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Mariá do Carmo Marques RA: 001200401419 Rute da Silva Bezerra RA: 001200402158 PROTOCOLO DE EXERCÍCIO PARA MULHERES NO PUERPÉRIO IMEDIATO: ASSOCIAÇÃO COM O TIPO DE PARTO Bragança Paulista 2008

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Mariá do Carmo Marques RA: 001200401419

Rute da Silva Bezerra RA: 001200402158

PROTOCOLO DE EXERCÍCIO PARA MULHERES NO PUERPÉRIO IMEDIATO: ASSOCIAÇÃO COM O TIPO DE

PARTO

Bragança Paulista

2008

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Mariá do Carmo Marques RA: 001200401419

Rute da Silva Bezerra RA: 001200402158

PROTOCOLO DE EXERCÍCIO PARA MULHERES NO PUERPÉRIO IMEDIATO: ASSOCIAÇÃO COM O TIPO DE

PARTO

Bragança Paulista

2008

Monografia apresentada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, sob a orientação da Profª. Andrea de Vasconcelos Gonçalves, como exigência parcial para a conclusão do curso de graduação.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

MARQUES, Mariá do Carmo & BEZERRA, Rute da Silva. Protocolo De Exercício Para Mulheres no Puerpério Imediato: Associação com o Tipo De Parto. Monografia definida e aprovada na Universidade São Francisco em 02 de dezembro de 2008

pela banca examinadora constituída pelos professores.

___________________________________________________________________

Profª Andrea de Vasconcelos Gonçalves

USF- Orientadora Temática

___________________________________________________________________

Profª Dra. Rosimeire Simprini Padula

USF- Orientadora Metodológica

___________________________________________________________________

Profª Katiuscia Rosette Scasni

USF- Examinadora

3

DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho aos nossos pais,

João & Vitorina, Heleno & Risomar Maria,

que se fizeram presente nos momentos mais

difíceis, sempre com amor e dedicação. Aos

nossos familiares que se fazem presente na

nossa vida hoje e sempre.

4

AGRADECIMENTOS

A DEUS...

Por estar sempre ao nosso lado, por nos compreender e perdoar pelos momentos de desespero, por resolver nossos problemas e nossas dúvidas, por nos ajudar a vencer os obstáculos que apareceram durante toda esta nossa caminhada. Quando o menor apoio nos pareceu distante e os objetivos inatingíveis, com fé, orarmos por uma única força que realmente precisamos a força de Deus... Obrigada por tudo.

AOS MEUS PAIS...

A vocês, que nos acompanharam com carinho e estímulo, que nos deram força e coragem para não desanimar e persistir neste caminho para, enfim, atingir nossos objetivos tão almejados e que mesmo nas horas de tristeza e desânimo ficaram sempre ao nosso lado, mesmo que para isso precisasse trabalhar dobrado, renunciar a seus sonhos em favor dos nossos.

A vocês, meus companheiros, confidentes... Essa vitória não existiria sem vocês com certeza, nesse momento tão especial, procurei entre as palavras aquelas que melhor expressassem toda essa nossas emoção e gratidão por tudo o que fizeram por nós... Muito obrigada.

A NOSSA ORIENTADORA...

Que com paciência, confiança e toda experiência nos auxiliou na concretização deste trabalho, nos incentivando a buscar novos conhecimentos. Obrigada pelas horas que passamos juntas e por ser uma pessoa atenciosa.

A NÓS...

Ninguém viveu as emoções que vivemos. Ninguém tem a família que nós herdamos, os amigos que

abraçamos, as pessoas por quem nos apaixonamos, as casas em que moramos, as estradas em que rodamos, os horizontes que observamos, as músicas que dançamos, os presentes que ganhamos, as desavenças que nós ignoramos, o caráter que nós formamos, o ano que passamos e aonde chegamos.

Ninguém tem uma historia de vida como a nossa. Porque nos somos diferentes e fazemos com que tudo ao nosso

redor também seja...

5

ENFIM...

A todas as pessoas que depositaram confiança em nós, que por meio de palavras, discussão, críticas, direta ou indiretamente que nos ajudaram a ter confiança e vontade de continuar e, assim, poder chegar aonde chegamos, neste momento... Muito obrigada.

6

“Levanta-te e resplandece, porque já vem a tua luz e a glória do Senhor vai nascendo sobre

ti.”

Isaias 60:1

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MARQUES, Mariá do Carmo & BEZERRA, Rute da Silva. Protocolo De Exercício Para Mulheres no Puerpério Imediato: Associação com o Tipo De Parto. Monografia definida e aprovada na Universidade São Francisco em 02 de dezembro de 2008

pela banca examinadora constituída pelos professores.

RESUMO

O puerpério tem seu inicio de uma a duas horas após a expulsão da placenta, e pode ser

dividido em três estágios: pós-parto imediato, pós-parto tardio e pós-parto remoto. Foi aplicado um protocolo de exercício no puerpério imediato que ocorre a partir de 1 a 10 dias após o parto, associado ao tipo de parto: cesárea e vaginal. Objetivo: Avaliar adesão de mulheres no puerpério imediato a um protocolo de exercícios. Método: A amostra foi constituída de 18 puérperas, 9 de parto cesárea e 9 de parto vaginal com idade variável entre 18 e 37 anos, internadas na enfermaria de ginecologia e obstetrícia do HUSF no período de Abril a Junho de 2008. As puerperas participaram de um protocolo de exercício, com duração de 20 a 30 minutos em uma única sessão. Resultados: Observou-se que tanto as puérperas de parto vaginal quanto as puérperas de parto cesárea aderiram muito bem ao protocolo de exercícios. Ambos os grupos, obtiveram 100% de aproveitamento nos 1°, 2º, 3º e 7º exercícios enquanto comparado com o 4º exercício que as puérperas de parto vaginal obtiveram 100% de aproveitamento as puérperas de parto cesárea obtiveram 90% sendo que o 5º e 6º exercícios onde foram encontrados mais dificuldades para realizá-los independente do tipo de parto. Conclusão: Todas as puérperas realizaram o protocolo de exercícios, independente do tipo de parto: cesárea ou vaginal. Sendo assim não foram observadas nenhuma outra dificuldade, desconforto ou sangramento ao realizar os outros exercícios em ambos os grupos. Palavras chaves: Protocolo de Exercícios, puerpério imediato, parto normal e cesárea, adesão.

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MARQUES, Mariá do Carmo & BEZERRA, Rute da Silva. Protocolo De Exercício Para Mulheres no Puerpério Imediato: Associação com o Tipo De Parto. Monografia definida e aprovada na Universidade São Francisco em 02 de dezembro de 2008

pela banca examinadora constituída pelos professores.

ABSTRACT

The birth has its beginning one to two hours after the expulsion of the placenta, and can be divided into three stages: immediate post-childbirth, postpartum and late postpartum remote. We applied a protocol of exercise that occurs in the immediate postpartum from 1 to 10 days after birth, associated with the type of delivery: cesarean section and vaginal. Objective: To assess adherence to the immediate postpartum women in a protocol of exercises. Method: The sample consisted of 18 mothers, 9, childbirth and caesarean section 9 of vaginal delivery with age ranging from 18 to 37 years, admitted in obstetrics and gynecology ward of the HUSF in the period from April to June 2008. The mothers participated in a protocol of exercise, lasting from 20 to 30 minutes in a single session. Results: It was observed that both the mothers of vaginal delivery as the mothers of cesarean delivery acceded to the protocol very well for years. Both groups, achieved 100% completion of the 1, 2, 3 and 7 years as compared to the 4th year that the mothers of vaginal delivery achieved 100% completion of the mothers of cesarean delivery gained 90% while the 5th and 6th exercises where they were found more difficult to accomplish them regardless of the type of delivery. Conclusion: All women had had the protocol of exercises, regardless of the type of delivery: cesarean section or vaginal. So were not observed any difficulty, discomfort or bleeding when performing the other exercises in both groups. Key words: Protocol of exercises, immediately postpartum, vaginal and cesarean section, membership.

