrência de uma

correlação direta entre a atividade proteolítica do tipo cisteínica e o efeito

deletério contra fungos. Contudo, há evidências que outras proteínas estejam

envolvidas na atividade antifúngica, já que esta não foi totalmente revertida na

presença de IAA.

Para enfatizar a importância da atividade proteolítica do tipo cisteínica na

toxicidade sobre fungos, a papaína, uma proteinase cisteínica purificada de

látex de Carica papaia (EC 3.4.22; obtida da Sigma), foi testada contra os

mesmos fungos. A atividade proteolítica da enzima foi totalmente inibida na

presença de IAA (Tabela 5). A papaína 0,5 mg/ml foi ativa contra os fungos

Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium oxysporum, Fusarium solani,

Rhizoctonia solani e Neurospora sp. . Interessante que a atividade foi

aumentada na presença de DTT e anulada na presença de IAA. Esses

resultados corroboram com os dados obtidos dos ensaios com as proteínas de

fluidos laticíferos estudados nesse trabalho, suportando a hipótese da

participação de proteinases cisteínicas nos efeito deletérios em fungos.

A participação de proteinases cisteínicas de fluidos laticíferos foi

evidenciada através de ensaio de inibição da germinação de esporos de F.

solani. As figuras 3, 4 e 5 , mostra o envolvimento de proteinases cisteínicas de

PLCp, PLCg e P1G10 na inibição da germinação de esporos. Assim como no

ensaio de crescimento fúngico, as frações inibiram a germinação de esporos na

ausência e presença de DTT. Quando as frações foram pré-tratadas com IAA,

os esporos germinaram parcialmente. Contudo, assim como os dados obtidos

dos ensaios de inibição do crescimento, os resultados dos ensaios de

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geminação mostram que outras classes de proteínas podem está envolvidas

com a atividade deletéria contra fungos. Na presença das proteínas laticíferas

aquecidas a 98°C por 30 minutos, os esporos germinaram normalmente.

Papaína purificada apresentou resultados similares aos das proteínas

laticíferas (Figura 6).

A tripsina e quimotripsina, ambas proteinases serínicas, foram testadas

quando suas capacidades de inibir a germinação de esporos de F. solani. A

atividade proteolítica dessas enzimas utilizando azocaseina com substrato foi

de 6,02 ± 0,21 e 2,56 ± 0,54 AU/μgProteina, respectivamente (Tabela 5).

Apesar destas duas enzimas terem apresentado atividades proteolíticas

similares ou superiores a da papaína, elas não apresentaram atividade

antifúngica (Figura 6). Similarmente, tampão acetato de sódio 50 mM pH 5,0,

BSA 2,5 mg/ml e DTT 3 mM não exerceram qualquer efeito negativo na

germinação.

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Figura 3: Ensaio de inibição da germinação de esporos de F. solani utilizando a

fração protéica do látex de C. procera (PLCp). Ensaios realizados na

concentração de 2,5 mg/ml em tampão acetato de sódio pH 5,0. Controle:

Tampão acetato de sódio 50 mM pH 5,0; PLCp + DDT, PLCp ativada com DTT;

PLCp + IAA, PLCp inibida com IAA; PLCp-98ºC, PLCp fervida por 30 min.

Fotografias tiradas após 24 h de ensaio a 27 °C. Barras, 50 µm

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Figura 4: Ensaio de inibição da germinação de esporos de F. solani utilizando a

fração protéica do látex de Cr. grandiflora (PLCg). Ensaios realizados na

concentração de 2,5 mg/ml em tampão acetato de sódio pH 5,0. Controle:

Tampão acetato de sódio 50 mM pH 5,0; PLCg + DDT, PLCg ativada com DTT;

PLCg + IAA, PLCg inibida com IAA; PLCg-98ºC, PLCg fervida por 30 min.