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS................................................................................................................10

LISTA DE TABELAS............................................................................................................11

LISTA DE GRÁFICOS..........................................................................................................12

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................13

2. OBJETIVOS........................................................................................................................22

2.1. Objetivo geral.....................................................................................................................22

2.2. Objetivo específico............................................................................................................22

3. MÉTODOS..........................................................................................................................23

3.1. Dezenho.............................................................................................................................23

3.2. Sujeito................................................................................................................................23

3.3. Materiais.............................................................................................................................23

3.4. Procedimentos....................................................................................................................23

3.5 Análise dos dados................................................................................................................26

4. RESULTADOS....................................................................................................................27

5. DISCUSÃO..........................................................................................................................35

6. CONCLUSÃO.....................................................................................................................39

7.REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS..................................................................................40

ANEXOS..................................................................................................................................42

ANEXO I Termo de Consentimento livre e esclarecido...........................................................43

ANEXO II Ficha de avaliação..................................................................................................45

ANEXO III Protocolo de Exercício..........................................................................................46

ANEXO IV Folha de aprovação do comite de ética em pesquisa...........................................48

10

LISTA DE SIGLAS AF – Antecedentes familiares

AP – Antecedentes pessoais

DG – Diabetes Gestacional

DMRA – Diástase dos Músculos Retos Abdominais

FC – Frequência cardíaca

FR – Frequência respiratória

HA – Hipertesão arterial

HAS – Hipertensão arterial sistólica

HUSF – Hospital Universitário São Francisco

IG – Idade Gestacional

ITU – Infecção do trato urinário

MAP – Musculatura do assoalho pélvico

MMII – Membros Inferiores

PAD – Pressão arterial diastólica

PAS – Pressão arterial sistólica

PMP – Pressão muscular perineal

UBS – Unidade Básica de saúde

11

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Dados da ficha de avaliação referente ao parto vaginal......................................27

TABELA 2: Dados da ficha de avaliação referente ao parto cesárea......................................29

TABELA 3: Dificuldades apresentadas ao realizar os exercícios...........................................34

12

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Refere-e a Idade Cronológica, IG e quantidade de gestações de cada puérpera:

Parto vaginal.............................................................................................................................28

GRÁFICO 2: Refere-e a Idade Cronológica, IG e quantidade de gestações de cada puérpera:

Parto Cesárea.............................................................................................................................30

GRÁFICO 3: Protocolo de Exercícios para mulheres no puerpério imediato: Parto

vaginal.......................................................................................................................................31

GRÁFICO 4: Protocolo de Exercícios para mulheres no puerpério imediato: Parto

cesárea.......................................................................................................................................32

GRÁFICO 5: Protocolo de Exercícios para mulheres no puerpério imediato: Parto cesárea e

vaginal.......................................................................................................................................33

13

1. INTRODUÇÃO

O puerpério é o período em que as modificações locais e sistêmicas provocadas pela

gravidez retornam à situação do estado pré-gavídico. Tendo seu início de uma a duas horas

após a dequitação da placenta, e seu término imprevisto. Pois enquanto a mulher amamentar

ela estará sofrendo modificações da gestação, não retornando seus ciclos menstruais

completamente à normalidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

O puerpério é dividido em três estágios que compreendem em, pós-parto imediato: do

primeiro ao décimo dia; pós-parto tardio: do décimo primeiro ao quadragésimo quinto dia e

pós-parto remoto: além desse período (REZENDE, 2002).

No puerpério imediato ocorre a crise genital e fenômenos catabólicos e involutivos das

estruturas hipertróficas ou hiperplasiadas ocorridas durante a gestação. O puerpério tardio é o

período de transição onde toma impulso a recuperação genital. É um circuito biológico em

que todas as funções começam ser influenciadas pela lactação. O puerpério remoto é um

período de duração imprecisa. Mesmo em mulheres que não amamentam o útero involui, o

endométrio prolifera e o esfregaço vaginal readquire padrão normal de estrogênio entre 50 e

60 dias, favorecendo o retorno da menstruação. As mulheres que amamentam integralmente

podem ficar amenorréicas no pós-parto por oito a doze meses (REZENDE, 2002).

Uma das mudanças anatômicas e fisiológicas que ocorrem na mulher no período

puerperal é a involução uterina, processo que começa imediatamente após a expulsão da

placenta com a contração da musculatura lisa do útero. É importante manter o útero

firmemente contraído para prevenir a perda excessiva de sangue. O útero que a termo pesa

aproximadamente onze vezes seu peso não gravídico, involui para 500g na primeira semana

após o parto, na segunda semana para 350g e na sexta semana ele pesa em torno de 50 a 60g.

O crescimento uterino durante a gestação se dá devido ao aumento do estrógeno e

progesterona circulante. Este crescimento é o resultado da hiperplasia, aumento no número de

células musculares e da hipertrofia, aumento das células existentes (LOWDERMILK, 2002).

O endométrio sofre grandes transformações no puerpério. No sítio placentário, o

sangramento é debelado pelas retrações e contração miometrial, levando ao colapso da

circulação e trombose dos orifícios vasculares. A eliminação de fragmentos de tecido ocorre

por descamação contínua e progressiva. Ao término do décimo dia, a área é reduzida em 50%

e apresenta um infiltrado leucocitário, uma verdadeira barreira protetora contras infecções de

acordo com Pritchard e Mac Donald (1983), apud Souza (2002).

14

As tubas uterinas reduzem tanto em comprimento quanto em espessura, a coloração

passa de arroxeada para róseo-clara, as alterações microscópicas sugestivas do processo

inflamatório não significam infecções, determinando que as alterações das tubas uterinas

ocorrem principalmente no nível celular, desaparecendo em torno da sexta à oitava semana

após o parto, as células epiteliais retornam as condições normais existente na fase folicular

ajudando no transporte dos óvulos de acordo com Andrews (1951), apud Neme (2006).

Os ovários também diferem seu aspecto histofuncional em função da lactação. Nas

puérperas que amamentam, observa-se aspecto ovariano de quiescência relativa, não

aparecendo nenhum sinal folicular nas primeiras semanas. Já nas puérperas que não

amamentam, o ciclo ovariano restabelece-se dentro de seis semanas, ocorrendo inicialmente,

ciclos anovulatório, endométrio proliferativo; ciclos ovulatórios com insuficiência lútea,

endométrio misto; e ciclos ovulatórios normais, endométrio secretor (NEME, 2006).

Lóquios são secreções vaginais no pós-parto, que apresentam cor inicialmente

vermelho-vivo mudando posteriormente para vermelho-rosado ou marrom-avermelhado,

podendo conter pequenos coágulos de sangue. Os lóquios progridem por três estágios, cada

qual com características especiais que refletem a cicatrização endometrial progressiva. Os

estágios são: lóquio rubro que consiste em sangue, decídua e resíduos trofoblásticos, podendo

ter um odor ligeiramente carnoso. Lóquio seroso consiste em sangue velho, soro, leucocitose

e resíduos de tecido. A coloração apresenta-se róseo-acastanhada e inodoro. Lóquio branco

constituem-se de leucócitos, decídua, células epiteliais, muco, soro e bactérias

(LOWDERMILK, 2002).

O colo uterino, inicialmente surge como estrutura flácida, com bordas distensíveis

denteadas e irregulares, ao contrário do que acontece no corpo uterino, isquemiado pela

contratura do miométrio, a cérvice apresenta-se fortemente perineada. Sendo comum observá-

la dilaniada nas porções laterais, por causa do aspecto em fenda transversal, que vai exibir

posteriormente o orifício externo atestando a pariedade da mulher ( REZENDE, 2002).

A vagina irá apresentar paredes lisas, dilatadas, edemaciadas e com o tônus muscular

reduzido. Aos poucos, a vagina se contrai, o edema regride e no final da terceira semana as

rugas tornam-se aparentes na parede vaginal. O epitélio vaginal também passa por alterações

significativas no período pós-parto. Nas mulheres que não estiverem amamentando, a atrofia

regride dentro de seis a dez semanas após o parto, à medida que os níveis do estrogênio

normalizarem. Contudo, como as concentrações desse hormônio permanecem baixas durante

a lactação, as nutrisses podem continuar a referir sintomas causados pela atrofia vaginal,

15

dentre os quais estão a redução da lubrificação vaginal e a diminuição da resposta sexual

(BRANDEN, 2000).

Estruturas de sustentação muscular da pelve, juntamente com os ligamentos largo e

redondo, são significativamente estiradas durante a gravidez, à medida que o útero cresce.

Durante o parto vaginal, as estruturas que sustentam o útero, a vagina, a uretra e a bexiga

sofrem traumatismo. Embora a frouxidão dessas estruturas melhore gradativamente, pode

persistir algum relaxamento pélvico além do período pós-parto, causando uma das seguintes

condições: prolapso uterino, cistocele, retocele e enterocele (BRANDEN, 2000).

Devido à ação dos hormônios, estrógeno e progesterona no período da gestação, os

componentes lobulares da mama aumentam enquanto os sistemas de ductos proliferam e se

diferenciam. Os mamilos ficam mais eretos, e a pigmentação da aréola sobressai-se, as mamas

aumentam de tamanho e de sensibilidade, exibindo veias mais proeminentes. Após o parto, há

uma queda desses hormônios nas puérperas, desencadeando a liberação de prolactina da

hipófise anterior. A prolactina durante a gestação prepara as mamas para secretar o leite e

durante a lactação, para sintetizar e secretar leite (LOWDERMILK, 2002).