Fotografias tiradas após 24 h de ensaio a 27 °C. Barras, 50 µm

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Figura 5: Ensaio de inibição da germinação de esporos de F. solani utilizando a

fração protéica do látex de Ca. cadamarcensis (P1G10). Ensaios realizados na

concentração de 2,5 mg/ml em tampão acetato de sódio pH 5,0. Controle:

Tampão acetato de sódio 50 mM pH 5,0; P1G10 + DDT, P1G10 ativada com

DTT; P1G10 + IAA, P1G10 inibida com IAA; P1G10-98ºC, P1G10 fervida por

30 min. Fotografias tiradas após 24 h de ensaio a 27 °C. Barras, 50 µm.

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Figura 6: Ensaio de inibição da germinação de esporos de F. solani

utilizando a papaína, tripsina e quimotripsina. Ensaios realizados nas

concentrações de 0,5 mg/ml (papaína, tripsina e quimotripsina) e 2,5 mg/ml

(BSA), em tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 5,0 (papaína e BSA) ou tampão

Tris-HCl 50 mM, pH 7,5 (tripsina e quimotripsina). Fotografias tiradas após 24 h

de ensaio a 27 °C. Barras, 50 µm.

PLCg foi a fração que apresentou a maior atividade proteolítica entre os

outros látices testados e exibiu efeitos deletérios sobre todos os fungos

analisados. Além disso, foi mostrado o envolvimento de proteinases cisteínicas

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47

em tais atividades. Logo, esta fração foi posteriormente caracterizada no intuito

de purificar uma protease com atividade antifúngica.

Assim, PLCg foi fracionada em uma coluna de troca catiônica “Mono-S

Sepharose” acoplada ao sistema FPLC. O perfil cromatográfico pode ser

observado na figura 7.

Figura 7: Cromatografia em coluna de troca catiônica “Mono-S Sepharose”

acoplada ao sistema FPLC. Foram aplicados 1 mg de PLCg. As amostras

foram eluídas com um gradiente não linear de NaCl em tampão tetraborato de

sódio 25 mM e EDTA 5 mM pH 9,2. O perfil protéico foi medido pela

absorbância em 280 nm. A cromatografia foi realizada com um fluxo de 1

ml/min.

Após cromatografia da fração PLCg, em coluna de troca catiônica,

foram obtidos três picos retidos, denominados PI, PII e PIII. O PI foi eluído com

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aproximadamente 40 mM de NaCl. O PII teve uma quantidade de proteína

similar ao pico I, sendo eluído com 85 mM de NaCl. O PIII teve a maior

quantidade de proteínas e foi eluído com aproximadamente 110 mM de NaCl.

Após a realização de várias cromatografias em coluna “Mono-S

Sepharose”, os picos semelhantes foram agrupados e concentrados pelo

método de ultrafiltração como descrito na metodologia. A concentração protéica

dos picos foi realizada pelo método de Bradford (1976) utilizando albumina

sérica bovina como padrão.

Com o objetivo de determinar a massa molecular dos picos e avaliar o

grau de purificação destes, foi realizado eletroforese sob condições

desnaturantes. A eletroforese mostrou que as amostras tinham alto grau de

pureza, apresentando bandas protéicas com massas moleculares relativas em

torno de 24 kDa (Figura 8).

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Figura 8: Eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% na presença de β

mercaptoetanol dos picos eluídos da cromatografia em coluna Mono-S

Sepharose. MM: Marcador de massa molecular. Foram aplicados 10 µg de

proteína de cada pico. O gel foi corado com azul de coomassie.

Para acompanhar se os picos oriundos da cromatografia de troca

catiônica em coluna “Mono-S Sepharose” possuíam atividade proteolítica,

ensaios de atividade amidásica foram realizados utilizando o substrato sintético

BApNA. Os três picos apresentaram atividade amidásica específica de 2,31,

2,36 e 5,2 nM x min -1 x µg-1, respectivamente (Tabela 6). O pico PIII

apresentou atividade amidásica cerca de duas vezes maior que os outros

picos.

B

30,0

45,0

,0

20,1

66,0

,0

97,0

,0

14,0

,0

MM

,0

PLCg

,0

PI PII PIII

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Tabela 6: Atividade amidásica específica das frações de C. grandiflora eluídas

da coluna Mono-S Sepharose.

Atividade amidásica específica

(nM x min -1 x µg-1)

PLCg 1,59

PI 2,31

PII 2,36

PIII 5,2

Para aumentar o grau de pureza das proteases eluídas da coluna „Mono-

S Sepharose‟ e dessalinização das mesmas, estas foram submetidas a

cromatografias de fase reversa em coluna C4 acoplada ao sistema de HPLC.

O perfil cromatográfico é mostrado na figura 9. PI e PII mostraram a presença

de mais de um pico, revelando que essas amostras não estavam puras. Porém,

o cromatograma de fase reversa em coluna C4 do PIII apresentou um único

pico simétrico com volume de retenção de 64,2 mL.

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Figura 9: Perfil cromatográfico dos picos PI, PII, PIII em cromatografia de fase

reversa em coluna C4. Foram aplicados 100 µg de proteína. O perfil protéico foi

determinado através da absorbância em 216nm. A concentração de acetonitrila

variava de 0% a 54% nos 20 minutos iniciais. Posteriormente, era aumentada

gradativamente até 81% em 30 minutos, permanecendo nesta concentração

até o final da cromatografia. O fluxo foi de 1 ml/min

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A homogeneidade da protease purificada foi avaliada por zimograma e

espectrometria de massa. SDS-PAGE mostrou uma única banda (Figura 10a).

SDS-PAGE contendo gelatina usada especificamente para detectar proteases

também mostrou uma única banda ativa (Figura 10a). A massa molecular

determinada por MALDI/TOF foi de 24,118 kDa (Figura 10b). Esses resultados

em conjunto indicam que a protease purificada era homogênea. O resultado da

purificação pode ser resumido na tabela 7. Foi obtido um grau de purificação de

6,1 vezes com rendimento de 0,9 %.

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Figura 10: (a) Linha 1: SDS-PAGE da protease purificada Cg24-I. Linha 2:

Zimograma contendo gelatina 0,1% para detecção de atividade proteolítica

corada com azul de Coomassie. (b) Espectrometria de massa MALDI/TOF da

Cg24-I. A amostra foi misturada com a matriz HCCA dissolvida em acetonitrila

50% e ácido trifluoroacético 0,3%. O aparelho foi calibrado com padrões

externos (Protein Calibration Standard - Bruker Daltonics).

a

b

1 2

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Tabela 7: Purificação de uma protease de C. grandiflora

Amostra

Volume

(mL)

Proteína

(mg/mL)

Proteína

Solúvela

(mg) Atividade(UAb)

Atividade

Específica

(UA/µgP) Purificação

Rendimento

(%)

PLCg 50 0,228 11,4 53,1 1,062 1 100

Cg24-I 2 0,053 0,106 33,8 6,5 6,1 0,9

a Proteínas Solúveis estimadas pelo método de Bradford (1976).

b Uma unidade de atividade foi definida como a quantidade de enzima capaz de

aumentar a absorbância em 0,01 (Xavier-Filho et al., 1989)

Essa protease foi denominada de Cg24-I e é a primeira protease isolada

de látex de Cryptostegia grandiflora.

A atividade proteolítica relativa de Cg24-I na presença de vários

inibidores foi realizada para estabelecer a classe que ela pertence. Os

inibidores avaliados incluíram inibidor de protease serínica (PMFS), inibidores

de proteases cisteínica (E-64 e Iodoacetoamida), inibidor de protease aspártica

(Pepstatina A) e inibidor de metaloprotease (EDTA). Utilizando caseína com

substrato, o inibidor E-64 inibiu a atividade em 100 %, e a iodoacetamida

reduziu a atividade em cerca de 80 %. Nenhum dos outros inibidores foi capaz

de reduzir a atividade proteolítica de forma efetiva (Figura 11). A protease foi

capaz de hidrolisar o BANA, um substrato específico de proteases cisteínicas e

foi completamente inibida na presença de E-64. O uso do DTT 3 mM aumentou

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consideravelmente a atividade da protease em ambos os substratos testados.