O leite é produzido nos alvéolos, que são as unidades secretoras básicas da mama. Os

níveis dos hormônios placentários circulantes diminuem rapidamente, o nível de estrogênio

cai subtamente nas primeiras três horas após o nascimento do bebê e, em seguida, diminui de

forma mais gradativa até o sétimo dia do período pós-parto, quando atinge seu patamar mais

baixo e permanece durante a amamentação. Isso contribui em algumas mulheres para

supressão da ovulação. Porém nas mulheres que não estiverem amamentando, o estrogênio

começam a aumentar aos níveis normais cerca de semanas após o parto e a concentração da

progesterona diminui abaixo dos níveis normais da fase lútea em torno do terceiro dia do

período pós-parto. Após a primeira semana, a progesterona não poderá ser detectada na

circulação até que as ovulações recomecem. Conseqüentemente, os primeiros ciclos

menstruais após o parto podem ser irregulares e mais curtos do que os normais (BRANDEN,

2000).

O período pós-parto possibilita, em geral, a regressão completa das alterações

respiratórias relacionadas com a gravidez, tais como, falta de ar, desconforto torácico e costal

e redução da tolerância aos esforços físicos. As alterações anatômicas da cavidade torácica e

do gradil costal, causadas pelo crescimento progressivo do útero, regridem gradativamente

após o nascimento do bebê. Assim a expansão pulmonar plena retorna e o gradil costal

readquire seu diâmetro normal. À medida que o nível de estrogênio diminui, a vascularização

do trato respiratório aumentado pela gravidez também regride ao estado pré-concepcional. E à

16

medida que o nível de progesterona diminui, a demanda de oxigênio é reduzida e o útero para

de comprimir o diafragma, o volume corrente diminui e a capacidade residual funcional

aumenta retornando aos valores pré-concepcionais (BRANDEN, 2000).

Quanto ao aparelho cardiovascular, o rendimento cardíaco, o volume plasmático e a

resistência vascular retornam aos valores normais em seis a doze semanas. Durante o parto

vaginal e cesariano ocorre grande perda sanguínea. Isso faz com que as puérperas tenham

uma diminuição do volume sanguíneo em relação ao pré-parto. A pressão arterial eleva-se,

em função da eliminação da circulação placentária e da contração uterina, que sobrecarrega o

sistema circulatório. A pressão venosa dos membros inferiores diminui pela descompressão

da veia cava inferior, as veias dos membros inferiores e vulva regridem progressivamente. O

débito cardíaco permanece em níveis altos por 24 horas após o parto, em seguida diminui

gradativamente ao nível pré-concepcional. De sete a dez dias após o parto, pode haver

bradicardia transitória. Alteração são normais podendo resultar na redução da carga de

trabalho cardíaco que ocorre após o nascimento do bebê (SOUZA, 2002).

O sistema hematopoiético diminui o volume sanguíneo em função da hemorragia e

dequitação da placenta. O número de hemácias cai nos primeiros dias, a quantidade de

neutrófilos aumenta nas primeiras 24 horas, com queda após as 48 horas. Os níveis de

plaquetas elevam-se nos três primeiros dias voltando logo ao normal. A taxa de hemoglobina

declina progressivamente, mesmo quando o número de hemácia começa a elevar-se (NEME,

2006).

As alterações morfológicas do trato urinário, como a dilatação da uretra, pelve renal,

ureteres e o relaxamento da parede vesical, podem persistir por três meses após o parto.

Imediatamente após o parto a mucosa vesical apresenta edema, hiperemia e às vezes

sangramento submucoso, levando a hematúria, incapacidade de micção ou incontinência

urinária (SOUZA, 2002).

Com o esvaziamento uterino as víceras abdominais retornam vagarosamente às

disposições anatômicas, tendo redução da motilidade intestinal, sem atonia concomitante.

As constipações são indefectíveis nas puérperas que se mantém no leito entre uma a duas

semanas após o parto, excepcionalmente hoje com o levantar precoce, se observa mais, nas

que já apresentavam constipação crônica (REZENDE, 2002).

Ao nascimento do bebê elimina-se a sobrecarga mecânica do sistema

musculoesquelético e suprime-se a secreção de relaxina. De seis a oito semanas após o parto,

a postura da puérpera volta ao normal e as alterações estruturais regridem gradativamente

(BRANDEN, 2000).

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As alterações pigmentares causadas pela gravidez como, cloasma da gestação

desaparecem após o nascimento do bebê, a linha negra, a hiper pigmentação das aréolas e a

perda de cabelo regridem gradativamente, à medida que se estabilizam os níveis hormonais

podendo permanecer em algumas mulheres. As estrias nas mamas, abdomen, quadril e nas

coxas, podem clarear, mas em geral não desaparecem. Algumas pacientes apresentam

sudorese profunda, que está associada aos desvios de líquidos após o parto, é um mecanismo

normal que ajuda o sistema renal a excretar o excesso de líquido (LOWDERMILK, 2002).

No pós-parto também encontramos algumas complicações sendo elas imediatas ou

tardias. A hemorragia é uma das complicações que acontece imediatamente, entre as

primeiras 24 horas e tardiamente entre 24 horas e doze semanas após o parto, sendo a quinta

causa de morte materna de acordo com Mousa e Walkinshaw (2001), apud Souza (2007).

As causas de hemorragia são divididas em uterinas: hipotonia e/ou atonia uterina,

retenção placentária, placentação anômala, sangramento do sítio de implantação placentária,

laceração e ruptura uterina. E as não uterinas: laceração do trato genital inferior, coagulopatias

e hematomas. As complicações mais importantes de hemorragia são, o choque hipovolêmico,

coagulação intravascular disseminada, insuficiência renal, hepática, respiratória e anemia. Os

hematomas vaginais e vulvares são complicações pouco comuns no parto. O conhecimento e

a identificação dos vários fatores de risco envolvidos permite o diagnóstico precoce, exato,

imediato, agressivo e eficaz, diminuindo as complicações, muitas vezes agindo

preventivamente (SOUZA, 2007).

As lacerações vaginal e perineais são relativamente comuns durante o parto. Em geral

essas lesões sâo acompanhadas de laceracões do períneo; uma laceração perineal profunda

pode envolver os esfíncter anal e estender-se pelas paredes vaginais. As lecerações dos terços

médio e superior da vagina, que são menos comuns do que as lascerações anteriores,

costumam ser devidas o parto a fórceps podendo causar sangramento abundante

(BRANDEN, 2000).

As infecções puerperais desenvolvem-se num local específico ou podem estender-se por

outros órgãos. A vagina, a cérvice, o hematoma, a episiotomia podem ser porta de entrada

para os microrganismos patogênicos. A mortalidade por infecção puerperal é muito maior

após cesáreas do que depois de parto vaginal. A ampliação da lesão original ocorre quando

uma infecção localizada se espalha para outras áreas através dos vasos sanguíneos ou

linfáticos, acarretando infecções como; salpingite causada pelos gonococos; parametrite

também conhecida como celulite pélvica; peritonite (infecção do peritônio), tromboflebite,

18

(inflamação venosa) quando a inflamação puerperal se espalha pelas veias (BRANDEN,

2000).

A endometrite é uma das infecções pós-parto mais comum, começa no local da placenta

e se espalha pelo endométrio. Os sinais apresentados são: febre, pulso aumentado, calafrios,

anorexia, náuseas, fadiga, letargia, dor pélvica, sensibilidade uterina ou lóquios profusos com

fortes odores. Sendo que a incidência é mais alta após o parto cesariana (LOWDERMILK,

2002).

A atelectasia tem sua manifestação clínica através das complicações respiratórias,

temperatura elevada, taquipnéia, taquicardia e ruídos adventícios em base pulmonar, sendo

mais comum em mulheres que se submeteram à cirurgia pélvica. Sendo assim a fisioterapia

respiratória tem um papel importante na prevenção e no tratamento. As doenças circulatórias

podem aparecer durante as seis primeiras semanas do pós-parto ocorrendo uma queda

substancial do risco de doenças circulatórias, como trombose venosa, embolia pulmonar,

hemorragia subaracnoidiana e infarto do miocárdio. A doença tromboembolítica é uma

importante causa de morte materna no puerpério, sua incidência tem diminuído muito por

estimular a deambulação precoce, porque a estase sangüínea venosa é, provavelmente, o

maior fator isolado de trombose venosa profunda e ocorre mais a partir do segundo dia pós-

parto (SOUZA, 2007).

O ingurgitamento mamário acontece, habitualmente, na maioria das mulheres, do

terceiro ao quinto dia após o parto. As mamas ingurgitadas são dolorosas, edemaciadas, às

vezes, avermelhadas e as puérperas podem ter febre. Para se evitar o ingurgitamento, a pega e

a posição para a amamentação devem ser adequadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Em estudo observou que 58% (140) das puéperas tiveram algum trauma mamilar, e

42% (111) não tiveram nenhum problema no ato de amamentar. Dentre as puérperas que

com algum tipo de trauma mamilar, evidenciou-se 29% (41) das puérperas com

ingurgitamento mamário, e 71% (99) delas com fissuras (RAVELLI, 2008).