Esse composto é um conhecido ativador de protease cisteínica. Esses dados

sugerem que a protease purificada é do tipo cisteínica.

Figura 11: Efeito de inibidores específicos na atividade proteolítica da Cg24-I,

utilizando caseína (A) ou BANA (B) como substratos em pH 8.0 a 37 ºC.

* Cg24-I sem pré-ativação com DDT. IAA: Iodoacetoamida; PEP: Pepstatina A

(A) (B)

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A proteinase purificada foi avaliada quando a capacidade de hidrolisa a

caseína em diferentes valores de pH (Figura 12). A enzima teve atividade

máxima em pH 8,0. Em pH 10,0, a enzima ainda foi ativa, mas com uma

atividade 50 % menor que em relação ao pH 8,0. Em pH 5,0 esse enzima

mostrou cerca de 40 % da atividade máxima.

pH

2 4 6 8 10 12

Ati

vid

ad

e R

es

idu

al

(%)

0

20

40

60

80

100

120

Figura 12: Efeito do pH na atividade proteolítica da Cg24-I utilizando caseína

como substrato. Cada ponto é referente à média de três valores independentes

com respectivos desvios padrões.

A atividade antifúngica de Cg24-I foi avaliada utilizando o fitopatógeno

F. solani. A protease foi capaz de inibir a germinação dos esporos em uma

concentração de 28,12 µg/ml, indicando um grande potencial inibitório dessa

protease (Figura 13).

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Figura 13: Ensaio de inibição da germinação de esporos de F. solani utilizando a

protease Cg24-I. Controle: Tampão fosfato de sódio 50 mM pH 8,0;. Fotografias

tiradas após 24 h de ensaio a 27 °C. Barras, 50 µm

Muitas proteínas são deletérias a fungos devido a danos causados na

membrana plasmática. Para avaliar o mecanismo de ação da protease

purificada, esta foi a avaliada quanto sua capacidade de causar danos na

permeabilidade da membrana. Para isso, foi utilizado o fluoróforo iodeto de

propídio, que é impermeável à membrana plasmática íntegra. A protease foi

capaz de promover um aumento na permeabilidade da membrana dos esporos

de F. solani, permitindo a entrada do composto iodeto de propídio no interior da

célula e, assim, sua interação com as moléculas de ácido nucléico, liberando

fluorescência. Diferentemente do observado com os esporos tratados com

tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 8,0 (controle), que não resultou no

aparecimento de fluorescência (Figura 14).

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Figura 14: Efeito da Cg24-I sobre a permeabilidade da membrana plasmática

de esporos de F. solani. Uma suspensão de esporos de F. solani ( 2 x 106

esporos/ml foi incubada por 30 minutos com Cg24-I (28,12 µg/ml). O fluoróforo

iodeto de propídio (1 mM) foi utilizado para determinar a integridade das

membranas dos esporos.

Controle

Cg24-I

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6 – DISCUSSÃO

Látex é uma suspensão aquosa ou emulsão de vários tipos de partículas

sintetizadas e armazenadas sob pressão em um sistema de canais formados

por células altamente especializadas denominadas de laticíferos. Neste fluido,

são encontrados proteínas, alcalóides, amido, açucares livres, óleos, taninos,

resinas, borracha e típicas estruturas sub-celulares (DOMSALLA & MELZIG,

2008).

Ao longo dos últimos 20 anos, muitos trabalhos foram publicados sobre

látex, principalmente estudos bioquímicos, ecológicos e evolucionários dos

laticíferos. A maioria das evidências desses estudos tem reforçado a hipótese

que o látex tem um papel fundamental na defesa de plantas contra patôgenos e

herbívoros (AGRAWAL & KONNO, 2009).