A mastite é um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama lactante,

habitualmente a partir da segunda semana após o parto. Ocorre nas puérperas com

ingurgitamento mamário indevidamente tratado, geralmente unilateral. Aparecem sintomas

como, dor, calor local, rubor, febre, calafrios, tremores, taquicardia e mal-estar. Devendo

mesmo assim a amamentação ser mantida se possível, e o quanto necessário, a pega e a

posição devem ser sempre corrigida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Os distúrbios emocionais já vêm da procriação que provoca uma sobrecarga

psicossocial. O que causa grandes repercussões em processo lento elaborativo para melhorar

19

essa situação. Quando ocorre o parto além dos problemas situacionais, fisiológicos e

anatômicos inicia-se a ansiedade de esvaziamento e da castração, vindo junto também o

próprio pós-parto, a lactação e o primeiro contato mãe e filho. No entanto este período é de

significantes transformações, a puérpera se encontra debilitada, cansada, ao mesmo tempo

excitada pelo nascimento do filho e com uma grande labilidade emocional, sendo uma das

maiores crises existenciais que um ser humano pode experimentar. A melancolia da

maternidade, a depressão pós-parto, a psicose puerperal e a síndrome do pânico são as mais

comuns em quadros de distúrbios psiquiátricos puerperais, que não são raros, mas afetam a

vida da nova mãe (SOUZA, 2007).

Os cuidados e recomendações no pós-parto imediato têm o intuito de promover o bem

estar da puérpera, bem como prevenir, reconhecer a tratar as complicações. Deve-se observar

no pós-parto imediato os dados vitais como temperatura axilar, pulso, pressão arterial,

freqüência respiratória, volume urinário, e também a monitorização do sangramento vaginal.

A observação da bexiga é importante para prevenção de complicações urinárias, sendo

prescritos medicamentos para proporcionar conforto às pacientes, que com isso limita a

movimentação, restringe a tosse e compromete o estado geral das pacientes (POLDEN e

MANTLE, 2000).

A inspeção da ferida cirúrgica é imprescindível, tanto na região perineal quanto na

região suprapúbica, para verificar a cicatrização da ferida e o aparecimento de complicações,

como hematoma e infecções. Com relação à higiene perineal, a puerpéra deve-se lavar

freqüentemente com água e sabão, principalmente após as micções e evacuações.

Recomenda-se, também, promover a higienização adequada dos mamilos, com algodão e

água, antes e após as mamadas. A dieta é regulada após a estabilização dos dados vitais e

recuperação da anestesia (SOUZA, 2007).

A maioria das puérperas estão interessadas em readquirir a antiga forma. O exercício

pode ser iniciado após o termino do efeito anestésico, começando com exercícios simples e

evoluindo gradualmente para outros exercícios mais vigorosos. Os exercícios pélvicos de

Kegel são importantes para fortalecer o tônus muscular principalmente após o parto vaginal

(LOWDERMILK, 2002).

Todas as mulheres, após o parto, deveriam ser acompanhadas por um fisioterapeuta

obstétrico, para a sua melhor recuperação. Infelizmente na prática fisioterapêutica isso não

acontece em todas as maternidades. A atuação multidisciplinar melhora qualidade de

atendimento à mulher no pós-parto, abreviando o tempo de internação hospitalar das

puérperas (SOUZA, 2007).

20

O objetivo da fisioterapia é ofertar orientações sobre: amamentação, prevenir e tratar

disfunções musculoesqueléticas e uroginecológicas, bem como complicações clínicas

relacionadas ao sistema cardiovascular e respiratório, diminuindo as possíveis dores e

desconforto que possam estar presentes no pós-parto, sempre enfocando o bem-estar das

puérperas (SOUZA, 2007).

As atividades desempenhadas pela equipe multiprofissional de informar, apoiar,

aconselhar e orientar a puérpera durante o aleitamento materno tem como objetivo comum a

adesão da mãe ao aleitamento materno e à nutrição adequada do recém-nascido. Embora, as

atividades desempenhadas pelos profissionais dependam da área de atuação de cada um

(ALMEIDA et al, 2004).

Antes de se iniciar o procedimento com as puérperas, deve ser verificado o horário de

procedimento do parto, sabendo respeitar as seis primeiras horas de repouso em parto vaginal

e as oito primeiras horas de repouso em cesariana, devido ao estresse físico e emocional

causado pelo parto. Também deve ser observada a instabilidade hemodinâmica que se

estabelece no organismo das puérperas. Deve se iniciar o atendimento, coletando os dados

pessoais e relativos ao parto no prontuário. Antes da avaliação física, deve-se conversar com

as puérperas, e descobrir possíveis desconfortos e dores que possam estar presentes, sendo a

conduta é especifica para cada uma. Sendo assim inicia-se a investigação de possíveis

alterações hemodinâmicas (SOUZA, 2007).

Deve-se observar no primeiro contato com a paciente o posicionamento no leito, a

postura que se encontra, para assim poder orientar à adequação correta da postura, deve-se

observar também seu estado emocional e a receptividade às orientações. Após a conversa com

a puérpera, são realizados os exames físicos mais detalhados. Os sinais vitais devem ser

observados antes mesmo de começar qualquer exercícios com as puérperas, deve-se verificar,

freqüência cardíaca (FC), freqüência respiratória (FR), pressão arterial (PA), pois se algum

destes sinais estiverem anormais a conduta será interrompida. A avaliação respiratória é

importante: verificar o padrão respiratório, a expansibilidade torácica, a mobilidade

diafragmática e a ausculta pulmonar, pois a mecânica respiratória pode estar alterada tanto em

puérperas que tiveram o parto vaginal, quanto nas puérperas que tiveram o parto cesárea

(SOUZA, 2007).

No abdômem devem ser realizada a palpação do útero a fim de acompanhar o processo

da involução uterina pela percussão. Na avaliação dos membros inferiores, avalia-se a

presença de edema e varizes, bem como sinais de formação de trombos. Na avaliação das

21

mamas, verificamos a simetria e a condição da mama além da presença do colostro (SOUZA,

2007).

Estudos com mulheres no pré e pós-parto, mostraram que a fisioterapia não é só para

dor nas costa, e sim visar antes de tudo à prevenção e minimização das complicações. Visto

que ocorre alteração significativa em todos os sistemas fisiológicos, voltando ao estágio pré-

gravídico (BIM, 2002).

Não existem estudos avaliando os ricos e os benefícios de um protocolo de exercício no

puerpério. Acredita-se que os benefícios dos exercícios físicos controlados por um

fisioterapeuta superam os riscos de dor cicatricial e aumento do sangramento uterino

(loquiação) em mulheres no puerpério imediato. Portanto é fundamental comprovar que o

atendimento fisioterapêutico no puerpério imediato, segundo o tipo de parto, poderá contribuir

para melhor recuperação global da mulher no puerpério. Este estudo tem por objetivo

demonstrar a eficácia de um protocolo de exercícios orientados pelo fisioterapeuta, em

mulheres no pós parto de cesárea e parto vaginal.

22

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Avaliar adesão de mulheres no puerpério imediato a um protocolo de exercícios.

2.2. Objetivo específico

♦ Avaliar a adesão do protocolo de exercícios em mulheres no puerpério imediato

de parto vaginal;

♦ Avaliar a adesão do protocolo de exercícios em mulheres no puerpério

imediato, de parto cesárea;

♦ Avaliar em quais exercícios as mulheres apresentaram dor ou sangramento

durante a execução;

♦ Avaliar as dificuldades em executar um protocolo de exercício em mulheres no

puerpério de parto vaginal e cesárea.

23

3. MÉTODOS

3.1. Desenho

Foi realizado um estudo de intervenção, tipo ensaio clínico.

3.2. Sujeito

Foram selecionadas mulheres no pós-parto imediato (a partir de 6 à 24 horas após o

parto vaginal e de 8 à 24 horas de parto cesárea) internadas na enfermaria de ginecologia e

obstetrícia com idade entre 18 a 45 anos, no HUSF de Bragança Paulista.

Foram selecionadas as puérperas de parto vaginal e cesárea sem complicações no pré-

parto, intraparto e pós-parto, sendo realizada apenas uma sessão de exercício de 20 à 30

minutos em cada puérpera.

3.3. Materiais

Para realização das avaliações da amostra, foram utilizados os seguintes materiais:

♦ Termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO 1);

♦ Informações do prontuário médico do HUSF das mulheres do estudo;

♦ Ficha de avaliação ( ANEXO 2);

♦ Protocolo de exercício no puerpério imediato (ANEXO 3);

♦ Travesseiros.

3.4. Procedimentos

A pesquisa foi realizada no Hospital Universitário São Francisco (HUSF) em Bragança

Paulista, no período de Abril a Junho de 2008, após aprovação do Comitê de Ética da

Universidade São Francisco, Protocolo CAAE nº 0033.0.142.000-08.

A amostra foi constituida de 18 puérperas, sendo 9 de partos vaginal e 9 de partos

cesárea, recrutadas na enfermaria de ginecologia e obstetrícia. Foram selecionadas mulheres

24

no pós-parto imediato (a partir de 6 á 24 horas após o parto vaginal e a partir de 8 horas pós

parto cesárea) com idade entre 18 a 45 anos com média de 25,8 e ± 4,96 anos.