Ação antifúngica in vitro de látices foi mostrada para algumas espécies

tais como Himatanthus articulatus (SEQUEIRA, et al., 2009), Lactuca sativa,

Asclepias curassavica (MOULIN-TRAFFORT et al., 1990; GIORDANI, et al.,

1991), Carica papaya (GIORDANI, et al., 1996;) e Hevea brasiliensis

(GIORDANI, et al., 1999) contra Candida albicans. O látex de Manihot glaziovii

mostrou atividade antifúngica sobre o crescimento de Colletotrichum

gloesporioides, Macrophomina phaseolina e Fusarium solani (PEREIRA, et

al.,1999). Contudo, existem poucos estudos sobre o envolvimento de fluídos

laticíferos em atividades deletérias contra fungos fitopatogênicos. Em vista

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disto, o potencial antifúngico das proteínas do látex de Calotropis procera

(PLCp), Cryptostegia grandiflora (PLCg), Carica candamarcensis (P1G10),

Plumeria rubra (PLPr) e Euphorbia tirucalli (PLEt) foi avaliado sobre os fungos

fitopatogênicos Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium oxysporum, Fusarium

solani, Rhizoctonia solani, Neurospora sp. e Aspergillus niger. As frações

PLCp, PLCg e P1G10 exibiram atividade antifúngica sobre todos os fungos

testados com valores de IC50 variando de 9,8 a 1.369,0 µg/ml. Entretanto, as

frações PLPr e PLEt não mostraram nenhum efeito sobre o crescimento dos

fungos fitopatogênicos testados. Ramos et al. (2009) mostraram que as frações

PLPr e PLEt não exibiram efeito deletério sobre o desenvolvimento larval de

Aedes aegypti. Parijs e coloboradores (1991) mostraram que a heveína, uma

proteína purificada de látex de Hevea brasiliensis, exibiu efeito antifúngico

sobre oito fungos fitopatogênicos, com valores de IC50 entre 90 e 1250 µg/ml. A

fração PLCp e PLCg exibiu valores de IC50 contra o F. oxysporum de 31,3 e

40,9 µg/ml, respectivamente. Esses valores são aproximadamente 25 vezes

menores ao IC50 da heveína (1250 µg/ml) e ao valor de IC50 (>1250 µg/ml)

encontrado para uma quitinase de Nicotina tabacum, uma proteína com

notáveis características antifúngicas (PARIJS, et al., 1991).

Atividade antifúngica de PLCp, PLCg e P1G10 foi inativada quando as

frações foram pré-tratadas com enzimas proteolíticas inespecíficas ou fervidas

por 30 minutos, demonstrando a natureza protéica dessas atividades. Várias

proteínas com atividade antifúngica foram purificadas de látices de algumas

espécies. Três quitinases purificadas do látex de Ficus microcarpa

apresentaram atividade contra Trichoderma viride (TAIRA, et al., 2005). A

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heveína mostrou atividade antifúngica contra três diferentes espécies de fungos

patogênos da cavidade oral e do trato respiratório de humanos, Candida

albicans, Candida tropicalis e Candida krusei, em concentrações tão baixas

como 12 µg/ml (KANOKWIROON, et al., 2007). A atividade antifúngica do látex

de Hevea brasiliensis e Carica papaya foi associada com enzimas envolvidas

na degradação de polissacarídeos da parede celular de fungos (GIORDANI, et

al., 2002).

O efeito antifúngico de PLCp, PLCg e P1G10 foi correlacionado

diretamente com a atividade proteolítica de tipo cisteínica, pois a atividade

antifúngica foi substancialmente aumentada quando as frações foram tratadas

com DTT ou foi efetivamente reduzida quando inibida com IAA. Apesar da

fração PLPr apresentar atividade proteolítica do tipo cisteínica, o efeito

deletério contra os fungos testados não foi observado, este fato pode ser

atribuído a uma baixa atividade proteolítica apresentada pela fração PLPr se

comparada as frações que mostraram atividade antifúngica.