A idade gestacional (IG) das puérperas variava entre 33 a 42 semanas gestacionais com

média de 38,4 e ± 2,29 semanas.

Primeiramente foi realizada análise dos prontuários das pacientes para descartar

puérperas com complicações no pré-parto, intraparto e no pós-parto.

As puérperas foram convidadas e orientadas a participarem do protocolo de exercícios,

e ao concordar, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo I).

Em seguida, foi preenchida a ficha de avaliação para o levantamento de dados sobre a

paciente (Anexo II).

E após realizar a análise de dados dos itens acima, foram aplicados os protocolos de

exercícios (Anexo III). Este protocolo é constituido de 7 exercícios, e foi aplicada apenas em

uma sessão de 20 à 30 minutos em cada puérpera.

Os exercícios contidos no protocolo são:

1) Respiração Diafragmática:

Objetivo: proporcionar a puérpera reeducação da função respiratória.

Procedimento: paciente deitada no leito em decúbito dorsal, em uma posição confortável,

com a mão no abdômen, o terapeuta solicita a paciente a inspiração profunda e lenta pelo

nariz, para que ela sinta a sua mão sendo empurrada pelo abdomen durante a inspiração

profunda a ser realizada (KISNER, 2005).

Foram realizadas 3 séries de 3 repetições com pausa de 1 minuto.

2) Padrão Ventilatório Localizado:

Objetivo: facilitar a excursão diafragmática.

Procedimento: paciente deitada no leito em decúbito dorsal com flexão de joelho e pés

apoiados no leito, com a mão na região lateral do abdômen, o terapeuta solicita à paciente

inspirar pelo nariz, e ao expirar, soltar o ar em dois tempos, colocando uma pressão nas

costelas com a palma das mãos para baixo e para dentro (KISNER, 2005).

Foram realizadas 3 séries de 3 repetições com pausa de 1 minuto.

3) Exercício de Bombeamento:

Objetivo: favorecer o retorno venoso.

25

Procedimento: paciente deitada no leito em decúbito dorsal, realizar exercícios passivos em

membros inferiores, de dorsiflexão, flexão plantar, circundução, flexão e extensão de joelho e

quadril (KISNER, 2005).

Foram realizadas 3 séries de 10 repetições para cada movimento com pausa de 30 segundos.

4) Contração dos MAP isoladas: (KEGEL)

Objetivo: fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico.

Procedimento: paciente deitada no leito em decúbito dorsal, realizar contrações da

musculatura do assoalho pélvico, sendo, cinco contrações rápidas, dez contrações sustentada

por três segundos e cinco contrações rápidas (SOUZA, 2000).

Foram realizadas 3 séries de 3 repetições com pausa de 30 segundos.

5) Contração do Assoalho Pélvico: associada à adução de quadril

Objetivo: reeducação da musculatura do assoalho pélvico.

Procedimento: paciente deitada no leito em decúbito dorsal, cabeceira inclinada em 45º,

quadril e joelhos fletidos, com o travesseiro entre as coxas, terapeuta solicita à paciente a

contração do assoalho pélvico pressionando o travesseiro simultaneamente ( POLDEN e

MANTLE, 2000).

Foram realizadas 3 séries de 10 repetições com pausa de 30 segundos.

6) Exercício de Musculatura Abdominal

Objetivo: fortalecimento da musculatura abdominal.

Procedimento: paciente deitada no leito em decúbito dorsal, realizando flexão de tronco,

terapeuta dando propriocepção com as mãos em musculatura abdominal ( POLDEN e

MANTLE, 2000).

Foram realizadas 3 séries de 5 repetições com pausa de 1 minuto.

7) Exercício de Hoffman:

Objetivo: facilitar a amamentação em mamilos invertidos ou retrateis.

Procedimento: auxiliar a puérpera a estimular os mamilos realizando movimentos

horizontais verticais e circulares sobre a aréola (NEME, 2000).

Foram realizadas 10 repetições e orientado a realizar várias vezes ao dia.

8) Dicas para uma boa amamentação: As puérperas foram orientadas quanto a:

- Usar sutiã de algodão e protetores de mamilos;

- Para evitar a fissura, realizar a sucção correta e não prolongar muito a mamada;

- Introduzir o dedo mínimo ao final da mamada para que não haja tração de mamilo;

- Exposição ao sol e ar livre do mamilo;

26

- Pega correta do bebê, pois se a pega estiver incorreta o bebê não ganha peso, e toma o leite

anterior;

- Estar em lugar calmo e tranqüilo, olhando, tocando, cheirando e ate beijando o bebê;

- A mãe tem que ter um desejo forte de nutrir seu bebê, pois a amamentação é o maior ato de

amor (SOUZA, 2002).

3.5. Análise dos dados

A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva, apresentando análise

do percentual dos resultados. Os resultados são apresentados em gráficos e tabelas. As

ferramentas utilizadas para obter as informações foram: análise de prontuários das puérperas,

preenchimento de ficha de avaliação do puérperio e o protocolo de exercícios.

27

4. RESULTADOS

As puérperas foram divididas em dois grupos: um grupo de parto vaginal (grupo A) e

outro de parto cesárea (grupo B), ambos receberam intervenção.

A tabela abaixo mostra a procedência das puérperas, grau de escolaridade, estado civil,

cor da pele, antecedentes pessoais e fatores intra-parto do grupo A.

TABELA 1: Dados da ficha de avaliação referente ao parto vaginal.

Tipo de parto

Cidade e Regiões

BragançaPta Joanópolis Atibaia Amparo

6 1 1 1 Escolaridade 1º Grau 2ºGrau

6 3 Estado civil Casada Amasiada Solteira

2 5 2 Cor Branca Parda Negra

4 5 0 AP HAS Infc

Urinária Diabetes

4 3 1 Fatores

Intra-Parto Episiotomia Laceracão Expulsão

espontânea

Vaginal

4 1 4

As puérperas residiam na cidade e regiões próximas sendo, seis de Bragança Paulista,

uma de Joanópolis, uma de Atibaia e uma de Amparo. Tendo como grau de escolaridade, seis

de 1º grau e três de 2º grau. Quanto ao estado civil, duas eram casadas, cinco amasiadas e

duas solteiras. Quanto à cor/raça, quatro eram de cor branca, cinco de cor parda e nenhuma

negra. Durante a gestação, quatro apresentaram HAS, três infecção urinária e uma diabetes

gestacional, as demais negaram antecedentes patológicos. No período intra-parto foram

realizadas quatro episiotomias, uma obteve lacerações do períneo e as demais apresentaram

expulsão espontânea do feto (Tabela 1).

28

O gráfico seguinte nos mostra a idade cronológica, a idade gestacional e quantidade de

partos anteriores de cada uma das puérperas do grupo A.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Voluntárias de parto Vaginal

Idad

e &

IG &

Qtd

de

gest

ação

Idade IG Primíparas Multíparas

2625 25

20

26

30

24 24 24

34

39 39 39 38 3836

33

37

1112 2 2

6

2 3

GRÁFICO 1: Refere-e a Idade Cronológica, IG e quantidade de gestações de cada puérpera:

Parto vaginal.

A idade das puérperas variava de 20 a 30 anos, com média de 24,5 e ± 2,62 anos, IG

entre 33 a 39 semanas, com média de 37,0 e ± 2,24 semanas gestacionais, sendo que três

puérperas eram primíparas e seis eram multíparas, todas procederam de atendimentos de

saúde pública de nível primário (UBS) (Gráfico1).

29

A tabela abaixo mostra a procedência das puérperas, grau de escolaridade, estado civil,

cor da pele, antecedentes pessoais e fatores intra-parto do grupo B

TABELA 2: Dados da ficha de avaliação referente ao parto cesária.

Tipo de parto

Cidade e Regiões

Bragança Pta

Atibaia

8 1 Escolaridade 1º Grau 2ºGrau

7 2 Estado civil Casada Amasida Solteira

4 2 3 Cor Branca Parda Negra

2 6 1 AP HAS Infc

Urinária Diabetes

Cesária

1 4 2

As puérperas residiam na cidade e regiões próximas sendo, oito de Bragança Paulista e

uma de Atibaia. Tendo como grau de escolaridade, sete de 1º grau e duas de 2º grau. Quanto

ao estado civil, quatro eram casadas, duas amasiadas e três solteiras. Quanto à cor/raça, duas

eram de cor branca, seis de cor parda e uma negra. Durante a gestação, uma apresentou HAS,

quatro infecção urinária e duas diabetes gestacional, as demais negaram antecedentes

patológicos (Tabela 2).

30

O gráfico abaixo nos mostra a idade cronológica, a idade gestacional e quantidade de

partos anteriores de cada uma das puérperas do grupo B.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Voluntárias de parto cesária

Idad

e &

IG &

Qtd

de

gest

ação

Idade IG Primipáras Multipáras

37

2629

18

30

19

28

21

34

4040

4042

40 3941

39 4038

2 2 24

24

111

GRÁFICO 2: Refere-e a Idade Cronológica, IG e quantidade de gestações de cada puérpera:

Parto Cesárea.

A idade das puérperas variava de 18 a 37 anos, com média 26,9 e ± 6,57anos, IG entre

38 a 42 semanas, com média de 39,9 e ± 1,17 semanas gestacionais, sendo que três puérperas

eram primíparas e seis eram multíparas, todas procederam de atendimentos de saúde pública

de nível primário (UBS) (Gráfico 2).

31

O gráfico a seguir mostra a adesão das puérperas de parto vaginal com relação aos tipos

de exercícios: 1º respiração diafragmática, 2ºpadrão ventilatório localizado, 3ºexercício de

bombeamento, 4º contração dos MAP isolada, 5º contração do assoalho pélvico associado a

adução do quadril, 6º exercícios de musculatura abdominal e 7º exercícios de Hoffman.

100% 100% 100% 100% 100%

67,0%

90%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º

Voluntárias de Parto Vaginal

% d

os E

xerc

ício

s R

ealiz

ados

Exercícios

GRÁFICO 3: Protocolo de Exercícios para mulheres no puerpério imediato: Parto vaginal.

Constituído por mulheres no puerpério imediato que tiveram partos via vaginal e que

receberam a intervenção fisioterápica proposta, a qual se pode perceber que obtiveram

resultados satisfatórios nos exercícios 1º, 2º, 3º, 4º e 7º com 100% de realizações, o 5º

exercício com 90% de realização e o 6º exercício com 67% de realizações (Gráfico 3).

32

O gráfico a seguir mostra a adesão das puérperas de parto cesárea com relação aos tipos

de exercícios: respiração diafragmática, padrão ventilatório localizado, exercício de

bombeamento, contração dos MAP isolada, contração do assoalho pélvico associado a adução

do quadril, exercícios de musculatura abdominal e exercícios de hoffman.

GRÁFICO 4: Protocolo de Exercícios para mulheres no puerpério imediato: Parto cesárea.

Constituído por mulheres no puerpério imediato de parto cesárea e que receberam

intervenção fisioterapêutica. Pode-se perceber que obtiveram resultados satisfatório nos

exercícios 1º, 2º, 3º, e 7º com 100% de realizações, o 4º e 5º exercício com 90% de realização

e o 6º exercício com 11% de realizações (Gráfico 4).

100% 100% 100% 100%

11,0%

90%90%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º

Voluntárias de Parto Cesária

% d

os E

xerc

ício

s Rea

lizad

os

Exercícios

33

O gráfico a seguir mostra a adesão das puérperas de parto normal e cesárea

comparando o grau de dificuldades entre elas respectivamente.

100%

90% 90%

100% 100% 100%

11%

100%

67,0%

90%

100% 100% 100% 100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º

Voluntárias de Parto Vaginal e Cesária

% d

os E

xerc

ício

s Rea

lizad

os

Parto Cesárea Parto Vaginal

GRÁFICO 5: Protocolo de Exercícios para mulheres no puerpério imediato: Parto cesárea e

vaginal.

Em comparação com parto vaginal e cesária, observamos que os exercícios 1°, 2º, 3º e

7º obtiveram 100% de aproveitamento, enquanto comparado com o 4º exercício que as

puerpéreas de parto normal obtiveram 100% as de puerpéreas de parto cesárea obtiveram 90%

sendo que o 5º e 6º exercícios apresentavam mais dificuldades para realizá- los independente

do tipo de parto (Gráfico 5).

34

A Tabela abaixo mostra as dificuldades apresentadas entre as puérperas de parto vaginal

e cesária ao realizar os exercícios.

TABELA 3: Dificuldades apresentadas ao realizar os exercícios.

Tipo de parto

4º exercício

(n=9)

5º exercício

(n=9)

Realizaram sem

dificuldade (n=9)

Vaginal Dor Dor

3 3 6

3º exercício

(n=9)

6º exercício

(n=9)

Realizaram sem

dificuldade (n=9)

Cesária Dor Dor

9 6 0

Na aplicação do protocolo de exercícios foi costatado que as mulheres de parto vaginal

quase não apresentaram dificuldades, sendo que somente três apresentaram dor na incisão da

episiotomia ao realizar o 4º e 5º exercícios, que se referem a contracão do MAP isoladamente

e contração do MAP associada à adução do quadril. Ou seja, seis puérperas não apresentaram

dificuladades ao realizar os exercicios. O mesmo não acontece com mulheres que tiveram

parto cesárea, onde foi constado que três apresentaram dor na incisão cirúrgica abdominal ao

realizar o 3ºexercício e seis apresentaram dor ao realizar 3º e 6º exercícios, que se referem a

exercício de bombeamento e exercício da musculatura abdominal. Ou seja, nove puérperas

apresentaram dificuldade ao realizar o 3º exercício ( Tabela 3).

35

5. DISCUSSÃO

Segundo Kisner e Colby (1998) o estado gravídico provoca inúmeras alterações no

organismo materno. A volta ao estado não gravídico é um processo que deve ser conduzido de

forma responsável e cuidadosa, já que mesmo depois do parto ainda podem surgir

complicações.

A atuação do fisioterapeuta ajuda a diminuir complicações no período puerperal e tem

como objetivo orientar sobre: amamentação, prevenção e tratamento de disfunções

musculoesqueléticas e uroginecológicas. Atua também evitando complicações clínicas

relacionadas ao sistema cardiovascular e respiratório, diminuindo assim, as possíveis dores e

desconfortos que possam estar presentes no pós-parto e enfocando o bem-estar das puérperas

(BIM, 1998; SOUZA, 2007).

A ginástica no período pós-parto também tem como finalidades estimular a respiração,

o metabolismo e a circulação, evitar o surgimento de infecções e auxiliar o processo de

retração do útero, fortalecendo os músculos que entraram em hipertensão durante a gestação e

prevenindo o prolapso do útero (OTTO, 1984).

Nosso estudo foi realizado em uma enfermaria ginecológica e obstétrica de um Hospital

Universitário em Bragança Paulista. Teve como o objetivo avaliar a adesão e possíveis

dificuldades de aplicação de um protocolo de exercícios aplicados por uma fisioterapeuta. A

enfermaria era composta por cinco quartos, onde cada um tinha de cinco a seis leitos sem

divisórias entre eles. Ao lado de cada leito havia um berço de acrílico para acomodação dos

bebês e um criado mudo onde era guardado os pertences de cada puérpera. Os quartos tinham

um banheiro para utilização conjunta, uma pia no canto do quarto, composta de utensílios

pediátricos e equipamentos de proteção individual. Havia apenas uma janela média com tela

de proteção. A disposição espacial e física da enfermaria não comprometeu o atendimento às

puérperas durante a aplicação do protocolo de exercícios. Os mesmos foram realizados no

leito.

Todas as mulheres convidadas a participar do nosso estudo, aceitaram se submeter aos

exercícios. Obtivemos 100% de adesão ao protocolo. Foram aplicados sete exercícios, em

apenas uma sessão de 20 à 30 minutos em cada puérpera.

Durante a avalição das puérperas pudemos constatar que quatro apresentaram HAS, três

infecção urinária e uma diabetes gestacional.

36

Sengundo SOUZA (2002) a hipertensão arterial (HA) é a doença cardiovascular mais

comum durante a gestação. Consiste em aumento de 15mmHg na pressão arterial diastólica

(PAD) ou PAD ≥ 90mmHg, aumento de 30mmHg na pressão sistólica (PAS), ou PAS ≥

140mmHg em pelo menos duas ocasiões com intervalo mínimo de seis horas. Desenvolve-se

normalmente no terceiro trimestre sendo caracterizada por aumento da pressão arterial, edema

e proteinúria.

Segundo NEME (2006) a infecção do trato urinário (ITU) é comum em mulheres jovens

e representa a complicação médica mais frequente durante a gestação. Acomete anualmente

cerca de 10 a 20% das mulheres que respondem por 5,2 milhões de consultas médicas e um

alto custo com este tratamento.

Segundo LOWDERMILK (2002) o diabetes gestacional (DG) é um distúrbio ocorrido

durante a gravidez. Podendo ser assintomático, tem como única anormalidade a redução da

tolerância à glicose. A gestante diabética tem aumento do risco de morbidade e mortalidade

fetais ou neonatais. Entretanto o DG pode regredir após o nascimento do bebê ou se

transformar em diabete melito tipo I ou II.

Nenhuma das patologias acima citadas interferiu na realização dos exercícios durante o

nosso estudo.

Observamos, nas puérperas submetidas ao parto vaginal, uma mulher com laceração

perineal, quatro submetidas à episiotomia e quatro que obtiveram expulsões espontâneas.

Estas mulheres apresentaram dificuldade e dor ao realizarem os exercícios de contração do

MAP durante a aplicação do protocolo. A dor pode estar relacionado ao grande estiramento

provocado pela cabeça fetal na região vulvo-perineal, assim como pela cicatriz da

episiotomia.