Ramos e colaboradores (2009) mostraram envolvimento da atividade

proteolítica do tipo cisteínica presente no látex de C. procera e Cr. grandiflora

no efeito larvicida contra o mosquito Aedes aegypti. Evidência direta da

participação de proteinases cisteínicas na defesa da planta vem de

experimentos que mostram que a forte toxicidade de folhas de Carica papaya e

Ficus virgata contra os insetos herbívoros Samia ricini e Mamestra brassicae,

desaparece quando as folhas foram lavadas para retirada do látex ou quando o

E-64, um inibidor específico de proteinases cisteínica, foi espalhado na

superfície das folhas (KONNOR, et al, 2004).

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Souza, D. P., 2010. Proteínas inibidoras de fitopatógenos em fluidos laticíferos... Resultados

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Na literatura, existem relatos do envolvimento de proteases de látices

na defesa da planta contra insetos (KONNO, et al., 2004). Contudo, o papel

destas proteínas na defesa da planta contra fungos ainda não foi relatado. Há

relatos do envolvimento de proteases cisteínicas de outras fontes com

atividade antifúngica, antibacteriana e inseticida. Pechan e colaboradores

(2000) descreveram o efeito deletério de uma proteinase cisteínica de milho

sobre Spodoptera frugiperda e Diatraea grandiosella, ambos Lepidoptera. O

mesmo grupo também mostrou que essa mesma proteinase cisteínica era

capaz de degradar a matrix peritrófica destas lagartas (PECHAN, et al., 2002).

Krüger e colaboradores (2002) mostraram que um gene (Rcr3) que

codifica uma protease cisteínica em folhas de Solanum lycopersicum é

responsável pela resistência ao fungo Cladosporium fulvum. Similarmente, Hao

e colaboradores (2006) mostraram que dois genes que codificam proteinases

cisteínicas são necessário para a resistência de plantas de Nicotiana

benthamiana ao fungo Colletotrichum destrichum. Também foi descrito que

proteinases cisteínicas estão envolvidas na defesa da planta contra bactérias

(BERNOUX, et al., 2008).

Na literatura há relatos da participação de proteases aspárticas e

metaloproteases na defesa contra fungos. Uma protease aspárticas de

tubérculo (StAP1) e duas de folha (StAP2 e StAP3) de batata (Solanum

tuberosum) foram purificadas e caracterizadas. As duas isoformas StAP1 e

StAP3 mostraram atividade antifúngica contra os fungos Phytophthora

infestans e Fusarium solani (GUEVARA, et al., 2001, 2002, 2004). Mendieta e

colaboradores (2006) mostraram que o mecanismo de ação da atividade

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antifúngica da protease aspártica de folha de batata (StAP3) envolve produção

de espécies reativas de oxigênio e alteração na permeabilização da membrana

plasmática. O gene Pi-ta de tomate que codifica uma proteína com 223

aminoácido com similaridade com classe das metaloproteases, conferiu

resistência ao arroz contra fungos (ORBACH, et al., 2000).

A atividade antifúngica das frações testadas não foi totalmente anulada

depois do tratamento com IAA, sugerindo que outras proteínas além de

proteases cisteínicas podem participar da atividade antifúngica. Freitas e

coloboradores (2007) descreveram a presença de quitinases no látex de

Calotropis procera. As quitinases são o segundo maior grupo de proteínas

antifúngicas. Elas catalisam a clivagem hidrolítica da ligação β-1,4-glicosídicas

presente em biopolimeros de N-acetil-D-glicosamina (quitina), que é o

constituinte majoritário da parede celular de fungos (JOSHI, et al., 1998;

KASPRZEWSKA, 2003).

A participação de proteinases cisteínicas na defesa da planta contra

fitopatôgenos foi enfatizada a partir dos ensaios antifúngicos com proteinases

purificadas. A papaína, uma proteinase cisteínica de Carica papaya, foi capaz

de inibir o crescimento de cinco dos seis fungos testados e inibir a germinação

de esporos de F. solani. Assim como as proteínas laticíferas estudadas, a

papaína teve seu potencial antifúngico aumentado na presença de DTT e

drasticamente reduzido na presença IAA. A especificidade da protease frente

esta atividade biológica foi confirmada quando a tripsina e a quimotripsina,

duas proteinases serínicas, não mostraram nenhum efeito na germinação de

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esporos de F. solani, mesmo estas enzimas apresentando atividades

proteolíticas específicas similares ou maiores que da papaína.

A fração PLCg apresentou a maior atividade proteolítica nas condições

experimentais testadas e exibiu efeitos deletérios sobre todos os fungos

testados. Entretanto, não há relatos de proteases purificadas do látex de Cr.

grandiflora até o momento. Tendo em vista isso, a fração PLCg foi fracionada

através de cromatografia em coluna Monos-S Sepharose acoplada ao sistema

FPLC.

A cromatografia de fase reversa mostrou que apenas o PIII tinha um

único pico simétrico, demonstrando sua pureza. A homogeneidade da protease

purificada foi avaliada zimograma e espectrometria de massa MALDI/TOF. A

massa molecular relativa do PIII foi de aproximadamente 24 kDa obtida através

de SDS-PAGE. O zimograma para detecção de atividade proteolítica mostrou

uma única banda ativa confirmando o grau de pureza da enzima. A massa

molecular determinada por espectrometria de massa MALDI/TOF foi de 24,118

kDa. Esses resultados estão em concordância com outras proteases

purificadas de látex. Nas espécies do gênero Asclepias, como Asclepias

curassavica , Asclepias syriaca, Asclepias fruticosa foram purificadas

proteinases cisteínicas com massas moleculares de aproximadamente 24 kDa

(BROCKBANK & LYNN, 1979; TREJO, et al., 2001; LIGGIERI, et al., 2009).

Recentemente, Teixeira e colaboradores (2008) purificaram 12 isoformas de

proteinases cisteínicas no látex de Carica candamarcensis com massas

moleculares de aproximadamente 23 kDa. No látex de Carica papaya foram

identificadas, purificadas e caracterizadas quatro proteinases cisteínicas

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estrutural e imunologicamente distintas: papaína, quimopapaina, proteinase III

e proteinase IV com massas moleculares de 23,4, 25,0, 26,0 e 24,5 kDa,

respectivamente (BUTTLE, et al., 1989). Geralmente as proteases cisteínicas

purificadas de látices apresentam massas moleculares variando de 20 a 35

kDa (SUNDD, et al., 1998; MORCELLE, et al., 2004; DEVARAI, et al., 2008;

DOMSALLA & MELZIG, 2008).

Essa protease foi denominada de Cg24-I e é a primeira protease isolada

de látex Cryptostegia grandiflora. O rendimento da Cg24-I de 0,9 % foi baixo

quando comparado com proteinases purificadas de outros látex como, por

exemplo, araujiaina h-I (12 %), purificada de Araujia hortorum, funastraina c-II

(8,5 %), purificada de Funastrum clausum, e asclepaina c-II (9,8 %), purificada

de Asclepias curassavica (PRIOLO, et al., 2000; MORCELLE, et al., 2004;

LIGGIERI, et al., 2009). Porém, a Cg24-I tem um potencial para um possível

uso na indústria, por causa da sua facilidade de purificação (KANEDA, et al.,

1997). Outras proteases de látex foram purificadas em um único passo

cromatográfico tem sido bastante usada na indústria (PRIOLO, et al., 2000,

DEVARAI, et al., 2008).