Segundo BENTO e SANTOS (2006) a episiotomia é uma incisão cirúrgica realizada no

períneo da mulher no momento da expulsão. Tem como objetivo principal poupar a mulher do

esforço do parto e do período expulsivo longo, preservar a integridade da musculatura pélvica

e do intróito vulvar, evitar as pressões que o assoalho pélvico causam ao cérebro do bebê e

prevenir laceração ou ruptura perineal. Segundo um estudo realizado por MENTA e

SCHIRMER (2006) em que foram medidas e comparadas as pressões perineais de mulheres

submetidas a partos cesarianos e vaginais, as puérperas submetidas ao parto cesárea

obtiveram valores médio de 21,6 mmHg da pressão muscular perineal (PMP em mmHg),

maiores do que aquelas de parto vaginal, com valores médio de 18,1 mmHg para episiotomia,

19,1 mmHg para laceração perineal e 16,9 mmHg com integridade perineal. Este fato

explica em nosso estudo a pouca dificuldade e dor relatadas durante a execução dos exercícios

37

de contração do MAP pelas puérperas de parto cesárea, quando comparadas com as mulheres

submetidas ao parto vaginal, ja que as mulheres submetidas a parto cesárea possuem assoalho

pélvico íntegro.

Segundo BARBOSA et al (2005) em seu estudo com 32 primíparas pós-parto vaginal,

cefálico com episiotomia, 32 primíparas pós-parto cesáreo, e 30 nulíparas. Observou que o

parto vaginal e a cesárea diminuíram a força muscular do assoalho pélvico avaliada pelos

testes de avaliação da força do assoalho pélvico e perineômetro em relação as nulíparas. A

mediana e o 1º e 3º quartil da força muscular do assoalho pélvico foram menores no grupo

pós parto vaginal (2,0; 1-2) e intermediários (2,0 2-3) no grupo pós-parto cesárea, tanto pela

avaliação da força do assoalho pélvico quanto com o perineômetro (p<0,05) em relação às

nulíparas (2,0 2-3).

Segundo POLDEN e MANTLE (2000) os exercícios do assoalho pélvico são valiosos

pelas suas propriedades fortificantes e de alívio da dor. Eles irão também apressar a

cicatrização da episiotomia, reduzindo o edema e estimulando uma boa circulação. Esses

exercícios podem ser começados na sala de parto, e posteriormente na enfermaria pós-natal.

Podemos observar que durante o período de coleta do nosso estudo, a quantidade de

parto vaginal era maior em relação ao parto cesárea, por ser um hospital que incentiva ao

parto vaginal. RAVELLI (2008) em seu estudo com 251 puérperas, sendo observado que 166

tinha sido submetida ao parto vaginal equivalente a 66% do total, e 85 foram submetida ao

parto cesárea com 35 %. Isso explica que nos últimos tempos temos mais parto vaginal do que

parto cesárea.

Em nosso estudo, obsevamos que após os exercícios todas puérperas submetidas ao

parto cesárea, relataram dificuldade em realizar o exercício de bombeamento de MMII,

devido a incisão cirúrgica na região de baixo ventre.

Segundo SOUZA (2007) no puerpério imediato, devemos estimular o aparelho

circulatório com objetivo de prevenir edemas, varizes e trombose venosa profunda, cujo

acometimento é preferencialmente em MMII. Isso é feito por meio de exercícios para as

extremidades que favoreçam o retorno venoso, a deambulação frequente e o posicionamente

dos membros em elevação no leito.

O que se sabe é que exercícios físicos controlados por um fisioterapeuta superam os

riscos de dor cicatricial e aumento de sangramento uterino em mulheres no puerpério

imediato (SOUZA, 2007), o que verificamos em nosso estudo. O que se sugere é que mais

recursos sejam utilizados para a minimização de dor cicatricial. SOUZA (2002) sugere a

utilização de recursos fisioterapêuticos como crioterapia e infravermelho para dores em

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episiotomias. Há dados na literatura do uso de correntes elétricas, tais como a estimulação

elétrica trancutânea (TENS), para tratamento de dores cicatriciais de cesarianas (POLDEN e

MANTLE, 2000).

Segundo Mesquita e colaboradores (1999) em seus estudos, verificaram que o

atendimento fisioterapêutico no puerpério imediato, contribuiu positivamente para redução da

diástase dos músculos retos abdominais mais precocemente. Em nosso estudo não foi medido

o grau de involução da diástase dos músculos reto-abdominais (DMRA), devido ao pouco ou

nenhum tempo de acompanhamento das puérperas. Nosso enfoque foi avaliar a adesão dessas

mulheres a um protocolo de exercícios e suas dificuldades em executá-los, ja que seus

benefícios em relação ao músculo abdominal parecem bem descritos na literatura.

Apesar destes resultados, percebeu-se que um protocolo de exercícios para mulheres no

puerpério imediato independentemente do tipo de parto: cesárea e vaginal não é um tema

muito estudado, e que não há na literatura científica, uma avaliação sobre os riscos da

aplicação deste protocolo de exercícios em puérperas.

Foi possível identificar as dificuldades apresentadas em executar determinados tipos de

exercícios. Sugerimos, através de nossos resultados, mais estudos propondo recursos

fisioterapêuticos minimizando essas dificuldades, bem com um tempo maior de seguimento

para se avaliar os resultados a médio e longo prazos.

39

5. CONCLUSÃO

Todas as puérperas realizaram o protocolo de exercícios, independente do tipo de parto:

cesárea ou vaginal.

As puérperas de parto vaginal apresentaram dor ao realizar os exercícios de

fortalecimento do MAP.

As puérperas de parto cesária apresentaram dor ao realizar os exercícios de

fortalecimento da musculatura abdominal e o favorecimento do retorno venoso.

Sendo assim não foram observadas nenhuma outra dificuldade, desconforto ou

sangramento ao realizar os outros execicios em ambos os grupos.

40

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Nilza Alves Marques, FERNANDES, Aline Garcia; ARAÚJO, Cleide Gomes - Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 03, 2004. BARBOSA, Angélica Mércia Pascon. CARVALHO,Lídia Raquel de. MARTINS, Anice Maria Vieira de Camargo. CALDERON Iracema de Mattos Paranhos. RUDGE, Marilza Vieira Cunha. Efeito da via de parto sobre a força muscular do assoalho pélvico. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2005. BENTO, Paulo Alexande de Souza São. SANTOS, Rosangela da Silva. Realização da episiotomia nos dias atuais à luz da produção cientifica: uma revisão. Escola Anna Nery. Vol. 10 n. 3 Rio de Janeiro, 2006. BIM, Cintia Raquel. E PEREGO, Alline Lílian. Fisioterapia Aplicada à Ginecologia e Obstetrícia. Iniciação Científica. Centro Universitário de Maringá. Mar-jul. 2002. Vol. 04 n. 01 p. 57-61. BRANDEN, Pennie Sessler. Enfermagem Materno-infantil. 2º. Ed. Rio de Janeiro: Rechmann & Affonso, 2000.

BRASIL, Ministério da Saúde Secretaria de Políticas de Saúde Área Técnica de Saúde da Mulher, Parto, Aborto e puerpério: assistência humanizada a mulher. Brasília, 2001. p. 175. LOWDERMILK, Deitra Leonard; BOBAK, Irene M.; PERRY, Shannon E.; THOREL, Ana Maria Vasconcelos. O cuidado em enfermagem materna. 5º. Ed. Porto Alegre: Artemed, 2002. KISNER, Carolyn; COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4º ed. Barueri SP: Manole, 2005. p. 694-746 MESQUITA, Luciana Aparecida. MACHADO, Antonio Vieira. ANDRADE, Angela Viegas. Fisioterapia para Redução da Diástase dos Músculos Retos Abdominais no Pós-Parto. Revista Brasileira de ginicologia e obstetrícia. Vol.21 n. 05 p. 267-272, 1999. MENTA, Silmara. SHIRMER, Janine. Relação entre a pressão muscular perineal no purepério e o tipo de parto. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetricia, Vol. 28 n.09 p. 523-529, 2006. NEME, Bussâmara. Obstetrícia básica. 3º ed. São Paulo: Savier, 2006. p. 195-204.

________ Obstetrícia básica. 2º ed. São Paulo: Savier, 2000. p. 245-250.

OTTO, Edna. Como ter um bebê mantendo-se em forma. São Paulo: Manole, 1984.

41

POLDEN, M.; MANTLE, J. Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia. 2º ed. São Paulo: Editora Santos, 2000. p. 235-240. RAVELLI, Ana paula Xavier. Cunsulta Puerperal de Enfermagem: uma realidade na cidade de Ponta Grossa Paraná Brasil. Revista Gaucha de Enfermagem Vol 29 Porto Alegre 2008. REZENDE, Jorge de. Obstetrícia. 9º. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 376.

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 6º. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. SOUZA, Elza Lúcia Baracho Lotii de. Fisioterapia aplicada á obstetrícia: aspectos de ginecologia e neonatologia. 3º. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A, 2002. _______ Fisioterapia aplicada á Obstetrícia, Uroginecologia.

e Aspectos de Mastologia. 4º. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A, 2007.