Estudos de inibição da atividade proteolítica pelo E- 64 e IAA sugerem a

possibilidade da natureza cisteínica da protease presente no látex de Cr.

grandiflora. A enzima foi fortemente ativada na presença do agente redutor

DTT. A ativação pelo DTT e inativação pelos inibidores E-64 e IAA indicam que

os grupos–SH podem está envolvidos no mecanismo catalítico da enzima,

sugerindo que ela pertence à classe das proteinases cisteínicas (DUBEY &

JAGANNADHAM, 2003). Cerca de 110 látices de diferentes plantas são

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conhecidas por apresentarem pelo menos uma enzima proteolítica. A maioria

delas pertence à família das proteinases cisteínicas (PATEL &

JAGANNADHAM, 2003; DOMSALLA & MELZIG, 2008). A papaína, presente

em Carica papaya, é a mais conhecida. Além da papaína, o látex de Ca.

papaya possui outras proteinases cisteínicas, tais como, quimopapaína,

caricaina, glicilendopeptidase (MEZHLUMYAN, et al., 2003; DOMSALLA &

MELZIG, 2008). Do mesmo modo, várias proteinases cisteínicas foram

identificadas em látices de espécies do gênero Asclepias (TABLERO, et al.,

1991; TREJO, et al., 2001; LIGGIERI et al., 2004), Calotropis (RAJESH, et al.

2005; DUBEY, et al., 2003), Araujia (PRIOLO, et al., 2000; OBREGÓN, et al.,

2001).

A Cg24-I apresentou pH ótimo de atividade em torno de 8,0, assim como

é observado em proteases cisteínicas isoladas de Ervatamia coronária

(NALLAMSETTY, et al., 2003), Asclepias curassavica (LIGGIERI et al., 2004),

Morrenia brachytephana Griseb (CAVALLI, et al., 2003), Jacartia mexicana

(GAVIRA, et al., 2007).

A Cg24-I foi capaz de inibir a germinação de esporos F. solani. A

concentração mínima de protease capaz de inibir totalmente a germinação foi

de 28, 12 µg/ml. Não há relatos de proteinases cisteínicas isoladas de látices

com atividade antifúngica. O fato que Cg24-I exibir atividade antifúngica, assim

como outras proteínas presentes em látex, sugere que pode ter um papel na

defesa de plantas contra patôgenos.

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A proteinase Cg24-I pode atuar alterando a permeabilidade da

membrana de fungos tais como F. solani. Essa alteração na permeabilidade foi

revelada com auxílio do iodeto de propídio, um corante com alta afinidade para

ácido nucléico (DNA), que facilmente penetra em células com a membrana

plasmática comprometida. A permeabilidade das membranas biológicas é um

fator crucial na manutenção das condições celulares. Alterações mínimas em

sua estrutura acarretam grandes modificações no metabolismo e fisiologia das

células, além de promover distorções na transdução de sinais do meio externo

para o interior celular (ABAD, et al., 1995). As proteínas que apresentam

atividade antifúngica e atuam sobre a membrana plasmática possuem uma

grande variedade de estruturas tridimensionais, contudo todas apresentam no

mínimo duas características em comum: uma carga líquida positiva em

condições fisiológicas, que promoverá a interação com a superfície carregada

negativamente dos microorganismos e uma estrutura hidrofóbica ou neutra que

permitirá a formação dos poros (EPAND & VOGEL, 1999; TOSSI, et al., 2000;

WON, et al., 2008).

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7 – CONCLUSÃO

Os látices de Calotropis procera, Cryptostegia grandiflora e Carica

candamarcensis apresentam atividade antifúngica sobre vários fitopatôgenos, e

proteinases cisteínicas provavelmente estão envolvidas com essa atividade.

Esses resultados fortificam a hipótese que látex tem papel importante na

defesa vegetal.

A protease antifúngica purificada de Cr. grandiflora denominada de

Cg24-I apresenta massa molecular de 24.118 kDa. Provavelmente a Cg24-I

pertença a classe das proteinases cisteínicas e seu mecanismo de ação contra

fungos esteja relacionado a alteração na permeabilidade da membrana

plasmática.

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8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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