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ANEXOS

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Universidade São Francisco – Bragança Paulista Orientadora: Andrea Gonçalves

Pesquisadoras: Mariá Marques e Rute Bezerra

ANEXO I Anexo I -TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Protocolo de exercício para mulheres no puerpério imediato: associação com o tipo de parto.

Eu ________________________________________, idade ________, RG ____________,

endereço _______________________________________________ declaro que é de livre e

espontânea vontade que estou participando como voluntário dessa pesquisa, de

responsabilidade do pesquisador.

Assim estou ciente que:

I. O objetivo da pesquisa é avaliar a adesão de um protocolo de exercícios para

mulheres no puerpério imediato associado ao tipo de parto.

II. A participação neste estudo pode acarretar benefício terapêutico.

III. Não será administrado nenhum tipo de medicamento.

IV. Os resultados obtidos serão mantidos em sigilo, não ocasionando exposição e/ou

publicação do nome da voluntária.

V. Em caso de dor cicatricial e sangramento uterino avise imediatamente as

pesquisadoras, pois o relato da puérpera faz parte do estudo, não causando quais

quer prejuizos a puérpera, pois os sinais e sintomas fazem parte de estagio de

recuperação da voluntaria.

VI. Caso surja alguma intercorrência, entrar em contato imediato com a orientadora

Prof. Andrea Gonçalves (19) 9601-3039 e as pesquisadoras, Mariá (011) 9227-

9492 e Rute (011) 7224-1415.

VII. Poderá contactar o comitê de Ética em pesquisa da Universidade São Francisco

para apresentar recursos e reclamações em relação ao estudo. (fone: (011) 4034-

8028)

VIII. É condição indispensável para participação no estudo que sejam mulheres no pós-

parto imediato de 6 a 24 horas após o parto, com idade entre 20 a 45 anos,

internada na enfermaria de ginecologia e obstetrícia no HUSF de Bragança

Paulista.

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IX. Obteve todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre

a participação neste estudo, e estar livre para interromper sua participação na

pesquisa a qualquer momento.

X. O TCLE será impresso em duas vias, sendo uma para os pesquisadores e outra

para a voluntária.

Bragança Paulista ____ de _______________ de 2008

Nome e assinatura do voluntário

Nome e assinatura do responsável pelo estudo

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Universidade São Francisco – Bragança Paulista Orientadora: Andrea Gonçalves

Pesquisadoras: Mariá Marques e Rute Bezerra

ANEXO II

FICHA DE AVALIAÇÃO NO PUERPÉRIO Data: ____/____/_______ Prontuário: _____________________________ Nome: ___________________________________________________ Idade: ________ Cidade: ________________________ UF: _______ Escolaridade Nenhuma 1º Grau 2º Grau Superior____________ Estado Civil Casada Solteira Outra: _______________________________________________________________ Cor/Raça Branca Negra Parda Indígena Asiática Antecedentes AF: Hipertensão arterial Diabetes Gemelaridade Malformação Outros: _____________________________________________________________________ AP: Hipertensão arterial Diabetes Cir. Pélvica Cardiopatia Infc.Urinária Malformação Outros: _____________________________________________________________________ Parto Data ______/______/_______ Local: _____________________ Médico: ________________ Nível de atenção: 1º 2º 3º Domiciliar Outro Idade gestacional: ___________ semanas Tipo de parto:

Normal Cefálico Único Fórcipe Pélvico Gemelar Cesárea

Episiotomia S N Laceração S N Delivramento espontâneo S N Curetagem S N Mãe RH(-) S N Imunoglobulina S N Intercorrências: ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

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Universidade São Francisco – Bragança Paulista Orientadora: Andrea Gonçalves

Pesquisadoras: Mariá Marques e Rute Bezerra ANEXO III

PROTOCOLO DE EXERCÍCIO

1) Respiração Diafragmatica: Objetivo: proporcionar a puérpera uma reeducação da função respiratória. Procedimento: paciente deitado no leito em decúbito dorsal, em uma posição confortável, com a mão no abdômen, o terapeuta solicita ao paciente a inspiração profunda e lenta pelo nariz, para que ele sinta a sua mão sendo empurrada pelo abdomem durante a inspiração profunda a ser realizada (KISNER, 2005). Realizar 3 serie de 3 repetições com pausa de 1 minuto o exercício. Realizou ( ) Realizou parcialmente ( ) Não realizou ( ) Dificuldades apresentadas: ( ) Dor Cicatricial ( ) Sangramento Uterino ( ) Não Entendimento ______________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) Padrão Ventilatório Localizado: Objetivo: facilitar a excursão diafragmática. Procedimento: paciente deitado no leito em decúbito dorsal com flexão de joelho e pés apoiados no leito, com a mão na região lateral do abdômen, o terapeuta solicita ao paciente inspirar pelo nariz, e na expirar soltar o ar em dois tempos, enquanto terapeuta coloca uma pressão nas costelas inferiores com a palma das mãos para baixo e para dentro (KISNER, 2005). Realizar 3 serie de 3 repetições com pausa de 1 minuto o exercício. Realizou ( ) Realizou parcialmente ( ) Não realizou ( ) Dificuldades apresentadas: ( ) Dor Cicatricial ( ) Sangramento Uterino ( ) Não Entendimento _______________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) Exercício de Bombeamento: Objetivo: favorecer o retorno venoso. Procedimento: paciente deitado no leito em decúbito dorsal, realizar exercícios passivos em membros inferiores, de dorsiflexão, flexão plantar, circundução, flexão e extensão de joelho (KISNER, 2005). Realizar 3 series de 10 repetições para cada movimentos com pausa de 30 segundos o exercício. Realizou ( )

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Realizou parcialmente ( ) Não realizou ( ) Dificuldades apresentadas: ( ) Dor Cicatricial ( ) Sangramento Uterino ( ) Não Entendimento _______________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4) Contração dos MAP isoladas: (KEGEL) Objetivo: fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico. Procedimento: paciente deitado no leito em decúbito dorsal, realizar contrações da musculatura do assoalho pélvico, sendo, cinco contrações rápidas, dez contrações sustentada por cinco segundos (SOUZA, 2000). Realizar 3 serie de 3 repetições com pausa de 30 segundos o exercício. Realizou ( ) Realizou parcialmente ( ) Não realizou ( ) Dificuldades apresentadas: ( ) Dor Cicatricial ( ) Sangramento Uterino ( ) Não Entendimento ______________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5) Contração do Assoalho Pélvico: associada à adução de quadril Objetivo: reeducação da musculatura do assoalho pélvico. Procedimento: paciente deitado no leito em decúbito dorsal, cabeceira inclinada em 45º, quadril e joelhos fletidos, com o travesseiro entre as coxas, terapeuta solicita ao paciente a contração do assoalho pelvico pressionando o travesseiro simultaneamente ( POLDEN e MANTLE, 2000). Realizar 3 serie de 10 repetições com pausa de 30 segundos o exercício. Realizou ( ) Realizou parcialmente ( ) Não realizou ( ) Dificuldades apresentadas: ( ) Dor Cicatricial ( ) Sangramento Uterino ( ) Não Entendimento _______________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

6) Exercício de Musculatura Abdominal Objetivo: fortalecimento da musculatura abdominal. Procedimento: paciente deitado no leito em decúbito dorsal, realizando flexão de tronco, terapeuta dando propriocepção com as mãos em musculatura abdominal ( POLDEN e MANTLE, 2000). Realizar 5 series de 3 repetições com pausa de 1 minuto o exercício. Realizou ( ) Realizou parcialmente ( ) Não realizou ( ) Dificuldades apresentadas: ( ) Dor Cicatricial ( ) Sangramento Uterino ( ) Não Entendimento _______________________________________________________

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______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7) Exercício de Hoffman: Objetivo: facilitar a amamentação em mamilos invertidos ou retrateis. Procedimento: auxiliar a puérpera a estimular os mamilos realizando movimentos horizontais verticais e circulares sobre a auréola (NEME, 2000). Realizar 10 repetições para cada movimentos sendo orientadas a realizarem varias vezes ao dia. Realizou ( ) Realizou parcialmente ( ) Não realizou ( ) Dificuldades apresentadas: ( ) Dor Cicatricial ( ) Sangramento Uterino ( ) Não Entendimento ______________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8) Dicas para uma boa amamentação: Usar sutiã de algodão e protetores de mamilos; Para evitar a fissura, realizar a sucção correta e não prolongar muito a mamada; Introduzir o dedo mínimo ao final da mamada para que não haja tração de mamilo; Exposição ao sol e ar livre do mamilo; Pega correta do bebê, pois se a pega estiver incorreta o bebê não ganha peso, e toma o leite anterior; Tem que estar em lugar calmo e tranqüilo, olhando, tocando, cheirando e ate beijando o bebê; A mãe tem que ter um desejo forte de nutrir seu bebê, pois a amamentação é o maior ato de amor. Observações: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

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